Enfermagem Do Trabalho

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Enfermagem do trabalho PEREIRA, Sergio de Carvalho 1 Objetivos: descrever o histórico da enfermagem do trabalho no Brasil e atribuições de cada elemento da equipe de enferma-gem do trabalho; colocar o discente em contato com as questões da enfermagem do trabalho visando a prevenção, promoção e recuperação à saúde do trabalhador, aplicados nos programas de saúde do trabalhador e grupos especiais; normas e ro-tinas de enfermagem; utilização e manuseio dos equipamentos e aparelhos usados nos serviços de saúde do trabalhador; ano-tações registros e relatórios das atividades de enfermagem do trabalho. Integração do profissional de enfermagem na equipe de saúde ocupacional; aspectos nutricionais do trabalhador; técnicas de educação em saúde individual e em grupo. 1. Histórico da enfermagem trabalho no Brasil: atribuições de cada elemento na equipe de enfermagem do trabalho A enfermagem do trabalho é procedente da enfermagem generalista, tendo como enfoque a saúde do traba-lhador e com aspecto comunitário, os serviços prestados pela enfermagem ocupacional, está direcionada para uma população especifica, ou seja, para os trabalhadores de instituições. É preciso ressaltar a importância deste profissional na equipe de saúde ocupacional, visto que, todo aten-dimento referente à saúde do trabalhador está ligado com sua atuação, a comprovação se encontra a seguir no mo-mento em que se descreve as funções deste profissional. Podemos conceituar a enfermagem do trabalho como, (...) uma especialidade da enfermagem geral, com um conjunto de conhecimentos e de prática, vi-sando assistir o trabalhador ou grupo de trabalhadores, situando-o no contexto de saúde, de traba- lho e de vida num determinado momento histórico, com finalidade de promover, manter ou recupe rar sua saúde, e com isso, a melhoria dessas condições (MAURO, 1998a, p.480). Segundo dados históricos, a enfermagem está nos cuidados aos trabalhadores desde a década de 1940, mes-mo ainda não tendo a especialização. Bulhões (1998), rememora que, em 1969, a OIT, juntamente com o con-gresso mundial de saúde e segurança do trabalho, organizou um seminário sobre formação de enfermeiros do tra-balho. Nessa oportunidade, o Brasil, se fez representar por um médico, que declarou não ter nenhuma experiência em treinar enfermeiros do trabalho e, portanto o Brasil sequer dispunha de uma legislação que obrigasse as em-presas a manter serviços de saúde ocupacional. No Brasil em 1972 iniciou o programa nacional de valorização do trabalhador (PNVT), pela portaria nº 3226/72, destacando a importância dos serviços de saúde ocupacional, onde o MTE subsidiou através da Funda-centro a formação de médicos, engenheiros e supervisores de segurança e auxiliares de enfermagem do trabalho, deixando de lado categoria “enfermeiro”. Somente em 1973, realizaram-se os primeiros cursos de auxiliares de en-fermagem do trabalho, para garantir o cumprimento legal da portaria ministerial nº 3.237/72, torna-se obrigatório nas empresas com mais de 100 empregados, os serviços de higiene e medicina do trabalho (BULHÕES, 1998). 1 Mestre em Enfermagem; Consultor Educacional; Consultor HSEQ Oil & Gas; Enfermeiro do Trabalho; (21) 8808 -4664; [email protected] 1

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Enfermagem do trabalho

PEREIRA, Sergio de Carvalho1

Objetivos: descrever o histórico da enfermagem do trabalho no Brasil e atribuições de cada elemento da equipe de enferma-gem do trabalho; colocar o discente em contato com as questões da enfermagem do trabalho visando a prevenção, promoção e recuperação à saúde do trabalhador, aplicados nos programas de saúde do trabalhador e grupos especiais; normas e ro-tinas de enfermagem; utilização e manuseio dos equipamentos e aparelhos usados nos serviços de saúde do trabalhador; ano-tações registros e relatórios das atividades de enfermagem do trabalho. Integração do profissional de enfermagem na equipe de saúde ocupacional; aspectos nutricionais do trabalhador; técnicas de educação em saúde individual e em grupo.

1. Histórico da enfermagem trabalho no Brasil: atribuições de cada elemento na equipe de enfermagem do trabalho

A enfermagem do trabalho é procedente da enfermagem generalista, tendo como enfoque a saúde do traba-lhador e com aspecto comunitário, os serviços prestados pela enfermagem ocupacional, está direcionada para uma população especifica, ou seja, para os trabalhadores de instituições.

É preciso ressaltar a importância deste profissional na equipe de saúde ocupacional, visto que, todo aten-dimento referente à saúde do trabalhador está ligado com sua atuação, a comprovação se encontra a seguir no mo-mento em que se descreve as funções deste profissional.

Podemos conceituar a enfermagem do trabalho como,

(...) uma especialidade da enfermagem geral, com um conjunto de conhecimentos e de prática, vi-sando assistir o trabalhador ou grupo de trabalhadores, situando-o no contexto de saúde, de traba-lho e de vida num determinado momento histórico, com finalidade de promover, manter ou recupe rar sua saúde, e com isso, a melhoria dessas condições (MAURO, 1998a, p.480).

