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    O EXAME NACIONAL DE DESEMPENHO DOS ESTUDANTES(ENADE) DOS CURSOS DE PEDAGOGIA DO ESTADO DOMARANHO: O QUE OS CONCEITOS REVELAM?

    Ana Lcia Cunha DuarteUniversidade de Braslia (UnB)

    [email protected]

    Resumo: O presente artigo busca discutir os resultados do Exame Nacional de Desempenhodos Estudantes (Enade) dos cursos de Pedagogia no Estado do Maranho. Para fundamentar adiscusso sobre a temtica fez-se um levantamento da trajetria do curso de Pedagogia, como objetivo de compreender historicamente esse curso; em seguida, apresenta-se o contexto daatual poltica de avaliao da educao superior no Brasil, com foco no Enade; e por ltimo, so

    discutidos os indicadores do Enade de 2005 e 2008 dos cursos de Pedagogia do Maranho.Palavras-chave: curso de pedagogia; avaliao da educao superior; exame nacional de

    desempenho dos estudantes (Enade).

    INTRODUO

    Este artigo objetiva apresentar os resultados obtidos na pesquisa realizada na base de

    dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep), sobre

    o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) com nfase nos cursos de Pedagogia

    ministrados no Estado do Maranho. O recorte temporal da anlise corresponde aos resultadosdo Enade obtidos no exame de 2005 e de 2008.

    Em perodo recente a avaliao adquiriu grande centralidade, passando a fazer parte das

    estratgias desenvolvidas pelo estado no intuito de aferi qualidade dos cursos de graduao,

    consequentemente, das instituies de educao superior brasileira. Nesse sentido, a avaliao

    constitui-se como tema de expressiva complexidade, apresentado uma carga muito forte de

    subjetividade, que propicia inmeros argumentos contra e a favor da mesma.

    O Enade o componente do Sistema Nacional de Avaliao da Educao Superior

    (Sinaes), com maior destaque na mdia e com maior repercusso de seus resultados. Caberessaltar que o Sinaes inclui outras dimenses, tais como: (i) avaliao da instituio por meio

    da auto-avaliao; (ii) avaliao de curso, realizada por avaliadores externos selecionados pelo

    Ministrio da Educao.

    Na tentativa de melhor estruturar o presente artigo, fez-se a organizao do estudo em

    trs partes, alm da introduo e das consideraes nais. Na primeira parte do artigo, apresenta-

    se uma retrospectiva da trajetria do curso de Pedagogia no Brasil. Essa parte foi considerada

    relevante, porque permite de forma sucinta apresentar um pouco do percurso histrico do curso.

    Na segunda parte, discute-se a poltica de avaliao da educao superior, com foco no Sinaes,

    em especial, o Enade, objeto deste estudo. Na ltima parte, so analisados os indicadores dos

    cursos de Pedagogia no Estado do Maranho, nos anos de 2005 e 2008.

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    Trajetria do curso de Pedagogia

    A formao de professores para o ento ensino secundrio, em tese, tem incio com

    a Lei n 88, de 08 de setembro de 1892, promulgada no incio do perodo republicano, que

    institui o Curso Superior da Escola Normal e tinha como objetivo principal formar professores

    secundrios. Vale ressaltar, que o curso criado nunca foi implantado, mesmo a legislao tendopermanecido em vigor por quase trs dcadas. Somente a partir da promulgao do Decreto

    n 19.851, de 11 de abril de 1931 quando o ento Ministro da Educao, Francisco Campos,

    organizou o Estatuto das Universidades Brasileiras em novas bases, criando a Faculdade de

    Educao, Cincias e Letras, que em 1939, passou a ser Faculdade de Filosoa, Cincias e Letras,

    houve a determinao de prossionalizar os candidatos ao magistrio do ensino secundrio.

    Segundo Saviani (2007), o caminho efetivo de introduo da Pedagogia na Universidade

    se deu pelos Institutos de Educao, concebido como espao de cultivo da educao entendida

    no apenas como objeto do ensino, mas tambm da pesquisa. As duas principais iniciativasforam: o Instituto de Educao do Distrito Federal, estruturado e implantado por Ansio Teixeira,

    em 1932, e dirigido por Loureno Filho; e o Instituto de Educao de So Paulo implantado, em

    1933, por Fernando de Azevedo.

    Com o Decreto 3.810, de 19 de maro de 1932, Ansio Teixeira se prope a erradicar o

    vcio de constituio das escolas normais que, pretendendo ser, ao mesmo tempo, escolas de

    cultura geral e de cultura prossional, falharam lamentavelmente nos dois objetivos (VIDAL,

    2001).

