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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA POLITÉCNICA – DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE PROCEDIMENTO PARA
ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO NAS VEDAÇÕES
VERTICAIS EM UNIDADE HABITACIONAL MULTIFAMILIAR
COM BASE NA NBR 15.575/2013
Anália Torres Martins
Projeto de Graduação apresentado ao curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
Título de Engenheira.
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
FEVEREIRO DE 2014
i
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DO
DESEMPENHO ACÚSTICO NAS VEDAÇÕES VERTICAIS EM UNIDADE
HABITACIONAL MULTIFAMILIAR COM BASE NA NBR 15.575/2013
Anália Torres Martins
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinada por:
__________________________________________ Elaine Garrido Vazquez.
Profª. Adjunta, POLI/UFRJ (orientadora)
__________________________________________
Ana Catarina Jorge Evangelista Profª. Associado, D.SC, POLI/UFRJ.
__________________________________________ Gustavo Vaz de Mello Guimarães
Engenheiro Civil, M.SC, POLI/UFRJ.
RIO DE JANEIRO – RJ, BRASIL
FEVEREIRO 2014.
ii
Martins, Anália Torres
Elaboração e Aplicação de Procedimento para Análise do Desempenho Acústico nas
Vedações Verticais em Unidade Habitacional Multifamiliar com Base na NBR
15.575:2013/ Anália Torres Martins – Rio de Janeiro: POLI/UFRJ, 2014.
XIII, 78 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Elaine Garrido Vazquez
Monografia (Graduação) – POLI/ UFRJ/ Curso de Graduação em Engenharia Civil,
2014.
Referencias Bibliográficas: p. 65-70.
1. Introdução, 2. Norma de Desempenho, 3. Elaboração do Procedimento Experimental
para Medição do Isolaento Acústico- Vedações Internas, 4. Estudo de caso- análise de
desempenho acústico de vedações verticais para empreendimentos multifamiliares. Escola
Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Curso de Graduação em Engenharia
Civil. Titulo.
iii
AGRADECIMENTOS A minha mãe Vera Torres, por ter sido meu exemplo de perseverança, dedicação, amor,
determinação e superação para vencer todas as batalhas impostas pela vida, que me inspirou
na conquista deste título de graduação. Ao meu irmão, pela tranquilidade, por sempre me
acalmar, me motivar e me fazer enxergar que nem tudo esta perdido, te amo. A Tia
Aurinha, por ter me acolhido e me incentivado a ir em busca do meu sonho. Ao meu pai
que mesmo de longe, sempre torceu por mim. Aos meus avós, exemplo de amor, dedicação
e zelo à família. Aos meus tios Luciano e Herold que sempre foram pais pra mim. Ao meu
primo Rubens, pelo companheirismo. Aos meus tios e tias avós que sempre me apoiaram.
As minhas madrinhas que sempre quiseram meu bem. Todas as conquistas que alcancei até
hoje só foram possíveis graças a vocês.
A professora e amiga Elaine Vazquez, orientadora deste projeto final. Agradeço em
especial a atenção e carinho dedicados a mim e aos demais alunos do curso de Engenharia
Civil e toda a forma de ajuda oferecida ao longo desses seis anos na Escola Politécnica.
As amigas de Juiz de Fora, Aloma Eiterer e Natália Gesualdo, que são mais do que amigas,
e sim irmãs.
Ao Pedro, pela amizade, companheirismo, carinho e amor.
Aos amigos de faculdade Erika Tinoco, João Gabriel Lassio, Frederico Mattos, Raisa
Belchior, Andrea Ades, Fernanda Couto, Gabriel Vieira, Mariana Rios, Bruna Basile,
Mieka Arao, Marcela Potting, pela amizade, compreensão, conhecimentos e aflições
compartilhadas ao longo de todos esses anos, em especial a André Mascarenhas, Lais do
Prado e Sabrina Tavares que representam grande parte dessa vitória.
A Hanna Bury e Fernanda Telles, pelo carinho e torcida.
À equipe de Incorporação da Odebrecht Realizações Imobiliárias em especial ao meu líder
e amigo Saulo Galvão, pela paciência, pelo conhecimento e pelo exemplo de um excelente
profissional.
v
Resumo da Monografia apresentada à POLI/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Engenheira Civil.
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DO DESEMPENHO ACÚSTICO
NAS VEDAÇÕES VERTICAIS EM UNIDADE HABITACIONAL MULTIFAMILIAR COM BASE NA NBR
15.575/2013
Anália Torres Martins
FEVEREIRO/2014
Orientadora: Elaine Garrido Vazquez
Curso: Engenharia Civil
A publicação, em julho de 2013, da norma de desempenho NBR 15575 – Edifícios
Habitacionais, provocou um grande investimento no desenvolvimento de estudos em torno
do desempenho das edificações. O setor da construção civil, tem buscado desenvolver
propostas que se adequem as novas exigências. Este trabalho de pesquisa surgiu através da
parceria de uma empresa do ramo da construção civil com professores e alunos da UFRJ. O
tema do estudo foi direcionado para o desempenho acústico. A pesquisa tem como objetivo
abordar de maneira mais clara e objetiva as premissas estabelecidas pela norma, na parte de
desempenho acústico, através da elaboração de um procedimento experimental para
vedações verticais. Como parte da metodologia fez-se a aplicação deste procedimento em
um estudo de caso, com medição in loco, em unidades habitacionais de médio/alto padrão,
para a análise do desempenho acústico, com a aferição dos requisitos que constam na
norma de desempenho. Os resultados obtidos foram comparados com os parâmetros
descritos, a fim de verificar se o empreendimento está conforme ou não. Espera-se que esta
pesquisa possa facilitar a aplicação da norma nas edificações mostrando sua importância
para evolução do setor no Brasil.
Palavras-chave: Norma de desempenho, desempenho acústico, NBR 15575/2013.
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI / UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Civil Engineer.
PREPARATION AND APPLICATION OF PROCEDURE FOR ANALYSIS TO
ACOUSTIC PERFORMANCE INTO ELEMENTS VERTICALS AT A UNIT
HABITATIONAL MULTI FAMILY BASED IN NBR 15.575/2013
Anália Torres Martins
FEBRUARY/2014
Advisor: Elaine Vazquez Garrido
Course: Civil Engineering
The publication, in July 2013, the standard NBR 15575 - Housing buildings, caused a
major investment in the development of studies about the performance of the buildings. The
construction industry has sought to develop proposals that suit the new requirements. This
research emerged through the partnership of a company in the business of civil construction
with teachers and students at UFRJ. The theme of the study was directed to the acoustic
performance. The research aims to address more clearly and objectively the premises
established by the standard, in the acoustic performance through the development of an
experimental procedure for partition walls. As part of the methodology has become the
application of this procedure in a case study with in situ measurement in housing units of
medium / high standard for the analysis of acoustic performance, with the determination of
the requirements contained in the performance standard. The results were compared with
the parameters described in order to verify that the project is compliant or not. It is hoped
that this research would facilitate the application of the standard in buildings, showing its
importance for development of the sector in Brazil.
Key-words: standard of performance, acoustic performance, NBR 15575/2013.
