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ENERGIA METABOLIZÁVEL DE ALIMENTOS E QUALIDADE DE OVOS E CARNE DE CODORNAS JAPONESAS ALIMENTADAS COM RAÇÕES CONTENDO COLORÍFICO DO URUCUM E NIACINA SUPLEMENTAR NEWTON TAVARES ESCOCARD DE OLIVEIRA Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal Orientador: Prof. José Brandão Fonseca CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ AGOSTO – 2004

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ENERGIA METABOLIZÁVEL DE ALIMENTOS E QUALIDADE DE OVOS E CARNE DE CODORNAS JAPONESAS ALIMENTADAS COM

RAÇÕES CONTENDO COLORÍFICO DO URUCUM E NIACINA SUPLEMENTAR

NEWTON TAVARES ESCOCARD DE OLIVEIRA

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal

Orientador: Prof. José Brandão Fonseca

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ AGOSTO – 2004

ENERGIA METABOLIZÁVEL DE ALIMENTOS E QUALIDADE DE OVOS E CARNE DE CODORNAS JAPONESAS ALIMENTADAS COM

RAÇÕES CONTENDO COLORÍFICO DO URUCUM E NIACINA SUPLEMENTAR

NEWTON TAVARES ESCOCARD DE OLIVEIRA

Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal

Aprovada em 19 de agosto de 2004

Comissão Examinadora:

___________________________________________________________________ Prof. Rita da Trindade Nobre Soares (Doutor, Nutrição de Monogástricos) - UENF

___________________________________________________________________ Prof. Karla Silva Ferreira (Doutor, Tecnologia de Alimentos) - UENF

___________________________________________________________________ Prof. Augusto Vidal da Costa Gomes (Doutor, Nutrição Animal) - UFRRJ

___________________________________________________________________ Prof. José Brandão Fonseca (PhD, Nutrição de Monogástricos) - UENF

(Orientador)

ii

“Ao meu pai, Antônio, e à minha querida irmã, Marta, ambos ao lado do

Criador, dedico esta vitória. Deus os abençoe”.

iii

AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus e a meus amigos espirituais, pela presença fiel e constante em

todos os momentos da minha existência.

`A minha esposa, Cláudia, pela afinidade espiritual, dedicação, carinho,

paciência, companheirismo, entre muitas outras qualidades.

Aos meus filhos, Natália e Vítor, por serem os grandes amores da minha

vida.

À minha mãe, Rosita, pelo referencial e bem-querer.

Ao meu pai, Antônio, e minha irmã, Marta, falecidos recentemente, pela

certeza de que estivemos, estamos e estaremos sempre juntos.

Ao meu querido sobrinho, Wágner, pela sua luz interior.

Ao meu orientador, José Brandão Fonseca, pela confiança, respeito e

amizade.

`A professora Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares, pela preciosa

orientação, atenção, simplicidade e apoio.

À professora Karla Silva Ferreira, pela participação constante na minha vida

acadêmica, amizade e apoio.

iv

Aos demais amigos do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias e a

todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste

trabalho, pelo prazer da convivência nesta caminhada.

`A Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), pela concessão de

bolsa de estudo.

v

BIOGRAFIA

NEWTON TAVARES ESCOCARD DE OLIVEIRA, filho de Antônio Escocard

de Oliveira e Rosita Tavares Escocard de Oliveira, nasceu em 26 de janeiro de 1966,

na cidade de Campos dos Goytacazes – RJ.

Cursou Zootecnia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no

período de 1993 a 1997.

Em agosto de 1998, foi admitido no Curso de Pós-Graduação em Produção

Animal, Mestrado, Nutrição Animal, da Universidade Estadual do Norte Fluminense

(UENF), em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se à defesa de dissertação

para conclusão do curso em agosto de 2000.

Em agosto de 2000, ingressou no Curso de Pós-Graduação em Produção

Animal, Doutorado, Nutrição Animal, da Universidade Estadual do Norte Fluminense

(UENF), em Campos dos Goytacazes – RJ, submetendo-se à defesa de tese para

conclusão do curso em agosto de 2004.

vi

CONTEÚDO

Páginas RESUMO.................................................................................................

ABSTRACT.............................................................................................

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................

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xii

1 2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 4

2.1. Energia metabolizável.................................................................... 4

2.2. Pigmentação de gemas................................................................. 9

2.3. Triglicerídeos.................................................................................. 12

2.3.1 Digestão e absorção de lipídeos da ração................................

2.3.2 Rota de absorção dos lipídeos da ração...................................

2.3.3 Biossíntese de triglicerídeos endógenos e transporte..............

2.3.4 Deposição de triglicerídeos nos tecidos....................................

2.3.5 Ação biológica da bixina e niacina............................................

2.3.6 Niacina e o metabolismo dos lipídeos.......................................

2.3.7 Ação biológica da niacina......................................................... 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................

4. TRABALHOS.......................................................................................

DETERMINAÇÃO DA ENERGIA METABOLIZÁVEL DE ALGUNS

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ALIMENTOS TESTADOS EM CODORNAS JAPONESAS FÊMEAS

RESUMO...........................................................................................

ABSTRACT........................................................................................

INTRODUÇÃO...................................................................................

MATERIAL E MÉTODOS...................................................................

Local do experimento......................................................................

Distribuição das codornas no delineamento experimental e

tratamentos......................................................................................

Alojamento das codornas nas instalações e manejo......................

Análises químicas...........................................................................

Ração referência.............................................................................

Coleta total e preparação da excreta..............................................

Variáveis avaliadas.........................................................................

RESULTADOS e DISCUSSÃO..........................................................

CONCLUSÕES..................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................

PIGMENTAÇÃO DE GEMAS DE OVOS DE CODORNAS

JAPONESAS ALIMENTADAS COM RAÇÕES CONTENDO

COLORÍFICO

RESUMO...........................................................................................

ABSTRACT........................................................................................

INTRODUÇÃO...................................................................................

MATERIAL E MÉTODOS...................................................................

Local do experimento......................................................................

Distribuição das codornas no delineamento experimental e

tratamentos......................................................................................

Alojamento das codornas nas instalações e manejo......................

Rações experimentais.....................................................................

Variáveis avaliadas.........................................................................

Coleta de dados..............................................................................

Procedimentos estatísticos.............................................................

RESULTADOS e DISCUSSÃO..........................................................

Coloração de gema (CG)................................................................

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Consumo de ração (CR).................................................................

Peso médio dos ovos (PMO)..........................................................

Percentagem de postura (PP), Conversão alimentar por dúzia de

ovos (CAD) e Conversão alimentar por grama de ovos (CAG).......

CONCLUSÕES..................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................

COLORÍFICO E NIACINA SUPLEMENTAR EM RAÇÕES DE

CODORNAS JAPONESAS MACHOS: TRIGLICERÍDEOS

SANGÜÍNEOS E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE E

CARCAÇA.............................................................................................

RESUMO...........................................................................................

ABSTRACT........................................................................................

INTRODUÇÃO...................................................................................

MATERIAL E MÉTODOS...................................................................

Local do experimento......................................................................

Distribuição das codornas no delineamento experimental e

tratamentos......................................................................................

Alojamento das codornas nas instalações e manejo......................

Análises químicas dos ingredientes................................................

Rações experimentais.....................................................................

Variáveis avaliadas.........................................................................

Coleta de dados..............................................................................

Procedimentos estatísticos.............................................................

RESULTADOS e DISCUSSÃO..........................................................

Consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão

alimentar (CA) e peso (P)................................................................

Triglicerídeos (TS) e lipoproteínas de densidade muito baixa

(VLDL) no sangue............................................................................

Matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) na

carne de peito..................................................................................

Matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) na

carne de coxa e sobrecoxa..............................................................

Matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) na

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carcaça............................................................................................

CONCLUSÕES..................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 5. CONCLUSÕES GERAIS.....................................................................

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87 APÊNDICES............................................................................................ 88

APÊNDICE A........................................................................................... 89 APÊNDICE B...........................................................................................

APÊNDICE C...........................................................................................

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x

RESUMO

OLIVEIRA, Newton Tavares Escocard de, D.S., Universidade Estadual do Norte Fluminense; Agosto/2004; Energia metabolizável de alimentos e qualidade de ovos e carne de codornas japonesas alimentadas com rações contendo colorífico do urucum e niacina suplementar; Professor orientador: José Brandão Fonseca; Professor conselheiro: Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares.

Esta pesquisa objetivou determinar a energia metabolizável aparente e a

energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio de sete

alimentos para codornas japonesas (Coturnix japonica); avaliar a pigmentação de

gemas de ovos de codornas japonesas por meio da inclusão de diferentes níveis de

colorífico nas rações e mensurar o teor de triglicerídeos e lipoproteínas de densidade

muito baixa no sangue, e os níveis de gordura na carne de peito e coxa + sobrecoxa

e na carcaça de codornas japonesas por meio da inclusão de colorífico e niacina

suplementar nas rações. No experimento sobre digestibilidade de alimentos,

utilizaram-se 280 codornas fêmeas com idade inicial de vinte e seis dias, em

delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco repetições e sete

codornas por unidade experimental. Os tratamentos consistiram de sete rações

experimentais e uma ração referência. Cada ração experimental foi constituída, na

xi

base da matéria natural, por 70 % da ração referência e 30 % do alimento, à

exceção da ração contendo óleo de soja degomado, que foi testado com 10 % de

inclusão e 90 % da ração referência. Os respectivos valores de energia

metabolizável aparente e energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de

nitrogênio (kcal por kg de matéria natural) do milho moído, colorífico, quirera de

arroz, óleo de soja degomado, farelo de soja, semente de linhaça e casca + polpa de

abacaxi foram iguais a 3.124 e 3.122; 3.152 e 3.102; 2.980 e 2.947; 8.065 e 7.940;

2.633 e 2.651; 2.477 e 2.492 e 1.323 e 1.274. No experimento sobre pigmentação

de gemas, foram utilizadas 240 codornas fêmeas, em delineamento experimental de

blocos inteiramente casualizados, com oito tratamentos, cinco repetições e seis

codornas por unidade experimental. Os tratamentos foram constituídos por oito

rações experimentais oriundas da combinação de quatro níveis de colorífico na

ração (0, 1,5, 3,0 e 4,5 %) x duas fontes energéticas (milho e quirera de arroz). Nos

dias 7, 14, 21 e 28 do experimento, os resultados estimados de máxima coloração

de gemas ocorreram com o uso de 3,15; 2,91; 2,97 e 2,77 % de colorífico nas

rações, respectivamente. Codornas alimentadas com rações à base de milho

apresentaram gemas mais pigmentadas do que as gemas de ovos de codornas que

receberam rações à base de quirera de arroz. No experimento sobre mensuração da

gordura da carne, utilizaram-se 240 codornas machos, em delineamento

experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos, cinco repetições e

doze codornas por unidade experimental. Os tratamentos consistiram de uma ração

referência à base de milho e farelo de soja, sem inclusão de colorífico (COL) e de

niacina suplementar (NS), e de outras três rações, uma com 4,5 % de COL, outra

com 0,08 % de NS e outra com 4,5 % de COL e 0,08 % de NS. Não houve efeito de

tratamento nos níveis de triglicerídeos e lipoproteínas de densidade muito baixa no

sangue e nos teores de gordura na carne de coxa + sobrecoxa e carcaça das

codornas. No 49° dia de idade, as codornas que receberam rações com 0,08 % de

NS tiveram 1,50 % de gordura na carne de peito, sendo esse nível superior (P≤0,05)

a 0,85 %, apresentado por codornas alimentadas com a ração referência. O uso do

COL e da NS não reduziram os níveis de gordura no sangue, carne e carcaça de

codornas japonesas machos.

Palavras-chave: codorna japonesa, colorífico, gordura, niacina suplementar, energia

metabolizável, pigmentação de gema de ovo

xii

ABSTRACT

OLIVEIRA, Newton Tavares Escocard de, D.S., Universidade Estadual do Norte Fluminense; August/2004; Metabolizable food energy, egg and meat quality of japanese quails fed on spice and supplementary niacin in the rations; Adviser: José Brandão Fonseca; Committee Member: Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares.

This research aimed at determining the apparent metabolizable energy and

apparent metabolizable energy corrected for nitrogen balance in seven foodstuffs for

japanese quails (Coturnix japonica); evaluating the egg yolk colour grade of japanese

quails by means of addition of different levels of spice to the rations and measuring

triglyceride contents, very low-density lipoprotein levels in plasma, and fat levels in

breast, drumstick and thigh meat, as well as on carcass of japanese quails by means

of addition of spice and supplementary niacin to the rations. In the experiment of food

digestibility, two hundred and eighty female quails, twenty-six days of age were used

in a completely randomized design, with five replicates and seven quails per

experimental unit. The treatments have consisted of seven experimental rations and

one reference ration. Each experimental ration was constituted, as fed basis, for 70

% of the reference ration and 30 % of food, save the ration that contained soy oil

without phospholipid, that was tested for 10 % of addition and 90 % of the reference

xiii

ration. The respective values of apparent metabolizable energy and apparent

metabolizable energy corrected for nitrogen (kcal/kg of fed basis) to ground corn,

spice, broken rice grains, soy oil without phospholipid, soybean meal, linseed meal

and pineapple (peel and pulp) were 3.124 and 3.122; 3.152 and 3.102; 2.980 and

2.947; 8.065 and 7.940; 2.633 and 2.651; 2.477 and 2.492 and 1.323 and 1.274. In

the experiment of yolk colour, two hundred and forty female quails were used in a

completely randomized block design, with eight treatments, five replicates and six

quails per experimental unit. The treatments consisted of eight experimental rations

derived from the combination of four spice levels in the rations (0, 1,5, 3,0 e 4,5 %) x

two energetic sources (corn and broken rice grains). On the 7th, 14th, 21st and 28th

experimental days, the estimated results for maximum yolk colour occurred with the

use of 3,15; 2,91; 2,97 e 2,77 % spice rations, respectively. Quails fed on corn based

rations had higher egg yolk colour than egg yolks of quails that received broken rice

grains based rations. In the experiment of measuring fat meat, two hundred and forty

male quails were used in a completely randomized design, with four treatments, five

replicates and twelve quails per experimental unit. The treatments consisted of one

reference ration with corn and soybean meal, without spice and supplementary niacin

(SN), and three other rations, one with 4,5 % of spice, the other with 0,08 % of SN

and an other one with 4,5 % of spice and 0,08 % of SN. The treatments had no effect

upon triglycerides and very low-density lipoprotein levels in plasma and fat contents

in the drumsticks and thigh meat and carcass of male quails. On the 49th day of age,

the quails that received rations with 0,08 % of SN had 1,50 % of fat in the breast

meat, higher (P≤0,05) than 0,85 % presented by japanese quails fed on the reference

ration. The utilization of spice and SN did not reduce the fat levels in plasma, meat

and carcass of japanese male quails. Key words: egg yolk colour, fat, japanese quail, metabolizable energy, spice,

supplementary niacin

1

1. INTRODUÇÃO

O Estado do Rio de Janeiro tem apresentado, nos últimos anos, baixos

índices produtivos no setor avícola, contribuindo com pequena parcela da produção

nacional. Dados estatísticos do IBGE (1997), referentes ao ano de 1995, mostram

um efetivo de 18.896.655 aves, incluindo galinhas, galos, frangos, frangas, pintos e

codornas, e uma produção de ovos de galinha da ordem de 30.557 mil dúzias. Estes

valores representaram, aproximadamente, 2,58 % do rebanho nacional e 1,29 % do

total de ovos produzidos, ocupando posições bem inferiores aos Estados de São

Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, entre outros. Em

relação ao setor de insumos básicos, a produção de milho em grão no ano de 1996

correspondeu a 42.144 toneladas ou 0,13 % do total e a produção de soja no ano de

1996 foi inexistente (IBGE, 1997).

O re-direcionamento da produção de ovos e carne de aves para regiões com

elevado potencial para produção de grãos tem-se constituído em um dos fatores

mais importantes na redução dos custos de produção e, conseqüentemente, no

aumento da produção avícola, tornando as empresas avícolas mais competitivas. As

regiões Sul, Sudeste, Nordeste + Norte e Centro-Oeste foram responsáveis por 53,8,

28,9, 10,6 e 6,7 % da produção nacional de grãos, respectivamente, no período de

janeiro a outubro de 1999. Contudo, as dez maiores empresas avícolas

2

concentraram 50,1 % da produção avícola nacional no ano de 1999, sendo que

nenhuma delas foi implantada no Estado do Rio de Janeiro (BENÍCIO, 2000).

Em razão da visível dificuldade de competir e conquistar mercado com

Estados possuidores de empresas avícolas altamente produtivas, da carência de

políticas que estimulem uma maior produção de grãos e aumento do efetivo avícola

no Estado do Rio de Janeiro e da demanda crescente de mercados consumidores

por produtos especializados, há relevante necessidade da realização de pesquisas

nutricionais visando a obter produtos avícolas diferenciados, de maior valor

agregado, cuja composição química determine efeitos benéficos à saúde humana e

animal.

Várias pesquisas têm sido desenvolvidas visando ao melhor entendimento

dos diversos fatores que influem na qualidade dos ovos e da carne de aves e,

conseqüentemente, na saúde humana. A influência dos carotenóides, das vitaminas

e de outros nutrientes no controle de diversas doenças humanas tem sido marcante.

Isto tem incentivado pesquisadores, nutricionistas e técnicos da área animal a

trabalharem na produção de produtos avícolas funcionais. O enriquecimento dos

produtos avícolas e sua inclusão na dieta humana visam a ajustar deficiências

decorrentes do consumo inadequado de nutrientes importantes para o metabolismo,

causado principalmente pela agitação da vida moderna. Tais produtos têm sido

procurados cada vez mais, tendo em vista a maior exigência dos consumidores.

Vale destacar que, em passado recente, características como peso corporal

e conversão alimentar foram consideradas de maior importância nos programas de

melhoramento genético. Entretanto, com o mercado cada vez mais especializado e

segmentado, características como rendimento de carcaça eviscerada, rendimento de

carne de peito e de perna, teor de gordura, além das relacionadas com a qualidade

da carne, como cor, textura, entre outras, e com a saúde e bem-estar humano e

animal têm sido incorporadas nos programas (SOUZA, 2000).

Sendo assim, foram realizados três experimentos com a finalidade de

alcançar os seguintes objetivos:

1. Determinar a energia metabolizável aparente e a energia metabolizável aparente

corrigida pelo balanço de nitrogênio do milho, colorífico, quirera de arroz, óleo de

soja degomado, farelo de soja, semente de linhaça e polpa + casca de abacaxi

para codornas japonesas;

3

2. Avaliar a pigmentação de gemas de ovos de codornas por meio da inclusão de

diferentes níveis de colorífico nas rações;

3. Mensurar o teor de triglicerídeos e lipoproteínas de densidade muito baixa do

soro sangüíneo, e os níveis de triglicerídeos do peito, coxa + sobrecoxa e

carcaça de codornas japonesas por meio da inclusão de colorífico e niacina

suplementar nas rações;

O agrupamento de informações sobre digestibilidade de alimentos e do

efeito da inclusão do colorífico (fonte do carotenóide bixina, pigmento natural que

pode atuar como agente antioxidante no organismo humano) e da niacina

suplementar (vitamina hidrossolúvel que possui ação hipolipidêmica) em rações para

codornas japonesas será útil para subsidiar decisões sobre a qualidade dos ovos e

da carne de codornas.

4

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Energia metabolizável

Segundo BERTECHINI (1991), a energia contida nos alimentos é dividida

em energia bruta (EB), energia digestível, energia metabolizável e energia líquida

(Figura 1).

Figura 1. Partição biológica da energia. A EB é determinada em bomba calorimétrica através da oxidação total da

matéria orgânica na presença de alta pressão de oxigênio (25 ATMs), onde é

- Energia fecal

- Energia urinária

- Incremento calórico

MantençaMetabolismo basal

AtividadesCalor corporal

Energia produtiva paraCrescimento, Reprodução,

Gestação, Lactação

ENERGIA LÍQUIDA

ENERGIA METABOLIZÁVEL

ENERGIA DIGESTÍVEL

ENERGIA BRUTA INGERIDA

5

medida a produção de calor liberado. Para aves, a medida normalmente utilizada é a

energia metabolizável (EM), que corresponde à diferença entre a energia bruta (EB)

da ração e a soma da EB das fezes e urina. Como os dutos dos tratos digestivo e

urinário convergem para a cloaca, parte final que se abre externamente através do

ânus, a determinação da energia das fezes é realizada junto com a da excreção

urinária (BERTECHINI, 1991).

A EM é denominada aparente porque ocorre interferência de elementos que

não são oriundos do alimento ingerido, como escoriações de células da mucosa

intestinal, bílis, fluidos digestivos e produtos do catabolismo dos tecidos, e que são

computados no cálculo da energia metabolizável aparente (EMA). Quando se retira

do valor energético da excreta a energia das secreções metabólicas fecais e

endógenas urinárias, que não são provenientes do alimento ingerido, tem-se a

energia metabolizável verdadeira. Para reduzir a variação entre estes valores, tem-

se recomendado corrigir os valores de EMA pelo balanço de nitrogênio (retenção e

excreção), pois o nitrogênio participa, juntamente com outros elementos, no

atendimento das exigências de mantença, prioritárias no metabolismo animal

(SIBBALD, 1980).

A correção da EMA pela retenção de nitrogênio tem permitido maior precisão

nas formulações de rações para aves, mas especificamente em relação a estudos e

ensaios envolvendo a codorna japonesa, tem sido freqüente o uso de valores de EM

de alimentos testados com frangos de corte ou galinhas poedeiras em formulações

de rações para codornas japonesas. Isso tem comprometido o desempenho

produtivo das codornas, porque há diferenças anatômicas, histológicas e de

tamanho e comprimento do trato gastrintestinal entre essas espécies, além de haver

diversas interações entre alimento e trato gastrintestinal, causadas pelas diferenças

de composição química e estrutura física dos alimentos, interferindo na eficiência

dos processos digestivo e absortivo.

O comprometimento do desempenho produtivo de codornas japonesas pode

ser evidenciado quando essas aves consomem rações cujos valores de EM estão

discrepantes das suas exigências energéticas. Considerar, durante a formulação de

rações, a influência conjunta de fatores nutricionais, como o valor nutritivo de um

alimento, expresso pela composição química da ração e digestibilidade dos seus

nutrientes, de fatores não nutricionais, como estrutura física da ração, idade, sexo,

entre outros, e, principalmente, da interação entre dois ou mais fatores sobre a

6

quantidade de energia da ração que as codornas conseguem metabolizar pode

minimizar a diferença entre exigência de energia e energia metabolizável (EM) da

ração.

Como exemplo das peculiaridades apresentadas, podem-se citar

observações feitas no trabalho de ANGULO et al. (1993), que verificaram que

codornas japonesas, de ambos os sexos, alimentadas com rações peletizadas

contendo 3.200 kcal de EM por kg de ração foram mais eficientes no uso da energia

(maior ganho de peso, menor consumo de ração, melhor conversão alimentar) do

que codornas alimentadas com rações fareladas contendo 3.000 kcal de EM por kg

de ração, nos períodos de 1 a 14, 14 a 33 e 1 a 33 dias de idade.

