Enlinh@ nº 4

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enlinh@ Revista Digital da Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico de Adolfo Portela DIA DE NATAL Vivi, passei e vi Senti e colhi Amei e chorei Iluminei e plantei Luzes sem fim Palavras de amor Consegui e cheguei Partilhei e sonhei Na ressurreição de um dia Amanheci Despedi-me das vozes Do ar e do mar Desembrulhei O papel da vida Na esperança de encontrar A paz, a saudade, a alegria De poder ver Numa criança A verdade de nós Professora Ana Brito

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Revista da Escola Secundaria Adolfo Portela

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Revista Digital da Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico

de Adolfo Portela

DIA DE NATAL Vivi, passei e vi Senti e colhi Amei e chorei Iluminei e plantei Luzes sem fim Palavras de amor Consegui e cheguei

Partilhei e sonhei Na ressurreição de um dia Amanheci Despedi-me das vozes Do ar e do mar Desembrulhei O papel da vida

Na esperança de encontrar A paz, a saudade, a alegria De poder ver Numa criança A verdade de nós

Professora Ana Brito

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"Os golpes da adversidade são terrivelmente amargos, mas nunca estéreis." (Ernest Renan)

Fala-se em tempo de sacrifícios. Mas, vendo bem, conhecemos muitas pessoas para quem a vida foi marcada por restrições várias - que usavam as roupas que tinham sido dos irmãos mais velhos, que bebiam água à refeição, que não festejavam os aniversários e que trabalhavam para poder tirar a carta de condução. Em pouco mais de uma geração… as roupas só de marca, os refrigerantes banalizaram-se, as festas acontecem quase todos os fins de semana e as cartas de condução tornaram-se recompensa para conclusão do secundário. Qual das duas opções é preferível? Será que a segunda nos tornou pessoas melhores ou mais felizes?

Se foi doce a passagem para o tempo da abastança, mais amargo é termos agora de sair da zona de conforto. No entretanto, esquecemos hábitos de parcimónia e poupança, que, ao invés de obsoletos ou ridículos, me parecem antes sinal de uma relação sensata com o dinheiro, com o mundo e com a vida.

É infelizmente lamentável que muitas famílias atravessem neste momento verdadeiras privações, mas é também verdade que comprar se tornou um hábito cultural que fazemos sem pensar muito. É urgente passar a gastar de modo racional e saber que isso não é o fim do mundo, muito menos constrangedor.

Façamos uma inspeção aos nossos gastos. Interroguemos hábitos. Temos a ideia de que não desperdiçamos um euro. Mas será mesmo assim?

Vejamos a energia desperdiçada cada vez que as luzes ficam acesas desnecessariamente, a água que fica a correr. A roupa e os sapatos, as carteiras e os acessórios quando já existem dezenas de peças semelhantes no armário.

Ponderemos as refeições tomadas fora de casa e multipliquemos o gasto diário. Por que não levar comida de casa ou fazer refeições de restos? Sem preconceitos.

Não damos um passo que não seja de carro. Combustível, manutenção, estacionamento… Por que não andar mais a pé? Ou por que não aprender a consertar a torneira que pinga, a reciclar algum objeto, ou até a fazer os presentes que vamos oferecer no Natal?

No supermercado, nem sempre “o mais caro” é “o melhor” e frequentemente compramos coisas que não consumimos. E por que não cultivar uma pequena horta?

Finalmente, por que não investir nas muitas coisas que a vida nos proporciona gratuitamente – a carícia do sol, um passeio à beira mar, uma boa conversa, um abraço apertado…

Um Natal Feliz para todos, pleno de gestos simples e momentos aconchegantes!

Professora Luísa Alcântara

ÍNDICE

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Objetivos: a importância de sabermos para onde caminhamos

Filosofia e pensamento crítico

Monarquia do Norte

Viagem pelas tradições de Natal

Convite ao silêncio

Sonhar…

Novo Acordo Ortográfico

Propriedades das sementes de linhaça

Vamos ler o céu

FICHA TÉCNICA Edição: 4 Data de publicação: dezembro 2011 Coordenadores: Alda Rita, Luísa Alcântara Publicação da Escola ES/3 de Adolfo Portela Rua Joaquim Valente de Almeida 3750-154 ÁGUEDA / Tel. 234 623 808

Todas as formas de colaboração dos leitores (alunos, encarregados de educação, professores, funcionários)

devem ser enviadas para: [email protected]

PRAZO DE RECEPÇÃO DE MATERIAIS PARA A PRÓXIMA EDIÇÃO: Março 2012

Editorial

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OBJETIVOS: A IMPORTÂNCIA DE SABERMOS PARA ONDE CAMINHAMOS

No meio empresarial a definição de objetivos e a monitorização e avaliação dos resultados estão sempre presentes. As empresas de

maior sucesso sabem bem como fazê-lo… recorrendo ao conhecido acrónimo “SMART” (Specific, Measurable, Attainable,

Realistic, Timely) para a definição dos mesmos.

