ENA 2014

7
Repasse III ENA – 2014 – Juazeiro-BA Caravanas O III ENA, a partir do seu processo de construção, teve uma ferramenta chamada Caravanas. As caravanas aconteceram em vários territórios do país e foram organizadas pelas articulações locais de agroecologia. Foram 13 ou 14 Caravanas totais que passaram pelos territórios, fazendo mobilização nas cidades e comunidades, divulgando e difundindo a agroecologia entre os envolvidos. Dia 16 – Primeiro dia de Encontro O momento da manhã foi guardado para a chegada das delegações enquanto a coordenação terminava de arrumar as coisas referentes ao credenciamento e ao encontro como um todo. A partir das 10:30 aconteceu a Plenária da Juventude, que era um momento pensado para organizar a juventude em uma articulação dentro do movimento de agroecologia nacional e que pautasse as questões referentes a juventude rural. Essa intenção foi fruto da Caravana Agroecológica e Cultural das Juventudes do Nordeste, onde as juventudes encaminharam terem um espaço para dialogarem internamente dentro do Encontro e criar essa articulação. Nas falas introdutórias da mesa foram abordados os problemas específicos da juventude rural agroecológica, demonstrando assim a necessidade dessa organização de empoderamento da juventude como classe na luta pela agroecologia. Também abordou-se a questão do avanço institucional da agroecologia com a recente vitória do PNAPO. Porém demonstrando que esses avanços são insuficientes para atender aos trabalhadores do ramo, e que o lado contrário, do agronegócio, ainda é o preferido do Estado em termos de recursos. Nessa mesma fala, partindo da questão da dificuldade de aprovar políticas eficientes de agroecologia dentro da máquina do Estado, citou-se a necessidade da Reforma Política, e disso o Plebiscito Popular. A terceira fala foi de Tainá, uma integrante da

description

resumo do que foi o encontro de agroecologia. O encontro nacional de agroecologia aconteceu em juazeiro na bahia

Transcript of ENA 2014

Repasse III ENA 2014 Juazeiro-BA

Caravanas

O III ENA, a partir do seu processo de construo, teve uma ferramenta chamada Caravanas. As caravanas aconteceram em vrios territrios do pas e foram organizadas pelas articulaes locais de agroecologia. Foram 13 ou 14 Caravanas totais que passaram pelos territrios, fazendo mobilizao nas cidades e comunidades, divulgando e difundindo a agroecologia entre os envolvidos.

Dia 16 Primeiro dia de Encontro

O momento da manh foi guardado para a chegada das delegaes enquanto a coordenao terminava de arrumar as coisas referentes ao credenciamento e ao encontro como um todo.A partir das 10:30 aconteceu a Plenria da Juventude, que era um momento pensado para organizar a juventude em uma articulao dentro do movimento de agroecologia nacional e que pautasse as questes referentes a juventude rural. Essa inteno foi fruto da Caravana Agroecolgica e Cultural das Juventudes do Nordeste, onde as juventudes encaminharam terem um espao para dialogarem internamente dentro do Encontro e criar essa articulao.Nas falas introdutrias da mesa foram abordados os problemas especficos da juventude rural agroecolgica, demonstrando assim a necessidade dessa organizao de empoderamento da juventude como classe na luta pela agroecologia. Tambm abordou-se a questo do avano institucional da agroecologia com a recente vitria do PNAPO. Porm demonstrando que esses avanos so insuficientes para atender aos trabalhadores do ramo, e que o lado contrrio, do agronegcio, ainda o preferido do Estado em termos de recursos. Nessa mesma fala, partindo da questo da dificuldade de aprovar polticas eficientes de agroecologia dentro da mquina do Estado, citou-se a necessidade da Reforma Poltica, e disso o Plebiscito Popular. A terceira fala foi de Tain, uma integrante da REGA, do Rio de Janeiro. Ela falou um pouco da Rede e da Caravana da Juventude.Devido ao atraso no se pode encaminhar muito. Marcou-se uma reunio para as 14 horas do dia seguinte que seria sequncia dessa.

A tarde houve a Mstica de abertura, que enfatizou o conflito entre agronegcio e agroecologia, envolvendo os diferentes povos e trazendo o aspecto mstico dos quatro elementos e como eles convergem com o debate agroecolgico.Na Plenria de Abertura havia representantes de diferentes movimentos, do governo e entidades. Suas falas foram sempre em volta do tema central do Encontro: Porque interessa a sociedade apoiar a Agroecologia?.

Depois houve um espao chamado A convivncia com o Semirido, ministrado pela ASA. Primeiramente busca-se refletir sobre a imagem que temos do semirido, popularizada pela grande mdia. Descontruindo essa imagem traz-se a tona os aspectos especficos da regio e suas potencialidades que o diferencia em relao aos outros biomas brasileiros.

A noite a REGA sentou-se em reunio para discutir sobre a questo da articulao da juventude. O tempo estava limitado pelo horrio da janta e o que foi conversado basicamente foi se a REGA, com seus encontros anuais (ENGA e Sementrio), contemplava a juventude do ENA, ou seja, se a Rede se abriria para abranger outras juventudes que no s a Universitria, como predominante na REGA. Tirou-se de participar da reunio no dia seguinte e se discutir isso.

