Embaixador da Esperança - Agosto 2014

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“Porque, onde dois ou três estão reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles”. (Mt 18, 20)

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Embaixador da EsperançaEdição 83. Agosto 2014

www.fazenda.org.br

“Porque, onde dois ou três estão reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles”. (Mt 18, 20)

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O amor recíproco, o compromisso e a unidade en-tre os coordenadores, são pontos de referência para os jovens que buscam e se aventuram na

escolha por uma vida nova. Mas quem são esses com a árdua missão de orientar e designar a vida daqueles desejosos por livrar-se da dependência química?

Dada a importância desta posição, pode-se imagi-nar que aqui deve assumir alguém com anos de estu-dos, formação e conhecimentos voltados aos casos de recuperação de álcool e drogas.

Sim, eles são especialistas. Por muitos anos experi-mentaram na própria pele os efeitos dos entorpecen-tes, as sensações e também as graves consequências no sofrimento de suas famílias, nas próprias perdas e escolhas equivocadas.

Isso mesmo, os coordenares com o dever de acom-panhar os internos, são os jovens que há meses che-garam da rua, sem esperança, mas na comunidade experimentaram um novo estilo de vida e são os responsáveis por despertá-lo no coração daqueles recém-chegados.

Os coordenadores são internos, que a partir do sexto

mês de internação começam a receber grandes incum-bências e uma delas é a de orientar e acompanhar os companheiros de caminhada. “Todo jovem após chegar à comunidade passa a receber obrigações. Isso provoca uma mudança significativa na sua autoesti-ma”, afirma Nelson Giovanelli Rosendo, um dos fun-dadores da Fazenda da Esperança.

Cada casa onde os jovens são acolhidos é coorde-nada por dois internos. Eles são escolhidos pelo res-ponsável e pelos padrinhos por sua caminhada, em-penho, dedicação e atitudes frentes aos desafios da recuperação. Passam por um mês de formação e apro-fundamento intenso da metodologia da Fazenda da Esperança. Recebem palestras sobre a espiritualidade da comunidade e entendem os aspectos do processo de recuperação.

Após a instrução são designados a assumir as diver-sas casas em dupla. “O Senhor mandou, dois a dois, a sua frente, a todas as cidades e lugares aonde ele pensava ir. Dizia-lhes: “A messe é grande, mas os ope-rários são poucos; por isso, rogai ao Senhor da messe que mande mais operários para sua messe. Ide! Eu vos envio como cordeiros no meio de lobos”.” (Lc 10, 1-3)

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Escutar, animar e ser exemplo aos seus companheiros torna a função de coordenador bastante exigente.

Entre muitas novidades que o jovem é exposto na Fazenda, a responsabilidade lhe trará melhora na autoestima e novas atitudes para enfrentar os desafios na sociedade.

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Mas o mais importante para o andamento harmo-nioso do grupo coordenado por esses dois está na ca-pacidade de gerarem a presença de Deus no meio de-les: “onde dois ou três estão reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18, 20). Isso será pos-sível, quando viverem a vontade de Deus amando re-ciprocamente um ao outro, como Jesus amou, até os inimigos sem segundos interesses.

A seguir leia a experiência de um jovem recuperante da Fazenda da Esperança que teve a oportunidade de assumir a função de coordenador na comunidade, loca-lizada na Serra da Mantiqueira, em Guaratinguetá/SP.

João Gabriel Ambrósio, 30 anos, Ribeirão Preto/SP, (foto abaixo, segundo a esquerda) após saber da trai-ção da sua ex-esposa encontrava na cocaína um pe-rigoso apoio para acalentar as dores de seu coração. Com 22 anos, trabalhador, pai de família, viu sua vida desmoronar. Divorciado, viciado, voltou morar com a mãe, perdeu o emprego e a guarda das filhas. Com futuro incerto escreveu a carta pedindo ajuda para a Fazenda da Esperança. Veio com o desejo de ficar apenas três meses. No dia em que chegou sentiu-se amado, querido, respeitado novamente. “Carregavam minha mala, cumprimentavam-me, alguns até me abraçavam, diziam: ‘muito bem-vindo irmão. Estou aqui para ajudá-lo.’ Fui recebido assim. Esse lugar tem algo diferente”, afirma João. Mas isso não significava que seria fácil.

