EleutérioM.H.B
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
MARIA HELENA BUENO ELEUTÉRIO
AFETIVIDADE E EMOÇÃO
AMERICANA
2006
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
MARIA HELENA BUENO ELEUTÉRIO
AFETIVIDADE E EMOÇÃO
Memorial apresentado ao Curso de Pedagogia
Programa Especial de Formação de Professores em
Exercício nos Municípios da Região Metropolitana
de Campinas, da Faculdade de Educação da
Universidade Estadual de Campinas, como um dos
pré-requisitos para conclusão da licenciatura em
Pedagogia.
AMERICANA
2006
AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço a Deus por me dar saúde e coragem para vencer os
obstáculos no decorrer do percurso.
Aos meus pais que sempre tiveram uma palavra amiga e de incentivo para que eu
pudesse continuar nessa jornada.
Às minhas irmãs que sempre colaboraram com as tarefas domésticas para que eu
realizasse os meus trabalhos.
Aos meus queridos sobrinhos que contribuíam com sua vivência escolar para que eu
pudesse nortear o meu trabalho.
Aos professores do Proesf, aos professores Doutores e funcionários do pólo de
Americana que não mediram esforços para que tivéssemos um curso de qualidade.
À minha amiga Cássia que sempre se mostrou disposta a digitar os meus trabalhos.
À professora Ângela que orientou para que desenvolvesse o memorial.
Aos professores e colegas do curso por desfrutarem da sua companhia por três anos
em especial as minhas amigas de grupo, Maria Aparecida, Teresa, Valdice, Zélia e Nívea,
que foram companheiras nas horas de angustia e de alegria, que mostraram um espírito de
compreensão, cooperativismo e respeito a cada trabalho realizado.
(...) a alfabetização, como um construto radical, deveria
radicar-se em espírito de crítica e um projeto de possibilidade que
permitisse as pessoas participarem da compreensão e da
transformação da sociedade (Henry A. Giroux).
SUMÁRIO
AGRADECIMENTO ............................................................................................................. 3
1. APRESENTAÇÃO............................................................................................................. 6
2. INFÂNCIA ......................................................................................................................... 7
3 – MINHA FORMAÇÃO................................................................................................... 10
3.1- Ensino Primário ......................................................................................................... 10
3-2 – Ensino Fundamental ................................................................................................ 12
3.3 – Magistério ................................................................................................................ 14
4 – UNIVERSIDADE .......................................................................................................... 17
4-1 - Universidade x Exclusão .......................................................................................... 18
4-2 - Universidade x Capitalismo ..................................................................................... 20
5 – AFETIVIDADE E EMOÇÃO........................................................................................ 22
5-1 - O primeiro ano de vida: Suas emoções e interações com o meio social. ................. 24
5-2 - Grupo Social e Atividade Intelectual ....................................................................... 26
5 - 3 - A Afetividade em Sala de Aula .............................................................................. 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 33
6
1. APRESENTAÇÃO
Tendo como eixo a minha história de vida, descrevo neste memorial a minha vida
relacionada com a afetividade e a aprendizagem, e relacionado aos dias atuais. A
afetividade e emoção estão presentes desde o primeiro ano de vida e como isso é um termo
muito abrangente, meus enfoques serão o papel da emoção com o meio social, a essência
corporal das emoções, a emoção com o social e o intelectual, e a afetividade em sala de
aula.
Para Wallon (1986) o afeto se difere da emoção enquanto seu reflexo racional. É a
primeira e fundamental criação racional, o pensar a emoção. Afeto é a elaboração da
emoção pelo pensamento: é a emoção pensada. A jornada humana da emoção e
desenvolvimento do pensamento se inicia na emoção e o seu primeiro passo é o afeto.
Pensamento é linguagem e linguagem é pensamento. A linguagem afetiva é o primeiro e
fundamental passo para a formação de nossa inteligência. A ação educativa só se inicia com
ela.
Mencionarei como ocorreu minha formação e a importância desta na minha
constituição como pessoa e a contribuição da mesma na minha prática pedagógica. Serão
momentos de reflexão sobre a minha prática e a teoria que possuía, e que foram
aprofundadas no PROESF. Abordarei alguns assuntos entre os muitos que foram
significativos para mim no decorrer do curso, entre eles estão, a influência da televisão e da
mídia e a organização da escola.
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2. INFÂNCIA
“Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer,reconstruir, repensar, com imagens e ideais de hoje, as experiências dopassado. A memória não é um sonho, é trabalho” (BOSI, 1995, p.55).
Sou de uma família muito unida afetivamente, meus pais foram sempre presentes na
minha vida e na vida dos meus quatro irmãos.
Minha infância foi muito simples em questão material, mais rica em amor, respeito,
compreensão. Em casa não havia televisão, após o jantar, sentávamos todos ao redor da
mesa para conversar e ouvir história, contadas pelos meus pais. Meu pai contava as
histórias do sitio onde viveu sua infância. Quando não queria que nós ficássemos por
dentro de algum assunto eles conversavam na língua do “P”, o que despertava nossa
curiosidade, querendo decifrar aquela linguagem tão estranha para uma criança.
Em volta de casa havia bastante espaço, muito verde, a rua era de terra, éramos muito
livres para brincar, correr, pular, etc. Na época meus pais não podiam comprar brinquedos,
com isso éramos obrigados a usar de criatividade nas nossas brincadeiras: sabugos de milho
viravam bonecas, latas viravam canecas, panelas ou pratos, terra era comida, etc.
As ruas eram muito tranqüilas, o que possibilitava nossas brincadeiras com os
colegas; brincávamos de roda, amarelinha, bom barqueiro, corríamos atrás dos vaga-lumes.
As brincadeiras de faz de conta eram fantásticas porque possibilitava que mergulhássemos
no mundo imaginário e na fantasia.
Wallon (1986), “afirma que a criança acessa o mundo simbólico por meio das
manifestações afetivas que permeiam a mediação que se estabelece entre ela e os adultos
que a rodeiam. Defende que a afetividade é a fonte de conhecimento”.
Com o curso da pedagogia vim compreender a importância que o brincar teve na
minha infância e na minha formação como pessoa. Contribuiu para que eu pudesse refletir
sobre a minha prática pedagógica e me conscientizar da necessidade de resgatar as
brincadeiras e proporcionar aos meus alunos momentos e espaços adequados, visto que isto
é essencial no processo do desenvolvimento infantil.
Segundo Lima (1994), após o surgimento da fala, o brincar se modifica em suas
modalidades: no faz de conta à linguagem domina a regulação interna da atividade. O
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interesse pelo movimento, todavia, não desaparece. Na verdade ele se transforma em
inúmeras brincadeiras, jogos infantil, que se organizam em torno de regras crescentemente
complexas, mobilizando igualmente as crianças. Brincadeiras com bola, corrida esconde-
esconde, jogos de amarelinha, barra manteiga etc. Perpassam diversas culturas, revelando
que a exploração do espaço, da relação do corpo com este espaço, das possibilidades de
deslocamento e velocidade são atividades fundamentais para a criança neste estagio do
desenvolvimento. Ainda afirma que é através do brincar que a criança vai conhecer
aprender e se constituir como ser pertencente ao grupo, ou seja, o jogo e brincadeiras são
meios para a construção de sua identidade cultural. A criança brinca para conhecer-se a si
própria e aos outros em sua relação recíproca para aprender as normas sociais de
comportamento os hábitos determinados pela cultura, para conhecer os objetos em seu
contexto, ou seja, o uso cultural dos objetos para desenvolver a linguagem narrativa, para
trabalhar com o imaginário; para conhecer os eventos e fenômenos que ocorrem a sua volta.
