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ENSINANDO LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS EM LÍNGUA INGLESA DENTRO DA ATMOSFERA FANTÁSTICA E ASSUSTADORA DOS

CONTOS DE EDGAR ALLAN POE.

Autora: Josi Batistella1

Orientadora: Lilian Kemmer Chimentão2

RESUMO: O presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados da

implementação do projeto intitulado: “Ensinando leitura e interpretação de textos em

língua inglesa dentro da atmosfera fantástica e assustadora dos contos de Edgar

Allan Poe”. Esta proposta consiste no desenvolvimento, nas aulas de língua inglesa,

de uma unidade didática com o gênero textual contos fantásticos. A proposta teve

como objetivo contribuir para o repensar e para a inovação curricular por meio da

exploração do universo literário no processo de ensino/aprendizagem da Língua

Inglesa, como parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado

do Paraná, no segundo semestre de 2011. Os resultados revelaram que houve

reconhecimento dos alunos sobre a importância da leitura do texto literário e de seu

uso como instrumento didático no processo de ensino-aprendizagem de língua

inglesa. Pudemos concluir que é relevante o ensino de língua inglesa por meio da

leitura de contos literários e que seu uso também contribui para o desenvolvimento

da criticidade dos alunos, além de possibilitar o confronto com as experiências de

leitura que eles vivenciaram em língua materna, possibilitando a construção de

significados e opiniões.

Palavras-Chave: Leitura em língua inglesa. Gênero textual. Contos fantásticos.

ABSTRACT: This article aims at presenting the results of the implementation of the

project entitled: "Teaching reading and interpretation of texts in English within the

fantastic and frightening atmosphere of Edgar Allan Poe’s tales". This paper presents

a teaching unit with fantastic tales genre to be applied in English language classes.

The proposal aims at contributing to the rethinking and the curriculum innovation

1 Professora de LEM (Inglês) da Educação Básica da rede Pública do estado do Paraná, graduada em Letras pela Universidade TUIUTI e pós graduada em Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Inglesa, pela FECILCAM. 2 Professora do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas - Inglês da Universidade Estadual de Londrina – UEL. Mestre em Educação e Doutoranda em Estudos da Linguagem.

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through the development of the literary universe in the English teaching and learning

process, as part of the Educational Development Program (PDE) of the State of

Paraná, in the second half of 2011. The results revealed that the students recognize

the importance of reading literary text and its use as a teaching tool for the teaching

and learning of English. We concluded that it is relevant to work on the reading of

literary tales in the teaching of English and that its use also contributes to the

development of criticality of the students, besides allowing the confrontation with the

reading experiences they had in their mother tongue, allowing the construction of

meanings and opinions.

Key-Words: Reading in English language; Textual genres; Fantastic Tales

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1. INTRODUÇÃO

In a night, or in a day, In a vision, or in none,

Is it therefore the less gone? All that we see or seem

Is but a dream within a dream. (Edgar Allan Poe, 1829)3

Pela experiência vivida em sala de aula, podemos concluir que a maioria dos

alunos da Escola Pública se encontram desmotivados a aprender a Língua Inglesa,

por ínumeros fatores, que, de acordo com Schütz (2003), podem ser: o elevado

número de alunos em sala de aula, professores com baixa proficiência, o ensino

pautado essencialmente no ensino da gramática, repetição oral e mecânica de

expressões que nada avaliam, entre outros.

Pela necessidade de despertar maior interesse dos jovens e adolescentes

do Ensino Médio pela leitura e, particularmente, pela literatura Inglesa,

possibilitando a eles a exploração da sua própria imaginação, elaboramos e

implementamos um Material Didático proposto para esse fim, pois é através da

leitura que se formam cidadãos críticos e seletivos, em busca de um melhor

aprendizado sócio-cultural.

O gênero escolhido para abordar o problema que este estudo permeia foi o

conto fantástico, por ser um texto geralmente mais curto, de cunho interessante,

leve, de rápida leitura e, também, por poder despertar o interesse do aluno

adolescente que está voltado a querer descobrir os mistérios da vida, pois de nada

adiantaria escolher um texto maravilhoso, porém muito extenso, que os alunos

passariam a aula inteira lendo, impossibilitando ao professor promover uma

atividade interessante e motivadora com a leitura. Além disso, bons contos

costumam prender o leitor logo no primeiro parágrafo, coisa extremamente

importante para alunos do ensino médio que costumam ter uma imagem negativa da

leitura, como sendo “chata”.

3 Numa noite ou em um dia Numa visão ou em nenhuma Restaria algo? Tudo que nós vemos Tudo que parecemos Não é mais que um sonho dentro de um sonho. (Edgar Allan Poe, 1829)

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Segundo as DCE/LEM (Diretrizes Curriculares de Educação Básica do Paraná): ...por entender que esta é a tônica de uma abordagem que valoriza a escola

como espaço social democrático, responsável pela apropriação crítica e histórica do conhecimento, como instrumento de compreensão das relações sociais e para a transformação da sociedade. (DIRETRIZES CURRICULARES PARA LÍNGUA ESTRANGEIRA, 2008,p.28)

Diante dessa afirmativa, a construção de um elo entre língua e literatura

também servirá de enriquecimento para as aulas de Língua Inglesa, pois além de

apresentar um rico material, a literatura, através do conhecimento dos costumes e

valores de outras culturas estrangeiras, desperta o interesse dos alunos pela obra e

pode estimular curiosidade e compreensão da cultura do seu próprio país e,

consequentemente, um melhor aproveitamento do conteúdo no processo de

aprendizagem por meio do entendimento cultural e da ampliação do vocabulário e

não apenas de conteúdos gramaticais ou estruturais, representando um passo

importante na construção do leitor crítico.

Assim, é tarefa do professor proporcionar ao aluno contato direto com

diversos tipos de gêneros, para que ele possa fazer uma análise crítica, não apenas

do texto, mas de tudo que diz respeito a ele. Conforme é mencionado nas DCE/LEM

(2008, p.66), Cabe ao professor criar condições para que o aluno não seja um leitor ingênuo, mas que seja crítico e reaja aos diversos textos com que se depare e entenda que por trás deles há um sujeito, uma história, uma ideologia e valores particulares e próprios da comunidade em que está inserido.

Diante disso, devemos possibilitar ao aluno reconhecer e compreender a

diversidade linguística e cultural, refletir sobre o discurso a fim de que, criticamente,

possa construir significados em relação ao mundo em que vive e o texto literário

pode ser um recurso para que isso ocorra, considerando que, por meio da Literatura,

é possível fazer com que o aluno reflita sobre questões de poder das classes

dominantes que estão presentes na sociedade. O aluno deve reconhecer no

aprendizado de uma língua estrangeira, uma ferramenta indispensável para sua vida

profissional ou simplesmente por reconhecer que o inglês é um poderoso meio de

comunicação no mundo globalizado (SCHÜTZ, 2003).

