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O agrupamento produtivo da soja no município de Marau, RS 1 . Rafael Bolis. Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade de Passo Fundo. Gerente de Atendimento do Sicredi Alto Nordeste. Av. Presidente Vargas, 1250, Centro, Marau-RS, Cep 99150-000; e-mail: [email protected] . CPF: 808128640-34. Eduardo Belisário Finamore. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas, administrativas e Contábeis da Universidade (FEAC) de Passo Fundo (UPF), RS. Pesquisador do Centro de Pesquisa e Extensão da FEAC e Doutor em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa. E-mail: [email protected] . CPF: 805420426-49. Endereço para correspondência: Departamento de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis - CEPEAC Universidade de Passo Fundo Campus I – Bairro São José – BR 285 – Km 171 99001-970 Passo Fundo - RS Área Temática Área Temática 4 - Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais Forma de Apresentação Forma: ORAL Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor 1 Artigo elaborado com base no trabalho de conclusão apresentado ao curso de economia da Universidade de Passo Fundo, como parte dos requisitos para obtenção do título em Bacharel em Economia. BOLLIS, Rafael. A Cadeia Produtiva da Soja: Um Estudo de Cluster em Marau, Região da Produção do Rio Grande do Sul, Passo Fundo, 2004.

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O agrupamento produtivo da soja no município de Marau, RS1.

Rafael Bolis. Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade de Passo Fundo. Gerente de Atendimento do Sicredi Alto Nordeste. Av. Presidente Vargas, 1250, Centro, Marau-RS, Cep 99150-000; e-mail: [email protected]. CPF: 808128640-34.

Eduardo Belisário Finamore. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas, administrativas e Contábeis da Universidade (FEAC) de Passo Fundo (UPF), RS. Pesquisador do Centro de Pesquisa e Extensão da FEAC e Doutor em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa. E-mail: [email protected]. CPF: 805420426-49.

Endereço para correspondência:

Departamento de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis - CEPEAC Universidade de Passo Fundo

Campus I – Bairro São José – BR 285 – Km 171 99001-970 Passo Fundo - RS

Área Temática Área Temática

4 - Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais

Forma de Apresentação Forma: ORAL Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de debatedor

1 Artigo elaborado com base no trabalho de conclusão apresentado ao curso de economia da Universidade de Passo Fundo, como parte dos requisitos para obtenção do título em Bacharel em Economia. BOLLIS, Rafael. A Cadeia Produtiva da Soja: Um Estudo de Cluster em Marau, Região da Produção do Rio Grande do Sul, Passo Fundo, 2004.

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O agrupamento produtivo da soja no município de Marau, RS1.

Resumo: Segundo HADDAD (1999), os agrupamentos produtivos ou clusters, consistem, de indústrias e instituições que tem ligações particularmente fortes entre si, tanto horizontalmente quanto verticalmente, e, usualmente incluem: empresas de produção especializada; empresas fornecedoras; empresas prestadoras de serviços; instituições de pesquisa e instituições públicas e privadas de suporte fundamental. A análise de clusters focaliza os insumos críticos, num sentido geral, que as empresas geradoras de renda e de riqueza necessitam para serem dinamicamente competitivas. A essência de desenvolvimento de clusters é a criação de capacidades produtivas especializadas dentro de regiões para a promoção de seu desenvolvimento econômico, ambiental e social.

Nesse contexto e devido ao destaque e importância do complexo produtivo da soja no município de Marau, situado no estado do Rio Grande do Sul, é que este trabalho buscou identificar, delimitar, caracterizar e gerar informações sobre o mesmo procurando visualizar de forma integrada suas inter-relações setoriais e mudanças estruturais no setor.

Para se executar o levantamento de dados e informações, a respeito da cadeia produtiva da soja em Marau, foram elaborados questionários, aplicados aos participantes e componentes, dos elos produtivos e de serviços relacionados á cadeia produtiva da soja em geral, seguindo passo a passo o roteiro sugerido por HADDAD na análise de clusters. Quanto à abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa e, quanto aos objetivos, trata-se de uma pesquisa exploratória.

Palavras-chave: agrupamentos produtivos; clusters; soja.

1 Artigo elaborado com base no trabalho de conclusão apresentado ao curso de economia da Universidade de Passo Fundo, como parte dos requisitos para obtenção do título em Bacharel em Economia. BOLLIS, Rafael. A Cadeia Produtiva da Soja: Um Estudo de Cluster em Marau, Região da Produção do Rio Grande do Sul, Passo Fundo, 2004.

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O agrupamento produtivo da soja no município de Marau, RS1. 1. Introdução A soja é uma das mais significativas culturas em termos de volume e de importância tanto na alimentação humana, quanto na alimentação de animais e constitui-se num dos principais grãos produzidos no Brasil, no que dispõe da geração de empregos, geração de renda e geração de divisas por meio de exportações. A produção brasileira é a segunda maior do mundo, sendo superada apenas pela produção dos EUA. O Brasil apresenta boa participação no mercado mundial de soja, tanto de soja em grão, como farelo e óleo de soja.

O Brasil produziu na safra 2003/2004, 50 milhões de toneladas em uma área plantada de 21.119.900 de hectares, alcançando uma produtividade de 2.376 kg por hectare. O sistema agroindustrial da soja no Brasil apresentou inúmeras alterações ao longo dos últimos anos, intensificadas a partir das décadas de 1970 e 1980 quando a soja passou a ser cultivada em áreas diferentes atingindo boa parte do território nacional, apresentando excelente adaptação. Graças à pesquisa e ao desenvolvimento nessas regiões novas, criou-se variedades para os diferentes solos e condições climáticas existentes no país, estimulado pelo aumento da demanda mundial por soja e pela rentabilidade oferecida aos produtores.

Este cenário da importância da cadeia produtiva da soja no Brasil, nos remete, aos múltiplos estudos que nos últimos anos vem sendo realizados no tocante aos diversos sistemas agroindustriais. Para análise desses complexos, diferentes enfoques são utilizados, com diferentes metodologias. Segundo MONTOYA & FINAMORE (2004), dentre as metodologias e modelos, mais utilizados, os que possuem maior destaque são dos Sistemas dos Complexos Agroindustriais e a Análise de Cadeias de Produção. Mais recentemente, complementando essas análises desenvolveu-se um enfoque chamado de Gestão de Cadeias de Suprimentos. A diferença básica desses estudos é que, enquanto o primeiro está relacionado com as observações macro do sistema e as medidas de regulação dos mercados, o último analisa os mecanismos de coordenação do sistema implementados por seus próprios integrantes – empresas privadas e outras instituições. O que se observa é que estes diferentes enfoques se complementam e permitem analisar a estrutura competitiva dos sistemas agroindustriais. Segundo HADDAD (1999), os agrupamentos produtivos ou clusters, consistem de indústrias e instituições que tem ligações particularmente fortes entre si, tanto horizontalmente quanto verticalmente, e, usualmente incluem: empresas de produção especializada; empresas fornecedoras; empresas prestadoras de serviços; instituições de pesquisa e instituições públicas e privadas de suporte fundamental. A essência do desenvolvimento de clusters é a criação de capacidades produtivas especializadas dentro de regiões para a promoção de seu desenvolvimento econômico, ambiental e social.

Percebe-se então, que não existem critérios padronizados para identificar e delimitar adequadamente os sistemas agroindustriais ou agrupamentos produtivos, o que acaba gerando um problema na escolha da metodologia de análise mais adequada. No entanto, devido a este vasto conjunto de informações, o presente estudo, restringe-se a uma análise mais particularizada sob o foco de “clusters”, numa análise do Sistema Agroindustrial da Soja, especificamente no município de Marau, Região da Produção, estado do Rio Grande do Sul.