Segundo dados históricos, a enfermagem está nos cuidados aos trabalhadores desde a década de 1940, mes-mo ainda não tendo a especialização. Bulhões (1998), rememora que, em 1969, a OIT, juntamente com o con-gresso mundial de saúde e segurança do trabalho, organizou um seminário sobre formação de enfermeiros do tra-balho. Nessa oportunidade, o Brasil, se fez representar por um médico, que declarou não ter nenhuma experiência em treinar enfermeiros do trabalho e, portanto o Brasil sequer dispunha de uma legislação que obrigasse as em-presas a manter serviços de saúde ocupacional.

No Brasil em 1972 iniciou o programa nacional de valorização do trabalhador (PNVT), pela portaria nº 3226/72, destacando a importância dos serviços de saúde ocupacional, onde o MTE subsidiou através da Funda-centro a formação de médicos, engenheiros e supervisores de segurança e auxiliares de enfermagem do trabalho, deixando de lado categoria “enfermeiro”. Somente em 1973, realizaram-se os primeiros cursos de auxiliares de en-fermagem do trabalho, para garantir o cumprimento legal da portaria ministerial nº 3.237/72, torna-se obrigatório nas empresas com mais de 100 empregados, os serviços de higiene e medicina do trabalho (BULHÕES, 1998).

Segundo Janini (2001), o não desenvolvimento da especialização em enfermagem do trabalho, era con-traditório, com vistas o desenvolvimento industrial e as péssimas condições de trabalho que eles possuiam, fa-zendo-se necessário a presença de um profissional no serviço de saúde ocupacional, pudesse fazer “a diferença” no cuidado ao trabalhador.

Iniciou-se movimento teve princípio vinte anos após o início do curso de especialização de medicina do trabalho, a enfermagem que atuava nas empresas, era sem qualificação específica e passou anos sendo dirigida e ad ministrada por médicos. Em 1974, houve os primeiros registros de enfermeiros do trabalho (Bulhões, 1998) no MTE, para os que atuavam há mais de 5 anos em serviços de saúde ocupacional. Neste mesmo ano, realizou-se o 1º curso de especialização para enfermeiros do trabalho na EEAN da UFRJ. Segundo Mauro (1998 b), após muita luta e dedicação, foi incluída a categoria enfermeiro do trabalho na equipe ocupacional da empresa, no ano de 1975, sob a portaria nº 3.460 de 31/12/1975. Aonde, rege a inclusão de 1 enfermeiro para empresas que tenham acima de 3.500 funcionários.

Em 1977, o MTE publicou a CBO; esse documento oficial codifica no item 0.71-40, o enfermeiro do tra-balho, entretanto, ao analisar o elenco de atribuições previstas na CBO, Schmidt (2003), observa que recai sobre o enfermeiro do trabalho grande responsabilidade quanto à prevenção, preservação, manutenção e recuperação da saúde do trabalhador.

1 Mestre em Enfermagem; Consultor Educacional; Consultor HSEQ Oil & Gas; Enfermeiro do Trabalho; (21) 8808 -4664; [email protected]

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A enfermagem do trabalho, de acordo com as normas regulamentadoras da portaria ministerial nº 3.214/78, especificamente a NR-4, compõe o SESMT e é constituída pelo enfermeiro do trabalho e pelo auxiliar de enfer-magem do trabalho. Esta norma prevê a presença de enfermeiro do trabalho em empresas que possuem número de trabalhadores acima de 3.501, a mesma portaria considera a contratação deste profissional em hospitais a partir de 500 trabalhadores. Mauro (1998), aponta a impropriedade contida neste dimensionamento, pois não atende a necessidade real.

No 1º encontro nacional de enfermagem do trabalho, realizado no Rio de Janeiro, em novembro de 1981, os especialistas da área recomendam, entre outras medidas, uma revisão da legislação vigente, visando à ampliação o-brigatória do número de cargos para enfermeiros e auxiliares de enfermagem do trabalho, por uma melhor as-sistência ao trabalhador.

Em agosto de 1986, dá-se a criação da ANENT, num esforço conjunto dos enfermeiros do trabalho de todo o país, visando o intercâmbio e união de ideais, que estavam isolados nas ações e atuações destes profissionais.

Para o enfermeiro do trabalho é de suma importância o conhecimento das características da empresa e seus aspectos físicos, sócio-econômicos e administrativos, pois é através destes que o enfermeiro obterá informações ne-cessárias para a formulação de estratégias visando a promoção, proteção e manutenção da saúde do trabalhador. Is-so é um paradigma assistencial do enfermeiro que cuida de vários aspectos relacionados à saúde do ser humano, co-mo por exemplo, a vida e o meio ambiente que nele se encontra (JANINI, 2001).

Caracterização do enfermeiro do trabalho: é portador de certificado de conclusão de curso de especialização em enfermagem do trabalho, em nível de pós-graduação, ministrado por universidade ou faculdade que mantenha curso de graduação em enfermagem; inscrito no Sistema COFEN/CORENs, através de requerimento ao COFEN, para registro de pós-graduação e sua conseqüente anotação na carteira profissional de identidade, tanto na inscri-ção principal, quanto na secundária, caso haja. (Resolução COFEN 261, 12/7/2001; registro de enfermeiro com pós-graduação). Deverão dedicar no mínimo, 3 h (tempo parcial) ou 6 h (tempo integral) por dia para as atividades dos serviços especializados em engenharia de segurança e medicina no trabalho (SESMT), de acordo com o es-tabelecido no quadro II anexo, respeitada a legislação pertinente em vigor. Ao profissional especializado em SE S MT, é vedado o exercício de outras atividades na empresa, durante o horário de sua atuação nos SESMT (BRA-SIL, 2006).

