Tecendo a aprendizagem em Mato Grosso do Sul Paul Potts com legenda.mp4.
ELABORAÇÃO DE PROJETOS - Bahia · 2017-04-04 · definição de Jason Potts e outros (2008), tal...
Transcript of ELABORAÇÃO DE PROJETOS - Bahia · 2017-04-04 · definição de Jason Potts e outros (2008), tal...
1ELABORAÇÃO DE PROJETOS
2
Ministério da CulturaMarta Suplicy
Secretaria de Economia CriativaMarcos André Carvalho
Governo do Estado da BahiaJaques Wagner
Secretaria de Cultura do Estado da BahiaAntonio Albino Canelas Rubim
Superintendência Promoção CulturalCarlos Paiva
Diretoria de Economia da CulturaCarmen Lúcia Castro Lima
Coordenadora Executiva do Escritório Bahia CriativaRita Clementina Pereira
Coordenador Técnico do Escritório Bahia CriativaDaniel Carneiro
ElaboraçãoLuis Alencar
SupervisãoCarmen LimaDaniel CarneiroRita Clementina
Projeto Gráfico e EditoraçãoDesigner Márcio Medeiros
Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA)
®Copyright 2014 – Todos os direitos reservados.
A distribuição total ou parcial deste conteúdo é permitida, desde que sejam citadas as fontes.
3
SUMÁRIOO ESCRITÓRIO BAHIA CRIATIVA 5
1. APRESENTAÇÃO 7
2. CONTEÚDO
2.1 DEFINIÇÃO DE PROJETO 8
2.2 DEFINIÇÃO DE PROJETO CULTURAL 8
2.2.1 A Redação do Projeto 10
2.2.2 Sugestões para a Redação do Projeto 10
2.3 ESTRUTURA DO PROJETO 11
3. LEITURA RECOMENDADA 21
REFERÊNCIAS 21
5
Provavelmente, você já percebeu que tem um ingrediente novo nas receitas de modelos de negócios.
Uma pesquisa rápida na internet e você talvez tenha descoberto diversos documentos oficiais, relatórios,
pesquisas acadêmicas e redes empresariais que utilizam o conceito de economia criativa. Mas, afinal, o
que é a economia criativa?
A capacidade de inventar, reinventar e empreender a partir das potencialidades do entorno são
reconhecidamente características do ser humano. Todavia, apenas a partir de meados dos anos 1990,
diversas instituições públicas e privadas passaram a dar destaque às atividades econômicas relacionadas
à criatividade como mola propulsora do desenvolvimento econômico, social e urbano. Embora ainda
não exista consenso no que tange às definições e conceitos do setor, em geral, são incluídas no escopo
das atividades criativas aquelas resultantes de “ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja
dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção e riqueza cultural, econômica
e social” (BRASIL,MINC, 2012).
O termo economia criativa é utilizado para denominar uma conceituação mais ampla do segmento
cultural com foco em sua dimensão econômica. A economia criativa são as atividades econômicas
relacionadas ao Patrimônio Cultural, às Expressões Culturais Tradicionais, às Artes Visuais, às Artes dos
Espetáculos; à Arte Digital; ao Audiovisual; aos Serviços Funcionais; e às Artes Editoriais, Publicações
e Mídias Impressas. Os segmentos criativos, assim, abrangem aqueles reconhecidamente “culturais”, em
suas diversas linguagens, e outros, que têm a criatividade e o valor cultural como elementos fundamentais,
a exemplo do design, arquitetura, publicidade e moda.
Para além do impacto econômico, outros indicadores apontam a força dos segmentos criativos no que
concerne à formação de redes urbanas que fomentam o desenvolvimento sócio-produtivo de forma
transversal. A dinâmica da economia criativa se realiza a partir de redes de colaboração e influência. Na
definição de Jason Potts e outros (2008), tal economia está inserida nos “mercados de redes sociais”,
nos quais redes de interações de indivíduos atuam desde a produção até o consumo e influenciam
decisivamente os resultados finais (POTTS et al., 2008, p. 169). Neste cenário, insere-se a tendência
mundial de elaborar políticas públicas estratégicas para potencializar o trabalho em rede e as vocações dos
O ESCRITÓRIO BAHIA CRIATIVA
6
segmentos criativos em cidades.