Em relação ao efeito de idade, FARRELL et al. (1982) observaram que

codornas japonesas de ambos os sexos consumiram diariamente 57,0, 46,8 e 46,7

kcal de EM por kg de peso corporal (PC) entre o 12° e 15°, 19° e 22° e 26° e 29°

dias de idade, respectivamente. Estes resultados mostraram que as codornas

apresentaram eficiência alimentar constante a partir do 19° ao 22° dias, pois o

consumo de EM e o ganho de peso em gramas por kg de PC diminuíram do 12° ao

15° para o 19° ao 22° dias de idade, mas mantiveram-se sem variações desse

período em diante.

FURLAN et al. (1998a) determinaram os valores de energia metabolizável

aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) e os coeficientes de

metabolização da energia bruta (CMEB) na matéria natural, para codornas

japonesas machos, em farinha de carne e ossos, farinha de peixe, farelo de algodão,

sorgo e triticale. Os resultados para a EMAn foram de 1.346, 2.336, 1.120, 3.047 e

2.908 kcal por kg e para o CMEB foram de 39,48, 52,59, 27,05, 82,06 e 77,69 %,

respectivamente.

Em codornas japonesas machos com idade de 65 dias, os valores de

energia metabolizável aparente (EMA) e EMAn do milho e dos farelos de trigo, arroz

integral, soja e semente de colza foram iguais a 3.444 e 3.429, 2.400 e 2.400, 3.001

e 3.014, 2.565 e 2.593 e 2.020 e 1.996 kcal por kg de matéria natural,

respectivamente (FURLAN et al., 1998b).

ALBINO et al. (1986) encontraram, em frangos com quarenta e dois dias de

idade, 3.992 kcal de EMA por kg, 3.909 kcal de EMAn por kg e 82,91 % de matéria

seca metabolizável aparente (MSMA) para o milho moído e 2.906 kcal por kg de

EMA, 2.852 kcal por kg de EMAn e 42,74 % de MSMA para o farelo de soja.

7

Houve uma relação linear entre os valores de energia metabolizável

aparente (EMA) com o conteúdo de matéria seca metabolizável aparente (MSMA) de

dezenove alimentos testados (R2 = 0,99) em rações de frangos, expressos na base

da matéria seca, indicando que estas equações podem ser usadas para estimar os

valores de EMA dos alimentos, principalmente nos locais onde não existe bomba

calorimétrica, pois esta metodologia só necessita determinar a MSMA dos alimentos

(HAN et al., 1976).

Por meio do método de coleta total de excretas, foram determinados e

tabelados os valores de energia metabolizável aparente corrigida por retenção de

nitrogênio (EMAn) e de energia metabolizável verdadeira corrigida por retenção de

nitrogênio (EMVn) de diversos alimentos usados em rações de aves, utilizando-se

aves de diversas idades (galos, galinhas poedeiras e pintos). Os valores de EMAn e

EMVn do milho em grão, farelo de soja (45 % de proteína bruta), quirera de arroz,

óleo de soja e óleo de milho foram, respectivamente, de 3.371 e 3.450, 2.266 e

2.495, 3.273 e 3.507, 8.790 e 9.200 e 8.886 e 9.250 kcal por kg de matéria natural

(ROSTAGNO et al., 2000).

Não houve diferença entre valores de EMAn de dezenove ingredientes

utilizados em rações de frangos, expressos na base da matéria seca, no período de

14 a 28 dias de idade, obtidos com os métodos de coleta total de excretas e do

óxido crômico como indicador fecal (HAN et al., 1976).

Os valores de energia metabolizável (EM) para codornas foram similares aos

de galinhas para o milho, sorgo, farinha de peixe, amido de milho e banha, e

maiores para alimentos fibrosos, como o farelo de trigo e o feno de alfafa

(MURAKAMI, 1998). O maior valor de EM dos alimentos fibrosos para codornas foi

atribuído à digestibilidade da fibra, que está em função do maior tamanho do ceco

em relação ao tamanho do corpo, quando comparado com o de galinhas.

Segundo MURAKAMI (1998), quanto menor o tempo de permanência do

bolo alimentar no trato digestório (maior taxa de passagem), menor será o

aproveitamento energético do alimento. Em razão disso, o tempo de passagem do

milho moído e dos farelos de trigo, arroz e canola através do trato digestório de

codornas japonesas foi mensurado. Os valores encontrados foram de 97, 82, 76 e

77 minutos, respectivamente.

Em frangos de corte, a digestibilidade de substâncias pécticas, celulose e

hemicelulose foi quase zero em função do pouco tempo de permanência do material

8

fibroso no aparelho digestório, que foi de cinco a nove horas, permitindo baixa

fermentação da fibra pela flora microbiana intestinal (ROSTAGNO, 1994).

Entretanto, o tempo de passagem de uma digesta (não revelada) através do trato

digestório de codornas japonesas variou entre 60 e 90 minutos (VOHRA, 1971).

Usando rações com baixo e alto teor de celulose, em codornas de ambos os

sexos com idade de dezesseis semanas, SAVORY e GENTLE (1976a) verificaram

que a máxima excreção de óxido crômico ocorreu duas a três horas após a

introdução do marcador na ração, cessando quatro a cinco horas após sua remoção.

Segundo SAVORY e GENTLE (1976a), codornas consumiram em maior

quantidade a ração com alto teor fibroso do que a ração com pouca fibra, sendo

atribuído ao elevado teor fibroso o decréscimo da digestibilidade e da energia

metabolizável (EM) da ração.

Em razão do conteúdo energético das rações ser inversamente proporcional

ao conteúdo fibroso das mesmas, comportamento similar foi observado por

MURAKAMI et al. (1993), que revelaram ter havido redução do consumo de ração

(CR) de codornas japonesas não sexadas com 42 dias de idade com o aumento de

2.800 para 3.000 kcal de EM por kg de ração.

WILSON et al. (1977) verificaram que codornas Bobwhite alimentadas com

2.850 kcal de EM por kg de ração tiveram maior CR às cinco semanas de idade do

que codornas alimentadas com 3.010 e 3.170 kcal de EM por kg de ração,

mostrando que as codornas que consumiram rações com menor teor calórico

compensaram o insuficiente consumo energético ingerindo maior quantidade de

ração, a fim de manterem estáveis suas reservas energéticas corporais, ratificando a

existência de um mecanismo fisiológico regulador do consumo, em longo prazo,

onde estas reservas funcionam como referencial.

SAVORY e GENTLE (1976b) verificaram menor peso em codornas

alimentadas com rações com alto teor de fibra do que em codornas alimentadas com

rações com baixo teor fibroso. O contraste de peso corporal foi atribuído a diferenças

no uso da energia, pois o elevado conteúdo fibroso promove maior gasto de energia

em função do maior tempo e trabalho gasto no ato da alimentação. Além disto, os

intestinos de aves alimentadas com altos níveis de fibra são maiores, exigindo maior

demanda energética metabólica.

9

2.2 Pigmentação de gemas As sementes do urucum possuem um corante vermelho situado em suas

partes externas. A bixina, um mono metil éster da norbixina, é o corante majoritário

encontrado nessas partes. Em função do extensivo sistema de ligações duplas

conjugadas na molécula (Figura 2), a bixina pode ocorrer na forma cis e trans, sendo

a forma cis a mais encontrada nas sementes. A trans-bixina e a cis-norbixina são

encontradas como constituintes minoritários em sua composição (HENRY, 1992).

Figura 2. Estrutura química da bixina. Do total de sementes de urucum produzidas no Brasil, cerca de 75% são

utilizadas na fabricação do colorífico, totalmente consumido no mercado interno e

definido pela Resolução 12/78 da Comissão Nacional de Normas e Padrões para

Alimentos do Ministério da Saúde (CNNPA-MS) como um produto constituído pela

mistura de fubá ou farinha de mandioca com urucum em pó ou extrato oleoso de

urucum, adicionado ou não de sal e de óleos comestíveis (TOCCHINI e

MERCADANTE, 2001).

Em razão da facilidade de obtenção do produto no mercado e da elevada

proporção do carotenóide bixina, existe um grande potencial de uso do colorífico em

rações de aves a fim de se obter gemas de ovos mais pigmentadas e,

conseqüentemente, enriquecidas nutricionalmente. Entretanto, isto tem sido pouco

freqüente porque tem havido variações nos teores de bixina em diversas amostras

de colorífico, o que dificulta as recomendações de uso do colorífico nas rações.

TOCCHINI e MERCADANTE (2001) observaram uma grande variação nos teores de

bixina em sete marcas diferentes de colorífico presentes no mercado, determinadas

por cromatografia líquida de alta eficiência. Nesse estudo, os valores variaram de

154 a 354 mg de bixina por 100 g de colorífico.

Embora com custos de produção inferiores aos dos pigmentos naturais, em

função da exigência do consumidor por alimentos sem aditivos químicos, os

corantes artificiais têm sido cada vez mais substituídos por pigmentos naturais.

10

Entretanto, na avaliação toxicológica, nem sempre o caráter natural de um pigmento

indica toxicidade menor que um pigmento artificial (CARVALHO, 1992). Pelo

extensivo uso do colorífico, o consumo estimado de bixina por cerca de 44 milhões

de brasileiros foi em torno de 150 % superior ao consumo diário máximo de bixina

para humanos, estabelecido em 0,065 mg por kg de peso corporal (WHO, 2000).

O consumo excessivo de corantes em relação a sua ingestão diária aceitável

tem estimulado a realização de estudos sobre toxidade. PAUMGARTTEN et al.

(2002) não constataram redução no peso corporal (PC) em ratas com 21 dias de

gestação e nem mortalidade, redução no PC, anormalidades viscerais e esqueléticas

nas suas proles, decorrentes da administração oral de extrato seco de urucum (28 %

de bixina) suspenso em óleo de milho, nas dosagens de 0; 31,2; 62,5; 125 e 500 mg

de extrato por kg de PC por dia, durante o 6º e 15º dia de gestação das ratas. A

dose de 500 mg, equivalente a 140 mg de bixina por kg de PC por dia, correspondeu

a cerca de 2153 vezes a dose máxima pré-estabelecida para humanos, que é de

0,065 mg de bixina por kg de PC por dia.

A não-toxicidade da bixina, quando usada em doses elevadas, mostra que

este aspecto não se tem constituído em fator limitante para seu uso. Considerando

isso, pesquisas têm sido realizadas utilizando-se o urucum, rico em bixina, na

pigmentação de gemas de ovos de poedeiras, principalmente quando se utiliza uma

fonte energética isenta de pigmentos, como o sorgo, a quirera de arroz, entre outras,

em substituição ao milho amarelo.

Segundo CAMPOS (1955), as gemas de ovos colocados por poedeiras

alimentadas com rações contendo 1 % de sementes de urucum não trituradas

(farinha de urucum) e 30 % de adlai (isento de pigmentos) apresentaram coloração

variável entre o amarelo e o amarelo alaranjado, sendo essa cor similar às gemas

produzidas por galinhas alimentadas com 30 % de milho e sem farinha de urucum.

Entretanto, as aves que receberam rações contendo 2 % de sementes de urucum

não trituradas e 30 % de adlai produziram gemas mais escuras, cuja tonalidade

variou do laranja ao laranja forte, de maior preferência do consumidor brasileiro.

PEREIRA et al. (2000) verificaram que o uso de níveis crescentes (500,

1000, 1500 e 2000 ppm) de extrato oleoso de urucum aumentou linearmente a

coloração das gemas dos ovos de galinhas poedeiras, produzidos durante dois

ciclos de 28 dias. A adição de 2000 ppm de bixina em ração com 63 % de sorgo

promoveu a mesma cor de gema obtida com ração contendo 61 % de milho.

11

Contudo, a produção e o peso dos ovos, o consumo de ração e a conversão

alimentar não foram afetados pelos tratamentos.

PEREIRA et al. (2001) verificaram que em rações à base de milho contendo

0; 0,05; 0,10; 0,15 e 0,20 % de extrato oleoso de urucum (EU), houve intensificação

da cor das gemas dos ovos de poedeiras à medida que os níveis de extrato foram

aumentados. Entretanto, o extrato não interferiu na produção e qualidade interna dos

ovos, no consumo de ração e na conversão alimentar.

Poedeiras leves e pesadas que receberam rações com 21,4 % de farelo de

soja (FS), 25,4 % de milho, 41,4 % de sorgo e 0,10 % de EU produziram ovos com

cor de gemas similar às aves que receberam a ração referência (22,8 % de FS e

63,7 % de milho). Os valores de pigmentação de gemas, obtidos por meio do leque

colorimétrico da Roche, foram de 5,10 e 5,02 para as poedeiras leves, e 5,83 e 5,35

para as poedeiras pesadas tratadas com ração referência e com ração com sorgo +

0,10 % de EU, respectivamente. A adição de 0,45 % de EU à ração contendo sorgo

produziu pigmentação da gema de ovos de poedeiras leves igual a 8,9 pontos no

leque da Roche, valor dentro da faixa referencial para aves caipiras, que gira em

torno de 8,5 - 9,0 pontos (SILVA et al., 2000).

Outros estudos têm sido realizados a fim de avaliar a inclusão de fontes de

xantofilas diferentes do colorífico e de outros agentes pigmentantes derivados do

urucum, em rações de aves e, dessa forma, avaliar a eficiência de incorporação de

pigmentos nas gemas ao longo de um período. Verificando o valor pigmentante do

feno de capim bermuda ao longo do tempo, CHEN e BAILEY (1988) observaram que

galinhas poedeiras no primeiro ciclo de produção colocaram ovos cujas gemas

alcançaram um platô (pigmentação máxima) entre a terceira e quarta semana após a

inclusão do feno. Em período pré-experimental de duas semanas, as galinhas

receberam ração isenta de xantofilas a fim de depletar seus níveis no organismo.

Entretanto, BORNSTEIN e BARTOV (1965) mencionaram que, quando a

avaliação é feita por meio de métodos que utilizam o escore visual, nos quais se

inclui o leque colorimétrico da Roche, as respostas de coloração de gemas em

função dos incrementos de xantofilas na ração seguem um padrão logaritmico. Os

autores revelaram que o modelo quadrático é inadequado porque parece improvável

que a cor das gemas decresça, devido ao excesso ou constância de suplementação

de pigmento na ração, após ter alcançado um ponto de coloração máxima.

12

2.3 Triglicerídeos Os lipídeos são substâncias orgânicas heterogêneas, solúveis em solventes

apolares com pequena ou nenhuma solubilidade em água (BERTECHINI, 1991) e os

triglicerídeos são ésteres formados pela união do glicerol com três moléculas de

ácidos graxos. Eles são o tipo de lipídeo encontrado em maior proporção nas

gorduras, que são fontes de lipídeos normalmente encontradas em produtos de

origem animal. Na composição centesimal das gorduras, as moléculas de

triglicerídeos são formadas, em sua maioria, por ácidos graxos saturados, sendo, por

isso, sólidas à temperatura ambiente. Os óleos são líquidos à temperatura ambiente

e são obtidos geralmente de fontes de origem vegetal, sendo compostos, em sua

maioria, por moléculas de triglicerídeos formadas por ácidos graxos insaturados. Se

os três ácidos graxos constituintes da gordura ou óleo forem iguais, forma-se um

triglicerídeo simples, caso contrário, tem-se um triglicerídeo misto.

2.3.1 Digestão e absorção de lipídeos da ração

Os triglicerídeos, ácidos graxos livres e fosfolipídeos presentes na ração não

sofrem transformação química na boca, faringe e esôfago. No estômago glandular, a

temperatura, o pH e a atividade da pepsina atuam em conjunto para unir e formar

glóbulos de gordura. O efeito final da digestão no proventrículo e moela é destruir a

integridade estrutural do alimento e formar um "pool" de lipídeos. No ambiente

neutro do duodeno, a presença de produtos da digestão gástrica estimula a

liberação da bile e dos sucos pancreáticos. Ao mesmo tempo, aumenta-se a

motilidade, resultando em eficiente emulsificação. Os ácidos biliares e a lecitina

presente na bile aumentam a área superficial e otimizam a eficiência digestiva. O

lipídeo emulsificado fica com os ácidos biliares e a lecitina na parte externa, em

contato com a água, e os triglicerídeos posicionam-se na parte interna dos glóbulos

lipídicos (MORAN JR., 1994).

A colipase é um cofator protéico que permite que a lipase se fixe na

superfície óleo-água, tendo acesso aos triglicerídeos de camadas menos expostas.

A lipase cliva ácidos graxos das posições 1 e 3, liberando dois ácidos graxos livres e

um 2-monoglicerídeo por molécula de triglicerídeo. A produção e liberação de lipase

e colipase são ajustadas à quantidade de gordura alimentar. A motilidade possibilita

uma remoção contínua de lipídeos da interface óleo-água e a formação de micelas

13

ocorre a partir da combinação dos produtos da digestão de gorduras com os ácidos

biliares e lecitina da bile (MORAN JR., 1994).

A absorção das micelas ocorre contra a camada de água estacionária,

criada pelas microvilosidades e o glicocálix do enterócito em si. A mucina contribui

para a estabilidade dessa água por atuar como um gel e impedir o movimento

macromolecular. As micelas lipídicas se desintegram em seus componentes

moleculares, dentro da camada de mucina, assim que se aproximam da superfície

celular do enterócito. O movimento das micelas é dependente de sua concentração

no lúmen e da atividade convectiva do seu conteúdo (MORAN JR., 1994).

2.3.2 Rota de absorção dos lipídeos da ração

Após a absorção, as moléculas de ácidos graxos livres, 2-monoglicerídeos,

lisolecitina e colesterol (COL) são captados por carreadores e levadas para o retículo

endoplasmático. A montagem das lipoproteínas, macromoléculas formadas por um

centro hidrofóbico de triacilgliceróis e éster de COL, circundado por uma camada

superficial de fosfolipídeos, COL livre e proteínas (BRAGAGNOLO, 1992), ocorre

pela reesterificação dos 2-monoglicerídeos para triglicerídeos no retículo

endoplasmático liso. Apoproteínas são adicionadas para dar suporte às esferas de

lipoproteínas, que são agrupadas no complexo de Golgi, transferidas para a

membrana basolateral e liberadas na lâmina própria (MORAN JR., 1994).

O intestino das aves secreta diretamente na veia porta grandes lipoproteínas

ricas em triglicerídeos (portamícrons) oriundos da gordura da ração. Contudo, a

reesterificação dos ácidos graxos absorvidos na mucosa intestinal não é completa

em aves e acima de 50 % da gordura absorvida pode ser liberada para dentro da

veia porta como ácidos graxos não esterificados (livres), os quais são provavelmente

removidos da circulação durante sua passagem inicial através do fígado. Após

hidrólise, uma proporção de triglicerídeos contidos nos portamícrons é captada pelo

fígado, liberando portamícrons remanescentes na circulação periférica. Esses dois

eventos podem contribuir para os efeitos do conteúdo de gordura da ração sobre a

composição corporal em aves, pois a síntese hepática de ácidos graxos é fortemente

inibida pela gordura da ração (GRIFFIN et al., 1999).

Os portamícrons formados são secretados diretamente no sistema portal,

não são metabolizados no fígado em função do elevado tamanho, e atingem a

grande circulação (GRIFFIN et al., 1999), onde os triglicerídeos presentes podem ser

14

catabolisados pela lipase lipoprotéica para que os ácidos graxos resultantes

penetrem na célula e, no tecido adiposo, sejam reesterificados e armazenados como

triglicerídeos, ou servirem como fonte de energia para o metabolismo celular. 2.3.3 Biossíntese de triglicerídeos endógenos e transporte

Os lipídeos de origem hepática são sintetizados e secretados como

partículas de lipoproteínas, cuja biossíntese, em aves, ocorre principalmente no

fígado. A taxa de lipogênese hepática em aves é muito maior do que no tecido

adiposo, sendo o fígado responsável por cerca de 95 % da síntese de novos ácidos

graxos em pintos. Tem sido unânime que quase toda gordura que se acumula no

tecido adiposo de aves é sintetizada no fígado ou oriunda da ração (GRIFFIN et al.,

1999).

O transporte de lipídeos do fígado para outros tecidos em aves fêmeas

imaturas e em machos é feito pelas lipoproteínas. O plasma das aves contém

lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), lipoproteínas de densidade baixa

(LDL) e lipoproteínas de densidade alta (HDL) cujo tamanho, composição lipídica e

funções são similares aos de mamíferos, contudo as aves não têm a apolipoproteína

apo-E ou apo-A-2 encontradas nos mamíferos, e sintetizam somente a forma

equivalente apo-100 da apo-B (GRIFFIN et al., 1999).

No sangue das aves, as lipoproteínas são chamadas de portamícrons

quando transportam os lipídeos absorvidos (90 % de triglicerídeos, 5 % de colesterol

e 2 % de proteínas) e de VLDL (60 % de triglicerídeos, 12 % de colesterol e 10 % de

proteínas) quando transportam os lipídeos de origem endógena (HERMIER, 1997). 2.3.4 Deposição de triglicerídeos nos tecidos

Em aves, a gordura extra hepática depende do nível de síntese e secreção

das lipoproteínas pelo fígado, pois o armazenamento de triglicerídeos nos

adipócitos, hepatócitos e ovócitos em crescimento depende da disponibilidade de

lipídeos do plasma, oriundos da ração ou da lipogênese no fígado. Normalmente a

concentração de lipídeos das rações para aves comerciais não tem ultrapassado o

limite de 10 %, o que tem contribuído para que a lipogênese seja dependente, em

sua maior parte, da disponibilidade de carboidratos nas rações, que darão origem a

moléculas de acetil-CoA, pois a síntese de ácidos graxos é muito limitada no tecido

adiposo e não ocorre no ovário (HERMIER, 1997).

15

Medidas “in vivo” da taxa de secreção de lipoproteínas de densidade muito

baixa (VLDL) e do destino do carbono biologicamente marcado e ligado a moléculas

de VLDL ([14C]-VLDL) indicaram que o metabolismo das lipoproteínas garantiu cerca

de 85 % da deposição de ácidos graxos na gordura abdominal de frangos com seis

semanas de idade, ao passo que a lipogênese no tecido adiposo foi suficiente para

garantir os 15 % restantes. A baixa taxa de lipogênese no tecido adiposo em aves foi

atribuída à supressão feita pelos ácidos graxos produzidos no fígado ou vindos do

intestino. Entretanto, somente 25 % do [14C]-VLDL injetado via intravenosa foi

oxidado dentro de oito horas, indicando que apenas uma pequena proporção dos

triglicerídeos contidos nas moléculas de VLDL foi captada pelos músculos para

servir como fonte de energia para o metabolismo celular (GRIFFIN et al., 1999).

As concentrações plasmáticas de VLDL em frangos e perus alimentados à

vontade são bem correlacionadas com conteúdo de gordura corporal, agindo como

medida indireta de adiposidade. O coeficiente de correlação encontrado (r = 0,6 –

0,7) indicou que aproximadamente 50 % da variação genética sobre adiposidade em

populações comerciais normais foram atribuídas a diferenças nas concentrações

plasmáticas de VLDL (GRIFFIN et al., 1999).

