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R$ 1,00 www.jornaldasalagoas.com.br Alagoas, 30 de abril | Ano 1 | Nº 263 | 2019 EM MEIO À PANDEMIA, DENÚNCIAS COLOCAM O LACEN EM “XEQUE” NA BERLINDA São graves as denúncias que envolvem o Lacen apontadas por deputados alagoanos. O laboratório deve ser alvo de investigação por parte da comissão permanente do parlamento que trata do assunto. A emedebista Jó Pereira salientou a importância da ALE acompanhar de perto os casos. Além da acusação de nepotismo, agora há suspeitas de que laudos de Covid-19 feitos em SP estão sendo transcritos, como se tivessem sido feitos em AL. Página 8 O laboratório do Governo de Alagoas é alvo de suspeitas de nepotismos e de problemas na realização dos testes para detectar a Covid-19 Secretário da Fazenda diz que governo do Estado está fazendo de tudo para “não atrasar salários” A preocupação com a queda da arreca- dação diante da paralisação de quase todas as atividades econômicas foi novamente ex- plicitada pelo secretário da Fazenda, George Santoro. A inadimplência do IPVA aumentou e a queda no comércio e em outro setores podem comprometer as contas públicas de forma grave. Por conta disso, houve o decreto de contigenciamento de custos dentro da estrutura do Executivo, mas pode não ser o suficiente para conseguir pagar todas as contas. A gestão de Renan Filho dependerá do socorro do governo federal e de uma série de ações para conseguir manter o pagamento de servidores e fornecedores. Página 4 Ministro do STF suspende decreto de nomeação do diretor da PF Página 6 Covid-19: Dívida das empresas mais afetadas soma R$ 900 bilhões Página 12 Adiar olimpíadas custará “centenas de milhões de dólares” Página 9 Reuters/D. Balibouse Déficit nas contas públicas deve chegar a R$ 600 bilhões Página 6 VISITE NOSSO SITE: WWW.JORNALDASALAGOAS.COM.BR

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R$ 1,00 www.jornaldasalagoas.com.brAlagoas, 30 de abril | Ano 1 | Nº 263 | 2019

EM MEIO À PANDEMIA, DENÚNCIAS COLOCAM O LACEN EM “XEQUE”

NA BERLINDA

São graves as denúncias que envolvem o Lacen apontadas por deputados alagoanos. O laboratório deve ser alvo de investigação por parte da comissão permanente do parlamento que trata do assunto. A emedebista Jó Pereira salientou a importância da ALE acompanhar de perto os casos. Além da acusação de nepotismo, agora há suspeitas de que laudos de Covid-19 feitos em SP estão sendo transcritos, como se tivessem sido feitos em AL. Página 8

O laboratório do Governo de Alagoas é alvo de suspeitas de nepotismos e de problemas na realização dos testes para detectar a Covid-19

Secretário da Fazenda diz que governo do Estado

está fazendo de tudo para “não atrasar salários”A preocupação com a queda da arreca-

dação diante da paralisação de quase todas as atividades econômicas foi novamente ex-plicitada pelo secretário da Fazenda, George Santoro. A inadimplência do IPVA aumentou

e a queda no comércio e em outro setores podem comprometer as contas públicas de forma grave. Por conta disso, houve o decreto de contigenciamento de custos dentro da estrutura do Executivo, mas pode não ser

o suficiente para conseguir pagar todas as contas. A gestão de Renan Filho dependerá do socorro do governo federal e de uma série de ações para conseguir manter o pagamento de servidores e fornecedores. Página 4

Ministro do STF suspende decreto de nomeação do diretor da PF

Página 6

Covid-19: Dívida das empresas mais afetadas soma R$ 900 bilhões

Página 12

Adiar olimpíadas custará “centenas de milhões de dólares”

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Reuters/D. Balibouse

Déficit nas contas públicas deve chegar a R$ 600 bilhões

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V I S I T E N O S S O S I T E : W W W . J O R N A L D A S A LA G O A S . C O M . B R

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Contra o coronavírus, a química da união

ARTIGO | Leonardo Castelo*

A crise econômica gerada pelo coronavírus impôs aos empreendedo-res e executivos a necessidade de uma gestão focada na busca por caminhos para o curto prazo. Porém, tomar decisões nunca foi tão difícil, uma vez que o cenário para os próximos meses ainda é bastante nebuloso. A união e a solidariedade são as palavras de ordem do momento, afinal, estamos no mesmo barco e precisamos dar as mãos para atravessarmos este ma-remoto e chegarmos vivos ao porto. Por isso, vou compartilhar algumas estratégias que estamos adotando nas nossas empresas.

Para começar, recomendo que todos montem um comitê de gestão de crise, responsável por analisar cenários e tomar as decisões estraté-gicas. Principalmente nesse momen-to, as reuniões do comitê precisam acontecer de forma recorrente – nós fazemos esses encontros todos os dias as 9hs.

Antes mesmo de a quarentena começar, criamos processos para prepararmos as pessoas para traba-lharem remotamente. Entre outras coisas, elaboramos manuais e fluxo-gramas para orientarmos os times. E deixamos três conceitos bem claros para todos:

Primeiro: nem todos os negócios sofrem com a crise. Então, durante este período podem surgir novas e excelentes oportunidades; segundo: todos devem ter a autonomia baseado no planejamento estratégico; terceiro: a crise se resolve com atitudes consis-tentes de todas as pessoas.

Além dessas premissas, decidimos atuar em três frentes de trabalho: ope-rações, pessoas e gestão de caixa. Para termos uma boa estratégia, é preciso que utilizemos toda a capacidade do nosso corpo técnico, que revisemos o plano estratégico e orçamentário e que mantenhamos somente os gastos essenciais, além de sermos ágeis na tomada de decisões. Neste ponto, ressalta-se novamente a importância da rotina de gestão de crise por meio de reuniões diárias.

Para qualquer empresário ou executivo, é fundamental contar com o suporte de uma cultura forte, o que envolve propósito, sonho grande, missão, visão, valores, código de ética e conduta. Quando você tem esses elementos muito claros para o time, fica muito mais fácil tomar decisões assertivas.

Principalmente para quem trabalha em home office, hoje uma realidade para a imensa maioria dos brasileiros, é muito importante contar com siste-mas e softwares de gestão de proje-tos. Ao mesmo tempo, é fundamental deixar muito clara a autonomia – e a importância – que o time tem no processo de tomada de decisões.

Outro ponto fundamental é estar atento ao caixa – o que provavel-mente pode (ou vai) faltar para todo mundo é exatamente isso: dinheiro. Como somos franqueadores, não podemos deixar de apoiar os nosso franqueados neste momento delicado. Neste sentido, entre outras medidas, elaboramos uma carta para que todos enviassem aos seus locatários, a fim de negociar uma isenção do aluguel durante o período de quarentena, e muitos estão conseguindo.

Além disso, compartilhamos muito material na nossa plataforma extra-net, desde boas práticas que adota-mos nas lojas próprias até informa-ções relevantes que observamos em grupos de empreendedores ou canais

oficiais do governo. O que estamos tentando fazer com a rede franqueada principalmente é muni-la de informa-ções corretas e concretas.