Dia 17 Segundo dia de Encontro

Para a manh foram organizados grupos de discusso chamados: Construo e disputas da agroecologia nos territrios. Busquei algum territrio mais prximo do Recncavo e inicialmente participei do Territrio do So Francisco. No espao, algumas pessoas pr-determinadas davam o incio ao debate. Aps isso, os outros presentes traziam as contribuies das experincias em relao aos seus territrios especficos, mostrando no que as disputas em cada territrio se assemelhavam e no que se diferenciavam. Mudei de espao e fui para o Territrio do Sisal, na Bahia. Quando cheguei j estavam os presentes falando e contribuindo para expor as infinitas dificuldades que passam para sobreviver, permanecer em seus territrios, produzir de forma ecolgica etc. E tambm experincias muito bem sucedidas tinham seu espao, mostrando como era possvel e vivel trabalhar com agroecologia mesmo com as dificuldades. interessante tambm dizer que alm da relatoria comum, havia, em cada espao, uma pessoa fazendo um desenho que representaria tudo que foi ali discutido. Esse mtodo foi mantido em praticamente todos os outros espaos do Encontro, produzindo vrios desses quadros-esquemas.

A partir das 14 horas teve incio a Feira de Troca de Sementes da REGA. O espao teve grande participao das diferentes delegaes, onde todos traziam suas sementes para trocar, negociar com as outras regies.

A Reunio da Juventude, que foi marcada no dia anterior para as 14 horas, ocorreu no mesmo horrio da Feira de Sementes. Porm quando cheguei para participar a sala estava dividida em grupos e escreviam uma carta da juventude, que seria lida ou entregue no final do encontro evidenciando as pautas da juventude. No fiquei muito tempo e retornei a Feira. S o que acho importante dizer que a REGA no participou da construo dessa carta e nem de nenhuma articulao de juventude que possa ter surgido nesse ENA.

A Plenria de Mulheres ocorreu tambm nessa tarde. No participei porque estava na feira. Mas no geral o que se discutiu em relao a essa pauta no encontro foi em torno da frase: Sem feminismo no h agroecologia.

A noite o REGA fez uma reunio e avaliou a Feira de Troca de Sementes. O resultado foi muito positivo, superando as expectativas de todos. O espao ficou pequeno para tanta gente visitando e querendo expor suas sementes. A Feira foi um momento nico no ENA. Em nenhum outro local agricultores trocavam suas sementes e conhecimentos tradicionais sem usar nenhuma espcie de dinheiro.

Dia 18 Terceiro dia de Encontro

Pela manh houve os Seminrios temticos: Por um Brasil Agroecolgico. Participei do seminrio com o tema: Luta pela Reforma Agrria e Reconhecimento dos Territrios dos Povos e Comunidades Tradicionais: Desafios e Perspectivas. Na mesa participavam pessoas que trariam suas experincias nos diferentes campos: Joelson (Terra Vista), Jos Ivanildo Gama Brilhante (Reservas Extrativistas no municpio de Gurup, Par) e Maria Aparecida Souza (Quilombo no municpio do Jalapo, Tocantins). E tambm gestores pblicos: Csar Aldrighi (INCRA) e Roberto Vizentin (ICMBIO). O objetivo do espao era discutir os desafios, apontar as perspectivas e contextualizar a agroecologia nesse meio. Aps um breve histrico do Brasil deu-se a voz para aqueles que traziam suas experincias. Primeiro Jos Ivanildo falou sobre os Extrativistas. As leis que regulamentam as reas dessa classe so extremamente limitantes, impedindo que os trabalhadores explorem as reas onde se encontram os recursos (Reserva, APP, Parque etc.). Segundo Jos os extrativistas so, nas leis, os mais marginalizados entre todos os outros tipos de trabalhadores rurais. O Estado no reconhece sua dinmica prpria e especfica de explorao sustentvel desses recursos naturais. Maria Aparecida falou da experincia no Quilombo do Territrio do Jalapo. Segundo ela, at o ano 2000, o quilombo no conhecia luz, escola, telefone, televiso. Com a chegada do capitalismo no territrio toda dinmica do povo mudou negativamente. Tcnicos limitaram o uso do prprio espao e vrios quilombolas mais antigos entraram em depresso ou morreram. A partir disso a comunidade comeou a se organizar e estudar para enfrentar a investida do Estado. Criaram associao, lutaram e conseguiram o reconhecimento de territrio quilombola, construram o Frum Quilombola do Estado de Tocantins. O estado instituiu limitaes ao uso das matas atravs das denominaes de parque, reserva, APP, com o argumento de preservao, sem porm enxergar que os quilombolas que so os verdadeiros preservadores. Segundo Maria at a quantidade de cachorros era limitada pelos que l chegavam e se achavam donos.Joelson comeou com o velho clich: Agroecologia 10% conversa e 90% prtica. Ele falou sobre a experincia do Terra Vista, falando sobre seu histrico e o que hoje j foi conquistado. Criticou o governo do PT pedindo desculpas aos representantes presentes. E fez uma fala que causou certa polmica: Segundo ele vivenciamos hoje o fim da Reforma Agrria Clssica. No existe mais essa possibilidade, o que nos resta , prioritariamente, defender nossas terras e a partir disso lutar por mais terras.Os membros do INCRA e da ICMBIO responderam as provocaes dos povos evidenciando as dificuldades de suas organizaes por estarem inseridos na mquina do estado. Porm se colocaram lado a lado com o movimento de agroecologia, e defenderam que as crticas ao governo e as entidades so fundamentais. O dilogo entre organizaes do governo e organizaes do movimento tambm foi considerado fundamental no avano da agroecologia. Foi bastante falado em relao as bancadas conservadoras (ruralista, empresarial, evanglica etc) que tambm dificultavam o avano das aes a favor do povo. A partir da abertura para a plenria muitos trouxeram suas experincias, inclusive indgenas, provocando emoo no espao com suas falas de indignao. Diego (Gau, Juazeiro), apontou para o plebiscito popular como resposta vivel as dificuldades no avano institucional e poltico da agroecologia no pas. Por fim, terminou que os desafios apontados so: Avanar no PLANAPO e apropriao das ferramentas, por parte do movimento, as quais as entidades governamentais fazem a gesto.