Nas Escolas também há muitos anos se fala e se definem objetivos… mas nem sempre com a clareza necessária, nem sempre de modo a que se possa determinar se os mesmos são ou não alcançados, se são atingíveis, se são realistas, se é adequado o tempo previsto para os mesmos… mas

definir objetivos e guardá-los no armário… também é tempo perdido…

“Começar com um fim em mente significa começar com uma compreensão clara do seu destino. Significa saber para onde está a

ir, compreender melhor onde está agora de modo que os passos a tomar sejam sempre na direção certa.” (Covey, Stephen, 1989)

Na nossa Escola, os alunos do 7º e do 8º anos já estabeleceram compromissos para o seu aproveitamento… têm definidos os seus

objetivos. E esses compromissos foram partilhados com os encarregados de educação e com os professores. A experiência do ano

passado foi muito positiva, como testemunham os encarregados de educação dos alunos que agora frequentam o 8º ano, como mostram os

resultados e como mostra a procura da escola por alguns pais que pretendiam transferir os seus filhos para a ESAP, para o 8º ano, pelo conhecimento que tinham do modo como o trabalho tinha sido desenvolvido com os alunos do 7º.

No ano passado, os professores de Matemática e de Língua Portuguesa traçaram como objetivo (ainda que não o formalizassem em nenhum documento) levar os seus alunos a obterem resultados nos exames nacionais

claramente superiores à média nacional… e planearam e desenvolveram a sua ação sem perder de vista esse objetivo… e os resultados mostram com clareza que o

objetivo foi atingido.

Algumas situações semelhantes a esta aconteceram também no ensino secundário.

Há ainda um caminho a percorrer… há sempre… A Escola tem os seus objetivos definidos mas é preciso desocultá-los, é preciso torná-los mais “SMART”.

Em tempo de crise e de “troikas” seremos capazes de não perder de vista os nossos objetivos? De “vestir a camisola”? Seremos capazes, a cada momento, de questionarmos se as nossas ações estão a contribuir para que a Escola (e os alunos em particular)

alcance os seus objetivos ou se estão a contribuir para que isso não aconteça?

O Diretor

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Escola

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Ainda que seja relativamente evidente que a Filosofia anda por aí, que sempre andou e andará, muitos, por ignorância ou má fé, juram a pé juntos que não. Mostrar que estão errados, que as ideias simples não têm de ser simplórias, equivalerá sempre a mostrar o que é, o que faz e para que serve a Filosofia. Mas o que é ou faz a Filosofia? Independente-mente da diversidade irritante e até desencorajadora das respostas dadas ao longo da história da Filosofia a esta pergunta metafilosófica, há um denominador comum que é possível identificar, a saber, que pensar filosoficamente é pensar criticamente.

O pensamento é uma atividade que envolve competências formais específicas, como, por exemplo, identificar e avaliar razões, conclusões, pressupostos, analogias, conceitos e princípios. Se é assim e é-o de facto, o pensamento pode e deve ser otimizado através de treino, nomeadamente se percebermos que somos amiúde vítimas crédulas de um pensar indolente e irresponsável ou, então, que apresentamos desculpas quando, na realidade, devíamos apresentar justificações. Por isso, quando nos dispomos a pensar criticamente, abrimo-nos à possibilidade concreta de melhorar estas competências específicas, para depois sermos capazes de as usar para construir os nossos próprios raciocínios, avaliar os argumentos das outras pessoas e tomar decisões.

Um componente fundamental do pensamento crítico é a informação. Sendo assim, a análise do conhecimento ganha aqui particular relevância, pois importa compreender que aceitar proposições (razões, conclusões, pressupostos…) implica sempre

a

referência a modelos teóricos diversos sobre a verdade, mas também que saber é diverso de acreditar e que alguém, um dado sujeito epistémico, pode, num dado momento, pensar que sabe alguma coisa, digamos que está aqui, quando, na realidade, apenas o sabe sem razões que o justifiquem, nomeadamente porque foram obtidas por um sujeito que é manifestamente falível e através de processos de investigação pouco ou nada confiáveis.

Mas o pensamento crítico não deve servir apenas para que nos tornemos profissionais do pensar crítico [e autocrítico] formal, o que seria, em qualquer caso, contraproducente. O pensamento crítico envolve julgar o que é bom e o que é mau, assim como potenciar o raciocínio válido para o tornar capaz de formar crenças razoáveis e suportar ações adequadas. Por isso, há que compreender que

FILOSOFIA E PENSAMENTO CRÍTICO

«Por fim, o horizonte apresenta-se-nos livre outra vez, ainda que desde logo não esteja claro; por fim, os nossos barcos podem aventurar-se a sair outra vez, aventurar-se a enfrentar qualquer perigo. Todo o atrevimento do amante do conhecimento é novamente permitido. O mar, o nosso mar, estende-se aberto outra vez. Talvez nunca tenha havido um “mar aberto” como este.»