    Como forma de resolver o problema, a Escola Normal foi transformada em Escola

    de Professores, cujo currculo inclua no 1 ano as disciplinas: Biologia Educacional;

    Sociologia Educacional; Psicologia Educacional; Histria da Educao; Introduo ao Ensino,

    contemplando trs aspectos: princpios e tcnicas; matrias de ensino abrangendo clculo,

    leitura e linguagem, literatura infantil, estudos sociais e cincias naturais; prtica de ensino,

    realizada mediante a observao, experimentao e a participao. A Escola de Professores

    contava com uma estrutura de apoio que envolvia: jardim de infncia, escola primria e escola

    secundria, os quais funcionavam como campo de experimentao, demonstrao e prtica de

    ensino. Contava, ainda, com o apoio do Instituto de Pesquisas Educacionais, Biblioteca Central

    de Educao, Bibliotecas Escolares, Filmoteca, Museus Escolares e Radiodifuso (SAVIANI,2007).

    Fica claro, dessa forma, que, os Institutos de Educao foram pensados de maneira

    a incorporar as exigncias da Pedagogia que buscava naquele momento se rmar. Pretendia-

    se, assim, corrigir as insucincias das velhas Escolas Normais. Tanuri (2000) diz que essas

    Escolas tinham um curso hbrido que oferecia, ao lado de um exguo currculo prossional, um

    ensino de humanidade e cincias quantitativamente mais signicativo.

    Os Institutos de Educao foram elevados ao nvel universitrio, sendo o Instituto

    de Educao paulista incorporado Universidade de So Paulo (USP), fundada em 1934 e oInstituto de Educao do Distrito Federal incorporado Universidade do Rio de Janeiro, em

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    1935. A formao dos professores das disciplinas dos cursos da Faculdade de Filosoa, Cincias

    e Letras estava assegurada, pois existiam as disciplinas correspondestes no currculo das escolas

    secundrias. J na Pedagogia, as disciplinas cursadas eram escassas nos currculos das escolas

    normais. A Lei Orgnica do Ensino Normal disps um currculo em que predominavam as matrias

    de cultura geral sobre as especcas da formao prossional. Segundo Silva (2003), para agravara situao, essa mesma lei determinava que, para lecionar no Curso Normal era suciente, em

    regra, o diploma de ensino superior. A pedagogia ca com um campo de trabalho muito restrito.

    O curso de Pedagogia foi institudo no Brasil atravs do Decreto-Lei n 1.190, de 04

    de abril de 1939. A Faculdade de Filosoa da Universidade do Brasil tinha dupla funo nesse

    momento, formar bacharis e licenciados para vrias reas, inclusive o setor pedaggico. O

    decreto instituiu o padro federal ao qual todos os currculos bsicos do pas tinham que se

    adaptar. Para a formao dos bacharis, cou determinada a durao de trs anos, que seria

    adicionado mais um ano do curso de didtica. Com isso, formava tambm o licenciado, numesquema que cou conhecido trs mais um (ROMANELLI, 2005).

    Aps a aprovao da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDBN

    n 4.024/61, de 20 de dezembro de 1961, o curso de Pedagogia ganha uma nova regulamentao

    decorrente do Parecer 251/62, de autoria do conselheiro Valnir Chagas, aprovado pelo ento

    Conselho Federal de Educao (CFE). O texto tece consideraes sobre a indenio do curso,

    como arma Saviani (2007), refere-se controvrsia relativa sua manuteno ou extino;

    lembra que a tendncia que se esboa no horizonte a de formao dos professores primrios

    em nvel superior e a formao dos especialistas em educao em nvel de ps-graduao,

    hiptese que levaria extino do curso de Pedagogia.

    A promulgao da Lei n 5.540/68 trouxe dispositivos que modicaram o currculo do

    curso de Pedagogia, entre eles destacam-se as habilitaes tcnicas voltadas para a formao

    de especialistas em educao e planejamento. Em 1968, com a aprovao do Parecer do CFE

    n 252/69, foram introduzidas pequenas alteraes no curso de Pedagogia. O curso destinava-

    se formao do tcnico em educao e do professor de disciplinas pedaggicas do Curso

    Normal, atravs do Bacharelado e da Licenciatura, cursados concomitantemente com durao

    de quatro anos.

    Diante da indenio por que passava o curso de Pedagogia, da insegurana e dainsatisfao dos estudantes e prossionais ligados rea da educao, ganhava corpo idia

    de se reformular no apenas o rol de contedos do curso, mas tambm sua estrutura curricular.

    Na Reforma Universitria de 1968 percebeu-se, atravs do Parecer CFE n 252/69, que j no

    seu enunciado ca claro quanto aos currculos e durao do curso de graduao em Pedagogia,

    visando formao de professores para o ensino normal e de especialista para as atividades de

    orientao, administrao, superviso e inspeo no mbito das escolas e sistemas de ensino.

    O curso de Pedagogia passa a ser composto por duas partes: uma comum, constituda

    por matrias bsicas formao de qualquer prossional na rea, e uma diversicada, em funode habilitaes especcas. Assim, tanto as habilitaes regulamentadas pelo documento legal

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    quanto as que podem ser acrescidas pelas Universidades e estabelecimentos isolados fazem

    parte de um nico curso, com o ttulo de curso de Pedagogia.