Consciente da importância do brincar no desenvolvimento da criança, e trabalhando
com a educação infantil, e gostando do que faço, estou sempre refletindo sobre a minha
prática e buscando soluções para contribuir com o desenvolvimento dos alunos.
Com isso, procuro ter uma rotina diária e flexível que contemple os alunos nas
diversas modalidades. Começamos o nosso dia com a roda da conversa, momentos estes de
distração e trocas afetivas entre eu e os alunos, é um momento adequado e necessário para
refletirmos sobre disciplina, respeito, família, higiene, alimentação, e assunto que às vezes
parte do interesse deles próprios. Dentro dessa rotina, temos o momento musical, com
cantigas, rimas, que estimulam a expressão corporal, o raciocínio, o afeto e a troca de
energia. Também temos o dia de contar histórias, pois ouvir histórias tem uma importância
fundamental no desenvolvimento da criança. Pois possibilita que ela se sinta importante e
que alguma coisa está sendo feita para ela, também ajuda a desenvolver a sua capacidade
de imaginação e raciocínio.
Temos os dias de brincadeiras livres no parque, nesses momentos procuro observar
como eles exploram o espaço físico, e a integração com os colegas, suas curiosidades e
procuro intervir quando necessário com perguntas levantando hipóteses para que eles
vençam obstáculos.
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Refletindo sobre a rotina percebo que as crianças gostam de saber o que irão fazer a
seguir, elas tem a relação do tempo em suas mentes e isso dá certa segurança.
(...) A rotina orienta a ação da criança, assegura a ela o dia-a dia,possibilitando que perceba e se situe na relação tempo –espaço,permitindo modificações, sem necessariamente cair na mesmice, norepetir sempre o mesmo. Enfim, ela permite o aparecimento do novo, doinusitado (ABRAMOWICZ E WAJSKOP, 1991).
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3 – MINHA FORMAÇÃO
Aos sete anos começa minha trajetória escolar, pois na época, desconhecia a
existência do jardim de infância. Não lembro de nenhum contato com a escrita antes de
ingressar na escola, recordo a quão traumatizante foi deixar minha mãe em casa e ir para
escola um ambiente desconhecido para mim.
Hoje trabalhando com a educação infantil e ciente da importância da afetividade na
aprendizagem e na formação da criança, percebo que nenhuma professora ficou marcada
para mim neste sentido, pois eu tinha medo de conversar e fazer perguntas às professoras
elas eram autoritárias e isso impedia a troca do conhecimento professor e aluno.
Recordo que tinha dificuldades em compreender matemática, mas tinha receio de
fazer perguntas ou mesmo falar que não tinha entendido. Isso foi tão marcante que até hoje
procuro vencer o desafio de falar em público e expor minhas dúvidas na sala de aula.
Isso fez lembrar das aulas de Sociologia da Educação da assistente pedagógica
Márcia, muito competente que usando o texto; Afetividade em Sala de Aula: mostrou
muitos autores que defendem que o afeto é indispensável na atividade de ensinar, entendo
que as relações entre ensino e aprendizagem são movidas pelo desejo e pela paixão que,
portanto é possível identificar e prever condições afetivas favoráveis que facilitam a
aprendizagem.(Leite e Tassoni, 2002).
.
3.1- Ensino Primário
Minha aprendizagem deu-se pelo método tradicional, com a cartilha “Caminho
Suave”. Era uma aprendizagem de forma fragmentada, começava como que memorizando
as letras do alfabeto e depois se juntavam formandos as palavras. Recordo da dificuldade
de conhecer as letras quando não estavam na ordem alfabéticas. As linhas do caderno eram
preenchidas com palavras ou frases que não tinham nenhum significado para mim.
Com a Pedagogia, especificamente na disciplina Teoria Pedagógica e Língua
Portuguesa, com a assistente pedagógica Cristina, em “Alfabetização e Letramento” pude
refletir, que no modelo tradicional, a escrita era entendida como um simples reflexo da
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linguagem oral, ou seja, a escrita era compreendida como mera representação da fala nesta
perspectiva, ler e escrever são entendidos como atividades de codificação e decodificação,
sendo o processo de alfabetização simplesmente ao ensino do código escrito e centrado na
mecânica da leitura e da escrita. O modelo tradicional trabalhava-se com a perspectiva de
primeiro ensinar o código e posteriormente habilitar o aluno a utilizá-lo, o que dificilmente
acontecia. Além disso, o modelo tradicional é marcado pela questão da (prontidão), ou seja,
acreditando-se que existe um momento adequado para aprender a ler e a escrever, momento
este determinado pela maturação neurológica e pelas experiências de vida.
Outro aspecto do modelo tradicional é que ele está centralizado na aprendizagem da
leitura sem contexto, a memorização, o tipo de escrita que a escola trabalha não está
presente no dia-a-dia da criança. Este método está voltado para um sujeito passivo, onde o
aluno é visto como uma tábua rasa, onde serão depositados os conhecimentos.
Apesar de não ter tido problemas para ser alfabetizada, sinto muita dificuldade para
elaborar um texto, uma síntese, essa minha limitação são conseqüências da forma como fui
alfabetizada, ou seja, aprender a ler e escrever (domínio do código), mas não se apropriar
da leitura e da escrita. Apropriar-se socialmente da escrita através de seu uso social é
diferente de aprender a ler e escrever no sentido do domínio da tecnologia da escrita, essas
duas concepções não caminhavam juntas, embora isso seja esperado e desejado.
Também vim a compreender, porque o modelo tradicional de ensino deu conta por
muito tempo de alfabetizar e hoje muito embora ainda não tenha sido substituído por
completo, já houve um avanço significativo na busca de novos métodos que venham
atender as novas exigências em termos de produção. Posso considerá-lo coerente, atendia
as necessidades da época, entretanto nos dias atuais já é considerado inadequado para uma
sociedade que avança.
Nas últimas décadas, tem-se questionado a idéia da importância da alfabetização
enquanto domínio do código, pois as novas condições sociais exigem o aprimoramento dos
usos sociais da leitura e da escrita, isso nos dá a idéia de “letramento” que envolve a
aprendizagem social e histórica da leitura e da escrita em contexto informais e o uso
contextualizado no cotidiano do indivíduo.
Observo que devido o acesso que as crianças tem com os meios de comunicação,
como televisão, Internet e outros, elas já desenvolvem um certo nível de “letramento”. Vejo
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isso na minha prática na educação infantil. No ano passado, trabalhei com o Jardim II, as
crianças me surpreendiam dizendo nomes de lojas quando liam encartes, assistindo
televisão, sabiam “ler’ os nomes de marcas de bolachas, refrigerantes, brinquedos, isso se
dava porque era significativo para eles. Consciente disso, e atualmente trabalhando com o
Jardim I, procuro propor atividades que sejam interessantes para eles, como ouvir histórias,
jogos de quebra cabeça de casa e outros. Procuro sempre propor atividades e brincadeiras
que sejam prazerosas”.