Nosso time de consultoria de cam-po está trabalhando em home office e fazendo conferências com muitos franqueados, orientando e ajudando as unidades que estão fechadas a de-senvolverem o delivery – até porque este é um trabalho novo para muitos franqueados. Esse acompanhamento, que antes era realizado em campo e agora é executado online, tem ajuda-do muito.

Também vamos realizar uma reu-nião semanal com o conselho de fran-queados. Essas reuniões geralmente são feitas quatro vezes por ano, mas, mudamos para uma reunião semanal – a crise gerada pela pandemia, com suas peculiaridades, exige maior assi-duidade na troca de informações.

As medidas que viemos toman-do demonstram aos envolvidos no negócio o nosso grau de compro-metimento no sentido de que todos saiam dessa crise da melhor maneira possível. Desta forma, além de bus-carmos a manutenção de nossa cadeia produtiva, também reforçamos a ideia de união entre todos – gestores, colaboradores, fornecedores e tercei-ros. Com a força e a coesão de todos, trabalhando em um único objetivo, conseguiremos sair dessa crise ainda mais fortes do que quando entramos.

* É Empreendedor Endeavor, Empreendedor do Ano EY, sócio da 300 Franchising, holding de franquias multissetoriais, e da Ecoville, indústria e rede varejista de produtos de limpeza

OPINIÃO

202030 de abril2

Jorge Luiz Borges TinocoDiretor-Executivo

Luis VilarEditor-Geral

Benedito LimaDiagramação

Para anunciar(82) 3028.2050(82) 99333.6028

CNPJ33.009.776/0001-21

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EXPEDIENTE

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30 de abril 32020

OPINIÃO

Ao contrário do que lamentavelmente tem ocorrido em Alagoas, precisamos perseverar neste recente modelo de vida que está aportu-guesado com a denominação de lockdown ou simplesmente isolamento.

A curva de indicação da contaminação que estava com uma contenção razoável, agora vem apresentando evolução e isso implica em aumento de casos com resultados que não gos-taríamos que acontecesse. É medida de muita inteligência e bom senso se manter conforme orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja isolamento e/ou distanciamento social.

Nossos profissionais da saúde vem dando de si o melhor. Fazendo o que se comprometeram em seus juramentos de formatura. Tem ido além de suas possibilidades, inclusive pondo em risco evidentemente não só suas vidas como também de seus familiares e amigos próximos.

Temos hoje uma legião de anjos que cuidam de nós, mas não há quem cuide deles. Isso se reflete na falta de ações elementares que se re-comendaria para, no mínimo, manter a higidez psicológica deles. Trabalham em condições insalubres, sem equipamentos individuais de proteção (EPI) em quantidade e qualidade, para além não há qualquer plano de pesquisa/exame

rotineira/o para saber se contraíram ou não o vírus.

As consequências práticas desta falta se reflete diretamente em duas questões fáceis de concluir. De um lado, o profissional contamina-do que não apresente, sobretudo, a sintomática desta doença é um agente transmissor e, doutra banda, trabalha em condições psicológicas de-sumanas, pois as dúvidas castigam, diminuem os ânimos, minam as certezas e, via de conse-quência, transformam um agente que deveria, em tese, trabalhar espalhando esperança, em verdadeiros zumbis, taciturnos, ensimesmados e irritados com tantas variáveis contingenciais.

Manter o isolamento não apenas ajuda a si, enquanto forma mais aconselhada de conten-ção da pandemia, quanto ajudará aqueles que não têm opção em ficar em casa e precisam correr riscos e levar riscos também para seus familiares.

O artigo de hoje é mais que uma explicação, trata-se, antes de tudo, em um apelo a consci-ência, de você leitor e leitora, que precisa ajudar a quem pode te ajudar a debelar esse grande e trágico problema que estamos acometidos.

Oxalá dias melhores acontecerão para res-significarmos valores que já estávamos esque-cendo!

Reforçando o isolamento

ARTIGO | Lúcio Izidro*

* É jurista, escritor e professor universitário.

EM ALTA

A Comissão de Edu-cação da Assembleia

Legislativa merece elogios. No dia de

ontem, a Comissão fez uma reunião e

ouviu todos os setores – empresas, estu-dantes, pais e sindicatos – para definir como agir em relação a assuntos como

descontos em mensalidades, estratégias de aulas etc. O que a Comissão quer é evi-

tar a aprovar um projeto de lei que venha a priorar a situação, mesmo com a boa

intenção de tentar salvaguardar o interes-se de pais e alunos. A discussão foi ampla

e deve embasar algumas ações do parla-mento estadual. Esse tem que ser o papel

das comissões na Casa: buscar ouvir para evitar a aprovação de matérias totalmente fora da realidade e que pode causar impac-

tos negativos, mesmo que se espere algo positivo. Que isso seja uma realidade na

maioria das comissões da Assembleia Le-gislativa de Alagoas diante de realidades

complexas. Assim, fica mais fácil acertar, seja para sugerir, requerir ou até mesmo

construir um projeto de lei.

EM BAIXA

O laboratório estatal Lacen está na ber-

linda. São muitas as denúncias a respeito da forma como vem

funcionando nos últi-mos meses. A instituição é uma das que es-tão na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Os casos já se encontram na

Assembleia Legislativa do Estado de Alago-as e devem ser analisados pela Comissão de

Saúde. As denúncias envolvem nepotismo e até o pagamento dobrado para a realiza-ção dos testes para a Covid-19. Até aqui o

governo estadual tem mantido o silêncio em relação a esse assunto. É necessário

que os responsáveis pela entidade prestem esclarecimentos sobre o assunto. Afinal, o próprio Lacen é peça fundamental para a

composição de dados e estatísticas sobre a Covid-19 em Alagoas.

CENA

URBANA

Dezenas de pessoas se aglomeravam em frente à agência da Caixa Econômica Federal da Avenida Álvaro Calheiros, em Mangabeiras, ontem, no terceiro dia de pagamento do auxílio emergencial no valor de R$ 600,00 para os cidadãos que estão

Ira

ce

ma

Fe

rro

sem renda durante a quaren-tena do coronavírus. Boa par-te nem teve o auxílio liberado, nas insistiu em ir ao banco.

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A prova disso é que – no final da semana passada – o governador Renan

Filho (MDB) aprovou um decreto de plano de contigen-ciamento para cortar despesas em vários órgãos, como explicou o Jornal das Alagoas em edição passada. O plano prevê cortes em todos os órgãos da administração direta e indireta. A iniciativa é da pasta da Fazenda.

O secretário George Santoro concedeu entrevista ao TC News, no dia de ontem, e salien-tou a situação difícil das contas públicas nesse momento. O titu-lar da pasta da Fazenda defendeu o isolamento social e pediu para que as pessoas evitassem às ruas e as aglomerações e seguissem as recomendações médicas. Santoro foi um dos infectados pelo Covid-19 em Alagoas.

“Apesar da gente ter se prepa-rado para enfrentar a nossa situ-ação, o nosso sistema de Saúde ainda não está dando conta, como ocorre no mundo inteiro. As pessoas precisam fazer a sua parte também”, colocou ainda o secretário.