Perfil do enfermeiro do trabalho: executa atividades relacionadas com o SESMT, integrando equipes de es-tudos, para propiciar a preservação da saúde e valorização do trabalhador.

Para Carvalho (2001) suas funções básicas são: a. Função assistencial consiste em: coordenar, executar e avaliar as atividades da equipe de enfermagem em si-

tuações de urgências ou não; prescrever na ausência de um médico, os medicamentos estabelecidos nos pro-gramas e em rotina aprovado pelo (SESMT); elaborar e executar planos assistenciais relativos às ações de saúde na prevenção primária, secundária e terciária; realizar consultas de enfermagem; utilizar o processo de enfermagem para avaliar problemas de saúde do trabalhador; participar com a equipe do SESMT quanto a controle e prevenção de acidentes; identificar trabalhadores de alto risco; aplicar controle epidemiológico; vi-sitar regularmente os locais de trabalho; organizar o programa de imunização; supervisionar cuidados do au-xiliar de enfermagem; selecionar e padronizar procedimentos a serem utilizados pela equipe de enfermagem; coordenar e controlar os exames ocupacionais de emergência e exames técnicos como os admissionais, perió dicos e demissionais; elaborar e executar programas de saúde preventivos como prevenção de DST, plane-jamento familiar, riscos no ambiente de trabalho, uso de equipamentos de proteção individual, imunização, conservação auditiva, readaptação profissional, manipulação de alimentos, ergonomia, proteção respiratória, qualidade de vida entre outros.

b. Função administrativa, compete ao mesmo: prever, organizar, dirigir e controlar; participar na construção ou reforma dos serviços de saúde ocupacional; participar do planejamento, execução e avaliação dos programas de saúde; elaborar fluxogramas de atendimento; dirigir os serviços de enfermagem do trabalho; elaborar nor-mas, dimensionar recursos humanos no recrutamento de pessoal de enfermagem; organizar educação conti-nuada e capacitação; realizar reuniões periódicas de padrão técnico-científico; prever, requisitar, controlar e guardar materiais, equipa-mentos e medicamentos; realizar auditoria e consultoria com emissão de parecer sobre assuntos de enfermagem do trabalho (HAAG, 1997).

c. Função educativa e de integração: estão relacionadas com a educação, visando a educação continuada da e-quipe de enfermagem, a prevenção de acidentes de trabalho, EPI e EPC e a recuperação das doenças o-cupacionais; a participação da

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enfermagem visa: conhecer e utilizar os recursos da comunidade, planejar e e-xecutar a avaliação de programas de saúde; organizar e manter um sistema de educação continuada e de edu-cação para os trabalhadores; treinar os trabalhadores em 1º-SOS; participar de atividades relativas à toxicolo-gia educativa; planejar e supervisionar períodos de estágios; participar da elaboração de programas de saúde na comunidade; desenvolver trabalho preventivo e educativo nas atividades da CIPA.

d. Função de integração está relacionada com a participação junto a órgão da empresa ou organização da comu-nidade, a fim de participar conjuntamente em torno de causas de interesse de todos. Atuando como elemento de ligação entre empregados e setor do SESMT e administrativo da empresa, ter bom relacionamento com as unidades de saúde publica onde se localiza a empresa (HAAG, 1997). Segundo Carvalho (2001), a função de pesquisa está relacionada com os fatos e

fenômenos referentes à saúde do trabalhador, dentre eles: participar de estudos sobre riscos de doenças ocupacionais visando à ↓ de mor-bidade e mortalidade; apresentar resultados de pesquisa realizada os trabalhadores; apresentar métodos apropriados para a solução de problemas de enfermagem; participar de estudos epidemiológicos.

Portaria GABIN MS n.° 554, de 19/3/2002; dispõe sobre a elaboração de projetos físicos de estabelecimento assistencial de saúde (EAS): terão que ser elaborados em conformidade às disposições desta norma. Devem ainda atender a todas as prescrições estabelecidas em códigos, leis ou normas pertinentes ao assunto e vigentes no local da execução da edificação, quer da esfera municipal, estadual ou federal. Embora exista uma hierarquia entre as 3 esferas consideradas, o autor do projeto deverá considerar, para casos específicos, a prescrição mais exigente, que e ventualmente pode não ser a do órgão de hierarquia superior.

Atribuições de estabelecimentos assistenciais de saúde: realização de ações básicas de saúde, incluindo ativi-dades de promoção, prevenção e vigilância à saúde da comunidade; prestação de atendimento eletivo de assistência à saúde em regime ambulatorial; prestação de atendimento imediato de assistência a saúde; prestação de atendi-mento de assistência a saúde em regime de internação; prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia; prestação de serviços de apoio técnico; formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa; prestação de serviços de apoio a gestão e execução administrativa; prestação de serviços de apoio logístico. As 5 primeiras são atribuições fim, isto é, constituem funções diretamente ligadas a atenção e assistência à saúde. As 4 últimas são atribuições meio para o desenvolvimento das primeiras e de si próprias.