“Pensar na alfabetização, numa perspectiva de letramento significa,portanto, desenvolver atividades e experiências, situações que envolvam aleitura e a escrita numa perspectiva crítica e não no ponto de vistaadaptativo de simples codificação de código escrito” (DINUCCI, 1997).
3-2 – Ensino Fundamental
Antes de começar a falar sobre como se deu o ensino fundamental, vou fazer uma
retrospectiva da minha vida até chegar nele, porque foi um momento de reflexão,
significativo, e decisivo para minha volta a escola.
Desde o primário o meu o sonho de ser professora foi distanciando de mim, porque
na época em que conclui o ensino primário só era possível ingressar ao ensino ginasial,
através de um exame de admissão, o qual eu prestei e fui aprovada, mas não tive condições
de ir avante devido a trabalhar para ajudar no orçamento familiar, visto que meu pai, que
até então era provedor da família, sofreu um acidente no trabalho e ficou impossibilitado de
trabalhar por alguns anos. Devido à minha pouca idade, a escola não aceitou que eu fizesse
o ensino ginasial no período noturno e assim fui me conformando com a situação. Até que
aos vinte anos comecei a trabalhar em uma fábrica em que a exigência mínima para o
trabalho era o primário e um teste para avaliar a habilidade motora do indivíduo. E, assim
foram doze anos, trabalhando sem pensar em nada e sem ter a consciência que a minha
formação primaria tinha isso como objetivo, formar indivíduo não pensante, mas
condicionado obedecer às regras, porque essa era a demanda para o mercado de trabalho.
Isso ficou bem claro para mim quando a professora Roseli apresentou o filme “Tempos
modernos de Charlen Chaplin” era assim que eu me via naquela linha de montagem: um
indivíduo sem capacidade de pensar. Isso também levou a refletir na aula da professora
Cristina falando sobre o nosso grande mestre Paulo Freire, que disse que a alfabetização é
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um ato político e não pode ser puro aprendizado mecânico da leitura e escrita, um processo
pelo qual o homem deve trazer uma transformação social.
E, passando os dez anos na fábrica, comecei a refletir que as exigências do mercado
de trabalho já eram outras, já exigia um profissional mais qualificado, tanto que as pessoas
para fazer parte do quadro de funcionários teriam que ter a exigência mínima de
escolarização que era a 8ª série e não mais a 4ª série primária que foi o meu caso. Isso fez
com que eu refletisse sobre o que fazer quando não mais pertencesse aquele quadro, onde
trabalhar somente com o primário? Diante disso, começou a minha busca pela formação
escolar; comecei a fazer o supletivo ginasial em que ia eliminando matérias a cada seis
meses, mas esse era um processo bastante demorado, porque era difícil eliminar todas as
matérias de uma única vez. Com isso optei para o supletivo contínuo e ingressei em julho
de 1986, na Escola Estadual “Dr. João Sampaio” e conclui em dois anos. O ensino no
ginasial não foi muito diferente do meu ensino de primário, infelizmente lembro da
professora de geografia que ainda em suas aulas passava a pergunta e a resposta na lousa e
os alunos passavam toda a aula copiando, porque a prova seria a respeito daquelas
perguntas e respostas, ou seja, teríamos que decorar, resultado: não consegui entender a
matéria de geografia, somente decorar o suficiente para a prova. Mas o que chamou minha
atenção foi à professora de matemática, observava que ela tinha amor a profissão e a
matéria, isso ela deixava bem claro em suas aulas, visto que ocupava um cargo importante
na antiga Telesp e tinha um salário digno, mas que dava aula a noite porque era sua paixão,
ela ensinava a matéria como ninguém, lembro de suas palavras “se não entendeu explico
quantas vezes for necessário, não hesitem em perguntar, o que eu quero é que vocês
entendam”. E isso marcou e levou meu pensamento ao ensino primário, se eu tivesse tido
uma professora assim desde o inicio, com certeza teria tido mais afinidades com a matéria.
Essa mesma professora mostrou a importância da educação na nossa vida, lembro
quando ela falou: não importa a profissão que vocês escolherem quer seja mecânico,
pedreiro, cabeleireira, isso não importa, quando você tem conhecimento, com certeza será
mais bem sucedido na sua profissão, pois saberá administrá-la melhor, terá boa socialização
com os pares. O ginásio proporcionou a mim uma segurança e uma certeza que eu não
deveria parar ali, e sim continuar em busca de meus estudos. Em agosto de 1988, conclui o
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curso ginasial, o que foi uma vitória para mim, e o ingresso no curso de magistério que era
um sonho desde criança.
3.3 – Magistério
Ser professora era o meu sonho. Com o término do ensino ginasial, notei que o que
eu almejava não estava tão distante assim, e que era possível. E, em meados de 1989 abriu-
se à inscrição para o vestibulinho do magistério, na “Escola Estadual Sud Mennucci”, de
Piracicaba coincidentemente na mesma escola em que sempre quis estudar, e fui aprovada.
Assim começa um novo desafio da minha vida, pois trabalhava em uma loja e ia do
trabalho direto para a escola, mas isso não importava, o que valia mesmo era cursar o
magistério. O primeiro dia de aula foi inesquecível, parecia que a escola sabia que tudo o
que eu queria era estar ali, era como se ela se preparasse no decorrer da vida para me
receber, eu falo assim, porque em 1989, foi pela primeira vez na história do “Sud
Mennucci” oferecer o curso de magistério noturno e também a escola havia sido tombada,
ela que já era bonita por ser antiga, estava simplesmente maravilhosa. No primeiro dia de
aula a professora e historiadora Marli Teresinha Perecin, recebeu os alunos contando a
história do colégio e conscientizando de estarmos conservando e preservando aquele
patrimônio histórico. Passando a euforia do primeiro dia de aula, que foi emocionante, vem
no dia seguinte, a professora de língua portuguesa, dizendo: Quero que vocês saibam que
sou completamente contra o ensino do magistério noturno, acho que tem que ter só diurno,
onde as alunas não precisam trabalhar, por ser um curso profissionalizante, sou totalmente
contra ele à noite, portanto se vocês são pobres e precisam trabalhar, fiquem bem cientes
disso, vou exigir de vocês o mesmo que exijo dos meus alunos diurnos, não quero desculpa
para não realizar a tarefa por conta do trabalho.Tanto eu como a classe ficamos perplexos
diante dessa afirmação. No começo me deu certo desânimo, pois no meu entender, eu
acreditava que o papel da professora deveria ser de incentivar e elogiar os alunos, que
embora com dificuldades estivesse ali buscando o seu crescimento intelectual. Isso
naturalmente me deixou naquele momento, desapontada, aquele dia voltei triste para casa,
pois aquelas palavras ainda soavam em meus ouvidos. Passando esse momento de
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decepção, resolvi fazer com que aquelas palavras tivessem um sentido positivo em minha
vida e foi onde encontrei forças e coragem para vencer mais um desafio. No meu íntimo
falava para mim mesma, vou concluir o magistério porque acredito que é possível trabalhar,
estudar e ser um bom profissional. E, assim, fui dando continuidade ao curso, fazendo os
trabalhos exigidos nos finais de semana.
