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Este texto foi adotado para fim exclusivo de apoio didático ao Curso de Gestão Estratégica Pública - Turma 2005 - uma parceria entre a Escola de Extensão da Unicamp e a Escola de Governo e Desenvolvimento do Servidor (EGDS) da Prefeitura Municipal de Campinas. Enfoque participativo no trabalho com grupos Contexto Geral É comum perceber-se uma mistura no entendimento de certos métodos de trabalho com grupos, em especial, o Metaplan, ZOPP e o Enfoque Participativo. Essa dificuldade se dá, principalmente, porque os três fazem uso das técnicas de moderação e de visualização móvel. O Metaplan caracteriza-se pelas técnicas de moderação e de visualização móvel (fichas coloridas) no trabalho com pequenos grupos. Foi desenvolvido a partir dos anos 70, por uma empresa de consultoria alemã orientada para a capacitação de executivos de empresas – Metaplan GMBH. Esses instrumentos foram desenvolvidos em uma época em que a sociedade passou a exigir maior espaço para a participação nas tomadas de decisão e orientação dos processos segundo os desejos e necessidades de todos os diferentes grupos envolvidos. Para assegurar essa maior demanda por participação, foram desenvolvidos métodos e instrumentos que efetivamente pudessem viabilizar esse propósito. O método ZOPP (Planejamento de Projeto Orientado por Objetivos) foi desenvolvido a partir do “Logical Framework Approach” ou “Marco Lógico”. É um método de planejamento desenvolvido e adotado oficialmente, pela GTZ (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica), desde 1983, em todos os projetos da Cooperação Técnica Alemã. Nesse período, tornou-se sinônimo de um processo de planejamento participativo voltado às necessidades e interesses dos envolvidos em determinado contexto. O método ZOPP incorporou ao processo de planejamento as técnicas Metaplan, ajustando a sua aplicação para os envolvidos nos projetos técnicos da cooperação.

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Este texto foi adotado para fim exclusivo de apoio didático ao Curso de Gestão Estratégica Pública - Turma 2005 - uma parceria entre a Escola de Extensão da Unicamp e a Escola de Governo e Desenvolvimento do Servidor (EGDS) da Prefeitura Municipal de

Campinas.

Enfoque participativo no trabalho com grupos

Contexto Geral É comum perceber-se uma mistura no entendimento de certos métodos de

trabalho com grupos, em especial, o Metaplan, ZOPP e o Enfoque Participativo.

Essa dificuldade se dá, principalmente, porque os três fazem uso das técnicas de

moderação e de visualização móvel.

O Metaplan caracteriza-se pelas técnicas de moderação e de visualização móvel

(fichas coloridas) no trabalho com pequenos grupos. Foi desenvolvido a partir dos

anos 70, por uma empresa de consultoria alemã orientada para a capacitação de

executivos de empresas – Metaplan GMBH. Esses instrumentos foram

desenvolvidos em uma época em que a sociedade passou a exigir maior espaço

para a participação nas tomadas de decisão e orientação dos processos segundo

os desejos e necessidades de todos os diferentes grupos envolvidos. Para

assegurar essa maior demanda por participação, foram desenvolvidos métodos e

instrumentos que efetivamente pudessem viabilizar esse propósito.

O método ZOPP (Planejamento de Projeto Orientado por Objetivos) foi

desenvolvido a partir do “Logical Framework Approach” ou “Marco Lógico”. É um

método de planejamento desenvolvido e adotado oficialmente, pela GTZ

(Sociedade Alemã de Cooperação Técnica), desde 1983, em todos os projetos da

Cooperação Técnica Alemã. Nesse período, tornou-se sinônimo de um processo

de planejamento participativo voltado às necessidades e interesses dos envolvidos

em determinado contexto. O método ZOPP incorporou ao processo de

planejamento as técnicas Metaplan, ajustando a sua aplicação para os envolvidos

nos projetos técnicos da cooperação.

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Uma terceira linha metodológica foi desenvolvida, tomando por base as

experiências acumuladas pela equipe da Metaplan, pela GTZ e por um grande

número de instituições e profissionais que trabalham sobre o enfoque da

participação, chamado de Enfoque Participativo. Segundo Kraptiz (1988), o

Enfoque Participativo pode ser entendido como uma aproximação sistemática a

processos de grupos buscando mobilizar seus potenciais e fornecer-lhes

instrumentos para melhorar as suas ações pelas contribuições dos participantes e

em que se manifesta e incorpora o meio socioeconômico e cultural de cada

situação.

