Encontros Com Um Mestre (Devany a. Silva)

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Nascido na cidade de São Paulo - Capital em 06/05/1952, atua na área de Arte-final e Diagramação gráfica e gosta de escrever a respeito de suas reflexões sobre a Vida.Faz parte de uma sociedade Espiritualista onde medita entrando em estado alterado de consciência.

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

Encontros com um Mestre

Devany A. Silva

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

Devany A. Silva, 50 anos Nascido em São Paulo, capital. Aos 8 anos de idade teve seu primeiro contato com a espiritualidade, quando levado por sua mãe para “tomar um passe”com ma benzedeira,

dona de um centro de umbanda. Na época, considerou a experiência, fantástica. Influenciado por seus pais, então umbandistas, e

hoje, messiânicos, passou a freqüentar centros de umbanda até aos 25 anos. Procurou também conhecer um pouco do Candomblé. Durante cerca de dois anos praticou Yoga Espiritual com Maha Chrisna Swami. Aos 25 anos conheceu o Kardecismo, doutrina que freqüentou até seus 45 anos. Foi responsável, juntamente com Domingos G. de Souza, pela elaboração da revista espírita VIVA, entre 1978 e 1982. Atualmente, presta serviços como voluntário em uma instituição e faz parte de uma religião espiritualista. É editor e responsável pelo site. www.sabedoriaepaz.kit.net No presente trabalha em dois livros: Cartas a um Filho (auto-ajuda) e Plantando Flores (poesia espiritual).

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Encontros com um Mestre A partir de um coração ávido por descobertas maiores, mesclando pureza de intenção, simplicidade e clareza, o autor nos apresenta um panorama bem amplo das infinitas possibilidades que a comunicação com um Mestre nos proporciona. O trabalho nos encanta e nos convida gradativamente ao prosseguimento da leitura, seguindo uma espontaneidade mágica que toca a nossa alma. O estilo do trabalho, com perguntas e respostas, me conduziu a memórias antigas, especialmente àquelas vivenciadas na escola, com sentimentos de iniciante aspirando a vida adulta... Ao longo da leitura consegui empreender uma viagem rica e com oportunidades de reflexão a respeito de minha caminhada, elevando-me e gerando uma mescla de emoções, resultando em alegria e serenidade. Dentre os inúmeros temas abordados no relato de Devany, encontro um diálogo entre o Mestre e o discípulo a respeito do significado da dor, tão presente em nossos dias, com os passos para a compreensão e a transformação em maturidade. Em síntese, Devany consegue nos esclarecer com a humildade sábia daqueles que se candidatam ao exercício árduo de expansão de consciência, grau inevitável de todo discípulo sensato da escola da vida. Desejo a você, irmão de jornada, uma feliz continuidade em sua obra, que possibilitará com certeza o esclarecimento de muitos leitores e um intercâmbio mais interativo com a vida. Vitórias e Alegrias! Marcio Mussel

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Encontros com um Mestre É através de visões proporcionadas pelo Mestre, que o discípulo recebe revelações sobre a vida, através do conhecimento, dos novos conceitos e desvendando ou compreendendo os mistérios. Ao aluno, tudo a princípio, parece ser fruto de sua imaginação. Na prática mostrará a sua veracidade. Devany A. Silva

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Durante cerca de um ano, os encontros com o Mestre deram-se entre duas a três vezes por mês; somando-se mais ou menos trinta. Quase todos aconteciam quando estava em estado alterado de consciência, “meditando” com os olhos fechados. Alguns aconteciam telepaticamente. Foi, e continua sendo, uma experiência indescritível, já que esses encontros prosseguem a cada quinzena. Tentei passar para o papel um pouco da “aventura”, sinto porém, uma falta de habilidade para descrevê-la, combinando com a dificuldade de retratar fielmente as misteriosas e fantásticas visões com suas cores, sons e figuras. Captei “toques” de sabedoria, que por vezes são verdadeiros “puxões de orelha”, assim, convido os amigos à reviverem comigo parte destas experiências. Para um melhor entendimento, há a necessidade destas páginas serem lidas de uma só vez, para depois folheá-las alternadamente, pois notei que uma afirmação ou um ensinamento, embora se apresentando incompleto ou até mesmo estranho, em páginas seguintes serão contemplados ou melhor explicados. A idéia é mostrar um pouco dos conceitos apresentados pelo Mestre. Espero que todos encontrem aqui uma leitura agradável e proveitosa. Agradeço em primeiro lugar ao Criador, pela oportunidade deste momento. A todos, uma boa leitura. Devany A. Silva

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Agradecimentos A Todos. Citá-los nominalmente, daria longa lista. Mas, há pessoas para os quais tornam-se imprescindíveis o agradecimento, pelo apoio recebido. São verdadeiros irmãos. Prof. Roberto Silva pela pré-leitura e primeiras correções; Prof. Panagiotis Georgios Koulouris e Amândio A. Miranda de Azevedo, por terem possibilitado meu encontro com o Mestre.

Eng. José Carlos Perez pela leitura dos originais e incentivo amigo.

Marcio Mussel pelo apoio, incentivo e imerecida apresentação. Aos meus irmãos de caminhada e busca espiritual. Via Sette Editorial, na pessoa da querida Mariana Riedel, pela

revisão, apoio incondicional e iniciativa em publicá-lo. Razões diversas impossibilitaram o projeto, porém fica aqui o eterno agradecimento e intenção de futuras parcerias.

A querida e sempre prestativa Joselita Motta pela revisão final. Paulo César, Thais e Leonardo, meus filhos e Alzira, esposa e

incansável companheira. Ao Criador pela oportunidade de estar vivendo este momento. Devany A. Silva

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Índice

1 - O primeiro encontro 09 2 - Deus também é assim 16 3 - O vício 23 4 - Aprendendo a ouvir 28 5 - O mal existe 32 6 - Cada um é cada um? 36 7 - Uma experiência nova 40

8 - A razão 45 9 - E quando não encontramos a resposta? 47 10 - A força curadora 51 11 - Aprender sempre 55 12 - Viajando através do infinito 58 13 - Vivendo em harmonia 62 14 - Cuidado com o que pensas ser pensamento positivo 66 15 - Acendam suas lanternas 70 16 - Falem mal mas falem de mim? 74 17 - A sabedoria de Sadhu 76 18 - O que é o amor entre duas pessoas? 78 19 - É melhor sentir que enxergar? 81 20 - A inspiração 85 21 - A Terra está anoitecendo 88 22 - Sugado por uma Luz 90 23 - O eterno adorador 93 24 - Outros vícios 97 25 - Devemos nos afastar do mal? 100 26 - Os pequeninos trabalhadores do Senhor 102 27 - Despedir-se da fé? 106 28 - Alimentando-se de nossos irmãos 110 29 - A importância do farol de milhas 113 30 - A caridade 115 31 - Meditando 118 32 - Continuando a meditar 120 33 - O livro 123 34 - Despedindo-se do vício 129 35 - O saber ouvir é importante 131

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36 - Desculpe o transtorno, estou em reformas 133 37 - Não devemos servir a dois senhores 136 38 - Devemos respeitar nossos filhos 138 39 - Como reconhecer a natureza divina 140 40 - O Senhor do conhecimento 143 41 - Criando amigos ou inimigos 147 42 - Vivendo momentos felizes 150 43 - Conhecendo um pouco da personalidade humana 155 44 - A respeito das religiões 159

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O primeiro encontro

No início, o que parecia simples curiosidade, como “vamos ver o que acontece”, transformou-se em uma viagem fantástica através de uma realidade até então desconhecida. Muitas vezes eram viagens assustadoras, outras maravilhosas e reconfortantes; foi assim que passei por estas experiências, as quais intitulei de: “Pelo Mundo da Consciência Maior”.

Lembro-me, era um sábado chuvoso, tendo como cenário apenas a natureza, quando aconteceu o primeiro contato de uma série. Apesar de já se passar algum tempo, a primeira vez a gente nunca esquece. E não a esqueci, assim como, tenho em minha mente, as demais.

Durante algumas semanas, ficaram ecoando em meus ouvidos suas primeiras palavras:

- Salve irmão da Luz! Sua voz era calma e suave e, naquele momento parecia solene.

Assustei-me, não com a saudação, algo oriental, mas, com o título que acabava de receber. Com o susto perdi a sintonia.

Havia quatro ou cinco vultos à minha frente. Envoltos por uma luz fraca ou névoa e, apesar de assustado com aquela saudação, ainda hoje sinto o astral, a calma e a segurança que me envolvia naquele momento. Depois de perder a sintonia, outros pensamentos e visões me apareceram, porém todos confusos e indecifráveis.

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Voltando para casa já no domingo, o encontro não me saía da mente. Fiz um comentário com Sadhu, aquele que havia me levado para estas experiências místicas, e tive como resposta um simples:

- Interessante... Pelo que entendo, o termo irmão da Luz, refere-se a alguém, que

suponho, tenha uma certa elevação espiritual e, eu estou apenas, buscando esclarecimentos, talvez até, sem grande sucesso.

Fui levado a este primeiro contato pela curiosidade, porém, com a firme intenção de obter alguns esclarecimentos sobre a vida ouvindo a verdade. Mais tarde, através de novos contatos, vim a saber que a verdade ou a mentira é tudo aquilo que é bom ou ruim para nosso progresso espiritual. A saudação que me tratava como “irmão da Luz”, me decepcionou. Lembro-me que na hora, em uma fração de segundos emiti um pensamento: “irmão da Luz... acho que não é por aí”. Foi quando perdi a sintonia, a qual posso chamar de visão telepática.

Passaram-se quinze dias, quando então, voltei a ter um novo contato, novas experiências e, a partir daí posso dizer que obtive revelações.

Sentei-me confortavelmente em uma cadeira almofadada que se

assemelhava a uma pequena poltrona, fechei os olhos devagar, obedecendo aquele que parecia o instrutor do lugar. O “instrutor” ficou por alguns minutos com a mão sobre minha cabeça e fez uma oração, deixando-me com os olhos fechados em estado meditativo. Estávamos num cubículo quadrado que tinha como porta uma cortina de bambu e não chegava a medir mais que 1x1 metro. A mesma voz que havia me saudado anteriormente, sem que nada lhe perguntasse, apressou-se em me dizer mentalmente.

- Não és uma criatura que busca a verdade? - Sim – respondi também em pensamento. - Não procuras fazer o bem, conviver bem, orientar os seus e

fazer aos outros o que queres que façam por ti, tudo na medida do possível?

- Sim, respondi pensativo. Talvez nem tanto, acho eu. - Lembra-te que tive o cuidado de dizer: “na medida do

possível”, não foi? - Sim, concordei. - Pois certamente és da Luz, não? - Acho que sim... – continuei pensativo.

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- És, como todos, um irmão, ao qual devemos todo o respeito. Então, a designação irmão da Luz não deve assustar-te.

- É, concordei. - Tudo que tu passas, passa. Sabemos um tanto a respeito de

tua vida, conhecemos teu passado e presente. Toda tua evolução, se encontra dentro de ti, registrada e arquivada, como em um livro de anotações.

Acredite ou não, agora mesmo tu escreves tua estória, que começou a milhares de anos. Tu, amado amigo, passaste por fases produtivas, outras nem tanto. Compreendeu e odiou. Fez o bem e praticou o mal. Abençoou e amaldiçoou. Socorreu feridos e doentes, mas também, contribuiu para o derramamento de sangue. Andou algum tempo sem rumo e outras vezes reencontrou o caminho. Adorou e lutou, defendendo vários deuses e encontrou o Deus uno.

Nessa altura, notei que lágrimas caíam dos meus olhos fechados e eu não tinha coragem de abri-los. Por alguns segundos cenas diversas apareciam em minha frente. Cenas de guerra, campos cheios de cadáveres e eu me via passando por sobre eles. Sons de gemido, pedidos de socorro, muita fumaça e um astral insuportável. Imediatamente mudava a cena; eu aproximava de uma grande pirâmide, sentindo uma brisa gostosa bater em meu corpo. Diante desta visão, lembro-me de ter começado a rezar o Pai Nosso, oração que faço diariamente.

- Muitos não acreditam nem aceitam esses ensinamentos, nem mesmo o conceito da reencarnação. Novamente tentei me comunicar com aquela Voz que falava ou parecia falar comigo.

- Não estou falando para muitos, querido. Falo contigo e para ti, lembra-te: o fato de não acreditarem, não desmerece a espiritualidade, nem o Criador. Trata-se de lições a serem apreendidas, velhos conceitos e esclarecimentos a serem revividos. Porém, tudo, apesar de sua importância para o momento, passa.

- E as religiões? - São caminhos, querido. Simplesmente métodos de ensino.

Todas válidas e dignas de respeito. - Todas? - Todas as que falam e ensinam sobre o amor, ou seja, Deus.

Aliás, tudo e todos merecem respeito. - E o mal? - Que mal?

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Fui interrompido pela visão de um monstro que vinha ao meu encontro e meu primeiro pensamento foi desviar-me dele. Outro veio por cima, me debati tentando assustá-lo, quando então, senti-me levantado por um tipo que se assemelhava a um dragão com chifres. O pavor começou a tomar conta de mim, eu tentava de todo jeito afugentá-los, porém, sem sucesso. A doce Voz interrompeu meu martírio:

- Calma, filho. Por quê afugentá-los? Confesso que não entendi. Não me lembro direito, talvez estivesse até suando frio, por uma fração de segundos pensei em abrir os olhos; ainda por cima ouvia aquele que no momento, tinha por um guia ou condutor, sei lá, me pedindo calma ao invés de me ajudar.

- Neste exato momento, não posso ajudar-te... Tudo que queria naquela hora era desviar meu pensamento e

livrar-me daquela visão. Tentei pensar em outras coisas quando senti uma doce brisa soprar meu rosto, seguida de uma música suave. Para dizer a verdade, não era música e sim, sons. Sons diferentes, angelicais. Lembro-me que não conseguia distinguir nenhum tipo de instrumento musical conhecido. Mesmo envolto naquela música tranqüila, as visões permaneciam, mas, sentia-me mais seguro.

- Não deves agir assim, filho. – socorreu-me aquela Voz, que continuou - Para que fugir, afugentar ou se desviar dos problemas?

- Problemas? – reclamei – São monstros medonhos! - Esses monstros “medonhos”, como tu os classifica, são

problemas, traumas, dores, sentimentos diversos; enfim, são as dificuldades que tens encontrado pelo caminho. São lições, filho, que estás aprendendo. Tens que encarar esses “monstros”, ir ao encontro deles, vencê-los!

Era difícil encarar pacificamente aqueles monstros que teimavam em permanecer ao meu lado como feras famintas, porém arrisquei e até ousei fixar o olhar naquelas figuras, que ficavam cada vez mais horrendas, ameaçadoras ao extremo. Senti, inclusive, algum contato físico passageiro, até que consegui seguir adiante, a princípio com passos vacilantes...

- Encara-os, filho. Vá. Enfrenta-os! Não posso ajudar-te agora, só orientar-te e, se caíres, levantar-te. Humildade e fé. Tu consegues.

Notei que logo meu olhar tornou-se firme e, como uma criança que mal começa a dar os primeiros passos e logo tenta apressar-se, me

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vi correndo, como se estivesse aprendendo a andar naquele momento, num misto de felicidade e alívio.

- Calma. Modera o ritmo e controla o sentimento. Agora vira-te e veja o monstro “horrendo”que tentava engolir-te.

Virei-me devagar e notei o dragão indo embora, não derrotado, mas com a mesma atitude ameaçadora e imponente.

- Ele permanece vivo, disse desanimado. - Não para ti. Desta vez tu o enfrentaste. Ele está indo ao

encontro daqueles que ainda pensam como tu pensavas. Futuramente estará sujeito a voltar, porém agora já sabes como

agir. Encara-o e resolva com ele o que deve ser resolvido. Respeita-o simplesmente e ele te respeitará.

- Respeitá-lo? Ele queria acabar comigo. Parecia a personificação do mal! Pra dizer a verdade, me senti como se o inferno houvesse mandado todas as suas criaturas horrendas à minha captura, inclusive uma figura que parecia ter saído do túmulo, com as roupas rasgadas ou comidas pelos vermes, tentando me segurar. Respeitá-los?

- Respeitá-los, compreendê-los e amá-los. - Amá-los? – pensei: Pirou! – Tentei esconder o pensamento. - Não foi isso que ensinou o Divino Mestre? Amar vossos

inimigos! Não seriam estes, vossos inimigos ou talvez tu, inimigo deles? Não seria este mal produzido por tu mesmo? Não te esqueças do processo reencarnatório. Por acaso deves afugentar ou desrespeitar o cobrador que bate à tua porta? Deves respeitar e compreender o que chamam de mal, filho, mas esse é um tema que devemos falar futuramente.

- ??? – Apesar de todas as interrogações que surgiram em minha mente, naquele instante, parecia que o assunto estava encerrado.

- É – concordei vencido. Não encontrava argumentos nem palavras no momento. Cheguei até a pensar que tudo fosse obra de minha imaginação. Mal emiti o pensamento “será que não estou imaginando tudo isso?”, senti que minha cabeça começou a doer como se estivesse sendo comprimida e meu pensamento foi desviado por um barulho de algo que caía no chão. Perdi a sintonia.

Passados alguns minutos, ouvi o som de uma sineta bem acima

de minha cabeça. Acenderam a luz azul clara do cubículo onde eu estava e fui chamado a seguir por alguém que parecia ser um ajudante.

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De avental, calça e sapatos brancos, o ajudante, bem educado e solícito, perguntou-me se estava passando bem. - Fiquei todo o tempo com os olhos fechados, prestando atenção nas visões que apareciam e também, em alguém que falava mentalmente comigo. – Apressei-me em dizer, notando ter sido ele, o ajudante, quem tocara a sineta, pois a vi em sua mão:

- Por que pergunta se estou bem? Não era para estar? - Houve alguns casos, novato, pouquíssimos até, de irmãos que

voltaram de seu estado meditativo sentindo tonturas ou com dores de cabeça. Alguns até choraram. Bem, estou aqui para ajudá-lo se precisar. O ajudante tratava-me por novato.

- O meu nome é... – ia me apresentar, demonstrando que queria ser chamado pelo meu nome e não por “novato”, quando fui interrompido por Sadhu que me cumprimentou:

- Como vai, Luís? Tudo bem contigo? Venha, - disse, colocando a mão em meu ombro e convidando-me para andar um pouco - vamos conhecer um pouco deste lugar maravilhoso.

- Seguimos adiante e procurei saber a respeito daquele lugar: - Aqui, Sadhu, é uma espécie de fazenda, correto? - Uma espécie, não. Aqui é uma fazenda. Veja lá em baixo

aquelas plantações, disse-me apontando para uma planície que se iniciava um pouco abaixo de onde estávamos.

- Quero que me conte tudo a respeito deste lugar. Que religião é essa, Sadhu?

- Nada de pressa, Luís. Vamos nos sentar aqui e apreciar a Natureza.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, ou melhor, eu fiquei em silêncio e com os olhos fechados para não contrariar meu amigo, pois minha vontade era de contar tudo o que eu havia passado naquele dia e, ao mesmo tempo saber mais a respeito da religião. De volta para casa, sentia-me com uma paz interior indescritível. Apesar das muitas interrogações que surgiam em minha mente, a paz era companheira. Às vezes, me flagrava com o olhar perdido, meu corpo parecia leve e relaxado, eu tinha a sensação de querer voar. Falei para Sadhu a respeito das minhas experiências. Ele, vez ou outra citava algum acontecimento, pois como eu, procurava entender e absorver ao máximo as visões, por vezes simbólicas, que se apresentavam. Estava

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satisfeito com esses encontros e comecei a anotar em uma caderneta tudo que me acontecia.

Sentia-me em constante progresso e por vezes perguntava: “Por que, após tantas buscas, um dia, repentinamente, sem

promessas ou imposições, tenho acesso àquilo que muitos buscam: Encontros com o conhecimento? A é vida realmente um grande mistério.”

Em minha mente muitas perguntas surgiam. - Está certo que do muito que tenho visto ou ouvido,

provavelmente alguém já me tenha falado. Porém, ao me ver frente a esta situação, num encontro que posso chamar de íntimo e único, com visões e esclarecimentos vindos diretamente a mim, a sensação é muito diferente.

Um dia, durante meus afazeres cotidianos, surgiu o pensamento

de saber quem é Deus. De imediato o repudio e comento comigo mesmo:

- Só faltava essa! Com tantas perguntas a serem feitas, realmente o ser humano é um eterno insatisfeito. Para que querer saber quem, ou o que é Deus? Deus é Tudo. Deus!!! Não devo me preocupar com estas interrogações, mas apenas agradecê-Lo, comovido com tanta bondade, com tanto amor e por tudo.

Finalmente chegou sábado, dia da semana marcado para que eu

voltasse. Sonolentos, chegamos por volta das 6h00 e em meu íntimo perguntava: - O que acontecerá hoje?

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Deus também é assim?

- O que acontecerá hoje? Após repetir todo aquele ritual da vez anterior, quando, depois

de sentar-me confortavelmente, fechar os olhos e deixar que o instrutor colocasse a mão em minha cabeça por alguns minutos, senti que em meu peito, bem no centro do tórax alguma coisa acontecia. Parecia que uma força queria eclodir, chegando a me incomodar fisicamente. Era como se meu tórax fosse o único lugar por onde alguma coisa ou força pudesse sair, eu sentia a tentativa. Continuei em minhas orações íntimas lembrando, de pedir, não somente para receber esclarecimentos espirituais, como para colocá-los em prática no meu dia-a-dia, já que o “instrutor” havia me orientado a agir assim.

Meus pensamentos foram interrompidos por uma intensa luz (estava com os olhos fechados) e a doce Voz que eu já começava a respeitar e admirar, perguntou-me telepaticamente.

- O que é Tudo, filho? A luz diminuiu de intensidade e parecia piscar levemente. Não

era um foco localizado. Sentia que tudo em minha volta brilhava suavemente, numa enorme claridade azul prateada.

- Sinceramente, não sei, respondi. – Meu coração diminuiu o ritmo de suas batidas parecendo ficar no mesmo compasso da Luz que piscava suavemente...

- Queres saber quem ou o que é Deus? - Se merecer, sim. - Apenas saberás o que for possível para ti compreender. Não

te esqueças que, o que vier a saber, será pouco. Apenas te mostrarei o

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que estás apto para compreender. Neste estágio, tua consciência-guia está preparada para ver que o que chamam Deus também é assim:

O Mestre foi interrompido por ma claridade, que tinha a tonalidade azul prateada, aos poucos foi tornando-se multicolorida com pequenos pontos cintilantes. Fixei o olhar tentando curiosamente descobrir o que era realmente aquilo que ora parecia algo gelatinoso, ora esfumaçado ou até mesmo uma nuvem. Tentei me aproximar o mais perto possível com meu olhar penetrando naquilo. Lembro-me que olhava para cima maravilhado quando a doce Voz interrompeu-me:

- Por que olhas para cima? Deus não está somente em cima. Olha para a esquerda...

Olhava para a esquerda e novamente a Voz me conduzia: - Para direita, filho. Para baixo. Para todos os lados. Agora,

olha para dentro de ti: Estava, como disse, maravilhado, com aquele espetáculo e, ao

olhar para dentro de mim, vi que fazia parte de tudo aquilo e meu corpo não mais existiam. Por alguns momentos, talvez por fração de segundos, nem mesmo meu pensamento parecia existir. Eu fazia parte daquilo tudo. Eu era aquilo tudo e quase não sentia mais minha identidade. Esse sentimento também durou milésimos de segundos, quando novamente me senti maravilhado com tudo, que apesar de me envolver, voltava a ser uma Luz distinta de mim. Por mais que tente, não consigo passar para o papel o que realmente sentia e via naquela hora.

- O que acabaste de ver e sentir, filho, é o Todo. Assim como tu, toda a criação se unirá à Consciência Suprema e “d’Ele” apenas tiveste uma pequenina amostra. Tudo que pudeste suportar, te foi mostrado. Mas do que isso, tua consciência sofreria algo como uma explosão, passarias a fazer parte do Todo e não existirias mais. Nem como matéria, nem como consciência. Passarias a ser o que o querido Mestre Divino classificou de “um com o Pai”. Não esqueças, filho meu, que o tanto que te foi mostrado, é até onde tua consciência, ainda individual pode compreender. Tudo termina quando se chega ao final que é o início de tudo. Nesta jornada de “volta ao Todo”, milhões de anos se passaram. A vida começou do nada que sai do Tudo e passa por ciclos evolutivos até completá-los e voltar ao Todo.

Depois de alguns instantes, a Voz continuou: - Hoje passas pelo ciclo “animal/racional”. Quando saístes do

estágio animal/irracional, ganhaste uma alma individual, juntamente

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com uma mente-pensante que te auxilia em tua trajetória. Esta alma, iluminada pela centelha Divina, como a humanidade assim define, encontrava-se em estado de pureza, sem máculas, tendo por objetivo vencer os diversos desafios a que foste e és submetido através das situações que te são apresentadas, contando sempre com a “ajuda” da mente-pensante. Este é um dos derradeiros ciclos na volta ao Todo. Não te esqueça que há também o reino angelical. Como “racional”, carregas para registro de experiências uma consciência-guia contigo, para que consigas enfrentar todo o tipo de sentimentos que deverão ser vencidos, até que possas, já no Reino Angelical, ser um com o Todo, neste caminho de volta. Lembra-te que os milhares de anos que falei há pouco, refere-se ao tempo, que também é apenas um referencial na longa caminhada. Para o Todo, o tempo inexiste. O tempo na Terra só existe para que a vida tenha referenciais em sua jornada. Penso que com essa explicação, respondi também a tua pergunta a respeito do tempo.

- E o espaço? - É também somente um referencial. - Tudo isso é muito grande, maravilhoso, mas e o nosso dia-a-

dia? Onde entra toda essa maravilha em nosso cotidiano? Onde e como age Deus em nossa vida, este “Ser” maior e indescritível que acabei de visualizar? Diante disso, sinto não saber nem conhecer absolutamente nada.

- O Criador, filho, está em tudo que se manifesta e quando começas a pensar nada saber, estás começando a aprender. É por isso que estás conhecendo alguma coisa do mistério. Foi necessário levar-te até onde se fecha o ciclo evolutivo, para que possas compreender o que te direi mais pra frente. Em outras palavras, amado filho, é como se prometessem ensinar-te a fazer um bolo espetacular sem mostrar o resultado final. Foi necessário te mostrar o bolo e deixar que provasses um ínfimo pedaço, para então te ensinar como prepará-lo. Conheceste o ciclo evolutivo, agora tens que vivenciá-lo. Degrau por degrau, estrada por estrada. Porém, filho meu, não te esqueças que enquanto tiveres pensamentos estarás sujeito a ter ilusões.

- Com isso, - continuou a Voz – quero dizer-te que enquanto há pensamento existe o livre-arbítrio, a livre aceitação. Em tudo que te mostrar e te ensinar, haverá necessidade da tua própria análise e aceitação consciente. Jamais aceites uma visão ou um ensinamento sem perguntar mil vezes se é bom para teu progresso espiritual. Jamais, filho, tentes implantar em teu irmão um ensinamento que

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julgas bom para ti ou para a humanidade. Cada ser, em seu grau evolutivo, deve aprender o que sua consciência-guia está pronta para absorver. O máximo que deves fazer pelo teu irmão é compreendê-lo. É desejar para ele o que sinceramente queres para ti. É ajudá-lo como se estivesse ajudando a ti mesmo. Quando dito teu irmão, refiro-me a todos que te cercam. Todos, absolutamente todos, inclusive os que ainda estão passando pelos ciclos anteriores. Não posso pedir que os ame, ainda não chegaste ao grau evolutivo do amor. Lembra-te que este é o derradeiro grau. Posso, sim, pedir a ti que os compreenda. O primeiro passo para amar é a compreensão. Imagine como estaria a Terra, se todos começassem a exercitar a compreensão? Não seria bom se irmãos compreendessem irmãos ao invés de julgá-los e condená-los diariamente? Não seria bom se todos se conscientizassem que estão em constante evolução e que errar faz parte do aprendizado?

- Se quiser, filho, apresentar ao teu irmão alguns dos conhecimentos que estás recebendo, faça-o humildemente, mostre-os como uma outra opção de entendimento a ser examinado. Ele decidirá se irá ou não aceitá-lo. Não te omitas de mostrar, esse é teu dever. Jamais tente apresentar um ensinamento como sendo a única verdade. Já foi deixado à humanidade, pelo Divino Nazareno, grandes ensinamentos, que são “referenciais” à ascensão humana. Sempre que houver necessidade, cite-os, mostre-os, viva-os em teu cotidiano para que teu irmão livremente faça a escolha. Lembra-te: há necessidade de praticar o que aprendes e escreves. Este é o verdadeiro caminho da evolução.

- Sentia-me maravilhado com toda aquela sabedoria. Cheguei a perguntar-me se tudo não tinha sido obra da minha imaginação. Mas, certamente, eu não podia estar imaginando o que acabava de ver e ouvir. Tudo era fantástico. Tudo era Divino.

- Perdão, - disse – gostaria de tirar uma dúvida. Devo compreender tudo e todos, inclusive, pelo que entendi, o mal também? – Fiz esta pergunta telepaticamente.

- O que é o mal, filho? – Aquela Voz doce e paciente, por vezes

parecia falar sorrindo... - Bem, - gaguejei... – qquero dizer... ddigamos, os representantes

do mal, ou melhor, alguém ou alguns que tenham cometido delitos monstruosos na sociedade como os crimes hediondos. São eles os chamados representantes do demônio ou satanás...

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Fui interrompido por gostosa gargalhada e logo em seguida ouvi a Voz esclarecendo-me:

- Filho querido, já passastes por este grau. Deixo aqui, um ensinamento para ser estudado: Aqueles que praticam o mal, como dizes, devem ser compreendidos, respeitados e amados.

O contato havia se encerrado. A mesma sineta da vez anterior soara e as luzes se acenderam. Antes que eu conseguisse me espreguiçar, o ajudante, sempre educado e prestativo, abriu a cortina do cubículo e se apressou em perguntar:

- Tudo bem, novato? Novamente fiz menção de me apresentar, estirando-lhe a mão

em cumprimento, mas ele se apressou: - Você parece bem. Acertei, novato? - Acertou, a-ju-dan-te. – Pronunciei a palavra ajudante devagar,

para que ele ouvisse bem, ao mesmo tempo em que se senti intimamente vingado.

Não me pareceu importar-se. Simplesmente sorriu. Não tive outra alternativa senão sorrir também e Sadhu apareceu, dirigindo-se primeiro a ele:

- Como vai, irmão. Deixe-o comigo. Bateu com a palma da mão direita em meu peito, em sinal de

cumprimento, dizendo: - Tudo bem? Saímos daquela ala do alojamento e fomos até a varanda, onde

reclamei com Sadhu a respeito do tratamento que o ajudante me dispensava, chamando-me de novato.

- Eu tenho nome, pô. Avisa pra ele... - Não se importe com isso. Todos que ficam nesta ala – disse

apontando para o lugar onde ficavam os cubículos – são novatos e assim são tratados. Não há desrespeito. Mesmo assim, se você quiser, vou lhe apresentar a ele.

- Sadhu, você disse “alas”? Quer dizer que existem outras? - Venha, - puxou-me pelo ombro – vou lhe mostrar. Mostrou-me uma seqüência de cubículos que estavam do lado

oposto ao que eu ficava. - Aqui ficam aqueles que estão há mais tempo que os novatos.

São os aprendizes. Na parte de cima, - apontou para o alto – ficam os que estão há mais tempo. São os graduados. Estes, geralmente estão aqui há mais de dez anos, alguns vivem e trabalham na fazenda juntamente com os instrutores.

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- E você, Sadhu? Qual sua graduação? - Faço parte desta sociedade há vinte anos, meu amigo.

Pertenço ao quadro de instrutores, embora, como você bem sabe, não moro aqui. Mas, como foram suas aulas hoje?

- Aulas? – Estranhei. - Estamos aqui para aprender, concorda? Consideramos a

fazenda uma escola. - Sadhu, você disse que está na fazenda há vinte anos? - Para ser mais preciso, vinte e um. No final deste ano, em

novembro, estarei inteirando vinte e um anos de fazenda. - O que é ensinado aqui, Sadhu? - Calma, meu amigo. Aos poucos irás saber. Tudo vem a seu

tempo.

Novamente interrogações em minha mente. A mim, parecia o cúmulo. Amar o mal! Se eu tivesse a intenção de dizer aos meus, ao voltar para casa: “Devemos amar o mal”, com certeza me internariam em um hospício.

Na volta para casa, comentei com Sadhu a respeito dos

esclarecimentos daquele dia, inclusive a respeito do que tinha acabado de ouvir antes de encerrar o contato. Sadhu, saindo do seu silêncio, com calma e paciência, lembrou-me:

- Como nós, seres humanos, somos ainda tão ignorantes e tão inocentes! Tanta sabedoria é ensinada, tantos “toques”e esclarecimentos nos são passados e ficamos “encucados”com uma lição que nos dão para ser meditada e compreendida .

- Mas, Sadhu, isso vai de encontro a tudo que todos nós aprendemos até hoje. Tanto eu como você, enfim, todos nós aprendemos a respeito do bem. O mal é mal e deve ser afastado. Devemos fazer o bem e não praticar o mal, não é isso? Ou será que estou ficando débil?

- Vamos com calma. – Interrompeu Sadhu, pacientemente. – Até agora, tudo o que você viu e ouviu tem feito sentido, certo?

- Sim. – Concordei. - Calma, deve ter algum sentido. O melhor é esperar. Acho que

ao invés de pensar no mal, “que deve ser amado”, - Sadhu sorriu – é melhor meditar sobre tudo que lhe aconteceu hoje.