O Bahia Criativa é um escritório público de atendimento e suporte a profissionais e empreendedores
que atuam nos setores criativos na Bahia, por meio da oferta de informação, capacitação, consultorias e
assessorias técnicas, entre outros serviços voltados para a qualificação da gestão de projetos, produtos e
empreendimentos criativos.
Fruto de um convênio firmado entre o Ministério da Cultura e o Governo da Bahia, o equipamento
é gerido pela Secretaria de Cultura do Estado e tem como objetivo proporcionar qualificação ligada à
gestão de sustentabilidade econômica de atividades criativas e também contribuir para o desenvolvimento
de competências que auxiliem na geração de ocupação, renda e, assim, produzir riquezas culturais,
econômicas e sociais.
Equipe Bahia Criativa
7
APRESENTAÇÃO
Caro Participante,
O módulo ELABORAÇÃO DE PROJETOS tem como objetivo capacitar agentes culturais, artistas
e produtores, assim como informá-los sobre formas e possibilidades existentes de apresentar projetos.
A elaboração de um projeto é essencial tanto para a solicitação de apoio e patrocínios a instituições
públicas e a empresas, como também para a produção de uma atividade artístico-cultural.
Além de dominar o conceito de projeto e a particularidade de um projeto cultural, o responsável pelo
projeto deve ter o cuidado de indicar, sempre de maneira clara e objetiva, que atividade pretende realizar,
como, quando e onde ela irá acontecer, quem a desenvolverá e quanto custará.
Neste sentido, este módulo busca auxiliar o processo de construção de projetos culturais a fim de
instrumentalizar a aprendizagem apresentando de uma maneira sistematizada técnicas, ferramentas e
metodologias de elaboração de projetos.
Nosso propósito é favorecer a execução mais eficiente, eficaz e efetiva das propostas previstas em projetos
culturais.
Equipe Bahia Criativa
8
2 CONTEÚDO
2.1 DEFINIÇÃO DE PROJETO
Na vida cotidiana, constantemente fazemos projetos. Ao preparamos as próximas férias, nos informamos
do destino, as diferentes formas de viajar para o lugar, traçamos um itinerário, lugares que queremos
visitar e faremos o possível para planificá-la, calcular um gasto aproximado e outras informações. Do
mesmo modo, se planejamos mudar de trabalho, comprar um imóvel ou preparar uma festa entre amigos.
Isto que fazemos de maneira intuitiva e, às vezes, no cotidiano, é o desenvolvimento natural de um
projeto, com suas etapas, sua previsão, sua aplicação e sua avaliação.
A ferramenta do projeto é oriunda dos setores do urbanismo e da indústria. Sua inserção no campo
social, educativo e cultural responde a necessidade de concisão dos processos de intervenção social, mas,
sobretudo, pela necessidade de eficácia e eficiência do trabalho profissional na gestão de políticas sociais
e culturais públicas.
2.2. DEFINIÇÃO DE PROJETO CULTURAL
Para a elaboração de um projeto cultural é necessária uma melhor estrutura com itens não repetitivos,
compatíveis com seu porte, compromissos adquiridos, recursos investidos e pessoas envolvidas, mas,
sobretudo, pela repercussão social que determina sua intervenção.
O ponto de partida de qualquer projeto cultural é uma ideia original, surgida de uma mente criativa
que durante seu desenvolvimento envolve recursos humanos, técnicos e financeiros. Seus resultados
normalmente variam de acordo com a ideia original e para ser posto em prática requer grandes doses de
tenacidade e convicção.
Um projeto cultural é aquele que aplica metodologias, gerencia energia humana e possui traços distintivos
espirituais, materiais, intelectuais ou afetivos de uma sociedade ou grupo social, que compreende os estilos
de vida, as formas de convivência, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. Uma característica dos
projetos culturais é sua grande flexibilidade para adaptar-se a diferentes contextos e circunstâncias, já que
incorpora variáveis de difícil controle devido ao seu caráter intangível. Um projeto cultural apresenta as
seguintes características básicas:
9
• O processo de elaboração do projeto exige reflexão na busca da concretização das ações desejadas;
• Demonstra uma capacidade de previsão e antecipação a uma situação estudada, diagnosticada ou
analisada;
• É um resultado formalizado que permite conhecer e apresentar opções de intervenção de um
determinado problema;
• É uma ferramenta de gestão que permite organizar a execução e realizar um processo de avaliação
completa.