Pontos básicos considerados quanto à localização dos ambulatórios: facilidade de acesso por parte da maioria dos empregados, facilidade de remoção para hospitais ou serviços especializados fora da empresa, proximidade dos serviços com os quais a saúde ocupacional se comunica, possibilitar que outros serviços atendam os trabalhadores, garantir a tranqüilidade e espaço reservado para seus funcionários.

Composição das áreas do serviço: recepção; área de avaliação da saúde do trabalhador: salas de consulta, e-xames (biometria, provas funcionais, exame físico, exames complementares; laboratório, radiologia, audiometria, oftalmológico, ECG, ECC, controle de radiação e psicotécnico); áreas de promoção da saúde: biblioteca, filmote-ca, área de lazer, centro cultural; áreas de recuperação da saúde: salas de repouso para homens e mulheres, fisiote-rapia, curativos, hipodermia, salas de banho, sala de pequenas cirurgias, 1º- SOS, central de material esterilizado, farmácia, almoxarifado, estacionamento coberto para ambulância devidamente equipada; áreas de documentação: arquivo, reprodução de documentos; serviços administrativos e de apoio: escritórios, copa e vestiários.

2. Promoção da saúde e prevenção de doenças com enfoque nos fatores de risco relacionados à saúde do tra-balhador

A enfermagem do trabalho, caracteriza-se por um conjunto de ações educativas e assistenciais, que visam in-terferir no processo trabalho-saúde-adoecimento no sentido de valorizar o ser humano (HAAG, 1997), atuando nos níveis de prevenção, sendo eles:

A prevenção primária compreende a promoção da saúde e promoção do ajustamento do trabalhador ao traba-lho, através da consulta e atendimento de enfermagem e procedimentos complementares com outros profissionais na realização dos exames. Ensino e orientação em relação á alimentação, hidratação, repouso, exercício, postura, funcionamento de órgãos, vida afetiva familiar e sexual, asseio na qualidade de vida.

A prevenção secundária abrange diagnóstico precoce, pronto atendimento e limitação do dano, através da a-dequação das condições sanitárias do ambiente de trabalho, assistência às doenças e agravos produzidos pelas con-dições prejudiciais do trabalho e outras.

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Já a prevenção terciária envolve a reabilitação por meio da assistência aos portadores de seqüelas obtidas pelas condições de trabalho, reabilitando e reintegrando o trabalhador (CARVALHO, 2001).

Para Bulhões (1998), ao nível dos serviços de saúde, na esfera da fiscalização das condições ambientais de trabalho, aparececem os programas de saúde do trabalhador, implantados na rede pública de serviços, na década de 80, com a proposta de incentivar o dinamismo das ações para a saúde do trabalhador na política previdenciária, defendendo a proteção integral de seus usuários como dever público, visando a garantia dos direitos sociais e da ci-dadania da população a partir da relação processo de trabalho/saúde/incapacidade.

Os programas devem orientar a organização dos serviços e não se limitar em abordar o cliente, conforme o pensamento da sociedade. Entretanto, o que vem caracterizar a diferenciação de prevenção de doença e a promoção da saúde, modernamente, é a constatação do papel protagonista dos determinantes gerais sobre as condições de saú-de, em torno da qual se reúnem os conceitos de BUSS (2000).

A promoção da saúde se sustenta no entendimento que a saúde é o produto do amplo espectro de fatores rela-cionados com a qualidade de vida, incluindo um padrão adequado de alimentação, habitação e saneamento; boas condições de trabalho; oportunidades de educação ao longo de toda a vida; ambiente físico limpo; apoio social para famílias e indivíduos; estilo de vida responsável; e um espectro adequado de cuidados de saúde. Enquanto que, na concepção do modelo de Leavell & Clark como uma fase mais elaborada do processo saúde-doença, em que o e-quilíbrio da saúde é dependente da interação entre o meio ambiente (físico, social, econômico e biológico), diferen-tes agentes (biológicos, nutrientes, químicos e mecânicos) e o hospedeiro humano é considerado pelas característi-cas etárias, sexuais, raciais, hábitos, costumes, mecanismos de defesa, fatores genéticos e personalidade. Nesse processo, estariam incluídas medidas voltadas para a prevenção primária (promoção da saúde e proteção específi-ca), secundária (diagnóstico precoce e pronto atendimento) e terciária (instalação da incapacidade e medidas de rea-bilitação).

Para atingir uma condição saudável, os indivíduos e grupos devem identificar aspirações, satisfazer necessida des e modificar favoravelmente o meio ambiente, assumindo o papel de protagonistas no controle dos fatores deter minantes de sua saúde. Na prevenção de enfermidades e acidentes considera-se o modo de olhar e estruturar inter-venções que procuram antecipar-se a esses eventos, atuando sobre um grupo deles, de modo a proteger indivíduos ou grupos com risco de adoecer ou de se acidentarem (MENDES & DIAS, 2003).

3. Atividades de enfermagem aplicadas nos três níveis de atenção á saúde do trabalhador e grupos especiais

A estratégia do desenvolvimento de recursos humanos através de treinamento e educação permanente, se-gundo Marcondes (1998), é atualmente reconhecida como essencial para a eficiência de qualquer empresa ou ser-viço.