O curso do magistério foi bastante teórico, no meu entender, mas forneceu uma base
sólida para que eu pudesse perceber que não basta ter diploma do magistério, mas que o
professor deve ter uma busca contínua com o saber, um compromisso com o conhecimento,
pois ele como principal mediador da aprendizagem tem o importante papel de provocar a
reflexão crítica de seus alunos a partir de conflitos relacionados com a sua realidade. Para
isso é preciso que ele seja um sujeito reflexivo e sempre avaliando suas ações como
profissional e cidadão.
Na alfabetização escolar o professor é o principal mediador e para quedesenvolva uma perspectiva crítica no aluno, antes de tudo ele tem de sercrítico, tendo em mente que tipo de cidadão pretende formar, homenslivres ou dominados. Os livres são os que desenvolveram a consciênciacrítica devido a reflexão. Assim o professor deve levantar conflito,contradições e questionamentos. (FREIRE E MACEDO, 1990 ApudLEITE E TASSONI, 2002).
Atualmente cursando a pedagogia vejo quão grande é a responsabilidade do
professor como mediador de seus alunos e quanto são necessários eles estabelecerem uma
relação de confiança, essa relação deve ser centrada no respeito, no diálogo para o
desenvolvimento de uma consciência crítica. Assim como o professor Paulo freire
mencionou, o diálogo é uma relação horizontal. Portanto é preciso que o professor
reconheça o aluno como inteligente e capaz possibilitando que ele vá além dos seus limites,
e também o professor colocando-se na posição de aprendiz, possibilitando que os alunos
percebam-se como sujeitos atuantes no processo de construção do conhecimento.
Em 1992, concluo o magistério que foi uma conquista no meio de grandes
turbulências. Quando terminei já estava há um ano trabalhando como monitora de educação
infantil, aprovada por concurso público na Prefeitura de Piracicaba.
E, trabalhando com a educação infantil, pude constatar na prática o que já tinha
aprendido na teoria sobre o desenvolvimento infantil tanto no aspecto físico, como
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emocional e afetivo. Pude observar que as crianças desde os primeiros meses de vida têm
toda uma comunicação com o outro através de emoções.
Wallon (1968), defende que no decorrer de todo o desenvolvimento do indivíduo, a
afetividade tem um papel fundamental. Tem a função de comunicação nos primeiros meses
de vida, através de impulsos emocionais, estabelecendo os primeiros contatos da criança
com o mundo.
Isso é bem evidente no berçário, quando a criança através do choro ou expressão
corporal, consegue que suas necessidades sejam atendidas.
Diante disso é necessário o professor, monitor estar estimulando, interagindo com a
mesma criança, favorecendo seu desenvolvimento integral, considerando os aspectos
físicos, emocionais, afetivo, cognitivos e social.
Consciente dessa necessidade eu sempre tive vontade de aprofundar ainda mais
meus conhecimentos, desejava fazer um curso de nível superior, mas as condições
financeiras não permitiam. Até que em 2003 a Prefeitura de Piracicaba em parceria com a
Universidade Estadual de Campinas abriu o curso especial para formação de professores.
Diante disso, aproveitei a oportunidade que a vida estava me oferecendo, e com isso fiz o
curso de preparação para o vestibular durante um mês oferecido gratuitamente pela
Prefeitura. Em Junho de 2003, prestei o vestibular e para minha surpresa consegui a
classificação, o qual me deixou extremamente feliz, pois significava uma vitória e um
aprendizado a mais na minha vida.
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4 – UNIVERSIDADE
O meu primeiro dia na universidade foi marcante, os alunos foram recebidos no
anfiteatro da Unicamp, dentre os discursos de boas-vindas, ali proferidos, lembro de uma
palestrante que me chamou a atenção dizendo: “quando vocês terminarem o curso não
serão mais os mesmos” e estarão aptos para exercer as suas funções relacionadas com o
curso, pois esse é o nosso objetivo.
E, realmente durante os cursos pude constatar a veracidade de suas palavras, porque
o curso possibilitou uma reflexão da minha prática e mudança de conceito, porque quando
temos conhecimento é impossível não mudar.
Lembro da primeira aula Magna que foi da disciplina Educação e Tecnologia,
proferida pelo professor Dr. Sergio Amaral, quando ele fala do papel da televisão como
formadora de opinião, conforme os interesses dela ou do governo, mostrou como funciona
a televisão nos paises de primeiro mundo e como é a realidade da nossa televisão, falou das
mudanças que ocorreram com a chegada da televisão digital, que até o momento só tinha
nos paises de primeiro mundo, hoje já vemos aqui no Brasil. O conteúdo de sua aula foi
direcionado de uma forma que fizesse o aluno refletir “sobre”, lembro que sua aula me
incomodou e me fez pensar muito, e que mesmo passando quase três anos não posso deixar
de registrar no meu memorial. E, fazendo um paralelo com o que o professor Sergio falou
com as aulas da assistente pedagógica Simone, vejo a televisão tomando espaço
significativo na vida das pessoas, inclusive das crianças. Como formadora de opinião,
ditando moda e consumo. Isso é bem real, pois tenho presenciado constantemente no
comportamento das crianças na Emei, elas se vestem como adulto, porque é moda,
calçados, acessórios de alguns cantores ou de apresentadores infantil que estão na mídia.
Com o curso de pedagogia, e refletindo sobre o papel da televisão, eu procuro ser seletiva
quanto ao que oferecer às nossas crianças quando forem assistir televisão, embora assistam
esporadicamente, procuro canais que sejam sério e tenham compromisso com a educação e
que eles possam assistir desenhos animados que sejam instrutivos, como as crianças vivem
a era do mundo virtual, nós professores e monitores, temos que ter a responsabilidade de
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estar incentivando e proporcionando aos nossos alunos programação que seja de qualidade
e com fins educativos, embora seja raro na nossa televisão brasileira. Assim como o
professor Dr. Sergio Amaral afirmou, e nós podemos constatar, nos horários nobres em que
muitas crianças estão em frente à televisão, os programas exibidos não são educativos, pois
os mesmos ou são muito cedo, ou muito tarde da noite, com isso as crianças não têm
acesso, e as famílias nem sempre tem condições de conscientizar os filhos para uma leitura
crítica das mensagens da televisão, assim como diz Maria Luiza Belloni.
É ilusório pensar que a mídia triunfante e poderosa irá renunciar ao seupoder e se adaptar aos objetivos da escola, também ilusório é esperar queas famílias (sobre tudo nas camadas mais pobres) tenham condições deconscientizar seus filhos e educá-los para a leitura crítica das mensagensda televisão. Somente a escola pode teórica e praticamente conceber eexecutar mais esta tarefa fundamental de educação para a mídia. Comodepositária do espírito crítico, responsável pela coerência da informação,a escola detém a legitimidade cultural e as condições práticas de ensinara lucidez às novas gerações. Diante dos desafios da técnica em geral e damídia em particular, a escola deve se adaptar, se reciclar e se abrir paramundo, integrando em seu ensino as novas linguagens e os novos modosde expressão.
4-1 - Universidade x Exclusão
Outro aspecto que chamou minha atenção foi à disciplina de avaliação, talvez por
identificar com a minha história de vida. Como já mencionei anteriormente, não pude
estudar porque trabalhava e a escola não permitiu que estudasse no período noturno devido
a pouca idade e com isso fui excluída. E, atualmente mesmo passados muitos anos, vejo
que a escola ainda é excludente.
