Empresas dominam debate: associação elabora roteiro para guiar subcomissão na Câmara

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22 ECONOMIA Terça-feira, 19 de julho de 2011 O GLOBO Empresas dominam debate sobre plano de saúde Associação do setor elabora roteiro de discussão para guiar a Subcomissão de Saúde Complementar da Câmara Evandro Éboli [email protected] BRASÍLIA. Criada para elabo- rar o marco regulatório dos pla- nos de saúde, a subcomissão de Saúde Suplementar da Câ- mara dos Deputados está sen- do orientada pela Associação Brasileira de Medicina de Gru- po (Abramge), entidade que reúne empresas que atuam nes- se mercado. Por solicitação da própria subcomissão, a Abram- ge elaborou um roteiro de tra- balho sobre como a subcomis- são deve funcionar e os temas a serem tratados. O documento foi distribuído a parlamentares e a dirigentes de outras entida- des, durante reunião na Câma- ra, semana passada. Na reunião, que ocorreu na última quarta-feira, o advoga- do e dirigente da Abramge, Da- goberto José Steinmeyer Li- ma, sentou-se à mesa, ao lado do presidente da subcomis- são, deputado André Zacha- row (PMDB-PR), e apresentou o roteiro. Zacharow, na sua campanha eleitoral, teve apoio do setor e recebeu R$ 50 mil da Unimed. O relator da subcomissão, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), dirigiu a Unimed em seu estado. Participação de associação é vista como ingerência A Abramge também fez um levantamento de quantos pro- jetos de lei sobre regulamenta- ção dos planos de saúde tra- mitam no Congresso Nacional, 41, e listou todas essas pro- postas. No documento, a enti- dade relaciona as mudanças que precisam ser feitas na le- gislação e, entre outras pro- postas, prevê regras para evi- tar a judicialização dos contra- tos de planos de seguros de saúde, da participação de em- presas estrangeiras nesse mercado e de como deve ser a atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A presença de Lima na co- ordenação dos trabalhos irri- tou alguns dos convidados da reunião. Um dos vice-pre- sidentes do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá Miranda, da Comis- são de Saúde Suplementar da entidade, considerou a atua- ção da Abramge uma ingerên- cia indevida. — Fiquei preocupado quan- do foi apresentado o roteiro da nova legislação justamente por quem deve ser regulado, que são as operadoras. Ques- tiono a Abramge estar ditan- do o roteiro desse trabalho, dessa subcomissão. Que isto fique em ata. Os médicos questionam as operadoras es- tarem na coordenação do ro- teiro da comissão — afirmou Aloísio Tibiriçá na reunião. Diretor da Abramge diz que participação é técnica Lima é advogado especialis- ta em direito empresarial e as- sessora entidades e operado- ras de planos de saúde. Na dé- cada de 90, ele prestou asses- soria para o relator do texto que criou a atual legislação so- bre planos de saúde. Lima jus- tificou sua presença na comis- são e afirmou ter sido convida- do. — Fui convidado pela sub- comissão para fazer essa ex- posição e foi sugerido que apresentasse esse roteiro bá- sico, como forma de ordenar o trabalho. Me pediram para co- laborar tecnicamente — disse Lima. Autores do estudo “Repre- sentação política e interesses particulares na saúde”, sobre financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas de planos de saúde, Mário Schef- fer e Ligia Bahia, criticaram a presença da Abramge na coor- denação do trabalho. — É a volta do mesmo e bem- sucedido lobby , que atuou em outras ocasiões. Com total im- pedimento ético. E, desta vez, com roteiro e tudo, ou seja, tudo documentado — disse Mário Scheffer, da USP. — O que é preocupante é que, na verdade, essa comis- são, criada para regulamentar, vai é desregulamentar. É a au- tonormatização do setor. É um paradoxo — disse a professo- ra Ligia Bahia, da UFRJ. Zacharow afirmou que a co- missão vai ouvir todos os seg- mentos que atuam nesse setor e que o roteiro elaborado pela Abramge é uma orientação. — Podemos discordar e apresentar outra proposta — afirmou Zacharow. O QUE DIZ A PROPOSTA O inimigo de Hayalla Bruno Rosa [email protected] Na vida real, o Carrefour — a segunda maior rede varejista do país — foi alvo recente de uma proposta de fusão com o Grupo Pão de Açúcar. Na novela “O As- tro”, da Rede Globo, a gi- gante francesa também des- perta o interesse dos con- correntes. Na ficção, os franceses servem de refe- rência para o personagem Salomão Hayalla, imigrante libanês que fundou a rede de supermercados Hayalla. Na novela, o Carrefour é mostrado como a principal rede varejista do país. Por isso, Salomão, personagem vivido por Daniel Filho, fi- cará de olho nas estratégias adotadas pelo rival francês. Diferentemente da vida real, na novela, a menção de um concorrente ao Carre- four faz parte de uma ação de merchandising da rede francesa. De acordo com o projeto de marketing, o Car- refour fará seis ações ao longo dos 60 capítulos do folhetim. Em cada uma das ações, será abordado um tema. Na lista, destaque para os pre- ços promocionais, o lança- mento de itens de marca própria e ações como a “ga- rantia de origem”, uma es- pécie de certificado de qua- lidade. Segundo uma fonte, está prevista também a ida do próprio Salomão a uma das lojas do Carrefour. As lojas da companhia francesa servem ainda de locação para o fictício mer- cado Hayalla. Além disso, segundo a agência de pu- blicidade F/Nazca, a rede explorará suas ações de sustentabilidade, como