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V ERBA VOLANT Volume 4 – Número 1 – janeiro-junho 2013 – ISSN 2178-4736 http://letras.ufpel.edu.br/verbavolant 1 | Página ELETROFISIOLOGIA: PERSPECTIVAS ATUAIS DE SUA APLICAÇÃO CLÍNICA EM FONOAUDIOLOGIA Simone Fiuza Regaçone 1 Ana Claudia Bianco Gução 2 Ana Claudia Figueiredo Frizzo 3 1. Introdução A audição tem papel fundamental no desenvolvimento da fala, linguagem e aprendizagem. Daí a importância de métodos de avaliação, como as medidas eletrofisiológicas para que a detecção de alterações auditivas e a intervenção sejam iniciadas o mais precocemente possível para garantir a essas crianças um desenvolvimento compatível com crianças de mesma faixa etária. É durante os primeiros anos de vida que a criança necessita receber o maior número de estímulos auditivos possíveis, para o desenvolvimento da oralidade, pois precisa ouvir e compreender o que ouve para então desenvolver 1 Fonoaudióloga Bolsista Treinamento Técnico – Projeto Auxílio Regular FAPESP (Processo 2012/07985-0) desenvolvido na Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FFC/UNESP- Marília – SP. [email protected] 2 Fonoaudióloga Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FFC/UNESP-Marília – SP. Bolsista CAPES. [email protected] 3 Fonoaudióloga Professor Assistente Doutor do Departamento de Fonoaudiologia e Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho FFC/UNESP- Marília - SP. [email protected]

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1 | P á g i n a

ELETROFISIOLOGIA: PERSPECTIVAS ATUAIS DE SUA APLICAÇÃO CLÍNICA EM FONOAUDIOLOGIA

Simone Fiuza Regaçone1 Ana Claudia Bianco Gução2

Ana Claudia Figueiredo Frizzo3

1. Introdução

A audição tem papel fundamental no desenvolvimento da fala,

linguagem e aprendizagem. Daí a importância de métodos de avaliação, como

as medidas eletrofisiológicas para que a detecção de alterações auditivas e a

intervenção sejam iniciadas o mais precocemente possível para garantir a

essas crianças um desenvolvimento compatível com crianças de mesma faixa

etária. É durante os primeiros anos de vida que a criança necessita receber o

maior número de estímulos auditivos possíveis, para o desenvolvimento da

oralidade, pois precisa ouvir e compreender o que ouve para então desenvolver

1 Fonoaudióloga Bolsista Treinamento Técnico – Projeto Auxílio Regular FAPESP (Processo 2012/07985-0) desenvolvido na Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FFC/UNESP- Marília – SP. [email protected]

2 Fonoaudióloga Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FFC/UNESP-Marília – SP. Bolsista CAPES. [email protected]

3 Fonoaudióloga Professor Assistente Doutor do Departamento de Fonoaudiologia e Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FFC/UNESP- Marília - SP. [email protected]

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a fala. Diante disso, qualquer prejuízo na função auditiva, pode ser um fator de

risco para o desenvolvimento da linguagem, da fala, da leitura e da escrita,

além de dificultar sua interação com o meio social.

Hoje, é evidente o interesse e investimentos de fonoaudiólogos em

pesquisas acerca dos procedimentos eletrofisiológicos, o que tem contribuído

para avaliação, diagnóstico, caracterização de quadro clínico, ou seja, para

compreensão das condições patológicas que são fundamentais para o

estabelecimento de programas de intervenção adequados, de prevenção e de

tratamento de distúrbios nos âmbitos da linguagem falada ou escrita.

Atualmente, a associação das medidas eletrofisiológicas com

neuroimagem mudou a realidade do fonoaudiólogo diante da possibilidade de

avaliação funcional em diversas patologias e da correlação de aspectos do

comportamento a fenômenos fisiológicos observáveis ao nível do sistema

nervoso.

A1 utilização de técnicas não-invasivas que extraem representações

mensuráveis do funcionamento cerebral humano é uma das mais promissoras

abordagens atualmente empregadas no estudo da função auditiva e do

desenvolvimento cognitivo (NUNEZ & SRINIVASAN, 2006).