1 Artigo elaborado com base no trabalho de conclusão apresentado ao curso de economia da Universidade de Passo Fundo, como parte dos requisitos para obtenção do título em Bacharel em Economia. BOLLIS, Rafael. A Cadeia Produtiva da Soja: Um Estudo de Cluster em Marau, Região da Produção do Rio Grande do Sul, Passo Fundo, 2004.

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2. Metodologia

A identificação dos agrupamentos produtivos procura aglutinar atividades altamente inter-relacionadas em termos de transações intermediárias o que representa uma relativa independência com o resto das atividades. Isto é, os agrupamentos reúnem atividades com alto grau de integração de modo que os intercâmbios que se dão em seu interior resultam mais relevantes que os que se dão com o resto do sistema.

Dentro do esquema dos agrupamentos produtivos típicos, baseado, por exemplo, no processamento de recursos naturais, segundo RAMOS (1997), pode-se encontrar encadeamentos para trás a partir de compras de insumos químicos, maquinário especifico, serviços especializados e outros. Já encadeamentos para frente são encontrados a partir das vendas para outros setores produtivos que serão maiores quanto mais difundidos o produto como insumo das demais industrias e encadeamentos para os lados (como energia, comércio, serviços financeiros).

Os procedimentos metodológicos utilizados neste trabalho seguem o modelo sugerido por HADDAD (1999) quanto a aglomerados ou complexo produtivos que analisa os seguintes pontos: serviço de suporte empresarial ao cluster; suporte fundamental; indicadores de desenvolvimento social da região onde opera o cluster da soja; indicadores ambientais; desenvolvimento da cultura organizacional; demanda e necessidades de insumos e conhecimento, de pesquisa, ciência e tecnologia no cluster da soja; mecanismos de inserção e formas de cooperação entre setor público e o setor privado.

3. Análise dos resultados A seguir serão apresentados os resultados apurados sobre a análise do agrupamento

produtivo da soja no município de Marau, estado do Rio Grande do Sul. Cabe dizer que esses resultados fazem parte de um trabalho maior sobre esse agrupamento.

3.1 Delineamento da área geográfica relevante

Marau, com área de 649,3 km2, com uma população de 29.683 (FEE, 2002), localizado no planalto médio, altitude 650 metros acima do nível do mar, de clima temperado (média 18°C), localizado na Região da Produção no Rio Grande do Sul, que é atualmente o terceiro maior produtor de soja do Brasil. O solo do município em sua maioria se caracteriza por latosolo roxo distrófico e solos litólicos entróficos textura média, relevo montanhoso substrato basalto amigdalóide de boa fertilidade. Marau apresenta boa média de precipitações durante todos os períodos e apresenta quatro estações no ano bem definidas. A estrutura fundiária da região e do município de Marau, é caracterizada por pequenas propriedades, sendo que 31,3% das propriedades agrícolas da região têm menos de 10 hectares e 93,80 %, menos de 100 hectares. Observa-se também que o número de estabelecimentos agrícolas com área de até 10 hectares sofreu uma redução de 29,9% entre 1975 e 1995, entretanto sua participação relativa manteve-se em torno de 30% no período. O mesmo ocorreu com o número de estabelecimentos agrícolas com área de até 100 hectares, que apresentou uma redução de aproximadamente 24,4%, porém manteve sua participação relativa em torno de 94%, ou seja, apesar da redução do número de estabelecimentos, a estrutura fundiária manteve-se na região (IBGE / Censo agropecuário do Rio Grande do Sul 1975, 1985 e 1995). Embora as pequenas propriedades predominem na região, a sua participação na área total ocupada pelos estabelecimentos agrícolas é relativamente pequena. Isso porque 93,8% dos estabelecimentos agrícolas da Região da Produção com área inferior a

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100 hectares, ocupam 49,3% da área dessa região (IBGE / Censo Agropecuário do Rio Grande do Sul 1975, 1985 e 1995). 3.2 Indicadores de performance setorial Entre os indicadores de desempenho do setor agrícola, serão abordados os relativos à produção, produtividade e qualidade da soja. 3.2.1 Produção Como pode ser observado na Tabela 1, Marau ocupa a quinta posição, tanto na área colhida de soja como na produção de soja entre os 41 municípios que compõem a Região da Produção no Rio Grande do Sul. Tabela 1: Área e Produção de Soja no Brasil, Rio Grande do Sul, Região da Produção e Municípios, 2002.

Entidade Geográfica Área (ha) Produção (ton.) Brasil 16.329.000 41.906.900

Rio Grande do Sul 3.295.342 5.610.511 Região da Produção 538.830 1.074.238

Palmeira das Missões 90 000 145 800 Passo Fundo 35 300 81 190 Carazinho 34 200 71 820 Chapada 34 000 71 400 Marau 29 000 69 600

Coxilha 28 000 58 800 Sertão 24 000 57 600

Ronda Alta 23 500 33 840 Portão 23 000 44 160

Ernestina 15 500 29 760 Sarandi 15 000 31 500

Almirante Tamandaré do Sul 14 700 32 634 Mato Castelhano 13 800 32 292

Tapejara 12 350 25 935 Coqueiros do Sul 12 000 25 200

Rondinha 12 000 23 040 Água Santa 10 700 25 680

Santo Antônio do Planalto 10 300 22 248 Constantina 9 700 10 476

Nicolau Vergueiro 8 600 18 576 Vila Lângaro 7 900 11 850

Gentil 7 100 17 040 Soledade 7 000 14 350 Tio Hugo 6 550 14 410 Ciríaco 6 450 15 499

Santa Cecília do Sul 5 900 11 682 São José das Missões 5 900 6 018

Vila Maria 5 000 12 000 Novo Barreiro 4 500 6 480

Nova Boa Vista 4 100 8 856 São Pedro das Missões 4 000 4 080

Camargo 3 500 8 400 Novo Xingu 3 300 3 960 Barra Funda 3 100 5 580

Casca 2 500 7 500 Santo Antônio do Palma 2 000 4 200

Nova Alvorada 1 500 3 600 David Canabarro 1 200 3 120

Muliterno 1 200 2 880 Vanini 300 750

São Domingos do Sul 180 432

Fonte: EMATER, PASSO FUNDO.

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A Região da Produção no Rio Grande do Sul, onde está inserido o município de Marau, apresenta na agricultura uma das crescentes bases de sustentação econômica, tendo na produção de grãos, aves, bovinos e suínos, os produtos de maior destaque e maior importância. A soja é o principal grão produzido em Marau e na Região da Produção do Rio Grande do Sul, seguido pelo milho e depois pelo trigo.

3.2.2 Produtividade O município de Marau, divide, a quarta posição com outros municípios que compõem a Região da Produção do Rio Grande do Sul em relação à produtividade de soja. A Tabela 2 revela que Marau apresenta produtividade superior a produtividade média encontrada no ano de 2002, tanto para a Região da Produção como para o estado do Rio Grande do Sul, ficando pouco a baixo da produtividade média nacional. Tabela 2: Rendimento médio da soja no Brasil, Rio Grande do Sul, Região da Produção e Marau - 2002.

Entidade Geográfica Área (ha) Produção (ton.) Rendimento (kg/ha) Brasil 16.329.000 41.906.900 2.566

Rio Grande do Sul 3.295.342 5.610.511 1.703 Região da Produção 538.830 1.074.238 1.993

Marau 29.000 69.600 2.400 Fonte: EMATER, PASSO FUNDO.

3.2.3 Qualidade Fator importante para a competitividade da soja é a sua qualidade. A melhoria na

qualidade dos grãos colhidos é exigida pelas indústrias, inclusive pelas marauenses, fazendo com que os produtores de Marau, implantem a cada ano novas tecnologias visando um produto de melhor rendimento industrial.

