Em Análise Análise de estruturas A de alvenaria · Análise de estruturas de alvenaria...

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Ano VIII – N.º 30 Abril/Maio/Junho 2006 – Publicação trimestral – Preço 4,48 (IVAincluído) Revista da Conservação do Património Arquitectónico e da Reabilitação do Edificado Visita Virtual à Citânia de Briteiros Tecnologias de Informação e Património Arquitectónico Tecnologias de Informação e Património Arquitectónico Em Análise Análise de estruturas de alvenaria Tecnologias Sistemas de Informação e Património Cultural Em Análise Análise de estruturas de alvenaria Tecnologias Sistemas de Informação e Património Cultural

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Revista da Conservação do Património Arquitectónico e da Reabilitação do Edificado

Visita Virtual à Citânia de Briteiros

Tecnologias de Informação

e PatrimónioArquitectónico

Tecnologias de Informação

e PatrimónioArquitectónico

Em AnáliseAnálise de estruturas

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TecnologiasSistemas de Informação

e Património Cultural

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TecnologiasSistemas de Informação

e Património Cultural

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Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

Tema de Capa:

Reconhecida pelo Ministério da Cultura como “publicação de manifesto interesse cultural”,ao abrigo da Lei do Mecenato.

N.º 30 - Abril / Maio / Junho 2006Propriedade e edição:GECoRPA – Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do PatrimónioArquitectónicoRua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq.1050 - 170 LisboaTel.: 213 542 336, Fax: 213 157 996http://www.gecorpa.ptE-mail: [email protected]: 503 980 820Director: Vítor CóiasCoordenação: Cátia Marques / Joana Gil MorãoConselho redactorial: João Appleton, João Mascarenhas Mateus, José Aguiar,Miguel Brito Correia, Teresa de Campos Coelho Secretariado: Elsa FonsecaColaboram neste número:A. Jaime Martins, Ana Cravinho, António Amarodas Neves, António Berberan, António Melo,António Pereira Coutinho, Carlos Mesquita,João Varandas, J. Vieira de Lemos, Luís Ribeiro,Marcos Silva, Maria Empis, Maria Teresa Enes daSilveira, Mário Cardoso, Miguel Brito Correia,Nuno Teotónio Pereira, Paulo de Oliveira, VascoMartins Costa, Vítor CóiasDesign gráfico e produção:Loja da ImagemRua de D. Estefânia, n.º 22 – 1º Dt.º 1150-134 LisboaTel.: 210 109 100, Fax: 210 109 199E-mail: [email protected]:GECoRPA – Grémio das Empresas de Conser-vação e Restauro do Património ArquitectónicoRua Pedro Nunes, n.º 27, 1.º Esq.1050-170 LisboaTel.: 213 542 336, Fax. 213 157 996http://www.gecorpa.ptE-mail: [email protected]ão:

Distribuição: VASP S.A.

Depósito legal: 128444/98Registo na DGCS: 122548ISSN: 1645-4863Tiragem: 3000 exemplaresPeriodicidade: Trimestral

Os textos assinados são da exclusiva responsabili-dade dos seus autores, pelo que as opiniões expres-sas podem não coincidir com as do GECoRPA.

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Ficha Técnica 2EDITORIAL

49ASSOCIADOS GECoRPA

4EM ANÁLISE

Ano

VII

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.º30

Abr

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Junh

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Publ

icaç

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€4,

48(I

VAin

cluí

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Revista da Conservação do Património Arquitectónico e da Reabilitação do Edificado

Visita Virtual à Citânia de Briteiros

Tecnologias de Informação

e PatrimónioArquitectónico

Tecnologias de Informação

e PatrimónioArquitectónico

Em AnáliseAnálise de estruturas

de alvenaria

TecnologiasSistemas de Informação

e Património Cultural

Em AnáliseAnálise de estruturas

de alvenaria

TecnologiasSistemas de Informação

e Património Cultural

Capa

Concepção e Fotomontagem:Ana Cravinho e Paulo de Oliveira

Tecnologias de Informação e Património Arquitectónico

Análise de estruturas de alvenariaOs modelos numéricos de blocos discretos

(J. Vieira de Lemos)

REFLEXÕES

32PROJECTOS & ESTALEIROS

Intervenção de conservação dos elementospétreos minimiza processo de degradação

Igreja da Misericórdia em Buarcos(João Varandas)

Tecnologias de Informação e PatrimónioArquitectónico na NET

(António Pereira Coutinho)

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e-pedra e cal

10ESTUDO DE CASO

Inspecção visual assistidaParamentos de barragens

(António Berberan)

52PERSPECTIVAS

Reabilitar e RepovoarA nova fronteira da habitação social

(Nuno Teotónio Pereira)

7Arqueologia Digital

Universos de oportunidades por explorar(Mário Cardoso)

20Tekhnologia

Sistemas de Informação e Património Cultural

(Ana Cravinho e Paulo de Oliveira)

24AArqueologia e as

Tecnologias de InformaçãoDo presente ao futuro

(Maria Empis)

14Modelos de cálculo para

edifícios pombalinos:O mais sofisticado não é necessaria-

mente o mais adequado(Vítor Cóias)

38NOTÍCIAS/AGENDA

39PERFIL DE EMPRESA

40VIDA ASSOCIATIVA

42DIVULGAÇÃO

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AS LEIS DO PATRIMÓNIO

A recepção dos trabalhos nas empreitadas de obras públicas

(A. Jaime Martins)

33Recuperação da Casa Senhorial Barata-Feyo

Um bom exemplo de reabilitação profunda

(Luís Ribeiro)

34Portimão – Futuro Museu Municipal

Caracterização dos elementosresistentes

(Carlos Mesquita)

36NOTÍCIA

45LIVRARIA

17TECNOLOGIAS

Tecnologias de Informação ePatrimónio Arquitectónico

(Vasco Martins Costa)

28VISITA VIRTUAL

A Casa de SarmentoNovos olhares sobre o Património

(António Amaro das Neves)

47CONSULTÓRIO

01 Ficha+Sum.qxp 7/7/06 12:41 PM Page 1

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Vítor Cóias

Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 20062

EDITORIAL

Desde a sistematização e disponibilização de grandes volumes de dados sobre os monumentos e os sítios até à aná-lise estrutural e verificação da segurança das construções antigas, as tecnologias de informação (TIs) constituíram--se em ferramentas hoje praticamente indispensáveis a todos quantos têm à sua responsabilidade inventariar, gerire conservar o património construído de um país.

Descontando os elementos de “moda” ou de “marketing”, sempre presentes quando se trata de decidir quanto àadopção de novos materiais e de novas tecnologias, as TIs vieram, de facto, revolucionar a gestão do conhecimentoatinente ao património arquitectónico. Desde logo, a disponibilização de vastíssima informação através da Internetjunto do cidadão comum, veio facilitar o objectivo último da salvaguarda do património arquitectónico, que é per-mitir o usufruto das construções, enquanto bens culturais, pelo maior número possível de pessoas, no presente e nofuturo. Adicionalmente, abriu novas e valiosíssimas oportunidades a todos aqueles que optam por fazer do patri-mónio construído o seu objecto de estudo ou de profissão.

A democratização do conhecimento sobre o património construído, além do melhor antídoto contra a ignorânciaatrevida, acaba, também, por se constituir como um linha de defesa eficaz contra as ameaças a que esse patrimóniose encontra permanentemente sujeito, por parte de quem nunca cessa de congeminar formas de retirar proveito pró-prio daquilo que pertence a todos.

Como ferramentas que são, o seu bom ou mau uso depende sobretudo da competência do artífice. Uma boa ferra-menta não garante um bom resultado e o seu uso por utilizadores mal preparados torna-se tanto mais perigosoquanto mais poderosa é a ferramenta. Ao limite, uma ferramenta até pode ser utilizada como uma arma.

Este facto conduz a uma questão fundamental, que é a da qualificação: uma ferramenta é um recurso que se usa pa-ra aplicar um método ou uma técnica. É necessário que a competência ou destreza do operador do método ou da téc-nica sejam verificadas por uma entidade que reúna condições para o fazer. São hoje anedóticas, por exemplo, as si-tuações resultantes do uso indevido dos programas de cálculo automático utilizados em engenharia de estruturas.Segundo o que o Gecorpa tem defendido, não basta exigir qualificação às empresas que executam as intervençõesem obra. É necessário que a mesma exigência seja feita às empresas que elaboram os projectos e às que recolhem,através de inspecções e ensaios, a informação para tal necessária. Aqualificação destas empresas passa pela qualifi-cação dos profissionais que nelas trabalham, e dentre estes, os que operam TIs. Numa altura em que se pretendeavançar com a certificação da aptidão profissional, é bom que esse esforço tenha em atenção as profissões ligadas àreabilitação do edificado e à conservação do património arquitectónico, e, em particular, as que envolvem a utili-zação de TIs.

Tecnologias da Informação: depois darevolução, a qualificação

02 Editorial.qxp 7/7/06 12:43 PM Page 2

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Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

GECoRPA

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Quadro de Honra

Do número apreciável de empresas que têm manifestado interesse na conservação do patrimónioarquitectónico português e nas actividades do GECoRPA, foi seleccionado um grupo restrito depatrocinadores da revista Pedra & Cal.Para distinguir essas empresas, particularmente empenhadas no sucesso da revista, foi criado opresente Quadro de Honra.

A Direcção do GECoRPA

Conservação e Restauro doPatrimónio Arquitectónico, Ld.a

Diagnóstico, Levantamento e Controlo deQualidade de Estruturas e Fundações, Ld.a

03-03 Quadro de Honra.qxp 7/7/06 12:49 PM Page 3

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EM ANÁLISE

Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

Tema de Capa

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Os problemas da conservação e reabi-litação do património edificado têmmotivado o desenvolvimento de estu-dos de investigação em diversos do-mínios, dado o seu carácter claramen-te multi-disciplinar. Entre as atri-buições da engenharia de estruturasdestaca-se a avaliação da segurança,que, no caso de construções antigas dealvenaria, constitui um problemacomplexo e difícil. De um modo geral,há pouca informação sobre as antigastécnicas de construção e as alteraçõesposteriores das estruturas, e sobre ocomportamento dos materiais e o seuestado presente. A própria estruturapode assumir um valor histórico, co-mo é o caso dos edifícios pombalinos,sendo de interesse preservar a sua in-tegridade. A selecção das opções maisconvenientes para uma intervençãoexige a correcta compreensão do fun-cionamento estrutural, que deve serbaseada num modelo conceptualapoiado em estudos de caracterizaçãoe monitorização.Os modelos conceptuais e os métodosde análise aplicados habitualmente noprojecto de estruturas modernas debetão ou aço não são adequados paraconstruções antigas de cantaria ou al-venaria de pedra. No essencial, estasestruturas são formadas por compo-nentes de materiais de baixa resistên-

cia à tracção, que pode ser muito baixaou nula nas juntas entre blocos, o quelhes confere um comportamentomecânico que se afasta das hipótesesusuais de continuidade e linearidadea partir de cargas relativamente bai-xas, e as torna manifestamente vulne-ráveis a acções sísmicas.Os modelos numéricos (ou modelosmatemáticos), que resultam da imple-mentação computacional de um dadomodelo conceptual, são instrumentospoderosos de análise estrutural, umavez validados face ao conhecimentoexperimental. Permitem, nomeada-mente, testar hipóteses sobre o funcio-

namento de uma estrutura concreta,estimar a influência dos vários facto-res na sua segurança e comparar o de-sempenho de estratégias alternativasde intervenção, por exemplo, para ocaso de um sismo.

MODELOS NUMÉRICOS DE ELE-MENTOS DISCRETOSOs denominados modelos de elemen-tos discretos (ou de blocos discretos),que se enquadram na família dos mo-delos numéricos de elementos finitos,foram desenvolvidos para a análise deestruturas constituídas por blocos oupartículas, em que os processos de

Análise de estruturas de alvenaria

Os modelos numéricos de blocos discretos

Os modelos numéricos (ou modelos matemáticos), que resultam da implementação computacional deum dado modelo conceptual, são instrumentos poderosos de análise estrutural, uma vez validados faceao conhecimento experimental.

Fig. 1 – Modelo numérico de blocos discretos: ruptura de um arco circular

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ruptura se caracterizam predominan-temente pela separação progressivadas várias componentes. É este factoque torna esta abordagem apropriadapara o estudo de estruturas de alvena-ria de pedra. Na realidade, existemmuitas estruturas históricas formadaspor blocos de resistência apreciável,pelo que a sua deformação e colapsose caracterizam pela abertura ou desli-zamento nas juntas. Casos típicos sãoos arcos de blocos de pedra: os mode-los de elementos discretos permitemreproduzir o conhecido mecanismo dequatro rótulas de um arco circular(Fig. 1) e modos de colapso mais com-plexos (Fig. 2). As paredes envolven-tes dos arcos poderiam igualmente serincluídas, sendo hoje em dia viávelanalisar sistemas de centenas de blo-

cos em tempos de cálculo razoáveis.Os blocos podem ser admitidos comorígidos ou com deformabilidade inter-na, no caso de materiais menos resis-tentes. O aspecto essencial é a correctarepresentação do contacto entre blo-cos, para as várias situações de juntassecas e argamassadas. A resposta daestrutura a um sismo é obtida por umaanálise dinâmica passo a passo no do-mínio do tempo, em que se consideraa alteração da geometria no decursoda deformação e colapso.

APLICAÇÃO EM ANÁLISES SÍSMI-CASAaplicação de modelos numéricos emengenharia requer estudos prévios de

teste e validação, que se baseiam noconfronto com resultados de ensaiosem laboratório e com a resposta obser-vada nas próprias obras. O desempe-nho dos modelos de elementos discre-tos foi avaliado no quadro de um pro-jecto de investigação sobre o compor-tamento sísmico de monumentos clás-sicos que envolveu a Universidade deAtenas e o LNEC. Este projecto inci-diu sobre estruturas do tipo coluna-ar-quitrave, em particular, o caso doParthenon, tendo sido ensaiado namesa sísmica de Atenas um modelo àescala 1:3 de uma coluna de tamboresde mármore (Fig. 5). Os modelos nu-méricos de elementos discretos de-monstraram a capacidade de repre-sentar os tipos de resposta dinâmicade grande complexidade observadosnos ensaios. A figura mostra a mode-lação do colapso de uma coluna, comexpressiva rotação dos tambores.Os modelos numéricos possibilitaramum conjunto de simulações de difícilrealização experimental, em especial oestudo da segurança sísmica de umaproposta de restauro de três colunasdo Pronaos do Parthenon, por detrásdas colunas exteriores da fachada nas-cente. O modelo numérico simplifica-do permitiu a análise da resposta dinâ-mica para vários níveis de acção sís-mica, até ao colapso que ocorre paraacelerações elevadas (Fig. 3). Um dosobjectivos era a avaliação do papel doselementos metálicos existentes na es-trutura original, ligando as arquitra-ves entre si e ao ábaco das colunas, e

Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

EM ANÁLISETema de Capa

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Fig. 2 – Mecanismos de colapso de arcos

Fig. 3 – Análise do Pronaos do Parthenon sob acção sís-mica muito intensa

Fig. 4 – Modelo numérico da Torre do Relógio, Horta

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EM ANÁLISE

Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

Tema de Capa

que desapareceram com o tempo. Oprojecto de restauro prevê a inserçãode novos elementos de titânio nas ca-vidades originais, tendo os cálculospermitido confirmar o seu contributoessencial para a estabilidade das ar-quitraves.Os modelos de blocos também se apli-cam a estruturas de natureza maiscomplexa. No âmbito da colaboraçãoentre o LNEC e o IST, foram analisadasconstruções danificadas pelo sismodos Açores de 1998, como a Torre doRelógio, na Horta (Fig. 4). Amodelaçãodestas estruturas de maior dimensão ecomplexidade exige um nível mais ele-vado de idealização e simplificação. Jánão é possível reproduzir cada um dosblocos reais, como no caso do Parthe-non, devendo os modelos numéricosconcentrar-se nos aspectos essenciaisque regem o comportamento, supri-mindo muitos pormenores.

PERSPECTIVAS DE DESENVOLVI-

MENTOOs modelos de blocos discretos ultra-passaram já o âmbito restrito da inves-tigação para começarem a ser aplica-dos na prática. Existe um outro tipo demodelos de elementos discretos, osmodelos de partículas, com um gran-de potencial para a investigação de al-venarias irregulares. Nestes modelos,já aplicados à mecânica da fractura derocha e betão, o material é representa-do por um agregado de partículas cir-culares, geradas aleatoriamente numdado domínio. As partículas têm li-gações entre si com resistência àtracção e ao corte, cuja ruptura pro-gressiva permite simular o processode fissuração e desagregação do mate-rial. AFig. 6 mostra um modelo de umpequeno segmento de uma parede dealvenaria, sob a acção de cargas verti-cais e horizontais. As pedras são re-

presentadas por conjuntos de partícu-las circulares e a argamassa por partí-culas mais pequenas, comportando--se as ligações de acordo com as pro-priedades de cada material e interface.Como se vê na figura, a progressão dasfissuras segue preferencialmente oscaminhos de menor resistência. Trata--se ainda de uma ferramenta de inves-tigação da fenomenologia fundamen-tal, com bastante interesse para apoiara interpretação de ensaios em labora-tório.Existe hoje um conjunto de métodos deanálise estrutural especialmente voca-cionados para o estudo de alvenarias.Os modelos de blocos e partículas dis-cretos são mais uma ferramenta dispo-nível, com novas potencialidades e do-mínios de emprego específicos. A apli-cação criteriosa destes métodos, sem-pre em confronto com o conhecimentofacultado pela experiência, vai permi-tir o seu progressivo aperfeiçoamento,com vista a uma melhor representaçãodo comportamento real das estruturashistóricas.