A seleção divergente para baixa e alta concentração de VLDL no plasma

tem produzido linhagens “magras” e “gordas” com diferenças marcantes em

conversão alimentar e eficiência protéica. Após dez gerações de seleção, a

diferença nas concentrações plasmáticas de VLDL entre linhagens foi cerca de vinte

vezes, sendo que a diferença na taxa de secreção de VLDL do fígado foi de quatro a

cinco vezes. Uma relativa alta taxa de β-oxidação no fígado combinada com uma

alta taxa de síntese de ácidos graxos podem explicar como pequenas trocas na

lipogênese hepática de aves podem ter um grande efeito na secreção de VLDL, com

reflexo nas concentrações de VLDL no plasma (GRIFFIN et al., 1999).

Outro ponto importante para a formação da gordura extra hepática é o

catabolismo intravascular das lipoproteínas, que controla a entrada e o

armazenamento de lipídeos no tecido adiposo. A transferência de triglicerídeos do

núcleo das VLDL e dos portamícrons para o tecido adiposo envolve seu catabolismo

pela lipase lipoprotéica, que catalisa a hidrólise de triglicerídeos a ácidos graxos e

glicerol. Os ácidos graxos entram nos tecidos vizinhos e, no tecido adiposo, são

reesterificados e armazenados como triglicerídeos. A lipase lipoprotéica é sintetizada

nos adipócitos, músculos e em outros tipos de células, mas só a enzima que foi

16

secretada e encontrada na superfície interna das paredes capilares dos tecidos

periféricos é funcionalmente ativa (HERMIER, 1997).

A seleção divergente de frangos para concentrações de lipoproteínas de

densidade muito baixa (VLDL) no plasma tem criado diferenças significativas na

atividade da lipase lipoprotéica do plasma, tecido adiposo e músculo. Em todos os

casos, a maior atividade foi verificada nas linhagens magras, com seleção para

baixos níveis plasmáticos de VLDL. Contudo, a maior atividade da lipase lipoprotéica

no músculo das linhagens magras não foi acompanhada por diferença significativa

na proporção de triglicerídeos ligados a moléculas de VLDL que podem ser oxidados

a CO2 (GRIFFIN et al., 1999). 2.3.5 Ação biológica da bixina

Amostras de colorífico têm apresentado de 154 a 354 mg do carotenóide

bixina (TOCCHINI e MERCADANTE, 2001). A bixina tem sido utilizada no controle

da hiperlipidemia e da aterosclerose e seu efeito na prevenção e controle da

hiperlipidemia tem sido atribuído à sua ação ativadora sobre a lipase lipoprotéica.

Sugeriu-se, para explicar o mecanismo de ação, a formação de quelatos entre a

enzima e a bixina, que induzem a mudança conformacional da enzima, modificando

seu centro ativo (LIMA et al., 1999).

Todavia, o efeito hipolipidêmico da bixina na prevenção e controle da

aterosclerose de organismos animais tem sido atribuído à sua ação antioxidante.

Após serem captados, a bixina, a norbixina e outros carotenóides podem proteger o

endotélio dos vasos sangüíneos da oxidação da lipoproteína de densidade baixa

(LDL). O endotélio danificado pode gerar lesões ateroscleróticas (LIMA et al., 2001).

A concentração de 5,4 x 10-5 mol/L de bixina e de norbixina promoveu

aumento máximo da atividade da lipase lipoprotéica. Em relação ao tratamento sem

adição de modificadores, os aumentos foram de 145 % para a bixina e 71 % para a

norbixina (LIMA et al., 1999).

Após três meses e em relação ao grupo que recebeu somente ração, ratos

fêmeas alimentadas com ração diária contendo 70, 350 e 700 mg de corante (28 %

de bixina) apresentaram uma redução de 9,30; 15,24 e 10,85 % dos níveis de

triglicerídeos séricos (TS), respectivamente. Machos que receberam 70 mg

apresentaram aumento de 4,77 %, porém os alimentados com 350 e 700 mg de

corante tiveram os níveis de TS reduzidos em 37,36 e 43,82 %, respectivamente.

17

Após seis meses e em relação ao grupo referência, as fêmeas responderam com

redução de 6,40 e 12,58 %, nos tratamentos com 350 e 700 mg, respectivamente, e

com aumento de 1,32 % com o uso de 70 mg. Os níveis de triglicerídeos séricos dos

machos foram reduzidos em 25,91; 9,21 e 13,28 % com o uso de 70, 350 e 700 mg

de corante, respectivamente. Todas as doses de bixina reduziram a lipidemia em

ratos que não tiveram hiperlipidemia induzida (SOUZA et al., 2000).

Com hiperlipidemia induzida por 1 % de colesterol (COL) e 0,1 % de ácido

cólico (AC) na ração (R) diária, durante 28 dias, coelhos da raça Nova Zelândia que

receberam R + COL + AC e a dose diária de 0,01 mol de corante (30 % bixina) por

Kg de peso corporal (via oral e em cápsula) apresentaram 228,79 mg de triglicerídeo

por dl de soro no 28° dia, valor superior (P≤0,05) a 113,78 mg/dl, encontrado nos

coelhos que receberam somente ração comercial, e inferior numericamente a 266,72

mg/dl, obtido por coelhos que receberam R + COL + AC (LIMA et al., 2001).

Em relação a sua toxidade, não foram verificados redução no peso corporal

em ratas com 21 dias de gestação e nas suas proles, com o uso da dose de 500 mg

de extrato seco de urucum (28 % de bixina) por kg de peso corporal por dia,

dosagem que equivale a um consumo médio de 140 mg de bixina por kg de peso

corporal por dia (PAUMGARTTEN et al., 2002).

2.3.6 Niacina e o metabolismo dos lipídeos A niacina é uma vitamina hidrossolúvel que se refere tanto ao ácido nicotínico

(Figura 3) como a nicotinamida.

Figura 3. Estrutura química do ácido nicotínico.

No organismo, a nicotinamida faz parte do grupo ativo das coenzimas

nicotinamida adenina dinucleotídeo e nicotinamida adenina dinucleotídeo fosforilada.

O grupo fosfato ocorre no grupo 2-hidroxila da adenosina monofosfato (AMP) da

18

coenzima. A nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) e a nicotinamida adenina

dinucleotídeo fosforilada (NADP) podem ser encontradas na forma oxidada (NAD+ e

NADP+) e na forma reduzida (NADH + H+ e NADPH + H+), respectivamente (Figura

4). Nos alimentos, a niacina ocorre principalmente na forma de NAD e NADP e suas

versões reduzidas. A NAD pode ser hidrolisada por enzimas na mucosa intestinal,

resultando na produção de nicotinamida e de nucleotídeo nicotinamida, os quais

podem ser clivados, possivelmente por enzimas intestinais e hepáticas, para formar

ácido nicotínico (BRODY, 1994).

Figura 4. Estrutura química das coenzimas da niacina e da nicotinamida. Por outro lado, o primeiro passo da conversão do ácido nicotínico a NAD

envolve a transferência de um grupo fosfato ribose do pirofosfato para o ácido

nicotínico, formando ácido nicotínico nucleotídeo. O segundo passo envolve a

transferência de um grupo adenosina difosfato (ADP) da adenosina trifosfato (ATP),

formando ácido nicotínico adenina dinucleotídeo e o passo final é uma reação de

amidação, onde a glutamina doa um grupo amida para um grupo caboxila, formando

a NAD (BRODY, 1994).

A função da nicotinamida da forma oxidada NAD+ é atuar como receptora de

dois elétrons e transportadora temporária de um íon hidreto (o próton H+), que é

removido enzimaticamente da molécula do substrato pela ação de desidrogenases

19

(LEHNINGER, 1991), em reações catabólicas envolvendo a degradação de ácidos

graxos usadas na produção de energia (BRODY, 1994).

As reações reversíveis envolvendo as enzimas NAD(P) desidrogenases

seguem o seguinte esquema geral:

Substrato reduzido + NAD+ ↔ Substrato oxidado + NADH + H+

Substrato reduzido + NADP+ ↔ Substrato oxidado + NADPH + H+

Como a reação é reversível, a função da forma fosforilada reduzida (NADPH +

H+) é atuar como força redutora, na forma de íons H+ (alta energia livre). A produção

de NADPH + H+ pode ocorrer normalmente nas células adiposas, sendo importante

nos tecidos com grande atividade de biossíntese de ácidos graxos a partir de

precursores pequenos, como no tecido adiposo. A biossíntese ocorre por meio de

reações citossólicas, que requerem força de redução química na forma de NADPH

para redução das duplas ligações a ligações simples, ou seja, a forma fosforilada

reduzida (NADPH + H+) pode doar dois elétrons e um íon H+ para o substrato

oxidado, catalisada por desidrogenases específicas (LEHNINGER, 1991).

O efeito da niacina no metabolismo dos lipídeos pode ser explicado por meio da

ação de desidrogenases, enzimas que têm a nicotinamida como grupo ativo das

coenzimas de niacina. Alguns passos metabólicos mediados pelas desidrogenases

encontram-se apresentados a seguir: Na degradação de ácidos graxos:

L-3-hidroxiacil-S-CoA graxo + NAD+ ↔ 3-cetoacil-S-CoA + NADH + H+ (3-

hidroxiacil-CoA desidrogenase).

No ciclo de Krebs (oxidação de unidades de dois carbonos):

Isocitrato + NADP+ (NAD+) ↔ ∝-cetoglutarato + CO2 + NADPH (NADH) + H+

(isocitrato desidrogenase).

∝-cetoglutarato + NAD+ + CoA ↔ Succinil-CoA + NADH + H+ + CO2 (∝-

cetoglutarato desidrogenase).

L-malato + NAD+ ↔ oxaloacetato + NADH + H+ (malato desidrogenase).

Na síntese de ácidos graxos: Oxaloacetato + NADH + H+ ↔ L-malato + NAD+ (malato desidrogenase

citossólica).

20

Acetoacetil + NADPH + H+ ↔ D-3-hidroxibutiril + NADP+ (3-cetoacil-ACP-

redutase).

Trans-butenoil-S-ACP + NADPH + H+ ↔ Butiril-S-ACP + NADP+ (enoil-ACP-

redutase).

Na síntese de glicerol 3-fosfato (substrato para síntese de triglicerídeos): Diidroxiacetona fosfato (da glicólise) + NADH + H+ ↔ L-glicerol 3-fosfato + NAD+

(glicerol fosfato desidrogenase). Na síntese de mevalonato (substrato para síntese de carotenóides): 3-hidroxi-3-metilglutaril-CoA + 2NADPH + 2H+ ↔ mevalonato + CoA + 2NADP+

(hidroximetil glutaril-CoA redutase). Na dessaturação de ácidos graxos:

Palmitoil-CoA + NADPH + H+ + O2 ↔ palmitoleil-CoA + NADP+ + 2OH (acil-CoA

oxigenase).

Estearoil-CoA + NADPH + H+ + O2 ↔ oleil-CoA + NADP+ + 2H2O (acil-CoA

oxigenase).

No metabolismo dos corpos cetônicos:

Acetoacetato + NADH + H+ ↔ D-β-hidroxibutirato + NAD+ (Acetoacetato

desidrogenase).

D-β-hidroxibutirato + NAD+ ↔ Acetoacetato + NADH + H+ (D-β-hidroxibutirato

desidrogenase). 2.3.7 Ação biológica da niacina

O ácido nicotínico tem sido usado com freqüência como medicamento para

controlar os níveis de lipídeos no organismo. Sua atividade hipolipidêmica decorre

da capacidade de inibir a lipólise do tecido adiposo, de reduzir a esterificação dos

triglicerídeos no fígado e de aumentar a atividade da lipase lipoprotéica

(GOODMANS et al., 1996).

Segundo GOTTO JR. (1998), o controle da hipertrigliceridemia deve ser

iniciado por meio de terapia não farmacológica, como freqüência de atividade física,

controle de peso, redução do uso de bebidas alcoólicas e, em indivíduos diabéticos,

21

um rígido controle de glicemia. Entretanto, se essas medidas forem ineficientes,

opções farmacológicas como o uso de niacina, que reduz os triglicerídeos, as

lipoproteínas de densidade baixa (LDL) e o fibrinogênio, além de aumentar a

lipoproteína de densidade alta (HDL) no plasma, podem ser apropriadas.

Imediatamente após a indução de hiperlipidemia com Triton e após 20

horas, o ácido nicotínico (AN) foi administrado na dose de 5 mg por Kg de peso

corporal, por via intraperitoneal, em ratos que receberam ração comercial (R) e água

à vontade. Após 43 horas da aplicação do Triton, os ratos tratados com R + T + AN

apresentaram 104,56 mg de triglicerídeo por dl de soro, valor inferior (P≤0,05) ao

apresentado por ratos tratados com R + T, que foi de 311,36 mg/dl. O tratamento

com ração proporcionou o nível de 162,30 mg/dl, sendo numericamente superior ao

tratamento com R + T + AN (SANTOS et al., 1999).

22

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBINO, L.F.T., FIALHO, E.T., BLUME, E. (1986) Energia metabolizável e

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29

4. TRABALHOS

Os trabalhos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista

Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia:

DETERMINAÇÃO DA ENERGIA METABOLIZÁVEL DE ALGUNS ALIMENTOS TESTADOS EM CODORNAS JAPONESAS FÊMEAS1

NEWTON TAVARES ESCOCARD DE OLIVEIRA2, JOSÉ BRANDÃO FONSECA3, RITA DA

TRINDADE RIBEIRO NOBRE SOARES3, CLÁUDIO TEIXEIRA LOMBARDI4, MARIA BEATRIZ MERCADANTE4

1 Parte da tese de doutorado que será apresentada à Universidade Estadual do Norte Fluminense pelo primeiro autor. 2 Estudante de doutorado do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 - Campos dos Goytacazes - RJ CEP: 28015 - 620. 3 Docentes do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 - Campos dos Goytacazes - RJ CEP: 28015 - 620. 4 Técnicos de Nível Superior do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 - Campos dos Goytacazes - RJ CEP: 28015 - 620.

PIGMENTAÇÃO DE GEMAS DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS

ALIMENTADAS COM RAÇÕES CONTENDO COLORÍFICO1

NEWTON TAVARES ESCOCARD DE OLIVEIRA2, JOSÉ BRANDÃO FONSECA3, RITA DA TRINDADE RIBEIRO NOBRE SOARES3, KARLA SILVA FERREIRA3

1 Parte da tese de doutorado que será apresentada à Universidade Estadual do Norte Fluminense pelo primeiro autor. 2 Estudante de doutorado do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 - Campos dos Goytacazes - RJ CEP: 28015 - 620. 3 Docentes do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 - Campos dos Goytacazes - RJ CEP: 28015 - 620.

30

COLORÍFICO E NIACINA SUPLEMENTAR EM RAÇÕES DE CODORNAS JAPONESAS MACHOS: TRIGLICERÍDEOS SANGÜÍNEOS E COMPOSIÇÃO

QUÍMICA DA CARNE E CARCAÇA1

NEWTON TAVARES ESCOCARD DE OLIVEIRA2, JOSÉ BRANDÃO FONSECA3, RITA DA TRINDADE RIBEIRO NOBRE SOARES3, KARLA SILVA FERREIRA3

1 Parte da tese de doutorado que será apresentada à Universidade Estadual do Norte Fluminense pelo primeiro autor. 2 Estudante de doutorado do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 - Campos dos Goytacazes - RJ CEP: 28015 - 620. 3 Docentes do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias - Universidade Estadual do Norte Fluminense. Av. Alberto Lamego, 2000 - Campos dos Goytacazes - RJ CEP: 28015 - 620.

31

DETERMINAÇÃO DA ENERGIA METABOLIZÁVEL DE ALGUNS ALIMENTOS TESTADOS EM CODORNAS JAPONESAS FÊMEAS

RESUMO

Foram determinados os valores de energia metabolizável aparente (EMA),

energia metabolizável aparente corrigida por retenção de nitrogênio (EMAn) e

matéria seca metabolizável aparente (MSMA) de sete alimentos testados em rações

para codornas japonesas. Utilizaram-se 280 codornas japonesas (Coturnix japonica)

fêmeas com idade inicial de vinte e seis dias, em delineamento experimental

inteiramente casualizado, com cinco repetições e sete codornas por unidade

experimental. Os tratamentos consistiram de sete rações experimentais e uma ração

referência. Cada ração experimental foi constituída, na base da matéria natural, por

70 % da ração referência e 30 % do alimento a ser testado, à exceção da ração

contendo óleo de soja degomado, que foi testado, na base da matéria natural, com

10 % de inclusão e 90 % da ração referência. O ensaio biológico foi conduzido em

gaiolas de arame galvanizado distribuídas em baterias de madeira. Os respectivos

valores de EMA e EMAn (kcal por kg de matéria natural) e MSMA (%) do milho

moído, colorífico, quirera de arroz, óleo de soja degomado, farelo de soja, semente

de linhaça e casca + polpa de abacaxi foram iguais a 3.124, 3.122 e 82,95; 3.152,

3.102 e 82,30; 2.980, 2.947 e 89,12; 8.065, 7.940 e 72,47; 2.633, 2.651 e 46,29;

2.477, 2.492 e 32,11 e 1.323, 1.274 e 42,11. Os valores de EMAn do milho e do

farelo de soja foram cerca de 7,4 % inferior e 14,6 % superior, respectivamente, aos

encontrados em tabela brasileira de composição de alimentos. Há necessidade de

se realizar outras pesquisas objetivando determinar a energia metabolizável de

alimentos para codornas japonesas.

Palavras-chave: alimento, codorna japonesa, digestibilidade, energia metabolizável,

matéria seca metabolizável aparente

ABSTRACT

The values of the apparent metabolizable energy (AME), apparent

metabolizable energy corrected for nitrogen retention (AMEn) and dry matter

32

apparently metabolizable (DMAM) were determined in seven foodstuffs tested in

japanese quail feedings. Two hundred and eighty japanese female quails (Coturnix

japonica), twenty-six days of age were used in a completely randomized design, with

five replicates and seven quails per experimental unit. The treatments consisted of

seven experimental rations and one reference ration. Each experimental ration was

constituted, as fed basis, for 70 % of the reference ration and 30 % of food that would

be tested, save the ration that contained soy oil without phospholipid, that was

tested, as fed basis, for 10 % of addition and 90 % of the reference ration. The

biological assay was carried out in wired floor cages distributed in wood batteries.

The respective values of AME and AMEn (kcal/kg of fed basis) and DMAM (%) to

ground corn, spice, broken rice grains, soy oil without phospholipid, soybean meal,

linseed meal and pineapple (peel and pulp) were 3.124, 3.122 and 82,95; 3.152,

3.102 and 82,30; 2.980, 2.947 and 89,12; 8.065, 7.940 and 72,47; 2.633, 2.651 and

46,29; 2.477, 2.492 and 32,11 and 1.323, 1.274 and 42,11. AMEn values to corn

ground and soybean meal were about 7,4 % lower and 14,6 % higher, respectively,

to those found in the Brazilian table foodstuff composition. It’s necessary to carry out

other researches to establish the metabolizable energy of foodstuffs for japanese

quails. Key words: digestibility, dry matter apparently metabolizable, food, japanese quail,

metabolizable energy

INTRODUÇÃO

Como conseqüência do potencial de produção da codorna japonesa

(Coturnix japonica), tem havido um recente e crescente interesse em pesquisar

aspectos nutricionais desta espécie. Dentre esses aspectos, os estudos sobre

exigências de energia metabolizável (EM) e de determinação da EM de alimentos

têm se destacado. Uma das explicações para tal importância reside no fato de que

as exigências de proteínas, aminoácidos e outros nutrientes são freqüentemente

expressas em função dos níveis de EM da ração, os quais influem ativamente sobre

o consumo de ração e, conseqüentemente, sobre o desempenho das codornas.

Um problema que tem ocorrido com freqüência nos estudos e ensaios com a

codorna japonesa é o uso de valores de EM de alimentos testados com frangos de

33

corte ou galinhas poedeiras em formulações de rações para codornas japonesas.

Essa situação não se justifica em razão da existência de diferenças anatômicas,

histológicas e de tamanho e comprimento do trato gastrintestinal entre essas

espécies, além de haver interações entre alimento e trato gastrintestinal, causadas

pelas diferenças de composição química e estrutura física dos alimentos, interferindo

na eficiência dos processos digestivo e absortivo.

O comprometimento do desempenho produtivo de codornas japonesas pode

ser evidenciado quando essas aves consomem rações cujos valores de energia

metabolizável (EM) estão discrepantes das suas exigências energéticas.

A recomendação de se utilizar 2.900 kcal de EM por kg de ração (NRC,

1994), para atendimento das exigências de manutenção e de produção de codornas

japonesas em fase inicial, de crescimento e reprodutiva, tem sido freqüentemente

utilizada como nível energético padrão em pesquisas envolvendo nutrição de

codornas (OLIVEIRA, 2000 e MURAKAMI et al., 1993). Contudo, o uso de valores de

EM de alimentos testados com outras espécies e extrapolados para a formulação de

rações para codornas pode superestimar ou subestimar o conteúdo real de EM das

rações. Assim, as diversas recomendações, feitas por diferentes autores, podem ter

sido baseadas em diferentes conteúdos reais de EM nas rações, causando

desuniformidade nas respostas.

Testando o milho e o farelo de soja em machos de codornas japonesas com

idade de 65 dias, os valores de energia metabolizável aparente (EMA) foram de

3.444 e 2.565 e os de energia metabolizável aparente corrigida por retenção de

nitrogênio (EMAn) foram iguais a 3.429 e 2.593 kcal por kg de matéria natural,

respectivamente (FURLAN et al., 1998b). Por sua vez, ALBINO et al. (1986)

encontraram valores energéticos bem superiores aos reportados por FURLAN et al.

(1998b). Testados em frangos com quarenta e dois dias de idade, o milho moído

proporcionou 3.992 kcal de EMA por kg, 3.909 kcal de EMAn por kg e 82,91 % de

matéria seca metabolizável aparente (MSMA) enquanto o farelo de soja forneceu

2.906 kcal de EMA por kg, 2.852 kcal de EMAn por kg e 42,74 % de MSMA.

De acordo com as tabelas brasileiras, os valores de EMAn e de energia

metabolizável verdadeira corrigida por retenção de nitrogênio (EMVn) do milho em

grão, farelo de soja (45 % de proteína bruta), quirera de arroz, óleo de soja e óleo de

milho são, respectivamente, de 3.371 e 3.450, 2.266 e 2.495, 3.273 e 3.507, 8.790 e

9.200 e 8.886 e 9.250 kcal por kg de matéria natural. Esses valores têm sido

34

freqüentemente usados em formulações de rações para codornas, mas foram

obtidos utilizando-se galos, galinhas poedeiras e pintos (ROSTAGNO et al., 2000).

Segundo MURAKAMI (1998), os valores de energia metabolizável (EM) de

alimentos fibrosos, como farelo de trigo e feno de alfafa, testados com codornas

foram superiores aos valores de EM desses alimentos, testados com galinhas. Em

relação ao milho e à banha, os valores de EM obtidos com codornas foram similares

aos de galinhas.

Nesse contexto, torna-se relevante determinar, por meio de ensaio de

digestibilidade, os valores de energia metabolizável aparente e energia

metabolizável aparente corrigida por retenção de nitrogênio de alguns alimentos

utilizados em rações para codornas japonesas em fase de crescimento. Estes

resultados podem proporcionar maior disponibilidade de dados sobre digestibilidade

de alimentos para essa espécie, servindo de fonte de pesquisa para trabalhos

futuros, haja vista que alguns desses alimentos são pouco freqüentes nas tabelas

nutricionais brasileiras.

