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I

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Suínos e Aves

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Associação Catarinense de Medicina Veterinária – Núcleo Oeste

ANAIS DO XV SIMPÓSIO BRASIL SUL DE AVICULTURA E

VI BRASIL SUL POULTRY FAIR

Embrapa Suínos e Aves Concórdia, SC

2014

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II

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Associação Catarinense de Medicina Veterinária – Núcleo Oeste Endereço: Rua Egito, 31 – E Bairro: Maria Goretti CEP 89.801-420, Chapecó – SC Fone/Fax: 49 3328-4785 E-mail: [email protected] Site: http://www.nucleovet.com.br

Embrapa Suínos e Aves BR 153, Km 110 Caixa Postal 21 CEP 89.700-000 Concórdia – SC Fone: (49) 3441 0400 Fax: (49) 3441 0497 E-mail: [email protected] Site: http://www.cnpsa.embrapa.br

Unidade responsável pelo conteúdo Associação Catarinense de Medicina Veterinária – Núcleo Oeste*

Unidade responsável pela edição Embrapa Suínos e Aves

Comitê de Publicações da Embrapa Suínos e Aves Presidente: Luizinho Caron Secretária: Tânia M.B. Celant Membros: Gerson N. Scheuermann

Jean C.P.V.B. Souza Helenice Mazzuco Nelson Morés Rejane Schaefer

Suplentes: Mônica C. Ledur Rodrigo S. Nicoloso

Coordenação editorial: Tânia M. B. Celant Editoração eletrônica: Vivian Fracasso Normalização bibliográfica: Claúdia A. Arrieche

1ª edição 1ª impressão (2014): 1.000 exemplares

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em

parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610). Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Embrapa Suínos e Aves

Embrapa 2014

*As palestras e os artigos foram formatados diretamente dos originais enviados eletronicamente pelos autores.

Simpósio Brasil Sul de Avicultura (15.: 2014, Chapecó, SC). Anais do XV Simpósio Brasil Sul de Avicultura e VI Brasil Sul

Poultry Fair. – Concórdia, SC : Embrapa Suínos e Aves, 2014. 162 p.; 14,8 cm x 21 cm.

1. Avicultura – congressos. I. Título. II. Título: VI Brasil Sul Poultry Fair.

CDD 636.50063

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III

Realização

Co-promoção

Apoio

Patrocinadores

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IV

Relação de Patrocinadores

- Abase Comércio e Representação Ltda - Adisseo Brasil Nutrição Animal Ltda - Agri Stats Brasil - Agroceres Multimix Nutrição Animal Ltda - Alltech do Brasil - Asgav - Associação Gaúcha de Avicultura - Aviagen - Avisite e Revista do Avisite - Bayer S/A - Big Dutchman Brasil Ltda - Btech Tecnologias Agropecuárias e Comércio Ltda - Ceva Saúde Animal - Cidasc - Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de

Santa Catarina - Conselho Regional de Medicina Veterinária - SC - Des-Vet Produtos Veterinarios Ltda - DSM Produtos Nutricionais Brasil Ltda - Elanco Saude Animal - Embrapa Suínos e Aves - FARMABASE - Fatec Indústria de Nutrição e Saúde Animal Ltda - GRASP Indústria e Comércio Ltda - Grupo M.CASSAB - Holus - Assessoria de Eventos - ICC - Idexx - Madasa do Brasil - Ilender do Brasil - Imeve - Indústria de Medicamentos Veterinários S.A. - Impextraco Latin América - Invivo Nutrição Saúde Animal Ltda - Jornal O Presente - Kemin do Brasil - Kobra Indústria e Tecnologia Ltda - Lavizoo Laboratórios Vitamínicos e Zootécnicos Ltda - Mercolab Laboratórios Ltda - Merial Saude Animal Ltda - MSD Saúde Animal - NFT Alliance

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V

- Nutriad Nutrição Animal Ltda - Nutron Alimentos - A Cargill Company - Ouro Fino Agronegócio Ltda - Phibro Saúde Animal - Poli-Nutri Alimentos S.A. - Quimtia S.A. - Revista Feed & Food - Safeeds Nutrição Animal - SANPHAR Saúde Animal - Silva Team - Mark Produtos Químicos Ltda - Suiaves Comercio de Produtos Veterinários Ltda - Technofeed Importação e Representação Comércio e Distribuição

Ltda - Tecnoesse Indústria e Comercio Ltda - Vaccinar Nutrição e Saúde Animal - Vansil Saúde Animal - Vetanco do Brasil Importação e Exportação Ltda - YES - Zinpro Animal Nutrition Brasil Com. Ltda - Zoetis

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VI

Comissão Organizadora

Aleteia Britto da Silveira Balestrin Alex Rodrigo Maldonado Pereira

Alexandre Gomes da Rocha Artur Valério Cony

Beatriz de Felippe Peruzzo Carlos Eduardo L. Silva

Ederson Bortolotto Emerson Pocai

Felipe Ceolin

Gersson Antonio Schimidt

Jair Alberto De Toni

João Batista Lancini

João Romeu Fabrício

Leandro Luiz Ribeiro

Lenita Moura Stefani

Letícia De Toni

Luis Carlos Farias

Luís Carlos Peruzzo

Mauro Felin

Nilson Sabino da Silva

Roberto Luiz Curzel

Rodrigo Santana Toledo

Rogério Francisco Balestrin

Secretária

Solange Fatima Kirschner

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Mensagem da Comissão Organizadora

Prezados Colegas,

O Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas têm a honra de convidá-los para o nosso XV Simpósio Brasil Sul de Avicultura e para o VI Poultry Fair.

O ano de 2014 tem um sabor todo especial para a Nucleovet. Comemorar 15 anos do projeto Simpósio Brasil Sul de Avicultura é uma marco importante para todos os colegas médicos veterinários, zootecnistas, técnicos, participantes, palestrantes, que fizeram parte dessa história de sucesso ao longo desses anos.

Muitas transformações ocorreram desde o ano 2000, os cenários da produção, as barreiras comerciais, os temas relacionados à segurança alimentar e tantas outras. Diante disso, a indústria avícola vem se moldando ano após ano a essas mudança, percebemos que ainda temos muito a melhorar, principalmente sob o prisma “Custo Brasil”, que vem tornando nossos produtos cada vez menos competitivos, quando comparados com nossos concorrentes.

As grandes oscilações nos custos de matérias primas, dificuldades com mão de obra, falta de investimentos em infraestrutura, altas cargas tributárias sobre a cadeia produtiva, têm dificultado nos últimos anos a atividade avícola. Mesmo com esses fatores negativos, conseguimos colocar o Brasil em destaque como um dos principais produtores mundiais de proteína de origem animal, o que faz com que nossos profissionais sejam reconhecidos internacionalmente.

A Diretoria do Nucleovet, juntamente com a Comissão Organizadora do XV Simpósio Brasil Sul de Avicultura, entende que uma das formas de colaborar com o segmento da avicultura é ser um facilitador entre a pesquisa e a aplicação prática das novas tecnologias geradas. Nosso papel junto com os colegas da indústria e demais setores é identificar as necessidades buscando capacitar os profissionais do meio, agregando novos conhecimentos e um maior intercâmbio entre a área científica e produção, mantendo a premissa básica que a educação continuada é uma forma eficaz de transferir conhecimentos.

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Junto ao Simpósio Brasil Sul, será realizado a VI Poultry Fair. Este espaço é destinado aos nossos parceiros, patrocinadores, empresas dos mais diferentes segmentos que aproveitam esse ambiente para divulgar e mostrar suas novas tecnologias e produtos. E, mais do que isso, aproveitam para criar uma maior integração e congraçamento com os colegas participantes do Simpósio.

Esperamos todos em Chapecó!

Rogério Francisco Balestrin Presidente do Núcleo Oeste de

Médicos Veterinários e Zootecnistas

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IX

Programação Científica

08 de abril de 2014 14h - Abertura

Oportunidades e riscos à competitividade do frango brasileiro

14h05 - Visão da agroindústria: barreiras, oportunidades e tendências para o Brasil seguir competitivo na produção avícola Dr. Victor Hugo Brandalize

14h45 - Visão fiscal: tributação no agronegócio e a sobrevivên-cia da agroindústria Sr. Fabio Pallaretti Calcini

15h30 - Intervalo

16h - Regulamentação: o governo e a regulamentação da produ-ção - barreiras ou oportunidades Sr. Ariel Antonio Mendes

17h - Mesa redonda 19h30 - Solenidade de abertura 20h - A economia brasileira: conjuntura e perspectivas com

foco também na agroindústria e serviços Sr. Roberto Macedo

21h - Coquetel de abertura

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X

09 de abril de 2014 8h - Controle de pragas na avicultura

Prof. Dr. Marcos R. Potenza

9h - Manejo de frangos de corte Dr. Iesser Salah

10h - Intervalo 10h30 - Aspectos nutricionais que influenciam a qualidade da

carne de aves

Prof. Dr. Sérgio Vieira

11h30 - Manejo do arraçoamento e a regulação do consumo

Prof. Dr. Alex Maiorka

12h30 - Almoço

14h - Doenças respiratórias: prevalência, diagnóstico e impacto

na produtividade

Profa. Dra. Josiane Tavares de Abreu

15h - Nutrição "in ovo" - novas tecnologias para o desempenho

do frango de corte

Profa. Dra. Zehava Uni

16h – Intervalo 16h30 - Modulação da microflora intestinal das aves

Profa. Dra. Zehava Uni

20h - Jantar Show

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10 de abril de 2014 8h - Resíduos em carnes de aves: programas de controle e

resultados – PNCRC Dr. Renato Costa Brum

9h - Microbiologia - impactos na produtividade avícola

Dr. Guillermo Tellez

10h - Intervalo 10h30 - Salmoneloses - aumento da transmissão vertical e

falhas no manejo de reprodutoras

Profa. Dra. Elizabete Santin

11h30 - Biosseguridade - aspectos críticos para a sanidade

avícola Dra. Nelva Grando

12h30 - Encerramento das atividades

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Sumário

Visão da agroindústria: barreiras, oportunidades e tendências para o Brasil seguir competitivo na produção avícola........................................ Victor Hugo Brandalize

14

Visão fiscal: tributação no agronegócio e a sobrevivência da agroindústria............................................................................................ Fabio Pallaretti Calcini

15

Regulamentação: o governo e a regulamentação da produção -barreiras ou oportunidades...................................................................... Ariel Antonio Mendes

16

Controle de pragas na avicultura.............................................................

Marcos R. Potenza e Edna C. Tucci

24

Manejo de frangos de corte..................................................................... Iesser Salah

41

Considerações sobre as características de qualidade de carne de frango e fatores que podem afetá-la........................................................ Sérgio L. Vieira

61

Manejo do arraçoamento e a regulação do consumo.............................

Ananda Portella Felix, Lidiane Priscila Domingues e Alex Maiorka

73

Doenças respiratórias aviárias: prevalência, importância econômica e diagnóstico............................................................................................... Josiane Tavares de Abreu

92

Nutrição "in ovo" - novas tecnologias para o desempenho do frango de

corte.........................................................................................................

Zehava Uni

112

Modulação da microflora intestinal das aves........................................... Zehava Uni

123

Resíduos em carnes de aves: programas de controle e resultados – PNCRC.................................................................................................... Renato Costa Brum

136

Microbiologia - impactos na produtividade avícola..................................

Guillermo Tellez

138

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XIII

Salmoneloses - aumento da transmissão vertical e falhas no manejo

de reprodutoras.......................................................................................

Elizabete Santin

140

Biosseguridade - aspectos críticos para a sanidade avícola................... Nelva Grando

158

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VISÃO DA AGROINDÚSTRIA: BARREIRAS, OPORTUNIDADES E TENDÊNCIAS PARA O BRASIL SEGUIR COMPETITIVO NA PRODUÇÃO AVÍCOLA

Victor Hugo Brandalize

Médico Veterinário e Presidente da Tyson do Brasil

O material não foi recebido em tempo hábil para publicação nos anais.

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VISÃO FISCAL: TRIBUTAÇÃO NO AGRONEGÓCIO E A SOBREVIVÊNCIA DA AGROINDÚSTRIA

Fabio Pallaretti Calcini

O material não foi recebido em tempo hábil para publicação nos anais.

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REGULAMENTAÇÃO: O GOVERNO E A REGULAMENTAÇÃO DA PRODUÇÃO - BARREIRAS

OU OPORTUNIDADES

Ariel Antonio Mendes

Médico Veterinário e Diretor de produção e técnico da UBABEF

O Brasil avícola

Poucos países no mundo têm a vocação que o Brasil naturalmente alcançou para ser reconhecido internacionalmente como “Celeiro do Mundo”.

Dono de campos extensos de grãos, com terras férteis e um clima altamente favorável, o Brasil assumiu para si a responsabilidade como parceiro na segurança alimentar de diversos países pelo mundo.

Não foi diferente na avicultura. Hoje, exportamos quase quatro milhões de toneladas de carne de frango para 155 países. Nas granjas brasileiras, a excelência tecnológica em genética, manejo e ambiência garantiram saltos produtivos que colocaram o país como terceiro maior produtor mundial de carne de frango, com 12,3 milhões de toneladas produzidas em 2013.

Por trás desta cadeia produtiva estão dezenas de agroindústrias espalhadas por diversos Estados brasileiros, com uma predominância de produção nas regiões sul e sudeste.

Entre produtores, funcionários de empresas e profissionais vinculados direta e indiretamente ao setor, a avicultura reúne mais de 3,5 milhões de trabalhadores. Cerca de 350 mil deles trabalham diretamente nas plantas frigoríficas. No campo, são mais de 130 mil famílias proprietárias de pequenos aviários, que produzem em um sistema totalmente integrado com as agroindústrias exportadoras.

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Todos estes elos destacam a grandeza da avicultura brasileira, marcada pela disciplina, a tradição, qualidade, sanidade e a eficiência que permitiram ao setor alçar voos que hoje garantem a presença do produto avícola do Brasil na mesa de consumidores pelos cinco continentes.

Dedicação, trabalho e busca incessante pela excelência, em décadas de pesquisa, emprego de alta tecnologia e fortes investimentos em estruturas de produção. Com isso, a avicultura brasileira atingiu patamares de eficiência, que a transformaram em referência mundial.

Com a combinação entre alta tecnologia de ambiência, genética e alimentação à base de milho e soja produzida no Brasil, em um sistema integrado entre produtores e frigoríficos, o frango brasileiro atingiu diferenciais raros.

Ao mesmo tempo, o Brasil alcançou um patamar ímpar quando o assunto é sanidade. Nunca houve qualquer registro de Influenza Aviária em território brasileiro – o único país com este status dentre os grandes produtores avícolas.

O respeito ao meio ambiente é outra característica marcante da avicultura do Brasil. Concentrada fora do Bioma Amazônico – nos Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. O clima e a oferta de grãos são pontos fundamentais, fazendo garantindo ao setor uma produção com um dos menores índices de emissão de carbono do mundo. Programas de reflorestamento, de preservação de recursos hídricos e de racionalização na utilização de insumos contribuem para este resultado.

Estes adjetivos, somados à versatilidade da agroindústria avícola brasileira para atender com precisão aos pedidos de clientes, demandas e gostos dos cinco continentes, garantiram ao Brasil a consolidação como líder mundial nas exportações e importante parceiro na segurança alimentar de diversos mercados extremamente exigentes, como a União Europeia e o Japão.

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O papel do governo

A base da legislação de defesa animal é o Decreto No. 24.548 de 3 de julho de 1934. Atualmente, o chamado SUASA - Sistema Unificado de Assistência a Sanidade Agropecuária envolve mais 20 mil colaboradores, distribuídos em quatro mil escritórios operados por 27 agencias estaduais. Além da sanidade animal o SUASA absorve aos sistemas de inspeção industrial de produtos de origem animal e vegetal, de classificação vegetal e de fiscalização de insumos e serviços.

A atuação do governo nas ações de defesa sanitária e de vigilância deve basear-se na transparência e no conhecimento científico. Os pilares dessa atuação devem contemplar o compartilhamento da responsabilidade público/privado, a integração da cadeia produtiva e a definição do papel de cada setor. A gestão deve ser participativa e a avaliação dos resultados deve ser periódica a fim de eventuais corrigirem desvios.

É importante, também, que o governo tenha agilidade em suas ações regulares e celeridade no caso de intervenções sanitárias, tanto para mitigar riscos como para erradicar focos de doenças. Dessa maneira, o governo deve ser capaz de implementar ações destinadas a prevenir ocorrências sanitárias e, para isso, tem que estar aparelhado adequadamente e com seu pessoal capacitado. Mas, é importante sanar as deficiências existentes atualmente, pois o governo enfrenta sérias dificuldades com restrições financeiras e redução do quadro de pessoal. Além disso, faltam planejamento e visão de longo prazo já que as ações na maioria das vezes são reativas e imediatistas.

Em última análise, o Serviço Veterinário Oficial é o responsável pela certificação sanitária dos produtos de origem animal, tanto para exportação como para o mercado interno.

No caso específico das exportações, quando o Brasil firma um acordo sanitário com um país importador, o Ministério da Agricultura dá garantias específicas sobre a situação sanitária e zoosanitária dos estabelecimentos avícolas envolvidos na produção do produto exportado - granjas, incubatórios, fabricas de rações e abatedouros. Esses compromissos são avaliados e ratificados quando da visita de missões que vem auditar o serviço veterinário oficial e privado e os

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estabelecimentos habilitados para exportação. Nessas ocasiões, além de vistoriar os estabelecimentos visitados, os registros oficiais são conferidos bem como são verificados o grau de conhecimento do responsável técnico pelo estabelecimento produtivo e a efetividade da das ações desenvolvidas pelo serviço veterinário oficial no caso de desvios e ações corretivas correspondentes para sanar esses desvios. Também são alvo de atenção às unidades locais de atenção veterinária e os laboratórios de diagnóstico. Com isso os integrantes da missão tem um panorama sobre o comprometimento de todos os intervenientes no processo de produção.

Adequação governamental

Infelizmente o setor oficial não acompanhou o desenvolvimento da avicultura na mesma velocidade do setor privado e precisa promover ações de ajuste de legislação e adequação de procedimentos a fim de alinhar o país com as exigências atuais de organizações internacionais como a OIE, OMC e Codex alimentarius. A base do sistema de defesa agropecuário foi estabelecida em 1977, quando Alyson Paolineli era o ministro da agricultura. Aliás, é dessa época o início do grande salto do país para a o agronegócio com a criação da Embrapa, a abertura do cerrado e a elaboração de uma política de credito agrícola. Posteriormente, a Lei Agrícola (Lei No. 8.171 de 17 de janeiro de 1991, regulamentada pelo Decreto No. 5741 de 30 de marco de 2006 e alterada na parte de defesa sanitária pela Lei No. 9712 de 20 de novembro de 1998) definiu as responsabilidades públicas e privadas no conjunto de normas sobre a saúde dos animais, sanidade dos vegetais, inspeção industrial sanitária dos produtos de origem animal e vegetal, bem como a vigilância sanitária nos portos e aeroportos e postos de fronteiras, das relações internacionais multi e bilaterais, dos serviços especializados, do bem-estar animal. Essas definições decorrem de leis especificas muitas delas bastante antigas como é o caso do RIISPOA que é da década de 50. Já a questão do bem-estar é mais recente, do ano de 2003, sendo que em 2013 sofreu uma nova atualização a fim de adequá-la aos regulamentos da União Europeia e de outros países importadores.

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Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 essas atribuições deixaram de ser unicamente federais, sendo que os Estados e Municípios passaram a ter responsabilidades, surgindo a partir daí legislações complementares estaduais e municipais. Como isso gerou um emaranhado de leis muitas vezes de difícil entendimento, está tramitando no Senado um Projeto de Lei do Senador Antonio Russo (PLS 592/2011) que tem por objetivo fazer uma consolidação das leis de defesa.

Quanto ao setor privado, estamos demandando do governo à atualização da legislação, como é o caso do RIISPOA e Portaria 210 (inspeção de aves). (Além disso, estamos apoiando a implementação da PGA – Plataforma de Gestão Agropecuária) e o incremento dos programas de autocontrole na garantia da qualidade a fim de diminuir a presença do Estado em ações típicas do setor privado. Também precisamos estabelecer claramente as novas responsabilidades definidas pelo código de defesa do consumidor e adequar procedimentos para atender as normas definidas pelo acordo SPS, TBT e Codex alimentarius. Estamos cobrando insistentemente do governo, principalmente do Ministério da Agricultura, a definição de uma política de boas práticas regulatórias, a exemplo do que ocorre hoje com a ANVISA, Receita Federal e outros órgãos, a fim de eliminar a legislação por meio de ofícios circulares, memorandos e mesmo portarias. Isso é importante porque no caso de uma Instrução Normativa a mesma tem que ser colocada em consulta pública e deve ser consensada com o setor privado antes de sua publicação.

Adequação das empresas para a inserção no mercado internacional

Para que uma empresa seja competitiva no mercado internacional é importante que a mesma implemente programas de controle de qualidade para atender ás exigências do mercado importador. Para isso, é necessário que ela reconheça que a seguridade alimentar é a preocupação "número um" da Europa e de muitos outros países importadores.

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Deve-se garantir o cumprimento dos requisitos dos países importadores, como é o caso de produtos produzidos sem a utilização de proteína animal na dieta das aves, livres de resíduos de antibióticos e de outros aditivos não permitidos, sem o uso de milho e soja geneticamente modificados, etc. Além disso, devem-se respeitar as exigências das agencias certificadoras e exigências específicas, como por exemplo, de supermercados e redes de restaurantes de comidas rápidas, como BRC, Global Gap, Mc Donald, KFC e outros.

Boas práticas de produção, tanto em nível de granjas como de fábrica de ração e de abatedouro, hoje são rotina na maioria das empresas brasileiras. Já APPCC nos abatedouros é uma ferramenta indispensável para garantir a qualidade e a inocuidade dos produtos, complementado por programas de redução de patógenos e de rastreabilidade em toda a cadeia. Mais recentemente, a questão ambiental assumiu papel de destaque, bem como programas de bem-estar animal e de saúde ocupacional dos trabalhadores.

Desafios para a avicultura brasileira

O maior desafio deste século será alimentar adequadamente a população mundial. Nesse cenário, segundo projeções da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção agropecuária deverá crescer 70% para alimentar e fornecer proteína, fibras e energia para mais de nove bilhões de pessoas em 2050. Além disso, dentro de pouco tempo a população urbana ultrapassará a população rural, assim como a pirâmide etária está mudando muito rapidamente, com o aumento do número de pessoas mais velhas. Isso, em decorrência do aumento da expectativa de vida e diminuição voluntária da taxa de natalidade.

Com uma população com mais poder aquisitivo e um aumento na renda familiar nos países em desenvolvimento, haverá um crescimento no consumo de proteína, frutas e legumes, em substituição aos carboidratos.

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Dentro desse contexto, a proteína de origem avícola leva nítida vantagem em relação às carnes bovina e suína, pois apresenta uma menor necessidade de alimento e água para produzir um quilo de carne e uma maior eficiência na transformação. Além disso, a população vive em meio a uma rotina cada vez mais agitada nas grandes cidades, tendo cada vez menos tempo para se dedicar ao preparo de pratos, o que representará uma excelente oportunidade para produtos prontos, com alto valor agregado.

Além de grande fornecedor de alimentos para o mundo, o Brasil deverá ter parte da sua produção destinada a abastecer o mercado interno. Embora nossos índices per capita de carnes já sejam altos - 42 kg de frango, 37 kg de bovina, 17 kg de suína e 9 kg de pescado - o consumo de carnes deve aumentar juntamente com o crescimento previsto na renda familiar para os próximos anos. Também continuará a haver uma mudança no perfil de produção, do frango resfriado para o congelado – hoje, representando quase 85% da produção nacional – e que agora migra em direção aos cortes e produtos processados – um bom sinalizador do desenvolvimento econômico, já que se trata de produtos com maior valor agregado.

Nesse mesmo cenário, registra-se a tendência de aumento da oferta de produtos diversos com marca própria dos varejistas, algo que em breve deverá chegar ao setor avícola. Somado a isso, a concentração do varejo em grandes redes pode representar uma diminuição na margem de negociação, ao mesmo tempo em que dará oportunidade às agroindústrias de se inserirem como fornecedores para os rótulos “supermercadistas”.

Automação e diversificação do mix de produtos também é uma tendência que deve se acentuar nos próximos anos a fim de diminuir gastos com mão de obra e melhorar a competitividade tanto no mercado interno como externo.

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Conclusões

A estratégia das empresas avícolas para os próximos anos deve ser a de aumentar a produção de produtos com maior valor agregado, ao invés de produzir e exportar apenas commodities.

A qualidade inegável da avicultura brasileira é resultado do esforço de nossas empresas que fizeram investimentos pesados em tecnologia de produção e em qualidade e sanidade. Entretanto, está na hora do governo fazer a sua parte, investindo mais em laboratórios de diagnóstico, gestão de recursos e capacitação de pessoal para trabalhar com base em análise de riscos. Do contrário, a globalização fará com que o crescimento de nossas empresas fique comprometido já que o custo e o risco de produzir no Brasil ficarão muito altos.

Estudos recentes realizados pela UBABEF demonstram que o país vem perdendo competitividade rapidamente nos últimos anos, principalmente devido ao aumento nos custos industriais (mão de obra, embalagens e investimentos) e custo com logística em alguns Estados. Essa perda de competitividade já se observa pela redução da participação nas exportações mundiais, que era de 30% no período 2001-2004, passou para 39% no período 2004-2008 e caiu para 37% no quadriênio 2009-2012. Poderíamos ter obtido receitas adicionais de US$ 1,650 bilhão e gerado cerca de 94 mil empregos diretos e indiretos, nos últimos quatro anos. E, se o quadro permanecer até 2020, poderá deixar de serem gerados em torno de 103 mil empregos diretos e indiretos na cadeia avícola. Entretanto, apesar das dificuldades apontadas pelo estudo, alguns cenários indicam que o Brasil continuará como o maior exportador mundial de carne de frango, pois contamos com um importante fator de competitividade que é o fácil acesso a insumos como milho e soja. Além disso, no que diz respeito à conjuntura, os ajustes cambiais em curso são favoráveis ao Brasil e podem criar a janela de tempo necessário para se implementar uma estratégia que estimule os investimentos destinados à redução dos custos de produção.

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CONTROLE DE PRAGAS NA AVICULTURA

Marcos R. Potenza e Edna C. Tucci

Pesquisadores Científicos/Instituto Biológico/APTA [email protected] e [email protected]

Moscas

Introdução

Ao transformar o ambiente natural em área urbana ou rural, o homem provoca uma série de modificações radicais na flora e na fauna local. Por um lado verifica-se a extinção da maioria das espécies nativas, por outro se verifica a adaptação de poucas espécies a essas transformações, as quais passam a beneficiarem-se do material orgânico aí acumulado.

Nos sistemas modernos de criação intensiva de animais como galinhas poedeiras e suínos, as fezes constituem um excelente substrato, altamente atrativo, para o desenvolvimento de dípteros sinantrópicos. Estas criações são denominadas de “grandes criadouros” de moscas nas áreas rurais.

Dípteros sinantrópicos são aqueles que aproveitam as condições criadas pelo homem para seu desenvolvimento. Estes dípteros representam um sério risco para a saúde pública e animal, atuando como vetores de microorganismos patogênicos como vírus, rickettsias, bactérias, e também de cistos de protozoários e ovos de helmintos.

Entre os insetos de interesse médico-sanitário que ocorrem em áreas metropolitanas e rurais, ou seja, em ambientes modificados pelo homem, destacam-se os dípteros muscoides (moscas) que assumem importante papel não só no campo da Ecologia, como também na Saúde Pública, pois os adultos são vetores mecânicos de inúmeros patógenos.