A educação permanente em saúde do trabalhador é direcionada para a promoção, manutenção e restauração da saúde; prevenção da doença; e assistência às pessoas para lidar com os efeitos residuais da doença. O trei-namento é uma das atividades da função educacional do enfermeiro. Segundo Nuñes (2000), a educação em serviço representa para enfermagem, um dos esteios que assegura a boa qualidade da assistência. Através de um processo educativo atualizado e coerente com as necessidades específicas de cada área, mantém-se o pessoal valorizado e ca-paz de apresentar um bom desempenho profissional.

Segundo Burlamaque (1991), uma atenção cuidadosa na qualificação do trabalhador contribui para a melho-ria da assistência de enfermagem, trazendo vantagens não só para o cliente como também para a instituição, quando propicia a plena realização de suas capacidades, levando o funcionário a trabalhar com satisfação.

Educação permanente: constitui-se no processo de permanente aquisição de informações pelo trabalhador, de todo e qualquer conhecimento, por meio de escolarização formal ou não formal, de vivências, de experiências la-borais e emocionais, no âmbito institucional ou fora dele. Compreende a formação profissional, a qualificação, a re-qualificação, a especialização, o aperfeiçoamento e a atualização. Tem o objetivo de melhorar e ampliar a capacida-de laboral do trabalhador, em função de suas necessidades individuais, da equipe de trabalho e da instituição em que trabalha.

As prioridades propostas para a atuação no processo de educação permanente em saúde, a partir dos princí-pios e diretrizes do SUS e sua implementação, são as equipes que atuam na atenção básica, num trabalho de qua-lificação que envolverá a articulação e o diálogo entre atores e saberes da clínica, da saúde coletiva e da gestão em saúde; as equipes de urgência e emergência; as equipes de atenção e internação domiciliar; as equipes de reabi-litação psicossocial; o pessoal necessário para prestar atenção humanizada ao parto e ao pré-natal; os hospitais u-niversitários e de ensino em ações que objetivam sua integração à rede do SUS na cadeia de cuidados progressivos à saúde, a revisão de seu papel nos ensino, e seu apoio docente e tecnológico ao desenvolvimento do sistema. Se-gundo o documento MS (BRASIL, 2003):

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A educação permanente em saúde deve ser tomada como um recurso estratégico para a gestão do trabalho e da educação na saúde, portanto a negociação entre serviços de saúde e instituições for-madoras não deve levar simplesmente os gestores a organizar um menu de cursos ou pacotes pro-gramáticos pontuais, mas sempre o ordenamento da formação e desenvolvimento permanente dos trabalhadores da saúde. Por isso, a “roda” em cada território regional sempre debaterá e buscará im plementar a melhor e mais adequada ação, definindo conteúdo, forma, metodologias e responsá-veis para maior impacto de suas ações (p.14)

Silva (1990) considera que, em se tratando de profissionais ou de pessoal em serviço, não deve ser esquecido a heterogeneidade do grupo quanto à bagagem de conhecimentos, experiências, idade, interesses e motivações.

Fases de elaboração de um programa:a. O levantamento das necessidades consiste em identificar as necessidades sentida pela comunidade; i-

dentificar a clientela que necessita do programa educativo quanto ao grau de instrução, faixa etária, condi-ções sócio-econômicas; verificar o tipo de programa necessário; levantar as prioridades, onde e quando serão devolvidos esses programas; utilização de dados epidemiológicos; observação da situação ambiental da co-munidade.

b. Elaboração de programa após a identificação das necessidades: definição dos objetivos, em que estabelece o comportamento desejado; escolha do conteúdo programático a partir da definição dos objetivos ou seja, o que ensinar; escolha das estratégias de ensino para se definir como ensinar, qual o método áudio-visual, qual a metodologia, definir o período, horário e local.

c. Execução do programa é a concretização deste com correção, se possível, concomitante dos erros.d. Avaliação do programa: o conteúdo; as estratégias de ensino; os objetivos; os recursos. É um processo de

retroalimentação, deve ser feita pela população através da verificação da mudança de comportamento e melhoria das condições de saúde; da equipe de saúde quanto às estratégias, prioridades e aspectos pedagógi-cos.

e. Recursos necessários: humanos, materiais, financeiros, físicos e o local para a reunião de grupo de trabalho.Funções da educação permanente dos profissionais de saúde: possibilitar o acesso do indivíduo aos serviços

básicos de saúde; promover a interação entre o ambulatório e a população, informá-la sobre a existência de outros recursos; conhecer as condições de saúde da comunidade, a prevalência de doenças, as práticas populares, o conhe-cimento popular da doença; fornecer espaço para que a comunidade se organize no desenvolvimento de ações de promoção de saúde; discutir as ações de saúde consideradas básicas e oferecidas pelo ambulatório – vacinação, controle de doenças; capacitar as pessoas interessadas da comunidade para atuarem como agentes de saúde; di-vulgar no sistema de saúde, as reivindicações da população, as ações e resultados das ações na empresa; participar de trocas de experiência entre os demais setores.

A intervenção de enfermagem do trabalho no modelo capitalista de produção, no conjunto das ações admi-nistrativas, educativas, pesquisa e assistenciais, visam prevenir e controlar as doenças profissionais (Pereira, 2001) e as doenças do trabalho (ICOH, 2002), tem com objeto de trabalho, utilizar instrumentos como a observação, a-presenta um cunho assistencial da enfermagem do trabalho, como às ações reservadas à administração de recursos, estão englobadas no princípio econômico e financeiro disponíveis da instituição e as ações planejadas da forma in-dividual ou da forma coletiva antevendo os riscos inseridos na carga de trabalho e no desgaste dos trabalhadores, são norteadas pelo sentido social e a educação permanente, sistematizando as informações, visando à saúde e a se-gurança do funcionário; demandando aos profissionais e apoiado nas relações humanas, responsabilidade, perícia técnica e ética (BULHÕES, 1998).