vii
SUMÁRIO ÍNDICE DE TABELAS.......................................................................................................viii ÍNDICE DE FIGURAS.......................................................................................................... x ÍNDICE DE FIGURAS......................................................................................................... xi 1. Introdução ....................................................................................................................... 1
1.1. Apresentação do Tema ................................................................................................ 1
1.2. Objetivo ....................................................................................................................... 8
1.3. Justificativa .................................................................................................................. 9
1.4. Metodologia ................................................................................................................. 9
1.5. Descrição dos Capítulos ............................................................................................ 10
2. Norma de Desempenho ................................................................................................. 12
2.1. Contextualização: breve histórico de evolução das normas ...................................... 12
2.2. Conceitos e Definições da NBR 15575:2013 ............................................................ 13
2.3. Estrutura da NBR 15575:2013 .................................................................................. 17
2.4. Desempenho Acústico ............................................................................................... 19
2.4.1. Apresentação do desempenho acústico .................................................................. 20
2.4.2. Conceitos básicos e definições do desempenho acústico ...................................... 22
2.4.3. Requisitos e Critérios do desempenho acústico ..................................................... 29
2.4.3.1. Elemento construtivo: Piso ................................................................................ 29
2.4.3.2. Elemento construtivo: Cobertura ....................................................................... 30
2.4.3.3. Elemento construtivo: Vedações verticais ......................................................... 32
2.4.4. Métodos de verificação para a avaliação acústica em sistemas construtivos ........ 35
3. Elaboração do procedimento experimental para medição do isolamento acústico - Vedações Internas ................................................................................................................. 36
3.1. Introdução .................................................................................................................. 36
3.2. Equipamentos ............................................................................................................ 38
3.3. Geração do som (ambiente emissor) ......................................................................... 38
3.4. Medição do nível médio de pressão sonora ............................................................... 38
3.5. Faixa de frequência das medições ............................................................................. 40
3.6. Medição do tempo de reverberação e avaliação da área de absorção sonora equivalente ............................................................................................................................ 40
3.7. Correção do ruído de fundo ....................................................................................... 40
viii
3.8. Precisão ...................................................................................................................... 41
3.9. Expressão dos resultados ........................................................................................... 41
4. Estudo de caso – análise de desempenho acústico do sistema construtivo de vedações verticais para empreendimentos multifamiliares .................................................................. 43
4.1. Etapas do Processo de Medição in loco .................................................................... 46
4.1.1. Medição RT60 ....................................................................................................... 48
4.1.2. Medição Dnt .......................................................................................................... 49
4.1.3. Quadros Comparativos: Norma X Medição .......................................................... 49
4.1.4. Tratamento de Dados ............................................................................................. 52
4.2. Resultados .................................................................................................................. 53
4.2.1. Empreendimento A ................................................................................................ 53
4.2.2. Empreendimento B ................................................................................................ 59
5. Considerações Finais ..................................................................................................... 62 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................65
REFERENCIAS ELETRÔNICAS........................................................................................69
ANEXOS...............................................................................................................................70
ix
ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Participação (%) do PIB da Construção civil no PIB Total do Brasil (*Resultados
Calculados a partir do Contas Nacionais Trimestrais)........................................................... 1
Tabela 2: Vida útil de projeto............................................................................................... 17
Tabela 3: Níveis de desempenho.......................................................................................... 22
Tabela 4: Critério e nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado, L’nT,w,
para ensaios de campo.......................................................................................................... 29
Tabela 5: Critérios de diferença padronizada de nível ponderada, DnT,w para ensaios de
campo e Rw para ensaios em laboratório............................................................................. 29
Tabela 6: Diferença padronizada de nível ponderada da vedação externa
(D2m,nT,w) ........................................................................................................................ 30
Tabela 7: Índice de redução sonora ponderado da cobertura (Rw) .................................... 30
Tabela 8: Nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado, L’nT,w, para
ensaios de campo.................................................................................................................. 31
Tabela 9: Valores recomendados da diferença padronizada de nível ponderada da vedação
externa ,D2m,nT,w, para ensaios de campo......................................................................... 32
Tabela 10: Índice recomendado de redução sonora ponderado da fachada , Rw, para ensaio
de laboratório....................................................................................................................... 32
Tabela 11: Valores recomendados da diferença padronizada de nível ponderada entre
ambientes, DnT,w,para ensaio de campo............................................................................. 33
Tabela 12: Índice de redução sonora ponderado dos componentes construtivos, Rw, para
ensaio de laboratório............................................................................................................ 33
Tabela 13: Valores recomendados da diferença padronizada de nível ponderada entre
ambientes, DnT,w,para ensaio de campo............................................................................. 36
Tabela 14: Distâncias mínimas de separação entre os microfones...................................... 38
Tabela 15: Ficha Técnica- Empreendimento A................................................................... 42
Tabela 16: Ficha Técnica- Empreendimento B.................................................................... 42
Tabela 17: Resultado da medição entre unidades............................................................... 53
Tabela 18: Resultado da medição entre unidades............................................................... 54
x
Tabela 19: Resultado da medição entre unidades (cozinha apartamento 1 e suíte do
apartamento 2) .................................................................................................................... 56
Tabela 20: Resultado da medição na mesma unidade......................................................... 57
Tabela 21: Resultado da medição entre unidades (cozinha apartamento 5 e suíte
apartamento 6)..................................................................................................................... 58
Tabela 22: Resultado da medição na mesma unidade (sala e suíte 1310)........................... 59
xi
INDICE DE FIGURAS
Figura 1: Principais eventos que influenciaram a qualidade acústica das residências
brasileiras............................................................................................................................... 3
Figura 2: Conceituação do Desempenho de uma Edificação Habitacional......................... 14
Figura 3: Resultado das manutenções periódicas em uma edificação ao longo do tempo... 16
Figura 4: Fenômenos de propagação do som....................................................................... 25
Figura 5: Intensidades sonoras percebidas pelo ouvido humano......................................... 27
Figura 6: Macro localização Empreendimento A................................................................ 43
Figura 7: Macro localização Empreendimento B................................................................. 43
Figura 8: Fachada Empreendimento A................................................................................ 44
Figura 9: Fachada Empreendimento B................................................................................ 44
Figura 10: Microfone MPA416 Sensitivity Calibration....................................................... 46
Figura 11: Conversor Hi-Speed USB Carrier…………………………………………… 46
Figura 12: Amplificador Samick……………………………………......………………… 47
Figura 13: Software LabVIEW Signal Express ………………………………...………… 47
Figura 14: Disposição das salas dos apartamentos 1 e 2..................................................... 53
Figura 15: Disposição dos cômodos do apartamento 2....................................................... 54
Figura 16: Disposição da cozinha do apto. 3 e da suíte do apto. 4...................................... 56
Figura 17: Disposição da sala e quarto do apartamento 3................................................... 57
Figura 18: Disposição dos cômodos utilizados na medição do Empreendimento
B.......................................................................................................................................... 58
Figura 19: Disposição dos cômodos utilizados na medição do Empreendimendo
B ......................................................................................................................................... 59
xii
INDICE DE QUADROS
Quadro 1: Funcionamento do Programa Minha Casa Minha Vida....................................... 2
Quadro 2: Requisitos de usuários ISSO 6241/1984............................................................... 5
Quadro 3: Definições e Conceitos Norma 15575................................................................ 14
Quadro 4: Estrutura NBR 15575.......................................................................................... 18
Quadro 5: Normas Internacionais........................................................................................ 19
Quadro 6: Vibrações e Sons................................................................................................. 22
Quadro 7: Requisitos e critérios – Ruído de Impacto.......................................................... 28
Quadro 8: Requisitos e critérios – Isolamento de Ruído Aéreo dos Pisos Entre Unidades
Habitacionais........................................................................................................................ 29
Quadro 9: Requisitos e critérios – Isolação Acústica da Cobertura Devida Sons
Aéreos.................................................................................................................................. 30
Quadro 10: Requisitos e critérios – Isolação de Ruído de Impacto para Coberturas de Uso
Coletivo................................................................................................................................ 31
Quadro 11: Requisitos e critérios – Vedações Externas...................................................... 31
Quadro 12: Requisitos e critérios – Vedações Externas...................................................... 32
Quadro 13: Itens do Procedimento....................................................................................... 36
Quadro 14: Calibração dos equipamentos............................................................................ 37
Quadro 15: Posição e distância para microfones fixos e Móveis......................................... 38
Quadro 16: Quantidade de medições variando com a quantidade de fontes de ruído......... 38
Quadro 17: Indicações do relatório...................................................................................... 41
Quadro 18: Equipamentos utilizados na medição................................................................ 48
Quadro 19: Caracterização da Fonte emissora..................................................................... 49
Quadro 20: Medição do nível médio de pressão sonora...................................................... 49
Quadro 21: Faixa de frequência das medições..................................................................... 50
Quadro 22: Medição do tempo de reverberação e avaliação da área de absorção sonora
equivalente....................................................................................... ....................................50
Quadro 23: Mudança entre os profissionais da construção civil para o atendimento da
norma................................................................................................................................... 61
xiii
1. Introdução
1.1. Apresentação do Tema
Segundo Borges, 2010, o Brasil mostrou uma expansão no setor da construção civil,
que é decorrente de vários fatores, entre eles o crescimento econômico e a estabilidade do
país, a melhoria crescente dos índices macroeconômicos brasileiros e a grande capitalização
do setor através da abertura de capital de diversas incorporadoras e construtoras. Um
estudo apresentado em 2012 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC,
mostra que a participação do setor da construção civil representa 5,8% do PIB brasileiro,
conforme indicado na Tabela 1.
Tabela 1: Participação (%) do PIB da Construção civil no PIB Total do Brasil (*Resultados Calculados a
partir do Contas Nacionais Trimestrais).
Fonte: Câmara Brasileira da Indústria da Construção, 2013
Participação (%) do PIB da Construção civil no PIB Total do Brasil - 200 a 2012
Ano Construção Civil no Brasil (%) 2000 5,5 2001 5,3 2002 5,3 2003 4,7 2004 5,1 2005 4,9 2006 4,7 2007 4,9 2008 4,9 2009 5,3
2010* 5,7 2011* 5,8 2012* 5,7
Pesquisa feita pelo Governo Federal e divulgada através do Portal Brasil, mostrou que
em 2010, a construção civil apresentou seu melhor momento tendo em vista os últimos 24
1
anos, gerando mais de 330 mil novos empregos formais e quase R$ 80 bilhões em
financiamento para a casa própria.