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No Estado de São Paulo, as espécies mais frequentes em granjas de poedeiras confinadas são: Musca domestica, Stomoxys calcitrans, Muscina stabulans, Fannia spp, Chrysomya putoria, Hermetia illucens.

Musca domestica é a espécie mais comum, representando cerca de 90% do total das espécies que se desenvolvem em tais ambientes. Entretanto a presença de um maior ou menor número de moscas de uma determinada espécie varia diretamente com as condições climáticas da região e com o manejo empregado na propriedade. No esterco de galinhas confinadas, p.ex., ocorre um aumento das populações de Hermetia illucens quando o esterco apresenta alto teor de umidade (acima de 75%).

A importância de Stomoxys calcitrans deve-se ao seu comportamento hematofágico sobre o gado bovino e equino, causando sérios prejuízos à pecuária local. Indivíduos dessa espécie se alimentam de sangue humano, porém têm maior atração por sangue de animais domésticos. O esterco acumulado sob gaiolas de poedeiras e a cama de aviária podem servir de criadouro para esta espécie que pode se deslocar até 10 km de distância, em busca de equinos e bovinos. Medidas preventivas podem ser adotadas com o manejo do esterco e de restos vegetais.

O gênero Chrysomya compreende algumas espécies de interesse avícola. O corpo possui coloração verde metálica. São espécies numerosas e facilmente encontradas em fezes e carcaças de animais.

As moscas se dispersam pelo estímulo olfatório e pela pressão populacional (alta densidade) o que lhes aciona os mecanismos de migração. Nas épocas favoráveis (primavera-verão), verifica-se que algumas moscas de áreas de “grandes criadouros”, como mencionado anteriormente, devido às superpopulações aí existentes, apresentarem uma maior dispersão. Essas moscas são encontradas posteriormente em locais que exerçam forte atração (pontos de atração: fábricas com odores adocicados ou de substratos em fermentação ou putrefação), como também nos vilarejos rurais, vilas ou até área urbana situada a cerca de 1 a 5 km de distância.

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Dados da literatura indicam que as moscas, em particular Musca domestica, tem um bom alcance de voo (10 a 20 km), e podem se deslocar numa faixa de 6 a 8 km por hora. Entretanto, observou-se que as moscas voam ao redor de uma extensa área para explorar o ambiente, e tão logo encontrem alimento adequado e suficiente para postura e abrigo, tendem a permanecer dentro de um raio de 100 a 500 metros do local de criação.

Embora M. domestica tenha um alcance de voo de até 20 km, poucos indivíduos dessa espécie se deslocam por mais de 1,6 km do ponto de liberação.

Alguns experimentos têm demonstrado que as moscas são capazes de voar consideráveis distâncias, particularmente se os pontos de atração situam-se em áreas abertas sem outros locais de atração e que forneçam alimento e abrigo. Demonstrou-se experimentalmente que M. domestica é capaz de voar contra um vento moderado (2 a 12 km/h) para um odor atrativo, porém, em geral, observa-se que as moscas movem-se a favor da direção do vento.

Quanto ao papel dos aviários como centro de dispersão de moscas, 60% das moscas que se criam nesses locais permanecem nas áreas próximas às instalações; 13% deslocam-se para outras instalações de criação (suínos, bovinos e outros) e 27% deslocam-se dos aviários para áreas onde não existem meios de criação em abundância.

Os dípteros não podem ser totalmente eliminados, mas medidas de redução populacional a níveis toleráveis devem ser adotadas.

O uso contínuo de inseticidas por um período prolongado pode desenvolver o aparecimento de populações de dípteros resistentes, aliado a má utilização desses produtos existe o risco de resíduos nos ovos e na carne das aves, além da poluição ambiental. O uso indiscriminado de inseticidas, aplicados no esterco para a eliminação dos dípteros, acarreta na destruição de outros artrópodes benéficos que atuam como inimigos naturais das formas jovens de dípteros.

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As exigências do mercado consumidor com relação à qualidade de alimentos livres de resíduos e substâncias químicas vêm crescendo ao longo dos anos. Da mesma forma, grandes empresas do setor de comércio de alimentos requerem maior profissionalismo dos produtores quanto aos processos de controle no que se refere à implantação de procedimentos específicos e planejados de acordo com a praga alvo. Desta forma a implantação das metodologias de controle integrado de pragas nestas criações zootécnicas é uma prática requerida pelo mercado com perspectivas de crescimento ao longo de um futuro próximo. O preparo do controlador de pragas para atender estas novas demandas é de fundamental importância para que o sucesso seja obtido nos diferentes setores comerciais envolvidos em todo processo.

Roedores

Introdução

Os ratos pertencem a Ordem Rodentia, a qual abrange todos os roedores. Das mais de 2000 espécies distribuídas pelo mundo, cerca de 125 estão classificadas como pragas e três são de grande importância para o homem, Mus musculus, Rattus norvegicus e Rattus rattus. Estas espécies costumam ocorrer isoladamente, porém em algumas situações podemos até ter duas espécies infestando uma determinada área. Desde os tempos mais remotos, Egito e Mesopotâmia, os ratos sempre conviveram com o homem tanto no campo como nas cidades, sendo chamadas de espécies sinantrópicas, devido à convivência com o homem, contra a vontade dele.

Estes animais competem diretamente com o homem por alimentos uma vez que atacam culturas e produtos armazenados, se estima uma perda anual de até 8% da produção mundial de cereais e raízes, estima-se que cada roedor consuma por dia o equivalente a 10% de seu peso. As perdas ainda podem ser maiores se considerarmos a contaminação dos alimentos por urina e fezes e o desperdício pelo rompimento de sacarias e outras embalagens, o mesmo acontecendo com os farelos e rações animais. Países importadores com rígidos níveis de fiscalização podem condenar

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toneladas de alimentos pela simples presença de alguns poucos montículos de excrementos, acarretando elevados prejuízos econômicos e a imagem do exportador.

Os ratos são ainda responsáveis pela transmissão de diversas doenças ao homem. A Organização Mundial de Saúde já catalogou cerca de 200 doenças transmissíveis, destacando-se a leptospirose, tifo, peste bubônica, febre hemorrágica, salmonelose, sarnas e micoses dentre outras. Os ratos urinam várias vezes ao dia e em pequenas quantidades, aproximadamente 40 vezes. Com esta informação e estes sendo vetores de doenças, podemos calcular quantos possíveis focos de contaminação estariam disseminados pelo ambiente.

Biologia e comportamento

Estes roedores possuem uma grande capacidade reprodutiva, sendo limitada apenas por certos fatores como doenças, falta de alimento e abrigo. São dotados de uma série de características sensoriais e físicas. O olfato é uma habilidade sensorial muito apurada nos roedores. Costumam marcar as trilhas as quais percorrem podendo delimitar áreas e detectar condições favoráveis ao acasalamento. Não estranham o odor do ser humano. O tato é um dos sentidos mais desenvolvido nos ratos, principalmente devido à presença dos pelos sensitivos, presos ao focinho, e pelos tácteis, ao longo do corpo. Os pelos sensitivos permite-lhes orientar-se no escuro, enquanto os pelos tácteis possibilita-lhes percorrer superfícies de difícil equilíbrio como o caso de fios e cabos elétricos. A audição é muito aguçada e sensível a ruídos estranhos, habilidade muito importante devido ao hábito noturno. Os ratos podem adaptar-se aos ruídos e também aos ultrassons. A visão é adaptada para ambientes escuros, é sensível a luz e não enxergam muito bem, não percebem as cores, somente as variações de claro e escuro. O paladar é altamente desenvolvido podendo discriminar e memorizar os diferentes gostos, rejeitando alimentos estragados e identificar raticidas misturados ao alimento.

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Tabela 1. Características reprodutivas dos roedores comensais

Rattus norvegicus

Rattus rattus

Mus musculus

Idade da maturidade sexual 60-90 dias 60-75 dias 42-45 dias

Período de gestação 22-24 dias 20-22 dias 19-21 dias

Filhotes/ninhada 7-12 7-12 3-8

Ninhadas/Ano 8-12 4-8 5-6

Produção de filhotes/ fêmea/ano

56-144 28-96 15-48

Fonte: FUNASA 2002

Estrutura social

Os ratos são animais que vivem em grupos e convivem em colônia que consiste de pequenas famílias com um macho adulto dominando uma ou mais fêmeas adultas e suas respectivas ninhadas. Os machos dominantes protegem a área pertencente à colônia dividindo-a pelo número de ninhos existentes. O território da colônia nem sempre é uma área delimitada e fechada, sendo constituída apenas de trilhas marcadas por urina e secreções que servem de orientação. Os ratos dominantes da colônia são machos e fêmeas mais fortes e em idade de reprodução, e os dominados os ratos jovens ou muito velhos. Os machos dominantes expulsam os outros machos os quais permanecem à margem do território, alimentando-se das sobras do dominante. Porém ao identificarem uma nova fonte de alimento (iscas) no território, o dominante espera o dominado ingerir parte deste novo alimento no aguardo de sinais que indiquem que este alimento é seguro. Por isso que os raticidas que possuem efeito imediato demonstram resultado satisfatório somente no início do controle, e após um período reaparece a infestação com os ratos sobreviventes, ou seja, os dominantes que não ingeriram a isca e passam a rejeitá-la e o local em que se encontrava. O comportamento social destes roedores confere a colônia um maior número de fêmeas, maior taxa de reprodução e localização estratégica dos ninhos em relação às fontes de alimento e água.

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Controle

A presença de roedores está associada à disponibilidade de alimento, água e abrigo. Acrescentando a estes fatores as características comportamentais e reprodutivas destes animais encontramos uma situação em que o controle somente alcançará o efeito desejado com a adoção de medidas integradas. O controle integrado de roedores envolve basicamente as seguintes etapas: inspeção, adoção de medidas sanitárias, controle químico, controle mecânico, controle físico e monitoramento.

Inspeção: a inspeção é realizada em toda área a ser protegida contra estes roedores, além de uma análise dos fatores externos (vizinhança) que podem estar contribuindo para a infestação.

Tabela 2. Avaliação do nível de infestação pela presença de sinais de

atividade

Sinais Nível de Infestação

Baixa Média Alta

Trilhas Nenhuma visível Algumas Várias,

evidentes

Manchas de gordura por atrito corporal

Nenhuma Pouco

perceptível Evidente em vários locais

Roeduras diversas Nenhuma visível Algumas Visíveis em vários locais

Fezes Algumas Vários locais Numerosas e

frescas

Tocas ou ninhos 1 a 3/300 m

2 -

área externa 4 a 10/300 m

2

- área externa + de 10/300 m

2 -

área externa

Ratos vistos nenhum Alguns á

noite Vários a noite, alguns de dia

Fonte: FUNASA 2002

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Adoção de medidas sanitárias: a eliminação de fontes de alimentos e higienização da área é essencial para o sucesso no controle de roedores.

Manter a área externa limpa: sem entulhos, materiais empilhados (madeira, canos, telhas), mato e grama devidamente aparados, poda de galhos de árvores que se projetem sobre a construção.

Eliminar ou proteger as fontes de água: fossos, valas, poças estagnadas, poços, caixas d’água e outros reservatórios.

Armazenamento adequado e protegido: cereais e forragens, alimentos, rações.

Acondicionamento do lixo em recipientes a prova de roedores, ou de difícil acesso.

Controle químico: atualmente é o método mais utilizado para eliminação de infestações existentes. Consiste na utilização de substâncias tóxicas incorporadas a iscas que serão oferecidas em locais de trânsito ou de visitação destes animais. As substâncias contidas nas iscas também são tóxicas para outros mamíferos como gatos, cães e o próprio homem. As principais categorias de produtos rodenticidas são a de produtos de contato corporal e iscas raticidas de ação prolongada com anticoagulante de dose única ou dose múltipla. O anticoagulante é uma substância química que impede a coagulação normal do sangue, podendo provocar hemorragia e causar a morte quando ingerida por um animal acima de uma determinada dose. Formulações: pós de contato, peletes, grãos impregnados, girassol impregnado, blocos extrusados e blocos parafinados.

Controle mecânico: consiste na utilização de sistemas de proteção física contra a entrada de roedores na área, e sistemas de captura para remoção e posterior eliminação destes roedores. Colocação de dispositivos impedindo a escalada em fios, paredes, tubulações, encanamentos. Dispositivos de captura podem ser distribuídos estrategicamente pela área, como ratoeiras, armadilhas adesivas e gaiolas com entrada única. O tamanho do dispositivo deve ser proporcionalmente resistente à espécie que se pretende capturar. A utilização de barreira elétrica tem como fatores limitantes o seu custo, manutenção e riscos de acidentes.

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Controle físico: a utilização de aparelhos que emitem ultrason segundo diversos autores deve ser melhor estudada para uma conclusão definitiva sobre esta técnica. Porém os mesmos autores apresentam algumas limitações dos aparelhos de ultrassom com relação a sua eficiência no controle de roedores.

Direcionalidade: sons de alta frequência não são refletidos ao redor de objetos sólidos.

Atenuação: o ultrassom é absorvido pelos materiais sólidos.

Intensidade: a intensidade efetiva de um ultrassom para o controle de roedores, pode ser prejudicial ao homem.

Aplicabilidade: restrito á áreas fechadas.

Familiarização do roedor: a aversão inicial pelos ratos e camundongos é rapidamente superada.

Custo benefício: sem estudos específicos.

Monitoramento: O monitoramento consiste no acompanha-mento dos resultados obtidos pelas medidas de controle, execução das medidas de higienização e monitoramento de novas infestações. Medidas preventivas devem ser adotadas e revistas periodicamente neste processo. As medidas preventivas englobam todos os mecanismos mecânicos de controle e medidas de higienização. A presença de ratos em nosso meio se deve muitas vezes as condições favoráveis fornecidas pelo próprio homem.

Cascudinho

Alphitobius diaperinus popularmente conhecido como cascudinho, pertence a família Tenebrionidae com cerca de 18000 espécies conhecidas, dentre as quais muitas estão associadas a produtos armazenados e como pragas secundárias. É uma espécie cosmopolita, comumente encontrada infestando resíduos de produtos úmidos estocados. Trata-se de uma espécie que se adaptou com sucesso aos modelos zootécnicos de criação de aves, principalmente nos sistemas de confinamento.

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É uma das principais pragas encontradas em aviários. Originário do continente africano, associado a ninhos de aves e morcegos. A forma adulta é ovalada, com tegumento marrom escuro, quase negro, comprimento de 6 a 6,8mm e 2,75 a 3,17mm de largura. A longevidade pode chegar a 20 meses e ovipor 2000 ovos. Em condições de laboratório a fase de ovo a 22 e 31°C varia de 8,9 a 3,0 dias e abaixo de 17°C não ocorre eclosão. As larvas se desenvolvem em temperaturas entre 22 e 31°C, com 96,7% de sobrevivência a 28°C. O ciclo reprodutivo do inseto é de 55 dias a 27°C e 80% de U.R.

Considerado um importante vetor de patógenos devido a sua capacidade de viver na cama de aviários e o hábito de se alimentar de aves moribundas e mortas. Importante vetor das bactérias Streptococcus SP., Clostridium perfringens, Citrobacter sp, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter spp., Proteus spp, Bacilus subtilis, Corynebacterium SP., Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Serratia marcescens, Salmonella typhimurium e dos fungos Aspergillus flavus e Candida sp., dentre outros. O hábito das aves ciscarem o substrato favorece a ingestão de larvas e adultos, interferindo na qualidade e produção da carne.

O crescimento populacional de cascudinhos é contínuo enquanto as condições forem satisfatórias e de maneira desuniforme no aviário, ocorrendo pontos com alta e baixa infestação. O número de larvas é superior ao de adultos e observa-se maior densidade populacional no acúmulo de camas onde a temperatura é mais elevada na parte mais profunda.

O controle é considerado difícil devido aos inúmeros abrigos que esta espécie encontra no ambiente interno e externo do aviário. A aplicação de inseticidas tem sido o método mais utilizado, porém com muitas limitações em atingir o alvo biológico e consequentemente baixa eficiência. A presença de resíduos na carcaça é uma preocupação e fator limitante no uso de agrotóxicos. O controle integrado associando outras tecnologias como reguladores de crescimentos de insetos (RGI), terra de diatomácea, produtos naturais, nematóides e fungos entomopatogênicos deve ser melhor avaliado em condições de campo.

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A modernização nos sistemas de produção poderá propiciar novas ferramentas de controle, reduzindo os abrigos e expondo estes insetos aos métodos físicos como temperatura e gases inertes.

Baratas sinantrópicas

As baratas são os insetos mais comuns ao convívio humano. No entanto, das cerca de 4.000 a 5.000 espécies existentes, a maioria é silvestre e menos de 20 espécies são consideradas pragas. No Brasil, podemos considerar as espécies Blattella germanica e Periplaneta americana de ocorrência generalizada, desde o Rio Grande do Sul até Manaus na região Amazônica.

Poucas espécies buscam o convívio com o homem. Isso se deve à adaptação das mesmas as nossas edificações, modificações do ambiente e sistemas sanitários. Mesmo nas diferentes épocas da evolução do homem, sempre houve disponibilidade de alimento, abrigo e água. Estas espécies são chamadas de baratas domésticas, vivem dentro de residências (domicílios ou outras estruturas construídas pelo homem) e no peridomicílio (ao redor de nossas edificações) e seus anexos, tais como caixa de gordura, esgoto, bueiros e outros locais úmidos e escuros.

Biologia

São insetos geralmente de coloração escura, corpo ovalar e achatado dorsoventralmente. A cabeça é ligada a uma estrutura membranosa e extensível que propicia uma excelente mobilidade e na maioria das espécies coberta pelo pronotum. Apresentam coxa grande, fêmures e tíbias com espinhos.

As baratas são insetos paurometábolos, ou seja, apresentam metamorfose gradual ou parcial (simples) em três estágios: ovo, ninfa e adulto. A aparência das ninfas é semelhante à dos adultos, exceto pelos órgãos sexuais desenvolvidos e a asas funcionais. A reprodução é tipicamente sexuada. A fêmea produz uma cápsula protetora dos ovos (ooteca), em forma de bolsa fechada, que contém duas fileiras de ovos justapostas e separadas por uma membrana.

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O ciclo de desenvolvimento da barata, do ovo à fase adulta, depende de fatores como: espécie, condições de temperatura e umidade (alta temperatura e alta umidade favorecem um menor tempo de desenvolvimento), disponibilidade de alimento e teor de proteína. As baratas são severamente afetadas pela disponibilidade de água, muito mais que outros artrópodes, definindo sua preferência por certos ambientes e abrigos.

Espécies de importância para avicultura

Blattella germanica: são baratas pequenas medindo de 12 a 16 mm de comprimento, de colorido amarelado, com duas faixas longitudinais castanho-escuras no pronoto. Gostam de ambientes úmidos e temperaturas acima de 21ºC, sendo facilmente encontradas em cozinhas e dispensas concentrando-se em armários, balcões, pias, e prateleiras, especialmente quando feitas de madeira. Têm como preferência alimentar comidas fermentadas, gorduras, alimentos com amido e açúcar.

Periplaneta americana: chegando a ter 3,8 cm de comprimento, de cor castanho-escura com bordas amarelas no bordo superior do pronoto. Podem viver mais de 15 meses e voar a curtas distâncias e preferem locais quentes e úmidos. Podemos destacar como preferência alimentar a matéria orgânica em decomposição e alimentos contendo amido e açúcar. Podem danificar tecidos, papéis e outros materiais.

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Tabela 3. Dados biológicos de Periplaneta americana e Blattella germanica

Dados Biológicos Espécie

Periplaneta americana Blattella germanica

Tamanho 30-45 mm 15-20 mm

Coloração castanho escuro caramelo

Pré-postura 20 dias 8 dias

Ootecas/fêmea 10 a 15 4 a 8

Incubação da ooteca 30-40 dias 17 dias

Ovos/ooteca 14 a 28 37

Números de mudas 9 a 13 5 a 7

Período de desenvolvi-mento das ninfas

9 a 13 meses 40 dias

Longevidade do macho 2 a 3 anos 128 dias

Longevidade da fêmea 2 a 3 anos 153 dias

Tabela 4. Abrigos preferenciais para Periplaneta americana e Blattella

germanica

Periplaneta americana Blattella germanica

Caixas de esgoto e gordura Equipamentos (caixas de comando)

Caixas d’água Depósitos de embalagens

Quadros de energia elétrica e telefonia

Frestas na alvenaria

Galerias subterrâneas Dutos de eletricidade

Cisternas Sob pias e bancadas

Depósitos de embalagens

Aviários (embalagens, reservatório de água, esterco)

Áreas externas (onde ocorra acúmulo de materiais)

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Importância médica e veterinária

As baratas são excelentes carreadoras de patógenos, sendo conhecido um grande número de bactérias, fungos, helmintos, protozoários e vírus, transportados por estes insetos. O hábito onívoro e algumas características comportamentais das baratas favoreceram a dispersão de muitos microrganismos, associado interna ou externamente ao corpo. O transporte ocorre no tubo digestivo, tegumento, excrementos, superfície externa do tarso. E a transmissão pela regurgitação, contato físico e excrementos.

As baratas P. americana e B. germanica podem transportar no trato digestivo e superfície externa do corpo: Citrobacter freundii, Proteus mirabilis, Serratia odorífera, Klebsiella oxytoca, Enterobacter agglomerans, Entamoeba histolytica. Periplaneta americana é um importante vetor de Klebsiella pneumoniae, Enterobacter aerogenes, Serratia marcescens, Hafnia alvei, Enterobacter gergoviae, Enterobacter cloacae, Serratia spp., Escherichia coli, Proteus vulgaris, Staphylococcus spp., Shigella spp., Salmonella spp., Proteus spp., Entamoeba histolytica.

Controle integrado de baratas

O controle de baratas tem sido realizado tradicionalmente com a utilização de inseticidas, na forma líquida e gel. Dentre os insetos pragas, as baratas B. germanica e P. americana possuem o maior acervo químico, tanto ingredientes ativos como formulações, registrados para o seu controle. Mesmo com esta disponibilidade de ferramentas químicas, alguns critérios devem ser adotados:

Identificação da espécie: a correta identificação da identidade da espécie possibilita o acesso ao acervo de informações técnicas e científicas.

Compreender a biologia e o comportamento da praga: a análise dos aspectos biológicos e comportamentais do inseto fornece informações sobre hábitos alimentares, abrigos preferenciais, necessidades térmicas, umidade, e aspectos da reprodução, como subsídio para o seu controle.

Determinar o nível de infestação para adoção dos métodos de controle mais adequados.

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Inspecionar o ambiente e determinar quais as condições locais que propiciaram o desenvolvimento da infestação (abrigos, fontes de alimento, água e umidade, transporte).

Conhecer e avaliar as medidas de controle e o seu uso (custo, riscos, benefícios, eficácia). Análise dos ingredientes ativos e formulações disponíveis.

Implementar táticas seguras e efetivas antes e após o controle: adequações, modificações e manejo do ambiente. Avaliar o possível impacto das medidas adotadas sobre o ambiente (público, animais, resíduo em alimentos e no ambiente). Realizar o monitoramento após a aplicação e se necessário adotar medidas complementares. O monitoramento pós-tratamento pode ser utilizado como um indicador de eficácia do controle.

Literatura recomendada

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MANEJO DE FRANGOS DE CORTE

Iesser Salah

Médico Veterinário

Introdução

A avicultura industrial é baseada em três pilares básicos, sendo eles: Nutrição, Genética e Manejo, em que os dois primeiros, dependem inteiramente das adversidades impostas pelo ambiente. O manejo determina se a genética das aves e a nutrição oferecida as elas, expressará todo seu potencial.

Para alcançarmos o resultado em manejo, toda a equipe de produção deve trabalhar integrada, para não ter o risco de obter o melhor resultado produtivo, sem necessariamente o melhor custo e rentabilidade para empresa e a satisfação do cliente. As áreas necessitam objetivos bem claros e para isto, é importante a definição da missão. Abaixo uma sugestão de missão da área de fomento de frangos de corte:

"Produzir carne de aves com o melhor custo e rentabilidade (buscar o potencial de cada genética, de acordo com a melhor estratégia competitiva de nutrição) desde a granja até o abatedouro, atendendo a qualidade e as especificações definidas pelos clientes, de maneira responsável, sustentável e de acordo com as legislações vigentes (leis de países importadores, MAPA, legislação trabalhista, ambiental, bem estar animal...)."

Importante definirmos também as funções e objetivos de cada área e funcionários, não somente para resultados de desempenho, mas também para os custos competitivos, de todas as fases até o abatedouro, local onde o trabalho é finalizado com as avaliações de qualidade química, física e microbiológica da carcaça, que deve estar dentro das especificações do cliente interno e externo.

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Exemplos de objetivos de uma empresa para produção de um frango de 2,85 kg:

Peso aos sete dias: 4,5 - 5,0 vezes o peso inicial do pintinho.

Mortalidade total: < 3,5%.

Ganho de peso: > 63 GMD.

CA calórica: < 5.480 Kcal: Alimento com média de 3.150 Kcal: CA real < 1,74.

Alimento com 3.200 kcal: CA real < 1,71.

Custo de alimento/kg de frango vivo: < U$ 0,57(Milho U$ 190,00 e farelo de soja U$ 460,00).

Custo / kg de frango vivo na plataforma: < U$ 0,80.

Custo / Kg de carcaça eviscerada: < U$ 1,35(>73% rendimento seco)

Custo /kg de carne de peito: <U$ 2,50(> 19 % Pectoralis thoracicus).

Salmonella sp. < 5%. Condenação parcial < 8%.

Condenação total + mortalidade no transporte: < 0,70%

Um bom lote de frangos inicia com um consistente planejamento e gestão, do processo de produção, recursos e pessoas. Na gestão do fomento, planejamos as estratégias, como o melhor modelo de aviário e equipamentos, o ponto de equilíbrio econômico de densidade e idade, intervalo entre lotes, política de pagamento do integrado, alojamento/abate e os procedimentos padrões de manejo, checando, gerenciamos os dados e atuando para cumprir a missão.

Objetivos

Como o sentido da palavra "MANEJO" é muito amplo, nesta revisão vamos abordar somente alguns temas de interesse, concentrando em áreas de oportunidade para melhoria de nossa competitividade, seja por mudanças e novos desafios que ocorreram nestes últimos anos, seja por comparações realizadas entre manejos de várias empresas visitadas. Agradeço então ao valoroso auxílio de alguns colegas nossos, sem o qual este trabalho não seria

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possível. Não vamos divulgar nomes ou empresas, pela confidencialidade necessária e respeito às regras do simpósio.

O objetivo é maximizar a rentabilidade, reduzindo o custo com o uso de tecnologias e conceitos simples, comprovados em literaturas, a campo e utilizando recursos e matérias-primas escassos, para produzir um produto competitivo, dentro das especificações de nossos clientes, contribuindo para a redução da fome mundial e da redução da contaminação ambiental.

Vamos começar com algumas perguntas para reflexão que iremos discutir ao longo deste trabalho:

Estamos correlacionando a temperatura do embrião na incubadora e os resultados de desempenho na granja, em nossos modelos de gestão?

Estamos utilizando racionalmente nossa cama, aquecimento e energia elétrica?

Utilizamos o melhor manejo de cama no intervalo de lotes? Também para camas positivas para Salmonella e intervalos reduzidos?

Estamos levando em consideração todos os aspectos fisiológicos da ave em nosso manejo?

Para alcançar a zona de conforto da fase inicial de pintinhos, podemos utilizar uma única tabela de temperatura para qualquer região?

Como utilizar luz monocromática LED em aves e qual seu impacto em desempenho e custos?

Dentre os métodos de avaliação de qualidade de pintinhos qual o método que tem melhor correlação estatística com o desempenho final do lote?

Qual o efeito da velocidade de ar no desempenho e custos? Podemos melhorar mesmo em aviários convencionais?