    Com a promulgao da Lei n 5.692/71, a obrigatoriedade da prossionalizao para a

    docncia no 2 grau (atual Ensino Mdio) passa a ser uma exigncia. A partir de ento, o curso

    de Pedagogia tem exclusividade na formao de especialistas e docentes para atuarem no CursoNormal. Este, por sua vez, perde o status de escola e at de curso, tornando-se apenas uma

    habilitao especca do antigo 2 grau.

    Na dcada de 70, professores e estudantes universitrios organizam-se no sentido de

    controlar o processo de reforma dos cursos de formao de professores no Brasil. Em 1979,

    aconteceu o I Seminrio de Educao Brasileira, realizado na Universidade de Campinas, que se

    constituiu em uma oportunidade para iniciar uma reao mais organizada no sentido do pensar

    conjuntamente os estudos pedaggicos em nvel superior. Em 1980, acontece a I Conferncia

    Brasileira de Educao, realizada na PUC de So Paulo, onde se buscou desencadear umamobilizao nacional visando intervir nos rumos do processo, atravs da criao do Comit

    Nacional Pr-Reforma dos Cursos de Formao de Educadores, que atuaria atravs da articulao

    de comits regionais.

    A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Lei 9.394 de 20 de dezembro de

    1996, ao apontar alguns indicadores, com vistas formao de prossionais para a educao

    bsica, trouxe novamente a discusso sobre a identidade do curso de Pedagogia sendo que desta

    vez envolvida com novas questes. No art. 62, introduz os Institutos Superiores de Educao

    como local de formao de docentes para atuar na educao bsica e, no art. 63, Inciso I,

    incluiu, dentre as tarefas desses Institutos, a manuteno do Curso Normal Superior destinado

    formao de docentes para a educao infantil e s sries iniciais do ensino fundamental, dando

    margem a especulaes a respeito da continuidade do curso de Pedagogia, no desempenho da

    funo que lhe vinha sendo atribuda.

    A LDB 9.394/96, contrariando o debate que vinha acontecendo em todo o pas desde

    o incio dos anos 80, que defendia a reformulao do curso de Pedagogia e Licenciaturas,

    estabelecendo o princpio da docncia como base da identidade prossional de todos os

    prossionais da educao (SILVA, 2003, p. 68).

    A aprovao do Parecer CNE/CP n 5/2005, pelo Conselho Pleno do Conselho Nacional deEducao, em 13 de dezembro de 2005, reexaminado pelo Parecer CNE/CP 3/2006, aprovado em

    21 de fevereiro de 2006 e homologado pelo Ministro da Educao em 10 de abril de 2006, tenta pr

    m a discusso sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduao em Pedagogia,

    Licenciatura. Essa discusso j perdurava por mais de 25 anos, pelos pontos polmicos que o texto

    das Diretrizes traz, a permanncia dessas discusses deve continuar por muito tempo.

    Prevaleceu no texto da Resoluo CNE/CP n 1/2006, de 15 de maio de 2006, que

    trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, a concepo de que o

    pedagogo um docente formado em curso de Licenciatura para trabalhar na Educao Infantil enas sries iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Mdio, na modalidade Normal,

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    de Educao Prossional na rea de servios e apoio escolar e em outras reas nas quais estejam

    previstos conhecimentos pedaggicos. Acrescenta-se ainda a participao na organizao e

    gesto de sistemas e instituies de ensino, englobando: planejamento, execuo, coordenao,

    acompanhamento e avaliao de tarefas prprias da educao; avaliao de projetos e

    experincias educativas no-escolares e produo e difuso do conhecimento cientco-tecnolgico do campo educacional, em contextos escolares e no escolares. Fica muito clara a

    destinao, o objetivo do curso.

    A Resoluo do CNE/CP n 1/2006, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais

    para o Curso de Pedagogia, Licenciatura, apresenta divergncias com a Resoluo CNE/CP

    n 2/2002 que institui a durao e a carga horria dos cursos de licenciatura de graduao

    plena de formao de professores da Educao Bsica em nvel superior, estabelecendo que

    a integralizao seja de no mnimo 2.800 horas, nos quais a articulao entre teoria e prtica

    garanta, nos termos dos seus projetos pedaggicos, as seguintes dimenses dos componentescomuns: 400 horas de Prtica vivenciada ao longo do curso, 400 horas de Estgio Curricular

    Supervisionado a partir do incio da segunda metade do curso, 200 horas para outras atividades

    acadmico-cientco-culturais e 1.800 horas para os contedos curriculares de natureza

    cientco-cultural. Observa-se, na reestruturao dos cursos de Pedagogia grande indenio

    no que se refere Prtica, Estgio e Atividades Complementares que no cam explcitas nas

    Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia.

    A questo central da pedagogia , portanto, a formao humana mediante a qual os

    indivduos adquirem caractersticas humanas necessrias para a vida em sociedade, considerando

    uma realidade sempre em mudana (LIBNEO, 2006). A formao humana de acordo com a

    realidade global e local, com indivduos reais com suas diculdades de ordem social, afetiva,

    econmica e poltica. nesse cenrio que a pedagogia tem o papel de atuar, de contribuir com

    a formao de indivduos que possam viver em harmonia e com dignidade numa sociedade to

    cheia de contradies e injustias.

