Enfermagem Veterinária em Experimentação Animal Abreu, A., Soares A.C., Carvalho, I., 2009...

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Enfermagem Veterinária em Experimentação Animal Abreu, A., Soares A.C., Carvalho, I., 2009 Biotério do Laboratório Associado IBMC-INEB, Rua do Campo Alegre, 823, 4150-180 Porto, PORTUGAL [email protected], [email protected] O que é a experimentação animal? O que caracteriza o Biotério do IBMC.INEB? O que é um biotério? Abstract/Resumo The role of the veterinary nurse is being recognized as crucial in some animal science areas. However, if that role is not yet fully defined in small animals, livestock and sport animals clinic’s, it is well characterized in laboratory animal science. This poster aims to illustrate the concept of animal experimentation, exposing the tasks that can be undertaken by veterinary nurses, and also highlights the future careers prospects in this peculiar area. The work here presented was realized in the Central Animal House of the associated laboratory IBMC-INEB. O papel do enfermeiro veterinário tem sido reconhecido como crucial em algumas áreas das ciências animais. Contudo, se este papel ainda não está completamente definido nas áreas de clínica de animais de companhia, de animais de produção ou de desporto, este encontra-se bem caracterizado em ciência de animais de laboratório. Este poster pretende ilustrar o conceito de experimentação animal, expor as tarefas que podem ser desempenhadas por um enfermeiro veterinário, bem como salientar as futuras perspectivas de carreira nesta area particular. O trabalho aqui apresentado foi realizado no biotério do Instituto de Biologia Molecular e Celular – Instituto de Engenharia Biomédica (IBMC-INEB). Quais as tarefas do enfermeiro veterinário num biotério de roedores? Manutenção diária: mudanças de gaiolas, água e comida; Técnicas reprodutivas: acasalamentos , superovulações, verificação de plugs, determinação do tempo gestacional, controlo das fêmeas gestantes e novas ninhadas; Sexagem de animais e desmames; Identificação através de colocação de brincos e marcação com furos; Recolhas de sangue e amostras tecidulares para genotipagem; Administração de fármacos; Assistência cirúrgica e técnicas de anestesia; Assistência em necrópsias; Cuidados pós-cirúrgicos; Eutanásias; Recolha de embriões; Outros cuidados de enfermagem veterinária. Um biotério é um local onde são mantidos e/ou criados animais para fins experimentais. Segundo a revisão da directiva europeia EEC/86/609/CEE do Conselho de 24 de Novembro de 1986 respeitante à protecção dos animais utilizados para fins experimentais e outros fins científicos , podem existir vários tipos de biotérios: "Biotério de criação", qualquer estabelecimento onde os animais são criados com vista à sua utilização em procedimentos ou à utilização dos seus tecidos ou órgãos para fins científicos; "Biotério fornecedor", qualquer estabelecimento, distinto do estabelecimento de criação, que forneça animais destinados a serem utilizados em procedimentos ou cujos tecidos ou órgãos se destinam a fins científicos; "Biotério utilizador", qualquer estabelecimento onde os animais são utilizados em procedimentos científicos. Os biotérios são estabelecimentos que têm que obedecer a diversas regras, condições, infra-estruturas especiais, e licenças. O não cumprimento destas regras é punido por lei. Um biotério de roedores e lagomorfos Biotério de criação e manutenção de Roedores e manutenção de Lagomorfos. 1700 gaiolas de roedores e 4-8 coelhos Mais de 100 estirpes de murganhos geneticamente modificados. Biotério com um sistema de barreira completa com uma área SOPF Uma barreira completa significa que antes de entrar na zona limpa todos os materiais e equipamentos são esterilizados, e é obrigatório um duche completo do pessoal com mudança completa de vestuário e adereços. Para tal é necessário um autoclave de duas portas, duches à entrada, segregação de fluxos e material sujo versus limpo, 100% ar novo filtrado por filtros HEPA, com 15-20 renovações de ar/hora de modo a manter temperaturas (20-24ºC p/ roedores, 15-21ºC p/coelhos) e humidades (45-65%) constantes. Um biotério com uma área de contenção biológica (ABSL2, ABLS3) Agentes biológicos de nível 2: Micobacterium avium, Listeria monocytogenes, Leishmania Agentes biológicos de nível 3: Micobacterium tuberculosis Conclusão Figura 1: Gráfico representativo da quantidade de animais utilizados no ano de 2005 por país da UE 25. Fonte: EBRA, 2005. Figura 2: Gráfico representativo das espécies usadas em experimentação cientifica na Europa 25, no ano de 2005. Fonte: EBRA, 2005. Os enfermeiros veterinários são uma mais valia como técnicos em ciência de animais de laboratório devido à sua formação especifica em áreas essenciais a manutenção e monitorização de animais. Uma vez que os conhecimentos adquiridos em higiene, anatomia, fisiologia, técnicas de colheita de fluidos e avaliação do estado de saúde dos animais os capacita plenamente para o cumprimento destas funções. No entanto, a especialização da enfermagem veterinária no domínio dos animais de laboratório, nomeadamente em roedores é fundamental para o melhor desempenho destas funções. Propomos deste modo, que os roedores de laboratórios e/ou a experimentação animal sejam adicionados ao plano curricular uma vez que o mercado de trabalho é atractivo em Portugal, e nos países europeus mais desenvolvidos, em que a área da experimentação cientifica está bastante evoluída. Agradecimentos Referências bibliográficas Agradecemos à Ultragene, à Probiologica e ao biotério do IBMC- INEB por ter patrocinado a presença neste congresso •European Biomedical Research Association (EBRA), 2009.URL: http://www.ebra.org ; •Charles River 2009 Research Models and Services Catalog, URL: http://www.criver.com (fotos adaptadas a partir do catálogo on-line). O termo – experiência animal – pode ser aplicado a qualquer procedimento que envolva animais, sendo considerado «animal», salvo especificação em contrário, qualquer animal vertebrado vivo não humano, incluindo formas larvares autónomas e/ou de reprodução, à excepção de formas fetais ou embrionárias (Portaria nº 1005/92 de 23 de Outubro).