Nietszhe, A Gaia Ciência

Crónica

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o pensar sobre o pensar não é uma bizantinice de lógicos e epistemólogos, mas uma qualidade intrínseca dos processos de escolha racional, servindo para atenuar a incerteza e diminuir riscos, através do uso de estratégias adequadas de tomada de decisão. Com efeito, todos nos confrontamos com a necessidade de tomar decisões em diferentes domínios. No domínio das relações privadas, espera-se, por exemplo, que decidamos se mantemos a promessa que fizemos a alguém ou se colocamos termo a uma gravidez indesejada; no domínio das relações profissionais, espera-se, por exemplo, que mantenhamos confidencial uma informação relevante ou que tratemos os clientes de forma justa; e no domínio público, espera-se, por exemplo, que decidamos sobre legalizar a eutanásia ou participar numa guerra ou auxiliar países pobres. Ora, em qualquer um destes domínios é crucial que possuamos as habilidades necessárias para agir com base em decisões que consigamos obter por nós próprios e que consigamos justificar, a nós e aos outros. Isso é importante parcialmente porque permite que tenhamos maior controlo sobre as nossas vidas, mas sobretudo porque o treino concreto das habilidades do pensamento crítico prepara-nos para outras decisões futuras sobre questões de certo e errado, tendo sempre bem presente a necessidade de recusar o pensamento único e a crença de que a moral é homogénea. Ao fazê-lo percebemos que devemos atuar racionalmente, que devemos atuar moralmente, mas percebemos sobretudo que a diversidade formal implica a diversidade de fins substantivos. Portanto, ao treinar o pensamento ético crítico estamos a aceitar a possibilidade de racionalidades éticas diversas, mas potencialmente capazes de identificar e mitigar armadilhas que condicionem o processo de decisão de dilemas práticos e morais. Estamos a aceitar que somos capazes de escolher, porque somos capazes de reconhecer e avaliar possibilidades, implicações e consequências do agir. Estamos, no fundo, a aceitar que pensar criticamente é pensar livremente. Só isso.

P.S. Note-se: para quem não tenha dado conta, estivemos, também e já agora, a mostrar para que serve a Filosofia. Não o fizemos para exprimir uma atitude corporativista, mas apenas para mostrar algo que deveria ser autoevidente: que pensar filosoficamente sempre foi e sempre será a expressão de um imperativo ético e antropológico fundamental.

Professor Vítor João Oliveira

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MONARQUIA DO NORTE (19 DE JANEIRO A 13 DE FEVEREIRO DE 1919) A Monarquia, ao contrário do que possivelmente muitos pensam, não acabou em 5 de outubro de 1910 com a vitória da República e com o exílio do rei D. Manuel II e da família real. Em 1910, muita gente dispusera-se a aceitar a República, na expetativa de que seria um regime liberal e pluralista.

Mas a República, entre 1910 e 1917, não foi isso. Consistiu antes no domínio do Estado por um partido, o PRP de Afonso Costa, com uma orientação de esquerda revolucionária. Decidido a usufruir do poder em exclusivo, o PRP perseguiu e oprimiu todos os que se lhe opunham, desde os católicos aos sindicatos anarquistas, passando pelos republicanos mais liberais ou conservadores. Os jornais da oposição eram regularmente assaltados e destruídos e houve sempre milhares de presos políticos e exilados. (…)

Por isso… a 5 de dezembro de 1919, o Presidente da República Portuguesa, Dr. Sidónio Pais, formou um governo republicano, servido por monárquicos, situação que suscitou, em muitos saudosistas, a ideia da fundação de uma dinastia que começasse com Sidónio Pais ou com a restauração da monarquia com D. Manuel II, apoiado

por Paiva Couceiro, ou com descendentes do rei D. Miguel I, apoiado pelos integralistas.

Mas, a 14 de dezembro de 1918, o “ Presidente-Rei”, Sidónio Pais, foi assassinado e os monárquicos portugueses aproveitaram a situação de grande instabilidade política, social e económica vivida no País para redobrar as suas ações no sentido de restaurar o regime derrubado a 5 de outubro de 1910.

Assim, a 19 de janeiro de 1919, um domingo, a Junta do Norte, proclamou, na cidade do Porto, a restauração da Monarquia, anunciando a constituição de uma Junta Governativa provisória presidida pelo anti-republicano, Henrique Paiva Couceiro, chefe militar das incursões monárquicas nortenhas de 1911 - voltou a haver Monarquia em Portugal!

No Norte, os republicanos foram perseguidos e presos, sendo utilizado o Eden-Teatro do Porto como local onde decorriam os interrogatórios.

Por quase todo o Minho e Trás-os-Montes voltou a haver bandeiras azuis-e-brancas.(…)

A 23 de janeiro, seguindo os passos dos monárquicos do Norte, os monárquicos de Lisboa concentraram-se em Monsanto, acabando, porém, por ser vencidos em pouco tempo.

Os monárquicos do Norte, porém, mantiveram posições durante perto de um mês, dominando a quase totalidade do Minho e Trás-os-Montes e ainda parte das Beiras.