MATERIAL E MÉTODOS

Local do experimento O experimento foi realizado no Núcleo de Pesquisa do Laboratório de

Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), situado na Escola Técnica Estadual Agrícola

“Antônio Sarlo”, Campus Experimental da Universidade Estadual do Norte

Fluminense (UENF), localizada no município de Campos dos Goytacazes. Distribuição das codornas no delineamento experimental e tratamentos

Foram utilizadas 280 codornas japonesas (Coturnix japonica) fêmeas, em

delineamento experimental inteiramente casualizado, com oito tratamentos, cinco

repetições e sete codornas por unidade experimental. Os tratamentos foram constituídos por oito rações, sendo sete experimentais

e uma ração referência. Cada ração experimental foi constituída, na base da matéria

natural, por 70 % da ração referência e 30 % do alimento a ser testado, à exceção

da ração contendo óleo de soja degomado, que foi testado, na base da matéria

natural, com 10 % de inclusão e 90 % da ração referência. Os alimentos testados

35

foram: milho, colorífico, quirera de arroz, óleo de soja degomado, farelo de soja,

semente de linhaça e casca + polpa de abacaxi, oriunda da Fábrica de Sucos Bela

Joana, situada no município de Campos dos Goytacazes - RJ. Alojamento das codornas nas instalações e manejo

As codornas com idade inicial de vinte e seis dias foram alojadas em galpão

contendo duas baterias de madeira, as quais agruparam dez gaiolas metálicas de

quatro divisões internas cada. Cada gaiola mediu 1,00 m de comprimento x 0,34 m

de largura x 0,24 m de altura e abrigou 28 codornas.

As codornas receberam água e ração à vontade, em bebedouros e

comedouros de chapa galvanizada, respectivamente, e ficaram expostas a 24 horas

de luz diária, natural ou artificial, durante todo o período experimental, a fim de

incentivar o consumo das rações.

Análises químicas

Em todas as rações e excretas, realizaram-se análises químicas referentes

aos teores de matéria seca (MS) e nitrogênio (SILVA, 1990), no Laboratório de

Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), do Centro de Ciências e Tecnologias

Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).

Os valores de energia bruta (EB) das rações e das excretas foram

quantificados por meio de bomba calorimétrica PARR. Tais análises foram feitas

utilizando-se as instalações e equipamentos do Laboratório de Nutrição Animal e

Pastagens, do Instituto de Zootecnia, da Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro (UFRRJ), situada no Km 47, município de Seropédica - RJ.

Os valores de MS, nitrogênio e EB das rações encontram-se no Quadro 1.

Quadro 1. Valores médios de matéria seca (MS), nitrogênio (N) e energia bruta (EB)

da ração referência (RR) e das rações experimentais (RE)

Tratamentos MS (%) N na MS (%) EB (kcal/kg) RR 87,5 3,75 3.697 RE + Milho 87,0 2,94 3.723 RE + Colorífico 87,7 2,80 3.785 RE + Quirera de Arroz 87,0 2,64 3.637 RE + Óleo de Soja Degomado 88,7 3,32 4.269 RE + Farelo de Soja 87,5 4,91 3.928 RE + Semente de Linhaça 88,7 3,66 4.405 RE + Casca + Polpa de Abacaxi 87,4 2,74 3.670

36

Os valores médios de matéria seca, amostra seca em estufa, nitrogênio e

energia bruta das excretas de codornas japonesas alimentadas com ração referência

e rações experimentais encontram-se apresentados no Quadro 2.

Quadro 2. Valores médios de matéria seca (MS), amostra seca em estufa (ASE),

nitrogênio (N) e energia bruta (EB) das excretas de codornas japonesas alimentadas com ração referência (RR) e rações experimentais (RE)

Tratamentos MS (%) ASE (%)1 N (%)2 EB (kcal/kg)3 RR 30,8 94,1 8,38 3.332 RE + Milho 32,3 94,2 7,88 3.517 RE + Colorífico 25,8 93,3 8,09 3.634 RE + Quirera de Arroz 32,2 93,6 8,15 3.566 RE + Óleo de Soja Degomado 31,1 93,9 8,07 3.452 RE + Farelo de Soja 29,8 94,1 10,56 3.476 RE + Semente de Linhaça 21,7 87,8 6,43 4.099 RE + Casca + Polpa de Abacaxi 25,8 94,3 6,07 3.745 1 - Em estufa a 105 °C; 2 - % na matéria seca; 3 - Na amostra seca ao ar (em estufa a 60 °C).

Os teores de matéria seca e proteína bruta do milho, colorífico, quirera de

arroz, farelo de soja, semente de linhaça e casca + polpa de abacaxi (CPA), e de

extrato etéreo da CPA foram determinados segundo SILVA (1990), no Laboratório

de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), do Centro de Ciências e Tecnologias

Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). O

total de substãncias pécticas da CPA foi quantificado segundo McCREADY e

McCOMB (1952), no Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA), do Centro de

Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do Norte

Fluminense (UENF). Os valores médios obtidos encontram-se no Quadro 3.

Quadro 3. Valores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo

(EE) e substâncias pécticas (SP) de alimentos utilizados nas rações

Alimento MS1 PB1 EE1 SP1 MS2 SP2 Milho 86,77 7,99 ---- ---- ---- ---- Colorífico 88,30 7,00 ---- ---- ---- ---- Quirera de Arroz 86,27 7,90 ---- ---- ---- ---- Farelo de Soja 87,77 46,81 ---- ---- ---- ---- Semente de Linhaça 91,98 20,50 ---- ---- ---- ---- Casca + Polpa de Abacaxi3 16,47 0,84 0,72 4,56 89,17 24,64 1 - % na matéria natural; 2 - % na amostra seca ao ar; 3 - Desidratada antes de seu uso nas rações.

37

Ração referência

A composição percentual da ração referência e os respectivos valores

nutricionais calculados encontram-se apresentados no Quadro 4.

Quadro 4. Composição percentual da ração referência e valores nutricionais calculados

Ingredientes (%) Milho 64,57 Farelo de Soja 30,90 Fosfato Bicálcico 1,02 Calcário 1,11 DL-Metionina 0,09 L-Lisina 0,36 Cloreto de Sódio 0,28 Inerte 1,27 Suplemento Mineral Vitamínico1 0,40 Nutrientes calculados (%) EM (kcal por kg de ração) 2.900 Proteína Bruta 20,00 Metionina + Cistina 0,82 Metionina 0,50 Lisina 1,30 Treonina 0,76 Cálcio 0,80 Fósforo Disponível 0,30 Sódio 0,15 Extrato Etéreo 2,66

1- Quantidades em 1000 g: vit. A, 2.500.000 UI; vit. D3, 625.000 UI; vit. E, 3.750 UI; vit. K3, 500 mg; vit. B1, 500 mg; vit. B2, 1.000 mg; vit. B6, 1.000 mg; vit. B12, 3.750 mcg; niacina, 7.500 mg; ác. pantotênico, 4.000 mg; biotina, 15 mg; ác. fólico, 125 mg; colina, 75.000 mg; metionina, 250.000 mg; Se, 45 mg; I, 175 mg; Fe, 12.525 mg; Cu, 2.500 mg; Mn, 19.500 mg; Zn, 13.750 mg; avilamicina, 20.000 mg; BHT, 500 mg; vit. C, 12.500 mg.

A ração referência, constituída à base de milho e farelo de soja, foi

formulada de acordo com as composições químicas dos ingredientes apresentados

por ROSTAGNO et al. (2000) e adequada às exigências nutricionais para codornas

japonesas do NRC (1994), exceto quanto à exigência protéica. Coleta total e preparação da excreta

As codornas receberam as rações experimentais e a ração referência do 26°

até o 31° dia de idade. Após esse período de adaptação, as excretas de cada

unidade experimental foram coletadas em intervalos de doze horas durante cinco

38

dias consecutivos (31° ao 36° dia de idade) nas bandejas das gaiolas, as quais

foram removidas a cada coleta. Antecedendo ao início do período de coleta das

excretas, as codornas foram submetidas a um jejum alimentar durante

aproximadamente três horas, visando a remover qualquer resíduo alimentar do trato

gastrintestinal, referente à ração fornecida no período de adaptação. O final da

coleta ocorreu após novo jejum alimentar, que teve a finalidade de retirar e coletar

totalmente o conteúdo alimentar relativo ao período experimental propriamente dito

(31° ao 36° dia de idade).

Foram mensurados o consumo de ração e a quantidade de excretas das

codornas alimentadas com ração referência e com rações experimentais, cujos

valores médios encontram-se apresentados no Quadro 5. Atenção especial foi dada

à redução da contaminação das excretas com penas, resíduos de ração e outros.

Quadro 5. Valores médios1 de consumo de ração e quantidade de excretas das

codornas no período de 31 a 36 dias de idade

Tratamentos Consumo de ração (kg) Total de excretas (kg) Ração Referência 0,629 0,565 RE2 + Milho 0,600 0,437 RE + Colorífico 0,547 0,541 RE + Quirera de Arroz 0,616 0,422 RE + Óleo de Soja Degomado 0,558 0,497 RE + Farelo de Soja 0,642 0,728 RE + Semente de Linhaça 0,591 1,026 RE + Casca + Polpa de Abacaxi 0,655 0,878

1 - Obtidos de cinco observações; 2 – Ração Experimental. A cada coleta, as excretas de cada repetição foram acondicionadas em

sacos plásticos, identificadas, pesadas e armazenadas em congelador até o final do

período de coleta, quando foram descongeladas, reunidas por repetição,

homogeneizadas, pesadas e colocadas em estufa de ventilação forçada por 72

horas a 60 °C, onde foi realizada a pré-secagem. A seguir, foram moídas e

armazenadas para análises posteriores, juntamente com amostras das rações

contendo os alimentos a serem testados e da ração referência.

39

Variáveis avaliadas Para cada alimento testado, foram avaliadas a energia metabolizável

aparente (EMA) e a energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de

nitrogênio (EMAn) em kcal por kg de matéria natural e a matéria seca metabolizável

aparente (MSMA) em percentagem.

Os valores de EMA e EMAn (MATTERSON et al., 1965) e de MSMA dos

alimentos (HAN et al., 1976) foram obtidos por meio das seguintes equações:

EMA Ração (kcal/kg MS) = [(MS ingerida (g) x EB Ração) - (MS excretada (g) x EB excretada)] ÷

MS ingerida (g)

EMA Alimento (kcal/kg MS) = EM RR + [(EM RE – EM RR) ÷ PSA RR]

EMAn Ração (kcal/kg MS) = [(MS ingerida (g) x EB Ração) - (MS excretada (g) x EB excretada)]

± 8,22 BN ÷ MS ingerida (g)

BN = (MS ingerida (g) x % N Ração ÷ 100) – (MS excretada (g) x % N Excreta ÷ 100)

EMAn Alimento (kcal/kg MS) = EMAn RR + [(EMAn RE – EMAn RR) ÷ PSA RR]

MSMA Ração (%) = (MS ingerida (g) – MS excretada (g)) ÷ MS ingerida (g) x 100

MSMA Alimento (%) = MSMA RR (%) – [(MSMA RR - MSMA RE) ÷ PSA RR]

Legenda:

MS – matéria seca; RR – ração referência; RE – ração experimental; PSA RR –

proporção de substituição do alimento na ração referência; EB – energia bruta; BN –

balanço de nitrogênio; N – nitrogênio.

8,22 = fator que corresponde a 8,22 kcal de energia por grama de nitrogênio retido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores médios e os desvios-padrão de EMA e EMAn, expressos em kcal

por kg de matéria natural, e de MSMA (%) encontram-se apresentados no Quadro 6.

40

Quadro 6. Valores médios1 de energia metabolizável aparente (EMA), energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) e matéria seca metabolizável aparente (MSMA) dos alimentos testados em codornas japonesas e seus respectivos desvios-padrão1

Alimento EMA2 EMAn2 MSMA (%) Milho 3.124 ± 229,1 3.122 ± 261,5 82,95 ± 7,18 Colorífico 3.152 ± 348,2 3.102 ± 345,2 82,30 ± 8,51 Quirera de Arroz 2.980 ± 123,5 2.947 ± 132,2 89,12 ± 1,56 Óleo de Soja Degomado 8.065 ± 609,3 7.940 ± 684,5 72,47 ± 16,66 Farelo de Soja 2.633 ± 251,8 2.651 ± 266,6 46,29 ± 5,76 Semente de Linhaça 2.477 ± 304,5 2.492 ± 324,0 32,11 ± 5,26 Casca + Polpa de Abacaxi 1.323 ± 150,0 1.274 ± 143,2 42,11 ± 3,94 1 Obtidos de cinco observações; 2 Valores expressos em kcal por kg de matéria natural.

Os valores de EMA e EMAn do milho foram de 3.124 e 3.122 kcal por kg de

matéria natural, respectivamente, sendo inferiores aos obtidos por FURLAN et al.

(1998b), que encontraram valores de 3.444 e 3.429, respectivamente, quando

trabalharam com codornas japonesas machos com 65 dias de idade, e por ALBINO

et al. (1986), que obtiveram 3.992 e 3.909 kcal de EMA e EMAn por kg,

respectivamente, quando utilizaram frangos com quarenta e dois dias de idade.

Alguns fatores podem alterar os valores de EMA e EMAn dos alimentos. A

diferença entre idade de codornas pode ser provável causa sobre a diferença

observada entre os valores obtidos neste trabalho com os de FURLAN et al. (1998b).

Codornas mais velhas provavelmente têm maior capacidade de aproveitar a energia

do milho do que codornas mais jovens.

Quando se comparam valores de EMA e EMAn do milho entre codornas

japonesas e frangos de corte, pode-se constatar que a diferença encontrada entre

valores energéticos foi maior do que a variação de valores de energia metabolizável

(EM) entre codornas com idades diferentes, caracterizando a existência de

diferenças anatômicas, histológicas e de tamanho e comprimento do trato

gastrintestinal entre estas espécies. Contudo, esta variação não corrobora as

observações de MURAKAMI (1998), que encontrou valores semelhantes de EM do

milho quando testado com codornas e galinhas.

Segundo as tabelas brasileiras para aves e suínos (ROSTAGNO et al.,

2000), o valor de EMAn do milho foi de 3.371 kcal por kg de matéria natural, quando

testado em aves de diferentes idades (galos, galinhas poedeiras e pintos). O valor

de 3.122 kcal por kg de matéria natural para o milho, obtido no presente trabalho, é

41

7,4 % inferior ao valor relacionado nas tabelas brasileiras, caracterizando as

diferenças encontradas na literatura sobre recomendações de exigências de energia

metabolizável (EM), haja vista que o valor apresentado nas tabelas brasileiras tem

sido utilizado como referencial nas formulações de rações para codornas.

O valor de matéria seca metabolizável aparente (MSMA) do milho

encontrado no presente trabalho (82,95 %) foi similar ao encontrado por ALBINO et

al. (1986), que obtiveram 82,91 % trabalhando com frangos com quarenta e dois

dias de idade. Mesmo considerando a diferença entre espécies de aves, essa

pequena ou quase inexistente variação entre valores pode consolidar as

observações feitas por HAN et al. (1976), que mencionaram que a MSMA pode se

constituir em um excelente parâmetro para estimar a EM de alimentos ricos em

carboidratos e com baixo conteúdo em fibra bruta.

Os valores obtidos neste trabalho referentes à energia metabolizável

aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de

nitrogênio (EMAn) do colorífico foram de 3.152 e 3.102 kcal por kg de matéria

natural, respectivamente. O colorífico é um produto constituído pela mistura de fubá

com urucum em pó ou extrato oleoso de urucum, adicionado ou não de sal e de

óleos comestíveis. Não foram encontrados valores de EM do colorífico na literatura,

haja vista que se trata de um alimento pouco freqüente na formulação de rações,

entretanto, pela sua constituição, pode-se deduzir que seus valores de EMA e EMAn

devem ficar próximos aos do milho. Essa dedução pôde ser confirmada, pois 3.152 e

3.102 kcal por kg de matéria natural foram bem próximos a 3.124 e 3.122 kcal por

kg, valores respectivos de EMA e EMAn encontrados para o milho.

O valor de MSMA para o colorífico foi de 82,30 %, bem próximo do

encontrado para o milho (82,95 %). A MSMA contida no colorífico foi facilmente

convertida em energia pelas codornas, fato que pode ser comprovado pelos valores

de EMA (3.152) e EMAn (3.102) do colorífico, em kcal por kg de matéria natural.

Os valores obtidos neste trabalho referentes à EMA e EMAn foram de 2.980

e 2.947 para a quirera de arroz e 8.065 e 7.940 kcal por kg de matéria natural para o

óleo de soja degomado, respectivamente. Comparando os mesmos alimentos, esses

valores são inferiores aos valores de EMAn da quirera de arroz, óleo de milho e óleo

de soja obtidos nas tabelas brasileiras de composição de alimentos (ROSTAGNO et

al., 2000), que foram de 3.273, 8.886 e 8.790 kcal por kg de matéria natural,

respectivamente, utilizando-se galinhas poedeiras. Em contrapartida, MURAKAMI

42

(1998) revelou que codornas e galinhas obtiveram valores de energia metabolizável

(EM) similares quando utilizaram alimentos ricos em carboidratos, como o milho e a

gordura (banha).

Foram encontrados os valores de 89,12 e 72,47 (%) para a matéria seca

metabolizável aparente (MSMA) da quirera de arroz e do óleo de soja degomado,

respectivamente. Esses resultados mostram que as codornas metabolizaram a maior

parte da matéria seca destes alimentos, convertendo-a em energia para seu

metabolismo, o que pode ser observado pelos valores de EM destes alimentos.

Os valores de energia metabolizável aparente (EMA) e energia

metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) do farelo de

soja foram de 2.633 e 2.651 kcal por kg de matéria natural. Estes valores são

ligeiramente superiores aos encontrados por FURLAN et al. (1998b), que obtiveram

2.565 e 2.593 kcal por kg de matéria natural, respectivamente, usando codornas

japonesas machos com idade de 65 dias. Esta concordância entre tais valores indica

que devem ser usados valores de EM específicos para codornas, em vez do uso de

valores de EM de alimentos testados com outras espécies de aves.

Nas tabelas brasileiras de composição de alimentos (ROSTAGNO et al.,

2000), é encontrado o valor de 2.266 kcal de EMAn por kg de matéria natural para o

farelo de soja com 45 % de proteína bruta, obtido com galinhas poedeiras. Esse

valor corresponde a, aproximadamente, 14,6 % a menos do que o valor obtido neste

trabalho (2.651 kcal por kg de matéria natural). Todavia, ALBINO et al. (1986)

encontraram 2.906 e 2.852 kcal de EMA e EMAn por kg, respectivamente, para o

farelo de soja testado em frangos com quarenta e dois dias de idade.

Do mesmo modo que ocorreu com os valores de EMAn do milho, houve

variação entre valores de EMAn do farelo de soja quando testado em diferentes

espécies. Outros experimentos sobre digestibilidade de alimentos devem ser

realizados a fim de se obter maior disponibilidade de dados para codornas

japonesas e ratificar as observações sobre o uso indevido de valores de EM de

alimentos testados com outras espécies de aves em rações de codornas.

Foi obtido o valor de 46,29 % para a MSMA do farelo de soja para codornas.

Este valor está próximo e pouco superior ao encontrado por ALBINO et al. (1986),

que mensuraram 42,74 % de MSMA para frangos com quarenta e dois dias de

idade.

43

Os valores de energia metabolizável aparente (EMA) e energia

metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) da semente de

linhaça foram de 2.477 e 2.492 kcal por kg de matéria natural (MN), sendo um pouco

inferiores aos de EMA (2.633) e EMAn (2.651) do farelo de soja. A moagem das

sementes antes do fornecimento às codornas possivelmente possibilitou um melhor

aproveitamento da energia dos nutrientes, principalmente da parte oleosa, o que

pode ter contribuído para a obtenção de valores satisfatórios de energia

metabolizável (EM), em relação ao baixo valor de matéria seca metabolizável

aparente (MSMA), que foi de 32,11 %.

Esse baixo valor provavelmente foi causado pelo seu conteúdo fibroso, que

promoveu aumento da taxa de passagem e, conseqüentemente, redução do tempo

de permanência da ração no trato gastrintestinal das codornas e aumento das

perdas. Essas perdas foram observadas com a mensuração do total de excretas das

codornas que receberam ração com semente de linhaça, que foi de 1,026 kg e

numericamente bem superior aos demais tratamentos (Quadro 5). Além disso, pode-

se constatar que o percentual de matéria seca das fezes das codornas que

receberam o tratamento com semente de linhaça (21,7 %) foi inferior numericamente

aos demais tratamentos (Quadro 2). A grande quantidade de excretas e o elevado

teor de umidade nas fezes (efeito higroscópico da fibra) podem, possivelmente,

caracterizar o baixo valor de MSMA.

Os valores de EMA e EMAn da casca + polpa de abacaxi (CPA) foram de

1.323 e 1.274 kcal por kg de MN. A literatura não disponibiliza valores de EMA e

EMAn da CPA, um subproduto da indústria do abacaxi cuja composição em pectina,

uma fibra solúvel em água, foi de 24,64 % na amostra seca ao ar, forma pela qual a

CPA foi utilizada nas rações, e 4,56 % na MN (Quadro 3). O valor de EM obtido

indica que as codornas não metabolizam com eficiência a energia contida neste

alimento, possivelmente porque elas não possuem a enzima pectinase e pelo efeito

higroscópico da pectina no trato gastrintestinal, que ocasionou a excreção de 0,878

kg de fezes (Quadro 5) com 25,8 % de matéria seca (Quadro 2). Esta reduzida

metabolização da energia pode ser confirmada pelo baixo valor de MSMA (42,11 %).

44

CONCLUSÕES

1. Os valores de energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de

nitrogênio dos alimentos energéticos milho, quirera de arroz e óleo de soja

degomado foram de 3.122, 2.947 e 7.940 kcal por kg de matéria natural,

respectivamente, sendo bastante inferiores aos valores de energia metabolizável

aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio desses alimentos expressos na

literatura.

2. O valor de energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio

do farelo de soja foi de 2.651 kcal por kg de matéria natural, sendo similar ao

reportado na literatura, quando o farelo de soja foi testado com codornas

japonesas, mas bastante superior ao valor de energia metabolizável aparente

corrigida pelo balanço de nitrogênio encontrado nas tabelas brasileiras de

composição de alimentos, quando o farelo de soja foi testado com outras

espécies de aves.

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Departamento de Zootecnia, 141p.

SILVA, D.J. (1990) Análise de alimentos (Métodos químicos e biológicos). 2 ed.

Viçosa - MG: UFV, Imprensa Universitária, 165 p.