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J. VIEIRA DE LEMOS, Engenheiro Civil,Investigador-Coordenador do LNEC

Fig. 5 – Modelo físico de coluna de tambores e simulação numérica do colapso sob acção sísmica

Fig. 6 – Modelo de partículas: análise da ruptura de um segmento de parede de alvenaria

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REFLEXÕESTema de Capa

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Desde que surgiu o termo Arqueolo-gia, os investigadores e o público inte-ressado nas matérias afins à identida-de cultural sentiram uma necessidadeintrínseca de conseguir imaginar, com-preender e apreender as formas, mati-zes e materiais que davam corpo aosobjectos que, após descobertos, nosajudaram a formar um entendimentomais profundo do nosso passado. Hábitos, crenças e necessidades foramsendo desvendados através de diver-sos métodos, extrapolações e compa-rações que associadas trouxeram umquadro aproximado, tanto quanto pos-sível, da vida quotidiana e cultura deuma dada época. De maneira eviden-te, a visualização dos suportes físicosque materializam as tendências cultu-rais de um período histórico concen-tra-se no desenho, gravura e pintura.Quer como meio de apoio ao trabalhodos investigadores, quer como peça deapresentação museológica ou ilus-tração bibliográfica. Actualmente, éimpossível ignorar a importância daimagem, seja como espectador mais oumenos passivo, emissor ou seu produ-tor. Na minha adolescência, o computadorocupava somente uma parcela ínfimada actividade humana. No entanto, aevolução da micro informática e a ge-neralização do seu uso expandiu-seglobalmente, tornando-se imprescin-dível em todos os domínios da socie-dade. Em Portugal, nas áreas de inves-tigação, ensino, museologia e divul-gação da cultura, muito pouco se tem

desenvolvido ao nível da implemen-tação e uso de sistemas de visualizaçãotridimensional, enquanto que nasmaiores economias mundiais essa tec-nologia foi recebida como um instru-mento essencial à melhoria e am-pliação de resultados em todas as áre-as do conhecimento. Uma melhor digestão, reinterpretação

e utilização da informação resulta nu-ma melhor gestão, preparação e comu-nicação. Não podemos ignorar essefacto sem correr o risco de criar os ile-trados, desfavorecidos e ignorados dofuturo. Tendencialmente, a comuni-cação tridimensional é a única respos-ta eficaz aos anseios, dúvidas e expec-tativas dos aprendizes da actualidade.

Universos de oportunidades por explorar

Arqueologia DigitalCom a entrada das tecnologias digitais de informação, a imagem ganhou uma nova dimensão e, pro-gressivamente, tem substituído as outras formas de comunicação. Esta é uma nova realidade que che-gou para ficar.

Vaso do período romano na Península Ibéria Cisterior

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REFLEXÕES

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Tema de Capa

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Os videojogos, populares em todo oMundo, baseiam-se em factos históri-cos, no estímulo da curiosidade e dasaptidões individuais e na liberdade deexpressão. Esses artifícios lúdicos per-mitem a muitos jovens um contacto di-recto com realidades que os ajudam avalorizar aquilo que são e, dessa for-ma, a maneira como se expressam, tra-balham e, em última análise, a qualida-de daquilo que produzem. Relativa-mente à arqueologia contemporânea,ganhou-se uma plataforma de traba-lho aberta ao contacto permanentecom o público em geral e com os alu-nos em particular. Ensinar e aprender através do uso dasferramentas 3D favorece a clareza damensagem e filtra os ruídos habituaisentre professores e pupilos. A interacti-vidade desses sistemas permite umacontinuada reinterpretação da infor-mação, podendo em muitas circunstân-cias fazer jus à máxima que diz que «seo aluno está pronto, o mestre aparece». Por outro lado, uma maior aproxi-

mação dos alunos e professores favore-ce, claramente, aquilo que é o centro daquestão, ou seja, ensinar, formar, eluci-dar. As metodologias e práticas de tra-balho que passem a incorporar a ofertadigital 3D como núcleo da actividadereúnem inumeráveis vantagens. No entanto, aquela que se evidenciacomo fundamental encontra-se no có-digo utilizado. A população activa dofuturo tem vindo a abandonar os tradi-cionais métodos de informação substi-tuindo-os por um único, o digital. Istosignifica que o código vigente passa,em grande medida, pelo uso do supor-te e pela mensagem digital, podendoser aquele que venha a conseguir cap-tar um maior interesse pelas matérias atransmitir. É dado adquirido que semovos a omeleta não seria um item daculinária e, comparativamente, semadequação do código utilizado entreemissor e receptor a mensagem é ape-nas um mono que se arremessa de umlado para o outro. Retomando a arqueologia contem-

porânea, e assumindo como realidadeo que anteriormente se descreveu,uma maior profusão das ferramentas3D nesse ramo do conhecimento coin-cide, essencialmente, com os métodosconvencionais. O levantamento minu-cioso do terreno através da instalaçãode estações de trabalho, mediante umrigoroso registo das coordenadas car-tesianas tem um paralelo directo como contexto digital. Utilizando a fotogrametria digital, ob-tém-se o registo físico do local, o posi-cionamento dos achados, os achados etodos os detalhes presentes. Mediante a estratificação da infor-mação, recolhida à medida que se pe-netra em profundidade, é possívelcriar em tempo real, e no contexto lo-cal, uma valiosa base de dados visuali-zável a quatro dimensões. A navegabilidade sob todos os ângu-los, perspectivas e detalhes disponí-veis, na globalidade da estação, dá aosinvestigadores a possibilidade de ob-ter uma visão única daquilo que que-

Ébora Liberalitas Julia (Évora) – Laconicum

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Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

REFLEXÕES Tema de Capa

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rem estudar, dissecar e divulgar. É, ain-da, possível a sistematização e o regis-to de interpretações diversas, con-clusões e análises, ao acrescentar no-vos volumes de informação ao contex-to em análise. A manipulação de um único centro dedados quadridimensional facilita apartilha de informação e pode reduzirsignificativamente a concretização deresultados, a concentração do esforçocomum numa estrutura individualiza-da e a optimização dos meios disponí-veis. Se pensarmos na dispersão de in-formação que ocorre naturalmentequando se usa uma abordagem con-vencional, torna-se evidente o poten-cial adormecido desta tecnologia. Concluída a fase inicial dos estudosefectuados, a informação paramétricatridimensional pode ser encaminhadapara outros fins como, por exemplo, adivulgação museológica, o ensino, oumesmo a valorização de aspectos quepodem contribuir para uma maior ex-posição regional, com influência posi-tiva na economia local. Sendo evidente que o estado portu-guês não possui os fundos necessáriosà preservação do nosso património ar-queológico, uma maior sensibilizaçãoerentabilização desse mesmo patrimó-nio, através de modernos meios de co-municação, contribuirá manifesta-mente para a sua efectiva salvaguarda. A colossal fonte de achados, que se es-tende por milhares de anos de evo-lução das diferentes populações queocuparam o território nacional, justifi-ca a concentração exaustiva dos traba-lhos de levantamento, registo e investi-gação, podendo viabilizar a preser-vação duma substancial parte do patri-mónio que se encontra em risco de pe-recer pela natural degradação que apassagem do tempo impõe.Uma maior rapidez no processo de le-

vantamento permite a redução dosmeios humanos, podendo esse recursoúnico vir a ser orientado ao encontrode etapas de investigação intelectual-mente mais exigentes. Para identificaro conjunto de ferramentas, mecanis-mos e métodos que constituem estaabordagem alternativa da arqueologiaeda museologia actuais podemos, sim-plesmente, aplicar o termo arqueolo-gia digital ou digitalmente assistida.

ETAPAS DA ARQUEOLOGIA DIGITAL1. A etapa número um do trabalho di-recto com os achados arqueológicos ouhistóricos é implementada através dafotogrametria e inserção de infor-mações soltas, directamente na base dedados quadridimensional, e que po-dem, desse modo, e no imediato, vir aser processadas, lidas e alteradas portodos os membros da equipa de inves-tigadores. À medida que o processo sedesenrola, muitas das lacunas iniciaisvão sendo, desse modo, gradualmentepreenchidas, começando os elementossoltos a ganhar forma num todo.

2. É nesta fase que surgem peças inte-ressantes, cujo uso poderá vir a consti-tuir matéria com fins museológicos, di-dácticos e, ou, pedagógicos. Com re-curso à interactividade, os vários inter-venientes ou espectadores podem ex-por as suas percepções através de umcanal directo com os grupos de investi-gação, o que, por si só, permite umamaior aproximação entre a ciência e ocidadão comum, mediante o modeloevolutivo que materializa o, ou os, ob-jectos de estudo. Em circunstânciasnormais, os museus ou os espaços ex-positivos raramente criam uma ligaçãodirecta entre aqueles que estudam oscontextos expostos e os que os visitam.No entanto, os benefícios imediatossão indiscutíveis.

3. Numa fase mais conclusiva do pro-cesso penetra-se num período de maiorprodutividade de peças museológicasdigitais, podendo as mesmas vir a so-frer alterações sucessivas cujo resulta-do será uma constante renovação dasexposições disponíveis. A partir dessemomento, a base de trabalho 3D ficadisponível para outros usos, nomeada-mente num mercado em contínuo cres-cimento, o do entretenimento. Revela-se, assim, um novo canal de au-to financiamento das acções de investi-gação. Muitas outras iniciativas se po-derão desenvolver em torno deste tipode estrutura digital, cujas hipóteses setornam praticamente inumeráveis de-vido às características do suporte de in-formação. Esse dado permite assegu-rar, igualmente, a quase indestrutibili-dade dos registos. Nenhum outro su-porte conhecido teve uma tão grandecapacidade de preservação, justifican-do-se, assim, a sua utilização mais am-pla. Todavia, só um conhecimento maisprofundo por parte daqueles que to-mam decisões estratégicas na área daprotecção patrimonial e da decisão ins-titucional poderá abrir as portas dessarealidade onde o futuro, o passado e opresente se interligam em absolutoatravés da comunicação entre gerações,saberes e experiências diversificadas.Atingido esse cruzamento de perspec-tivas, os resultados serão tão surpreen-dentes quanto o são os legados históri-cos daqueles que percorreram um lon-go trajecto evolutivo que veio a tornarpossível a Era em que vivemos, masque muito poucos almejam compreen-der e, em verdade, explorar.

MÁRIO CARDOSO,Arquitecto, Consultor da Oz, Ld.ª, Gerente da “Veigas & Veigas”

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ESTUDO DE CASO

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ENQUADRAMENTOA construção de barragens tem faculta-do múltiplos benefícios à sociedade. Deacordo com a International Commissionon Large Dams (ICOLD), a classificaçãode “grande barragem” aplica-se às obrascom altura máxima, acima da fundação,superior a 15 metros ou cujo reservató-rio tenha uma capacidade superior a 1milhão de metros cúbicos. Em 1998, umlevantamento levado a cabo pelaICOLD identificou 47 655 grandes bar-ragens de um universo de aproximada-mente 500 000 barragens construídas nomundo. Três quartos destas grandesbarragens, um terço das quais de betão,foram construídos antes de 1980. Grossomodo, 12 000 grandes barragens debetão têm hoje mais de meio século.Práticas relacionadas com a segurança ea integridade das barragens consolida-ram-se ao longo de muitos anos e evo-luem com novos conhecimentos e tec-nologias. As barragens e os seus órgãosde segurança e exploração envelhecemeeste envelhecimento obriga a uma con-tinuada e multifacetada atenção para as-segurar a sua longevidade e segurança.A segurança estrutural é condicionadapor uma cuidadosa operação e uma con-tínua monitorização. É prática correnteinstrumentar barragens e proceder à suainspecção visual.As inspecções visuais são levadas a ca-bo por especialistas e visam registar asocorrências significativas e visíveis noparamento de jusante, no paramento demontante quando visível, nas galerias,no coroamento, nas encostas, nos

órgãos de segurança, etc... Ainformaçãorecolhida, no entanto, tem alguma sub-jectividade na classificação, é morosa eonerosa na aquisição, pouco precisa noseu posicionamento espacial, mas nãodeixa de ser extremamente importante.Sintetizando: no actual contexto da se-gurança, manutenção, conservação ereabilitação de barragens, os técnicosque executam as inspecções visuais ne-cessitam de ser assistidos por metodo-logias que lhes permitam coligir infor-mação com maior celeridade e objecti-vidade de forma a inspeccionar um nú-mero crescente de barragens que seaproximam de períodos críticos do seuenvelhecimento.No Laboratório Nacional de Engenharia

Civil está em curso um estudo no âmbi-to do qual se desenvolveu uma meto-dologia, baseada em varrimentos comradiação laser e cobertura com imagensdigitais, visando produzir e codificarcom objectividade, de uma forma me-nos onerosa e mais célere, a informaçãotradicionalmente obtida durante as ins-pecções visuais. Esta metodologia, de-signada por inspecção visual assistida,é descrita neste artigo. Apesar de ter si-do desenvolvida para barragens, podeser aplicada a outro tipo de edificado,mutatis mutandis.

TECNOLOGIAA tecnologia LIDAR (LIght DetectionAnd Ranging) usa o varrimento laser a

No Laboratório Nacional de Engenharia Civil está em curso um estudo no âmbito do qual se desenvolveuuma metodologia baseada em varrimentos com radiação laser e cobertura com imagens digitais, que visaproduzir e codificar com objectividade, de forma menos onerosa e mais célere, a informação tradicional-mente obtida durante as inspecções visuais. Trata-se da inspecção visual assistida.

Fig. 1 – Sistema referencial instrumental associado a cada estacionamento do TLS e cobertura fotográficamotorizada sequencial do objecto em estudo

Paramentos de barragens

Inspecção visual assistida

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Fig. 2 – Equipamento terrestre de varrimento lasere câmara fotográfica digital

partir de plataformas aéreas de asa fixaou móvel, para levantamentos da super-fície terrestre. Aminiaturização desta tec-nologia permitiu a sua transportabilida-de e o seu estacionamento terrestre e deulugar ao Terrestrial Laser Scanning(TLS). Este equipamento (Fig. 2) emiteimpulsos laser a partir de um cilindro ro-tativo que, por sua vez, possui dois es-pelhos, igualmente rotativos num eixoperpendicular ao da rotação anterior. Otempo de ida e volta do impulso permitecalcular a distância entre o equipamentoe o ponto que reflectiu a emissão. Adistância e respectivas medidas angula-res de cada uma das rotações referidas,constituem as coordenadas polares tridi-mensionais dos pontos que reflectiramos impulsos, as quais se transformam emcoordenadas cartesianas instrumentais(xyz). A uma cadência que pode ser domilhar de impulsos por segundo, obtém--se o que se convencionou chamar “nu-vem de pontos”. O TLS é um sensor acti-vo pelo que é possível fazer levantamen-tos à noite e obter um mapa de intensi-dades, semelhante a uma fotografia, oque se pode revelar de particular im-portância em situações de emergência.Ao TLS pode estar associada uma câ-mara fotográfica digital com foto-sen-sores CCD. Neste caso é feita uma co-bertura fotográfica do objecto e, recor-rendo à formulação fundamental da fo-togrametria, é possível associar, a cada

ponto coordenado pelo TLS, os valoresradiométricos RGB registados no cor-respondente pixel da imagem. Ou seja,épossível obter um modelo discreto tri-dimensional do objecto com textura fo-tográfica no formato (x,y,z,R,G,B).A variedade de produtos que se podeobter por pós-processamento vai des-de os convencionais perfis, cortes,plantas e curvas de nível até ani-mações no âmbito da realidade virtualpassando pela reconstrução virtualtridimensional, contínua e com textu-ra fotográfica, de modelos de objectosem estudo.

METODOLOGIACada estacionamento do TLS dá origema uma nuvem de pontos coordenadosnum referencial tridimensional instru-mental e independente. Para cobrir inte-gralmente o objecto, haverá necessidadede vários estacionamentos, pelo que é es-

sencial proceder a uma concatenação dasrespectivas nuvens numa única, já agoranum referencial também único e maisadequado, designadamente o referencialda obra. Esta referenciação concretiza-secom um númeroredundante de alvos re-tro-reflectores de coordenadas conheci-das no referencial da obra e colocados nocenário. Um modelo funcional relacionaos diversos sistemas de referência tridi-mensionais independentes, associados acada posição instrumental, com um sis-tema de referência único tridimensionale associado ao objecto. Com base nessemodelo determinam-se os vários conjun-tos de parâmetros de transformação en-tre cada sistema referencial independen-te e o sistema referencial associado ao ob-jecto. Finalmente, a transformação de ca-da uma das nuvens independentes e par-ciais para o referencial objecto resulta nu-ma única nuvem, que se pretende inte-gral, do objecto.

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Fig. 3– Os três planos sobre os quais se rectificaram as imagens originais

Fig. 4 –Vectorização e classificação das ocorrências detectadas sobre o mosaico composto por várias imagensrectificadas

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ESTUDO DE CASO

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Por outro lado, para cada imagem captada pela trama de elementos sensores CCD da câmara fotográfica,determinam-se os respectivos parâme-tros de orientação externa (a posiçãoespacial do centro óptico e a atitude an-gular do eixo óptico) aquando da ex-posição. A câmara foi previamente ca-librada em termos da geometria da for-mação da imagem, designadamente:distância focal residual, excentricida-de do ponto principal, deformaçõestangenciais e deformações transver-sais.Nesta aplicação, a questão fundamen-tal é a resolução geométrica da imagemdigital. Outros parâmetros de qualida-de da imagem, tais como incerteza po-sicional, resolução espectral e nível dequantização, são importantes, mas nãodeterminantes.

CONCRETIZAÇÃOA metodologia exposta foi aplicada àbarragem do Alto Ceira, com vista aolevantamento de patologias visíveisno seu paramento de jusante. O LNECespecificou e coordenou a experiên-cia, executada pela empresa Artescan,enquanto o Dono da Obra (Electrici-dade De Portugal) autorizou, acompa-nhou e apoiou a mesma experiência.As imagens fotográficas de objectoscom relevo não têm escala, pelo quehá que processá-las de forma a terem

qualidade métrica. O processo esco-lhido para esse processamento foi aortorectificação, no qual há que entrarem conta com a orientação externa decada imagem, a calibragem interna dacâmara e o modelo numérico do para-mento da barragem (a nuvem de pon-tos). Optou-se por ortorectificar cadafotografia segundo um dos três pla-nos que se ilustram na Fig. 3.As ortoimagens foram depois agrupa-das num único mosaico integral dabarragem. Finalmente, sobre este mo-saico, foram identificadas e classifica-das todas as ocorrências que, constan-tes de um catálogo, puderam ser detec-tadas (Figs. 4 e 5).Foi feita uma cobertura fotográfica adi-cional com uma teleobjectiva de gran-de distância focal. Estas fotografias fo-ram disponibilizadas num segundomonitor, para facilitar a detecção e clas-sificação das ocorrências que ofere-ciam dúvidas.