Dentre os fatores que contribuíram para este destaque no cenário econômico nacional,
segundo Simão, 2010, estão os reflexos do Programa Minha Casa, Minha Vida no mercado
de imóveis destinados às classes média e baixa, as obras da Copa do Mundo de 2014, as
obras das Olimpíadas de 2016 e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O Programa Minha Casa Minha Vida foi um dos propulsores para o surgimento da
norma. Sendo assim, é importante destacar que objetivo do mesmo é a aquisição de
empreendimentos ainda em planta, priorizando famílias com renda bruta de até 3 salários
mínimos (também são atingidas famílias com renda de até 10 salários mínimos), pelo fundo
do programa habitacional. Conforme publicação no site da Caixa Econômica Federal,
www.caixa.gov.br, 2013, o programa propiciou a construção de mais de 1 milhão de
moradias na primeira fase e diante disso a segunda fase objetiva contratar mais 2 milhões
de casas e apartamentos até 2014. De acordo com a cartilha feita pela Caixa Econômica
Federal e o Governo Federal o programa funciona da seguinte forma:
Quadro 1: Funcionamento do Programa Minha Casa Minha Vida
Fonte: Caixa Econômica Federal, 2013. Funcionamento do Programa Minha Casa Minha Vida
1 União aloca recursos por área do território nacional com base no déficit habitacional no Brasil 2000 – Fundação João Pinheiro/Mocidades, contagem populacional 2007 – IBGE.
2
Estados e municípios realizam, gratuitamente, o cadastramento das famílias, enquadram nos critérios de priorização definidos para o programa e indicam as famílias à CAIXA para validação utilizando as informações do Cadastro Único – CADÚNICO e outros cadastros.
3 Construtoras apresentam projetos às Superintendências Regionais da CAIXA, podendo fazê-los em parceria com estados, municípios ou independentemente.
4 Após análise simplificada, a CAIXA contrata a operação, acompanha a execução da obra pela construtora, libera recursos conforme cronograma e, concluído o empreendimento, contrata o parcelamento com as famílias selecionadas.
A figura 1 mostra, de forma resumida, a relação dos principais momentos históricos
descritos na evolução das casas e das cidades com as consequências mais significativas
para a qualidade acústica da moradia brasileira.
2
Figura 1: Principais eventos que influenciaram a qualidade acústica das residências brasileiras
Fonte: Duarte e Viveiros, 2007
Conforme Borges, 2010, o desempenho nas edificações vem sendo estudado no Brasil
desde a década de 70 e com o auxílio do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo), foram elaborados documentos técnicos que traziam critérios de
desempenho para edifícios de pequeno porte. A intenção era criar parâmetros para a
3
avaliação de sistemas construtivos inovadores utilizados nos conjuntos habitacionais
financiados com recursos do antigo BNH (Banco Nacional da Habitação).
Conforme Mitidieri, 1998, o relatório IPT nº 16277, publicado em 1988, foi um dos
primeiros documentos elaborados com a preocupação no desempenho dos edifícios
habitacionais, tratando de vários aspectos da edificação, como conforto térmico, acústico,
segurança ao fogo, entre outros. No ano de 1988, o IPT juntamente com a editora PINI
lançou o livro “Tecnologia das Edificações” onde deu mais ênfase a todos os aspectos da
edificação, com o agrupamento de vários artigos que foram publicados na revista “A
Construção São Paulo”, por vários pesquisadores do IPT. (MITIDIERI,1988)
Em 1995, o IPT fez uma revisão de uma série de critérios de desempenho,
relativamente aos estabelecidos no início dos anos 80. (MITIDIERI,2002). Neste trabalho,
foram propostos critérios mínimos menos rigorosos, em relação ao anterior.
Com intuito de diminuir o tempo de obra e o custo da construção, os materiais
construtivos foram se tornando, ao longo dos séculos, cada vez mais leves, como afirmam
Duarte e Viveiros, 2004. Paredes, fachadas, divisórias de ambientes e lajes menos espessas
e/ou constituídas de materiais menos densos, acarretam maior transmissão sonora entre os
ambientes. O progresso, observado pelo ponto de vista da qualidade acústica das
habitações, tem se oposto ao bem estar da população. (QUEIROZ E VIVEIROS, 2005).
A partir da queda na qualidade das edificações do Brasil, a Caixa Econômica Federal e
a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), financiaram no ano 2000, um projeto de
consolidação de todo o conhecimento acumulado até então. O projeto que deu origem
Norma de Desempenho, utilizou-se de um corpo de especialistas. Este corpo reuniu os
trabalhos científicos publicados até aquele momento e juntamente com os parâmetros
existentes na ISO 6241, deram início à redação do texto-base da atual Norma de
Desempenho, ABNT – NBR 15575/2013. A ISO 6241/1984, definiu uma lista mestra de
requisitos funcionais dos usuários de imóveis (Quadro 2), com o objetivo de auxiliar os
países signatários da ISO na elaboração de Normas de Desempenho, e servir como guia
para a seleção dos requisitos relacionados ao desempenho do edifício.
4
Quadro 2: Requisitos de usuários ISSO 6241:1984
Fonte: Borges, 2008. Categoria Exemplos
1 Requisitos de Estabilidade
Resistência mecânica a ações estáticas e dinâmicas, tanto individualmente como em combinação. Resistencia a impactos, ações abusivas internacionais ou não, ações acidentais, efeitos
cíclicos.
2 Requisitos de
Segurança Contra Incêndio
Riscos de irrupção e de difusão de incêndio, respectivamente. Tempo de acionamento de alarme, de evacuação da edificação, de
sobrevivência. Efeitos psicológicos de fumaça e calor.
3 Requisitos de Segurança em Uso
Segurança relativa a agentes agressivos. Segurança durante movimentação e circulação. Segurança contra entrada indevida de
pessoas e/ou animais.
4 Requisito de Vedação Vedação contra água, ar, gás, poeira e neve.
5 Requisitos
Térmicos e de Umidade
Controle da temperatura do ar, da radiação térmica, da velocidade do ar e da umidade relativa. Controles de condensação.
6 Requisitos de Pureza do ar Ventilação e controle de odores.
7 Requisitos Acústicos
Controle de ruídos internos e externos. Inteligibidade sonora. Tempo de reverberação.
8 Requisitos Visuais Iluminação natural e artificial. Luz solar. Possibilidade de
escuridão. Aspectos de espaços e superfícies. Contato visual, internamente e com o mundo exterior.
9 Requisitos Táteis Propriedades das superfícies, aspereza, secura, calor, elasticidade. Proteção contra descargas de eletricidade estática.
10 Requisitos Dinâmicos
Limitação das vibrações e acelerações de todo o conjunto. Comodidade dos pedestres nas áreas expostas ao vento.
Facilidade de movimentação. Margem de manobras.
11 Requisitos de Higiene
Instalação para cuidados e higiene do corpo humano. Suprimento de água. Condições de feitura de limpeza. Liberação de águas
servidas, materiais servidos e fumaça. Limitação de emissão de contaminantes.
12
Requisitos para a Conveniência de
Espaços Destinados a Usos
Específicos
Quantidade, tamanho, geometria, subdivisão e inter-relação de espaços. Serviços e equipamentos. Condições de mobiliamento e
flexibilidade.
13 Requisitos de Durabilidade
Conservação de desempenho com relação à necessária vida útil de serviços sujeitos à manutenção regular.
14 Requisitos Econômicos
Custos de manutenção, operacionais e de capital. Custos de demolição.
5
A NBR 15575/2013- Edificações habitacionais- Desempenho, aborda uma série de
requisitos destinados à avaliação de desempenho de uma edificação. Esta norma é
estruturada e em 6 partes de acordo com os elementos construtivos: Parte 1: Requisitos
Gerais; Parte 2: Requisitos para sistemas estruturais; Parte 3: Requisitos para os sistemas de
pisos internos; Parte 4: Sistemas de vedações verticais internas e externas; Parte 5:
Requisitos para sistemas de cobertura e Parte 6: Sistemas hidrossanitários. Para cada
sistema construtivo são propostos critérios de desempenho estrutural; segurança contra
incêndio; segurança no uso e na operação; estanqueidade; desempenho térmico;
desempenho acústico; desempenho lumínico; durabilidade e manutenibilidade; saúde,
higiene e qualidade do ar; funcionalidade e acessibilidade; conforto tátil e antropodinâmico;
e adequação ambiental.
A norma brasileira entrou em vigor em julho de 2013 e representa uma mudança de
paradigma na construção civil brasileira, no sentido da busca pela melhoria da qualidade do
produto oferecido. A criação desta norma revela uma tentativa de buscar atingir um nível
mínimo de qualidade e desempenho, comparável com parâmetros internacionais.
(GUIMARÃES, 2013).