A audiologia no decorrer de sua história evoluiu juntamente com a

tecnologia eletrônica, cada vez mais técnicas sofisticadas em eletrofisiologia

tem sido utilizada para captação e somação da atividade elétrica neural

humana do sistema auditivo tornando possível o estudo do funcionamento

auditivo cortical a serviço de outras áreas como a neurologia e psiquiatria.

Além disso, por recomendação internacional da Asha (1996), foram

incluídas na bateria mínima de testes de avaliação do processamento auditivo

as medidas eletrofisiológicas, o que tornou essa medida de diagnóstico

consensual.

Os potenciais evocados auditivos (PEA) referem-se às mudanças

elétricas ocorridas nas vias auditivas periféricas e centrais, decorrentes de

estimulações acústicas. Esses potenciais podem ser classificados de acordo

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com a latência ou tempo em que a via auditiva leva para reagir ao estímulo

(HALL, 2006). Os PEA de Curta Latência ou Potencial Evocado Auditivo de

Tronco Encefálico (PEATE) aparecem num intervalo de 10 ms após o estímulo

auditivo; os Potenciais Evocados Auditivos de Média Latência (PEAML) são

identificados num intervalo entre 10 e 70 ms pós estímulo; os Potenciais

Evocados Auditivos de Longa Latência (PEALL): Potencial Cognitivo ou

Endógeno (P300) e Mismatch Negativity – MMN, são observados num intervalo

entre 100 e 700 ms seguidos do estímulo auditivo (Fig.).

Figura: Figura representativa dos Potencias Evocados Auditivos de Curta Latência (PEATE), de Média Latência (PEAML) e Longa Latência (P300).

Os PEA podem ser resultado de fatores exógenos ou endógenos. Os

potenciais produzidos por eventos externos relacionados às características dos

estímulos que os provocaram são considerados exógenos (PEATE, PEAML e

complexo P1-N1-P2 do PEALL) e os potenciais relacionados a eventos

corticais (ERP), tal como P300, envolvem a realização de uma tarefa cognitiva

e representa fenômenos fisiológicos associados à atenção, discriminação e

memória, por isso são considerados endógenos (MCPHERSON, 1996;

MARTIN, TREMBLAY & STAPELLS, 2007; MCPHERSON, BALLACHANDA &

KAF, 2008).

O estudo da amplitude e da latência das ondas permite a mensuração

da atividade neuroelétrica em cada sítio da via auditiva central e a observação

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precisa do processamento da informação auditiva no tempo, em milissegundos

(PRATT, 2007).

Segundo Hall & Mueller (1998) o PEA é o resultado da ativação

sequencial de vários tratos e núcleos que constituem as vias auditivas centrais

ascendentes; a captação das respostas de curta latência nos permite investigar

a atividade elétrica ao nível do nervo auditivo, tronco encefálico e leminisco

lateral; o registro dos potencias evocados de média latência garante a

visualização da atividade elétrica do córtex auditivo primário e das vias tálamo-

corticais auditivas; e a medida das respostas auditivas relacionadas a eventos

possibilita a observação da atividade elétrica do córtex auditivo primário e

secundário, de regiões auditivas do hipotálamo.

Os Potencias evocados Auditivos de Curta Latência incluem medidas de

Eletrococleografia, Respostas Auditivas de Estado Estável e dos Potenciais

Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (PEATE), representadas por

potenciais neuroelétricos de curto tempo de surgimento após a apresentação

do estímulo, em geral, entre 0 e 15 ms.

Vale destacar que o uso das Respostas Auditivas de Estado Estável em

bebês e crianças, da clínica fonoaudiológica, pode ser promissor como

instrumento de diagnóstico na avaliação audiológica infantil, devido à

possibilidade de avaliação simultânea de orelhas e de frequências e diminuição

do tempo de teste (DUARTE et al., 2008). No entanto, na atualidade, o uso

desta medida ainda é restrito e não incluído na rotina clínica, usado apenas em

grandes centros de diagnóstico ligados à pesquisa científica.

O PEATE é composto por uma série de 5 a 7 picos, de voltagem

positiva, representados por algarismos romanos, de I a VII, que ocorrem nos

primeiros 10 ms após a apresentação do estímulo, captados por eletrodos de

superfície posicionados na superfície craniana (HALL & MUELLER, 1998). As

ondas I, III e V são mais frequentemente observadas.