Como ganhar mais peso em aviários de alta densidade?

Estamos utilizando os conceitos corretos em jejum pré-abate? Como avaliar no abatedouro?

Caso este trabalho possa auxiliar na introdução de uma única prática de manejo, para melhorar a competitividade de cada empresa, o objetivo será alcançado.

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Intervalo entre lotes e tratamento de cama

Um bom lote de frangos inicia com um consistente programa de biosseguridade, onde a limpeza e desinfecção do aviário e equipamentos serão determinantes para saúde das aves durante o período de criação. A saúde das aves, qualidade das patas e peito é totalmente dependente da qualidade e quantidade de cama. O material a ser utilizado deve favorecer a absorção da umidade e ser manejada diariamente. Recomenda-se uma espessura mínima de 10 cm e que se faça a reposição de 3 cm a cada intervalo de lote.

Ingrid De Jong et al ( 2014) trabalhando com camas úmidas contra camas secas concluem que "O aumento do conteúdo de umidade da cama não somente causou severa podo dermatite, mas também reduziu o desempenho e rendimento de carcaça e teve um efeito negativo em outros aspectos do bem estar animal". Segundo Miles et al, 2004 uma redução em 10% do nível de amônia, poderia melhorar o peso final aos 42 dias, em mais de 45 gramas. Bo Algers e Charlotte Berg sugerem o uso de um escore de podo dermatite para avaliar o bem estar animal. A qualidade da cama então interfere diretamente com o cumprimento de nossa missão do fomento.

Dentre os vários tratamentos de cama utilizados no intervalo de lotes, o método de enlonamento (cobrir com lona plástica impermeável vedando toda superfície da cama e mantendo enlonado (por no mínimo oito e idealmente 12 dias) foi o que apresentou melhores resultados, seja pela redução do número de bactérias da cama, sejam estas mesófilas ou enterobactérias (EMBRAPA) seja pela morte de larvas de insetos “cascudinho” (Alphitobius diaperinus). Em vazios sanitários reduzidos, onde não temos tempo de fermentação de cama e renovação de ar suficientes ou ainda para lotes com cama positiva para Salmonella, o uso de cal na proporção de 600 gramas/m

2 tem se mostrado muito eficiente,

inclusive melhorando a qualidade microbiológica com o reuso em 14 lotes. Esta reutilização de cama além de reduzir a contaminação por Salmonella auxiliou na redução de custos, melhora de competitividade e da sustentabilidade ambiental (Roll et al ,2011).

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Manejo inicial

Willemsen et al(2008) testando medições de qualidade de pintinho e correlacionando estatisticamente com parâmetros de desempenho pós nascimento, conclui que " o peso aos sete dias foi o melhor parâmetro para predizer o peso ao abate". O mesmo foi demonstrado por Cervantes (2010), revisando várias estatísticas de avaliação de pintinhos, correlacionando com peso e desempenho final.

Segundo Vieira, 2000 o atraso no alojamento reduz o potencial da quantidade de células satélites e percentual de síntese proteica, principalmente de carne de peito. Mozdziak comenta que o núcleo das células contém o material genético e "motor" da produção de proteína, aumentando o número de células satélites que proliferam e se diferenciam em novos núcleos durante a fase embrionária ou na primeira semana de idade, gerando uma maior capacidade de produzir carne.

Resumindo, o alojamento e a primeira semana da ave tem uma relação direta com o desempenho e o rendimento de carne final do lote.Com objetivo de aproveitar o máximo o peso na primeira semana e o potencial genético da ave, temos de adaptar nossas condições de manejo. Abaixo cito alguns aspectos da fisiologia que gostaria de abordar:

As aves são comedoras de sementes

Podemos aumentar o consumo de nutrientes, sem aumentar o percentual destes e o custo na dieta, simplesmente pela modificação da estrutura da dieta e estímulo ao consumo. A literatura é extremamente ampla no que diz respeito ao DGM (diâmetro geométrico médio) das partículas dos ingredientes da ração. Inúmeros trabalhos demonstram melhor ganhos de peso e conversão alimentar quando utilizado partículas mais grosseiras. Dahlke 2001, trabalhando com DGM de milho entre 0,336 mm e 1,12 mm encontrou aumento de consumo, melhora no ganho de peso e conversão alimentar linearmente proporcional ao aumento do tamanho das partículas do milho utilizado na dieta. Também com o pelete, verificamos uma relação direta entre o percentual deste e o

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incremento do consumo, desempenho e maior tempo de descanso das aves.

Na fase inicial temos usados três tipos de granulometria para ração triturada (DGM da ração): pré-inicial ao redor de 1,6 mm, ração inicial entre 2,0 mm e 2,4 mm. O manejo da fábrica de rações até os comedouros, para garantir a integridade do pelete e do triturado deve ser considerado.

As aves aprendem a comer de maneira visual-sinestésica

Nos primeiros dias de vida necessitam maiores estimulo ao consumo de ração, desta forma a utilização de papel durante as primeiras 48 hs, facilita o acesso e auxilia na identificação do alimento. A ração deve ser colocada sobre os papeis em pouca quantidade e com a maior frequência possível, pois a movimentação também estimula ao maior consumo.

Segundo Batal e Parsons (2002) o pintinho tem uma digestibilidade reduzida para uma dieta milho-soja, nos primeiros 10 a 15 dias de idade, onde os nutrientes como aminoácidos não digeridos podem estar no dobro da concentração intestinal, servindo de substrato para bactérias. Obviamente trabalhar uma ração pré-inicial com maior digestibilidade é um ponto crítico, porém o manejo deve tentar reduzir este efeito. Assim como o carboidrato não digerido fermenta, a proteína entra em putrefação e as gorduras em rancificação dentro do intestino, este mesmo processo pode acontecer dentro de bandejas e comedouros quando facilitam a entrada dos animais para que durmam e defequem sobre estes. Para evitar esta que esta situação ocorra, são indicados pratos de comedouros praticamente cheios nos primeiros dias de vida, para que as aves consumam por fora e não em cima da ração. Não recomendamos a utilização de bandejas com ração.

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As aves são comedores sociais

Os frangos comem quando vem os outros comerem.

A pratica do adensamento e iluminação do prato comando proporciona uma frequência maior na ativação dos comedouros, estimulando as aves a visitarem os pratos, aumentando o consumo de ração e consequentemente o ganho de peso.

Estimular o consumo no prato comando proporciona o aumento de consumo nas demais áreas do aviário.

As aves tem visão bimodal com Sensibilidade à cor máxima em 550-570 nm

Aves expostas a comprimentos de onda curtos apresentam melhor ganho de peso e eficiência alimentar (KRISTENSEN et al. 2007), enquanto a luz de longo comprimento de onda (acima de 650 nm) penetra na cavidade craniana e estimula a maturidade e atividade sexual para reprodutoras.

Utilizar lâmpadas monocromáticas de coloração verde (560nm) para etapa inicial e azul (480nm) para fases finais tem influencia positiva sobre o consumo e ganho de peso. Vários trabalhos estão publicados demonstrando a preferência das aves a estas cores:

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Local Efeito da luz monocromática Autor

Incubação Luz verde aumentou o desenvolvimento embrionário pós-nascimento

Rozenboim et al 2003, 2004

Incubação Luz verde aumentou a proliferação de células satélites

Havely et al,

2006

Incubação Luz verde aumentou o peso de carne de peito em 50,4 gramas

Zhang et al, Poultry science,

2012

Aviários Pico de preferência na região laranja e azul do espectro visual

Hess, 1956

Aviários Luz verde é preferida contra a vermelha Capretta, 1969

Aviários Luz verde acelera o crescimento muscular Havely, 1998

Aviários Luz verde estimula o crescimento nas fases iniciais, enquanto luz azul as fases finais

Rozenboim, 1999

Aviários

Luz monocromática verde (LED 560 nm) 1-10 dias de vida e azul (LED 480 nm) até o abate: melhorou o ganho de peso em190 gramas

Rozenboim, Poultry science,

2004

Aviários Em teste de comportamento, as aves preferiram as luzes azul e verde contra a branca e vermelha e ficaram mais calmas

Prayitino et al, Poultry science,

1997

Aviários As aves apresentaram melhor desempenho com LED comparado com fluorescente

Mendes et al, 2013

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Sensitividade ao espectro de luz Segundo Prescott e Wattes:

Com relação a custos, Semon (2013) comparando o sistema de luz monocromático LED para 5.000 reprodutoras para um custo de U$ 0,11/KW, encontrou uma economia de U$ 2.860,00 anuais (U$ 3.300,00 com lâmpadas vapor de sódio X U$ 440,00 LED). Semon também recomenda o uso de um "switch" com as duas cores de luz para o pinteiro onde necessitamos de mais intensidade de luz. Desta forma poderíamos desligar as luzes verdes depois da fase inicial e manter as azuis, para facilitar o manejo.

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Volta a pergunta: que cor de luz estamos dando as nossa aves? Está de acordo com a fisiologia destas e é a forma mais competitiva de uso?

Controle da qualidade da água

Fornecer água em quantidade e qualidade para o atendimento das necessidades das aves é uma das tarefas mais importantes do manejo de frangos de corte. A água é um nutriente vital envolvido em muitas funções fisiológicas: digestão, absorção, termorregulação e também componente essencial do sangue e tecidos do corpo. Os frangos em condição de conforto consomem praticamente o dobro de água em relação à quantidade de alimento, podendo aumentar esta relação caso sejam submetidos à condição de estresse por calor. A temperatura ambiente bem como a da água são determinantes para a redução ou aumento do consumo, afetando diretamente no desenvolvimento do lote. A temperatura da água deve estar entre 20 e 25°C, situações acima de 28°C estimulam o nervo lingual e reduzem o consumo. Um dos mais frequentes erros de manejo está na regulagem dos bebedouros, nos caso de nipple tanto a vazão quanto a altura possuem influencia direta no consumo de água, que tem uma relação direta com o consumo de ração, exigindo o monitoramento diário por parte do avicultor.

A água oferecida as aves deve ser potável atendendo os mesmo padrões de qualidade para consumo humano. A cloração deve ocorrer desde o primeiro dia do alojamento até o final do período de criação com dosagens que garantam no mínimo 0,5 ppm no final da linha do bebedouro. O reservatório deve ser mantido a sombra e não permitir acesso a outros animais.

Temperatura e zona de conforto

Para maximizar o desempenho, a temperatura ambiente dentro da zona de conforto nos primeiros dias também afeta diretamente o resultado final. A pergunta é qual a temperatura ideal nos primeiros dias? Neste caso a velocidade do ar, umidade e sensação térmica também são importantes? Qual a relação da temperatura de embrião com o resultado de desempenho?

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As aves são animais homeotermos, porém com muita deficiência em suportar grandes variações de temperatura. O sistema nervoso é o responsável pela integração dos diferentes sistemas e aparelhos orgânicos, regulando o contato que é mantido tanto com o meio externo quanto com o interno.

Segundo Curtis 1983, a zona de conforto térmico ou de termoneutralidade é a faixa de temperatura efetiva ambiental na qual a ave mantém a temperatura corporal, com o mínimo esforço dos mecanismos termorregulatórios. Não há sensação de frio ou de calor e o desempenho é otimizado.

Os embriões das linhas atuais de alto rendimento, comparados com a década de setenta, tiveram um incremento da produção de energia na fase final de incubação, que segundo Meiherroff 1993, é da ordem de 250% (passaram de 0,12 kcal/hora/ovo para 0,30 kcal/hora/ovo incubado). Também segundo Meiherjoff, 2006 este processo aumentou as temperaturas embrionárias que tem uma forte correlação com o ganho de peso e conversão alimentar. A pergunta seria: Estamos correlacionando a relação de temperatura de embrião e os resultados de desempenho final? Evidenciamos a campo, que as empresas que começaram com incubação de estágio único aprenderam a controlar melhor a temperatura de embrião em estágio múltiplo e correlacionam estas com o desempenho final. Trabalhos realizados com incubação estágio múltiplo produziram melhoria de ganho de peso e em até 5 pontos de conversão, com ajustes de termostatos e da temperatura do embrião entre 99,5 e 101°F.

Um processo similar a este aumento de metabolismo de embriões ocorre nos frangos dentro dos aviários, onde as temperaturas necessárias para atingir a zona de conforto, reduziram com o passar dos anos. Hoje verificamos à campo mais problemas relacionados a temperaturas de galpões acima da zona de conforto da ave do que abaixo desta. Segue uma tabela de uma linha genética, correlacionando temperatura ideal e umidade relativa, buscando atender a zona de conforto térmico das aves.

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Em umidades abaixo de 20% (ex. Cidade de Arequipa- deserto do Atacama) as temperaturas necessárias no primeiro dia de idade estão acima de 35°C. No sul do Brasil, no entanto, com umidades ao redor de 60 %, devemos trabalhar no primeiro dia de idade com temperaturas próximas de 30°C. Embaixo das campânulas e no piso a temperatura será levemente superior.

Como a temperatura dentro do aviário é sempre mais alta em cima e mais fria em baixo (medições com câmera termográfica- Czaryck) é importante para redução de custo e melhoria de qualidade de cama, a circulação de ar com ventiladores voltados para o forro da pinteira. Também é importante aproveitar todo o calor do forno ou de campânulas a lenha colocando estes com uma leve inclinação e utilizando canos de 3 - 4 metros antes da chaminé.

Estes conceitos têm ajudado na uniformidade de temperatura, buscando a zona de conforto e melhorando a condição da cama, com redução de custo de aquecimento.

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Velocidade do ar

A velocidade de ar, atua basicamente criando o que chamamos de "vento frio", que com três metros por segundo, pode reduzir até mais de 10 graus de sensação térmica (dependendo da idade, umidade e temperatura)e ainda é responsável por retirar de dentro do galpão o calor latente e sensível produzido pelas aves, na ordem de 6 e 4 kW/h/kg de ave respectivamente. Em densidades de 40 kg/ m então, temos uma produção de 400 KW/h/m para ser retirados. A renovação de ar também ajuda na redução de amônia e na qualidade da cama.

Quando avaliamos o efeito da velocidade do ar sobre o resultado de desempenho, verificamos pelo trabalho de Dozier (2005), melhoras do ganho e da conversão alimentar de 287 e 100 gramas respectivamente, com uma simples melhoria de 2 para 3 m/s de velocidade de ar com uma temperatura média de 30°C. Quanto maior o frango, maior a vantagem referente a velocidade de ar de 3 m/s, porém em avaliações de campo por Toudic, 2013 a média de velocidade de ar de cinco empresas do sul, estavam entre 2 e 2,5, comparadas com velocidades americanas de 3,0 - 3,5 m/s, evidenciado uma enorme oportunidade de melhoria para nossa avicultura.

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Na foto abaixo, utilizando câmera termográfica, Czarick demonstra a diferença visual de temperatura da ave com 2 e 3 metros por segundo (respectivamente) de velocidades de ar.

Frangos com ventilação 2 m/s Frangos com ventilação 3 m/s

A pergunta de ouro seria como fazer para melhorar a velocidade de ar em aviários climatizados e em aviários convencionais. Começamos pelo tema em aviários climatizados.

Sabemos que a velocidade de ar é influenciada por vários fatores, entre eles, a vedação e pressão, número e capacidade dos exaustores e tamanho da seção. Em aviários climatizados, sabemos que existem vários problemas com vedação e potencia de exaustores, porém vamos nos ater a discutir a altura do aviário.

Czarick comenta que para cada 20% de aumento da altura do aviário deveríamos aumentar em 20% a capacidade de exaustão ou então estaremos reduzindo em 20% a velocidade de ar e que o ideal para regiões quentes seriam aviários de menor altura enquanto para regiões frias, aviários de maior altura. Já temos hoje empresas trabalhando com aviários com uma média de 2,0 metros de altura com excelentes velocidades de ar. O uso de defletores a cada 9 metros é outra opção.

Quando reavaliamos o trabalho de Galllo com 144 milhões de frangos, verificamos que o sistema de dark house obteve uma melhoria significativa de 47 gramas de conversão contra um sistema similar de pressão negativa, porém sem iluminação controlada.

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Realizar a ventilação do ambiente por pressão negativa tem se mostrado o mais eficiente sistema a ser utilizado na avicultura industrial, pois diminui a variabilidade do processo, porém opinião quem investe em aviários climatizados devem garantir o excelente funcionamento de toda esta tecnologia como, velocidade de ar mínima de três metros por segundo, placas evaporativas (para ser usada quando todos os exaustores estiverem funcionando), geradores, sistema Dark House com lâmpadas LED verde-azul e um treinamento operacional mais rigoroso do funcionário.

Os conceitos de climatização, bem como, a difusão desta tecnologia no Brasil ainda vem caminhando lentamente, pois os investimentos são altos e as adaptações dos aviários convencionais em climatizados não são tão simples. Com este cenário, também se faz necessário encontrar alternativas para amenizar o estresse por calor em granjas de aviários convencionais, cujo praticas ainda dependem muito do produtor integrado. Uma boa arborização ao redor dos galpões, nebulizadores e ventiladores em perfeito funcionamento são importantes para as tentativas de manter as aves em sua zona de conforto térmico. O uso de ventiladores dispostos a 70-80 cm de altura e na distancia correta entre eles, utilizados de forma a proporcionar um túnel com as extremidades do aviário abertas e cortinas fechadas, apresentam excelentes resultados em aviários convencionais com um baixo custo. Em algumas empresas o simples ajuste de altura e disposição dos ventiladores melhorou em mais de 50% a velocidade do ar e obtiveram ganhos diretos nos resultados de desempenho. Em regiões com temperaturas abaixo de 30 graus, trabalhando com os conceitos corretos, temos encontrado resultados de aviários convencionais muito similares aos climatizados. É importante o uso de aparelhos de medição como luxímetro (cluximetro), anemômetro e câmeras termográficas não somente mensurando como armazenando estes dados e realizando a gestão com o cruzamento das informações de desempenho.

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Densidade

Os efeitos negativos de densidade em galpões climatizados evidenciados a campo estão relacionados principalmente a piora da qualidade de carcaça e a redução do ganho de peso. Dozier et al, 2005 trabalhando com aves de 1 - 49 dias de idade e em densidades acima de 30 kg, encontraram uma redução linear de ganho de peso de 65 gramas para cada aumento de 5 kg/m², devido a redução no consumo de ração. Neste trabalho a C.A não foi estatisticamente afetada. Em integrações com baixa densidade (abaixo 28 kg/metro), é normal encontrar ganhos de pesos médios acima de 66 gramas/ dia onde comparando com a mesma avaliação em cinco empresas realizada por Toudic em 2012, encontrou ganhos de peso abaixo de 60 gramas diárias. Estas diferenças estão plenamente de acordo com as publicações a pergunta seria como podemos fazer para melhorar nossa competitividade em ganho de peso. Cito algumas sugestões:

Controlar as temperaturas do embrião e estimular ao máximo o ganho de peso da primeira semana, pela forte correlação com os pesos finais.

Uso de luz monocromática verde na fase inicial e azul nas fases posteriores.

Estimular o consumo de alimento em todas as etapas de acordo com a fisiologia do animal.

Adequar os galpões para velocidades de ar de 3 - 3,5 metros por segundo.

Verificar o ponto econômico ideal de densidade (algumas empresas mesmo reduzindo o número de aves, aumentaram os kg produzidos/m², reduzindo custo).

Manejo da sanidade

Durante as fases iniciais, as aves são mais suscetíveis a várias enfermidades. Segundo Mariani (1998) as aves são mais sensíveis a aflatoxinas nas primeiras semanas de idade, onde um desafio com 5 ppm desta toxina durante a primeira ou as três primeiras semanas ocasionaram respectivamente perdas significativas de 162 e 447 gramas de peso aos 42 dias de idade, enquanto desafios depois de 21 dias de idade não produziram perdas significativas de peso. Segundo Poppe (1996), a idade

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influenciou a infecção clínica com Salmonela enteritidis, onde com um inoculo de 100 UFC/ grama, produziu a infecção de 100% das aves nos dois primeiros dias de vida, sendo as mesmas aves totalmente resistentes ao mesmo inoculo com 4-8 semanas de idade. Quanto maior o inoculo e menor a idade maior a % de infecção das aves.

Sendo as aves mais sensíveis na fase inicial onde a digestibilidade também está reduzida e temos um maior substrato a nível intestinal, as primeiras duas semanas constitui se em nosso maior desafio para manutenção da sanidade digestiva. Como o consumo é menor e o efeito maior há uma grande relação de custo-benefício com o manejo de insumos de melhor qualidade neste período. Um exemplo é a mesa densimétrica, que segundo Silva (2008) trabalhando com milho de densidade maiores encontrou menores níveis de aflatoxinas e tricotecenos que milhos com densidades menores.

O monitoramento da sanidade dos lotes deve ser pratica rotineira da equipe de assistência técnica. Ferramentas como check list e coleta de material para exames laboratoriais são de grande importância para tomada de decisão no momento de optar por um programa de preventivos. O controle através de gráficos semanais dos escores de lesões encontrados a campo nos permite visualizar a evolução dos casos e prever o impacto destas no desempenho das aves.

Manejo pré-abate

O jejum pré-abate é uma prática rotineira na indústria avícola e tem por objetivo diminuir a contaminação no frigorífico, e melhorar a eficiência da produção ao evitar que um alimento que não será transformado em carne seja fornecido à ave poucas horas antes da mesma ser abatida. Vários pesquisadores definiram o período de 8 a 12 horas sem alimento como tempo ótimo para reduzir a incidência de contaminação e não afetar o rendimento de carcaça; no entanto, este período pode ser influenciado pela ingestão de água. Gomes (2007) demonstrou que um jejum de seis horas com acesso a água, reúne os melhores resultados referentes a perda de peso, esvaziamento do trato gastrintestinal, sem afetar o rendimento de carcaça e seus corte comercias. No mesmo trabalho comprova

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que tempo de jejum de 12 horas, resulta em perdas de 3,84% de peso vivo.

Uma boa metodologia de avaliação de um correto jejum pré-abate, é a pesagem dos intestinos no abatedouro verificando a relação percentual com o peso vivo. A excelencia seria uma relação inferior a 4%, porém são admitidos intestinos com até 5% de peso vivo.A moela sempre terá um pouco de ração, pois seu esvaziamento é mais tardio.

Resumo

Quando comparamos os desempenhos e rendimentos de carne brasileiros com os de outros países, verificamos uma enorme diferença favorável ao Brasil, por várias razões, porém estamos verificando uma perda de nossa competitividade em custos com o passar dos anos (Salah, 2013). Segundo Corso 2010,“houve uma resposta linear de peso, conversão e rendimento de carne ao incremento de aminoácidos, não resultando porém no cenário de custos de alimento mais eficiente economicamente”. Este trabalho se soma a vários recentemente publicados onde nos esclarece que provavelmente dietas mais densas para buscar o melhor resultado de desempenho, com os custos atuais de matéria-prima, não foram a melhor estratégia.

A pergunta seria como podemos cumprir nossa missão de produção com o menor custo dentro das especificações do cliente, usando rações competitivas? O manejo com certeza é o melhor caminho. Utilizando metodologias de alto custo-benefício, como aumentar o peso na primeira semana, utilizar racionalmente cama, aquecimento e iluminação, com velocidade de ar, ambiente e densidade adequada, estimulando consumo e reduzindo perdas no período pré-abate, teremos um melhor custo-benefício final de produção do quilo de carne produzida, mantendo ou melhorando a qualidade e especificações exigidas pelo cliente, utilizando melhor nossos recursos renováveis e cumprindo com nossa missão.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DE QUALIDADE DE CARNE DE FRANGO E FATORES

QUE PODEM AFETÁ-LA

Sergio L. Vieira

Departamento de Zootecnia Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre, RS 91501-970 [email protected]

O consumo de carne é um forte indicativo da posição social e econômica dos povos. Consumos elevados de carne possuem relação direta com o grau de industrialização dos países e a capacidade de compra das pessoas. A carne é um dos alimentos de maior nível nutritivo para consumo humano, não apenas como fonte de proteína de alta qualidade, mas também de minerais e todas as vitaminas do complexo B. O consumo per capita de carne varia em diferentes países devido às diferenças econômicas, mas também devido à limites de ordem religiosa e de recursos naturais disponíveis. Nos EUA, mais da metade de toda a renda agrícola é proveniente da venda de produtos de origem animal e de sua indústria de alimentos, que é o maior complexo industrial daquele país, a indústria de produtos de origem animal tem ocupado primeiro ou segundo lugar através de sua história, tanto em termos de volume de vendas como da quantidade de pessoas empregadas (Hedrick et al., 1989).

A produção de carne sempre foi uma atividade importante para a economia brasileira. Com a chegada dos portugueses em 1500 a criação de bovinos de corte estabeleceu-se rapidamente e espalhou-se por diversos estados. Muito mais tarde, entre as décadas de 60 e 70 do presente século, apareceram as criações industriais de aves e suínos. Estas três espécies animais respondem talvez pela maioria da proteína de origem animal consumida pelo homem atualmente. Pela tradição brasileira na produção animal, e também pela disponibilidade de recursos materiais e humanos, pode-se esperar que em um período curto de tempo outras espécies passem também a ter posição de relevância nos mercados nacional

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e internacional. Esse muito provavelmente será o caso da piscicultura.

A presença no mercado internacional é um dos fatores que impulsionou e continua impulsionando o crescimento em quantidade e qualidade das produções de carne bovina, suína e de aves. Já a produção brasileira de leite e ovos é principalmente voltada ao atendimento do mercado interno e por isso, infelizmente, não desfruta dos benefícios mercadológicos pelos produtos citados anteriormente.

A melhoria da qualidade dos produtos animais deve ser uma busca constante e este conceito deve ser encarado em duas frentes diferentes: no mercado interno, para que produtos melhores e mais baratos possam ser oferecidos à população e com isso ter sua demanda aumentada e; no mercado externo, onde os principais exportadores vem se preparando para uma competição cada vez mais intensa pelos mercados tradicionalmente compradores. O Brasil é um dos grandes jogadores no mundo da produção animal e as indústrias brasileiras possuem padrão de qualidade igual ou melhor que seus concorrentes internacionais.

Qualidade de carne ou de qualquer outro produto animal é um conceito bastante complexo que varia de acordo com as características próprias de cada consumidor e que possui muitas variáveis. Estas vão desde a composição nutricional, sanidade, características físicas, apresentação, embalagem, facilidade de uso etc… Em fim, qualidade é uma medida das características desejadas e valorizadas pelo consumidor. A maior parte dos fatores que influenciam a qualidade da carne pode ser controlada nas diversas etapas de sua produção. Enquanto que a composição da carne é estabelecida durante a vida do animal, outras características de qualidade são afetadas tanto com o animal vivo, durante e após o abate. Fatores como idade, sexo, nutrição, localização e funcionamento do músculo, apanha dos animais, transporte, temperatura ambiente, tempo de jejum, etc… reconhecidamente afetam a composição da carcaça dos animais. Entretanto, a alteração da qualidade pode também ser obtida através do uso de diferentes tecnologias de abate e pós-abate, como tempo de resfriamento (chilling), tempo e temperatura de maturação, estimulação elétrica, etc… (Kauffman and Marsh, 1987).

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Influências pré-abate

Localização e função são importantes fatores que influenciam a maciez da carne. No frango, os dois músculos responsáveis pelo movimento das asas são muito macios e têm baixo conteúdo de gordura. Isto ocorre porque as galinhas são aves com baixa capacidade de voo, o que leva a uma quantidade pequena de movimentos quando comparado com músculos localizados em outras áreas. Devido a sua baixa utilização, estes também têm rotas de utilização energéticas majoritariamente dependentes do uso de carboidratos, sendo classificados como Tipo IIB (glicolíticos de rápida contração). Assim, a sua população de mitocôndrias e mioglobinas é muito baixa, o que explica a sua coloração clara. Entre os dois músculos responsáveis pelos movimentos das asas, o Pectoralis minor é muito mais macio do que o Pectoralis major devido ao fato de que, enquanto P. major é o responsável pelo movimento de voo propriamente dito, P. minor apenas é utilizado para o movimento de retorno das asas, requerendo muito menos utilização de força (Sturkie, 1978).