Por essa razão, o Enfoque participativo envolve uma complexidade maior de

aplicação que os demais, por estar em permanente aperfeiçoamento e adaptação,

envolvendo um campo de aplicação bem mais abrangente. Apropriado para quem

fomenta ou faz parte de um grupo de auto-gestão, sendo orientado para a

aplicação conforme a necessidade e a situação do grupo. Os princípios básicos do

Enfoque Participativo constituem-se no diálogo ativo, na problematização e na

condução compartilhada do processo, sendo desenvolvido, utilizando as técnicas

Metaplan, entre outros instrumentos.

Metaplan

ZOPP

Enfoque participativo

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O Enfoque na participação

O desenvolvimento de um processo participativo permite uma interação

interdisciplinar e multissetorial, facilitando o surgimento de soluções mais criativas

e ajustadas a cada realidade. Desse modo, reduzimos as possibilidades da

elaboração de projetos dissociados da realidade. A não participação dos

envolvidos implicará, em grande parte, no pouco comprometimento e auto-

identificação para com o mesmo.

A participação não é somente um instrumento para a solução dos problemas, mas

também uma necessidade do homem de auto-afirmar-se, de interagir em

sociedade, criar, realizar, contribuir, sentir-se útil. É um instrumento muito eficaz

para aumentar a motivação e o entusiasmo das pessoas,contribuindo para a

expressão do pleno potencial de uma organização.

Um processo participativo visa não somente à elaboração de propostas mais

ajustadas à realidade. Pretende mudar comportamentos e atitudes, onde os

indivíduos passam a ser sujeitos ativos no processo e não objetos do trabalho dos

outros.

Um processo participativo implica em uma aprendizagem mútua, envolvendo

todos os que possam contribuir, seja conceitualmente, seja pela sua experiência,

assim como os que irão estar à frente da execução das idéias geradas.

A importância de um processo participativo também pode ser dada pela razão

instrumental de sermos mais eficazes, realizando as coisas em conjunto.

Também se justifica pelo componente afetivo, por fazer com que nos sintamos

mais estimulados, mais seguros, mais seguros, mais confiantes, trabalhando em

equipe. É a base para a interação e confiança entre as pessoas e, assim, a sua

autogestão.

Participar também se pratica e aprende, sendo o melhor caminho para o

fortalecimento da cidadania, em suas mais diversas possiblidades.

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O que entendemos por “participação”?

Participar vai muito além de estar presente. Participar significa tomar parte no

processo, emitir opinião, concordar/discordar.

Em um processo participativo, deve ocorrer o respeito às idéias de todos, sendo

que todas as contribuições devem ser valorizadas e voluntárias.

Deverá haver o envolvimento individual e permanente, considerando que a

participação é indivisível, devendo ocorrer em todo o processo.

A participação é um processo, requer treino e, fundamentalmente, mudança de

comportamento e de atitude.

Deverá haver atitudes e postura adequadas, com muita transparência e total

acesso a todas as informações.

Alguns instrumentos que facilitam a participação em um evento grupal

O Moderador é o elemento neutro, de equilíbrio, o catalisador para as diversas

idéias que aparecerão decorrentes do processo grupal. Ele não interfere no

conteúdo das discussões, tendo somente a responsabilidade de facilitar o

processo metodológico.

A Visualização consiste no registro visual contínuo de todo o processo, mantendo

as idéias sempre acessíveis para todos. Desse modo, as contribuições não se

perdem, sendo mais objetivas e mais transparentes para todo o grupo.

A Problematização é o mecanismo que adotamos para evitar a dominação e

ativar o intercâmbio de idéias entre os participantes. Assim, trata-se de mobilizar

as informações e conhecimentos dos envolvidos no processo. Para isso, adota-se

a técnica de formulação de perguntas orientadoras por parte do moderador do

processo de forma a direcionar o desenvolvimento do trabalho.

O Trabalho em Grupo é adotado para aumentar a eficácia da comunicação e

garantir um momento intensivo de criação, gerando idéias que possam ser o ponto

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de partida para a discussão em plenária. São nos pequenos grupos que se

estabelece o contato face-a-face e criam-se idéias de forma intensiva.