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Na avaliação da integridade da via auditiva através da identificação das

ondas I, III e V em alta intensidade (entre 80 e 90 dBNA), o PEATE permite a

comparação da velocidade de progressão do estímulo (latências) em ambas as

orelhas e a investigação da presença de lesões retro-cocleares das vias

auditivas (assimetria de traçados, aumento dos intervalos interpicos) em

crianças e adultos (HALL & MUELLER, 1998; SOUSA et al., 2007;

KÄLLSTRAND et al.,2010),

Já os PEAML são respostas bioelétricas evocadas após o estímulo

sonoro, e compõem uma série de ondas, negativas (N) e positivas (P), num

intervalo entre 10 e 80 ms. A sequência de ondas é simbolizada

alfabeticamente em letras minúsculas, que incluem os componentes Po, Na,

Pa, Nb, Pb. As ondas mais frequentemente analisadas são Na, Pa, Nb,

maiores em amplitude e mais consistentes. Em condições de normalidade, a

onda Na apresenta primeiro maior pico negativo entre 12 e 27ms; Pa é o maior

pico positivo após Na, entre 25 e 40ms, mais proeminente dentre as ondas; Nb

é o pico negativo logo após Pa, entre 30 e 55ms (HALL, 2006).

A onda Pa é, usualmente, a onda mais robusta e, neste sentido, pode

ser comparada à onda V do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico -

PEATE, sendo a forma de onda Na-Pa a mais frequentemente utilizada e

pesquisada (MUSIEK, LEE, 2001). A onda Pb é altamente variável e pode não

aparecer em indivíduos normais, especialmente em crianças (HALL, 2006).

De acordo com Lee et al (1984) a captação desse potencial reflete a

atividade cortical auditiva primária, envolvida nas habilidades de

reconhecimento, discriminação e figura-fundo, e a não primária, responsável

pela atenção seletiva, sequência auditiva e integração auditiva-visual, com

colaboração das vias tálamo-corticais auditivas, do colículo inferior e formação

reticular.

Simões, Souza & Schochat (2009) sugerem que a amplitude da onda

Na-Pa do PEAML em sujeitos normais é simétrica, ou seja, eletrodos colocados

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no lobo temporal direito e esquerdo devem obter respostas similares. A análise

das ondas deve ser realizada em uma observação comparativa entre as

orelhas e os hemisférios para a determinação de normalidade.

Quanto à contribuição deste potencial para a prática clínica, a pesquisa

dos PEAMLs é um método diagnóstico útil na investigação da via auditiva em

pacientes com problemas de aprendizagem e do processamento auditivo e na

pesquisa da sensibilidade auditiva, tanto para crianças quanto para adultos.

Por fim, McPherson (1996) e Hall (2006) referem que os potenciais

evocados auditivos de longa latência são respostas bioelétricas da atividade do

tálamo e do córtex, que ocorrem num intervalo entre 100 e 700 ms. O registro

do PEALL são caracterizados por uma sequência de picos com polaridade

negativa-positiva-negativa-positiva (N1-P2-N2-P3) acima e abaixo da linha de

base, respectivamente, ou seja, o N1ocorre ao redor de 100ms; o P2 em torno

de 160 ms; o N2 próximo a 200 ms; e o P3 ao redor de 300 ms.

Segundo Hall (2006) a análise dos registros em termos de latência de

onda é o parâmetro mais importante na análise do PEALL. A amplitude é outro

parâmetro importante na interpretação dos resultados, relativa ao evento ou

tarefa envolvida na resposta. É a medição do tamanho da atividade elétrica,

medida em microvolts (V), preferencialmente, da linha de base do registro até

o pico da onda, e analisada individualmente (MCPHERSON, 1996).

O MMN, Mismatch Negativity é um potencial evocado auditivo tardio,

associado ao processo pré-atencional passivo relacionado à análise das

características acústicas relativas à discriminação do estímulo sonoro. Suas

medidas não são afetadas pelo estado de sono e nem pela atenção

(NÄÄTÄNEN, 2007).

O presente estudo apresenta uma revisão crítica dos estudos

empregando os PEA desenvolvidos em universidades e centros de pesquisa

brasileiros, enfatizando especialmente seus objetivos principais e aplicação

clínica em fonoaudiologia.