A proporção de tecido conectivo é muito importante para determinar maciez da carne e está relacionada com a função desempenhada e localização muscular também. Entretanto, processos que ocorrem com o avançar da idade dos animais, como a formação de ligações cruzadas entre moléculas adjacentes de colágeno, a calcificação das extremidades ósseas, e aumento de diâmetro das fibras musculares, ajudam a explicar a redução na maciez da carne das aves com o tempo (Light, 1987). Perus apresentam uma tendência contrária ao aumento da rigidez muscular com o avançar da idade existente em outros animais. A taxa de crescimento de endomísio e perimísio de P. major em perus não acompanha aquela obtida durante o crescimento em diâmetro das suas fibras musculares, sendo então uma possível explicação para este fato (Swatland, 1990).

A quantidade de gordura presente na carne é uma característica de qualidade que vem ganhando cada vez mais importância devido à crescente conscientização da imagem corporal e para o fato de que dietas com alto teor de gordura levam ao aumento de problemas cardiovasculares. Como citado anteriormente, carnes de peito de aves têm teor muito baixo de gordura devido à reduzida necessidade de estocar energia nestes

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músculos. Já os depósitos de gordura subcutâneo, na cavidade abdominal e nas sobrecoxas são bastante acentuados, caracterizando regiões onde reserva de energia é importante seja para o isolamento térmico, seja para facilitar atividades físicas de longa duração. Os depósitos de gordura são ainda em maior proporção em fêmeas do que em machos e isto é causado principalmente pela existência de adipócitos de maior tamanho em fêmeas. Frangos fêmeas produzem carcaças com 2.5% a mais de gordura do que machos (Langslow e Lewis, 1974).

O frango de corte moderno é um animal selecionado para rápido crescimento e, portanto, para consumir grandes quantidades de alimento. Como consequência é um animal que deposita gordura muito rapidamente e em grandes quantidades. Entretanto, diferenças relacionadas à quantidade total de gordura na carcaça existem entre linhagens. Vieira e Moran (1998) observaram diferenças de até 20% na quantidade de gordura abdominal entre diferentes linhagens comerciais. Infelizmente, animais com carcaças mais magras cresceram menos rapidamente, o que ainda é um empecilho econômico ao uso de linhagens magras.

Alterações nas dietas também levam às alterações na composição da carne produzida e dentre estas a relação entre energia e proteína é o fator mais importante. Altas relações E:P levam à excessiva deposição de gordura, enquanto que alta proteína tende a estimular a deposição de tecido magro (McLeod, 1983). Os tecidos musculares das diversas linhagens de frangos de corte crescem às taxas distintas. À medida que o crescimento aproxima-se da maturidade de tamanho corporal, aumenta a proporção de crescimento de peito com relação às demais partes. Nesta fase, aumentos nas concentrações de lisina favorecem o aumento da síntese proteica levando a um maior rendimento de peito, tendo em vista que este é um aminoácido de alta proporção na proteína animal (Acar et al., 1991). Suplementações com outros aminoácidos essenciais como a metionina também são importantes fatores na alteração da composição de carcaça, mas os seus níveis ótimos nas dietas podem variar dependendo da linhagem utilizada (Moran, 1994).

Praticamente todos os nutrientes podem afetar a composição dos diversos tecidos animais, uns de uma forma mais acentuada que outros. Assim, o tecido esquelético, sendo basicamente

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constituído de cálcio e fósforo, é altamente dependente dos níveis destes minerais na dieta. Ocorre que, individualmente o fósforo é um dos nutrientes mais caros nas formulações comerciais. Para reduzir o custo na otimização das dietas, alguns autores têm recomendado a redução ou a total retirada das suplementações deste mineral nas rações de retirada, usualmente fornecidas na última semana de vida dos animais. Esta prática, apesar de não causar aparente redução no desempenho vivo dos frangos de corte, pode levar ao aumento na quantidade de ossos quebrados durante o processamento que causam uma maior proporção de manchas de sangue nos cortes desossados (Chen e Moran, 1995).

Rendimento de carcaça tem definições variadas. Em geral, este é considerado a carcaça do animal depenado e eviscerado. Pode conter os pés, pescoço, moela e coração. É um bom indicativo para comparar diversas espécies, pois é na verdade a parte comercializável do animal, mas é também um indicativo da relação entre músculo e peso total. O rendimento de carcaça, bem como a proporção dos diversos cortes, varia de acordo com a espécie (Tabela 3). Em geral os rendimentos de peito são maiores com perus, o que os torna uma espécie muito atrativa devido ao baixo teor de gordura encontrado neste corte. Entre as diversas espécies de aves, o rendimento de peito é superior com as fêmeas.

Além das diferenças existentes entre espécies e linhagens dentro da mesma espécie, outros fatores podem influenciar o rendimento de carcaça. Vieira e Moran (1997) observaram que frangos recebendo dietas deficientes em proteína durante os três primeiros dias de vida tiveram reduzido ganho de peso que não foi recuperado até o abate, mesmo após retornarem à dietas adequadas, e também tiveram redução no rendimento de carcaça. Anteriormente, Winick e Noble (1966) estudando ratos, observaram que restrições nutricionais logo após o nascimento levam à redução na capacidade de crescimento muscular que não pode ser recuperada mesmo com o retorno dos animais a dietas contendo nutrientes em níveis para atender suas demandas nutricionais. O aumento muscular pós-nascimento foi por um longo período considerado apenas dependente de hipertrofia muscular, enquanto que hiperplasia era considerada mais importante durante o período embrionário (Smith, 1963). Entretanto, mais recentemente foi demonstrado que o aumento pós-embrionário no número de fibras

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musculares, ainda que pequeno, é possível (Sola et al., 1973). As células musculares são multinucleadas e a síntese proteica a nível destas miofibras é dependente da quantidade de DNA presente nestes núcleos. As células musculares possuem a particularidade de aumentar o número de núcleos e, portanto aumentar a sua capacidade de síntese proteica. Isto ocorre quando “células satélite” fundem-se às fibras musculares com o passar do tempo. Estas células estão localizadas entre a miofibra e o plasmalema e são mitóticamente ativas durante o crescimento muscular, sendo responsáveis por virtualmente todos os núcleos de geração secundária nas miofibras (Bischoff, 1975). Assim, deficiências nutricionais ocorrendo logo após a eclosão podem levar a um permanente dano em termos de rendimento de carcaça.

Influências pós-abate

Após o abate dos animais uma série de alterações ocorre durante a conversão do músculo em carne. Logo após o abate, devido à existência de reservas de glicogênio muscular e, portanto de ATP, o músculo mantêm capacidade de contrair e relaxar. Durante este período, que é de menos de 30 minutos em frangos, glicogênio é convertido em ácido lático o que reduz o pH original que é de aproximadamente 7.4 para 5.6 quando este estabiliza-se. Sem a possibilidade de regenerar ATP, o músculo passa então a perder a capacidade de relaxamento, ficando em permanente contração entre Actina e Miosina, no que se chama de rigor mortis propriamente dito até que outros processos enzimáticos sejam iniciados. Inicia então a dissipação do rigor mortis em um processo em que as ligações entre actina e miosina nunca são desfeitas. Porém, as proteínas titina, nebulina e desmina, que são responsáveis pela manutenção da ligação da actina com as linhas Z, são degradadas. A degradação das linhas Z então libera a tensão muscular e leva à “tenderização” (aumento da maciez) da carne. Neste processo é muito importante o sistema enzimático proteolítico dependente de Cálcio composto pela enzima “calpaína” e seu inibidor “calpastatina” (Melloni et al, 1992). Em frangos, o período que vai entre o abate e o início deste processo, em geral, dura três horas.

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Vários fatores externos e internos influenciam a duração e a qualidade de transformação do músculo em carne. Animais que se debatem muito antes do abate gastam as suas reservas de glicogênio muito rapidamente. O mesmo pode ser esperado em animais sob estresse calórico. O músculo, quando desossado imediatamente após o abate, ainda possui capacidade de contração devido a ainda possuir energia armazenada. Por isso, sob o ponto de vista da maciez ideal, a carne de aves deve ser maturada por um período que varia de 6 a 24 horas. O impacto de diferentes períodos de espera antes da desossa pode ser visualizado na Figura 1. Entretanto, devido à necessidade de grandes áreas disponíveis para que a carne possa esperar o período ideal de maturação e o aumento do custo relacionado com este, os abatedouros não têm todo este período de espera.

Quando a transformação metabólica de glicogênio em ácido lático ocorre muito rapidamente alcançando pH final ainda antes do resfriamento da carcaça, a carne se torna pálida. Isto ocorre devido à degradação e desnaturação proteica muito mais intensa que o normal e que, posteriormente, causará a redução na capacidade de retenção de água da carne. A capacidade de retenção de água é um dos índices mais importantes para averiguar a qualidade de cozimento de produtos cárneos, uma vez que têm relação direta com a maciez. Este problema é chamado em suínos de “carne pálida, mole e exudativa” e tem causa genética. Entretanto, Froning et al. (1978) descreveram casos de PME (PSE = pale, soft and exudative) em aves há alguns anos atrás. Ainda que o problema recentemente venha sendo citado em frangos, este parece ser de maior importância com perus, causando não apenas a descoloração e diminuição na capacidade de retenção de água, mas também aumento na rigidez da carne. Porque o problema em aves não possui as mesmas causas do que em suínos este é chamado por alguns pesquisadores de PME Aparente. Sante et. al. (1991) observou que a taxa de declínio de pH pós-morte foi muito maior em linhagens de perus de rápido crescimento do que naqueles de crescimento mais lento. Além da relação com a capacidade de crescimento, a existência deste problema também está relacionada com o estresse pré-abate (Ferket e Foegeding, 1994).

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Outros fatores muito importantes para a qualidade final da carne de frango são a temperatura do tecido muscular e a velocidade do resfriamento pós-abate. Como as reações bioquímicas têm velocidade reduzida em baixas temperaturas, o resfriamento rápido imediatamente pós-abate levam à redução na velocidade dos processos de tenderização. A estimulação elétrica tem sido testada de modo a acelerar este processo. Esta leva a uma aceleração do uso da energia armazenada no músculo com a produção rápida de ácido lático. Entretanto, estudos têm demonstrado que apesar de acelerar o gasto de energia, a estimulação elétrica não substitui os processos de maturação natural. Nenhum efeito positivo da estimulação elétrica foi encontrado quando a carne foi submetida a desossa imediatamente após evisceração, entretanto, a rigidez é bastante reduzida quando curtos períodos de tempo de refrigeração com gelo foram usados (Uijttenboogaart e Reimert, 1994).

O atordoamento elétrico é amplamente utilizado pelos abatedouros de frango ao redor do mundo. Enquanto que no Brasil e EUA o atordoamento ocorre sob baixa intensidade de corrente, na Europa o atordoamento ocorre sob alta intensidade e por lei deve levar à morte antes do sangramento. Os processos de atordoamento são geralmente considerados os maiores responsáveis pela incidência de hemorragias em carcaças de frangos, sendo que esta incidência é maior no atordoamento de alta intensidade. O atordoamento com gás usando mistura de CO2 e argônio tem demonstrado redução na incidência de hemorragias e melhoria na tenderização em P. major (Raj et al., 1990).

Avaliando a qualidade da carne

De maneira geral, os sistemas de avaliação de qualidade de carcaça ou carne mais comuns são baseados em atributos estéticos, ou seja, visuais. Entre estes, os mais importantes são a conformação, presença de hemorragias e/ou machucaduras, rompimento da pele, ossos quebrados, e falta de partes. Entretanto, também são bastante importantes as características consideradas após o preparo da carne, como textura e capacidade de retenção de água.

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No Brasil não existe nenhum sistema oficial especialmente estabelecido para garantir ao consumidor a qualidade do produto de origem animal que está sendo comprado, ainda que muitas indústrias usem sistemas próprios. Nos EUA existe um sistema de classificação pago pela própria indústria, que hospeda em sua planta classificadores do USDA. Diferentemente do sistema de fiscalização sanitária que é obrigatório, o sistema de classificação (Grading) é voluntário. Este sistema foi tornado legal em 1946 através do trabalho conjunto de governos estaduais, federal, granjeiros, indústrias, e consumidores. Através deste sistema, o produto considerado de qualidade superior recebe uma estampa que garante a certificação e é uma potente arma de comercialização, pois possui muito crédito entre os consumidores ao mesmo tempo em que permite à indústria avaliar os seus processos de produção de maneira a proceder mudanças positivas. Por exemplo, em 1994 aproximadamente 29% das carcaças processadas nos EUA foi rebaixada em qualidade e a causa majoritária foi a presença de machucaduras (AMS, 1995). Neste sistema, o produto é classificado de acordo com a aparência externa e defeitos considerados maiores, como ossos quebrados, hemorragias, rompimento de pele, arranhões, machucaduras, calos, etc… Carcaças, cortes e carne processada que não apresente nenhum defeito maior recebem o certificado de Categoria A (Grade A), enquanto que a presença de um ou mais defeitos às rebaixam para Categorias B ou C. Mais do que a simples cópia do sistema americano, o uso de um sistema de classificação oficial pelos produtores brasileiros seria uma excelente arma de comercialização para a indústria nacional. Este possibilitaria a padronização do produto, criando um impacto positivo no mercado internacional e demonstrando a organização da indústria nacional e preocupação com a qualidade de seus produtos. Da mesma forma, facilitaria e elevaria o nível do consumidor brasileiro.

Com relação ao comércio internacional está sendo dada prioridade absoluta na redução e eliminação de patógenos das carnes de um modo geral. O chamado “Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP)” ou a Análise de Risco e Pontos Críticos de Controle está sendo definitivamente implantado nos EUA este ano o que, em poucas palavras significará análises de patógenos como E. coli, Salmonella, bem como outros que estão em processo de implantação. Não há a mínima dúvida de que este é mais um

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processo de padronização e que será seguido muito em breve pelos mercados compradores de carne.

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MANEJO DO ARRAÇOAMENTO E A REGULAÇÃO DO CONSUMO

Ananda Portella Felix, Lidiane Priscila Domingues e Alex Maiorka

Universidade Federal do Paraná

Introdução

Vários são os fatores, bem como suas interações, que modulam a ingestão de alimentos nas aves. As principais teorias sobre a regulação do consumo são a química (nível de nutrientes circulantes no sangue) e física (enchimento do trato digestório), sendo que nas últimas décadas devido ao processo de melhoramento feito sobre o material genético que dispomos hoje o fator físico parece ser o principal regulador do consumo em frangos de corte. Além das características nutricionais da dieta, a textura e a cor do alimento são particularmente importantes às aves. Do mesmo modo, fatores ambientais, sociais, estresse, dentre outros, também influenciam o consumo.

Fatores que controlam a ingestão de alimentos nos animais

O controle da ingestão quantitativa e qualitativa voluntária de alimentos é influenciado por diversos fatores inerentes ou não aos animais. Como fatores intrínsecos podem-se citar os anatomo-fisiológicas do organismo e as características e experiências individuais dos animais. Já, os fatores extrínsecos estão relacionados principalmente com as características do alimento, como: cor, textura, sabor, aroma, forma, tamanho, umidade, temperatura, etc.

Existem vários conceitos ligados aos fatores que controlam a ingestão dos alimentos, são eles:

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Consumo voluntário: ingestão máxima de um alimento fornecido ad libitum até satisfazer o apetite;

Apetite: desejo de ingerir alimentos ou um nutriente específico, resultante de um estímulo externo (horário da alimentação, percepção do alimento ou do tratador, etc) ou interno (fome, déficit nutricional);

Fome: sensação manifestada pelo organismo quando este se encontra com o estômago (monogástricos) vazio e/ou com déficit nutricional (principalmente energético);

Saciedade: sensação manifestada pelo organismo quando este ingere alimentos que preencham o estômago e/ou que satisfaçam suas necessidades nutricionais (energéticas principalmente);

Palatabilidade: conjunto de características físico-químicas dos alimentos, como sabor, textura, odor e flavor, que causam sensação fisiológica agradável, sendo o alimento reconhecido como saboroso e prazeroso de ser consumido.

Fatores anatomo-fisiológicos

O sistema nervoso central (SNC) é fundamental no controle do consumo alimentar. A ingestão de alimentos é controlada principalmente pela região lateral do hipotálamo (centro da fome), associado aos núcleos dorsomediais e pela região ventromedial (centro da saciedade), em conjunto com núcleos paraventriculares do hipotálamo. Esses centros do hipotálamo também influenciam a secreção de diversos hormônios ligados à regulação do balanço energético e do metabolismo, incluindo os hormônios da tireóide, das glândulas supra-renais e das ilhotas pancreáticas (Guyton e Hall, 2002).

Quando o centro da fome torna-se mais ativo em relação ao centro da saciedade, o organismo sente sensação de fome, sendo que ao se alimentar alguns fatores resultantes da ingestão estimulam o centro da saciedade até inibição do centro da fome. Várias são as teorias sobre os principais fatores que atuam sobre o centro da saciedade em monogástricos, sendo os fatores químicos (glicose, aminoácidos, ácidos graxos e íons) e físicos (preenchimento do trato digestório) os mais discutidos.

Quanto aos fatores químicos que regulam o consumo, as principais teorias sobre os nutrientes que geram estímulos ao centro da saciedade são: teoria energostática (baseada na energia ingerida), glicostática (níveis de glicose circulante), aminostática

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(aminoácidos circulantes), lipostática (ácidos graxos, glicerol, lipoproteínas circulantes) e ionostática (íons circulantes). À medida que os nutrientes passam pelo intestino delgado e atingem a corrente sanguínea são enviados sinais quimiostáticos por meio de hormônios (colecistocinina, glucagon, bombesina, etc) ou neurotransmissores específicos (serotonina, dopamina, etc) ao hipotálamo, os quais são captados pelo centro da saciedade, aumentando sua atividade e inibindo o centro da fome. Em contrapartida, conforme o organismo vai ficando com o trato digestório vazio e/ou em déficit energético, atuam sobre o centro da fome: catecolaminas, noradrenalina (apetite por carboidratos, principalmente) e neuropeptídeos específicos, como opiáceos (apetite por lipídeos, principalmente), polipeptídeos pancreáticos e galantina (Case et al., 1998). O hipotálamo também recebe sinais neurais provenientes do trato gastrintestinal (TGI), os quais fornecem informações sensoriais sobre o enchimento do trato digestório e sinais provindos do córtex cerebral (visão, olfato e paladar), que também influenciam sobre o consumo de alimento (Guyton e Hall, 2002).

Sinalização do status nutricional do organismo

A transmissão de informações sobre o estado nutricional do organismo ocorre principalmente por meio de moléculas sinalizadoras e sinais nervosos vindos dos tecidos periféricos. Os sinalizadores incluem hormônios e peptídeos secretados pelo TGI, tecido adiposo, fígado e pâncreas, assim como, nutrientes e metabólitos.

Para cada molécula sinalizadora há receptores específicos, que podem ser moléculas, como receptores transmembrana, enzimas, fatores de transcrição e transportadores. Juntos, cada sinal e seu sensor cognato formam um caminho de sinalização, o qual pode gerar respostas locais em células individuais e tecidos próximos ou pode agir em todo o organismo (Richards e Proszkowiec-Weglarz, 2007). No hipotálamo o centro da saciedade recebe e processa os sinais provindos dos nervos aferentes do vago e transmite sinais de volta ao TGI via nervos eferentes do vago, os quais controlam as funções dos tecidos periféricos e produzem a sensação de saciedade.

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Os dois principais eixos de sinalização da regulação do consumo são TGI-cérebro e tecido adiposo-cérebro. O eixo TGI-cérebro é guiado pela grelina e envolve transmissão de informações sobre a presença ou ausência de alimentos no trato digestório. A grelina é um neuropeptídeo produzido pelo estômago em mamíferos e pelo proventrículo em aves. Apesar de atuar sobre o controle do consumo de alimentos em aves e mamíferos, há relatos que seus efeitos possam ser opostos, estimulando o consumo em mamíferos (Wren et al., 2000) e inibindo o consumo em aves (Saito et al., 2005). Segundo Saito et al. (2005) o efeito inibitório da grelina sobre o consumo em aves parece ser mediado pelo sistema do fator liberador de corticotrofina (CRF) no hipotálamo, o qual é conhecido por inibir o consumo de alimento. Somado a grelina, a colecistocinina, além de estimular o esvaziamento gástrico e a secreção de enzimas pancreáticas, também é importante sinalizador de saciedade ao cérebro. Sendo capaz de reduzir o apetite (Guyton e Hall, 2002).

O eixo tecido adiposo-cérebro, por sua vez, envolve a comunicação sobre o nível de energia estocada no tecido periférico ao CNS, sendo a leptina o principal neurotransmissor envolvido (Richards e Proszkowiec-Weglarz, 2007). De acordo com Cassy et al. (2004) os efeitos da leptina sobre a regulação do consumo podem estar envolvidos com a taxa de crescimento da ave, uma vez que frangos de corte parecem ser menos sensíveis aos sinais anoréxigênicos da leptina do que poedeiras.

Teoria energostática

Um dos principais fatores que regulam o consumo voluntário por animais monogástricos é o teor energético dos alimentos. A energia não é um nutriente e sim o resultado da oxidação dos nutrientes, como lipídios, proteínas e carboidratos, liberando calor. O organismo necessita de energia para manutenção do metabolismo de mantença, crescimento, reprodução e atividade física. Assim, de modo geral, animais monogástricos ingerem a quantidade necessária para satisfazer sua demanda energética diária. Portanto, alimentos contendo maior concentração de energia (por exemplo, com maior teor de lipídios) seriam consumidos em menor quantidade que os alimentos menos energéticos (por exemplo, ricos em matéria fibrosa e mineral), mantendo-se, desse modo, o

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consumo de energia constante independentemente da ração fornecida.

Apesar da importância da densidade energética na regulação do consumo em monogástricos, em frangos de corte, em particular, o principal fator de regulação do consumo é o preenchimento do trato digestório. Galinhas poedeiras apresentam maior capacidade de regulação do consumo em função de suas necessidades energéticas que frangos de corte, principalmente em relação as matrizes pesadas (Ferket e Gernat, 2006).

O princípio da teoria energostática dita que os macronutrientes ingeridos em excesso podem levar ao balanço positivo destes nutrientes e, por conseguinte, ao balanço energético positivo resultante da metabolização destes no organismo. No entanto, essa teoria não distingue os nutrientes ingeridos, os quais apresentam diferentes taxas de catabolismo/anabolismo no organismo e, portanto, diferentes efeitos sobre o consumo de alimento (Swennen, 2006). Assim sendo, torna-se importante avaliar os efeitos particulares sobre a regulação do consumo das proteínas, carboidratos e lipídeos.

Teoria glicostática

Em virtude de a glicose ser o principal componente químico utilizado como fonte de ATP em todo o organismo, principalmente no cérebro, a diminuição da concentração plasmática de glicose ativa o centro da fome, estimulando o organismo a ingerir alimentos. A teoria glicostática foi proposta inicialmente por Mayer em 1953 e parece apresentar expressiva importância sobre o controle da ingestão de alimentos.

A modulação do consumo alimentar em função da concentração de glicose plasmática é complexa e envolve glicorreceptores centrais e periféricos e a secreção de hormônios, como: insulina (Campfield et al., 1985), glucagon (Howes e Forbes, 1985), epinefrina (Howes e Forbes, 1985), hormônio do crescimento (GH) (Buyse et al., 2002), dentre outros. Segundo Guyton e Hall (2002) a elevação do nível glicêmico aumenta a atividade dos neurônios glicorreceptores no centro da saciedade nos núcleos ventromedial e paraventricular do hipotálamo e diminui, simultaneamente, a ação de neurônios glicossensíveis no centro da fome do hipotálamo lateral.

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Evidenciou-se em aves a existência de glicorreceptores localizados na parede do terceiro ou quarto ventrículo e na área lateral do hipotálamo (Denbow, 1989). Entretanto, os frangos são animais normalmente hiperglicêmicos e resistentes à insulina (Dupont et al., 2004), sofrendo menor alteração dos níveis glicêmicos que a maioria dos mamíferos. Desse modo, há indícios de que o sistema detector de glicose seja afetado principalmente por impulsos nervosos procedentes de glicorreceptores periféricos localizados no fígado das aves.

Teoria lipostática

Apesar dos lipídios serem a fração nutricional com maior densidade energética e, portanto, seriam importantes agentes hipofágicos da dieta, em contrapartida, são altamente palatáveis (principalmente por diminuir a pulverulência da ração, melhorando a textura e por serem fonte de ácidos graxos essenciais), estimulando o consumo de ração pelas aves. Desse modo, torna-se difícil separar os efeitos opostos (palatabilidade x metabólicos) dos lipídios sobre o consumo de alimento.

A teoria lipostática atua principalmente à longo prazo, em função do aumento do depósito de gordura corporal acima de um ponto de referência (set point) reconhecido pelo organismo. A partir desse ponto, o organismo estimula a lipólise e reduz a sensação de fome. A leptina e a insulina são os principais elementos atuantes neste controle (Ferket e Gernat, 2006).

Em aves, a leptina é produzida pelo tecido adiposo e pelo fígado, sendo sua produção diretamente proporcional à quantidade de gordura depositada. Segundo Denbow et al. (2000), a leptina se liga a receptores específicos localizados no hipotálamo, particularmente nos núcleos arqueados e paraventriculares. A estimulação dos receptores de leptina nesses núcleos hipotalâmicos desencadeia diversas reações que diminuem o apetite e o armazenamento de gordura, como: inibição do neuropeptídeo orexigênico Y; aumento da produção no hipotálamo do hormônio liberador de corticotrofina (inibe a ingestão); aumento da atividade nervosa simpática, o que aumenta o metabolismo e o gasto de energia e redução da secreção de insulina pelas células beta do pâncreas, o que também diminui o armazenamento de energia (Guyton e Hall, 2002).

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Em relação ao grau de saturação, ácidos graxos polinsaturados (maior taxa de oxidação no fígado) apresentam maior efeito inibitório sobre o consumo em curto prazo, em relação aos ácidos graxos saturados (menor taxa de oxidação). Sendo assim, tanto o tamanho da cadeia quanto o grau de saturação do ácido graxo indicam que a taxa de absorção intestinal e a taxa de metabolização destes no fígado influenciam a inibição do consumo em curto prazo, enquanto que ácidos graxos saturados e de cadeia longa podem influenciar no consumo em longo prazo por meio da produção de leptina pelos adipócitos (Allen et al., 2005).

Segundo Buyse et al. (2002) durante o jejum há diminuição da concentração plasmática de triacilglicerol, devido à inibição da enzima málica (ação lipogênica) pelo glucagon. Por outro lado, quando o organismo se alimenta, os níveis de TAG plasmático aumentam e a enzima málica é estimulada pela insulina, T3 e IGF-1, objetivando o armazenamento de lipídeos e inibindo o consumo de ração.

Teoria aminostática

Segundo Buyse (1992) o mecanismo de regulação é essencialmente homeostático e é sensível principalmente aos aminoácidos essenciais, com variações na qualidade e quantidade de alimento consumido, dependendo do perfil de aminoácidos da dieta. Alimentos contendo perfil gravemente desbalanceado de aminoácidos inibem o consumo, enquanto que alimentos contendo perfil menos desbalanceado de aminoácidos estimulam o consumo, na tentativa de ingerir quantidades suficientes dos aminoácidos essenciais.

