Enfunamento de Placas 2012 2013

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Departamento de Engenharia Civil – FCTUC Estruturas Metálicas II R. Simões 1 Mestrado Integrado em Engenharia Civil ESTRUTURAS METÁLICAS II Área de Especialização em Mecânica Estrutural 2012-2013 ENFUNAMENTO DE CHAPAS METÁLICAS Rui A. D. Simões

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  • Departamento de Engenharia Civil FCTUC Estruturas Metlicas II R. Simes

    1

    Mestrado Integrado em Engenharia Civil

    ESTRUTURAS METLICAS II

    rea de Especializao em Mecnica Estrutural

    2012-2013

    ENFUNAMENTO DE CHAPAS METLICAS

    Rui A. D. Simes

  • Departamento de Engenharia Civil FCTUC Estruturas Metlicas II R. Simes

    1

    1. INTRODUO

    As estruturas metlicas, devido elevada resistncia dos metais (e em

    particular do ao), tendem a ser bastante esbeltas, e como tal bastante

    condicionadas por fenmenos de instabilidade. Nas estruturas constitudas

    por peas lineares (estruturas recticuladas), os fenmenos de instabilidade

    devem ser verificados a trs nveis: estabilidade global, estabilidade ao nvel

    dos elementos (vigas e pilares) e estabilidade local.

    Este texto refere-se ao estudo de elementos ou componentes de estruturas

    metlicas constitudos por seces esbeltas (como as ilustradas na figura

    1), onde a anlise e dimensionamento tendem a ser condicionados por

    fenmenos locais.

    Figura 1 Seces metlicas esbeltas

    De entre os fenmenos locais, destacam-se os associados a elementos

    metlicos (vigas ou pilares) com seces de classe 4 submetidos a esforo

    axial ou esforo axial+flexo, encurvadura da alma de perfis por esforo

    transverso e encurvadura, esmagamento ou enrugamento da alma de

    perfis devido a cargas concentradas.

    No seguimento deste documento, numa primeira fase efectuada uma

    abordagem terica dos fenmenos envolvidos, e depois apresentadas as

    metodologias de verificao regulamentar, de acordo com o

    Eurocdigo 3.

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    2. ENFUNAMENTO DE CHAPAS METLICAS

    2.1. Conceitos gerais

    O enfunamento um fenmeno de instabilidade que ocorre em placas

    delgadas quando solicitadas por foras no seu plano. Considere-se uma

    placa rectangular perfeitamente plana (de dimenses a x b), articulada nos

    seus quatro bordos e comprimida na direco da maior dimenso (direco

    x), como se ilustra na figura 2. Se aplicarmos uma tenso x, surgem

    deformaes w fora do plano, totalmente recuperveis (se retirarmos a

    tenso que as provocou) no caso de a tenso x ter atingido um valor muito

    reduzido. Para um determinado valor da tenso x

    (x = crB), a placa no volta posio inicial, mesmo que a tenso seja

    retirada nestas circunstncias diz-se que a placa enfunou. A tenso crB

    que produziu o enfunamento da placa designada por tenso crtica de

    enfunamento elstico.

    a) Placa inicial b) Placa enfunada c) Fibras mdias aps enfunamento

    Figura 2 Enfunamento de uma placa

    Ao contrrio da encurvadura global ou lateral de uma barra, a ocorrncia do

    enfunamento elstico no corresponde runa da placa. Efectivamente, se

    aumentarmos o carregamento numa placa j enfunada, ela continuar a

    resistir, devido aos efeitos de membrana que tendem a reter a deformao.

    Como se pode observar na figura 2-c, as fibras traccionadas,

    perpendiculares direco de aplicao da tenso, tendem a estabilizar as

    Fibra taccionada Fibra comprimida

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    fibras comprimidas (efeito anlogo ao de uma mola no modelo plano

    representado). No entanto, o efeito de membrana s se poder desenvolver

    se as fibras traccionadas estiverem ancoradas nas suas extremidades, o

    que s acontece, se a placa estiver apoiada em pelo menos um dos bordos

    paralelos direco da solicitao.