Principais programas de saúde do trabalhador, segundo o modelo de Leavel & Clark (1976):PERÍODO DE APLICAÇÃO

OBJETIVO PROMOÇÃO DA SAÚDE NO TRABALHO

PROMOÇÃO DE SAÚDE DO TRABALHADOR

Promoção da cidadaniaEducação básicaEducação para a saúde individual e da família

Ambientes físicos saudáveis Lazer, exercício físicoPré-patogênico Promoção da Saúde Condições de trabalhos saudáveis Estilo de vida

Promoção dos trabalhadores Ambientes físicos saudáveisCondições de trabalhos saudáveisPromoção dos trabalhadoresAlimentação

PPRA Educação permanente em saúdePatogênico Proteção específica PPP Vacinação

PCA Ginástica laboralErgonomia

Prevenção primária no trabalho: natureza das intervenções de saúde, segundo a categoria de vinculo da do-ença com o trabalho.

Categoria de vinculo Intervenções de saúde

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I – Trabalho como causa necessária Redução ou eliminação das condições de risco criadas pelo traba-lho.

II – Trabalho como fator de risco contributivo ou adicional, mas não neces-sário.

Redução ou eliminação das condições de risco criadas pelo traba-lho;

Redução ou controle dos fatores de riscos relacionados com a bio-logia;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o estilo de vida;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o aces-so e qualidade de serviços de saúde;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o meio ambiente de natureza não ocupacional.

III – Trabalho como provocador ou desencadeador de distúrbio latente ou a-gravador de doença já estabelecido.

Redução ou eliminação das condições de risco criadas pelo traba-lho;

Redução ou controle dos fatores de riscos relacionados com a bio-logia;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o estilo de vida;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o aces-so e qualidade de serviços de saúde;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o meio ambiente de natureza não ocupacional.

Responsabilidade do empregador, segundo a natureza das intervenções de saúde.Natureza das intervenções de saúde Responsabilidade do empregador

Redução ou eliminação das condições de risco criadas pelo trab-alho

Responsabilidade ética; Responsabilidade legal.

Redução ou controle dos fatores de riscos relacionados com a bio-logia;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o esti-lo de vida;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o aces-so e qualidade de serviços de saúde;

Redução ou controle dos fatores de risco relacionados com o meio ambiente de natureza não ocupacional.

Responsabilidade social compartilhada.

4. Consulta de enfermagem do trabalho

A biometria é a ciência das mensurações biológicas e costuma ser definida como a ciência que procura traduzir numericamente os fenômenos biológicos, estabelecendo relações entre os dados assim obtidos, com vistas à determinação das leis que o regem.

Através da biometria é possível conhecer o manuseio e os equipamentos de avaliação de saúde do trabalha-dor, conhecer as finalidades dos equipamentos, aplicar a biometria nos serviços de saúde do trabalhador, conhecer e identificar pronto atendimento, conceituar pronto atendimento, conhecer a filosofia e a política do pronto atendi-mento na empresa, distinguir os princípios básicos do primeiro atendimento e situações de emergência, saber es-truturar o serviço de saúde do trabalhador para a biometria e para o pronto atendimento.

As medidas biométricas verificadas nos exames médicos ocupacionais, pertencem a dois diferentes grupos:a. Somático ou morfológicas aquelas que permitem o conhecimento das dimensões e proporções do corpo como, por exemplo: peso, estatura, envergadura, espessura das dobras cutâneas. Para a verificação das medidas biométri-cas somáticas não se exige a participação ativa do examinando. b. Funcionais ou fisiológicas aquelas que permitem verificar o valor das funções orgânicas, sendo por isso mesmo chamadas de provas funcionais. São provas funcionais: a dinamometria, a capacidade vital/prova da função respira-tória, a prova de resistência de pesos e acuidade visual. Para a sua verificação, exige-se participação ativa do exa-minando.

A verificação das medidas biométricas, em saúde ocupacional, é dá responsabilidade da enfermagem do tra-balho e dos técnicos de enfermagem do trabalho devem ser treinados para realizá-las corretamente.

5. Avaliação da saúde do trabalhador: utilização de equipamentos no atendimento a saúde do trabalhador

Avaliações funcionaisa. Como assinala Mendes (2006), a anamnese ocupacional, seguida ou não de visita ao local de trabalho, cons-

titui instrumento imprescindível para a detecção dos agravos à saúde relacionados com o trabalho. Ambos, a namnese e a visita, devem juntar-se a todos os outros recursos semiológicos e de propedêutica para comple-mentar os que forem indicados em função da natureza do problema. Por outro lado, o autor (2006) diz ainda que o necessário enfoque coletivo vai exigir uma abordagem epidemiológica que permitirá, além do conheci-mento da ocorrência e distribuição de determinado agravo à saúde, a aquisição de novos conhecimentos so-bre os fatores causais. O autor destaca, ainda, que a experiência brasileira tem demonstrado que para a aten-