    Para Libneo (2006), a Resoluo CNE/CP n 1/2006, representa um fechamento nas

    perspectivas de formao. Ela exclui a Pedagogia enquanto campo cientco em relao s

    cincias sociais, no favorece a insero dos processos e prticas de formao na realidade do

    mundo contemporneo e empobrece o campo de referncias da investigao pedaggica.Cabe, ainda, um destaque ao entendimento expresso nas Diretrizes Curriculares

    Nacionais para o Curso de Pedagogia, Licenciatura quanto gesto. Gesto deciso,

    organizao e direo, entende-se como atividade que provoca a impulso de uma organizao.

    A gesto da educao na era da globalizao exige transformaes que vo desde o conceito de

    escola, de autonomia e de participao, at democracia. Para o desenvolvimento da cidadania,

    a gesto necessita se apoiar nos princpios da construo coletiva do projeto da escola. Ferreira

    (2006) acrescenta que o redirecionamento do compromisso da escola, como agncia de

    formao, no pode vincular-se, meramente, lgica do mercado de trabalho, mas cumprir suafuno social, isto , cumprir seu papel poltico-institucional.

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    Defende-se que, se o curso no for entendido no seu verdadeiro objetivo, os estudantes

    passaro pelo curso, adquiriro um diploma universitrio, mas no ultrapassaro o nvel da

    doxa(o saber opinativo) como diz Saviani (2007), reduzindo-se a formao de nvel superior

    mera formalidade. O que se tem visto nos ltimos anos tem sido exatamente a mera formalidade

    na certicao dos cursos de formao de professores, nos quais muitos estudantes passam peloensino superior sem ampliar seu capital cultural, mantendo um tipo de pensamento ainda com

    fortes caractersticas de senso comum.

    Se a falta de clareza e de denio permanecerem, j se pode antever que tipo de

    qualidade ter o trabalho pedaggico dos novos professores formados para atuarem nas escolas

    de Educao Infantil e de Ensino Fundamental. lamentvel reconhecer, mas nesse caso, a

    contribuio que o pedagogo pode dar educao brasileira de permanecer com nveis de

    qualidade abaixo do desejado.

    Avaliao da educao superior no Brasil

    As polticas de avaliao da educao superior brasileira tem na dcada de 1980, as

    primeiras iniciativas do Ministrio da Educao para tornar a avaliao mais sistemtica, por

    meio do Programa de Avaliao da Reforma Universitria (PARU) e do Grupo Executivo para

    a Reforma da Educao Superior (GERES). Na dcada de 1990, o Programa de Avaliao

    Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB) e o Exame Nacional de Cursos (ENC),

    criado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 2002), foram os dois

    modelos de avaliao desse nvel de ensino usados no Brasil.

    O incio do primeiro mandato do governo do presidente Lus Incio Lula da Silva (2003 -

    2006), a comunidade universitria comeou um processo de organizao para discutir a avaliao

    das IES. A Universidade Federal do Paran realizou em maro de 2003, o Seminrio Internacional

    de Avaliao Institucional na Educao Superior em parceria com a Pontifcia Universidade

    Catlica (PUCPR), com o Instituto Internacional de Estudos Avanados em Cincias, Tcnicas

    e Cultura e a Rede de Avaliao das Instituies de Educao Superior (RAIES). O objetivo era

    discutir uma rede de cooperao interuniversitria que pudesse contribuir para a formulao de

    polticas pblicas na rea de educao superior latino-americano.

    A Universidade Estadual de Campinas por meio da Faculdade de Educao, tambmem maro de 2003, realizou 3 Seminrio de Avaliao Educacional. A partir das discusses

    foi elaborado um documento com as principais questes: (i) a construo de uma poltica de

    avaliao para todos os nveis de educao; (ii) introduo de modicaes na gesto do processo

    de avaliao; (iii) seleo para o acesso s educao superior; (iv) programas de educao

    continuada; (v) integrao dos esforos no desenvolvimento de instrumentos de mensurao e

    vericao da situao da educao no pas; (vi) reconhecimento do papel da universidade em

    relao discusso da avaliao em todos os seus nveis.

    Em abril de 2003, o Inep realizou em Braslia o Seminrio Avaliao para qu? Avaliandoas Polticas de Avaliao Educacional com a tentativa de envolver a comunidade acadmica e

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    poltica para discutir a questo da avaliao. A partir da interlocuo com os envolvidos com a

    temtica, um clima de mobilizao foi gerado em busca de uma avaliao comprometida com

    a transformao da educao superior.