- Decisão sábia. – Sorri.

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- Acho que deves mostrar que estás aprendendo alguma coisa, principalmente porque estás anotando que estás vivenciando. Falando nisso, vai mesmo transformar suas anotações em um livro?

- Ainda não sei. É minha vontade. Se não for possível ou permitido, todas essas notas ficarão guardadas para futuras consultas. Vamos dar tempo ao tempo.

Em nosso encontro seguinte surgiu-me a vontade de saber mais detalhes a respeito do tabagismo, pois, como fumante, pensava seriamente em abandonar o cigarro. Estava em estado meditativo quando o Mestre se fez presente através de sua doce Voz:

- Então, o vício começa a incomodar-te, filho?

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O vício

- Então, o vício começa a incomodar-te, filho? Já o conhece em sua forma de cobrador implacável. Através de visões ilustrativas, conheça-o em sua forma de ser e agir. Começou a formar-se em minha mente uma pequena criança de mais ou menos dois anos de idade. Loirinha, de cabelos encaracolados e com rosto angelical. Sorriu para mim, um sorriso tímido, porém transmitindo felicidade. Aproximei-me da criança, peguei-a nos braços vagarosamente e curioso. Lembro-me que beijei suas faces, colocando-a novamente no chão. Aos poucos a criança foi crescendo, transformando-se em uma fada, que olhava para mim sorrindo, tentando me envolver com um abraço reconfortante e fraternal. Aos poucos, a angelical figura começou a se transformar em um monstro apavorante. Virando-se, veio ao meu encontro, como se fosse atraído por mim. Parando a minha frente, fez menção de me atacar, logo mudando de idéia. Tomando certa distância, começou a crescer, crescer e distanciando-se continuou a crescer. Parecia querer mostrar que quanto mais ganhasse distância, mais poderia crescer. Seu crescimento e gestos ameaçadores tomaram conta de tudo que estava a sua volta. Para onde eu caminhava ele parecia me cercar. Por vezes, eu sentia que me afastava um pouco e olhando-o do espaço enxergava-o envolvendo toda a Terra. Naquele momento percebi a soberania que o vício exerce em toda a Terra. O monstro continuava andando vagarosamente para todos os lados e, de repente, virou-se para mim atacando-me. Me vi, sendo

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engolido e comecei a entrar por sua garganta, que parecia um longo túnel. Naquele instante não senti medo, ao contrário, lembro-me que experimentei um leve torpor, calma e segurança. Não sei por quanto tempo aquilo durou. De repete comecei a ouvir a voz do Mestre que parecia vir de longe. Aos poucos foi ficando mais próxima, até que consegui ouvi-lo claramente: - Filho, filho, volta à tua realidade. – Carinhosamente, estava sendo retirado daquela situação e imediatamente comecei a sentir uma tristeza inenarrável. - Conheceste a força dele? Lágrimas rolavam em meu rosto enquanto soluçava e, por alguns momentos permaneci cabisbaixo e pensativo. - Através destas visões, conheceste um pouco do que é o vício. Como ele chega, ataca e devora. Outros conheceram ou conhecerão através de outras visões, diferentes destas, sempre de acordo com o mental de cada um. Entretanto, creia, sempre a realidade verdadeira é retratada fielmente. Ha, se a humanidade descobrisse as conseqüências espirituais provocadas por este monstro! A voz calou-se por alguns minutos.

- Os homens já conhecem um pouco das feridas físicas e morais provocadas pelos vícios. Tanta dor, tantas lágrimas e destruição, unicamente causada pela vontade do homem. Toda essa degradação atrasando cada vez mais a evolução humana. Só há um remédio: a vontade do homem, unicamente o querer. Assim como o homem recebe o vício pela sua vontade, somente através dela poderá deixá-lo. E tu, filho, que tenta se afastar dele terás que deixá-lo por teu próprio esforço. Tente e conseguirá. Se cair, te levantarei. Se fraquejares, te ajudarei. Porém, terá de ser pela tua vontade. Tu que o abraçou, deverá despedir-se dele. O homem só começa a deixar o vício, quando realmente tiver a vontade e não, quando simplesmente desejar.

- O vício, Mestre, deveria ser exterminado, banido da face da Terra. – Tentei filosofar.

- Bani-lo, sim. Acabar com ele, não. O vício é um dos elementos necessários para o progresso humano. O que o ser humano não deve, é perder tempo nem se demorar nesta lição chamada vício. Todo aquele que se encontrar com o vício, deve respeitá-lo. Aquele que o abraçar e depois abandoná-lo, deve respeitá-lo e compreendê-lo. Deve agradecê-lo pelas lições que por certo foram aprendidas. E todo aquele que por sua vontade não abraçar o vício, será respeitado por ele. Aquele que deixá-lo por sua firme vontade, não receberá sua

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visita novamente: o vício o respeitará. Só receberá sua visita outras vezes, aquele que, na verdade, ainda não o deixou. Quando ele for banido do Planeta, é sinal que o ser humano não precisa mais deste tipo de lição. O vício não morrerá nem acabará enquanto o ser humano ainda depender dele.

- O vício é poderoso, afirmei, abaixando a cabeça, permanecendo com o olhar fixo no chão e com certo desânimo.

- Mais poderosa é a vontade do homem. O homem, em si, é o próprio poder e sua vontade é o seu reino. Através de sua vontade se aproximará da Luz ou das sombras. Unicamente pela sua vontade, como já foi dito. O homem pode tudo que imagina. A única coisa que ele não pode é criar a vida, que é de natureza do Todo Poderoso, o Criador. Mais pra frente falaremos a respeito do poder do homem, falaremos a respeito da Luz e das sombras e também a respeito de outros vícios, também importantes, porém pouco comentados ou divulgados como tal.

Com estas palavras a Voz se calou. Algumas visões apareceram, mas sem significado aparente, voltando tudo a ficar escuro outra vez.

Já havia se passado um mês desde nosso derradeiro encontro e,

certo dia, quando pensava a respeito do vício e as várias vezes em que o Mestre havia dito a palavra vontade, veio-me telepaticamente a resposta: “A vontade é uma força”. Dos encontros sentia saudades e vivia pensativo tentando ainda entender aquelas revelações. Alguma coisa insistia em me dizer – e não era aquela costumeira Voz – que eu deveria aplicar os novos conhecimentos em meu dia-a-dia, transformando-os em sabedoria. Deveria vivenciá-los. Isso seria mais importante que qualquer conhecimento novo.

- Queres escrever um livro, filho? – A doce Voz voltava a se

manifestar, a Voz que eu começava a chamar de Mestre. - Gostaria de ordenar todas as anotações que tenho feito e se

possível transformá-las em um livro... - Para que? Confesso que de imediato, não soube responder. Aquela

pergunta me pego de surpresa. Pensei um pouco e... - Queres que todos conheçam o que estás aprendendo, não é? Ele adivinhou meu pensamento. Concordei tentando me explicar:

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- É que... - Nesses encontros que temos, dos quais és merecedor, não só

para ti, como para todos que são chamados, são apresentados ensinamentos que as consciências-guias estão prontas para absorver. São ensinamentos em forma de visões, íntimas e próprias para cada um, de acordo com a evolução individual. Cada um, através de muitos e muitos anos de caminhada, chega te nós, trazendo em suas bagagens, experiências que são representadas por belas luzes. Umas mais claras, outras menos e outras, menos ainda, porém, todas são luzes do saber e da sede do conhecer.

Eu estava extasiado e a Voz, depois de um pequeno silêncio, continuou:

- Muito do que é mostrado e explicado individualmente, outro irmão não absorveria. Porém, para ti e para outros é de real importância como complemento do conhecer. Não acreditamos que um relato de experiências espirituais possa ajudar outros irmãos, a não ser, para aguçar-lhes a curiosidade ou conservar-lhes a descrença, acusando-os de fantasiosos ou imaginativos. Devemos sempre lembrar que os livros que sintetizam o Tudo e a oração que representa todo o ensinamento, já fora apresentadas há algum tempo. Se queres transformar esses encontros em páginas, que sejam tomados apenar como um livro “curioso”a respeito de experiências de alguém à procura de saber. No entanto, que não seja usado como referencial religioso ou doutrinário a quem conhecê-lo. Nessas condições, tem nossa aprovação e apoio.

Era tudo o que eu queria ouvir. Fiz menção de expressar meu contentamento, mas a Voz não se deixou interromper:

- Poderão ser passadas outras informações e explicações, sob forma de inspiração, como complementos explicativos das visões, mas nem tudo poderá ser escrito, esperamos que tenhas discernimento. Quando te preparares para as anotações, faça uma oração, eleva teu pensamento ao Criador, mantém teu ambiente limpo e arejado. Que uma música suave e melodiosa envolva o ambiente. Dirija teu pensamento para a visão da qual queres mais explicações ou informações. Entendeste, filho? Saiba porém: tudo o que for escrito, que for lido por outrem, será de tua inteira responsabilidade. Isto é Lei.

- Começo a compreender a responsabilidade, Mestre. É que existem tantos livros a respeito de religiões...

- Falaremos mais para a frente a respeito disso.

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- Perfeitamente, Senhor, respondi, respeitosamente. Fechei os olhos e o sono logo chegou. Nesse dia estava me preparando para dormir, quando o contato se deu através do pensamento eu estava terminando minhas orações e dirigia meu pensamento para o local onde se davam os encontros, para agradecer sinceramente, pelo que já aprendera. Dormi.

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Aprendendo a ouvir

Para a semana seguinte havia sito marcada não uma, mas duas ou talvez três aulas. Confesso que, após ter recebido autorização para continuar fazendo anotações do futuro livro, senti que aquela era a oportunidade de recolher muitos esclarecimentos. O primeiro contato foi por volta das 8h00, logo após o ofício religioso.

Estava sentado confortavelmente e em posição meditativa, como sempre, quando senti uma mão se aproximar de meu peito tentando me empurrar para trás. Pensei: “Andar para trás? Dizem que é atraso de vida... o que será que está acontecendo”?

- Vamos regredir a memória, filho? – Era a voz do Mestre e sua mão, a me conduzir. – Queres conhecer um pouco do passado? Relembrar vivências anteriores?

- Mas... andando para trás? – Pensei. - Assim é que deve ser feito. Vamos... Enquanto dialogava com o Mestre, andava para trás. Cada vez

mais depressa, cada vez mais rápido, a ponto de deixar de andar e começar a ser sugado, quase perdendo o referencial do meu corpo. Pela primeira vez senti certo desconforto, chegando a ficar um pouco tonto.

Quando voltei a sentir o corpo, estava em posição fetal, todo encolhido e desconfortável. Naquela hora lembro-me de ter pensado assim: “acho que estou dentro de uma barriga...”. Em minha frente apareceu uma espécie de túnel brilhante em espiral, desses que costumamos ver quando retratam uma viagem através do tempo.

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Pareceu-me que entraria naquele túnel, porém, algo me fez perder o contato.

Abri os olhos e vi que estava todo encolhido, com a cabeça quase encostando na barriga e me recompus. Fechei os olhos, tentando entrar novamente em sintonia, mas, apenas apareceram algumas visões que não pude decifrar.

Ao anoitecer estava marcada outra aula, a partir das 21h30. Desta vez não posso dizer que houve encontro. Não houve. Apesar de o “instrutor”vir em meu auxílio, com a mão em minha cabeça e ter feito novamente uma oração, ao entrar em estado meditativo, não consegui nenhuma sintonia. Por mais que tentasse, não conseguia contato nenhum e nenhuma visão. A doce Voz não se comunicava. Quando digo “por mais que tentasse”, devo explicar que estas tentativas eram de frear ou tentar frear o turbilhão de pensamentos que normalmente temos. Não fiquei triste, apenas achei interessante, pois isso nunca havia acontecido. Dias após, fiquei sabendo através da meditação, que: “...tudo deve ser como deve ser.” Em outras palavras, o Mestre me ensinava que os contatos acontecem por sua vontade, e não, pela minha, e as palavras “concentração... concentração... para tudo tem que haver concentração...”ecoavam em minha mente. Estava contente por uma experiência e uma lição a mais.

Na aula seguinte fui corrigido pelo Mestre, quando olhando para o nada, fiz uma pergunta de ordem pessoal e material.

- Não deveis fazer perguntas para o ninguém, filho. Deves sempre, dirigir a pergunta para alguém.

- Perdão. Eu estava ansioso por um esclarecimento e confesso que fui apressado. Acho que deveria primeiro tê-lo sentido, correto?

- Por enquanto, estás aqui para ver, sentir e aprender. Para fazer perguntas, existem certas regras a serem seguidas, ou seja: Jamais faças uma pergunta sem sentir a presença ou o contato de um outro Ser que tua sensibilidade ou tua visão interna possa confiar. Se fizeres perguntas para qualquer um, qualquer um se sentirá no direito de responder. Qualquer um é ninguém. De preferência, faça as perguntas, quando estivermos em sintonia. Tu com teu Mestre. Assim me consideras, correto? Com o passar do tempo, aprenderás a fazer perguntas e obter respostas dos seres de outros reinos.

- Isto é possível, Mestre? - Tanto possível quando conseqüência natural da evolução dos

seres. Já não foi dito um tanto a respeito dos ciclos evolutivos? - Sim. – Respondi.

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- Até lá há ainda um tanto a aprender, porém chegará o dia em que, raramente farás perguntas para aquele que chamas de teu Mestre. Terás toda a sabedoria ao teu alcance, através dos formosos riachos, das montanhas, dos animais, das plantas, dos minerais: enfim, de toda a Criação. Porém não esqueças que antes de perguntar é preciso saber ouvir. Depois de ouvir, discernir, peneirar, absorver o necessário para o aprendizado, é preciso expelir o que não servir, assim como age a natureza com relação aos alimentos ingeridos. Saibas perguntar, filho. Uma pergunta de cada vez e sempre para se esclarecer espiritualmente. Pergunte quando estiveres certo que aplicarás a resposta. O ato de perguntar é muito importante. Evite fazer perguntas desnecessárias ou triviais. Estas devem ser feitas aos seres que vibram em outras sintonias, pois existem muitas, das quais falaremos futuramente. Agora vamos falar a respeito da Oração, que deve ser feita de acordo com o grau de esclarecimento de cada um.

Preparei-me para ouvir. - Tu, filho, procura em tuas orações, não pedir tanto ao Criador

ou aos Seres Celestiais a ajuda, a proteção e as bênçãos em prol da humanidade. Independente dos pedidos, a espiritualidade é ação constante. Ao fazer tuas orações, com tuas próprias palavras e o coração sincero procura dizer mais ou menos assim:

“Senhor Criador, Onipotente e Onipresente, conhecendo um

tanto de Vossa Obra e Grandeza e, sabedor de Vosso amor para com vossos filhos, quero dirigir meu pensamento a Vós, pedindo-Vos que me inspire a estar bem com meus irmãos. Dai-me forças, Senhor, para que eu possa levar ao meu irmão que está passando por uma fase menos afortunada, carinho e apoio. Quero, Senhor, compreender meus irmãos, cooperando assim para a Paz!

A mim, Senhor, que quase nada ainda sei, inspira-me e aos meus irmãos para que aprendamos, ensinando-nos a respeito da compreensão, a igualdade e o Amor. À Vós que um tanto nos destes e continua dando, só nos resta louvar e agradecer. Ao retornar a esta Terra para uma nova etapa do aprendizado, que tenhamos forças para cumprir o que deve ser feito e sempre que estivermos podendo, auxiliemos nosso irmão em sua caminhada. Sempre que formos chamados, que possamos praticar os ensinamentos recebidos de Ti.

Por sabermos de Vossa Grandeza, sempre que precisarmos e estivermos merecendo, Vós, através dos Seres Angelicais, dos Mentores Espirituais, dos Seres da Luz, dos nossos próprios irmãos, enfim, através de Toda a Criação, sentimos que estarás nos

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amparando e orientando. Só nos resta agradecer, Oh, Todo Poderoso e, sempre que possível, evitar pronunciar em vão o Vosso Santo Nome, Senhor Nosso Deus.

Naquele momento senti-me tão importante e tão útil, que,

envolto num clima de paz, compreendi perfeitamente o que o Mestre queria me ensinar: Pedir menos e fazer mais. Deixar de estender a mão para o Alto, pedindo sempre para si, e sim, estendê-la para o próximo, doando. Doce mensagem. Não estava ensinando nada de novo, nenhuma doutrina ou religião nova, apenas lembrando a máxima: “Amar ao próximo como a si mesmo”.

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O mal existe?

Devemos compreender, respeitar e finalmente amar o mal. Ainda não tinha compreendido esse ensinamento, assim como muitos outros e isso me incomodava. Geralmente o mal nos é apresentado como vilão em nossas vidas e, queria que as palavras do Mestre fossem esclarecidas.

- Então, queres saber mais a respeito da ignorância espiritual? Queres aprender a respeito dos diversos estágios da vida humana?

- É que isso está me incomodando. Eu nunca havia pensado sob este ângulo. Pra dizer a verdade, se não fosse o respeito que tenho pelo Mestre, diria que isso é uma heresia. Glorificar o mal, onde já se viu?

- Glorificar, não! Isto sim seria uma heresia, filho. Já foi dito que há diversos Planos e Vibrações. Encontram-se justamente nesses Planos os seres que lhe são compatíveis. Para um melhor entendimento, permaneça com os olhos fechados e tente controlar o turbilhão de pensamentos que há em sua mente.

Senti que, apesar de ter os olhos fechados, a escuridão piorava e tive meu corpo impulsionado para a frente, como se estivesse voando. Apenas escuridão por todos os lados. Nem uma única luz, por mínima que fosse, aparecia. Não sei quanto tempo durou essa viagem ou aventura. Talvez, para mostrar-me a imensidão do Universo, um bom tempo durou a escuridão, até que comecei a descer, sempre no escuro numa viagem que parecia não ter fim. Entrei por uma espécie de gruta, tendo em seguida um corredor com algumas curvas. Pensei que ali era o que chamam de Inferno, mas achava muito silencioso e calmo pelas descrições que dele fazem. Na hora emiti um pensamento: “Acho que

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entrei pelas portas do fundo.” Neste momento o Mestre me chamou a atenção:

- Silencia teu pensamento e concentra-te. Na verdade não estás onde pensas. São visões de uma dimensão ainda primária, projetadas para ti. Todos os seres e as vibrações desta dimensão tu não suportarias, apesar de ti e todos já terem passados por elas na longa jornada da vida. Mas, concentra-te e veja o que chamam de mal. Em minha frente vi redomas de vidro, do tamanho um pouco maior do que um ser humano, de estatura normal, tendo dentro de si figuras, que eram de mulheres, ora eram de homens; algumas feias quase horrendas. A primeira redoma trazia uma mulher que me olhava fazendo gestos sensuais, como se exibindo. No vidro lia-se, em uma placa de identificação: Sexo. Em outra, uma figura com expressão demoníaca e olhar altivo: Orgulho. Passaram-se mais quatro ou cinco redomas, todas devidamente identificadas, quando ouço o Mestre: - Esses, filho, são os sentimentos e vícios que os homens têm que vencer e, os chamados “demônios”são seus guardiões. Cada um é responsável por uma “força” e são comandantes de um exército de milhares de seguidores. Aqui é o que chamamos de Região das Sombras pois encontram-se em estágio ainda primário. Todos passam por este estágio, continuou a Voz. Uns demorando mais, outros menos. Uns se apegam a eles e nas Sombras permanecem por muitos e muitos anos. Os que venceram alguns desses sentimentos encontram-se em regiões mais claras e ao passar pelos estágios, alcançando a Luz. Ultrapassando todos os estágios, estarão na plenitude do Amor e aí então, amarão a todos, inclusive os que estão ou estavam sob a ação do mal. São um com o Pai. Lembre-se que estamos falando em amar aqueles que ainda estão sob a ação do Mal e não amar a maldade. Portanto, filho querido, o que chamam de mal é necessário e importante no caminho do Bem. Se não houvesse o Mal, o ser não se desenvolveria espiritualmente e há necessidade de através da livre escolha, ou livre arbítrio, que todos estejam na Luz. Assim como o Mal está presente através da ignorância, o mesmo acontece com a Luz ou o Bem. A Luz está presente o tempo todo, iluminando aqueles que a procuram. Não há na verdade, duelo entre as forças, mesmo porque, não há razão para tal. Esse pseudoduelo ou essa tal batalha entre o Bem e o Mal, na verdade não existe, na intensidade que apregoam. Foram conceitos criados para brecar ou arrancar o ser humano da ignorância. O duelo que existe é a luta do ser humano para vencer os sentimentos pertencentes às Sombras. Quando um sentimento negativo é

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vencido, o vencedor fica livre do seu jugo. O prêmio pela vitória é a paz. Como já foi dito, quando o ser humano se despoja de tudo e ruim que adquiriu em sua trajetória, ele volta ao estágio de Pureza e Amor. É certo que as sombras agem continuadamente através dos vícios, dos sentimentos e paixões impuras e, compete ao ser em evolução, vencê-las. Porém, Serem Celestiais agem a cada milésimo de segundo para que os humanos, ávidos de Luz e Saber, tenham o suporte necessário para vencer esta peleja, cuidando da harmonia em todos os lugares. É o Criador agindo. É a energia Cósmica vibrando, enfim é a vida acontecendo. Sei que, com essas revelações, um pouco da magia e do sentimento paternalista se desfaz, porém, neste novo ciclo que se inicia, há necessidade da humanidade se voltar para a realidade. Como diriam, sair da casca do ovo, se libertar das amarras e cumprir seu real papel na Terra, esta Bendita Casa de Reabilitação.

Os homens devem deixar de esperar tanto de Deus, deixar de pedir ou “cobrar” dos santos protetores, dos chamados guias, gurus, mentores, profetas, magos ou qualquer outro nome que se dê aos seres da Luz, aos trabalhadores do invisível ou aos espíritos em diversas vibrações e estágios. Eles devem se esforçar mais para a sua elevação espiritual, se aplicando, confiando em seu potencial Divino, para fazerem as coisas acontecer. Acontecer, repito, para a sua elevação espiritual e não para sua estagnação, como tem acontecido. É certo, filho, que algumas religiões e algumas seitas, concorreram para a estagnação humana, porém, não devemos esquecer que as religiões são conduzidas por humanos e como tal passíveis de erros. Lembra-te que, quando da criação dessas religiões, alguns de seus iniciadores legislaram em causa própria ou procuraram adequar a mensagem original à compreensão de então, porém, alguns estão em débito até o presente. Em muitos casos, alguns conceitos foram mudados completamente, outros até trocados, sendo úteis para o momento devido a circunstâncias, mas perduram até hoje. Melhor explicando, filho, não devemos simplesmente condenar esta ou aquela religião, acusando-a de usar de má fé. Lembrando o processo reencarnatório, muitos dos que acusam hoje, podem ter sido os réus de ontem. O Mestre neste momento silenciou. Da negritude completa que “enxergara” no início, agora a Luz se fazia presente. Não sei se realmente ouvi, mas sons angelicais faziam parte daquela atmosfera de Santa Paz. Naqueles momentos aproveitei

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para simplesmente sentir a harmonia e por alguns segundos tive meu pensamento silenciado, como se quisesse comungar comigo o instante. Abri os olhos, olhei para o “instrutor” que suavemente abria a cortina e perguntava se me sentia bem, fazendo um gesto de positivo. Respondi com o mesmo sinal. Não conseguia fazer nenhum outro gesto para dizer que estava ótimo, cem por cento ou qualquer outro movimento que expressasse minha felicidade. Talvez eu tenha até sorrido, não sei.

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Cada um é cada um?

Normalmente usamos essa expressão para manter-nos neutro diante de uma decisão do nosso irmão.

- Cada um é cada um, Mestre? - Sim e não, filho. Cada um é cada um no sentido de “cada

cabeça, uma sentença”. Porém, não devemos nos esquecer que, estamos todos em evolução, através das aulas. Apesar de para “cada cabeça existir uma sentença”, não devemos nos negar a olhar para nosso irmão, que ainda não entendeu ou não está fazendo a lição corretamente. Em outras palavras, temos o dever de, diante de algum problema, alguma dúvida ou dor, expor nosso modo de pensar ou nosso modo de agir. Isto é Lei. Só não devemos procurar incutir-lhe nosso pensamento, nem tentar de todas as maneiras, fazer com que o irmão siga o caminho indicado por nós, como se fôssemos donos da verdade. Não devemos nos aborrecer quando nosso irmão pensar diferente de nós, por mais que queiramos auxiliá-lo e por mais que o queiramos bem. Isso não é da Lei.

- Estaríamos agindo contra Deus, Mestre? - Não contra o Criador, mas contra as Leis da Criação. Filho,

não se pode agir contra o Divino. - Nem o mal, quer dizer, a ignorância? - O mal ou a ignorância, como dizes, não pode agir contra o

Criador. As sombras não podem agir contra a Luz. Não pode haver sombras sem Luz, porém a Luz pode perfeitamente existir sem que haja sombras. Saiba que quanto maior a intensidade da Luz, menores são as possibilidades das sombras existirem. Assim,

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podemos compará-la com a ignorância, que nada mais é do que as sombras existirem em cada ser humano ainda em processo de aprendizado.

Quando o Mestre discorria a respeito de um assunto ou me mostrava uma visão, eu lembrava que uma pintura valia por mil palavras e assim minha compreensão parecia aumentar. O Mestre era um Sábio e eu sentia que seu amor para comigo era bem maior, do que qualquer sentimento sobre que eu tivesse por Ele.

Lembro que certo dia, logo no início da aula e antes que ele se comunicasse, senti meu corpo físico modificado. Naquela hora lembrei-me daqueles fachos de fibra ótica que vemos nas propagandas. Então, senti esta luz entrando pelo centro de minha cabeça, percorrendo todo meu corpo por dentro, passando pela garganta, peito, estômago e finalmente saindo pela região do pênis. Olhei para cima; ela parecia ter uma certa consistência. Percebi que não era simplesmente um facho luminoso, tendo a largura de cinco centímetros de diâmetro aproximadamente. A Luz, ou força chegou a passar várias vezes pelo meu corpo, sempre começando de cima para baixo; senti-me aliviado e a sensação de uma leve queimação, suave e gostosa, permaneceu por todo aquele caminho percorrido. Não consigo descrever com exatidão o que senti naquele momento. Foi neste dia, que, ao fazer a primeira pergunta de ordem material mais especificamente, o Mestre me mostrou os prós e os contras do caminho que eu havia escolhido.

Lembrou-me principalmente o pró e um importante detalhe nas quatro recentes encarnações que tive. Lembrou-me que o homem pode modificar o caminho escolhido, mas não é recomendável.

- O Ser, filho, quando se prepara para renascer no plano físico, fica conhecendo o que chamam de destino. Ele sabe o destino a ser seguido e promete passar por certos caminhos. Este destino e esses caminhos estão sempre ligados aos de outros. No momento do nascimento, o homem esquece a maioria desses planos que ficam guardados em sua memória. Quando, por livre vontade ou pelas circunstâncias, resolve em sua jornada, mudar alguns caminhos pré-escolhidos ou, até mesmo o destino, poderá influir nos caminhos de outros irmãos, e, isso é um contra-senso. Naturalmente terá que reparar possíveis danos causados a outros.

- Mas, Mestre, o homem pode realmente modificar o seu destino? - O homem é dono de seu destino. Ele é responsável pelo que

acontece consigo e senhor de seus atos. A responsabilidade do

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homem, filho, é maior do que ele imagina. Durante sua jornada, nas dores, nos desacertos e nas ditas injustiças, não existem culpados, nem tampouco o que chamam de fatalidade. O homem é o único responsável pelo que acontece consigo e com sua morada, a Terra. Somente o homem é responsável por si, pelo que ingere, pelo que pensa, fala, faz, pelo que produz e deixa de produzir, como também pelos ditos problemas. E lembra-te: se existe problema, existe solução, senão, não seria classificado como problema.

- E quando o homem é ajudado por algum ser? - É porque mereceu a ajuda. Estava pronto para ser ajudado. - E quando sofre? - É porque mereceu. Nada, absolutamente nada, acontece ao

acaso. Não existe acaso, filho. - O Senhor disse que o homem é ajudado por outros seres

quando está pronto. Sinceramente não entendi, Mestre. - O homem recebe diariamente, a casa milésimo de segundo,

sem saber, ajuda da natureza e dos seres da Luz. Recebe também, ajuda específica, para uma situação específica, quando realmente está necessitando. Dependendo do tipo de ajuda, muitas vezes o homem não está preparado para recebê-la ou não a está merecendo. Ainda, como acontece na maioria dos casos, ele não pede simplesmente ajuda, e sim, determina que tipo de ajuda quer, a maneira como quer que venha a ajuda, determinando até o dia e horas. Enfim, o homem precisa aprender a pedir ajuda. O Altíssimo criou o ser, e o homem concebeu o homem. O ser humano, ainda está muito confuso em relação dos seres da luz e aos seres das regiões sombrias.

- Seres das regiões sombrias... - O homem também pede ajuda aos seres das sombras. Recorre

ao inferior em busca de ajuda, sem saber o perigo que corre. A sua afinidade com os seres das sombras impede sua ascensão; ele ignora que em futuro próximo, por esta ajuda, será cobrado pelo inferior.

- Os seres das regiões sombrias realmente ajudam, Mestre? - Será que podemos chamar de ajuda, filho? Ajuda de irmãos

que ainda estão aprendendo, em estado de ignorância, cometendo atos inconseqüentes para outros mais primários ainda? Na verdade quem mais está precisando de ajuda?

- É Mestre, o Senhor tem razão. - O que é razão, filho? - Razão e... é, quando a gente está com a razão... é...é...

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- Examina um pouco mais a respeito do que chamam de razão. Futuramente falaremos a sobre o assunto. A propósito, filho, deves deixar de lado a razão.

Dizendo isso, a escuridão se apresentou e não senti mais a presença do Mestre.

Esquecer a razão? Nós, que somos educados para nos apegar sempre à razão, defendê-la, inclusive. Por que esquecê-la? Como sempre, mais interrogações acumulavam-se em minha mente. O Mestre sempre se despedia de mim deixando uma interrogação para as futuras aulas.

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Uma experiência nova

Quarta feira, 7h00 da manhã, estou no hospital para internação e cirurgia, que fora marcada para o dia seguinte.

Como sempre acontece nos hospitais da rede pública, a liberação para internação se deu por volta das 16h00.

Passei a noite no hospital. No dia seguinte, quinta feira, 13h00, estamos subindo para o centro cirúrgico que fica no quinto andar, naturalmente deitado em uma maca que teimava em trombar com portas e algumas coisas que estavam em seu caminho. Felizmente eu não estava ligado a aparelhos, somente ao soro. Tratava-se de uma cirurgia simples (se é que existe cirurgia simples), para a retirada de um quisto, na região do maxilar direito. O termo correto é tumor benigno, mas mesmo assim amedronta um pouco. Foi dada a anestesia geral, embora o anestesista, depois de se identificar como tal, tenha brincado comigo, dizendo: “vamos dar uma raquezinha”, referindo-se à famosa injeção. Naturalmente era uma brincadeira para quebrar o gelo, pois a “geral” foi aplicada em meu braço esquerdo (disso tenho certeza), então começou o que classifico de martírio.

Sentia que estava meio dopado, meio sonado, quando algo começou a cortar a região do tumor. Era o som de um motorzinho, daqueles usados em obturações pelos dentistas. Tentei me mexer, mas não tinha forças. As tentativas de abrir os olhos, levantar a cabeça ou os braços foram inúteis.

- Por que relembras a dor, filho? Não notas que o “astral” começa a ficar carregado? Estás agora envolto em nuvens de tristezas.

Era o Mestre que telepaticamente falava comigo. Relembrando a experiência com a operação e concentrando-me, tentando recordar

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daquele dia para passar para o papel, não senti sua doce presença. Parei de escrever e me concentrei em ouvir o Mestre me corrigindo.

- Este, querido, é um hábito que os homens ainda conservam, e, o que é pior, fazem questão de conservar, de relembrar tristezas, de divulgar as dores, os problemas e as dificuldades. E sempre, filho, que um homem fala de sua dor, procura aumentá-la um pouco mais, dando maior importância ao fato, como se isso fosse trazer ajuda, alento ou socorro imediato. Muitas vezes, faz isso apenas para desabafar. Se queres falar a respeito dessa experiência, reviva-a agora para esquecê-la para sempre, como dor.

- Como estava dizendo, senti cortar minha pele, seguindo uma pequena dor. Aos poucos fui sentindo a dor se aprofundar, como se aquele motorzinho fosse aumentando mais sua rotação. A dor ia tornando-se mais profunda e ardida. Vez ou outra ouvia um comentário: “Cuidado... devagar”, “aí, não”, pára...pára, mais para cá”.

A dor aumentava, tornando-se quase insuportável. Convém lembrar que me encontrava dopado, porém ouvia tudo, ou quase tudo e sentia realmente uma dor terrível. Tentava me debater, porém não conseguia. Parece, ou melhor, tenho certeza que cheguei a urinar de dor. Talvez tenha saído algumas gotinhas, não sei. Só sei que houve um momento em que senti meu coração bater mais rapidamente, de outra vez ele pareceu quase parar. Em outro instante, perdi a respiração e este foi o único momento em que realmente tive medo. Que eu me lembre, não houve em toda minha vida outro sentimento de pavor como aquele. Talvez o sentimento de impotência tenha contribuído para causar a arritmia que sentia. Na hora, apavorado, pensei: Se ao menos pudesse chorar, mesmo que sejam algumas lágrimas, talvez eles descubram que estou sentindo tanta dor. Apesar de toda aquela confusão e martírio, sentia que os médicos percebiam um pouco de minha aflição, pois, parece que um aparelho que estava atrás de mim, no meu lado esquerdo, monitorava minhas reações. Após a retirada do quisto, lembro-me que um médico, que devia ser chefe da equipe, comentou com os outros: “Provavelmente ele se desenvolveu por baixo. Vamos analisá-lo”. Depois disso talvez tenha dormido ou perdido os sentidos, pois, só voltei a ficar novamente consciente, em outra sala. Acho que na semi-intensiva, uma sala para recuperação pós-operatória. Assim que acordei, olhei para o lado e comentei com uma atendente: “Pôxa, senti toda a dor da operação. O tempo todo fiquei acordado...”, ao que ela respondeu:

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- Não pode ser, meu bem. Você imagina que sentiu. Se tivesse sentido não agüentaria.