As indústrias de esmagamento de grãos de Marau exigem nas suas aquisições, grãos livres de impurezas, que não sejam ardidos, brotados ou esverdeados, com umidade para industrialização de 10% e dentro dos padrões de comercialização internacional no que diz respeito ha mistura e aceitação de grãos tratados para o plantio.

A época de colheita tem afetado profundamente a qualidade dos grãos. Os compradores pressionam os produtores, para colher o produto com menor teor de água a fim de se diminuírem despesas de secagem e danos mecânicos. Colheitadeiras mal reguladas quebram e amassam maior quantidade de grãos, o que vem obrigando os produtores a terem cuidado neste processo a fim de receberem melhor preço por produto de melhor qualidade. Cuidados estão sendo tomados para não elevar muito a temperatura de secagem dos grãos, visando diminuir variações bruscas no volume destes, o que causa rachaduras e prejuízos ao produto.

Más condições de armazenamento têm trazido muitos prejuízos à qualidade do produto permitindo o desenvolvimento de fungos e traças que depreciam os grãos desqualificando-os freqüentemente quando a finalidade é o consumo humano. O tempo de armazenagem é, também um fator decisivo na qualidade do grão armazenado, principalmente quando feita em condições pouco adequadas.

Os grãos de qualidades diferenciadas, atendendo às demandas específicas de setores compradores, como a indústria de rações, têm promovido alterações nas relações comerciais. Esses grãos estão deixando de ser apenas commodities comercializadas em grandes lotes, para se tornarem ingredientes especializados, com características desejadas pelos processadores e produtores de rações.

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3.3 Aglomerados ou complexos produtivos Uma cadeia produtiva mostra o relacionamento entre as diversas fases por onde passa

um produto, desde os fornecedores de insumos até o destino final da produção, buscando a satisfação do consumidor. Para atingir esse objetivo, inúmeras atividades fazem parte do processo. As cadeias podem ser consideradas redes que envolvem uma série de elementos interligados tais como ciência e tecnologia, crédito e transporte. Pode-se dizer que são conjuntos interligados de pessoas, animais, plantas, solos, meio ambiente, insumos, instituições e mercado, que se mantem unidas, através do processo de negociação, persuasão e coerção para produção e processamento de produtos do setor agropecuário (Souza, apud Santos Filho et. al, 1999).

A soja é a principal demandante de insumos agrícolas em Marau, especialmente fertilizantes e herbicidas. No fornecimento de insumos ao produtor de Marau, destacam-se várias formas de comercialização e/ou financiamento da produção, além do crédito rural tradicional e a venda de insumos a prazo safra: a troca de insumos por produção futura, a venda antecipada com adiantamento (com empresas processadoras e/ou tradings) ou através de CPRs, bancárias entre outros. A produção de soja é em sua totalidade mecanizada, conferindo aos grandes produtores importantes ganhos de escala no que se refere aos custos de mecanização.

A Figura 1 mostra um esquema da cadeia produtiva da soja. Figura 1: Cadeia Produtiva da Soja

Residên cias G alpões D iversos

C usto s Financeiro s

Reven dedoresIn sta lações A dm in istra tivas

Im postos C orreção M on etár ia e

Juros

Fabr ican tes de In sum os

Produtores de

Sem en tes

C apita l F ixo C apita l de G iro

C am po de Produção

G rão Seco

A rm azen am en to

In dustr ia lização

T or ta de Soja O utros Produtos Ó leo de C ozin h a

Rações para A n im ais D om ésticos

C adeia Produtiva de ca rn e, leite e ovos

Produtos D iversos

C adeia de C om ercia lização

Superm ercados Lojas Feiras

C on sum idor

A ssistên cia T écn ica

Fonte: Adaptado de HADDAD (1999).

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No município de Marau e na região, a principal referência para a comercialização de

soja e derivados no Brasil é a Bolsa de Chicago. Há dois níveis distintos de mercado para a comercialização de soja em grão pelos produtores: o mercado de balcão, que é utilizado principalmente por produtores que depositam sua produção em armazéns de terceiros (cooperativas, cerealistas, indústrias) e o mercado de lotes, onde ocorrem transações entre empresas (cooperativas, cerealistas e indústrias) e do qual participam, também produtores que possuem armazém próprio. Os preços no mercado de lotes são superiores aos de mercado de balcão por duas razões básicas: o volume transacionado é maior e os valores incluem os custos de armazenagem e os ganhos do intermediário que adquire o grão do produtor.

Como no Brasil, é baixa a armazenagem na fazenda no município de Marau, sendo a maior parte do grão comercializada no mercado de balcão.

A produção de soja e derivados do município é toda destinada á exportação, seja para outros municípios do estado do Rio Grande do sul, quanto para outros estados brasileiros e exterior. As exportações brasileiras do complexo soja (grão, farelo e óleo) são dominadas por grandes tradings internacionais. A soja chega ao consumidor final através dos subprodutos, tanto na forma de carnes, óleo refinado, margarina e outros produtos que utilizam algum derivado do grão de soja na sua composição.

Em termos nacionais, na safra 2003/2004, a maior parte do grão disponível foi para esmagamento nas indústrias (54,7%), 39,7% para a exportação de grão e 4,9% para sementes e perdas. Nos mercados interno e externo são comercializados, no atacado tanto óleo bruto degomado como o óleo refinado, este, que o principal uso é o consumo humano. Em equivalente-grão, cerca de três quartos da produção brasileira deve ser exportada.

3.4 Serviços de suporte empresarial ao cluster O suporte empresarial no município de Marau é consideravelmente alto, devido às

agroindústrias e outras empresas ligadas à cadeia produtiva da soja, localizadas no mesmo. São empresas de experiência internacional, comprometidas com as exigências dos padrões de qualidade de seus produtos. Empresas como a Perdigão, de grande porte que mantém uma gama de serviços de suporte, que a possibilita cobrir boa parte do território nacional e que é grande consumidora de soja para fabricação de óleo e farelo.

A geração e adaptação de tecnologias são imprescindíveis ao aumento da produtividade, melhoria da qualidade e redução dos custos da cadeia produtiva da soja. A equação às normas internacionais, a certificação de qualidade, a sobrevivência em um mercado competitivo e o maior nível de exigência dos consumidores têm levado a valorização do controle de qualidade (Silva e Neves, 2001).

O aumento da produção local associada aos aumentos de produtividade vem incentivando a verticalização, da produção dado que o município possui agroindústria de esmagamento de soja, fábrica de rações para animais, e industrialização de carnes.

3.4.1 Contabilidade de custos O sistema de controle de custos por setor ou participante da cadeia produtiva da soja é

bastante diferenciado em Marau, sendo que o mesmo conta atualmente com 12 (doze) escritórios para prestação de serviços contábeis e de assessoria em geral. A empresa Perdigão Agroindústria S/A, possui escrituração contábil própria, desenvolvendo em suas unidades, um rigoroso levantamento de custos para formação de seus preços, tanto no recebimento de grãos, como na industrialização de produtos o que melhora as condições de gerenciamento da empresa. Demais empresas de recebimento e armazenagem de grãos, possuem escrituração

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contábil terceirizada. Sendo que, a maioria possui algum tipo de levantamento de custos, que se diferencia de uma para outra quando se trata do método de quantificação de seus custos totais. Estas empresas definem uma margem de ganho para o produto e realizam esta margem na hora da venda. Os produtores de maior porte efetuam cálculos com o objetivo de estimar de maneira mais exata os seus custos de formação de lavouras, porém sem a utilização de um sistema contábil mais sofisticado. Para os produtores de menor porte não se acredita que façam cálculos mais rigorosos, fazendo a medida provável de lucro, via preço.

Neste contexto, percebe-se que as empresas, em geral, trabalham dissociadas umas das outras, não existindo alianças estratégicas entre as mesmas na busca de melhoria nos custos de produção, e conseqüentemente, na busca de verdadeiras vantagens competitivas que deveriam ser causadas pela concentração agroindustrial.