As Sessões Plenárias são utilizadas para o aperfeiçoamento e lapidação das

idéias geradas nos grupos. São os momentos de socialização dos resultados, das

tomadas de decisão e de se estabelecer à responsabilidade e cumplicidade pelo

resultado alcançado.

O Debate Ativo deve ser provocado continuamente, sendo à base de um

processo grupal participativo, onde todos devem ter os mesmos direitos e

tratamentos, independente de posição ou cargo que exerçam. É na troca de idéias

e experiências que está a riqueza desse processo.

No enfoque participativo, não há espaço para o consumo passivo, de forma que

algumas pessoas depositam a sua verdade sobre os demais.

A Condução Compartilhada, avaliando o programa passo a passo, é o

mecanismo que permite aos participantes determinarem o desenvolvimento do

processo e, com isso, tornarem-se cúmplices do resultado auferido. Assim, divide-

se as responsabilidades com todos sobre os passos que se queira dar,

submetendo qualquer decisão à plenária.

O Moderador

O que representa ser um moderador ?

O termo “moderar” significa estabelecer equilíbrio, acordar regras de convivência,

orientar e ordenar uma reunião, debate, treinamento, etc.

O moderador é o elemento responsável por estabelecer esse equilíbrio,

direcionando o grupo para o desenvolvimento harmônico do processo.

Ele assegura o apoio metodológico, instrumental e afetivo para o grupo,

orientando o desenvolvimento do trabalho.

Segundo Pfeiffer (1991), a moderação é “uma mistura de técnicas de

planejamento, de dinâmicas de grupos e de gerenciamento de discussões, de

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psicologia social, sociologia, administração e de organização de empresas, todos

eles baseados em processos sociais e psíquicos que se apóiam nos

conhecimentos e experiências da psicologia humanista que em seu contexto de

trabalho cabe ao moderador o papel central”. A moderação também envolve

aspectos da andragogia, tendo em vista que trabalha basicamente com um público

adulto.

O moderador auxilia metodologicamente o grupo, orientando e sintetizando os

seus objetivos, debates, propostas e decisões. A sua principal tarefa recai em

orientar o processo a ser desenvolvido, não interferindo no conteúdo das

discussões. Cabe a ele criar um ambiente propício que estimule o debate e o

intercâmbio de experiências entre os diversos membros do grupo, evitando a

dominação de alguns sobre os demais.

A importância da neutralidade de um moderador

O trabalho com grupos de pessoas envolve, em sua grande parte, a gestão de

conflitos, sejam eles explícitos ou aqueles que por qualquer fator não são

facilmente perceptíveis. Os conflitos acabam por dificultar ou até mesmo bloquear

a dinâmica de uma organização.

Cabe ao moderador estabelecer a neutralidade do processo, passando a ser peça

fundamental no desenvolvimento e fortalecimento de um grupo de trabalho. O

moderador possibilita, com maior facilidade, romper estruturas e hierarquias,

estabelecendo uma igualdade entre os participantes, respeitando as devidas

responsabilidades. Assim, é possível assegurar, que em um evento participativo,

todos tenham os mesmos direitos e deveres.

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O papel de um moderador

Um bom moderador será aquele que conseguir manejar, com competência, um

conjunto de instrumentos que possam ser mobilizados durante um evento grupal,

no seu devido momento. Porém essa competência técnica será capitalizada se o

moderador agir com habilidade e postura que sejam condizentes com um enfoque

participativo.

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A postura / atitude do moderador

Um bom moderador necessita, em primeiro lugar, gostar do que faz, de trabalhar

com grupos, de lidar com pessoas. Necessita estar bem preparado para o

trabalho, com confiança no que está fazendo e, desse modo, poder transmiti-la

aos participantes. Ter consciência de que cada evento, cada grupo, será um novo

desafio, exigirá um novo comportamento, que irá requerer uma nova preparação.

O moderador deve saber ouvir e entender uma tarefa nem sempre fácil,

necessitando despir-se dos seus preconceitos e prejulgamentos. Saber opinar e

calar no devido momento, não atrapalhando a dinâmica do grupo, mas

provocando a consistência das discussões e conclusões. Ele deve ser simples no

seu jeito de ser. Para desempenhar o papel de moderador de processos

participativos, torna-se necessários que o mesmo tenha uma postura participativa.

O moderador necessita ter pleno domínio da direção e orientação do processo.

Deve procurar a auto-estima do grupo, valorizando seus avanços, mobilizando

suas necessidades e tratando dos interesses comuns.