A bandeira monárquica içada no edifício da Bolsa do Porto

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Saber

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Mas o rei não regressou a Portugal e o fracasso da restauração em Lisboa desanimou muita gente. (…)

Também na província os êxitos momentâneos da Junta Governativa Monárquica do Norte foram mudados em derrotas, rendições e deserções dos seus adeptos. Nos combates de Vila Real e Mirandela, os monárquicos foram derrotados pelos republicanos.

A BATALHA DAS BARREIRAS (ÁGUEDA) NA DEFESA DA REPÚBLICA Em Águeda, a 27 de Janeiro de 1919, os exércitos da Monarquia do Norte foram sustidos no importante Combate das Barreiras, que decorreu entre Recardães e Serem, tendo sido mais ardorosamente disputado na região das Barreiras.

Aqui, nas Barreiras, está localizada a nossa escola, o quartel da Guarda Nacional Republicana (em cujo terreno foi sepultado o Capitão Vasques) e ainda a tão emblemática “Quinta das Balas”. O proprietário, Dr. Faria Gomes, orgulhosamente, todos os anos, no dia 27 de janeiro, faz questão de reunir, pelas nove horas da manhã, os “Amigos de Águeda” a fim de evocar a Batalha das Barreiras. Entre a “Casa das Balas” e a Escola Secundária Adolfo Portela fica a “rua 27 de Janeiro”, cuja placa de azulejos que a assinala se encontra afixada no muro da referida propriedade.

É a justa e merecida homenagem dos aguedenses à “1ª República” e que agora se afirmou, ainda mais, com a publicação do livro, do Dr. Faria Gomes, “ Memórias da República – A Monarquia do Norte”.

Mas, no tocante à Monarquia do Norte, tudo acabou a 13 de fevereiro, precisamente onde começara: no Porto, com um contra-golpe militar, chefiado pelo capitão João Sarmento Pimentel. No total, os confrontos militares entre janeiro e fevereiro terão provocado uns 150 mortos.

SABIA QUE…

• O Feriado Municipal de Águeda já foi celebrado a 27 de janeiro (19 de abril de 1919 a 27 de dezembro de 1928)?

• O Conde Sucena, o grande mecenas aguedense, apoiou a formação de exércitos monárquicos e contribuiu monetariamente para a sustentação de D. Manuel II no seu exílio, em Inglaterra?

• A Monarquia do Norte foi designada, depreciativamente pelos republicanos, como Reino da Traulitânia ou simplesmente Traulitânia?

O Grupo de História

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VIAGEM PELAS TRADIÇÕES DE NATAL DAS LÍNGUAS ALGUMAS TRADIÇÕES EUROPEIAS

THANKSGIVING DAY

THANKSGIVING DAY, feriado nacional nos Estados Unidos e no Canadá, foi instituído pelo presidente Abraham Lincoln, em 1863, e é comemorado na quarta 5ª feira de novembro.

A sua origem remonta aos tempos dos primeiros colonos europeus, que, depois de um ano agrícola terrível, se viram abençoados por uma farta colheita. Em sinal de agradecimento a Deus, prepararam um lauto banquete reunindo família e amigos, incluindo os nativos, em ambiente de festa. Esta iniciativa, no início apenas em alguns dos estados americanos, foi-se alargando a outras regiões, incluindo o Canadá, adquirindo importância semelhante à celebração do Natal.

Trata-se de um momento em que a família se reúne à mesa, tendo como prato típico o peru. Por este motivo este dia também é conhecido como Turkey Day. Para muitas pessoas o Thanksgiving Day é ainda uma oportunidade de recolhimento e oração.

BOXING DAY BOXING DAY, dia 26 de dezembro, é feriado nacional no Reino Unido e na Irlanda e é mais um dia para passar com a família e amigos, saboreando os restos do Natal. A sua origem esconde-se na história e na tradição. Era no dia a seguir ao Natal que o padre abria a caixa das esmolas e as distribuía pelos paroquianos mais desfavorecidos. Acredita-se que seja esta a origem do nome Boxing Day.

Diz também a tradição que na época dos Descobrimentos era costume levar a bordo uma caixa de madeira ou de barro, chamada Christmas Box, que se acreditava poder dar sorte. Antes da partida, os marinheiros colocavam aí algumas moedas, selavam a caixa e mantinham-na assim até ao fim da viagem. Chegados a bom porto, entregavam a caixa ao padre que a guardava selada até ao dia 26 de dezembro, dia em que distribuía o dinheiro pelos pobres.

Nos finais do século XVIII, a burguesia tinha por hábito oferecer aos seus criados uma Christmas Box, contendo iguarias ou outros presentes, como recompensa pelo trabalho realizado no Dia de Natal. Esta tradição ainda se mantém hoje, sendo habitual dar um presente ou contribuição monetária a quem presta pequenos serviços, nomeadamente o leiteiro, o padeiro ou o distribuidor de jornais… Também as escolas recolhem bens que colocam em Christmas Boxes e enviam para os países mais pobres.

Mundo

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MARCHÉS DE NOËL As Feiras de Natal enchem as ruas de luminosidade e cor, dando uma magia especial à época natalícia, por toda a França. Não há cidade que se preze que não tenha o seu “Marché de Noël”.