Alguns aminoácidos, além da sua essencialidade ao organismo, também são precursores de neurotransmissores que estimulam ou inibem o consumo de alimentos. Como a tirosina, que é precursora de catecolaminas (dopamina, adrenalina, etc), que estimulam o consumo e o triptofano da serotonina, que inibe a ingestão de alimentos (Fernstrom, 2000).

Outra hipótese em relação ao efeito inibitório da proteína sobre o consumo é descrita por Johnstone et al. (1996) e Stubbs et al. (1997) e refere-se à alta taxa de oxidação da proteína no organismo. Os autores relatam que em humanos, entre dietas isoenergéticas com substituição dos macronutrientes, há maior

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feedback negativo na ingestão de energia com o consumo da dieta rica em proteínas, seguida pela rica em carboidratos e posteriormente pela rica em lipídeos. Segundo Stubbs e O’reilly (2000) a taxa de oxidação dessas frações (indução da termogênese) é inversamente proporcional à sua capacidade de armazenamento no organismo (lipídeos > carboidratos > proteínas), sugerindo que a oxidação desses compostos pode ser outro importante supressor do apetite. Ao contrário dos mamíferos, a termogênese induzida pela dieta pode não interferir significativamente no consumo de energia em aves domésticas. Provavelmente devido às aves fazerem pequenas e várias refeições ao longo do dia, ao contrário dos mamíferos estudados, que fazem refeições mais volumosas e menos frequentes. Além disso, segundo os autores, parte dos nutrientes oxidáveis podem ter sido utilizados para o crescimento das aves, diminuindo ainda mais o incremento calórico.

Teoria ionostática

A teoria ionostática se baseia nos níveis circulantes de íons, como cálcio, fósforo e sódio, sendo a menos elucidada. O cálcio pode induzir a liberação de norepinefrina e epinefrina, os quais estimulam o consumo de alimento. Por outro lado, segundo Myers et al. (1972) o cálcio pode sensibilizar determinadas áreas do hipotálamo, estimulando o consumo.

Em relação ao fósforo e sódio, pelos quais as aves também demonstram apetite específico, não há evidências suficientes que corroborem o efeito direto desses minerais sobre o consumo de alimento. Desse modo, assim como para o cálcio, o apetite específico por fósforo e sódio seriam decorrentes principalmente de ação hormonal do que da necessidade de regulação homeostática do nível plasmático desses minerais (Gonzales, 2002).

De acordo com Larbier e Leclercq (1992) as aves em fase de crescimento demonstram apetite específico por cálcio, fósforo, zinco e tiamina, após indução de deficiência desses elementos. Sendo que as aves ingerem maior quantidade da dieta enriquecida, ao invés da deficiente, para suprir suas necessidades.

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Teoria física (distensão gastrintestinal)

A teoria física de regulação do consumo refere-se às respostas nervosas de neurotransmissores (tensorreceptores) localizados na mucosa gástrica, que estimulam o nervo vago, emitindo informações de saciedade ao cérebro (Ferket e Gernat, 2006). A replessão física do trato digestório em aves parece ser o principal fator de controle da ingestão de alimentos. Principalmente, como citado anteriormente, devido às atuais linhagens de frangos de corte terem sido selecionadas para consumo ávido de ração.

Segundo Newcombe e Summers (1984) frangos de linhagem de corte conseguem consumir até 13% acima da sua capacidade de armazenamento do trato digestório. Enquanto que galinhas de linhagem de postura podem ingerir até 70% de sua capacidade física, quando alimentados com dietas diluídas por minerais e fibras. Isso demonstra que as linhagens de frangos de corte consomem normalmente quantidade próxima de seu limite físico máximo.

Existem basicamente dois tipos de mecanorreceptores sensíveis à distensão no trato gastrintestinal, os receptores de adaptação lenta, que estão relacionados à taxa de passagem da digesta e os receptores de adaptação rápida, relacionados à ingestão dos alimentos (Hodgkiss, 1981). A presença desses receptores na moela de aves está associada ao controle da ação mecânica de mistura e moagem dos alimentos da moela e da motilidade intestinal.

O estiramento do papo também é identificado por mecanorreceptores localizados nas paredes deste, os quais enviam informações ao SNC por meio do nervo vago, inibindo a ingestão de alimentos, como demonstrado por Denbow (1989). Além de mecanorreceptores, foram identificados no papo de aves, glicorreceptores, osmorreceptores e aminorreceptores, os quais também estão envolvidos com a saciedade. No intestino delgado, os receptores predominantes são os osmorreceptores e quimorreceptores, os quais são sensíveis ao aumento da pressão osmótica intraluminal, resultante da presença de soluto no intestino e a presença de determinados nutrientes (proteínas, lipídeos e glicose, principalmente), diminuindo a ingestão de alimentos.

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Temperatura ambiente

Aves e mamíferos são animais homeotermos, ou seja, devem manter a temperatura corporal dentro de uma faixa constante, independentemente da variação térmica ambiental. O organismo encontra-se em zona termoneutra quando o calor gerado pelo metabolismo mantém sua temperatura interna constante. A temperatura média em que a maioria das aves e mamíferos encontram-se na zona de termoneutralidade está em torno dos 20ºC (Ferket e Gernat, 2006).

Em condições térmicas fora da zona termoneutra, os animais utilizam mecanismos fisiológicos e comportamentais para evitar que a temperatura corporal se altere. Uma dessas medidas está relacionada com a ingestão de alimentos, que além de aumentar a produção de calor metabólico, aumenta o depósito de gordura para isolamento térmico. Em contrapartida, em situação de estresse por calor, os animais tendem a diminuir o consumo de alimentos, para gerar menor calor oriundo do metabolismo dos nutrientes. Essa variação é causada pela interação, no hipotálamo (região anterior), do sistema termorregulador com os sistemas de regulação do consumo de alimentos (Guyton e Hall, 2002). Segundo Swennen et al. (2004). a termogênese induzida pela dieta pode representar até 23% da energia metabolizável aparente ingerida.

Alguns nutrientes geram maior incremento calórico que outros. Portanto, em condições de estresse térmico por calor, o uso de dietas contendo menor teor de proteína bruta (formulada sobre o conceito de proteína ideal), a qual apresenta alto incremento calórico e maior teor de lipídeos (menor incremento calórico), pode diminuir a produção de calor metabólico (Ferket e Gernat, 2006). Entretanto, como comentado anteriormente, são necessários mais estudos para maior compreensão da termogênese gerada pelos macronutrientes da dieta em aves, já que há indícios que o incremento calórico, principalmente gerado pela proteína, não seja tão significativo quanto em mamíferos.

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Fatores ligados à dieta

Além dos fatores químicos e físicos supracitados, a percepção da cor, textura, odor e sabor dos alimentos interfere sobremaneira no grau de consumo voluntário, uma vez que os animais terão maior predisposição a ingerir dietas mais atrativas (palatáveis).

As características do alimento são percebidas principalmente por mecanorreceptores (textura), termorreceptores (sensíveis à temperatura fria e não morna) e quimorreceptores (sabor) localizados no bico. Desse modo, a aceitabilidade do alimento em aves ocorre a partir da interação entre dois mecanismos sensoriais principais: visão e tato, sendo o olfato e o paladar mecanismos secundários na escolha dos alimentos.

Visão

Pintainhos recém eclodidos já demonstram preferência por determinadas cores, sendo que o conhecimento das preferências das aves nessa fase é importante para estimular o consumo de ração. Ferket e Gernat (2006) citam trabalhos que demonstraram que pintainhos são atraídos por espectros de azul e laranja e verde em relação ao vermelho Enquanto que perus preferem verde, vermelho, amarelo, azul e branco, nessa ordem de importância (Gonzales, 2002). Entretanto, as preferências por coloração específica podem ser modificadas na fase adulta, dependendo do condicionamento da ave durante o crescimento, associando a alimentação à determinada cor de comedouro.

Em relação ao formato e tamanho do alimento, Gonzales (2002) cita que as aves apresentam preferência inata por partículas redondas e sólidas. Além disso, o volume de alimento também estimula o consumo das aves, sendo essa relação diretamente proporcional.

Tato

O contato do alimento com o bico também interfere na aceitação dos alimentos. Desse modo, o tamanho de partículas dos ingredientes e forma física da ração também influenciam sobre o consumo de alimentos.

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As aves apresentam três tipos de receptores no bico: os mecânicos, químicos e térmicos. Os mecanorreceptores estão localizados nas mandíbulas superior e inferior e na cavidade oral. São inervados pelos troncos sensoriais do nervo trigeminal, que controlam a preensão e deglutição do alimento. Os receptores térmicos estão distribuídos em toda a cavidade bucal. Apesar desses receptores serem pouco estudados, sabe-se que aves aceitam ingerir água gelada, mas rejeitam água 5,5ºC acima da sua temperatura corporal e pode discriminar alimentos com variações de temperatura ao redor de 3ºC (Gonzales, 2002). Os receptores químicos estão relacionados ao sistema gustativo das aves, o qual será comentado posteriormente.

Em função do alto grau de queratinização do bico e da baixa produção de saliva, as aves apresentam dificuldade em manipular o alimento na cavidade oral. As partículas de alimento primeiramente são bicadas e posicionadas pelo bico e então com um movimento da cabeça para trás o alimento é impulsionado para o fundo da cavidade oral, sendo coberto com saliva antes de ser deglutido. Se as partículas de alimento forem demasiadamente finas, pode formar uma massa com a saliva, a qual se adere aos cantos do bico, onde estão localizados os dutos salivares, prejudicando a secreção de saliva, a preensão e a deglutição do alimento. Além disso, a preensão e a percepção da textura do alimento também poderão ser comprometidas por alterações físicas no bico, como por exemplo, por debicagem excessiva (Ferket e Gernat, 2006).

A interação entre o tamanho de partículas e a forma física da ração sobre o consumo e desempenho zootécnico está bem elucidada em aves. Em relação à preensão do alimento, o tamanho de partículas é mais crítico em dietas fareladas que em peletizadas como demonstrado por Dahlke et al. (2001) em frangos de corte. As aves têm dificuldades em consumir partículas que são maiores ou muito menores que a dimensão do bico.

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Comportamento ingestivo

Estudos demonstraram que frangos de corte aprendem a evitar alimentos que estejam associados a experiências negativas (dor, medo, etc) (Gillette et al., 1983). A facilitação social também é outro fator importante no comportamento ingestivo das aves. Frangos de corte apresentam maior comportamento de “bicar a ração”, quando observam outras aves o fazendo. Do mesmo modo, observa-se o consumo coletivo de ração em determinados momentos do dia, mesmo o alimento sendo fornecido ad libitum às aves durante todo o dia (Hughes, 1971). A presença do tratador, o enchimento dos comedouros ou apenas o fato do tratador mexer no comedouro também estimulam o consumo pelas aves.

As aves domésticas ingerem alimento ao longo do dia e não costumam fazer pequenas refeições. Geralmente é observado maior consumo de ração no início e no fim do fotoperíodo do dia. Por outro lado, quando as condições de iluminação são constantes ao longo do dia, o consumo de ração é distribuído uniformemente, sem a presença de picos de ingestão (Ferket e Garnet, 2006). Aves de linhagens de postura e de corte costumam ingerir a mesma quantidade de ração por refeição, entretanto, frangos de corte fazem maior número de refeições ao longo do dia (Barbato et al., 1980).

Água

A água é o principal componente das aves, correspondendo à aproximadamente 53% do corpo de poedeiras e 62-64% de frangos de corte. Além de ser um nutriente essencial, está envolvida em inúmeras vias metabólicas, incluindo controle da temperatura corporal, digestão e absorção do alimento, transporte de nutrientes e eliminação de toxinas do organismo via urina (Jafari et al., 2006).

Assim como para outros nutrientes, o organismo modula a ingestão de água visando à manutenção de um nível corporal constante. O controle da ingestão de água é efetuado pelo hipotálamo por meio de osmorreceptores localizados na região anterior (Lamina terminalis) e pela região subfornical (Larbier e Leclercq, 1992). Nas aves a sede é induzida basicamente por três mecanismos: desidratação celular, desidratação extracelular e o sistema renina-angiotensina (Bruno e Macari, 2002)

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A sensação de sede é manifestada pelo hipotálamo após reconhecimento de sinais que indiquem que o organismo se encontra em déficit hídrico. Entre esses indicadores, destaca-se o aumento na concentração de sais, principalmente Na

+ e Cl

-,

decorrentes da diminuição do volume de água intra e extracelular, os quais são percebidos por osmorreceptores localizados no hipotálamo. Com isso, há liberação do hormônio antidiurético ADH, diminuindo a perda de água via urina. Com a queda da pressão sanguínea, decorrente da redução do volume de água corporal, ocorre liberação da renina, agindo sobre o angiotensinogênio, convertendo-o a angiotensina I, que por ação enzimática é convertida a angiotensina II, a qual atua no centro da fome do hipotálamo, estimulando a ingestão de água pelo animal (Bruno e Macari, 2002).

Estudos demonstram relação direta entre o consumo de alimentos e água (Lott et al., 2003). As aves ingerem, aproximadamente, 1,5-2,0 vezes mais água que a quantidade consumida de ração, sendo o volume variado de acordo com o tipo de alimento, bebedouro, qualidade e temperatura da água, densidade de alojamento, clima, etc. Como exemplo, as aves ingerem mais água ao consumir dietas com maior teor protéico (Marks e Pesti, 1984) ou maior teor de sal e outros minerais osmoticamente ativos (Marks, 1987). De acordo com Larbier e Leclercq (1992) dietas contendo 0,25% de sódio propiciarão aumento de 10% na ingestão de água pelas aves, quando comparadas às dietas contendo 14% de sódio. De modo correlato, o aumento de 1% no nível protéico da dieta acarreta em acréscimo de 3% na ingestão de água pelas aves.

Em relação ao tipo de bebedouro, a relação ingestão de água: ingestão de alimento em diferentes bebedouros em frangos é de 1,6:1, em bebedouros nipple sem copo; 1,7:1, em bebedouros nipple com copo e 1,8:1, em bebedouros tubulares e que o consumo de água em frangos de corte aos 42 dias em temperatura ambiente de 24ºC é significativamente menor em bebedouros tipo nipple, em relação aos pendulares (0,020 vs. 1,31 ml/ave/ida ao bebedouro). Por conseguinte, há maior número de visitas ao bebedouro nipple, que ao pendular (183 vs. 25 visitas ao bebedouro/ave), acarretando em maior gasto energético para ingestão de água pelas aves, apesar do maior número de visitas, a ingestão total de água por ave

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é menor em bebedouros nipple, inclusive quando avaliado sob estresse térmico (34ºC) Ross (1999).

Quanto ao clima, as aves ingerem menos água no inverno (1,62:1), em relação ao verão (1,93:1), principalmente como mecanismo auxiliar na termorregulação. Segundo Singleton (2004) a cada 1ºC de aumento na temperatura ambiente acima de 20ºC, há acréscimo de 6% na ingestão de água (aproximadamente 1,8-2,0 vezes em relação ao consumo de ração). O autor ainda cita que há redução de 1,23% no consumo de ração a cada 1ºC acrescido a partir de 20ºC e de 5% a cada 1ºC acrescido entre 32-38ºC.

Considerações finais

O controle da ingestão de alimentos é um processo complexo, mediado por inúmeros fatores extrínsecos e intrínsecos ao organismo, bem como por suas interações. Em virtude disso, torna-se difícil identificar e isolar esses fatores, principalmente em frangos de corte, os quais foram selecionados geneticamente para consumo ávido de alimento, não apresentando o mesmo grau responsivo aos sinais de saciedade enviados à região ventro-medial do hipotálamo que as linhagens de postura.

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DOENÇAS RESPIRATÓRIAS AVIÁRIAS: PREVALÊNCIA, IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

E DIAGNÓSTICO

Josiane Tavares de Abreu

Profa. Adjunto IV Doenças das aves – PUC Minas Unidade Betim, Diretora e RT do laboratório CDMA (Centro de Diagnóstico e Monitoramento Animal)

Presidente COESA-MG e Membro do CTC- AVIMIG [email protected]

As enfermidades que acometem o sistema respiratório são os distúrbios mais frequentemente observados na avicultura sendo de suma importância em virtude de vários aspectos, sendo os mais relevantes o fato destas afetarem aves de qualquer idade, em todos os tipos de criação, funcionando como porta de entrada para inúmeros patógenos, envolvendo geralmente diversos agentes etiológicos e com grande variação na apresentação clínica o quê dificulta o diagnóstico a campo. Além disso, são problemas normalmente associados a fatores ambientais que podem atuar como predisponentes e/ou agravantes como densidade do lote, tipo de instalações e localização, clima (umidade, temperatura), taxa de oxigenação (ventilação) e qualidade do ar (poeira, amônia e outros gases), fatores de manejo estressantes (debicagem, seleção, transferência, muda forçada), qualidade de água, dentre outros. Sua importância econômica reside na queda de desempenho dos lotes associados ao aumento de mortalidade (de 1% em MS a 70% em LTI), da taxa de condenação em abatedouros, piora no ganho de peso, conversão alimentar, na uniformidade com refugarem, na produção e qualidade interna e externa dos ovos férteis ou de consumo, com alterações importantes na eclodibilidade e fertilidade, além do aumento dos custos com maior uso de insumos principalmente de antibióticos. Outro fator de importância nas doenças respiratórias é a possibilidade de reações pós vacinais decorrentes de erros no procedimento de vacinação, sendo estas mais severas ou não dependendo do status imune do lote, estado fisiológico, idade, genética, variação na patogenicidade do agente e carga ou dose do agente infectante.

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Esta importância das doenças respiratórias em aves reside também nas diferenças anatomo-fisiológicas deste sistema, onde a adaptação evolutiva do mesmo fez com que a eficiência respiratória fosse superior aos mamíferos em hematose e fluxo de ar pelo mesmo período de tempo (sendo três vezes maior), mas por outro lado suas particularidades anatômicas e fisiológicas facilitam a ocorrência de enfermidades, principalmente as de origem micróbio-lógica. Algumas destas diferenças em relação aos mamíferos são a extensão do aparelho mucociliar que se estende por todo trato respiratório (principalmente brônquios), com exceção dos sacos aéreos e a dificuldade de drenagem de secreções oriundas dos seios nasais devido as dimensões do ducto que faz a conexão destes com a cavidade nasal. O sistema respiratório nas aves também apresenta um extenso tecido linfoide associado a mucosas (MALT) subdividido em seções de acordo com sua localização e organização (CALT, HALT, NALT e BALT) sendo o mesmo essencial para o controle de microrganismos mais invasivos. Em relação a traquéia existe pouco tecido linfoide associado a mucosa mas altamente responsivo a infecções, reagindo com extensivo infiltrado linfocítico seguido de linfoproliferação. Quando consideramos os pulmões das aves além da sua baixa capacidade de expansão, temos uma organização completamente diferente dos mamíferos coma divisão dos brônquios de tal forma que orienta a passagem do ar primeiramente a porção caudal do pulmão e fluindo diretamente para os sacos aéreos para depois alcançar a região mais cranial, explicando em parte do por que esta área e sacos aéreos são mais acometidos em quadros infecciosos. Pelo fato também da barreira gás sangue ser extremamente fina (60% mais delgada que em mamíferos) de forma a aumentar a eficiência da hematose a probabilidade de ocorrer injúrias envolvendo fatores ambientais irritantes e/ou por patógenos se comparados à mamíferos é maior.

As perdas econômicas geralmente são menores quando consideramos quadros causados por somente um agente, mas no campo os quadros associados são os mais comuns. A sazonalidade é outro aspecto importante para algumas enfermidades respiratórias, sendo mais comuns quadros virais como a bronquite infecciosa e a laringotraqueíte no inverno, porém a síndrome da cabeça inchada (SCI) na primavera/verão de acordo com o tipo de criação avaliado e a região. A SCI é a apresentação da infecção por

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mais de um agente etiológico, sendo comumente envolvido pelo menos um viral e um bacteriano, dentre os quais os mais comumente encontrados são o vírus da bronquite infecciosa das galinhas (IBV), o metapneumovírus aviário (APV), a E. coli e os micoplasmas. Os relatos encontrados na literatura e a observação de dados de campo sobre o impacto econômico de lotes infectados somente com APV são de taxas de mortalidade de até 3% em lotes de frangos e em reprodutoras alterações na postura de ovos ave alojada de até 5% podendo apresentar alterações na qualidade de casca (despigmentada e/ ou fina) sendo estas mais comuns em lotes de perus. Quando associado a outros patógenos estes índices podem chegar a até 30% para mortalidade, sendo as alterações na produção dependentes de quais agentes estão associados. Além deste quadro outras enfermidades sozinhas ou associadas também estão envolvidas em quedas na produção de ovos com níveis extremamente variáveis chegando a até 50% como o agente da coriza infecciosa, cólera aviária, da laringotraqueíte, doença de Newcastle, influenza aviária, bronquite infecciosa das galinhas, micoplasmoses e colibacilose. A mortalidade por salpingite e salpingoperitonite em matrizes pesadas geralmente são comumente associadas a quadros de colibacilose, sendo encontrados aumentos na taxa de mortalidade na ordem de 0,5 a 10,0%, podendo em alguns casos, a mortalidade permanecer elevada durante todo o ciclo de produção. Entretanto, este quadro envolve outros patógenos, principalmente bacterianos, como as micoplasmoses e pasteureloses.

Primeiramente para definirmos quais são as doenças de maior prevalência em nosso país deveríamos conceituar alguns termos, separando dois notoriamente confundidos por serem intrincadamente unidos sendo estes incidência e prevalência. Ambas são medidas de frequência de ocorrência de doenças ou agravos, mas prevalência refere-se a quantos animais estão doentes e incidência a quantos tornaram-se doentes, num determinado período de tempo e numa determinada população. Sendo assim, se considerarmos tempo e população, deveríamos dividir essa discussão também para tipos de criação e de acordo com a época do ano, visto que muitas enfermidades são sazonais. Entretanto, poucos dados oficiais estão disponíveis e a maioria dos relatos da literatura científica trabalha com número de aves pequeno para poder dimensionar os mesmos para uma região maior, estado

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ou país. Além disso, as técnicas empregadas são variáveis quanto a amostra trabalhada, sensibilidade e especificidade do teste impedindo a comparação entre estudos. No geral, pode-se afirmar por observações de campo e na escassa literatura científica a respeito do tema “prevalência” que a maioria dos quadros apresenta associações de mais de uma enfermidade, sendo comuns os septicêmicos e com acometimento do trato respiratório superior com alterações na conjuntiva, seios nasais, cornetos nasais, laringe e traquéia. Os sinais clínicos das enfermidades respiratórias aviárias podem ser: diminuição de atividade, inquietação, aumento da frequência respiratória, respiração profunda, estertores, postura de bico aberto, pescoço esticado, atos de sacudir a cabeça, lacrimejamento, espessamento de pálpebras, penas auriculares aderidas, edema infraorbital, de parte e/ou de toda a cabeça incluindo região intermandibular, inchaço de barbela, cianose e afonia. Considerando que algumas destas enfermidades afetam outros sistemas que não somente o respiratório o espectro de sinais clínicos amplia para queda de postura, ovos com alterações de casca (casca fina, despigmentada, sem casca, deformada, enrugada, manchada), com alterações da qualidade interna (albúmen liquefeito, gemas manchadas), diarréia fluida e esbranquiçada, diarreia com alimento mal digerido nas fezes, diarreia esverdeada, alterações de tegumento comum (vesículas, pápulas, crostas normalmente em regiões sem penas, celulite) e sinais neurológicos (opistótono, torcicolo, paralisias) ou associados à otite (desequilíbrio). Estas variações no quadro clínico dependem de fatores relacionados ao patógeno como também ao hospedeiro, sendo estes a genética, idade, tipo de criação, sexo, estado fisiológico e imunidade prévia.

Alguns dados sobre prevalência serão apresentados neste breve documento, mas não têm a pretensão de esgotar o assunto, visto que os mesmos são variáveis de acordo com a técnica empregada para o estudo, tipo de criação, amostras analisadas e período avaliado, sendo estudos de prevalência escassos no Brasil. Segundo Buchala (2008) a frequência de doenças respiratórias encontrada durante a avaliação do surto de LTI foi independente da causa quando o vírus da LTI estava associado (Tabela 1), sendo estes superiores em lotes com LTI em comparação aos sem LTI. Em relação aos índices de prevalência de LTI os mesmos são extremamente variáveis relatando-se desde 0,26% em Bangladesh

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(Talha et al, 2001) a 57,1% em granjas de frangos de corte segundo Johnson et al (2004). Segundo Owoade et al. (2006) a soroprevalência (ELISA) em reprodutoras, frangos de corte e poedeiras na Nigéria para doenças respiratórias foram de 84% para IBV, 40% APV e 20% de ILTV. Por RT-PCR índices de 42,8% foram encontrados em suabes de traquéia de aves comerciais no Irã para IBV estirpe 4/91. Mohammed et al. (1984) ao avaliarem por técnicas sorológicas gema de 360 lotes de poedeiras comerciais no Estado da Califórnia encontraram índices de positividade variando de 3% a 73% para MG e 32 a 91% para MS quando diferentes regiões do estado foram avaliadas (Sudoeste e Central, respectivamente). No Brasil, em 40 lotes de frangos de corte avaliados no abatedouro para a prevalência de MG e/ ou APEC (E. coli patogênica para aves) para aves condenadas parcial ou totalmente 37,5% foram positivas para pelo menos um dos agentes, sendo 7 em 40 para ambos os agentes (Machado, 2010). Em outro estudo feito em 400 aves condenadas por caquexia em abatedouro no Estado do Mato Grosso do Sul, os principais sistemas acometidos eram fígado, sacos aéreos e pele, sendo que 5,3% das aves condenadas apresentavam lesões pulmonares (exudato caseoso) e uma maior frequência de celulite à dermatose, artrite, aerossaculite, colibacilose, hepatite, pericardite, salpingite e síndrome ascítica em frangos caquéticos que não caquéticos (Borges, 2006).

Variações na prevalência podem ser encontradas também de acordo com a metodologia empregada, sensibilidade, especificidade da técnica e tipo de amostra avaliada, como também quando da presença de quadro clínico ou não. Arnz, Hafez (1992) encontraram índices de 30% de soropositivos por ELISA em lotes de frangos de corte quando a síndrome da cabeça inchada não estava presente e de até 100% quando a mesma era verificada nos lotes. No mesmo estudo a frequência de anticorpos contra o APV em soro de frangos de corte, matrizes pesadas e poedeiras comerciais, criados em Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foi de 58 e 63% de positividade utilizando-se as técnicas de VN e ELISA, respectivamente. Para APV índices elevados como 90,70% de soropositivos (entre suspeitos e positivos) foram encontrados em 536 soros avaliados de 54 lotes de frangos de corte próximo ao abate em granjas comerciais no Estado de Mato Grosso do Sul entre 2003 e 2004, não existindo diferenças

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estatísticas quanto ao tipo de instalação avaliada (convencional, climatizada e semi-climatizada) (Peres et al., 2006).

Em estudo conduzido durante 2002 e 2003, Orsi et al (2010), avaliaram a prevalência do NDV em lotes comerciais (frangos) no Brasil nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, sendo encontrada soropositividade por ELISA comercial em 39,10% das 23.745 amostras analisadas e uma porcentagem de isolamento viral variando entre 1 a 7,6% por lote e de 6,5 a 58,4% por região, sendo todos os vírus detectados considerados de baixa virulência (lentogênicos) com Índice de patogenicidade intracerebral (IPIC) < 0,7.