Observo que com a forma de ciclo progressão continuada, e com as novas normas
de avaliação, muitos alunos quando conseguem concluir o ensino fundamental, muitas
vezes, isso se dá com sérias deficiências de aprendizagem, até então, não era bem claro
para mim o porque isso acontecia. Recordando da aula Magna do professor Dr. Jose Carlos
de Freitas que esclareceu sobre a organização da forma escola. Ele diz que a organização da
escola tem duas funções: excluir e disciplinar, para ser subordinado com essas funções, não
tem como pensar na escola centrada em sala de aula.
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Vejo que isso é real nas salas de aula, crianças com diferentes formações que tem de
aprender os mesmo conteúdos e ao mesmo tempo. E sabemos que isso na realidade não
acontece, se observarmos a escola, notaremos que ela começa, por exemplo, com quatro
salas de 1ª série e que pela lógica ela deveria terminar com o mesmo numero de classe na 8ª
série, mas não é o que ocorre porque muitos alunos são excluídos durante este percurso.
Durante a aula ele falou da finalidade dos ciclos, que eles foram inventados para liberar o
fluxo na escola. Desde 1996, a geração confrontou-se com a outra geração e, com isso, a
progressão continuada são medidas utilizadas com o objetivo de regularizar o fluxo no
sistema escolar. Essa forma de ciclo de progressão continuada possui trilhas diferenciadas,
que são os desenganados que não aprende nada, mas continuam passando de ano, ou seja,
são excluídos dentro da própria escola. E que o nosso sistema escolar é piramidal, nem
todos vão chegar à universidade, serão a trilha dos que chegarão ao ensino médio, outros
que irão até a universidade, com a condição de não entrar nos cursos reservado para a elite,
como medicina, odontologia e outros.
A forma escola desenvolveu-se se distanciando da vida, artificializandoos processos de aprendizagem e acelerando os tempos de preparação.Todos nós sabemos que ensinar de uma maneira tradicional verbal é maisdo que por método ativo ou por meio de pesquisas que o aluno faça. Asnecessidades do capitalismo forçaram o aparecimento da instituiçãoescola na atual forma. O conhecimento foi partindo em disciplinas,distribuído por anos e anos subdivididos em partes menores que servempara controlar certa velocidade de aprendizagem do conhecimento (...)(FREITAS, 2002).
O curso do Proesf possibilitou compreender o quanto esta exclusão acontece mesmo
dentro da própria escola.
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4-2 - Universidade x Capitalismo
Através da Pedagogia pude compreender um outro período da minha vida, em que
relatei anteriormente, quando trabalhei em uma fábrica. Tinha uma visão quase que
“ingênua” do que estava por trás do “bom” tratamento que era oferecido para os
funcionários, parecia que todas as vantagens eram para valorizar o ser humano.
Com as aulas de Gestão, com a professora Conceição Aparecida V. Mondin, eu
pude construir um quadro mental da minha vivência naquele período, e compreendi que
fazia parte de um sistema capitalista que envolvia a forma como fui alfabetizada, a
obediência às regras e o condicionamento, o qual Charles Chaplin brilhante e ironicamente
retratou no filme Tempos Modernos, era como se eu me visse naquela linha de montagem.
Com as aulas e as leituras vim a compreender que o sistema Taylorista como diz o texto;
Tinha a percepção de que o conhecimento pode ser aplicado no trabalho,ou seja, para aumentar ou melhorar a produção (...) numa época em quenas fabricas predominava a força bruta e não se questionava nada, opensamento de Taylor foi de importância fundamental. O trabalhador,embora participasse dos resultados, normalmente não participava daformulação dos processos ou das decisões que levariam a umaprodutividade melhor. Ele só precisava obedecer ao que gerenciamentodeterminava, podendo ganhar um salário melhor se aperfeiçoasse odesempenho de suas funções. Essa aparente colaboração entre capital etrabalho surgia, assim numa clara antítese à luta de classes marxista(TAYLOR, 1985, p.29 Apud HELOANI, 2003).
(...) O grande “insight” de Taylor está no fato de entender que o trabalhador comum,
obedece à direção dos “Managers”. Contanto que esse pensamento beneficie o capital e
ocorre de forma fragmentada, sem prejuízo para sua hierarquizada organização do trabalho
como Taylor explica:
21
“Todo o estímulo, contudo deve ser dado a ele, para sugeriraperfeiçoamento, quer em métodos, quer em ferramentas. E, sempre queum operário propõe um melhoramento, a política dos administradoresconsistirá em fazer análise cuidadosa do novo método e, se necessário,empreender experiências para determinar o método da nova sugestão,relativamente ao antigo processo padronizado. E, quando omelhoramento novo for achado sensivelmente superior ao velho, seráadotado como modelo em todo estabelecimento. Conferir-se-á honra aotrabalhador por sua idéia e ser-lhe á pago prêmio como recompensa”(TAYLOR, 1985 p. 29-116, Apud HELOANI, 2003).
Constatei com a minha vivência esse pensamento de Taylor, pois a firma oferecia
prêmio de produção diária. Tinha a caixa de sugestões e quando o funcionário dava uma
sugestão que fosse gerar lucro, a empresa o recompensava com uma certa quantia em
dinheiro.
Hoje, fazendo uma análise da minha história de vida com a escola que tive, vejo que
não precisamos esperar o aluno chegar à universidade para ter uma visão crítica, pois
sabemos que a maioria infelizmente não chegara até o ensino superior. Portanto cabe a nós
professores dentro da nossa sala de aula, questionar, problematizar, levantar hipóteses que
levem o aluno a pensar e isso se dá através do diálogo, que é um importante instrumento
para o desenvolvimento de uma consciência crítica. Não se pode esquecer, no entanto, que
o diálogo como Paulo Freire o descreve é necessariamente uma relação horizontal.
Portanto, é preciso que o professor reconheça seu aluno como capaz e inteligente, e
perceba-se também como participante desse diálogo, trazendo seu conhecimento de mundo
para uma troca, como forma de possibilitar que o aluno vá além de seus limites para
possibilitar que os alunos percebam-se como sujeitos atuantes no próprio processo de
construção do conhecimento para o desenvolvimento da consciência crítica.
“Não mais monólogos de surdos ou fala de desiguais, mas diálogo entrepessoas, (entre saberes Informal ou instituído), da qual emergem sujeitos.Professores e alunos, sujeitos da construção e reconstrução coletiva doconhecimento sujeito de suas próprias historias” (FESTER ApudPONTUSKCHA, 1997, p. 134).
22
5 – AFETIVIDADE E EMOÇÃO
Quando soube que no memorial teria que desenvolver um tema, logo pensei em algo
relacionado com a minha prática, e, trabalhando na Educação Infantil é estar
constantemente, vinculada a Afetividade e Emoção.
Ao entrar na Escola Municipal de Educação Infantil Paulicéia, atualmente "Milton
Rontani", fui trabalhar no berçário. Como não tinha nenhuma experiência com bebês, as
quatro berçaristas, pessoas atenciosas, dedicadas, e que tem amor ao seu trabalho, se
propuseram, de bom agrado, a me ajudar, ensinaram, até mesmo a trocar fralda e perceber
alguns incômodos dos bebês. Durante quatro anos trabalhei como berçarista e aprendi
muito a respeito das reações, manifestações e linguagens dos bebês.