De cara limpa ninguém teria mesmo, mas eu estava dopado. Naquela hora senti uma vontade enorme de urinar e quando

disse a ela da minha necessidade, recebi como resposta: Aquenta mais um pouco, meu bem, que já vão descê-lo.

Com aquele já vão descê-lo, ela queria dizer que logo me levariam de volta para o quarto. Demoraram e a necessidade aumentou:

- Eu não estou agüentando mais. – Reclamei. Então, recebi um saquinho para fazer ali mesmo (no saquinho). Não consegui. Durante o caminho de volta, um enfermeiro disse: “Se você não conseguir terei que colocar uma sonda”. Aí consegui! Pela quantidade expelida, descobri que durante a operação tinha surgido só mesmo a vontade e talvez alguns pingos.

- Contaste tua experiência, filho? – A doce Voz do Mestre surgia telepaticamente.

- Perdão, Mestre. Isso estava até me causando mal-estar. Desculpe o desabafo..., parece que agora estou me sentindo melhor.

- Em compensação, emitiste uma onda negra de dor, agonia e tristeza.

- Emiti o quê? - O que todos produzem ao contar suas tristezas, filho: ondas

de nuvens negras que se juntarão a outras e mais outras, que se juntarão às energias negativas e formarão uma grande bola de energia negra, que por sua vez, servirá de alimento para aqueles seres que delas se servem.

- Perdão, Mestre, seres que se servem de energia negativa? - E se fortificam. Portanto, filho querido, há necessidade que

todos, independente do momento pelo qual passam, afinal todas as experiências são momentâneas e passageiras, cultivem a Esperança, a certeza da Benevolência do Criador, que a cada milésimo de segundo age e Sua ação é somente Amor. Aqueles que se apegam às energias negativas ficam a mercê dos seres das regiões sombrias, os senhores da dor e da estagnação humana. Ao contar tua experiência para meia dúzia de pessoas, passastes aos teus irmãos momentos de dor. Teus irmãos, contaram para outros e esses para outros mais, essa tua experiência de dor.

- Mas Mestre, foi uma experiência!

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- Uma experiência, filho, que melhor compreendida, poderia ser absorvida através de outro conceito. Antes que me perguntes, essa experiência também faz parte do aprendizado. Não desconfiaste de tua calma, segurança, paciência e vontade de ajudar aqueles que estavam realizando a cirurgia?

- É verdade. Inclusive, semanas antes, sentia um misto de medo e preocupação e por vezes até uma vontade de chorar tomava conta de mim. Algumas pessoas me telefonavam, dizendo-se apreensivas e preocupadas com a cirurgia. No fundo, eu pouco estava preocupado com o que ia acontecer. Sabia que tudo daria certo, porém, havia uma preocupação geral; eu sentia que algumas pessoas, no fundo, até cobravam de mim uma maior preocupação e temor. Sabia que enquanto agiam assim, enviavam-me inconscientemente, energias negativas.

- E isso nunca é bom. Imagine; a pessoa está doente, acamada e alguém, mesmo com as melhores intenções, pensa no restabelecimento, lembrando do mal que ela está padecendo. Esse irmão repito, mesmo munido de boas intenções, está impregnando de energia negativa e piorando o estado de saúde do paciente. O correto é que ao saber que um irmão está doente, com problemas, ou até, sendo ele um réu de um crime chamado hediondo, devemos orar por ele, mandar-lhe energia positiva e esperançosa, visualizar esse irmão envolto de Luz, Paz e Amor. Se possível conversar mentalmente com ele, passando-lhe palavras de otimismo, não importando o que esse irmão tenha feito, por mais terrível que possa ser. Quem é da lei se encarregará de aplicar-lhe a lei. Este é o primeiro passo para Amar. É compreender. É lembrar-se que todos, todos sem exceção, estão na Terra para aprender. Por pior que seja a doença, há esperança. Por pior que seja o delito cometido, há chance de reparação. Repito, filho, o Criador e toda a Espiritualidade agem incessantemente, e por vezes, através da própria criação, ou seja: dos próprios irmãos.

Em tua experiência, em que só enxergaste a dor, muitos participaram e cuidaram de ti. Lembra-te daquele que cuidou e se empenhou para que tivesses um atendimento mais rápido no hospital? Esqueceste daquela que pacientemente o atendeu no balcão de informações? Como estaria ela naquela hora? Era uma irmã que poderia não estar bem de saúde. Não estaria com sono, após haver passado a noite sem dormir cuidando de seu filhinho que, por sua vez passara a noite febril? E a enfermeira, filho? Atenciosa, prestativa, gentil, enfim, essa irmã que havia deixado suas

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preocupações diárias em casa, relegando para outro momento seus problemas de ordem financeira. Quantos naquele hospital estavam com o salário atrasado? Quantos não recebiam seus salários há mais de dois meses, e, mesmo assim, estavam prontos para cumprirem com seus deveres profissionais? Lembra-te do cirurgião responsável pela operação? Como estaria a saúde de sua mãezinha naquele dia? Não seria ela uma doente terminal que agonizava em um leito no mesmo hospital? E aqueles que se encontravam em estado pior que tu; os portadores de tumores malignos, onde a dor moral e a desesperança persistiam? Lembra-te do exercício da compreensão, filho querido. Antes de pensar na própria dor, lembra-te da dor do teu irmão. Ora e manda energia positiva a todos, também aos que cuidaram de ti.

Normalmente nossos encontros são feitos através de visões e comunicações telepáticas, correto? Desta vez, nosso encontro realizou-se através da tua cirurgia. Espero que tenhas aprendido alguma lição!

Quando o Mestre falava as derradeiras palavras, eu, com os

olhos fechados e lacrimejantes dirigi meu pensamento para o hospital, encontrando-o envolto de imensa luz alvíssima que brilhava piscando vagarosamente. Talvez tenha sido minha imaginação, porém, sou capaz de jurar ter visto duas imensas mãos no firmamento, dirigidas para a Terra, das quais saíam toda aquela luminosidade, como a nos avisar. Estou aqui.

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A razão

- E então? Já despediste da razão, filho? Logo que cheguei para mais uma aula, me instalei

confortavelmente em meu cubículo com os olhos fechados e em estado meditativo, a doce voz do Mestre, com sua típica doçura, falou comigo. Surpreendi-me, já que o clarão que antecedia sua chegada não havia surgido.

- Lembra-te da razão? - Sim, Mestre. Há alguns meses o Senhor me deixou intrigado a

respeito da razão. - E por que intrigado? Não há motivo para tal. O que é afinal

a razão? Sabes? Pensei: com todo respeito, o Mestre tem o dom de me deixar, às

vezes, com dor de cabeça de tanto pensar... - Estou te fazendo mal, filho querido? – O Mestre ouviu meu

pensamento. - Perdão, Mestre. Eu não quis dizer isto. É que conceitos que

consideramos tão certos quanto “Deus é Tudo”, são quebrados por sua divina Sabedoria, me surpreendendo a cada minuto. Não quis desrespeitá-lo.

- Não conseguirás desrespeitar-me, filho. - Não? - Respeito e desrespeito, são conceitos típicos de seres ainda

em estágios evolutivos. Os seres da Luz ou a própria Luz já não se sentem entristecidos ou ofendidos com aqueles, que sabem, estão em aprendizado.

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- E por que dizem que Deus fica triste conosco? - O Criador, é Força, Luz, Ciência, Sabedoria, é maior que toda

Grandeza e Beleza que uma mente consegue imaginar. Deus não é sentimento. Onde há sentimento pode haver ressentimento. Onde não há, não pode haver. Como podemos conceber o Todo Poderoso triste ou ressentido? Ou ainda, irado ou vingativo? Porventura é Ele humano, ainda em estado evolutivo? Basta, falaremos a respeito da “Vingança Divina”, como apregoam, mais adiante. Vamos continuar com o tema de hoje: A razão.

O ser humano, ainda em sua condição primária, logo que sai do estágio animal-irracional para o animal-racional, conserva vestígios de sua condição anterior, dentre eles a força bruta. Pensa que tudo ainda pode ser resolvido pela força com a chamada lei do mais forte. Este estágio, filho, pode durar muitos e muitos milênios. Com a evolução espiritual, o homem aprende que existe a razão. Então, satisfeito por ter descoberto que existe uma lei que pode protegê-lo ou favorecê-lo, bastando estar com a razão, o ser humano vive atacando ou se defendendo. Matando ou salvando vidas e, muitas vezes, deixando morrer, tudo em nome da razão. Ele sente-se, como dizem, com a consciência tranqüila porque estava com a razão. Quantas injustiças ou crimes não foram cometidos em nome da razão, filho? Sabes dizer?

Passado algum tempo, com um pouco mais de conhecimento, o homem descobre que a razão muitas vezes o ajudou e em outras o atrapalhou. Olha para a suposta razão e diz: Você era uma ilusão, adeus. Nesse estágio o homem descobre que estando certo ou “errado”, deve-se usar o bom senso. Em qualquer situação, o homem esclarecido procura usar este amado companheiro que finalmente encontrou: o bom senso.

E então, pretendes ficar com este amigo que acabas de conhecer ou continuar com a velha e, muitas vezes traidora, razão? Não esquece, filho: a razão é companheira do homem que ainda julga.

- É, o Senhor, como sempre, está com a razão! - Uma retificação: estou apenas usando o bom senso. Diminutos focos de luzes multicoloridas cintilavam em volta da

Luz do Mestre. Este encontro que demorou menos tempo que o usual, pareceu transcorrer num clima de eterna amizade. O Mestre por vezes parecia sorrir e, quando assim agia, me presenteava com sua Luz expandida. Percebi que sorria com os olhos.

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E quando não encontramos a resposta?

- Mestre, Mestre, por favor, ouça-me! Por favor, não consigo vê-lo nem senti-lo. Pelo amor de Deus, Mestre, apareça. Eu só consigo ver a escuridão. Por favor, Mestre.

A tristeza ou talvez agonia, começava a tomar conta de mim nesse encontro, em que não conseguia sentir a presença do Mestre. Somente o silêncio profundo e a escuridão pareciam estar presentes. Pela primeira vez desde o início, sentia-me só.

Uma sensação de abandono começou a tomar conta de mim, percebi que nuvens de tristeza rondavam minha cabeça. As dificuldades e os problemas já enfrentados em minha vida, pareciam querer voltar. Tentei aguçar minha audição, porém não ouvia nada. Lembranças tristes da juventude pareciam querer reviver em minha mente. Firmava meus olhos na escuridão e nem um ínfimo raio de Luz aparecia. Senti-me perdido.

Pensei até em abrir a cortina e sair daquele cubículo, que pela primeira dez parecia-me sufocante.

O que será que aconteceu com o Mestre? – Perguntava. – Teria me abandonado? Será que a partir daquele instante, ao fechar os olhos e me concentrar, não veria mais aquela formosa Luz nem ouviria sua doce Voz?

Na medida que me encontrava com o Mestre, as anotações eram feitas para um futuro livro, quem sabe? E agora? Adeus encontros, adeus ensinamentos, adeus aulas, adeus livros...

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É, foi bom enquanto durou! Muitas coisas belas estavam sendo aprendidas e conceitos novos, também. Novos e estranhos. Nunca tinha imaginado o Mal, isto é, a ignorância colocada da maneira que o Mestre ensinou. E Deus? Que Grandeza, quanto Poder, quando Harmonia. Que visão inexplicável e indescritível me foi apresentada, sem que conseguisse descrevê-la realmente. Mil vezes Glória ao Criador por tudo que É e por tudo que somos. Agora sim, compreendo porque devemos Glorificá-lo a cada segundo. Porquê devemos simplesmente agradecer-lhe e jamais lhe pedir algo. Quanto és Poderoso, Divino Criador, e quão divino são todos os meus irmãos. Todos, sem exceção. Como é diferente e compensador poder compreender um tanto de toda essa realidade, tão distante daquilo que ensinam. Como me sinto importante e ao mesmo tempo tão pequeno e humilde. Agora começo a compreender as palavras de Jesus, quando ensina que devemos ser humildes. Percebo que, quando se começa a conhecer e compreender um tanto do mistério, automaticamente somos levados à humildade. Se já fosse possível, sairia agora e abraçaria todos os meus irmãos pedindo-lhes mil vezes perdão por um dia tê-los julgado. Como pude julgar um semelhante, um irmão do caminho, um aprendiz como eu? Quero sim, abraçá-los carinhosamente. Seria o mesmo que abraçar o Divino Criador.

Quantas revelações e visões o Mestre me presenteou! E o vício, então? Tão poderoso e medonho, e nós, sem saber a força que temos! Quanto Divino somos! Penso que a compreensão de todos esses mistérios facilita o viver diário. Parece que a vida deixa de ter mistérios, tudo que aprendemos até então, foram contos de bicho papão, caindo por terra as chantagens que fazem conosco ao apresentarem o Doce e Divino Criador como um ser vingativo e castigador. Por apresentarem nossos irmãos que ainda estão aprendendo a lição, como seres desprezíveis. Como podemos lutar, guerrear, matar e menosprezar nosso semelhante? Como podemos ir contra aqueles que não pensam igual a nós? Onde está a tão falada liberdade de pensamento, a liberdade de ação? Como podemos, diante de tudo isso, julgar?

Mil vezes obrigado, Pai Criador, por eu ter convivido com esta Luz tão Formosa que é o Mestre. A saudade da doce Voz é grande, porém, o agradecimento a Vós é maior. Obrigado, meu Deus. Simplesmente, obrigado Senhor Todo Poderoso. Parece que perdi um amigo, porém, comecei a aprender como não fazer inimigos.

- Aonde pensas que vais, filho?

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- MESTRE!!! Onde o Senhor se meteu... qquer dizer... ddesculpe. Onde estava, Mestre? Faz um tempão que esperava o Senhor. Pensei que não o ouviria mais!

- Sou eu quem pergunta: Onde estavas tu, querido filho? Já faz alguns minutos que tentava dissipar esta nuvem negra que tomou conta de ti, para podermos iniciar nosso contato. Não sabes que em nossos encontros deves estar com uma boa vibração? Já não foi dito a ti, filho? Como queres a companhia da Luz se estás envolto de sombras?

- Eu? - A harmonia para com os seus irmãos, a esperança, a mente

limpa de pensamentos desarmoniosos, onde estavam? - Perdão, Mestre, não quero interromper sua Divina Sabedoria,

mas penso que não estava com pensamentos ruis. - Tristeza, pensamento ruim. Preocupação com compromissos

financeiros, pensamento ruim. Simples observação a respeito de desacerto de um irmão, pensamento ruim. Pensamentos de baixo padrão, filho, não são somente aqueles amplamente conhecidos. Lágrimas e preocupação também atraem os seres das Sombras. Você notou o estado em que ficou ao encontrar a escuridão à sua frente? Percebeu quantos pensamentos foram gerados naquele momento?

- É que... - É que tu, filho, também está aprendendo. Não esqueças o

doce aviso do Divino Mestre Jesus: “orai e vigiai”. Há necessidade, repito, de vigília constante. Não se deixe cair em tentação, lembra-te? Falando em aprender, pareces estar progredindo. Ouvi tuas palavras ao Divino Criador. Ao que demonstras, absorvestes bem alguns ensinamentos. Trata de transformá-los em sabedoria.

- Grato, Mestre, o Senhor é que é Divino. - Todos somos Divinos. Absolutamente todos. O que

acontece, e isto deve ser corrigido, são os estados de sintonia baixa em que o homem se coloca quando atingido por alguma contrariedade, que além de alimentar os das Sombras, escurece sua própria aura, dificultando qualquer tentativa de contato com os seres da Luz...

Ao dizer essas palavras o Mestre se despediu. A escuridão voltou e senti que o contato estava terminado. Abri os olhos e vagarosamente tentei abrir a cortina, fechando-a novamente. A aula não havia terminado. Por mais alguns minutos fiquei sentado, cabisbaixo, relembrando aquele encontro.

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A luz do cubículo acendeu, seguida da sineta tocada pelo ajudante, que amável e sorridente perguntava-me:

- Como estás, novato? - Estou bem, ajudante. Ele sorriu se afastando, demonstrando que sabia da minha

curiosidade ao não ser chamado pelo meu nome. Fui cumprimentado pelo instrutor que se aproxima com Sadhu.

Alto, magro, com o andar arqueado e completamente careca, o instrutor era a simpatia em pessoa. Abraçou-me chamando de “meu irmão”, perguntando a respeito das minhas aulas e se estava gostando.

- Sim, estou gostando muito. – Respondi. – Porém, continuei, quero saber mais a respeito das aulas, deste lugar e também, a respeito desta religião de vocês.

- Calma. Uma pergunta de cada vez. Aos poucos, sem pressa, todas as dúvidas se dissiparão. – Disse-me carinhosamente, assemelhando-se o seu modo de tratar-me, ao do Mestre. Pediu-nos licença curvando o corpo, fazendo um gesto igual aos orientais e se retirou andando apressadamente, com a cabeça pendendo um pouco para o lado direito.

- Sadhu, Sadhu, disse baixinho, hoje tive uma experiência fantástica.

- É? - Perguntou-me. - Hoje estive com a escuridão por todos os lados. Quase que

meu Mestre não aparece. Parecia que os contatos não se dariam mais. Você precisava ver a agonia pela qual passei.

- Agonia? Isso é fantástico? - É que... – Tivemos que ficar quietos, pois reiniciava naquele

momento o que chamavam de ofício religioso.

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A força curadora

- Estás recuperado da cirurgia que passaste, filho? Quando o Mestre se fazia presente, a Luz também surgia. Sua Voz doce e suave, pendendo um pouco para o grave, era um convite ao aprendizado.

- Estou muito bem, Mestre. - E a dor, esqueceste? - Praticamente. Até parece que nunca passei por aquele sufoco. - Tudo, filho, acaba por perder a importância no futuro. Por

isso é recomendável não dar mais que a importância necessária ao que acontece.

- E como sabemos qual a importância necessária a cada situação, Mestre?

- Procurando sempre encontrar o ponto de equilíbrio. Meditando, ouvindo a doce Voz do silêncio, estar sempre pronto e preparado para escutar a Voz interior e procurando usar o bom senso...

Enquanto o Mestre falava a luminosidade ao redor era no tom azul prateado, aos poucos foi clareando, clareando, ficando cada vez mais claro, até se transformar no tom dourado de uma claridade que, mesmo com os olhos fechados incomodava minha visão. Toda aquela claridade pareceu apagar-se um pouco, dando lugar a uma energia com uma certa consistência que dançava pelo espaço, como que procurando alguma coisa ou estabelecer-se em algum lugar.

Um canto harmonioso, em língua incompreensível de exaltação ou louvação iniciou-se, saudando ou talvez chamando aquela força.

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- Que força maravilhosa! – Lembro-me de que pensei baixinho. – Que poder! – Admirei-me.

O cântico parecia tão belo quando a visão da força que, aos poucos, foi diminuindo, diminuindo... até ficar do tamanho de um limão, vindo até eu e entrando pelo meu pescoço através da cicatriz deixada pela operação. A partir daquele momento passei a enxergar a cicatriz por dentro, parecendo que meus olhos (naquele momento sentia somente os olhos sem o corpo físico) acompanhavam aquela energia que parou por um momento na parte externa do meu pescoço. Vi-me costurado por dentro, os pontos eram do tamanho de quase um centímetro, da cor preta e todos bem juntos, diferentes dos pontos costurados na parte externa que eram mais distantes uns dos outros. Não compreendi esta visão, já que o corte estava cicatrizado, pelo menos na parte externa e, eu, costumava dizer que estava “pronto para outra”. Hoje me arrependo de usar esta expressão, não é bom. Esta visão foi passageira, pois a energia procurava passar pela parte externa de minhas narinas e subir até os olhos, sempre pelo lado interno do meu corpo.

Lembro-me que ela agia com rapidez como se tivesse uma certa pressa. Demorou-se um pouco em meus olhos, (eu uso óculos para corrigir uma miopia) seguindo sempre no sentido interno-externo e depois não mais a senti. A luminosidade continuava. Quando tentava me refazer daquela aventura, voltei a ouvir o cântico e, desta vez, consegui entender algumas palavras, principalmente alguma coisa a respeito dos olhos. Consegui abrir os olhos e sorrir em pensamento, dizendo:

- Que coincidência, os olhos! Fechando novamente, pois não queria perder a concentração,

enxerguei algo que lembrava a cúpula de um lustre no formato de um imenso prato com o fundo para cima, todo iluminado com luzes piscantes das mais diversas cores e...

- Não precisas descrever isto, filho. O Mestre me interrompeu, telepaticamente. - O que? – Ousei perguntar. - Não há necessidade de descrever esta visão. - Mas a visão era fantástica, Mestre. - Por isso mesmo. Guarde-a. De nada serviria para teus

irmãos... - Perdão, Mestre, o Senhor acha que por mais que tentasse

descrever...

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

- Nosso trabalho, filho, não deve se limitar ao acreditar ou desacreditar. Está terminando o ciclo em que tudo é feito, pedido ou esperado da humanidade, relacionado a sua crença em algo. Estou contigo para te passar conhecimentos através de visões, mostrar-te alguns mistérios do Universo, sempre de acordo com teu grau de compreensão, até onde tua consciência-guia pode entender, conforme já te foi dito. A propósito, tenha firmeza e cuide para não reabsorver visões geradas pela tua própria mente.

- Mas eu vi, Mestre. Era tão lindo. Tão maravilhoso e quando se vê tão de perto, é inexplicável!

- ... Então. Se era inexplicável, esquece. Em uma oportunidade poderemos falar a respeito desta visão. Vamos cuidar do explicável, o tema de hoje, a cura.

- Desculpe... – lembro-me que abaixei a cabeça com respeito. - O tema proposto para hoje é a cura, já que o ser humano vive

neste processo continuadamente. A cura, ou o processo curador existe nos vários níveis de consciência. Há, filho, os processos de cura comandados pela Luz que provém de toda a Natureza. São os chamados processos naturais de cura, que estão vibrando no mesmo ritmo do Universo. Acontecem naturalmente como uma conseqüência lógica. Com isso, pretendo dizer que, ao precisar da ajuda do processo natural de cura, o ser necessitado, quando merecedor e na hora oportuna, recebe aquilo que está precisando, através dos vários caminhos ou das mais diversas situações. Exemplo: a ajuda para a cura de uma doença pode acontecer por intermédio de um amigo, que indica outro, que indica o agente final portador da solução, que por sua vez age mediante inspiração dos seres da Luz. Isso equivale a dizer que um médico, independente da religião que segue, pode, a qualquer momento de sua vida, ser inspirado pelas forças da Luz para levar ao enfermo a cura.

O ser humano, sem saber, muitas vezes é usado como agente curador. Sejam através de imposição de mãos, orações, apelos silenciosos vindos do coração, as chamadas promessas, os ditos milagreiros, enfim, onde houver a real necessidade e merecimento, a força curadora estará agindo. Porém, lembra-te: quando houver merecimento. Quando ainda não há merecimento de cura, filho, a força age para que o enfermo prepare-se até atingir o ponto de cura.

Seria mais ou menos assim: um irmão viciado no álcool, fumo, drogas etc., passaria primeiro por um processo de conscientização até a real manifestação da força curadora. Há outros casos em que o

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merecimento é grande e ele (o enfermo) recebe a cura de imediato, ganhando o que podemos chamar de voto de confiança para que haja a conscientização de sua doença. Afinal, toda doença é de inteira responsabilidade humana.

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Aprender sempre

Dentre todas as experiências vividas através das visões, desta vez o Mestre me mostrava o conhecimento através de meu dia-a-dia.

Em uma viagem feita ao litoral, onde as paisagens paradisíacas e a convivência com uma família especial trouxeram-me um sentimento raro de felicidade, o amado e querido Mestre me apontava à compreensão que devemos desenvolver a favor de nossos semelhantes.

Na noite posterior a viagem de volta, ao me deitar e começar a refletir a respeito do que tinha se passado, o Mestre se fez presente telepaticamente chamando-me a atenção, e corrigindo-me em minhas deduções.

- Então, filho, como foi a viagem? Sua voz suave e pausada parecia acariciar meus ouvidos na

escuridão de meu quarto. Meu pensamento estava fixo naquele morro, que no dia anterior eu havia subido com alguma dificuldade. De seu topo apreciei a bela e diferente paisagem. Ao olhar para a frente vi a imensidão do mar com sua imponência e escondendo seus mistérios, voltando-me para trás, fui contemplado com a beleza e formosura das montanhas.

- O Senhor precisava estar lá, Mestre. Parecendo as visões que já tive, aquela montanha trouxe-me um sentimento de Paz, respeito à natureza, a grandiosidade e poder do mar e das montanhas. Enfim, o paraíso na Terra. E, para contemplar o fim de semana maravilhoso, estávamos hospedados na casa de uma família abençoada, onde todos eram amáveis, amigos e fraternos.

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- Quer dizer que foi ótimo, filho? Qual foi a lição aprendida com esta experiência?

- Aprendi Mestre, que a natureza é maravilhosa e que tem muita gente boa no mundo. Renovei minhas energias.

- Isso é aprender, filho? - ??? – Na hora fiquei sem saber o que dizer. As vezes o Mestre

me fazia perguntas que. Sinceramente. Desarmavam-me. Quando eu, alegre, pensava ter aprendido uma lição, decepcionava-me em seguida, pois segundo o Mestre, ainda havia falha em minha compreensão.

- Filho, preste atenção. Descobrir a beleza contida na natureza, conviver com pessoas esclarecidas e simplesmente achar bom, ótimo; sentir-se bem e renovar as energias, não é o mesmo que aprender. Se meditares a respeito daquela montanha e a família que te recebeu, terás outras conclusões mais sábias. Será que vencer o desafio de uma subida árdua até o topo de uma montanha, não te sugere, por exemplo, vencer um sentimento negativo?

- Como, Mestre? - Vejamos: Ao subir aquela montanha, por mais penosa que

fosse a escalada, estavas determinado a chegar em seu cume, para então, ser contemplado com momentos de paz, “um sentimento inexplicável de felicidade”, “uma visão indescritível”. Não seria esta a recompensa, prometida pelo teu cunhado e amigo, depositário da tua confiança, ao levar-te para aquela viagem?

O mesmo acontece, quando é recomendado aos homens que vençam os sentimentos negativos, que compreendam seu irmão, que perdoem, enfim, que escalem suas montanhas particulares e logo atinjam o cume, para que “um sentimento inexplicável de felicidade”, tome conta daqueles que realmente estão dispostos a se elevarem espiritualmente. Naturalmente, essa subida, requer que abdiquemos da opinião preconceituosa, dos sentimentos e pensamentos já cristalizados, para darmos uma chance aos novos.

Pensas, filho, que aquela família, como classificaste como abençoada, como gente boa, foi colocada em teu caminho para o teu simples deleite? Não te esqueças de que tudo que encontramos em nosso caminho não é obra do acaso. Não seria uma forma de mostrar que assim como existem irmãos, irmãs e famílias das quais queremos distâncias, existem também aqueles que gostaríamos de conviver para sempre, pois fazem nossa felicidade? Não seria a hora de levar aos irmãos, os quais queremos distância, toda a nossa compreensão e o nosso carinho? Afinal não estão todos em fase de evolução? Será,

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filho, que esses dos quais queremos distância, tiveram a oportunidade de subir na montanha? Será que tiveram o privilégio de viver com famílias abençoadas, mesmo que por alguns dias? Será que chegaram a conhecer gente boa em seu caminho? Para uns, subir à montanha não é fácil. Porém, se existir a determinação, com vagar, sem querer subir correndo para chegar logo, todos conseguirão atingir o topo. Todos, sem exceção.

Lembra-te: não basta somente querer, e sim, estar determinado a aprender. Todos conseguirão e isso faz parte da Lei. Portando, conviver com aqueles que nos fazem bem é bom, porém, melhor ainda é procurar conviver com aqueles, os quais, como se diz na sociedade terrena, “os santos não se cruzam”. De que adianta renovar as energias e logo em seguida dizer: “Eu estava tão bem, tinha que chegar este camarada para acabar com o meu dia!” Esta é a verdadeira lição para os bons momentos vividos em tua viagem, filho. Ao subir à montanha, ao descer o precipício, ao renovar as energias, ao conviver com gente educada ou encontrar tipos “intragáveis”, procura sempre tirar algum proveito. Lembra-te, não existe acaso. Tudo que acontece é provocado pelo próprio homem, que pela prática das suas ações (plantio), faz a sua colheita.

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Viajando através do infinito

Talvez o capítulo devesse se chamar: “Conhecendo um pedacinho do infinito”, pois, logo que cheguei na fazenda e entrei no cubículo a mim reservado e após os preparativos habituais, sem que o instrutor iniciasse a costumeira oração, minha mente, quase que com um solavanco começou a subir...subir...subir.subir...subir...subir, parecendo uma subida interminável.

Seres celestiais povoavam o firmamento que parecia ter a cor do ouro, predominando entre os vários tons de todas as cores conhecidas e desconhecidas. Não dá para descrever os vários seres que desfilavam à minha frente, uns até me dirigindo o olhar e outros procurando me empurrar cada vez mais para o alto, como se falassem: continue... vá em frente, amigo.

Depois de muito subir, após uma jornada que parecia interminável, comecei a ir para a frente, sempre tendo por todos os lados os celestiais Ceres. Durante dezenas de minutos, a viagem continuou e eu sempre seguindo para a frente e para o alto. Ainda não havia sentido a presença do Mestre, mas estava tão maravilhado com toda aquele beleza, que confesso, me esqueci dele.

- Gostando do passeio, filho? - Acabara de pensar no Mestre e uma onda de calor gostoso e

reconfortante se fez presente. Desta vez a Voz não se apresentou com sua habitual Luz, ou melhor, com todo aquele espetáculo de luzes a minha volta, a Luz do Mestre não sobressaía, porém tinha aprendido a identifica-la pela sua vibração inconfundível, só presente nos seres iluminados.

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- Mestre, - exclamei - pensei que não estivesse aqui... - Não poderias visitar esta dimensão sozinho. E então, gostas? - Não dá para explicar ou definir todo este espetáculo, Mestre. É

muita beleza, poder, harmonia... - Disseste a palavra certa, filho: harmonia. O Criador também

é harmonia. - Obrigado, Mestre, por me fazer conhecer mais alguns dos

mistérios do Criador. - Somente um tanto conhecestes. Lembra-te: até onde tua

consciência-guia está podendo receber. Neste momento, vês a beleza da Criação. Gostas?

- Penso que tão cedo não vou esquecer. Quanta harmonia, Mestre! Sinto-me como fizesse parte disso tudo. Os seres me tratam como irmão, semelhante, parte deles, não sei explicar.

- És parte da Criação, filho. Ainda não estás no grau desses seres, mas tu e todos rumam para cá. É verdade que ainda vai demorar, mas, o que é o tempo? Isso não quer dizer que não devas se apressar em tua caminhada, pois quanto mais te apressares e galgares os degraus espirituais, mais cedo chegarás aqui.

- Isto é uma promessa do Mestre? - perguntei - Não. Isto é a Lei. Mestre não promete. Mostra a Lei, suas

conseqüências e o caminho, querido. - Mestre, estes seres tão divinos e harmoniosos, já perderam a

individualidade e uniram-se ao Criador? - Não. Estes seres cuidam do Universo. Já não precisam mais

de uma consciência-guia. Nesse estágio estão unidos ao Criador pela mesma Luz.

- E agora estão sob esta forma? - Chegaram neste estágio e agora vibram na harmonia. - Só na harmonia? - Estes, sim. São os portadores da força da harmonia e agem

para que se tenha harmonia entre todos os seres em seus mais diversos estágios. Os milhares que conseguintes enxergar possuem outros milhares de auxiliares.

- Por que Mestre, com tantos seres celestiais cuidando da harmonia, a Terra continua em desarmonia?

- Eles cuidam para que haja harmonia, filho. Fiscalizam, controlam as guerras e os conflitos, aplacam o desespero e a dor, a fome e o frio, freiam o homem em suas inconseqüências para com a natureza, enfim, cuidam para que o homem não avance o sinal ou extrapole, como dizem, através do livre-arbítrio. A responsabilidade

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pela continuação da vida e do bem estar da Terra, é somente do homem, os portadores da harmonia apenas cuidam de várias maneiras, para que o excesso de erros não destrua o planeta antes do tempo previsto.

- Bem vindo ao nosso meio, irmão visitante. – Enquanto o Mestre falava, foi interrompido por uma voz forte e autoritária, porém gentil, que envolveu todo o espaço. – Em verdade, irmão que nos visita, não nos preocupamos com as guerras, nem com as doenças ou fome, pois há seres de outras dimensões que disto se ocupam. Guerra, doença e fome são apenas conseqüências. Para usar uma terminologia comum entre vós, nós nos preocupamos com o ser humano que demora em sua caminhada de volta. Este, não podemos controlar e sim, ensinar... ensinar... ensinar... Controlamos, sim, todos aqueles que agem na força do conhecimento que, com seu trabalho louvável, direcionam aos seus semelhantes os degraus superiores.