ECONOMIAO foco da entrevista de

Santoro foi a questão econômica. Ele destacou que o governo trabalhou com isenções do ICMS nas contas de energia elétrica. “É uma medida muito impor-

tante. Aderimos a um programa do governo federal isentando três meses as contas de energia e o Estado entra não cobrando o ICMS. Isso ajuda demais. Na sequencia, o Estado – no decreto – fez um corte. É uma medida muito importante para os que possuem baixa renda”, frisou.

Santoro diz que as medi-das econômicas de controle de gastos dentro do órgão público foi tomada visando a queda de arrecadação. “O momento é de trabalhar unido, todo os órgãos e servidores. Os ajustes de peque-nas despesas, quando juntamos todas elas, viram uma grande econômia para o Estado. Nesse momento, a gente fez um decreto para contigenciar os gastos nesse primeiro ciclo, que é nos próxi-mos três meses. Com isso, a gente espera readequar, porque a arre-

cadação do Estado vai diminuir sensivelmente. A gente precisa se preparar para enfrentar essa situação”, colocou.

AJUDA FEDERALSantoro lembrou que a ajuda

que está sendo discutida no Congresso Nacional para Esta-dos e municípios. Ele classificou como uma medida importante que deve ser definida ainda essa semana, mas que “mesmo assim não significa que será o sufi-ciente. É muito importante que tenhamos medidas de conten-ção de gastos, é esse o objetivo do pacote de medida e estamos preparando outras medidas para ajustar as contas, como no pacote de legislação implementar medi-das para fiscalizar as vendas pelos aplicativos por interte-net, que não fizamos antes com

mais cuidado. Cresceu muito as vendas de aplicação. São mudan-ças na economia que está acon-tecendo e o Fisco precisa estar atualizado nesse sentido”.

SALÁRIO“A gente está com gastos

muito grandes na área de saúde pública. Nós tivemos gastos de contratação de novos leitos, novos equipamentos, essa semana comprou a vista mais 50 respiradores. O Estado precisa ter recursos para arcar com essas despesas. A inadimplência do IPVA aumentou significati-vamente nas últimas semanas. Esperavamos que isso aconte-cesse. Mas quem tem condições de pagar suas contas em dia, que pague, pois não dá para gerar um ciclo de inadimplência”, frisou ainda o secretário.

Ao falar sobre a questão sala-rial do servidor público, George Santoro colocou que “a equipe da Fazenda vem trabalhando de forma abnegada. Tudo isso estamos buscando arrecada-ção, mesmo sabendo que ela vai cair. Medidas de corte de despe-sas ajudarão a gente. Estamos nos precavendo para manter os pagamentos em dia. Não só servidores, mas as empresas contratadas. O Estado representa 40% da economia do Estado de Alagoas. É importante esse traba-lho e o Estado vem fazendo”.

MACEIÓ

Santoro diz que governo ‘está fazendo de tudo’ para não atrasar os salários

Como era esperado, as consequências

econômicas da pandemia do novo

coronavírus começam a abalar a estrutura

financeira dos governos estaduais por conta da queda

de arrecadação diante da paralisação

de quase todas as atividades

econômicas. Dentro do Palácio República

dos Palmares há uma grande preocupação

em relação ao pagamento

de salários e fornecedores,

além da própria manutenção dos

serviços.

202030 de abril4

ESTADO | Em entrevista, secretário da Fazenda reforçou ainda a dificuldade para manter as contas de Alagoas

Após uma determinação da Prefeitura de Maceió, por meio da Superinten-

dência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), as empresas que compõem o Sistema Inte-grado de Mobilidade de Maceió (SIMM) devem adquirir pulve-rizadores para a esterilização dos

terminais de ônibus e coletivos urbanos da cidade, como medi-das de combate a propagação e avanço do novo coronavírus (Covid-19).

Segundo a SMTT, o serviço de pulverização nos terminais de ônibus ocorrerá diariamente, nos períodos da tarde e da noite, horários em que o fluxo de passageiros nos equipamentos públicos é menor. “O material

desinfetante utilizado pelas empresas para a desinfecção dos terminais é utilizado normal-mente nas unidades hospitalares, não causa incômodo à popula-ção e é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), informou a SMTT.

Além dos terminais, os pulve-rizadores também vão reforçar a higienização dos ônibus urba-nos, que já vem sendo realizada

diariamente, duas vezes por dia, nas garagens das concessioná-rias que integram o SIMM. Esses equipamentos garantem uma esterilização ainda melhor dos coletivos, pois o material utili-zado para a pulverização dos assentos, barras de apoio, janelas, catracas e piso tem uma durabili-dade maior.

Segundo o titular da SMTT, Antônio Moura, a superinten-

dência tem adotado todas as medidas essenciais para evitar a proliferação da Covid-19 no transporte público de Maceió. “Com as empresas de ônibus adquirindo os pulverizadores, conseguiremos reforçar ainda mais as ações de higienização e desinfecção que já estão sendo adotadas para garantir a segu-rança sanitária dos rodoviários e dos passageiros do SIMM”, disse.

Empresas de ônibus de Maceió devem pulverizar seus veículos e terminaisRedação

Luis VilarEditor-geral

George Santoro classifica a ajuda federal como uma medida importante

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Para o gestor da pasta, a população tem descum-prido a medida de isola-

mento social, indo às ruas com a falsa sensação de estar imune à Covid-19, fato que tem contribuído diretamente no crescimento dos casos e tornado o cenário ainda mais preocupante.

“Esses são números muito expressivos e têm trazido muita preocupação para nós que fazemos a Secretaria de Saúde e para os especialistas que vêm constantemente nos orientandos. Estamos traba-lhando forte para aumentar o número de leitos, mas se todos ficarem doentes ao mesmo tempo, esses leitos não serão suficientes, como não foram em Nova Iorque, como não têm sido no estado de São Paulo e em outros lugares mais desenvolvidos que Alagoas”, afirmou Ayres.

TAXA DE OCUPAÇÃOO Governo de Alagoas

divulgou também que até

terça-feira passada, a taxa de ocupação dos leitos destinados aos pacientes com a infecção subiu para 52% em Maceió, um dado alarmante para a capital alagoana. “Passamos o dia hoje discutindo com especialistas e com técnicos da Sesau sobre a taxa de ocupação. Já temos 52% dos leitos exclusivos para Covid, em Maceió, ocupados. Isso é muito preocupante, o crescimento tem sido muito rápido. Até a semana passada, tínhamos 17% de ocupação,

hoje já estamos com 52%, e os números tendem a crescer nos próximos dias. Eu volto a dizer, se a população continuar com a falsa sensação de imunização, nós teremos sérios problemas agora no mês de maio”, alertou o secretário da Saúde.