CONCLUSÃOEstima-se que, para produzir infor-mação semelhante, o método tradicio-nal duplica os custos e quadruplica otempo de execução. Ainformação tam-bém resulta mais objectiva na sua clas-sificação, mais rigorosa no seu posicio-namento e mais completa. Por outrola-do, este tipo de informação codificada,estruturada e de qualidade quantificá-

vel, facilita o povoamento de sistemasde informação referentes à monitori-zação de barragens.O especialista pode (em gabinete e emsimultâneo) ocupar-se da inspecção vi-sual assistida de várias barragens, su-perintendendo o trabalho de técnicosmenos experientes, cada um deles ins-peccionando uma barragem na sua es-tação de trabalho. Ele deve, no entanto,fazer sempre uma visita final à obra pa-ra completar e controlar a qualidade dainformação. Foram obtidos registos que podem, pos-teriormente, ser reavaliados quer paraentender a origem de ocorrências entre-tanto detectadas, quer para as interpretarà luz de novos conhecimentos. O históri-co das ocorrências ganhou assim maioramplitude temporal e de saber.Ametodologia exposta pode ser aplica-da ao edificado com geometria poucocomplexa, tais como, cúpulas, chaminése paredes de betão ou alvenaria, lajes etorres de arrefecimento, bem como a ta-ludes artificiais ou naturais. Aadaptaçãoao levantamento de patologias em edifi-cado com geometria mais complexa étecnicamente possível, mas a sua exe-quibilidade e viabilidade económica de-vem ser ponderadas caso a caso.

Fig. 5 – Resultado da vectorização em CAD de ocorrências (fissuras, exsurgências, etc.) identificadas sobre a imagem ortorectificada do paramento de jusante da barragem

ANTÓNIO BERBERAN, Engenheiro Geógrafo, Investigador do LNEC

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Project1 12/13/05 4:57 PM Page 1

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A análise estrutural e a verificação dasegurança dos edifícios antigos de al-venaria e madeira atinge o máximo decomplexidade e exigência quando édominada pela necessidade de consi-derar a acção sísmica. A escolha dosprocedimentos de análise mais ade-quados é essencial para a fiabilidadeda modelação e, por conseguinte, daverificação da segurança.No caso mais geral, a verificação daeficácia das medidas idealizadas é fei-ta recorrendo a modelos de análiseconstruídos com base nas informaçõesobtidas através da documentaçãoexistente e da avaliação das proprie-dades do protótipo -- a construção re-al. Após validação do modelo, é o mes-mo utilizado, de início, para a caracte-rização do desempenho estrutural daconstrução tal como se encontra. São,então, introduzidas no modelo as alte-rações correspondentes às medidascorrectivas, e aplica-se a mesma for-mulação até se obterem resultados quepermitam induzir para o protótipo umcomportamento suficientemente pró-ximo do desejado. Actualmente, os modelos geralmenteutilizados são numéricos, isto é, cons-truídos utilizando softwares informáti-cos (programas de cálculo automáti-co). As medidas correctivas são intro-duzidas no modelo – concebido, des-de início, de modo a facilitar tal intro-dução – e testadas fazendo-se correr

vezes sucessivas o programa.Habitualmente, a verificação da segu-rança é feita a partir da análise estru-tural de modelos em regime elástico,utilizando softwares estandardizadoscomo o SAP (Structural Analysis Pro-gram), baseados no método dos ele-mentos finitos. Procura-se confirmarque em todos os componentes as de-formações e os esforços máximos nãoexcedem os correspondentes valoresadmissíveis. Esta abordagem é umaextensão da usada em construção no-va, na análise de estruturas correntesde betão armado ou de aço. Ao preten-der-se aplicá-la a construções a reabili-tar, mormente se forem antigas, en-

contram-se várias dificuldades:

• Não é fácil a idealização da estrutu-ra em termos dos elementos corren-temente utilizados;

• Mesmo que se consiga reduzir aconstrução a tais elementos, desco-nhecem-se, geralmente, as alte-rações neles introduzidas e nas suasligações (anamnese ou historial daconstrução);

• O estado de tensão resultante dessehistorial é difícil de avaliar;

• O comportamento da alvenaria ésignificativamente não-linear, apre-sentando uma resistência pratica-mente nula à tracção.

Modelos de cálculo para edifícios pombalinos:

O mais sofisticado não é necessariamente o mais adequado

Fig. 1 – A viga em consola, segundo Galileu. Em “Diálogo acerca de duas novas ciências” (século XVII)

Numa intervenção de reabilitação, a análise estrutural e a verificação da segurança têm por objecto aconfirmação da bondade das medidas correctivas seleccionadas face às insuficiências estruturais detec-tadas, tendo em conta a estratégia que preside à intervenção.

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Segundo o âmbito de aplicação, os mo-delos de análise estrutural podem en-volver a estrutura no seu conjunto,uma parte dela (um ou mais elemen-tos, por exemplo, um pano de paredeou um cunhal), ou apenas um ou maispontos singulares (uma ancoragem deumtirante, por exemplo). Podem, por-tanto, classificar-se como globais, noprimeiro caso, locais, no segundo epontuais no terceiro.Segundo o grau de sofisticação, os mo-delos podem considerar-se simplifi-cados, se visam permitir efectuar asavaliações ou verificações de forma rá-pida e expedita, ou avançados, se têmem vista a busca de resultados mais ri-gorosos através da utilização de mo-delos envolvendo grande número deelementos e entrando com um maiornúmero de parâmetros quanto às ca-racterísticas do protótipo e dos mate-riais que o constituem.Os modelos expeditos permitem ava-liar as tendências do comportamentoestrutural, sobretudo nos âmbitos glo-bal e local e, com base nisso, elaborarpré-dimensionamentos das medidascorrectivas, tendo em vista estudos pré-vios ou anteprojectos, envolvendo acomparação de diversas opções, ou ve-rificar a coerência de resultados de es-tudos mais aprofundados, designada-mente os obtidos com programas decálculo avançados. Estes últimos per-mitem refinar os resultados obtidoscom os estudos expeditos e optimizaras soluções de reabilitação encontradas. A utilização de softwares de análisemuito sofisticados, como o Diana, pa-ra além de exigir um conhecimentomais detalhado das propriedades daestrutura e dos materiais que a consti-tuem, pressupõe que a equipa projec-tista tenha a experiência e a sensibili-dade necessária para se aperceber deincongruências que os resultados pos-sam apresentar. Daí que tal equipa de-va ser, em paralelo, proficiente em mé-todos mais expeditos mas mais fáceisde aplicar,que permitam estimar os re-sultados ou a sua ordem de grandeza.No projecto de construções correntesde betão armado ou de aço, a análise

estrutural pode ser feita utilizandoquatro métodos, tendo em conta ocomportamento atribuído aos mate-riais que constituem a estrutura (line-ar ou não linear) e o regime em que sãoaplicadas as acções (estático ou dinâ-mico): Linear estático;Não linear estático;Linear dinâmico;Não linear dinâmico.

No caso das construções antigas de al-venaria e madeira tem-se revelado inte-ressante um método que se pode consi-derar “cinemático”, dado que se baseiana decomposição da construção em“macro-elementos” a partir dos quais épossível analisar determinados meca-nismos de danificação ou colapso.Os modelos globais deverão ser dota-

dos, desde o início, de elementos ade-quadamente seleccionados e localiza-dos nos pontos ou zonas da estruturaonde poderão vir a verificar-se ascedências que originam os mecanis-mos de danificação ou colapso e/ouonde poderão vir a ser aplicadas as me-didas de reforço estrutural (tirantes,pregagens, dispositivos de ligação pi-so/parede e parede/parede), incluin-do os efeitos locais (por exemplo, zonasde ancoragem dos tirantes e tipo de an-coragem). Deste modo, o modelo per-mitirá: 1 - detectar quais os mecanismosde danificação ou colapso são mais pro-váveis, determinando os esforços nasvárias ligações (piso de madeira/pare-de de alvenaria, parede de frontal/pa-rede de alvenaria, parede de alvena-ria/parede de alvenaria) e comparan-do-as com as resistências previsíveis

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Fig. 2 – Modelação de um quarteirão pombalino utilizando o SAP

Fig. 3 – Mecanismo de colapso por derrubamento de uma parede de fachada de um edifício pombalino poracções fora do seu plano

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dessas ligações no edifício real, e 2 - terem conta a introdução das medidas dereforço, nos locais ou zonas onde, numprimeiro processamento, forem detec-tadas as cedências atrás referidas. Pode, então, fazer-se a verificação daestabilidade local daqueles mecanis-mos, e dimensionar os dispositivos dereforço, através da análise dos macro--elementos correspondentes (modeloscinemáticos), completados ou não commodelos estáticos lineares correntes.O método de análise dinâmica não li-near é o mais potente. Dada a comple-xidade estrutural dos quarteirões dabaixa pombalina – existência de alte-rações por vezes profundas, irregula-ridades na rigidez torcional e irregula-ridade de massa e rigidez do rés-do--chão para o primeiro andar (para nãofalar do faseamento da construçãodesconhecido, das deformações im-postas e da variabilidade das caracte-

rísticas dos materiais), os modelos deanálise não linear são os que oferecemas melhores possibilidades de se obte-rem resultados credíveis. Estes mode-los podem encontrar, no entanto, umadificuldade importante: é necessáriainformação muito completa e fidedig-na sobre a construção e sobre as pro-priedades constitutivas dos materiaisem presença. Os métodos de análisedinâmica linear podem ser igualmen-te úteis, se aplicados de forma iterati-va utilizando modelos particularmen-te bem concebidos. Os softwares maisavançados actualmente disponíveisno mercado, baseados no métodos doselementos finitos (Diana, CASTEM,SAP, etc.), permitem estes dois tiposde abordagem. Num e noutro caso, requere-se daequipa encarregada da análise sensi-bilidade, competência e bom-senso naconcepção do modelo, no seu manu-

seamento e na interpretação dos resul-tados. Nesta fase final, as ferramentasde análise estrutural mais simples(modelos estáticos lineares e não-line-ares), podem voltar a ser úteis.Em conclusão: existe hoje à disposiçãodoprojectista de estruturas que se ocu-pa de intervenções de reabilitação umvariado conjunto de ferramentas deanálise que permite elaborar cálculosjustificativos das soluções propostaspara lidar com as insuficiências estru-turais dos edifícios antigos. No entan-to, também aqui se deve procurar apli-car o princípio KISS: “Keep It Simple,Stupid” ou, para quem preferir, “KeepIt Simple and Straightforward”.

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VÍTOR CÓIAS, Engenheiro Civil, Presidente do GECoRPA

Fig. 3a – Mecanismo de colapso por derrubamento de uma parede de fachada de um edifício pombalino poracções fora do seu plano

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TECNOLOGIASTema de Capa

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Este tema, proposto pela Pedra & Cal,sugeriu-me, de imediato, o quanto desemelhança existe entre o processoconstrutivo tradicional, em que comreflexão e mestria os artífices constru-tores iam dando forma ao pensamen-to do homem, e a utilização das tec-nologias de Informação ao serviço doPatrimónio Arquitectónico.Foi com base na experiência acumu-lada na utilização daquelas tecnolo-gias que, há alguns anos atrás, me foi

possível reflectir sobre o valioso re-curso que o Património Arquitectóni-co constitui.O Sistema de Informação técnica ecientífica para o Património Arquitec-tónico - SIPA, que desenvolvemos apartir de 1990, demonstrou, desde oinício, assinalável capacidade de valo-rização do conjunto dos “saberes e sa-ber fazer” que o tornaram possível e,ao mesmo tempo, potenciou, de formaadmirável, os recursos disponíveis.

O SIPA, hoje indispensável a qual-quer acção qualitativa sobre o patri-mónio, favorece ainda uma melhoraprendizagem e interpretação dosvalores sociais, económicos e cultu-rais que o património encerra, tor-nando possível a recriação do valorturístico do património arquitectóni-co sem expressão monumental.Considerando a eficácia da respostado SIPA, defendemos que o nosso pa-trimónio se pode converter no princi-

O Sistema de Informação técni-ca e científica para o Patrimó-nio Arquitectónico - SIPA, de-senvolvido a partir de 1990,demonstrou assinalável capaci-dade de valorização do conjun-to dos “saberes e saber fazer”que o tornaram possível epotenciou os recursos disponí-veis.

Tecnologias de Informação e Património Arquitectónico

Fig. 1—Sistema de Informação para o Património

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TECNOLOGIAS

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pal factor gerador de um desenvolvi-mento económico harmonioso e sus-tentado, pela enorme e rica diversi-dade que patenteia.Assim, dado que, modernamente, a ri-queza de um país assenta no conheci-mento e na valorização do seu patri-mónio humano e arquitectónico, reite-ro as linhas básicas que devem supor-

tar aquele tipo de desenvolvimento:•Alterar o sistema produtivo e em-

presarial, reorientando-o para o sec-tor da conservação e restauro e paranovos mercados;

•Reforçar o edifício legislativo poten-ciando o eficaz aproveitamento docontributo social do sector das mi-cro e pequenas empresas;

•Transformar o sistema de formação,permitindo a recuperação de velhase o aparecimento de novas pro-fissões do património;

•Entender o património como princi-pal impulsionador e beneficiário dainvestigação, do estudo, da reorga-nização dos arquivos e do recurso àstecnologias de multimédia e teleco-municações;

•Sensibilizar as populações parauma participação na salvaguarda evalorização do património, recupe-rando os “saber fazer” tradicionaise produzindo, a partir do SIPA, osconteúdos essenciais às indústriasda cultura.

O SIPA só foi possível pela utilização,em larga escala, das novas tecnolo-gias que nos permitiram registar e ge-rir uma imensa quantidade de dadose informação, integrando a infor-mação espacial e alfanumérica.Corresponde a uma alteração do pa-radigma, quanto ao modo de olhar opatrimónio arquitectónico. Deixá-mos de o olhar como uma peça isola-da e musealizável, como se depreen-de da matriz cultural de finais do sé-culo XIX e início do séc. XX, para opassarmos a tratar como recurso eco-nómico integrado na cidade. Privilegiamos o denominador co-mum das expressões culturais de umasociedade e da sua evolução tempo-ral, que têm a mais alta representaçãono património arquitectónico.Esse denominador comum é a Infor-mação. A informação histórica e ar-quitectónica das artes decorativas,dos materiais de construção e das téc-nicas tradicionais, da sua colocaçãoem obra, da evolução social, econó-mica e cultural de um povo, dos es-pólios documentais, da paisagem edas tradições.Assim, desenhámos um sistema ca-paz de crescer ao longo do tempo, dearticular os dados e informação quecorrespondem às diferentes bases dedados que o constituem, aguardando,por vezes, o adequado desenvolvi-mento tecnológico para obtermos res-posta às exigências que colocávamos.Para aumentar o conhecimento sobreo nosso património, abrimos o SIPA àconsulta pública, gratuita, em 1993,

Fig. 2—Alçado fotográfico métrico rectificado: troço da Rua da Misericórdia

Fig. 3—Inventário do núcleo urbano do Bairro Alto: carta de datação dos imóveis

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nos nossos serviços e, em 1996, atra-vés da rede de comunicação mundialem www.monumentos.pt.Este site, que nos tem asseguradomais de 70 000 acessos diários oriun-dos dos mais diversos países, estáagora a ser redesenhado para poderdisponibilizar mais e melhor infor-mação, nomeadamente sobre os es-pólios documentais e sobre a paisa-gem urbana e não urbana.Esta decisão justifica-se pelo crescen-te envolvimento do país na Socieda-de de Informação e do Conhecimentoe pela responsabilidade acrescida queadvém de nos ter sido atribuído o pré-mio da Melhor Prestação de ServiçosOn-Line, em 2003.Das diferentes Bases de Dados do SI-PA(Fig. 1), saliento a importância dasFontes Documentais e do uso de umSIG. Permitiram transformar o Inven-tário do Património Arquitectónico,por onde iniciámos este projecto,num eficaz Sistema de Informação.O Projecto “Fontes Documentais” éresultado de uma candidatura aoPRAXIS XXI, para o que obtivemos aestreita colaboração da UAL (Univer-sidade Autónoma de Lisboa) e doINESC Porto (Instituto de Engenha-ria e Sistemas de Computadores), di-rigida para o tratamento do valiosoespólio documental gráfico detidopela DGEMN, visando fácil acesso aesse vasto acervo documental. Dando seguimento a esse projecto,digitalizámos 230 000 desenhos comgarantia de escala, 350 000 fotografiase 10 000 000 de páginas textuais, rela-tivas aos processos dos diferentesimóveis inventariados.Destes números, bem significativos,realçamos que as peças desenhadascorrespondentes ao património clas-sificado constituem uma pequenaparte (<30% das peças desenhadas in-dexadas e < 20% do total das peças de-senhadas).Estes números traduzem a real activi-dade da DGEMN que, tendo partici-pado na elaboração da Carta de Vene-za (1964) e na de Cracóvia (2000), sou-be estar presente nas modernas con-cepções arquitectónicas no tempo emque elas despontaram e se desenvol-veram na Europa.

O desenvolvimento tecnológico quetornou possível a integração da infor-mação espacial e alfanumérica per-mitiu-nos desenvolver metodologiasde recolha e registo da informação ar-quitectónica e urbanística dos nú-cleos urbanos, assegurando a pro-dução de cartas temáticas que, pelavisão global que garantem, consti-tuem uma informação de gestão in-dispensável para desenvolvimentode projectos autárquicos (Figs. 2, 3, 4).A extensão e adaptação à paisagemvirá permitir uma análise contínua doterritório, em particular o que corres-ponde à paisagem humanizada e oconsequente estabelecimento de re-lações fulcrais entre os assentos humanos e as características fisio-gráficas e climatológicas desses luga-res.Quanto à importância do SIPA, su-portado por modelo teórico que ga-rante a sua perfeita ligação à evoluçãoda sociedade, destaco:•Trata-se de um projecto inovador

que obrigou ao desenvolvimento desoftware específico e à criação de no-vas soluções tecnológicas.

•Constitui uma inovação no trata-mento arquivístico, tratando peça apeça independentemente do códigode linguagem utilizado. A quanti-

dade de informação tratada é cercade 2,4 terabytes.

•A utilização das tecnologias ineren-tes à fotografia métrica digital e àsua rectificação permitem elevadaprecisão e grande celeridade nos le-vantamentos.

•A aplicação destas metodologias acentros urbanos transforma esses le-vantamentos em instrumentos degestão do espaço edificado.

•A sua aplicação na inventariação daexpressão arquitectónica portugue-sa espalhada pelo mundo contribuipara aproximar as comunidadesportuguesas, facilitando as trocascomerciais.

•A riqueza do seu conteúdo potenciaa participação em projectos euro-peus no âmbito de redes culturaistemáticas.

Fig. 4—Inventário do núcleo urbano do Bairro Alto: carta de dissonâncias

VASCO MARTINS COSTA, Engenheiro, Director-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais

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Ao criarem-se mecanismos tecnoló-gicos que estabeleçam a ligação en-tre os organismos e as entidades pú-blicas e privadas que possuem oknow how e contribuem para o in-cremento da Investigação e Desen-volvimento (I&D), estão criadas ascondições para que estas possam in-teragir nas diversas áreas, possibili-tando um mais fácil acesso ao públi-co em geral e aos especialistas emparticular, às diferentes áreas do sa-ber [1].