Esta voz, que numa fração de segundos surgiu do nada, ou melhor, parecia que todos aqueles seres angelicais e harmoniosos se uniam em uma só voz para tomarem a palavra.

- Estes que procuram acabar com o planeta são os espíritos destruidores, Mestre? – Perguntei, depois de passado o susto, que na verdade me fez, literalmente, tremer e se emocionar. Lembro-me que ao ouvir a Voz, comecei a rezar baixinho.

- São os homens, filho, que ainda em estado de ignorância espiritual, em vibração ainda inferior e inspirados pelos espíritos das sombras, tentam destruir-se e destruir o planeta.

- Não se pode mandar esses espíritos destruidores para um outro planeta? Não é mais fácil Mestre?

- Não. Porém, está escrito que tudo tem seu tempo. - Não será tarde demais? Isso causa medo. Os senhores da

harmonia não poderiam agir com mais severidade? - Em que estágio pensas que estás para tal pergunta? - Como sempre, o Mestre estava certo. Com tudo aquilo que eu

acabava de ver e ouvir tinha os pensamentos um tanto desordenados e confesso, assustado com aquela voz diferente que falara comigo, parecendo a própria Voz do Criador, porém, sentia a mesma sensação de conforto e segurança que só o Mestre sabia dar.

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- Que lição foi aprendida hoje, filho? - Bem... tudo isto que vi e ouvi hoje, serviu para me mostrar um

tanto da potencialidade e grandiosidade da Criação. Se eu fosse um pintor tentaria reproduzi-la numa tela. Foi lindo...

- Só? – O Mestre fez uma expressão imitando decepção. – Tu, inocente, tens a rara oportunidade de estar junto aos reais representante do Criador, os senhores da Harmonia e simplesmente achas tudo muito lindo e grandioso? Penso que o Criador ficará satisfeito em saber que tu aprovastes a Harmonia. Os portadores da força da Harmonia não te apareceram somente para deixar-te maravilhado. Por que não usas um tanto da harmonia que lhe foi apresentada, na convivência com teus irmãos? Esta visão, a mais longa de todas, deve servir-te de inspiração para fazeres teu irmão um pouco mais feliz. Lembra-te de que disse “irmão”. O respeito, a fraternidade, o sentimento de igualdade, o apoio e a proteção, enfim, o amor puro que recebestes durante a visão, pode e deve ser usado para com os teus, independente de serem amigos ou “inimigos”, simpáticos ou antipáticos. Não pensas ser possível trazer toda essa “maravilha”, como classificaste, para tua vivência diária?

- O Senhor acha, Mestre, que... - Não acho nada. Tu, que tens o exemplo, é que deves viver no

exemplo. Esta é a Lei. Enquanto o Mestre falava, todo aquele espetáculo se desfazia

lentamente, dado lugar novamente à escuridão. Abri meus olhos que lacrimejavam. Desta vez precisei de algum tempo para me refazer, para voltar novamente à realidade terrena. Fechei novamente os olhos e tentei me concentrar no nada. Aquela Voz possante e diferente parecia ecoar em meus ouvidos, tive a nítida impressão que o Mestre sorria bondosamente para mim.

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Vivendo em harmonia Ao entrar em processo meditativo, a Voz do Mestre se fez

presente de imediato, e, acompanhada de sua Luz azul prateada, parecia confidenciar em meus ouvidos.

- Hoje devemos falar a respeito da harmonia e a dificuldade que o ser humano ainda tem para encontrá-la. A harmonia, filho, é a base de todo o universo. A criação vibra em harmonia e somente o homem ainda destoa de todo o processo. A harmonia e a obediência.

- Como viver em harmonia, Mestre? É difícil! - Para que haja harmonia há necessidade do exercício da

compreensão. – Continuava o Mestre, enquanto ouvia-se aquele doce som angelical como se fosse um tipo de música de fundo – Sem compreensão não há harmonia. Então, falemos mais sobre a compreensão que se aplicada, levará a Terra a viver em harmonia. Não se pode dizer simplesmente para que se pratiquem o sentimento de compreensão, pois ele é um dos mais nobre e imediatamente anterior ao amor. Na prática da compreensão, há necessidade de muita meditação, reflexões e muita imparcialidade diante das diversas situações que se apresentam no dia-a-dia de cada um.

Conhecedores que somos da mente humana, não podemos, como já dissemos, cobrar simplesmente, e sim, ensinar... ensinar... ensinar.

- Mas Mestre, quase todas as religiões cobram tanto de seus seguidores, prometendo até regalias no paraíso, para que seus fiéis obedeçam, obedeçam e... obedeçam.

- A respeito do tema religião, filho, falaremos nos próximos encontros. Respondendo tua pergunta, podemos simplificar;

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adiantando que, com todo o respeito que temos para com todos nossos irmãos, lembramos que os professores ensinam conforme o entendimento que têm da matéria. Outros, como se fossem irmãos um pouco mais velhos, ensinam o irmão menor assustando-o, cobrando-lhe maior aplicação, sempre de acordo com aquilo que foi ensinado. Não te esqueças que nem sempre aquele que ensina é conhecedor da matéria. Muitos ensinam sem ter o conhecimento pleno a respeito do assunto. Outros, sabem um tanto e querem ensinar muito, e há ainda outros, que pretendem ensinar mais do que aprenderam. Naturalmente não pretendemos com isso, criticar alguns dos nossos irmãos ensinadores, que ainda se encontram em dimensões muito ligadas ao planeta. Como sabes, as críticas e as censuras pertencem àqueles que possuem a mente pensante em constante atividade. Conhecedores que somos de todas as dificuldades encontradas pelo homem em sua ascensão espiritual e independente de todos os ensinamentos e proteção que ele recebe, estamos, como se costuma dizer, de braços para recebê-los quando chagarem até nós.

- Mestre! – Ousei interrompê-lo – O que o Senhor quis dizer com esta frase: “chegarem até nós?”.

- Conforme já foi dito, filho, não é de boa educação nem de direito, o discípulo interromper ou fazer qualquer pergunta em momento inoportuno. Em todas as informações já passadas, eu não quis dizer, eu disse. Continuemos: Há necessidade de muita meditação, compreensão e espírito-crítico dentro do bom senso no decorrer do dia-a-dia. Comecemos com o poder de julgamento que o ser humano ainda conserva: Já notastes com que facilidade irmãos julga irmãos e, o pior, condenam? Repare em tua vida diária e veja que ao te levantar para mais um dia de trabalho ou mesmo de descanso, quantas vezes este poder de julgamento está presente. Procura contá-las. Garanto que faltarão dedos em tua mão para enumerá-las. Desde o simples fato do condutor não parar para o teu embarque na condução que te levará ao trabalho, até o momento em que, de volta ao lar, descansas ouvindo músicas ou defronte ao aparelho de televisão, quando então pensas estar prestando atenção ao programa que apresentam, mas em pensamento ficas remoendo alguma situação passada durante o dia. São dezenas de julgamentos que surgem. E lembra-se que, durante os julgamentos tens sempre razão.

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Quieto estava e quieto continuei. Notei que enquanto o Mestre falava mantinha minha cabeça baixa, assim como uma criança que acabava de levar uma reprimenda.

- Não fiques triste, filho. Refiro-me ao ser humano em seu atual estágio. Não o censuro. Aliás, este não é meu papel. O papel da censura cabe à tua consciência, não ao teu Mestre. Não é assim que me tratas? À nós, não cabe censurar ninguém, e tu, num futuro bem próximo, também deixará de censurar, espero.

Deves saber que o homem, quando reclama da vida que vive, reclama do Criador, ou ainda, reclama por alguma dificuldade que está enfrentando, na realidade, acaba por censurar a si próprio! Se o homem deixasse de julgar tanto seus irmãos e fizesse uma auto-análise não terá muito tempo para reclamar. Como já foi dito, logo que o homem descobrir a grandeza que representa, todo seu conceito de vida mudará. É isso: mudança de conceito de vida. Esquecer, ou tentar deixar para trás todas as lições primárias que já aprendeu e alçar vôos novos. Esquecer que o Criador é Pai que está sempre com os braços abertos para socorrê-lo em todas as situações. Ao mesmo tempo lembrar-se que é Filho do Pai, ficando de braços abertos para todos os irmãos para que todos se socorram mutuamente. Deixar de pensar ou tentar saber sobre o que acontecerá no futuro, procurar descobrir o que realmente está acontecendo no presente. Esquecer que nasceu para viver e, conscientizar-se que renasceu para aprender conviver. Procurar de todas as maneiras compreender seu irmão em todas as situações. Todas. Procurar substituir o “confesso que errei” pelo “estou errando”. Ouvir mais os avisos da consciência e prestar atenção aos aparentes mínimos detalhes da vida pois são estes que formam a grandeza da Criação. Poderia enumerar aqui centenas de recomendações, porém, tudo já foi sintetizado pelo Grande Ser da Luz que, em missão os visitou e entre os homens conviveu, o Iluminado Mestre Jesus. Basta então, lembrarem-se de seus ensinamentos e se apressarem no aprendizado, pois a grande obra se aproxima. As lições foram deixadas, os ensinadores e mestres sempre estão prontos para o ensino através das mais diversas religiões e seitas, mas os alunos continuam pensando que têm todo o tempo do mundo para aprenderem. Repito, filho, não é fácil, esta é a seqüência natural da evolução.

Ao assim dizer, tudo se escureceu novamente e percebi que o contato havia se encerrado. O Mestre me deixava, para que, como das vezes anteriores, eu começasse a meditar a respeito do tema ensinado.

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Realmente, é um Sábio. Sua sabedoria e seu modo de ensinar me deixavam muito satisfeito por tê-lo ao meu lado e às vezes eu pedia para que ele aparecesse em sua forma física, sem entretanto ser atendido.

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Cuidado com o que pensas ser pensamento positivo

- Salve irmão da Luz. Lembra-te desta saudação, filho? - Mestre! Claro que me lembro. Quando nos encontramos pela

primeira vez, esta saudação fez com que eu quase desistisse de participar dos encontros.

- Pois bem, vamos agora falar a respeito do que aconteceu. Lembra-te que quando entramos em contato pela primeira vez, pouco enxergaste alguns dos nossos, vendo apenas vultos? Esta foi uma idéia ocorrida, para saber como estava teu ego. Devo dizer-te que passaste no teste mostrando-se humilde e, como costumas dizer, estavas com um pé atrás. Se tua reação fosse de orgulho ou vaidade diante do título que acabavas de receber, não estarias preparado. Quero parabenizar-te pelo acontecido, e acredita, esperava o momento oportuno de poder contar-te isto.

- Confesso que senti uma pontinha de alegria, misturada com satisfação por aquela revelação.

- Lembra-te da outra vez, quando te foram oferecidas algumas pedras preciosas?

Voltei meu pensamento ao terceiro ou quarto encontro que tive com o Mestre, tentando lembrar-me do que tinha acontecido.

Naquela ocasião, lembrava da difícil situação financeira pela qual estava passando, quando a Luz azul prateada do Mestre deu lugar a uma tonalidade bem escura, assemelhando-se à escuridão da noite sem estrelas e saindo do firmamento em direção a mim. Duas mãos enormes e com aparência formosa, quase juntas, porém um pouco entreabertas e cheias de pedras preciosas, apontavam para mim, como

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que oferecendo-as, acompanhada da seguinte pergunta: É isto que queres? É isto que queres?

As mãos eram muito bonitas e um pouco amorenadas. Atentei muito para este detalhe. As pedras eram de uma beleza nunca vista, cintilavam e, a voz que me perguntava, doce e agradável. Na hora nem vacilei, apenas disse:

- Se merecer, sim. – E pensei: Só quero o que merecer. Imediatamente as mãos se fecharam escondendo as pedras e desapareceram num estalo. Eu ia perguntar ao Mestre a respeito daquilo, porém logo apareceu outra visão que prendeu minha atenção. - ... Ficaste sem as pedras, filho? Não te arrependeste, não é mesmo? Aquilo também foi um teste. Foste aprovado também naquele dia. Daquele dia até hoje, já passaste por dificuldades financeiras bem piores, sem lembrar daquela oportunidade. Novamente, parabéns. Mas, não esqueças que novas provas e testes estarão se apresentando. Vamos começar o tema de hoje? Responde rápido: Devemos ser sempre otimistas e positivos?

- Sim, é claro!!! - Não. – O Mestre foi taxativo - Não? – Fiquei decepcionado. - Pensar positivo, filho, pelos padrões da sociedade humana,

faz com que o homem queira sempre que sua vontade prevaleça. Senão, seja: Costuma-se ensinar, para que os homens pensem: Isto dará certo. Vou conseguir. Tal pessoas concordará comigo. Vou conseguir aquele emprego. Meus protetores farão com que concordem comigo e por aí segue. Isto é de bom senso, filho?

- Bem, pelo que aprendemos, devemos sempre que as coisas darão certo...

- É aí que está o problema. Onde está o respeito pelo direito do teu irmão? Onde está o respeito pelas leis? Se o homem ao orar diz: “ seja feita Vossa Vontade...” como pode ao mesmo tempo colocar seus objetivos em primeiro lugar?

- É verdade, Mestre, o Senhor está novamente com a razão... - Não com a razão, mas com o bom senso. - Como devo agir, então? - Digamos que estás a procura de trabalho. No caminho, tenta

mentalizar que outros irmãos também estão com o mesmo objetivo. Lembra-te que teu irmão também necessita do emprego e talvez necessite mais do que tu. Então, pede à Luz que dê proteção não só a ti mas a todos que estão com o mesmo objetivo e não te esqueças de

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pedir para que os trabalhadores da Luz iluminem esse que será o escolhido e não permitam, que os da sombra se atravessem no caminho com suas intenções maldosas. Digamos ainda que tu tens o objetivo de conseguir uma coisa útil para ti. Pense se realmente tens necessidade dessa coisa. Se, ao conseguir, não estarás prejudicando outro irmão e mentalizando os invisíveis da Luz, com o mesmo respeito que te diriges ao Criador; inicia um diálogo com eles, perguntando se essa necessidade está dentro do bom senso. Diga o que gostaria de conseguir, porém, que a Vontade do Altíssimo é muito mais importante. Aproveita o momento para pedir a divina orientação. Antes de tudo isso, há necessidade de estares com a sintonia ligada ao mundo espiritual. Sempre que fores usar o otimismo e o pensamento positivo, lembra-te de usá-los para as causas espirituais. As causas materiais... bem, coloca sempre teu lado espiritual em primeiro lugar quando fores resolver questões materiais.

Embora não o enxergasse, tive a nítida impressão que4 o Mestre respirava fundo quando continuou:

- Como estão teus escritos, filho? - Penso que estão ficando bons, Mestre. Parece que vão mesmo

se transformarem em livro. Já estou me acostumando com a idéia de escrever mais um.

- Escrever mais um? Já pensas em um próximo? - É que alguns ensinamentos não se encaixam neste, por isso

estou guardando-os para um segundo livro. - E dará tempo? Talvez não, filho. - Não dê tempo, Mestre? Confesso que a derradeira frase dita pelo Mestre, antes de

encerrar, me deixou preocupado. O que quis dizer com “talvez não dê tempo?”.

Ao sair, apressei-me em contar para Sadhu: - Sadhu, Sadhu, acho que não vai dar tempo de escrever meu

livro. - O que aconteceu? Mudou de idéia? - O Mestre falou. Acho que antes de terminar o livro vou

morrer. - Falou o quê? – Sadhu parecia preocupado. - Ele disse que talvez não dê tempo. Será que vai acontecer

alguma coisa comigo?

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- Ele disse “talvez”? - Sim. “talvez não dê tempo para terminar o livro”. Estas foram

suas palavras... - Se disse isto, existe alguma chance de você viver! Não esquenta

a cabeça. - E você ainda brinca? - O que você sugere? Vai escrever o livro rapidamente por conta

própria? Não dá, né? Estaria fugindo da proposta inicial... - Isto nem pensar. Eu não conseguiria. Ou escrevo aquilo que o

Mestre me ensina ou desisto.

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

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Acendam suas lanternas

- Está sentindo esta agradável Luz, filho? Desta vez o Mestre se comunicava telepaticamente quando eu já

estava pronto para dormir. - Mestre!!! – Mostrei-me feliz pelo contato. – Eu já aprendi a

senti-lo. Não dá para explicar a Luz e a Vibração que o Mestre oferece, apenas aproveitar.

- Saiba aproveitar, na convivência com os teus. Quando o Mestre falou “saiba aproveitar”senti um frio na

espinha, lembrando daquela frase “talvez não dê tempo. - E a tua Luz? - Minha? - Sim. Cada um tem sua Luz... - A minha deve ser mínima, Mestre. Comparada com a do

Mestre deve se assemelhar a de um vaga-lume. - O que acontece, filho? A tristeza te visita? Não dê guarida

aos maus pensamentos. Viva o hoje e o agora. Aliás, geralmente muitos homens agem pensando sempre no amanhã. Combata tua tristeza e continuemos com o tema de hoje. Como sabes acerca de tua Luz?

- Desculpe, Mestre. Mesmo que tu e todos os homens tivessem a luminosidade de

um vaga-lume, acendendo-as todas, iluminariam o planeta. Por que não se servem delas? Por que os homens não acendem suas lanternas?

- Acender as lanternas, Mestre? - Usar suas luzes, querido. Usar a própria luz com vontade e

determinação. Colocá-la sempre à frente, com se fosse uma lanterna.

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- Desculpe, Mestre, poderia explicar melhor? - Vejamos: normalmente o homem costuma dizer: “eu estava

bem e de repente apareceu fulano e meu astral caiu”ou, “saí de casa com o astral lá em cima e acabei discutindo com sicrano. Estou me sentindo um trapo”. Estas frases são comuns em teu dia-a-dia, não? Tu mesmo já tiveste a oportunidade de pronunciá-las. Sabes porque isto acontece? Muitos têm a sensibilidade aflorada e sentem as mais diversas vibrações que estão soltas pelo planeta. Geralmente são pessoas que, costumeiramente, estão em sintonia com o Astral Superior e sua própria vibração, é de Paz. Em seu dia-a-dia, deparam-se com pessoas portadoras de vibrações inferiores, irmãos que por razões diversas encontram-se com seu Astral “lá em baixo”e, as energias inferiores e superiores, quando se encontram, chocam-se, pois não se combinam. Se o irmão está com vibração Superior e não sabe como mantê-la, ao se deparar com a Inferior, acaba absorvendo-a, fazendo com que o chamado baixo astral passe a predominar em seu corpo físico. Isto explica as reações como: “estava tão bem e agora me sinto carregado”. Se alguém estiver em sintonia Superior e souber conservá-la, dificilmente o Inferior irá interferir, daí a insistência em pedir para que acendam as lanternas e as conservem custe o que custar. Tu, filho, nunca ouviu alguém dizer: “... então eu me apeguei com Deus insistentemente e consegui?” Foi a luz da lanterna que permaneceu acesa. Lembra-te: Em qualquer situação, mesmo diante de um princípio de discussão, mantenha tua lanterna acesa. Se todos mantiverem suas próprias luzes sempre acesas, as sombras não terão forças. E o mais importante: de acordo com a lei da sintonia, ao ligar a própria luz, automaticamente atrairás a Luz do Universo para se juntar à tua luminosidade de um vaga-lume. E, de acordo com tua evolução, o vaga-lume crescerá cada vez mais até chegar ao ponto de se unir à Luz Maior. Não te esqueças: Se houver sintonia com as sombras, o inverso acontecerá, transformando o excesso de sombras em trevas. A escolha é de cada um. Recorda-te da livre-escolha?

Quando o Mestre terminou de falar, iniciou-se uma, ou melhor, duas visões, acompanhadas pela sua Voz.

- Presta a atenção, filho... - Como sempre, eu permaneci com os olhos fechados e a

escuridão tornou-se maior ainda, surgido um tipo de furacão, ou algo parecido, que girava lentamente, soltando no ar figuras demoníacas e assustadoras.

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- Vê, querido filho, esta é uma representação das trevas. Presta a atenção como agem. Estão simplesmente cumprindo seu papel e soltas no ar. Elas não atacam aqueles que estão protegidos, pois esta é a lei. Esperam o momento em que são chamadas, através de pensamentos pessimistas, ações pouco recomendáveis, sentimentos de baixo padrão vibratório, enfim, tudo aquilo que entra em afinidade com suas vibrações. Vez ou outra as trevas têm permissão para testar aqueles irmãos que, mesmo protegidos pela Luz, passam por processo de provas decisivas. Agora, presta a atenção na Luz, filho. Ao assim dizer, uma luz indescritível iluminou todo o ambiente, parecendo que entrava pelo telhado, janela e frestas da porta fechada, pairando sobre minha cabeça. Olhei para cima e vi que o teto de minha casa se confundia com aquela luz dourada. Em questão de minutos, tudo em minha volta parecia ter se transformado em formosas nuvens douradas. Senti-me no centro de tudo. - A energia da luz está representada aqui, filho. – Continuou o Mestre. – As forças geradas pela Luz Maior estão dentro desta luz que agora vês e que vibram constantemente. Não penses que as forças da luz procuram pelos seres e sim, os serem devem procurar pelas forças, entrando em sintonia com suas vibrações. Em outras palavras, ao te enganes, pensando que as forças das sombras ou da Luz vêem simplesmente te procurar para proteger ou tentar-te. Tu provoca este encontro através da sintonia que escolhes. Não te enganes pensando que Deus virá ajudar-te. O Criador está sempre presente. Ele não vem porque sempre está. Tu é quem deves ir até Ele. Às vezes, e isto acontece com pouca freqüência, as forças da Luz procuram o homem para despertá-lo, quando este se encontra com sua sintonia voltada para as sombras. Porém, para resumir, tudo é uma questão de sintonia, de livre escolha e de merecimento. Naquela noite sentia-me cansado e o sono começava a se manifestar. O Mestre notou que eu mal conseguia manter-me com os olhos abertos e finalizou: - Noto que estás muito cansado, filho. Procura dosar tuas energias para que não te canses em demasia e nem descanses demais. Pratica o equilíbrio. Só me resta dizer durma com Deus, como os homens se expressam. E, ao dizer isto, filho querido, estou esperando que tu, ao adormecer, com pensamentos voltados para a Luz, recebas bem as orientações, para que, quando acordares, possas iniciar um novo dia distribuindo o que recebeste durante o sono e...

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Não pude ouvir as derradeiras palavras do Mestre...

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Falem mal mas falem de mim? Este encontro deu-se onde normalmente na fazenda nos encontrávamos. Como durante o dia eu planejava fazer um pergunta ao Mestre, logo que fechei os olhos entrei em processo meditativo, a Luz azul prateada se fez presente acompanhada do carinho de sua Voz: - Então queres saber a respeito da sabedoria popular: Falem mal mas falem de mim.

- Mestre, parece que o senhor lê pensamento.... - Não leio, vejo-os. - Por mais que tente, ao consigo descrever a Luz prateada do

Mestre nem o carinho que acompanha seu tom de voz. Sempre que a ouço parece que tudo em volta se silencia, ela toma conta de todo o espaço.

- Falem mal mas falem de mim, é mais um ditado dentre tantos que a “sabedoria”popular usa e divulga erradamente. O bom senso diz que devemos viver de maneira que falem bem de nós, pois aquele que fala mal de alguém ou de alguma coisa é porque não se sente satisfeito. Falando mal de nós, naturalmente nosso irmão não está satisfeito conosco e não é isso que queremos, correto?

- Para dizer a verdade, não. - Então, viva de maneira que teus irmãos falem bem de ti, que

se beneficiem com teu modo de viver, que enviem somente energias positivas através de agradecimentos mentais, não vibrando verdadeiros torpedos vingativos.

- Agradecimentos mentais... torpedos vingativos, Mestre?

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- Tu, querido, quantas vezes já alimentaste sentimentos de contrariedade para com teus irmãos, gerando assim, torpedos vingativos; ou fizeste agradecimentos mentais diante de atitudes de amizade e de coleguismo que recebeste?

- Realmente eu... – Confesso que fiquei sem graça diante da observação.

- Não te retrates, filho. Não é uma referência direta a ti. Isto é comum entre os seres pensantes. Todos esses pensamentos, que a cada milésimo de segundo são gerados aos milhares pelos homens, povoam o planeta, sendo invisíveis aos olhos humanos, porém, sentidos pelos mais sensíveis.

Em nosso próximo encontro falaremos a respeito do poder e a importância do pensamento. Saiba que, quando se silencia em pensamento está se fazendo um grande bem a todos e também ao planeta. Medite a respeito disso que voltaremos ao assunto.

Pareceu que o assunto estava encerrado, pois outra visão apareceu. Diante da escuridão que se estabeleceu, um facho de luz fraca iluminou alguns serem que pareciam andar em filha indiana. Tentei fixar os olhos para ver se conseguia enxergar melhor. Notei algumas pessoas que participava de um enterro, ou melhor, de um cortejo fúnebre, pois transportavam um caixão de defunto. Durante os encontros, sempre permaneço com os olhos fechados. Ao ter uma visão, tento fixar os olhos, para obter maior nitidez. Assim, tenho a sensação de estar com os olhos abertos.

Voltando à visão, os seres, todos homens, uns dez ou quinze, trajavam vestimenta preta, composta de terno, camisa e gravata. Todos usavam chapéus, também pretos. Lembro-me desses detalhes, pois naquele momento cheguei a fazer esta observação em pensamento: “até o chapéu é preto”. Enquanto dizia isso, ou melhor, pensava, eles passaram à frente, vindos da esquerda para a direita mais ou menos a dois metros de distância de mim, alguns me olharam fixamente, sérios e compenetrados, como se estivessem participando de algum tipo de ritual. Seguiram em frente, desaparecendo na escuridão.

O pequeno facho de luz se apagou, voltando novamente a negritude normal. Lembro-me que ainda tentei dizer: “Mestre, o que é isso?”, mas o contato havia terminado. Vagarosamente, abri os olhos e, virando-me para o lado direito, encontro com Sadhu, que abria a cortina. Trocamos cumprimentos com um leve sorriso e nos preparamos para a volta.

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A sabedoria de Sadhu

Quando voltávamos para casa, Sadhu, sentado ao meu lado no banco duro do trem, estava sério. Não lhe dirigi a palavra para não perturbá-lo em sua meditação. Relembrei o que o Mestre acabara de ensinar a respeito do pensamento. Nossa mente é uma fonte de emissão do mesmo.

- Nós fazemos o nosso bem e o nosso mal. – Sadhu foi taxativo, saindo de seu silêncio e tomando a palavra repentinamente.

- Nós – continuou Sadhu – atraímos as trevas ou a luz. Através de nossas atitudes egoístas e errôneas trazemos para nosso lado toda espécie negativa; numa seqüência de desacertos cometemos erros e mais erros. Quando entramos em uma zona de perigo, onde cometeríamos um erro, acabamos por cometer diversos. Quando sofreríamos uma única conseqüência por uma inexperiência, acabamos por sofrer diversas, pois estamos sempre achando que sabemos tudo e que sempre acabaremos dando um jeito. As vezes, tentando consertar, ao nosso modo, um único erro, desencadeamos uma série deles. O que é pior: envoltos nessa teia de aranha que nós mesmos construímos, logo achamos que: “estão me secando”, “fizeram algum mal pra mim”, Colocaram olho gordo em mim”ou “me fizeram uma macumba brava”. O pior de tudo mesmo, é que nessa situação, o primeiro passo dado, é procurar algum lugar para desmanchar aquela macumba e livrar de tanto negativismo.

Quantos? Quantos realmente estão em momentos de resgate cármico? Quantos realmente são vítimas de suas próprias macumbas?

Todos nós, ou quase todos, sabemos que estamos neste planeta para nosso desenvolvimento espiritual e dentre as lições a serem

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aprendidas estão aqueles que no passado deixamos de fazer, ou fizemos de um modo incorreto. Isso é carma, ponto final. Será que todos os sofrimentos e os sufocos pelos quais passamos são realmente carma? Será que não estamos sofrendo por nossa própria incapacidade de saber parar no momento certo e corrigir a rota da nossa vida?

- O que está acontecendo Sadhu, você está parecendo meu Mestre?

- Desculpe. Eu estava pensando alto. - Pensando alto? Parecia que você estava falando do Alto. - Nem entrei em mais detalhes. Sadhu andara meditando,

acertadamente, acerca dos dissabores do nosso dia-a-dia, a respeito daquela fase da vida onde tudo parece dar errado e nós, conscientes ou não, cooperamos para que isso se torne pior ainda, através de nossa teimosia, nosso orgulho e, em ma escala bem menor, através de nosso desconhecimento ou esquecimento de como agir corretamente.

Naturalmente, Sadhu não estava passando por essa fase, porém, era um pensador de seu tempo e incomodava-se com o destino da humanidade. Quando meditava se lembrava de todos seus irmãos.

Como costumo repetir, essa convivência com o Mestre, tem sido não só para mim, como para ele e penso que para todos da fazenda, proveitosa e produtiva. Quando intitulo este capítulo de A sabedoria de Sadhu, não quero elevá-lo à categoria de sábio, embora sabendo que é possível sermos, mas, para tanto será necessário reconhecer as dissertações sábias de amigo e também do Mestre.

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O que é o amor entre duas pessoas?

- Mestre, o que é na verdade o amor entre duas pessoas? Há tempos que desejava uma resposta para essa pergunta, pois,

fala-se tanto de amor fraternal, amor de mãe, amor amante, amor universal, enfim, é tanto amor que daria para melhorar este mundo...

- O amor entre dois seres, na sociedade terrena, filho, na verdade, não o é. Não se pode classificar de amor um sentimento que envolve apenas duas pessoas. O que chamam de amor entre dois se trata de uma forte amizade, um bem-querer, complementado na maioria das vezes pela atração física, que quando intensa, pode tornar-se uma ligação muito forte ou até uma paixão desenfreada.

Em tempos remotos, um homem, para tentar traduzir em palavras seu sentimento de bem-querer forte e a toda prova, declarou à sa amada que sentia por ela verdadeiro amor, tentando incutir-lhe a idéia de possuir um sentimento maior e melhor do que todos. Sentimento esse, que quebraria qualquer barreira. Desde então, quando de queria dizer que seu sentimento era grande, sublime ou o melhor intencionado possível, dizia-se amar alguém. Tal pretensão conserva-se até os dias atuais na sociedade humana, porém, completamente fora de propósito e errôneo. Não se pode amar verdadeiramente somente uma pessoa. Deve-se simplesmente amar.

O amor, esse estágio sublime, e o derradeiro, repito, que o Ser atinge em sua escalada espiritual não pode ficar restrito simplesmente a outrem. Entre os homens existem diversos tipos de sentimentos de bem-querência e forte amizade, porém, Amor Verdadeiro, como ensinou o querido Mestre, ainda não.

Apenas para finalizar, em todos os sentimentos da humanidade há uma segunda intenção, seja ela qual for. Quando se ama

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verdadeiramente, não há intenções. Simplesmente ama-se. Aquele que se apresentou entre vós e ficou conhecido como Mestre Nazareno, é que ama verdadeiramente. Os homens ainda estão aprendendo a amar. Aquele, que declarar ou demonstrar amar seu semelhante e ao mesmo tempo condenar a atitude de um outro, na verdade ainda não atingiu o grau do amor.

Com estas palavras do Mestre entendi que o contato estava encerrado. Sua Luz azul prateada foi dando lugar à penumbra e finalmente à escuridão total. Sentia-me naquele momento envolto de muita paz e muito amor. Cheguei a sentir, tenho certeza, o cheiro do amor. Quando digo cheiro do amor, pode parecer estranho ou soar como alguma coisa erótica ou sensual, porém, naquele momento de paz, estava captando o aroma do Universo.

Acompanhado por sons angelicais que como das vezes anteriores, era indistinto, o Mestre deixava-me novamente em estado muito próximo àquele, que se costumava definir como felicidade. Abri os olhos para voltar à realidade, meu olhar cruzou com o do ajudante que vagarosamente abria a cortina e me cumprimentava com um gesto de cabeça. Sorri cumprimentando-o:

- Tudo bem, ajudante? – Em pensamento, novamente com os olhos fechados, procurei o Mestre dizendo:

- Obrigado, meu Deus, por isso. Abri os olhos e notei que o ajudante ainda segurando a cortina,

estava cabisbaixo. Tentei brincar: - Pensando na vida? Cadê a sineta? Olhou-me sério e expressando tristeza, respondeu: - Meu nome é Muni, serei transferido para outra fazenda. - Muito prazer, Muni. Eu sou o Luís. – Disse-lhe sorrindo. - Eu sei, respondeu. – Como está hoje, meu irmão? Na próxima

semana já não estarei mais aqui... Ele estava realmente triste; coloquei a mão em seu ombro

procurando consolá-lo: - Sadhu já me falou que sempre existe a possibilidade de sermos

transferidos de fazendas. Mas, não somos obrigados, somos? - Não. – Muni, enquanto falava continuava cabisbaixo – Aqui

não somos obrigados a nada. Temos deveres e haveres. Não obrigações. Minha família está se mudando para outro estado e tenho de segui-los. Gosto daqui e tenho muitos amigos, ou melhor, só tenho amigos. Vim para cá ainda criança e era o mascote da turma. Hoje, apesar de ainda estar como aprendiz, sinto-me em minha própria casa.

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Sempre quis trabalhar nas plantações, mas não posso. Tenho família. Pela minha vontade não mudaria. Minha intenção é voltar para cá dentro de um ano.

Somos interrompidos por Sadhu que se aproxima e Muni tenta sorrir dizendo:

- Se você estiver por aqui amanhã, conversaremos mais. Senão, prometo escrever-lhe.