A médica infectologista Sarah Dellabianca, diretora do Hospital da Mulher, fez uma alerta ainda para um fato que tem se tornado recorrente, sobretudo na orla de Maceió: o risco de contaminação pela

prática de atividade física. “Temos visto com muita frequência e diariamente a quantidade de pessoas prati-cando atividades físicas na orla. A gente sabe que o ato de correr e caminhar faz com que a mobilização de secreções atinja um raio superior a dois metros. Então às pessoas que acham que a atividade física é isenta de risco: quando é feita de maneira aglomerada, esse risco aumenta e aumenta consideravelmente. A nossa taxa de ocupação no Hospital da Mulher aumentou vertigi-nosamente, então o clamor que eu faço é pra que a popu-lação fique em casa”, disse ela.

“Uma doença infectocon-tagiosa, se a gente não dispõe de recursos como vacina ou medicamento, a única forma de se impedir essa doença é evitando a transmissão. Como a transmissão é respiratória e por contato, não tem outra forma, infelizmente, de orien-tarmos. É isolar”, completou Sarah.

Covid-19: AL deve chegar a mais de mil casos confirmados ainda esta semana

30 de abril 52020

ALAGOAS PANDEMIA | De acordo com Alexandre Ayres, números muito expressivos trouxeram ainda mais preocupação

Ainda no início desta semana, Alagoas já

obteve o maior número de casos confirmados

do novo coronavírus (Covid-19) em apenas

24 horas, desde o início dos registros

de contaminação da doença. Foram 134

novas confirmações para o vírus, o que

fez o Estado saltar de 643 para 777 pessoas

infectadas pela Covid-19. Diante deste

cenário, o secretário da Saúde, Alexandre

Ayres, estima que Alagoas deve chegar

a mais de mil casos confirmados no mais

tardar no dia de amanhã.

Diante dos últimos números de casos confirmados do novo

coronavírus (Covid-19) em Alagoas, fica cada vez mais evidente a necessidade de distanciamento social no Estado. Porém, segundo o Governo de Alagoas, na última semana, a taxa de isolamento social atingiu uma média de 50% no território alagoano. O resul-tado teve como base os dias 20 a 26 de abril e, apesar de apresen-tar uma melhora de 1,76% em relação aos números da semana anterior, que compreende os dias 13 a 19 de abril, o número ainda reflete que uma grande parcela da população segue

longe de manter o isolamento, o que as torna diretamente um foco de contaminação do vírus.

Segundo o governo, a varia-ção positiva também aconte-ceu na capital alagoana, com o melhor índice de afastamento das últimas três semanas regis-trado em um domingo, com 59,9% no dia 26. No compa-rativo, os finais de semana em Alagoas continuam seguindo a tendência nacional de evolu-ção das taxas de isolamento. Contudo, o Estado inicia esta semana com o segundo menor índice de afastamento social para uma segunda-feira, desde o dia 30 de março, com 46,9% de pessoas isoladas.

Os números apontados indi-vidualmente nos municípios também sofrem variação. Na segunda-feira passada, a cidade de Satuba, localizada na região metropolitana de Alagoas, desponta com a melhor taxa de afastamento social de 63,1%, seguida de Poço das Trinchei-ras e Olho D’Água Grande com 62% e 58,9%, respectivamente. O pior resultado de isolamento foi registrado na cidade de Olho D’Água das Flores, no Sertão do Estado, com índice de 38,2%.

O secretário de Desenvolvi-mento Econômico e Turismo, Rafael Brito, que está à frente do processo de monitoramento diário das taxas no Estado,

defende que o isolamento social continua sendo a medida mais eficaz de combate ao coro-navírus. “Esse monitoramento é essencial para que possam ser definidas as diretrizes e as reso-luções mais adequadas para a população. Em geral, temos conseguido manter uma taxa média de afastamento acima de 50% em Alagoas, mas é essen-cial reforçar o pedido para que, quem puder, permaneça em casa. Esse é o momento de cuidarmos uns dos outros, ainda podemos melhorar esse resultado e assim garantir que o menor número possível de pessoas seja contaminado com o vírus no nosso estado”,

salienta Rafael Brito.

ENTENDAContabilizados a partir do

monitoramento inteligente do Governo do Estado, dispo-nibilizado gratuitamente pela empresa In Loco, os índices se baseiam nos dados de 648.400 celulares da população. A tecnologia apenas integra usuários que voluntariamente tenham instalado aplicativos parceiros da In Loco, dando permissão para a coleta de dados informada na Política de Privacidade. Todos os dados de identificação civil, como nome, identidade, CPF e e-mail não são informados pela empresa.

Estado fecha a semana com índice médio de isolamento social de 50%

Redação

Ayres diz que não somente em AL, mas no mundo todo, não há leitos suficientes

Ascom Sesau/Arquivo

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Moraes atendeu a um pedido feito pelo PDT por meio de

um mandado de segurança. Na decisão, o ministro citou declarações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que ao deixar o cargo na sexta-feira da semana passada acusou o presidente Jair Messias Bolso-naro (sem partido) de tentar interferir politicamente na PF.

O ministro citou também trecho do pronunciamento de Bolsonaro feito no mesmo dia, após as declarações de Moro, em que o presidente contou ter se queixado ao então ministro da Justiça por não receber informações oriundas da PF.

Moraes mencionou ainda que as declarações de Moro estão sob investigação da Procuradoria-Geral da Repú-blica (PGR), após autoriza-ção concedida na terça-feira passada pelo ministro do STF Celso de Mello, motivo pelo qual se justifica a suspeita de

interferência política na PF.“Nesse contexto, ainda que

em sede de cognição inicial, analisando os fatos narrados, verifico a probabilidade do direito alegado, pois, em tese, apresenta-se viável a ocorrên-cia de desvio de finalidade do ato presidencial de nomeação do Diretor da Polícia Federal, em inobservância aos princí-

pios constitucionais da impes-soalidade, da moralidade e do interesse público”, escreveu Moraes.

O Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre a suspensão da posse de Ramagem.

Bolsonaro publicou um decreto no Diario Oficial da União na tarde de ontem

cancelando a cerimônia de posse, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tornar sem efeito a nomeação de Ramagem.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e a Polícia Federal também não se pronunciaram sobre a decisão do STF até o momento.

BRASIL/MUNDO

202030 de abril6

Ministro do STF suspende decreto de nomeação do novo diretor-geral da PF

JUSTIÇA | Posse de Alexandre Ramagem estava marcada para a tarde de ontem

O ministro Alexandre de Moraes, do

Supremo Tribunal Federal (STF),

decidiu na manhã de ontem suspender o

decreto de nomeação e a posse do

delegado Alexandre Ramagem como novo

diretor-geral da Polícia Federal (PF). A solenidade estava

marcada para as 15h de ontem.

Devido aos gastos extras para o enfrentamento da pandemia de covid-

19 e a queda de receitas, o défi-cit nas contas públicas deve se aproximar de R$ 600 bilhões este ano, valor correspon-dente a cerca de 8% do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produ-zidos no pais. A previsão foi divulgada ontem pelo Tesouro Nacional. Se essa estimativa se confirmar, será o maior déficit primário (despesas maiores que as receitas, sem considerar

o cálculo dos gastos com juros) já registrado.