AS TECNOLOGIAS....Os mercados de consumo e entrete-nimento são, hoje em dia, os líderesno desenvolvimento e aplicação dasúltimas tecnologias informáticas.Todos os dias, a televisão é palco deum novo anúncio, vídeo–clip, oudocumentário que beneficia directa-mente das tecnologias desenvolvi-das. Igualmente, a sétima arte esta-belece, a cada filme, os novos limitesda computação. Os jogos ditam opasso na performance dos computa-dores e definem a nova Era das so-luções gráficas, acelerando o desen-volvimento da Internet e platafor-mas associadas. O Google-Earth é tal-vez o exemplo mais pertinente: ummotor de buscas geo-referenciadodisponível a todos os que tenhamacesso à Internet, permitindo buscasespaciais e análises sobre um mode-

lo tridimensional do planeta, foto re-alista e recheado com modelos 3D!Esta foi a forma como a Google rede-finiu os horizontes dos Sistemas deInformação Geográfica.

A publicação de Sistemas de Infor-mação baseados em modelos tridi-mensionais foto-realistas navegáveispermite a divulgação do patrimóniocultural com o objectivo de o dar a

Tekhnologia1

Sistemas de Informaçãoe Património Cultural

Levantamento Arquitectónico do Forte da Cidadela de Cascais: modelo tridimensional em ambiente de trabalho –wireframe, imagem do modelo geométrico poligonal, imagem do modelo final texturado com os ortofotos.

Na sociedade actual, em que o conhecimento é um bem de valor inestimável, a criação de ferramen-tas que permitam a sua sedimentação, divulgação e democratização, bem como o fácil e rápido aces-so ao mesmo, é uma necessidade.

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conhecer, enquanto bem cultural uni-versal, de forma a que esteja ao alcan-ce de todos, contribuindo para a de-mocratização do saber e para a cons-ciencialização do cidadão comumquanto à importância cultural do edi-ficado e da sua manutenção [2].

...E O PATRIMÓNIO ARQUITECTÓ-NICOHá muito que o património deixoude ser visto apenas de uma formapassiva, como registo cultural deum determinado povo, para passara ser visto, também, de uma formaactiva e integrante da nossa socieda-de. Assim, importa destacar a im-portância desse legado e utilizar es-se conhecimento para a manutençãoe conservação do edificado existen-te e futuro.

Levantamento do existenteAfotografia digital veio revolucionara capacidade de documentar visual-mente, e sem limites, todo o processode levantamento e elevou a Fotogra-metria ao estatuto digital, permitin-do a produção de desenhos técnicoscotados até ao pormenor pretendido.Não menos importante é a implemen-tação das últimas tecnologias lasernos aparelhos de medição, como as es-tações-totais da topografia, que agorasão capazes de fornecer medições comuma precisão milimétrica.

As comunicações móveis e o “Sistemade Posicionamento Global” (GPS) aju-dam à geo-referenciação e tornam pos-sível a comunicação em tempo real en-tre a equipa de campo e a de gabinete.

Representação e registo da informaçãoO grande desafio da actualidade é agestão de toda a informação geradapelos processos de levantamento eaquisição de dados.Para os dados vectoriais são usadosprogramas CAD com avançada ca-pacidade 3D. É hoje possível execu-tar um levantamento tridimensionalde rigor milimétrico, produzir ummodelo virtual e publicá-lo de umaforma foto-realista para que possaser “visitado” em ambiente virtual.Está, também, aberta a possibilida-de de proceder à análise formal domodelo para os mais variados fins,usando apenas as plataformas mul-timédia de publicação, tais como aInternet ou o DVD.Muitas vezes, a documentação pro-vém de diferentes disciplinas que seencontram num mesmo projecto.Convergir e unificar a informaçãodisponível e recolhida é fundamen-tal para que se tomem as decisõescorrectas. Depois de constituído ealimentado, o poder de gestão e aná-lise de dados fornecido por um SIG,é ímpar na sua capacidade de dar in-formação multidisciplinar.

Manutenção e monitorizaçãoA evolução dos sistemas de redes desensores permite, hoje em dia, con-siderar a monitorização através deum sistema de informação em 4D.Uma rede de sensores, criteriosa-mente distribuídos pelo monumen-to, comunica leituras em tempo real

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Levantamento Arquitectónico do Forte de Cascais (pormenor da porta principal): modelo tridimensional em ambiente de trabalho – wireframe, imagem do modelo geométricopoligonal, imagem do modelo final texturado com os ortofotos.

Modelo tridimensional de Seia:modelo tridimensional em ambiente de trabalho – wire-frame, imagem do modelo geométrico poligonal, ima-gem do modelo final em sistema de visualização tridi-mensional interactiva.

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TECNOLOGIAS

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para um Sistema de Informação tri-dimensional fazendo com que estevarie no tempo, acrescentando as-sim a quarta dimensão.

Simulação e ensinoA criação de infra-estruturas tecno-lógicas de informação permite, alémda divulgação e do fácil acesso aoconhecimento, a elaboração de con-teúdos multimédia que resultam emmecanismos de estudo e análise pa-ra estudantes e técnicos das diferen-tes áreas abrangidas. Uma das áreasonde se tem evoluído nesta relaçãoinformação – tecnologia – indiví-duo, é a área do Património Arqui-tectónico e Arqueológico [1]. Um exemplo prático deste tipo deaplicação é o projecto Urbanatur, de-

senvolvido pela Oz e promovido emparceria com o GECoRPA, cujo ob-jectivo é proporcionar aos váriosgrupos profissionais do sector daconstrução uma formação no seg-mento da reabilitação do edificado eda conservação e restauro do Patri-mónio Arquitectónico. O projectoUrbanatur recorre a ferramentas pe-dagógicas avançadas e adaptadasaos níveis de qualificação dos desti-natários.Destas ferramentas, pode destacar--se a utilização de maquetas virtuaistridimensionais e interactivas quepermitem ao formando quer oconhecimento profundo das técni-cas de reabilitação, quer das partesconstituintes das construções, per-mitindo uma compreensão e asso-

ciação fácil entre o legado e a ino-vação tecnológica. As maquetasapresentam-se como um modelo tri-dimensional manuseável, onde épossível, através da interacção di-recta com os aspectos formais e fun-cionais do modelo, obter uma expe-riência “tangível”.

CONCLUSÃOCom o recurso a técnicas digitaisabriram-se novos horizontes e pos-sibilidades em diferentes áreas deintervenção [3] que permitirão, nofuturo, criar plataformas de e-lear-ning, tendo em vista a formação detécnicos na área do património, deestudantes de Engenharia, Arqui-

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Exemplos de maquetas virtuais tridimensionais e interactivas, usadas como ferramentas de aprendizagem para oconhecimento de técnicas de reabilitação.

Levantamento Arquitectónico da Vila de Marvão, totalmente realizado em 3D e publicado em filme em temporeal, através de Internet.

Casa Irene Rolo: modelo tridimensional em ambien-te de trabalho – wireframe, imagem de modelo geo-métrico poligonal, imagem do modelo final em filmeinteractivo.

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tectura e de cursos técnico-profissio-nais e colmatar, desta forma, uma la-cuna grave de componente práticano actual sistema de ensino.Nestas condições, ao garantir-se opleno acesso ao património cultu-ral, abrir-se-ão novas perspectivasde intercâmbios culturais a nívelglobal, que permitirão uma rápidae eficaz interligação entre as diver-sas entidades e grupos de investi-gação, e, consequentemente, o sur-gir de novos instrumentos para aconservação preventiva, processosde intervenção e ferramentas decatalogação e divulgação; além dadinamização do tecido empresa-rial e industrial das áreas abrangi-das e o incremento social, com oaparecimento de novos registosprofissionais e uma maior eficáciana salvaguarda e protecção do pa-trimónio.

Referências Bibliográficas[1] Livro Verde para a Sociedade da Informação emPortugal, aprovado pelo Conselho de Ministros, nodia 17 de Abril de 1997, Direcção-Geral de Inovaçãoe de Desenvolvimento Curricular;

[2] Marcos, A., Bernardes P., Fontes, L., “MultimediaKiosks and the Ancient Times: an Archaeological Re-construction and History of Braga's Cathedral”, inComputer graphics TOPICS, 1999, vol. 11(5), pp. 21-23 (ISSN: 0936-2770);

[3] Arnold, David, “Computer Graphics and Archae-ology: Realism and Symbiosis”, Proceedings of ACMSIGGRAPH and EUROGRAPHICS Campfire onComputer Graphics and Archaeology, Salt Lake City,USA, May 2000;

Solomon, Anne, “Visualising African prehistory”,Proceedings of ACM SIGGRAPH and EUROGRA-PHICS Campfire on Computer Graphics and Archae-ology, Salt Lake City, USA, May 2000.

Notas1 – A origem da palavra Tecnologia vem do gregotekhno, de techne (técnica) que expressa arte ou habi-lidade e log(o) que significa palavra, estudo, trata-mento ou conhecimento.

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ANA CRAVINHO, Arquitecta, Oz, Ld.ªPAULO DE OLIVEIRA, 3D HELPS

Levantamento Arquitectónico da Vila de Marvão: imagem do modelo geométrico poligonal e imagem do modelo final em filme.

Casa Irene Rolo (seccionada por pisos): modelo tridi-mensional em ambiente de trabalho – wireframe e ima-gem do modelo geométrico poligonal.

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As tecnologias tornam-se, cada vezmais, imprescindíveis para a gestão in-tegrada, a análise e a divulgação da in-formação arqueológica, pois permitema organização, a armazenagem e a ac-tualização permanente de um grandevolume de informação, assim como oseu processamento rápido e eficaz.Os Sistemas de Informação Geográfica(SIG) têm merecido especial relevo nes-te domínio, enquanto plataforma de su-porte que permite a integração, o cruza-mento e a análise de informação georre-ferenciada, em vários formatos e prove-niente de diversos tipos de actividadearqueológica, de forma a prover um en-tendimento mais rico do passado. Neste sentido, as Tecnologias de Infor-mação constituem uma ferramenta im-portante de apoio à decisão e à gestãodos recursos culturais com vista à mi-nimização de impactes arqueológicos.Servem, também, como arquivo crite-riosamente estruturado do registocientífico da actividade arqueológica,um ponto de partida importante paraa criação de modelos do passado atra-vés da investigação.

ORIGEM E DESENVOLVIMENTODAS TECNOLOGIAS DE INFOR-MAÇÃO EM ARQUEOLOGIAAorigem da aplicação das Tecnologiasde Informação em Arqueologia re-monta aos anos 60 do século XX, quan-do surgiu a Nova Arqueologia nosE.U.A., que defendia os princípios da

objectividade e do Método Científico.Esta corrente da Arqueologia suscitoua quantificação da informação arqueo-lógica, que veio gerar uma grande

quantidade de dados susceptíveis detratamento informático. Se os meios informáticos, então dispo-níveis, eram lentos e pouco acessíveis,

AArqueologia e as Tecnologias de Informação

Do presente ao futuro

1–Elaboração de um modelo de cerâmica Grega ática. (a) Perfil a 2 dimensões. (b) Modelo tridimensional “wire-fra-me” gerado a partir do perfil. (c) “Rendering” utilizando luz e sombra. (d) Aplicação de decoração sobre o modelo.(Adaptado de Lock 2003, pp. 156-158)

A aplicação das Tecnologias de Informação em Arqueologia encontra-se em desenvolvimento con-tínuo, suscitado não só pelo progresso tecnológico, mas potenciado também pelo debate teóricodentro da própria Arqueologia.

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TECNOLOGIASTema de Capa

a revolução tecnológica que sucedeunas duas décadas seguintes teve comoconsequência a adopção das Tecnolo-gias de Informação no âmbito da Ar-queologia em países como os E.U.A. eo Reino Unido, quer no trabalho decampo, quer em investigação, quer naGestão dos Recursos Culturais ou emmuseus [1]. Em Portugal, a sua utili-zação generalizada deu-se um poucomais tarde, com o desenvolvimento deBases de Dados e de Sistemas deGestão de Informação Arqueológica,tanto a nível institucional como a nívelde investigação, da Internet, como ins-trumento de divulgação, e, mais recen-temente, com a constituição da asso-ciação CAAPortugal(1).

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃOE A GESTÃO DO PRESENTEA transformação constante da paisa-gem devido ao crescimento urbano, aodesenvolvimento de infra-estruturasou à alteração de práticas agrícolas,veio criar a necessidade de desenvol-ver ferramentas tecnológicas mais ade-quadas à Gestão dos Recursos Cultu-rais, no âmbito do planeamento e or-denamento do território. Neste senti-do, os SIGs, ao permitirem o processa-mento, o cruzamento e a análise emtempo útil de uma grande quantidadede dados georreferenciados em forma-to gráfico ou alfanumérico, susceptí-veis de serem projectados sobre umaplataforma cartográfica de temas deíndole diversa, tornam-se instrumen-tos importantes de apoio à decisão e àdefinição de zonas de protecção, porfacilitarem o entendimento da paisa-gem arqueológica nacional. Nos últimos anos, a actividade arque-ológica, e a detecção e salvaguarda dopatrimónio arqueológico em Portugal,têm sido regulamentadas e geridas pe-lo IPPAR e pelo IPA, que disponibili-zam os inventários gerais de sítios ar-queológicos constantes nas suas basesde dados para consulta on-line atravésdos seus websites (2), respectivamente oSistema de Informação do IPPAR e oSistema de Informação e Gestão Ar-queológica Endovélico. O registo de vestígios arqueológicos a

nível regional deve-se, geralmente, aostrabalhos desenvolvidos pelas dele-gações de organismos da adminis-tração central, pelas autarquias ou pe-las universidades. No entanto, as me-todologias empregues na detecção, narecolha e no processamento de dadosneste âmbito variam, desde simplesacções de reconhecimento a pros-pecções que implicam o registo siste-mático de sítios, ou de concentraçõesde achados de superfície, e da sua loca-lização georreferenciada no espaço, re-correndo por vezes a GPS (Global Po-sitioning System), à prospecção geofí-sica, ao processamento de fotografiasaéreas e à detecção remota [2 e 3]. Os SIGs possibilitam a organização sis-temática, a consulta e a publicaçãoatempada de arquivos de dados de es-cavações de sítios arqueológicos, por

facilitarem a gestão, a visualização e ainterpretação de toda a informaçãoque se encontra georreferenciada [4].Aassociação entre SIGs, entre desenhoassistido por computador (CAD) e Sis-temas de Gestão de Bases de Dados,permite a integração de informação emformato de texto, com o registo tridi-mensional das coordenadas de estru-turas e do espólio, o registo fotográfi-co, e os desenhos de perfis, alçados,cortes, estratigrafia e espólio. Destaforma, é possível visualizar as relaçõesentre os vários registos, por exemplo,entreestruturas, artefactos e estratigra-fia, efectuar análises preliminares, taiscomo contagens de artefactos em de-terminada estrutura, ou mesmo refe-renciar o espólio ao número de inven-tário atribuído pelo museu onde se en-contra guardado.

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2 – Análise da localização de sítios arqueológicos na paisagem da Região Oeste(3). Coberturas temáticas: (a) ModeloDigital de Elevação (DEM); (b) declive; (c) orientação; (d) hidrografia com definição de faixas tampão (buffers)

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TECNOLOGIAS

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Tema de Capa

As Tecnologias de Informação são uti-lizadas também para a inventariação,a gestão e a divulgação das colecçõesdos museus. Aconstrução de modelostridimensionais virtuais de objectos(Fig. 1), estruturas ou paisagens dopassado com recurso a programas deRealidade Virtual tem contribuído deforma significativa para a elaboraçãode exposições no âmbito da Arqueolo-gia. A Internet é uma ferramenta impor-tante para a aprendizagem, para a con-sulta e para a divulgação de infor-mação arqueológica, sendo possívelaceder à distância a publicações elec-trónicas, a Sistemas de Informação Ar-queológica ou a websites que permitemefectuar visitas virtuais.

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO EA ANÁLISE DO PASSADOAs aplicações iniciais de Tecnologias deInformação, no âmbito da investigaçãoacadémica em Arqueologia, incidiramsobre programas de análise estatísticamultivariada, como a seriação, a análi-se de grupos (cluster analysis), análisede componentes principais, análisecomposicional ou análise química. Mais recentemente, têm proliferadoprojectos de investigação que visam in-terpretar e explicar as estratégias depovoamento do passado, com recursoa SIGs, por estas tecnologias permiti-rem efectuar uma análise da implan-tação de sítios arqueológicos emfunção de atributos da paisagem, quesão definidos através de coberturas te-máticas sobre o ambiente, ou a recons-trução da paisagem antiga [3]. Os re-sultados obtidos através deste tipo deanálise podem ser empregues na ela-boração de modelos preditivos (Fig. 3),que, através de métodos de estatísticamultivariada ou da sobreposição de ní-veis (layers) recorrendo a operadoresbooleanos, indicam a probabilidade deum sítio arqueológico ocorrer em de-terminado local, permitindo definir zo-nas de sensibilidade arqueológica [5].A investigação sobre a mobilidade noespaço e territórios antigos pode tam-bém ser efectuada em ambiente SIG,

através da análise da área de captaçãodo sítio (site-catchment analysis), de ca-minhos óptimos (least cost paths), de su-perfícies de custo (cost-surfaces), de po-lígonos de Thiessen, ou da definiçãode zonas tampão (buffering).A crítica ao determinismo ambientaldestes modelos suscitou o desenvolvi-mento de estudos com base em aspec-tos culturais ou cognitivos. Surge, as-sim, a análise de superfícies de visibili-dade (viewshed analysis), que, atravésda álgebra cartográfica, produz umasuperfície com indicação binária daárea da paisagem que é, ou não, visívela partir de um ponto, ou de vários (cu-mulative viewshed). O futuro parece residir na utilizaçãode programas de Realidade Virtual,Modelação Gráfica e InteligênciaArtificial, atendendo ao rigor do re-gisto científico, para simular proces-sos ambientais ou para reconstruirmodelos virtuais de paisagens anti-gas habitadas por agentes virtuais,que tomam decisões sobre a implan-tação das suas povoações com baseno conhecimento de recursos am-bientais e na aquisição de conheci-mentos culturais.

Notas(1) http://www.gt.estt.ipt.pt/CAAP/(2) www.ippar.pt e www.ipa.min-cultura.pt(3) Projecto de investigação financiado pela FCT noâmbito do Programa Praxis XXI.

Referências bibliográficas[1] Lock, G. (2003) - Using Computers in Archaeology – Towardsvirtual pasts, Routledge, London and New York.