3.4.2 Assistência técnica nos diversos níveis do cluster A assistência técnica aos produtores de Marau, é realizada em diversas modalidades.

Na área de elaboração de projetos para fins de financiamentos bancários, seja para custeio de lavoura seja para qualquer outro tipo de investimento agrícola, Marau conta com 7 (sete) escritórios de planejamento, sendo que estes mesmos escritórios prestam também serviços de assistência técnica, que vai desde o período de preparação para o plantio, formação e desenvolvimento das lavouras, até a colheita, possuindo em seus colaboradores, agrônomos, engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas.

A cooperativa Coopemarau Ltda., possui corpo técnico próprio para assistência aos seus cooperados. As empresas de máquinas agrícolas e revendedores de insumos diversos, possuem os seus os seus técnicos, de nível médio ou superior para dar assistência técnica aos seus clientes. A EMATER Marau, presta também o serviço completo de assistência técnica, na execução de projetos, disponibilizando para o município também, um serviço social, como por exemplo, o de saneamento básico e ainda apresentando aos agricultores, alternativas para melhorar a rentabilidade de suas propriedades.

As demais empresas, que fazem parte da cadeia produtiva da soja, como a indústria e os armazéns, possuem assistência técnica própria de seus equipamentos em geral, que é prestada quase que em sua totalidade por funcionários próprios, treinados e especializados para cada atividade desenvolvida.

3.4.3 Teste de controle de qualidade O controle da qualidade dos grãos recebidos em Marau é feito sistematicamente pela

indústria e pelos armazéns na ocasião do recebimento do produto, em laboratórios das próprias empresas. Esta análise dos grãos é feita dentro das normas para cada produto, em sua grande maioria, realizados em laboratórios próprios. É medida a umidade dos grãos inteiros, a presença de grãos quebrados, de grãos ardidos, de grãos brotados, de grãos esverdeados e de impurezas existentes na amostra. Os resultados são expressos em porcentagem de cada parcela. Baseado no teste de umidade, os grãos passam pelo secador para ficarem no caso da soja com no máximo 14% de umidade. Na ocasião da venda, os compradores exigem informações corretas e recentes da qualidade do grão a ser comprado, isto torna necessário aos armazéns efetuarem um controle e monitoramento dos grãos no período de armazenagem, visto que pode haver perda da qualidade durante o armazenamento.

Quando a indústria realiza aquisição de grãos, em alguns casos, antes da retirada dos grãos, são coletadas amostras dos grãos e realizados testes com o objetivo de comprovar a qualidade destes. Os padrões de qualidade dos grãos exigidos pela indústria, se diferenciam,

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dos armazéns, somente na questão da umidade, sendo que a indústria trabalha no beneficiamento, esmagamento ou extração dos grãos com umidade de até 10%.

3.4.4 Manutenção técnica A indústria, os armazéns e os agricultores de Marau, realizam quase que toda a

manutenção de suas máquinas e equipamentos, sendo que na indústria, os funcionários são treinados e especializados para tais serviços, nos armazéns alguns funcionários são treinados para realizar os serviços de manutenção e os agricultores, normalmente fazem os trabalhos de manutenção nas próprias propriedades.

Na produção de grãos em Marau, o trabalho agrícola se restringe praticamente à operação de máquinas para plantio, aplicação de herbicidas de pós-emergência, aplicação de herbicidas dessecantes, colheita e transporte. Como o trabalho é episódico, o produtor e os empregados, dedicam parte do tempo no período de entressafra à manutenção básica dos equipamentos. Casos mais difíceis é que são entregues aos profissionais específicos.

Todos os revendedores de máquinas e equipamentos de Marau, desde tratores até computadores, possuem oficinas e profissionais para prestar os serviços de assistência técnica aos seus clientes quando estes solicitarem.

3.4.5 Pesquisa e desenvolvimento O aumento crescente da produtividade de grãos em Marau, reflete à introdução

constante de modificações e inovações tecnológicas que vem sendo adotadas pelo agricultor. Os principais suportes tecnológicos e de aplicação de novas tecnologias para o

desenvolvimento do município de Marau, tem sido dados pelos Centros de Pesquisa da Embrapa, assim como EMATER, escritórios de planejamento e assistência técnica, conselho de agropecuária, produtores de semente, sindicatos e pelos próprios revendedores de insumos em geral que, na forma de palestras, dias de campo, visitação a lavouras experimentais e de demonstrações e outros eventos, proporcionam ao produtor os resultados de novas pesquisas e de tecnologias aplicáveis para o aumento da produtividade.

Não se observa no município, esforço de pesquisa e desenvolvimento voltado para a área industrial, de armazenamento ou de transporte.

3.4.6 Fontes de Terceirização e Sub-contratação A terceirização é feita rotineiramente no município de Marau, em algumas áreas

especificas da cadeia produtiva da soja. A indústria de Marau, é a que trabalha com mais serviços de mão-de-obra terceirizada. A vigilância, o refeitório, a limpeza e conservação do pátio, o carregamento de óleo e de transporte, são os serviços permanentemente terceirizados. A mão-de-obra terceirizada é contratada para serviços temporários, no período de safra para o descarregamento de grãos.

Os armazéns do município de Marau, em sua grande maioria, efetuam a contratação de mão-de-obra terceirizada no período de safra para o serviço de descarregamento em virtude do elevado fluxo.

O transporte da produção, da fazenda para os armazéns e destes para outros pontos na cadeia de comercialização de Marau, é praticamente todo terceirizado para empresas de transportes ou para caminhoneiros autônomos. Alguns armazéns contam com serviços de transporte próprio que é utilizado no recebimento de grãos e principalmente na entrega, na hora da venda.

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A contratação de máquinas de plantio, pulverização, colheita e transporte, terceirizadas, é feita por alguns dos produtores de Marau, que não contam estes equipamentos, para o cultivo de suas lavouras.

3.5 Suporte Fundamental 3.5.1 Logística de transporte Um ponto positivo ao agrupamento é o bom consumo interno em relação à produção

existente no município de Marau. A capacidade local de industrialização também é boa. Tanto o produto in natura quanto os industrializados são comercializados em outros mercados além dos regionais. O deslocamento dos produtos é feito quase que exclusivamente por rodovia e isto, em muitos casos, inviabiliza a venda para mercados mais distantes. O transporte via de regra é realizado por carretas graneleiras, obtidas com facilidade nas 5 empresas encarregadas de agenciamento de cargas existentes em Marau e por grande número de caminhoneiros autônomos.

As condições de carregamento disponíveis em Marau são consideradas boas, apenas existe uma dificuldade ou falta de agilidade em relação ha descarga de produtos ligados a cadeia produtiva da soja. Os custos dos fretes, praticados em Marau, se diferenciam de acordo com o produto a ser transportado, sendo o que melhor remunera o transportador é o óleo de soja, cujo principal destino é o estado do Rio de Janeiro, seguido pelo farelo de soja, cujo principal destino é a cidade de Catanduvas em Santa Catarina, tendo ainda como alguns destinos dentro do próprio Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Ceará.

O valor do frete pode variar ainda de acordo com o número de entregas a serem realizadas por carga.

Marau está localizado ao norte do estado do Rio Grande do Sul, no entroncamento rodoviário da RS 324 e próximo a BR 285. A malha rodoviária e as condições de rodagem são consideradas boas, em alguns trechos existe a necessidade de duplicação.

3.5.2 Logística de armazenagem de cereais Marau conta com uma ampla rede de armazéns, alguns credenciados na CONAB e

ainda um crescente número de armazéns construídos em algumas propriedades de maior porte, com maior produção, que também realizam ou prestam serviços de armazenagem para terceiros e não estão considerados neste trabalho.