Em 2019, o déficit primário do setor público ficou em R$ 61 bilhões (0,9% do PIB). “Qual-quer que seja o critério, deve haver forte aumento do déficit primário e nominal do setor público este ano para reduzir os efeitos econômicos e sociais da covid-19. Por consequência, haverá elevação significativa do endividamento público e requererá um esforço fiscal do país ainda maior no período posterior ao da crise. A manu-tenção do processo de consoli-dação fiscal, por meio da regra do teto dos gastos, é fundamen-

tal para garantir a solvência das contas públicas e, por conse-quência, a sustentabilidade das políticas públicas tão necessá-rias no país”, diz o Tesouro.

Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, o governo federal deve apresentar déficit de R$ 550 bilhões, em função da perda de arrecadação, gerada pela economia em queda, e pelo “aumento temporário de despesas” para enfrentar os efeitos econômicos e sociais da pandemia. “Junto com o déficit de estados e municípios [previsto em cerca de R$ 50 bilhões], é um número bastante

expressivo. Não se pode falar que o Brasil não está reagindo à crise econômica e social que decorre do coronavírus”, afir-mou Mansueto.

De acordo com secretário, devido a esse cenário, neste mês o déficit primário deve superar o resultado de todo o ano de 2019. O resultado de abril será divulgado pelo Tesouro no próximo mês.

Os dados do Tesouro divulgados hoje, relativos a março, mês que não foi total-mente afetado pelos impac-tos econômicos da pandemia, mostram que o déficit primário do governo central (Tesouro

Nacional, Previdência Social e Banco Central) chegou a R$ 21,171 bilhões, resul-tado próximo ao registrado em igual mês de 2019 (R$ 21,087 bilhões). De acordo com Mansueto, isso aconteceu porque neste ano não houve pagamento de precatórios como em 2019. Ele explicou que o governo aguarda aprova-ção de crédito suplementar pelo Congresso Nacional para fazer os pagamentos de precatórios.

De janeiro a março, o défi-cit primário chegou a R$ 2,908 bilhões, contra R$ 9,288 bilhões registrados no primeiro trimes-tre de 2019.

Déficit nas contas públicas deve chegar a R$ 600 bilhões este anoKelly Oliveira

Agência Brasil

Felipe PontesAgência Brasil

Alexandre de Moraes defende

que houve a inobservância aos

princípios de impessoalidade,

moralidade e interesse público

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A contrapartida é que não haverá aumento de salários de servi-

dores por 18 meses. “Se nós mandamos R$ 120 bilhões, R$ 130 bilhões, extraordina-riamente, em alta velocidade, para estados e municípios, esse dinheiro não pode virar aumento de salário. Se não estaríamos nos disfarçando sob o manto de uma crise para fazer um excesso eleitoral, para gastarmos, para fazermos aumento no funcionalismo no meio de uma crise extra-ordinária, em que milhões de brasileiros estão perdendo emprego”, disse o ministro, em uma transmissão pela internet, organizada pelo setor varejista.

Guedes disse que “estão excetuados” dessa vedação de aumento de salários, “médi-cos, enfermeiros, policiais militares, todo mundo que está na rua ajudando a população a lutar contra o vírus”.

PRIVATIZAÇÕESO ministro defendeu ainda

redução no tamanho das reser-vas internacionais para dimi-nuir a dívida bruta. “Podemos reduzir um pouco as reservas que temos. Isso dá uma redu-ção de dívida bruta”, afirmou.

Guedes disse ainda que ontem esteve em reunião com o presidente Jair Bolso-naro e foi discutido o plano de privatizações do governo. Segundo o ministro, o secretá-rio especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar, mostrou que o Brasil tem ativos imobiliários (propriedades) que superam o valor de R$ 1 trilhão, além de R$ 900 bilhões em empresas estatais. “Temos uma dívida de R$ 4 trilhões e quase R$ 2 trilhões em ativos. Se acelerar-mos as privatizações e a venda de imóveis, também podemos reduzir a dívida”, disse.

MAIS COMPETIÇÃONa transmissão, o ministro

afirmou que é preciso ter mais competição no “andar de cima” da economia, citando bancos e empreiteiras. “Há milhões de pequenos empreendedores competindo e criando pros-peridade, criando emprego e trazendo a saúde financeira para a população brasileira. Queremos que, no andar de cima, também aconteça essa competição”, afirmou.

Para o ministro, com mais competição e consequente-mente mais produtividade, os salários dos trabalhadores vão subir e será possível “criar um mercado de consumo de massa”. “Já foi ensaiado [criar um mercado consumidor de massa] duas ou três vezes, mas não teve sustentação, porque não foi ensaiado em cima da produtividade, da acumula-ção de capital, dos impostos mais baixos, da maior geração de emprego. Ele foi sempre ensaiado só jogando um chuvei-rinho de dinheiro para o mais pobre”, argumentou.

“Não queremos dar chuvei-rinho de dinheiro. Já demos FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] duas vezes, agora demos o auxílio emer-gencial”, acrescentou. Segundo ele, essas medidas ajudam, mas somente o aumento de produti-

vidade será eficiente. “Essa é a verdadeira proteção para com o trabalhador brasileiro”, disse.

TESTES DA COVID-19Guedes defendeu ainda

que, quando a economia voltar a funcionar, os empresários testem sistematicamente os funcionários. “Precisamos de vocês agora, empresário, fazendo testes. Funcionário chegou, faz o teste. Se está infec-tado, vai para casa”, disse.

CRÉDITO Na transmissão, Guedes

disse que a liberação de compulsórios - recursos que os bancos são obrigados a deixar depositados no Banco Central - foi usada pelos bancos para negociar com as maiores empresas. “Soltamos primeiro o crédito, liberando compul-sórios e esperando a maré de liquidez subir. Mas os bancos, em um momento de crise, pensam primeiro no deposi-tante do que nos tomadores de crédito. Conservadoramente, eles retiveram essa liquidez e renegociaram o crédito de seus melhores clientes, que são as maiores empresas”, afirmou.

Para as pequenas e médias empresas, Guedes disse que foi lançada a linha de financia-mento da folha de pagamen-tos. E para as microempresas,

ele citou o projeto de lei que vai permitir aos bancos darem empréstimos de valor corres-pondente a até 30% de sua receita bruta. De acordo com ele, esse crédito deve chegar a R$ 16 bilhões, beneficiando 3,5 milhões de micro e pequenas empresas.

MAL-ENTENDIDOGuedes afirmou ainda que

houve um mal-entendido na avaliação de que o programa Pró-Brasil lançado pela Casa Civil tenha gerado conflito com a equipe econômica. O programa de investimento do governo federal foi lançado sem a presença de Guedes.

“O general Braga Netto é o chefe da Casa civil. Ele é o homem que tem que compa-tibilizar todos os programas setoriais. Naturalmente, todos os ministérios têm os seus projetos. A economia tem que dizer quanto tem de recursos”, afirmou.

Ele defendeu que a reto-mada da economia não será por investimentos públicos, mas pelos privados. “A reto-mada do crescimento virá pelo investimento privado”, afir-mou. E argumentou ainda que o “PAC [Programa de Acelera-ção de Crescimento, lançado em 2007] já foi seguido e já deu errado”.