46

PIGMENTAÇÃO DE GEMAS DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS

ALIMENTADAS COM RAÇÕES CONTENDO COLORÍFICO

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar o grau de pigmentação de gemas de ovos

de codornas japonesas alimentadas com rações contendo níveis diferentes de

colorífico. Foram utilizadas 240 codornas japonesas (Coturnix japonica) fêmeas, em

delineamento experimental de blocos inteiramente casualizados, com oito

tratamentos, cinco repetições e seis codornas por unidade experimental. Os

tratamentos foram constituídos por oito rações experimentais oriundas da

combinação de quatro níveis de colorífico na ração (0, 1,5, 3,0 e 4,5 %) x duas

fontes energéticas (milho e quirera de arroz). Nos dias 7, 14, 21 e 28 do

experimento, os resultados estimados de máxima coloração de gemas ocorreram

com o uso de 3,15; 2,91; 2,97 e 2,77 % de colorífico nas rações, respectivamente,

que equivalem a estimativas de escores máximos de CG iguais a 9,63; 10,19; 10,34

e 11,08 pontos no leque colorimétrico da Roche, respectivamente. Codornas

alimentadas com rações à base de milho apresentaram gemas de ovos mais

pigmentadas do que as gemas de ovos de codornas que receberam rações à base

de quirera de arroz, em todos os níveis de colorífico utilizados nas rações,

independente do dia experimental. À medida que a idade aumentou, houve

incorporação linear de pigmentos nas gemas, em todos os níveis de colorífico

utilizados nas rações, independente da fonte energética.

Palavras-chave: bixina, codorna japonesa, colorífico, pigmentação de gema de ovo,

quirera de arroz

ABSTRACT

The objective of the research was to evaluate the egg yolk colour grade of

japanese quails fed on rations with different levels of spice. Two hundred and forty

japanese female quails (Coturnix japonica) were used in a completely randomized

block design, with eight treatments, five replicates and six quails per experimental

unit. The treatments consisted of eight experimental rations derived from the

47

combination of four spice levels in the rations (0, 1,5, 3,0 e 4,5 %) x two energetic

sources (corn and broken rice grains). On the 7th, 14th, 21st and 28th experimental

days, the estimated results for maximum yolk colour occurred with the use of 3,15;

2,91; 2,97 e 2,77 % of spice rations, respectively, that are equal to maximum egg

yolk colour scores of 9,63; 10,19; 10,34 and 11,08 points by Roche colorimetric fan,

respectively. Quails fed on corn based rations had greater egg yolk colour than egg

yolk colour of quails that received broken rice grains based rations, in all spice levels

used in the rations, independent of the experimental day. As long as age increased,

linear incorporation of egg yolk pigments occurred, in all spice levels used in the

rations, independent of the energetic source. Key words: bixin, broken rice grains, egg yolk colour, japanese quail, spice

INTRODUÇÃO

Dentre os atributos sensoriais, a cor tem sido correlacionada como indicador

de qualidade da maioria dos alimentos, exercendo papel importante no que se refere

à aceitação dos alimentos pelos consumidores.

Em escala comercial e de forma idêntica à produção de ovos de galinhas

poedeiras, os ovos de codornas são produzidos por meio do fornecimento, às

codornas, de rações de postura à base de milho amarelo e farelo de soja, o que tem

garantido uma pigmentação de gema que varia do amarelo ao laranja. Esta cor é

oriunda da incorporação de xantofilas presentes no milho, principalmente luteína e

zeaxantina.

Embora não ocorra rejeição, é comum a visualização, no momento de seu

consumo, de gemas de ovos de codornas produzidos com pouca coloração. A

intensidade de cor das gemas dos ovos de codornas encontrados no mercado tem

variado em função dos diferentes níveis de inclusão do milho amarelo nas rações de

poedeiras comerciais. Vale realçar que o incremento da pigmentação das gemas “in

natura” resulta em maior pigmentação das gemas cozidas, a forma mais comum de

consumo de ovos de codornas.

Do ponto de vista do criador de aves, a obtenção de gemas com coloração

mais intensa ainda não permite que os ovos alcancem um maior valor comercial no

mercado. Todavia, do ponto de vista nutricional e conseqüentemente de saúde

48

pública, a intensidade da pigmentação de gemas deve ter outro significado, haja

vista os importantes efeitos fisiológicos no organismo humano atribuído aos

carotenóides, substâncias que têm sido relacionadas como agentes preventivos de

diversas patologias. A bixina, carotenóide predominante nos coloríficos, têm sido

mencionada como uma das substâncias naturais mais efetivas na eliminação de

radicais livres, os quais podem causar patologias como câncer, arteriosclerose, entre

outras (LEVY et al., 1997).

Muitas pesquisas têm mostrado ser possível e viável modular a

concentração de alguns nutrientes, em produtos de origem animal, por meio da

manipulação nutricional das rações. A produção de gemas de maior pigmentação e,

conseqüentemente, com maior deposição de carotenóides, pode ser obtida pela

inclusão de corantes lipossolúveis às rações.

A maior exigência dos consumidores por produtos saudáveis e as proibições

legais de uso de corantes sintéticos às rações animais e a alimentos de consumo

humano têm promovido crescente aceitação na incorporação de corantes naturais a

tais alimentos. O urucum (Bixa orellana L) tem sido o mais usado pela indústria

brasileira, representando cerca de 90% dos corantes naturais usados no Brasil e

70% no mundo. Suas preparações têm sido usadas para colorir queijos, pães, óleos,

cereais, entre outros. Do total de sementes de urucum produzidas no Brasil, cerca

de 75% são usadas na fabricação do colorífico, totalmente consumido no mercado

interno e definido pela Resolução 12/78 da Comissão Nacional de Normas e

Padrões para Alimentos do Ministério da Saúde (CNNPA-MS) como um produto

constituído pela mistura de fubá ou farinha de mandioca com urucum em pó ou

extrato oleoso de urucum, adicionado ou não de sal e de óleos comestíveis

(TOCCHINI e MERCADANTE, 2001).

Embora o uso do colorífico seja quase que exclusivamente de uso

doméstico, pois tem emprestado cor avermelhada a alimentos como o arroz, bifes,

frangos, farofas, molhos, entre outros, seu uso em rações de poedeiras pode

constituir-se em alternativa viável para a obtenção de gemas de ovos de codornas

mais pigmentadas, haja vista a elevada proporção do carotenóide lipossolúvel bixina

e a facilidade de obtenção do produto no mercado. Por outro lado, a grande variação

nos teores de bixina encontrados em diversas amostras de colorífico se constitui em

um fator negativo quanto a sua inclusão na alimentação de poedeiras.

49

Pesquisas têm sido realizadas aproveitando-se o potencial de pigmentação

do urucum na pigmentação de gemas de ovos de poedeiras, principalmente quando

se utiliza uma fonte energética isenta de pigmentos, como o sorgo, a quirera de

arroz, entre outras, em substituição ao milho amarelo.

O uso de 500, 1000, 1500 e 2000 ppm de extrato oleoso de urucum

aumentou linearmente a coloração das gemas dos ovos de galinhas poedeiras,

produzidos durante dois ciclos de 28 dias. A mesma cor de gema foi obtida quando

se comparou o resultado obtido com o uso de ração com 63 % de sorgo, adicionada

de 2000 ppm de bixina, com a ração contendo 61 % de milho e sem bixina. A

produção e o peso dos ovos, o consumo de ração e a conversão alimentar não

foram afetados pelos tratamentos (PEREIRA et al., 2000).

Em rações à base de milho contendo 0; 0,05; 0,10; 0,15 e 0,20 % de extrato

oleoso de urucum, houve intensificação da cor das gemas dos ovos de poedeiras à

medida que os níveis de extrato foram aumentados. Entretanto, o extrato oleoso de

bixina não interferiu na produção e qualidade interna dos ovos, no consumo de

ração e na conversão alimentar (PEREIRA et al., 2001).

Poedeiras leves e pesadas que receberam rações contendo 21,45 % de

farelo de soja, 25,45 % de milho, 41,4 % de sorgo e 0,10 % de extrato de urucum

produziram ovos com coloração de gemas similar às aves que receberam a ração

referência (22,85 % de farelo de soja e 63,66 % de milho). Os valores de

pigmentação de gemas, obtidos por meio do leque colorimétrico da Roche, foram de

5,10 e 5,02, para as poedeiras leves, e 5,83 e 5,35 para as poedeiras pesadas

tratadas com ração referência e com ração com sorgo + 0,10 % de extrato de

urucum, respectivamente. A adição de 0,45 % de extrato de urucum à ração

contendo sorgo produziu pigmentação da gema de ovos de poedeiras leves igual a

8,87 pontos no leque da Roche, valor dentro da faixa referencial para aves caipiras,

que gira em torno de 8,5 - 9,0 pontos (SILVA et al., 2000).

De outro modo, outros estudos têm sido realizados a fim de avaliar a

inclusão de fontes de xantofilas diferentes do colorífico, em rações de aves, e dessa

forma avaliar a eficiência de incorporação de pigmentos nas gemas ao longo de um

período. CHEN e BAILEY (1988) observaram que galinhas poedeiras colocaram

ovos cujas gemas alcançaram um platô (pigmentação máxima) entre a terceira e

quarta semana após a inclusão do feno de capim bermuda.

50

Sendo assim, esta pesquisa teve o objetivo de verificar o efeito da inclusão

de diferentes níveis de colorífico, em rações de codornas japonesas em postura,

sobre a pigmentação das gemas dos ovos “in natura”.

MATERIAL E MÉTODOS

Local do experimento O experimento foi realizado no Núcleo de Pesquisa do Laboratório de

Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), situado na Escola Técnica Estadual Agrícola

“Antônio Sarlo”, Campus Experimental da Universidade Estadual do Norte

Fluminense (UENF), localizada no município de Campos dos Goytacazes. Distribuição das codornas no delineamento experimental e tratamentos

Foram utilizadas 240 codornas japonesas (Coturnix japonica) fêmeas, em

delineamento experimental de blocos inteiramente casualizados, com cinco

repetições de seis codornas por unidade experimental. Os tratamentos, constituídos

por oito rações experimentais oriundas da combinação de quatro níveis de colorífico

na ração (0; 1,5; 3,0 e 4,5 %) x duas fontes energéticas (milho e quirera de arroz),

foram casualizados em cada bloco e distribuídos nas parcelas, enquanto os quatro

períodos experimentais constituíram as subparcelas. Cada bloco foi composto por

duas gaiolas, que correspondeu a um nível de altura de gaiolas inseridas em

baterias de madeira, e teve a finalidade de eliminar uma possível influência da

luminosidade nos cinco diferentes andares de gaiolas. Alojamento das codornas nas instalações e manejo

As 240 codornas (80 dias de idade) foram alojadas em galpão de alvenaria

com piso cimentado, telhas de barro, telas de arame da mureta lateral ao teto e sem

cortinas laterais, contendo duas baterias de madeira, as quais agruparam dez

gaiolas metálicas de quatro divisões internas cada. Cada gaiola mediu 1,00 m de

comprimento x 0,34 m de largura x 0,24 m de altura e abrigou 24 codornas, que

receberam água e ração à vontade, em bebedouros e comedouros de chapa

galvanizada, respectivamente, e 24 horas de luz diária, seja natural ou artificial, durante todo o período experimental (80° ao 108° dia de idade).

51

Durante todo o período experimental, a amplitude de temperatura no interior

do galpão, registrada por meio de um termômetro de máxima e mínima, variou de 19,5 a 33 °C. A temperatura matinal, registrada entre 8:00 e 10:30 horas, variou de

21 a 26,5°C.

Antes do início do experimento, o ambiente experimental foi limpo e

desinfetado. Os bebedouros foram limpos diariamente e a limpeza das bandejas

coletoras de fezes foi feita de dois em dois dias.

Rações experimentais

Antes do experimento, por um período de 43 dias, as codornas receberam

ração formulada para conter níveis mínimos ou nulos de pigmentos, visando a

esgotar o estoque de pigmentos contido no organismo das mesmas. Essa ração

apresentou 46,00 % de quirera de arroz; 36,83 % de farelo de soja; 1,23 % de

fosfato bicálcico; 5,34 % de calcário; 0,11 % de DL-metionina; 0,27 % de cloreto de

sódio; 6,99 % de óleo de soja refinado; 2,83 % de inerte e 0,40 % de suplemento

mineral e vitamínico. Os valores nutricionais calculados foram de 2.900 kcal de

energia metabolizável por kg de ração; 21 % de proteína bruta; 0,83 % de metionina

+ cistina; 0,54 % de metionina; 1,15 % de lisina; 0,78 % de treonina; 2,50 % de

cálcio; 0,35 % de fósforo disponível; 0,15 % de sódio e 7,88 % de extrato etéreo.

A partir do 80° dia de idade, as codornas receberam rações experimentais,

que foram formuladas para conterem valores iguais de energia metabolizável,

proteína bruta, cálcio, fósforo disponível, metionina + cistina, metionina e lisina. A

composição percentual das rações experimentais e os respectivos valores

nutricionais calculados encontram-se apresentados no Quadro 1.

52

Quadro 1. Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações experimentais

Ingredientes (%) Rações experimentais Colorífico - 1,50 3,00 4,50 - 1,50 3,00 4,50 Milho 46,00 46,00 46,00 46,00 - - - - Quirera de Arroz - - - - 46,00 46,00 46,00 46,00 Farelo de Soja 36,73 36,52 36,29 36,06 36,83 36,61 36,40 36,17 Fosfato Bicálcico 1,21 1,20 1,20 1,20 1,23 1,23 1,23 1,23 Calcário 5,40 5,40 5,40 5,40 5,34 5,34 5,34 5,34 DL-Metionina 0,12 0,12 0,12 0,12 0,11 0,11 0,11 0,11 Cloreto de Sódio 0,28 0,28 0,28 0,28 0,27 0,27 0,26 0,26 Óleo de Soja Refinado 6,07 5,60 5,14 4,68 6,99 6,52 6,06 5,60 Inerte 3,79 2,98 2,17 1,36 2,83 2,02 1,20 0,39 Suplemento Mineral Vitamínico1 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 Nutrientes calculados (%) EM (kcal por kg de ração) 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 2.900 Proteína Bruta 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 21,00 Metionina + Cistina 0,86 0,86 0,86 0,86 0,83 0,83 0,83 0,83 Metionina 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 0,54 Lisina 1,14 1,13 1,13 1,13 1,15 1,15 1,15 1,15 Treonina 0,80 0,81 0,81 0,81 0,78 0,78 0,79 0,79 Cálcio 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 2,50 Fósforo Disponível 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 0,35 Sódio 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 Extrato Etéreo 8,17 7,75 7,34 6,92 7,88 7,46 7,05 6,63

1- Quantidades em 1000 g: vit. A, 2.500.000 UI; vit. D3, 625.000 UI; vit. E, 3.750 UI; vit. K3, 500 mg; vit. B1, 500 mg; vit. B2, 1.000 mg; vit. B6, 1.000 mg; vit. B12, 3.750 mcg; niacina, 7.500 mg; ác. pantotênico, 4.000 mg; biotina, 15 mg; ác. fólico, 125 mg; colina, 75.000 mg; metionina, 250.000 mg; Se, 45 mg; I, 175 mg; Fe, 12.525 mg; Cu, 2.500 mg; Mn, 19.500 mg; Zn, 13.750 mg; avilamicina, 20.000 mg; BHT, 500 mg; vit. C, 12.500 mg.

Para cálculo das rações experimentais, consideraram-se os valores de

energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) do

milho, farelo de soja, quirera de arroz, colorífico e óleo de soja degomado,

determinados em ensaio de digestibilidade prévio utilizando-se codornas japonesas

fêmeas. O valor energético do óleo de soja refinado foi extrapolado do valor de

EMAn obtido com o teste do óleo de soja degomado.

Em relação à DL-metionina, foram considerados os valores tabelados de

EMAn, determinados com pintos, galos e galinhas poedeiras de diferentes idades

(ROSTAGNO et al., 2000).

No cálculo das rações experimentais, foram utilizados os valores de matéria

seca e proteína bruta do milho, farelo de soja, quirera de arroz e colorífico,

determinados no Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), do Centro de

53

Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da Universidade Estadual do Norte

Fluminense (UENF), segundo metodologia proposta por SILVA (1990). Para

cômputo nas rações experimentais, os valores de cálcio e fósforo total dos alimentos

mencionados foram analisados no Laboratório de Solos da Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro, campus Dr. Leonel Miranda, situado na cidade de Campos

dos Goytacazes (Quadro 2).

Quadro 2. Composição bromatológica (%) de alguns ingredientes utilizados nas rações experimentais, expressa na base da matéria natural

Ingredientes Matéria Seca Proteína Bruta Cálcio Fósforo Total Milho 86,77 7,99 0,04 0,32 Farelo de soja 87,77 46,81 0,29 0,63 Quirera de arroz 86,27 7,89 0,07 0,29 Colorífico 88,30 7,00 0,05 0,15

Exceto os nutrientes cujas análises foram mencionadas, todas as rações

foram formuladas de acordo com as composições químicas dos ingredientes

segundo ROSTAGNO et al. (2000) e adequadas às exigências nutricionais para

codornas japonesas segundo o NRC (1994), com exceção dos níveis de proteína

bruta, metionina e lisina. Variáveis avaliadas

Foi avaliada a cor das gemas no 87°; 94°; 101° e 108° dias de idade. O

consumo de ração (g), a conversão alimentar em quantidade de ração consumida

por dúzia e grama de ovos, o percentual de postura e o peso médio dos ovos (g)

foram avaliados no período total (80 a 108 dias de idade). O peso (g) das codornas foi avaliado no 80° e 108° dias de idade.

Coleta de dados

As rações de cada unidade experimental foram pesadas em sacos de

plástico transparente, identificadas e acondicionadas em baldes plásticos com tampa

no 80º dia de idade. O consumo médio de ração por codorna, em cada tratamento e

repetição, foi medido no 108º dia de idade, por diferença entre o total de ração dos

sacos antes e após o consumo pelas codornas, computando-se as sobras de ração

nos comedouros.

54

A avaliação do ganho de peso e do peso das codornas foi obtida pesando-se

as aves dentro de caixa de papelão limpa e de peso conhecido, usando balança

digital, no 80º e 108º dia de idade. A conversão alimentar, expressa em quantidade

de ração consumida por dúzia de ovo produzida, foi calculada pela divisão entre o

consumo de ração e a quantidade de dúzias de ovos produzida em cada tratamento

(média de cinco repetições). Para calcular a conversão alimentar em quantidade de

ração consumida por grama de ovo produzido, dividiram-se os valores médios de

consumo de ração pelos de peso dos ovos, registrados em cada repetição de cada

tratamento.

O percentual de postura foi registrado diariamente, considerando-se o

número de codornas por unidade experimental, porém seu valor médio foi calculado

no período total.

Para cálculo do peso médio dos ovos, dois ovos de cada unidade

experimental, colocados no primeiro, quarto e sétimo dia de cada semana (três

vezes por semana), foram pesados imediatamente após a coleta, que foi feita na

parte da manhã do dia consecutivo à postura. Os valores médios de cada tratamento

foram calculados pela média dos pesos dos ovos das respectivas repetições.

Na manhã dos dias 8, 15, 22 e 29 do experimento, 80 ovos (dez por

tratamento e dois por repetição) produzidos nos dias 7, 14, 21 e 28 foram coletados

aleatoriamente, identificados com caneta para retro-projetor e acondicionados em

embalagens apropriadas para ovos de codorna. Na parte da tarde, após cada coleta,

um ovo por vez foi aberto por meio de quebra da casca na região da câmara de ar e

sua gema foi separada do albúmem e dos resíduos de chalazas e membranas por

retirada manual, sendo colocada em tampa plástica disposta em superfície lisa, de

cor branca e de pequena profundidade. A cor de cada gema de ovo “in natura” foi

visualmente comparada e classificada utilizando-se um leque colorimétrico da Roche

(escore de um a quinze). A tampa plástica foi limpa e seca após cada classificação.

Procedimentos estatísticos

Para análise dos dados de coloração de gemas, utilizou-se o seguinte

modelo estatístico:

Yijkl = m + Bk + Ci + Fj + CFij + eijk + Dl + CDil + FDjl + CFDijl + eijkl.

Em que,

55

Yijkl = Observação individual média no nível i de colorífico da ração, na classe j de

fonte energética da ração, no bloco k e no dia experimental l.

m = Média geral.

Bk = Efeito dos blocos; k = (1, 2, 3, 4 e 5).

Ci = Efeito dos níveis de colorífico da ração; i = (1, 2, 3 e 4).

Fj = Efeito da fonte energética da ração; j = (1 e 2).

CFij = Efeito de interação dos níveis de colorífico com a fonte energética da ração.

eijk = Erro aleatório da parcela associado a cada observação ijk.

Dl = Efeito do dia experimental; l = (1, 2, 3 e 4).

CDil = Efeito de interação dos níveis de colorífico da ração com o dia experimental.

FDjl = Efeito de interação da fonte energética da ração com o dia experimental.

CFDijl = Efeito de interação tripla níveis de colorífico vs fonte energética vs dia

experimental.

eijkl = Erro aleatório da subparcela associado a cada observação ijkl.

Para a análise do percentual de postura, peso médio dos ovos, consumo de

ração, ganho de peso, peso e conversão alimentar, foi utilizado o seguinte modelo

estatístico:

Yijk = m + Bk + Ci + Fj + CFij + eijk.

Em que,

Yijk = Observação individual média no nível i de colorífico da ração, na classe j de

fonte energética da ração e no bloco k.

m = Média geral.

Bk = Efeito dos blocos; k = (1, 2, 3, 4 e 5).

Ci = Efeito dos níveis de colorífico da ração; i = (1, 2, 3 e 4).

Fj = Efeito da fonte energética da ração; j = (1 e 2).

CFij = Efeito de interação dos níveis de colorífico com a fonte energética da ração.

eijk = Erro aleatório associado a cada observação ijk.

Os efeitos dos níveis de colorífico da ração e dos dias experimentais sobre

as diversas variáveis foram verificados pela análise de variância e estimados por

meio de equações polinomiais, respeitando-se as interações significativas,

porventura existentes, entre os fatores incluídos no modelo.

Os efeitos de fonte energética da ração foram comparados por meio do teste

F, ao nível de 5 % de probabilidade.

56

Todas as análises estatísticas foram efetuadas usando-se o programa SAEG

(Sistema de análises estatísticas e genéticas), desenvolvido na Universidade

Federal de Viçosa - UFV (1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Coloração de gema (CG) As interações nível de colorífico vs dia experimental e nível de colorífico vs

fonte energética e o efeito isolado de nível de colorífico, fonte energética e dia

experimental foram significativos (P≤0,05).

Observou-se efeito quadrático do nível de colorífico sobre a CG de ovos de

codornas nos dias experimentais 7, 14, 21 e 28, independente da fonte energética

da ração. Nos dias 7, 14, 21 e 28 do experimento, as estimativas de máxima CG

ocorreram com o uso de 3,15; 2,91; 2,97 e 2,77 % de colorífico nas rações,

respectivamente, que equivalem a estimativas de escores máximos de CG iguais a

9,63; 10,19; 10,34 e 11,08 pontos no leque da Roche, respectivamente (Quadro 3).

Estes resultados mostram que o uso de níveis superiores a 3,15 % de

colorífico, em rações contendo 46,00 % de milho ou quirera de arroz, causa redução

na eficiência de incorporação de pigmentos pela saturação de sua capacidade de

armazenamento nas gemas. Essa baixa eficiência pôde ser visualmente observada

e comprovada no decorrer do experimento, visto que as fezes das codornas que

receberam rações com 3,0 e 4,5 % de colorífico se apresentavam com intensa

coloração vermelha, o que significa elevada perda de pigmentos ou baixa taxa de

absorção de bixina.