A afetividade e a emoção se manifestam na criança desde o nascimento.
Percebemos isso quando o recém-nascido é submetido à brusca variação no grau de tensão
muscular. Como ele não consegue dar vazão a esta tensão por meio de ações, devido à sua
inabilidade motora, a sua forte tensão transforma-se em contorções, e espasmo, gerando
crises emotivas. O afeto e as emoções vão evoluindo, notamos isso com as crianças na
educação infantil. Nos primeiros meses elas já demonstram vínculos afetivos com as
pessoas próximas da família.
Observo isso quando o bebê chega pela primeira vez no berçário, a sua reação ao
contato com o professor, até então desconhecido por ele é o choro e isso acontece por
alguns dias, até que a criança começa a desenvolver vínculos afetivos com o professor e
outros funcionários na escola. Isso também acontece quando os bebês saem do berçário e
vão para o maternal I, os primeiros dias é difícil tanto para a professora como para eles que
estão em período de adaptação e criando vínculos de confiança e afeição com a sua nova
realidade, mas passando os primeiros dias eles já vão se acostumando com a professora e os
colegas e continua assim a sua rotina. Isso acontece de forma espontânea porque o afeto e
as emoções fazem parte do ser humano.
Essa relação de afeto que a criança desenvolve com o professor e os demais
funcionários da escola é tão forte que às vezes eles não querem ir embora com os pais. Isso
está em conformidade com o pensamento de Wallon (1986) que diz que “a emoção é o
23
primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos”. Ainda na sua psicogênese ele procura
articular o biológico e o social, atribuindo as emoções na formação da vida psíquica,
funcionando como uma ligação entre o social e o orgânico, ou seja, o desenvolvimento
natural da criança, relacionado com o mundo exterior formando assim uma relação de
sociabilidade. Concordo com ele, pois o bebê tem toda uma forma de comunicação através
da emoção, por exemplo: quando sente algum incômodo ele se manifesta através do choro
para que seus desejos sejam atendidos, isso deixa claro que a criança é um ser social, mas
que depende da interação com o meio para se desenvolver. Pois se isolarmos uma criança
impedindo que ela se interaja, ou seja, estimulada, conseqüentemente ela terá seu
desenvolvimento emocional e afetivo comprometido.
Em “Afetividades em sala de aula: As condições de ensino e a mediação do
professor” Wallon (1968), defende a afetividade como fundamental no desenvolvimento do
individuo. Ele atribui às emoções um papel de primeira grandeza na formação da vida
psíquica, funcionando como uma amálgama entre o social e o orgânico. As relações da
criança com o mundo exterior são desde o início, relações de sociabilidade, visto que, ao
nascer, não as tem.
Meios de ação sobre as coisas circundantes, razão porque a satisfaçãodas suas necessidades e desejos tem de ser realizada por intermédio daspessoas adultas que a rodeiam. Por isso, os primeiros sistemas de reaçãoque se organizam sob influencia do ambiente, as emoções, tendem, arealizar, por meio de manifestações consoantes e contagiosas, uma fusãode sensibilidade entre individuo e o entourage. (WALLON, 1971, Apud.LEITE e TASSONI, p. 262).
24
5-1 - O primeiro ano de vida: Suas emoções e interações com o meio social.
Devido ao longo período de incapacidade do recém-nascido da espécie humana, a
sua sobrevivência exige a ajuda de parceiros mais experientes. Sozinho, o bebê, não é
capaz nem mesmo de virar-se de uma posição incômoda. Com isso sua primeira ação é
despertar nas pessoas reações de ajuda para satisfazer suas necessidades. E não há quem
não se comova ao choro, gritos e gesticulações de um bebê.
Seus movimentos expressam disposições orgânicos, estados afetivos, de bem-estar
ou mal-estar. Isso é bem evidente neles, quando se defronta com situações de desconsolo
como cólica, fome, dor, desconforto postural, ele reage com espasmos, contorções, choro e
gritos. Diferentemente de quando ele se depara com sensações agradáveis como, a
mamadeira, o contato com o seio da mãe, suas manifestações são mais tranqüilas e
harmoniosas, abrem os olhos, sorriem e quando a satisfação é intensa, as pernas se mexem
como se estivesse pedalando.
As pessoas próximas como os pais, monitora, professora ou outro responsável,
acolhe e interpreta as reações do bebê, agindo de acordo com o significado que atribui a
elas. Mudam-no de posição, dão banho, troca roupa, dão de mamar, suco, satisfazendo
assim as suas necessidades. Mas também simplesmente comunicar-se com o bebê o adulto
sorri, conversa, canta, faz brincadeiras com ele. Desenvolvendo uma intensa comunicação
afetiva entre o bebê e o adulto.
Observo isso com as crianças no berçário, elas têm toda uma comunicação através
dos gestos, da expressão facial, seus movimentos expressam disposições orgânicas estados
afetivos de bem o mal estar. Notamos isso quando o bebê está feliz ou bravo, quando usa
gestos para conseguir algo, a sua satisfação em brincar com o móbile do berço, o
entusiasmo dele quando as pessoas que ele tem afeto se aproximam.
E aos poucos o bebê vai estabelecendo uma relação entre seus atos e o ambiente,
suas reações diversificam e tornan-se cada vez mais intencionais. Pela ação o movimento
do bebê deixa de ser somente espasmos ou descarga expressiva e passa a ser expressão de
afetividade exteriorizada. O sorriso é uma evidência dessa transformação. No início o bebê
25
sorri sem nenhum motivo aparente que é o chamado sorriso fisiológico. Em seguida passa a
sorrir somente na presença das pessoas, que é um sorriso social. Segundo Galvão (2002) a
partir do sexto mês de vida distingui-se na atividade do bebê, a presença de emoções bem
diferenciadas, como alegria perplexidade, cólera.
Wallon defende que, no decorrer de todo o desenvolvimento do indivíduo,a afetividade tem um papel fundamental. Têm a função de comunicaçãonos primeiros meses de vida, manifestando-se, basicamente, através deimpulsos emocionais, estabelecendo, os primeiros contatos da criançacom o mundo.“As emoções assim como, os sentimentos e os desejos sãomanifestações da vida afetiva” (WALLON, 1968 Apud LEITE eTASSONI, 2002).
Na linguagem comum costuma-se substituir emoção por afetividade, tratando os
termos como sinônimos, todavia não o são. A afetividade tem uma concepção mais
abrangente no qual se incluem várias manifestações.
Para Galvão,
“(...) as emoções possuem características especificas que as distinguemde outras manifestações da afetividade. São sempre acompanhadas dealterações orgânicas, como aceleração dos batimentos cardíacos,mudanças no ritmo da respiração, dificuldade na digestão, secura naboca. Além dessas variações no funcionamento neurovegetativo,perceptíveis para quem as vivem, as emoções provocam alterações namímica facial, na postura, na forma como são executados os gestos.Acompanha-se de modificações visíveis no exterior, expressivas, que sãoresponsáveis por seu caráter altamente contagioso e por seu podermobilizador do meio humano”.
Trabalhando com a educação infantil, observo que os estados afetivos dos bebês são
imutavelmente vividos como sensações corporais e expressos em forma de emoções, e que
suas manifestações afetivas como os sentimentos que diferentes das emoções não torna
obrigatoriamente em modificações corporais visíveis, e que no desenvolvimento do bebê a
afetividade vai adquirindo relativa independência dos fatores corporais.