30 de abril 72020

ECONOMIA

Ajuda a estados e municípios será de R$ 130 bilhões, diz Paulo Guedes

MEDIDAS | O ministro da Economia destaca que esse dinheiro “não pode virar aumento de salário”

O ministro da Economia, Paulo

Guedes, defendeu ontem que o acordo com o Senado para

enviar R$ 130 bilhões para o socorro aos

estados e municípios está próximo de ser concluído. Ele disse

que o presidente do Senado, Davi

Alcolumbre, compreendeu a necessidade de

estabelecer uma contrapartida de

estados e municípios para receber os

recursos da União, no projeto de lei.

Kelly OliveiraAgência Brasil

Paulo Guedes nega mal-

-entendido com a Casa Civil

pelo lançamento do programa

Pró-Brasil

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GERAL

202030 de abril8

Lacen pode estar sendo obrigado a transcrever exames contratados em SP

COVID-19 | Labotário de Alagoas já foi recentemente alvo de denúncias de nepotismo e ingerência política

MPs recomendam a prefeitos que distanciamento social deve permanecer

O s Ministérios Públicos Estadual de Alagoas (MPAL), Federal (MPF)

e do Trabalho (MPT) expediram recomendação conjunta, ontem, a todos os prefeitos alagoanos para que não afrouxem as medi-das de distanciamento social, uma das principais recomenda-ções das autoridades sanitárias e de saúde para o enfrentamento à Covid-19. Os gestores têm prazo de 48 horas para informar se atenderão ou não ao que foi reco-mendado pelas três instituições por meio de suas respectivas chefias.

Na Recomendação conjunta nº 01/MPE/MPF/MPT, Márcio Roberto Tenório de Albu-querque, procurador-geral de Justiça do MPAL, Rafael Gazza-néo Júnior, procurador-chefe do MPT, e os procuradores da República Roberta Lima Barbosa Bomfim, Bruno Jorge Rijo Lame-nha Lins, Juliana de Azevedo Santa Rosa, Júlia Wanderley Vale Cadete e Niedja Gorete de Almeida Rocha Kaspary, ambos do MPF, orientaram aos chefes do Executivo dos 102 “municípios de Alagoas que se dignem a cumprir fielmente os

termos dos Decretos Estaduais nº 69.527/2020, 69.529/2020, 69.530/2020, 69.541/2020, 69.624/2020, e, notadamente, do Decreto nº 69.700, bem como dos que lhes sucederem, abstendo-se de praticar quais-quer atos, inclusive edição de normas, que possam flexibilizar medidas restritivas estabeleci-das pelo Governo Estadual”.

As gestores tem até amanhã para informar ao Ministério Público de Alagoas, pelo e-mail [email protected], acerca do acatamento dos termos da reco-mendação, informando, assim,

as providências adotadas, com o encaminhamento de decretos municipais ou outros atos even-tualmente editados por cada prefeitura.

No documento, os chefes das instituições argumentam que as medidas recomendadas em todos os decretos estaduais e da União precisam ser respei-tadas como forma de “minimi-zar os efeitos da pandemia do novo Coronavírus (Covid-19) e, assim, proteger de forma adequada a saúde e a vida da população alagoana”.

Eles também explicam

que as regras estabelecidas nos referidos decretos estão em consonância com as “orienta-ções da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas e da comunidade científica internacional(Massachusetts Institute of Technology – MIT, Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard , Impe-rial College London e Comitê Unesp Covid-19), dentre outras instituições, às quais indicam o isolamento social como a medida mais adequada à preven-ção da propagação da doença.

O assunto chamou a atenção até mesmo da emedebista Jó Pereira

(MDB), que salientou a impor-tância da Casa de Tavares Bastos acompanhar o assunto. O depu-tado estadual Cabo Bebeto (PSL) também tem cobrado informações do governo do Estado quanto às denúncias que estão sendo mostradas.

No dia de ontem, o depu-tado estadual Davi Maia voltou a tocar no assunto que envolve o órgão responsável pela análise clínica dos exames do novo coronavírus. Maia aponta para a possibilidade de servidores públicos estarem sendo coagi-dos a transcrever exames de um laboratório contratado em São Paulo para que – dessa forma – se passe a impressão de que eles foram feitos no Estado de Alagoas.

Na prática, isso significa que – ao contrário do que o Estado divulga – não há como avaliar o aumento de casos dentro de 24 horas. O que o governo diz ser nas últimas 24 horas, na reali-dade pode ser sempre a divul-gação dos resultado acumulados durante um período. O governo, portanto, estaria passando uma

falsa impressão em relação ao crescimento da doença, como se fosse houvesse um crescimento assustador de um dia para o outro.

Maia apresentou, como prova, um áudio que é atribuído a chefe de Biologia Molecular, Juliana Vanessa.

“Vou disponibilizar a grava-ção completa nas minhas redes sociais, porque o assunto é muito grave, por três situações. A primeira mostra a incapacidade do Lacen em fazer os exames. A segunda, são testes rápidos e que podem ser feitos agora até por farmácias, liberado recente-mente pela Anvisa. Terceira, os exames possuem autoria e não

podem ser transcritos por outro laboratório”, destacou Maia.

PAGAMENTO DOBRADOO parlamentar disse ainda

que o governo estadual – diante disso – estaria pagando duas vezes pelos mesmos exames.

“Fora tudo isso, continuo recebendo mais denúncia a respeito do funcionamento do Lacen e da lista de prioridades, que continua sendo furada. Até hoje não recebi do Estado quem faz parte dessa lista. Precisamos saber, pois enquanto pessoas estão esperando 20 dias pelo resultado de seus exames, tem apadrinhado do Governo

passando na frente”, pontuou.A empresa paulista que

faz os exames é a Biomega. Os resultados seriam manipulados em Alagoas. As gravações apre-sentadas pelo deputado esta-dual foram feitas durante uma reunião interna por meio de um celular. Em uma das gravações, uma suposta diretora aparece orientando os subordinados a transcrever todos os exames que serão enviados pela empresa contratada pelo governo esta-dual para analisar as amostras suspeitas de Covid-19.

“Lembrando que os da Biomega também vão precisar ser transcritos”. Após esta fala, outra pessoa não identificada pelo deputado concorda com a chefe. Para o deputado, o Lacen não tem condições para a reali-zação dos exames.

De acordo com a deputada estadual Jó Pereira (MDB), os casos que envolvem o Lacen devem ser investigadas pela Comissão de Saúde e demons-trou indgnação acerta dos fatos que foram levados à Casa de Tavares Basos. De acordo com ela, o colegiado vai se debruçar sobre as denúncias e serão feitas as fiscalizações necessárias.

São graves as denúncias que

envolvem o Laboratório Central

de Alagoas (Lacen) e que estão apontadas

por deputados estaduais alagoanos.

O laboratório deve ser alvo de uma

investigação por parte do parlamento

estadual, por meio da comissão

permanente que trata do assunto.

Na semana passada, Davi Maia (Democratas) falou da possibilidade de

prática de nepotismo no órgão, afirmando

que há uma verdadeira “árvore

genealógica”.