Tabela 3: Número de armazéns gerais e capacidade estática em Marau, 2004. Entidade Geográfica Unidades de Recebimento Capacidade Estática em Toneladas

Marau 11 149.100 Fonte: Dados de Pesquisa

Tabela 4: Tipos de armazéns existentes em Marau, 2004

Tipos de Armazéns Unidades de Recebimento

Capacidade Estática em toneladas

Silos graneleiros metáicos 4 47.100 Silos graneleiros fundo plano 5 37.200 Silos graneleiros fundo em V 2 64.800

Fonte: Dados de pesquisa

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A rede armazenista de Marau, é considerada mais que suficiente para a estocagem dos grãos ali produzidos. Os armazéns têm preocupação na agilidade nas descargas, para não provocar no pico da colheita filas e demora na descarga, o que pode levar os produtores a outros locais e ainda, se o grão é colhido com alto teor de umidade a perda de qualidade deste. Fora do período de pico da safra existe uma ociosidade em virtude de alto investimento realizado para prestar serviço ágil no recebimento.

O período de armazenagem da soja em Marau, varia, de acordo com o armazém onde se encontra estocada, de aproximadamente 2 meses nos armazéns de propriedade da própria indústria e de 6 a 10 meses nos demais armazéns, pois alguns efetuam as vendas para indústrias de esmagamento e outras diretamente para exportação da soja em grão.

Os principais custos envolvidos na armazenagem de grãos são: limpeza, secagem e classificação dos grãos, que são calculados com base em amostras coletadas na ocasião do recebimento, e descontados de acordo com os percentuais apresentados, a maioria dos armazéns, não realiza a cobrança de taxa de armazenagem.

3.5.3 Logística de industrialização Marau conta com uma indústria de esmagamento de soja da empresa Perdigão

Agroindustrial S/A, com capacidade de esmagamento de aproximadamente 1.200 toneladas/dia, tendo os seguintes produtos principais finais: farelo, óleo e lecitina. Esta indústria conta uma capacidade total própria de armazenagem de 51.000 toneladas e conta com outros armazéns arrendados. A indústria funciona todos os dias do ano, incluindo sábados, domingos, feriados e dias santos, durante 24 horas do dia, com eventuais paralisações para manutenções, gerando um total de aproximadamente 240 empregos. Dos bens finais produzidos pela indústria, a grande maioria é consumida no mercado interno, tendo como principais consumidores os estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro para óleo e o farelo destinado para a fabricação de rações na unidade da mesma empresa localizada em Catanduvas, Santa Catarina. A cooperativa Coopemarau Ltda., possui um parque industrial para esmagamento de soja, no qual presta serviços de cozimento de soja em grão que é utilizada na fabricação de ração pela empresa Perdigão. A empresa Perdigão Agroindustrial S/A., possui ainda no município uma unidade frigorífica para abate de suínos e aves e fábrica de embutidos. Nas proximidades do município existem ainda outras unidades de esmagamento de grãos e beneficiamento de seus derivados.

3.5.4 Entrepostos de comercialização

A comercialização de grãos em Marau, é a atividade que dispõe e utiliza mais infra-estrutura especializada existente na comercialização, seja ela disponível em Cooperativas, em Armazéns credenciados da CONAB ou de particulares, Indústria, Corretores, Bancos entre outros, sempre o produtor em busca da melhor hora para realizar a venda de seus produtos com o objetivo de auferir o melhor preço possível. A metodologia de comercialização de grãos, segue a seguinte cadeia ou seqüência:

Colheita

Transporte a granel para unidades armazenadoras credenciadas

Classificação, Secagem e armazenamento até a comercialização

Transporte a granel para o comprador

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As Cooperativas, armazéns, compradores, corretores de empresas diversas efetuam a entrega dos produtos após a colheita ou armazenam o produto até o momento da realização do contrato de venda antecipada ou em outros casos, como no caso do excedente da produção, os produtos permanecem armazenados enquanto os produtores aguardam épocas, em que estes considerem mais oportunas com melhores preços, por exemplo, no período de entre safra para efetuarem as vendas de seus produtos. Em virtude da demanda da indústria de esmagamento por soja no município de Marau, boa parte da produção interna permanece no município, isto, porque muitos armazenadores, comerciantes de cereais e até cooperativas tem parcerias com a indústria de venda dos produtos, outra parte da produção interna é comercializada para outras indústrias ou até para exportação, ambos na forma de grão. 3.5.5 Sistema de educação: qualidade e acesso A educação como um investimento tem sido objeto de discussões na literatura econômica e sociológica. Volpi e Bressan (2001) consideram o primeiro caso como um fator limitante ao crescimento e desenvolvimento da sociedade. No segundo caso os autores discutem que, para os sociólogos, a educação é importante não apenas para a qualificação, mas para a socialização, processo que implica em consignação e aprendizados específicos. É com base nisso, que instituições como o Senar tem a missão de contribuir com a profissionalização do homem rural, sua integração na sociedade, a melhoria da qualidade de vida e o pleno exercício da cidadania. No Rio Grande do Sul o Senar atua em vários municípios, com programas de capacitação que buscam soluções fundamentais na realidade das propriedades rurais e no contexto sócio-econômico que constitui seu ambiente de trabalho. São grandes as facilidades para o acesso ao ensino em todas as suas modalidades no município de Marau. Em escolas municipais, de educação infantil são 520 alunos, em pré-escola 443 alunos, no ensino fundamental 2.041, na educação de jovens e adultos são 480 alunos. Em escolas estaduais, pré-escolar são 114 alunos, no ensino fundamental são 1.933 alunos, na educação de jovens e adultos são 98 alunos, no ensino médio são 1.180, no ensino médio profissionalizante são 43 alunos, na educação de jovens e adultos ensino médio são 322. Em escolas particulares, na pré-escola são 73 alunos, no ensino fundamental são 321 alunos, no ensino médio são 85 alunos, na educação de jovens e adultos são 76 alunos. Em outras instituições de ensino especial, são 115 alunos na APAE e 111 alunos na ABESFA. Com um número total de 7.955 alunos e 358 professores, sendo 81 professores trabalhando nas creches, 238 em escolas de ensino fundamental e 39 cedidos a outras entidades (Censo Escolar Municipal, Secretaria Municipal da Educação, 2004). Uma escola de ensino superior FABE (Faculdade da Associação Brasiliense de Educação), inaugurada em 17/02/2002 contando atualmente com 206 alunos do município e região, matriculados e cursando Administração Industrial, divididos em cinco turmas, com previsão da formatura da primeira turma em 2006. A região conta nas proximidades com mais escolas de ensino superior com laboratórios e pesquisas em diversas áreas, como a Universidade de Passo Fundo que, formam entre outros profissionais técnicos, bacharéis, engenheiros, economistas, administradores, contadores, agrônomos, veterinários.