Wallon (1986), mostra que todas as emoções podem ser vinculadas à maneira como
o tônus se forma, se conserva ou se consome. A cólera, por exemplo, vincula-se a um
estado de hipertonia, no qual há excesso de excitação sobre as possibilidades de
escoamento. A alegria resulta de um equilíbrio e de uma ação recíproca entre o tônus e o
movimento, é uma emoção eutônica. Na timidez verifica-se hesitação na execução dos
26
movimentos e incerteza na postura a adotar, há um estado de hipotonia. Com base nesta
relação, resulta até mesmo uma classificação das emoções segundo o grau de tensão
muscular a que se vinculam.
Para Galvão (2002), o fato de as emoções estarem sempre vinculadas a essas
reações neurovegetativas e expressivas deve-se à existência de um substrato comum, a
função postural ou tônica, ou seja, as emoções são responsáveis pela regulamentação do
tônus muscular, que é o estado de semicontração do músculo. A serviço da expressão das
emoções e as variações tônicas posturais, influem também como produtoras de estados
emocionais entre movimento e emoção, e essa relação é de reciprocidade. Ela é responsável
pela regulamentação das alterações do tônus da musculatura dos órgãos internos (lisa) e da
musculatura esquelética (estriada). O serviço da expressão das emoções, as variações
tônicas posturais atuam também como produtoras de emocionais, entre movimento e
emoção a relação é de reciprocidade.
Podemos observar isso quando o bebê é submetido num grau de tensão muscular é
natural que os estados emocionais tenham suas causas no plano corporal, pois ele é, incapaz
de dar vasão a tensão por meio físico. Com isso a forte tensão acaba transformando-se em
contorções, espasmos, e crises emotivas. O mesmo se dá com crianças maiores, que às
vezes está manhosa, irritada, e a mãe nem, sabe o porquê. De repente por qualquer motivo
faz uma birra, briga até conseguir chorar. Passando a crise fica tranqüila relaxada. Através
do choro houve descarga da tensão que impedia de relaxar.
Para Wallon,
"As emoções podem ser consideradas, sem dúvida como a origem daconsciência, visto que exprimem e fixam para o próprio sujeito, atravésdo jogo de atitudes determinadas, certa disposição especifica de suasensibilidade. Porém, elas só serão o ponto de partida da consciênciapessoal do sujeito por intermédio do grupo, no qual elas começam porfundi-lo e do qual receberá as fórmulas diferenciadas de ação e osinstrumentos intelectuais, sem os quais seria impossível efetuar asdistinções e as classificações necessárias ao conhecimento das coisas ede si mesmo" (WALLON,1986.p.64).
27
5-2 - Grupo Social e Atividade Intelectual
Dentro das relações sociais, podemos notar como as emoções refletem no outro e no
ambiente, ou seja, as reações que elas provocam no ambiente funcionam como uma espécie
de combustível para sua manifestação. Para ilustrar essa idéia pensamos em uma pessoa
que está alegre e de repente se depara numa sala em que as pessoas estão discutindo e um
clima extremamente tenso. Desse confronto de emoções dois resultados são possíveis, ou a
pessoa alegre é contagiada pela tensão do ambiente e acaba o seu bom humor ou, ao
contrário, o grupo é contagiado com a sua alegria.
Em situações de forte crise emocional, em que o sujeito perde o controle sobre suas
ações, a tendência é o efeito da emoção perder a força caso não haja reações por parte do
meio. Essa situação da necessidade de “oxigênio social” típica de emoções é percebida
muito na educação infantil. A criança faz birra, tem crise de choro, mas quando ela
percebe-se sozinha a sua reação emocional perde seu combustível, deixa de fazer sentido.
As emoções têm o poder de contagiar, com isso as relações interindividuais diluem-
se ao perfil da personalidade de cada um. Esta tendência de união própria às emoções
explica o estado de vida comum a outros. Isso explica também a facilidade pela qual a
atmosfera emocional domina eventos que reúnem grande concentração de pessoas. Como
comícios, concertos de música, rituais religiosos, situações nas quais apagasse em cada um,
a noção de sua individualidade.
Wallon (1986), mostra como nas sociedades ditas primitivas, o caráter contagioso e
coletivo da emoção tem uma importância decisiva na coesão do grupo social. E que por
meio de jogos, danças e outros ritos, as pessoas realizaram simultaneamente os mesmos
gestos e atitudes, entregaram-se aos mesmos ritmos. A vivência, por todos os membros do
grupo, de um único movimento rítmico, estabelece uma comunhão de sensibilidade, uma
sintonia afetiva que mergulha todos na mesma emoção.
Os indivíduos se fundem no grupo por suas disposições mais íntimas, mais pessoais.
Por esse mecanismo de contagio emocional estabelece-se uma participação imediata, um
estado de coesão que independe de qualquer relação intelectual.
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A importância dessas manifestações emocionais coletivas tende diminuir quando o
grupo social disponha de outros recursos (técnicos e intelectuais) para garantir a união e
adaptação ao meio. Nesse sentido, tanto para o recém-nascido como para as sociedades, as
emoções aparecem como forma primeira de adaptação ao meio que tendem a ser rebaixada
por outras formas de atividade psíquica.
Este é o caso das funções intelectuais, que na psicogênese vão adquirindo
importância progressiva como forma de interação com o meio. A atividade de intelectual
que tem a linguagem como um instrumento indispensável, depende do coletivo. Permitindo
acesso à linguagem, podemos dizer que a emoção está na origem da atividade intelectual.
Semelhantemente é possível constatar que a atividade intelectual voltada para a
compreensão das causas de uma emoção reduz seus efeitos, uma crise emocional tende a se
desaparecer mediante atividade reflexiva.
“A comoção do medo ou da cólera diminui quando o sujeito se esforçapara definir-lhe às causas. Um sofrimento físico, que procuramostraduzir em imagens, perde algo de sua agudez orgânica. O sofrimentomoral, que conseguimos relatar a nós mesmos, cessa de ser doloroso eintolerável. Fazer um poema ou um romance de sua dor era, paraGoethe, um meio de furtar-se a ela”(WALLON,1986).
Assim a relação entre emoção e razão é de filiação, e ao mesmo tempo, de oposição.
Na expressão de DANTAS (1990), “a razão nasce de emoção e vive da sua morte”.
5 - 3 - A Afetividade em Sala de Aula
Recordo da disciplina Teoria Pedagógica de Sociologia da Educação, da assistente
pedagógica Márcia, especificamente no texto “Afetividade em, Sala de Aula”: As
condições de ensino e a mediação do professor, mostra que a afetividade esta presente nas
interações sociais e também influencia nos processos de desenvolvimento cognitivo. Isso
indica que se pode pressupor que as interações que ocorrem no contexto escolar também
são marcadas pela afetividade. E, também que a afetividade ocupa um espaço importante
nas relações que se estabelecem entre o aluno e objetos de conhecimentos (áreas, conteúdos
escolares).
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Pesquisas recentes (TASSONI, 2000; SILVA, 2001; NEGRO, 2001), tem buscado
delimitar, com mais precisão, o possível papel da afetividade no processo de mediação do
professor. Tais pesquisas direcionam o olhar para as relações professor-aluno que se
desenvolvem em sala de aula.