Luis Vilar

Editor-geral

Davi Maia trouxe novas denúncias contra o Lacen na sessão de ontem

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“De nossa parte, deixamos claro que o COI conti-

nuará sendo responsável por sua parcela da carga operacio-nal e sua parcela dos custos dos Jogos adiados, nos termos do contrato existente para 2020 que temos com nossos parcei-ros e amigos japoneses. Embora seja muito cedo para dar um número exato, já sabemos que precisamos arcar com várias centenas de milhões de dóla-res em custos de adiamento. É por isso que também precisa-mos analisar e revisar todos os serviços que fornecemos para os Jogos que foram adiados”, declarou Bach.

Na carta, de título “Olim-pismo e Corona”, o dirigente afirma que a pandemia do novo coronavírus (covid-19) criou uma incerteza que ainda “está longe de diminuir”. Segundo Bach: “Estamos todos come-çando a entender as conse-quências de longo alcance da crise dos coronavírus em todo

o mundo. O que é certo, no entanto, é que essa pandemia afetou e afetará significativa-mente todas as áreas da socie-dade, incluindo todos nós no mundo do esporte”.

Bach também destaca o que chama de “longa e profunda crise econômica” que atingirá o mundo do esporte, tendo efeitos diferentes de país para país: “Isso dependerá muito da importância que os Governos darão ao enorme capital social

representado pelo esporte quando se trata da alocação da assistência financeira fornecida por eles para a recuperação da economia. Portanto, devemos solicitar aos Governos que apreciem e honrem a imensa contribuição do esporte para a saúde pública, sua importân-cia para a inclusão, a vida e a cultura social e seu importante papel para as economias nacio-nais”.

No entanto, o presidente

do COI encerra a carta com uma mensagem de esperança: “Os gregos antigos, a quem devemos os Jogos Olímpicos, sabiam que cada crise oferece uma oportunidade. Aprovei-temos esta oportunidade com unidade e criatividade para emergir desta crise ainda mais fortes do que antes. O mundo pós-coronavírus precisará de esporte, e estamos prontos para contribuir para moldá-lo com nossos valores olímpicos”.

PANDEMIA | Presidente do Comitê Olímpico Internacional divulga uma carta ao movimento olímpico

ESPORTES

30 de abril 92020

Dan Istitene/Getty Images

Thomas Bach ressaltou que o

COI está honrando os contratos e

compromissos assumidos

O presidente do Comitê Olímpico

Internacional (COI), o alemão Thomas

Bach, divulgou ontem uma carta a todo

movimento olímpico na qual afirma, entre

outras coisas, que o adiamento dos

Jogos de Tóquio para [julho de] 2021 fará com que a entidade

arque “com várias centenas de milhões

de dólares em custos de adiamento”.

Bach: adiamento dos Jogos custará “centenas de milhões de dólares”

Agência Brasil

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A produção pretendia iniciar uma fran-quia cinematográ-

fica, baseada na coleção literária “Os Mistérios de Enola Holmes”, da escri-tora Nancy Springer – já foram lançados seis livros da personagem.

Além de estrelar no papel-título, Millie Bobby Brown também é produtora do filme, que traz Henry Cavill como seu irmão

Sherlock Holmes e Helena Bonham Carter como sua mãe.

Na trama, Enola Holmes busca a ajuda de seus irmãos mais velhos, Mycroft e Sher-lock, para investigar o desa-parecimento de sua mãe em seu aniversário de 16 anos, mas logo percebe que nenhum dos dois está muito interessado no mistério. Assim, ela decide viajar sozi-nha para Londres, iniciando

sua própria carreira de dete-tive, sempre um passo à frente de Sherlock.

“Enola Holmes” marca a estreia em longa-metragem do diretor Harry Bradbeer (das séries “Dickensian” e “Fleabag”).

O roteiro é de Jack Thorne (“Extraordinário”).

E apesar do contrato com a plataforma de strea-ming, ainda não há previsão de estreia.

CULTURA

202030 de abril10

Versão juvenil de

com Millie Bobby Brown, vai parar na Netflix

Sherlock Holmes,

A Netflix comprou os direitos de exibição do filme “Enola Holmes”,

uma espécie de derivado juvenil do universo de

Sherlock Holmes.Originalmente produzido pela Legendary Pictures

para o cinema, o longa é estrelado por Millie

Bobby Brown, que ficou famosa como a Eleven de “Stranger Things”,

e ainda destaca Henry Cavill, atualmente na

série “The Witcher”, e Helena Bonham Carter,

a Princesa Margaret de “The Crown” – três

produções originais do serviço de streaming.

FILME | Produção da Legendary Pictures para o cinema é baseado em série literária de Nancy Springer

Marcel Plasse

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Astrofísica para apressados

Quem nunca olhou para o céu numa noite estrelada e se per-guntou: que lugar ocupo no espaço? O que tudo isso significa? Como funciona? Em Astrofísica para apressados, o aclamado astrofísico e pesquisador Neil deGrasse Tyson responde a essas e outras perguntas que certamente todos já fizeram sobre o universo.

De forma clara e sucinta, Tyson traduz o cosmos numa obra organizada em capítulos enxutos, escritos para quem tem pres-sa, mas que oferecem conhecimentos fundamentais sobre todas as principais ideias e descobertas relacionadas ao universo.

Um guia para todos aqueles que apreciam ciência, astrofísica e se interessam pelos mistérios do espaço universal, tão bem revelado ao público por este autor best-seller.

30 de abril 112020

PERSONAGENS E OBRAS RECOMENDADAS

Meu pé de jabuticaba, o romance

Júlio recebe de herança a propriedade Toca do Tatu, uma fazenda e uma casa, mas o local tem fama de assombrado. O moço se instala na casa e muitas coisas acontecem. De fato, ele divide a moradia com cinco desencarnados que têm, cada um, sua história de vida. Ossadas são encontradas bem em frente à sua árvore... Júlio e a namorada de-cidem procurar ajuda e encontram orientações num centro espírita.

O livro, embora tenha momentos engraçados, trata de algo sério, que ocorre com muitos desencarnados que não aceitam a mudança de planos e continuam vivendo iludidos, sem conseguir abandonar o local onde viveram encarnados.

Quantas lições podemos tirar desta singela e agradável leitura! A dupla Antonio Carlos e Vera Lúcia nos brinda com mais uma joia literária.

O tatuador de Auschwitz

Nesse romance histórico, um testemunho da coragem daque-les que ousaram enfrentar o sistema da Alemanha nazista, o leitor será conduzido pelos hor-rores vividos dentro dos campos de concentração nazistas e verá que o amor não pode ser limita-do por muros e cercas.

Lale Sokolov e Gita Fuhrman-nova, dois judeus eslovacos, se conheceram em um dos mais terríveis lugares que a humanidade já viu: o campo de concentração e extermínio de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial. No campo, Lale foi incumbido de tatuar os números de série dos prisio-neiros que chegavam trazidos pelos nazistas – literalmente marcando na pele das vítimas o que se tornaria um grande símbolo do Holocausto. Ainda que fosse acusado de compac-tuar com os carcereiros, Lale, no entanto, aproveitava sua posição privilegiada para ajudar outros prisioneiros, trocando joias e dinheiro por comida para mantê-los vivos e designando funções administrativas para poupar seus companheiros do trabalho braçal do campo.