O propósito de qualquer projeto cultural é alcançar resultados concretos e honestos, dentro dos limites
de um orçamento e de um tempo determinado, de acordo com os objetivos previstos em seu desenho,
por isso é muito importante que os projetos culturais sejam:
• Realistas e bem fundamentados: é preciso expor os fatores assim como mostrar e indicar as razões do fenômeno cultural;
• Precisos: requer sua expressão em ações e prazos concretos e não apenas pela exposição de bons propósitos, isto é, não ser elaborado a partir de suposições, elementos subjetivos ou interpretações parciais ou vagas;
• Completos: implica sinalizar todos os fatores externos que condicionam o êxito do projeto a todos os níveis, ainda que estes fatores não sejam controláveis.
Apesar de possuir suas próprias peculiaridades e necessidades diferentes, cada projeto cultural compactua
com as seguintes características comuns:
• Necessita de um processo contínuo para cumprir seus objetivos;
• Estabelece a combinação de recursos humanos, materiais e financeiros;
• Obedece a uma sistematização e articulação predeterminadas;
• É realizado em tempo e espaço preestabelecidos;
• É justificado pela necessidade de uma situação ou problema que se pretende solucionar;
• Seus produtos finais se relacionam com nossos sentidos e emoções.
Pela natureza de seus conteúdos, os projetos culturais, normalmente, são muito diferentes entre si e
podem variar por muitas razões, por isso não existe uma “receita” ou pauta universal para todos, pois
cada criador estabelece seu método de trabalho a partir de sua formação profissional, habilidades, lógica
10
e intuição; e também são determinantes o entorno e as ferramentas e os instrumentos a sua disposição.
2.2.1 A Redação do Projeto
A forma de redigir o projeto é tão importante quanto os conteúdos do projeto, as ideias originais e as
propostas criativas. Para expressar, por escrito, uma ideia, de forma correta, se faz necessário o exercício
prático, o que exige tempo e vontade. Não é fácil escrever corretamente na primeira tentativa, portanto,
é fundamental uma prática contínua para dominar este ofício.
Redigir, etimologicamente, significa compilar ou pôr em ordem. Em sentido preciso, consiste em
expressar, por escrito, os pensamentos ou conhecimentos ordenados, isto é muito importante, pois antes
de tentar escrever, deve ter claro o que se pensa fazer.
O pensamento do autor, sua inteligência, formação e outras qualidades se manifestam a todo o momento
ao escrever. O texto revela também seu nível de conhecimentos gramaticais em frases construídas
com exatidão, claridade e concisão. A característica mais difícil de conseguir no momento de redigir
é a originalidade, pois implica precisamente em algo diferente do comum e os artistas devem buscar a
originalidade em todo momento.
Para redigir um projeto, convém seguir os seguintes passos:
• Identificação das ideias principais;
• Redação de um rascunho;
• Redação definitiva.
A primeira versão do documento deverá conter a maior quantidade de informação possível, para
depois poder editar e ajustar as diversas necessidades, como também propor compensações a possíveis
patrocinadores, lembrando que cada um dos destinatários requer distintos níveis de informação. Enquanto
alguns se satisfazem com informação concisa e breve, outros solicitam dados amplos e detalhados.
2.2.2 Sugestões para a Redação do Projeto
• Consultar um dicionário sempre, para verificar significados e ortografia. Atualmente, contamos
com dicionários online que favorecem o processo de consulta;
• Utilizar frases coerentes, legíveis e construídas com poucos adjetivos;
11
• Corrigir constantemente o escrito, sempre que necessário;
• Utilizar uma linguagem simples e de fácil compreensão para todos;
• Se não encontrar a frase correta, pôr em prática o método de “falar sobre o papel”, que consiste
em ler em voz alta;
• Não tentar impressionar a comissão julgadora utilizando palavras rebuscadas ou termos altamente
especializados;
• Não é recomendável utilizar expressões em outro idioma a menos que sejam imprescindíveis.