    Em 2003, foi formada a Comisso Especial de Avaliao (CEA), pelo Ministro da

    Educao, presidida pelo prof. Jos Dias Sobrinho, reconhecido pela comunidade acadmicacomo defensor da avaliao como processo de responsabilizao social, que deve ser construdo

    a partir do modelo de educao que o pas quer ter. Em agosto do mesmo ano, a Comisso

    entregou ao Ministro da Educao, o documento elaborado a partir dos debates com sociedade

    sobre avaliao da educao superior. O documento recebeu o nome de Sistema Nacional de

    Avaliao da Educao Superior (Sinaes). De acordo com a proposta da CEA, o Sinaes teria a

    IES como foco central, onde integraria todos os instrumentos de avaliao da educao superior

    a: (i) auto-avaliao; (ii) avaliao institucional externa; (iii) avaliao das condies de ensino;

    (iv) Processo de Avaliao Integrada do Desenvolvimento Educacional e da Inovao da rea(PAIDEIA).

    O Sinaes, nesta proposta, utilizaria ainda, outros instrumentos de informao, como:

    censo da educao superior

    cadastro das instituies e cursos

    sistemas de registros da Capes e da Secretria da Educao Mdia e tecnolgica do

    MEC

    plano de desenvolvimento institucional

    projeto poltico-pedaggico dos cursos

    A proposta da Comisso era da gesto do sistema integrado de avaliao car sob a

    responsabilidade da Comisso Nacional de Avaliao da Educao Superior (CONAES). Este

    instrumento, segundo Dias Sobrinho (2003), permitira as instituies corrigirem eventuais

    problemas sob a superviso de uma comisso nacional, envolvendo todos os sujeitos e

    abrangendo os diversos aspectos da educao superior, permitindo avaliar as IES de uma forma

    muito mais ampla e consistente.

    A proposta apresentada pela Comisso extinguia o Exame Nacional de Cursos, o

    provo, que logo comeou a receber crticas, no s por parte de lideranas polticas, mas

    tambm de instituies de educao superior, principalmente, as do setor privado. Passadostrs meses da apresentao do documento pela Comisso, o projeto do Sinaes encaminhado a

    Casa Civil pelo Ministro da Educao para ser discutido no Congresso Nacional. O documento

    encaminhado no foi o mesmo apresentado pela Comisso, no continha a essncia da proposta

    do Sinaes. O novo documento foi chamado de Sistema Nacional de Avaliao e Progresso do

    Ensino Superior (SINAPES) que se apoiava em quatro pilares:

    o processo de ensino a partir da informao do corpo docente

    o processo de aprendizagem com base em exame nacional

    a capacidade institucional, informao sobre a instituio a responsabilidade do curso com a sociedade em geral

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    Esses pilares formariam o ndice de Desenvolvimento do Ensino Superior (IDES). Com

    o ndice o MEC continuaria classicando os cursos e respondendo aos anseios e s necessidades

    da sociedade e tambm do governo. Essas mudanas partiram do ento Ministro da Educao,

    Cristovam Buarque, e foram em razo das inmeras crticas feitas pela imprensa que defendia

    a permanncia do provo.Perim (2007) esclarece que durante a tramitao da medida provisria, a proposta

    recupera elementos importantes do texto original, e embora no contemple totalmente o trabalho

    da CEA, integra os instrumentos propostos em um sistema que busca articular regulao e

    avaliao educativa, o que foi considerado um grande avano para a avaliao da educao

    superior brasileira.

    Decorridas as discusses e as alteraes do projeto inicial sobre avaliao da educao

    superior, em 14 de abril de 2004, o Sistema Nacional de Avaliao da Educao Superior

    (Sinaes) foi institudo pela Lei 10.861/04

    1

    , e em 09 de julho de 2004, foi regulamentado pelaPortaria do MEC n 2.051/042. De acordo com o Art. 1 da referida Portaria

    O Sinaes tem por nalidade a melhoria da qualidade da educao superior, a orientaoda expanso da sua oferta, o aumento permanente da sua eccia institucional eefetividade acadmica e social, e especialmente a promoo do aprofundamento doscompromissos e responsabilidades sociais das instituies de educao superior, pormeio da valorizao de sua misso pblica, da promoo dos valores democrticos,do respeito diferena e diversidade, da armao da autonomia e da identidadeinstitucional.

    Trs componentes bsicos compem o Sinaes, a avaliao das instituies, dos cursos edo desempenho dos estudantes. O Sinaes, ao promover a avaliao de instituies, de cursos e

    de desempenho dos estudantes, dever, conforme o Art. 2 da Lei 10.861/04, assegurar:

    I avaliao institucional, interna e externa, contemplando a anlise global e integrada

    das dimenses, estruturas, relaes, compromisso social, atividades, nalidades e

    responsabilidades sociais das instituies de educao superior e de seus cursos;

    II o carter pblico de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos

    avaliativos;

    III o respeito identidade e diversidade de instituies e de cursos;IV a participao do corpo discente, docente e tcnico-administrativo das instituies

    de educao superior e da sociedade civil, por meio de suas representaes.

    A avaliao das instituies de educao superior tem por objetivo identicar o perl e o

    signicado de sua atuao, por meio de suas atividades, cursos, programas, projetos e setores,

    1 Lei 10.861, de 14 de abril de 2004. DOU n 72, 15/04/2004, seo 1, p. 3-4. Institui o Sistema Nacional deAvaliao da Lei 10.861, de 14 de abril de 2004. DOU n 72, 15/04/2004, seo 1, p. 3-4. Institui o Sistema Nacional de Avaliao daEducao Superior (SINAES) e d outras providncias.