A tarde foram as Oficinas, onde participei da: Planejamento Participativo de Sistemas Agroflorestais. A oficina teve como objetivo apresentar esse mtodo de planejar SAFS com comunidades que podem at nunca terem tido contato com esse conhecimento. Alm desse mtodo, entre as discusses da oficina, muito conhecimento tcnico foi compartilhado por agricultores que j tem muita experincia com Agrofloresta.

Segue os passos:

1 Sensibilizao atravs de conversas na mata, vdeos sobre natureza etc.2 Etnobotnica (Levantamento das plantas locais). Trazer o conhecimento dos prprios agricultores e agricultoras para montar um banco de dados sobre as espcies locais.3 Imagem ou Definio do que Agrofloresta. Trazer algum agricultor ou agricultora de outra localidade, que j tenha experincia para falar sobre o tema. Ou utilizar um dos prprios agricultores locais com alguma experincia para falar sobre. Fazer um desenho em grupo expondo o que se imagina que seja a agrofloresta.4 Realidade Local. Listar as necessidades e potencialidades locais (ambiental, econmica e social), para que se saiba onde melhor intervir, como, porque e para que. Pode ser atravs de DRP.5 Desenho da rea, Planejamento. Primeiro faz no papel, colocando os espaamentos e as espcies que sero cultivadas. Depois ir ao local e analisar o espao, o solo etc.

Dia 19 Quarto e ltimo dia de Encontro

Pela manh ocorreu o Ato Pblico. Saindo da Universidade paramos na ponte Juazeiro Petrolina e l permanecemos por cerca de uma hora. Depois retornamos a Universidade.

A tarde ocorreu a Plenria Final, que contou com a participao do Ministro Gilberto Carvalho. Aps a leitura da Carta do Encontro o ministro pegou a palavra e deu seu discurso. Falou sobre a importncia do Encontro e desse movimento como um todo para avanar a agroecologia no pas. O Ministro defendeu e enfatizou a importncia do Plebiscito Popular para superar os entraves polticos limitantes ao processo de avano da agroecologia. Aps sua fala abriu-se a plenria e muitos trouxeram suas experincias, aproveitando a presena do ministro para evidenciarem as injustias ocorridas em suas localidades. Ele respondeu a algumas perguntas e provocaes e em seguida foram-lhe entregues as muitas mones escritas durante o encontro. Dentre elas a mono dos Povos Indgenas e da Juventude.

Aps essa plenria ocorreu o Encerramento do Encontro, as margens do Rio So Francisco.

Relacionado ao REGAO Enga desse ano ser em So Paulo, numa Ecovila chamada Tib. Ocorrer no fim do ano.Quanto ao CBA. No encontro estava presente uma das coordenadoras da ABA, construtora do CBA. Ela conversou com alguns integrantes do REGA e disse que acreditava na Rede e queria que no CBA tivessem participao significativa. Isso ainda ser melhor discutido dentro da Rede, nos encontros que ainda ocorrero, porm muitas ideias j surgiram. Por exemplo: Se cada grupo de Agroecologia levar uma oficina pra o CBA j uma grande participao.O II Sementrio, que um encontro para organizar a Rede antes do Enga e outros eventos, ocorrer em Morretes (Paran) de 18 a 22 de Junho.

PLANAPO

Algo que notei, e tambm foi observado pelo pessoal do Rega, que o Planapo no foi amplamente discutido. Na plenria da Juventude que ocorreu no primeiro dia, foi dito que um dos principais objetivos do Encontro era discutir o processo de construo dessa poltica, se ela atendia as necessidades do movimento, perspectivas etc. Na verdade essa discusso ficou restrita em alguns espaos de seminrio.