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ção à saúde dos trabalhadores é indispensável uma abordagem integrada, considerando sempre as ações tipi-camente preventivas, as de promoção e proteção à saúde, e as de recuperação e reabilitação.

b. Exame físico: são empregados a inspeção (observação) verificando a estatura, postura, movimentos corpo-rais, nutrição, padrão de fala, temperatura corporal, palpação são avaliadas pelo tato, percussão verificando os sons timpânico, hiper-ressonância, ressonância, macicez, sub-macicez, ausculta para verificar a intensida-de, freqüência e qualidade dos sons (BRUNNER; SUDDARTH, 1998).

c. Exame otorrinolaringológico (audiometria): observar presença de mal formações em cabeça e pescoço, pre-sença de secreções em orofaringe provenientes de rinofaringe, secreções em fossas nasais, presença de mal-formações com freqüência associadas com insuficiência tubária, como fissura palatina e úvula bífida. Reali-zação da otoscopia, observar presença de cerúmen, secreções e malformações, presença de perfuração, em membrana timpânica, timpano-esclerose, presença de líquido e bolhas em caixa do timpano.

Teste de Weber: o diapasão é colocado na linha média da fronte ou nos dentes, e o som deve ser escutado no centro da cabeça nos indivíduos normais e naqueles com perda neurosensorial ou condutiva simétrica. Nos casos de perda condutiva, o Weber é deslocado para o lado de maior gap; nos casos de perda neurosensorial, o Weber é deslocado para o melhor lado. Podemos ainda realizar o teste de Weber áudio-métrico, colocando-se o vibrador na linha média da fronte e fornecendo tons puros a 15 dB acima do limiar ósseo nas fre-qüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Este teste é realizado para confirmar o gap em cada freqüência.

Teste de Rinne: compara as vias aérea e óssea e, portanto diferencia perda condutiva de perda neurosenso-rial. O diapasão é colocado sobre a mastóide; quando o som não puder mais ser escutado por via óssea. Nos indivíduos normais, e nos indivíduos com perda neurosensorial, o som é escutado por via aérea por tempo mais prolongado que pela via óssea e o Rinne é positivo. Se o som não for ouvido por via aérea, o Rinne é negativo, o que ocorre nas perdas condutivas. 

Teste de Schwabach: também compara as vias aérea e óssea e, portanto também diferencia perda condutiva de perda neurosensorial. O diapasão é colocado alternadamente na mastóide do paciente e do examinador. Uma perda neurosensorial é sugerida quando o examinador ouve por tempo mais prolongado que o paciente, e uma perda condutiva é sugerida quando ocorre o oposto. Se o examinador e o paciente escutam o som pelo mesmo tempo, admite-se que o paciente tem audição normal.

A impedanciometria ou timpanometria é usada para diferenciar as patologias condutivas entre si e também permite inferir sobre o funcionamento da tuba auditiva. O impedanciômetro deve estar perfeitamente adap-tado ao ouvido do paciente; consiste de 3 tubos: microfone que mede o som refletido, plug que envia um som de 226Hz a 90dB NS, manômetro que altera a pressão (mmH2O) dentro do ouvido. Em um ouvido normal, à medida em que se aumenta a pressão, estaremos empurrando o sistema timpano-ossicular contra a janela o-val, aumentando portanto a impedância do sistema. Da mesma forma, à medida em que diminuímos a pres-são, também diminuímos a complacência do sistema por estarmos tracionando o conjunto timpano-ossicular. A complacência máxima deve ser atingida com uma pressão de Ø imposta ao sistema, já que no ouvido nor-mal a pressão dentro do ouvido médio deve se equiparar à pressão atmosférica. Quando a complacência do ouvido médio está diminuída, o som oferecido ao ouvido vai ser pouco transmitido ao ouvido interno e, por-tanto estaremos recebendo de volta no microfone boa parte do som oferecido pelo receptor.

Ouvido direito (cor vermelha) Ouvido esquerdo (cor azul)Respostas presentesVia de condução aérea Via de condução óssea

O<

X>

Respostas presentesVia de condução aérea Via de condução óssea

O<

X>

Lista de doenças do ouvido médio relacionadas ao trabalho de acordo com a portaria/MS nº. 1.339/1999: otite média não-supurativa (barotrauma do ouvido médio) (H65.9), perfuração da membrana do tímpano (H72 ou S09.2), outras vertigens periféricas (H81.3), labirintite (H83.0), perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico (H83.3), hipoacusia ototóxica (H91.0), otalgia e secreção auditiva (H92), outras per-cepções auditivas anormais: alteração temporária do limiar auditivo, comprometimento da discriminação au-ditiva e hiperacusia (H93. 2), otite barotraumática (T70.0), sinusite barotraumática (T 70.1), síndrome devida ao deslocamento de ar de uma explosão (T70.8)

d. Exame neurológico é um processo sofisticado e sútil, compreendendo um grande número de testes de fun-ções altamente específicos. É dividida em 5 componentes – cerebral, nervos cranianos, sistema sensorial e re flexos. Pode-se se avaliar a linguagem, o estado mental, marcha, equilíbrio, força motora e coordenação (BRUNNER; SUDDARTH, 1998).