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O objetivo principal deste estudo é relatar e discutir o resultado da

implementação de uma Unidade Didática desenvolvida a fim de tentar promover o

interesse dos alunos pela literatura em Língua Inglesa, especificamente, por contos

fantásticos, considerando a leitura como uma necessidade básica e prazerosa,

estimulando a imaginação, criatividade e o senso crítico dos leitores.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Quando lemos, sempre temos um objetivo, seja porque procuramos algo que

nos divirta e pelo prazer que a leitura traz, seja por razões práticas e definidas:

busca de aprendizagem, de fatos novos ou, simplesmente, por curiosidade. No

entanto, a compreensão de qualquer texto depende também do conhecimento já

adquirido pelo leitor e armazenado em sua memória, pois com essa experiência

prévia o processo de compreensão é facilitado dando significado ao texto (SOUZA et

al., 2005).

Compartilhamos com a visão de alguns estudiosos, a respeito de que a

perspectiva com a abordagem de gênero dentro da leitura colabora para um melhor

aprendizado dos alunos, tornando-os críticos e assim poder colocar suas idéias

dentro da sociedade em que vive.

Nesta pesquisa, vamos focar em uma das categorias distintas dentro da

literatura: o gênero contos.

A palavra gênero tem sido bastante usada pela retórica e pela literatura em

um sentido literário, reconhecendo os gêneros clássicos como, lírico, épico, e o

dramático – e os gêneros modernos, como o romance, a novela, o conto, o drama e

outros tipos que se podem encontrar dentro da literatura (MARCUSCHI, 2002).

Na visão de Marcuschi (2002), diferentes gêneros expandem-se de acordo

com o florescimento cultural de uma sociedade. Nos dias de hoje, por exemplo, com

a utilização frequente dos meios de comunicação e, em especial, do uso do

computador – possibilitando o acesso cada vez mais difundido à Internet – há uma

explosão de novos gêneros e novas formas de comunicação, tanto na forma oral

como na escrita. Assim, ainda segundo o autor, os gêneros surgem, situam-se e

integram-se funcionalmente nas culturas nas quais se desenvolvem e devem ser

caracterizados mais pela suas funções comunicativas, institucionais e cognitivas do

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que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais. Além disso, um gênero é de

difícil definição formal e, da mesma forma que surge em uma sociedade, também

pode desaparecer.

Ainda, na opinião de Marcuschi (2002), é impossível comunicar-se

verbalmente a não ser por algum gênero, assim como também é impossível

comunicar-se verbalmente a não ser por algum texto. Afirmando também que ao se

trabalhar com gêneros textuais encontra-se uma ótima forma de se lidar com a

língua e seus vários usos cotidianos, pois tudo que é feito linguisticamente está

dentro de algum gênero textual.

Souza et al. (2005), reconhece os gêneros textuais como sendo uma função

comunicativa que é reconhecida tanto social quanto culturalmente por uma

comunidade específica. Além disso, esses gêneros se caracterizam pela forma como

são organizados, pela estrutura gramatical e pelo seu vocabulário que deverá ser

adequado ao contexto social em que acontecem, identificando as características

próprias de cada gênero, possibilitando assim que o leitor consiga fazer uma leitura

mais eficientes, permitindo com que ele localize as informações com mais rapidez.

Segundo Bakhtin (2002) a linguagem é concebida como um fenômeno

social, histórico e ideológico, definindo um enunciado como uma verdadeira unidade

de comunicação verbal. As condições específicas de cada campo desta

comunicação geram um dado gênero e a característica estrutural específica de cada

gênero é limitada conforme as trocas verbais de quem participa do diálogo.

Tanto a situação comunicativa como aquilo que pode ser dito determinam o

gênero a ser utilizado; opostamente o gênero também define o que se pode dizer.

Se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos: se tivéssemos de criá-los pela primeira vez no processo da fala; se tivéssemos de construir cada um de nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível (BAKHTIN, 2002, p.2830).

Sob essa perspectiva, o autor acima afirma que: “os gêneros do discurso

organizam nossa fala da mesma maneira que dispõem as formas gramaticais” .

Neles, veem-se as manifestações sociais tal como ocorrem sendo retratadas, assim

é que o gênero conto nada mais faz do que relatar as ações que socialmente

personagens praticam conforme determinação de seu produtor, revelando o olhar

tido sobre o mundo num dado momento e lugar.

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Esse que fala como sujeito é aquele que se posiciona ideologicamente a

discursos relacionados a outros discursos, que são manifestações comunicativas

interligadas por manifestações em comum. Dessa forma, conforme o contexto em

que a comunicação esteja inserida, seja o cultural, o político, o histórico, o religioso,

o econômico, ela pode assumir diferentes significações. Uma vez que a linguagem é

o espaço da subjetividade, de constituição e construção do sujeito, o discurso é a

linguagem em funcionamento, uma prática social contextualizada (BRANDÃO,

2004).

É assim que, de acordo com Brandão (1998, p. 12), "o ponto de articulação

dos processos ideológicos e dos fenômenos lingüísticos é, portanto, o discurso”. O

discurso é objeto de estudo e interesse da Análise do Discurso, que, segundo

Orlandi (2000, p.9), busca: Problematizar as maneiras de ler, levar o sujeito falante ou o leitor a se colocarem questões sobre o que produzem e o que ouvem nas diferentes manifestações da linguagem. Perceber que não podemos não estar sujeitos à linguagem, a seus equívocos, sua opacidade. Saber que não há neutralidade nem mesmo nos usos mais aparentemente cotidianos dos signos.

A análise do discurso é um importante suporte teórico para fundamentação

das diversas análises e interpretações de gêneros de diferentes domínios

discursivos. Qualquer elemento da escolha da construção de um enunciado, o tema,

as palavras, as imagens, pode revelar a sua carga ideológica, a posição do sujeito e

a não imparcialidade. Para Orlandi (2000), a Análise do Discurso se assume como

teoria que se dispõe a perceber efeitos e explicar as suas relações com a realidade.

Essa nova prática de leitura - a discursiva consiste em considerar o que é dito em um discurso e o que é dito em outro, o que é dito de um modo e o que é dito de outro, procurando escutar o não-dito naquilo que é dito, como uma presença de uma ausência necessária (ORLANDI, 2000, p. 34).