Quadro 3. Equações de regressão de coloração de gema em função do nível de

colorífico (C), avaliadas em cada dia experimental (D)

Fonte de variação Equações CG máxima R2 C/D7 Ŷ = 3,59 + 3,84 X - 0,61 X2 9,63 1,00 C/D14 Ŷ = 3,73 + 4,43 X - 0,76 X2 10,19 1,00 C/D21 Ŷ = 4,07 + 4,22 X - 0,71 X2 10,34 0,99 C/D28 Ŷ = 4,89 + 4,48 X - 0,81 X2 11,08 1,00

D7 - 7º dia do experimento; D14 - 14º dia do experimento; D21 - 21º dia do experimento; D28 - 28º dia do experimento.

57

Observou-se efeito quadrático do nível de colorífico sobre a CG de ovos de

codornas alimentadas com rações contendo milho e quirera de arroz, independente

do dia experimental (Quadro 4). Os níveis de colorífico que reproduziram estimativas

de máxima coloração de gema foram de 3,15 e 2,80 %, em rações à base de milho e

quirera de arroz, respectivamente. As estimativas de escores máximos de CG foram

de 10,67 pontos, para o uso de colorífico em rações com milho, e 9,91 pontos no

leque da Roche, para o uso de colorífico em rações contendo quirera de arroz.

Estes resultados indicam que não são recomendados os usos de níveis

superiores a 3,15 % de colorífico, em rações à base de milho, e 2,80 % de colorífico,

em rações à base de quirera de arroz, porque ocorre saturação da capacidade de

incorporação e armazenamento de pigmentos nas gemas.

Os usos de 3,0 % de colorífico, em rações à base de quirera de arroz, e de

1,5 % de colorífico, em rações à base de milho, produziram CG estimada igual a

9,87 e 9,29 pontos no leque da Roche (Quadro 4), respectivamente. Estas

estimativas são similares à encontrada por SILVA et al. (2000), que obtiveram o

valor médio de 8,87 pontos em gemas de ovos de galinhas poedeiras leves

alimentadas com ração contendo 25,45 % de milho, 41,40 % de sorgo, 21,45 % de

farelo de soja e com a adição de 0,45 % de extrato de urucum. Esta semelhança

entre valores de CG pode estar associada ao teor de bixina do extrato de urucum e

do colorífico e ao percentual de uso nas rações.

Quadro 4. Equações de regressão de coloração de gema em função do nível de colorífico (C), avaliadas em cada fonte energética (FE)

Fonte de variação Equações CG máxima R2 C/FE1 Ŷ = 5,62 + 3,21 X - 0,51 X2 10,67 1,00 C/FE2 Ŷ = 2,52 + 5,27 X - 0,94 X2 9,91 1,00

FE1 - milho; FE2 – quirera de arroz. Gemas de ovos de codornas alimentadas com rações à base de milho foram

mais pigmentadas (P≤0,05) do que gemas de ovos de codornas alimentadas com

rações à base de quirera de arroz, em todos os níveis de colorífico utilizados nas

rações, independente do dia experimental (Quadro 5 e Figura 1). Isto evidencia a

contribuição dos carotenóides presentes no milho na coloração das gemas.

58

As codornas alimentadas com ração contendo quirera de arroz e colorífico

apresentaram maiores valores médios de coloração de gema do que codornas

alimentadas com rações contendo milho e que receberam níveis de colorífico

imediatamente inferiores aos utilizados em rações com quirera de arroz (Quadro 5).

Esses resultados indicam que este colorífico é um agente pigmentante eficaz em

rações de aves, pois o uso de níveis mais elevados de colorífico, em rações à base

de quirera de arroz, suplantou a contribuição dos carotenóides do milho.

Quadro 5. Médias de coloração de gema de ovos de codornas japonesas

alimentadas com rações contendo milho ou quirera de arroz, referentes a cada nível de colorífico (C)

Fonte de energia Nível de colorífico (%) 0 1,5 3,0 4,5 Milho 5,07* 8,50* 10,55* 11,92* Quirera de arroz 1,50 6,95 9,65 11,35 * Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade.

Figura 1. Diferença visual entre cor de gemas de ovos de codornas alimentadas com rações à base de milho (M) e quirera de arroz (Q), nos diversos níveis de colorífico (0; 1,5; 3,0 e 4,5 %).

59

Houve efeito linear positivo de dia experimental sobre a coloração de gema

(CG) em todos os níveis de colorífico das rações, independente da fonte energética

utilizada nas rações (Quadro 6). Entre o sétimo e o vigésimo oitavo dia do

experimento, as estimativas médias de coloração de gema variaram de 2,76 a 3,79;

6,93 a 8,53; 9,53 a 10,66 e 11,11 a 12,14 pontos no leque da Roche, para codornas

alimentadas com 0; 1,5; 3,0 e 4,5 % de colorífico na ração, respectivamente.

Estes resultados demonstraram que, à medida que a idade aumentou,

ocorreu baixa incorporação de pigmentos nas gemas. Isto pode ser evidenciado pela

pequena magnitude dos coeficientes angulares das equações de regressão. CHEN

e BAILEY (1988) não observaram este comportamento quando avaliaram, ao longo

de quatro semanas, o efeito da inclusão de 0; 3; 6 e 9 % de feno de capim bermuda

como única fonte de xantofilas em rações para galinhas poedeiras submetidas a um

período prévio de quatorze dias de depleção de xantofilas. A pigmentação das

gemas alcançou um platô, na escala de pontos do leque da Roche, após três

semanas de alimentação, em cada nível de inclusão do feno de capim bermuda.

Quadro 6. Equações de regressão de coloração de gema em função do dia experimental (D), avaliadas em cada nível de colorífico (C)

Fonte de variação Equações R2 D/C0 Ŷ = 2,42 + 0,049 X 0,82 D/C1,5 Ŷ = 6,40 + 0,076 X 0,88 D/C3 Ŷ = 9,15 + 0,054 X 0,60 D/C4,5 Ŷ = 10,77 + 0,049 X 0,99

C0 – 0 % de colorífico; C1,5 – 1,5 % de colorífico; C3 – 3 % de colorífico; C4,5 – 4,5 % de colorífico.

Consumo de ração (CR)

Houve efeito significativo (P≤0,05) para a interação fonte energética vs

níveis de colorífico e para o efeito de fonte energética. O efeito isolado de nível de

colorífico foi não-significativo (P>0,05).

À medida que os níveis de colorífico foram aumentados, observou-se uma

redução do CR de codornas alimentadas com rações à base de milho e um aumento

linear do CR de codornas que receberam quirera de arroz nas rações (Quadro 7). Os

resultados indicam que, em rações à base de milho, as quais já contêm pigmentos, o

uso crescente de colorífico prejudicou o CR das codornas. Contudo, em rações à

base de quirera de arroz, observa-se que a adição de colorífico favoreceu o CR das

60

codornas. Esses resultados são discordantes dos apresentados por PEREIRA et al.

(2000), SILVA et al. (2000) e PEREIRA et al. (2001), que não encontraram efeito da

inclusão de diferentes níveis de extrato oleoso de urucum (EU) sobre o consumo de

ração em poedeiras. As diferenças entre os resultados encontrados neste trabalho e

os observados na literatura talvez possam ser explicadas pela maior concentração

de bixina presente nas rações com colorífico, em relação às rações contendo EU.

Quadro 7. Equações de regressão do consumo de ração em função dos níveis de

colorífico (C), avaliadas em cada fonte energética (FE)

Fonte de variação Equações R2 C/FE1 Ŷ = 655,40 - 9,31 X 0,75 C/FE2 Ŷ = 507,25 + 12,12 X 0,76

FE1 - milho; FE2 – quirera de arroz.

O consumo de ração (CR) de codornas japonesas alimentadas com rações à

base de milho foi maior (P≤0,05) do que o CR de codornas que receberam quirera

de arroz, em todos os níveis de colorífico utilizados nas rações (Quadro 8).

Quadro 8. Médias do consumo de ração (g/ave) de codornas japonesas, referentes a

cada combinação de fonte energética (FE) vs níveis de colorífico (C)

Níveis de colorífico (%) FE 0,0 1,5 3,0 4,5

Milho 654,83* 649,61* 612,85* 620,54* Quirera 518,99 513,21 532,84 573,06

* Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade. É muito provável que os menores CR de codornas que receberam quirera de

arroz sejam atribuídos a algum fator presente na quirera de arroz que prejudicou o

CR, haja vista que foi observado um percentual maior (não registrado) de

mortalidade, durante os períodos de adaptação e experimental, em codornas

alimentadas com quirera de arroz. Esses resultados são divergentes dos

encontrados por SILVA et al. (2000), que não verificaram diferenças entre os valores

médios de CR de poedeiras alimentadas com ração referência à base de milho e

com rações à base de sorgo, suplementadas ou não com níveis crescentes de

extrato oleoso de urucum.

61

Embora explicado pelas equações de regressão (Quadro 7), vale mencionar

que a diferença entre valores de consumo de ração (CR) das codornas alimentadas

com milho e quirera de arroz foi reduzida com o uso de 3,0 e, principalmente, 4,5 %

de colorífico em rações à base de quirera de arroz (Quadro 8). Com base na

melhora do CR, pode-se afirmar que os pigmentos oriundos do colorífico interferiram

no metabolismo e, conseqüentemente, no desempenho das codornas que

receberam quirera de arroz.

Peso médio dos ovos (PMO)

Houve efeito significativo (P≤0,05) para a interação fonte energética vs nível

de colorífico. Os efeitos isolados de fonte energética e nível de colorífico foram não-

significativos (P>0,05).

Observou-se efeito linear negativo dos níveis de colorífico sobre o PMO de

codornas japonesas alimentadas com rações à base de milho. Entretanto, codornas

alimentadas com rações à base de quirera de arroz apresentaram PMO mais

elevados à medida que os níveis de inclusão do coloríficos foram aumentados nas

rações, embora o coeficiente de determinação encontrado (0,45) mostre que houve

grande dispersão dos dados, o que dificulta sua avaliação (Quadro 9).

Esses resultados são discordantes dos apresentados por SILVA et al.

(2000), que não encontraram efeito na adição de 0; 0,1; 0,2; 0,3; 0,4; 0,5 e 0,6 % de

extrato oleoso de urucum (EU) sobre o PMO de galinhas poedeiras no segundo ciclo

de produção, e por PEREIRA et al. (2000), que não observaram efeito na adição de

500; 1000; 1500 e 2000 ppm de EU sobre o PMO de poedeiras durante dois ciclo de

28 dias. Essas divergências possivelmente podem ser atribuídas à maior

concentração de bixina nas rações com colorífico, em relação às rações com EU.

Quadro 9. Equações de regressão de peso médio dos ovos em função do nível de

colorífico (C), avaliadas em cada fonte energética (FE)

Fonte de variação Equações R2 C/FE1 Ŷ = 10,67 – 0,095 X 0,70 C/FE2 Ŷ = 10,30 + 0,086 X 0,45

FE1 - milho; FE2 – quirera de arroz.

62

O peso médio dos ovos (PMO) de codornas alimentadas com rações à base

de milho foi maior (P≤0,05) do que o PMO de codornas que receberam quirera de

arroz, quando ambas as rações apresentaram 0 % de colorífico. Todavia, com o uso

de 3,0 % de colorífico nas rações, as codornas que receberam ração com quirera de

arroz apresentaram maior PMO (P≤0,05) do que aquelas que receberam rações à

base de milho. Quando se utilizaram 1,5 e 4,5 % de colorífico nas rações, os valores

médios de PMO de codornas alimentadas com rações à base de milho e quirera de

arroz não diferiram estatisticamente (P>0,05) (Quadro 10).

Quadro 10. Médias do peso médio (g) de ovos de codornas japonesas, referentes a

cada combinação de fonte energética (FE) vs nível de colorífico (C)

Níveis de colorífico (%) Fonte de energia 0,0 1,5 3,0 4,5 Milho 10,78* 10,37 NS 10,35* 10,31 NS

Quirera 10,37 10,22 10,78 10,61 * Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; NS - Não significativo (P>0,05). Percentagem de postura (PP), Conversão alimentar por dúzia de ovos (CAD) e Conversão alimentar por grama de ovos (CAG)

Em relação ao PP, à CAD e à CAG, somente houve efeito significativo

(P≤0,05) para o fator fonte energética. A interação fonte energética vs nível de

colorífico e o efeito isolado de nível de colorífico foram não-significativos (P>0,05).

Observou-se que codornas japonesas alimentadas com rações à base de

milho apresentaram maior PP e melhores CAD e CAG do que codornas que

receberam rações à base de quirera de arroz, independente do nível de colorífico

utilizado nas rações (Quadro 11).

Esses resultados são discordantes dos apresentados por SILVA et al.

(2000), que observaram que não houve diferença entre a PP e a conversão

alimentar de poedeiras alimentadas com rações à base de milho e com rações à

base de sorgo, suplementada ou não por níveis crescentes de extrato oleoso de

urucum.

63

Quadro 11. Médias do percentual de postura (PP) e da conversão alimentar por dúzia (CAD) e por grama (CAG) de ovos de codornas japonesas, referentes a cada fonte energética (FE)

FE PP CAD (g de ração por dúzia) CAG (g de ração por g de ovos) Milho 77,69* 352,17* 2,81*

Quirera 59,26 392,08 3,11 * Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade.

CONCLUSÕES

1. A inclusão de níveis crescentes de colorífico nas rações à base de milho e

quirera de arroz aumentou de forma quadrática a pigmentação das gemas de

ovos “in natura” de codornas japonesas.

2. O uso de 1,5 % de colorífico nas rações com 46 % de milho ou quirera de arroz

promoveu intensa pigmentação das gemas de ovos de codornas japonesas,

tornando-os mais atrativos para o consumidor.

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64

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65

COLORÍFICO E NIACINA SUPLEMENTAR EM RAÇÕES DE CODORNAS JAPONESAS MACHOS: TRIGLICERÍDEOS SANGÜÍNEOS E COMPOSIÇÃO

QUÍMICA DA CARNE E CARCAÇA

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da inclusão de colorífico e de

niacina suplementar (NS) em rações nos níveis plasmáticos de triglicerídeos (T) e

lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) e na gordura da carne de peito, coxa

e sobrecoxa e da carcaça de codornas japonesas, sob condições normais de

alimentação. Foram utilizadas 240 codornas japonesas (Coturnix japonica) machos,

em delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos,

cinco repetições e doze codornas por unidade experimental (boxe). Os tratamentos

consistiram de uma ração referência à base de milho e farelo de soja, sem inclusão

de colorífico e de NS, e de outras três rações, uma com 4,5 % de colorífico, outra

com 0,08 % de NS e outra com 4,5 % de colorífico e 0,08 % de NS. Não houve efeito

de tratamento no desempenho, nos níveis de T e VLDL no sangue e nos teores de

matéria seca, extrato etéreo e proteína bruta (PB) na carcaça com osso e sem

cabeça, patas, pele, penas, vísceras, peito, coxas e sobrecoxas de codornas

japonesas machos. No 49° dia de idade, as codornas que receberam rações com

0,08 % de NS tiveram 1,50 % de gordura na carne de peito, sendo esse nível

superior (P≤0,05) a 0,85 %, apresentado por codornas alimentadas com a ração

referência. No 35° dia de idade, as codornas alimentadas com ração + colorífico +

NS apresentaram 17,8 % de PB na carne de coxa e sobrecoxa, sendo esse valor

maior (P≤0,05) que 17,2 %, apresentado por codornas alimentadas com a ração

referência. Os resultados mostraram que o colorífico e a NS não reduziram os níveis

de gordura no sangue, carne e carcaça de codornas japonesas machos.

Palavras-chave: colorífico, codorna japonesa, gordura, niacina suplementar,

triglicerídeos plasmáticos

66

ABSTRACT

The objective of this research was to evaluate the effect of addition of spice

and supplementary niacin (SN) to the rations upon triglyceride (T) and very low-

density lipoprotein (VLDL) levels in plasma and fat in breast, drumstick and thigh

meat and carcass of japanese quails, under normal condition of feeding. Two

hundred and forty japanese male quails (Coturnix japonica) were used in a

completely randomized design, with four treatments, five replicates and twelve quails

per experimental unit (box). The treatments consisted of one reference ration with

corn and soybean meal, without spice and SN, and three other rations, one with 4,5

% of spice, an other with 0,08 % of SN and an other one with 4,5 % of spice and 0,08

% of SN. The treatments had no effect upon performance, T and VLDL levels in

plasma, as well as on dry matter, ether extract and crude protein (CP) contents in the

carcass with bone and without head, paws, skin, feathers, entrails, breast, drumsticks

and thighs of the japanese male quails. On the 49th day of age, the quails that

received rations with 0,08 % of SN had 1,50 % of fat in the breast meat, higher

(P≤0,05) than 0,85 % presented by japanese quails fed with reference ration. On the

35th day of age, the quails fed on rations with spice and SN had 17,8 % of CP in the

drumstick and thigh meat, higher (P≤0,05) than 17,2 % presented by quails fed with

the reference ration. The results indicated that spice and SN did not reduce the fat

levels in plasma, meat and carcass of japanese male quails. Key words: fat, japanese quail, plasma triglycerides, spice, supplementary niacin

INTRODUÇÃO

Um grama de gordura contribui com cerca de 9,4 kcal de energia bruta (EB),

representando cerca de 2,25 vezes mais calorias do que um grama de carboidrato,

que produz em torno de 4,2 kcal de EB (BERTECHINI, 1991). Isso significa que a

produção de aves com carcaças “magras” ou com pouco acúmulo de gordura pode

contribuir para reduzir a ingestão de calorias nas dietas humanas e obter maior

controle dos níveis de triglicerídeos sangüíneos de humanos, refletindo

possivelmente em redução da obesidade e melhor qualidade de vida dos indivíduos.

Como exemplo, em cortes sem pele e osso, a carne de peito de frangos de

corte tem apresentado de 1,6 a 2,4 % de gordura, sendo os valores para frangos

67

machos e fêmeas bem semelhantes (KESSLER e JÚNIOR, 2001). De outro modo,

codornas japonesas machos apresentaram 4,0 % de extrato etéreo (EE) na carne de

peito no 35° dia e 7,1 % no 49° dia de idade (YALÇIN et al., 1995), e 5,2 % de EE na

carcaça (matéria natural) no 35° dia e 9,9 % no 49° dia de idade (JÚNIOR, 1981).

De forma geral, as concentrações elevadas de triglicerídeos sangüíneos

(TS) têm sido consideradas como um fator de risco sinérgico para as doenças

coronarianas arteriais (DCA). A avaliação da hipertrigliceridemia no risco de DCA é

feita por meio de mensurações dos níveis de TS em jejum, em conjunto com os

níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e lipoproteínas de alta densidade

(HDL), cujas correlações são elevadas e positivas com DCA (↑TS, ↑LDL e ↓ HDL →

DCA) (GOTTO JR., 1998).

O sangue é o veículo pelo qual os triglicerídeos são transportados e

posteriormente depositados nos produtos. Baixas concentrações plasmáticas de

lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) em frangos de corte e perus

alimentados à vontade têm sido bem correlacionadas (r = 0,6 – 0,7) com baixo

conteúdo de gordura corporal (GRIFFIN et al., 1999).

Segundo KESSLER e JÚNIOR (2001), aves mais magras têm apresentado

uma menor concentração plasmática de VLDL e uma menor atividade da lipase

lipoprotéica, enzima que catalisa a hidrólise de triglicerídeos do núcleo das VLDL e

dos portamícrons a ácidos graxos e glicerol. No tecido adiposo, os ácidos graxos são

reesterificados e armazenados como triglicerídeos.

O acúmulo de gordura em aves depende do nível de síntese e secreção de

lipoproteínas pelo fígado, já que o armazenamento de triglicerídeos nos adipócitos

depende da disponibilidade de lipídeos do plasma, oriundos da ração ou da

lipogênese no fígado. Como o nível de lipídeos nas rações de aves comerciais não

tem ultrapassado o limite de 10 %, a lipogênese tem sido dependente, em sua maior

parte, da disponibilidade de carboidratos nas rações, que darão origem a moléculas

de acetil-CoA, pois a síntese de ácidos graxos é muito limitada no tecido adiposo

(HERMIER, 1997).

Por outro lado, em estudo sobre toxicidade, PAUMGARTTEN et al. (2002)

não constataram redução no peso corporal em ratas com 21 dias de gestação e nas

suas proles, com o uso da dose de 500 mg de extrato seco de urucum (28 % de

bixina) por kg de peso corporal (PC) por dia, dosagem que equivale a um consumo

médio de 140 mg de bixina por kg de PC por dia.

68

Considerando a baixa toxicidade, faz-se necessário investigar a contribuição

da atividade hipolipidêmica da bixina e niacina suplementar (NS) sobre o

metabolismo lipídico de animais normolipidêmicos. A bixina e a NS têm sido mais

ativas para reduzir a lipidemia quando é provocada uma hiperlipidemia, normalmente

com a inclusão, nas rações, de colesterol, ácido cólico ou gordura animal, fato que

foge da realidade sobre a alimentação das aves comerciais.

O efeito hipolipidêmico da bixina, presente no colorífico, na prevenção e

controle da hiperlipidemia tem sido atribuído à sua ação ativadora sobre a lipase

lipoprotéica. A formação de quelatos entre a enzima e a bixina induz a mudança

conformacional da enzima, modificando seu centro ativo (LIMA et al., 1999).

A atividade hipolipidêmica do ácido nicotínico decorre da capacidade de

inibir a lipólise do tecido adiposo, de reduzir a esterificação dos triglicerídeos no

fígado e de aumentar a atividade da lipase lipoprotéica (GOODMANS et al., 1996).

Com hiperlipidemia induzida por 1 % de colesterol (COL) e 0,1 % de ácido

cólico (AC) na ração (R) diária, durante 28 dias, coelhos que receberam R + COL +

AC e a dose oral (em cápsula) diária de 0,01 mol de bixina por Kg de peso corporal

apresentaram 228,79 mg de triglicerídeo por dl de soro, valor superior (P≤0,05) a

113,78 mg/dl, obtido por coelhos que receberam somente ração (LIMA et al., 2001).

Por sua vez, SOUZA et al. (2000) verificaram que após três meses e em

relação ao grupo que recebeu somente ração, fêmeas de ratos alimentadas com

ração diária contendo 70, 350 e 700 mg de corante (28 % de bixina) tiveram uma

redução de 9,30; 15,24 e 10,85 % dos níveis de triglicerídeos séricos (TS),

respectivamente. Machos alimentados com 350 e 700 mg de corante tiveram os

níveis de TS reduzidos em 37,36 e 43,82 %, respectivamente. Todas as doses de

bixina causaram efeito hipolipidêmico em ratos sem hiperlipidemia induzida.

Imediatamente após a indução da hiperlipidemia com Triton (T) e após 20

horas, o ácido nicotínico (AN) foi administrado na dose de 5 mg por Kg de peso

corporal, por via intraperitoneal, em ratos que receberam ração comercial (R) à

vontade. Após 43 horas da aplicação do Triton, os ratos tratados com R + T + AN

apresentaram 104,56 mg de triglicerídeo por dl de soro, valor inferior (P≤0,05) ao

apresentado por ratos tratados com R + T, que foi de 311,36 mg/dl. O tratamento

somente com ração (R) proporcionou o nível de 162,30 mg/dl, sendo numericamente

superior ao tratamento com R + triton + ácido nicotínico (SANTOS et al., 1999).