3.5.6 Centros de pesquisa e universidades

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Como qualquer outra atividade econômica, a agricultura e mais especificamente a cadeia produtiva da soja, esta condicionada à constante incorporação de novas tecnologias. Essa necessidade de agregação de tecnologias tem por objetivo compensar a tendência de queda de preços das matérias-primas (geralmente as consideradas como commodities), buscando a agregação de valor. A agricultura local de Marau encontra suporte tecnológico em organizações de pesquisa como a Embrapa e outras Universidades da região, onde se destaca a UPF (Universidade de Passo Fundo), que forma, Agrônomos, Engenheiros Agrônomos, Médicos Veterinários, Administradores e Economistas. O apoio prestado por estas entidades, tem sido na forma de palestras, seminários, dias de campo e também através de visitas e estágios curtos nos centros de pesquisa. Outra fonte de suporte técnico disponível é encontrada nas empresas produtoras de sementes locais ou de outras regiões e também nos revendedores de insumos em geral que vem promovendo a instalação de campos de demonstração com diversos dos produtos componentes de seus mix e promovendo dias de campo na época de colheita para demonstrações de produtividade e qualidade, palestras e seminários diversos com o objetivo de informar aos produtores. 3.5.7 Sistema de financiamento Com o objetivo de estimular a expansão e modernização da agropecuária brasileira, o governo vem implantando programas de investimento com recursos oriundos do Sistema BNDES, que estão disponíveis em instituições financeiras de Marau. Programas, como PRONAF, PROGER Familiar, PROGER, Demais Linhas e Linhas Especiais do Finame, com juros que variam na sua maioria de 4% ao ano no caso do PRONAF e de 8,75% ao ano no caso do PROGER até pouco mais em linhas especiais, que são disponibilizados aos agricultores para fins de custeio de lavoura, com prazo de uma safra ou ainda para os agricultores executarem investimentos como construções, aquisições de máquinas e equipamentos com prazo de até 8 anos. O sistema de financiamento, em uso no município de Marau, varia de acordo com o produto e o produtor, face às diferentes opções de venda, que pode ser antes da colheita, logo após a colheita e na melhor ocasião de escolha do produtor. O mais utilizado até o momento, é o feito por intermédio dos bancos, com a apresentação de um projeto elaborado por uma empresa de planejamento seguido de um contrato, onde o agricultor se obriga a pagar os encargos monetários previstos, os juros com taxas na maioria das vezes fixas, no prazo do contrato e/ou para a entrega do produto. Destacam-se, na concessão de financiamentos em Marau o Banco do Brasil e o Sicredi Marau, ambos atuando tanto no financiamento de custeio de lavoura como para realização de investimentos nas linhas de crédito citadas acima. Para a soja, está cada vez mais freqüente o financiamento e tentativa de garantia de preços, através de Contratos de Vendas Antecipadas, onde o produtor recebe previamente um valor fixo estimado para a opção da entrega do produto. Este tipo de contrato vem causando problemas na ocasião da entrega do grão, face às variações de preço do produto. Outra alternativa, que também esta sendo utilizada pelos produtores tradicionais, é a contratação de CPR que é utilizada em menor escala para financiamento. Alguns revendedores de insumos efetuam vendas de alguns insumos nos quais se destaca os agro-químicos em geral com prazo safra e ainda repassando recursos de grandes multinacionais para custeio de lavouras. 3.6 Indicadores de desenvolvimento social de Marau

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O valor encontrado em Marau, para o IDESE, calculado pela FEE, para o ano de 2000, é de 0,78. A esperança média de vida ao nascer é de 74,64 anos, também calculado pela FEE em 2000. O município de Marau apresenta ainda uma densidade demográfica de 46,5 habitantes por km quadrado, uma taxa de urbanização de 82,7 por cento, e uma taxa de analfabetismo de 5,89 por cento no ano de 2000, segundo a FEE. A Região da Produção onde está inserido o município de Marau, ocupa a sexta colocação dentro do estado do Rio Grande do Sul no PIB total e a nona colocação no PIB/Per Capita. O município de Marau, ocupa a vigésima sétima posição na classificação geral no estado do Rio Grande do Sul do Pib Total Municipal, com um valor de R$ 616.142.076,00 e a nona posição na classificação dentro do estado do Rio Grande do Sul no Pib Per Capita, que apresenta um valor de R$ 21.221,00 (FEE, 2001). 3.7 Empregos gerados pela cadeia da produtiva da soja em Marau As informações sobre empregos gerados na cadeia produtiva da soja em Marau, foram estimados de acordo com as médias obtidas de colaboradores contratados nas empresas visitadas e entrevistadas correspondente aos itens abaixo. Na Produção: para as condições de consideravelmente alta mecanização, como é encontrada no município de Marau, são necessários homens para execução dos trabalhos de dessecação inicial da área a ser cultivada, pulverização até a colheita da soja, que totalizam segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marau aproximadamente 170 pessoas. No sistema de plantio direto, em propriedades de maior porte, devido á utilização de máquinas que necessitam de homens bem treinados e por serem realizadas, mais de uma safra na mesma gleba de terras, alguns dos empregados são permanentes. No período de safra, o número de empregos gerados na produção aumenta, com a contratação de diaristas para auxiliar nos serviços como tratoristas e motoristas. Estes profissionais e esta mão-de-obra, contratada na produção, varia, desde técnicos agrícolas até pessoas sem experiência na atividade e com baixo grau de instrução. Na Comercialização de Insumos: Marau conta com vários estabelecimentos especializados na comercialização de insumos agrícolas, gerando com isto, empregos diretos para agrônomos, engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas, que são contratados para prestar serviços não só de assistência técnica, como também realizar vendas de produtos. No período de safra, o número de funcionários aumenta, de acordo com o aumento da demanda pelos serviços prestados aos produtores, serviços como coleta de solo para análise e tratamento de sementes. No Transporte do Produto Bruto (da propriedade para o armazém): o transporte é realizado em sua maioria por caminhões com baixa capacidade de carga, muitos de propriedade dos próprios produtores, alguns disponibilizados pelos armazéns e alguns terceirizados, estes últimos mais no período de colheita da soja. No Armazenamento: pelo número de empregos diretos gerados pelos armazenadores entrevistados, de acordo com sua capacidade de estocagem, calcula-se para Marau, um número de aproximadamente 64 funcionários nos armazéns, realizando os serviços de armazenagem, balança e administrativos. Na Indústria: Marau, tem somente uma indústria de esmagamento de grãos em pleno funcionamento, a qual esmaga aproximadamente 1.200 toneladas de soja ao dia e gera um total de aproximadamente 240 empregos diretos, que vão desde os serviços de descarga, processos de industrialização e na parte administrativa. No Transporte de Produtos Acabados: considerando o bom movimento gerado pela indústria de esmagamento e o bom volume de produtos a serem enviados para outros estados, aliada a falta de frota própria de caminhões das indústrias, e a demora em alcançar seus

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destinos, todos esses serviços são terceirizados, que chegam a levar dois dias para alcançar seus destinos, todos estes serviços são terceirizados, gerando um bom volume de empregos para este serviço na cadeia produtiva de soja.

3.7.1 Indicadores de Qualidade de Emprego: salário médio real, rotatividade, segurança e sazonalidade. No município de Marau, o salário médio mensal geral de agrônomos varia de R$ 800,00 até R$ 2.000,00, para os técnicos agrícolas, a renda se situa no intervalo de R$ 400,00 a R$ 1.200,00, podendo ainda ambos receber comissões. Outros profissionais e trabalhadores ligados a produção e ao cultivo de soja, são, em sua maioria remunerados com salários fixos que variam de R$ 260,00 a R$ 1.000,00 e em alguns casos recebendo participações na produção das propriedades onde se encontram empregados. Na indústria, o salário médio geral, se situa em torno de R$ 650,00, com exigência de primeiro grau completo para ocupação de cargos em setores dentro da indústria e formado ou cursando nível superior para os serviços administrativos. Nos armazéns, os salários médios em geral variam também de acordo com o cargo exercido, e são remunerados de 1,5 salários mínimos até 4,5 salários mínimos, em alguns armazéns para os serviços administrativos é exigido o segundo grau completo. A rotatividade nos empregos gerados pela cadeia produtiva da soja em geral é considerada baixa, apresentando as empresas de maior porte, técnicos de segurança do trabalho, presentes e nas demais empresas são realizados treinamentos e disponibilizadas informações com o objetivo de proteger a saúde de seus funcionários, o que demonstra boas condições de segurança no trabalho. Para algumas funções e serviços existe sazonalidade, principalmente safristas, que são técnicos, mecânicos, motoristas e outros. 3.8 Indicadores ambientais A questão ambiental é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores preocupações da indústria, pois a produção industrial não pode degradar o meio ambiente. Além das exigências legais e técnicas, cada vez mais o consumidor tem dado importância à proteção da natureza. Esta conscientização é um processo em andamento, mas já impacta a decisão do consumidor na hora de escolher seus produtos. É importante que a indústria faça com que o consumidor identifique a marca dela como sendo de uma empresa que respeita o ambiente e utiliza os recursos de forma correta, causando impactos positivos. O Conselho de Agropecuária e Abastecimento de Marau, é um conselho de caráter consultivo, que presta apoio com pareceres favoráveis ou não ao poder executivo, contando em sua formação com empresas privadas, órgãos públicos e sindicatos. Dentre as principais atividades desenvolvidas pelo conselho podemos destacar: a patrulha agrícola, a coleta de embalagens, a organização do senso agropecuário de Marau, o controle de mosquito e representações dos interesses dos agricultores de Marau frente ao poder público. 3.8.1 Manejo de dejetos produzidos Já se encontra na quinta edição a campanha promovida pelo Conselho de Agropecuária e Abastecimento de Marau, para a coleta de embalagens tríplice lavadas de agrotóxicos. A coleta das embalagens é patrocinada pelas empresas revendedoras de produtos agroquímicos e conta com o apoio de entidades ligadas ao meio rural, como a EMATER, Prefeitura Municipal de Marau, Departamento de Agropecuária da ACIM e o próprio conselho.