Nesse ambiente, feito para destruir tudo o que tocasse, Lale e Gita viveram um amor proibido, permitindo-se viver mesmo sabendo que a morte era iminente.

Livro faz paralelo de ideias complexas para as questões éticas

Questões éticas – como agir, quais são nossas responsabilidades com os outros e a diferença entre o certo e o errado – vem sendo discutidas por filósofos de todo o mundo e formaram as bases de governos, culturas e religiões ao longo dos séculos. Em 50 ideias de ética que você precisa conhe-cer, o professor Ben Dupré explica os princí-pios desta disciplina e sua relevância no dia a dia em capítulos concisos e fáceis de ler.

Aqui, você verá como nossas escolhas individuais afetam tanto as nossas vidas quanto a daqueles ao nosso redor: a visão

de mundo, as crenças religiosas e os com-portamentos que nos guiam são muito im-portantes. Por meio de uma narrativa leve, você descobrirá o que grandes pensadores como Platão, Aristóteles, Kant, Stuart Mill e Nietzsche disseram sobre a melhor maneira de viver.

Ao explicar ideias complexas em um texto claro e objetivo, este livro mostra como a ética pode ser utilizada para se pensar questões atuais, incluindo os direitos de animais, o terrorismo e a pena de morte, por meio de conceitos filosóficos essenciais. 50 ideias de ética que você precisa conhecer oferece não só uma entrada para conhecer algumas das principais correntes filosóficas, mas também uma jornada intrigante pela sua consciência.

LITERATURA

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202030 de abril12

A O r g a n i z aç ão d a s Nações Unidas para Alimentação e Agri-

cultura (FAO - Food and Agri-culture Organization) alertou ontem, em seu novo relató-rio, para as consequências da pandemia do novo coronaví-rus na América Latina e no Caribe.

A região, que observou

uma piora na segurança alimentar nos últimos anos, deve ter aumento da fome e da pobreza. A FAO apela aos governos para que declarem oficialmente a alimentação e a agricultura como ativida-des estratégicas fundamen-tais, que requerem atenção e apoio especiais de todos os órgãos do estado, bem como da população em geral.

"Manter o sistema alimen-tar vivo é essencial para que

a crise da saúde não se trans-forme em crise alimentar”, disse Julio Berdegue, repre-sentante regional da FAO.

A América Latina e o Caribe produzem e têm reservas suficientes para alimentar de forma adequada os seus habitantes nos próxi-mos meses. Para a FAO, no entanto, o principal risco no curto prazo é não conseguir garantir o acesso à alimenta-ção da população mais vulne-

rável, que está cumprindo as medidas de segurança sani-tária e que, em muitos casos, perdeu sua principal fonte de renda.

Em 2020, o número de pessoas pobres na região deve passar de 186 para 214 milhões de pessoas, enquanto o número de pessoas em extrema pobreza poderá aumentar de 67,5 para 83,4 milhões. Isso significaria que entre 2019 e 2020 a taxa de

pobreza regional passou de 30,3% para 34,7% e a taxa de pobreza extrema de 11,0% para 13,5%. As estimativas são da Comissão Econômica para América Latina e Caribe, a Cepal.

A previsão para 2020 é de contração da economia regio-nal em 5,3%, com quedas de 5,2% na América do Sul, 5,5% na Mesoamérica e 2,5% no Caribe. O Brasil deve sofrer retração de 5,2%.

Coronavírus aumentará pobreza na América Latina e Caribe, diz FAO

De acordo com Souza, os setores mais afetados são comércio, serviços,

transporte, indústria de trans-formação, eletricidade e gás.

No relatório, o Banco Central divulgou uma simu-lação do impacto econômico gerado pela pandemia de covid-19. O BC selecionou 1,6 milhão de empresas (1,5 milhão dos setores mais afetados e 100 mil fornecedores) e 9,9 milhões de empregados (7,5 milhões das empresas afetadas direta-mente e 2,4 milhões dos forne-cedores). Na simulação, o BC considera que essas empresas entrariam em default (quando a empresa não consegue pagar os seus credores).

O resultado da simulação, chamado de teste de estresse, mostra que seria necessário aumento de R$ 395 bilhões em provisão (reservas para casos de perdas) dos bancos, devido à quebra das empresas. Desse total, R$ 207,3 bilhões seriam das empresas mais afetadas; R$ 48,1 bilhões dos emprega-dos diretos; R$ 96,5 bilhões da cadeia de fornecedores; R$ 23,1 dos empregados dos fornece-dores; R$ 8,9 bilhões referen-tes a reclassificação de risco de empresas afetadas, mas que não entrariam em default; e R$ 11,1

bilhões de contágio interfinan-ceiro.

“Devido ao volume de provisões que seriam necessá-rias, a capacidade de o sistema gerar novos créditos e susten-tar o crescimento da econo-mia ficaria temporariamente comprometida”, diz o relatório.

“Seria o impacto mais severo, dependendo da dura-ção da pandemia”, disse Paulo Souza. Ele acrescentou que, com esse impacto, para o sistema financeiro voltar a se enquadrar no nível regulatório mínimo, seriam necessários R$ 70 bilhões, o que corresponde a 7,2% do patrimônio de referên-cia (PR) do Sistema Financeiro

Nacional. Segundo o relatório, considerando a rentabilidade em períodos de crises ante-riores, seriam necessários três anos para o sistema recompor sua atual capacidade.

“Para se ter uma ideia, no estudo realizado em 2015 sobre os setores envolvidos na Lava Jato esse impacto era de R$ 3,4 bilhões, representava 0,4% do PR. De qualquer forma, o sistema financeiro mostra-se capaz de absorver esse impacto com os resultados que vão ser auferidos futuramente”, disse o diretor do BC.

Souza destacou que, na época da operação Lava Jato, as empresas envolvidas eram

acusadas de crimes relacio-nados à corrupção, com risco de imagem. “Tanto o governo quanto o sistema financeiro não tinham como prestar auxílio naquele período. No caso específico [da pandemia de covid-19], os efeitos estão sendo causados por fatores que não estão relacionados à gestão das empresas. É um caso sanitá-rio, de saúde. E tanto o sistema financeiro quanto o governo têm todo interesse em contri-buir na solução. Portanto, a gente espera que esse impacto seja muito inferior ao cenário de estresse apresentado, mas temos que estar preparados”, afirmou.

ÚLTIMAS

Dívida das empresas mais afetadas pela pandemia soma R$ 900 bilhões

DIFICULDADES | Comércio, serviços e transportes estão entre os setores mais atingidos com o isolamento social

A dívida total das empresas mais

afetadas pela pandemia de Covid-19

no Brasil soma R$ 900 bilhões. Desse

total, R$ 556 bilhões são dívidas com o

sistema financeiro nacional, informou ontem o diretor de

Fiscalização do Banco Central (BC), Paulo

Souza, em entrevista coletiva, transmitida

pela internet, para apresentar o Relatório

de Estabilidade Financeira.

Empresas dos mais variados

setores acumulam diversos

débitos, mostra relatório do

Banco Central

Kelly OliveiraAgência Brasil

Marieta CazarréAgência Brasil