É no discurso que a palavra ganha sentidos sempre novo. O discurso

revela as representações sociais. É nele que se encontram a relação ideológica e

cultural representativas do homem e da sociedade em seu cotidiano, nas relações

de assujeitamento por meio de marcas de manipulação, alienação, dominação e

controles religiosos, políticos.

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Para a Análise do Discurso, as imagens e os signos são produzidos

conforme as relações sociais e de poder que se estabelecem historicamente. Desse

modo, o discurso social confronta-se com discursos da história e da própria

enunciação, materializando-se em enunciados, e muitas vezes confundindo a

própria realidade em aspectos ideológicos não explicitados pelos interlocutores.

Assim, em busca da explicitação dessas significações e ressignificações, que se

propõe como tema para este projeto de pesquisa é um aprofundamento em estudos

relacionados à reflexão e análise das formações discursivas e ideológicas dos

contos fantásticos de Poe, buscando evidenciar as relações sociais, históricas e

ideológicas do período em que as obras foram escritas oferecendo aos alunos

contato direto com o mestre dos contos de suspense e de medo, adicionando

também a leitura crítica e interpretação dos contos ao ensino da língua inglesa, que

está se tornando cada vez mais sinônimo de idioma universal.

A criticidade é um elemento que deve acompanhar o leitor e fazer com

que esse leitor compreenda que o que está escrito e possa fazer uma segunda

leitura nas entrelinhas do texto lido, posicionando-se com firmeza, concordando ou

discordando da mensagem que o texto traz, sem fazer distorção do mesmo,

trazendo significados e sentido ao que foi lido.

Sobre este aspecto, Kuenzer (2002) afirma que: “Ler significa em primeiro

lugar, ler criticamente, o que quer dizer perder a ingenuidade diante do texto dos

outros, percebendo que atrás de cada texto há um sujeito, com uma prática

histórica, uma visão de mundo (um universo de valores), uma intenção.”

Entretanto, a formação de um leitor crítico não é uma tarefa fácil, pois

parte do pressuposto que o professor também se encaixe nesse perfil, sendo que,

se este docente não tiver domínio e autonomia na leitura crítica, esta tarefa se

tornará inviável e sem sucesso.

Mas, afinal, o que é conto? Qual a sua situação enquanto narrativa? Sob o

signo da sobrevivência, a história sempre reuniu pessoas que contam e ouvem. De

acordo com o Dicionário Aurélio, a palavra “conto” advém: Do lat. Comentum, in (invenção, ficção, plano, projeto), ligado ao v. contuear, eris (olhar atentamente para, contemplar, ver, divisar). Narração oral ou escrita (verdadeira ou fabulosa); obra literária de ficção, narração sintética e monocrônica de um fato da vida (FERREIRA, 1986, p. 302).

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Pode-se afirmar que contar é tão antigo quanto a vida em comunidade, pois

o falar, o comunicar ao outro o que se pensa e se sente é inerente à natureza

humana. Porém, cada um conta e ouve de acordo com a sua imaginação, fantasia e

temperamento.

Em meio a essas interconexões teóricas, que inevitavelmente serão

constituídas, pretende-se colocar as pesquisas sob uma ótica crítica de observação

do que é o discurso. Tal perspectiva também pode contribuir para a constituição de

um dispositivo teórico e de análise que contribua para a interlocução com outros

saberes dos alunos envolvidos nesse contexto de exploração de contos fantásticos

em aulas de língua inglesa.

De acordo com a DCE de LEM (2008, p.55): ... ensinar e aprender línguas é também ensinar e aprender percepções de mundo e maneiras de atribuir sentidos, é formar subjetividades, é permitir que se reconheça no uso da língua os diferentes propósitos comunicativos, independentemente do grau de proficiência atingido.

As aulas de Língua Estrangeira se configuram como espaços de interações entre professores e alunos e pelas representações e visões de mundo que se revelam no dia-a-dia. Objetiva-se que os alunos analisem as questões sociais-políticas-econômicas da nova ordem mundial, suas implicações e que desenvolvam uma consciência crítica a respeito do papel das línguas na sociedade.

Ler é um fator decisivo na vida do estudante, pois é através da leitura que

ele amplia seu conhecimento, busca informações, organiza o pensamento, amplia o

vocabulário e muitas vezes, viaja pelo mundo. Entende-se que a leitura, acima de

tudo deve apresentar-se como algo atrativo, benéfico e bastante responsável pelo

desenvolvimento de cada um, bem como da sociedade de modo geral.

No gênero contos, afirmam alguns escritores, é melhor não dizer o

suficiente, que dizer demais. Talvez, por essa razão, há, nesse tipo de narrativa,

quase sempre um “silêncio” entremeando o texto, sustentando a intriga, mantendo a

tensão.

Segundo Piglia (2011), O conto se constrói para fazer aparecer artificialmente algo que estava oculto. Reproduz a busca sempre renovada de uma experiência única que nos permite ver, sob a superfície opaca da vida, uma verdade secreta [...]. Narrar é como jogar pôquer: todo o segredo consiste em fingir que se mente, quando se está dizendo a verdade.

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É como se o contista enganasse o leitor, levando-o para um lugar alheio ao

esperado por ele.

Breitenbach (2008) expõe que o princípio de Poe como o autor deve

construir a narrativa curta. Segundo ele, o princípio do autor recai sobre o efeito que

o conto deve causar no leitor. Sugere a leitura realizada de uma só vez, com

atenção voltada, exclusivamente, para a obra, o que provocaria exaltação da alma e

conquistaria a atenção do leitor durante todo o tempo de leitura. O autor estabelece

que segundo Poe a origem de um conto bem escrito, parte de um efeito único a ser

atingido, que se dá acomodando os acontecimentos a fim de satisfazer este efeito.

Cortázar (1974) também considera o conto como gênero de difícil definição,

afirmando que devemos ter idéia certa do que é conto, caso contrário, perderemos

tempo, pois o conto é movido pela batalha que é travada entre a vida e a expressão

escrita no plano do homem, tendo como resultado, o próprio conto.

Ainda, na visão de Cortázar (1974), esses modos diferentes de conceber o

conto fazem com que seja um gênero sempre efervescente que busca novas

formas, pois haverá tantas formas quantos forem as escolhas por modos de contar

por parte dos autores.