Moderador x especialista

O moderador tem um papel singular em plenário, diferenciando-se por princípios

dos participantes. Diferencia-se também de possíveis especialistas, cuja função

recai em assessorar, aconselhar, transferir conhecimentos e informações úteis ao

grupo, que possam melhor estruturar suas alternativas e com isso facilitar uma

tomada de decisão. O especialista é a pessoa que detém melhores informações

sobre determinado aspecto e que poderá subsidiar o grupo com as mesmas.

Por outro lado, o moderador é mais um facilitador, catalizador, orientador

metodológico para o processo, enquanto o especialista é essencialmente um

assessor, um orientador técnico, um agente que irá transferir conhecimentos para

facilitar a análise e tomada de decisão pelo grupo, sem decidir por ele.

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A Visualização Móvel

Em que consiste a visualização móvel?

Vamos abordar nessa parte a utilização da visualização móvel, como instrumento

de melhoria da comunicação quando tratamos de trabalhar com pequeno grupo de

pessoas.

A Visualização Móvel consiste, então, em tornar visível um debate, apresentação

de um tema, etc., e é móvel, por permitir o ordenamento das idéias, com extrema

flexibilidade, possibilitando várias opções de disposição. O sistema de

comunicação está baseado no uso de tarjetas, nome dado às pequenas

fichas/cartões, onde são registradas as informações com pincel atômico. As

tarjetas são utilizadas em vários tamanhos, formatos e cores, possibilitando a

escrita das idéias, em seu interior, com um tamanho de letra que permita a leitura

a uma distância de até 10 metros. Possibilita ainda uma combinação harmoniosa

entre formatos, cores e letras, de modo a se conseguir transmitir eficientemente

uma mensagem.

As tarjetas são utilizadas para que as idéias, opiniões, propostas, etc. sejam

registradas e então, uma a uma, possibilitar a construção, no conjunto de um

raciocínio lógico e objetivo. Depois de escrita uma idéia, as tarjetas são fixadas em

um painel, por alfinetes, ficando visível para todos os participantes do evento, por

todo o tempo.

A visualização móvel transfere parte da responsabilidade de registrar as idéias aos

participantes, que escrevem os seus próprios pensamentos, que depois, são

apresentados aos demais. Permite assim, estabelecer uma melhor dinâmica no

evento, com uma maior participação e com uma maior identificação dos

participantes para com o resultado do processo.

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Importância da Visualização Móvel Este procedimento revela várias vantagens em relação aos métodos tradicionais,

entre elas;

• Aumenta consideravelmente a assimilação das idéias, reduzindo os mal-

entendidos;

• Estabelece um foco comum de atenção, concentrando a discussão e

estimulando a objetividade;

• Facilita a coleta e a estruturação de idéias, de forma sintética e objetiva,

orientando-se por frases e palavras-chaves;

• Registra todas as idéias, mantendo-as acessíveis para todo e por todo

tempo, servindo de memória viva da discussão ocorrida;

• Permite, se desejado, a expressão anônima das pessoas mais tímidas, ou

em situações embaraçosas;

• Possibilita o armazenamento das idéias, sem o risco de se perderem como

em uma expressão apenas verbalizada;

• Estabelece uma identificação do grupo para com o resultado, aumentando

a responsabilização e auto-estima de todos;

• Reduz a repetição de debates sobre temas já acordados e concluídos;

• Controla os “oradores natos”, quando são orientados a sintetizar e

visualizar as suas idéias principais.

A visualização móvel e a participação Um dos princípios básicos de um enfoque participativo é a existência de um

eficiente processo de comunicação. A participação pressupõe o intercâmbio de

idéias e a sua convergência para propostas comuns.

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A visualização móvel é peça-chave em um processo participativo, pois sabemos

que a nossa capacidade de aprender e de recordar é aumentada e facilitada

quando podemos ver e interpretar determinadas informações ao invés de

somente ouvi-las. Podemos assegurar uma melhor análise e orientação do

processo, em situações complexas, em que muitas alternativas podem ser

analisadas.

A escrita faz com que as manifestações e opiniões individuais sejam

transformadas em responsabilidade do grupo. Possibilita a transformação do

prazer da conversa aberta e franca em compromisso de realização, assim como o

direito de falar no dever de cumprir.