    2.2. Teoria linear do enfunamento elstico

    2.2.1. Tenso crtica de enfunamento elstico

    Considere-se novamente a placa rectangular, articulada nos seus quatro

    bordos (figura 2). Admitindo o enfunamento como um fenmeno de

    instabilidade por bifurcao de equilbrio, podemos calcular o valor da

    tenso crtica de enfunamento elstico cr com base nas hipteses:

    Placa inicialmente perfeitamente plana;

    Deformaes devidas ao enfunamento so moderadas;

    Placa solicitada por cargas aplicadas no seu plano mdio;

    Material com comportamento perfeitamente elstico linear.

    O estado de equilbrio da placa deformada traduzido pela seguinte

    equao diferencial:

    2

    2x

    4

    4

    22

    4

    4

    4

    dxwd

    DN

    dywd

    dydxwd2

    dxwd

    (2.1)

    sendo:

    w - Deformao da placa perpendicular ao seu plano;

    Nx - Esforo normal por unidade de comprimento ( tN xx );

    t - Espessura da placa;

    - Coeficiente de Poisson;

    D - Rigidez da placa para uma largura b unitria ( 2

    3

    112EtD

    ).

    Supondo que a placa se deforma segundo uma superfcie sinusoidal

    descrita pela equao:

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    bynsin

    axmsinaw

    1m 1nmn

    (2.2)

    em que m e n representam o nmero de semi-ondas nas direces x e y,

    respectivamente, podemos calcular a carga crtica de enfunamento elstico

    substituindo o valor de w dado pela expresso (2.2) na equao (2.1). De

    acordo com as condies de contorno, por integrao obtm-se:

    2

    222

    2

    2

    2

    2

    x mDa

    bn

    amN

    (2.3)

    O valor da carga crtica Ncr corresponde ao mnimo da funo Nx dada pela

    expresso (2.3), que se obtm para um valor de n = 1, o que significa que

    s existir uma semi-onda na direco y e que podem existir vrias semi-

    ondas na direco x. Substituindo a rigidez da placa D pelo seu valor e

    designando a relao entre as dimenses da placa por = a/b, vem:

    2

    2

    22

    cr bt

    112tE

    mmN

    (2.4)

    de onde se obtm a tenso crtica de enfunamento elstico:

    2

    2

    22cr

    cr bt

    112E

    mm

    tN

    (2.5)

    Definindo o coeficiente de enfunamento k por:

    2

    mmk

    (2.6)

    e a tenso de referncia de Euler E por:

    2

    2

    2

    E bt

    112E

    (2.7)

    a tenso crtica de enfunamento elstico pode ser expressa na forma:

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    Ecr k (2.8)

    2.2.2. Coeficiente de enfunamento

    Como se pode observar na equao (2.8), a tenso crtica de enfunamento

    elstico directamente proporcional ao coeficiente de enfunamento k.

    Assim, importante analisar cuidadosamente os parmetros que

    influenciam o seu valor.

    i) Influncia do nmero de concavidades

    No exemplo ilustrado na figura 2, tem-se enfunamento com apenas uma

    semi-onda (uma concavidade, m = 1). O coeficiente de enfunamento dado

    pela equao (2.6) assume o valor:

    2

    11k

    (2.9)

    A figura 3-a mostra que esta expresso representa uma curva que passa

    por um valor mnimo kmin = 4.0, para = 1. Se o enfunamento se produz

    para duas semi-ondas (m = 2), obtm-se:

    2

    22k

    (2.10)

    A figura 3-b mostra que esta expresso representa uma curva que passa

    por um valor mnimo kmin = 4.0, para = 2. A curva correspondente ao

    enfunamento com m semi-ondas deduz-se da curva fundamental

    (m = 1), multiplicando todas as abcissas por m, sem alterar as ordenadas.

    A forma da curva est representada na figura 3-c.

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    a) Uma semi-onda b) Duas semi-ondas c) m semi-ondas

    Figura 3 Valores do coeficiente de enfunamento

    Em concluso, conhecendo o valor de = a/b, consegue-se determinar a

    tenso crtica de enfunamento elstico. O enfunamento produz-se para o

    menor valor da tenso crtica de enfunamento elstico cr, e como tal, para

    o menor valor do coeficiente de enfunamento. Constata-se que para valores

    de 1 , o valor de k praticamente constante (figura 3-c). Pode-se pois adoptar a hiptese conservadora de substituir as diversas

    curvas por uma recta horizontal de ordenada kmin = 4.0.

    ii) Influncia das condies de contorno

    O tipo de condies de fronteira a introduzir no clculo depende do

    comportamento real do bordo da placa, que influenciado pela ligao com

    os elementos adjacentes. Frequentemente, admite-se a hiptese

    conservadora de que esses bordos so articulados.