Para Mitidieri, 2011, a maior dificuldade de adaptação será nos parâmetros referentes
ao desempenho acústico, pois várias partes da norma exigem parâmetros mínimos de tal
desempenho. O piso entre habitações deve atenuar a passagem de som resultante de ruídos
de impacto como passos, queda de objetos, por exemplo, e de som aéreo como conversas,
TV, música; os sistemas hidrossanitários devem ser projetados para que não propaguem
vibrações aos demais elementos da edificação nem provoquem ruídos desagradáveis aos
usuários; as vedações devem proporcionar isolamento acústico entre o meio externo e o
interno, entre unidades condominiais distintas e entre dependências de uma mesma unidade
e por fim na cobertura deverá existir o isolamento acústico a ruídos de impacto.
A Organização Mundial de Saúde classifica a poluição sonora como o terceiro
problema mais grave de poluição - depois da poluição do ar e da água. Acidentes de
trabalho, internações psiquiátricas, aumento do consumo de soníferos e jornadas de
trabalho perdidas. Custo social elevado influenciando na saúde e na economia de uma
cidade. Edificações mal projetadas, formam verdadeiras caixas de ressonância,
amplificando ruídos e problemas. (SLAMA, 1993)
6
O efeito incômodo e nocivo que o ruído exerce sobre o ser humano já é amplamente
estudado e conhecido. Além da perda de audição, que pode ser provocada pela exposição
contínua a níveis sonoros altos, outros efeitos podem ser percebidos, como: aumento da
pressão arterial, aceleração da pulsação, dilatação das pupilas, aumento da produção de
adrenalina, reação muscular e contração dos vasos sanguíneos, entre outros. Portanto, o
ruído não somente dificulta a comunicação verbal, mas influi no comportamento fisiológico
e emocional das pessoas expostas a ele em qualquer situação e em qualquer ambiente (no
trabalho, no trânsito, em casa, no cinema, e etc.). (AKKERMAN E DE LUCA, 2011)
A expansão dos grandes centros urbanos brasileiros tem sido acompanhada do
adensamento populacional e do crescimento do fluxo de veículos. O resultado é o aumento
dos ruídos gerados em ruas e avenidas. Segundo Aquilino, 2012, este fato começou a
chamar a atenção das construtoras preocupadas com o atendimento das exigências de
conforto acústico da NBR 15575/2013.
Nos grandes centros urbanos atuais, uma parcela significativa da população busca
apartamentos com grandes espaços internos, varandas, churrasqueiras, playgrounds, quase
um verdadeiro centro de lazer em seus condomínios. Portanto, a priori, a atenção do
consumidor está voltada para as dezenas de itens de lazer e comodidade que as construtoras
oferecem. Infelizmente, muitas vezes, o conforto acústico só é lembrado quando, depois de
estar vivendo nesses espaços, os moradores passam a escutar, por exemplo, a conversação
dos vizinhos do lado ou o caminhar no andar de cima, isto é, quando o ruído começa a
atrapalhar o sossego (NETO e BERTOLI, 2008).
Conforme destacou Del Mar em 2011, a importância da criação da Norma de
Desempenho faz com que os parâmetros mínimos de desempenho sejam atendidos pelas
construtoras, pois como O Código de Defesa do Consumidor estabelece que, nenhum
produto ou serviço pode ser colocado no mercado sem atender às normas técnicas
pertinentes. Logo, quem não cumprir fica sujeito aos encargos decorrentes do não
atendimento deste artigo do código, dependendo do julgamento de cada situação. Del Mar
conclui que é inevitável a melhora na qualidade do produto que será entregue ao cliente,
pois padrões mínimos de qualidade são estabelecidos, baseados no desempenho e na
durabilidade dos sistemas, com a norma se transformando em uma arma de defesa do
consumidor contra práticas enganosas.
7
O cuidado para evitar que o nível de ruído incomode a vizinhança tem de ser
redobrado, bem como com que o ruído emitido pela vizinhança chegue a sua residência em
níveis considerados desconfortáveis. Esse incômodo e esse desconforto refletem a
necessidade de haver um bom isolamento acústico entre unidades residenciais e entre
ambientes internos da mesma unidade residencial. (NETO, 2010). Segundo Barry, 2005, o
usuário não está interessado, prioritariamente, na quantidade de isolamento, mas sim no
nível de ruído resultante e espera que um recinto de uma edificação lhe proporcione
conforto e privacidade acústicos.
De acordo com Borges, 2011, os diversos setores que constituem a construção civil,
possuem conhecimento restrito sobre este tema. Sendo assim, aqueles profissionais e
empresas que detém o conhecimento sobre a norma e a aplicam em seus projetos, podem
considerar isto como um diferencial em comparação com o que está disponível no mercado.
O apelo ao marketing utilizando os parâmetros da norma poderá comprometer a
competitividade daquelas empresas que não cumprirem as exigências, não só pelo fato de
que o consumidor estará mais atento, criterioso e cada vez mais bem informado, mas
também pelo risco jurídico em questão pois estes consumidores terão um instrumento
contundente, amparado pela Lei de Defesa do Consumidor, para exigir desempenho dos
imóveis cujos projetos foram protocolados a partir de novembro do ano de 2013.
1.2. Objetivo
Este trabalho teve como motivação a exigibilidade da Norma Brasileira de
Desempenho de Edificações e a necessidade de adequação aos parâmetros exigidos pela
mesma em prol da segurança e qualidade do produto oferecido ao usuário. Assim, faz-se
necessário conhecer as metodologias de análise propostas na norma e verificar sua
aplicabilidade, conhecendo seus pontos críticos de forma a buscar o entendimento da
mesma.
O objetivo desta pesquisa é apresentar a elaboração de um procedimento
experimental para avaliação acústica em vedações verticais através da realização de
medições in loco. O procedimento também inclui os requisitos presentes na norma
NBR15575/2013. Este procedimento será aplicado em um estudo de caso, em uma unidade
habitacional multifamiliar de médio/alto padrão, na cidade do Rio de Janeiro.
8
1.3. Justificativa Conforme o informativo publicado no site da ABNT, (www. abnt.org.br, 2013),
Associação Brasileira de Normas Técnicas, após aproximadamente dois anos de revisão, a
segunda versão da Norma de Desempenho foi publicada no dia 19 de fevereiro de 2013. O
setor da construção civil teve 150 dias, a partir da publicação, para se adaptar às mudanças,
que entraram em vigor em 19 de julho do ano de 2013. É importante destacar que, a norma
possui foco direcionado para as necessidades dos usuários, procurando sintonia com o
Código de Defesa do Consumidor e com outras normas já existentes. Por isso, ela
traz parâmetros a serem atendidos que buscam sempre o conforto do usuário e a eficiência
das edificações.
A NBR 15.575 traz como inovação o conceito de comportamento em uso dos
componentes e sistemas das edificações, o setor habitacional deve atender e cumprir as
exigências dos usuários ao longo dos anos, trazendo melhoria e aprimoramento na relação
de consumo no mercado imobiliário, pois todos os participantes da produção habitacional
são incumbidos de suas responsabilidades; projetistas, fornecedores de material,
componente e/ou sistema, construtor, incorporador e usuário. Sendo assim, as empresas que
conseguirem se adequar e padronizar seus sistemas de acordo com o que traz a norma,
sairão na frente em questão de qualidade e poderão usar isso como estratégia de marketing
para conquistar o consumidor e garantir seu espaço no mercado.
Alguns representantes do setor da construção civil, de uma maneira geral, têm
conhecimento bastante restrito em relação ao tema em questão. Por isso, este trabalho busca
traduzir uma das partes da norma de desempenho que tratam do desempenho acústico das
vedações verticais de uma edificação em forma de um procedimento, para facilitar a análise
e aplicação dos parâmetros, facilitando a adequação das empresas aos requisitos e com isso
trazer ao consumidor mais qualidade, conforto, estabilidade, vida útil adequada da
edificação, segurança estrutural e segurança contra incêndios.
1.4. Metodologia
Para a realização desta pesquisa, dividiu-se o trabalho em três partes: capacitação
técnica, elaboração de procedimento experimental e aplicação do mesmo em estudo de
campo experimental.
9
A capacitação técnica foi possível a partir da criação do grupo de estudos formado
por meio de uma parceria entre a Universidade Federal do Rio de Janerio e a Empresa X.
Esta empresa está há mais de 50 anos no mercado e com 181 canteiros de obras em
andamento em todo país no ano de 2014. Neste grupo, foi possível a análise de
documentos, como artigos e normas nacionais e internacionais assim como a capacitação
em cursos sobre o tema em questão.