as sacolas retornáveis. “O As- tro” é um remake da novela escrita por Janete Clair e exibida na TV Globo nos anos 70. Infraestrutura de tamanho mínimo Mesmo com PAC, investimento no setor foi só de 2,53% do PIB em 2010 Mariana Durão [email protected] O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não foi suficiente para mudar o pa- tamar dos investimentos em infraestrutura no país. Um es- tudo do economista Cláudio Frischtak, da InterB Consul- toria, mostra que a média dos aportes no setor de 2008 a 2010 foi de 2,62% do Produto Interno Bruto (PIB), pouco su- perior aos 2,32% apurados ao longo de toda a década pas- sada. Em 2010, auge do PAC, o país investiu apenas 2,53% do PIB em áreas como rodovias, energia, aeroportos e portos, o equivalente a R$ 93 bilhões. Os dados foram apresentados on- tem, no Rio, em seminário so- bre infraestrutura na Funda- ção Getulio Vargas (FGV). — O esforço do governo ge- rou um aumento de 0,48% do fim de 2007 a 2010. Ainda gastamos pouco e estamos distantes de outros competidores — diz Fris- chtak, cujos cálculos não in- cluem o setor de óleo e gás. Contribuição do setor privado foi pífia O Brasil, destaca, está muito atrás de outros países dos Brics. Nos últimos dois anos, a Índia aportou 4,8% de sua riqueza em infraestrutura; a China 13,4% só em 2010. Para chegar onde a Coreia do Sul está hoje, o Brasil teria que investir de 4% a 6% do PIB em infraestrutura por ao menos 20 anos. Para o economista, o dado mais preocupante e surpreen- dente diz respeito à fraca par- ticipação do setor privado na era do PAC. Da expansão de 0,48% do investimento em in- fraestrutura como proporção do PIB entre 2007 e 2010, o governo federal contribuiu com 0,19%, as empresas públicas com 0,22% e o setor privado teve uma “con- tribuição marginal” de meros 0,07% do PIB. Ampliar a par- ticipação privada é, na avaliação de Frischtak, a única chance do país atingir um patamar de in- vestimento ideal de 6% do PIB ao ano no setor, já que a capacidade de investimento do setor pú- blico já estaria no seu limite. — Temos uma baixa taxa de poupança e uma demanda enorme por ampliação de gas- tos correntes. Todo o delta agora virá do setor privado. E o drama é que no PAC ele não veio — diz Frischtak. Fatores como incertezas no plano regulatório e imprevisi- bilidade de custos e tempo de licenciamento ambiental são considerados pela InterB como barreiras significativas ao au- mento do interesse privado no setor. É o caso por exemplo da falta de clareza no papel da In- fraero no modelo de concessões de aeroportos e mesmo do pro- jeto do Trem de Alta Velocidade (TAV), cujo leilão fracassou. O economista Armando Cas- telar, do Ibre/FGV, criticou a falta de uma estratégia para atrair o investidor privado. Para ele, as dificuldades para impulsionar as Parcerias Público-Privadas é um exemplo. Castelar estima que há um hiato de 3% do PIB em in- vestimentos em infraestrutura, cerca de R$ 140 milhões ao ano, na média da próxima década. CNI sugere indicador de infraestrutura ao IBGE Em busca de dados precisos sobre o tema, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) en- viou ao governo federal uma pro- posta de criação de um indicador global de investimento em in- fraestrutura econômica. O estu- do sugere uma metodologia, mas a proposta é que o levantamento fique a cargo do Instituto Bra- sileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além do instituto, a dis- cussão já passou pelo BNDES e pelo Banco Central. — O indicador é essencial para fazermos comparações com outros países e saber que tipo de esforço está sendo fei- to internamente. Hoje não há dados precisos — diz o pre- sidente do Conselho de In- fraestrutura da CNI, José de Freitas Mascarenhas. Aneel aprova leilão para novas usinas Objetivo é ampliar a geração de energia BRASÍLIA. O conselho diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o edital do leilão de novas usinas de energia. O preço-teto de venda da energia no leilão, que será realizado no dia 17 de agosto, foi es- tabelecido em R$ 139 por megawatt-hora (MW/h). Para a expansão da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, o preço-teto será de R$ 102 MW/h. Vencerá o grupo que oferecer o menor valor. Serão licitadas usinas hidrelétricas, eólicas e termelétricas mo- vidas a biomassa e a gás natural para entrar em operação comercial a partir de 1 o - de março de 2014. Foram cadastrados junto à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 582 empreendimentos de geração, com capacidade instalada de 27.561 MW. Do total, 429 são usinas eólicas (10.935 MW); 41 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs); 81 ter- melétricas movidas a biomassa; e uma ampliação de hi- drelétrica. Também foram registradas 30 termelétricas a gás na- tural, sendo que 4 delas, com capacidade de 2.222 MW, serão instaladas no Rio. (Monica Tavares) GIGANTE FRANCÊS é principal concorrente da rede Hayalla Pablo Jacob/28-6-2011 MAIS ECONOMIA HOJE NA INTERNET: oglobo.com.br/economia ................................................................................................................................ O GLOBO Acompanhe a cobertura da Economia no Twitter: twitter.com/OGlobo_Economia GRÉCIA: Taxistas bloquearam acessos ao aeroporto e porto de Atenas, em protesto contra governo BOA CHANCE: Envie sua dúvida sobre o concurso da Petrobras para ser respondida por um especialista Editoria de Arte Carrefour faz ação em ‘O Astro’