69

Nesse contexto, torna-se relevante verificar se a inclusão de colorífico e de

niacina suplementar em rações reduz os níveis de triglicerídeos e lipoproteínas de

densidade muito baixa no sangue e a gordura na carne de codornas japonesas, sob

condições normais de alimentação.

MATERIAL E MÉTODOS

Local do experimento O experimento foi realizado no Núcleo de Pesquisa do Laboratório de

Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA), situado no Colégio Agrícola Antônio Sarlo,

Campus Experimental da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF),

localizada no município de Campos dos Goytacazes. Distribuição das codornas no delineamento experimental e tratamentos

Foram utilizadas 240 codornas japonesas (Coturnix japonica) machos, em

delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos, cinco

repetições e doze codornas por unidade experimental (boxe). Os tratamentos

consistiram de uma ração referência, que foi constituída à base de milho e farelo de

soja, sem inclusão de colorífico e de niacina suplementar (NS), e de outras três

rações, uma com 4,5 % de colorífico, outra com 0,08 % de NS e outra com 4,5 % de

colorífico e 0,08 % de NS.

Alojamento das codornas nas instalações e manejo

As codornas com idade inicial de vinte e um dias foram alojadas em galpão

de alvenaria contendo vinte boxes feitos de madeira e tela. Cada boxe mediu 2,05 m

de comprimento x 1,75 m de largura x 1,77 m de altura e abrigou doze codornas.

Antes de serem alojadas em cada unidade experimental, procedeu-se ao

corte, por meio de tesoura, das penas primárias da asa direita de cada codorna,

visando a evitar vôos que pudessem resultar em fuga das aves. Após isso, as

codornas foram abrigadas com pesos iniciais semelhantes e receberam água e

ração à vontade, em bebedouros tipo copo de pressão e comedouros do tipo

bandeja contendo folhas de jornal embaixo, respectivamente, além de receberem

70

somente luz natural (≅ 11 horas) a fim de evitar o canibalismo e incrementar o

crescimento pelo estímulo da liberação do hormônio do crescimento.

Um termômetro e o comportamento das codornas indicaram o referencial de

temperatura no interior do galpão.

Foi usada casca de arroz polido como material absorvente da umidade da

cama. A cama não foi trocada ao longo do período experimental e sua altura foi de,

aproximadamente, cinco centímetros acima do piso de alvenaria.

Análises químicas dos ingredientes Para maior acurácia na formulação das rações experimentais, foram

utilizados os resultados determinados previamente no Laboratório de Zootecnia e

Nutrição Animal (LZNA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias

(CCTA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), referente às

análises químicas da matéria seca e proteína bruta do milho, farelo de soja e

colorífico, segundo SILVA (1990). Análises para determinação do cálcio e fósforo

total dos alimentos mencionados foram feitas no Laboratório de Solos da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, campus Dr. Leonel Miranda, situado

na cidade de Campos dos Goytacazes (Quadro 1).

Quadro 1. Composição bromatológica (%) de ingredientes utilizados nas rações

experimentais, expressa na base da matéria natural

Ingredientes Matéria Seca Proteína Bruta Cálcio Fósforo total Milho 86,77 7,99 0,04 0,32 Farelo de soja 87,77 46,81 0,29 0,63 Colorífico 88,30 7,00 0,05 0,15

A quantificação de bixina no colorífico foi feita no Laboratório de Tecnologia

de Alimentos (LTA), do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), da

Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), por meio de dosagem do

norbixinato de potássio, substância obtida a partir da extração e saponificação

simultânea da bixina e norbixina do colorífico com KOH a 0,5 %. Utilizou-se o

coeficiente de extinção de 3473 e a leitura em espectrofotômetro foi feita em

comprimento de onda de 453 nm, em cela de 1 cm de percurso ótico. O valor médio

(em duplicata) obtido foi de 190 mg de bixina por 100 g de colorífico.

71

Rações experimentais Na fase inicial de vida (1 a 21 dias), as codornas foram alimentadas com

ração comercial contendo um nível mínimo de 28,00 % de proteína bruta e 0,70 %

de fósforo, um nível máximo de 1,50 % de cálcio, e suplementada com 48 mg de

niacina por kg de ração. A partir do 21° dia de idade, as codornas receberam as

rações experimentais, cuja composição percentual e os valores nutricionais

calculados encontram-se apresentados no Quadro 2.

Quadro 2. Composição percentual e valores nutricionais calculados das rações

experimentais

Ingredientes (%) Rações Experimentais Milho 62,63 57,89 62,47 57,73 Farelo de Soja 33,96 34,10 33,99 34,13 DL-Metionina 0,01 0,01 0,01 0,01 Fosfato Bicálcico 0,87 0,88 0,87 0,88 Calcário 1,19 1,18 1,19 1,18 Cloreto de Sódio 0,27 0,27 0,27 0,27 Inerte 0,16 0,16 0,16 0,16 Óleo de Soja Refinado 0,51 0,61 0,56 0,66 Suplemento Mineral Vitamínico1 0,40 0,40 0,40 0,40 Colorífico ---- 4,50 ---- 4,50 Nicotinamida em Pó2 ---- ---- 0,08 0,08 Nutrientes Calculados (%) Proteína Bruta 21,00 21,00 21,00 21,00 EMAn3 2.900 2.900 2.900 2.900 Extrato Etéreo 3,14 3,23 3,19 3,28 Metionina + Cistina 0,84 0,84 0,84 0,84 Metionina 0,50 0,50 0,50 0,50 Lisina 1,10 1,10 1,10 1,10 Treonina 0,81 0,81 0,81 0,81 Cálcio 0,80 0,80 0,80 0,80 Fósforo Disponível 0,30 0,30 0,30 0,30 Sódio 0,15 0,15 0,15 0,15 1- Vaccinar postura/reprodução inicial completo - quantidades em 1000 g: vit. A, 3.750.000 UI; vit. D3, 750.000 UI; vit. E, 7.500 mg; vit. K3, 1.000 mg; vit. B1, 750 mg; vit. B2, 1.500 mg; vit. B6, 1.500 mg; vit. B12, 7.500 mcg; niacina, 10.000 mg; ác. pantotênico, 3.750 mg; biotina, 30 mg; ác. fólico, 375 mg; colina, 10.000 mg; metionina, 400.000 mg; Se, 45 mg; I, 175 mg; Fe, 12.525 mg; Cu, 2.500 mg; Mn, 19.500 mg; Zn, 13.750 mg; avilamicina, 15.000 mg; nicarbazina, 12.500 mg; narasin, 10.000 mg; BHT, 500 mg; vit. C, 12.500 mg. 2- Nicotinamida com teor de 100 % de pureza - Pharma Nostra Comercial Ltda. 3- Energia metabolizável aparente corrigida por retenção de nitrogênio.

Para cálculo das rações experimentais, consideraram-se os valores médios

de energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) do

72

milho, farelo de soja, colorífico e óleo de soja degomado, determinados em ensaio

de digestibilidade com codornas japonesas fêmeas. O valor energético do óleo de

soja refinado foi extrapolado do valor de EMAn obtido com o teste do óleo de soja

degomado.

Considerando-se um consumo diário de ração de 25 gramas por codorna por

dia, um peso médio por codorna de 100 g e o teor médio de bixina do colorífico,

determinado em laboratório, igual a 190 mg por 100 g de colorífico, o uso de 4,5 %

de colorífico nas rações (45 g por kg de ração) proporcionou um consumo médio

diário de, aproximadamente, 2,14 mg de bixina por codorna por dia ou 21,4 mg de

bixina por kg de peso corporal. Este nível é inferior à dosagem que tem sido utilizada

em coelhos, que é de 0,01 mol ou 3,94 g de bixina por kg de peso corporal, mas é

suficiente para promover intensa coloração vermelha nas fezes, indicativo de que a

quantidade de bixina presente na ração supre a quantidade de bixina absorvida

pelas codornas.

A inclusão de 0,08 % de nicotinamida em pó nas rações (800 mg por kg de

ração) corresponde a uma tolerância vinte vezes superior à exigência nutricional de

niacina para codornas japonesas recomendada pelo NRC (1994), que é de 40 mg

por kg de ração. Considerando-se um consumo médio de ração de 25 gramas por

codorna por dia e um peso médio por codorna de 100 g, o uso dessa dosagem

possibilitou um consumo médio de 20 mg de niacina por codorna por dia, ou 200 mg

de niacina por kg de peso corporal, nível 40 vezes superior à dosagem utilizada em

ensaios com ratos (5 mg por kg de peso corporal).

Em relação à DL-metionina, foram considerados os valores tabelados de

EMAn, determinados com pintos, galos e galinhas poedeiras de diferentes idades

(ROSTAGNO et al., 2000).

Exceto os nutrientes que foram analisados em laboratório, todas as rações

experimentais (isoenergéticas, isoprotéicas, isocálcicas e isofosfóricas) foram

formuladas de acordo com as composições químicas dos ingredientes apresentados

por ROSTAGNO et al. (2000) e adequadas às exigências nutricionais para codornas

japonesas do NRC (1994), à exceção dos níveis de proteína bruta.

Variáveis avaliadas

Nos períodos de vinte e um a trinta e cinco, e trinta e cinco a quarenta e

nove dias de idade, foram avaliados ganho de peso, consumo de ração e conversão

73

alimentar. No 35° e 49° dias de idade, foram avaliados peso, triglicerídeos e

lipoproteínas de densidade muito baixa no plasma sangüíneo, e matéria seca,

extrato etéreo e proteína bruta na carne de peito, na carne de coxa + sobrecoxa e na

carcaça. Coleta de dados

As rações de cada unidade experimental foram pesadas, identificadas e

acondicionadas em baldes plásticos com tampa no 21º dia de idade. O consumo

médio por codorna, em cada tratamento e repetição, foi medido no 35° e 49º dia de

idade, por diferença entre o total de ração dos baldes antes e após o consumo pelas

codornas, computando-se as sobras de ração nos comedouros.

Para avaliação do ganho de peso, conversão alimentar (grama de ração

consumida por grama de ganho de peso) e peso, as codornas de cada unidade

experimental foram colocadas em caixa de papelão limpa e pesadas, em balança

digital, no 21º, 35° e 49º dias de idade.

Na noite que antecedeu o 35° e 49º dia de idade, foi iniciado um jejum

alimentar, com duração de, aproximadamente, doze horas, visando a preparar as

codornas para a coleta de amostras de sangue e, em conseqüência, evitar a

contaminação da carne pelo conteúdo intestinal. Para isso, duas codornas de cada

repetição, num total de quarenta, foram retiradas aleatoriamente dos boxes e

transferidas para cinco gaiolas metálicas de quatro divisões internas cada, com

dimensão de 1,0 m de comprimento, 0,34 m de largura e 0,24 m de altura,

localizadas em outro galpão e próximas do local do abate. Cada compartimento de

gaiola foi identificado e representou um boxe distinto. Na manhã do 35° e 49º dias de

idade (término do experimento), foram coletados de dois a três mililitros de sangue

por codorna, por meio de degola completa com faca de lâmina reta, entre os ossos

occipital e atlas, das quarenta codornas, sendo duas por repetição.

As amostras de sangue foram drenadas individualmente para tubos

esterilizados de vidro, os quais foram colocados verticalmente em suportes de ferro,

acondicionados dentro de isopor e levados imediatamente para o Laboratório Plínio

Bacelar, localizado em Campos dos Goytacazes – RJ. A seguir, os tubos foram

centrifugados em centrífuga Fanem a 3.000 rotações por minuto, por cinco minutos,

os plasmas foram retirados com pipeta, reunidos por repetição e utilizados para

determinar os níveis de triglicerídeos e lipoproteínas de densidade muito baixa

74

(VLDL). Os triglicerídeos foram quantificados em aparelho Vitros, utilizando-se

metodologia denominada química seca. A VLDL foi estimada utilizando-se a

equação de Friedewald et al. (1972), citada por HAMMAD et al. (1998). Cada

amostra foi constituída pela reunião de dois plasmas, provenientes de duas

codornas por repetição, totalizando vinte amostras analisadas.

Após a coleta do sangue, foi procedida a sangria individual, por

aproximadamente dois minutos. A seguir, utilizando-se uma faca de lâmina reta, as

patas (canela e dedos) foram descartadas por meio de corte na articulação tíbio-

társica. A pele e, conseqüentemente, as penas foram retiradas completamente por

meio de corte superficial realizado no dorso das codornas e de retirada do braço e

dedos (tulipas), realizada através de corte na articulação úmero-cubital. A

evisceração manual foi feita por meio de corte transversal da cloaca e corte ventral

entre o tórax (ponta do esterno) e o abdômen, tornando possível proceder ao toalete

completo das carcaças, as quais foram, ao mesmo tempo, lavadas em água

corrente.

Terminado esse processo, as carcaças foram reunidas por repetição,

colocadas em sacos plásticos, identificadas, mergulhadas em isopor contendo gelo

picado por vinte a trinta minutos, retiradas dos sacos plásticos e deixadas gotejar por

dez minutos, à temperatura ambiente, após terem sido colocadas em redes plásticas

e penduradas em ganchos metálicos. Após o gotejamento, foram reembaladas em

novos sacos plásticos, reidentificadas, colocadas em saco plástico de maior

tamanho, embrulhadas em papel alumínio para evitar a oxidação e, finalmente,

congeladas em freezer para análises futuras.

Com antecedência de aproximadamente 48 horas à manipulação e

processamento da carne, as carcaças foram retiradas do freezer e deixadas degelar

lentamente em geladeira a aproximadamente 4°C. Após o degelo completo, as duas

carcaças completas de cada repetição foram pesadas e as coxas + sobrecoxas e o

peito de cada codorna foram separados nas articulações, com o auxílio de uma faca

de lâmina reta, reunidos por parte e pesados separadamente. O peso das carcaças

incompletas foi obtido por diferença.

A seguir, procedeu-se à retirada da carne de peito e de coxa e sobrecoxa, as

quais foram cortadas em pedaços pequenos, reunidas por repetição, transferidas

para bandejas de alumínio devidamente identificadas e pesadas. As carcaças

incompletas (com ossos) foram submetidas ao mesmo procedimento adotado para a

75

carne de peito e de coxa e sobrecoxa. As tíbias, os fêmures e os esternos retirados

foram descartados e toda gordura visível foi colocada junto da parte correspondente

da carcaça.

Após a pesagem, cada amostra composta de carne de peito, de carne de

coxa + sobrecoxa e de carcaça incompleta foi colocada em estufa a 105 °C por

aproximadamente 24 horas, retirada da estufa, deixada esfriar em temperatura

ambiente por aproximadamente uma hora até que a umidade das amostras entrasse

em equilíbrio com a umidade do ar, pesada em balança de precisão (0,01 g), moída

em moinho de bola até adquirir granulometria bem fina e armazenada em pote

plástico devidamente identificado para posteriores análises químicas de matéria

seca definitiva, extrato etéreo e proteína bruta de acordo com SILVA (1990).

Foram duas unidades por amostra, cinco amostras compostas por

tratamento, vinte amostras compostas por tipo de tecido e sessenta amostras

compostas analisadas vezes dois (duplicata), totalizando cento e vinte análises de

matéria seca, proteína bruta e extrato etéreo.

Procedimentos estatísticos

O seguinte modelo estatístico foi utilizado para as análises dos dados:

Yij = m + Ti + eij.

Em que,

Yij = Observação individual média no tratamento i e na repetição j.

m = Média geral.

Ti = Efeito de tratamento; i = (1, 2, 3 e 4).

eij = Erro aleatório associado a cada observação ij.

Os efeitos da inclusão do colorífico e da niacina suplementar sobre as

diversas variáveis foram verificados pela análise de variância e suas médias foram

comparadas por meio do teste de Tukey, ao nível de 5 % de probabilidade.

Foi realizada análise de correlação entre as variáveis dependentes para

verificar o grau de associação entre as mesmas.

Todas as análises estatísticas foram efetuadas usando-se o programa SAEG

(Sistema de análises estatísticas e genéticas), desenvolvido na Universidade

Federal de Viçosa - UFV (1997).

76

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Consumo de ração (CR), ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA) e peso (P)

Não foi observado efeito significativo (P>0,05) de tratamentos sobre as

variáveis de desempenho, tanto no período de 21 a 35 quanto no período de 35 a 49

dias de idade das codornas japonesas machos (Quadros 3 e 4).

Quadro 3. Médias do consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão

alimentar (CA) de codornas japonesas machos no período de 21 a 35 dias de idade e peso (P) aos 35 dias de idade

Tratamentos CR (g/ave) GP (g/ave) CA P (g/ave) Ração 183,5 37,87 4,85 102,4

Ração + Colorífico1 182,1 38,47 4,74 102,6 Ração + NS2 187,3 40,11 4,68 104,0

Ração + Colorífico1 + NS2 178,6 38,03 4,73 103,3 1- 4,5 % da ração; 2- niacina suplementar (0,08 % da ração). Quadro 4. Médias do consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão

alimentar (CA) de codornas japonesas no período de 35 a 49 dias de idade e peso (P) aos 49 dias de idade

Tratamentos CR (g/ave) GP (g/ave) CA P (g/ave) Ração 204,9 18,16 11,55 121,7

Ração + Colorífico1 196,3 16,77 11,97 120,5 Ração + NS2 204,9 16,47 12,64 122,9

Ração + Colorífico1 + NS2 200,4 17,10 11,90 120,3 1- 4,5 % da ração; 2- niacina suplementar (0,08 % da ração).

Estes resultados indicam que não houve efeito deletério no uso de doses

elevadas de bixina e niacina sobre o CR, GP, CA e P das codornas.

PAUMGARTTEN et al. (2002) também não verificaram redução no peso corporal

(toxicidade) em ratas com 21 dias de gestação e nas suas proles, com o uso de 500

mg de extrato seco de urucum (28 % de bixina) por kg de peso corporal por dia.

Neste trabalho, o peso corporal das codornas aos 35 e 49 dias de idade

ficou em torno de 103 e 121 g, respectivamente. Entretanto, quando alimentadas

com ração contendo 20 % de proteína bruta e 2.870 kcal de energia metabolizável

por kg de ração, codornas japonesas machos com 35 e 49 dias de idade atingiram o

77

peso corporal de 144 e 166 g, respectivamente (YALÇIN et al., 1995). Embora

tenham sido obtidos em trabalhos diferentes, a diferença no peso para codornas da

mesma espécie pode ser atribuída ao efeito de linhagem, o que pode gerar

diferenças na composição corporal, principalmente quanto à capacidade de

acumular gordura na carcaça.

Triglicerídeos (T) e lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) no sangue

Não foi observado efeito significativo (P>0,05) de tratamentos sobre os

níveis de T e VLDL no sangue de codornas japonesas machos, tanto no 35° quanto

no 49° dia de idade (Quadro 5).

Quadro 5. Médias dos valores (mg/dl) de triglicerídeos (T) e de lipoproteínas de

densidade muito baixa (VLDL) no sangue de codornas japonesas machos aos 35 e 49 dias de idade

Tratamentos T 35 VLDL 35 T 49 VLDL 49 Ração 40,6 8,12 75,6 15,12

Ração + Colorífico1 39,0 7,80 69,8 13,96 Ração + NS2 34,6 6,92 71,2 14,24

Ração + Colorífico1 + NS2 38,0 7,60 66,8 13,36 1- 4,5 % da ração; 2- niacina suplementar (0,08 % da ração).

Com base nesses valores, nota-se que a bixina e a niacina suplementar não

exerceram atividade hipolipidêmica sobre o metabolismo lipídico de codornas que

receberam alimentação normal ou sem indução de hiperlipidemia. Estes resultados

não corroboram com os resultados dos trabalhos apresentados por SOUZA et al.

(2000), que encontraram reduções significativas na incorporação diária na ração de

70, 350 e 700 mg de um corante industrial contendo 28 % de bixina sobre os níveis

de T no sangue de fêmeas de ratos que não tiveram hiperlipidemia induzida. Em

adição, SANTOS et al. (1999) verificaram um decréscimo numérico no valor de T no

sangue de ratos que receberam ração + triton + 5 mg de ácido nicotínico por Kg de

peso corporal (104,56 mg/dl), em relação a ratos que receberam somente ração

(162,30 mg/dl).

Embora não tenham sido comparados estatisticamente, pode-se observar

que os valores médios de triglicerídeos (T 49) e lipoproteínas de densidade muito

baixa (VLDL 49) no 49° dia foram bem superiores aos valores médios de

78

triglicerídeos (T 35) e lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL 35) no 35° dia

(Quadro 5). Os aumentos médios dos valores de T e VLDL foram de 86,2; 79,0;

105,8 e 75,8 %, para os tratamentos com ração, ração + colorífico, ração + niacina

suplementar e ração + colorífico + niacina suplementar, respectivamente.

A disponibilidade de lipídeos do plasma depende, fundamentalmente, da

lipogênese no fígado, que, por sua vez, depende, em sua maior parte, da

disponibilidade de carboidratos nas rações, que darão origem a moléculas de acetil-

CoA (HERMIER, 1997). Assim, o aumento dos níveis de VLDL e triglicerídeos no

sangue das codornas com 49 dias de idade talvez possa ser explicado pela maior

atividade do fígado, ou seja, pode ter havido, a partir do 35° dia de idade, uma

transformação metabólica crescente de carboidratos oriundos da ração em lipídeos

sangüíneos, indicando que o aporte energético fornecido pela ração poderia estar

acima da exigência das codornas. Os carboidratos podem ter contribuído mais que

os lipídeos porque os níveis de lipídeos contidos nas rações foram baixos (≅ 3,2 %).

Matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) na carne de peito

Não foi observado efeito significativo (P>0,05) de tratamentos sobre os

teores de MS e PB na carne de peito de codornas japonesas machos com 35 e 49

dias de idade. O mesmo resultado ocorreu em relação aos níveis de EE no 35° dia

de idade. Houve efeito significativo (P≤0,05) de tratamento sobre os níveis de EE no

49° dia de idade das codornas. Codornas alimentadas com 0,08 % de niacina

suplementar (NS) e com 4,5 % de colorífico + 0,08 % de NS nas rações

apresentaram níveis mais elevados de gordura na carne de peito do que codornas

alimentadas com ração e com ração + colorífico (Quadro 6).

Quadro 6. Médias dos valores (% na matéria natural) de matéria seca (MS), extrato

etéreo (EE) e proteína bruta (PB) da carne de peito de codornas japonesas machos aos 35 e 49 dias de idade

Tratamentos MS 35 EE 35 PB 35 MS 49 EE 49 PB 49 Ração 23,7 0,56 20,2 24,0 0,92 b 20,6

Ração + Colorífico1 23,9 0,53 20,0 23,8 0,92 b 20,4 Ração + NS2 23,6 0,46 19,9 24,1 1,42 a 20,6

Ração + Colorífico1 + NS2 23,8 0,52 19,8 24,2 1,33 a 20,5 1- 4,5 % da ração; 2- niacina suplementar (0,08 % da ração); médias seguidas por letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.