Tabela 1. Frequência de outras doenças de natureza respiratória em

granjas avícolas de postura comercial e a condição sanitária para LTI, Região de Bastos, SP, 2003

Doença respiratória

Condição das granjas

Com LTI Sem LTI

Freq. % Freq. %

Coriza 48 42,5a 19 34,5

a

Ocorre, mas desconhece a causa

24 21,2a 3 5,4

c

Gumboro 19 16,80b 9 16,4

b

Micoplasmose 9 8,00b 2 3,6

c

Bronquite infecciosa 6 5,3b 3 5,4

c

Não há 7 6,2b 19 34,5

a

Total 113 100,00 55 100,00

Fonte: Buchala (2008)

Letras em sobrescrito em coluna para teste da diferença entre duas proporções com aproximação normal, letras iguais são estatisticamente iguais, e para letras diferentes tem-se a>b>c. Para ausência de doença respiratória, o valor de 34,6% é maior que 6,5% pelo teste de diferença entre duas proporções (granjas sem problemas respiratórios).

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A grande maioria dos relatos a campo e obtidos em laboratórios de diagnóstico são de doenças septicêmicas, quadros que envolvem acometimento do trato respiratório superior e sacos aéreos, sendo comum a associação de agentes. Geralmente os agentes ou enfermidades comumente encontrados em lotes de frangos de corte, reprodutoras pesadas e poedeiras comerciais é a bronquite infecciosa das galinhas, o metapneumovírus aviário, as colibaciloses, micoplasmoses, pasteureloses, vírus lentogênico da doença de Newcastle e aspergilose. Quadros de coriza infecciosa das galinhas e causado por outras bactérias pertencentes à família Pasteurellaceae têm sido mais frequentes em lotes de postura comercial. Apesar de não serem agentes etiológicos envolvidos somente com quadros respiratórios os sorovares Pullorum e Gallinarum também têm sido detectados em lotes de diferentes tipos de criação, mas com frequência aparente em lotes de postura, como também quadros tumorais com lesões nos pulmões por Herpesvírus (Marek aguda). Entretanto outros agentes e/ ou enfermidades também são importantes para o trato respiratório de aves industriais, porém subdiagnosticados pela falta de diagnósticos diferenciais na grande maioria dos casos sendo estes o Ornithobacterium rhinotracheale, Cryptosporidium sp., ácaros respiratórios (como Cytodites nudus), Staphyloccus aureus, Staphylococcus sp., Enterococcus sp., Streptoccus sp. Chlamydia sp., e outras bactérias da família Pasteurellaceae, como o Gallibacterium anatis variedade haemolytica e Avibacterium gallinarum, sendo alguns patógenos secundários. De forma esquemática a distribuição das principais doenças respiratórias pela idade do lote, tipo de criação e parte do sistema respiratório afetada, além de outros sistemas onde os mesmos são detectados estão representados nos Quadros 1, 2 e 3 que se segue.

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Quadro 1. Representação esquemática da distribuição das principais

doenças respiratórias pela idade do frango de corte (Gallus gallus domesticus)

Doença (agente) Idade

Pintos

Crescimento (até 3 sem.)

Final (acima de 3 sem.)

Virais

IBV, APV, NDV, IA, ILT Rara Comum Comum

Bouba aviária forma diftérica

Rara

Rara e sazonal, geralmente associada a condições

inadequadas de biosseguridade, manejo e higiene

Fungos

Aspergilose Comum Eventual Rara

Bacterianas

Salmoneloses

Clínico (SP): mais comum até 3 sem.

Tifo: qualquer idade

SE/ ST: menos comuns quadros clínicos mesmo em aves jovens

Colibacilose Qualquer idade (variações no quadro clínico)

Pasteureloses

ORT Qualquer idade. Pouco diagnosticado.

Micoplasmoses Qualquer idade (variações no quadro clínico)

Protozoários

Cryptosporidium sp. Não observado

Subdiagnosticado – não é rotina efetuar exame parasitológico e

histopatológico Ácaros

Cytodites nudus

Legenda: IBV: Vírus da bronquite infecciosa das galinhas APV: Metapneumovírus aviário ILT: laringotraqueíte infecciosa NDV: Vírus da doença de Newcastle IA: Influenza aviária SP: Salmonella Pullorum SE/ ST: S. Enteritidis/ S. Typhimurium ORT: Ornitobacterium rhinotracheale

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Quadro 2. Representação esquemática da distribuição das principais

doenças respiratórias pela idade em reprodutoras e poedeiras (Gallus gallus domesticus)

Doença (agente) Idade

Pintos 6-7 sem. Recria Postura

Virais

IBV, APV, NDV, IA Rara

Clínico em qualquer idade (variações da apresentação clínica)

ILT Rara Subclínico Clínico

Bouba aviária forma diftérica Rara

Eventual e geralmente associada a baixa biosseguridade e más

condições de manejo e higiene

Marek Aguda e outras doenças tumorais

Não observado

Eventuais, geralmente comuns ao final da recria, início de postura

Fungos

Aspergilose Comum Geralmente subclínico

Bacterianas

Salmoneloses

Clínico (SP): mais comum até 3 sem.

Tifo: qualquer idade

SE/ ST: menos comuns quadros clínicos mesmo em aves jovens

Colibacilose Qualquer idade (variações no quadro clínico)

Pasteureloses

Coriza infecciosa

(mais em poedeiras)

Baixo risco

Risco elevado dependendo da biosseguridade, condições de

criação, manejo (principalmente final de recria e início de postura)

ORT Raro

Qualquer idade, mais provável final da recria e início de postura.

Micoplasmoses Qualquer idade (variações no quadro clínico)

Protozoários

Cryptosporidium sp. Não observado

Subdiagnosticado – não é rotina efetuar exame parasitológico e

histopatológico Ácaros

Cytodites nudus

Legenda: IBV: Vírus da bronquite infecciosa das galinhas APV: Metapneumovírus aviário ILT: laringotraqueíte infecciosa NDV: Vírus da doença de Newcastle IA: Influenza aviária SP: Salmonella Pullorum SE/ ST: S. Enteritidis/ S. Typhimurium ORT: Ornitobacterium rhinotracheale

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Quadro 3. Sítios de infecção dos principais patógenos primários

respiratórios das galinhas (Gallus gallus domesticus) e grau de comprometimento

Patógenos/ Doenças

Local do sistema respiratório e outros sistemas corporais

Co

nju

nti

va

Seio

s

na

sais

Tra

qu

éia

/

brô

nq

uio

s

Saco

s

aére

os

Pu

lmão

Ou

tro

s

sis

tem

as

Bactérias

MG +++ +++ ++++ ++++ ++++ Reprodutivo

MS ++ +++ + + +

Reprodutivo e locomotor

Salmonella + - - - ++++

Fígado, coração, locomotor, reprodutivo

Coriza + +++ + - - Toxemia

ORT ++ +++ + ++ ++++

Reprodutivo, locomotor

Cólera aviária

+++ +++ + + +++

Fígado, coração, baço, tegumento comum (crista e

barbela), locomotor, cavidade peritoneal, ouvido, meninges,

reprodutivo

Escherichia coli + + + +++ - Vários sistemas

Avibacterium gallinarum

+ + + + ++ Articulações, fígado,

coração

Gallibacterium anatis var. haemolytica

- ++ ++ + ++ Reprodutivo, articular,

fígado, coração,

Staphyloccus aureus

++ ++ - + + Tegumento comum,

vísceras, articulações

Vírus

NDV velogênico pneumoencefálico HPAI

+++ +++ ++ ++ ++++ SNC, vísceras

NDV mesogênico ++ ++ ++ - ++

SNC (mais em aves jovens)

NDV lentogênico -/+ -/+ -/+ - -/+

IBV ++ +++ ++++ -/+

++/ ++++

Geniito-urinário, intestinal

APV ++ +++ ++ - + Oviduto

ILTV + +++ ++++ - +++ Nervo trigêmio

Bouba aviária forma diftérica ++++

Fígado, baço, rins, SNC, TGI superior, tegumento comum

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Patógenos/ Doenças

Local do sistema respiratório e outros sistemas corporais

Co

nju

nti

va

Seio

s

na

sais

Tra

qu

éia

/

brô

nq

uio

s

Saco

s

aére

os

Pu

lmão

Ou

tro

s

sis

tem

as

Doenças tumorais (principalmente Marek)

- - + - ++++

TGI, Mesentério, Bolsa cloacal, fígado, baço, coração, ovário,

nervos

Protozoários

Cryptosporidium sp.

± ± +++ - - Bolsa cloacal, cecos

Fungos

Aspergilose ++ - + +++ ++++

SNC, peritônio, articulações (rara),

olhos

Ácaros

Cytodites nudus - - + - + Não relatado

Endoparasitas (aves de subsistência)

Oxyspirura + - - - - Não relatado

Syngamus trachea

- - +++ - - Não relatado

Legenda: IBV: Vírus da bronquite infecciosa das galinhas APV: Metapneumovírus aviário ILT: laringotraqueíte infecciosa NDV: Vírus da doença de Newcastle HPAI: Influenza aviária de alta patogenicidade ORT: Ornitobacterium rhinotracheale

Ressalta-se que para a obtenção de um diagnóstico consistente para qualquer enfermidade dados relativos ao histórico do lote, epidemiológicos, sinais clínicos encontrados e achados anatomo-patológicos são cruciais para a definição de quais são as suspeitas clínicas, em qual fase se encontra a enfermidade no lote e quais seriam as técnicas confirmatórias para aquele momento em que se encontra o agravo. Pode ser considerados mcomo histórico do lote a idade acometida, tipo de criação, programa vacinal utilizado, morbidade da doença, mortalidade desde o início do quadro e acumulada, quais foram as alterações nos índices zootécnicos, quando se iniciou o problema, tempo de curso clínico, medicações realizadas, nutrição, fatores ambientais incluindo de instalações, dados importantes sobre o manejo do lote, dentre outros.

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Outro ponto considerado crítico para um adequado diagnóstico é a amostragem, sendo um número inadequado de amostras equivalente a amostras não representativas do lote. A escolha das aves a serem amostradas deve ser direcionada de acordo com o objetivo do teste a ser usado se é para diagnóstico, monitoramento ou erradicação. No caso de diagnóstico de alguma enfermidade que esteja acometendo um lote a escolha das aves deve ser sempre aleatória e em diferentes momentos da evolução da doença (aves no início dos sinais clínicos e com sinais típicos). A quantidade de aves a ser amostrada num lote deve seguir tabelas de amostragem que indicarão o número de amostras adequadas para que o resultado seja confiável em cada prevalência e ocorrência estimada, dentro de um determinado intervalo de confiança, sendo a coleta das amostras feita de forma aleatória (Figura 1).

Figura 1. Representação esquemática de amostragem randômica em lotes

de aves industriais para coleta de soros

Para maioria dos quadros virais a prova ouro ou standard da OIE é o isolamento viral que pode ocorrer em OEG/SPF ou cultivo celular. Entretanto, são técnicas laboriosas, difíceis de serem aplicadas na rotina laboratorial e que muitas vezes dependem de passagens cegas para adaptação do vírus, fazendo com que em algumas situações o vírus isolado não coresponda ao patógeno relacionado ao quadro visto no campo. Sendo assim, para a maioria destes patógenos a detecção viral é feita por reação da polimerase

Sistemático: Galpão: 30 aves Coletar 15 aves por diagonal. Se a diagonal tiver 15 m., coletar 1 ave a cada m. Bateria ou box: numerar cada box e sortear as baterias ou box a serem amostrados

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em cadeia (PCR) e suas variações, sendo a eficiência do teste dependente das sondas utilizadas, das condições de reações empregadas (teste validado) e dos controles empregados no teste. Por outro lado uma forma de detectar indiretamente a presença de um patógeno no lote pode ser pela detecção de anticorpos contra o mesmo sendo este feito por ELISA, vírus-neutralização (VN), inibição da hemaglutinação (IH) ou imunodifusão em ágar gel, sendo a mais comumente utilizada a primeira pela sua reprodutibilidade, rapidez e facilidade de realização, além de padrões previamente definidos e a possibilidade de criação de baselines. Entretanto, se há a necessidade de definição do grupo viral ao qual o mesmo pertence técnicas de genotipagem passam a ser importantes como a RFLP, o sequenciamento, PCR genótipo específico, LSSP-PCR, dentre outras. Em relação aos quadros bacterianos a prova ouro geralmente é o isolamento do patógeno e sua caracterização bioquímica e/ou sorológica com particularidades inerentes ao agente etiológico avaliado. Em algumas situações específicas, como salmoneloses, coriza infecciosa, micoplasmoses e ORT, é possível também o uso de técnicas sorológicas (SAR, SALT, IH, ELISA) para monitoramento dos programas vacinais e/ ou de auxílio ao diagnóstico, como também o uso de técnicas moleculares (PCR convencional ou a Real Time PCR) seguido por caracterização a partir de restrição enzimática (SAFLP). Tanto nas doenças de origem viral quanto bacteriana e fúngica a histopatologia pode ser também uma técnica auxiliar no diagnóstico sendo a sensibilidade e especificidade aumentadas pela imunofluorescência ou por imunistoquímica. Uma visão geral das possíveis técnicas utilizadas para as diversas enfermidades respiratórias em aves industriais encontra-se sumarizada nos quadros 4 e 5, sendo recomendada literatura a respeito do assunto para dados mais detalhados sobre as mesmas (Dufour-Zavala, 2005; Swayne et al., 2013).

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Quadro 5. Material e exames recomendados para análise de acordo com a

suspeita clínica (doenças virais)

Su

sp

eit

a

clí

nic

a

Ag

en

te

Eti

oló

gic

o

Exame laboratorial e material para coleta

Imunológico Biologia molecular (PCR, RT-PCR, Real

Time e genotipagem) Histopatológico

Bouba a

viá

ria

Avip

oxvír

us

-

Crostas presentes na pele (barbelas, crista, etc) e/ ou

placas diftéricas

Crostas presentes na pele (barbelas, crista,

etc) e/ ou placas diftéricas

Bro

nquite

infe

ccio

sa

Coro

navír

us

ELIS

A

SN

/ H

I

Traquéia, rins, pulmões, intestino (se for forma

entérica), oviduto, testículo, tonsilas cecais.

Suabes de traquéia e cloaca

Traquéia (inteira), rins, pulmões, intestino (se

for forma entérica), oviduto, testículo,

tonsilas cecais

Doença d

e

Ma

rek

Herp

esvír

us

-

SNC (inteiro), nervos periféricos e seus plexos,

fígado, pró-ventrículo, moela, intestinos, órgãos

com lesões tumorais. Papa de penas (axilares)

SNC (inteiro), nervos periféricos e seus

plexos, fígado, pró-ventrículo, moela,

intestinos, órgãos com lesões tumorais

Doença d

e

New

castle

Avula

vír

us

ELIS

A

HI

SNC (inteiro), traquéia, pulmões, pró-ventrículo, intestino delgado, bolsa

cloacal, rins

SNC (inteiro), traquéia (inteira), pulmões, pró-

ventrículo, intestino delgado, bolsa cloacal, nervo isquiádico, rins

Influ

enza

aviá

ria

Influ

enzavirus

A

ELIS

A

HI/

IN

/ A

GP

SNC (inteiro), traquéia, pulmões, pró-ventrículo, intestino delgado, bolsa

cloacal, rins

SNC (inteiro), traquéia (inteira), pulmões, pró-

ventrículo, intestino delgado, bolsa cloacal, nervo isquiádico, rins

Larin

gotr

aqueí-

te in

feccio

sa

Ilto

vír

us

ELIS

A

SN

Cornetos, laringe, traquéia, pulmões, gânglio

trigêmeo. Suabes de traquéia

Cornetos, laringe, traquéia (inteiros), pulmões, gânglio

trigêmio

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106

Reticulo

endo-

telio

se

Retr

ovír

us

-

Fígado, pró-ventrículo, moela, intestinos, órgãos

com lesões tumorais, nervos periféricos e seus plexos. Sangue total (com anticoagulante). Albúmen

Fígado, pró-ventrículo, moela, intestinos,

órgãos com lesões tumorais, nervos periféricos e seus

plexos

Leucose a

viá

ria

Retr

ovír

us

ELIS

A d

e c

aptu

ra

Fígado, pró-ventrículo, moela, intestinos, órgãos

com lesões tumorais. Suabe de cloaca. Fezes. Mecônio. Sangue total (com anticoagulante).

Albúmen

SNC (inteiro), nervos periféricos e seus

plexos, fígado, pró-ventrículo, moela,

intestinos, órgãos com lesões tumorais

Pneum

ovirose

Me

tapneum

ovír

us

ELIS

A

SN

Laringe, traqueía, pulmões (em casos de cabeça

inchada enviar a cabeça e pescoço inteiros). Suabes

de traquéia

Laringe, traqueía (inteiros), pulmões

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107

Quadro 6. Material e exames recomendados para análise de acordo com a

suspeita clínica (doenças bacterianas e fúngicas)

Su

sp

eit

a

clí

nic

a

Ag

en

te E

tio

lóg

ico

Exame laboratorial e material para coleta

Imu

no

lóg

ico

Microbiológico

Biologia molecular (PCR, RT-PCR,

Real Time e genotipagem)

Histopatológico

Bord

ete

liose

Bord

ete

lla

aviu

m

- Traquéia (inteira) Traquéia (inteira),

pulmão Traquéia (inteira),

pulmão

Cóle

ra a

viá

ria

Paste

ure

lla

mu

ltocid

a

ELIS

A

Laringe, traquéia (inteiras), fígado, pulmão. Cabeça

inteira. Osso longos. Sangue. SNC (meninges)

Laringe, traquéia (inteiras), fígado, pulmão. Cabeça inteira. Sangue. SNC (meninges)

Laringe, traquéia (inteiras), fígado,

pulmão, rins e demais órgãos

afetados

Paste

ure

loses

Galli

bacte

riu

m

anatis b

iovar

haeolit

ica

Avib

acte

rium

galli

naru

m

--

Laringe, traquéia (inteiras), fígado, pulmão. Cabeça

inteira. Osso longos.

Sangue. SNC (meninges)

---

Laringe, traquéia (inteiras), fígado,

pulmão, rins e demais órgãos

afetados

Colib

acilo

se

Escherichia

coli

--

Pintos, gema retida, fígado, coração com

saco pericárdico, tecido

subcutâneo, baço, ovário,

demais órgãos com lesões.

Sacos aéreos.

Importante determinar fatores de virulência

Para fatores de virulência

(cultura pura obtida a partir de

amostras isoladas por bacteriologia

convencional)

Fígado, baço, coração com saco pericárdico, pele, ovário, demais

órgãos com lesões. Sacos

aéreos

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Coriza

infe

ccio

sa

Avib

acte

rium

para

galli

naru

m

-

Cabeça inteira, traquéia (inteira),

pulmões

Cabeça inteira, traquéia (inteira),

pulmões

Cornetos nasais, traquéia (inteira),

pulmões

Mic

opla

sm

ose a

viá

ria

(MG

, M

S, M

M, M

I)

M.

galli

septicum

, M

.

synovia

e,

M. m

ele

agrid

is, M

. io

wae

SA

R, E

LIS

A,

HI

Cornetos nasais, laringe, traquéía

(inteiros), pulmões, sacos

aéreos, articulações, ossos longos.

Suabe de traquéia. Suabe de cloaca (MM)

Cornetos nasais, laringe, traquéía

(inteiros), pulmões, sacos aéreos,

articulações, ossos longos. Suabe de

traquéia. Suabe de cloaca (MM)

Cornetos nasais, laringe, traquéía

(inteiros), pulmões, sacos

aéreos, articulações, ossos longos

Orn

itobacte

riose

Orn

ithobacte

rium

rhin

otr

acheale

ELIS

A

Laringe, traquéia (inteiros),

pulmões, fígado

Laringe, traquéia (inteiros), pulmões,

fígado

Laringe, traquéia (inteiros),

pulmões, fígado, rins

Salm

onelo

se a

viá

ria

(tifo

e

pulo

rose)

Salm

onella

Pullo

rum

,

S. G

alli

naru

m

SA

R, S

ALT

, E

LIS

A

Pintos, gema retida, coração, pulmões, fígado, baço, intestino (cecos), ovário,

rins

Pintos, gema retida, coração, pulmões,

fígado, baço, intestino (cecos),

ovário, rins

Coração, pulmões, fígado, baço,

intestino (cecos), ovário, rins

Asperg

ilose

Asperg

illus e

outr

os fungos

--- Pintos, pulmões,

SNC ----

Pintos, pulmões, SNC, sacos

aéreos

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FEEDING BEFORE HATCH - IN OVO FEEDING

Zehava Uni

Department of Animal Science Robert H. Smith Faculty of Agriculture, Food and Environment

Hebrew University, Israel [email protected]

Abstract

Chicks are commonly fasted for the first 36 to 72 h post hatch because of the logistics of commercial production. Fasting during the pre-post-hatch period leads to low quality hatchlings which exhibit retarded BW, delayed intestinal development, and lower pectoral muscle weight. Unlike the mammalian embryo, the avian embryo has a finite amount of energy and nutrients for growth and development invested by the broiler breeder hen. As the modern broiler lines are intensively selected for a higher growth rate and increased pectoral muscles, there is an enhanced requirement of chicken embryos for energy and protein, and consequently the imbalance between requirement and reserves of nutrients stored within eggs may limit maximal growth and development of chicken embryos.

Therefore, In ovo feeding (IOF), which is the administration of exogenous nutrients into the amnion, enhance egg nutriture and early growth performance by improving pre-hatch chicken embryo energetic and nutritional status, maturation and function of the intestine. Recent experiments from various research groups exhibit the benefits of in ovo feeding method on BW, FCR and breast meat yield. In addition research showed that a solution which includes nutrients/ salts/ minerals and vitamins elevates their levels and availability for the embryo. This has a great importance in case of sub-optimal levels which may limit the genetic potential of growth of critical organs. Interestingly, in ovo feeding has an epigenetic effect by inducing expression of genes involved in major metabolic pathways and processes in tissues and organs and by that affect later on performance.

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This technology may revolutionize early nutrition and even incubation practices. The challenge is to overcome the IOF formulation and delivery constraints so it can be commercially applied to achieve a better return on investment. It is predicted that as it happened with in ovo vaccination, in ovo feeding may be commercially practical.

Introduction

The embryonic and immediate post hatch developmental period represents a significant phase in attaining quality broiler performance at marketing. An efficient transition period from late term embryo to a viable independent chick is necessary for achieving results. Immediately post hatch birds must undergo a shift from egg and embryonic nutrients to exogenous feed.

Under practical conditions many birds have access to feed only 36-72 h after moment of hatch and during this time body weight decreases, intestine and muscle development is retarded. Moreover, as the modern broiler lines are intensively selected for a higher growth rate and increased pectoral muscles, there is an enhanced requirement of chicken embryos for energy and protein, and consequently the imbalance between requirement and reserves of nutrients stored within eggs may limit maximal growth and development of chicken embryos

Accordingly, some of the challenges faced by broilers chicks include weakness, reduced feed intake, impaired growth, susceptibility to disease, and mortality. These symptoms may be due to limitations in some nutrients and energy and to immature digestive system unable to reload depleted energy reserves from consumed feed.

Supplementing the amnion fluid with appropriate nutrients (by in ovo feeding) is a novel way to feed critical dietary components to embryos and ‘jump-start’ development of the chick. In-ovo feeding technology has established a new science of perinatal nutrition that will open opportunities for greater production efficiency and animal welfare.

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The ability to digest and absorb nutrients prior to hatch

Poultry embryos and hatchlings rely upon the fat, protein, carbohydrates, water, minerals and vitamins deposits in the egg compartments (albumen, yolk and shell).

During the 21 days of embryonic development, the chick embryo utilizes essential nutrients from the egg compartment for tissue growth, extra embryonic tissue development and for its energetic needs.

Digestion and absorption of nutrients during incubation take place by two routes: The first track is absorption through the yolk sac membrane (YSM) directly into the blood. Absorption of yolk's 25-30 nm sized particles, consisting of mainly very low density lipoproteins, is taken up by YSM epithelial cells by endocytosis. Our current findings show that the uptake of yolk-nutrients, including di-and-tri peptides, amino-acids and minerals, is mediated by a variety of membrane-bound transporter proteins. Moreover, the YSM also exhibit digestion abilities similar to the digestion abilities of the small intestine (Speier et al 2012). mRNA expression analysis demonstrate that the YSM expresses many of the digestive enzymes and nutrient transporters typically associated with the intestine and that these genes are expressed in a tissue - and development-specific manner.

Yolk utilization is affected by the morphological and digestive changes occurring in the YSM. The total area of the YSM and its absorptive area increased up to E 17 and decreased until hatch (Yadgary et al 2013). These changes may relate to the increasing demand for nutrients from the yolk and to the assimilation of the yolk sac into the embryo's body cavity towards hatch.

The second route of consuming yolk nutrients during incubation is by their transfer directly from the yolk into the intestine. This was presented previously in post-hatch period, however, our findings show that from E 17 great portion of the yolk enters the small intestine thorough the yolk stalk probably by peristaltic movements. By this route the fat, protein, glycogen, minerals and vitamins are subjected to the chick pancreatic enzyme activity and can be absorb by the embryonic intestine and support the developing embryo.

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Chicken embryos have capacity to digest and absorb nutrients prior to hatch. The development of the gut occurs throughout incubation (Romanoff, 1960), but the functional abilities of the gut only begins to develop about the time the amniotic fluid is orally consumed by the 17-19 day-old embryo. The weight of the intestine, as a proportion of embryonic weight, increases from approximately 1% at 17 days of incubation (17 E) to 3.5% at hatch. The activity and RNA expression of brush border enzymes and the major nutrient transporters (sodium-glucose transporter and ATPase) that are observed on E 15, began to increase on E 19 (two days prior to hatch) and increases further on the day of hatch (Uni et al., 2003). This absorption capacity increases close to hatch and continues to increase during the first few days post-hatch (Uni, et al., 1999, Geyra et al., 2001, Uni, et al., 2003, Tako, et al., 2004). Poultry embryo villus height increases by 200-300% from E 17 until hatch, and small intestinal weight increases faster than body mass (Sell, et al., 1991, Uni et al., 1999). Rapid intestinal growth is due to great increase in cell numbers and size, due to accelerated enterocyte proliferation and differentiation, and intestinal crypts formation (Uni, et al., 2000, Geyra, et al., 2001).

Therefore, intestinal tissue growth, maturation and metabolism become of great importance in the last period on poultry embryonic development. The sooner the intestine achieves functional capacity the quicker the animal can utilize dietary nutrients, absorb minerals and vitamins and support the development of critical organs (skeleton, immune system, breast muscle).

In ovo feeding - a management at the hatchery for supporting the hatchlings

In the beginning of the 80’s, in ovo vaccination against Marek’s disease was proven to be effective against early exposure to the virus (Sharma and Burmester, 1982). In fact, in ovo techniques are mentioned as one of the biggest contributions of poultry research, and new in ovo vaccines are still an active topic of research.

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In 2003 Uni and Ferket introduced the concept of administrating high volume (0.4 -1.2 ml) of nutrients to the amniotic fluid of chicken and turkey eggs so as to “feed” the embryo, which consumes the amniotic fluid prior to hatch (Uni and Ferket, 2003). Their studies focused on improving embryonic development, intestine, health, bone and breast muscle and FCR.

In-ovo feeding is expected to yield several advantages, among them reduced post-hatch mortality and morbidity; greater efficiency of feed-nutrient utilization at an early age; improved immune response to enteric antigens; reduced incidence of developmental skeletal disorders; and increased muscle development and breast-meat yield.

Uni and Ferket signal several advantages of in-ovo feeding: Improved intestinal development and digestive capacity (Tako, et al., 2004, 2005;Foye, 2005; Smirnov, et al., 2006; Bohorquez, et al., 2007); Increased growth rate and feed efficiency (Kornasio et al 2011); Reduced incidence of developmental skeletal disorders and improved bone mineralization (de Oliveira, 2007; Yair et al 2013); Increased muscle development and breast meat yield (Moore, 2005; Kornasio et al 2011).

In laboratory trials in-ovo feeding has increased hatchling weights by 1-7% over controls and this advantage has been observed to sustain at least 35 days.