Com a visualização móvel, possibilitamos que cada idéia, opinião, proposta seja

considerada e registrada, estabelecendo-se uma identidade do autor da mesma

para com o resultado, afinal a idéia dele esta lá, escrita, mesmo que

anonimamente. Conseguimos, assim, aumentar a auto-estima das pessoas, pela

simples valorização das suas idéias e da possibilidade concreta de contribuir com

o grupo. Para muitos, esse talvez seja o fator mais relevante, que por si só justifica

o uso da visualização móvel.

Elementos da Visualização Móvel

Com a visualização móvel, as idéias, sugestões, decisões, etc, além de faladas,

devem ser expostas visualmente, contando com o apoio de tarjetas que são

utilizadas para permitir o registro.da contribuição/informação. Fazemos uso da

escrita com letras grandes, símbolos, gráficos, desenhos ou qualquer tipo de

imagem, desde que facilmente entendidas pelo restante do grupo.

Na visualização móvel, as tarjetas foram desenvolvidas para o uso de pequenos

grupos (20 a 30 pessoas), visando garantir a sua leitura até uma distância de

aproximadamente 8 a 10 metros.

Procurando desenvolver tarjetas em que fosse possível ser registrados, com

pincel atômico, os mais diversos conteúdos, foram desenvolvidos inúmeros

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formatos e diversas cores. Buscou-se modelos que pudessem dar ao moderador e

aos participantes a possibilidade de se expressar não somente pela escrita, mas

pela forma, cor ou disposição do seu conjunto.

Os principais elementos da visualização móvel são:

Cores

Normalmente trabalhamos com quatro cores (branco, amarelo, laranja e verde),

procurando-se tonalidades claras que assegurem contraste à escrita. Nada

impede que outras cores possam ser utilizadas (azul, rosa, caqui, etc), porém

sugerimos as de tons acentuados (pastéis).

Formatos

Igualmente às cores, também foram desenvolvidos vários formatos, tendo, em

princípio, as mesmas finalidades. O uso dos formatos diferentes devem ser

utilizados para indicar, como às cores, uma lógica na apresentação ou no registro

das informações/contribuições.

Os formatos mais utilizados são:

Nuvens Retangular

Oval

Sexta-vada

Circular Tiras

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Os formatos de tarjetas mais freqüentes e seus usos são:

a) Retangular: tarjetas-padrão (10,5 x 21,5cm), foram desenvolvidas para

registrar uma contribuição / informação concisa, precisa. Pode ser utilizada

em conjunto, associando-se várias tarjetas ou isoladamente.

b) Tiras (10,5 x 55 cm): apropriadas para títulos, frases, comentários, resumos

ou propostas. Podem ser utilizadas para se destacar algum elemento

importante.

c) Ovais (10,5 x 14cm): são apropriadas para uma coleta de idéias, porque

permitem uma melhor estruturação associativa das tarjetas. Podem ser

utilizadas para subtítulos ou para destacar algo. Também são bastante

utilizadas para o detalhamento de uma idéia, associando-se a uma tarjeta

de outro formato (retangular, circular, etc.).

d) Circulares: as mais utilizadas são as de tamanho de 10, 14 e 21 cm de

diâmetro. São mais apropriadas para títulos ou para destacar aspectos

relevantes. As de menor tamanho são indicadas para números, nomes ou

uso em/com desenhos.

e) Nuvens: em tamanhos variados: são apropriadas para os títulos.

f) Sextavadas: são indicadas para títulos ou destaques em uma

apresentação.

Escrita

A escrita é o elemento base da visualização, devendo ser clara, sintética e

auto-explicativa. A visualização não fala por si mesmo, somente serve de apoio

à expressão oral, não substituindo o conteúdo, pelo contrário, normalmente

revelando a sua falta.

Recomenda-se no início de cada encontro em que se irá fazer uso da

visualização móvel, orientar os participantes quanto à escrita, em especial:

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• Procurar não escrever mais que três linhas por tarjeta, pois assim se

pode levar a uma distância razoável, de até 8 a 10 metros;

• Evitar utilizar as palavras isoladamente, adicionando preferencialmente

um verbo. Isto ajuda a reduzir os mal-entendidos e equívocos,por má

interpretação;

• Escrever somente uma contribuição / informação por tarjeta, facilitando a

estruturação / organização a posteriori;

• Escrever utilizando letras maiúsculas e minúsculas, facilitando a leitura a

certa distância.

A regra fundamental para a escrita é “você deve conseguir ler e entender o

conteúdo da sua tarjeta de qualquer posição do plenário”.