79

A literatura não disponibiliza dados sobre os efeitos da inclusão de niacina

suplementar, em rações para aves, na composição química da carne de peito, mas

GOODMANS et al. (1996) revelaram que o efeito do ácido nicotínico sobre o

metabolismo lipídico decorre da capacidade de inibir a lipólise do tecido adiposo, de

reduzir a esterificação dos triglicerídeos no fígado e de aumentar a atividade da

lipase lipoprotéica. Com base nos resultados, pode-se inferir que o mecanismo de

ação do ácido nicotínico explica a elevação do conteúdo de gordura na carne de

peito das codornas, no 49° dia de idade. Todavia, ao contrário do esperado, esse

aumento não foi decorrente da redução dos níveis de triglicerídeos sangüíneos, pois

isto não ocorreu neste trabalho.

Este fato não pôde ser evidenciado e explicado por meio da análise de

correlação, na qual foi obtido um coeficiente baixo e negativo (- 0,18) para teor de

triglicerídeos (T) ou de lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) no sangue e

teor de gordura na carne de peito, ambas aos 49 dias de idade das codornas

(Quadro 10B). Esses resultados mostram que o aumento no teor de gordura na

carne de peito das codornas aos 49 dias de idade não refletiu em decréscimo nos

níveis de T e VLDL no sangue aos 49 dias de idade das codornas decorrente do

efeito da niacina suplementar (NS), embora tenha havido uma pequena redução

numérica dos T no 49° dia de idade com o tratamento ração + NS (71,2 mg/dl) em

relação ao tratamento com ração (75,6 mg/dl) (Quadro 5).

Mesmo com valor médio inferior ao tratamento ração + NS (1,42 %), o

consumo médio diário de bixina pelas codornas, oriunda da inclusão do colorífico na

ração (0,92 %), não induziu um efeito hipolipidêmico na carne de peito no 49° dia de

idade, em relação ao tratamento com ração (0,92 %) (Quadro 6). LIMA et al. (1999)

sugeriram que o efeito da bixina no metabolismo lipídico ocorre pela ativação da

lipase lipoprotéica, enzima que hidrolisa os triglicerídeos das lipoproteínas de

densidade muito baixa e libera ácidos graxos e glicerol. Os resultados mostram que

esse mecanismo não ocorreu, embora tenha havido uma redução numérica dos

níveis de triglicerídeos no sangue no 49° dia de idade (69,8 mg/dl) com o uso de

ração + colorífico, comparado ao tratamento com ração (75,6 mg/dl) (Quadro 5).

Os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) na

carne de peito de codornas japonesas machos com 35 dias de idade foram de 27,1;

18,2 e 4,0 %, respectivamente. No 49° dia, obtiveram-se 29,5 % de MS, 19,4 % de

PB e 7,1 % de EE (YALÇIN et al., 1995). Considerando o 35° dia de idade, os

80

valores de MS e EE obtidos no trabalho de YALÇIN et al. (1995) foram,

respectivamente, 14,0 e 670 % superiores aos valores de MS (23,8 %) e EE (0,52

%) do tratamento ração + colorífico + NS obtidos neste trabalho (Quadro 6). No 49°

dia de idade, a superioridade dos valores de MS na carne de peito obtida no trabalho

de YALÇIN et al. (1995) foi ainda maior: 21,9 %. O aumento do teor de gordura foi

de 434 %.

Em cortes sem pele e osso, a carne de peito de frangos de corte tem

apresentado de 1,6 a 2,4 % de gordura, sendo os valores para frangos machos e

fêmeas bem semelhantes (KESSLER e JÚNIOR, 2001). Verifica-se que o valor de

1,42 % de extrato etéreo (EE), obtido no 49° dia de idade com o uso de niacina

suplementar nas rações, é similar ao relatado por KESSLER e JÚNIOR (2001) e

inferior ao encontrado por YALÇIN et al. (1995). Apesar do objetivo do trabalho ser

redução de gordura corporal, esse aumento do percentual de gordura na carne de

peito das codornas possivelmente não deprecia sua qualidade.

YALÇIN et al. (1995) mencionaram que o conteúdo de proteína bruta (PB) e

gordura da carne de peito foi maior e menor, respectivamente, que o teor de PB e

gordura da carne de coxa + sobrecoxa. Esses dados são coincidentes com os

obtidos neste trabalho, no qual o nível de PB (19,8 %) e EE (0,52 %) na carne de

peito das codornas alimentadas com o tratamento ração + colorífico + niacina

suplementar, com 35 dias de idade (Quadro 6), foi superior e inferior,

respectivamente, ao nível de PB (17,8 %) e EE (0,64 %) na carne de coxa +

sobrecoxa, considerando-se o mesmo tratamento e idade das codornas (Quadro 7).

Matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) na carne de coxa e sobrecoxa

Não foi observado efeito significativo (P>0,05) de tratamento sobre os teores

de MS e EE na carne de coxa e sobrecoxa de codornas japonesas machos com 35

e 49 dias de idade. O mesmo resultado ocorreu em relação aos níveis de PB no 49°

dia de idade. Houve efeito significativo (P≤0,05) de tratamento sobre os níveis de PB

no 35° dia de idade das codornas. Codornas alimentadas com ração + colorífico +

niacina suplementar apresentaram maior teor de PB na carne de coxa e sobrecoxa

do que codornas alimentadas com ração e com ração + colorífico (Quadro 7).

81

Quadro 7. Médias dos valores (% na matéria natural) de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) da carne de coxa e sobrecoxa de codornas japonesas machos aos 35 e 49 dias de idade

Tratamentos MS 35 EE 35 PB 35 MS 49 EE 49 PB 49 Ração 20,7 0,85 17,2 a 20,6 0,72 17,8

Ração + Colorífico1 20,6 0,72 17,6 a 20,3 0,90 17,4 Ração + NS2 20,8 0,79 17,7ab 20,6 1,06 17,5

Ração + Colorífico1 + NS2 21,0 0,64 17,8 b 20,6 0,97 17,6 1- 4,5 % da ração; 2- niacina suplementar (0,08 % da ração); médias seguidas por letras diferentes diferem entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5 % de probabilidade.

Dados sobre os efeitos da inclusão de niacina suplementar (NS) e bixina, em

rações para aves, na composição química da carne de coxa + sobrecoxa são raros

na literatura, contudo, pode-se observar que, no 35° dia de idade, fase em que as

codornas estão em pleno crescimento (Quadro 3), a maior deposição de PB no

tecido muscular (17,8 %) ocorreu às custas da redução do teor de EE (0,64 %) e

aumento do percentual de MS (21,0 %), quando se utilizou o tratamento com ração +

colorífico + NS e comparado ao tratamento com ração (Quadro 7).

O efeito de colorífico e NS na elevação do teor de PB no tecido muscular da

coxa + sobrecoxa pode estar relacionado com a atividade da enzima lipase

lipoprotéica. Niacina e bixina têm sido mencionadas como ativadoras da lipase e isto

pode ser ratificado pelos seus efeitos potencializadores, quando usadas em conjunto

na ração (Quadro 7). A lipase ativada hidrolisa os triglicerídeos presentes nas

lipoproteínas de densidade muito baixa e libera ácidos graxos no sangue. Como há

uma maior demanda de energia para mantença e crescimento, os ácidos graxos

podem ter sido usados preferencialmente para servirem como fonte de energia para

as codornas, em vez de serem incorporados no tecido adiposo, o que pode ser

observado pelo percentual de extrato etéreo (0,64) no 35° dia (Quadro 7). Este efeito

indireto de aumento da proteína bruta (PB) pela redução do extrato etéreo (EE) deve

ser confirmado em outros trabalhos.

Codornas japonesas machos com 35 dias de idade apresentaram 25,0 % de

matéria seca (MS), 17,9 % de PB e 4,6 % de EE na carne de coxa e sobrecoxa. No

49° dia de idade, os valores foram de 27,1 % de MS, 19,5 de PB e 8,3 % de EE

(YALÇIN et al., 1995). Os resultados referentes a MS e EE são destoantes dos

encontrados neste trabalho. Os valores apresentados por YALÇIN et al. (1995)

mostram um aumento de cerca de 19,2 % no valor de MS e de 620 % no valor de

82

EE, quando comparados com o respectivo valor médio de MS (21,0 %) e EE (0,64

%) do tratamento constituído por ração + colorífico + NS, no 35° dia de idade. No 49°

dia de idade, as diferenças foram ainda maiores: 31,6 % para MS e 756 % para EE.

O genótipo das codornas, entre outros fatores, pode ter sido responsável por esta

discrepância.

Matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) na carcaça Não foi observado efeito significativo (P>0,05) de tratamentos sobre os

teores de MS, EE e PB na carcaça (com osso e sem cabeça, patas, pele, penas,

vísceras, peito, coxa e sobrecoxa) de codornas japonesas machos com 35 e 49 dias

de idade (Quadro 8).

Quadro 8. Médias dos valores (% na matéria natural) de matéria seca (MS), extrato

etéreo (EE) e proteína bruta (PB) da carcaça3 de codornas japonesas machos aos 35 e 49 dias de idade

Tratamentos MS 35 EE 35 PB 35 MS 49 EE 49 PB 49 Ração 24,0 0,88 15,8 24,2 2,08 15,9

Ração + Colorífico1 24,0 0,90 15,9 24,0 2,48 15,6 Ração + NS2 23,7 0,96 15,6 24,6 2,59 15,6

Ração + Colorífico1 + NS2 24,1 0,88 16,0 24,5 2,81 15,8 1- 4,5 % da ração; 2- niacina suplementar (0,08 % da ração); 3- Carcaça com osso e sem cabeça, patas, pele, penas, vísceras, peito, coxa e sobrecoxa.

No entanto, observa-se que houve uma tendência a maior acúmulo de

gordura na carcaça em codornas alimentadas com ração + niacina suplementar (NS)

e com ração + colorífico + NS, comparadas ao tratamento com ração, no 49° dia de

idade. Embora a literatura não disponibilize trabalhos científicos que tratem dos

efeitos da inclusão de bixina e niacina suplementar, em rações de aves, sobre a

composição química da carcaça, os valores obtidos de extrato etéreo (EE) na

carcaça (Quadro 8) e nas partes da carcaça (Quadros 6 e 7) no 49° dia de idade

mostram um comportamento similar no que se refere ao efeito da niacina

suplementar e colorífico em elevar o teor de gordura.

JÚNIOR (1981) encontrou valores bem diferentes de matéria seca (MS),

proteína bruta (PB) e EE na carcaça (matéria natural) de codornas japonesas

machos aos 35 e 49 dias de idade, em relação aos valores obtidos neste trabalho.

Utilizando-se rações com 20 % de PB e 3.200 kcal de energia metabolizável por kg,

83

as codornas apresentaram 30,4; 20,8 e 5,2 % no 35° dia e 34,7; 20,5 e 9,9 % no 49°

dia de idade para MS, PB e EE, respectivamente.

Segundo YALÇIN et al. (1995), muitos fatores podem afetar as

características de carcaça, e estes incluem idade, sexo, genótipo e temperatura de

criação. As diferenças encontradas nos valores de composição química da carcaça e

observadas em trabalhos diferentes podem ser explicadas por esses fatores, bem

como pelo uso de metodologias distintas. No presente trabalho, no cômputo dos

valores de EE na carcaça, não foi incluída a pele, rica em gordura, que foi retirada

no momento do abate das codornas.

Codornas japonesas machos com 49 dias de idade tiveram menores

conteúdos de MS na carcaça do que codornas com 35 dias de idade (JÚNIOR,

1981). Este resultado difere do encontrado no presente trabalho, no qual se observa

uma tendência a maior teor de MS no 49° dia de idade, à exceção do tratamento

com ração + colorífico, embora as diferenças entre valores numéricos tenham sido

de pequena magnitude (Quadro 8).

CONCLUSÕES 1. A bixina do colorífico e a niacina suplementar não exerceram atividade

hipolipidêmica sobre os níveis de triglicerídeos e de lipoproteínas de densidade

muito baixa no sangue e sobre a gordura na carne de peito, de coxa + sobrecoxa

e na carcaça de machos de codornas japonesas alimentadas com rações sem

indução de hiperlipidemia.

2. O uso de 0,08 % de niacina suplementar na ração promoveu aumento dos níveis

de gordura na carne de peito de codornas japonesas machos com 49 dias de

idade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTECHINI, A.G. (1991) Nutrição de Monogástricos. Lavras - MG: Esal/Faepe,

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87

5. CONCLUSÕES GERAIS

1. Os valores de energia metabolizável do milho, quirera de arroz, óleo de soja

degomado e farelo de soja testados em codornas foram bastante variáveis em

relação aos encontrados na literatura. Torna-se de fundamental importância a

realização de novos ensaios de digestibilidade visando a determinar valores de

energia metabolizável aparente e energia metabolizável aparente corrigida por

retenção de nitrogênio de alimentos a serem testados em codornas japonesas, a

fim de uso específico em formulações de rações para a espécie Coturnix

japonica.

2. Foi eficaz a inclusão do colorífico, em rações de codornas poedeiras, como

agente pigmentante de gemas de ovos. Estudos sobre determinação analítica

dos níveis de bixina em gemas de ovos e viabilidade econômica do uso do

colorífico em rações devem ser realizados para complementar estes resultados.

3. Foi ineficaz a utilização do colorífico e da niacina suplementar como agentes

hipolipidêmicos em codornas japonesas, principalmente em relação ao teor de

gordura na carne de peito e coxa + sobrecoxa. Outras pesquisas devem ser

conduzidas visando à confirmação sobre o uso de colorífico e niacina

suplementar no controle dos níveis de triglicerídeos e lipoproteínas de densidade

muito baixa no sangue.

88

APÊNDICES

89

APÊNDICE A Quadro 1A. Resumo da análise de variância de coloração de gema (CG)

CG Fonte de variação GL QM Bloco 4 0,2422 NS Fonte energética (FE) 1 108,9000* Níveis de colorífico (C) 3 530,4542* Interação FE x C 3 18,1125* Erro (A) 28 0,4529 Dias experimentais (D) 3 11,1333* Interação D x FE 3 0,0417 NS Interação D x C 9 0,8681* Interação D x FE x C 9 0,3819 NS Resíduo 96 0,3734 Coeficiente de Variação (%) 7,4638

* - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; NS - Não Significativo (P>0,05).

90

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91

Quadro 3A. Resumo da análise de variância de coloração de gema referente ao efeito dos níveis de colorífico (C), avaliada em cada dia experimental (D)

Fonte de variação GL QM C/D7

Linear 1 363,1512* Quadrático 1 15,0064* Desvio da regressão 1 1,3300

C/D14 Linear 1 401,8613* Quadrático 1 23,2561* Desvio da regressão 1 1,2353

C/D21 Linear 1 385,0312* Quadrático 1 20,3063* Desvio da regressão 1 5,2126

C/D28 Linear 1 355,1112* Quadrático 1 26,4060* Desvio da regressão 1 1,2270

Resíduo 121 0,3933 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; D7 - 7º dia do experimento; D14 - 14º dia do experimento; D21- 21º dia do experimento; D28- 28º dia do experimento. Quadro 4A. Resumo da análise de variância de coloração de gema referente ao

efeito dos níveis de colorífico (C), avaliada em cada fonte energética (FE)

Fonte de variação GL QM C/FE1

Linear 1 510,7600* Quadrático 1 21,0128* Desvio da regressão 1 0,4567

C/FE2 Linear 1 1040,0630* Quadrático 1 70,3120* Desvio da regressão 1 2,9857

Resíduo 28 0,4529 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; FE1 - milho; FE2 – quirera de arroz.

92

Quadro 5A. Resumo da análise de variância de coloração de gema, referente ao efeito de fonte energética (milho ou quirera de arroz), avaliada em cada nível de colorífico (C)

Fonte de variação GL QM FE/C0 1 127,8063* FE/C1,5 1 24,0250* FE/C3 1 8,1000* FE/C4,5 1 3,3062*

Resíduo 28 0,4529 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; FE – fonte energética; C0 – 0 % de colorífico; C1,5 – 1,5 % de colorífico; C3 – 3 % de colorífico; C4,5 – 4,5 % de colorífico. Quadro 6A. Resumo da análise de variância de coloração de gema referente ao

efeito de dia experimental (D), avaliada em cada nível de colorífico (C)

Fonte de variação GL QM D/C0

Linear 1 5,9512* Quadrático 1 1,0562 NS Desvio da regressão 1 0,2105

D/C1,5 Linear 1 14,0450* Quadrático 1 0,9000 NS Desvio da regressão 1 0,9782

D/C3 Linear 1 7,2200* Quadrático 1 0,0250 NS Desvio da regressão 1 4,7981

D/C4,5 Linear 1 5,9513* Quadrático 1 0,0062 NS Desvio da regressão 1 0,0606

Resíduo 96 0,3734 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; NS - Não significativo (P>0,05); C0 – 0 % de colorífico; C1,5 – 1,5 % de colorífico; C3 – 3 % de colorífico; C4,5 – 4,5 % de colorífico.

93

Quadro 7A. Resumo da análise de variância do peso médio de ovos referente ao efeito de nível de colorífico (C), avaliada em cada fonte energética (FE)

Fonte de variação GL QM C/FE1

Linear 1 0,5041* Quadrático 1 0,1730 NS Desvio da regressão 1 0,0441

C/FE2 Linear 1 0,4134* Quadrático 1 0,0006 NS Desvio da regressão 1 0,5027

Resíduo 28 0,0953 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; NS - Não significativo (P>0,05); FE1 - milho; FE2 – quirera de arroz. Quadro 8A. Resumo da análise de variância de peso médio de ovos, referente ao

efeito de fonte energética (milho ou quirera de arroz), avaliada em cada nível de colorífico (C)

Fonte de variação GL QM FE/C0 1 0,4244* FE/C1,5 1 0,0518 NS FE/C3 1 0,4537* FE/C4,5 1 0,2250 NS

Resíduo 28 0,0953 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; NS - Não significativo (P>0,05); FE – fonte energética; C0 – 0 % de colorífico; C1,5 – 1,5 % de colorífico; C3 – 3 % de colorífico; C4,5 – 4,5 % de colorífico. Quadro 9A. Resumo da análise de variância do consumo de ração, referente ao

efeito de nível de colorífico (C), avaliada em cada fonte energética (FE)

Fonte de variação GL QM C/FE1

Linear 1 4874,1320* Quadrático 1 208,3325 NS Desvio da regressão 1 1443,7030

C/FE2 Linear 1 8264,8070* Quadrático 1 2644,7730 NS Desvio da regressão 1 6,0459

Resíduo 28 1140,2700 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; NS - Não significativo (P>0,05); FE1 - milho; FE2 – quirera de arroz.

94

Quadro 10A. Resumo da análise de variância do consumo de ração, referente ao efeito do fator fonte energética (milho ou quirera de arroz), avaliada em cada nível de colorífico (C)

Fonte de variação GL QM FE/C0 1 46128,5500* FE/C1,5 1 46511,0400* FE/C3 1 16003,2000* FE/C4,5 1 5636,3560*

Resíduo 28 1140,2700 * Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; FE – fonte energética; C0 – 0 % de colorífico; C1,5 – 1,5 % de colorífico; C3 – 3 % de colorífico; C4,5 – 4,5 % de colorífico.

95

APÊNDICE B Quadro 1B. Resumo das análises de variância do consumo de ração (CR), ganho de

peso (GP), conversão alimentar (CA) e peso (P) no período de 21 a 35 dias de idade

CR GP CA P Fonte de variação GL QM QM QM QM Tratamento 3 64,7388 NS 5,2712 NS 0,0267 NS 2,6620 NS Resíduo 16 29,1950 6,3109 0,0762 5,8570 C.V. (%) 3,23 6,42 5,51 2,24 NS – Não significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade. Quadro 2B. Resumo das análises de variância do consumo de ração (CR), ganho de

peso (GP), conversão alimentar (CA) e peso (P) no período de 35 a 49 dias de idade

CR GP CA P Fonte de variação GL QM QM QM QM Tratamento 3 85,8008 NS 2,6957 NS 1,0501 NS 7,0893 NS Resíduo 16 60,1135 8,6177 3,0989 8,3876 C.V. (%) 3,97 16,19 13,86 2,36 NS – Não significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade. Quadro 3B. Resumo das análises de variância da matéria seca (MS), extrato etéreo

(EE) e proteína bruta (PB) na carne de peito de codornas com 35 dias de idade

MS EE PB Fonte de variação GL QM QM QM Tratamento 3 0,0534 NS 0,0080 NS 0,1193 NS Resíduo 16 0,1946 0,0213 0,1061 C.V. (%) 1,75 26,76 1,65 NS - Não significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade.

96

Quadro 4B. Resumo das análises de variância da matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) na carne de coxa e sobrecoxa de codornas com 35 dias de idade

MS EE PB Fonte de variação GL QM QM QM Tratamento 3 0,1465 NS 0,0416 NS 0,4011* Resíduo 16 0,2063 0,0445 0,0835 C.V. (%) 2,14 27,95 2,08 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; NS - Não significativo (P>0,05). Quadro 5B. Resumo das análises de variância da matéria seca (MS), extrato etéreo

(EE) e proteína bruta (PB) da carcaça de codornas com 35 dias de idade

MS EE PB Fonte de variação GL QM QM QM Tratamento 3 0,1028 NS 0,0071 NS 0,1360 NS Resíduo 16 0,4908 0,0226 0,1112 C.V. (%) 2,74 15,70 2,14 NS - Não significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade. Quadro 6B. Resumo das análises de variância dos triglicerídeos (T) e lipoproteínas

de densidade muito baixa (VLDL) no sangue de codornas com 35 e 49 dias de idade

T 35 VLDL 35 T 49 VLDL 49 Fonte de variação GL QM QM QM QM Tratamento 3 32,1833 NS 1,2873 NS 66,9833 NS 2,6793 NS Resíduo 16 58,0250 2,3210 297,4750 11,8990 C.V. (%) 19,30 19,30 22,81 22,81 NS – Não significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade.

97

Quadro 7B. Resumo das análises de variância da matéria seca (MS), extrato etéreo (EE) e proteína bruta (PB) na carne de peito de codornas com 49 dias de idade

MS EE PB Fonte de variação GL QM QM QM Tratamento 3 0,1351 NS 0,3506* 0,0698 NS Resíduo 16 0,1530 0,0207 0,1633 C.V. (%) 1,61 23,58 1,88 * - Significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade; NS - Não significativo (P>0,05). Quadro 8B. Resumo das análises de variância da matéria seca (MS), extrato etéreo

(EE) e proteína bruta (PB) na carne de coxa e sobrecoxa de codornas com 49 dias de idade

MS EE PB Fonte de variação GL QM QM QM Tratamento 3 0,0935 NS 0,0996 NS 0,1685 NS Resíduo 16 0,1269 0,0520 0,0813 C.V. (%) 1,70 26,70 1,75 NS – Não significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade. Quadro 9B. Resumo das análises de variância da matéria seca (MS), extrato etéreo

(EE) e proteína bruta (PB) na carcaça de codornas com 49 dias de idade

MS EE PB Fonte de variação GL QM QM QM Tratamento 3 0,3905 NS 0,4634 NS 0,1335 NS Resíduo 16 0,2504 0,1947 0,0832 C.V. (%) 2,15 19,56 1,92 NS – Não significativo pelo teste F ao nível de 5 % de probabilidade.

98

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