O foco do estudo foi o Desempenho acústico de vedações verticais, a partir da NBR
15575/2013 parte 4 - Sistemas de vedações verticais internas e externas e da ISO 140 e suas
partes, a partir desta análise foi possível a elaboração do procedimento. A norma de
desempenho apresenta três métodos diferentes de medições acústicas: de engenharia,
simplificado ou de precisão. Portanto, a primeira etapa da elaboração deste procedimento
foi a definição do método a ser utilizado, no qual optou-se pela síntese do método de
engenharia. Posteriormente tem-se a segunda etapa, na qual foi estabelecida a
reorganização dos critérios de avaliação para a realização de uma medição in loco, tais
requisitos e critérios foram organizados para o elemento construtivo de pisos vedações
verticais e coberturas e seus respectivos testes necessários para a medição, também foram
especificados.
A medição in loco, foi possível devido ao apoio da Empresa X, que forneceu
unidades habitacionais multifamiliares de médio padrão para tal, possibilitando assim uma
análise experimental no ambiente construído.
1.5. Descrição dos Capítulos
O Capítulo 1 foi dedicado à contextualização, objetivo, justificativa e metodologia
do trabalho a ser desenvolvido.
Segue-se a este o Capítulo 2 que é destinado a apresentar a Norma de Desempenho
seguindo duas etapas. A primeira é de contextualização a respeito das normas em geral, que
tratam do desempenho, mostrando a evolução das mesmas até se chegar a NBR15575, após
isso, para facilitar a compreensão do tema apresenta-se seus conceitos, definições gerais e
sua estrutura. A segunda etapa destaca o Desempenho Acústico a fim de apresentar seu
significado através de alguns conceitos básicos e definições de acústica, além de definir os
requisitos e critérios encontrados na norma para os seguintes elementos construtivos: pisos,
10
vedações verticais e coberturas. E por último, apresentar os possíveis métodos de
verificação deste desempenho.
O Capítulo 3 é dedicado à elaboração do procedimento experimental, a fim de
apresentar os equipamentos; a forma de geração do som no ambiente; o método de medição
do nível de pressão sonora e a faixa de frequência dessa medição; o método de medição do
tempo de reverberação e a avaliação da área de absorção sonora equivalente; a forma de
correção do ruído de fundo; a precisão e a expressão dos resultados.
O Capítulo 4 é dedicado ao estudo de caso, onde é feita uma análise de desempenho
acústico de vedações verticais para empreendimentos multifamiliares, apresentando seu
objetivo, identificação da necessidade e as etapas da medição, que estão divididas em:
equipamentos utilizados, aplicação do procedimento e medição do RT60 e do Dnt. Após as
etapas da medição, apresentou-se o uma comparação entre o que foi feito na medição in
loco e o que é recomendado pela norma, como foi feito o tratamento dos dados e a
expressão dos resultados para os empreendimentos ensaiados.
O Capítulo 5 é composto pelas considerações finais deste trabalho.
Por último, apresenta-se as referências bibliográficas deste trabalho.
11
2. Norma de Desempenho
2.1. Contextualização: breve histórico de evolução das normas
Em 1953 com o apoio das Nações unidas, criou-se o “Conseil International du
Bâtiment” (ou CIB, Conselho Internacional de Construção) tendo em vista a necessidade de
um plano de recuperação e reconstrução das cidades européias, após a II Guerra Mundial. O
plano buscava a retomada rápida e otimizada do desenvolvimento sem que esta velocidade
provocasse uma queda na qualidade e no desempenho. O conselho também tinha como
objetivo a troca de informações entre países, divulgando pesquisas realizadas e sistemas
construtivos criados.
Nesta perspectiva, foram realizados estudos na área de qualidade e com isso
diretrizes foram publicadas. A primeira delas foi a ISO 6241/1984, “Performance
Standards in building” (Avaliação de Desempenho em Edifícios), apresentada no 1º
Encontro Nacional sobre Qualidade na Construção, em Lisboa, Portugal. A ISO 6241/1984
tornou possível mensurar o desempenho das edificações. Outro avanço no setor, foi a
publicação da ISO 9001/1987, pois apresentou um modelo de conformidade que permitia a
avaliação dos sistemas de qualidade implementados por empresas de qualquer segmento e
porte.
No Brasil, foi lançado no ano 2000 pelo Governo Federal, o SiAC - Sistema de
Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil como
parte do PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e da Produtividade no Habitat. O
SiAC tinha como objetivo avaliar a conformidade do sistema de gestão da qualidade das
empresas de serviços e obras, considerando as características específicas da atuação dessas
empresas no setor da construção civil.
Em 19 de fevereiro de 2013 a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
publicou a NBR 15575 - "Edificações habitacionais – Desempenho" com o objetivo de
promover a garantia do atendimento às exigências dos usuários de edificações habitacionais
independente de seus portes e características. Com isso, espera-se uma mudança de cultura
na engenharia habitacional, para ser mais criteriosa, desde a concepção, passando pela
definição de projeto, elaboração de plano de qualidade do empreendimento e de um manual
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abrangente de operação, uso e manutenção da edificação, contendo as informações
necessárias para orientar estas atividades, na espera de uma produção mais qualificada.
Conforme afirma Borges, 2008, a norma de desempenho, surge no Brasil como um
diferencial no estabelecimento da medição do desempenho de construções de edificações,
porém com as mesmas exigências encontradas na ISO 6241/1984, com exceção para o
impacto ambiental, pois na época em que foi editada não havia qualquer preocupação
relacionada à sustentabilidade ou com a preservação do meio ambiente.
2.2. Conceitos e Definições da NBR 15575/2013
Diversos fatores influenciam a obtenção do desempenho desejado ao longo do
tempo e alguns deles são de responsabilidade dos incorporadores, construtores e projetistas
e outros dos próprios usuários dos imóveis. A caracterização das condições de entorno do
empreendimento, como a paisagem sonora urbana, as questões climáticas, ambientais e
geológicas são fundamentais para o desempenho, pois implicam na adoção de caminhos
diferentes para se atender ao mesmo objetivo. (BORGES, 2012)
Além disso, Borges, 2012, destaca que existe uma grande dificuldade em traduzir as
necessidades dos usuários (pessoas que ocupam a edificação habitacional), dentro de
diversas condições de exposição e uso, de uma forma objetiva e pertinente. Porém, esta
tradução é de extrema importância pois influência na viabilidade técnica e econômica da
construção.
Segundo a norma, os requisitos de desempenho são condições qualitativas que
devem ser cumpridas pela habitação a fim de que sejam satisfeitas as exigências dos
usuários, e essas condições não são mensuráveis. Porém, os critérios usados, que visam à
tradução das necessidades dos usuários, funcionam de forma quantitativa. Associando-se
sempre a um método de avaliação que possibilite verificar objetivamente o atendimento ou
não dos requisitos. (MORAMAY, 2011)
A figura 2, mostra que para cada exigência do usuário, deverá se levar em conta
uma condição de exposição que se adequada deverá ser atendida pelos elementos e
componentes do edifício.
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Figura 2: Conceituação do Desempenho de uma Edificação Habitacional
Fonte: CBIC, 2013.
Para o melhor entendimento da norma, são necessárias algumas definições e
conceitos feitos na própria NBR 15575 transcritos e comentados no Quadro 3, a seguir:
Quadro 3: Definições e Conceitos Norma 15575
Fonte: NBR 15575
Desempenho Definição “Comportamento em uso de uma edificação e de seus sistemas.”
Comentário Este desempenho varia de acordo com as condições de exposição, ou seja, variam de acordo com o conjunto de cargas atuantes na edificação.
Norma de Desempenho
Definição "Conjunto de requisitos e critérios estabelecidos para uma edificação
habitacional e seus sistemas, com base em requisitos do usuário, independentemente da sua forma ou dos materiais constituintes.”
Comentário A norma não se aplica em obras já existentes ou em andamento, projetos já protocolados em órgãos competentes até a data em que a norma entrou em vigor, obras de retrofit e edificações provisórias.
Requisitos de Desempenho
Definição "Condições que expressam qualitativamente os atributos que a edificação
habitacional e seus sistemas devem possuir, a fim de que possam atender aos requisitos do usuário.”
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Comentário
É uma tarefa complexa traduzir o desempenho desejado de uma edificação, por meio de requisitos, critérios e métodos de avaliação, pois o nível de exigência dos usuários varia de região para região além de aumentar ao longo do tempo. Segundo Borges, 2008, a quantificação das necessidades dos usuários em critérios objetivos envolve pesquisas profundas sobre a resposta humana ao ambiente construído, e cobre diversas áreas da ciência, tais como a fisiologia, a psicologia, a sociologia, a antropologia, a ergonomia e as populações especiais. Os tipos de necessidade são de caráter absoluto (mínimos aceitáveis) e de caráter relativo (níveis de satisfação e custos), e a definição dos critérios envolve muitos tópicos e aspectos físicos, funcionais, ambientais, financeiros, econômicos e sociais, entre outros.