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Enfermagem Veterinária em Experimentação AnimalAbreu, A., Soares A.C., Carvalho, I., 2009

Biotério do Laboratório Associado IBMC-INEB, Rua do Campo Alegre, 823, 4150-180 Porto, [email protected], [email protected]

Enfermagem Veterinária em Experimentação AnimalAbreu, A., Soares A.C., Carvalho, I., 2009

Biotério do Laboratório Associado IBMC-INEB, Rua do Campo Alegre, 823, 4150-180 Porto, [email protected], [email protected]

O que é a experimentação animal?

O que caracteriza o Biotério do IBMC.INEB?

O que é um biotério?

Abstract/ResumoThe role of the veterinary nurse is being recognized as crucial in some animal science areas. However, if that role is not yet fully defined in small animals, livestock and sport animals clinic’s, it is well characterized in laboratory animal science. This poster aims to illustrate the concept of animal experimentation, exposing the tasks that can be undertaken by veterinary nurses, and also highlights the future careers prospects in this peculiar area. The work here presented was realized in the Central Animal House of the associated laboratory IBMC-INEB.

O papel do enfermeiro veterinário tem sido reconhecido como crucial em algumas áreas das ciências animais. Contudo, se este papel ainda não está completamente definido nas áreas de clínica de animais de companhia, de animais de produção ou de desporto, este encontra-se bem caracterizado em ciência de animais de laboratório. Este poster pretende ilustrar o conceito de experimentação animal, expor as tarefas que podem ser desempenhadas por um enfermeiro veterinário, bem como salientar as futuras perspectivas de carreira nesta area particular. O trabalho aqui apresentado foi realizado no biotério do Instituto de Biologia Molecular e Celular – Instituto de Engenharia Biomédica (IBMC-INEB).

Quais as tarefas do enfermeiro veterinário num biotério de roedores?Manutenção diária: mudanças de gaiolas, água e comida;

Técnicas reprodutivas: acasalamentos , superovulações, verificação de plugs, determinação do tempo gestacional, controlo das fêmeas gestantes e novas ninhadas;

Sexagem de animais e desmames;Identificação através de colocação de brincos e marcação com furos;

Recolhas de sangue e amostras tecidulares para genotipagem; Administração de fármacos;Assistência cirúrgica e técnicas de anestesia;Assistência em necrópsias;Cuidados pós-cirúrgicos;Eutanásias;Recolha de embriões;Outros cuidados de enfermagem veterinária.