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A coleta de embalagens se deu nas 42 comunidades rurais que formam o município de Marau, sendo percorridos aproximadamente 800 km, por 8 rotas diferentes. Desde a implementação até o ano corrente, o conselho comemora o aumento significativo da participação das comunidades, do número de produtores participando e do aumento no número de embalagens recolhidas e da redução no número de embalagens rejeitadas.

3.8.2 Compactação do solo O sistema tradicional de preparação do solo, já praticamente em desuso em Marau, com a utilização de aração e grades, promove uma compactação do solo que necessita ser desmanchado com subsoladoras a cada dois ou três anos, o que torna mais demorado e mais caro o processo de cultivo de soja. Outra atividade que aumenta a compactação do solo é a agropecuária, tanto de corte quanto leiteira. No município de Marau, pela característica da estrutura das propriedades, ocorre uma certa compactação do solo pelo pisoteamento efetuado pelo gado, em virtude das glebas serem utilizadas também como pastagens em algumas épocas do ano. A introdução do sistema de plantio direto sobre a palha, elimina praticamente a compactação do solo, não só pelo pequeno número de vezes que as máquinas passam sobre o solo, como também pelo ambiente propício promovido pela palha para o desenvolvimento da fauna e flora do solo, tornando-o mais poroso e mais fértil ao longo do tempo, em função da reciclagem dos minerais existentes na palha os quais vão sendo lentamente incorporados ao solo. 3.8.3 Formas de controle e reciclagem de resíduos O Conselho Municipal de Agropecuária e Abastecimento de Marau, que efetua a coleta de embalagens tríplice lavadas, derivadas de agrotóxicos. No mesmo projeto também providência o envio das embalagens recolhidas para empresas de reciclagem, que efetuam a classificação e em seguida a moagem das embalagens que depois são reaproveitadas na fabricação de por exemplo, vassouras e mangueiras plásticas. 3.9 Certificados Iso Dentre as empresas entrevistas em Marau, a Perdigão Agroindustrial S/A é a única que dispõe de reflorestamento, tratamento de água e outras atividades de proteção ao meio ambiente, não foi mencionada a certificação mostrando a isenção de poluentes. Essa empresa já possui certificação iso 9000 na unidade de abate de aves e está em fase de descrição de processos para alcançar também a certificação na unidade de fabricação de óleo. Em algumas outras empresas já estão sendo avaliadas metodologias e necessidades de programas com o objetivo de certificação.

3.10 Desenvolvimento de cultura organizacional 3.10.1 Nível de qualificação do empresariado A grande maioria das empresas de Marau nasceu como empresas familiares ou como cooperativas, ambas as situações ligadas à atuação regional. Embora com o decorrer dos anos e as mudanças no mercado, aliado ao sucesso das empresas, a estratégia de atuação regional torneou-se pequena, pois, nos últimos anos, algumas empresas nacionais e multinacionais mostraram-se agressivas em gestão, marketing e em domínio de informação. A maioria dos

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empresários entrevistados que atuam em cargos de gerência possuem nível superior de educação, alguns com pós-graduação em agronegócio, os menos qualificados ao nível de escolaridade completaram o segundo grau e todos já participaram e se mostram bastante abertos para treinamentos adicionais. 3.10.2 Adoção de técnicas de gestão Todas as empresas visitadas em Marau dispõem, em seus escritórios de equipamentos de informática com programas específicos, com acesso a Internet, aparelhos de fax e a grande maioria das empresas possui vínculo com entidade de classe e outras entidades que disponibilizam informações ligadas ao agronegócio e aos seus negócios. As empresas contam com administração ampla, reciclagem e treinamentos constantes do quadro de funcionários. É desenvolvido também na grande maioria das empresas entrevistadas planejamento estratégico onde são criadas metas, com constante acompanhamento pelos gerentes e técnicos das tendências e previsões. 3.10.3 Adoção de técnicas de planejamento estratégico A indústria, cooperativas, armazéns, revendas de insumos, escritórios de planejamento, instituições financeiras e demais integrantes da cadeia produtiva da soja de Marau, em sua grande maioria adota técnicas de planejamento estratégico. O planejamento é realizado de acordo com as tendências, previsões e condições de mercado e de safras e acompanhado de perto para alcançar seus objetivos, às vezes necessitando de constantes inovações e reformulações. As empresas buscam maior participação no mercado, novos clientes, redução de custos, especialização dos profissionais e maior rentabilidade, também se preocupando em atender as novas demandas dos produtores que estão a cada ano mais especializados e informados. 3.10.4 Marketing rural e internacional Os integrantes da cadeia produtiva da soja no município de Marau realizam diferentes programas de marketing. A indústria, com marca forte, tradicional e de qualidade comprovada, possui marca própria e efetua não somente marketing interno como também internacional, que é formulado fora do município. Os produtores, mesmo os que produzem soja orgânica não realizam marketing de seus produtos. Os armazéns, transportadores, compradores, cooperativas, revendedores de insumos, revendedores de maquinas e instituições financeiras possuem campanhas de marketing a nível local em jornais e rádios e em menor parte alguns utilizam ferramentas como televisão. As empresas realizam suas campanhas de marketing com a preocupação de venda de seus produtos e serviços. 3.11 Nível de informatização da cadeia produtiva da soja no município de Marau Todos os estabelecimentos visitados em Marau dispõem e estão bem informatizados com programas específicos e ágeis de acordo com a atividade realizada. Muitos produtores já empregam equipamentos de informática, alguns transpassando as informações de suas cadernetas para os computadores. 3.12 Demanda e necessidade de insumos de conhecimento, de pesquisa e de ciência e tecnologia na cadeia produtiva da soja em Marau

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3.12.1 Sistema de Informação para a cadeia produtiva da soja em Marau Dentre os grãos produzidos em Marau a soja é a que possui melhor sistema de informações, que encontra-se disponível na sala de agronegócios com sede no Banco do Brasil, em armazéns, revendedores de insumos em geral, na cooperativa e outras instituições, e é a que possui maior demanda por informações, principalmente na área comercial, por estar ligada on line diretamente com a Bolsa de Chicago – Estados Unidos. As informações recebidas diariamente são as que os produtores, armazéns, compradores e a industria baseiam-se para o fechamento de compras e vendas de grãos, assim como para a formação dos preços de venda dos produtos acabados. A dificuldade de informações precisas na área social, mostra a necessidade da montagem de uma base de dados que caracterize o efeito do grande desenvolvimento da produção agrícola que vem sendo obtida sobre o crescimento populacional, nos empregos gerados, na renda, na qualidade de vida, no consumo, na participação da economia local e no bem estar da população rural e urbana. 3.12.2 Sistemas de classificação As empresas de armazenagem e processamento de grãos de Marau realizam a classificação dos grãos em duas etapas distintas: I) na recepção do grão para o armazenamento ou venda a terceiros, onde por meio de amostras coletadas nos lotes é analisada a umidade e as impurezas, em seguida os grãos passam por um processo de peneiramento, depois a secagem e estão prontas para serem armazenados e II) no seu empacotamento ou enlatamento para venda ao consumidor, dentro dos padrões de classificação estabelecidos pelo Ministério da Agricultura. Nos produtos industrializados são seguidas normas de mercado, a fim de constarem nos rótulos das embalagens, as informações nutricionais e outras informações de segurança de cada produto, conforme as exigências legais.