[2] Carvalho, H.; Bernardes, J.P. (2001) – “O povoamentoromano de Bracara Augusta e Collippo: exemplos de aplicaçãode um SIG”, in Actas do 3º Congresso de Arqueologia Peninsular(Vila Real, 1999), Vol. 10, ADECAP, Porto, pp. 125-134.

[3] Millet, M.; Queiroga, F.; Strutt, K.; Taylor, J.; Willis, S.(2000) - “The Ave Valley, northern Portugal: an archaeologicalsurvey of Iron Age and Roman settlement”, in InternetArchaeology, Vol 9, http://intarch.ac.uk/journal/issue9/millett_toc.html, consultado a 11/03/02.

[4] Martins, M.; Giestal, C. Dantas (2001) – “ O projecto SIA-BRA: um Sistema de Informação para a Arqueologia Urbanade Braga”, in Actas do 3º Congresso de Arqueologia Peninsular(Vila Real, 1999), Vol. 10, ADECAP, Porto, pp. 43-62.

[5] Rua, H. (2005) – “Geographic Information Systems inArchaeological Analysis – GisArcheo” in Journal of IberianArchaeology, Vol. 7, pp. 201-215.

* Gostaria de agradecer ao Dr. Eurico de Sepúlveda a revisão do texto.

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MARIA EMPIS,Arqueóloga

3 – Modelo preditivo baseado em operações booleanas(3)

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VISITA VIRTUALTema de Capa

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A CASA DE SARMENTOEntre os seus propósitos, destacam--se o apoio à aplicação dos conheci-mentos científicos e tecnológicos emprojectos de restauro e conservaçãode património material, e a utilizaçãodas novas tecnologias em projectosde investigação, produção e divul-gação de conteúdos relacionadoscom as problemáticas históricas, ar-queológicas e patrimoniais.Esta jovem instituição, criada em2002, está ligada à figura de FranciscoMartins Sarmento, o estudioso dasmemórias materiais do passado daregião de Entre-Douro-e-Minho, res-ponsável por um significativo impul-so para o desenvolvimento daarqueologia portuguesa, a partir do

momento em que começou a desven-dar os mistérios que se escondiam nasruínas de uma povoação milenar, si-tuada nas imediações das terras dosseus antepassados, a Citânia de Bri-teiros. Asua obra científica contribuiupara o despertar da consciência patri-monial que está na matriz da Socie-dade Martins Sarmento e da imagemque Guimarães hoje transmite de siprópria.

AS ACTIVIDADES DA CASA DE SAR-MENTO DISTRIBUEM-SE POR QUA-TRO NÚCLEOSNúcleo de Estudos de Arqueologia eHistória Local Tem assegurado o enquadramentotécnico e científico adequado ao tra-

tamento, conservação e estudo dovasto património arqueológico daSMS, apoiando a reestruturação emodernização dos museus da Socie-dade Martins Sarmento e promoven-do a preservação e o conhecimentodos sítios arqueológicos que são suapropriedade ou estão sob sua admi-nistração.

Núcleo de Documentação Abade deTagilde Está vocacionado para o tratamentotécnico de fundos documentais e bi-bliográficos através da sua inventa-riação, catalogação, pesquisa, digita-lização e disponibilização em supor-te digital. No âmbito das actividadesdeste núcleo, foi assumido como ob-

A Casa de Sarmento

Novos olhares sobre o Património

Casa de Sarmento

Com sede em Guimarães, aCasa de Sarmento - Centro deEstudos do Património - é umaUnidade Cultural da Univer-sidade do Minho que resultade uma parceria entre a Socie-dade Martins Sarmento e a Câ-mara Municipal de Guima-rães. Ainda em fase deinstalação, irá ocupar um pala-cete do século XIX que perten-ceu ao arqueólogo FranciscoMartins Sarmento, localizadoem pleno Centro Histórico deGuimarães, na base da colinado Castelo.

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VISITA VIRTUALTema de Capa

jectivo prioritário a disponibilizaçãopública em formato digital do acervoda SMS. Correspondendo a este pro-pósito, tem sido desenvolvida umaintensa actividade de digitalização deum vasto conjunto de documentos,que estão hoje disponíveis na Inter-net, de modo gratuito e sem quais-quer restrições de acesso. Desses con-teúdos, destacam-se os artigos publi-cados na Revista de Guimarães, umadas mais antigas publicações científi-cas portuguesas, que a SMS edita des-de 1884, e a riquíssima colecção degravuras daquela Instituição. Presen-temente, está em curso o processo dereprodução da colecção de jornais daSMS.Movida por preocupações de salva-guarda do património e da memória,a Sociedade Martins Sarmento reu-niu, ao longo da sua existência, umavaliosa hemeroteca, constituída pelascolecções dos periódicos que, desde oprimeiro quartel do século XIX até

aos nossos dias, se publicaram emGuimarães, integrando mais de 150títulos de jornais diferentes. Muitosdos exemplares pertencentes a estacolecção são os únicos conhecidos,pelo que tem havido particular preo-cupação com a sua conservação. Asua digitalização contribuirá para osalvamento desse acervo patrimonialinsubstituível que, pela natureza doseu suporte original (papel de fracaqualidade e excessivamente ácido),estava em risco de se perder irreme-diavelmente, se continuasse a ser en-tregue para consulta pública.

Núcleo de Conservação e Restauroda Casa de Sarmento A sua aptidão irá centrar-se nas inter-venções no campo do restauro e daconservação preventiva de espécimesdo património material. Com um per-fil que se prevê pioneiro e inovador,com um amplo campo de intervençãoe um elevado potencial técnico e cien-

tífico assegurado pelos laboratóriosda Escola de Engenharia da Universi-dade do Minho, este núcleo tem comoobjectivos a promoção e realização deprojectos de investigação na área daconservação e restauro de bens mate-riais. Ao mesmo tempo, propõe-se di-vulgar os resultados da investigaçãorealizada na Universidade do Minho,dentro da sua área de intervenção, eprestar serviços à comunidade noquadro das suas competências. Nestemomento, este núcleo já disponibilizana Internet um vasto conjunto de tex-tos científicos e relatórios técnicos, no-meadamente no âmbito do estudo edas metodologias do diagnóstico, daintervenção preventiva e do restaurode construções antigas, desenvolvi-dos no âmbito do Departamento deEngenharia Civil da Universidade doMinho.

Núcleo de Estudos VicentinosA Casa de Sarmento também integra

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A visita virtual à Citânia de Briteiros Vista aérea da Citânia de Briteiros

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VISITA VIRTUAL

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Tema de Capa

este núcleo, que está vocacionado pa-ra o estudo e divulgação da obra deGil Vicente e da história do teatro por-tuguês.Uma das principais preocupações doarqueólogo Francisco Martins Sar-mento, prendia-se com a necessidadede defesa e salvaguarda dos monu-mentos arqueológicos que descobriae estudava. Para esse fim, em muitoscasos, tratava de negociar a sua aqui-sição ou de obter junto dos respecti-vos proprietários compromissos es-critos em que se obrigavam a não per-mitirem a sua destruição. Foi assimque se tornou proprietário de diver-sos monumentos e sítios arqueológi-cos espalhados por diversos conce-lhos (Guimarães, Guarda, Bragança,Marco de Canaveses e Barcelos), queactualmente pertencem à SociedadeMartins Sarmento.

A CITÂNIA DE BRITEIROS De todos esses sítios, o mais emble-

mático é uma das jóias da arqueolo-gia portuguesa, a Citânia de Briteiros.Trata-se de um povoado fortificadoproto-histórico romanizado, de gran-des dimensões (ocupa uma área decerca de 24 hectares), protegido portrês linhas de muralhas principais eduas complementares. A área centraldistribui-se ao longo de dois eixosprincipais, que são atravessados porarruamentos menores que organizamo espaço em quarteirões, onde se im-plantam conjuntos de habitações deplanta circular e rectangular. No ex-tremo sul da Citânia, entre a segundae a terceira linhas de muralhas, en-contra-se um balneário castrejo, como respectivo forno. A Citânia é a es-tação arqueológica castreja portugue-sa mais extensamente escavada.No espaço que dedica à Citânia, noseu sítio na Internet, a Casa de Sar-mento permite a descoberta da li-gação da actividade de arqueólogo deFrancisco Martins Sarmento à sua

prática de fotógrafo. Foi através dedois álbuns fotográficos (o primeirode Dezembro de 1876, o outro de Fe-vereiro de 1878), que preparou e en-viou a diversas instituições científi-cas do seu tempo, que chamou aatenção dos estudiosos para a im-portância das suas descobertas emBriteiros e em Sabroso. Esses álbunssão peças fundamentais da históriada fotografia científica e da arqueolo-gia em Portugal e podem ser encon-trados no sítio na Internet da Casa deSarmento, onde também se pode con-sultar, para além de vasta documen-tação fotográfica, alguns dos textosmais antigos com referências à Citâ-nia de Briteiros.No quadro de um processo de inves-timento na valorização da Citânia deBriteiros, actualmente em curso, queenvolveu o restauro do Solar da Pon-te (uma antiga propriedade de Mar-tins Sarmento, em S. Salvador de Bri-teiros) e a sua reconversão num novoespaço museológico de feição mono-gráfica, o Museu da Cultura Castreja,bem como intervenções de requalifi-cação e de prospecção das ruínas daCitânia e a criação de uma nova es-trutura de acolhimento a visitantesnaquele sítio arqueológico, a Casa deSarmento concebeu, desenvolveu etornou acessível, através da Internet,uma visita virtual à Citânia.O projecto de organizar um percursovirtual multimédia através da Citâ-nia de Briteiros enquadra-se no con-junto de acções promovidas pela So-ciedade Martins Sarmento e pela Ca-sa Sarmento, com a finalidade de di-vulgar aquele monumento arqueoló-gico paradigmático da Cultura Cas-treja. Através desta visita virtual, comversões em português e inglês, pre-tende-se inserir este magnífico arque-

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Mais aspectos da visita virtual à Citânia de Briteiros

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VISITA VIRTUALTema de Capa

ossítio na rede do património dispo-nível na Internet, atraindo novos visi-tantes à Citânia, ou recuperando asimagens fixadas na retina de quem jápasseou entre as ruínas do povoadoproto-histórico de Briteiros.O roteiro da visita, acessível atravésdo sítio da Casa Sarmento, segue opercurso tradicional, estabelecidodesde os anos 30 e 40, com base naprópria estrutura de organização dopovoado, onde se destaca o grande ei-xo que parte da porta sudeste e quesobe até à plataforma superior, a acró-pole. Esse trajecto foi percorrido, insitu, quotidianamente e durante sé-culos, pelos habitantes do povoado.Desde o século XIX, após as primei-ras escavações de Francisco MartinsSarmento, tem sido igualmente visi-tado por inúmeros visitantes, profes-sores e especialistas em Arqueologia,alunos de Universidades e Escolas eturistas interessados no patrimóniocultural. Agora é possível percorrê-loa partir de qualquer local, no monitorde um computador, acedendo a infor-mação que está estruturada em dife-rentes níveis de desenvolvimento.Para a visita virtual foram fixados 18pontos, sendo possível fazer o mes-mo caminho que normalmente se rea-liza, ou qualquer outro. As fotogra-fias de 180º e de 360º permitem obser-var de sucessivos ângulos a paisagemem redor, quer a imediata, quer a maisdistante. Actualmente, a visibilidadeé um conceito muito utilizado em ar-queologia. Não interessa observarapenas as ruínas, mas tambémpercorrer com a vista as paisagensque se avistam de um determinadoponto. A leitura completa de monu-mento não se deve limitar a um es-paço de evidências materiais. Na aná-lise, ou visita, é forçoso incluir a sua

envolvente, sem a qual se perde mui-to do significado do monumento. Osdezoito pontos escolhidos são locaisonde se convida o visitante a parar e aolhar em redor. As imagens aéreasajudam à leitura do monumento, re-velando a grande extensão e a densi-dade habitacional do que foi outroraum dos grandes povoados do Noro-este Peninsular.Para quem ainda não se deslocou àCitânia de Briteiros, esta visita virtualfuncionará, certamente, como umconvite para uma experiência alician-

te de descoberta do nosso passadomais remoto. A Casa de Sarmento pode ser visitada no endereçowww.csarmento.uminho.pt.Para quem já lá esteve, é um convitepara uma visita de redescoberta.

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ANTÓNIO AMARO DAS NEVES, Comissão Instaladora da Casa de SarmentoCentro de Estudos do Património,Universidade do Minho, Guimarães

Planta da Citânia de Briteiros

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PROJECTOS & ESTALEIROS

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DEFINIÇÃO DA METODOLOGIAOs trabalhos preconizados envolverama aplicação de medidas de diversas na-turezas, tendo por base operações deconservação dos elementos pétreosexistentes, de forma a minimizar o pro-cesso acentuado de degradação quetêm sofrido. Os elementos pétreos, de natureza cal-cária, apresentavam níveis de desgastee meteorização superficial acentuados,pelo que se entendeu encarar a inter-venção numa perspectiva de conferirmaior coesão superficial através da con-solidação e preenchimento de lacunas,e posteriormente hidrofugação das su-perfícies pétreas. Esta metodologia permite, assim, man-ter o legado patrimonial em detrimentoda substituição integral de peças, o queimplica uma intervenção de naturezamenos específica mas mais complexaem termos operacionais.

A INTERVENÇÃOA intervenção contemplou acções deconservação nos elementos da fachadafrontal, com a excepção dos cunhais, damoldura do sino e da fachada lateral di-reita, onde se encontravam ombreiras everga da porta de acesso, bem como onicho que encima a porta e a molduraem cantaria da janela central.Dada a relevância assumida na evoluçãodo estado patológico da construção, deu--se maior importância à definição deuma metodologia que impedisse o agra-vamento da situação existente. Foram,portanto, ordenados trabalhos de modoa prezar a compatibilidade técnica e se-quencial das acções de conservação pre-

vistas, respeitando as prioridades na or-dem de execução e a garantia da eficáciadas intervenções parcelares.A intervenção sobre os elementos pé-treos exige uma plataforma onde sejamidentificadas, com precisão, as anoma-lias, a sua extensão, gravidade e origem. Ocenário patológico foi identificado pordepósitos superficiais, constituídos porpoeiras (depósitos nos locais reentrantese protegidos da chuva directa, sendoigualmente habitatideal para a fixação deplantas) e crostas negras (resultado dainteracção da pedra com as partículas decarbono resultantes da combustão deóleos minerais. A poluição atmosféricaproduziu uma sulfatação do carbonatode cálcio, transformando-o em gesso, oque lhe confere o aspecto pulverulento).Foi, igualmente, feita referência àexistência de concreções (deposições decalcite reprecipitada provenientes dadissolução e posterior precipitação dosmateriais do interior das alvenarias e pe-dras, através da acção das águas e de fe-nómenos de alveolização).

As juntas entre os elementos encontra-vam-se parcialmente abertas, nomeada-mente em locais com permanente passa-gem de água. Noutros pontos, a arga-massa ainda existia mas encontrava-sedegradada.A metodologia de intervenção na con-servação dos elementos pétreos consti-tuiu-se muito sumariamente por: remo-ção de materiais aplicados em inter-venções anteriores – argamassas à basede cimento portland; limpeza de coloni-zação biológica através da desinfestaçãode líquenes e microflora por aplicação debiocida; limpeza mecânica generalizadapor via húmida; limpeza de áreas comcrosta sobre substrato são e degradado,onde se executou uma consolidação pré-via; remoção de depósitos superficiais co-erentes – concreção; as áreas com fenó-menos de alveolização foram limpas a seco e previamente consolidadas no casode degradação do material; os alvéolosforam posteriormente preenchidos (demodo a evitar infiltrações de água e de-pósito de sujidades) e estucados atravésde argamassas apropriadas e ensaiadascromaticamente.Como parte da intervenção constituiu--se, ainda, a consolidação de fracturase o tratamento de juntas através da injecção e aplicação de argamassas de características apropriadas, assim como a hidrofugação final dos elemen-tos pétreos.

Arecente intervenção executada pela Monumenta, Ld.ª na Igreja da Misericórdia, em Buarcos, imóvelsob responsabilidade da Santa Casa da Misericórdia de Buarcos, encontra-se concluída.

Intervenção de conservação dos elementos pétreos minimiza processo de degradação

Igreja da Misericórdia em Buarcos

JOÃO VARANDAS,Engenheiro, Monumenta, Ld.a

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PROJECTOS & ESTALEIROS

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A Casa Senhorial Barata-Feyo desta-ca-se no tecido urbano da zona antigade Alcochete pela sua presença mar-cante e situação excepcional junto aorio, com vista privilegiada sobre o es-tuário do Tejo.A sua antiguidade e importância pa-trimonial são testemunhadas pelaexistência de uma fonte quinhentistano pátio e por um conjunto de colu-nas Manuelinas no edifício adjacentea norte. A relevância histórica e artís-tica de tais elementos mereceu a in-tervenção do IPPAR, que enunciourecomendações para a sua preser-vação e correcta integração na cons-trução. Das escavações, acompanha-das por uma equipe de arqueólogos,foram também recuperados diversosartefactos centenários de cerâmica.O estado de abandono e a ruína parcial

de coberturas e pavimentos conduziua uma operação prévia de consoli-dação das paredes-mestras, com apli-cação de tirantes de aço, injecção e se-lagem de fendas, assim como a demo-lição de coberturas e pisos elevados.Aempreitada em apreço consistiu, noessencial, na reconstrução do edifíciomantendo as paredes principais dealvenaria e a execução de novos pavi-mentos e coberturas em madeira emcumprimento de um projecto, da au-toria do gabinete A2P, pautado pelaideia de restauro das estruturas exis-tentes e mantendo o espírito e a for-ma de um edifício antigo.Os pavimentos em soalho de madei-ra assentaram numa estrutura mistade vigas de madeira 16x8 e perfis deaço HEB200. Para as zonas húmidasoptou-se por uma solução mista aço-

-betão, tipo pré-laje, com cofragemcolaborante.De salientar a forma de apoio dos pa-vimentos nas paredes; para não fragi-lizar as paredes mestras, utilizando oprocesso tradicional de encastramen-to das vigas, optou-se por uma so-lução menos intrusiva, com apoio dasvigas em cintas de aço, cantoneira120x120, ligadas às paredes por pre-gagens com varões de aço inox ø16afastadas de 0.50m.As coberturas foram reconstruídasconforme as soluções originais comasnas e barrotes de madeira e telhaportuguesa, resultando um conjuntode grande carácter e beleza.

Um bom exemplo de reabilitação profunda

Recuperação da Casa Senhorial Barata-Feyo

Aspecto geral da estrutura de piso

Em Alcochete, a empresa L. N. Ribeiro Construções, Ld.ª conduziu a empreitada de recuperação daCasa Senhorial Barata-Feyo, no âmbito de um projecto para Turismo de Habitação.