2.3 ESTRUTURA DO PROJETO
O que deve compor a estrutura do projeto:
• Informações claras e precisas que permitam avaliar sua adequação aos objetivos da entidade
apoiadora;
• Definição clara dos objetivos a serem alcançados, os métodos e técnicas a serem empregados e os
resultados que levarão a atingir esse objetivo;
• Especificações das atividades a serem desenvolvidas para obter cada resultado, em forma de
cronograma, de modo a permitir a elaboração de orçamentos detalhados, conforme planilhas
constantes de cada formulário;
• Demonstração de que a instituição reúne condições técnicas, administrativas de recursos humanos
e de infraestrutura adequada à execução do projeto.
CONTEÚDO
São elementos essenciais na forma de dispor as informações:
• Clareza: o conteúdo do projeto deve ser apresentado de forma clara, além de uma estrutura de
ideias bem organizadas;
• Convencimento: o conteúdo do projeto deve ser persuasivo, convencendo as possíveis fontes de
recursos a apoiá-lo;
• Consistência: o projeto deve prezar pela sustentabilidade e agregar credibilidade ao apoiador;
• Flexibilidade: adaptável às circunstâncias sem perder as suas características originais.
12
FORMA
A apresentação e a linguagem do projeto precisam seguir determinadas orientações. O projeto deve ser:
• Coerente: as diferentes etapas do projeto são inter-relacionáveis, apresentando um raciocínio
lógico;
• Objetivo e prático: com suas etapas e estruturas expostas de forma lógica e de fácil entendimento;
• Adequado: em consonância com o modelo de formulário adotado pela entidade apoiadora;
• Atrativo: ser visualmente atrativo, buscando um diferencial na sua programação visual, no papel
utilizado e até mesmo na encadernação.
TÍTULO DO PROJETO
Em qualquer projeto, o título é muito importante, mas, no âmbito cultural, é fundamental. A maneira
como se denomina o projeto revela importantes características com relação ao proponente e ao projeto,
como nível de criatividade, capacidade de síntese, orientação, entre outros aspectos. Por isso, é importante
concentrar-se na reflexão sobre este assunto e fazer um exercício de criatividade e imaginação para eleger
o nome mais adequado para o projeto.
Em um projeto cultural, o título deve ser congruente com seu conteúdo, original, sugestivo e breve. É
indicada, muitas vezes, a criação do título no final do processo de elaboração do projeto, pois o proponente
já adquiriu mais familiaridade com a proposta e houve tempo para pensar de forma amadurecida sobre
o assunto.
O título transmite uma informação importante à comissão julgadora. Essa primeira impressão pode ser
uma boa oportunidade para interessar ao responsável pelaseleção de propostas.
Como título, podem ser utilizadas metáforas poéticas, frases curiosas, assim como um jogo de palavras, o
importante é fazer uso da criatividade elaborando um título vivaz e interessante.
APRESENTAÇÃO
Na apresentação, o proponente deve descrever o objeto do projeto que pode ser uma ação, uma atividade
ou um produto cultural.A apresentação ou descrição é a síntese do projeto. Dessa forma, o proponente
inicia esta etapa com um histórico do objeto, descrevendo como surgiu a ideia de sua realização, qual a
13
sua importância e seus principais objetivos, o número de pessoas envolvidas,a qual público ele se destina
e, finalmente, em que período e local ocorrerá. Assim como o título, uma apresentação bem embasada
despertará o interesse do leitor/avaliador do projeto.
Segue Roteiro de informações sugerido para compor uma apresentação:
• O que é o projeto?• Qual seu objetivo geral?• Quais as atividades principais?• Quais são os principais profissionais envolvidos?• Qual o público-alvo?• Quando e onde será realizado?
JUSTIFICATIVA
Explica as razões pelas quais se tomou a iniciativa de realizar o projeto proposto. É preciso enfatizar quais
circunstâncias favorecem a sua execução, o justificam e o diferenciam, e também quais suas contribuições
para o desenvolvimento cultural do público ao qual se destina ou da localidade/região na qual se insere.