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Empresas dominam debate: associação elabora roteiro para guiar subcomissão na Câmara

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22 ● ECONOMIA Terça-feira, 19 de julho de 2011O GLOBO.

O GLOBO ● ECONOMIA ● PÁGINA 22 - Edição: 19/07/2011 - Impresso: 18/07/2011 — 21: 34 h AZUL MAGENTA AMARELO PRETO

Empresas dominam debate sobre plano de saúdeAssociação do setor elabora roteiro de discussão para guiar a Subcomissão de Saúde Complementar da Câmara

Evandro É[email protected]

● BRASÍLIA. Criada para elabo-rar o marco regulatório dos pla-nos de saúde, a subcomissãode Saúde Suplementar da Câ-mara dos Deputados está sen-do orientada pela AssociaçãoBrasileira de Medicina de Gru-po (Abramge), entidade quereúne empresas que atuam nes-se mercado. Por solicitação daprópria subcomissão, a Abram-ge elaborou um roteiro de tra-balho sobre como a subcomis-são deve funcionar e os temas aserem tratados. O documentofoi distribuído a parlamentarese a dirigentes de outras entida-des, durante reunião na Câma-ra, semana passada.

Na reunião, que ocorreu naúltima quarta-feira, o advoga-do e dirigente da Abramge, Da-goberto José Steinmeyer Li-ma, sentou-se à mesa, ao ladodo presidente da subcomis-são, deputado André Zacha-row (PMDB-PR), e apresentouo roteiro. Zacharow, na suacampanha eleitoral , teveapoio do setor e recebeu R$ 50mil da Unimed. O relator dasubcomissão, Luiz HenriqueMandetta (DEM-MS), dirigiu aUnimed em seu estado.

Participação de associaçãoé vista como ingerênciaA Abramge também fez um

levantamento de quantos pro-jetos de lei sobre regulamenta-ção dos planos de saúde tra-

mitam no Congresso Nacional,41, e listou todas essas pro-postas. No documento, a enti-dade relaciona as mudançasque precisam ser feitas na le-gislação e, entre outras pro-postas, prevê regras para evi-tar a judicialização dos contra-tos de planos de seguros desaúde, da participação de em-presas estrangeiras nesse

mercado e de como deve ser aatuação da Agência Nacionalde Saúde Suplementar (ANS).