Escutava os ensinamentos, lembrou-se daqueles que mais o marcaram: amar a dificuldade do irmão, perdoar, viver a Palavra de Deus. Algo estava mudan-do. Conseguiu expor para seu coordenador suas misé-rias. Logo no começo de sua caminhada, na terceira

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semana de internação, já teve a oportunidade de amar e perdoar um irmão. “Fui escolhido para ocupar-me das obrigações da casa junto com outro irmão. Via--o sempre agitado, mas não percebi que ele tinha um problema. Num determinado momento, quando pre-parávamos o almoço, ele me deu um tapa no rosto. Fiquei um pouco desorientado e fui revidar. O coorde-nador interveio e só então notei que esse irmão chora-va muito. Ele teve um surto.” “Vai e se reconcilia com seu parceiro”, foi essa a frase do coordenador. “Com toda minha força pude amá-lo, abracei-o fortemente, ele chorou mais e pediu-me desculpas.”

Cresceu o desejo de permanecer mais que os três meses pretendidos, desistiu de ir embora, encontrou algo verdadeiro e teve outros condutores lhe ensi-nando a caminhar na Fazenda da Esperança. Por seis meses teve a responsabilidade de acompanhar os in-ternos da triagem como coordenador. “Nesse tempo aprendi que essa função é ser a Fazenda para os jo-vens, principalmente para os que chegam e enfrentam as dificuldades dos primeiros meses. São conosco, os coordenadores, e com nossas atitudes que aprendem o estilo de vida da comunidade. Uma experiência que fiz com um jovem que não queria participar das ati-vidades e sempre dizia que estava com dor de cabeça. No primeiro dia pedi uma coisa simples, no segundo dia também, no terceiro, ele se sentiu envergonhado e logo acompanhou todo o grupo. Respeitando os limi-tes de cada um, conseguia conquistá-los.”

Aprofundamos o papel do coordenador no proces-so de recuperação da Fazenda da Esperança e a im-portância do exemplo de amor recíproco entre eles. Atente-se aos próximos meses, outros papéis signifi-cativos da estrutura da comunidade serão abordados nos próximos boletins.

“Nesse tempo aprendi que essa função é ser a Fazenda para os jovens, principal-mente para os que chegam e enfrentam as dificuldades dos primeiros meses.”

Fazem grandes amigos para o resto da vida, a parceria e as aventuras vividas no período de coordenação serão sempre lembradas e comemoradas.

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Fazenda participa do Projeto Amazônia

A-notável

OBRA SOCIAL NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - FAZENDA DA ESPERANÇADepartamento Retorno à Vida - Caixa Postal 529 - CEP 12511-970 Guaratinguetá-SP Tel.: (12) 3128 8900 E-mail: [email protected]

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Todos os anos, a Fazenda da Esperança Dom Ângelo Frosi, em Abaetetuba/PA, participa do “Projeto Amazônia”. No dia cinco de julho de 2014, a comunidade recebeu mais um grupo dessa atividade, com a presença dos mem-bros do grupo Esperança Viva (GEV) local. “As recuperantes contaram com entusiasmo os seus depoimentos e experiências da Palavra de Deus. E os focolarinos ficaram encantados com a harmonia e estilo de vida da comunida-de. Foram momentos de muita graça e unida-de”, escreveu Virgínia Vieira, responsável pela Fazenda da Esperança de Abaetetuba.

O projeto nasceu em 2005, envolvendo os membros do Movimento dos Focolares de todo o Brasil. O objetivo é dar uma resposta concreta aos apelos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em relação a grave situação da região amazônica: a carência de evangeli-zação devido à imensidão dessa região.

Neste ano, de 29 de junho a seis de julho, 45 focolarinos de várias regiões do Brasil (São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Sergipe, Mara-nhão, e muitos de Belém) foram acolhidos pe-las famílias de Abaetetuba, onde visitaram e evangelizaram diversas comunidades.

Em todos os anos, a Fazenda da Esperança parceira do Movimento dos Focolares recebe o grupo de missionários. Nos anos passados eles ficaram hospedados em uma das casas da comunidade terapêutica, mas esse ano os paroquianos foram os grandes anfitriões e os receberam em suas casas.

O projeto iniciou com um retiro para todos os participantes e uma solene missa de envio na festa de São Pedro e São Paulo. A jornada missionária foi concluída com a missa cele-brada por Dom José Maria Chagas, bispo de Abaetetuba, que tocou os corações de todos, aumentando o “ardor missionário”.

O projeto desde a sua primeira edição em 2006 despertou o interesse de muitos que se colocaram a disposição para viajar, deslocan-do-se das diversas regiões brasileiras para rea-lizar ações de evangelização.