Para a elaboração da justificativa, é indicado o seguinte roteiro:
• Diagnóstico e análise do problema (contexto): o contexto territorial deve ser abordado a partir
da observação da realidade do contexto do projeto, como, por exemplo, pesquisando a localidade
de intervenção do projeto e como se encontra o público envolvido ou o que se pretende
transformar. Enquanto que o contexto setorial consiste na análise dos indicadores culturais do
entorno que se pretende impactar com o projeto. Nessa etapa, é válido identificar os setores
principais e os subsetores – a dimensão social do projeto refere-se ao valor simbólico perante a
sociedade, programas culturais existentes, hábitos de consumo cultural, relevância nos meios de
comunicação, entre outros aspectos. Para a realização do diagnóstico, se faz pertinente consultar
fontes oficiais de estatística através de pesquisas realizadas, esses dados legitimam e formalizam
o projeto.
• Justificativa (ou fundamentação): consiste em descrever o – PORQUÊ – da realização do projeto.
Nesse tópico devem ser descritas, de forma breve, as intervenções que se pretende realizar e as
14
soluções que serão usadas para atingir o objetivo, apontando os possíveis problemas e a forma que
a organização encontra para superá-lo, ou seja, o mérito do projeto. Devem-se expor os benefícios
para o público-alvo e quanto o projeto custará. Também é pertinente relatar a experiência do
proponente demonstrando sua capacidade da organização e execução para o desenvolvimento
do projeto.
ROTEIRO DE INFORMAÇÕES SUGERIDO PARA CONTER JUSTIFICATIVA:
• Em que contexto se insere o projeto?• Qual sua importância neste contexto?• Por que foi pensado e proposto?• Qual seu diferencial?• Qual a experiência do proponente?• Já foram desenvolvidas outras ações para o público-alvo do projeto pelo proponente?• Quais articulações desenvolvidas para a execução do projeto?
MARCO LÓGICO
O Marco Lógico (ou Quadro Lógico, como alguns autores colocam) surgiu no contexto da cooperação
internacional em virtude de alguns problemas relacionados a projetos levantados no final dos anos 70,
pela Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional/ United States Agency for Internacional
Developments (USAID), tais como:
• O planejamento era pouco preciso: objetivos, atividades dos projetos e o êxito esperado não estavam
claramente relacionados;
• Indicadores e responsabilidade para gerenciamento não eram claros/estabelecidos, entre outras
indefinições.
Com o objetivo de definir e construir parâmetros para mensurar o êxito de um projeto, já na fase do
seu planejamento, o Marco Lógico é tido como uma matriz elaborada em um processo de estruturação
daqueles elementos considerados mais importantes, apresentando-os de forma sistemática, lógica e
sucinta. Objetiva-se, com a elaboração do Marco Lógico, verificar se um projeto está bem estruturado e
15
constituir um instrumento de acompanhamento sistemático que permita uma avaliação posterior, objetiva
e transparente. Com esta ferramenta de trabalho, o gerente pode examinar o desempenho de um projeto
em todas as suas etapas.
No contexto dos projetos culturais, a ferramenta foi adaptada com o intuito de simplificar o processo
de elaboração das estratégias, atividades e recursos do projeto, demonstrando a ligação entre eles e os
objetivos.
Exemplo:
Objetivos específicos
Estratégias Atividades Recursos humanos e materiais
Metas
OBJETIVO
Formular objetivos consiste em especificar o que o projeto pretende atingir a partir do seu fomento,
apresentando soluções viáveis para uma demanda ou aproveitando uma oportunidade. Os Objetivos
precisam ser:
• Realistas: evitar o excesso de ambição. Os objetivos devem estar relacionados com a capacidade
execução das organizações/pessoas envolvidas no projeto, uma vez que a capacidade de
gerenciamento é limitada. O projeto corre o risco de ser inviabilizado quando se adotam objetivos
que excedem os recursos da organização.
• Específicos. É comum estabelecer declarações genéricas de boas intenções, mas é muito mais
complexo encontrar os conceitos e as ações que claramente sejam adequadas ao resultado que se
querem alcançar e que sejam vistos como práticos.