Para Gotlib (2006, p. 13), o conto se desenvolve a partir da oralidade:

A história do conto, nas suas linhas mais gerais, pode se esboçar a partir deste critério de invenção, que foi se desenvolvendo. Antes, a criação do conto e sua transmissão oral. Depois, seu registro escrito. E posteriormente, a criação por escrito de contos, quando o narrador assumiu esta função: de contador-criador-escritor de contos, afirmando, então, o seu caráter literário. A voz do contador, seja oral, ou seja, escrita, sempre pode interferir no seu discurso. Há todo um repertório no modo de contar e nos detalhes do modo como se conta — entonação de voz, gestos, olhares, ou mesmo algumas palavras e sugestões —, que é passível de ser elaborado pelo contador, neste trabalho de conquistar e manter a atenção do seu auditório.

Com base na leitura da teoria que se refere ao conto, acrescenta-se o

fantástico, que é à base deste projeto de intervenção.

Alguns escritores românticos se opuseram aos valores racionais e materiais

da burguesia, identificando-se então com ambientes góticos (escuros macabros e

fantasiosos). Em geral os autores de literatura fantástica, aqui em especial Edgar

Allan Poe, procuram, atrás da aparência cotidiana dos fatos relatados e um mundo

macabro ou cheio de suspense e medo, mais do que assustar o leitor, deixá-lo

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perplexo e cheio de dúvidas: se o que ele leu é verdade ou mentira, sonho ou

alucinação, pois as narrativas fantásticas estão sempre relacionadas a

acontecimentos que empurram os personagens a executarem ações

independentemente de seus pensamentos conscientes, desejos ou vontades

conhecidas. Segundo o psicanalista “Freud”, isso pode ocorrer com muita frequência

devido a desejos reprimidos, e até mesmo a loucura e a indefinição entre a fantasia

e a realidade.

Não temos a pretensão de fazer aqui uma grande explicitação do tema

fantástico, pois não há uma grande variação de autores que trata dessa literatura.

Na obra Introdução à Literatura Fantástica, Todorov (2004, p.5, grifo nosso)

explicita o que vem a ser um gênero fantástico: A expressão “literatura fantástica” se refere a uma variedade da literatura ou, como se diz normalmente, a um gênero literário. O exame de obras literárias do ponto de vista de um gênero é uma empreita muito particular. O que aqui tentamos é descobrir uma regra que funcione através de vários textos e nos permita lhes aplicar o nome de “obras fantásticas” e não o que cada um deles tem de específico.

Ainda na mesma linha de pensamento Todorov (2004) define o conceito de

fantástico como sendo o entrelaçamento entre o real e imaginário, considerando

que, teoricamente, o fantástico representa a relação entre a realidade do mundo que

conhecemos e o mundo sobrenatural, aquele que habita nosso pensamento. Isso

confere a característica que, segundo Todorov, é um pré-requisito ao fantástico, a

hesitação e a um duplo sentido. Consequentemente, o conflito entre o real e o

sobrenatural nunca se resolve, permanecendo os fatos sem explicação. Segundo o

mesmo autor, mesmo no mundo que conhecemos, sem nada muito estranho ou

sobrenatural, pode produzir acontecimentos inexplicáveis pelas leis naturais deste

meio em que vivemos. E quando isso acontece pode-se pensar que é uma ilusão ou

fruto da imaginação, assim tudo fica como realmente é, ou o fato realmente

aconteceu e isto é regido por leis que desconhecemos. O fantástico ocorre nesta incerteza. Ao escolher uma ou outra resposta, deixa-se o fantástico para entrar num gênero vizinho, o estranho ou o maravilhoso. O fantástico é a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face a um acontecimento aparentemente sobrenatural. O conceito de fantástico se define, pois com relação aos de real e de imaginário... (TODOROV, 2004, p. 30 e 31).

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Continuando sobre o fantástico, de acordo com Todorov, o narrador dessas

histórias é, normalmente, autodiegético – narrativa em que o narrador relata as suas

próprias experiências como personagem central da história, aquele que se questiona

sobre os eventos que o acometem.

Calvino (2004, p.9) trata o tema da literatura fantástica como sendo “a

relação entre a realidade do mundo em que habitamos e vivemos e conhecemos por

meio da percepção e a realidade do mundo do pensamento que mora em nós e aqui

comanda”.

Giublin (2008), ao explanar sobre as diferenças do fantástico do século VIX

para o século XX acrescenta que essa relação do mundo em que vivemos e o

mundo do pensamento, traz uma contradição aos românticos do século VIX, que

viam a mulheres da classe burguesa não viverem seu amores, pois eram

condicionadas aos desejos dos pais que viviam com uma visão mística e religiosa,

onde o amor romântico só existia nos poemas daqueles que sofriam por suas

amadas e viviam um amor platônico. O fantástico e o sobrenatural então surgiram

como uma contestação desses desejos reprimidos de toda uma época. Surgiu como

uma transgressão dessas regras, colocando o diabo como forma de mulher proibida,

o incesto, o homossexualismo, a crueldade pura e até mesmo amor a fantasmas,

vampiros e mortos vivos.

Para Cortazar (1974), o fantástico deve tocar em nós e nos tirar do ponto

“vélico”, isto é, como se houvesse uma convergência de forças para um determinado

ponto, colocando-nos fora de eixo, sem saber a grande surpresa que nos espera. É

isso que o final abrupto do conto provoca, por ser enigmático e não contar o fim do

fantástico dia do narrador.

3. CONSTRUÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO

A decisão de organizar uma Unidade Didática sobre “Contos Fantásticos” foi

tomada em razão de uma preocupação em elaborar um material didático

diferenciado, que contemplasse não apenas aspectos relacionados a construções

gramaticais, mas que fosse fonte de reflexão crítica e cultural. Além disso, quando

da elaboração, buscamos construir um material atraente aos alunos e que

possibilitasse o desenvolvimento das estratégias metodológicas adotadas, sendo

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possível, assim, atingir os objetivos propostos. Com a elaboração deste material,

pretendíamos também minimizar a distância entre a literatura maravilhosa dos

contos de Poe e a vivenciada na escola e que, ao mesmo tempo, fornecesse

subsídios aos professores para o trabalho com o gênero em questão.

Considerando, sempre, a importância de envolver os alunos para que esses

realmente aprendam e se interessem pelo próprio processo de aprendizagem de

uma forma mais prazerosa.