A escrita também pode ser utilizada para se destacar algum aspecto importante.

Para salientar um título, por exemplo, pode-se utilizar letras maiores, uma outra

cor, sublinhar ou contorna-las. O uso correto da escrita deve assegurar uma

apresentação clara,legível e visível para todos os participantes.

A estruturação das tarjetas deverá transmitir o gosto / criatividade e a lógica de

raciocínio da pessoa ou grupo que a produziu. Para construir essa lógica, pode-se

fazer uso das diferentes formas, tamanhos e cores de tarjetas e letras, símbolos,

linhas, etc., não existindo regras preestabelecidas da estruturação.

Em fim, as alternativas de combinações de cores, formatos e letras, seguem a

criatividade de cada um, certamente limitada, bastando desenvolve-las.

Problematização

Uma forma eficiente de provocar a discussão sobre um determinado assunto é a

sua transformação em pergunta. Assim, a problematização é a provocação de um

debate ou análise por meio de pergunta, de modo que as pessoas reflitam e

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opinem a respeito de um determinado tema. Por esse meio, podemos iniciar ou

alimentar um processo de debate, orientando a reflexão individual e coletiva.

Podemos dizer que uma boa pergunta é mais relevante que uma boa resposta. A

problematização é um dos princípios básicos do enfoque participativo.

Com essa técnica, analisamos o tema em questão e procuramos identificar o

aspecto mais importante a ser discutido. Assim, transformamos esse ponto numa

questão a ser respondida. Para que tenhamos êxito com essa técnica, devemos

assegurar que a pergunta seja previamente elaborada. Devemos analisar

cuidadosamente o que perguntar, como, quando e para quem faze-la.

A problematização visa provocar a reflexão, facilitar a interação e a mobilização de

experiências e idéias de todos os participantes. Uma boa pergunta pode revelar a

complexidade do problema em questão assim como a capacidade do grupo para

encontrar as possíveis soluções.

Para a moderação, a problematização passa a ser um dos principais instrumentos

metodológicos de um evento, como uma espécie de combustível que irá alimentar

a intervenção do moderador rumo aos objetivos traçados.

Alguns cuidados na formulação de uma pergunta

Ao formularmos uma pergunta orientadora, devemos:

• Provocar a reflexão e o interesse individual e coletivo a respeito do tema

e não somente da parte da plenária;

• Ser entendida com facilidade por todos;

• Despertar a curiosidade do grupo pelo resultado do debate, incentivando

a participação;

• Provocar e despertar a diversidade de opiniões, estimulando o debate;

• Desencadear novas perguntas que alimentarão o debate.

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Por outro lado, uma pergunta orientadora, quando bem-elaborada, não deve:

• Produzir respostas do tipo “sim” ou “não”, a não ser que necessitamos de

respostas rápidas e precisas. Devemos priorizar perguntas do tipo”Como”,

“O que”, “Por quê?”, “Para Quem?”;

• Resultar em discussões que não interessam aos propósitos do evento,

desviando o debate dos seus reais objetivos;

• Criar situações desagradáveis, difíceis ou incomodas para o grupo ou

determinadas pessoas;

• Motivar justificativas ou despertar sentimentos de culpa;

• Ser elaborada e dirigida exclusivamente para alguns no grupo excluindo os

demais da sua análise.

Assim, na formulação de uma pergunta devemos evitar:

• as perguntas muito especializadas, que gerem dificuldades para alguns

ou mesmo constrangimentos para outros;

• a possibilidade de uma dupla interpretação, dificultando o debate;

• apresentar uma pergunta sem utilizar o recurso da visualização;

• dificultar a interpretação por má visualização;

• que seja mudada de improviso, após ser colocada para debate, em

decorrência de uma má formulação.

Portanto, no uso da problematização, a arte recai em colocar a pergunta

correta na hora certa.

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Em um processo participativo, a problematização somente terá êxito se

pudermos assegurar a manifestação de idéias e o livre pensamento de

todos, reduzindo a dominação de alguns sobre os demais. Devemos evitar

que alguns possam não se manifestar por falta de oportunidade, por

inibição, ou intimidação frente a uma hierarquia predominante.