Um biotério é um local onde são mantidos e/ou criados animais para fins experimentais. Segundo a revisão da directiva

europeia EEC/86/609/CEE do Conselho de 24 de Novembro de 1986 respeitante à protecção dos animais utilizados para fins

experimentais e outros fins científicos , podem existir vários tipos de biotérios:

"Biotério de criação", qualquer estabelecimento onde os animais são criados com vista à sua utilização em procedimentos ou

à utilização dos seus tecidos ou órgãos para fins científicos;

"Biotério fornecedor", qualquer estabelecimento, distinto do estabelecimento de criação, que forneça animais destinados a

serem utilizados em procedimentos ou cujos tecidos ou órgãos se destinam a fins científicos;

"Biotério utilizador", qualquer estabelecimento onde os animais são utilizados em procedimentos científicos.

Os biotérios são estabelecimentos que têm que obedecer a diversas regras, condições, infra-estruturas especiais, e licenças. O

não cumprimento destas regras é punido por lei.

Um biotério de roedores e lagomorfos

• Biotério de criação e manutenção de Roedores e manutenção de

Lagomorfos.

1700 gaiolas de roedores e 4-8 coelhos

Mais de 100 estirpes de murganhos geneticamente modificados.

• Biotério com um sistema de barreira completa com uma área

SOPFUma barreira completa significa que antes de

entrar na zona limpa todos os materiais e equipamentos são esterilizados, e é obrigatório um duche completo do pessoal com mudança completa de vestuário e adereços.

Para tal é necessário um autoclave de duas portas, duches à entrada, segregação de fluxos e material sujo versus limpo, 100% ar novo filtrado por filtros HEPA, com 15-20 renovações de ar/hora de modo a manter temperaturas (20-24ºC p/ roedores, 15-21ºC p/coelhos) e humidades (45-65%) constantes.

• Um biotério com uma área de contenção biológica (ABSL2, ABLS3)

Agentes biológicos de nível 2: Micobacterium avium, Listeria monocytogenes, Leishmania

Agentes biológicos de nível 3: Micobacterium tuberculosis

Conclusão

Figura 1: Gráfico representativo da quantidade de animais utilizados no ano de 2005 por país da UE 25. Fonte: EBRA, 2005.

Figura 2: Gráfico representativo das espécies usadas em experimentação cientifica na Europa 25, no ano de 2005. Fonte: EBRA, 2005.

Os enfermeiros veterinários são uma mais valia como técnicos em ciência de animais de laboratório devido à sua formação especifica em áreas essenciais a manutenção e monitorização de animais. Uma vez que os conhecimentos adquiridos em higiene, anatomia, fisiologia, técnicas de colheita de fluidos e avaliação do estado de saúde dos animais os capacita plenamente para o cumprimento destas funções. No entanto, a especialização da enfermagem veterinária no domínio dos animais de laboratório, nomeadamente em roedores é fundamental para o melhor desempenho destas funções.

Propomos deste modo, que os roedores de laboratórios e/ou a experimentação animal sejam adicionados ao plano curricular uma vez que o mercado de trabalho é atractivo em Portugal, e nos países europeus mais desenvolvidos, em que a área da experimentação cientifica está bastante evoluída.

Agradecimentos

Referências bibliográficas

Agradecemos à Ultragene, à Probiologica e ao biotério do IBMC-INEB por ter patrocinado a presença neste congresso

•European Biomedical Research Association (EBRA), 2009.URL: http://www.ebra.org ; •Charles River 2009 Research Models and Services Catalog, URL: http://www.criver.com (fotos adaptadas a partir do catálogo on-line).

O termo – experiência animal – pode ser aplicado a qualquer procedimento que envolva animais, sendo considerado «animal», salvo especificação em contrário, qualquer animal vertebrado vivo não humano, incluindo formas larvares autónomas e/ou de reprodução, à excepção de formas fetais ou embrionárias (Portaria nº 1005/92 de 23 de Outubro).