A presença de Lima na co-ordenação dos trabalhos irri-tou alguns dos convidadosda reunião. Um dos vice-pre-sidentes do Conselho Federalde Medicina (CFM), AloísioTibiriçá Miranda, da Comis-são de Saúde Suplementar da

entidade, considerou a atua-ção da Abramge uma ingerên-cia indevida.

— Fiquei preocupado quan-do foi apresentado o roteiroda nova legislação justamentepor quem deve ser regulado,que são as operadoras. Ques-tiono a Abramge estar ditan-do o roteiro desse trabalho,dessa subcomissão. Que isto

fique em ata. Os médicosquestionam as operadoras es-tarem na coordenação do ro-teiro da comissão — afirmouAloísio Tibiriçá na reunião.

Diretor da Abramge dizque participação é técnicaLima é advogado especialis-

ta em direito empresarial e as-sessora entidades e operado-ras de planos de saúde. Na dé-cada de 90, ele prestou asses-soria para o relator do textoque criou a atual legislação so-bre planos de saúde. Lima jus-tificou sua presença na comis-são e afirmou ter sido convida-do.

— Fui convidado pela sub-comissão para fazer essa ex-posição e foi sugerido queapresentasse esse roteiro bá-sico, como forma de ordenar otrabalho. Me pediram para co-laborar tecnicamente — disseLima.

Autores do estudo “Repre-sentação política e interesses

particulares na saúde”, sobrefinanciamento de campanhaseleitorais pelas empresas deplanos de saúde, Mário Schef-fer e Ligia Bahia, criticaram apresença da Abramge na coor-denação do trabalho.

— É a volta do mesmo e bem-sucedido lobby, que atuou emoutras ocasiões. Com total im-pedimento ético. E, desta vez,com roteiro e tudo, ou seja, tudodocumentado — disse MárioScheffer, da USP.

— O que é preocupante éque, na verdade, essa comis-são, criada para regulamentar,vai é desregulamentar. É a au-tonormatização do setor. É umparadoxo — disse a professo-ra Ligia Bahia, da UFRJ.

Zacharow afirmou que a co-missão vai ouvir todos os seg-mentos que atuam nesse setore que o roteiro elaborado pelaAbramge é uma orientação.

— Podemos discordar eapresentar outra proposta —afirmou Zacharow. ■

O QUE DIZ A PROPOSTA

O inimigo de Hayalla

Bruno [email protected]

● Na vida real, o Carrefour— a segunda maior redevarejista do país — foi alvorecente de uma proposta defusão com o Grupo Pão deAçúcar. Na novela “O As-tro”, da Rede Globo, a gi-gante francesa também des-perta o interesse dos con-correntes. Na ficção, osfranceses servem de refe-rência para o personagemSalomão Hayalla, imigrantelibanês que fundou a redede supermercados Hayalla.

Na novela, o Carrefour émostrado como a principalrede varejista do país. Porisso, Salomão, personagemvivido por Daniel Filho, fi-cará de olho nas estratégiasadotadas pelo rival francês.

Diferentemente da vidareal, na novela, a menção deum concorrente ao Carre-four faz parte de uma açãode merchandising da rede

francesa. De acordo com oprojeto de marketing, o Car-refour fará seis ações aolongo dos 60 capítulos dofolhetim.

Em cada uma das ações,será abordado um tema. Nalista, destaque para os pre-ços promocionais, o lança-mento de itens de marcaprópria e ações como a “ga-rantia de origem”, uma es-pécie de certificado de qua-lidade. Segundo uma fonte,está prevista também a idado próprio Salomão a umadas lojas do Carrefour.

As lojas da companhiafrancesa servem ainda delocação para o fictício mer-cado Hayalla. Além disso,segundo a agência de pu-blicidade F/Nazca, a redeexplorará suas ações desustentabilidade, como assacolas retornáveis. “O As-tro” é um remake da novelaescrita por Janete Clair eexibida na TV Globo nosanos 70.

Infraestrutura de tamanho mínimoMesmo com PAC, investimento no setor foi só de 2,53% do PIB em 2010

Mariana Durã[email protected]

● O Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC) não foisuficiente para mudar o pa-tamar dos investimentos eminfraestrutura no país. Um es-tudo do economista CláudioFrischtak, da InterB Consul-toria, mostra que a média dosaportes no setor de 2008 a2010 foi de 2,62% do ProdutoInterno Bruto (PIB), pouco su-perior aos 2,32% apurados aolongo de toda a década pas-sada. Em 2010, auge do PAC, opaís investiu apenas 2,53% doPIB em áreas como rodovias,energia, aeroportos e portos, oequivalente a R$ 93 bilhões. Osdados foram apresentados on-tem, no Rio, em seminário so-bre infraestrutura na Funda-ção Getulio Vargas (FGV).