    Na figura 4 so comparados os coeficientes de enfunamento de placas

    comprimidas numa direco, no caso dos bordos paralelos solicitao

    serem simplesmente apoiados ou encastrados. Esta figura evidencia que

    quanto mais rgidas forem as ligaes duma placa, mais esta resiste ao

    enfunamento. Naturalmente, possvel fazer a analogia com uma barra

    Representao exacta

    Simplificao

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    comprimida e encastrada nas suas extremidades, na qual a carga crtica de

    encurvadura mais elevada que a da barra articulada.

    Figura 4 Influncia das condies de contorno

    iii) Influncia do tipo de solicitao

    Tenses normais As tenses normais numa placa podem ser devidas a

    traco, a compresso ou a flexo. Nas placas submetidas a tenses de

    traco no h risco de instabilidade. No entanto, basta que uma parte da

    placa esteja comprimida para que exista o risco de enfunamento. Esse risco

    agravado medida que a zona comprimida aumenta, o que se traduz

    numa diminuio do coeficiente de enfunamento.

    A figura 5-a representa a variao do coeficiente de enfunamento k, duma

    placa articulada nos seus quatro bordos, submetida s seguintes

    solicitaes:

    Compresso pura (curva 1, idntica da figura 4, em que kmin = 4.0);

    Flexo pura (curva 2, para a qual kmin = 23.9).

    A curva 3 da figura 5-b representa a evoluo do coeficiente de

    enfunamento k em funo da relao das tenses extremas, no caso de

    flexo composta. Na figura esto indicados os valores de k=4.0 e 23.9,

    correspondentes compresso pura e flexo pura, respectivamente.

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    a) Solicitaes puras b) Flexo composta

    Figura 5 Valores do coeficiente de enfunamento em funo do tipo de

    solicitao

    Tenses de corte Numa placa solicitada ao corte, o estado deformado

    permite observar que se forma uma biela comprimida e uma biela

    traccionada (figura 5-a). O enfunamento pode ser assimilado encurvadura

    da biela comprimida, sendo o coeficiente de enfunamento dado pela curva

    4.

    Solicitaes compostas Para as placas submetidas simultaneamente

    aco de tenses normais e de tenses de corte, existem relaes de

    interaco aproximadas, baseadas no critrio de cedncia de

    Von-Mises, permitindo assim ter em conta esses esforos. Essas relaes

    baseiam-se no clculo duma tenso fictcia, designada por tenso crtica

    de comparao.

    O Quadro 1 resume os valores mnimos do coeficiente de enfunamento

    para alguns casos correntes. Nesse quadro esto considerados diversos

    tipos de solicitaes e de condies de contorno.

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    Quadro 1 Valores mnimos do coeficiente de enfunamento k

    2.2.3. Placas reforadas

    i) Funo de um reforo

    Ao estudarmos os fenmenos de encurvadura e bambeamento, vimos que

    podemos aumentar consideravelmente a resistncia ltima duma barra

    flectida, ou comprimida, introduzindo apoios intermdios. Do mesmo modo,

    numa placa comprimida, possvel conseguirmos um aumento da carga

    crtica de enfunamento introduzindo apoios lineares, materializados por

    nervuras de reforo. A placa fica assim dividida em diversos painis.

    Tenses de corte (frmulas aproximadas) Tenses normais

    Condies de contorno

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    A carga crtica duma placa reforada funo da posio do reforo e da

    sua rigidez. A figura 6 ilustra o comportamento de uma placa articulada nos

    seus quatro bordos, simplesmente comprimida numa direco e dotada

    dum reforo longitudinal.

    a) Placa no reforada b) Reforo flexvel c) Reforo rgido

    Figura 6 Influncia de um reforo no modo de enfunamento

    ii) Posio ptima e rigidez necessria de um reforo

    Para que a eficcia dum reforo seja mxima, ele deve ser colocado a uma

    distncia b/2 do bordo da placa, no caso desta estar articulada e

    uniformemente comprimida. A figura 7 mostra a posio ptima dos

    reforos para trs casos de solicitao duma placa simplesmente apoiada

    nos seus quatro bordos.