A Unidade Didática foi desenvolvida em cima do conto “O Gato Preto” de

Edgar Allan Poe. Crendices e lendas também foram mencionadas, através de textos

relacionados ao assunto, instigando assim o aluno a relatar suas próprias

experiências e medos, para tanto dividimos o material em três partes:

I- Pre-reading: inicialmente, foram exploradas, em Inglês, algumas

questões a respeito de gostos pela literatura, conhecimento sobre contos fantásticos

e sobre as obras de Poe, a fim de identificar o conhecimento prévio dos alunos. Em

seguida, foi distribuído um texto, com os dados biográficos do autor. Após a leitura, o

professor situou o autor com a obra a ser estudada, enfatizando os temas abordados

em suas produções e suas principais características. A preocupação em apresentar

o autor antes da leitura da obra deu-se em função da necessidade de instigar a

curiosidade dos alunos porque, nessa faixa etária, normalmente eles gostam de

temas relacionados ao suspense, ao sobrenatural e ao mistério, temas que estão

sempre presentes nas obras de Poe.

A seguir, colocamos algumas questões oralmente, comparando a vida de

Poe com as obras dele, uma vez que os dados biográficos do autor apontam para

uma série de situações as quais levam o leitor a perceber que os temas abordados

em sua obra podem ser explicados por fatos vivenciados pelo autor no decorrer de

sua vida. Esta sessão foi concluída com o vídeo “Lendas Urbanas” – O gato preto.

II- While – reading: para que pudessem ter uma boa compreensão durante

a leitura do texto, foram dadas algumas orientações aos alunos, tais como:

I- Tenha concentração na hora da leitura, esqueça o mundo, foque o seu

pensamento somente no que você vai ler;

II- Leia lentamente, prestando atenção em cada detalhe para não correr o risco de

haver algum engano na compreensão;

III- Procure o significado geral do texto, isto é, sobre o que o texto trata. Isto ajuda na

"filtragem" das informações mais relevantes;

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IV- Quando encontrar uma palavra desconhecida, você não deve se preocupar

imediatamente com o seu significado. O primeiro passo é ver se a palavra é ou não

importante para a compreensão do texto. Se for, anote-a.

Na sequência, fizemos a leitura do conto “O Gato Preto” de Edgar Allan

Poe, em língua materna. A princípio, o nosso objetivo era a leitura em inglês do

conto na íntegra, porém vimos que por falta de proficiência linguística dos alunos,

isso não seria possível, depois do conto lido foram distribuídos fragmentos do conto

original para que pudessem ser trabalhadas as atividades de interpretação de texto.

O tempo verbal passado simples também foi explorado, uma vez que estava

muito presente no texto e se fazia relevante para sua compreensão. Na sequência,

foram realizadas atividades envolvendo a compreensão de vocabulário, tais como:

cognatos e falsos cognatos.

III- Post-reading: nesta etapa, foi solicitada uma produção textual tendo

como fonte de inspiração do filme Fransktein de Mary Shelley, onde os alunos

deveriam produzir um folder convidando alunos de outras turmas a assistir o filme

com eles. O objetivo principal desta atividade foi a fixação do vocabulário referente

ao texto estudado e também das características dos contos fantásticos.

Para aprofundamento do tema, foram apresentados aos alunos três textos

curtos sobre lendas: Werewolf (Lobisomem), Dracula e A Brief History of the Salem

Witch Trials. Estes textos foram apenas lidos e comentados oralmente. No entanto,

oportunizou espaço para que cada aluno pudesse expor seus medos e crenças.

Para finalizar a sequência didática, o filme Frankstein de Mary Shelley foi

exibido em uma sala ambientada pelos próprios alunos.

Após a exibição do filme, alunos puderam resgatar o conteúdo trabalhado e

expressar suas compreensões diante de tudo que foi estudo no material.

4. COMPARTILHAMENTO DO MATERIAL DIDÁTICO NO GTR

O material foi apresentado aos professores do Grupo de Trabalho em Rede

(GTR)4, que puderam dar suas opiniões e contribuições a respeito das atividades

4 Os Grupos de Trabalho em Rede (GTR) constituem-se em atividade do Programa de desenvolvimento Educacional (PDE) e caracterizam-se pela intervenção virtual entre o Professor PDE e demais professores da rede pública estadual. Este formato de interação busca efetivar o processo de formação continuada de professores, promovido pela SEED/PDE, tendo como tutor o professor PDE conforme sua disciplina ou área de seleção no Programa.

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propostas no material. O curso foi iniciado com 20 professores de diversas cidades

do Estado do Paraná, que se interessaram pelo tema “Contos Fantásticos”, porém

tivemos17 concluintes. Esses professores participaram ativamente nas discussões

diárias, na análise do material selecionado, nas problemáticas levantadas e nas

trocas de experiências nos fóruns, houve uma grande cooperação dos participantes

do GTR.

Os fundamentos da proposta de um trabalho baseado em gêneros, que

foram compartilhados com os professores do GTR, deram continuidade a várias

discussões e estudo mais aprofundado, especificamente a respeito de contos. Pode-

se dizer que o trabalho com o GTR foi de grande valia no desenvolvimento desta

pesquisa, uma vez que com o auxílio e opiniões desses professores, obteve-se uma

visão geral do quadro do ensino de inglês dentro do Estado do Paraná. Através do

contato com esses professores e dos vários depoimentos foi possível encontrar

caminhos que elucidassem questionamentos e propiciassem esclarecimentos a

respeito das dúvidas que ainda existia quanto à aplicação do material didático.

O mais importante neste Grupo de Trabalho em Rede é saber que a maioria

dos professores também sente angústias e frustrações em relação ao ensino e

aprendizagem nas aulas de Inglês, assim como podemos ver em alguns relatos:

“Olá Profª Josi, estou muito curiosa com a aplicação deste projeto. Na cidade em que trabalho, o que percebo é muita falta de interesse em leitura por partes dos alunos, o que dificulta o trabalho com a Língua Inglesa, pois a grande maioria tem preguiça de pesquisar e acham muito difícil a compreensão de textos, na verdade querem tudo pronto, até questionam por que INGLÊS! Me sinto frustrada. Me chamou a atenção o foco de sua pesquisa por ser contos de Allan Poe,tenho esperança que fiquem curiosos com os contos e mudem de atitude, Mais sinceramente como fazer?? é o que gostaria de saber e descobrir com outros professores que já tiveram resultados positivos. O primeiro passo é fazê-los ler... é como dar uma história fantástica para uma pessoa analfabeta. A riqueza do processo é apenas consequências de se adquirir conhecimentos despertando cidadãos críticos e seletivos.” (Ana Carla)5 “Para ser sincera eu nunca trabalhei contos com meus alunos, não por não gostar, mas por "achar" que eles não dariam conta do recado; porém ao ler alguns relatos de experiências dos professores nessa linha de trabalho estou me questionando se não estou enganada. Acredito que deva ser bem gratificante e que produz muitos resultados no crescimento cultural e pedagógico do aluno. A leitura por si só é muito rica e pode abrir os olhos do aluno para fatos e realidades que vão além daquilo que ele conhece ou vivencia. Os contos fantásticos parece ser um ótimo caminho para introduzir o aluno nesse mundo fascinante da leitura do gênero contos. Eu gostei da forma como foi colocado no Projeto de Intervenção e gostaria de tentar implementá-lo com meus alunos. O sobrenatural sempre tem um fator apelativo mais forte com os adolescentes e talvez esse seja o caminho para levar o aluno a ler e se interessar pelo aprendizado da Língua Inglesa, o que não está fácil atualmente. Espero que seu trabalho dê muitos frutos. Parabéns. (Solange) 5 Nos depoimentos dos professores participantes do GTR, usaremos nomes fictícios, para que seja preservada a identidade de cada um.