O trabalho em pequenos grupos

O trabalho em pequenos grupos visa melhorar a dinâmica do processo,

possibilitando estabelecer uma discussão mais ampliada e consistente das

idéias. Procura-se assegurar um momento de intensiva criação de idéias,

que, em um segundo momento, serão socializadas e aperfeiçoadas em

plenário. Com essa técnica, busca-se também, aumentar o nível de

participação das pessoas e a sua responsabilização perante o processo.

A divisão de uma plenária em grupos de trabalho visa, também, aumentar a

interação e a confiança mútua entre as pessoas, trabalhando “face-a-face”,

melhorando a dinâmica e a produtividade dos trabalhos. Os grupos devem

ter caráter informal e temporário, com a tarefa de analisar, debater, estudar,

planejar ou mesmo refletir sobre algum tema. Elaboram propostas que

serão submetidas aos demais participantes, que poderão acatá-las,

modificá-las ou rejeitá-las totalmente. O resultado desse processo será um

produto acordado e assumido por todos.

A importância do trabalho em grupos

Em um processo participativo, o trabalho em grupos se torna uma

ferramenta de extrema valia, permitindo aumentar a participação grupal. A

utilização dessa técnica aliada a um ambiente adequado, é o ingrediente

básico para motivar e estimular o potencial de criação dos participantes.

Em grupos, com poucas pessoas, cada um se sentirá mais à vontade e

estimulado a contribuir na discussão, resultando em uma participação,

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principalmente das pessoas mais tímidas, que em plenário não o fariam.

Pode-se também reduzir as predominâncias individuais, principalmente

daquelas que acabam por centralizar o domínio da palavra e o rumo das

decisões. Nos pequenos grupos, o ambiente de trabalho torna-se menos

hostil, mais equilibrado, facilitando a integração, reduzindo as tensões e as

inibições.

Por meio do trabalho em grupos, podemos realizar o debate de um leque

maior de temas, principalmente quando o tempo disponível for reduzido,

formulando propostas. As discussões e complementações são feitas em

plenário. Cada grupo poderá tratar um dos temas e, desse modo, avançar

nas discussões.

Alguns cuidados especiais

• O número ideal de integrantes para um pequeno grupo é de 4 a 6

pessoas, sendo que abaixo desse, poderá faltar à chamada “massa crítica”;

acima de seis pessoas, poderá acontecer que algumas delas não opinem

por acomodação ou por inibição.

• Evitar que as lideranças ou os dominantes estejam todos em um

mesmo grupo.

• Ter uma certa flexibilidade para que as pessoas troquem de grupo,

buscando mais afinidade com um tema ou mesmo com pessoas.

• Ter tempo suficiente para que o grupo possa refletir sobre o tema,

com criatividade e liberdade para expor suas idéias. Em geral, para tratar

de uma questão, sem muita profundidade, um grupo de 4 a 6 pessoas

necessita de 60 a 90 minutos.

• Assegurar para que existam espaços independentes para cada

grupo. Caso não haja essa disponibilidade, devemos organizar os grupos

num mesmo recinto.

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Recomendações para o trabalho nos grupos

1 – Preparar um lugar adequado de trabalho.

2 – Escrever o tema, a pergunta orientadora de forma legível e certificar-se de

que foi claramente entendida.

3 – Organizar o grupo e distribuir as tarefas, verificando quem irá moderar,

quem organizará a visualização e quais as etapas do trabalho.

4 – Procurar estabelecer um horário de trabalho, verificando quanto tempo irá

requerer cada etapa.

5 – Permitir um momento de reflexão individual de cada participante, sem falar.

6 – Registrar as idéias em tarjetas, permitindo que todos se manifestem de

forma equilibrada.

7 – Proceder à leitura, esclarecimentos, ordenamento e análise de todas as

contribuições.

8 – Visualizar os resultados e concluir a respeito, procurando verificar o que o

grupo deseja transmitir à plenária.

9 – Verificar o que ainda falta para a conclusão da tarefa do grupo.

10 – Preparar a apresentação dos resultados, verificando quem vai expor as

conclusões.

11 – Arrumar o local de trabalho, guardando todos os materiais utilizados.

O princípio básico que fundamenta o trabalho em pequenos grupos é necessidade

de aumentarmos a participação das pessoas no debate coletivo e de melhorar a

própria dinâmica de um evento.

Coleta de Idéias (Brainstorming)

Essa técnica também é conhecida como Brainstorming, Chuva ou Tempestade de

idéias. Ela serve para coletar e ordenar idéias, opiniões, propostas, etc., com

relação a um determinado tema. Com esse procedimento, podemos provocar uma

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maior participação de todos, aumentando o intercâmbio e a organização de idéias,

além de ser um forte estímulo à criatividade.