A tradição dos mercados ou feiras de Natal remonta ao séc. XVI, mas já antes da Idade Média toda a Europa festejava a chegada do solstício de inverno. Estas festas deram origem, anos mais tarde, a grandes feiras organizadas no dia de S. Martinho. Eram feiras de abundância, onde se comercializava vinho e cerveja para a ocasião, se compravam os enchidos (cochonailles) e outros produtos derivados do porco, produzidos artesanalmente pelos açougueiros e que serviam de provisão para o inverno.

Também S. Nicolau era festejado na Alemanha e na Alsácia (França) poucos dias depois da Feira de S. Martinho. O Marché de Saint- Nicolas coincidia com todo o período do advento, as quatro semanas antes do Natal.

A Igreja, preocupada com a orientação do culto que estas festas ganhavam, redireciona a tradição e institui que a festa de São Nicolau passe a chamar-se Mercado do Menino Jesus.

É assim que, em 1570, nasce na cidade de Strasbourg a mais famosa feira de Natal da Europa e, rapidamente, estes mercados se estendem a várias cidades.

Hoje, praticamente todas as cidades têm o seu mercado de Natal onde se pode comprar tudo o que é decoração para a época, bem como iguarias diversas para compor os pratos festivos de Natal, tudo à venda em barraquinhas de madeira sob forma de casas. As feiras de Natal mais bonitas da Europa continuam, ainda hoje, a acontecer na Alsácia, animadas por desfiles, grupos folclóricos, paradas do Pai Natal com renas e trenós. Na Provença, estes mercados evoluíram para feiras de “santons”, onde podemos encontrar uma grande variedade de figuras artesanais para colocar no presépio. “Les Marchés de Noël”, sobretudo na Alsácia e na Provença, atraem, hoje, milhares e milhares de turistas da França e da Europa, pela sua grandiosidade.

CARBÓN DULCE: UM DELICIOSO CASTIGO

Oferecer carvão doce é, seguramente, um dos costumes espanhóis mais singulares da época natalícia. A origem desta tradição parecer resultar da figura de Carbonilla, um personagem da mitologia do Natal. Este, supostamente, seria um dos pajens dos Reis Magos que tinha como função vigiar o comportamento das crianças. Caso a conduta dos pequenos não fosse a desejada, a única prenda que os Reis Magos lhe trariam era algo que, sem esforço, já podiam encontrar na chaminé da sua casa: carvão.

Com o passar dos anos, o carvão foi substituído por carvão de açúcar, uma guloseima que se assemelha em tudo ao aspeto do carvão natural. Atualmente, é costume oferecer carvão doce também aos meninos que se portaram bem, como advertência do que pode acontecer se, durante o ano seguinte, o seu comportamento não for o melhor.

O carvão doce é um preparado à base de açúcar, chamado glacé real. O modo de preparação consiste em conseguir uma espécie de espuma que, ao arrefecer, se parece com o carvão devido ao corante alimentar de cor negra que é parte integrante da receita. Assim, desta ternurenta maneira, o Natal é para todos!

Área disciplinar das línguas estrangeiras

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CONVITE… AO SILÊNCIO

Quando no quotidiano, em casa, na escola e nas aulas, o ruído é uma constante, convido à leitura deste texto, extraído da obra “Pensar é transgredir”, da escritora brasileira Lya Luft.

Professora Maria Emília Abreu

Nesta trepidante cultura nossa, da agitação e do barulho, gostar do sossego é uma excentricidade.

Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. Muitas desnecessárias, outras impossíveis, algumas que não combinam connosco nem nos interessam.

Não há perdão nem amnistia para os que ficam de fora da ciranda: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua relativa autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.

O normal é ser atualizado, produtivo e bem informado. É indispensável circular, ser bem relacionado. Quem não corre com a manada, praticamente nem existe, se não tomar cuidado, põem-no numa jaula: um animal estranho.

Pressionados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo – ou por trilhos determinados – como hamsters que se alimentam da sua própria agitação.

Ficar sossegado é perigoso: pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo ameaça quem apanha um susto de cada vez que examina a sua alma.

Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não “se arranjou” ninguém – como se a amizade ou o amor se “arranjasse” numa loja. (…)

O silêncio assusta-nos por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam incómodas e mal resolvidas, ou se observa outro ângulo de nós mesmos. Damo-nos conta de que não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre a casa, o trabalho e o bar, a praia ou o campo.

Existe em nós,

geralmente nem percebido e nada valorizado, algo para além desse paga contas, faz amor, ganha dinheiro, e come, envelhece, e um dia vai morrer. Quem é esse que afinal sou eu? Quais os desejos e medos, os seus projetos e sonhos?

No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos. Chegamos a casa e ligamos a televisão antes de largarmos a carteira ou a pasta.

(…)

O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Com medo de vermos quem – ou o que – somos, adiamos o confronto com a nossa alma sem máscaras.