Estávamos nos preparando para a volta quando encontramos um

irmão que também participava das aulas. Após cumprimentá-lo, ele disse:

- Como está, tudo bem? - Até onde se pode enxergar está tudo bem, não é? - Entendi a profundidade da observação, afinal ele estava em

dois estágios mais avançados e eu concordei. Em pensamento, complemento minha resposta e lembrando dos ensinamentos do Mestre, pensei:

- Está tudo bem até onde se pode enxergar e sentir. O Mestre havia falado a respeito do sentir e aquele ensinamento

me veio à mente.

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É melhor sentir que enxergar? - É bem melhor, filho, o sentir que o enxergar, embora, muitas

vezes, o sentir pode nascer do enxergar. Telepaticamente o Mestre falava a respeito de mais um mistério,

o “sentir”. - Estando em sintonia com o Astral Superior, o homem capta suas vibrações, passando a senti-las. As vibrações em sua “origem”, não podem se transformar, isto é, não podem mudar sua sintonia. Cada vibração está em sua sintonia correspondente. Uma vibração que corresponde a uma sintonia ainda inferior, jamais pode apresentar-se como vibração de uma sintonia superior. Isto não acontece no mundo das imagens. Uma imagem “inferior” está sujeita, quando manipulada pelos seres do invisível, apresentar-se como imagem superior. Em outras palavras, filho, no mundo invisível, um ser de origem ainda inferior é capaz de apresentar-se aos olhos humanos com a aparência de um ser de origem superior e no mundo das vibrações, jamais um ser pode apresentar-se com uma vibração que não lhe é compatível. As imagens podem enganar, as vibrações, não.

- Mestre, - ousei interrompê-lo – quer dizer que... - Quer dizer, filho, que aquele que orar e vigiar, e procurar

sentir as vibrações que estão soltas no ar, aprenderá a identificá-las e terá menos chance de ser enganado. Porém, aqueles que se apegam ao mundo das imagens, insistem na fé do “ver alguma coisa”, procuram e pedem com insistência para ver um ser que habita no invisível, podem ver uma miragem, que poderá ser enganosa. Ele poderá ver um ser ainda inferior apresentando-se com a aparência daquele que tanto queria ver.

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- Mas Mestre, o senhor me mostrou tantas visões formosas e tantos seres angelicais! Através das visões o Mestre me mostrou tantos mistérios!

- Filho querido, não notastes que durante as visões, estavas envolto na luz? Não identificaste vibrações superiores enquanto aprendias? Torno a lembrar-te a respeito da firmeza e da concentração que, se falharem, os caminhos para que tenhas visões geradas por sua própria mente pensante, tua imaginação, estarão abertos. Em algum momento, durante as visões, sentiste a vibração do astral ainda inferior?

- Que eu me lembre, só em um momento... - Foi quando te ofereceram aquelas pedras preciosas, correto? - Exato, Mestre. Naquela hora eu senti que, apesar de formosas

mãos dirigirem-se para mim, a atmosfera era um pouco densa e ao invés de luz, havia uma certa penumbra.

- E quem, senão seres ainda inferiores te ofereceriam riquezas? Ofereceria-te poder? Tu, como já foi dito, passaste no teste, porque soubeste discernir as vibrações. Mas, quantos não são enganados? Quantos ainda acreditam que a luz Superior lhes mandará riquezas, poder, abundância...

- Mas Mestre, a humanidade é tão pobre, sofre, tem fome, está doente. As guerras...

- Dor, fome, doenças e guerras. Quem ofereceu tudo isso para a humanidade? O Divino, como castigo? Achas mesmo que o Todo Poderoso e Amoroso iria prejudicar ou dificultar aqueles que estão no caminho de volta para o Grande Lar? Não. Tudo que a humanidade está colhendo foi plantada por ela mesma.

- Quer dizer, Mestre, que a ajuda para nossas doenças e dores, não vem da Luz?

- Não entendeste, querido. O Todo Poderoso e Amoroso, o Mestre dos Mestres e Pastor dos Pastores, jamais deixa de olhar por uma única ovelha. Isto é lei. Porém, não são os seres da luz quem diretamente oferecem ajuda aos humanos. Lembra-te do que já foi dito a respeito das ajudas. Essas ajudas provêem dos seres que estão em sintonias compatíveis com as dos homens, em vibrações bem próximas, acontecendo somente, quando são permitidas. Existem ajudas extraordinárias que vêm diretamente dos seres da Luz, para atender alguns homens. Na maioria das vezes essas ajudas se apresentam em forma de ensinamentos. Em outras, os humanos, em sintonia baixa, apelam para o Alto, como se costuma dizer, para pedir ajuda e devido a sua baixa vibração, quando muito insistem,

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recebem o que pediram dos seres de vibração compatível. Para que compreendas melhor, digamos que, um pequenino que se encontra em processo de aprendizado na escola terrestre, que chamam de pré-primário, tem um professor ou alguém que o ensina a resolver seus problemas. A famosa tia lembras? Essa tia está preparada e com a vibração compatível com a do pequeno aluno. Não seria de bom senso colocar um professor, digamos, um mestre em física nuclear de alguma universidade para ensinar o pequenino. As sintonias e vibrações seriam diferentes. Apesar de capacitado para ensinar o pequenino, o mestre se ocupará com alunos que se encontram em grau mais elevado, compreendes?

- Perdão, Mestre se fiz esta pergunta... - Não te desculpes. O importante é que tenhas entendido um

tanto de todo esse mistério. E lembra-te: uma ajuda tanto está sujeita a vir das sombras como pode vir da luz. O fato de pedir ajuda, não quer dizer que ela venha da luz. Saiba pedir, como já foi dito. E novamente lembra-te: jamais te dirija ao Criador quando estiveres pensando em sofrimento, isto é, com a vibração baixa. Isto seria um desrespeito a Todo. Quando sentires necessidade de pedir ajuda ao Criador não se esqueça, que é nesta hora que deves simplesmente parar para ouví-Lo. Continuemos...

- Mestre, eu... - Por que te incomodas em fazer uma pergunta? O que te

perturba, filho? Noto que queres saber a respeito dos espíritos. Os seres que são chamados de almas ou espíritos correto? Por que queres esclarecimentos a respeito da religião dos espíritos? Falaremos futuramente a respeito deste tema. Continuemos: Quando estiveres só e sentires perto de ti uma vibração de luz, acolha-a e dê-lhe boas vindas. Sentirás que ao teu lado haverá um calor gostoso, reconfortante e te sentirás em paz. Se sentires que este calor passa a ficar ardente, seres de vibração inferior poderão estar próximo a ti. Aumenta tua sintonia com o Superior para eles se afastarem. Quando sentires que esta vibração é fria, causando até arrepios em teu corpo físico, inicie uma oração, pedindo para que os da luz estejam com este ser que se aproximou de ti. Acabaste de ser visitado por um irmão, que agora, no mundo dos invisíveis, está necessitando de ajuda imediata e está procurando encontrar em ti um apoio, ou este irmão acabou de deixar o mundo físico e aproximou-se de ti, pois sente a necessidade de algum esclarecimento, ou ainda, trata-se de um irmão, que ainda está no mundo físico e dirigiu-te pensamentos

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inferiores. Há muitos outros motivos que levam os inferiores a visitarem alguém.

Em todas essas situações, não te esqueças do respeito. Jamais desrespeite um irmão ou uma energia ainda inferior. Em qualquer situação, o amor e a compreensão devem prevalecer. Aprenda, filho, que em qualquer dessas situações, jamais uma energia pode se fazer passar por outra. Os ainda inferiores poderiam até se apresentar através de uma visão bela e formosa, porém a vibração baixa os delataria. Não te esqueças: quando é dito os “inferiores”, que eles também são irmãos que ainda estão nesta condição, que a mesma é transitória.

Apesar de tão divina revelação e de sentir-me refeito em minhas energias, já era bem tarde da noite e eu precisava descansar. O contato terminou, recordo-me de que acordei no dia seguinte com uma sensação de paz em meu peito. Na altura do tórax, eu sentia um certo incômodo. Era uma espécie de queimação leve. Mais tarde soube tratar-se de chakra ou ponto de força, não sei bem.

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A inspiração Desta vez chegamos mais cedo na fazenda. Ficamos em contato

com a natureza, aprendi que basta saber senti-la para que a Mãe Natureza também esteja em contato conosco.

Quando começamos a observá-la melhor, sem dúvida ela passa a ter outro significado. As árvores, algumas em poses majestosas, parecem ser senhoras absolutas do Reino. As flores, como formosas crianças do Campo, nos cumprimentam sorrindo e os insetos em geral, são os fiéis trabalhadores do Senhor. Aumentando, ou procurando aumentar a sintonia, se pararmos para meditar, talvez recuemos envergonhados por adentrar em tão formoso reino sem a devida licença, sem antes, reverenciarmos ao Todo Poderoso que o criou simplesmente para nos servir.

Relembrando a experiência que tive durante a manhã. Notei que algumas lágrimas teimavam em aparecer. Tentei evitá-las, já de olhos fechados, pois o contato com o Mestre se iniciava, surgindo a conhecida e esperada Luz azul prateada, acompanhada pela formosa e reconfortante Voz:

- Estás com inspiração, filho? - Acho que hoje visitei a natureza, Mestre. Conheci um pouco

das plantações de hortaliças e fui até a cachoeira. – Enquanto respondia, uma música ao longe, ouvia-se.

- Deves visitá-la mais vezes, querido. Aproveite a próxima visita para plantar uma árvore. Isto é bom. Vamos aproveitar tua inspiração, para falar, hoje, exatamente a respeito da inspiração.

- A inspiração realmente existe, Mestre? Como acontece?

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- Uma pergunta de cada vez. Queres saber se realmente existe inspiração? Como pensas que acontecem nossos contatos quando estás em teu lar?

- Desculpe. Eu quis dizer inspiração de artistas, poetas, músicos. Existem verdadeiras obras primas na música, por exemplo, que parecem ser inspiradas por gênios.

- E são. Não só no campo musical como em todas as atividades, o homem sempre o é.

- Todas as atividades, Mestre? - Todas, mas todo homem tem sua sintonia, livre escolha ou

livre arbítrio para aceitar. - Quer dizer que... se alguém comete um erro, considerado

gravíssimo para a sociedade ou para o invisível, este homem possivelmente foi inspirado por algum ser?

- Com certeza. Sempre que há uma ação do homem há uma inspiração.

- Ah! Então o homem não errou! Ele agiu por inspiração de outro! – Senti-me triunfante.

- Não te esqueças do livre arbítrio, da livre escolha, da livre aceitação. – O Mestre, talvez propositadamente, pareceu segredar em meus ouvidos esta última frase.

- É. – Concordei desanimado – O Senhor venceu. - Venci, não. Isto é lei. Talvez a mais sublime das leis. - Não me dando por vencido, insisti: - Perdão, Mestre, apenas para compreender: quer dizer que as

ações do homem são sempre inspiradas por um outro? - Sim. – Respondeu o Mestre, dizendo o “sim” com um doce

sorriso. – Já te falei a respeito do pensamento. Não sabes que o pensamento está solto no ar e pertence a quem agarrá-lo primeiro? Todo pensamento surgiu de algum ser, de alguma mente pensante. Se está solto no ar...

O Mestre deixou a frase incompleta e insisti em mais uma pergunta:

- Mestre, quando falei em música e verdadeiras obra primas, lembrei-me também de outro tipo de música, que me parece, sem querer julgar, música de baixo padrão vibratório. São inspiradas por seres das sombras? Desculpe-me se estou falando bobagem...

- Exatamente, filho. Todos os gêneros de música são compatíveis com seus padrões vibratórios. Uma música que demonstra baixo padrão, como dizes, muitas vezes é inspirada por

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algum ser que já voltou para o invisível, mas ainda conserva-se muito ligado a Terra. Os gostos e vícios de sua mais recente estada no plano físico, se ainda conservados, precisam ser alimentados. A necessidade o faz procurar no plano físico um ser com os padrões compatíveis. Num processo de troca de energias, oferece-lhe inspiração musical em troca daquilo que necessita, neste caso, a alimentação energética de seu vício. Embora este ser esteja desencarnado, ainda conserva a lembrança e ilusão do vício que adquiriu quando esteve entre os encarnados. Lembramos que o doador não está ciente desse intercâmbio. Falaremos futuramente a respeito deste tema.

Ao finalizar, estes ensinos, o contato estava terminado, pois a formosa Luz deu lugar à escuridão total. Desta vez demorei em abrir os olhos, pois tinha estado por demais envolvido com essa experiência.

Vagarosamente abri a cortina e saí, procurando andar com leves passadas para não fazer barulho. A sineta não havia sido tocada nem as luzes acesas. Era noite, sentei-me no degrau da varanda e fiquei a olhar as estrelas. Parecia que lá em cima, a natureza era mais bela ainda.

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A terra está anoitecendo - Corre, corra, filho. Vem, vou te mostrar uma imagem

interessante. Tens curiosidade em sentir a vibração do planeta? Estávamos viajando pelo espaço. Seguia à frente, ou melhor,

voava, tendo a Luz do Mestre às minhas costas. Rapidamente começamos a descer, ou melhor, voamos para baixo no espaço completamente escuro, nos aproximando da terra firme. Ao me aproximar da Terra, por momentos, senti o espaço ficar com o ar mais denso, pois até então o ar parecia não existir de tão leve.

- Sinta o planeta, filho. Sinta a Terra. Veja-a com os olhos físicos, porém enxergue-a com os olhos espirituais.

- Naquele instante não entendi muito bem o que o Mestre queria dizer, mas nada perguntei. Ao olhar, tanto em volta, como para os lados ou para cima, vi que estava anoitecendo. Já não existia a claridade do dia, começava a escurecer. O espaço celeste estava mais escuro que claro, como se fosse 18h30min. Mais ou menos, ou então pela madrugada, quando o dia começa a clarear.

- Mestre, - perguntei – está anoitecendo ou amanhecendo? - Pela contagem de tempo do planeta, estamos em pleno dia.

Passa um pouco da hora do almoço. - E onde estão as pessoas? – Perguntei assustado. - Calma. Estás sentindo a vibração de teu planeta, não as

pessoas. Estás com saudades das pessoas? Não te apresse. Quando nos despedirmos as encontrará, pois todas estão em seus devidos lugares. O planeta ainda vive, porém, veja: está anoitecendo. Está passando agora pela escuridão. Está se aproximando da escuridão total.

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Naquela hora senti um arrepio e um frio gelado percorrer por todo meu corpo. Como comumente costumam dizer: um arrepio da “morte-passou-por-aqui”.

- Vai começar o anunciado, Mestre? – Consegui dizer. Não sei de onde tirei aquelas palavras. Talvez de alguma leitura a respeito do Apocalipse ou o fim dos tempos, sei lá.

- Não, não vai começar, filho. - Ufa!!! Ainda bem... – respirei aliviado. - Está começando. Ainda não percebestes? - Quer dizer que a Terra se aproxima do fim??? - Está escrito, não é verdade? É a lei. - E quando a Terra se acabará, Mestre? - Não vamos dizer acabar. Digamos que a lei se cumprirá e já

se encaminha para tal. Mas, não te apresses. Ainda demora. - Quanto tempo Mestre, por favor? – Minha curiosidade falou

mais alto, apesar de estar com o coração palpitando. - O necessário. Porém, o que interessa mais: o destino dos

homens ou o destino de tua morada? - Penso nas pessoas...

Num estalar de dedos, senti que aquela visão começou a ficar mais suave, mais clara e o astral começou a ficar mais aliviado e mais límpido. O dia clareou, voltou ao normal e comecei a enxergar as pessoas andando nas ruas. Senti que a Luz do Mestre estava presente e arrisquei uma pergunta:

- E as pessoas Mestre, como ficarão? - Umas anoitecerão com o planeta, outras amanhecerão. - Amanhecerão? Como - Pense. Medite. Aproveite os dias até nosso próximo

encontro para perguntar, não a mim, mas a ti: Como de amanhece? Assim dizendo, sua Luz azul prateada deu lugar à escuridão e

quando pensei que o contato havia terminado, novamente a luz de fez presente. Não era a luz do Mestre, pois a tonalidade era diferente. Era uma luz conhecida por todos. O Sol, majestoso como sempre. Fiquei encantado olhando para o astro rei. Olhei fixamente o seu brilho e estranhei: consegui olhar fixamente para o brilho do sol, que desta vez, aparecia numa tonalidade branca, alvíssima. Demoradamente, mirei para o que chamamos do centro de sua luz e continuei estranhando, pois seu brilho não incomodava meus olhos.

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Sugado por uma luz Ou será que foi por uma energia? Não sei. Só sei que estando

parado, pensativo e olhando para o alto, comecei a flutuar bem devagar. Aos poucos a velocidade aumentou e na hora não senti qualquer espécie de desconforto, ao contrário, a sensação era agradável e esperei as coisas acontecerem.

Aos poucos a velocidade aumentou e subindo em posição reta através do espaço estrelado, me vi envolto por uma luz ou energia que circundava meu corpo, como que me protegendo. A doce e conhecida Voz parecia acariciar meus ouvidos:

- Calma, filho, não tenhas medo. Concentra-te e não desvia a atenção. Vou mostrar, através desta experiência, como um ser em forma de energia (espírito ou alma, como definem) é atraído, naturalmente, para as dimensões superiores. O importante é não ter receio. Apenas tenha firmeza, concentra-te e sinta.

Sentado confortavelmente e, como das vezes anteriores, com os olhos fechados e em posição meditativa, me sentia subindo, subindo...

Talvez para mostrar um tanto da imensidão do Universo, o Mestre me deixava, literalmente, viajar. Não sei quanto tempo se passou, pois a viagem, realmente, estava indescritível e torno a repetir, gostaria de ser um pintor para tentar retratar com a maior fidelidade possível, os mistérios que conheci em forma de figuras.

Agora, a subida, ficava cada vez mais lenta, e, por mais que tentasse, alguma força me impedia de continuar.

- Fim da linha. Chegamos ao ponto em que não estás podendo continuar. Quer ver? Tente.

Tentei. Tentei empurrar meu corpo para cima, mas não consegui. Mais uma vez tentei, abaixando meu corpo, como se tomasse impulso

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para subir, porém sem sucesso. Aquela mesma energia ou luz que me puxara para cima, agora, simplesmente vibrava no espaço, envolvendo meu corpo, porém, sem força de atração. Olhei a minha volta e percebi aquela energia cintilante circundar meu corpo, mas não tinha forças para subir, apenas pairava no ar em posição reta.

- Não adianta, querido. Por enquanto, não. Por mais que tente não conseguirás. É a lei. A lei da vibração.

- Por que. Mestre? - Assim é. Não se pode simplesmente ir para onde se quer. É

preciso compatibilidade. É preciso que as vibrações sejam compatíveis. Senão...

- O que é aquilo, Mestre – Apontei para o que via logo à frente. Onde estamos?

- Uma pergunta de cada vez, filho. O que quer saber primeiro: onde estamos ou o que é aquilo?

Apesar de maravilhoso, “aquilo”, logo deduzi, era um planeta assustador. Não sei se era todo prateado com pequeninos pontos escuros, todos bem juntinhos, ou se era preto, ou melhor, na cor grafite. Lembro-me que atentei para esse detalhe. Grafite, com diminutos pontos prateados, talvez. Parecia todo cintilante. Eu o vi, bem à minha frente e parecia gigantesco, tendo ao fundo, o espaço estrelado. Para melhor compreensão, vamos supor que estamos subindo através do espaço. Subindo... subindo... subindo... até chegarmos bem perto da lua, a ponto de vê-la bem próxima de nós, sem entretanto, enxergá-la totalmente. Imaginemos que a Lua seja este planeta que foi descrito, bonito e todo cintilante mas tão grande, que chegou a ficar assustador, parecendo vivo.

- É assustador, Mestre. É grande, né? - Eu não diria grande. É do tamanho que deve ser. É como a

Terra. Acha-a grande? - É grandinha, não? - Não faças caso. Ainda verá outros bem maiores. - Bonito este planeta, não, Mestre? - Não. - O Mestre não acha este planeta bonito? Eu estava maravilhado com o espetáculo que via tão de perto e o

Mestre não achava bonito. - Dentro dos padrões humanos, filho, existe o bonito, o feio, o

maravilhoso, porém são apenas referenciais. Para nós, simplesmente existe. Simplesmente é. Os adjetivos, juntamente com os

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sentimentos, emoções e todos os referenciais, aos poucos vão ficando para trás. Para nós não existe o belo ou o feio, o bom ou o mau...

- Quer dizer que o Mestre não acha bonito, nem feio e nem sente nada?

- Com o Mestre, filho, já não existe mais os sentimentos humanos. Estes já foram vencidos. Existem agora, os sentimentos divinos. Existe o amor verdadeiro, que engloba todos os bons sentimentos. Este é imutável e eterno. O Mestre é Luz e Amor. Já não tem corpo físico. Assim sendo, não possui voz física. O que ouves é apenas uma projeção da voz.

O Mestre às vezes, conseguia dar um nó em minha cabeça. Era tudo que mostrava ser, e agora me dizia que não sentia nada, não achava nada bonito ou feio e o que é pior, não tinha voz. A doce Voz que aprendi a amar e a respeitar.

- Achas-me estranho, filho. Não me imaginava assim como agora sou?

- Sem sentir nada, Mestre? Quer dizer que o Mestre não tem nenhum sentimento?

- Não, da maneira que imaginas. Por que estranhas? - Inclusive não tem voz? - Isto é natural... - Mas, Mestre, eu não entendi... - Medite. Medite no que já te falei e chegarás a uma

conclusão. Assim dizendo, senti sua formosa Luz azul prateada se afastar,

dando lugar à escuridão. De onde estava, isto é, lá de cima comecei a descer suavemente. Não tive medo, apesar da escuridão e da ausência do Mestre, eu parecia estar envolto por alguma força protetora. Abri os olhos e fechei-os novamente, para depois abri-los, tentando me acostumar com a claridade.

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O eterno adorador

No encontro anterior, quando desci a Terra e pisei em seu solo,

houve um acontecimento não comentado. Em minha residência, ao me preparar para dormir entrei em processo meditativo e lembrei-me que, quando voltei daquela experiência incrível, mal dei alguns passos, vi-me atravessando uma avenida e chegando ao outro lado da calçada, aproximei-me de um ponto de ônibus, me deparando com uma figura incrível. Estavam poucas pessoas ali paradas e dentre elas, um camarada se sobressaía, tanto por sua figura física ímpar como por sua postura. Naquele instante lembrei-me daqueles gnomos que encontramos nas lojas de artigos esotéricos. O camarada assemelhava-se a um deles.

Estava parado, com o corpo um tanto ereto. Segurava um cajado ou talvez uma bengala. Olhava fixamente para o alto com um ar de superioridade e satisfação. Sua concentração e fixação no alto faziam-o parecer uma estátua. Lembro-me bem deste detalhe, por que naquela hora fiz um comentário em pensamento: “parece que é o dono do mundo!!!”.

O “gnomo” era de estatura média, usava camisa branca de mangas compridas, tinha longas barbas também brancas e calça xadrez. Uma figura! Não piscava nem movimentava a cabeça e as pessoas que estavam ao seu lado pareciam não notá-lo, e, ele que permanecia olhando para cima, como que petrificado.

- Esta é a definição, filho: petrificado. – A doce voz se comunicava telepaticamente. – São espíritos petrificados.

- Mestre! O senhor estava acompanhando minhas lembranças? - Este que chamas de Mestre te acompanha sempre, filho.

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- Quem era aquela figura, Mestre? Por alguns momentos houve silêncio. Percebi que o Mestre

continuava ao meu lado, devido sua Luz, mas demorou em responder. - São seres que perdem precioso tempo... – sua Voz parecia triste. Sabia que o Mestre assim não estava e, talvez falasse nesse tom para demonstrar uma situação lamentável. – Seres que passaram uma vida ou encarnação, como dizem, adorando as divindades. Irmãos que gastaram seu precioso tempo de viver para um aprendizado e para a conseqüente evolução, simplesmente ficaram adorando o Divino. Fizeram isto para obedecer cegamente o que está escrito no que chamam de Sagradas Escrituras, vivendo com o olhar dirigido diretamente para as alturas ao invés de olhar para o próximo. Irmãos que esperam ansiosamente à volta do Salvador, ao invés de irem ao encontro d’Ele. Esses espíritos ficam estagnados, como que petrificados e com a agravante de se sentirem como eleitos e diletos do Criador. Notastes nele o olhar de satisfação e superioridade? Atentastes para o detalhe da barba longa e branca, denunciando seu envelhecimento? Quanto tempo útil está sendo perdido ao trilhar por uma estrada que, certamente, o levará a ponto de partida? - Isto é tão grave, Mestre? – Perguntei curioso, sentindo que ele colocava sua mão por sobre meus ombros. Num gesto de reconforto. - O que poderia fazer sobre isso, Mestre? – perguntei interessado.

- Quase nada, filho. Apenas esperar que tomem consciência. Não apenas com palavras, mas com atos e exemplos.

- Estes irmãos estão completamente errados, não é, Mestre? - Não podemos classificá-los de errados. Dentro da

compreensão de cada um, de suas verdades, todos estão certos. Afinal, como já foi ensinado, não existe o certo ou o errado. Esses irmãos provavelmente vindos de uma encarnação anterior, onde não reconheceram a grandiosidade do Criador, hoje gastam seu precioso tempo adorando-O. Passam a maior parte de suas vidas em processo de adoração, olhando para o firmamento, como que procurando-O. Se esquecem que adorar, agradecer ou dar o devido valor ao Todo, consiste em fazer o melhor pelo irmão, pela natureza e entender que todos são brilhos da mesma luz. Esquecem-se de que o agradecimento sincero dirigido ao Todo deve ser direcionado ao seu irmão, através da compreensão e ajuda mútua. Tu me perguntas se estão errados? Digamos, enganados. Assim aprenderam, assim se comportam.

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Após alguns minutos em que o silêncio pairava no ar, tomei a iniciativa de me dirigir ao Mestre, pois o sentia ainda presente. Lembrei-me de uma visão que tinha tido e resolvi arriscar:

- Mestre, já faz algum tempo, tive uma visão que não ficou clara para mim. Vi alguns homens carregando um caixão de defunto. O que representavam, Mestre?

- Os mortos, filho? - Mortos? – Perguntei mais interessado ainda. - Sim, os mortos! – Respondeu o Mestre com toda

naturalidade. – Eram os mortos enterrando seus mortos. Notaste com que dedicação faziam o trabalho? Havia total integração entre os mortos que acabavam de sair do corpo físico e os mortos do invisível que foram recebê-los.

- Perdão Mestre, não entendi. - Melhor explicando: na sociedade terrena, existem ainda,

aqueles irmãos que acreditam na morte. Aprenderam que, com a morte do físico, tudo se acaba. São aqueles que dão muita importância ao corpo físico e, ao se defrontarem com o que chamam de morte de um irmão, dão vazão à tristeza e ao desespero. Outros dizem que passou desta para uma melhor e pensam que perderam para sempre o espírito, alma ou qualquer outra definição que se dê. Mas, ao contrário do que se pensa, simplesmente esgotaram-se suas reservas de energia, deixando agora, o corpo físico, imprestável para sua missão original, que é o aprendizado da volta para o invisível. Eles não sabem que estão mais vivos do que nunca.

- Mas Mestre, é normal sentir a morte de um irmão... - Normal para a sociedade terrena, filho. Normal para aqueles

que ainda conservam muitos sentimentos. Normal para os irmãos que acreditam no “morreu, acabou”. E isso acontece, tanto no visível como no invisível, ou seja: tanto entre os que ainda vivem na sociedade terrena como entre aqueles que já estão na dimensão dos espíritos, que aguardam nova oportunidade de possuírem um corpo físico, para o conseqüente reencarne e o novo ciclo de aprendizado.

Mas deixemos as explicações, pois a proposta inicial não é essa. Como já lhe disse, há entre vós, vasta literatura a respeito do tema. Finalizando, saiba que ao te deparar com a chamada morte de um irmão, não chores nem lamentes. Apenas torça para que teu irmão tenha conseguido fazer o máximo que se propôs quando renasceu no corpo físico. Este tema ficou no degrau anterior e refere-se aos sentidos e as sensações. Lembra-te quando foi falado a respeito do sentir as vibrações? Retornemos à proposta original e peço-te, não

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faças mais perguntas a respeito deste tema. Não há necessidade. Quando houver, falaremos.

- Perdão, Mestre. É que nos recentes anos eu havia lido alguns livros a respeito dos espíritos...

Assim dizendo, a Luz do Mestre deu lugar à escuridão e,

cansado, adormeci.

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Outros vícios Problemas particulares me retiveram em casa, impedindo-me de

comparecer ao encontro com o Mestre. Quando me preparava para dormir e iniciei minhas orações, dirigindo o pensamento para a fazenda. Comecei a relembrar dos encontros anteriores e das visões maravilhosas e Divinas que o Mestre me proporcionava através do estado alterado de consciência. O Mestre havia me falado da existência de outros vícios. Quais seriam, pergunto-me?

- São tantos, filho. São tantos... Ouço o Mestre sem ver sua formosa Luz, apenas sentindo sua

doce presença através daquele conhecido calor reconfortante que envolve meu corpo.

- Mestre, o senhor está aqui? Hoje é dia de encontro e eu estava justamente pensando no Senhor.

- Sempre estou onde estás, filho, não te esqueças. E então, queres saber a respeito de outros vícios?

- O Senhor disse que há outros vícios poucos comentados e divulgados...

- Ouça e medite: a crítica constante que irmãos fazem para outros irmãos, é um vício. Há pessoas que gastar parte de seu tempo útil criticando outros. Divulgar alguma deficiência de seu semelhante, também o é. Reclamar constantemente, é outro. Dizer-se desafortunado e menos favorecido também é um vício. Proclamar-se pobre mas feliz, é um vício. E também, não nos esqueçamos que toda crítica é uma maneira sutil de auto-elogio. Viver apontando ou criticando o vício de outrem também é um vício muito perigoso e, às vezes, até mais difícil de abandonar.

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- Quer dizer que tudo isso é vício, Mestre? - Por certo, filho. São vícios tão sutis que o homem nem se

apercebe. Ouça: A força contrária muitas vezes age com bastante sutileza e quanto maior é o grau espiritual da “vítima”, mais sutil é sua ação.

- Quanto mistério existe, Mestre. Quanta coisa ainda há para se aprender...

- Neste caminho de ascensão, muitas perguntas e muitas lições estão por vir.

- Mestre, permita-me fazer uma pergunta? - Sim, querido. - Há algum tempo, o senhor disse que talvez não houvesse

tempo para eu escrever o livro. Por que? Vou morrer antes? - Esperava por esta pergunta, filho. Então pensar que

morrerás antes? - É que o Mestre disse que talvez não houvesse tempo para

escrever o livro... - Querido, vamos recapitular: Vamos trazer para tua memória

o diálogo de então: dizias tu: “já estou me acostumando com a idéia de escrever mais um”. não foi? Ao que te respondi: “E dará? Talvez não dê tempo”. Foi isso o que respondi?

- Sim, Mestre. - Pois bem. Há aqui mais um ensino para ser compreendido.

Sempre que iniciares alguma tarefa, algum trabalho, tenhas sempre em mente o seguinte: Faça-o da melhor maneira possível, como se fosse uma missão. Aja como se fosse a derradeira coisa que farias em tua vida. Penses que, se não fizer direito, talvez não haja tempo para refazê-la. Exemplos: ao te encontrar com um irmão, converse com ele, como se fosse pela derradeira vez e apresente-lhe o melhor que tens para oferecer. Talvez não dê tempo de reencontrá-lo logo mais. Em tudo que fizeres, mantenhas esse pensamento: Preciso dar o melhor de mim... talvez não dê tempo. Tudo isso, naturalmente, sem pressa. Apenas dê o melhor de ti.

- Ah, então é isso? – perguntei aliviado. - Achas pouco? - Perdão, Mestre. Sou eu quem devo me considerar um... - Deixemos as considerações. E então? Há mais alguma

dúvida a este respeito? - Só mais uma. O Mestre disse que tudo que for escrito, se lido

por outros, é de minha inteira responsabilidade?

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- Não só tu, filho, porém todos são responsáveis pelo que fazem. És o único responsável pelo que dizes, pelo que ingeres, pelo ar que respiras, enfim, pelo que respondes à vida. És também, responsável por aquilo que escreves, correto?

- Entendi, Mestre. Mas... o Senhor disse: responsável pelo que respondes à vida?

- Sabes o que é viver, ou melhor, conviver? - Sei lá, Mestre. Conviver é... conviver. - Conviver é responder, querido. - Conviver é responder, Mestre? - Medite. E não esqueças de perguntar como estás

respondendo à vida. Outra coisa: Assim como não deves criticar teu irmão, abstenha-se de elogiá-lo ou supervalorizá-lo. Isto não será bom para teu irmão nem para ti. Examine.

- Ao dizer examine, meus olhos, que já estavam cansados foram vencidos pelo sono que teimava em fechá-los.

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Devemos nos afastar do mal?

- Mestre, devemos evitar o mal? É certo que devemos evitar as chamadas “más companhias?”.

- Quando ainda não está preparado, sim. Mas, tu te afastarias ou evitarias a companhia de um irmão doente, filho?

- Não, Mestre. Claro que não! - Então... – O Mestre deixou a frase no ar para, logo em

seguida, continuar – Não devemos compactuar com a ignorância ou permanecer em sintonia baixa, mas, evitemos ter medo do mal. Não esqueças o exemplo do Mestre Nazareno. Evite escolher somente as companhias que te façam bem, procurando também estar com aqueles irmãos que consciente ou inconscientemente ainda estão perdidos no caminho. Para usar uma terminologia tipicamente terrena, digo-te para que não fujas deles como o diabo foge da cruz. Não os repudie, respeite-os. Eles podem estar precisando de teu auxílio e esta pode ser uma ótima oportunidade de fazer algo por teu irmão e ao mesmo tempo aprenderes. Naturalmente não deves procurar as chamadas “más companhias”, mas permitas que estejam contigo e ajude-as dando-lhes bons exemplos.