LUÍS RIBEIRO,Engenheiro Civil, L. N. Ribeiro Construções, Ld.ª

Asnas de madeira do salão

Fase de fixação das cintas por pregagem

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PROJECTOS & ESTALEIROS

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INTRODUÇÃOPor solicitação da Câmara Municipalde Portimão, a Oz, Ld.ª realizou umextenso estudo de diagnóstico parasuporte ao desenvolvimento do pro-jecto de execução das obras de remo-delação dos edifícios da antiga fábri-ca FEU, destinados à instalação domuseu municipal (Fig. 1).O estudo incidiu em duas vertentes.Por um lado, na recolha de infor-mação, dado não se encontrarem dis-poníveis os projectos originais sobreas características estruturais de setedos edifícios (paredes resistentes, es-truturas de betão armado e estrutu-ras metálicas) e, por outro lado, sobreos parâmetros da durabilidade doselementos de betão armado, relacio-nados com o mecanismo de corrosãodas armaduras. Refira-se ainda que, para além do le-vantamento arquitectónico realizadopreviamente ao estudo da Oz foi,

também, realizado o reconhecimentogeotécnico do solo de fundação pelaGeocontrol, S. A..

METODOLOGIAA metodologia utilizada foi a defini-da previamente pelo gabinete projec-tista, e constava no caderno de encar-gos da consulta para a angariação do fornecedor dos trabalhos de ins-pecção e ensaios. A seguir, descre-vem-se, resumidamente, os trabalhosrealizados.1. Caracterização dimensional dasestruturas: alvenaria, betão armado,metálica e madeira.A caracterização dimensional das pa-redes resistentes de alvenaria consis-tiu na abertura de “janelas”, com re-moção do reboco, utilizando ferra-mentas ligeiras, para a caracterizaçãodos materiais constituintes e na me-dição directa da espessura da secçãotransversal através dos vãos.

A caracterização dimensional das es-truturas de betão armado (alte-rações), das estruturas metálicas edas estruturas de madeira das cober-turas foi levada a cabo através da me-dição directa da geometria da secçãotransversal dos diferentes elementosestruturais tipo, assinalando-se a lo-calização das secções levantadas so-bre os desenhos do levantamento ar-quitectónico existente, e incluindo-sea representação, em suporte CAD, dasecção dos diferentes elementos es-truturais levantados (Fig. 2). Nos ele-mentos metálicos foram feitas me-dições indirectas através de ultra--sons, nomeadamente nos casos ondeapenas uma das faces do elemento emanálise estava acessível.2. Caracterização dos sistemas deapoio dos elementos de betão arma-do nas paredes de alvenaria e das as-nas metálicas e das asnas de madeiranas consolas de betão.

Caracterização dos elementos resistentes

Portimão – Futuro Museu Municipal

Fig. 1 - Vista do interior de um dos edifícios, mostrando parte do espólio a recuperar para o museu

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PROJECTOS & ESTALEIROS

Nos alinhamentos das vigas principaistransversais foi utilizado o pacómetrono sentido de averiguar a existência deelementos de betão armado ocultosnas paredes de alvenaria, nomeada-mente pilares ou vigas longitudinais.A caracterização dos sistemas deapoio das asnas metálicas e de madei-ra foi levada a cabo através de examevisual, incidindo sobre todas as con-solas, com registo fotográfico de por-menor. Foi feita a definição da geo-metria dos sistemas de apoio das as-nas-tipo nas consolas, sendo repre-sentada em conjunto com os porme-nores-tipo e registando-se, igualmen-te, o estado de conservação aparente.3. Avaliação do estado de tensão edeterminação do módulo de elasti-cidade das paredes resistentes de al-venaria, através de ensaios de maca-cos planos simples e duplos.Teve em vista a avaliação do estadode tensão e das propriedades mecâni-cas das alvenarias (Fig. 3), parâme-tros destinados à verificação da segu-rança estrutural.

4. Caracterização da resistência àcompressão dos betões através deensaios de rotura. As amostras de betão foram extraídasdos elementos estruturais com caro-tadora em locais previamente sonda-dos com o pacómetro, a fim de não se-rem danificadas as armaduras, tendosido feita a caracterização visual dosmateriais em presença das carotes. Osfuros foram obturados com argamas-sa de reparação estrutural através datécnica de compactação a seco.O tratamento dos resultados dos en-saios foi feita segundo a publicação“Concrete Society – Report 11”.5. Avaliação das armaduras dos ele-mentos de betão armado com o pacó-metro.Os ensaios foram realizados com opacómetro, permitindo levantar adisposição das armaduras nos dife-rentes elementos estruturais tipo deuma forma não destrutiva. As malhaslevantadas foram representadas es-quematicamente sobre desenhos, emsuporte CAD, com indicação dos va-lores medidos do recobrimento, bemcomo a secção dos elementos princi-pais tipo com a pormenorização dasarmaduras principais.6. Ensaios de durabilidade dosbetões (corrosão das armaduras).Os ensaios de determinação da pro-fundidade de carbonatação dos betões

foram realizados sobre furos previa-mente executados na superfície doselementos em estudo, bem como nascarotes logo após a sua extracção parase obter informação adicional (Fig. 4).Os ensaios de determinação do teor decloretos presentes nos betões consisti-ram na recolha de pó e posterior en-saio com um eléctrodo específico decloretos, permitindo averiguar a even-tual contaminação dos betões.Conforme exigido no Plano de Quali-dade do estudo, para efeitos de rastre-abilidade, foi feita a localização de to-dos os ensaios sobre os desenhos exis-tentes. Igualmente, foi feito o registofotográfico para evidenciação dos tra-balhos de inspecção e ensaios realiza-dos, nos vários edifícios em estudo.

CONCLUSÕESTal como pretendido pela equipa pro-jectista, a informação recolhida, juntocom a de outras especialidades, permi-tiu escolher as soluções de intervençãoconsideradas mais adequadas, quer asde preservação, quer as de reabilitaçãoestrutural, necessárias para dotar asconstruções da segurança actualmenteexigida, atendendo-se às suas caracte-rísticas específicas.

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CARLOS MESQUITA,Engenheiro Civil, Oz, Ld.ª

Fig. 2 – Corte transversal de um dos edifícios evidenciando a estrutura Fig. 3 – Realização do corte numa parede resistente de alvenaria de pedra para a reali-zação de ensaios de macacos planos

Fig. 4 – Determinação da profundidade de carbona-tação dos betões sobre carotes

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NOTÍCIA

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O IAPXX - Inquérito à Arquitecturado Século XX em Portugal - é uma ini-ciativa da Ordem dos Arquitectos emparceria com a Fundació Mies van derRohe e o Instituto das Artes, co-finan-ciada pelo Interreg III - SUDOE, queteve como objectivo registar em basede dados digital um levantamento dopatrimónio arquitectónico construí-do em Portugal durante o século XX,tornando-o matéria acessível ao pú-blico em geral. Foi inspirado no In-quérito à Arquitectura Popular Por-tuguesa que se realizou entre 1955 e1961 sob a tutela do então SindicatoNacional dos Arquitectos.Com este levantamento, desenvolvi-do entre 2003 e 2006, a Ordem dos Ar-quitectos procura criar mecanismosque permitam à sociedade portugue-

sa conhecer de modo informado esustentado a nossa arquitectura no-vecentista com a finalidade de, porum lado, ajudar a traçar estratégiasde salvaguarda dessa memória maisrecente e, por outro, conduzir aoaprofundamento do significado danossa cultura arquitectónica actual.Sendo um projecto desenvolvido à es-cala do território nacional, o IAPXXassentou em critérios de representati-vidade cronológica, estilística, regio-nal ou tipológica, sem ignorar algu-ma valoração da “qualidade arquitec-tónica”. O IAPXX foi estruturado emtrês fases: a primeira envolveu a defi-nição metodológica e conceptual, aorganização e constituição das equi-pas e a concepção da base de dadossuporte do arquivo digital; a segunda

fase teve início na acção de formaçãodas equipas de trabalho de campo,sendo dedicada ao inventário e aocarregamento da informação recolhi-da in-loco na base de dados; a terceirafase, foi caracterizada pela validaçãodos conteúdos e pela pesquisa docu-mental, culminando com a disponibi-lização de uma base de dados on-line(www.arquitectos.pt) onde constamcerca de 6000 obras.

Fonte: http://iapxx.arquitectos.pt

O Património Arquitectónico construído em Portugaldurante o século XX encontra-se, agora, compilado numabase de dados digital. Uma iniciativa concretizada pelaOrdem dos Arquitectos que torna, assim, acessível estamatéria ao público em geral.

Inquérito à Arquitectura do Século XX em Portugal

MBC

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NOTÍCIA

37Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

Soc. Construções José MoreiraAv. Manuel Alpedrinha 15 • 2720 - 352 Amadora, PORTUGAL

Tel: +351 21 496 1270 • Dct: +351 21 499 8655 • Mob: +351 91 7230 635 • Fax: +351 21 495 [email protected][email protected] • www.josemoreira.com

Capital Social € 750.000, CRC Amadora 4482, Alvará Construção 2294, NIF 501337300

As Contas Na-cionais difundi-das pelo INEvieram confir-mar que 2005foi um ano, nãosó de queda da

actividade e da procura sentida pelosector da construção, mas de agrava-mento dessa tendência, face ao quehavia sucedido em 2004.O ano de 2005, em comparação com oano de 2004, ficou marcado pelo de-créscimo de quase todos os indicado-res económicos de referência do sec-tor da construção e obras públicas.Esta recessão económica reflectiu-senas vendas da Stap, S.A., que sofre-ram uma redução de 6%. Ainda as-sim, o volume de negócios atingido

em 2005 superou o orçamentado e osresultados continuaram a ser bastan-te satisfatórios. A competência técni-ca da empresa, reconhecida pelosClientes, aliada à elevada produtivi-dade conseguida, permitiram que odesempenho da Stap continuasse adistinguir-se positivamente.Não obstante a redução da activida-de, os indicadores económicos da em-presa apresentam valores positivoscom algum relevo: a rendibilidade dasvendas (5,3%) e do capital próprio(15,6%) e a produtividade do trabalhoque foi, em 2005, de € 45.000 / traba-lhador, bem acima da produtividadedo país, € 26.000 (VAB / activo). Um dos indicadores de maior relevopara a economia do país, como se sa-be, é o VAB. Desde o começo da actual

crise, em 2002, o VAB do sector daconstrução civil sofreu uma descidaacumulada de 20,6%. Na Stap, o VABregistou um aumento acumulado de32% durante o mesmo período.A Stap encontra-se bem posicionadanos “rankings” das PMEs nacionais,agora publicados, com base nos da-dos de 2004.No “ranking” das PMEs do sector daconstrução, publicado pelo Semaná-rio Económico, a empresa ocupa a 8.ªposição. No “ranking” das 1500 maiores PMEsdo Jornal de Negócios, publicado emAbril de 2006, a empresa ocupa a 104.ªposição (registando uma subida de545 posições em relação ao ano ante-rior).

A Stap singra, apesar da recessão

36-38 Notícias+agenda.qxp 7/7/06 1:19 PM Page 37

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Prémio RECRIA 2005Instituido em 1999 peloIGAPHE (Instituto deGestão e Alienação doPatrimónio Habitacionaldo Estado), o PrémioRECRIA é actualmenteatribuído pelo INH (Ins-tituto Nacional de Ha-bitação). A 7.ª edição do

Prémio RECRIA, cuja cerimónia de entrega de diplomasdecorreu em 14 de Dezembro passado, contou com 23empreendimentos candidatos. O primeiro prémio desteano foi atribuído à reabilitação do edifício na Rua TeófiloBraga, n.º 19, em Lisboa, e totalizou € 30.000. O segundoprémio foi para o edifício na Rua Poiais de São Bento, n.º 51a 55, em Lisboa, e totalizou € 12.500. Foram ainda atribuí-dos um terceiro prémio e uma menção do júri. O programaRECRIA (Regime Especial de Comparticipações para aRecuperação de Imóveis Arrendados) surgiu em 1988 e jáajudou a financiar a recuperação de cerca de 30 mil fogosem diversos concelhos do país.

MBC

INH lança livro sobre vinte anosde habitação de interesse socialem Portugal (1984 a 2004)

No passado dia 26 de Maio, no Auditório da Torre do Tombo,em Lisboa, foi lançada uma publicação que regista os vinteanos de actividade do INH e apresenta, tecnicamente, umleque amplo de casos residenciais e urbanos de habitação deinteresse social realizados entre 1984 e 2004, em Portugal.A publicação, intitulada “1984-2004 – 20 anos a promover aconstrução de habitação social”, é da autoria do Arq.º AntónioBaptista Coelho e está disponível, sob pedido, na sede do INHem Lisboa. Aobra integra um pequeno texto de apresentaçãoelaborado pelo Sr. Arq.º Nuno Teotónio Pereira, bem como acolaboração de vários técnicos do INH, com destaque para osArq.os José Clemente Ricon e Rogério de Oliveira Pampulha, aDr.ª Maria Emília Martins e a Eng.ª Maria da Luz Magalhães.Citamos um parágrafo do convite que o INH endereçou, assi-nado pelo Presidente do Conselho Directivo, Eng.º JoséTeixeira Monteiro:“Esta publicação tem como objectivo dar a conhecer o registotécnico global dos muitos empreendimentos desenvolvidosao longo desse período, por todo o País, no domínio daHabitação a Custos Controlados e foi pensada e desenvolvidapelo INH, em parceria com o Laboratório Nacional deEngenharia Civil.”

NOTÍCIAS / AGENDA

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River Flow 2006 – InternationalConference on Fluvial Hidraulics

6 a 8 de Setembro de 2006, LisboaOrganização: Instituto Superior Técnico, LaboratórioNacional de Engenharia Civil e International Associationof Hydraulic Engineering and ResearchOs fenómenos da hidrodinâmica e do transporte de sedi-mentos irão ser os principais temas abordados no RiverFlow. A conferência reúne oradores com diferentes abor-dagens e experiências e pretende ser um fórum de troca deideias, conhecimentos e experiências, para todos os partici-pantes, desde os engenheiros e os investigadores a outrosprofissionais relacionados com a área dos recursos hidráu-licos e fluviais. Informações: Prof. António H.Cardoso, Instituto SuperiorTécnico, Departamento de En-genharia Civil e Arquitectu-ra. Telf.: 218 418 154 www.riverflow2006.org

III Bienal de RestauraçãoMonumental

23 a 25 de Novembro de 2006, SevilhaOrganização: Convocada pela Academia del Partal –Asociación Libre de Profesionales de la RestauraciónMonumental e organizada pelo Instituto Andaluz delPatrimonio Histórico de la Dirección General de BienesCulturales de la Junta de Andalucía. O evento é realizadoem colaboração com a Dirección General de Bellas Artes delMinisterio de Cultura e o Programa de Conservación delPatrimonio Histórico Español de la Fundación CajaMadrid. À semelhança das edições anteriores, a III Bienalde Restauração Monumental pretende constituir-se comoum fórum onde se possam abordar, com o rigor científiconecessário, temas de grande envergadura. O tema centralserá "Sobre a des-restauração" nos monumentos e o progra-ma é composto por quatro sessões: 1ª sessão – Questões teó-ricas relacionadas com a des-restauração; 2ª sessão – Com-patibilidade dos materiais e das técnicas de restauração; 3ªsessão – Experiências nacionais e estrangeiras de des-res-tauração; 4ª sessão – centrada nos conceitos de ConservaçãoeDes-restauração na actual e futura legislação sobre o patri-mónio espanhol. Informações: http://www.juntadeandalucia.es/cultura/iaph/nav/contenido.jsp?pag=/portal/Contenidos/Actividades/tercerabienal-restauracion&seccion=DESTACADOS

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PERFIL DE EMPRESA

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39 Perfil de Empresa.qxp 7/7/06 1:27 PM Page 39

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VIDAASSOCIATIVA

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Prémio Municipal de Recuperação do Património - Montemor-o-Velho

Instituído pela Câmara Municipal deMontemor-o-Velho, este galardão tempor objectivo premiar e incentivar areabilitação do património construí-do, com especial ênfase nos centroshistóricos municipais. A obra vence-dora do Prémio Municipal recebe € 8.000, dividido em partes iguais

pelo promotor, arquitecto, empreitei-ro e director técnico da obra. Arelevância da obra, o seu enquadra-mento estético e urbanístico, a utili-zação de boas práticas de alteração ouconservação das edificações, recor-rendo preferencialmente a técnicas eaos materiais tradicionais e a garantiade fixação de actividades residenciais,sociais ou económicas que contri-buam para a animação dos espaçosenvolventes são também aspectosfundamentais na atribuição do“Prémio Municipal de Recuperaçãodo Património de Montemor-o--Velho”.Tive a honra de representar oGECoRPAcomo um dos membros dojúri nesta primeira edição do Prémio

Municipal. De entre as quinze obrascandidatas, referentes aos anos de2004 e 2005, foram atribuídos, no pas-sado dia 25 de Abril, um prémio eduas menções honrosas. O prémiodistinguiu a recuperação e ampliaçãode uma edificação de apoio agrícola(celeiro, lagar e adega) anexa à Casada Quinta de São Luiz, na vila dePereira, transformada num edifíciomultiusos (para reuniões, conferên-cias e convívios). As menções honro-sas foram atribuídas a duas obras decarácter habitacional, uma situada naAbrunheira e outra em pleno CentroHistórico de Montemor-o-Velho.

1.º Prémio

MIGUEL BRITO CORREIA, Arquitecto

Demo-nários 2006 Os três Demo-nários organizados, em2006, pela Oz Ld.ª, uma associada doGECoRPA qualificada como entidadeformadora acreditada pelo IQF,encontram-se concluídos, assinalan-do-se, tal como em anos anteriores,um sucesso considerável junto dopúblico alvo. Os dois primeiros Demo-nários inci-diram sobre a temática da Patologia eDiagnóstico: • em construções antigas – realizado

a 12 de Maio;• em construções recentes (estruturas

de betão armado) – realizado a 26 deMaio.

O Eng.º Carlos Mesquita foi o for-mador de ambos os Demo-nários ea Eng.ª Iolanda Soares participouno segundo, com a apresentaçãodos temas “qualificação dos agen-tes” e “anomalias devidas à pre-

sença de humidade em edifícios”. O terceiro Demo-nário, que se reali-zou a 9 de Junho, teve como tema a“reabilitação estrutural pouco intru-siva de edifícios antigos de alvenariae madeira” e contou com o Eng.º VítorCóias como formador.Os Demo-nários 2006 decorreramcom o patrocínio desta associação.