Critérios de Desempenho
Definição "Especificações quantitativas dos requisitos de desempenho, expressos em
termos de quantidades mensuráveis, a fim de que possam ser objetivamente determinados.” Durabilidade
Definição “Capacidade da edificação ou de seus sistemas de desempenhar suas
funções ao longo do tempo, sob condições de uso e manutenção especificadas no Manual de Uso, Operação e Manutenção.”
Comentário
Este termo expressa o período de tempo esperado que o produto seja capaz de cumprir as funções a que foi destinado com um desempenho igual ou maior ao predefinido. Para isso, é necessário que sejam feitas manutenções periódicas de forma a recuperar parte do desempenho perdido devido à degradação, conforme mostra a figura 3. Para Isaia, 2001, a durabilidade de edificações possui relação com a sua forma de manutenção que dependendo da frequência pode estender ou diminuir a durabilidade de um componente. Sendo assim, ainda segundo o autor, esta definição relaciona-se com a definição de desempenho que é o comportamento de um produto em serviço (em utilização), sob condições de real funcionamento ou uso, atendendo todas às exigências do usuário de forma plena.
Vida Útil (VU)
Definição
“Período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam as atividades para as quais foram projetados e construídos, com atendimento
dos níveis de desempenho previstos nesta Norma, considerando a periodicidade e a correta execução dos processos de manutenção
especificados no respectivo Manual de Uso, Operação e Manutenção (a vida útil não pode ser confundida com prazo de garantia legal ou
contratual).”
Comentário
Muitos fatores influenciam na vida útil, além da Vida Útil do Projeto, da qualidade e características dos materiais e da construção como um todo, são eles: o uso correto e a operação da edificação e de suas partes, as atividades de limpeza e manutenção, alterações climáticas e níveis de poluição no local da obra, mudanças no entorno da obra ao longo do tempo. Segundo Helene, 2001, o conceito de vida útil inclui todos os serviços de manutenção previstos no projeto estrutural e previamente
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acordados com o proprietário e registrados na documentação de projeto estrutural, que deverão ser executados durante o transcorrer da vida útil da estrutura prevista em projeto.
Vida Útil do Projeto (VUP)
Definição
"Período estimado de tempo para o qual um sistema é projetado a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos nesta norma,
considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio do conhecimento considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio do conhecimento execução dos processos de manutenção especificados no Manual de Uso e Operação e Manutenção.”
Comentário
A VUP é uma estimativa teórica de tempo que compõe a VU. Ela pode ser atendida ou não, depende da eficiência e dos processos de manutenção, dos cuidados na utilização do imóvel, das alterações no clima ou no entorno da obra, entre outros fatores. Apresenta-se na tabela 2, alguns exemplos de VUP de alguns sistemas construtivos, segundo a NBR 15575.
A figura 3 apresenta a necessidade das manutenções periódicas para garantir a
recuperação de parte do desempenho perdido devido à degradação.
Figura 3: Resultado das manutenções periódicas em uma edificação ao longo do tempo
Fonte: NBR 15575 – Parte 1, 2013.
A tabela 2, apresenta exemplos de VUP de alguns sistemas construtivos, conforme
apresentado pela NBR 15575.
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Tabela 2: Vida útil de projeto
Fonte: NBR 15575 – item 14.2.1.1, 2013
Sistema VUP mínima Estrutura ≥ 40 anos
Pisos internos ≥ 13 anos Vedação vertical externa ≥ 40 anos Vedação vertical interna ≥ 20 anos
Cobertura ≥ 20 anos Hidrossanitário ≥ 20 anos
Observa-se que a passagem do tempo invariavelmente exercerá influência sobre a
vida útil de uma edificação, bem como sobre o seu desempenho. Depois de certo tempo, a
edificação pode não satisfazer mais às exigências do usuário e ao desempenho requerido,
além de não atender aos requisitos estabelecidos pelas alterações das normas vigentes.
Desta forma, mesmo que a edificação esteja tecnicamente útil, sua vida funcional ou
econômica foi excedida (HENDRIKS, 2000).
Um conceito importante que é apresentado no portal do Sindicato da Construção
Civil (www.sindusconsp.com.br, 2013) é de que não se deve confundir vida útil com prazo
de garantia, pois este é um período de tempo no qual a ocorrência de defeitos não pode ser
justificada por mau uso ou envelhecimento natural, garantido voluntariamente pelo
construtor ou incorporador e estabelecido por eles, através de um contrato ou termo de
garantia, quando se tratando dos diversos sistemas, elementos ou componentes que
compõem a edificação.
2.3. Estrutura da NBR 15575/2013
A ABNT NBR15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho, é dividida e seis
partes: Parte 1 – Requisitos gerais; Parte 2 – Requisitos para os sistemas estruturais; Parte 3
– Requisitos para os sistemas de pisos internos; Parte 4 – Sistemas de vedações verticais
externas e internas; Parte 5 – Requisitos para os sistemas de coberturas; Parte 6 – Sistemas
hidrossanitários.
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A norma é estruturada e subdividida em uma série de requisitos destinados à
avaliação de desempenho de uma edificação. Para isso, têm-se as seguintes categorias,
apresentadas pelo Quadro 4. Quadro 4: Estrutura NBR 15575
Fonte: Moramay, 2011.
Categoria Requisito Desempenho
Estrutural Controle estrutural; problemas de fissuração e outras falhas.
Segurança contra incêndio
Dificultar o princípio de incêndio; facilitar a fuga, caso ocorra o incêndio; dificultar a inflamação generalizada; dificultar a
inflamação generalizada; dificultar a propagação; segurança estrutural; sistema de extinção e sinalização de incêndio.
Segurança no uso e na operação Segurança na utilização do imóvel; segurança das instalações.
Estanqueidade Estanqueidade a fontes de umidade externas à edificação; estanqueidade a fontes de umidade internas à edificação.
Desempenho térmico
Medições conforme o método de ensaio preferencialmente normatizado específico para o material. Além disso, destaca-se que
critérios de desempenho foram estabelecidos com base em condições naturais de insolação, ventilação e outras.
Desempenho acústico
Isolamento acústico de vedações externas; isolamento acústico entre ambientes; ruídos por impactos e ruídos de equipamentos.
Desempenho lumínico Iluminação natural; iluminação artificial.
Durabilidade e manutenibilidade
Durabilidade do edifício e dos sistemas que o compõem; manutenibilidade do edifício e de seus sistemas.
Saúde, higiene e qualidade do ar
Proliferação de microorganismos; Poluentes na atmosfera interna à habitação.
Funcionalidade e acessibilidade
Dimensões mínimas e organização funcional dos espaços; adequação para portadores de deficiências.
Conforto tátil e antropodinâmico
As partes da edificação não devem apresentar irregularidades que possam prejudicar o caminhar, apoiar, limpar, brincar e demias
atividades. Quanto ao dispositivo de manobra, como portas, janelas, torneiras, a força necessária para o seu acionamento não deverá
exceder 10N e seu torque não deverá exceder 20Nm.
Adequação ambiental
Os epreendimentos devem ser projetados e construídos visando o mínimo de interferência no meio. Deve-se privilegiar o uso de
materias que causem menor impacto ambiental, madeiras certificadas, implementar sistema de gestão de resíduos, possibilitar
o reúso da água, minimizar o consumo de energia, entre outros.
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2.4. Desempenho Acústico
Os requisitos e critérios de desempenho devem limitar o isolamento sonoro de
elementos que compartimentam dormitórios e salas de estar em relação ao ruído externo à
habitação ou ao ruído interno produzido em recintos adjacentes, inclusive ruído proveniente
de habitações contíguas e ruído de equipamentos hidráulicos, a fim de que sejam satisfeitas
as exigências do usuário relativas à privacidade acústica para o repouso noturno e para o
descanso da família. (MITIDIERI E HELENE, 98)
O Desempenho Acústico está presente nas partes 3, 4, 5 e 6 da NBR 15575. Na
parte 3, define-se que o piso é o elemento construtivo responsável por proporcionar
isolamento acústico, em função do uso, tanto entre unidades distintas, quanto entre
dependências de uma mesma unidade, quando estas estão destinadas ao repouso noturno, ao
lazer doméstico e ao trabalho intelectual. Nas partes 4 e 5 tem-se que o estabelecimento do
nível de desempenho deve ser compatível com o nível de ruído de fundo do local de
implantação da obra. Além disso, destaca-se que o isolamento acústico é projetado a partir
do desempenho acústico dos sistemas compostos de materiais, componentes e elementos,
que deverão assegurar conforto acústico, em termos de níveis de ruído de fundo transmitido
via aérea e estrutural, bem como privacidade acústica, em termos de não tornar
incompreensível à comunicação verbal. Por último, a parte 6, na qual tem-se que não se
deve provocar ruídos desagradáveis aos seus usuários.