A coleta de idéias pode ser realizada de várias maneiras. Uma delas, utilizando

tarjetas, é por meio de um procedimento indutivo, formando grupos de idéias

semelhantes, como se fossem nuvens e dando títulos a esses agrupamentos.

Como utilizar essa técnica?

1 – O moderador inicia o procedimento explicando ou relembrando as regras

para a escrita e uso das tarjetas. Essa será em maior ou menor grau,

dependendo da familiaridade dos participantes para com a visualização

móvel.

2 – O moderador apresenta a pergunta orientadora, objeto de análise, sempre

de forma visualizada, certificando-se de que foi bem entendida.

3 – Os participantes respondem à pergunta, de forma visualizada,

individualmente ou em minigrupos. O número de tarjetas poderá ser

limitado, variando de acordo com a pergunta ou com o número de

participantes.

4 – O moderador deve aguardar até que todos tenham terminado de

responder, para, então, recolher as contribuições. Em seguida, misturar as

tarjetas coletadas, procurando romper estruturas preestabelecidas que

possam existir.

5 – O moderador, em conjunto com os participantes, inicia a estruturação,

lendo e mostrando cada uma das idéias coletadas, organizando-as no

painel, em blocos, por proximidade de temas.

6 – Após a estruturação das idéias em blocos, devemos dar um título que

sintetize cada conjunto de idéias, procurando destacá-los, escrevendo-os

em tarjetas de cor e forma diferenciados das demais.

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7 – Finalizando, devemos realizar uma análise do resultado obtido, procurando

conclusões, resumos ou propostas, que assegurem a continuidade do

processo.

As vantagens desse procedimento

• Provoca e facilita a participação, principalmente quando existem pessoas

inibidas ou constrangidas, que de forma verbal não iram se manifestar.

• Possibilita a manifestação anônima dos participantes, necessária em

muitas situações, evitando constrangimentos.

• Permite que os próprios participantes formulem suas contribuições,

mantendo a originalidade e evitando distorções na interpretação da

mensagem por terceiros.

• A freqüência de idéias em uma nuvem pode indicar uma certa prioridade

de opiniões.

• Exige a formulação de idéias claras, facilitando o entendimento e a

objetividade.

• Facilita a responsabilização de todos pela sua identificação com os

resultados, à medida que visualizam as suas contribuições no painel.

• Assegura o registro das idéias e a formulação dos resultados. Caso

contrário, o processo não irá além de um bom debate – “quais foram as

nossas conclusões?”

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Aplicações do Enfoque Participativo O Enfoque Participativo pode ser utilizado nas mais diversas atividades em que

deverão estar envolvidas pessoas de um determinado grupo (técnico, agricultores,

diretores, etc.), em que se deseja um amplo processo de participação, podendo

envolver atividades de consulta, de planejamento, de capacitação etc.

• Nas atividades de consulta, podemos envolver, especialmente, a troca de

idéias e no esclarecimento de procedimentos.

• Troca de idéias – muitos dos problemas enfrentados por um grupo

possuem soluções internas, necessitando, para isso, da mobilização do

seu potencial de auto-ajuda. A troca de idéias constante e aberta poderá

ser o canal para que esse potencial seja manifestado e potencializado.

• Esclarecimento de conceitos – o desenvolvimento uniforme e sincronizado

de um grupo depende diretamente do fato de todos estarem entendendo e

pactuando conceitos, facilitando assim , a mobilização das idéias em

direção a um ponto comum.

• Sensibilização – procuramos estimular o espírito crítico de cada um,

tornando-os abertos ao desenvolvimento de idéias pactuadas por um grupo

de indivíduos.

• Conscientização – busca-se provocar que cada um torne-se consciente do

seu potencial de contribuição para o desenvolvimento do processo, a partir

do desenvolvimento da sua auto-estima.

• Planejamento – pode-se utilizá-lo em qualquer etapa de um processo, a

partir de planejamento: análise da situação, definição de objetivos, tomada

de decisão, elaboração de um plano operacional, monitoria, etc.

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Bibliografia: CORDIOLLI, Sérgio. Enfoque Participativo do Trabalho com grupos. In: Markus Brose (org.) Metodologia Participativa. Uma Introdução a 29 instrumentos. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001. pp. 25 – 40.