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VIDAASSOCIATIVA

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Encontro Internacional sobre PatrimónioMundial de Origem Portuguesa

Poucos saberão, mas há 21 bens naLista do Património Mundial, situadosem três continentes (América do Sul,África e Ásia), que foram construídospor iniciativa de portugueses. Paracriar uma rede de cooperação entrePortugal e os países onde se situamestes bens e aqueles onde se encontramoutros bens eventualmente candidatá-veis à Lista, realizou-se em Coimbra,de 27 a 29 de Abril, o Encontro Inter-nacional sobre Património Mundial deOrigem Portuguesa. Os cerca de 450participantes puderam conhecer

alguns destes bens, do Bahrein ao SriLanka, de Marrocos ao Uruguai, deMoçambique a Macau, da Índia aoBrasil.Do programa constavam reuniões decinco grupos de trabalho que procu-raram elaborar recomendações sobreos temas: modelos e mecanismos decooperação internacional; gestão epromoção de sítios do património;recuperação e restauro de sítios dopatrimónio; acesso às fontes históri-cas; e elaboração de listas indicativase candidaturas. No último dia do

Encontro foram apresentadas as ini-ciativas de recuperação de monumen-tos e sítios de origem portuguesa con-cretizadas pela Fundação CalousteGulbenkian, União das Cidades Ca-pitais de Língua Portuguesa, Funda-ção Oriente, etc., e as actividades dostrês organismos consultores daUNESCO para o património mundial(ICCROM, ICOMOS e UICN).A iniciativa deste Encontro partiu doCentro do Património Mundial (emParis) e a organização esteve a cabo daUniversidade de Coimbra (Gabineteda Candidatura da Universidade deCoimbra a património mundial),Comissão Nacional da UNESCO eInstituto Português do PatrimónioArquitectónico. O Encontro teve opatrocínio do GECoRPAe contou coma participação, através de um exposi-tor, de duas suas empresas associadas:a Monumenta, Ld.ª e a Oz, Ld.ª.

IX Jantar GECoRPANo passado dia 1 de Junho, oGECoRPA realizou o seu IX Jantar,tendo tido como convidado de honrao Presidente do Instituto Portuguêsdo Património Arquitectónico, Dr.Elísio Summavielle, que fez umaintervenção no final do jantar sobre otema: “Que estratégia para o patri-mónio construído”.O evento, que reuniu acima de ses-senta pessoas de diversas insti-tuições e de empresas que se dedi-cam à conservação, reabilitação erestauro do património edificado,decorreu no Hotel Sheraton, emLisboa, e teve um notável sucesso.Contou ainda com a presença da

Vice-Presidente do IPPAR, Arq.ªAndreia Galvão, do Subdirector--geral dos Edifícios e MonumentosNacionais, Eng.º António CorreiaAbrantes, do Presidente do INH,Eng.º José Teixeira Monteiro, e da

Eng.ª Fernanda Martins, em repre-sentação do Presidente do IMOPPI. Durante o discurso de apresentaçãodo convidado de honra, o Eng.º VítorCóias, Presidente da Direcção doGECoRPA, anunciou que está em ela-boração um protocolo de cooperaçãoentre as duas entidades, cuja assina-tura se prevê para breve. No final doseu discurso, o Presidente do IPPARfez questão de confirmar a intençãode assinar, a breve trecho, o referidoprotocolo.Uma reportagem detalhada sobre oevento será publicada no próximonúmero da Pedra & Cal.

MIGUEL BRITO CORREIA, Arquitecto

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DIVULGAÇÃO

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O Dia Internacional dos Monumentos eSítios teve este ano como tema o patri-mónio industrial. Promovida desde 18de Abril de 1982 pelo ICOMOS (Conse-lho Internacional dos Monumentos edos Sítios) e apoiada pela UNESCO (Or-ganização das Nações Unidas para aEducação, Ciência e Cultura), esta cele-bração pretende chamar a atenção dopúblico para a diversidade do patrimó-nio cultural e para a constante necessida-de de o proteger e conservar, alertandotodos para a sua vulnerabilidade. Inspi-rado no sucesso do Dia Internacional dosMuseus (18 de Maio), instituído peloICOM em 1977-78, a celebração dos mo-numentos e sítios faz-se exactamente ummês antes.O tema deste ano abrange as diversasformas de construir resultantes da in-

dustrialização, sejam elas fábricas, pon-tes metálicas, alojamentos para operá-rios, caminhos de ferro, minas, etc..É um

património recente, construído nos últi-mos 250 anos e actualmente muitos des-tes locais, especialmente os grandes re-cintos fabris, encontram-se abandona-dos ou em processo de alteração de uso.Frequentemente correm o risco de de-molição, não só pela pressão imobiliária(são terrenos vastos em áreas de ex-pansão das cidades), mas também pelafalta de sensibilidade da comunidade pa-ra o seu valor de memória. Quando as fá-bricas fecham, o primeiro património adesaparecer é a maquinaria, mas rapida-mente também os edifícios se degradam.O TICCIH (Conselho Internacional paraaConservação do Património Industrial)foi o co-organizador do Dia Internacio-nal dos Monumentos e Sítios 2006.

MIGUEL BRITO CORREIA, Arquitecto

18 de Abril - Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

“Reclamamos dos poderes públicosque, mais de 30 anos passados sobreo25de Abril assumam a responsabilidade deconstituir um espaço público nacionalde preservação e divulgação pedagógi-ca da memória colectiva sobre os crimesdo Estado Novo e a resistência à ditadu-ra (...)” – assim começa a petição a circu-

lar desde Outubrode 2005 , que conta jácom quatro mil subscritores.O Movimento Cívico “Não Apaguem aMemória!” veio dar voz e forma a umasurda indignação que moía os que luta-ram contra o regime opressivo do Esta-do Novo, sobretudo entre os que recor-davam quem sofrera a tortura da PIDE,apolícia política do salazarismo, com se-de na Rua António Maria Cardoso, emLisboa. Um grupo de cidadãos, chaman-do a si o direito legítimo de reclamar“Não apaguem a memória!”, convocou

uma manifestação de protesto paradiante do edifício em demolição, no dia5 de Outubro de 2005.O actual executivo camarário, bem co-mo os promotores imobiliários, aceita-ram dialogar com o Movimento e desseencontro saiu já a certeza de que haveráum espaço no futuroimóvel destinado aum núcleo museológico. A participação no Movimento Cívico“Não Apaguem a Memória!”pode fazer-seatravés do seu site: http://maismemo-ria.org/. Asede provisória do Movimen-to é na Associação 25 de Abril, na Rua daMisericórdia, 95 – 1200-271 Lisboa.

Movimento Não apaguem a memória!

ANTÓNIO MELO

DR

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AS LEIS DO PATRIMÓNIO

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A realização da vistoria constitui, si-multaneamente, um direito e um de-ver do Dono da Obra. Um direito por-que dessa forma tem a faculdade deverificar se a obra foi realizada e se ofoi nos termos contratados. Mas, étambém um dever que sobre ele im-pende, porquanto, se o Dono da Obranão quiser ou não efectuar a verifi-cação que a lei lhe permite, a obra po-derá considerar-se como tacitamenteaceite. Mas, a esta questão, já lá ire-mos.Na vistoria, o Dono da Obra irá veri-ficar se a obra foi executada de acor-do com as peças escritas e desenha-das do projecto, das que foram sendoentregues no decurso da obra (o quesabendo-se não dever acontecer, é naprática o que se costuma verificar),da conformidade com o caderno deencargos e com o contrato celebrado.A vistoria tanto poderá ser marcadapor iniciativa do Dono da Obra, co-mo a pedido do Empreiteiro àquele

dirigido, o qual, por uma questão deprova, deverá ser feito por escritocom prova de recebimento, ou seja,através de carta registada com avisode recepção.Naturalmente, o Empreiteiro terá to-da a conveniência em requerer ao Do-no da Obra a realização da vistoriapara recepção provisória, fazendodesde logo correr o prazo de garantiade 5 anos previsto no art.º 226º doRJEOP.O Empreiteiro pode requerer ao Do-no da Obra a realização da vistoriarelativamente a parte ou partes daobra que já se encontrem concluídas,desde que, nos termos do contrato,possam ser recebidas separadamen-te.Não deve aqui o Dono da Obra recu-sar-se a realizar a vistoria para re-cepção provisória de parte da obraalegando simplesmente que a obranão se encontra integralmente con-cluída, porquanto corre o risco de se

ter essa parte da obra como recebida.Neste sentido se pronunciou o Su-premo Tribunal Administrativo noseu Acórdão n.º 34.725 de 02-11-1994,mas, relativamente à totalidade daobra, dizendo que: “O pedido de vis-toria da obra, para esse efeito apre-sentado pelo Empreiteiro com fun-damento na conclusão da obra, nãopode ser recusado pelo Dono daObra, com fundamento de que a mes-ma ainda não está concluída. Efec-tuada a vistoria, pode o Dono daObra negar-se a recebê-la no seu to-do, se entender que não está em con-dições de ser recebida, ou recebê-lasó em parte”.Da vistoria, lavrar-se-á auto do qualdeve constar para além da data, lo-cal, presenças e ausências e as assina-turas dos presentes, os seguintes ele-mentos: a) se a obra foi executada deacordo com as regras técnicas e da ar-te aplicáveis (o que é importante pa-ra o Empreiteiro); b) se a obra foi exe-

Como sabemos e nos é dito no n.º 1 do art.º 217º do Regime Jurídicodas Empreitadas de Obras Públicas, aprovado pelo Decreto-Lein.º 59/99, de 03 de Março (de agora em diante RJEOP): “logo quea obra esteja concluída, proceder-se-á, a pedido do empreiteiro oupor iniciativa do dono da obra, à sua vistoria para o efeito derecepção provisória”.

A recepção dos trabalhos nas empreitadas de obras públicas

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AS LEIS DO PATRIMÓNIO

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cutada com observância do projecto,do caderno de encargos, do contratoe das alterações entretanto havidas;c) identificação de todas as deficiên-cias encontradas em obra; d) decla-ração expressa de recepção ou de nãorecepção ou de recepção parcial; e)identificação das reparações ou mo-dificações necessárias e do prazo pa-ra as efectuar.A falta de uma ou mais assinaturasdos presentes pode consubstanciaruma irregularidade suprível, mas aíjá terá quem o assinou que demons-trar que a outra parte esteve presentena vistoria.Se a vistoria for efectuada, mas o au-to só for elaborado a posteriori,então, a vistoria de nada terá valido,pelo que esta prática poderá trazerproblemas ao Dono da Obra se, pos-teriormente, o Empreiteiro se recusara assinar dizendo, por exemplo, queo auto não retrata o que se passou navistoria.É que, na falta de elaboração do autono momento da vistoria, o Dono daObra não pode provar que a falta derecepção ou recepção parcial apenasfoi devida à existência de defeitos,pois só o auto escrito o pode demons-trar (formalidade ad probationem).O Empreiteiro, por seu lado, não sepode recusar a assinar o auto, poden-do, isso sim, fazer constar as suas re-clamações no próprio auto ou apre-sentá-las por escrito, no prazo de 8dias úteis.Se o Empreiteiro não comparecer nadata marcada, sem que justifique atéesse momento a sua falta no auto, de-ve o Dono da Obra fazer intervir duastestemunhas (art. º 217º, n.º 4). Proce-

dimento semelhante poderá seradoptado se o Empreiteiro, compa-recendo, se recusar a assinar o auto.Se o Dono da Obra não realizar a vis-toria para recepção provisória noprazo de 22 dias úteis a contar da in-terpelação escrita do Empreiteiro pa-ra o efeito, a consequência é a previs-ta no n.º 5 do art.º 217º do RJEOP, ouseja, transcorrido o referido prazo,considera-se a obra recebida. A nãoser que demonstre que não realizou avistoria por caso de força maior oupor força da natureza e extensão dostrabalhos. No auto de vistoria a elaborar, devemser indicados de forma exaustiva to-dos os defeitos aparentes (visíveis),exarando-se a declaração de não re-cepção no auto.O Dono da Obra pode (não é obriga-do) excepcionar da não recepção ostrabalhos que estiverem em con-dições de ser recebidos. Assim man-dam, no entanto, os ditames da boafé contratual.Por sua banda, o Empreiteiro podereclamar contra o auto, logo na altu-ra, ficando a mesma nele exarada ouaté 8 dias úteis depois da vistoria. Areclamação pode ter como objecto adecisão que considerou deficientedeterminados trabalhos, a decisãoque considerou que a obra não esta-va em condições de ser recebida mes-mo que parcialmente, ou mesmo doprazo para proceder às necessáriasreparações ou modificações.O Dono da Obra tem 15 dias úteis pa-ra responder, mas, se nada disser, areclamação não se considera deferi-da. Não há deferimento tácito. Feitas as reparações ou modificações

a que houver lugar por força da noti-ficação do Dono da Obra, proceder--se-á à marcação de nova vistoria, de-vendo aqui aplicar-se o procedimen-to já descrito (22 dias para a reali-zação e 5 dias de antecedência namarcação). Anova vistoria serve apenas para ve-rificar se as correcções foram feitas,não para denunciar outros defeitos,os quais devem ser denunciados àparte já dentro do prazo da garantiade 5 anos, devendo ter-se por provi-soriamente recepcionada a obra setodos os defeitos elencados no 1.º au-to foram corrigidos (art.º 219º, n.º 1).Os trabalhos que não tenham defi-ciência consideram-se recebidos, cor-rendo logo quanto a eles o prazo degarantia de 5 anos. Quantos aos res-tantes, tal só acontecerá após as devi-das correcções e a respectiva acei-tação.Decorridos 5 anos sobre a recepçãoprovisória dos trabalhos, deverá oEmpreiteiro, desde logo, interpelarpor escrito o Dono da Obra para arealização da vistoria para recepçãodefinitiva. Amesma, não sendo reali-zada por motivo imputável ao Donoda Obra, no prazo de 22 dias úteis,tem como consequência a recepçãodefinitiva ex lege (por força da lei) dostrabalhos.

A. JAIME MARTINS, Advogado-Sócio de ATMJ, Sociedade de Advogados, RLDocente universitá[email protected]

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Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2004

LIVRARIA

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NOVIDADES Outros títulos à venda na Livraria GECoRPA

A Nova Lisboa Medieval

Autor: VV. AA. Edição: Colibri Preço: €10.00 Código: COL.A.1

A Conservação do Património Histórico Edificado

Autor: Fernando M. A. HenriquesEdição: LNECPreço: €9.00 Código: LN.CO.1

ERA - Arqueologia n.º 7

Autor: VV. AA.Edição: ColibriPreço: €10.00 Código: COL.PP.2

Património e Mundialização

Autor: Françoise ChoayEdição: Casa do Sul Preço: €5.00 Código: CS.CO.1

Para saber mais sobre estes e outros livros, consulte a Livraria Virtual em www.gecorpa.pt

A Construção do Brasil. Relações com a cultura arquitectónica portuguesaAutor: Ana Vaz Milheiro"Aanálise confronta Portugal e o Brasil,países unidos por uma história comum epor ligações que culminaram em três pro-cessos inter-relacionados: um tempo decolonização, uma ruptura que conduz à

independência brasileira e, finalmente, a afirmação de umanacionalidade. O fio condutor é, aqui, a cultura arquitectóni-ca. (...) Aleitura parte do séc. XIX, porque este corresponde aotempo de 'desagregação' do período colonial. Procura-seperceber como, depois, a colonização portuguesa se transfor-ma num argumento em condições de apoiar a especificidadedo moderno brasileiro.(...) O objectivo é interrogar essa cultura arquitectónicabrasileira na contemporaneidade, sem uma dependênciademasiado cronológica, nem totalmente panorâmica. Mas é,ainda, a seu modo, uma maneira de interpretar, através daarquitectura, os legados da colonização numa visão críticaque hoje somos obrigados a fazer. (...) “ (Da contra-capa)Edição: FAUPPublicaçõesPreço: €25.73 Código: FAUP.E.5

Teoria do RestauroAutor: Cesare Brandi“Para quem se debruça sobre o temada conservação do património, emgeral, e das obras de Arte, em especial,inevitavelmente aparece como umareferência incontornável a "Teoria delRestauro" de Cesare Brandi, pelaprimeira vez publicada em Roma, em1963. Não existia, até hoje, umatradução portuguesa desta obra.