3.12.3 Combate a enfermidades e pragas que causam prejuízos diretos e indiretos a cadeia produtiva da soja em Marau Os produtores de Marau executam o acompanhamento, o controle e a vistoria de suas lavouras, por meio de visitas de vigilância e análise, algumas vezes acompanhados de seus técnicos, examinando as plantas, o solo, os insetos e larvas que, já se encontram nas lavouras ou que estão surgindo, com o objetivo de identificar enfermidades e infestações que possam vir a prejudicar as lavouras. Se comprovada a existência ou o surgimento de algum tipo de pragas, os produtores efetuam rapidamente a aplicação de agro-químicos específicos para controlar a enfermidade ou praga. Muitos produtores quando realizam dessecações ou pulverizações e mesmo plantio, diversos já incluem agro-químicos ou tratamentos preventivos, para evitar novas entradas nas glebas depois da brotação das sementes. 3.12.4 Desenvolvimento de técnicas especificas para o ecossistema local (pesquisa especializada em genética e sua interação com o meio ambiente) Os programas de melhoramento genético desenvolvido pela Embrapa e outras empresas produtoras de sementes em geral, têm sido dirigidos, para a obtenção de cultivares e híbridos mais resistentes a doenças e pragas que atacam as culturas. Com a implantação do cultivo de sementes geneticamente modificadas, foi reduzida a aplicação de agro-químicos em geral e conseqüentemente reduziu-se a poluição do meio ambiente em Marau.

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O controle de doenças, insetos e ervas daninhas via melhoramento genético é hoje uma das metas perseguidas pelos pesquisadores visando a diminuir a poluição ambiental com produtos diversos e, também pelo alcance inerente a manutenção do equilíbrio biológico do ecossistema. 3.12.6 Centros específicos e laboratórios especializados Os laboratórios disponíveis nos armazéns, cooperativas e indústria de Marau, estão equipados para análise do grão, ficando dependente de outros laboratórios, de fora do município para serviços de análise de solo, sua fertilidade, que servem como recomendação de adubação e análise foliar que permite determinar o teor de nutrientes na parte aérea das plantas e também servem para determinar a adubação. A UPF (Universidade de Passo Fundo) e a Embrapa é que normalmente prestam estes tipos serviços e localizam-se na cidade vizinha de Passo Fundo. Há deficiência também de laboratórios, nos limites do município de Marau, na área de defesa sanitária para identificações urgentes de uma praga ou doença e recomendar seu controle.

4. Considerações Finais Considerando que o município de Marau vem apresentando uma participação

significativa no contexto da economia da Região da Produção no Rio Grande do Sul, onde está inserido, o presente trabalho teve como objetivo identificar, delimitar, caracterizar e gerar informações sobre o complexo produtivo da soja neste município, procurando, de forma integrada analisar suas inter-relações setoriais e mudanças estruturais no sistema agroindustrial da soja.

Para isso foi utilizada a análise de clusters ou agrupamentos produtivos. Partiu-se de uma revisão bibliográfica especialmente sobre a formação e conceitualização de clusters, a qual, deixou em evidencia que, para uma maior competitividade de qualquer sistema agroindustrial, há a necessidade de importantes economias de aglomeração, de função tecnológica e inovações que surgem da intensa e repetida interação das empresas e atividades que integram o complexo. Assim, essas empresas e atividades se reforçam mutuamente; a informação flui quase sem empecilho; os custos de transação são menores; as novas oportunidades se percebem mais cedo e as inovações se difundem com rapidez ao longo da rede. Isso gera, por um lado uma forte concorrência em preço, qualidade e variedade, que dão origem a novos negócios, fortalecendo a rivalidade entre empresas e contribuindo para manter a diversidade do setor. Por outro, quando constituído o agrupamento produtivo ou cluster (fenômeno em geral espontâneo e não intencional) existe uma maior cooperação ativa e consciente de seus membros em prol de uma maior eficiência coletiva.

Os dados retratados sobre o município de Marau, mostram pelos indicadores de performance setorial no complexo da soja, que no ranking dos principais municípios produtores dentro da Região da Produção onde Marau está inserido, o mesmo destacou-se como quinto município em área plantada e produção e na quarta posição em produtividade.

Os serviços de suporte empresarial no município de Marau, são considerados relativamente altos devido as grandes agroindústrias instaladas no próprio município e região, mantendo uma considerável gama de serviços de suporte, contribuindo assim fortemente para o crescimento do município.

Como suporte fundamental, o funcionamento da cadeia produtiva da soja no município de Marau baseia-se em um conjunto de atores na prestação de serviços de infra-estrutura como transportes, armazenamento e indústrias, em constante aprimoramento, contando com

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varias instituições como o SEBRAE, Cooperativas, EMATER, Senar, Senac, Universidade de Passo Fundo, Embrapa, todos buscando a especialização do produtor e gerando importantes ganhos de produtividade e qualidade.

Nos indicadores de desenvolvimento social, através do IDESE, em relação ás condições de domicilio, saneamento e assistência médica, o município de Marau apresenta boas taxas. Marau está entre os municípios do Rio Grande do Sul e da Região da Produção com melhor Pib Municipal e Per capita.

Pelos indicadores ambientais do município de Marau, percebeu-se que para manter a qualidade de vida da população de áreas produtoras bem como para manter ou aumentar as exportações de produtos ligados ou derivados da cadeia produtiva da soja, deve-se reduzir com urgência os problemas ambientais, uma vez que os paises desenvolvidos poderão restringir importações devido aos problemas ambientais causados nos locais de produção, que estão muito bem organizados, e em evolução no município de Marau, orientados através de órgãos públicos e privados.

O desenvolvimento da cultura organizacional, no município de Marau, devido ás mutações de mercado, está forçando á utilização de novas técnicas devido ha necessidade de competitividade de seus produtos. O nível de qualificação e experiência do empresariado é bom, com administração moderna, adoção de técnicas de gestão e de planejamento estratégico para as empresas.

Dessa forma, para que o município de Marau conquiste sua máxima posição em produção, produtividade e qualidade, entre outros requisitos necessários ao qual vem disputando para uma ainda maior competitividade desta no setor da soja, é fundamental, em primeiro plano, maior treinamento, capacitação e educação do ser humano, tendo como reflexo imediato á melhoria da renda e, conseqüentemente, o auge do processo de desenvolvimento e do futuro plausível da cadeia produtiva da soja no município de Marau.

Verificou-se que o município de Marau apresenta fortes elementos que possibilitam ganhos de competitividade no contexto do cluster agroindustrial. Entretanto, esses elementos, ou agentes envolvidos, ainda não estão articulados na busca de obtenção e manutenção da competitividade do setor, de maneira que não se pode afirmar, ainda, que existe, efetivamente, um cluster de soja no município de Marau.

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