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2. Aplicação clínica das medidas eletrofisiológicas na Fonoaudiologia

Um estudo de revisão bibliográfica sobre os métodos utilizados na

avaliação do caminho neural auditivo concluiu que medidas eletrofisiológicas

são mais sensíveis, objetivas e menos variáveis na avaliação dos transtornos

neurais que medidas comportamentais tradicionais, como audiometria usando

fala e tom puro (HOOD, 1999).

Atualmente o potencial evocado auditivo de tronco encefálico (PEATE)

é o exame mais empregado na prática clínica dentre os potenciais evocados

auditivos. Sendo considerado uma importante medida da audição nas

populações infantis, devido a identificação precoce de perdas auditivas nessa

população, permitindo investigar a audição em recém-nascidos e acompanhar

o desenvolvimento auditivo nos primeiros anos de vida. Tornou-se um

instrumento de avaliação de grande utilidade em virtude da não-interferência do

sono e da sedação e da possibilidade de avaliação objetiva em bebês e em

crianças não colaboradoras na avaliação audiológica comportamental (HALL,

2006; KRAUS & NICOL, 2009).

Vale ressaltar que é imprescindível levar em consideração que a

maturação do sistema auditivo influencia as respostas do potencial evocado

auditivo de tronco encefálico em neonatos e lactentes. Portanto, para evitar a

interpretação equivocada dos resultados deve-se considerar a idade

gestacional na análise desse teste nessa população (CASALI & SANTOS,

2010).

Um estudo experimental, realizado por Gatto (2008) que promoveu a

implantação de um programa de Triagem Auditiva Neonatal Opcional (TANO)

para avaliar a função auditiva dos recém-nascidos, mostrou que as alterações

auditivas triadas num primeiro momento pela realização das emissões

otoacústicas (EOA) foram confirmadas pelo Potencial Evocado Auditivo de

Tronco Encefálico (PEATE).

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Os resultados da triagem auditiva neonatal universal em uma

maternidade pública do estado do Acre, onde era utilizado PEATE como

segundo instrumento de triagem, quando as emissões otoacústicas falhavam,

concluiram que houve maior sensibilidade do PEATE enquanto instrumento de

triagem (BORGES et al., 2006).

Berger et al (2012) concluiram que a introdução de Triagem Auditiva

Neonatal (TANU), ocasiona no diagnóstico precoce da deficiência auditiva

infantil, o que permite uma reabilitação precoce, proporcionando melhor

desenvolvimento das crianças.

Estudos internacionais têm mostrado a importância dos potenciais

evocados auditivos de tronco encefálico na população infantil, utilizando esse

procedimento para investigar o quanto patologias como enterocolite necrosante

e diabete mellitus afetam negativamente o sistema auditivo (JIANG et al, 2012;

ACAR et al, 2012).

No estudo conduzido por Mittal el al. (2012) realizado em um hospital

da Índia utilizou o PEATE como um dos procedimentos para detectar a

neuropatia auditiva, sugerindo que a presença de microfonia coclear e

ausência de resposta no potencial auditivo de tronco encefálico podem ser

critérios confiáveis para o diagnóstico.

Jeong & Kim (2012) concluiram em estudo através de medidas

eletrofisiológicas com potenciais auditivos de curta latência que os limiares

auditivos da orelha implantada melhorou para 25 dBNA e as crianças

apresentaram habilidade de percepção de fala em conjunto aberto.

O potencial auditivo de tronco encefálico tem sido utilizado também na

investigação da audição em crianças com distúrbios neurológicos e

psiquiátricos, principalmente em crianças do espectro do autismo (WONG &

WONG, 1991; KLIN, 1993; ROSENHALL et al, 1999). A literatura tem mostrado

que a aplicação do PEATE nessa população tem contribuído para a precisão

no diagnóstico e intervenção adequada, uma vez que estudos têm observado

tempo de condução do estimulo alterado, com respostas neurais alongadas,

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indicando anormalidades no neurodesenvolvimento do cérebro desses

indivíduos (WONG & WONG, 1991; ROSENHALL et al., 2003; FUJIKAWA-

BROOKS et al., 2010; ROTH, 2012 ).

Para o diagnóstico diferencial entre patologias coclear versus

retrococleares e possibilidade de se determinar os limiares de audibilidade,

bem como inferir sobre o tipo de perda auditiva é necessário a realização da

pesquisa do PEATE por frequência específica, utilizando tom burst e

estimulador por via óssea (PURDY & KELLY, 2008).