    2 Portaria n 2.051, de 9 de julho de 2004 que regulamenta os procedimentos de avaliao do Sistema Nacional de Ava- Portaria n 2.051, de 9 de julho de 2004 que regulamenta os procedimentos de avaliao do Sistema Nacional de Ava-liao da Educao Superior (SINAES), institudo no Lei n 10.861, de 14 de abril de 2004.

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    considerando as diferentes dimenses institucionais; j a avaliao dos cursos de graduao tem

    por objetivo identicar as condies de ensino oferecidas aos estudantes, em especial as relativas

    ao perl do corpo docente, s instituies fsicas e organizao didtico-pedaggica.

    O Enade um dos componentes da avaliao de curso. Decises regulatrias no so

    tomadas em funo do resultado do desempenho dos estudantes. Os primeiros resultadosdo Enade divulgados pelo Inep foram em 2005, correspondentes ao exame de 2004, que foi

    realizado para os cursos das reas de cincias da sade e cincias agrrias, em 2005, foram os

    cursos das reas de cincias humanas e exatas e em 2006, para as demais reas. Os resultados

    do Enade so sempre divulgados no ano seguinte a realizao do exame. Deve-se considerar

    que o ciclo de avaliaes trienal, portanto, em 2007, foi novamente realizado o Enade na rea

    de cincias da sade e cincias agrrias, que tem o ciclo de avaliao da rea fechado, pois os

    estudantes ingressantes em 2004, possivelmente so os concluintes de 2007, e assim segue com

    as outras reas.Desde 2005, alm do conceito Enade, divulgado, para cada um dos cursos de graduao,

    o Indicador de Diferena entre o Desempenho Observado e o Esperado (IDD). O objetivo do

    Inep com o ndice que seja avaliada a qualidade do curso tomando como base a diferena do

    desempenho esperado e do observado, alcanado pelos estudantes ingressantes e concluintes.

    O IDD um indicativo do efeito dos cursos com relao ao conhecimento dos estudantes e

    tambm indica a diferena entre o desempenho mdio observado dos concluintes e o estimado

    para eles.

    Em 2007, institudo pelo Inep o Conceito Preliminar de Curso (CPC), divulgado em

    2008, mas referente ao ano de 2007. O CPC sintetiza os resultados dos conceitos Enade e

    IDD em um nico valor, e tem a seguinte composio: (i) Enade com 40%; (ii) IDD 30%; (iii)

    instalaes e infraestrutura 3%; (iv) recursos didticos 8%; (v) percentual de doutores 12%; e

    percentual de professores com tempo integral 7%. Percebe-se que 80% do CPC decorrente do

    resultado de avaliao alcanados pelos estudantes, ou seja, o peso maior recai no desempenho

    do aluno.

    Em 2009, divulgado o ndice Geral de Cursos (IGC), um indicador que busca expressar

    a qualidade de todos os cursos de graduao, mestrado e doutorado. Segundo Bittencourt;

    Casartelli; Rodrigues (2009), inicia-se uma nova etapa nas avaliaes em larga escola e asIES passam a ter seu IGC divulgado anualmente (p. 670). A divulgao do IGC gerou grande

    repercusso pela impressa. Barreyro (2008) teme, que a divulgao de novos indicadores se

    aproxime mais de visibilidade publicitria do que, propriamente, da avaliao da qualidade.

    O Enade dos cursos de Pedagogia no Estado do Maranho

    O quadro educacional maranhense reete as contradies geradas pela situao de

    desenvolvimento vivida pelo Estado. Cabe destacar, na economia, o desequilbrio entre um

    setor primrio fundamentado em prticas agro-pecurias ainda rudimentares, um crescimentoindustrial marcado pela implantao de grandes projetos em reas maranhenses extensas,

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    um aumento do servio pblico, no qual o Governo aparece na condio de grande gerador e

    provedor de bens e servios. Os elevados ndices de analfabetismo e evaso escolar somam-

    se, por exemplo, os dos professores despreparados para o exerccio da docncia nas escolas de

    Educao Bsica. A seguir apresentado o quadro 1 com os conceitos alcanados pelos cursos

    de Pedagogia no Enade de 2005 e 2008.