Mas, se aprendermos a gostar um pouco do sossego, descobrimos – em nós e no outro – regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente negativas.

Ler e Escrever

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Todo o ser humano sonha com algo pelo que sempre quis lutar. Sonhamos quando dormimos e quando estamos acordados - dizem ser espécies de sonhos diferentes.

Quando estamos a dormir, há o sonho com os nossos problemas, com os nossos stresses, e muita vezes parece que conseguimos arranjar soluções para os problemas nesse sonho. Mas quando estamos de olhos bem abertos e há o início de um sonho, esse faz-nos quase voar, faz-nos sentir fortes por nós mesmos: afinal aquele é o nosso sonho e algo nos chama para a sua realização.

Ambas as perspetivas de sonho são importantes por si só, ambas são o que nós somos: problemas, nervosismo, mas ao mesmo tempo também desejos, opiniões. Somos tudo isso e muito mais que ninguém sabe.

Os sonhos são também diários, os quais não precisam de chave para ser trancados.

Os sonhos são o mundo que ninguém controla a não sermos nós.

Cristiano Moura, 12ºI

Sonhar?

É tão vasta a ideia de ter sonhos, a ideia de levar os nossos ideais ao nosso lado mais profundo.

Eu tenho sonhos, todos temos sonhos. Os meus não são muito "altos", prefiro manter-me com os pés no chão. Prefiro não deixar o meu lado “lunático” falar mais alto. É um erro!

Algumas pessoas dizem-me que já não têm sonhos, que a vida fez com que deixassem de querer ter sonhos. Não acredito muito nisso, porque, por mais pequeno que seja, há sempre um sonho, sempre uma vontade por cumprir.

Sonhar é fácil, difícil é, muitas vezes, concretizar esses sonhos. Talvez por eu ser muito "terra à terra" o meu feitio não me permita ultrapassar certos limites criados por mim mesma. Talvez por isso os meus sonhos sejam, de certa forma, pequenos. Tão pequenos que, às vezes, até me esqueço que os tenho.

Os grandes sonhos creio que passam também pelos objetivos definidos na vida de cada um. Como eu tenho esses objetivos por definir, também tenho sonhos por idealizar.

Mas a ideia de um dia ver cumprido um grande sonho é, sem dúvida, especial.

Márcia Ferreira, 12ºI

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NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

Dando continuidade a uma edição anterior, cá estamos para esclarecer mais algumas dúvidas.

HIFENIZAÇAO – Palavras derivadas e compostas – o uso do hífen

1. Nos compostos cujos elementos (nomes, adjetivos, verbos, numerais) constituem uma unidade sintagmática e semântica, podendo o primeiro elemento estar reduzido ou quando o primeiro elemento é uma forma verbal. Ex: médico-cirurgião; primeiro-ministro; segunda-feira; arco-íris; sul-africano; decreto-lei; afro-asiático; norte-americano; conta-gotas; finca-pé; corta-mato; guarda-chuva.

2. Em compostos com as palavras além, aquém, recém, sem. Ex: além-mar, aquém-oceano, recém-nascidos; recém-casados; sem-número.

3. Nos compostos que designam espécies botânicas ou zoológicas.

Ex: brincos-de-princesa, couve-flor; feijão-verde; erva-doce.

4. Nas palavras formadas com a adição dos prefixos ex-, pós-, pré-, pró-, vice-. Ex: ex-marido; pós-graduação; pré-primária; vice-presidente.

5. Nas palavras com adição de prefixos circum e pan-, quando o segundo elemento começa por vogal, h, m ou n.

Ex: circum-navegação; pan-africano.

6. Nas palavras formadas com a adição de prefixos ou falsos prefixos terminados em consoante, se o elemento seguinte começa por uma consoante igual. Ex: hiper-realista; inter-racial; inter-regional; super-realista; super-resistente.

7. Nas palavras formadas com a adição de prefixos ou falsos prefixos terminados em vogal, se o segundo elemento começa

por uma vogal igual ou por h. Ex: anti-ibérico; micro-ondas; micro-orgânico; anti-herói.

JÁ AGORA, CONHEÇA O SIGNIFICADO DAS SEGUINTES EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS… À GRANDE E À FRANCESA Esta expressão tem origem na primeira invasão napoleónica em Portugal, quando o general Junot e os seus acompanhantes se passeavam vestidos de gala pela capital. Daí o sentido de “viver com luxo e ostentação”.

LÁGRIMAS DE CROCODILO O significado desta expressão é “choro fingido”. Quanto à sua origem, vem do facto de o crocodilo, ao comer, fazer forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima. Por isso se diz que um choro fingido são “lágrimas de crocodilo”.

Professora Manuela Veiga

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PROPRIEDADES DAS SEMENTES DE LINHAÇA Nos últimos anos tem-se publicado uma grande quantidade de informação sobre os efeitos curativos da semente de linhaça moída. Os investigadores do Instituto Científico para Estudo da Linhaça do Canadá e dos Estados Unidos têm focado a sua atenção no papel desta semente na prevenção e cura de numerosas doenças degenerativas. A semente de linhaça contém 27 componentes anticancerígenos, um deles é a LIGNINA. Contém 100 vezes mais lignina que os melhores grãos integrais. Nenhum outro vegetal conhecido iguala essas propriedades.