Almeida, Rodrigues & Lewis (2011), em estudo sobre potenciais

evocados auditivos por freqüências específica (PEATE-FE) em lactentes com

audição normal e sem indicadores de risco para deficiência auditiva mostrou

que esse procedimento pode ser utilizado como parâmetros de normalidade na

interpretação clínica dos PEATE-FE em lactentes.

Como já mencionado anteriormente, o PEAML é um método

diagnóstico útil na investigação do funcionamento da via auditiva, indicado para

avaliar lesões e disfunções auditivas de etiologias diversas que afetem a via

auditiva ao longo do córtex (PRATT, 2007). Utilizado também de modo

eficiente no monitoramento da intervenção terapêutica de pacientes com

transtorno do processamento auditivo submetidos a treinamento auditivo

(SCHOCHAT et al., 2010).

A pesquisa do PEAML é o método mais apropriado para avaliar

crianças com distúrbios de aprendizado, já que, neste caso, se trata de origens

neurais mais superiores. Estudos comprovam aumento da latência de Pa em

crianças com distúrbio de aprendizagem (AREHOLE, AUGUSTINE &

SIMHADRI, 1995). Estudos do PEAMLs em crianças com distúrbio de

aprendizado registraram latência mais longa para onda Na e amplitude menor

da onda Nb (PURDY, KELLY & DAVIES, 2002).

Pacientes com Síndrome de Landau-Kleffner (ASHA, 1996) foram

avaliados pelo PEAML e todos mostraram algum tipo de alteração, confirmando

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a eficiência deste procedimento na avaliação da função auditiva (MATAS et al.,

2007).

Pacientes afásicos avaliados por medidas eletrofisiológicas mostraram

diferença hemisférica estatisticamente significante ao comparar o componente

Pa na pesquisa do PEAML registrado em C3 (hemisfério esquerdo) e C4

(hemisfério direito) no grupo experimental, e concluíram que o PEAML

demonstrou ser instrumento útil para avaliação de indivíduos afásicos

(ALVARENGA et al., 2005).

Além disso, o PEAML tem sido empregado no estabelecimento do

prognóstico em pacientes pré-implantados, numa abordagem pré-cirúrgica, por

meio da estimulação elétrica direta do sistema auditivo, para investigar o

funcionamento do córtex auditivo dos futuros pacientes implantados (PRATT,

2007).

Chang et al (2012) estudou os potenciais evocados auditivos corticais

com o intuito de avaliar a audibilidade de bebês e crianças com perda auditiva,

obtendo um resultado significativo na detecção cortical de crianças usuárias de

dispositivos de amplificação sonora.

Estudo com crianças com queixa escolar e alteração no

processamento auditivo (PA), a fim de verificar se apresentavam os PEALL

diferentes das crianças normais da mesma faixa etária, demonstraram retardo

na latência das crianças com alterações no processamento auditivo, quando

comparados aos resultados encontrados nas crianças do grupo controle,

fortalecendo a aplicação clínica dos PEALL para um diagnóstico mais preciso

do distúrbio do processamento auditivo central (DINIZ JÚNIOR, 1996).

Crianças normais e com dificuldades escolares foram avaliadas pelo

PEALL e por testes comportamentais do processamento auditivo. Os

resultados dessa pesquisa revelaram que a associação entre os dois métodos

permitiu um diagnóstico mais preciso de distúrbios de memória curta, atenção,

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presentes nos três indivíduos com problemas de aprendizado escolar que

mostraram P300 mais longo (AQUINO et al., 2000).

A avaliação em crianças com bom e mau rendimento escolar mostrou

média de latência do P300 em 336 ms para crianças com bom rendimento

escolar e 382 ms para crianças com mau rendimento escolar (VISIOLI-MELO &

ROTTA, 2000).

Estudos com crianças disfásicas examinaram a maturação da via

auditiva central e observaram grande variabilidade das latências P2 e P3, com

prolongamento de P3, em comparação com crianças saudáveis, mostrando

alterações na função auditiva central, que foram relacionadas a déficit temporal

subjacente a disfasia (DLOUHÁ, 2008).