    Quadro 1: Enade dos cursos de Pedagogia do Estado do Maranho: conceitos de 2005 e 2008

    Conceitos Enade 2005 2008

    1 1 9

    2 2 4

    3 5 5

    4 3 5

    5 ---- 2

    SC 9 1

    TOTAL DE CURSOSAVALIADOS 20 26

    Fonte:construo da autora com base em dados do MEC/Inep - 2010

    Os indicadores da avaliao dos estudantes dos cursos de Pedagogia no Estado do

    Maranho revelam que dos 20 cursos de Pedagogia com estudantes avaliados em 2005, 45%

    (9) caram sem conceito, pois no tinham poca estudantes ou ingressantes ou concluintespara fecharem o conceito Enade. Desses nove cursos, sete eram de programas especiais de

    formao de professores, trs deles desenvolvidos pela Universidade Federal do Maranho

    (UFMA) e quatro pela Universidade Estadual do Maranho (UEMA). Os outros dois cursos so

    de Faculdades, um no interior do estado e o outro na capital, So Lus. Em 2008, dos 26 cursos

    avaliados 35% (9) tiraram conceito 1 e 15% (4) conceito 2, totalizando 50% (13) dos cursos de

    Pedagogia do Maranho no conseguiram tiram a nota mnima de 3, no Enade de 2008.

    Outro ponto na anlise que merece ateno quanto ao nmero de cursos com conceito

    a partir de trs no Enade de 2005. Dos 20 cursos avaliados, somente 40% (8) tiveram conceitotrs, 25% (5) e quatro, 15% (3), nenhum curso atingiu o conceito cinco, considerado o conceito

    mximo. Em 2008, 19% (5) dos cursos de Pedagogia tiram conceito 3 no Enade e 19% (5)

    tiraram conceito 4 e 8% (2) conceito 5, totalizando 46% (12) dos cursos com conceito acima de

    3. Somente um curso de Pedagogia no recebeu conceito Enade em 2008 no Maranho.

    Percebe-se diante desse quatro da avaliao dos estudantes de Pedagogia do Estado

    do Maranho que preciso muito investimento na rea de formao do pedagogo, no sentido de

    impulsionar melhorias na qualidade do trabalho desenvolvido nas diferentes IES que oferecem

    esse tipo de cursos no estado. Mesmo com as crticas feitas ao Enade no se pode negar opapel que ele tem na avaliao dos estudantes. Os indicares apresentar por meio desse tipo de

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    avaliao favorecem a reexo sobre a qualidade dos cursos de graduao, especialmente, o

    curso de Pedagogia, objeto de estudo deste trabalho. O quadro 2, a seguir mostra os cursos de

    Pedagogia que participaram do Enade de 2005.

    Quadro 2: IES com curso de Pedagogia avaliado no Enade de 2005 no Estado do Maranho

    ENADE 2005

    Instituies Conceitos Observaes

    Centro Federal de Educao Tecnolgica doMaranho - CEFET

    1 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    Centro Universitrio do Maranho -UNICEUMA

    2 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    Faculdade de Educao So Francisco -FAESP

    2 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    Faculdade de Imperatriz FACIMP 3 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    Faculdade Santa F CESSF 3 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    Instituto de Ensino Superior Mltiplo IESM

    SC Curso sem estudantes concluintes

    Unidade de Ensino Superior Dom Bosco UNDB

    SC Curso sem estudantes concluintes

    UEMA Bacabal 3 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    UEMA Balsas SC Curso sem estudantes concluintes

    UEMA Caxias3

    Curso com estudantes ingressantes e concluintesUEMA Mono SC Curso sem estudantes ingressantes

    UEMA Paraibano SC Curso sem estudantes ingressantes

    UEMA Santa Ins 3 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    UEMA So Lus 4 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    UEMA Mates SC Curso sem estudantes ingressantes

    UFMA Cod SC Curso sem estudantes ingressantes

    UFMA Imperatriz 4 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    UFMA Pinheiro SC Curso sem estudantes ingressantes

    UFMA Santa Luzia SC Curso sem estudantes ingressantes

    UFMA So Lus 4 Curso com estudantes ingressantes e concluintes

    Fonte:construo da autora com base em dados do MEC/Inep - 2010

    Dos 20 cursos de Pedagogia avaliados em 2005, 40% (8) no existiam mais em 2008.

    Desse total, quatro eram do programa de formao de professores desenvolvido pela UEMA,

    todos no interior do estado, os outros quatro eram de instituio federal, um do antigo Centro

    Federal de Educao Tecnolgica (CEFET) e os outros trs da UFMA, todos em cidades dointerior. Dos 12 cursos avaliados em 2005 que tambm foram avaliados em 2008, 50% (6)

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    so de instituies pblicas, 17% (2) so da UFMA, um na capital e o outro no interior, e os

    33% (4) so da UEMA, um na capital e os trs em cidades do interior estruturados h bastante

    tempo. Os outros 50% (6) cursos so de instituies privadas, um j em fase de extino, em

    2008, cou sem conceito, no tinha mais estudantes ingressantes, os outros cinco cursos, dois

    na capital e trs em cidades do interior do estado. O quadro 3 apresenta o Enade de 2008 docurso j mencionado.