- E aqueles que são irritantes, Mestre? – Arrisquei a pergunta. - Como poderias avaliar teu grau de compreensão, senão

junto àqueles que para ti são irritantes? - Às vezes é difícil, Mestre. - Lapidar um diamante também é trabalhoso, pequeno

inocente. Não te esqueças de que todos estão na Terra para aprender a conviver.

- Eu considero muito importantes estes encontros, Mestre. Eles me dão a oportunidade de fazer tantas perguntas...

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- Tu os considera importantes, filho? - Sim, Mestre. O Senhor não os considera? - Não. - Não? – Perguntei surpreso. - O importante nestes encontros, não é a possibilidade que

tens de fazer muitas perguntas, e sim, a oportunidade de adquirir conhecimentos, ou seja: Não te apresses em fazer perguntas, atenta para o que te é ensinado. Cuida para que as perguntas sejam apenas para aprender. Evita perguntar para satisfazer a curiosidade.

- Entendi, Mestre. - E sempre que te for passado algum conhecimento, procura

recebê-lo com a compreensão espiritual. Isso é muito importante. - Recebê-lo com a compreensão espiritual? - Sim, filho. O homem, no estágio em que se encontra, ainda é

muito materialista; vê, ouve e fala pela compreensão terrena e material. Insiste em absorver pela compreensão materialista ensinos espirituais. Quando o homem começar a usar seu lado espiritual a compreensão ficará bem mais fácil. A mensagem do Mestre Nazareno foi espiritual, porém o homem a recebeu pela compreensão material. Lembre-se que Amor Espiritual foi esse que pregou Jesus e Amor Material foi aquele que o pregou na cruz.

- E quando uma mensagem é tipicamente material, Mestre? Como recebê-la?

- Mesmo assim, deves usar a compreensão espiritual. Procura sempre interpretar um acontecimento, pela compreensão espiritual. Isto já te foi ensinado, filho.

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Os pequeninos trabalhadores do senhor

No dia marcado, lá estou novamente para o que chamo de encontros com a Consciência Maior. Sinto a luz do Mestre se fazer presente junto com o calor reconfortante, típico de um ser de Luz. Aos poucos começam a aparecer algumas visões, até que, claramente forma-se em minha tela mental, um quadro e diferente. Seres diminutos parecem caminhar por sobre o solo, que identifico como uma espécie de sítio ou fazenda, diferente daquela que estamos. São muitos deles, talvez uma centena e, fico a pensar, quem seriam?

- São os pequeninos trabalhadores do Senhor, filho. A doce Voz, mais uma vez, estava ao meu lado. - Mestre, o senhor está aqui? - Não tinhas percebido, querido? - Desculpe, Mestre, claro que sim. A presença do Mestre é

inconfundível. - Porém, vigias, para que não te enganes. - Isto pode acontecer, Mestre? - Está sujeito. Não aconteceu também com o Divino

Nazareno? Alegoricamente a força negativa não o tentou? Então vigiai.

- Mestre, o Senhor falou a respeito dos Trabalhadores do Senhor?

- É verdade. Os pequeninos. - Eles realmente existem, Mestre? - Sim, mas não exatamente da forma apresentada a ti. Aquela

visão foi simbólica. Os pequeninos são energias que trabalham para

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

a força da Natureza e apresentam-se daquela forma para serem, quando querem, identificados pelos humanos.

- Sob forma alegórica ou não, são lindos, Mestre. Enquanto mentalmente falava com o Mestre, comecei a sentir

ligeira indisposição. Uma espécie de enjôo começou a tomar conta de mim. Sem pedir licença ao Mestre, e sei que deveria, saí do meu cubículo e me dirigi ao lavatório. Mal cheguei até a pio comecei a vomitar, mas não sentia mal estar. Lembro-me que na hora comecei a pensar: “O que será que comi e o meu estômago rejeitou?”. E tentava lembrar da alimentação ingerida durante o dia: “será que foi o queijo? – pensava – Ou foi aquele pedaço de carne?”.

- Por que, filho, todos pensam que somente a alimentação faz mal? Embora a alimentação, se é que assim podemos chamá-la, cause danos terríveis aos humanos, a indigestão por sentimentos e pensamentos ruins causa tantos males quanto os próprios alimentos...

- Sentimentos, Mestre? – Estava confuso. Sempre ouvira dizer que através do vômito, o alimento rejeitado era expulso de nosso corpo. Mas, pensamentos e sentimentos? – Isto é verdade, Mestre? – Levei um susto – Quando dei por mim, estava fazendo perguntas ao Mestre em pleno banheiro.

- Não te assustes. Estou onde estás, não te esqueças. Agora te refaças e volte para o teu lugar.

Eu já sentia bem melhor. Lavei meu rosto, para em seguida retornar ao meu lugar. Mal sentei, entrei novamente em processo meditativo, perguntando em pensamento:

- Mestre, o senhor voltou comigo? O Mestre está aqui? – Inocência minha. É claro que o Mestre estava comigo! Por que ele iria se demorar no banheiro?

A Luz azul prateada voltou a aparecer, seguida da visão de muitas pessoas. Muitas, talvez centenas ou até milhares de pessoas apareciam em minha frente, sempre olhando-me. Achei curioso o que estava visualizando e me detive. Era como se eu estivesse defronte a uma tela de cinema, que tomava todo o meu corpo de visão, assistindo a um desfile de pessoas, muitas pessoas.

- Não te lembras, filho? - Quem são, Mestre? Eu não os conheço... - Tu os conheceste a todos. Estes que agora vês passaram por

tua existência. Todos. Não só as pessoas, como os lugares também. Tudo isso está registrado em tua memória.

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

Passaram-se alguns minutos. Aos poucos as pessoas foram desaparecendo, dando lugar a personagens únicos, quer dizer, pessoas que apareciam sozinhas. Lembro-me que apareceu um camarada com aspecto de um gangster, com a pele levemente amorenada, cabelos lisos, um pouco compridos e ar autoritário, que ao adentrar por uma porta, olhou para mim e desviou o olhar.

- Conhece-o? - Não, Mestre. Não conheço. Quem é? - Não te lembras? - Parece com aqueles gangsteres dos filmes... Enquanto falava, alguma coisa me dizia que eu tinha sido aquele

camarada em outra vida. - Lembraste, filho. - Mestre, está me ocorrendo a idéia de que este fui eu no

passado. - Certo. E desta, lembra-te? Apareceu uma mulher de pele branca, cabelos cortados no estilo

chanel. Usava vestido semilongo preto, porém meio apertado e blusa clara. Parecia séria. Olhou para mim, desaparecendo se seguida.

- Mestre, era eu??? – Perguntei assustado. - Por que assustaste, filho? Teu espírito já ocupou corpo

feminino, filho. Isto é normal a todos. São experiências. - Este também? – Enquanto eu falava, via à minha frente um

jovem aparentando 25 anos mais ou menos, bem apessoado, pele branca, rosto grande e bem delineado, sorridente e com ar de felicidade.Olhou para mim e sorrindo perguntou: “Você não se lembra mais de mim? Você esqueceu? Eu não esqueço”.E continuou a sorrir. Naquele momento, tive a impressão que ele queria dizer que aquela vida tinha sido boa e marcante. Ainda fez menção de se aproximar e querer me abraçar, porém, a visão se apagou dando lugar à outra figura que parecia a de um caçador antigo. Forcei o olhar para melhor enxergar e lembro-me que aparecia somente meio corpo da figura que se assemelhava aos aborígines que vemos nos livros de história, quando se referem aos índios australianos. Percebi que tinha sido um deles. A visão se apagou para em seguida aparecer mais algumas figuras em que pouco prestei atenção.

- Mestre, estas são algumas encarnações minhas? Por que só apareceu coisa boa? Quer dizer, só apareceram figuras aparentemente simpáticas. Será que eu não fui nenhum matador ou coisa parecida.

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

- Estas visões, filho, foram apenas uma amostra. Na hora certa, se houver necessidade para teu aprendizado, terás visões de outras encarnações com mais detalhes. Porém, saibas, será melhor se não souberes das ações praticadas pelas figuras “aparentemente simpáticas”. Ah! Outra coisa, como está tua fé?

- Minha fé, Mestre? Acho que está bem... - Pois comece a pensar em despedir-se dela. - Despedir-me da fé? Não obtive resposta. O contato se encerrou, voltando a escuridão

normal.

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

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Despedir-se da fé No encontro anterior, o Mestre havia dito para “despedir-me da

fé”. O que será que queria dizer com isso? Comentei com Sadhu a respeito, porém continuei com

interrogações em minha mente. Penso que se as frases ditas pelo Mestre fossem convertidas em manchetes de jornal, no mínimo seria taxado de anticristo: DESPEDIR-SE DA FÉ; AMAR E COMPREENDER O MAL; DEIXAR DE LADO A RAZÃO; CUIDADO COM O PENSAMENTO POSITIVO; NÃO DEVEMOS NOS AFASTAR DO MAL etc...Etc...

- Meditando, filho? - Mestre? O Mestre ouviu o que eu estava pensando? – Senti-

me envergonhado. - Não só ouvi, como concordo contigo. A humanidade, em seu

estágio atual não está preparada para absorver essas manchetes. Como já foi dito, a humanidade não está preparada para conviver com o mal e ao mesmo tempo aprender com ele. Ela também, não está preparada para deixar de lado a razão e começar a usar o bom senso, assim como, não está preparada para deixar de lado a fé e começar a viver o examinar, o conhecer e o saber. Enquanto estão estagnados no degrau da fé haverá pouca evolução. A evolução começa quando existe a sede do conhecer e do saber. Explique, filho, na compreensão tua, o que quer dizer fé.

- Fé? Na minha compreensão, quer dizer que acredita-se. Espera-se, confia-se; enfim, acredita-se que há um Pai Maior, que nos ama, e de acordo com nosso merecimento nos dá tudo. Não é isso o que nos foi ensinado?

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

- Exatamente. Mas, está errado! A humanidade aprendeu errado e continua ensinando errado. A fé ajuda, porém, é somente um instrumento. A fé é apenas mais um sentimento que precisa ver vencido. Naturalmente, não estamos indo contra a fé que os homens têm em seus santos, protetores, guias espirituais, mestres etc. Pensamos até que, como muletas, tem algum valor nesta árdua caminhada, mas está na hora de substituir a fé pelo conhecer, o saber, pela certeza, enfim, aprenderem através do conhecimento.

Neste momento, o Mestre fez uma pequena pausa para em seguida continuar:

- Se realmente querem viver no paraíso, há necessidade de merecimento e ele é dado àqueles que pensam, chegam a duvidar, examinam e chegam, com sinceridade, à conclusão que, somente dando é que se recebe. É compreendendo o irmão, é não julgando, é dando as mãos para seguirem juntos nesta caminhada de ascensão. É trocar a revolta pela compreensão, é falar menos para ouvir mais, é viver, não como filhos, e sim, como espelhos do Pai. É esquecer o ontem e viver o hoje, o agora. É, enfim, terem a certeza e sentirem que estão integrados ou se integrando com o Todo e não, simplesmente terem fé, acreditando que serão beneficiados e protegidos pelo Pai. Todos sevem saber que estão voltando para o Todo e quanto mais se apressarem mais cedo chegarão ao que chamam de Paraíso. Portanto, filho, te despeças da fé. Ela foi uma boa companheira em tua caminhada, porém deve ficar para trás. A hora é de conhecer e saber. Neste ciclo que se inicia, não há mais lugar para a fé nem para as chamadas promessas.

- Mestre, a humanidade não está preparada para esses ensinos. - Não estamos falando para a humanidade, filho. Desde o

início de nossos encontros isto ficou claro. Estamos passando estes ensinos para ti, como complementos do conhecer. Os mistérios e esclarecimentos estão dirigidos para tua consciência-guia. Lembra-te de que apenas alguns são já suportáveis. São apenas o tanto que tua consciência-guia está podendo absorver no estágio em que se encontra. Há outros tantos mistérios ainda. Agora, ouve: alguns de teus irmãos se encontram em grau de compreensão próximo a esses ensinamentos e, ao lerem os escritos que estás anotando, se identificarão. Isto será bom para eles. Porém, outro tanto agirá com descrença e irá considerá-los fantasiosos, blasfemos e imaginativos.

- Mestre, quer dizer que o livro que pretendo escrever não será de todo inútil para quem o ler?

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

- Nada é de todo inútil, filho. Já te disse que passarias por outros testes. Este foi mais um.

- Não entendi, Mestre. - Ouve: quando se manifestou em ti a vontade de escrever um

livro contando as experiências que estás tendo, existia dois caminhos a seguir: incentivá-lo ou não. Se o incentivássemos, tu poderias entender como uma sagrada missão, e que na verdade é, porém tu poderias se desviar, no caminho, comprometendo a proposta original. Houve, a necessidade de plantar em tua mente a importância, a responsabilidade e a dificuldade deste ato tão corriqueiro que há nesta terra, que é o de escrever a respeito da espiritualidade. Na verdade, deves continuar este trabalho que há algum tempo foi iniciado e interrompido várias vezes. Deves, sim, escrever este livro. Devolvas para a humanidade, o que um dia, em tempos remotos e perdidos em tua memória, ajudastes a confiscar de teus irmãos.

Diante de tão importante revelação, não sei como consegui pronunciar as palavras seguintes, já que duas lágrimas correram pelas minhas faces.

- Mestre desculpe, o senhor não acha que estes escritos irão confundir aqueles que procuram o caminho? – Quando terminei de pronunciar essas palavras, veio à minha mente a lembrança de já tê-las dito algum dia e minha tristeza aumentou.

- Como pensas que age a mãe natureza? Achas que ela se importa em confundir ou não? Pensas que a natureza, através da fauna e da flora, se preocupa se o homem ingerir ou não, um fruto que lhe faça mal? Não existem boas e más raízes para o consumo humano? Pensas que a natureza se importa com o resultado dessa ingestão? A sábia natureza simplesmente fornece os alimentos e quem souber escolher o fruto certo, será beneficiado. Quem escolher o fruto errado, sofrerá as conseqüências. Não deves mais pensar assim, querido. É tempo de se redimir.

- Quer dizer, Mestre, que eu... Eu não acredito... Por alguns minutos uma crise de choro tomou conta de mim. Senti

perder o controle da situação quando ele tornou-se audível para os discípulos que também estavam em meditação. Por estarmos em pequenos cubículos, com pequenas cortinas fazendo as vezes de porta, qualquer som um pouco mais alto poderia ser ouvido.

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- Tenha calma, irmão. Venha comigo. – Fui levado para o lado de fora por um ajudante que aparecera em meu auxílio. Eu estava atrapalhando a aula.

Alguns minutos após, voltamos para o local das meditações e não tive dificuldade de voltar a ouvir o Mestre, que parecia estar me aguardando:

- Deves fazer teu trabalho, como se fosse o único e derradeiro a ser feito, sem te preocupares com os resultados. Faças da melhor maneira possível e deixes as preocupações para os preocupados.

Já sabes que estes escritos que chamas de livro, começou há algumas encarnações passadas, nesse processo de resgates. Isto acontece também com muitos homens, que vivem hoje, continuações de trabalhos iniciados em vidas anteriores. Outros incorrem no erro de desenvolverem nesta encarnação, trabalhos já efetuados em outras vidas. Este é mais um mistério a ser meditado, filho.

Futuramente falaremos a respeito dessa dívida que tens com teus irmãos.

Assim dizendo, a formosa Luz deu lugar, como de costume, à

escuridão normal.

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Alimentando-se de nossos irmãos Há alguns meses, quando entrei em processo meditativo, tive uma

visão que embora parecesse sem importância, ficou em minha mente. O Mestre falara, um dia, a respeito dos efeitos da alimentação. Tento relembrar esta visão e vejo alguém deitado de barriga para cima. Aproximo-me e apesar de estar escuro, consigo ver uma diminuta luz que mais se parece com a luminosidade de uma pequena lanterna, movimentando-se exatamente entre o estômago e a garganta, na região do esôfago. Devagar, a pequena luminosidade fixa-se naquele corpo inerte, na altura da garganta e vagarosamente movimenta-se para baixo, parando na altura do estômago. Este processo repete-se por várias vezes, até que, ao atingir novamente a garganta, sobe um pouco mais, possibilitando ver o corpo inteiro, que identifico: Sou eu! Vejo-me deitado e sério, sentindo-se como se estivesse sendo examinado por um médico. Só que, ao invés do tradicional estetoscópio, o instrumento usado é uma pequena lanterna. “Será este o método usado pela força curadora para examinar alguém?” – Pensei naquela hora; porém, a visão se desfez. Isto aconteceu em um dia de sábado e passei o domingo e boa parte da semana com uma indisposição estomacal difícil de melhorar. Alguns meses depois, ao fazer exames clínicos, foi constatado: gastrite; hérnia de hiato e esofagite erosiva. Justamente as mesmas regiões percorridas pela luz.

- Finalmente estás acordando, filho. A alimentação te incomoda?

- Mestre! - Estás começando a te preocupar com a maneira desrespeitosa

com que tratas teu corpo físico, este santuário de tua alma?

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

- Eeuuu???? Pra dizer a verdade, estou apenas relembrando das indisposições físicas que tenho passado.

- E pensas em escolher melhor os alimentos digeridos? - Muita coisa ingerida faz mal, não é Mestre? - Muita? Quase noventa e nove por cento da alimentação

ingerida pela sociedade terrena é ofensiva à saúde. Não só a alimentação como também os remédios usados para reparar o lento suicídio.

- Suicídio, Mestre? O senhor acha mesmo que a alimentação atual é um suicídio?

- Trata-se de um homicídio. Pelas leis terrenas, qual seria a pena imposta para tal crime?

- Mestre, isto é tão grave assim? - Saberás dizer qual seria a pena? Quantos anos de reclusão

para o homem que pratica tal crime? Vamos dramatizar um pouco, dizendo que se trata de um crime hediondo, pois a vítima é um inocente.

- Pena de morte, prisão perpétua, quem sabe? - A natureza sábia, não chega a tanto, mas, com muitos anos de

atraso e estagnação, são contemplados todos aqueles que ainda teimam em beneficiar-se do seu irmão menor para alimentarem-se.

- Mas, Mestre, é essa a alimentação que nos oferecem... - O que explica mas não se justifica. Volta, filho, volta a

alimentar-se com os benditos vegetais. Estes, sim, são os verdadeiros alimentos do homem, teus irmãos os vegetais. Eles estão no planeta também para servirem ao homem. Como podem ainda tirar a vida de um irmão irracional e indefeso para saciar a fome? Como podem pensar em progresso se ainda estão neste degrau de compreensão?

- O Mestre está com a razão. - Razão?... - Já sei, Mestre, bom senso? - Também não, filho. - Estou ficando confuso, Mestre. - Não se trata de razão ou bom senso. Trata-se da lei. Esta é a lei

maior. Deves proteção ao teu irmão indefeso. - Mas Mestre, os vegetais também são nossos irmãos. - Porém o papel do vegetal é este. Queres ter a visão do que

acontece quando um pedaço do corpo físico de um irracional é ingerido? Achas que suportarias esta visão?

- Por favor, Mestre, não.

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

- Entrarias em processo de vômito constante, quase interminável, com tal visão.

- Eu já estou convencido, Mestre. Por favor, não. - Não queremos o convencimento, filho, não te esqueças.

Pretendemos que tenhas o conhecimento e a sabedoria. Lembre-se que este tipo de alimentação, também faz parte dos vícios.

Fixei meu pensamento no estômago e senti um tremendo mal-estar, parecendo que em minha garganta havia uma bola. Estou certo que foi pura ilusão, porém pareceu que ouvi lamentos de alguns animais. Esta foi uma visão que pretendo esquecer.

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A importância do farol de milhas Em nossa aula anterior, quando eu e Sadhu voltávamos da

fazenda, na estrada, deparamos com uma neblina, que mal dava para enxergar alguns metros à frente. Neste dia não voltávamos de trem como de costume. O ônibus, por motivo de segurança, trafegava devagar e com os faróis de neblina ligados. E não era só o nosso que tinha esta conduta, mas todos que por ali passavam.

Quando, já no cubículo, preparando-me para o início do processo de expansão da consciência, através da meditação e relembrando esse episódio, fiquei pensando na importância de uma boa iluminação, tão útil e necessária, para que pudéssemos seguir adiante.

- Estudando, filho? – A Voz do Mestre novamente se fez presente, seguida de sua Luz.

- Mestre!!! O Senhor estava ao meu lado? - Filho, sempre que alguém realmente entra em sintonia, a luz

se faz presente. Eu já desconfiava da presença do Mestre, porque ao relembrar o

episódio do farol de milhas, comecei a sentir aquele calor suave e gostoso que sentimos quando da presença de seres de luz.

- Pensavas no que chamam de farol de neblina ou milhas? - Acho genial essa invenção, Mestre. - O que achas de faróis de neblina ou milhas no dia-a-dia do

homem? – Quando o Mestre assim falou, sua Luz tornou-se mais luminosa.

- Eu não entendi, Mestre. - Farol de milhas, filho. Um farol para facilitar os passos do

homem para que o homem siga em frente sempre seguro de si. É disso que a humanidade precisa: condições para facilitar seu

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

aprendizado. Uma espécie de farol para guiá-la, alertando-a a respeito daquilo que se aproxima. Com o farol de milhas ou de neblina o homem se sente mais seguro, correto?

- É verdade, Mestre. – Concordei com ar de entendido no assunto. – Todos nós precisamos de um farol para nos guiar.

- A oração, a reflexão, a meditação em busca de conhecimento, o real objetivo de aprender para ascender, leva o homem ao seu destino com menos dor e sofrimento, que é a sua volta ao Todo.

Ao dirigir um automóvel por estrada sinuosa, no meio da neblina, o homem sabe que pode contar com a ajuda do farol para facilitá-lo. Quando descobrir que sua estada no planeta assemelha-se ao trilhar por estradas sinuosas, atalhos enganosos que podem desviá-lo do caminho original para vielas sem saídas, verá que somente através de um farol, que é uma orientação segura, poderá seguir em frente nesta longa viagem. Aquele que descobriu os benefícios do farol de milhas em seu dia-a-dia segue sempre avante, seguro, sabendo e sentindo-se protegido. Porém, aquele que ainda não descobriu demora-se em sua caminhada. Aquele que já descobriu tem o dever de mostrar ao seu semelhante os benefícios do farol na caminhada espiritual. Através da religião que lhe convier, o homem, usando seu farol, ascende.

- O Mestre disse, através da religião que lhe convier? – Senti-me confuso. “Acho que o Mestre quis dizer que religião é conveniência”. – Pensei.

- Perfeitamente, filho. Por que razão existe tantos credos, religiões ou seitas? Medite a respeito disso que futuramente falaremos mais.

Assim parecia se encerrar mais um diálogo com aquele que, apesar de me mostrar tantas coisas belas e ensinamentos supremos, muitas vezes se despedia de mim deixando interrogações.

Acendeu-se a luz, o ajudante substituto de Muni apareceu tocando a sineta e a aula terminou.

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A caridade Estamos na varanda da fazenda nos preparando para o início de

nossas aulas; comento com Sadhu sobre o que o Mestre havia me dito a respeito da religião.

- Realmente é um conceito diferente daquele que você está acostumado – Diz Sadhu – Afinal as religiões são apresentadas como caminhos e cada um procura dar razão à sua.

- e o Mestre diz que religião é conveniência... - É melhor aguardar. – Finaliza Sadhu. Sinto que Sadhu procura encerrar a conversa. Aliás, notei que

todas as vezes que procuro falar a respeito de minhas meditações ou visões, Sadhu é reticente. Compreendo que as lições dele são diferentes das minhas. Compreendo que Sadhu já se encontra em estágio bem superior ao meu, afinal faz vinte anos que ele freqüenta a fazenda e é um graduado. Sei também que as respostas para inúmeras perguntas só virão com o tempo, através do superior da fazenda. Sadhu já me falou que na hora certa o novato é convidado pelo superior para tornar-se aprendiz ou retirar-se da fazenda. Acontece geralmente quando se completa um ano de freqüência. Paciência.

Entro no cubículo, acomodo-me e em silêncio percebo a aproximação do instrutor. Meus olhos já estão fechados e sua mão é colocada em minha cabeça. Uma oração incompreensível é dita e permaneço em estado alterado de consciência.

- Hoje vamos falar a respeito do que chamam de caridade, filho.

Novamente a Luz do Mestre se faz presente acompanhando a sua doce presença.

- A caridade é um bom caminho, não é Mestre?

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- Não. - Não? – Confesso que fiquei sem entender. - Da maneira como o homem a aplica, não. Se todos são

semelhantes, navegantes do mesmo barco, a expressão torna-se uma tanto pesada. Que achas de trocar a expressão (e a intenção) de caridade por divisão?

- Divisão Mestre? – Ajeitei-me no assento, procurei fechar o zíper de minha jaqueta, pois o frio me incomodava e continuei a pergunta – O Mestre disse divisão?... Dividir?

- Não será mais sensato, filho, que haja divisão ao invés da caridade?

- É. – Continuei concordando. - Porém, saibas beneficiar teu semelhante. Repara que muitos

quando ajudam seu irmão, fazem-no de maneira que o beneficiado se sinta mais necessitado ainda. Já reparaste que, que ao dar um donativo, alguns fazem uma expressão de dó e piedade? Ou ainda, quando se deparam com o pedinte que bate à sua porta procurando algo para comer, tratam de verificar se têm algumas sobras para o irmão faminto? Não é mais sensato convidá-lo para sentar-se à mesa e servir-lhe a melhor refeição que houver.

- É. – Concordei vencido. Ajeitei-me novamente na cadeira, pois o frio realmente estava me incomodando, chegando às vezes, a atrapalhar minha concentração. Até a pequena cortina às vezes balançava fazendo pequeno barulho.

- Há uma maneira simples de controlar a temperatura de teu corpo físico, filho. Assim, não sofrerás com o frio ou com o calor.

- Verdade Mestre? Ensina-me... - Na hora certa aprenderás um tanto a respeito do controle da

respiração. Agora concentra-te nessa visão. Concentrei meu olhar na região um pouco abaixo da minha testa,

entre os olhos, procurando afastar ao máximo os pensamentos que teimavam em se apresentar.

Comecei a sobrevoar uma cidade e pela movimentação e corre-corre, parecia estar em seu centro comercial, porém não consegui identificá-la. Forcei o olhar para ver se conhecia, porém, sem sucesso. Algumas vezes entrava em algum estabelecimento comercial e flutuava no teto, observando o comportamento das pessoas, outras, seguia alguém que ia pela calçada observando-a pelo alto. Aos poucos esta visão foi se desfazendo e me vi novamente sobrevoando, não mais aquela cidade, mas a mata. Sobrevoava acima das árvores e até cheguei

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

a pousar em cima da copa de uma delas. Estava tão concentrado na experiência que não senti o tempo passar. De repente ouvi a Voz do Mestre:

- Gostando do passeio? - Gostando eu estou Mestre, afinal não é todo o dia que tenho a

oportunidade de voar, porém, desculpe-me, ainda não consegui entender. A única coisa que noto é que estou observando as coisas daqui de cima por outro ângulo.

- Descobriste! – Senti no Mestre a expressão de contentamento. – Pela maneira que contam o tempo, faz quase uma hora que sobrevoas alguns ambientes e finalmente descobriste.

- Descobri o quê, Mestre? - Descobriste que, às vezes, deve-se observar as coisas e as

circunstâncias por outros ângulos. Medite a respeito disso, filho.

Enquanto o Mestre falava, suavemente me vi descendo... descendo... descendo, até chegar ao solo. Quando o Mestre disse “medite a respeito disso”, senti que o contato estava encerrado. Sua Luz deu lugar à escuridão normal e aos poucos abri os olhos. Agradeci em pensamento pelo encontro.

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Meditando Muitas vezes releio estas anotações e confesso que me deleito

com tantos ensinamentos e mistérios que já me foram passados pelo Mestre através das visões e das experiências; algumas até, saídas do meu dia-a-dia. Quando iniciei estas notas, não sabia da dimensão dessas experiências e não imaginava quantas coisas novas iria aprender nestes encontros íntimos, sem a necessidade de grandes leituras de livros iniciáticos. Lembro-me de que cheguei a pensar que tudo não passava de frutos de minha imaginação.

O Mestre me disse que devo devolver aos meus irmãos, o livro que um dia, deles roubei. Cada vez que penso nessas palavras sinto um arrepio seguido de tristeza. Devo ter paciência.

Por outro lado, realmente sinto-me gratificado com o Mestre, e agradecido ao Todo, por estar vivendo esses momentos. Às vezes reconheço não estar correspondente com tamanha benevolência e, a consciência cobra-me mais ação para com os meus. Minha participação em uma obra social, não demora ou talvez, já esteja passando da hora.

Tento relembrar da presença do Mestre mostrando e ensinando

alguma coisa, aí então, sinto-me tão pequeno, tão aprendiz. Ele me faz sentir como se estivesse engatinhando na vida, eu vejo-o tão sábio, tão grande!

- Isto não é bom sinal, filho. Apesar de já desconfiar de sua presença, pois sentia sua

irradiação, levei um susto com as suas palavras. - Por quê, Mestre? O senhor é tão sábio, tão importante... - Filho ouça: em teu dia-a-dia trata teu irmão de maneira que

ele se sinta importante, e, não ao contrário. Quando começarem a

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julgar-te importante, reflete a respeito da maneira que estás tratando teu semelhante. Em um diálogo, o mais importante deve ser teu próximo, não tu.

- Sinto que em poucas palavras, novamente o Mestre acabou de abrir minha mente para mais uma lição.

- Ouve, querido filho, e reflete a respeito do vou lhe dizer, não somente a ti, mas a todos que têm encontros com seus mestres. O papel do Mestre é, como já foi dito por ti, abrir a mente do discípulo para o conhecimento. Este é o trabalho do mestre. O discípulo quando realmente quer ser receber o conhecimento, também deve abrir a mente para colocar em prática o conhecimento que lhe é revelado. Isto quer dizer que ambos se interam. O mestre e o discípulo, um depende sempre do outro. Sem discípulo não há mestre e vice-versa. E, sem o discípulo coloque em prática, em seu dia-a-dia, os ensinamentos recebidos do seu mestre, os encontros ficam incompletos. Lembra-te: só há ensinamento quando há aprendizado, assim como um sempre depende do outro para ser. Este é também o princípio da humildade. Aquele que é, é porque existe outro para servir de referencial. Se não existir o outro, aquele que é, ou pensa que é simplesmente deixa de ser. Humildade é concientizar-se disto, filho.

- Mestre, o senhor quase deu um nó em minha mente. - Esta é a lição de casa deste encontro. Reflita. Aproveite

também para refletir a respeito do que fazes e não somente do que é dito ou ensinado.

Desta vez, simplesmente a doce Voz calou-se, e mais uma vez o encontro foi encerrado.

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Continuando a meditar - Eu queria fazer uma pergunta, Mestre. Posso? - Não queres mais? – Perguntou o Mestre mostrando

curiosidade. - Quero Mestre. É claro! - Então, diga: Mestre eu quero e não, eu queria. - Desculpe, Mestre, é força de expressão. - Faça a pergunta, filho. – Assim dizendo o Mestre pareceu

sorrir com os olhos. - Mestre, o que é mais importante: esses encontros ou a

meditação que se faz após. Novamente o Mestre sorriu com os olhos e com sua doce voz

pousada, disse: - O importante é o aprendizado. É refletir a respeito de tudo

que te é mostrado e ensinado e procurar compreender as visões e os mistérios que te são apresentados. E, o mais importante, aplicá-los. Respondendo mais objetivamente a pergunta, digo que o importante é responder. O importante é o modo que respondes ao que te é apresentado. Agora preste a tenção a esta visão:

Neste instante, apareceram à minha frente, figuras de ciclistas pedalando, vindos da direita para a esquerda, em fila indiana, como vemos na televisão quando exibem as corridas de ciclismo. Passaram duas ou três fileiras e desapareceram em seguida. Após breve intervalo, surgiu um ciclista apenas, pedalando sua bicicleta de modo natural e sem pressa, passando da esquerda para a direita. Era uma visão considerada normal, a não ser pelo motivo de ora estarem indo a uma direção e ora na direção inversa.

- Notou alguma diferença nesta visão, filho?

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- Notei, Mestre, que os ciclistas, ora passavam de um lado para o outro, ora faziam o caminho contrário...

- É justamente isto que a humanidade está fazendo: o caminho contrário. Enquanto uns seguem a trilha certa, embora pareçam solitários, a maioria percorre o caminho inverso. E são muitos, como lhe foi mostrado. Não convém seguir a maioria, pois se ela estivesse seguindo a trilha certa, naturalmente o planeta não estaria sofrendo tanto. A voz do povo, ainda não é a voz de Deus como querem alguns. O planeta sofre com seus habitantes. Naturalmente o Mestre não estava triste, mas seu tom de voz já não era o mesmo. Lembrei-me de que havia escrito algumas palavras a respeito do planeta e, talvez esta fosse uma boa oportunidade para lhe mostrar. - Mestre, posso lhe falar de um pequeno escrito, de minha autoria, a respeito do planeta? Quero saber se estou certo na definição. - Naturalmente, filho. – Agora sim o Mestre pareceu voltar a sorrir.