    Para que um reforo possa criar um apoio linear, este deve possuir uma

    determinada rigidez. Supondo que os reforos esto dispostos

    simetricamente em relao ao plano da placa, a sua rigidez pode ser

    calculada adicionando equao diferencial (2.1) termos que tenham em

    conta o efeito do reforo.

    Definindo a rigidez relativa s dum reforo como sendo a relao das

    rigidezes do reforo e da placa:

    bDIE s

    s

    correntemacioaoopara

    tbI92.10

    3s (2.11)

    b

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    em que Is a inrcia do reforo em relao ao plano mdio da placa, pode-

    se determinar a variao do coeficiente de enfunamento k em funo da

    rigidez relativa s (figura 8). O reforo representa um apoio fixo para a

    placa desde que a sua rigidez relativa seja superior ou igual rigidez

    relativa necessria s,nec.

    a) Um reforo b) Dois reforos

    Figura 7 Posio ptima dos reforos

    Na realidade, a rigidez relativa necessria s,nec depende da relao

    = a/b e ainda da rea relativa s do reforo, definida como o quociente

    entre a rea do reforo e da placa ( tbAss ).

    Figura 8 Relao entre o coeficiente de enfunamento e a rigidez relativa

    de um reforo

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    No Quadro 2 so fornecidos alguns valores da rigidez relativa necessria

    s,nec para placas que contm um ou dois reforos sem rigidez torsional.

    Quadro 2 Valores da rigidez relativa necessria s,nec

    mas

    mas

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    Exemplo: Considere-se a placa articulada nos quatro bordos representada na

    figura 9, com um reforo longitudinal. Verificar se o reforo suficientemente

    rgido para poder ser considerado como um apoio da placa.

    Figura 9 Placa compresso com um reforo longitudinal

    A inrcia do reforo em relao ao plano mdio da placa dada por:

    463333sss mm1091.412

    10108021212

    ttb2tI

    A rigidez relativa ento dada por:

    7.44101200

    1091.492.10tb

    I92.103

    6

    3s

    s

    A rea relativa do reforo (s) permite determinar a rigidez necessria s,nec

    com base no Quadro 2:

    16.010120012802

    tbAs

    s

    ;

    09.3116.02181218212002400

    ba

    s ;

    7.449.302116.02116.0218

    22

    211218

    2

    s2

    4

    s2

    s

    4

    nec,s

    logo o reforo pode ser considerado como um apoio longitudinal rgido.

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    2.3. Resistncia ltima ao enfunamento

    2.3.1. Conceitos gerais

    A teoria linear do enfunamento elstico considera um fenmeno de

    instabilidade por bifurcao, baseando-se nas hipteses restritivas

    formuladas no sub-captulo 2.2.1. No entanto, como veremos ao analisar as

    diferentes hipteses de base, a realidade bastante diferente:

    i) Placa inicial perfeitamente plana - Devido aos processos de fabrico

    uma chapa nunca completamente plana. Assim sendo, o enfunamento

    deixa de poder ser considerado um fenmeno de instabilidade por

    bifurcao (figura 10 - curva a) passando a ter que se ter em conta as

    imperfeies iniciais w0. O comportamento real da placa (curva b) revela

    que as deformaes para fora do plano crescem medida que a carga

    aumenta. Devido ao efeito de membrana, a resistncia ltima duma placa

    muito maior que a carga crtica de enfunamento elstico Ncr. O ganho de

    resistncia assim obtido designado por reserva pos-crtica.

    Figura 10 Anlise do comportamento duma placa comprimida

    ii) As deformaes para fora do plano so moderadas - Esta hiptese

    deixa de ser vlida quando a carga crtica ultrapassada.

    iii) As cargas so centradas - Na prtica no possvel assegurar que as

    cargas sejam perfeitamente centradas.

    Ncr

    Reserva ps-crtica

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    iv) O material tem um comportamento elstico e linear - Mesmo para

    tenses inferiores ao limite de elasticidade, a presena de tenses

    residuais, devidas por exemplo s operaes de laminao e de soldadura,

    fazem com que determinadas fibras plastifiquem antes das tenses

    aplicadas atingirem a tenso de cedncia.