    Quadro 3:IES com curso de Pedagogia avaliado no Enade de 2008 no Estado do Maranho

    ENADE 2008

    Cursos avaliados Conceitos Nmero deIngressantes

    Nmero deConcluintes

    UFMA So Lus 5 61 48UFMA Imperatriz 4 50 36

    UEMA Cururupu 2 ---- 29UEMA So Lus 3 25 80UEMA Rosrio 1 ---- 26UEMA Paulino Neves 1 ---- 21UEMA Conceio Lago-Au 1 ---- 25UEMA Pedro do Rosrio 1 ---- 31UEMA Santa Ins 4 23 30UEMA Imperatriz 3 25 19UEMA Bacabal 3 25 59UEMA Bom Lugar 1 ---- 18UEMA Poo de Pedras 1 ---- 29UEMA Caxias 4 29 28

    UEMA Timon SC 31 ----UEMA So Joo dos Patos 1 ---- 19UNICEUMA So Lus 3 ---- 28FAMA So Lus 3 72 22FAESF Pedreiras 2 45 53CESSF So Lus 4 20 54FACIMP Imperatriz 1 02 06UNDB So Lus 4 24 28Faculdade Vale do Itapecuru 2 25 42Faculdade do Maranho 5 53 17Faculdade do Baixo Parnaba 2 65 84

    IESM Timon 1 84 64Fonte: construo da autora com base em dados do MEC/Inep - 2010

    No Enade de 2008, foram avaliados 26 cursos de Pedagogia no Estado do Maranho,

    desses 54% (14) so novos, no avaliados em 2005. Dos 14 cursos novos 71% (10) so de

    programa de formao de professores desenvolvidos em cidades do interior do estado pela

    UEMA. No Enade de 2008 foram avaliados sete deles com conceito 1, um curso com conceito

    2, outro com conceito 3 e um sem conceito. Os outros 29% (4) cursos so de instituies

    privadas, dois cursos com conceito 2, um com conceito 3 e outro com conceito 5. importante

    destacar que do total de 26 cursos avaliados pelo Enade de 2008 no Estado do Maranho 54%(14) cursos no atingiram o conceito 3, ou seja, esto abaixo do mnimo exigido pelo Exame

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    Nacional de Desempenho dos Estudantes. O restante, 46% (12) dos cursos, alcanaram conceito

    acima do mnimo exigido pelo Enade. Desses, cinco cursos com conceito 3, e mais cinco com

    conceito 4 e dois com conceito 5.

    Cabe ressaltar que desses 26 cursos de Pedagogia com estudantes avaliados em 2008,

    14 deles so de responsabilidade da UEMA, e que no esto subordinados a mesma regulao daavaliao da educao superior, Lei 10.861, de 14 de abril de 2004, com as instituies federais

    e privadas esto. A responsabilidade de acompanhar a qualidade dos cursos de graduao cabe

    ao Conselho Estadual de Educao do Estado do Maranho, ele pode aceitar a regulao do

    Sinaes ou desenvolver um sistema de avaliao que permita ter um diagnstico da qualidade

    desses cursos e a partir da exigir aes que melhorem o desempenho acadmico dos estudantes,

    consequentemente, a formao do estudante do curso de Pedagogia vai melhorar e atender

    positivamente a qualquer avaliao que ele se submeta.

    Consideraes fnais

    Na discusso sobre o Enade dos cursos de Pedagogia do Maranho, no se tem a

    pretenso de fazer armaes absolutas. Parte-se do pressuposto de que os resultados desta

    pesquisa trazem contribuies, para o debate sobre a qualidade desses cursos oferecidos pelas

    mais diversas instituies de educao superior espalhadas pelo estado, e ainda de estimular

    outros pesquisadores a realizarem pesquisa em torno dessa temtica.

    Percebe-se que o Enade precisa assumir seu verdadeiro papel no processo avaliativo

    e regulatrio enquanto parte, e no s como elemento central do processo da avaliao das

    instituies de educao superior. Este talvez seja o grande desao posto ao Enade e ao Sinaes.

    A anlise dos dados sobre o Enade dos cursos de Pedagogia do Maranho permite

    constatar que os estudantes so avaliados, mas o curso logo deixa de existir, portanto, no

    h repercusso dos resultados nem para os estudantes e nem para a instituio. O Maranho

    apresenta um quadro educacional, tanto na educao bsica como na educao superior, de

    qualidade muito baixa, cando quase sempre entre os trs estados com piores resultados

    educacionais.

    Conclui-se que esta pesquisa constitui-se em um trabalho relevante, tanto para as

    instituies que promovem os cursos como para a elaborao de poltica para melhoria daqualidade dos cursos de graduao em Pedagogia, principalmente, porque se trata de um curso

    que, historicamente, se mostrou instvel em relao aos seus objetivos e ao seu campo de

    atuao. importante que os achados desta pesquisa somem-se queles encontrados em outros

    estudos j realizados sobre avaliao da educao superior.

    Finaliza-se este estudo destacando que mesmo com as limitaes que os instrumentos

    utilizados pelo ENADE possam apresentar enquanto mecanismo de avaliao, no coerente

    desprezar os dados relativos aos resultados, pois eles podem ser teis para orientar as aes de

    gesto, uma vez que se constituem em importantes referncias para o conhecimento da realidadeinstitucional e para a permanente busca da melhoria da qualidade dos cursos de graduao.

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    REFERNCIAS

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