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“Um dos motivos que me levaram a escolher este tema de GTR foi justamente pensar em começar a trabalhar mais com literatura em sala de aula, pois na verdade, em todos meus anos de trabalho apenas recordo de ter explorado alguns sonetos de Shakespeare e biografias de alguns autores norte-americanos e ingleses. Poe é um dos autores que me chamou a atenção quando recomecei a estudar por conta própria a literatura norte-americana...” “... No entanto, sinto-me frustrada por isso, e como as nossas diretrizes sugerem trabalho com diversos gêneros textuais, comecei a pensar o quão pouco tenho explorado o gênero literário. Realmente, os alunos têm um certo interesse na literatura fantástica, especialmente os sub-gêneros, como lendas urbanas, a literatura de terror, o high fantasy, como Senhor dos Anéis, Harry Potter, enfim, creio que gostariam de alguns textos de Poe... ” (Roberto)

No entanto, não temos apenas professores compartilhando dificuldades e

insatisfações, cinco dos professores que participaram do grupo já trabalham com

Literatura nas aulas de Língua Inglesa e veem grande progresso e interesse dos

alunos, fazendo com que suas aulas se tornem muito motivadora e prazerosa, como

podemos observar no relato a seguir: “Gostei muito do seu projeto de intervenção e penso que é fundamental a exploração do texto literário nas aulas de língua inglesa. No meu caso, isso é facilitado haja vista que trabalho somente com o Ensino Médio e os alunos já têm contato com a Literatura em língua materna.Já trabalhei com eles o conto Berenice, de Poe, com o cuidado de explorá -lo no mesmo período em que a professora de Língua Portuguesa explorava o Romantismo, especificamente, Álvares de Azevedo. Percebi que os educandos conseguiram estabelecer diferenças e semelhanças entre a produção dos dois autores, identificar características do período literário no conto e, o mais importante, puderam refletir sobre as sensações que o texto literário pode provocar no leitor, neste caso, desde a incredulidade, diante dos fatos que se desenvolvem na narrativa, até o medo e a reflexão a respeito da existência humana, além do estímulo à imaginação.” (Maria) 5. RELATO DA IMPLEMENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO COM ALUNOS DO SEGUNDO ANO DO ENSINO MÉDIO

As experiências aqui relatadas são o resultado de doze aulas ministradas

em uma turma de segundo ano do Ensino Médio por Blocos no período matutino do

Colégio Estadual Bento Mossurunga - Ivaiporã. Essa turma é atípica às

características comuns de escolas públicas estaduais do Paraná: é uma turma

pequena, com apenas doze alunos, a carga horária de Língua Inglesa, no caso

específico por se tratar de blocos, divide-se em quatro horas-aulas semanais,

porém, por ser uma turma que vem do ensino fundamental onde as aulas de inglês

são de apenas duas horas-aulas semanais, o conhecimento da língua nessa turma

pode ser considerado básico.

O conto selecionado para o desenvolvimento da Unidade Didática e

implementação foi o conto “O Gato Preto”, de Edgar Allan Poe. Essa escolha é

justificada porque Poe é um dos representantes do Romantismo, período literário

com o qual os alunos já haviam trabalhado nas aulas de literatura em Língua

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Portuguesa. Assim, os alunos estavam familiarizados com algumas características

do autor e termos como “gótico”, “gosto pelo sobrenatural”, “mal-do-século”,

“noturnismo”, “morbidez”, já que Poe também era um dos representantes da escola

romântica.

Após a apresentação do projeto aos alunos, iniciamos o Pre-reading,

momento no qual aplicamos um questionário (APÊNDICE I) com 16 perguntas em

inglês, tendo como objetivo a investigação a respeito dos medos, do gosto e

conhecimento dos alunos sobre Leitura e Literatura, pois neste processo de

implementação do projeto é imprescindível o conhecimento do público-alvo,

podendo assim o professor se orientar quanto às ações e, se necessário, reformular

algumas atividades.

Diante das respostas dos alunos, concluímos que 80% deles não leem com

frequência, e ainda oito deles declararam não ter lido um único livro em

aproximadamente 06 meses. Os dados coletados revelam que a maioria dos alunos

do Ensino Médio não possui hábitos regulares de leitura e nem motivação para

tanto.

Com a intenção de preparar os alunos para que enxergassem na literatura

de contos fantásticos uma nova motivação para a descoberta do gosto pela leitura,

antes de iniciar a leitura do conto selecionado, falamos do caráter humanizador e

artístico da literatura e do enriquecimento cultural que ela traz a cada ser que se

apropria de seu conteúdo.

Falou-se sobre medo e superstições, que serviu de preparação para

podermos adentrar no texto principal “O Gato Preto” de Edgar Allan Poe. Como o

assunto vai ao encontro do emocional dos adolescentes do ensino médio, pudemos

ver que eles procuram ações e desafios que mexam com suas emoções. Para

completar o pre-reading, foi exibido na TV pen drive o vídeo ‘Lendas Urbanas – O

Gato Preto’. O vídeo deixou os alunos cheios de expectativas quanto ao conto de

Poe, sendo que o mesmo trazia muito mistério e suspense, que na verdade são

assuntos que os adolescentes mais dizem gostar, fazendo com que a adrenalina,

hormônio que traz satisfação e conforto, chegue ao auge de suas emoções.

Ao introduzir a leitura do conto proposto, fizemos um breve comentário

sobre o fantástico e o terror na literatura; a importância do autor em relação às

narrativas policiais e de suspense. Para incentivar a leitura, os alunos foram

encorajados a observar sua própria reação e a dos colegas frente aos fatos narrados

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no conto. A leitura foi realizada em sala de aula, oralmente. Cada aluno lia um

parágrafo que era comentado pela professora e estudantes, garantindo assim a

melhor compreensão do texto. Apesar de o conto ser relativamente extenso, a

maioria dos estudantes se envolveu na narrativa, surpresos com os fatos estranhos

e macabros narrados pelo personagem. Apenas dois alunos se mostravam

indiferentes ao assunto, dizendo não acreditar e não ter interesse por esses

assuntos.