Tassoni (2000), por exemplo, realizou sua pesquisa em três classes de uma escola
da rede particular de ensino, envolvendo alunos de seis anos em média e quatro professoras
(uma delas era professora auxiliar que dava suporte ao trabalho pedagógico com três
classes). Na pesquisa, identificou que a interpretação que esses alunos fazem do
comportamento das professoras em situações de ensino aprendizagem é de natureza afetiva.
A análise dos dados se deu através do levantamento de categorias, a partir dos comentários
dos alunos, feitos ao assistirem a cenas de vídeo gravadas de inúmeras interações ocorridas
em sala de aula entre as professoras e os alunos durante as atividades pedagógicas. As
crianças comentavam sobre o comportamento da professora, os quais eram permeados por
sentimentos.
Concordo com o resultado da pesquisa de Tassoni, pois trabalho com o Jardim I,
crianças de quatro e cinco anos, e observo quanto são unidos afetivamente comigo. Eles
ficam, das sete às oito horas, em uma sala de televisão com duas professoras, até que eu
chegue. Quando chego, é como se um fio de eletricidade nos ligássemos, eles correm para
junto de mim, ansiosos para contar as novidades, esperando um gesto de carinho. Ao entrar
na sala, eles já olham no quadro para saber quem é o ajudante do dia, porque o ajudante é o
que vai de mãos dadas comigo e o que sentam do meu lado na hora das refeições, na hora
do sono eles pedem para eu ficar perto deles até que adormeçam.
Nas atividades na sala, eles ficam solicitando o tempo todo a minha presença,
querem mostrar a sua atividade, saber se está bonito e se vão ganhar os parabéns. Eu
percebo que quanto mais eu elogio as pequenas coisas que eles realizam, eles procuram
fazer o melhor. Eles necessitam dessa interação professor e aluno. Portanto a escola é um
local onde o compromisso maior que se estabelece é com o processo de transmissão e
produção de conhecimento, com isso pode-se afirmar:
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As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimentoimplica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, narelação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto estápresente (ALMEIDA, 1999, p. 107).
Na educação infantil, o contato físico entre aluno e professor é bastante forte, mas a
afetividade não se restringe apenas ao contato físico. Como salienta Dantas, “conforme a
criança vai se desenvolvendo, as trocas afetivas vão ganhando complexidades, as
manifestações epidérmicas da afetividade da lambida se fazem substituir por outras, de
natureza cognitiva, tais como respeito e reciprocidade” (DANTAS, 1993, p.75).
Conforme a criança avança em idade, torna se necessário ultrapassar os limites de
afeto epidérmico, exercendo uma ação mais cognitiva, a linguagem (ALMEIDA, 1999, p.
108).
Observo isso com meus alunos que, mesmo mantendo-se contato corporal como
forma de carinho, falar da capacidade do aluno, elogiar o seu trabalho, reconhecer seu
esforço, constituem formas cognitivas da vinculação afetiva.
A relação que caracteriza o ensinar e aprender inicia-se na família, pois o bebê
através de uma comunicação emocional mobiliza o adulto para que as suas necessidades
sejam atendidas. Portanto, o vinculo afetivo estabelecido entre o adulto e a criança sustenta
a etapa inicial do processo de aprendizagem.
A afetividade está presente em todos os momentos do trabalho pedagógico
desenvolvido pelo professor. Portanto, o professor deve estabelecer vínculos entre o aluno e
o conteúdo escolar, e isso se dá através de experiências vivenciadas pelo aluno, em sala de
aula e na relação com os diversos objetos do conhecimento. Também o aprendizado se dá
de forma satisfatória quando o conteúdo é relacionado com a sua realidade. Portanto a
aprendizagem consiste do que o aluno já sabe.
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Ausubel apresenta a questão da decisão sobre o ponto de partida do ensino de forma
clara.
Se eu tivesse que reduzir toda a Psicologia da Educação a um únicoprincípio, eu formularia este: de todos os fatores que influenciam aaprendizagem, o mais importante consiste no que o aluno já sabe.Investigue-se isso e ensine-se ao aluno de uma forma conseqüente(AUSUBEL, 1968. Apud LEITE e TASSONI, 2002).
Juntamente com esse princípio o autor propôs o conceito de aprendizagem
significativa, que implica o relacionamento entre o conteúdo a ser aprendido e aquilo que o
aluno já sabe, especificamente com algum aspecto essencial de sua estrutura cognitiva,
como por exemplo, uma imagem, um conceito, uma proposição. Ou seja, planejar o ensino
a partir do conhecimento prévio do aluno aumentando a sua possibilidade de um
conhecimento significativo.
Portanto, as relações de mediação feitas pelo professor, durante as atividades
pedagógicas devem ser motivadas pelo respeito, simpatia, apreço, compreensão, aceitação e
valorização do indivíduo, marcando assim a relação do aluno com o conhecimento,
favorecendo a sua autonomia e fortalecendo a confiança em suas decisões.
A criança, ao se desenvolver psicologicamente, vai se nutrirprincipalmente das emoções e dos sentimentos disponíveis nosrelacionamentos que vivência. São esses relacionamentos que vão definiras possibilidades de a criança buscar no seu ambiente e nas alternativasque a cultura lhe oferece, a concretização de suas potencialidades, isto é,a possibilidade de estar sempre se projetando na busca daquilo que elapode vir a ser. (MAHONEY, 1993).
Com o curso do Proesf, e com as abordagens do texto “Afetividade em Sala de
Aula”, juntamente com a minha prática pedagógica, vejo que o ato de ensinar e aprender
envolvem certa cumplicidade entre o aluno e o professor, e essa cumplicidade se constrói
através do diálogo, do que é entendida, transmitido e observado pela expressão corporal
compreensão do ponto de vista do aluno.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhar na Educação Infantil é um grande desafio, sempre me deparo com
situações novas, trabalhamos com crianças de diferentes níveis sociais, com famílias que
são estruturadas outras não e como as crianças são o reflexo da família, conseqüentemente
esses problemas vão para dentro da escola. Com isso confronto com diferentes tipos de
problemas como, emocional, afetivo, físico e de aprendizagem.
Diante dessas diversidades de problemas torna-me clara a necessidade de refletir
sobre a minha prática e buscar novos conhecimentos.
O curso de pedagogia do Proesf foi uma importante contribuição para mim e para os
demais profissionais de Educação infantil, bem como ter o conhecimento de todo o
processo que envolve o desenvolvimento infantil.
Possibilitou uma conscientização maior da responsabilidade que temos diante de
nossos alunos, de estar proporcionando, ambientes espaços adequados para que eles
possam interagir com os outros e desenvolver os vínculos afetivos, essenciais, na
aprendizagem, no intelecto e na formação como pessoa.
Educadores, onde estarão? Em que covas terão se escondido?Professores há aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que sedefine por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão: évocação.E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grandeesperança.Profissões e vocações são como plantas.Vicejam e florescemem ninhos ecológicos, naquele conjunto precário de situações que astornam possíveis e – quem sabe? – necessárias. Destruído esse habitat, avida vai se encolhendo, murchando, fica triste, mirra, entra para o fundoda terra, até sumir. (RUBENS ALVES, 1982).
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