— O esforço do governo ge-rou um aumento de 0,48% do fimde 2007 a 2010. Ainda gastamospouco e estamos distantes deoutros competidores — diz Fris-chtak, cujos cálculos não in-cluem o setor de óleo e gás.

Contribuição do setorprivado foi pífia

O Brasil, destaca, está muitoatrás de outros países dos Brics.Nos últimos dois anos, a Índiaaportou 4,8% de sua riqueza eminfraestrutura; a China 13,4% sóem 2010. Para chegar onde aCoreia do Sul está hoje, o Brasilteria que investir de 4% a 6% doPIB em infraestrutura por aomenos 20 anos.

Para o economista, o dadomais preocupante e surpreen-

dente diz respeito à fraca par-ticipação do setor privado naera do PAC. Da expansão de0,48% do investimento em in-fraestrutura como proporção doPIB entre 2007 e 2010, o governofederal contribuiu com 0,19%, asempresas públicas com 0,22% eo setor privado teve uma “con-tribuição marginal” de meros0,07% do PIB. Ampliar a par-ticipação privada é, na avaliaçãode Frischtak, a única chance dopaís atingir um patamar de in-

vestimento ideal de 6% do PIB aoanonosetor, jáqueacapacidadede investimento do setor pú-blico já estaria no seu limite.

— Temos uma baixa taxa depoupança e uma demandaenorme por ampliação de gas-tos correntes. Todo o deltaagora virá do setor privado. Eo drama é que no PAC ele nãoveio — diz Frischtak.

Fatores como incertezas noplano regulatório e imprevisi-bilidade de custos e tempo de

licenciamento ambiental sãoconsiderados pela InterB comobarreiras significativas ao au-mento do interesse privado nosetor. É o caso por exemplo dafalta de clareza no papel da In-fraero no modelo de concessõesde aeroportos e mesmo do pro-jeto do Trem de Alta Velocidade(TAV), cujo leilão fracassou.

O economista Armando Cas-telar, do Ibre/FGV, criticou a faltade uma estratégia para atrair oinvestidor privado. Para ele, asdificuldades para impulsionar asParcerias Público-Privadas é umexemplo. Castelar estima que háum hiato de 3% do PIB em in-vestimentos em infraestrutura,cerca de R$ 140 milhões ao ano,na média da próxima década.

CNI sugere indicador deinfraestrutura ao IBGE

Em busca de dados precisossobre o tema, a ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI) en-viou ao governo federal uma pro-postadecriaçãodeumindicadorglobal de investimento em in-fraestrutura econômica. O estu-do sugere uma metodologia, masa proposta é que o levantamentofique a cargo do Instituto Bra-sileiro de Geografia e Estatística(IBGE). Além do instituto, a dis-cussão já passou pelo BNDES epelo Banco Central.

— O indicador é essencialpara fazermos comparaçõescom outros países e saber quetipo de esforço está sendo fei-to internamente. Hoje não hádados precisos — diz o pre-sidente do Conselho de In-fraestrutura da CNI, José deFreitas Mascarenhas. ■.

Aneel aprova leilãopara novas usinas

Objetivo é ampliar a geração de energia

● BRASÍLIA. O conselho diretor da Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel) aprovou o edital do leilão de novasusinas de energia. O preço-teto de venda da energia noleilão, que será realizado no dia 17 de agosto, foi es-tabelecido em R$ 139 por megawatt-hora (MW/h). Para aexpansão da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, opreço-teto será de R$ 102 MW/h.

Vencerá o grupo que oferecer o menor valor. Serãolicitadas usinas hidrelétricas, eólicas e termelétricas mo-vidas a biomassa e a gás natural para entrar em operaçãocomercial a partir de 1o- de março de 2014.

Foram cadastrados junto à Empresa de Pesquisa Energética(EPE) 582 empreendimentos de geração, com capacidadeinstalada de 27.561 MW. Do total, 429 são usinas eólicas (10.935MW); 41 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs); 81 ter-melétricas movidas a biomassa; e uma ampliação de hi-drelétrica.

Também foram registradas 30 termelétricas a gás na-tural, sendo que 4 delas, com capacidade de 2.222 MW,serão instaladas no Rio. (Monica Tavares)

GIGANTE FRANCÊS é principal concorrente da rede Hayalla

Pablo Jacob/28-6-2011

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Atenas, em protesto contra governo

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Carrefour faz ação em ‘O Astro’