- É bem pequeno, são apenas algumas palavras. É assim:

Quando a Terra treme Sinto que quer falar. É igual ao homem que geme Tentando se comunicar.

- E então, Mestre. Legal? - Muito bom, filho. A definição está correta. Realmente a Mãe

Terra sofre com seus filhos. Sofre e se sente incomodada com a inconseqüência humana. Somente através de uma tomada de consciência o homem cuidará melhor de sua casa.

Assim dizendo, começou uma série de visões assustadoras.

Apesar de já ter visto pela televisão a explosão da bomba atômica, desta vez pareceu mais real e mais assustadora ainda. Os terremotos e os furacões que assistimos nos noticiários, através desta visão, tinham mais vida, tornando-se bem reais. Apesar de vê-los na posição de observador, ao mesmo tempo parecia que eu fazia parte daqueles horrores.

- Por hoje chega, filho. Procura refletir a respeito do que foi

apresentado a ti.

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

Ao ouvir aquela Voz tão conhecida voltei à realidade e senti-me aliviado. Fui socorrido pelo Mestre na hora certa, pois aquelas visões, nada boas, começavam a mudar meu astral ou sintonia, como se costuma dizer.

- E não te esqueças: estas visões não mostraram os “fenômenos da natureza”, como erradamente o homem classifica, e sim, o resultado da “inconseqüência humana”.

E deu por encerrado mais um encontro em que a sabedoria, simples e direta, falava mais alta.

Vagarosamente abri os olhos no mesmo instante em que ouvi o

som da sineta. Abri a cortina sorridente e vi o instrutor passar por mim sorrindo, dirigindo-se a outra ala. Saí do cubículo e diriji-me até a varanda onde estavam reunidos outros novatos. Devagar aproximei-me e percebi que estavam falando a respeito de suas experiências. Fui convidado a participar da conversa no mesmo instante em que Sadhu, a poucos metros dali, na varanda da outra ala, chamava-me para ir reunir-se com e lê e o instrutor.

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O livro - Ouvi dizer que você está escrevendo um livro, Luis. Convidando-me para sentar juntamente com Sadhu, em um

banco de madeira, na varanda da ala reservada aos mais adiantados, o instrutor, aquele mesmo careca, magro, alto e de andar curvado para o lado e sempre sorridente, perguntou-me acerca de maus planos literários.

- Bem, senhor, - respondi meio sem jeito – venho reunindo alguns escritos a respeito das experiências, dos insights e dos toques, que venho recebendo nas aulas e, pretendo reuni-los e transforma-los em um livro.

- Ótimo, respondeu, batendo em minhas costas sempre sorrindo e virando-se para Sadhu, completou: Não se esqueça que os escritos serão sempre a respeito das experiências dele. Se ele for escrever a respeito da fazenda, há necessidade de falar com os superiores.

- Perfeito, respondeu Sadhu, alias, continuou, você tem aí, Luis, alguma coisa escrita, para o instrutor ler?

Eu tinha em minha pasta, já surrada, de papelão branco com abas e elástico, o rascunho de algumas poesias, as quais vinha reunindo para formar um livro. Apressadamente peguei-os, entregando ao instrutor, agindo de tal maneira, que lembrava uma criança quando entrega ao professor a lição feita, e fica esperando sua aprovação:

O poeta e a esperança

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Ele vem trazendo esperança, e falando de amor, omitindo da lembrança o que pode expressar dor.

O poeta se apresenta nos trazendo profecia e sua palavra vem lenta, melhorando a vida fria. O poeta, na esperança de mostrar que a vida é bela, nos ensina a ser criança e a olhar pra quem nos vela. A palavra de um poeta, vem trazendo um querer e quem ouve esse profeta faz da vida um crescer. Na palavra que ele traz, me mostrando o melhor, o poeta sempre faz da esperança um bem maior. Eu queria ser poeta pra rimar minha esperança e dizer que a dor não afeta se o adulto é criança. Poeta, ainda não sou, e rimar até que tento. Otimista, sempre estou descrevendo algum momento. Na hora em que chegar a hora de não mais precisar escrever das esperanças que tenho agora

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vejo a Grande Esperança ascender. Seguir em Frente Se a tristeza bate à porta e a esperança reconforta, minha dor e natimorta. Se apegar ao passado é como voar amarrado; até um destino traçado termina ficando de lado. Em tempos idos pensar e só em tristezas lembrar, não é seguir, é parar; é para trás caminhar. Quando a esperança se apresenta e ao lado se assenta, sinto que a fé aumenta, pois, a vida movimenta. Viver o hoje, o agora e conhecer a vida afora. Aprender sem demora que o passado foi embora, pois já teve sua hora.

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E daí? Será que aquela mão que me estendia, e eu sempre via, não compreendia que eu pedir, também queria? Por quê aquele grito que clamava, E esbravejando, reclamava, não calava e me ouvia: EU GRITAVA DE AGONIA... Criança, com fome, inocente? ora, e daí? Eu não me segurava; doente, e por vezes sentia demente até que sem forças caí. A vida que me fizeram ter, eu a tive, foi sem querer. Não me deram opção: seja assim e seja bom, VIVA ASSIM OU VIVA NÃO. Assim, minha vida vivi. Quando sorri, mais gemi. Tentei me arrastar, desisti e CUSPINDO PRÁ CIMA, morri.

Esta, às vezes penso que não deveria apresentá-la devido ao seu

tom revoltante, mas faz parte das experiências. Ao terminar de ler, o instrutor estava sério. Não era mais aquele

simpático careca, que sempre sorridente e prestativo vinha me cumprimentar.

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- Espere-me que volto logo. Assim dizendo, saiu com minha pasta e apressadamente me

dirigi a Sadhu com certa insegurança: - Será que não está bom? - Calma, Luis. - Sadhu colocou a braço sobre meus ombros

pedindo-me paciência. - Paciência. Você precisa praticar a paciência. Tudo vai dar certo. Ou melhor, vem dando certo.

- Mas, Sadhu, parecia que... - Ele estava tão sério? - completou. - O instrutor é assim mesmo.

Afinal é um assunto sério. - Se eu soubesse teria primeiro mostrado para você. - Olhe, aí vem ele. Percebemos que o instrutor se aproximava sorridente, voltando

a ser aquele que conhecera. Percebi que não estava mais com minha pasta branca.

- Desculpem-me, Sadhu e Luis. Lembrei de um compromisso. Agora está tudo bem.

- E então, instrutor?... Gostou? - Adiantei-me e confesso que meu coração palpitava.

- Sim, Luis. Seus escritos estão dentro de uma boa compreensão espiritual. Tomei a liberdade de deixar sua pasta com o superior para uma análise e, no decorrer de alguns dias teremos um parecer. A propósito, Luis, como vem se sentindo aqui na fazenda?

- Venho gostando, senhor. Embora não saiba muito a respeito da religião, venho gostando.

- Nós, - continuou - do Centro Vida, Com Ciência, Conhecimento e Saber, nos reunimos após o ofício religioso para estudar e aprendermos um pouco mais a respeito de nossa estada nesta vida.

Já vai inteirar um ano que estás conosco. Você já sabe que todos aqueles que completam um ano de fazenda, passam por uma avaliação dos superiores, podendo ou não continuar aqui. Espero que Sadhu, que é um dos nossos há mais de vinte anos, tenha-lhe falado a respeito disso também.

Confesso que o instrutor tinha um quê que me cativava. Sua simpatia e bondade por vezes, lembravam-me meu Mestre. Falei-lhe a respeito de minhas expectativas:

- Espero senhor, ser admitido aqui no Centro. Estou decepcionado com todas as religiões que conheci.

Parece que todas elas estão indo à contramão...

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- Aqui, - interrompeu-me - não costumamos falar contra nossos irmãos que estão procurando o caminho.

Devemos respeitá-los. Tenho a impressão - mudou de assunto levantando-se, - que as chances de ficar conosco é de noventa e nove por cento.

Assim dizendo bateu em meu ombro e sorrindo completou: - Se estás, realmente, com a vontade de aprender a respeito de

espiritualidade, assim como o vimos fazendo, serás sempre bem-vindo.

Pediu-nos licença e se se encaminhou para a ala dos novatos. Sadhu convidou-me a preparar-me para a volta. Deveríamos nos apressar, pois estávamos sem automóvel e voltaríamos para casa de trem.

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Despedindo-se do vício

- Mestre, eu não estou mais fumando. Como muitas vezes o Mestre parecia curto e grosso, desta vez

fui eu quem assim agiu. Ao entrar em processo meditativo e ao sentir a doce presença, fui logo dando a notícia, em pensamento.

- Não vou mais fumar, Mestre. - continuei - Em agradecimento e em homenagem ao Mestre, que me deu tantos ensinamentos e que tanto bem me proporciona, larguei o vício. Desta forma, quero demonstrar um pouco do meu reconhecimento e gratidão. Todas as vezes que o vício vier me tentar, procurarei lembrar do Mestre e sei que conseguirei vencê-lo.

- Tomaste uma boa decisão, filho. Saiba que o homem é soberano em sua vontade. É somente através da vontade verdadeira que o homem vence todos os desafios. Permaneça sob o domínio de tua vontade verdadeira e verás que podes fazer tudo o que imaginas. O desejo, o querer ou a simples vontade, é uma coisa, vontade verdadeira unida à determinação é a própria força. Já não ouviste falar em uma coisa chamada “força de vontade?” Continue assm, filho.

Foi falado também, a respeito da força e luz do Criador. Sendo ele, Todo Perfeito, não se pode conceber uma força contrária com os mesmos poderes. Vamos complementar dizendo o seguinte: Existe a Força Criadora e Divina que é inquestionável em sua grandeza e poder.

Deus, o Todo Poderoso, simplesmente o É. Para o ser que está no estágio animal racional, conhecido como homem, existem mais duas forças: A força negativa e a força positiva, que na verdade, o ajudam ou atrapalham em sua trajetória de ascensão.

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Lembre-se também que a força negativa age no pensamento e a força positiva, nos sentimentos.

Ambas sempre atuando através do pensamento do homem. Lembre-se também que estas duas forças estão dentro da força maior; foram criadas e são admitidas somente no ser que passa pelo estágio racional.

Analisando onde a força negativa está sujeita a atrapalhar e o que a força positiva poderá oferecer, iniciamos uma seqüência de esclarecimentos, toques ou insights, como preferires, os quais devem facilitar a tua caminhada.

A Voz silenciou e comecei a rememorar o que ouvira. Passado algum tempo, levantei-me dirigindo-me para o

lavatório, cumprimentei com a cabeça um discípulo que lia um livro, sentado em uma posição que se assemelhava à posição de lótus dos yoguis.

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O saber ouvir é importante

Saí do lavatório e deitei-me em uma rede que havia na varanda. Queria descansar, já que na noite anterior havia dormido muito pouco e o sono começava a me incomodar.

Mesmo bem cansado e quase dormindo, não deixava de pensar no contato anterior. Em meu pensamento surge a frase: “O ‘saber ouvir’, filho, é muito importante. Aprenda sobre o saber ouvir. O primeiro passo para aprender, é saber ouvir”.

Como disse, o sono insistia e resolvi levantar-me, indo novamente ao lavatório para “passar” uma água no rosto.

Após lavá-lo, voltei ao meu lugar. Desta vez, não me deitei na rede e sim, sentando em posição meditativa, lembrava um yogui, iniciei uma oração.

- Os homens pensam que sabem ouvir. - O Mestre parecia sussurrar em meus ouvidos. - Pensam que sabem falar - continuou telepaticamente - e por isso, pensam também, que sabem ouvir. O ‘saber ouvir’ é muito difícil, pois requer uma certa dose de interesse, humildade e preparo. Geralmente o homem simplesmente escuta. Preste atenção, pois há diferença entre o escutar e o ouvir. Uma grande diferença.

Para ouvir, o homem precisa estar interessado e preparado, senão simplesmente escutará. Para ouvir, precisa haver chegado a hora. Quando o homem ouve, sobe um degrau na escalada espiritual. Abençoado é aquele que ouve e abençoada é a hora. Todos têm sua hora de ouvir, não se esqueça. Não pense que aquele que não está em sua hora de ouvir, é um irmão inferior, também não pense que o irmão que já ouviu é um superior. As posições são sempre relativas. Uns estão mais, outros estão menos. - O Mestre deu mais ênfase quando pronunciou a palavra estão, e continuou - Lembre-se que o estar é transitório. Já foi falado a respeito disso.

Ousei interrompê-lo:

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- Desculpe-me, Mestre, estando em posição transitória ou não, é com o irmão que já “ouviu”que aprendemos, não?

- Não. - O sábio foi taxativo. - Não? - perguntei assustado. - Aquele que já ouviu tem condição de alertar e mostrar o

caminho, porém, aprende-se com o que chamam de errado e não com o que chamam de correto. O homem tem perdido seu precioso tempo tentando aprender com os “acertos”. Aprende-se com os “erros”. Só quem pode mostrar o erro é o errado. O certo não pode mostrar os erros, pois já não os tem. O certo só alerta e encaminha.

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Desculpe o transtorno, estou em reformas.

Ao ouvir telepaticamente essa frase, quando se iniciava mais um encontro de aprendizagem com o amado Mestre, e reconhecendo sua doce Voz, tentei brincar, respondendo:

- O Mestre está em reformas? Eu não entendi. - Todos estão passando por reformas, querido. Todos. Já sabes

que o ser, estando em constante evolução, está também, em reforma. Nesse momento iniciou-se uma espécie de mantra, onde

chamáva-se a força da luz para nosso caminho. A luz se fez presente. Lembro-me que, como de costume, meus olhos estavam fechados e senti a Luz branca do Criador inundar o ambiente.

- “Desculpe o transtorno, estamos em reforma”. - continuou o Mestre - é uma frase que comumente lemos em lugares que estão passando por reformas. Diariamente encontramos este aviso. Quando o ser se conscientizar de que este aviso lhe serve perfeitamente, terá encontrado o caminho do saber, do conhecer.

- Mas há necessidade de desculpar-se por estar passando por reformas, Mestre? - tomei a iniciativa de perguntar.

- Há. - O Mestre foi taxativo mais uma vez e seu tom de voz, doce e suave, como sempre, parecia acariciar meus ouvidos. - Há, - continuou - pois ao mesmo tempo em que o ser usa de educação, estará lembrando-se do dever de desculpar ou perdoar seu irmão, reconhecendo nele, um semelhante que também passa por reformas, e, por conseguinte, passível de erros.

Como sempre acontecia, o Mestre, em sua sabedoria e humildade, passava-me através da simplicidade e da pureza mais, um ensinamento de grande valia.

Lembrei do que o Sábio me ensinou que devemos ter bom senso: É melhor usar o bom senso, a razão, dizia.

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- Filho, examinas tuas lições. - Parecendo segredar em meus ouvidos como em vezes anteriores, o Mestre telepaticamente interrompeu meus pensamentos, corrigindo-me:

- Acerca-te do bom senso, lembre-te que não basta tê-lo. Havemos também de ter o domínio. O bom senso alerta, o domínio põe em prática. Sem a força do domínio, o bom senso é apenas uma boa intenção, nada mais. Não abandonastes o vício do cigarro? Pois foi a união do bom senso com a força da vontade. Agora, ouça: Aproxima-se a data em que terás de cumprir teu dever como cidadão, escolhendo um representante para governar tua cidade. Ouço teu pensamento comungar com aqueles que ainda indecisos, vacilam na escolha.

- Eu, Mestre? Vacilando? Eu, não! Não penso que estou vacilando. Simplesmente penso que, como o candidato por mim escolhido não tem chances de ganhar, terei que optar por outro com mais chances...

- Por quê? - carinhosamente, porém com firmeza o Mestre perguntou.

- Ué. Ele não vai ganhar! Não vai adiantar nada... - Vai adiantar sim. Escolhe-se determinado candidato e pensas

em dar-lhe um voto de confiança, o correto é que continues apoiando-o, independente do “ganhar ou perder”.

- Mas, Mestre... - Não deves interromper aquele que tens por Mestre, filho.

Prossigamos: Não é correto agires dessa forma. Chegastes a conclusão que deves apoiar tal candidato, faças então, cumprir tua vontade. Se o teu favorito não for o mesmo escolhido pela maioria, paciência. Mesmo assim, ele saberá que alguns o apoiaram. Futuramente falaremos sobre o apoio e incentivo, que são muito importantes no dia-a-dia.

Assim dizendo, a luz habitual que sempre se fazia presente quando o Mestre começava a falar deu lugar à escuridão. Entendi que o contato havia se encerrado. Lentamente abri os olhos, fechando-os novamente, como sempre fazia, procurando me acostumar com a claridade. Levantei-me para ir até a varanda. Vagarosamente abri a cortina e saí do cubículo, procurando não fazer barulho ao andar. Depois de alguns passos, abaixei-me para pegar um copo plástico que estava no chão, colocando-o no lixo. Gesto contínuo seguiu meu caminho, porém ouvi:

- É assim que devemos agir, filho.

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Andando apressadamente e cumprimentando com a cabeça alguns novatos durante o trajeto, confesso não haver entendido daquelas palavras do Mestre. Prometi pensar a respeito delas quando voltasse.

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Não devemos servir a dois senhores

- Não se deve servir a dois senhores, filho. Ao voltar, novamente ouvia a doce Voz que chamava minha

atenção. Sentei confortavelmente no lugar a mim reservado; suavemente fechei os olhos e, como habitualmente, iniciei uma oração.

- Ouça: quando abaixastes, pegando o copo de papel, que a princípio deveria estar no recipiente de lixo e lá o colocou, agistes corretamente. Nenhum comentário e nenhum pensamento foram emitidos acerca da displicência de algum irmão, isto é, do copo que fora deixado onde não deveria. Outros irmãos poderiam e deveriam consertar tal displicência, porém não tomaram a iniciativa.

- Onde será que o Mestre quer chegar? - pensei. - Procure não interromper, filho, apenas ouça. - Leu meu

pensamento, corrigindo-me. - Como estava dizendo, na prática deste ato, aconteceu simplesmente o que deve sempre acontecer com aqueles que estão no caminho do aprender e procuram, através do estudo, o aprendizado certo. Simplesmente consertar o que deve ser consertado, apenas pelo senso do dever cumprido. Cumprir o dever que é fazer o bem, (servir ao senhor do positivo) sem se importar ou apressar-se em fazer comentários, mesmo que em pensamentos, sobre o irmão autor do ato em questão: (servir ao negativo).

- Acho que não entendi direito, Mestre. - Normalmente, quando o homem se defronta com alguma

situação, as vezes inusitada, pratica um ato louvável acompanhado

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de algum tipo de crítica ao responsável pelo que não foi feito corretamente.

Ou faz-se simplesmente o bem (positivo) ou julga-se o mal. (negativo). Os dois atos são incompatíveis.

- Mas Mestre, quando comentamos a respeito de um erro ou quando chamamos a atenção de um irmão, queremos corrigi-lo. Estamos querendo ajudá-lo. Mal pronunciei essas palavras, tive a nítida impressão de ter ouvido o Mestre dizer alguma coisa como: Me engana que eu gosto...

Naturalmente, o Mestre em sua sabedoria, jamais pronunciaria tais palavras e senti ficar sem ação. Como em todas as vezes que passava algum ensinamento, estava corretíssimo.

- Medite a respeito disso, filho. Até o próximo encontro, procure também examinar o seguinte:

Antes que uma discussão chegue ao auge, pare e lembre-se: trata-se apenas de um confronto de opiniões, nada mais. Coloque-se no lugar de seu interlocutor para melhor compreendê-lo, e não, para ser compreendido.

- E se eu estiver com a razão, Mestre? - Já foi dito, use o bom senso. Já que estamos falando em

bom senso, aproveite e examine esse tema: O respeito.

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Devemos respeitar

nossos filhos

- Mestre, devemos respeitar nossos pais? Mais um encontro. Estávamos nos aproximando do dia em que

anualmente é dedicado aos pais. Lembrando-me do meu pai, que não esta mais comigo, resolvi fazer a pergunta.

- Decerto, filho. Porém, o mais importante não é respeitar os pais, e sim, saber respeitar os filhos.

- Os filhos? - fiquei desconcertado - Eu tinha, como todos aprendido que devemos sempre respeito aos nossos pais e também aos mais velhos. Fiz a pergunta na esperança de ouvi-lo falar um pouco mais a respeito dos pais, porém, o Mestre me surpreendeu.

- É mais difícil respeitar os filhos... - E devemos, respeitá-los tanto assim? - Assim como devemos saber respeitar nossos filhos, devemos

também saber respeitar nossos irmãos que se encontram em situação, aparentemente, inferior à nossa.

- ??? - as interrogações continuavam em minha mente. - Este é o princípio da humildade. Saber respeitar a todos.

Todos, sem exceção. Respeitando a todos, devemos, com certeza saber respeitar os nossos filhos e não somente os nossos pais. Eu diria que na ordem das prioridades, é preferível respeitar um filho a um pai. Ouça bem: esse é um assunto que deve ser bem estudado e bem compreendido, para que não haja um entendimento distorcido ou incorreto. Bem sabes, que desrespeitar aquele que está começando a se firmar, portanto, passível de vacilar com mais

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facilidade, não é conveniente fazê-lo. Em lições anteriores, espero que tenha ficado claro o ensinamento a esse respeito.

Vagarosamente abri os olhos para em seguida fechá-los, procurando me acostumar com a claridade.

Abri a cortina, olhei para os lados e percebi que outros alunos permaneciam em estado meditativo.

Fechei-a novamente e, em silêncio, iniciei uma oração, na qual ensaiei um pequeno pedido de ajuda ao Criador.

- Quando o Criador não está te ajudando, está te observando. O Mestre falava suavemente como se fosse contar um segredo.

Apurei meus ouvidos para melhor escutá-lo e notei que o som de um mantra começava a envolver o ambiente. Era muito bonito e melodioso recitado em uma só voz. Estava prestando atenção nos versos que transmitiam sabedoria quando sou interrompido pelo Mestre:

- Quando sentires a necessidade de “falar com o Criador” aquieta-te e ouça: É esta a hora em que Ele está querendo falar-te.

Em seguida a essas palavras, a claridade aumentou, fazendo com que o ambiente ficasse envolto em uma luz de tonalidade prateada. Tentei abrir os olhos, porém não consegui. Lembro-me que com ambas as mãos, tapei-os, mas a claridade permanecia. Não posso dizer que a sensação era ruim. Ao contrário, senti uma sensação muito boa, mas diferente. Em encontros anteriores eu já havia passado por uma situação quase parecida, em que, mesmo com os olhos fechados e ambas as mãos tapando-os, a forte claridade de tonalidade prateada, quase branca, envolvia-me.

Consegui abrir os olhos e fiquei a pensar em tanta sabedoria que me era apresentada, não só naquele encontro, mas em todos os anteriores. Lembrei-me que eram “toques” simples em situações corriqueiras.

Recordei-me também, de quantas vezes passamos boa parte do nosso dia tentando “falar com Deus”.

Quantas vezes gastamos nosso tempo, insistindo em pedidos de ajuda ou esclarecimento e, não “nos tocamos”que é justamente nessa hora, que devemos frear nossa corrente de pensamentos para ouvi-Lo; ouvir o que o espiritual está nos ensinando?

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Como reconhecer a natureza divina?

Desta vez, o encontro telepático deu-se em plena condução que me leva ao trabalho diariamente.

Estava no ônibus, sentado confortavelmente, quando comecei a pensar a respeito da natureza Divina. Fico pensando em como reconhecer Deus. dentre as mais diversas manifestações diárias, que a vida nos apresenta: “Como reconhecer?” - pergunto-me.

- Meditando? - Mestre? - O susto foi duplo. A invés de apenas “pensar”, como

normalmente faço para “falar”com o Mestre, falei. Minha voz saiu alta e provavelmente chegou a ser ouvida, pois notei que um passageiro sentado dois bancos a frente olhou para trás.

Tentei disfarçar e repeti o chamado, porém dirigindo-me a um irmão imaginário na calçada e pensando: Vou fingir que estou chamando meu professor que está na calçada. Mal arquitetei meu plano, o bom senso alertou-me: Tamanho contra-senso; eu aqui, fingindo, disfarçando e ao mesmo tempo tentando reconhecer a natureza Divina! Este sou eu, aprendendo.

Acomodei-me no banco do ônibus, direcionei meus pensamentos ao Mestre, e ouvi:

- Queres saber como reconhecer a natureza Divina em teu dia-a-dia? É fácil: basta começar por enxergar sempre o lado bom das coisas, não fingir nem disfarçar.

- Fácil Mestre?

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- Sim. Para aqueles que estão determinados a aprender, é fácil. Aqueles que realmente querem trilhar o caminho do saber, do conhecer e do aprender, fixando-se na força positiva, certamente reconhecerão a natureza Divina.

- Perdoe-me Mestre, o senhor disse: “fixando-se na força positiva...?”.

- Certamente. Já foi ensinado que existem duas forças que agem dentro da forma maior: a negativa e a positiva. Há irmãos que ainda estão vibrando com mais intensidade na força Negativa e outros que já subiram alguns degraus do conhecer e estão vibrando com mais intensidade na força positiva. Os irmãos que olham mais para a força negativa, mantém encontros com a mesma.

Não resisti e perguntei: - Isso é possível, Mestre? - ... e natural, querido. Assim como há encontros em que são

passados ensinamentos que elevam o ser, há os encontros em que são passados ensinamentos, (se assim podemos classificá-los), que mantêm o discípulo estagnado. São estes, patrocinados pela força negativa. Já te foi ensinado sobre isso. Estamos agora, justamente, falando em como reconhecê-los. Como reconhecer a natureza Divina nos ensinamentos. Para que se possa falar em natureza Divina precisamos encontrar um referencial.

Antes, vamos abrir um parêntese para lembrar que, como a própria terminologia demonstra, só existe uma natureza: a Divina.

Quando se fala de natureza não Divina, entenda-se: A natureza, que só pode ser Divina, mas, encontra-se ainda vibrando no negativo.

Lembrando do referencial a ser seguido em nossos encontros, dada a universalidade e importância de seus ensinos, devemos ter o Divino Mestre Jesus e sua sagrada missão, como parâmetro. Iniciaremos por lembrar da máxima: orai e vigiai. Oração e vigília constante. Vigiar os pensamentos, vigiar as palavras e as ações a serem praticadas no dia-a-dia. Posso dizer-te que, nesse caso, a qualidade da vigília supera a oração.

Você, filho, em seu dia-a-dia, procure sempre enxergar o lado positivo. Em todos os acontecimentos de sua vida, procure sempre ver o lado bom. Procurando estar sempre com o lado bom dos acontecimentos, no coração, a natureza Divina se mostrará para ti e, não precisarás procurá-la. Até mesmo um ensinamento, é preciso ser examinado, peneirado e dele extraído o lado bom. Ao examinar, procure sempre o ensinamento do primeiro Mestre.

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- Desculpe-me, ensinamentos do primeiro Mestre? - Estranhei. Para mim, os ensinos eram de um Mestre e não os classificava como primeiro, segundo, terceiro...

- Sabes quem é o primeiro Mestre? Pois tenha sempre contigo: o primeiro Mestre é Deus, filho.

- E quais são seus ensinamentos, Mestre? - São mostrados através da própria criação. A própria criação é

um ensinamento supremo do Mestre Maior. Basta examiná-la. Veja a natureza como se comporta. Descubra na natureza a verdadeira ciência exata, filho. Descubra no processo da criação da vida, a verdadeira exatidão científica. Poderíamos ficar por longo tempo enumerando os acontecimentos do dia-a-dia e seu lado bom e Divino, porém, esta será a lição de casa até o nosso próximo encontro.

Senti a Voz calar e abri os olhos. Imediatamente fiz algumas anotações no pequeno bloco que se tornou meu companheiro inseparável, seguindo o restante da viagem com pensamentos no novo dia de labor que começava.

Ao mesmo tempo em que pensava em mais um dia de trabalho, procurava não esquecer dos ensinamentos que o Mestre me passara. Tudo muito Divino e tudo muito sábio.

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O Senhor do conhecimento

Novamente em posição meditativa, pronto para ouvir novas revelações do Mestre, aguardava, concentrado, pelo que viria.

Era entoado um mantra onde o Senhor do conhecimento é chamado e a força se faz presente trazendo a luz, e conseqüentemente, o conhecimento.

- Todo o conhecimento está alojado dentro de ti, esperando para ser descoberto.

- A Voz pareceu estremecer o ambiente, ecoando por todos os lados, fazendo com que meu coração acelerasse suas batidas. A Luz era de tonalidade branca cintilante e... não era o Mestre. Identifiquei por intuição que seria, talvez, o Mestre dos Mestres. Era uma vibração diferente daquela a que estava acostumado e, a suavidade da Voz parecia trazer toda a sabedoria do universo para aquele lugar. Sim, compreendi que a sabedoria é suave, é calma. A sabedoria não tem pressa nem autoritarismo. A sabedoria apenas é.

- Já conheces este ensinamento - continuou aquela Voz. - Do que está sendo passado para ti, nada de novo há. Nada que já não houvesse sido revelado. Todo o segredo já está com a humanidade. Em cada ser existe algum conhecimento e na união desses, reunem-se todos os segredos e mistérios que possam existir para os humanos. Saiba também que toda a sabedoria, os segredos e mistérios fazem parte da ascensão e chegarão ao estágio, em que não terão mais serventia como busca, pois, ao atingirem tal grau, atingirão

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também a Luz Suprema. Passarão a fazer parte dela, tornando-se segredo, mistério e conhecimento, para todos aqueles que estão em ascensão. Portanto, lembra-te de que tudo que existe e possa existir é passageiro, é mutável. Apenas a força e a luz são imutáveis e têm existência infinita.

Mesmo concentrado naquela experiência incrível e diferente que estava tendo, ousei emitir um pensamento:

- Como é bom saber que a escuridão se transforma em luz e assim permanece para sempre.

- Em verdade, não há escuridão. Só há luz. Não pode haver escuridão no Reino da Luz. O Reino da Luz está em todos os lugares, pois a luz é tudo e é também todo o lugar. A luz não poderia criar a escuridão. Ainda não descobriste que a escuridão é uma criação do ser pensante? Foi a mente pensante quem criou a escuridão. O abismo, os demônios, o reino das trevas, a força negativa e qualquer outra definição que se dê, são resultados do egoísmo da mente pensante. O mental, uma ferramenta importantíssima que o ser carrega consigo em sua trajetória de ascensão. Quando o espírito ou alma, ainda em estágio primário de ignorância criou, e continua criando todas essas definições, a sua mente lhe deu e continua dando forças. Tudo isso é permitido pela Lei, pois o homem aprende com aquilo que criou. O homem só aprende com a ignorância (por muitos definida como erro) e, ao mesmo tempo, com a clareza adquirida, vem ensinando aqueles que ainda estão na ignorância.

Diante que toda esta revelação, não tive mais medo de ousar pensar e, sem cerimônia pensei, quase falando:

- Mas, tudo isso é fabuloso! Tudo é diferente daquilo que geralmente aprendemos. Realmente, Deus é inteligente. Quanta grandeza e inteligência há no Criador...

- Não ouse classificá-Lo, inocente.- continuou aquela Voz indescritível. - Quanta imaturidade dos humanos ao defini-Lo como um ser inteligente. A inteligência é para os ainda pensantes. O Senhor da criação, simplesmente, É.

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Mesmo meio trêmulo e gaguejando (em pensamento), tive forças para fazer uma pergunta, que confesso, às vezes me confundia.

- Perdoa-me, Senhor, dizem que o Criador é Uno... - É Uno e Dual. É Uno, pois é o Único, a quem se deve

reconhecer como o Deus, Todo Poderoso, na compreensão terrena. É Dual quando se manifesta, pois reconhecemos sua pluralidade. Está em tudo e em todos. É energia. Aqueles que Procuram o Criador através da compreensão humana, moldam-no à sua imagem.

Para uns o Criador é um bom velhinho, para outros, o Pai do Nazareno. Os humanos vêem o Criador através de olhos e compreensão materialistas...

Ao dizer esta última frase, começou a aparecer algumas imagens bem conhecidas. Jesus falava para algumas pessoas que ouviam-No com muito interesse. Assim como vemos slides que são projetados para nos mostrar fotos ou ilustrações, começaram a aparecer em minha frente, imagens de santos conhecidos e também desconhecidos. N.S. Aparecida lembro-me bem, a imagem da Virgem Maria, alguns Santos conhecidos da igreja católica, outros que não conheço, mas que pareciam santos. Enfim, várias figuras apareceram naquela hora, inclusive algumas que me chamaram bastante a atenção: um homem de certa idade parecia aconselhar um adolescente; uma mãe acariciava os cabelos de seu filhinho, sentada à beira mar, uma mulher gorda com trajes nada adequados para um banho de mar, tinha seu olhar perdido na imensidão daquelas águas, quando a visão foi interrompida por aquela Voz:

- O Criador se manifesta em tudo, em todos os lugares e em todas as situações... Para a compreensão humana é também o Pai, o Filho e o Espírito...

- Quer dizer que o Criador está em todas... - O Criador é Tudo. Tudo se apagou, deixando-me com dor de cabeça que aos

poucos foi se dissipando. Entendi que o contato havia se encerrado, pois nada mais vi ou ouvi.

- Quem era, Mestre? - perguntei em pensamento. Esta pergunta, confesso, surgiu automaticamente, sem que na verdade quisesse fazê-la. Meu corpo parecia mudado, pois me senti envolto

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por uma irradiação forte e diferente, parecendo que a Luz ou irradiação que o envolvia, fazia com que ele (meu corpo) não ficasse muito definido. Não sei se consegui explicar corretamente. Era como se uma fortíssima luz iluminasse meu corpo e, ao tentar vê-lo, não conseguisse.

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Criando Amigos ou Inimigos?