BENEFÍCIOS DO CONSUMO REGULAR DE SEMENTES DE LINHAÇA MOÍDAS

CONTROLO DO PESO Ajuda a controlar a obesidade e a sensação desnecessária de apetite por conter grandes quantidades de fibra dietética. SISTEMA DIGESTIVO Ideal para prisão de ventre e acidez estomacal. Lubrifica e regenera a flora intestinal, expulsando os gases gástricos e eliminando toxinas. É laxante por excelência. Previne os divertículos na parede dos intestinos. SISTEMA NERVOSO As pessoas que consomem linhaça sentem uma grande diminuição da tensão nervosa e uma sensação de calma. SISTEMA IMUNOLÓGICO A semente de linhaça, por conter ácidos gordos essenciais, ómega 3, 6 e 9, e um grande conteúdo de nutrientes essenciais, permite grande resistência às doenças. Retém o envelhecimento e é importante para o tratamento da anemia. Alivia alergias e é efetiva para o lupus. SISTEMA CARDIOVASCULAR É ideal para tratar a arteriosclerose (eliminando o colesterol depositado nas artérias), a esclerose múltipla, a trombose coronária e a arritmia cardíaca. É excelente para regular o mau colesterol. O uso regular de linhaça diminui o risco de doenças

cardiovasculares, por conter uma substância chamada TAGLANDINA, que regula a pressão do sangue e a função arterial. DOENÇAS INFLAMATÓRIAS O consumo de linhaça diminui as condições inflamatórias de todo o tipo, nomeadamente as doenças terminadas em -tite, tais como gastrite, hepatite, artrite, amigdalite… RETENÇÃO DE LÍQUIDOS O consumo regular de linhaça ajuda os rins a excretar água e sódio. CONDIÇÕES DA PELE E DO CABELO Com o consumo regular de linhaça a pele fica mais suave. É ideal para problemas na pele, tais como psoríase e eczema. Recomenda-se também como máscara facial para uma limpeza profunda. Ajuda na eliminação de pano branco, manchas, acne, borbulhas… É excelente para a calvície e no tratamento da caspa, usada como geleia. VITALIDADE FÍSICA O consumo de linhaça leva ao aumento progressivo da vitalidade e da energia, aumentando o coeficiente metabólico e a eficácia na produção de energia celular, e levando os músculos a recuperar da fadiga do exercício. DIABETES O consumo regular de linhaça favorece o controlo dos níveis de açúcar no sangue, favorecendo os insulinodependentes.

MODO DE UTILIZAÇÃO Duas colheres de sopa de sementes de linhaça por dia, moídas (só no momento de consumir) no moinho de café ou no liquidificador e misturadas no sumo de fruta natural, no iogurte ou nas papas de aveia … ao pequeno-almoço. Se quiser perder peso coma uma colher a mais à tarde. Aconselhável a todas as pessoas, de qualquer idade, exceto a pessoas alérgicas ou intolerantes à linhaça. Agora já sabe, um bom pequeno-almoço deve incluir sementes de linhaça… É uma questão de motivação… Escolha bem, escolha a sua saúde!

Professora Elisabete Oliveira

Saúde

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VAMOS LER O CÉU Não há boa Astronomia sem um razoável conhecimento do céu. Mas como a Terra viaja pelo espaço em torno do Sol, a “paisagem” celeste vai variando ao longo do ano. Para conhecer o céu comece por descarregar o Mapa do Céu de Inverno usando esta hiperligação e siga o roteiro abaixo apresentado. Agora basta uma noite limpa e muito agasalho.

CONHECER O CÉU NO INVERNO Quem olha de repente para o céu, sem habituação prévia à escuridão, surgem-nos as estrelas mais brilhantes do céu: Capela (em Auriga), Castor e Pólux (em Gémeos), Prócion (em Cão Menor), Sírio (em Cão Maior), Aldeberã (em Touro) e as estelas

Betelgeuse e Rígel (em Orion). Este conjunto de estrelas, no seu todo, está organizado num enorme “G” plantado no meio do céu. Este artigo deve ser lido com o Mapa do Céu de Inverno na mão para acompanhar a par e passo cada indicação do texto.

Ora cá vamos nós: O centro desse “G” é dominado pela constelação de Orion (ou Orionte - o caçador), facilmente reconhecido por ter três estrelas (Alnitak, Alnilam e Mintaka) alinhadas, formando a cintura de Orionte.

Abaixo da cintura de Orionte temos a bainha da espada, onde encontramos a nebulosa M42, visível a olho nu (em noites transparentes e após adaptação da visão ao escuro) mas, se vista com um telescópio de 8 polegadas (um dos da Escola), surge como uma plumagem de pavão (de cor rosa na Fig 1).