Contou-se também com o auxílio de normas internacionais, correlatas com esta
temática, que seguem no Quadro 5. Quadro 5: Descriçào das Normas Internacionais
Fonte: Autor, 2014
ISO 140-3:1995
Acoustics – Measurement of sound insulation in buildings and of building elements – Part 3:
Laboratory measurements of airborne sound and insulation of building elements.
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ISO 717-1:1996 Acoustics – Rating of sound insulation in buildings and of building elements – Part 1: Airborne sound
insulation.
ISO 140-4:1998
Acoustics – Measurement of sound insulation in buildings and of building elements – Part 4: Field
measurements of airborne sound insulation between rooms.
ISO 140-5:1998
Acoustics – Measurement of sound insulation in buildings and of building elements – Part 5: Field
measurements of airborne sound insulation of façade elements and façades.
ISO 10052:2004 Acoustics – Field measurements of airborne and impact sound insulation and of service equipment
sound – Survey method.
2.4.1. Apresentação do desempenho acústico Até o início do século XX não existia preocupação com o ruído, pois os sons
provinham da natureza e estavam em sintonia com o ser humano. Entretanto, com a
revolução industrial, com o advento das máquinas e, desde então, o constante
desenvolvimento tecnológico, modificou o panorama sonoro. Houve o crescimento dos
níveis sonoros, introduzindo a poluição sonora ao cotidiano dos seres humanos e chamando
a atenção de pesquisadores, técnicos e órgãos normalizadores (BATISTA, 1998).
Conforme Leite, 2013, incorporadoras da cidade de São Paulo, divulgaram em
2012, uma pesquisa de satisfação pós-ocupação de seus empreendimentos residenciais, a
partir daí, viu-se que uma das maiores reclamações feitas pelos usuários de imóveis é o
desconforto causado pela geração de ruídos proveniente da área externa ao edifício, dos
vizinhos, dos equipamentos do próprio edifício e até mesmo entre ambientes internos de um
mesmo apartamento. A publicação da Norma de Desempenho trouxe este tema para a
discussão, mas além disso existem vários outros fatores que contribuíram para que a
20
percepção auditiva das pessoas aumentasse bastante com o tempo.
Segundo o portal do governo federal brasileiro (www.brasil.gov.br, 2012) a
Organização Mundial da Saúde, divulgou uma pesquisa em 2011, indicando que a poluição
sonora nas cidades aumentou nos últimos 20 anos com o crescente incremento da
população, dos automóveis e das atividades humanas que geram ruídos, como construções,
casas noturnas, passeatas e o próprio uso da edificação. A urbanização e a expansão do
sistema de transportes são os principais responsáveis para que o barulho seja cada vez mais
sentido à noite, atrapalhando o sono. Um descanso intermitente compromete o crescimento
de crianças, e, nos adultos, acelera o envelhecimento celular. Doenças degenerativas, como
diabetes e hipertensão, podem dar as caras precocemente.
Segundo Borges, 2012, o consumidor começa a perceber que o desempenho de um
imóvel depende das soluções de engenharia e arquitetura adotadas no projeto e na
construção. Embora existam fatores que não dependem da engenharia e que afetam o
desempenho acústico, como o próprio hábito dos consumidores, está cada vez mais clara a
responsabilidade dos incorporadores e construtores neste processo.
Informações sobre a legislação brasileira referente ao desempenho acústico de
edifícios já chegaram ao consumidor. Além da NBR 15575, existem outras duas normas
técnicas brasileiras vigentes, a NBR 10151 e NBR 10152, que tratam dos ruídos máximos
admissíveis em ambientes internos e externos às edificações respectivamente. Com o
advento do Código de Defesa do Consumidor, as normas técnicas, embora não sejam leis,
passaram a ter um caráter obrigatório e o seu não cumprimento pode ser cobrado
judicialmente. (BORGES, 2011)
Ainda segundo Borges, 2011, a partir do desenvolvimento tecnológico da indústria
da construção, os materiais aumentaram a sua resistência e as estruturas se tornaram mais
esbeltas (lajes com espessuras menores, por exemplo), o que não gerou nenhum problema
de estabilidade para os edifícios, mas aumentou o ruído percebido pelos usuários em alguns
casos. O desafio é buscar um ponto de equilíbrio entre as duas variáveis.
Segundo a revista FUNESTRA, publicada em 28 de Fevereiro de 2011, o
Sinduscon/SP e o Secovi/SP reconhecem ainda que essa seja uma oportunidade para uma
maior articulação do setor e evolução da qualidade das construções brasileiras, de modo
que todos os envolvidos se tornem sócios do desempenho, incluindo o consumidor. De
acordo com Carlos Borges, engenheiro que presidiu a comissão de estudos responsável pela
21
elaboração da NBR 15575, trata-se de uma evolução e não de uma revolução, com metas de
longo prazo em que a indústria de materiais precisa de tempo para padronizar o sistema de
informações sobre os produtos que fabricam e os projetistas e construtores necessitam
capacitar-se para o atendimento à norma. (MORAMAY, 2011)
A obtenção do desempenho requerido de uma edificação ou sistema ao longo de
uma determinada vida útil de projeto implica numa visão de longo prazo, e depende de
várias partes para ser atingida, desde aqueles que concebem os empreendimentos até os
responsáveis por sua operação e manutenção. (BORGES, 2008)
2.4.2. Conceitos básicos e definições do desempenho acústico
A NBR 12179 ,1992, estabelece o isolamento acústico como o processo pelo qual se
procura evitar a entrada ou saída de ruídos ou sons em um determinado recinto. Recchia,
2001, descreve que o ruído pode se propagar em uma edificação através do ar, denominado
ruído aéreo; ou através da própria estrutura, denominado ruído de impacto.
O som ocorre quando um meio elástico é perturbado, gerando movimentos
vibratórios que se propagam pelo ar ou outros meios segundo ondas com amplitudes e
frequências variadas. Para facilitar o entendimento do procedimento, foram retiradas
algumas definições da cartilha de definições básicas da sociedade brasileira de acústica -
SOBRAC e da ISO – 140.
A percepção sonora define-se pela reação do ouvido humano ao som. O ouvido
humano percebe sons nas freqüências entre 20 e 20.000 Hz. Ao propagar-se no ar, a onda
sonora pressiona o tímpano das pessoas.
A freqüência mede o número de vibrações por segundo e é expressa em hertz (Hz).
A freqüência da voz humana está entre 500 e 2.000 Hz. O quadro 6, mostra os sons de
acordo com a vibração por segundo.
Quadro 6: Vibrações e Sons
Fonte: SOBRAC, 2012.
Sons graves 125 a 250 Hz Sons médios 250 a 1.000 Hz Sons agudos 1.000 a 4.000 Hz
22
O Decibel (dB) é definido pela medição do nível de pressão sonora que se
assemelha à sensibilidade do ouvido humano. A expressão logarítimica, equação 1, foi
desenvolvida para quantificar os sons por numerais inteiros conforme os exemplos
registrados na tabela 3.
𝑑𝐵 = 10 𝑥 log 𝑝²𝑝𝑜²
eq. [1]
Onde “p” é a pressão acústica da onda e “po” é a de referência, ambas em Pascais.
Tabela 3: Níveis de desempenho em dB
Fonte: NBR 15575 – Parte 1, 2013
Nível de Desempenho Correspondência Aproximada
Pa dB (A) 20 120 Martelete pneumático, turbina de avião 2 100 Veículos com escapamento aberto (motos, autos)
0,2 80 Avenidas com trânsito intenso, grito de pessoas 0,02 60 Rádio em volume normal, rua com pequeno trânsito de veículos
0,0002 20 Limite para o repouso tranquilo 0,00002 0 Limite de audição para jovens, frequência 1.000 a 4.000 Hz
O ruído é uma onda sonora desordenada, ou seja, um som indesejável, que pode
estar presente no ambiente ou ser transmitido a ele. Esta percepção é subjetiva e varia de
pessoa para pessoa. Os ruídos podem ser de transmissão aérea ou estrutural.
Tem-se o conforto acústico quando é feito um mínimo esforço fisiológico com
relação ao som ou quando o som é agradável à audição.O conceito de conforto acústico
sugere uma sensação de bem-estar, de tranqüilidade emocional e de satisfação em
momentos de trabalho e lazer. É interessante salientar que em diversas situações a sensação
de conforto não é percebida pelas pessoas, mas o incômodo causado pela sua falta logo gera
insatisfação (ORAL et al., 2004).
Rw é o índice ponderado de redução do som aéreo medido em laboratório.
O nível de pressão sonora (Li) é medido quando o som é estimulado no andar de
cima de onde está sendo feita a medição, também é expressado em decibéis. Já o nível
médio de pressão sonora em um ambiente (L) é definido pela equação 2.