Vários pesquisadores têm estudado os potenciais de longa latência em

indivíduos com transtorno do espectro do autismo (TEA) a fim de confirmarem

as alterações de linguagem, de interação social, do uso da comunicação e das

funções executivas (KUJALA et al., 2005; MATAS, GONÇALVES &

MAGLIARO, 2009)

Estudos que realizaram exame de PEALL em indivíduos com TEA

verificaram grande ocorrência de resultados alterados no P300, sendo as

alterações mais comuns o aumento da latência e a diminuição da amplitude,

indicando anormalidades no armazenamento e processamento da informação

nessa população (NOVICK et al., 1979; LOTSPEICH & CIARANELLO, 1993;

KUJALA et al., 2005; MAGLIARO et al., 2010).

A investigação de alterações no processamento auditivo central se

torna importante quando se considera a existência de dificuldades na

discriminação e reconhecimento do som, na atenção e tomada de decisões,

além de distúrbios e atrasos de linguagem. Observadas essas características

junto às respostas do PEALL, o diagnóstico e a reabilitação das perturbações

psiquiátricas infantis se tornam mais precisos.

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Sharma, Dorman e Spahr (2002) concluíram que o desenvolvimento

cortical auditivo de crianças implantadas segue mais rápido que crianças com

audição normal da mesma idade, mostrando um alto grau de plasticidade da

via auditiva durante a desenvolvimento precoce e a sensibilidade do

procedimento no acompanhamento da maturação auditiva durante o primeiro

ano de vida.

Alvarenga et al (2012) em estudo com crianças com o espectro da

neuropatia auditiva implantadas e sugere que o componente P1 pode servir

como marcador do centro de desenvolvimento auditivo cortical, além de ser um

preditor no desempenho da percepção da fala na criança implantada.

Enfim, os potenciais evocados auditivos de longa latência também

podem ser utilizados com ferramenta clínica para monitorar resultados de

reabilitação auditiva e para guiar as escolhas de intervenção em crianças com

deficiência auditiva (THABET, SAID, 2012) e em crianças com implante coclear

(SHARMA, DORMAN & SPAHR, 2002; ALVARENGA et al, 2012; HE et al,

2012).

3. Análise crítica

A partir dos resultados da revisão da literatura aqui apresentada

observa-se que informações atuais da literatura nacional e internacional

evidenciam os Potenciais Evocados Auditivos (PEA) como instrumento

diagnóstico promissor. Tais instrumentos diagnósticos permitem investigar o

caminho do som da orelha até o córtex auditivo e contribuem significativamente

para o diagnóstico diferencial entre as patologias do sistema auditivo periférico

e central e suas relações com a linguagem humana.

Seu emprego enquanto método de investigação objetiva das

habilidades auditivas ao nível do córtex tem contribuição inestimável às

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ciências da saúde e educação e é uma das opções viáveis dentro do estudo da

cognição humana. Permitir que a atividade cerebral humana seja monitorada

em tempo real durante tarefas psicológicas, proporciona informações

extremamente valiosas (JAEGER; PARENTE, 2010).

Na clínica fonoaudiológica, a contribuição atual do PEATE tem sido seu

maior foco na avaliação em bebês, e na possibilidade de diagnóstico e

intervenção precoce e a perspectiva de aquisição normal da linguagem e do

desenvolvimento sócio-emocional da criança.

O potencial evocado auditivo de média latência tem tido uma aplicação

clínica um pouco mais restrita em âmbito nacional. Na literatura da área,

observa-se um maior número de estudos relativos à padronização de resposta

em pacientes de diferentes faixas etárias e diagnósticos clínicos, como as

afasias, bem como à variação de técnica de registro e estimulação.

O potencial evocado auditivo de longa latência tem sido empregado em

populações fonoaudiológicas com disfasia, distúrbio na aprendizagem escolar,

usuários de implante cocleares e aparelhos auditivos, quadros neurológicos,

sindrômicos e neuropsiquiátricos maiores como a Esclerose Múltipla,

Alzheimer, Doença de Parkinson, Síndrome de Down, Síndrome de Aspeger e

Autismo, para o estudo das funções cognitivas correlatas à linguagem.

A aprendizagem da linguagem falada e escrita implica a incorporação

de elementos acústicos e a representação de suas características fonéticas de

uma língua, o que faz do PEALL um potente instrumento de avaliação de

pacientes com problemas de linguagem, e neste sentido, de grande utilidade à

clinica fonoaudiológica.