    A anlise do comportamento duma placa no domnio pos-crtico muito

    complexa (teoria no linear) e necessita dum acentuado volume de clculo.

    Por esta razo, so normalmente adoptados mtodos de clculo

    simplificados. O comportamento duma placa delgada comprimida pode ser

    resumido nas seguintes fases:

    Domnio elstico, inferior carga crtica, no qual a distribuio de tenses

    pode ser admitida uniforme;

    Domnio pos-crtico, superior carga crtica, no qual a distribuio de

    tenses deixa de poder ser admitida uniforme (figura 11). As fibras

    situadas prximo dos bordos so mais solicitadas que as fibras centrais. A

    razo de ser desta diferena deve-se ao facto de as fibras comprimidas

    deslocarem-se para fora do seu plano.

    Figura 11 Largura efectiva duma placa comprimida

    Para o dimensionamento, podemos substituir o diagrama de tenses no

    uniforme por um diagrama uniforme (com reas iguais), em que a tenso

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    igual tenso mxima, aplicado em zonas prximas dos bordos. Define-

    se assim uma largura efectiva.

    2.3.2. Largura efectiva

    O clculo da largura efectiva, beff , foi pela primeira vez abordado por von

    Karman em 1932. A sua teoria baseava-se na hiptese de que a tenso

    crtica de enfunamento elstico duma placa fictcia de largura beff

    (designada por cr,eff) igual a max: 2

    eff

    2

    2

    22

    eff2

    2

    bb

    bt

    )1(12Ek

    bt

    )1(12Ekeff,cr

    max

    2

    effcr b

    b

    (2.13)

    Em geral a tenso interna mxima, max, considerada igual tenso limite

    de elasticidade, resultando para a largura efectiva a seguinte expresso:

    f y

    creff

    bb (2.14)

    onde cr a tenso crtica de enfunamento elstico da placa real (com

    largura b), max = fy a tenso interna mxima no bordo da placa e o

    coeficiente de reduo, que traduz a eficcia da seco comprimida

    1 .

    Ao substituir na equao (2.14) a tenso crtica de enfunamento elstico

    dada pela expresso (2.5), von Karman estabeleceu a expresso geral da

    largura efectiva:

    max

    eff1

    bt

    )1(12Ekbb

    2

    2

    2

    (2.15)

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    Introduzindo o conceito de esbelteza duma placa:

    K4.28

    t/bf

    cr

    yp (2.16)

    em que t a espessura da placa em causa, cr a tenso crtica de

    enfunamento da placa, dada pela equao (2.8), k o factor de

    enfunamento e b uma das seguintes larguras (definidas nos Quadros 4.1 e 4.2 do EC3-1-5):

    b = d, para a alma;

    b = b, para os banzos internos (excepto seces laminadas);

    b = b - 3t, para banzos internos de seces laminadas;

    b = c, para banzos em consola;

    b = (b + h)/2, para cantoneiras de abas iguais;

    b = h ou (b + h)/2, para cantoneiras de abas diferentes.

    e considerando yf235 (com yf em MPa), das expresses anteriores

    resulta ento a conhecida frmula de von Karman, representada

    graficamente na figura 12.

    p

    1

    (2.17)

    A teoria de von Karman d resultados demasiado favorveis, j que na

    realidade as imperfeies geomtricas e estruturais tm uma influncia

    no desprezvel. Assim, Winter props uma frmula semi-emprica (mais

    restritiva) para o clculo da largura efectiva duma placa comprimida, com os

    bordos articulados:

    maxmaxeff

    E

    tb415.01E9.1b t

    (2.18)

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    Esta expresso, que representa um melhoramento da expresso de von

    Karman, pode ser escrita da seguinte forma:

    ppeff

    22.01bb

    (2.19)

    A figura 12 compara as expresses propostas por von Karman e Winter,

    com a teoria de Euler.

    Figura 12 Relao entre as frmulas de Euler, von Karman e Winter

    A capacidade resistente de uma placa, em que se consideram zonas

    efectivas, influenciada pelo diagrama de tenses e pelas condies de

    apoio. Esta influncia tida em conta, pelo coeficiente de enfunamento K

    (que intervm no clculo de p ) e pela repartio das partes efectivas dos

    elementos.