Meditando a respeito dos ensinamentos do Mestre, penso que devemos em nosso dia-a-dia, obter cada vez mais, novos amigos. Penso nos irmãos arrogantes, com os quais temos que conviver, na importância do saber, na existência da luz e da escuridão, no quanto erramos em nossa caminhada, naquilo que recebemos de bom do Criador, nas maravilhas que estão sendo ensinadas ou reveladas...no errado e no certo...

- Não existe, filho, errado ou certo. Enquanto pensava, telepaticamente o Mestre se fazia presente,

através de sua doce Voz. - Não? - perguntei assustado - O Mestre diz que não existe certo

nem errado? - O que existe, filho, é ação dentro da compreensão. Assim

sendo, não há erro ou acerto. Simplesmente há. - Mas Mestre, perdoe-me... e os erros? Como ficam os erros que cometemos?

- Não existe o erro, filho. -Não? - desta vez, ao invés de continuar se comunicando

telepaticamente, pensei alto e o “não?” saiu bem sonoro. Foi sorte estar só, pois pensariam que eu estava falando sozinho.

-Não existe o erro como normalmente é definido - continuou o Mestre – O erro só existe naquele que sabe o caminho, porém opta por outro, tentando desafiar as Leis. Aquele que, vacila, como defines,

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não erra. Se vacilou, demonstrou não estar preparado e quem ainda não está preparado, não pode ser julgado. Não podendo ser julgado, não pode ser acusado. Se não pode ser acusado, não existe erro. Porém, todas as ações que praticares originarão uma reação. Isto é Lei. Ações negativas, reações negativas. Ações positivas, reações positivas. Iniciaste a longa jornada puro e deves retornar nada devendo. Puro. Lembre-se que estamos falando do certo e do errado em termos espirituais. Não esqueças que os conceitos emitidos em nossas aulas são sempre no campo espiritual.

No planeta existem as leis que devem ser cumpridas. A lei é dura mas é a lei. O homem, vivendo em sociedade, tem o dever de seguir as normas estabelecidas, senão, estará errando e passível das sanções da lei. Aí sim, existe o erro.

Tudo que recebes em tua caminhada, absolutamente tudo, terás que repor. O que recebes de bom, devolva com o bem e o que recebes de mal, procura devolver com o bem, também. Isto é sabedoria.

Não te enganes: Só alguém que conhece o caminho pode servir de guia. As indicações podem ser perigosas. Somente aquele que percorreu o caminho, conhece-o.

Lembra-te querido, estas visões e os ensinamentos que estás tendo, definidas com os mais diversos adjetivos, são quase nada em relação à grandeza do Universo. A verdadeira viagem para a descoberta não consiste em procurar novas paisagens, mas de possuir novos olhos. Este ensinamento já está registrado em tua memória.

Estavas pensando também, em obter cada vez mais, novos amigos. Não perca teu precioso tempo. Não deves te ater em fazer novos amigos, e sim, em não fazer novos inimigos. Encare os irmãos que se apresentam com arrogância como se fossem crianças desajustadas.

Simplesmente compreenda-os e os ensine; sempre através de exemplos. É teu dever. Onde está tua compreensão, filho? Não te lembras que deves compreender a todos? Recordemos a lição: Deves compreender sem esperar compreensão, ajudar sem esperar ajuda; ser ofendido a ofender. Repartir sem esperar que algum dia repartam contigo. Se tiveres que ofender, que seja contra a espiritualidade, pois ela em sua sabedoria, saberá compreender-te. Porém, jamais ofenda teu irmão.

Enquanto o Mestre falava, lembro-me que pensei: - Como dizem, o conhecimento é tudo...

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- Ao meditar sobre a importância do conhecimento, não te esqueças: Não basta saber, tem que vivenciar. - corrigiu-me, continuando... Saiba também, que a má alimentação e um mau pensamento equivalem-se, pois ambos prejudicam o ser em ascensão. Já foi falado sobre a alimentação, não é? A alimentação na sociedade terrena está tão em desacordo com o natural, que, como costumas falar: “pra começo de conversa”... deveria ser ingerida em seu estado natural, na temperatura natural, sem cozimento ou qualquer tipo de tempero.

Medite a respeito do que hoje, te foi apresentado. No próximos encontros, filho, falaremos sobre alguns tipos de personalidades humanas, que te ajudarão na compreensão da vida.

Assim dizendo, a Voz silenciou em minha mente. Como era tarde da noite e preparava-me para dormir, nada mais ouvi.

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Vivendo momentos felizes

Estava pronto para um novo encontro. Penso que novo é a palavra correta, pois a cada aula, sinto novos conhecimentos surgirem. Novamente sentado em posição meditativa e em processo de concentração, sou contemplado com mais uma visão diferente e misteriosa. Embora me ache repetitivo quando digo várias vezes os termos posição meditativa ou processo de concentração, insisto em fazê-lo para deixar claro que as visões aparecem sempre quando estou com os olhos fechados e concentrado no nada. O Mestre assim ensinou-me a me comportar, pois o canal de intercâmbio torna-se mais receptivo, diz.

Ouço um cântico ou mantra que fala sobre a força da Luz e o astral começa a tornar-se diferente. A energia me visita e vejo-a se aproximando, carinhosamente. Assemelham-se a vapores, que se apresentam numa consistência finíssima, na tonalidade azul clara, quase prateada. Como disse, aproxima-se carinhosamente, vagarosamente, com sua força e poder majestoso, fazendo com que eu, num repente de respeito e remissão, tente a todo o custo reter minha corrente de pensamentos, esconder meu corpo físico e, silenciosamente, apenas observar com respeito esta energia que se apresenta desta forma.

Neste estado fiquei por algum momento, apenas observando aquela maravilha me envolvendo, até que aos poucos foi se dissipando, dissipando, vagarosamente, sem pressa sem qualquer outro movimento que não representasse a suavidade. O único pensamento que me veio naquele momento foi FELICIDADE. Senti que meus pensamentos, naquela hora, pouquíssimos, pareciam mais

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coordenados e até selecionados. Meu ritmo interno e movimentos exteriores pareciam bem mais compassados e talvez, no ritmo do Universo. Parece-me que já ouvi esse termo: Ritmo do Universo. Penso que foi isto: eu havia entrado no ritmo do Universo.

- Felicidade! Qual será o caminho da felicidade humana?... - fiquei a meditar.

- Queres compreender o caminho da felicidade, filho? - Carinhosamente o Mestre interrompia meus pensamentos. - Vamos então, falar um pouco a respeito dessa preciosidade que o homem tanto procura e é tão discutida. - continuou o Sábio.

- Qual é o primeiro passo para ser feliz, Mestre? - perguntei interessado, pois devemos admitir, que este tema é por demais importante...

- Não cobrar, filho. - Não cobrar? - Exato. - respondeu taxativamente, para em seguida continuar -

O homem não deve fazer tantas cobranças. Essas, são a origem do sofrimento humano. Medite: O homem cobra compreensão para consigo.

Cobra que seus irmãos façam exatamente aquilo que ele julga o correto. Cobra também que o resultado ou conseqüência de qualquer ato seja favorável para si...

Todas estas cobranças fazem com que o homem sofra, podando-lhe, que podemos classificar de momentos felizes. Quando o homem, filho, começar a ter maior compreensão para com os seus, estará aprendendo, não a viver, e sim, a conviver.

- Como podemos compreender?... - lembro-me de que pensei baixinho. Imediatamente, lendo meu pensamento, o Mestre continuou:

- O exercício da compreensão consiste em aplicar em seu dia-a dia, as informações que lhe são passadas, tornando-as conhecimento. Ou seja: Tudo que estás recebendo são informações, ou, para usar uma terminologia típica terrena, são “dicas” ou “toques”. Simples informações. Conhecimento é as informações quando entendidas e aplicadas. Somente compreendendo e aplicando as informações é que pode-se dizer que se tem o conhecimento. Conhecer é compreender e viver a compreensão. O homem esclarecido assim o é porque recebeu as informações, examinou, compreendeu e as coloca em prática.

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Quando é dito para que haja maior compreensão entre os homens, pretende-se que o ser em evolução aplique-se no aprendizado, compreendendo que, ao defrontar-se com um irmão em erro (como se costuma dizer), procure lembrar-se que aquele irmão, está também em processo de aprendizado e como já foi dito, não existe certo ou errado. Existe sim, ação dentro da compreensão. Cada um compreende as situações ao seu modo, de acordo com seu grau evolutivo. Se assim é, não há motivo para discriminar ou julgar a ação de outrem. Saiba que para tudo, há um preço e toda ação gera uma reação. É na ação-reação que reside a grandeza do Criador. O homem só pode colher o que plantou. O que plantar, obrigatoriamente colherá. Outra lei não há e não haverá.

Terminando esta aula, corri para me encontrar com Sadhu que havia me dado uma grande notícia: O Superior falaria comigo. Como estava completando um ano de Fazenda, iria passar por uma entrevista para ver se era admitido ou não.

Descemos por um caminho gramado até cerca de quinhentos metros abaixo, onde havia a casa do Superior.

Os quinhentos metros pareciam mais de um quilômetro. Apesar de ser um caminho agradável, ladeado de árvores floridas, pois estávamos na primavera, minha ansiedade parecia nos distanciar do nosso destino.

- O que você acha, Sadhu? - Não acho. - Sadhu foi objetivo. - Será que serei admitido?... - Não sei... - Parecia que não queria conversar. - Tô ficando nervoso, Sadhu. Será que o homem é legal? Será

que ele gostou dos meus escritos? Sadhu era a calma em pessoa. Apesar de demonstrar não querer

conversar, era o amigo que todos querem. Ah a casa, e que casa! Tinha uma varanda espaçosa onde havia

duas ou três redes. Tinha também, uma cadeira de bambu e pano que ficava suspensa por cordas. Bancos de madeira, juntamente com alguns vasos de flores, completavam a simples e bonita decoração. Fomos recebidos ali mesmo pelo Superior.

- Viva, Sadhu. - Viva, Mahal. Mahal? - pensei - Quer dizer que o Superior chama-se Mahal? - Viva, Enin. Bem-vindo.

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- Chamo-me Luís, senhor. - tentei desfazer a confusão. Sadhu olhava para mim sorrindo com os cantos dos lábios.

Notei ternura em sua expressão. A simples presença do Superior exigia respeito. Com mais ou

menos um metro e cinqüenta centímetros de altura, barba e cabelos brancos e cumpridos. Andava com um cajado, apoiando seu corpo que parecia estar chegando aos cem anos. Vestia uma mistura de batina e bata branca, tendo os punhos, a frente e a gola, decorados com pequenos desenhos dourados.

- Terás de mudar-se. - falou sério, porém com doçura. Procurei Sadhu com o olhar, mas, meu amigo desviou os olhos,

olhando para cima e para o nada. O Superior continuou sério: - Sei que gostas muito daquela ala, porém, terás de mudar-se. Eu, permanecia mudo, Sadhu, também. - Gostas da ala em frente, Enin? Afirmei com a cabeça. - Sois, de agora em diante um aprendiz. Serás batizado, aqui,

com o nome Enin. Olhava fixamente em meus olhos e quis imitá-lo. Tentei manter

meu olhar com firmeza, mas não consegui. Também o olhar daquele homem, era superior. Recebi um longo e gostoso abraço, seguido de um “Parabéns,

você vem merecendo”. Elogio este vindo de Sadhu e do Superior. O instrutor vem se aproximando, descendo aquela pequena ladeira e fazendo sinal com o braço levantado e quase gritando:

- Esperem por mim. - Olhe. Lá vem Naran. - falou o Superior. O instrutor se aproximou entregando-me uma pequena sacola

com um embrulho. Respondendo aos apelos de “a-brê... a-brê.” Cuidadosamente desfiz o pacote e surpresa! Meu uniforme novo: Calça azul, camisa branca e tênis branco. Uniforme de aprendiz. Recoloquei-os na sacola e aceitei o abraço do instrutor, que agora sabia chamar-se Naran.

O Superior disse para voltarmos para aos alojamentos. Nos despedimos e começamos a pequena subida.

Quando estávamos começando a voltar, muitos irmãos estavam nos esperando para me cumprimentar. Não cheguei a contar mas penso que foram mais de cinqüenta.

Chegando na varanda, outra surpresa: Um bolo comemorativo escrito: “Bem-vindo, Enin”. Tomamos chá com bolo e novamente recebi

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palavras de incentivo. Estranhei toda aquela festa, pois, apesar de já estar na fazenda há um ano, não sabia o nome de ninguém. Quando se encerrava a aula conversava um pouco com Sadhu e voltávamos para casa. Via sempre o instrutor mas não sabia seu nome. De repente, todos ali me saudavam como velhos amigos e já sabiam meu novo nome...

Terminada a comemoração, começamos a nos despedir do pessoal e a nos prepararmos para voltar. O instrutor, quer dizer, Naran se aproximou fazendo uma recomendação:

- Na próxima semana, Enin, procure chegar cedo, porque há os preparativos para o seu batizado. Ah! Você deve estar curioso: é Mahal quem escolhe o novo nome para os aprendizes.

Durante a volta, Sadhu me dizia que os aprendizes ficam na ala em frente a dos novatos. O ritual das aulas dos aprendizes é diferente: Depois de passarem uma hora em meditação, todos permanecem sentados em volta a uma imensa mesa redonda, enquanto estudam O Grande e Antigo Livro da Sabedoria e do Conhecimento. Neste estágio permanecem cerca de cinco a sete anos.

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Conhecendo um pouco da personalidade humana

O Mestre falou-me em um encontro anterior, sobre conhecer um pouco a personalidade humana. Sinto que será um bom aprendizado, aproveito para pedir em oração ao Criador, bastante equilíbrio na análise desta lição.

- Equilíbrio, filho? - Sinto a presença do Mestre que parece sussurrar em meus ouvidos.- Queres realmente possuir equilíbrio?

- Este pensamento é errado, Mestre? Penso que, para saber, ou melhor, para conhecer um pouco da personalidade humana, temos que ter um certo equilíbrio. Afinal, conhecer a personalidade humana pode ser também perigoso para quem não está preparado.

- Ora, viva!!! Estás realmente progredindo! O saber também é uma arma de dois gumes. Ao ouvir tudo que já te foi dito, há necessidade de equilíbrio, senão... Assim dizendo e deixando a frase incompleta, o Mestre pareceu apresentar mais um mistério.

- Faca de dois gumes, Mestre? Explique-me. - pedi, ajeitando-me no assento e tentando espantar um pernilongo que parecia querer alguma coisa.

- Muito será dado e muito será pedido. Lembra-te? Já faz algum tempo que foi passada essa afirmativa, não foi? Porém, como todo o ensinamento do Nazareno, está cada vez mais atual. Lembra-te do: “não julgueis para não serdes julgado?”, pois bem, vamos

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falar um pouco sobre alguns tipos humanos e, talvez assim, haja maior compreensão e por conseguinte, menos julgamento.

Ao deparar-te com um irmão mal humorado, não julgues. Não sabes o motivo de tal procedimento.

Ao conviver com um irmão que sempre está de mau humor, o “eterno mal humorado”, como dizem, aquieta teu poder crítico. Será que este irmão não trás, de vidas anteriores, algum trauma, que o faz assim proceder?

Ao conviver com um irmão que todos tratam por “pão duro” ou “sovina”, não traria este irmão alguma recordação de uma vida anterior, onde a escassez do dinheiro ou bens materiais o tenha marcado profundamente?

Aquele, filho, que possui gestos afeminados não seria um ser que em existência anterior, para suas experiências de aprendizado, esteve de posse de um corpo feminino e, ainda conserva lembranças nesta nova jornada, sendo que o mesmo pode acontecer com um ser que, ao habitar um corpo feminino, ainda possui alguns modos e gestos masculinos? É correto julgá-los devassos?

O orgulho, filho, leva o homem para muitos caminhos, porém, todos retornam a ponto de partida.

Aquele que vive orgulhosamente com o que tem ou com a posição que ocupa na sociedade terrena, não seria um irmão que vem de uma encarnação anterior onde faltou-lhe tudo, inclusive dignidade? Não teria este irmão, leves lembranças a incomodar-lhe e, ao encontrar-se hoje em posição privilegiada, o excesso de satisfação e contentamento, fazem-no agir desta forma, embora erradamente?

E aquele irmão que hoje trás em sua personalidade sentimentos de mandante autoritário? Não teria sido em vida anterior um fiel servidor, porém insatisfeito ou revoltado?

Será que aquelas irmãs que ainda hoje, possuem gestos ou alguns sinais que levam os homens a vê-las como meretrizes, embora mães e respeitáveis donas de casa, não trazem em sua memória lembranças inconscientes de uma vivência anterior, quando realmente passaram por essa experiência?

O irmãozinho que hoje traz consigo sentimentos de inveja não seria alguém que luta desesperadamente, em seu íntimo, para ser igual a seus irmãos? E, lutando desesperadamente para ser igual aos melhores, equivocadamente, usa de todos os meios e artifícios, sendo antipático aos seus e prejudicando muitos. Ao invés de julgá-lo, devemos compreendê-lo. Não seria, por falta de um aprendizado

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melhor ou de uma melhor compreensão sobre como lutar para conseguir realizar seus desejos, que o “invejoso” assim se comporta? Qual o melhor caminho: julgá-lo ou orientá-lo? Os irmãos que estão nos vícios são realmente perdidos, merecem eles julgamento e condenação por parte da sociedade terrena? Julgados e condenados por aqueles que também estão em processo de aprendizado e que, cheios dos mais diversos vícios, só enxergam os desacertos dos outros? Qual o melhor caminho: julgá-los ou orientá-los?

Muitos que conseguem encontrar defeitos dentro de si, sempre encontram também muitas justificativas e compreensão para si próprio, exceto para seu irmão.

Neste momento o Mestre fez uma pequena pausa. Ouço o inicio um mantra e procuro não abrir os olhos nem desconcentrar-me, pois percebo que o encontro ainda não havia se encerrado.

- O que está sendo passado para ti, filho, - o Mestre continuou - não é justificativa acerca dos procedimentos humanos são sim, explicações a respeito de algumas personalidades, que como sabes, estão sendo moldadas, melhoradas.

- Pelo que entendi, Mestre - ousei interrompê-lo - “Conhecer para compreender?”.

- Exato, filho. É conhecendo que poderemos compreender melhor ainda, é conhecendo-nos que nos compreenderemos. Esta máxima, tão difundida entre os homens, precisa ser mais bem compreendida: “Conheça-te”. Para melhor compreensão, ouça: O homem, quando começa a conhecer a si próprio, automaticamente começa a conhecer o seu irmão. Quando o Homem descobre-se, descobre todas as outras coisas, descobre parte do mistério.

Nesta longa jornada de aprendizado, o homem vive o “ser” quando na verdade deve viver o “estar”. Vivendo em constante processo de aprendizado, o homem sempre está, porém, em sua essência ele “É”.

Quando se descobre, descobre que “é”. Descobrindo que “é”, então, passa a “ser”... um com o Uno.

- Obrigado, Mestre, por mais estes Conhecimentos. - agradeci em pensamento.

Senti que sua Luz azul prateada diminuía de intensidade; fazendo aquele gesto oriental de cumprimento, embora sentado, abaixei um pouco minha cabeça dizendo: Eu agradeço, Senhor, por mais este encontro.

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Automaticamente abri os olhos e entreabri a cortina para ver se alguém tinha me ouvido, pois tive a impressão de ter “pensado alto” e percebi que os outros alunos encontravam-se concentrados. Lembro-me de que bocejei, esfreguei os olhos para me acostumar com a claridade, afinal haviam permanecidos fechados durante todo o encontro. Ajeitando-me novamente no assento, iniciei uma oração de agradecimento.

Passados alguns minutos encontrei-me com Sadhu na saída. Enquanto preparava-nos para a volta, comentei:

- Como foi o encontro, Sadhu? - Muitos estudos... - respondeu-me pensativo. - É, concordei. Realmente sinto-me cada vez melhor. Na

verdade, - continuei - a cada encontro, a cada novo ensinamento que recebo, sinto-me mais e mais “pequenino”. Sinto que quanto mais tenho compreensão, eu, todos os nossos irmãos, toda a natureza e tudo em geral, ganha uma nova dimensão. Tudo e todos são importantes e cresce ainda mais esta importância, sempre que o nosso aprendizado se aperfeiçoa, apesar da nossa humildade e pequenez.

Enquanto falava com Sadhu, senti que telepaticamente o Mestre me sussurrava. Senti uma leve brisa que tocou meus cabelos. Estranhei, pois já estávamos dentro do automóvel, que nos traria de volta para casa, e, os vidros do mesmo permaneciam fechados, não havendo razão para tal.

- Quem se humilhar (reconhecer-se pequeno) será exaltado e quem se exaltar (sentir-se maior que os outros) será humilhado. Lembra-te, filho?

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A Respeito das religiões

... E o mundo não acabou. Estamos entrando no novo milênio, e, contrariando as previsões, a Terra continua no mesmo lugar onde o Criador a colocou...

Já sabia de antemão que desta vez, o Mestre me falaria a respeito das religiões. Tenho curiosidade em saber a verdade de algumas e as falsidades de outras, enfim, a verdadeira religião ou a religião definitiva.

- Não existe religião verdadeira ou religião definitiva, querido...

- Não? - posso dizer que “o Mestre cortou a minha”. Já estava preparado para ouvir alguma revelação sobre a verdadeira religião e, ao invés disso, o Mestre simplesmente me disse que “não existe!”.

- Vamos recapitular, filho: Já te foi dito que o ser passa por um processo de aprendizado, em ascensão, neste caminho de volta ao Criador. Nessa longa caminhada, quando se encontra no estágio de pensante, conhecido por homem, passa também pelas experiências religiosas, sempre necessárias para seu progresso, pois é através da religião que o homem toma conhecimento da existência e importância daquele que o criou.

Podemos dizer que o conceito religião é tão antigo quanto o homem, assim como podemos dizer também, que foi o homem quem trouxe e divulgou para a sociedade terrena, a religião, a qual foi inspirada pelas divindades.

A intenção era e é, educar o homem, freá-lo em suas inconseqüências, elevá-lo em seus conhecimentos acerca do Criador e, o mais importante, ensiná-lo a conviver com os seus semelhantes.

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Ao longo da história, e neste “longo” considera-se milhões de anos, houve várias tentativas de esclarecer o homem, de evitar que o mesmo ficasse estagnado em seu processo de ascensão ao Todo. A cada período, surgia um ser com um pouco mais de esclarecimento, que estava a serviço do Altíssimo. Este ensinava a humanidade como se comportar, como obedecer e agradá-Lo.

A mais recente materialização do Todo que visitou a Terra, veio mostrar de várias maneiras, ao homem, seu real papel neste mundo. Durante sua permanência, ensinou através de exemplos, como ele deve realmente agir em seu caminho de ascensão. Nesse caso era o próprio Criador, fazendo-se homem e falando à criação.

Há também, aqueles que com pouquíssimos esclarecimentos e ainda com vibrações compatíveis com as sombras, trouxeram e ainda trazem aos homens, regras de conduta que elegem sutilmente os poderes das sombras como o caminho a ser seguido. É o próprio poder das sombras quem se manifesta ao homem ditando regras, agindo através do pensamento.

Eu não queria interrompê-lo, mas sentia dúvidas e ousei perguntar:

- Perdoe-me, Mestre, o Senhor disse que as religiões foram criadas pelo homem, também disse que os seres que vinham em missão, eram o próprio Criador que se fazia homem e manifestava-se...

- Entenda, filho: para Ele que é o Criador, é possível manifestar-se como humano, viver e conviver como humano, dizer-se filho ou um com o Pai e passar para o homem algumas regras de convivência, para fazê-lo apressar-se em seu caminho de volta.

Nos casos de missões de regeneração do planeta, assim aconteceu. Existiu e existem também, casos em que seres esclarecidos, de boa vontade, ditam regras de convivência ou apresentam algum conjunto de regras de sabedoria e mistérios aos humanos, sempre com a intenção de ajudá-los em sua caminhada. Nestes casos, foram os seres esclarecidos que primeiro trouxeram para o planeta o que chamam de religião. Portanto, podemos dizer que foram os homens.

Existe também, filho, alguns seres que conseguiram algum esclarecimento e tentam apresentar à sociedade terrena como verdade única ou como conhecedores do futuro. Cuidado. Não existe verdade única, pois o Criador não é verdade nem mentira, nem futuro nem passado. Como já foi dito, o Criador simplesmente É.

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- E quando o mundo acabar, Mestre? Como ficarão os escolhidos e os excluídos?

- Filho, já foi falado sobre isso. Vamos repetir: o Amor não escolhe. Simplesmente ama. Por quê o Amado iria escolher ou excluir alguns de seus filhos? O que está previsto há muito para acontecer, é que chegará o tempo em que o planeta terra cumprirá seu papel dentro da criação.

Lembrei-me de já ter lido alguma coisa a respeito. Quando chegasse a hora, haveria uma divisão de seus habitantes, quando alguns, mais adiantados, iriam para um planeta já determinado e o restante, mais atrasado, iria para outro, onde continuaria sua caminhada.

- E a volta de Jesus, Mestre? Quando Ele voltará? – insisti. - Saiba, filho, que o homem não precisa de um novo Jesus, e

sim, Jesus é que precisa de um novo homem. - É bonito, mas... não entendi! - pensei. - Vamos colocar da seguinte maneira: O Nazareno, Mestre dos

Mestres, precisa de novos homens para que a humanidade se renove.

Quando Ele esteve entre os homens, viveu como homem e apresentou-se como filho do Criador, os homens só o enxergaram como tal. Nenhum o enxergou como o Cristo Cósmico. A Luz das Luzes. A própria presença do Criador entre sua criação. O Cristo que o mundo conheceu, filho, foi apenas a representação humana do que realmente É... e sempre será.

Ele não voltará, querido, pois na verdade não se foi. Ele é a Luz e a Luz nunca se vai. A Luz simplesmente existe. A

representação humana do Cristo, sim. Ele veio, ensinou da maneira nunca antes apresentada, para não mais voltar, como Cristo.

- Mas Ele prometeu, Mestre! - Prometeu o quê? - Que voltaria... - Tens certeza dessa promessa? - Sei lá, está escrito! - Onde e por quem? - Acho que... no Novo Testamento... - Queres saber o que aconteceu naqueles dias? Queres regredir

tua memória até os últimos dias do Nazareno entre os homens? - É possível, Mestre? - gaguejei - É possível saber exatamente o

que aconteceu?

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Encontros com um Mestre Devany A. Silva

- Está em tua memória e na de muitos, querido. Eu não definiria como possível saber, e sim, como possível lembrar-se. Se queres realmente saber, saberás; mas, não temos nenhuma razão para tal. Apenas curiosidade? Vamos falar de presente e não de passado.

Falei a ti que o Nazareno não voltaria como humano, não foi? Pois bem. Falei também que não existe religião verdadeira ou definitiva, não? Agora ouça: já, há algum tempo, está sendo apresentado aos seres que voltam a Terra, os verdadeiros conceitos acerca da criação, que deverão permanecer por mais alguns milênios entre os homens. Sabemos de antemão que, com o passar dos anos muitas destas informações serão mudadas, trocadas ou alteradas. Isto é normal ... “a história se repete”.

Está sendo reapresentando aos humanos um pouco da realidade da criação. Pretendemos que os velhos conceitos sejam varridos do planeta neste novo ciclo que se inicia. Alguns seres em estágios mais adiantados, tanto os que já aqui vivem, como aqueles que estão chegando, desenvolverão neste planeta uma sociedade compatível com o seu grau evolutivo, e aos poucos, os muitos que haverá, terão condições de ascenderem com maior facilidade.

Não será, filho, religião verdadeira, pois, será a religião compatível com os seres. Todos estarão vivendo dentro do mesmo conceito. Também não será a religião definitiva, pois, estando os seres em ascensão, em progresso, nada pode ser definitivo. É o Nazareno que se faz presente, filho. Desta vez com nova missão. A Santa Missão de reestruturar a sociedade terrena.

Não procurem mais o Cristo que conhecem, ou supunham conhecer e sim, o Cristo que ainda não conheceram. Procurem o Cristo Luz. Abra os olhos para enxergar a luz verdadeira, filho.

Assim dizendo, sua Luz começou a mudar da tonalidade azul prateada para o branco cintilante e ouço novamente uma espécie de música ou simplesmente sons indefinidos. Ao fundo, em minha tela mental, surge um planeta que parece pegar fogo e o identifico como sendo a Terra. Olho atentamente e o que, a princípio parece fogo, identifico como sendo uma espécie de fogo branco, alvíssimo e reluzente. Percebo então, a Terra a brilhar. Ouço novamente a voz do Mestre:

- Em tua caminhada, não esqueças: o importante não é o que achamos que somos e sim o que nossos irmãos pensam que somos. Afinal, somos o que respondemos, e não, o que, por vezes, pensamos em dizer. Convém ainda registrar, filho, que tudo o que já

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foi falado e mostrado, refere-se ao teu nível de entendimento e é apenas uma ínfima parte do que chamam de mistério. É importante que isso fique claro.

Temos também a dizer que este é um nível de compreensão para ti e também para alguns, que se encontram em graus semelhantes. Há muitos outros níveis de compreensões.

Agora, ouça bem o que digo: irás transformar os escritos em um livro, para te redimires com teus irmãos. É chegada a hora, filho. Fostes comandante de uma equipe que num dia longínquo invadiu e incendiou um povoado, quando então, arrancastes um precioso livro de estudos religiosos daquela comunidade. Humildemente, devolva-o agora.

Enquanto o Mestre falava comecei a tremer. Via-me envolto em círculos de fumaça com um pesado livro em minhas mãos. Mal podia carregá-lo com a mão esquerda e controlar meu cavalo com a mão direita que estava ferida. Via claramente o sangue escorrer pelo lado direito do meu peito; pensava e jurava vingança: Ainda bem que não é no meu coração. Juro que voltarei aqui e incendiarei o que ainda restar, se restar. - dizia.

Segui adiante, naquele estado, procurando estancar o sangue com a capa do livro e sentindo minhas forças fraquejarem. Mais alguns metros e não resisti. Caí do cavalo e procurando mais proteger o livro que a mim, deixei-o entre algumas pedras que ficavam escondidas por uma moita.

- Então, filho, uma semana após ser socorrido por companheiros seus, você voltou àquele local, pegou o livro e levou-o para sua casa. A curiosidade em saber o que estava escrito naquele livro tão representativo para aquela comunidade, fez com que você, por alguns meses, tivesse-o como um livro de cabeceira. Lestes tanto que chegastes a decorá-lo.

Por alguns instantes o Mestre calou-se. Desta vez minha mente sofreu várias oscilações passageiras,

passando do eufórico para o triste. Senti que o contato havia se encerrado, e, para dizer a verdade, ao abrir os olhos e tentar me refazer eu não sabia exatamente para onde olhar. Sentia-me com tamanha responsabilidade misturada com medo que, ao mesmo tempo cheguei a pensar como no começo: Tudo isso não será realmente minha imaginação?

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Previ um início de crise de choro e me contive. O encontro realmente havia se encerrado, porém voltei a fechar os olhos e por alguns minutos assim permaneci. Estranhei que, ao fechar os olhos, não havia escuridão, e sim, claridade. Coloquei as mãos por sobre os olhos, tapando-os, e a claridade permaneceu.

- Chegou a hora, filho, em que aquele livro deve ser devolvido. Muitos, daquela comunidade, acredite, estão encarnados no presente e, de uma maneira ou de outra o terá de volta.

No livro que vais apresentar estão escritos todos os ensinamentos que havia naquele.

Há também alguns dos ensinamentos que aqui estudarás.

Estão juntos para que você não saiba o que pertence ao livro e o que estudarás conosco.

Agora, querido, se refaça e agradeça ao Criador pela oportunidade de remissão e também por estares conosco.

- Lembre-se: Se tratares teus semelhantes aos gritos, eles assim te responderão, filho. Se fores gentil e educado, assim serão contigo. Se fores honesto e bondoso, sempre receberás a visita de irmãos honestos e bondosos. Os desonestos e maldosos se afastarão de ti. Se fizeres o bem para teu próximo, falarão bem de ti e sempre serás bem lembrado. Tua aura brilhará cada vez mais. Se fechares teus ouvidos às maledicências ou comentários maldosos, ninguém virá a ti com fofocas ou críticas. Se fores compreensivo com os teus, os compreensivos se aproximarão de ti. Os revoltados, algumas vezes, o farão apenas para desabafar contigo. Se pensas em orientar alguém, que seja através do exemplo. Pagando o mal com o mal estarás avolumando-o no planeta. Só se pode combater o mal, pagando-o com o bem.

E, finalmente, não te esqueças, filho: A ovelha, apenas por instinto, sabe que precisa do pastor, mas para o pastor, toda ovelha é preciosa.

Era o Mestre que telepaticamente falava comigo, enquanto a Luz permanecia à minha frente.

Abri os olhos, levantei-me e com um gesto de cabeça cumprimentei Sadhu que se aproximava. Saí apressadamente e, quase tropeçando em minhas próprias pernas. Da varanda, olhei para o firmamento na mesma hora em que uma estrela cadente rasgava o céu. Sentei-me no chão de qualquer jeito, não me importando em sujar minha calça branca, fechei os olhos e tive uma crise de choro.

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Passados alguns minutos, ainda com os olhos fechados, ouvi o Mestre dizer:

- E por fim, lembra-te: Há uma diferença entre saber que existe

o caminho e percorrê-lo. Estás pensando em perguntar qual o principal objetivo de nossos encontros: Eu lhe digo: Estás conosco para aprender realmente, a difícil arte de amar ao próximo. Para tanto, deve começar amando a si próprio.

O aprendizado continua...

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