É importante ressaltar aqui que foi solicitada uma primeira leitura do conto

em Língua Materna, porque a proficiência linguística dos alunos não permitiria a

compreensão de todo o texto em Língua Inglesa, ademais o objetivo da atividade

com contos, primeiramente, não era dar ênfase ao ensino das estruturas da Língua

Inglesa, e sim estimular o gosto pela literatura, desenvolver a capacidade de

interpretação de textos, levando-os a expressarem suas opiniões e sentimentos em

relação ao tema do conto, despertando neles o gosto pela leitura e também a

criticidade. Enfim, como era a primeira vez que a turma trabalharia com o gênero

conto na aula de Língua Inglesa, o objetivo era evitar grandes constrangimentos e

dificuldades para a análise da obra.

Em seguida, cinco fragmentos do conto original em inglês foram distribuídos.

As partes escolhidas foram dos momentos mais significativos do enredo:

- Início da narração, onde o protagonista coloca em dúvida se os fatos

realmente aconteceram ou foram só imaginação;

- Enforcamento do primeiro gato e, na sequência, o fogo na casa do

narrador-personagem;

- Quando o narrador-personagem encontra o outro gato;

- Morte da mulher do protagonista e sumiço do gato;

- Descoberta do túmulo e do corpo da mulher.

Após a entrega dos trechos do conto, formaram-se pequenos grupos para

que os alunos, em dupla, montassem o texto na ordem correta. Como já tinham uma

grande noção do vocabulário, uma vez que fizeram associação do texto em

português, ficou muito mais fácil a compreensão do conteúdo do conto em inglês.

Enquanto montavam o texto, houve discussão das questões que giravam em torno

da sanidade mental do narrador-personagem, da possibilidade de concretização dos

eventos narrados, das justificativas apresentadas para os atos cruéis do narrador,

dos sentimentos contidos em toda a narração dos fatos. Os principais elementos

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presentes no conto foram ressaltados como o terror, o mórbido, o grotesco e o

sobrenatural. Comentamos também sobre a simbologia em torno da cor preta na

cultura popular.

Partindo do fantástico e do terror, traduzidos no conto pela morbidez, pelo

macabro e pelo sobrenatural, passamos à discussão dos elementos que constituem

a cultura gótica como as roupas, o hábito de frequentar cemitérios e lugares

abandonados e pela literatura de Lord Byron, Edgar Allan Poe, Mary Shelley, entre

outros. A presença de elementos da cultura gótica em personagens do cinema, em

letras de bandas de rock, nos desenhos da TV, histórias populares contadas de

geração em geração e até nas Histórias em Quadrinhos. Também discutimos o

respeito às diferenças e manifestações culturais que se apresentam na sociedade.

Na sequência, trabalhamos com diversas atividades gramaticais, sempre

relacionadas com o texto lido, para que assim os alunos voltassem sempre ao texto,

conseguindo deles um maior entendimento.

Como produção textual, decidiu-se pela produção de um folder

(APÊNDICES II E III) contendo algumas características do fantástico a respeito da

atividade seguinte, que seria a apresentação do filme Frankstein de Mary Shelley.

Esse folder seria um convite aos colegas de outras turmas do Ensino Médio para

participarem do evento. Essa atividade foi marcante, pois o fato de assistir a um

filme que os levassem ao mundo do fantástico deixou os alunos eufóricos para a

preparação do ambiente, já que a data prevista para o filme coincidiria com o

Halloween. Pudemos perceber que enquanto os alunos preparavam a ambientação

da sala (APÊNDICE V), procuravam deixar bem claras as características do

fantástico, usando a escuridão, esqueletos e outros adereços assustadores. O

enredo do filme deixava os alunos atentos a cada cena e detalhes de tudo que

acontecia.

Retomamos alguns trechos do filme, posteriormente, para comentários e

opiniões dos fatos fantásticos da história, destacamos a obsessão do protagonista,

Dr. Victor Frankenstein, e seus atos de loucura para combater a morte. Um dos

temas focados também foi a clonagem humana, colocando em pauta uma das

maiores aspirações do homem, que é superar o Criador (Deus) e gerar a vida.

Houve opiniões diferentes a respeito do assunto, uns concordando que a clonagem

traria benefícios para a ciência, outros sendo contra, pois priorizam os valores éticos

e religiosos que regem a sociedade. Para melhor entendimento dos fatos, situamos

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a história contada por Mary Shelley em seu tempo real, onde Frankenstein era um

produto do século XIX, quando havia grande entusiasmo dos produtos da Revolução

Industrial. O trem, os navios a vapor, o telefone, a fotografia e outros inventos

pareciam dizer que não havia limites para a criatividade humana, onde tudo que se

imaginava era possível.

Diante disso, pudemos ver que o homem que constrói é o mesmo que

destrói, que ama e que odeia, sem conseguir separar esses instintos e sentimentos

que existe dentro de cada ser humano.

Em continuidade ao assunto proposto, apresentamos aos alunos alguns

textos curtos em Língua Inglesa referentes ao tema visto, todos os textos se

tratavam de lendas fantásticas que ainda hoje são contadas e que deixam qualquer

pessoa assustada com tamanha veracidade com a qual são narradas, lendas, tais

como: Werewolf (Lobisomem), Drácula e Salem’s Witch (Bruxas de Salém).

Para finalizar a implementação da pesquisa proposta, retomou-se o mesmo

questionário aplicado no início da pesquisa, comparando a mudança de opinião dos

alunos a respeito do gosto pela leitura. O resultado foi satisfatório, pois dos oito

alunos que inicialmente não se interessava por literatura, seis deles passaram a ver

a leitura de textos literários com maior apreço depois de finalizarmos a aplicação do

projeto. Tal mudança de posicionamento em relação à leitura pode ser observada

por meio de alguns relatos a seguir: A1 (antes): “Não gosto de ler, porque me dá sono e eu acho chato”. A1 (depois): “Ler textos de suspense me despertou a curiosidade para saber o que ia acontecer no final”. A2 (antes): “Eu não tenho paciência em ficar lendo livros, me dá uma preguiça e não entendo nada”. A2 (depois): “Eu percebi que ler é interessante, desde que seja um assunto bem legal”. A3 (antes): “Eu só leio quando eu sou obrigada e vale nota“. A3 (depois): “Vi que ler não é tão chato quanto eu pensava e se o livro despertar a curiosidade fica melhor ainda”.