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e. Dinamometria (lombar, escapular e lombar) é a prova funcional que visa medir a força de preensão das mãos, a força de pressão e tração horizontal dos braços, e a força de tração vertical ou força lombar com vis-tas à avaliação do grau de normalidade de aptidão física para os trabalhos nos quais se verifica a exigência de força muscular. É uma das provas utilizadas para testar a função motora no que respeita à força muscular, de grande importância no trabalho, prova de resistência de pesos. Esta indicada, nos exames ocupacionais, para aqueles cujos cargos exijam essa capacidade e, conseqüentemente, sua avaliação. A prova é feita com o auxilio de 2 pesos de 5 kg para os homens e 2 de 3 kg para as mulheres.

f. Espirometria: testa a integridade mecânica do aparelho respiratório, podendo ser avaliado a força dos múscu-los respiratórios, a resistência de torácica e a contração e expansão dos pulmões, medida em mm. Permite não só avaliação e o segmento dos efeitos provocados pôr riscos a que estão sujeitos os trabalhadores expos-tos a poeiras e outros poluentes, como também nos revela, é ainda extremamente útil no controle daqueles in-divíduos portadores de afecções pulmonares crônicas. O estudo da ventilação pulmonar pode ser realizado de terminado os volumes estáticos (volume de ar ventilado pêlos pulmões sem contar o tempo) e os volumes di-nâmicos (volume de ar ventilado pôr unidade de tempo). A determinação destes volumes pode ser realizada por meio de aparelhos denominados espirômetros (BRASIL, 2006). Lista de doenças da respiração relacionadas ao trabalho de acordo com a portaria/MS nº. 1.339/1999: faringi-te aguda, não especificada (“angina aguda”, ”dor de garganta”) (J02.9), laringotraqueíte aguda (J04.2), outras rinites alérgicas (J30.3), rinite crônica (J31.0), faringite crônica (J31.2), sinusite crônica (J32), ulceração ou necrose do septo nasal (J34.0), perfuração do septo nasal (J34.8), laringotraqueíte crônica (J37.1), outras do-enças pulmonares obstrutivas crônicas (“asma obstrutiva”, “bronquite crônica”, “bronquite asmática”, “bron-quite obstrutiva crônica”) (J44), asma (J45), pneumoconiose dos trabalhadores do carvão (J60), pneumo-coniose devido ao asbesto (asbestose) e a outras fibras minerais (J61), pneumoconiose devido à poeira de sí-lica (silicose) (J62.8), beriliose (J63.2), side-rose (J63.4), estanhose (J 63.5), edema pulmonar agudo devido a produtos químicos, gases, fumaças e vapores (e-dema pulmonar químico) (J68.1), síndrome de disfunção reativa das vias aéreas (SDVA/RADS) (J68.3), afecções respiratórias crônicas devido à inalação de gases, fumos, vapores e substâncias químicas: bronquiolite obliterante crônica, enfisema crônico difuso, fibrose pul monar crônica (J68.4), pneumonite por radiação (manifestação aguda) (J70.0), fibrose pulmonar conseqüente a radiação (manifestação crônica) (J70.1), derrame pleural (J90), placas pleurais (J92), enfisema intersticial (J98.2), transtornos respiratórios em outras doenças sistêmicas do tecido conjuntivo classificadas em outra parte (M05.3): “síndrome de Caplan” (J99. 1).

g. Visão ocupacional: avalia a capacidade funcional do olho, justamente aquelas mais freqüentemente re-lacionadas como necessárias ao desempenho da grande maioria das tarefas laborais.

h. Tonometria é uma técnica para mensuração da pressão intra-ocular (PIO). A tonometria de Schiotz requer a u tilização de um instrumento metálico e manual, que repousa sobre a córnea anestesiada indicados para diag-nosticar a hipertensão ocular e o glaucoma (BRUNNER; SUDDARTH, 1998).Equipamentos e instrumentos utilizados para a da capacidade visual:

Cartão de Jaeger (acuidade para perto) considera a acuidade visual normal, nos valores obtidos entre 0,37 e 0,50 a partir de 0,62 a 1,25, o candidato necessitará de um exame oftalmológico mais rigoroso. A cegueira pa ra cores, pode ser pesquisada através de dispositivos de diferentes cores (esferas coloridas, fios coloridos, pe-quenas placas coloridas).

A acuidade visual é testada com um gráfico ocular (quadro de Snellen) preconizada pela american optical as-sociation, colocado a 6 m do trabalhador nas faixas de 20/20 e 20/25, partir dos valores 20/30 a 20/ 200, per-mite estabelecer a normalidade visual para longe (BRUNNER; SUDDARTH, 1998).

Teste visual por projeção (ortho-rater - faz avaliação para perto e longe), vai avaliar discriminação de cores, percepção de profundidade, campo visual e desvio de eixos visuais (foria lateral e vertical), a acuidade visual poderá ser determinada utilizando-se as escalas optométricas na acuidade visual para longe e o cartão de Jae-ger para perto; é de simples realização e conclusão e que orientará o médico quanto à necessidade de encami-nhar o candidato a um exame oftalmológico mais apurado.

j. Exames de imagem: Raio X: Rx de cavum, incidências para seios da face, incidências para mastóide (Schuller) e CAI (Stenvers) Planigrafia: ossos temporais. Tomografia computadorizada (TC): é um método diagnóstico que fornece imagens em cortes de sessão para

permitir que órgãos e estruturas sejam observados mais diretamente (BRUNNER; SUDDARTH, 1998).

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