Em petiz de tarde (Cesário verde)
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Em Petiz - De tarde
Escola Secundária de Alberto SampaioCiências Socioeconómicas – 11ºM2011-2012
Realizado no âmbito da disciplina de Português, pelas alunas:
Alexandra Soares, nº2 Ana Luísa, nº 4 Marisa Dias, nº21
Cesário Verde
Mais morta do que viva, a minha companheiraNem força teve em si para soltar um grito;E eu, nesse tempo, um destro1 e bravo rapazito,Como um homenzarrão servi-lhe de barreira!
Em meio de arvoredo, azenhas e ruínas,Pulavam para a fonte as bezerrinhas brancas;E, tetas a abanar, as mães, de largas ancas,Desciam mais atrás, malhadas e turinas2.
Do seio do lugar - casitas com postigos -Vem-nos o leite. Mas batizam-no3 primeiro.Leva-o, de madrugada, em bilhas, o leiteiro,Cujo pregão4 vos tira ao vosso sono, amigos!
1. destro: ágil; hábil2. Turinas: diz-se de uma raça de gado
bovino3. Batizam-no: adicionam-lhe água4. Pregão: anúncio público feito em voz
alta
Em Petiz I – De Tarde
Nós dávamos, os dois, um giro pelo vale:Várzeas, povoações, pegos5, silêncios vastos!E os fartos animais, ao recolher dos pastos,Roçavam pelo teu costume de percale6.
Já não receias tu essa vaquita preta,Que eu seguirei, prendi por um chavelho7? JuroQue estavas a tremer, cosida com o muro,Ombros em pé, medrosa, e fina, de luneta!
5. pegos: os sítios mais fundos dos rios6. costume de percale (expressão francesa): fato de percal (tecido de algodão fino e liso)7. chavelho: chifre
Nota: Este poema (De Tarde) é a primeira de três partes que constituem o poema Em Petiz. As outras duas partes intitulam-se Os Irmãozinhos e Histórias, respetivamente.
Estrutura formal
Tipos de estrofe: 5 quadras
Esquema rimático: A B B A / CDDC/ EFFE/ GHHG/IJJI
Tipos de rimas: Rima interpolada; Rima emparelhada;
Sílabas métricas: 12 sílabas métricas - Versos alexandrinos
Tema: Este poema retrata uma recordação de um passeio pelo campo, do sujeito poético, quando era mais pequeno (petiz).
Este retrata a descrição de uma tarde passada no campo (vista na perspetiva do presente), onde mostra a valentia e o medo do sujeito poético e da sua acompanhante, respetivamente (estrofes 1, 4 e 5), usando a presença das vacas a pastar como pretexto (estrofe 2 e 3).
“Como um homenzarrão servi-lhe de barreira!” “Mais morta do que viva, a minha companheira Nem força teve em si para soltar um grito”
Figuras retóricas Comparação:
Por ex.: “Como um homenzarrão servi-lhe de barreira!” – V.4
Hipérbole: Por ex.: “Mais morta do que viva…” – V.1
Metáfora: Por ex.: “…cosida com o muro,” – V.19
Dupla Adjetivação: Por ex.: “… medrosa e fina” – V.20
Enumeração: Por ex.: “Várzeas, povoações, pegos, silêncios
vastos” – V.14 Por ex.: “Em meio de arvoredo, azenhas e ruínas” –
V.5
Expressão do Diminutivo: Por ex.: “…rapazito” – V.3 Por ex.: “…bezerrinhas” – V.6 Por ex.: “…vaquita” - V.17
Binómio cidade-campo
Cidade
Rapariga
Campo
arvoredo, azenhas e
ruínas
bezerrinhas brancas
casitas com postigos
Várzeas, povoações, pegos, silêncios
vastos
fartos animais
Identificar e caracterizar as personagens
Caracterização da figura feminina (companheira):
Magra, elegante, burguesa, usa óculos. “…teu costume de percale” “…e fina, de luneta”
Medrosa e insegura. “Mais morta do que viva, a minha
companheira Nem força teve em si para soltar um grito;”
“Que estavas a tremer, cosida com o muro”
Caracterização do sujeito poético:
Protetor, ágil e valente. “Como um homenzarrão servi-lhe de
barreira!”