Como avaliação final (APÊNDICE IV), foram distribuídas aos alunos algumas

perguntas em relação à aplicação do projeto e, finalmente, uma produção textual

relacionada ao filme Frankstein de Mary Shelley, tendo como título “Criador e

Criatura.

Dez alunos se mostraram bastante satisfeitos com o tema escolhido, pois se

trata de coisas desconhecidas aos olhos do ser humano e que sempre que puderem

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vão ler livros e contos relacionados a mistério e coisas fantásticas. Porém dois deles,

que durante toda a implementação não se interessaram por nada, se mostraram

apáticos ao tema, dizendo que não acreditavam em mistérios e que tudo é besteira.

No entanto, na produção textual, onde os alunos deveriam contar uma história,

fictícia, em português, baseada no filme Frankenstein, todos os doze alunos foram

muito criativos, colocando em seus textos muitas das características do conto

fantástico.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Retomando as considerações da implementação do projeto “ENSINANDO

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS EM LÍNGUA INGLESA DENTRO DA

ATMOSFERA FANTÁSTICA E ASSUSTADORA DOS CONTOS DE EDGAR ALLAN

POE”, pudemos concluir que trabalhar com Literatura em aulas de Língua Inglesa

requer uma demanda de tempo e esforço por parte dos alunos, professores e

escola. No entanto, propostas como esta, apresentada neste artigo, traz um grande

benefício para o enriquecimento no aprendizado do aluno.

Mesmo sabendo que formar leitores de textos literários é, certamente, um

dos grandes objetivos de se trabalhar literatura na escola, esse ainda se constitui

num enorme desafio para o professor, especialmente do Ensino Médio, já que a

maioria dos alunos sequer adquire hábitos regulares de leitura até os anos finais da

Educação Básica. Fato este que foi apontado nos resultados obtidos na coleta de

dados ao iniciar a implementação do projeto - alunos que, em sua totalidade,

assumem a postura de não leitores.

Inicialmente, o objetivo proposto foi alcançado, mas para que os alunos

possam se tornar verdadeiros leitores é imprescindível que ações que promovam a

leitura sejam uma realidade e uma constante na escola. Não se quer sugerir aqui,

que as aulas de Língua Inglesa no Ensino Médio passem a priorizar o estudo da

literatura, contudo, a inclusão de textos literários com assuntos diversificados e

interessantes aos adolescentes é uma questão que merece ser avaliada e

contemplada, uma vez que contribui para o desenvolvimento do educando, além de

proporcionar um enfoque diferente para as aulas de Língua Estrangeira,

favorecendo, também, o contato com estruturas linguísticas e novos vocabulários.

Independente da proficiência linguística do aluno, o conhecimento e a experiência

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que ele adquire por meio da exploração do texto literário são valiosos, podendo os

aspectos culturais e humanos que acompanham esse conhecimento a fazer parte da

vida desse aluno.

Conclui-se, então, que cabe ao professor de Língua Inglesa, refletir a

respeito dos objetivos dessa disciplina para o Ensino Médio e se conscientizar de

que o papel do professor de línguas não é somente ensinar a língua, mas sim torná-

la mais significativa para o educando a fim de prepará-lo para pensar criticamente e

integrar-se socialmente.

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REFERÊNCIAS

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SCHÜTZ, Ricardo. "Motivação e Desmotivação no Aprendizado de Línguas" English Made in Brazil <http://www.sk.com.br/sk-motiv.html>. Online. 10 de novembro de 2003. Acesso em 16/03/2011.

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SOUZA, Adriana Grade Fiori; ABSY Conceição A.; COSTA Gisele Cilli da; MELLO Leonilde Favoreto de. Leitura em língua inglesa: Uma abordagem instrumental. São Paulo: Disal, 2005.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, 2004. Disponível em: <http://groups-beta.google.com/group/digitalsource> Acesso em 22/02/2011

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APÊNDICES APÊNDICE I – Questionário 1- Ask some oral questions to the students about literature and Edgar Allan

Poe:

a) Do you like to read? Why / Why not?

b) What do you usually read?

c) Do you like literature books?

d) What kind of literature books do you enjoy reading?

e) Do you prefer fiction or non-fiction?

f) Do you prefer reading books or short stories?

g) Do you know something about Edgar Allan Poe?

h) Do you know some tale by Edgar Allan Poe?

i) Were you afraid of something when you were a child? And Today?

j) What is your biggest fear?

k) Do you think that there is truth behind superstitions?

l) Do you walk under ladders?

m) Do you consider that black cat is unlucky?

n) What are some things that you consider lucky?

o) Has anything ever happened to you that you cannot explain?

p) Do you believe that there are many things in our universe that cannot be

explained? Give some examples.

Obs: Essas questões serão respondidas pelos alunos e guardadas pelo professor. Na última aula, elas serão revistas pelos alunos.

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APÊNDICE II – Produção Textual – Folder I

Este foi o primeiro Folder produzido, com a data do dia 20 de outubro, porém houve

um campeonato multidisciplinar na escola e não pudemos passar o filme aos alunos.

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APÊNDICE III – Folder II Novo folder produzido pelos alunos e nova data também escolhida por eles, por ser

um dia bastante significativo e coerente com o tema.

Do you like suspense, adrenaline and fantastic stories? So you're invited to watch the movie "Mary Shelley’s Frankenstein.” You will never be the same after this movie. Here, in this Scholl, Oct. 31, at 10

hours. He, the creature will be right next to you.

Ahahahahahahahahaha!!!!!!!!!!

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APÊNDICE - IV Avaliação da Implementação – Contos fantásticos

Professora Josi Batistella – PDE 2010.

1- Responda as questões abaixo, colocando suas opiniões e sugestões a respeito

do projeto aplicado:

a) “Contos fantásticos” foi o tema que abordamos em nosso trabalho. Você gostou

do assunto? Despertou em você curiosidade sobre outras obras que tratam do

mesmo tema?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

b) Em relação ao filme “Mary Shelley’s Frankenstein”, o que você pensa do homem

poder recriar a vida? E que questões estão envolvidas nessa idéia?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

c) O que vocês pensam sobre a clonagem e as pesquisas com células tronco?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2 - E para finalizar, se unam em pares e escrevam um texto baseado no filme

“Frankenstein”, tendo como título “Criador e Criatura”.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICE V – Fotos da sala de vídeo, ambientada para os alunos assistirem o filme.

"Não fui o que os outros foram Não vi o que os outros viram Mas por isso, o que amei, amei sozinho." (Edgar Allan Poe)