Esta constelação oferece ainda duas supergigantes, a Betelgeuse (supergigante

vermelha no canto superior esquerdo) e Rígel que na realidade é uma estrela dupla (uma laranja e outra azul no canto inferior direito).

Outra nebulosa muito bela que se pode encontrar em Orionte é a nebulosa da cabeça de cavalo, que se situa logo abaixo da Alnitak (a 1ª das 3 estrelas da cintura de Orionte) e que não é mais do que uma nuvem de pó que obscurece a luz da nebulosa de emissão que existe por detrás. Orionte apresenta muitos mais motivos de interesse, mas não quero perder o rumo na nossa visita ao céu de Inverno, por isso prossigamos.

Prolongando a linha da cintura de Orionte cerca de 20º para a esquerda, vamos encontrar Sírius e, sensivelmente à mesma distância para a direita, temos Aldebarã.

Sírius é a estrela mais brilhante da noite por ser a mais próxima depois do Sol, e pertence à constelação de Cão Maior (um dos cães do caçador Orion). Aldebarã é o centro da constelação de Touro que, conjuntamente com as Hyades, formam a cabeça do Touro (é o olho do Touro).

Prolongando ainda esta linha 15º para a direita de Aldebarã encontraremos as Plêiades (M45) – as sete irmãs ou os “sete estrelos”. Um grupo de estrelas bebés facilmente visível a olho nu.

Entre as extremidades dos chifres do Touro, conforme a figura 4, temos o primeiro objeto Messier (M1) – a nebulosa de Caranguejo –, que é o que resta de uma supernova registada em 1054, por chineses e árabes.

Voltando ao centro de Orionte e seguindo cerca de 50º na direção Norte, encontraremos Capela, outra das mais brilhantes estrelas do céu noturno, como se fosse uma jóia num colar de pérolas chamado Constelação de Auriga.

De volta ao centro de Orionte e alinhando com Betelgeuse, teremos a cerca de 40º as estrelas Castor e Pólux – as cabeças dos dois irmãos que constituem a constelação de Gémeos.

Para completar o referido “G” falta apontar Prócion na constelação de Cão Menor (um dos cães de Orion), que se situa a cerca de 30º à esquerda na linha dos ombros de Orion.

Astronomia

Fig.1- Constelação de Orionte

Fig.2 – Cabeça de cavalo

Fig.3 – M1 - Nebulosa do Caranguejo, resultado de uma Supernova

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MITOLOGIA

Orion era um hábil caçador gigante, filho do deus Poseidon (deus dos mares da mitologia grega) e de Euríale. Depois de um romance mal sucedido com Mérope, por culpa de Enópion (pai de Mérope), o qual jurou perseguir numa estória de arrepiar cabelo, que dava certamente uma telenovela de se tirar o chapéu.

Abreviando, vou apenas dizer que Orion foi procurar Enópion em Creta (sabe-se lá com que intenção) onde conheceu Artemis (Diana, na mitologia romana), que, como ele, era apaixonada pela caça.

Mas a enorme amizade entre os dois não contou com a aprovação de Apolo, irmão da deusa. Apolo chamou o escorpião gigante para perseguir Órion, obrigando-o a fugir pelo mar em direção à morada da sua antiga amante (a deusa Eos), à procura de proteção. Vendo-o fugir, desafia a irmã a acertar, com as suas flechas, num pequeno ponto preto sobre as águas. Ingénua, ela prepara o arco e atira, sem imaginar que o ponto negro que lhe servia de alvo era a cabeça do seu amigo, e, certeira como sempre, matou-o.

Artemis, com o desgosto por ter morto o seu grande amigo, suplicou a Zeus que imortalizasse Orion no céu como uma das constelações mais visíveis da noite, acompanhado de seu cão Sírius (constelação de Cão Maior, que pode ser vista atrás e abaixo do caçador Orion), e atirasse o Escorpião para o outro lado do céu, para assim nunca mais ameaçar o gigante caçador. Ao observar o céu à noite podemos ver que estas duas constelações nunca se encontram (Orion é uma constelação de Inverno e Escorpião é uma constelação de Verão).

Esta é uma das estórias criadas pela imaginação humana ao brilho da representação que as estrelas formavam na noite. Existem outras versões, mas achei que esta seria do vosso agrado.

Agora, bem agasalhados, numa noite limpa de inverno, basta pegar no mapa do Céu de Inverno que podem imprimir desta edição, olhar o céu e, ao reconhecer cada constelação que ele apresenta, perceber que esse mesmo céu alimentou a imaginação do homem ao longo dos tempos.

Fontes consultadas: Berthier,D.; “Urban Astronomy”; Cambridge University Press; 2003 Almeida, G., Ferreira, M.; “Introdução à Astronomia e às Observações Astronómicas”; Plátano Ed.Técnicas; 1993 “The Winter Sky tour” in http://my.execpc.com/60/B3/culp/astronomy/Winter/winter.html ; (20111121) “Messier object gallery” in http://thebigfoto.com/messier-objects-gallery-m1-m11 ; (20111121)

Professor Álvaro Folhas Clube de Astronomia

Fig.4- Constelações

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