Os objetivos podem ser classificados em dois níveis:
• Objetivo geral: corresponde ao produto final pretendido pelo projeto. Deve expressar o que se
quer alcançar ao longo prazo, ultrapassando, inclusive, o tempo de duração do projeto. O projeto
não pode ser visto como fim em si mesmo, mas como um meio para alcançar um fim maior;
16
• Objetivos específicos: correspondem às ações que se propõem executar e aos resultados esperados
até o final do projeto.Os objetivos específicos devem ser sempre formulados de forma a serem:
específicos; mensuráveis; precisos; realistas; e alcançáveis no tempo previsto.
Roteiro de informações sugerido:
• Iniciar com um verbo de ação (no infinitivo);• Apresentar uma justificativa eficiente do projeto;• Ser alcançável;• Definir explicitamente a população-alvo (destinatários/beneficiários);• Ser expresso de forma verificável.
Assim:
Verbo de ação + variável a modificar + critério de modificação + condições de aplicação
Ex.: Conseguir um incremento de público na próxima exposição de 5% em relação ao número médio das
exposições anteriores entre os meses de julho a setembro.
METAS
Todo projeto cultural apresenta uma pretensão preestabelecida, ou seja, algo que se pretende construir,
fazer, elaborar, tendo sempre como base norteadora as suas metas. As metas contribuem para medir o
êxito do projeto, definindo o seu alcance, quantificando o seu efeito e indicando o nível de transformação
esperado. Para isto, devem ser quantificadas. A elaboração das metas deve estar alinhada com os
objetivos específicos através da tradução em resultados práticos ou produtos, que possam ser vistos
ou experimentados. As metas devem ser quantificáveis evidenciado sua viabilidade e a capacidade de
concretização. Indica-se que sejam apresentados dados quantitativos referentes ao número de espetáculos
ou mostras, público atingido, cidades abrangidas, entre outros. Eles serão os indicadores para a verificação
do cumprimento do projeto e sua avaliação.
17
PÚBLICO-ALVO
O público-alvo de um projeto cultural é determinado a partir de seu perfil de interesses. O projeto
pode atender a diferentes públicos. Ao contrário de generalizações, a definição do público-alvo requer
uma apuração rigorosa do proponente, delimitando o grupo social pertencente, local em que reside,
hábitos de consumo, entre outros dados. Essa condição estrita do público-alvo, de todo modo, não exclui,
necessariamente, outros perfis de públicos que podem apresentar um interesse indireto ou somente
potencial pelo projeto, porém, é fundamental que o identifiquemos. Nessa etapa, além de definir quem é o
público-alvo e identificar os potenciais destinatários/beneficiários diretos e indiretos do projeto (pessoas
e/ou instituições), é oportuno descrever, brevemente, quais são as suas necessidades e problemas;
descrever quais serão os efeitos positivos que se estima resultar do projeto; descrever e justificar qual será
a localização do projeto e referir.
ESTRATÉGIAS
A estratégia é a ação articulada do projeto. Para atingir os objetivos propostos e alcançar os resultados do
projeto, deve haver uma clara definição dos papéis, métodos que serão adotados, além de forte articulação
entre os parceiros envolvidos. A articulação tem início antes mesmo da elaboração do projeto. Em paralelo
às análises do ambiente do projeto, podemos contatar com atores locais como outras entidades sem fins
lucrativos, órgãos públicos, empresas, universidades e outros potenciais financiadores como as fundações,
visando garantir os recursos e a realização do projeto.
ATIVIDADES
As atividades são o passo a passo a ser realizado para o alcance das estratégias. As atividades são constituídas
por uma rigorosa sistematização, detalhamento e estabelecimento de prazos. Uma vez definidas as
atividades, são evidenciados os diferentes tipos de recursos que teremos que reunir em nossos projetos,
como pessoas responsáveis para a execução das tarefas, materiais e infraestrutura. A partir das atividades,
criamos o cronograma de execução física do projeto.
Uma atividade é uma ação necessária para transformar recursos diversos em resultados planificados,
18
dentro de um período de tempo especificado. Em outras palavras, as atividades são as tarefas que, passo
a passo, vão ser efetuadas para produzir os resultados.
RECURSOS
Para a implementação das atividades do programa ou projeto, é necessária a alocação de recursos. Incluem
os recursos humanos e as instituições, o equipamento, os materiais, os fundos de investimento, entre
outros. Reflete de forma realista o que é necessário para produzir os resultados propostos.