Positive effects have been observed with in-ovo feeding solutions containing NaCl, sucrose, maltose, and dextrin beta-hydroxy-beta-methyl butyrate, arginine, egg white protein, and Zn-methionine.

Many other reserach groups worldwide (in Brazil, USA, China, Iran and india) experinced this metodology and point to the same adventages (reviwed by Kadam et al 2013)

Nutrients for in ovo feeding

Various potential nutrient supplements can be included in the in-ovo feeding solution. Carbohydrates can be used as a source for glucose, which is crucial for the hatching process and hatchling development (Moran, 1985). Na

+ and Cl

- ions play a major role in the

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activity of apical and basolateral transporters and in the absorption of glucose and amino acids. β-hydroxy-β-methylbutyrate (HMB), a leucine metabolite which affect muscle satellite cells and increases carcass yield (Nissen et al 1994; Kornasio et al 2009), is a good candidate for the in-ovo feeding solution, as are minerals and vitamins which support the development of skeletal, immune and digestive systems in chickens.

Many nutrients were evaluated for their contribution to poultry hatchability, chick quality and production performance. Among them is ascorbic acid (Ipek et al., 2004), amino acids (Bhanja et al., 2004: Bhanja and Mandal, 2005,), Vitamins (Bhanja et al., 2007: Kadam et al., 2009), linoleic acid and glutamine (Pedroso et al., 2006), butyric acid (Gonzales et al., 2003; Salahi et al 2011), carbohydrates (Uni and Ferket, 2004), L-Carnitine (Zhai et al., 2008), carbohydrates and β-hydroxy-β-methylbutyrate (Tako et al., 2004), glucose (Ipek et al.,2004), dextrin and glutamine (Chen et al., 2009), Minerals and vitamin D (Yair et al., 2013). Bottje et al. (2010) studied the in ovo feeding of a dextrin solution containing 18 % maltodextrin and 10 % potato starch dextrin with 75 μg/mL of iodinated casein and reported improvement in hatchability, hatch weight, early poult growth under commercial turkey production practices.

Indeed, any selected nutrients can be applied for in ovo feeding and that includes all amino acids, carbohydrates, vitamins, fatty acids, and other modulators. A large verity of nutrients or supplements can potentially be included in the in ovo feeding solution. Limitations are volume, timing, osmolality and viscosity of in ovo feeding formulation.

In ovo feeding and immune response

In ovo feeding may also enhance the protective function of enteric mucosa. Hatchlings are very susceptible to the colonization of enteric pathogens due to minimal competitive exclusion by symbiotic microflora that populate the mucin layer of the gut mucosa. The mucus gel layer of the intestinal epithelium is the first barrier to enteric infection. Smirnov et al. (2006) observed that in ovo feeding increased villus surface area at hatch and 3 days post-hatch by about 27% and 21%, respectively. Moreover, the proportion of goblet cells containing acidic mucin increased 50% over controls at 36 h

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after in ovo feeding, which corresponded to enhanced expression of the mucin mRNA. Bohorquez (2010) also observed in ovo feeding to significantly accelerate the maturation of the villi epithelial, mucus secretion, and colonization of commensal microflora in day-old turkey poults. Hense, in ovo feeding may help improve the colonization resistance of enteric pathogens of neonatal chicks and poults.

Bhanja et al (2010) reported higher expression of genes associated with humoral immunity, IL-6 and TNF-α in chicks injected with lysine, threonine or methionine and cystine. Additionally, in ovo administration of threonine also enhanced the expression of cellular immunity genes, IL-2 and IL-12, in chicks humoral immunity, IL-6 and TNF-α in chicks injected with lysine, threonine or methionine and cysteine. Additionally, in ovo administration of threonine also enhanced the expression of cellular immunity genes, IL-2 and IL-12, in chicks. A further development of in ovo feeding concept was presented by Pineda et al (2012) who used silver nanoparticles, an antimicrobial agent, delivered them in ovo and observed benefits in growth performance, microbial profile, and immune status of broiler chickens.

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MODULATING MICROFLORA IN THE CHICKEN INTESTINE

Zehava Uni

Department of Animal Science Robert H. Smith Faculty of Agriculture, Food and Environment

Hebrew University, Israel [email protected]

Abstract

Although AGP have served the poultry industry well in maintaining efficient production and animal welfare, the availability of this valuable production tool will become limited in the future due to government regulations or consumer demands. Indeed finding alternatives to AGP to maintain gut health and efficient growth performance in poultry is a priority. Strategic use of these alternatives is dependent upon understanding their modes of action and how they influence the dynamic enteric ecosystem. A stable enteric ecosystem, particularly in the hind gut of poultry, is essential as symbiotic microflora competitively excludes the adverse effects of more pathogenic species. Establishment of stable ecosystem depends on uncompromised early intestinal development, gut motility conditioning by the structural properties of feed and strategic use of organic acids, essential oils, prebiotics, probiotics, and enzymes. Composition of intestinal microflora, what is healthy intestinal ecosystem, examples for modifying intestinal microflora by feed and by feed additives and ways for early establishment of microflora to form healthy intestine will be presented.

Introduction

Gut health which is characterized by intestinal integrity, intestinal microflora, mucin and enterocyte functionality, may be of greatest concern among poultry producers because it has a great influence on the growth performance and welfare of poultry, as it affects feed digestion, nutrient absorption, protein and energy utilization, immunity and disease resistance.

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Traditionally, intestinal health has been largely dependent on prophylactic and therapeutic uses of antibiotics. However, today as a result of customers’ concern about food safety and traceability and due to increasing antibiotic-resistance pathogenic bacteria – there are voluntary or legislated limits on the use of antibacterial feed additives for poultry. Therefore, a change in the methods to maintain good intestinal health is one of the major aims in poultry and veterinary research.

Modulating gut health is possible by several mechanisms. Among them are altering intestinal pH; maintaining protective intestinal mucins; selection for beneficial intestinal organisms or against pathogens; enhancing the fermentation volatile short-chain fatty acids; enhancing nutrient uptake; and increasing the humeral immune response (Ferket, 2003).

Although there is growing scientific support for many of these antibiotic replacements, the claim of efficacy is in many cases inadequately substantiated (Rosen, 2003). A number of options are available for poultry producers for enhancing the performance of poultry in the absence of specific feed-additive antibiotics. However, an alternative strategy or program must yield comparable economic return, and production efficiency must be sustainable if it is to be accepted for commercial use.

Since AGPs mainly targeting the gut microflora population, manipulation of the intestinal microbial flora profile, by other ways, may apply similar health benefits and growth promoting effects as AGPs. Strategic use of different feed additives can be used to stabilize the enteric ecosystem. These enteric conditioning feed additives include probiotics, prebiotic non-starch polysaccharides, essential oils, organic acids and short-chain fatty acids, mananoligosaccharide (MOS) derivatives of yeast cell wall, and microbial enzymes.

Composition of the intestinal microbiota

Microbes in the gastro intestinal tract (GIT) may be grouped into either commensal organisms or transient and potential pathogens. The commensals are adapted to the host environment and are often considered beneficial by providing vitamins, amino

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acids, and short-chain fatty acids to the host: acetate, butyrate, and succinate are commonly produced, with butyrate being the preferred energy source for host epithelial cells. The normal microbiota also militates against pathogens by mechanisms that are not yet fully understood.

Cultivation techniques limit the ability to define the intestinal micobiota. However, molecular techniques based on determining DNA and RNA sequences similarity of selected genes within microbial community are being used successfully to detect and characterized microbiota. Previous studies consist on culturing methods have been replaced with new methgenomic approaches for defining population biodiversity and their relative abundantly. Using 16s rRNA analysis on chicken GIT, revealed that groups of Clostridiales, Bacteroidaceae, Lactobacillaceae, Enterococcaceae, Porphyromonadaceae, Eubacteriaceae, Ruminococcaceae, Lachnospiraceae, Veillonellaceae and Rikenellaceae were dominant (Tang et al., 2014). Analysis in our lab indicated that in young chicks (4 d) the major species presented in the small intestines and ceca was Lactobacilli, with a Bifidobacteria population becoming more dominant in the ceca at older age while Clostridium was detected only in some segments of the small intestine. In older chickens, Salmonella, Campylobacter, and E. coli species were found in the ceca (Amit-Romach 2004).

The 'right' intestinal ecosystem

This microflora has a role in nutrition, detoxification of certain compounds, growth performance, and protection against pathogenic bacteria. The intestinal microflora lives in close contact with its surrounding intestinal wall (enterocyte epical membrane, mucin, intestinal immunity) as well as with other bacteria that may exert beneficial or harmful effects on the host, depending on whether they are classified as symbiotic or as pathogens. The interaction is determined on one hand by characteristics of the microorganisms (e.g. type of microorganism), and on the other hand by characteristics of the intestinal wall (e.g. level of intestinal immunity). Together they determine the health status of the intestine.

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A healthy gut is one that has a stable and diverse microbial ecosystem. The criteria for desirable microflora is not high or low presence of specific microbial species but a bacterial community which have a significant influence on animal performance.

While AGPs exclude some species of the intestinal microbial community there are other additives that promote or select bacterial groups in the microbial community.

Several mechanisms by which intestinal microbial community promotes intestinal health are suggested, among them are modifying the intestinal niche for pathogen exclusion, promoting molecules that reduce the colonization of the phtogenic bacteria. In addition, there are many feed additives that can be used to stabilize the enteric ecosystem

Substitute strategy to avoid proliferation of pathogenic bacteria by modulation of the intestinal bacteria population is our current challenge in order to gain better performance, immunity and overall health improvement of the chicken broiler.

Modifying intestinal microflora by feed and by feed additives

Diet formulation and feed form affect the colonization of enteric pathogens. Structural properties of the feed that stimulate gizzard motility has been demonstrated to promote reverse peristalsis, thereby improving the foregut digestion of proteins, fat, and starches leaving little for competitive microbiota to prosper. In contrast, viscous non-starch polysaccharides that impede reverse peristalsis and digestion of protein, fat, and starches in the foregut of poultry will cause the competitive microbiota (pathogens) to grow.

Essential oils have been recognized for their anti-microbial activity (Lee et al., 2004), and they have gained much attention for their potential as alternatives to antibiotics. Lee and Ahn (1998) found that cinnamaldehyde, derived from the cinnamon essential oil, strongly inhibits Clostridium perfringens and Bacteroides fragilis in vitro, and moderately inhibits Bifidobacterium longum and Lactobacillus acidophilus. Also, a wide range of in-vitro anti-microbial

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activities of essential oils derived from cinnamon, thyme and oregano were presented during the last 10 years. The exact anti-microbial mechanism of essential oils is poorly understood; it may be associated with their lipophilic property and chemical structure (Lee et al., 2004). To be as effective as growth promoters, these herbal antimicrobial compounds must be supplemented to the feed in a more concentrated form than found in their natural state, which will increase usage costs.

Prebiotics are non-digestible food ingredients, which beneficially affect the host by selectively stimulating the growth of one or limited number health-promoting bacteria in the GIT (Gibson and Roberfroid 1995, Roberfroid 2007).

Prebiotic selectively utilized by endogenous microbial population groups such as bifidobacteria and lactobacilli leads to changes, both in the composition and/or activity in the GIT microflora that confers benefits upon host well-being and health. Moreover indirectly, prebiotic treatment may have immunomodulatory (Babu et al., 2012) effects by enhanced the IgM and IgG antibody titers in plasma (Janardhana et al., 2009). These findings emphasize the multisystem involved by bacteria gut modulation.

Prebiotics refers groups are: trans-galacto-oligosaccharide, fructo-oligosaccharide (FOS), Xylo-oligosaccharides, Mannan-Oligosaccharides (MOS), inulin and lactulose.

MOS: During the past years, poultry feed industry has proceeded to non-pharmaceutical alternative additive, mannan-oligosaccharide, which constructs the yeast cell wall. Comprehensive data-pulling from 1993 to 2003 of bird feed with Bio- MOS (Alltech Inc. from the yeast Saccharomyces cerevisiae) indicated that MOS reduced mortality in bird as much as antibiotics (Hooge 2004). Since MOS have high affinity to ligands, it's acting as lectin, offering a competitive binding site rather than intestinal epithelial cells for bacteria attachment (Ofek et al., 1977).

Several studies have demonstrated the benefits of adding MOS to broiler diets, improved gut morphology in features such as villus length and villus area (Iji et al., 2001; Baurhoo et al., 2007 a,b); Solis de los Santos et al., 2007), growth performance characteristics such as body weight, feed-conversion rate and apparent metabolized energy (Hooge, 2004; Rosen, 2007; Yang et al., 2007a;Yang et al.,

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2007b; Yang et al., 2008a; Yang et al., 2008b). Adding MOS to the poultry diet also exhibited beneficial changes in intestine and performance (Oliveira, M. C., et al. 2008), in mucin secretion and in goblet cell number per villus (Baurhoo et al., 2007a,b; Solis de los Santos et al., 2007), in digestibility and brush-border enzyme activity (Yang et al., 2007a,b) and in gut immune responses (Newman, 1994; Kocher et al., 2004; Baurhoo et al., 2007a,b). Furthermore, MOS has been shown to alter the gut microflora (Fernandez et al., 2000; Baurhoo et al., 2007) by reducing the number of pathogenic bacteria that colonize the GIT (Spring et al., 2000; Fernandez et al., 2002).

Recent work to study MOS's molecular interaction on broilers intestinal transcriptome was investigated by Affymetrix microarrays. Results indicated that a cell energy production, death, and protein translation were altered. Further pathway analysis indicated up-regulation of oxidative phosphorylation, cellular stress response, and immune processes cycles (Xiao et al., 2012).

Fiber-degrading enzymes supplementation has become a standard practice in the poultry industry, largely driving by the rising feed ingredient costs. Supplemental enzymes in the feed are used to achieve the following aims: alleviate the adverse effects of anti-nutritional factors (such as arabinoxylans, b-glucans); extract certain nutrients more available for absorption and enhance the energy value of feed ingredients and also modulate intestinal microflora to a healthier state (Engberg et al., 2004).

Probiotics: Probiotic microorganisms increase the colonization of commensal bacteria at the lower intestinal tract and inhibit growth of potentially pathogenic microorganisms by competitive exclusion (Nurmi and Rantala, 1973). Competitive exclusion of commensal microflora against pathogens include: 1) lowering the pH through production of lactate, lactic acid and short-chain fatty acids (SCFA); 2) competing for gut lining attachment and available nutrients; 3) producing bacteriocins; 4) stimulating the gut associated immune system through cell wall components (Nousiainen and Setala, 1998); and 5) increasing the production of SCFA, which have bacteriostatic and bactericidal properties (Fuller, 1977) and stimulate intraepithelial lymphocytes, and natural killer cells (Ishizuka and Tanaka, 2002; Ishizuka et al., 2004). Thus,

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probiotics have been shown to improve performance, decrease mortality, and improve FCR of poultry.

Most commercial probiotic products are composed of pure defined cultures of one or more micro-organisms. Thus, prebiotic is also known as defined competitive exclusion cultures. Defined competitive exclusion cultures given to broilers have been shown to decrease Salmonella Typhimurium (Corrier et al., 1995). Also, undefined competitive exclusion products originating from adult intestinal microbiota are usually inoculated to 1-day-old chicks in order to control of Salmonella contamination (Mead, 2000). Another recent publication (Zhang and Kim (2014) states that dietary supplementation with multi-strain probiotics improved broiler growth performance, ileal amino acids digestibility, and humoral immunity. Furthermore, the probiotics decreased the cecal numbers of E. coli and decreased the NH3 content of excrete.

Many recent publications demonstrated the multifunction of probiotic bacteria on GIT epithelium: Altering the broiler GIT epithelium morphologic and cell development (Rodríguez-Lecompte et al., 2012); Stimulate the Immune system (Brisbin et al., 2012, Rajput et al., 2014); Influences on tight junction dynamic proteins component (Ulluwishewa et al., 2011) and alter mucus secretion (Smirnov at el., 2005).

It should be noticed that Probiotics have some disadvantages in comparison to other modulators of enteric microflora (Fooks et al., 1999; Isolauri et al., 2004) as they may have a short shelf-life and sensitivity to excessive heat and pressure during feed processing. Some probiotic microorganisms may be reduced or eliminated by the low pH in the gizzard, and thus have little effect in the lower intestinal tract where pathogens pose problems. If a probiotic is added to the drinking water, the chlorine sanitizer may adversely affect its survivability. Acidification would be a better sanitizer than chlorine when delivering a probiotic via the drinking water. Coating technology has helped with some of these concerns.

Synbiotics - the combinations of prebiotics and probiotics are known as synbiotics (Patterson and Burkholder, 2003). Study showed that supplementation of broiler diets with a prebiotic MOS and a probiotic-mixture significantly increased the body weight gain

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with slightly improved feed conversion ratios, compared with the un-supplemented control (Falaki et al., 2011).

Summarizing this topic - Currently a large verity of commercial products manufactured by many companies worldwide is existing and are used by intensively in poultry industry (Schneitz., 2005).

Modifying intestinal microflora before hatch /at hatch

It can be hypotheses that administration of probiotics or prebiotics to the chicken embryo before hatch (or at the hatchery) will have a great effect on intestinal development and gut health. Accordingly, during the last years several experiments were done.

First experiments were done (and also patented) using in ovo administration of Lactobacillus Reuteri by Prof. F. Edens (US Patent 5,458,875, 1995; Edens et al. 1997) showed that this bacteria has the potent antimicrobial activity and kill Salmonella, Escherichia, Campylobacter within short time by producing reuterin, a clearly defined antimicrobial substance. Further experiments were done with in ovo injection of competitive exclusion culture in broiler hatching eggs and to control salmonellas and other foodborne pathogens in poultry (Meijerhof and Hulet 1997; Mead , 2000).

Recent work in our lab (Cheled-Shoval, et al. 2011; 2014) examined the effect of in ovo administration of MOS on chicken small intestine development and reveled positive effects of in-ovo administrated MOS on intestinal maturation and enterocyte development 24 h after in-ovo administration. It was found that MOS supplementation, regardless microbial presence, caused a change in the type of mucus produced by goblet cells. A direct effect of MOS on sterile intestine (germ free chicks) was observed, in addition to indirect effect via gut microflora.

There is a potential to influence the host-microbiome-dietary triangle by early administration (in ovo or immediately post hatch at the hatchery) of probiotics or prebiotics additive. Recently, meta-analysis and meta-regression of 14 different CE (competitive exclusion) products found that the administration of CE through spraying the chicks at the hatchery was just as effective as the oral

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RESÍDUOS EM CARNES DE AVES: PROGRAMAS DE CONTROLE E RESULTADOS – PNCRC

Renato Costa Brum

A segurança dos alimentos é uma preocupação mundial, cabendo ao Estado à garantia da implantação e verificação dos sistemas de produção, a fim de que haja a disponibilização de alimentos seguros a sociedade. A ferramenta da análise de risco tem sido utilizada pelas autoridades sanitárias dos países para o aprimoramento de seus sistemas de controle, a fim de estabelecer prioridades, otimizar recursos humanos e financeiros.

Neste contexto, o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes - PNCRC/MAPA é uma importante ferramenta de gerenciamento de risco da Secretaria de Defesa Agropecuária para mitigar a ocorrência de resíduos de produtos de uso veterinário e contaminantes ambientais em produtos de origem animal, incluindo o setor produtivo de aves de corte. A gestão deste importante programa encontra-se sobre a responsabilidade da Coordenação de Resíduos e Contaminantes - CRC/SDA, em articulação com as demais unidades organizacionais da SDA.

O setor produtivo nacional de carne de aves possui inserção consolidada no agronegócio nacional, sendo que foram produzidas em 2013, 12,3 milhões de toneladas de carne, com um consumo doméstico de 63% deste quantitativo. O consumo per capta anual de 41,8 kg faz deste segmento uma importante fonte de proteína animal para alimentação da população brasileira. Já no agronegócio internacional o Brasil permanece como o primeiro exportador mundial, com 3,918 milhões de toneladas exportadas para mais de 150 países.

Desta forma, o sistema de integração na criação de aves de corte se constitui em uma característica fundamental na adoção de controles para mitigar a ocorrência de resíduos, já que o manejo quanto à utilização de produtos de uso veterinário se torna fácil e passível de alterações quando se faz necessário. As agroindústrias tem desenvolvido e implementado os autocontroles, assegurando

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ações para controlar o uso e o recebimento das aves, por meio do estabelecimento de um ponto crítico de controle.

Cabe, assim, ao MAPA verificar a adequação e efetividade dos autocontroles implantados pelas indústrias, cabendo ao PNCRC um papel fundamental nesta verificação. A estruturação do PNCRC/Aves permite, de forma aleatória, coletar amostras para realizar esta verificação e adotar ações fiscais quando da detecção de não conformidades. Todo o delineamento do PNCRC segue as recomendações do Cosex Alimentarius, o que garante alinhamento e reconhecimento internacionais.

No PNCRC/Aves 2013 foram coletadas e analisadas 3576 amostras, sendo detectadas, 03 violações (02 de nicarbazina e 01 de sulfaquinoxalina). Todas as ações de investigação foram adotadas pelo Mapa para verificar as possíveis causas destas não conformidades e para mitigar novas ocorrências.

Desta forma, o PNCRC se consolidou nos últimos 10 anos como um dos principais programas de segurança do alimento do MAPA, o que possibilita atender aos anseios da população brasileira, assim como assegurar a manutenção e a abertura de novos mercados para o agronegócio da carne de aves.

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IMPACT OF GASTROINTESTINAL ECOLOGY ON FEED EFFICIENCY AND POULTRY PRODUCTION

Guillermo Tellez

Department of Poultry Science, University of Arkansas, Fayetteville AR 72701, USA

The fields of immunology, neuroendocrinology, microbiology, nutrition and metabolism are rapidly converging. The gastrointestinal tract (GIT) is not only the largest immune and endocrine organ; the enteric nervous system contains more neurons than the periphery nervous system. The GIT also represents the greatest exposed surfaceto environmental factors (e.g. food, feedingredients, microbes, etc.)er. However, a wide range of factors associated with diet and infectious disease agents can negatively affect the delicate balance among the components of the chicken gut and, as a result, affect health status and production performance of birds in commercial poultry operations. The surface of the GIT mucosa is not a static barrier that simply prevents microbial invasion but a critical interface for microbiota - immune system interactions. The impact on gut health often comes from microbial imbalance in the gut, because this microbiota impacts host nutrition, protection, and gut development. Any gut damage caused by pathogens will also lead to poor gut health, which will, in turn, affect nutrient utilization efficiency. Subclinical forms of infection with no obvious signs of lesions such as Coccidiosis or Necrotic enteritis are often financially more devastating than acute, short-term infections. Likewise, dietary factors that modulate the immune system and gut microbiota should be considered when formulating diets and managing feeding practices. Marked changes in socio-economic status, cultural traditions, population growth and agriculture are affecting diets worldwide for humans and animal production. Understanding how diet ingredients and nutritional status influence the composition and dynamic operations of gut microbial communities, and the innate and adaptive arms of the immune system, represents an area of scientific need, opportunity and challenge. This review focuses on intestinal microbiota–immune interactions leading to intestinal homeostasis,

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and show that these interactions at the GIT mucosal surface are critical for driving not only for feed efficiency but also for both protective and pathological immune responses systemically.

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SALMONELOSES – AUMENTO DA TRANSMISSÃO VERTICAL E FALHAS DE MANEJO DE

REPRODUTORAS

Elizabeth Santin

Departamento de Medicina Veterinária - UFPR, Curitiba, PR

Introdução

Salmonelose é uma doença que afeta os animais e seres humanos. A espécie Salmonella enterica possui mais de 2600 sorotipos descritos, cuja prevalência pode variar entre localidades, estados e países (OIE, 2011).

De acordo com Barrow (2007) do ponto de vista da patogênese, o gênero Salmonella pode ser dividido em dois grupos: um grupo relacionado a sorovares que produzem doenças sistêmicas espécie específicas (colonizam pobremente o intestino e normalmente não estão envolvidos em toxinfecção) e os que produzem toxinfecção, e somente provocam doenças sistêmicas em condições muito particulares (indivíduos imunossuprimidos). Por exemplo, nas aves os sorovares S. Gallinarum biotipo pullorum e gallinarum estão relacionados a doenças sistêmicas. Outros sorovares como Enteritidis, Tiphymurium, Heidelber, entre outros, estão relacionados ao segundo grupo, e são associados a toxinfecção em seres humanos, onde normalmente, ovos e produtos de aves estão envolvidos.

Pesquisa publicada pela Food Borne Diseases Active Surveillance Network (CDC, 2011) comparou o número de casos de doenças por contaminação alimentar em seres humanos nos Estados Unidos, e demonstrou que as infecções causadas por Salmonella corresponderam a 43,25% dos casos confirmados em laboratório. Somente no ano de 2013 nos EUA (CDC, 2014) 1078 pessoas apresentaram toxinfecção relacionada a Salmonella, e destas, 430 casos foram relacionado ao consumo de carne de frangos, tendo como sorovar envolvido o Heidelberg.

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No Brasil, não existem dados claros sobre toxinfecção por Salmonella em seres humanos. Entretanto, desde que o Brasil conquistou o posto de maior exportador de carne de frango do mundo em 2008 (UBABEF, 2013), o controle da Salmonella spp dentro da cadeia produtiva ganha grande importância e os dados referentes a qualidade destes produtos tem sido avaliado pelos países importadores.

A Europa lidera a lista de compradores mais exigentes com relação ao controle da carne de frango importada do Brasil, sendo que os resultados da monitoria para Salmonella em carne de frango são publicados pela Autoridade Européia em Segurança Alimentar (EFSA) através do sistema de alerta rápido em alimentos (RASFF, 2008). No ano de 2013 houve um aumento significativo das notificações através do RASFF ao produto de origem brasileira. Os sorovares mais prevalentes identificados na carne de frango brasileira foram a Salmonella Heidelberg seguida da Salmonella Minnesota.

A principal forma de controle de Salmonella em produção avícola relaciona-se a medidas de biosseguridade e vacinação (Barrow, 2007). Associadas a isso, várias ferramentas também têm sido empregadas como uso de antibióticos, ácidos orgânicos de cadeia curta na água ou ração, prébioticos, próbioticos e vacinação (Van Immerseel et al., 2005; Pickler et al., 2012).

Em especial o uso de antibióticos para controle de salmoneloses em aves demonstrou-se pouco eficiente e é responsável pelo aparecimento de estirpes multi resistentes a diversas moléculas utilizadas (Stevens et al., 2009; Barrow, 2007). Ácidos orgânicos têm demonstrado serem eficazes no controle de Salmonella Enteritidis em aves, entretanto, recentemente Pickler et al. ( 2012) observaram que diferentes ácidos orgânicos utilizados para o controle de Salmonella podem ter eficácias diferentes dependendo do sorovar estudado.

O uso de vacinas também tem sido uma boa estratégia no controle das salmoneloses (Zhang-Barber et al., 1999; Mastroeni et al., 2001; Penha Filho et al., 2009) e de acordo com Barrow (2007), vacinas são as principais ferramentas para o controle de Salmonella com pontecial zoonótico. Entretanto a complexidade de resposta apresentada em diferentes estudos alerta para a necessidade de reforçar as medidas de biosseguridade associada a vacinações.

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No Brasil, o uso de vacinas inativadas contra SE em reprodutoras pesadas foi aprovado somente em 2003 (BRASIL, 2003). O uso de vacinas inativadas induz a uma elevada produção de anticorpos (Liu et al., 2001), os quais são transmitidos às progênies via gema do ovo (Kovacs-Nolan e Mine, 2012). Esses anticorpos segundo Friedman (2003), são de fundamental importância no controle da transmissão/disseminação da Salmonella ao longo da cadeia de produção avícola.