Este livro inclui ainda a tradução da Carta do Restauro Italiana (1972), ainda hoje um documento de referência para apraxis do Restauro em Itália e no Mundo. Incluem-se, tam-bém, traduções inéditas de diversos textos do autor sobre as-suntos portugueses, em redacções quase desconhecidas entre nós, ou difíceis de consultar: um ensaio sobre ÁlvaroPires de Évora, editado em 1940 pela Reale Accademia d'Italia; o capítulo Portogallo, editado em 1970, onde Brandidescreve a sua passagem pelos nossos lugares e monumen-tos; e o seu texto sobre o Manuelino, de 1967. Como intro-dução, apresenta-se um Breve Perfil do autor, elaborado pelohistoriador de arte Giuseppe Basile.” (Da contra-capa)Edição: OrionPreço: €20.00 Código: OR.E.3

A arquitectura da indústria,1925 - 1965Autor: VV. AA.A obra resulta de um trabalho con-junto de rastreio e levantamento daarquitectura industrial moderna pro-duzida entre1925 e 1965 em Portugale Espanha, no âmbito de um projectodo Docomomo Ibérico. O levanta-mento das obras portuguesas foi de-

senvolvido pelo IPPAR entre 2000 e 2002, resultando aedição de uma parceria com a Ordem dos Arquitectos.Aprimeira parte apresenta um conjunto de estudos de en-quadramento, da autoria de especialistas de diferentesáreas disciplinares (Julian Simal, Jorge Custódio, Celesti-no Garcia Braña, Ana Tostões, Vicente Vidal Vidal, Deolin-da Folgado, Jorge Figueira e Ana Vaz Milheiro) relativosao ambiente económico-social, ao pensamento arquitec-tónico, e à implementação territorial, referentes ao casoportuguês e ao espanhol. Numa segunda parte, maisanalítica, os imóveis e conjuntos industriais são abordadosindividualmente, numa perspectiva crítica à produção ar-quitectónica industrial, dando uma visão alargada da pro-fusão formal e tipológica construída, durante cerca de 40anos, em relação com o universo produtivo de então.Edição: Fundação DOCOMOMO IbéricoPreço: €35.00 Código: FDI.E.1

Vulnerabilidade Sísmica de um Edifício PombalinoAutor: Maria Rafaela Pinheiro CardosoApresente obra apresenta ao público a Tesede Mestrado "Vulnerabilidade Sísmica deEstruturas Antigas de Alvenaria - Apli-cação a um Edifício Pombalino", à qual foiatribuído o Prémio MOP 150 Anos - 2003.O livro apresenta os resultados de um tra-balho de investigação efectuado sobre aBaixa Pombalina e discute a sua situação

actual, tomando em consideração o estado actual das cons-truções existentes nessa zona nobre da cidade. Paralela-mente a algumas recomendações referentes a soluções de re-forço adequadas para as estruturas analisadas, são apresen-tadas algumas linhas de investigação futura, cujos resulta-dos, para além de permitirem colaborar na definição de es-tratégias a adoptar para a mitigação do risco sísmico daBaixa Pombalina, permitirão fundamentar com mais rigor alegislação aplicável a intervenções de carácter estruturalneste tipo de construções. (Do Preâmbulo)Edição: Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comuni-cações Preço: €15.00 Código: MOP.E.1

Lisboa. A Construção da Memória da CidadeAutor: Paulo Simões Rodrigues"O que nos propomos fazer é aquiloque poderemos designar como umaprimeira aproximação da história daevolução do conceito de património,da ampliação do seu conteúdo, daperspectiva de um estudo de caso, o da cidade de Lisboa. Fá-lo-emosatendendo às diferentes relações de

identidade que os lisboetas foram estabelecendo com a suacidade, seleccionando, da amálgama do seu passado, osacontecimentos e os períodos que pudessem constituir umamemória coerentemente sintonizada com os interesses dopresente e, dos conjuntos de edifícios que a compunham,os que a representavam melhor. Acompanharemos ainda atransformação da relação dos lisboetas com a capital e comoessa modificação alterou aquilo que convencionámos titu-lar como "memória da cidade". Isto é, com a relação especí-fica e particular que os habitantes têm com o passado dasua cidade, Lisboa, muitas vezes pautada por valores ecritérios diferentes dos que formatam a visão mais genéri-ca da história do país e que se vai adaptando com flexibili-dade às mudanças ocorridas no presente." (Do Autor)Edição: Casa do Sul Preço: €7.00 Código: CS.E.3

Arquitectura de Terra emPortugal / Earth Architecturein PortugalAutor: VV. AA. Integrando a participação de 54 au-tores, a obra reúne pela primeira veznuma edição portuguesa a colabo-ração pluridisciplinar de umagrande diversidade de profissio-nais ligados à Arquitectura e Cons-

trução com Terra.Abrangendo matérias desde a Tecnologia aos Materiais,da História à Antropologia, da Conservação à Investi-gação, a maioria dos domínios desta actividade são ob-jecto de uma abordagem científica, que contempla aindaos ofícios tradicionais, o ensino e a formação profissionalvocacionada para as novas gerações.Completam a obra um Glossário, uma Bibliografia de tu-do o que existe em Portugal, uma Listagem de todos oseventos, conferências e exposições ocorridos em Portu-gal, que permitem um conhecimento aprofundado aosinteressados neste tema.Edição: ArgumentumPreço: €50.00 Código: AR.E.5

Manual de Educação em PatrimónioArquitectónico

Autores: Vítor Cóias, CatarinaValença Gonçalves (texto);João Carlos Farinha, MarcosOliveira (ilustrações)Edição: GECoRPAPreço: € 10.00 Código: GE.M.1

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LIVRARIA

N.º 9, Jan./Fev./Mar. 2001Preço: €4,48 euros

Código: P&C.9

N.º 10, Abril/Maio/Jun. 2001Preço: €4,48 euros

Código: P&C.10

N.º 11, Julho/Ago./Set. 2001Preço: €4,48 euros

Código: P&C.11

N.º 12, Out./Nov./Dez. 2001Preço:€ 4,48

Código: P&C.12

N.º 13, Jan./Fev./Mar. 2002Preço: €4,48

Código: P&C.13

N.º 14, Abril/Maio/Jun. 2002Preço: €4,48

Código: P&C.14

N.º 15, Julho/Ago./Set. 2002Preço: €4,48

Código: P&C.15

N.º 16, Out./Nov./Dez. 2002Preço: € 4,48

Código: P&C.16

N.º 17, Jan./Fev./Mar. 2003Preço: €4,48

Código: P&C.17

N.º 21, Jan./Fev./Mar. 2004Preço: €4,48

Código: P&C.21

N.º 18, Abril/Maio/Jun. 2003Preço: €4,48

Código: P&C.18

N.º 22, Abril/Maio/Jun. 2004Preço: €4,48

Código: P&C.22

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N.º 19, Julho/Ago./Set. 2003Preço: €4,48

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Nota: Os números 0, 1, 2, 4, 5, 6 e 7 da Pedra & Cal encontram-se esgotados, contudo informamos que se encontram reunidos no CD-ROM Pedra & Cal - 5 Anos (1998-2003), à venda na Livraria GECoRPA.

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Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

CONSULTÓRIO GECORPA

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consultorio.qxp 7/7/06 2:02 PM Page 47

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e-pedra e cal

Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 200648

Para esta coluna pesquisei sites queapresentam a tecnologia independen-temente da técnica ou equipamento aela associados. Partindo da premissaclássica de reabilitação: A intemporal ba-talha pela longevidade,ou por outra: A im-placável acção dos elementos versus a natu-reza perene dos edifícios com valor patrimo-nial, proponho uma visita de quatrorounds a algumas das mais interessan-tes tecnologias de informação disponí-veis, de acordo com uma lógica de in-tervenção prática.

1rd. Identificação –Inicio o 1º roundcomo sucesso web do momento: o incontor-nável Google Earth (http://earth.google.com). De estudantes a profissionais, jánão há quem o não utilize. É uma formaprática de obter um mapa de localizaçãode imóveis e conjuntos históricos numcontexto envolvente e absolutamenteabrangente (leia-se “todo o planeta”).

2rd. Levantamento – Abertura do 2ºround:duas tecnologias de levantamentoediagnóstico de patologias estruturais; atermografiaeamedição laser.

As câmaras termográficas (habituais namonitorização de indústria mecânica)têm encontrado aplicação no campo da

reabilitação de edifícios, nomeadamentena identificação de estruturas ocultas, re-correndo a métodos não intrusivos. Estatecnologia apresenta-se hoje disponívelem diversos formatos de equipamento,de acordo com as necessidades do utili-zador – da versão “pluma” ao “peso-pe-sado” – pode encontrar alguns exemplosno endereço da NEC (www.necsan-ei.co.jp /osd/index. html).No campo da medição laser recomen-da-se o site da Hilti (www.hilti.pt). Dereferir que o aperfeiçoamento nos últi-mos anos permite uma leitura real time,optimizada por tecnologia associadaque vem facilitar a transferência de da-dos (resultantes de levantamentos ar-quitectónicos) directamente para apli-cações de PC in situ.

3rd. Intervenção – Consultei os sites dedois major players em Sistemas de Infor-mação Geográfica (SIG), especializadosem gestão de dados (no decorrer da in-tervenção): a ArcGIS (www.esri. com)e,na esfera da informação associada à mo-nitorização de produção e operações, aMATTEC (www.mattec. com). Noutra vertente, sob o enfoque da pre-venção, para quem dá importância àsprevisões meteorológicas na calendari-zação de intervenções exteriores – sabe-

mos como a eficiência e longevidade deisolamentos e impermeabilizações de-pendem das correctas condições de apli-cação (entre elas as atmosféricas) – reco-mendo dois sites de referência: www.windguru.cz e www.theyr.net. O cru-zamento da informação disponibiliza-da garante uma travessia marítima se-gura, até à República do Palau.

4rd. Manutenção – A vídeo-vigilânciaencontra-se dissimulada um pouco portoda a parte. Se não tinha dado por isso,dê uma vista de olhos pelos sitesque ofe-recem esta tecnologia. Actualmente ascâmaras são autónomas, transmitem da-dos via net e garantem auto-manu-tenção, nomeadamente através de microequipamento de ar condicionado (no in-terior da esfera da câmara) o que evita acondensação da lente. A tecnologia ví-deo tornou-se parceira habitual na segu-rança de património arquitectónico(incêndios, intrusão, etc.) e na identifi-cação automática de ocorrências obser-váveis, num cenário de conservação deedifícios. No site www.panasonic. com.br/categoria_pai.asp?A1=152&A2=152.)pode ver algumas destas câmaras.

Por fim, na área da visualização tridi-mensional, destaque para o Livro Verdepara a sociedade de informação em Por-tugal(www.dgidc.min-edu.pt /inovba-sic/rec/livro-verde/capitulo3.htm) quevisa garantir o pleno acesso do cidadão aopatrimónio cultural através das novas tec-nologias (…) abre-se a possibilidade de re-criação do passado através da reconstituiçãovirtual de contextos arquitectónicos (…) pe-la possibilidade de um acesso facilitado a no-vas metodologias.

ANTÓNIO PEREIRA COUTINHO,Arquitecto

Tecnologias de Informação e Património Arquitectónico na NET

Tema de Capa

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Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

ASSOCIADOS GECoRPA

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A. da Costa Lima, Fernando Ho,Francisco Lobo e Pedro Araújo - Arquitectos Associados, Ld.ªProjectos de conservação e restaurodo património arquitectónico.Projectos de reabilitação, recuperação erenovação de construções antigas.Estudos especiais

Betar - Estudos e Projectos de Estabilidade, Ld.a

Projectos de estruturas e fundaçõespara reabilitação, recuperação e renovação de construções antigas e conservação e restauro do património arquitectónico.

LEB - Projectistas, Designers e Consultores em Reabilitação de Construções, Ld.ªProjecto, consultoria e fiscalização na área da reabilitação do património construído.

PENGEST – Planeamento,Engenharia e Gestão, S. A.Projectos de conservação e restaurodo património arquitectónico.Projectos de reabilitação,recuperação e renovação deconstruções antigas. Gestão,Consultadoria e Fiscalização.

OZ - Diagnóstico, Levantamento e Controlo de Qualidade de Estruturas e Fundações, Ld.ªLevantamentos. Inspecções e ensaiosnão destrutivos. Estudo e diagnóstico.

ERA - Arqueologia - Conservação e Gestão do Património, S. A. Conservação e restauro de estruturasarqueológicas e do patrimónioarquitectónico. Inspecções e ensaios.Levantamentos.

A. Ludgero Castro, Ld.ªConsolidação estrutural. Construçãoe reabilitação de edifícios.Conservação e restauro de bensartísticos e artes decorativas:estuques, talha, azulejaria,douramentos e policromias murais.

Alfredo & Carvalhido, Ld.ªConservação e restauro dopatrimónio arquitectónico.Conservação e reabilitação deconstruções antigas.

Alvenobra - Sociedade deConstruções, Ld.ªReabilitação, recuperação erenovação de construções antigas.

AMADOR, Ld.ªConservação , restauro e reabilitaçãodo património construído einstalações especiais.

Antero Santos & Santos, Ld.ªConservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação erenovação de CA. Instalaçõesespeciais em PAe CA.

Augusto de Oliveira Ferreira & Cª., Ld.ªConservação reabilitação deedifícios. Cantarias e alvenarias.Pinturas. Carpintarias.

GRUPO IProjecto,

fiscalização e consultoria

GRUPO IILevantamentos,

inspecções e ensaios

GRUPO IIIExecução

dos trabalhosEmpreiteiros

e Subempreiteiros

BEL – Engenharia e Reabilitação de Estruturas, S. A.Conservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação e renovação de CA. Instalaçõesespeciais em PA e CA.

MC Arquitectos, Ld.ªProjectos de arquitectura.Levantamentos, estudos ediagnóstico.

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ASSOCIADOS GECoRPA

Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 200650

Somafre - Construções, Ld.ªConstrução, conservação ereabilitação de edifícios. Serralharias.Carpintarias. Pinturas.

Cruzeta – Escultura e Cantarias,Restauro, Ld.ªConservação e reabilitação deconstruções antigas. Limpeza erestauro de cantarias, alvenarias eestruturas.

COPC - Construção Civil, Ld.ªConstrução de edifícios.Conservação e reabilitação deconstruções antigas. Recuperação econsolidação estrutural.

Sociedade de Construções José Moreira, Ld.ªExecução de trabalhosespecializados na área do patrimónioconstruído e instalações especiais.

Edifer Reabilitação, S. A.Construção, conservação ereabilitação de edifícios.

GECOLIX – Gabinete de Estudos e Construções, Ld.ªConservação e restauro dopatrimónio arquitectónico.reabilitação, recuperação erenovação de construções antigas.Instalações especiais em patrimónioarquitectónico e construções antigas.

Construções Borges & Cantante, Ld.ªConstrução de edifícios.Conservação e reabilitação deconstruções antigas.

Tecnasol FGE – Fundações e Geotecnia, S. A.Fundações e Geotecnia. Conservaçãoe restauro do patrimónioarquitectónico. Conservação ereabilitação de construções antigas.

Na Esteira, Sociedade deurbanização e Construções, Ld.ªConservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação erenovação de CA. Instalaçõesespeciais em PAe CA.

Sofranda – Empresa de Construção Civil, S. A.Conservação e restauro do PA.Reabilitação, recuperação erenovação de CA. Instalaçõesespeciais em PAe CA.

CVF - Construtora de Vila Franca, Ld.ªConservação de rebocos e estuques.Consolidação estrutural.Carpintarias. Reparação decoberturas.

Listorres - Construção Civil e Obras Públicas, S.A.Construção e reabilitação deedifícios.

L.N. Ribeiro Construções, Ld.ªConstrução e reabilitação.Construção para venda.

MIU - Gabinete Técnico de Engenharia, Ld.ªConstrução, conservação ereabilitação de edifícios.Conservação e reabilitação depatrimónio arquitectónico.Conservação de rebocos e estuques epinturas.

Monumenta - Conservação e Restauro do PatrimónioArquitectónico, Ld.ªConservação e reabilitação deedifícios. Consolidação estrutural.Conservação de cantarias ealvenarias.

Poliobra - Construções Civis, Ld.ªConstrução e reabilitação deedifícios. Serralharias e pinturas.

Quinagre - Estudos e Construções, S. A.Construção de edifícios.Reabilitação. Consolidaçãoestrutural.

STAP - Reparação, Consolidação e Modificação de Estruturas, S. A.Reabilitação de estruturas de betão.Consolidação de fundações.Consolidação estrutural.

Brera - Sociedade de Construções e Representações, Ld.ªConstrução, conservaçãoreabilitação de edifícios.

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ASSOCIADOS GECoRPA

Tecnocrete – Materiais e Tecnologias de ReabilitaçãoEstrutural, Ld.ªProdução e comercialização de materiais para a reabilitação.

Tintas Robbialac, S. A.Produção e comercialização deprodutos de base inorgânica paraaplicações não estruturais.

BLEU LINE - Conservação eRestauro de Obras de Arte, Ld.ªMateriais para intervenções deconservação e restauro emconstruções antigas. Conservação de cantarias.

GRUPO IVFabrico e/oudistribuição de produtos e materiais

Para mais informações acerca dos associados GECoRPA, das suas actividades e dos seus contactos, visite a rubrica “associados” no nosso site www.gecorpa.pt

ONDULINE – Materiais de Construção, S. A.Produção e comercialização demateriais para construção .

BLAU, Ld.ªDistribuição de produtos e materiaisvocacionados para o PatrimónioArquitectónico e ConstruçõesAntigas.

49-51 Associados.qxp 7/7/06 2:00 PM Page 51

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Pedra & Cal n.º 30 Abril . Maio . Junho 2006

Na onda da prioridade finalmenteconsagrada à reabilitação urbana, de-pois de décadas de desatenção daspolíticas públicas para o problema,uma viragem histórica foi anunciadapelo Presidente do INH, engenheiroTeixeira Monteiro: o fim de novosbairros sociais, com as operações derealojamento aproveitando as casasdevolutas espalhadas pelos centrosde todas as cidades.Com esta nova política podem obter--se importantes benefícios, ajudandoa resolver problemas prementes danossa sociedade. Desde logo, nãoconstruir mais bairros sociais, comtendência a constituírem guetos – co-mo tantos dos que foram erguidos noâmbito do PER – desenquadrados dostecidos urbanos e desprovidos deequipamentos. Mas também revitali-zar os cascos consolidados de muitascidades, hoje sub-ocupados e habita-dos por uma população envelhecida:segundo aquele responsável, 500 milfogos devolutos a nível nacional, dosquais 50 mil só em Lisboa. E, ainda,não aumentar o parque habitacionaldo país, hoje já largamente excedentá-rio para as necessidades da popu-lação: 100 mil fogos novos por vendernas periferias das cidades. Mas hámais: com a reutilização dos fogos de-volutos, serão reduzidos os percursoscasa-trabalho e casa-escola, já que amaior concentração de empregos e avariedade do parque escolar estão nascidades – isto com importantes bene-fícios para o ambiente, para a produti-vidade e para a qualidade de vida.

É no quadro desta nova política que oINH participa no capital social dasSRU (sociedades de reabilitação ur-bana) que têm sido criadas recente-mente nas principais cidades, envol-vendo-se assim directamente nos vá-rios processos em curso. Além disso,vai lançar o Observatório da Habi-tação, com a finalidade de avaliar etornar públicos os diferentes aspec-tos da nova política agora anunciada;a qual terá, como coroamento, acriação de uma nova entidade no qua-dro da anunciada reforma dos Ser-viços da Administração Central(PRACE): o Instituto Nacional da Ha-bitação e da Reabilitação Urbana, pre-

vendo, além da integração do IGAP-HE, a absorção de muitas das com-petências da Direcção Geral dos Edi-fícios e Monumentos Nacionais.Para o movimento de opinião quevem reclamando, desde há anos, co-mo o tem feito a Pedra & Cal, a urgên-cia de reabilitar em vez de construirde novo, estas notícias não podiamser mais auspiciosas. É caso para di-zer: mais vale tarde do que nunca. Fi-nalmente, existe a vontade política,augurando boas perspectivas para acapacidade da sua concretização.Todavia, tal concretização exige acriação urgente de instrumentos le-gislativos, nomeadamente no que serefere à disponibilização a curto pra-zo das habitações devolutas. As de-molições de casas abarracadas de querecentemente foram vítimas muitasfamílias não recenseadas no longín-quo ano de 1993, no PER, e que fica-ram sem tecto, são a prova dessaurgência. Apalavra de ordem nas jus-tas acções de protesto que têm pro-movido, se agora for realmente adop-tada pelo governo, têm que ser postasem prática sem delongas: Nem gentesem casas, nem casas sem gente!

52

PERSPECTIVAS

NUNO TEOTÓNIO PEREIRA,Arquitecto

Reabilitar e repovoarA nova fronteira

da habitação social

Prédios inteiros à espera de novos moradores

52 Perspectivas.qxp 7/7/06 2:01 PM Page 52

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