Um erro recorrente na elaboração dos projetos é a não especificação dos recursos em relação aos objetivos,
resultados e atividades planejadas. A composição dos recursos deverá ser suficientemente clara, tal como
a determinação da sua adequação. Normalmente, devem ser quantificados, segundo a sua natureza, em
meses/trabalho, número de unidades, entre outros.
CRONOGRAMA
O cronograma é a ferramenta utilizada para acompanhar e controlar todo o processo, tendo em vista que
estabelece prazos e períodos para a execução das tarefas. Uma das finalidades do cronograma é estimar
o tempo gasto em uma atividade, fazendo um paralelo entre o tempo ideal (previsto) e o real (obtido).
O cronograma também tem a função de sistematizar o processo por datas ou períodos, especificando,
inclusive, os responsáveis por cada uma das etapas do trabalho.
No cronograma, sinalize a periodicidade prevista para realização das diferentes etapas do seu projeto.
A etapa da atividade é o cronograma físico (que pode corresponder a um plano de ação) e a etapa do
desembolso é o cronograma financeiro. O cronograma, geralmente, está dividido em pré-produção (ou
preparação), produção e pós-produção, que significam, respectivamente, o momento que antecede a
execução do projeto, a sua execução de fato e o momento posterior.
Algumas ações são comuns a vários projetos, como: reserva do local de realização do projeto, impressão das
peças gráficas, divulgação, inscrições, ensaios, montagem, estreia, pagamento de serviços e profissionais,
prestação de contas, entre outros. Em algumas ocasiões, os editais e os mecanismos de financiamento
indicam um período de execução, o que significa que não se pode propor um cronograma que o extrapole.
19
ORÇAMENTO
O orçamento é o planejamento financeiro do projeto. É uma estimativa dos recursos financeiros
necessários a partir do desenvolvimento das atividades. A elaboração do orçamento está relacionada com
o cronograma de atividades. Todos os recursos devem aparecer no orçamento, sejam eles humanos ou
materiais, mesmos os que não serão adquiridos com recursos financeiros, como as doações, apoios ou
oriundos de outras fontes.
Para elaboração do orçamento, é indicado que sejam feitas cotações com possíveis fornecedores, já se
pensando nas necessidades inerentes ao projeto. Outra ferramenta na elaboração do orçamento é a tabela
do Ministério da Cultura, sendo um importante referencial. Na planilha orçamentária, em alguns casos,
é preciso indicar a contrapartida para o projeto. A contrapartida poderá ser com recursos próprios, de
financiamento público, de empresas ou outra entidade, podendo ser uma combinação dos mesmos.
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Monitoramento é o acompanhamento contínuo das atividades do projeto com curta periodicidade
(mensalmente, por exemplo), a tempo de propor soluções alternativas aos problemas que vão surgindo.
Monitorar significa acompanhar custos e prazos e conferir, de forma sistêmica, as atividades do projeto,
procedendo às devidas correções a tempo de atingir os objetivos e concluir o projeto.
O monitoramento inicia-se com a implementação do projeto e é um importante instrumento que
fornece informações e sugestões para a tomada de decisão, permitindo ajustar o que foi programado,
pois possibilita constatar o que acontece durante a execução do projeto. O plano de ação é o instrumento
que facilita o monitoramento e deve estar em conformidade com os indicadores estabelecidos que serão
acompanhados.
Avaliar é emitir juízo de valor sobre os resultados e o mérito do projeto, ou seja, se os objetivos propostos
foram alcançados. Para tanto,são utilizados métodos e técnicas que permitam determinar e avaliar o que se
alcançou, em que quantidade, que outras coisas se obteve e o porquê, sendo essa análise posteriormente
sistematizada. Esta sistematização produz conhecimento sobre o problema que foi objeto do projeto e
as alternativas encontradas para sua solução, permitindo difundir ou replicar a experiência. Pior do que
errar é não avaliar e persistir no erro.
Uma avaliação coerente é aquela que estabelece indicadores para medir seus resultados. Os indicadores
20
podem ser:
• Quantitativos: consolidam números para avaliar o cumprimento das metas estabelecidas, a
exemplo do número de comunidades atendidas, atividades realizadas, ou público dos espetáculos.
Podem ser obtidos por meio da contabilização do número de pessoas beneficiadas, por exemplo.