Por outro lado, questões de pesquisa relativas aos efeitos do

desenvolvimento e envelhecimento, influência de diagnósticos clínicos na

resposta, conseqüências de variações nos métodos de estimulação, aquisição

e registro, são foco de estudo e os resultados proporcionados por esses

estudos são de grande relevância com o objetivo de reafirmar a utilidade dos

PEA e para a investigação de correlatos eletrofisiológicos de variados

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fenômenos físicos, clínicos e psicológicos (POLICH, 2007) e uso clínico efetivo

e seguro destes procedimentos.

4. Considerações finais

As medidas eletrofisiológicas aqui apresentadas não são específicas

para diagnóstico etiológico de patologias, mas fornecem informações

importantes sobre o funcionamento do sistema auditivo e podem ser utilizadas

no estudo do processamento de estímulos sonoros e da compreensão da fala,

ligados a diversas patologias que afetam a linguagem e a cognição.

Na fonoaudiologia, as medidas eletrofisiológicas garantirão a

possibilidade de associação dos aspectos comportamentais à resposta

funcional cortical em diversas patologias e a correlação destes aos fenômenos

fisiológicos observáveis em tempo real ao nível do sistema nervoso.

Nos últimos anos, a produção científica nacional e internacional relativa

aos potenciais evocados auditivos evoluiu muito e grande esforço tem sido

dispensado entre os pesquisadores da área. No entanto, sua indicação e

aplicação ainda exigirão maior empenho na busca de investigações adaptadas

à nossa realidade para a indicação e uso seguro dos métodos eletrofisiológicos

em populações da clínica fonoaudiológica.

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RESUMO

Este capítulo sintetiza as principais técnicas de captação e análise dos potenciais evocados auditivos de curta, média e longa latência, enfatizando a contribuição de cada medida eletrofisiológica para o diagnóstico fonoaudiológico. A produção científica nacional e internacional relativa aos potenciais evocados auditivos esteve em expansão nos últimos anos. Mas ainda é necessário maior esforço entre os pesquisadores da área, especialmente em relação ao controle das variáveis da estimulação, dos parâmetros de registro e da análise do exame, na busca de investigações adaptadas à nossa realidade para a indicação e aplicação segura dos métodos eletrofisiológicos em populações da clínica fonoaudiológica.

PALAVRAS-CHAVE: Eletrofisiologia; Potenciais evocados auditivos; Audição; Linguagem.

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ABSTRACT

This article summarizes the main techniques used to capture and analyze auditory evoked potentials of short, medium and long latency, emphasizing the contribution of each electrophysiological measure for diagnosing speech. The national and international scientific production on auditory evoked potentials has been expanding in recent years. But more effort is still needed among researchers, especially in relation to the control variables of stimulation parameters and log analysis survey, seeking investigations adapted to our reality for the nomination and safe application of electrophysiological methods in populations of speech pathology and hearing clinical.

KEYWORDS: Electrophysiology; Auditory evoked potentials, Hearing; Language.

Endereço para correspondência 1º Autor: Simone Fiuza Regaçone Fonoaudióloga Bolsista Treinamento Técnico – Projeto Auxílio Regular FAPESP (Processo 2012/07985-0) desenvolvido na Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FFC/UNESP- Marília – SP. [email protected] Endereço: Av. Vicente Ferreira, 1278, Bairro Cascata Marília – SP. CEP: 17515-901 Caixa Postal 181 Fone: (14) 97289479 2º Autor: Ana Cláudia Bianco Gução Fonoaudióloga Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – FFC / UNESP – Marília – SP. Bolsista CAPES. [email protected] Endereço: Endereço: Av. Vicente Ferreira, 1278, Bairro Cascata Marília – SP. CEP: 17515-901 Caixa Postal 181 Fone: (14) 96753339 3º Autor: Ana Cláudia Figueiredo Frizzo Fonoaudióloga Professor Assistente Doutor do Departamento de Fonoaudiologia e Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -FFC/UNESP-Marília SP. [email protected] Endereço: Endereço: Av. Vicente Ferreira, 1278, Bairro Cascata Marília – SP. CEP: 17515-901 Caixa Postal 181 Fone: (14) 91938663