Vários estudos (Miyamoto et al., 1999; Liu et al., 2001; Inoue et al., 2008; Penha Filho et al., 2012) já demonstraram a eficácia do uso de bacterinas contra Salmonella Enteritidis, porém o uso de vacinas inativadas contra outros sorovares e a possível proteção cruzada entre estes diferentes sorovares de Salmonella ainda precisa ser estudado. Além disso, existe a discussão sobre as vantagens de vacinas vivas e inativadas no controle das salmoneloses.

Outro ponto muito importante a ser considerado no controle de Salmonella, é a capacidade de este agente desenvolver indivíduos carreadores, após a primeira infecção. No caso de Salmonella os carreadores podem ser ativos, passivos e latentes (Barrow, 2007).

Carreadores ativos de Salmonella são indivíduos que desenvolveram a doença e excretam altas quantidades da bactéria, mesmo após a recuperação da doença clínica, e podem persistir assim por toda a vida. Carreadores passivos são animais que excretam a bactéria adquirida do ambiente, sem que tenham desenvolvido a doença, e estes indivíduos podem perder o status de carreador quando removidos para um ambiente limpo. Finalmente, os carreadores latentes, possuem a bactéria em seus tecidos e a excretam de forma intermitente, sempre que passarem por alguma condição de estresse.

O conhecimento destes indivíduos carreadores é fundamental para que se busquem formas de diminuir a disseminação da Salmonella em animais de produção, principalmente controlando a transmissão vertical, pois reprodutoras podem ser muitas vezes carreadoras latentes e fatores de estresse, como o pico de produção de ovos, pode desencadear a eliminação deste agente pelas galinhas portadoras (Wingley et al, 2005).

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Considerando estes aspectos, buscaremos abordar as principais diferenças entre sorovares de Salmonella hospedeiro adaptadas e não adaptadas quanto ao comportamento epidemiológico, clínico e imunológico em aves, bem como formas de controle, principalmente no que se refere a transmissão vertical para progênie em avicultura de produção de carne.

Salmonella adaptadas e não adaptadas as aves

A corrente taxonomia da Salmonella classifica apenas duas espécies dentro desse gênero: S. enterica e S. bongori. S. enterica é dividida em seis subespécies e abaixo do nível de subespécies os organismos são sorotipados com base no antígeno somático (O), flagelar (H) e capsular (Vi) (Poppoff e Le Minor, 1997).

Apesar de ser adequado classificar os sorovares desta forma, somente a presença destes antígenos não determina a resposta clínica do hospedeiro a infecção (Stevens et al., 2009). Por exemplo, o sorovar Gallinarum (fórmula O:1,9,12: H:- :Vi: -) pertence ao mesmo sorogrupo D como o Typhi e Dublin, mas nenhuma associação patogênica foi encontrada entre eles (Uzzau et al, 2000).

De acordo com a patogênese, os sorotipos de Salmonella podem ser divididos em dois grupos: aqueles adaptados ao hospedeiro e os não adaptados aos hospedeiros (Uzzau et al, 2000; Stevens et al 2009; Barrow 2007).

Sorovares adaptado ao hospedeiro causam doença sistêmica em um limitado número de espécies, por exemplo Typhi associado a doenças em seres humanos, Gallinarum associado a doença sistêmica em aves. Eventualmente estes sorovares adaptados ao hospedeiro podem causar doenças sistêmicas em outras espécies quando os indivíduos estão imunossuprimidos. Entretanto, de acordo com Uzzau et al (2000), algumas vezes esses sorovares adaptados podem infectar outras espécies, e estes indivíduos infectados podem desenvolver o status de carreador assintomático, podendo excretar a bactéria no meio e sendo um grande risco para o controle da enfermidade.

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O sorovar hospedeiro adaptado Gallinarum é dividido em dois biotipos gallinarum e pullorum que podem ser diferenciado bioquimicamente e genotipicamente. Esses diferentes biotipos causam duas diferentes síndromes em aves que são o tifo aviário e a pulorose, respectivamente. O tifo aviário é uma doença sistêmica que acomente aves de todas as idades, especialmente aquelas acima de três meses, enquanto a pulorose afeta aves jovens.

Sorovares hospedeiros não adaptados compreendem mais de 2000 sorovares, como S. Typhimurium e Enteritidis por exemplo, e normalmente produzem um enterite aguda em um grande número de espécies, incluindo seres humanos. Esses sorovares não são restritos a um único hospedeiro e sua epidemiologia pode ser bastante complexa. De acordo com Stevens et al (2009), diferenças em vias e dose de inoculação, além de genética e status imunológico do hospedeiro podem determinar o tipo de resposta clínica aos sorovares hospedeiros não adaptados. Por exemplo, S. Typhimurium pode ser restrita a colonização intestinal, sem sinais clínicos em aves adultas mas pode causar uma doença sistêmica fatal em aves jovens. Em adição, estes sorovares podem contaminar carcaças de animais no abatedouro e entrar na cadeia alimentar de seres humanos, sendo riscos para saúde pública.

De maneira geral, os sorotipos hospedeiros específicos causam doença sistêmica envolvendo Sistema Mononuclear Fagocitário (SMF) com pequeno processo inflamatório e colonização entérica, enquanto sorovares hospedeiros não adaptados colonizam o intestino e provocam processo inflamatório de maneira mais intensa (Uzzau et al, 2000; Whinter et al, 2010; Barrow, 2007).

Mecanismos imunológicos relacionados à persistência e excreção de salmonella

A resposta imunológica contra Salmonella pode variar dependendo do hospedeiro e do sorovar envolvido. Em Salmonella imóveis como Gallinarum biotipo gallinarum e pullorum, a ausência do flagelo pode ser responsável por permitir que esse agente entre no intestino sem estimular uma intensa resposta inflamatória, e desta forma a bactéria rapidamente evade para outros órgãos como baço e fígado (Kaiser et al, 2000).

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Alguns sorovares hospedeiro específico como Salmonella Typhi, Dublin, e Gallinarum pullorum podem, depois da doença clínica ou infecção assintomática, persistir no organismo por longos períodos de tempo. No caso das Salmonella Typhi e Salmonella Dublin, a excreção bacteriana durante longos períodos de tempo é associada à proliferação do agente patógeno na vesícula biliar (Paulin et al., 2002; Paulin et al., 2007).

No caso particular das aves, que não possuem linfonodos mesentéricos, a persistência da Salmonella é no sistema reticuloendotelial (Zhang-Barber et al., 1999). Após infecção oral por Salmonella Gallinarum, por exemplo, esta coloniza o tecido linfoide associado ao intestino (GALT), e, a partir daí, é levada até o fígado e baço pelos macrófagos, persistindo assim nestes órgãos (Jones et al., 2001).

A microbiota normal do hospedeiro apresenta um papel de competição com Salmonella. Em infecções por Salmonella Typhimurium, observa-se que o processo inflamatório modifica o balanço entre a microbiota intestinal em favor do patógeno. Em um intestino sadio existem interações benéficas entre a microbiota normal e a mucosa intestinal. A resposta inflamatória dos hospedeiros neste caso, gerada especificamente pelos fatores de virulência da Salmonella Typhimurium, alteram as condições no lúmen intestinal e ativam a competição em favor do patógeno (Stecher et al., 2007).

Em aves, pode-se observar diferentes respostas imunes frente às infecções por Salmonella, quando se compara infecções por Salmonella hospedeiro específicas com não específicas. Infecções por Salmonella Typhimurium, por exemplo, resultam em uma significativa inflamação da mucosa intestinal (Henderson et al., 1999), e o mesmo pode ser aplicado a outros sorovares. Setta et al. (2009) demonstraram significativa expressão de marcadores de citocinas pró-inflamatórias no intestino de aves infectadas com Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis em comparação às infecções por Salmonella Gallinarum biotipo gallinarum e pullorum. Kaiser et al. (2000), também estudando infecções por Salmonella hospedeiro específicas, descreveram que as infecções causadas por esses sorovares, causam somente leve inflamação no intestino.

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Pode-se então concluir que a rápida multiplicação de sorovares sem hospedeiro específico desencadeiam uma primeira resposta inflamatória, seguida de uma infecção de grande magnitude, o que confinaria localmente o processo à mucosa intestinal, enquanto que a lenta multiplicação dos sorovares específicos permite a esses evadir a ativação da resposta imune inata, favorecendo sua disseminação dissimulada (Uthe et al., 2007).

Respostas imunes às infecções por salmonella em aves

Em geral, a imunidade de mucosa do intestino é a primeira linha de defesa contra Salmonella. É basicamente composta por imunoglobulinas (IgA - secretória) e o MALT (Tecido Linfóide Associado à Mucosa). Depois de ultrapassada a primeira linha de defesa, a Salmonella desencadeia uma resposta imune sistêmica, onde, tanto os mecanismos de imunidade humoral quanto os mediados por células são ativados e desempenham papéis importantes contra infecções por esse agente (Berndt et al., 2007).

Parece amplamente aceito que a imunidade mediada por células é mais importante do que as respostas humorais na proteção contra a Salmonella (Mastroeni et al., 1993).

Van Immerseel et al. (2002) descreveram com detalhes a dinâmica da invasão da parede do ceco de pintos de 1 dia desafiados oralmente com Salmonella Enteritidis e observaram, através de imunoistoquímica, que 24 horas após o desafio havia presença de macrófagos e células T na mucosa do ceco, enquanto que os linfócitos B vieram a aparecer somente dois dias após o desafio.

Imunidade passiva para Salmonella

Methner e Steinbach (1997) avaliaram a transmissão de anticorpos contra Salmonella e seus efeitos protetivos em progênies oriundas de matrizes vacinadas com vacina inativada contra Salmonella Enteritidis. A vacinação resultou em aumento na concentração de anticorpos na gema de ovos incubáveis, no soro e

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jejuno das progênies até aos 21 dias de idade. Ainda, compararam a eficiência da proteção desses anticorpos contra desafio com Salmonella Enteritidis e verificaram que contagens de Salmonella entre 7 e 21 dias de idade, no ceco das progênies de matrizes vacinadas, foi menor do que no grupo de aves oriundas de reprodutoras não vacinadas.

De forma semelhante, Inoue et al. (2008) comprovou a eficiência dos anticorpos maternos em um experimento comparando progênies oriundas de matrizes vacinadas com vacina inativada contra Salmonella Enteritidis com progênies de lotes não vacinados. Aves dos dois grupos foram desafiadas no 1º e no 14º dia de vida. Nos dois desafios, os isolamentos de Salmonella nos grupos oriundos de matrizes vacinadas foram menores do que aqueles de lotes não vacinados, ainda que, o tempo de eliminação de Salmonella nas fezes tenha sido muito semelhante nos dois grupos quando esses foram desafiados com um dia de vida.

Por outro lado, Young et al. (2007) estudou a eficiência do uso de vacinas inativadas contra Salmonella Hadar, Kentucky e Heidelberg e três doses de vacinas vivas contra Salmonella Typhimurium em reprodutoras sobre a proteção das progênies contra a respectiva cepa presente na vacina inativada e concluiu que não houve redução significativa no número de amostras positivas nos grupos de matrizes vacinados em relação ao grupo de matrizes não vacinadas.

Recentemente em nosso laboratório, Souza (2014) defendeu sua dissertação com objetivo de estudar a vacinação de Matrizes de Frangos de Corte com bacterina de Salmonella Enteritidis (SE) e Minnesota (SM) sobre o controle da colonização da progênie desafiada com essas bactérias vivas. Foi observado, em frangos de um dia, que o grupo oriundo de reprodutoras vacinadas com SE e SM apresentaram maior quantidade de células CD4+ no íleo e CD8+ no ceco que reprodutoras vacinadas somente com SE. Aos 7 dias após o desafio, a progênie destas reprodutoras também apresentaram menor colonização por Salmonella no fígado que frangos oriundos de reprodutoras vacinadas com SE, porém não houve diferença para a colonização do ceco, papo e fígado aos três, 14 e 21 dias após desafio.

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Interação de microbiota intestinal e salmonella

A Salmonella compete com os microrganismos da mucosa intestinal e de acordo com Stecher e Hardt (2008) não está claro se isso ocorre somente com o mecanismo de exclusão competitiva ou se também está relacionado a modulação do sistema imunológico da mucosa.

Recentemente, Winter et al. (2010) observou que derivados reativos do oxigênio, gerados durante o processo inflamatório da mucosa intestinal, podem ser utilizados pela Salmonella, o que lhe dá vantagem competitiva sobre outros microrganismos da microbiota. Os genes que conferem a capacidade de utilizar o tetrationato como receptor de elétrons fazem com que a Salmonella cresça com vantagem sobre a microbiota normal do lúmen intestinal inflamado, ou seja, os fatores de virulência desta bactéria induzem a produção desse receptor de elétrons no hospedeiro, permitindo ao patógeno utilizar a respiração (ciclo respiratório oxidativo) para competir com os microrganismos da flora intestinal. Portanto, a capacidade de desencadear a inflamação intestinal é crucial para a instalação deste patógeno (Suzuki et al., 2004; Stecher et al., 2007).

A depleção da microbiota com o uso de antibióticos (Barthel et al., 2003) também é um fator que pode facilitar a instalação de Salmonella e pode desenvolver indivíduos com grande capacidade de excretar o agente.

No que se refere a interação de Salmonella é importante também considerar a microbiota ambiental, principalmente da cama, que irá se transferir para estes animais de forma bastante precoce. Atualmente, o tratamento de cama através do enlonamento, amontoamento ou mesmo a adição de cal no intervalo dos lotes tem sido utilizados para controlar a qualidade microbiológica da cama, com o objetivo de reduzir a transmissão de doenças (Pope et al., 2000; Roll et al., 2011).

Em recente trabalho (Muniz et al., 2014) foi demonstrado que a reutilização da cama tratada com enlonamento reduziu a presença da Salmonella spp., comparativamente a cama nova.

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É importante considerar que a microbiota presente no intestino de reprodutoras influencia diretamente a microbiota de frangos de corte e isso deve ser estudado quanto a possível forma de controle da transmissão vertical de Salmonella.

Transmissão vertical de salmonella em aves de produção

Namata et al (2009), analisando os fatores de risco para prevalência e persistência de Salmonella em lotes de frangos de corte na Bélgica, demonstraram que o pintinhos de um dia infectados com Salmonella é o primeiro grande fator de risco no controle das salmoneloses nos plantéis de frangos.

Muitos sorovares de Salmonella são transmitidos através da transmissão vertical, pela contaminação de ovos. Gantois et al (2009) descrevem duas possíveis rotas para contaminação de ovos por Salmonella: Transmissão horizontal relacionada a penetração da bactéria pela casca do ovo durante a postura pelo contato com fezes contaminadas, ou transmissão vertical pela contaminação da gema, albúmen e membranas internas dos ovos antes da postura, pela infecção dos órgãos do trato reprodutivo.

A contaminação da casca do ovo pode acontecer, como dito anteriormente, pela contaminação durante a postura, mas também devido a contaminação ambiental de todos os lugares que o ovo passa (bandeja, caixas e caminhões de transporte e incubatório) após a postura.

Gast et al (1990, 1997 e 2004) demonstraram que existe diferença entre sorovares na contaminação de ovos, Salmonella Heidelberg tem a mesma eficiência de contaminação de ovos que Enteritidis, mas são encontradas em concentração muito menor no ovo. Keller et al (1997) demonstrou também que S. Enteritidis e Thypimurium são capazes de colonizar o trato reprodutivo de galinhas e seus ovos da mesma maneira, mas o sorovar Thyphimurium sobrevive por menos tempo dentro do ovo.

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Medidas de controle da transmissão vertical de salmonella em aves de produção

Devido à importância da Salmonella para saúde pública, rígidas estratégias de controle devem ser introduzidas pelas agroindústrias no intuito de controlar a presença de Salmonella spp. na população animal de sua integração. As principais medidas de controle no combate à Salmonella estão ligadas à biosseguridade. Dentre essas medidas, pode se citar o controle da entrada de material genético, ração, água, limpeza e desinfecção dos aviários, controle de pragas e destinação correta dos resíduos (Foley et al., 2008).

Nos últimos tempos, nota-se um interesse maior pelo uso da vacinação como forma adicional de controle da Salmonella, especialmente para os sorovares de importância em saúde pública (Desin et al., 2013; Barrow, 2007).

Vacinação contra sorovares hospedeiro adaptados induzem uma forte imunidade protetora sorotipo específica contra infecção e doença, porém vacinação com sorovares hospedeiro não específicos tem sucesso muito variável (Barrow, 2007).

Mundialmente, não existe um consenso sobre o uso de vacinas contra Salmonella para controlar sorovares não hospedeiros inespecífico e com potencial zoonótico. Na Europa, por exemplo, alguns países como a Dinamarca, Finlândia e Suécia proíbem o uso de vacinas (Wegener et al., 2003; Keery, 2010). Já na Inglaterra (EU, 2003), a vacinação de lotes de postura comercial contra Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium é obrigatória. Apesar de várias vacinas serem desenvolvidas de forma experimental, somente algumas são autorizadas para uso comercial, pois as cepas usadas para essa finalidade precisam atender algumas características para que possam ser diferenciadas das cepas de campo (conceito DIVA – Differentiating Infected from Vaccinated Animals), ser suficientemente imunogênicas e ainda serem eliminadas do organismo da ave antes do abate (Barrow, 2007).

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Do ponto de vista imunológico, uma boa vacina contra Salmonella deveria conferir proteção de mucosa e sistêmica efetiva, não apresentar risco para animais e seres humanos, eficácia em reduzir a colonização intestinal, contaminação do ambiente e infecção de ovos, ser compatível com outras medidas de controle e ser custo efetiva (Barrow, 1999). Na Tabela 1 estão apresentadas as vantagens e desvantagens do uso de vacinas vivas e inativadas de acordo com Barrow (2007).

Tabela 1. Vantagens e desvantagens de vacinas vivas e inativadas contra salmonella de acordo com Barrow (2007)

Vacinas vivas Vacinas inativadas

Vantagens Estimulação de imunidade celu-lar e humoral contra antígenos expressos in vivo pela Salmonella

Segura quanto a pos-sibilidade de reversão de patogenicidade

Desvantagens Manipulação genética com de-leção de alguns genes sem conhecimento exato do que isso significa para o hospedeiro ou para o ambiente

São destruídas rápi-damente pelo hospe-deiro e incapazes de induzir linfócitos T citotóxicos

Apesar de vacinas serem grandes aliadas no controle de Salmonella, a complexidade das respostas aos diferentes sorovares existentes impede que seja a única ferramenta no controle das salmoneloses. As medidas de biosseguridade ainda são o ponto mais importante para controlar essa e outras enfermidades nos plantéis de aves.

É importante considerar que, de acordo com Barrow (2007), a vacinação de reprodutoras com bacterinas não reduz significativamente a excreção de Salmonella na progênie. Não existe trabalhos demonstrando que o efeito de vacinas vivas seria muito diferente. Embora muitos trabalhos (Cogan e Humprey, 2003; Van Immerseel et al, 2005) tenham demonstrado que a vacinação de reprodutoras seja efetiva no controle da salmonelose na cadeia de produção avícola, é possível que o benefício maior da vacinação das reprodutoras esteja em controlar a transmissão vertical, e não

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em manter a progênie completamente resistente a infecção por Salmonella do ambiente ao longo de toda a vida do frango.

A exclusão competitiva, com utilização de bactérias benéficas nas reprodutoras pode ser uma medida muito importante para diminuir a transmissão vertical de sorovares hospedeiros não específicos, pois o estabelecimento de uma microbiota saudável pode diminuir ou mesmo evitar a colonização das reprodutoras com sorovares que podem causar toxinfecção. Além disso, a microbiota das reprodutoras pode ser transmitida a progênie auxiliando também no controle de Salmonella nestes animais.

O controle da infecção em reprodutoras e a possibilidade de transmissão vertical, também envolve o controle ambiental dos aviários de reprodutoras. Assim todas as medidas relacionadas ao bom manejo de camas, controle de entrada de pássaros, roedores e um controle da ração oferecidas as aves é fundamental. O trânsito de pessoas e veículos são pontos que devem ser avaliados de forma criteriosa no programa de biosseguridade, pois mesmo para sorovares hospedeiros específicos como Gallinarum, o homem pode atuar como um carreador passivo da bactéria. Assim o treinamento e avaliação constante dos funcionários das granjas e incubatórios é muito importante.

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BIOSSEGURIDADE - ASPECTOS CRÍTICOS PARA A SAÚDE AVÍCOLA

Nelva Grando

Médica Veterinária

Introdução

A prevenção de doenças é um ponto crítico na criação de qualquer população de animais. Lotes de aves doentes impactam no decréscimo de viabilidade, redução de produtividade e dispêndio de energia os quais poderiam ser utilizados para produzir, além de aumentar os custos associados à mão de obra, medicamentos e vacinas. Os sistemas de produção pela intensificação e diversificação criaram novas doenças e novos desafios para prevenção. Sendo assim novas ferramentas para a prevenção precisam ser desenvolvidas e implementadas.

A prevenção é economicamente cada vez mais importante devido às escalas de produção da avicultura, o aumento das densidades regionais, e também as exigências de mercados. Os custos de uma doença são variáveis dependendo do que ela causa se afeta produtividade ou mortalidade ou ainda se é um problema de segurança alimentar. As perdas por doenças ou qualidade dos produtos podem ocasionar a falência da empresa ou de um sistema produtivo, podemos incluir aqui as questões de Salmonelas, Influenza Aviária e Doença de Newcastle. Devido o risco e o potencial efeito econômico das diferentes doenças são vaiáveis, a justificativa de implementação de um programa preventivo pode ser complexo e requer analise econômica do custo benefício.

Para desenvolver um programa de prevenção algumas considerações devem ser feitas como, qualidade dos pintinhos ou peruzinhos, manejo utilizado, qualidade das instalações, densidade regional, produtividade, qualidade do produto final, programas de vacinação, bem estar e a viabilidade econômica da implantação. Como muitos fatores estão envolvidos o desenvolvimento das estratégias deve ser baseado nos conhecimentos científicos e

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econômicos. As justificativas para iniciar um programa devem ser claramente definidas e conhecidas como também o potencial risco associado à doença.

Um programa de biosseguridade não deve ser rígido e sim factível de ajustes sempre que a situação epidemiológica do risco mudar ou novas ameaças aparecerem. É muito difícil prever o impacto econômico de uma doença ou da qualidade de produto, estes impactos estão relacionados muito com o momento de desafio e de mercado.

Conceito

Biosseguridade pode ser definida como a exclusão, erradicação e ou um manejo eficaz do risco para saúde das aves ou do consumidor e também da economia de uma empresa ou país. Biosseguridade são medidas preventivas para reduzir o risco de introdução de disseminação de uma contaminação.

Aplicabilidade

Biosseguridade é a implementação de varias medidas para a redução de risco de introdução e disseminação de doenças entre animais. Tem três principais elementos de biosseguridade que são: isolamento, limpeza e desinfecção. Isolamento é a criação e manutenção de barreiras físicas ou virtuais a fim de limitar a entrada e disseminação de um potencial risco através de materiais, pessoas, vetores, veículos e equipamentos. Esta etapa se bem aplicada previne a maioria das contaminações. A limpeza e desinfecção de instalações, veículos e equipamentos também são fundamentais para a redução e erradicação de vários agentes de contaminação.

O nível hierárquico da granja deve ser levado em conta no momento de elaborar um programa de biosseguridade para que o custo e a exigência sejam compatíveis com o valor do plantel. Porem não pode esquecer que num país como o Brasil se eventos como IA acontecer independe do nível as perdas são imensuráveis, sendo assim medidas básicas devem ser aplicadas em todos os níveis. Manter aves silvestres longe dos núcleos e principalmente fora do contato com as industriais, água clorada e troca de calçados

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reduz sensivelmente o risco de introduzir um vírus no plantel e os custos são baixos se comparados com as perdas.

Fazendo da biosseguridade uma rotina diária pode se reduzir sensivelmente a chance de contaminação de um plantel. Praticas consistentes de biosseguridade são o melhor caminho para prevenir doenças como IA e NC, alguns passos para manter as aves saudáveis:

Manter distância: isolar as aves de visitantes e outras aves;

Manter limpo: previne a disseminação através de calçados, roupas e equipamentos;

Não carrear os microrganismos: manter limpos e desinfetados também veículos e caixas;

Não disseminar: não empreste equipamentos e materiais aos vizinhos;

Saiba identificar sinais: identificar cedo significa prevenir a disseminação;

Comunicar alterações: todos os sinais ou mortalidades alterados devem ser investigados pelo veterinário.

Principais rotas de entrada e disseminação de doenças

Aves: quando da transferência de recria para produção, ou crescimento para terminação, descarte de aves mortas;

Outros animais: aves silvestres, de fundo de quintal, outros sistemas (bovinos, suínos, ovinos) e também insetos e roedores;

Pessoas: proprietários, funcionários e familiares que vivem na granja, pessoal da manutenção, vizinhos, equipe técnica e visitantes. As doenças podem ser transmitidas, por exemplo, mãos, calçados, roupas ou cabelos sujos;

Água: mantem alguns vírus e bactérias por longo período e muitas vezes o lençol freático é contaminado;

Ração: esta pode ser contaminada pelas matérias primas utilizada, após a produção e durante o transporte, ou exposição a roedores e aves silvestres na granja;

Cama: material utilizado não tratado adequadamente ou exposto a riscos potenciais como aves e ou roedores, e também no momento da retirada se não tratada é responsável por disseminar;

Equipamentos e veículos;

Ar: alguns microrganismos são transmitidos pelo ar e a alta densidade populacional em algumas regiões favorece essa via.

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Aspectos básicos operacionais de um programa de biosseguridade efetivo são: a flexibilidade, melhor (não menor) relação custo/benefício possível, treinamento e bom senso.

Uma avaliação da relação custo/beneficio de alguns procedimentos ou de todo o programa de biosseguridade é muitas vezes algo totalmente empírico, onde muitos aspectos devem ser simplesmente assumidos (por exemplo, ocorrência ou não de surtos de doenças).

Por isto, esta avaliação deve ser realizada pelos responsáveis das diversas áreas (saúde animal, produção e comercial) para que os custos de cada procedimento possam receber a melhor avaliação possível. Jamais se deve tentar diminuir custos através da implantação e/ou operacionalização parcial de determinada regra de biosseguridade. Tais procedimentos irá invalidar a efetividade da regra (procedimento operacional), criar um elo fraco na corrente e por em risco todo o programa.

Isto pode ser definido como “querer tapar o sol com uma peneira” e ainda por cima pagar muito caro (Sesti, L). Muitos programas de biosseguridade já foram inutilizados por pequenas decisões tomadas intempestivamente sem qualquer bom senso.

Normalmente identificar o agente da doença não é crítico, o difícil é identificar a falha de biosseguridade que permitiu a entrada. Biosseguridade é parte da solução para não ser dependente de extensos e caros programas de monitoramento e medicações.

Conclusão

A grande dificuldade é entender que o custo benefício de um programa de prevenção é muito mais econômico do que o tratamento de um evento de saúde animal, ou que muitos países tem situações de descontrole exatamente por não terem adotados programas de biosseguridade e somente baseado em uso de vacina a tentativa de erradicação ou controle, como caso do México, que tem H5 considerada de baixa patogenicidade no país a 18 anos, com aumento significativo de custos para o setor e sem exportar.

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O Brasil é um país exportador e que se perder essa condição, que só acontecera por questões sanitárias, teremos a falência de empresas, cidades e por que não de grandes dificuldades para o país. Muitos ainda não estão convencidos dos riscos que a IA representa e admitem visitas de estrangeiros sem quarentena, ou até mesmo os próprios empresários viajam para países endêmicos e retornam sem fazer quarentena. Cuidar da biosseguridade do plantel avícola brasileiro é assegurar a continuidade de uma conquista

Literatura consultada

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