• Qualitativos: trazem uma análise em profundidade sobre algum aspecto, como a metodologia
empregada, os conteúdos de uma atividade, entre outros. Tais dados podem ser obtidos por meio
de pesquisas de opinião, entrevistas, questionários de avaliação,outros.
OUTRAS INFORMAÇÕES E ANEXOS
Fique atento a outras informações e anexos que podem ser solicitados.
Carta de anuência: documento que comprova a participação dos profissionais envolvidos indicados na
ficha técnica, formalizando o que foi descrito no projeto;
Currículo: trajetória profissional do proponente e dos principais envolvidos no projeto, com ênfase na
área cultural. É válido ressaltar a experiência do proponente com relação a sua participação em projetos
contemplados por editais em que atuou ou foi proponente;
Estimativa de arrecadação: a partir do valor unitário do ingresso ou produto cultural multiplique pela
quantidade de pessoas que poderão adquiri-lo – esta estimativa pode ser feita, por exemplo, a partir do
número de lugares do local onde será realizado o projeto.
Ficha técnica: número de profissionais envolvidos, respectivas funções e mini currículo;
Peças gráficas: folders, matérias de jornal, flyers, cartazes, filipetas, entre outros materiais que indiquem
outros projetos do proponente;
Plano de Acesso: descrição das estratégias de promoção do acesso da população ao projeto;
Plano de Comunicação: indique em quais veículos de comunicação o projeto será divulgado. É
importante conhecer o perfil do público do projeto para potencializar sua estratégia;
Plano de Cotas de Patrocínio: usado normalmente para captação junto à iniciativa privada. São
estabelecidas diferentes cotas de patrocínio relacionadas às contrapartidas de mídia oferecidas pelo projeto.
As cotas são níveis hierárquicos de parcerias: patrocínio, copatrocínio, apoio, promoção, colaboração, etc.
Para cada cota determine um custo e umadivulgação da marca diferenciados;
Plano de distribuição do produto: mais comum em projetos que tenham produtos reproduzíveis, como,
por exemplo, CDs, livros, jornais ou DVDs. É comum que alguns editais e leis de incentivo exijam uma
21
contrapartida social, como a solicitação de que 20% do produto sejam distribuídos de maneira gratuita,
neste caso, o proponente também deve indicar quais entidades serão beneficiadas, como bibliotecas,
escolas públicas, videotecas, entre outros.
3 LEITURA RECOMENDADAFUNDACAO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA, Manual de Elaboração de Projetos Culturais
Disponível em http://www.funceb.ba.gov.br/wp content/uploads/2008/02/manual_de_elaboracao_
de_projetos_culturais.pdf. Acesso 01.10.14
REFERÊNCIASFUNDAÇÃO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA, Manual de Elaboração de Projetos Culturais
Disponível em http://www.funceb.ba.gov.br/wp content/uploads/2008/02/manual_de_elaboracao_
de_projetos_culturais.pdf. Acesso 01.10.14
INSTITUTO VOTORANTIM, Manual de Apoio a Elaboração de Projetos de Democratização
Cultural. Disponível em http://www.blogacesso.com.br/forum/manual.pdf. Acesso 01.10.14
POTTS, Jason; CUNNINGHAM, Stuart; HARTLEY, John; ORMEROD, Paul. Social networks markets:
a new definition of the creative industries. Jornal of Cultural Economics, 2008, 32, p. 167-185.
NESTA POLICY&RESEARCH UNIT. Beyond the creative industries: making policy for the creative
economy. BCI/20. Fevereiro de 2008. Disponível em: http://www.nesta.org.uk/sites/default/files/
beyond_the_creative_industries.pdf Acesso em: 20 set. 2014.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE),
Elaboração de Projetos para captação de recursos. Disponível em: www.comunidade.sebrae.com.br/
pspe/Downloads/Downloads_GetFile.aspx?id=20558 elaboração de projetos para captação de recursos
sebrae Acesso 01.10.14
SISTEMA de Informações e Indicadores Culturais 2007-2010. Estudos e pesquisas. Informação
demográfica e socioeconômica, n. 31. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. 1179 p.
UNCTAD. Creative Economy Report 2010. Genebra: UNCTAD, 2010.