𝐿 = 10 𝑥 log( 1𝑛∑ 10𝐿/10) 𝑑𝐵 eq. [2]
23
Onde:
Lj = nível de pressão medido;
n = diferentes posições do aparelho de medição n sala
O impacto normalizado de pressão sonora (L´n) tabém possui uma fórmula para sua
definição. A equação 3 mostra como se obtem L’n.
𝐿′𝑛 = 𝐿𝑖 + 10 𝑥 log 𝐴𝐴𝑜
𝑑𝐵 eq. [3]
Onde:
Li = nível de pressão sonora
A = área de absorção equivalente
Ao = área de absorção de referência = 10 m²
O impacto de nível de pressão sonora padronizados (L´nt) é definido quando o nível
de pressão sonora sofre uma redução em decibéis, sendo expresso pela equação 4.
𝐿′𝑛𝑡 = 𝐿𝑖 − 10 𝑥 log 𝑇
𝑇𝑜 𝑑𝐵 eq. [4]
Onde: T = reverberação medida To = reverberação de referência = 0,5s
A redução do impacto do nível de pressão sonora (ΔL´) é a diferença da pressão
sonora na sala de recepção antes e depois da instalação de, por exemplo, um revestimento
no chão.
Por isso, seguem as definições a seguir, segundo Müller e Möser, 2013: As bandas
de 1/3 de oitava, referem-se a duas frequências que estão 1/3 de oitava de distância entre sí.
Além disso, é importante destacar que 1/3 de oitava representa uma frequência 1,26 vezes
acima ou 0,794 vezes abaixo da referência. Por exemplo, uma frequência que está 1/3 de
oitava acima de 1 kHz, vale 1,26 kHz (valor este arredondado para 1,25 kHz nos
equalizadores) e uma frequência 1/3 de oitava abaixo de 1 kHz vale 794 Hz (arredondado
para 800 Hz nos equalizadores).
Este termo é utilizado para expressar a largura de banda de equalizadores e outros filtros
cujos pontos de -3dB (metade da potência) estão 1/3 de oitava distantes entre sí.
Equalizadores com tais filtros, costumam ter entre 29 e 31 bandas.
24
Vale destacar também, que 1/3 de oitava é aproximadamente a menor faixa de frequências
em que o ser humano detecta auditivamente alguma alteração com segurança, embora
algumas pesquisas recentes indiquem que essa faixa possa ser mais corretamente definida
como 1/6 de oitava nas frequências acima de 500 Hz e com uma largura de 100 Hz abaixo
desse ponto. O ouvido humano analisa o som por meio de uma série de estreitos filtros
passa-banda parcialmente sobrepostos. As medições em campo do isolamento acústico por
impacto segundo a ISO 140 parte 4, deverão ser feitas usando bandas de 1/3 de oitava.
O ruído rosa é também conhecido como ruído de 1/f, define-se por ser um sinal ou
um processo onde o espectro de freqüências como a densidade espectral de potência é
inversamente proporcional à freqüência do sinal. É caracterizado por manter a potência
(energia) igual entre todas as oitavas sonoras (e também em qualquer outra escala
logarítmica). Além disso, o ruído rosa contêm todas as frequências audíveis para os seres
humanos - 20 hertz a 20.000 hertz.
O nível sonoro de impacto padronizado ponderado (L’nTw) é o número único de
isolamento de ruído de impacto em edificações, derivado de valores em 1/1 oitavas ou em
1/3 de oitavas, do nível sonoro normalizado de impacto in-situ (L’n), de acordo com os
procedimentos especificados na norma ISO 717-2: 1996.
A propagação do som é definida por três fenômenos que ocorrem quando uma onda
sonora incide sobre uma superfície ou parede: reflexão, quanto mais densa e estanque for a
superfície, maior será a reflexão; absorção e transmissão. A figura 4 ilustra estes
fenômenos.
25
Figura 4: Fenômenos de propagação do som
Fonte: Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall, 2012.
A diferença de nível de pressão sonora (D), é a diferença do nível médio de pressão
sonora, medida em decibéis, em dois ambientes produzida por uma fonte em somente um
deles, conforme demonstrado pela equação 5.
D = L1 - L2 eq. [5]
L1 : nível de pressão sonora no ambiente da fonte.
L2 : nível de pressão sonora no ambiente de recepção.
A diferença de nível normalizada (Dn) é a diferença de nível, medida em decibéis,
correspondente à área de absorção de referência no ambiente de recepção. O Dn é
claculado pela equação 6.
𝐷𝑛 = 𝐷 − 10 𝑥 log 𝐴𝐴𝑜
𝑑𝐵 eq. [6]
Onde:
D = diferença de nível.
A = área de absorção sonora equivalente ao ambiente de recepção em m2.
26
Ao = área de absorção de referência = 10 m²
A diferença de nível padronizado (DnT): diferença de nível, medida em decibéis,
correspondente ao valor de referência do tempo de reverberação no ambiente de recepção,
dada pela equação 7.
𝐷𝑛𝑡 = 𝐷 + 10 𝑥 log 𝑇𝑇𝑜
𝑑𝐵 eq. [7]
Onde:
T = reverberação medida
To = reverberação de referência = 0,5s (valor equivalente à diferença de nóvel padrão
referente a uma área de referência de absorção A0 = 0,32V).
O índice de redução sonora aparente (R´) é a diferença da pressão sonora na sala
de recepção antes e depois da instalação de, por exemplo, um revestmento no chão.
Conforme mostra a equação 8.
𝑅′ = 10 𝑥 log 𝑊1𝑊2+𝑊3
𝑑𝐵 eq. [8]
Sendo que nos casos em que a energia sonora transmitida para o ambiente receptor
consistir na soma de vários componentes, o índice de redução sonora aparente é dado pela
equação 9.
𝑅′ = 𝐷 + 10 𝑥 log 𝑆𝐴
𝑑𝐵 eq. [9]
Onde:
D = diferença de nível.
S = área do elemento de separação.
A = área de absorção sonora equivalente ao ambiente de recepção.
Além disso, quando existe uma porta no elemento de separação a área S a ser
considerada é a área da abertura livre na qual estam montadas a porta e o batente. E se a
27
área for menor que 10m2, isto deve ser indicado no relatório. Neste caso S será o valor
máximo entre S ou V/7,5, onde V é o volume do ambiente receptor.
A figura 5 representa a sensação auditiva do ouvido humano variando com a
intensidade do som.
Figura 5: Intensidades sonoras percebidas pelo ouvido humano
Fonte: IPT, 2012.
Os equipamentos utilizados para as medições são os seguintes: microfones, que são
transdutores que convertem o som em sinais elétricos; filtros, que atenuam a quantidade de
energia presente em certas frequências ou faixas de frequências de áudio; equipamentos de
medição do tempo de reverberação.
São estabelecidos pela NBR 15575/2013 alguns critérios para a atenuação acústica
dos ruídos de impactos aplicados às lajes de piso e para a isolação ao som aéreo dos pisos e
das fachadas e coberturas. Além disso, a norma também estabelece a necessidade da
isolação acústica de paredes de geminação entre unidades autônomas e de paredes
divisórias entre áreas privativas e áreas comuns nas edificações multifamiliares.
Essa norma complementa outras como a NBR 10151 (Acústica - Avaliação do ruído
em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimento) e a NBR 10152
(Níveis de ruído para conforto Acústico), e descreve condições que uma edificação deve
28
atender de habitabilidade e utilização. Os requisitos e critérios dessa norma podem ser
aplicados a edifícios habitacionais com mais de cinco pavimentos se a análise em questão
independe a altura do edifício, o que é o caso da isolação sonora de paredes internas.
(PINTO, 2011).
2.4.3. Requisitos e Critérios do desempenho acústico
O requisito é uma definição documentada de
uma propriedade ou comportamento que um produto ou serviço particular deverá atender,
já o critério é um padrão que serve de base para que coisas possam ser comparadas e
julgadas. São definidos a seguir, requisitos e critérios, transcritos da norma NBR
15575/2013 a fim de apresentar os parâmetros encontrados na mesma.
2.4.3.1. Elemento construtivo: Piso O quadro 7, apresenta os requisitos e critérios referentes ao ruído de impacto.
Quadro 7: Requisitos e critérios – Ruído de Impacto
Fonte: NBR15575, 2013.
Ruído de Impacto
Requisito Atenuar a passagem de som resultante de ruídos de impacto (caminhamento, queda de objetos e outros) entre unidades habitacionais.
Critério Ruído de impacto aéreo para ensaio de campo: A unidade habitacional deve apresentar o nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado, L’nT,w, proporcionado pelo entrepiso conforme indicado na tabela 4
A tabela 4, apresenta o critério de nível de pressão sonora de impacto padronizado
ponderado para ensaios de campo.
Tabela 4: Critério e nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado, L’nT,w, para ensaios de campo Fonte: NBR 15575, 2012
29
O quadro 8, apresenta requisitos e critérios referentes ao isolamento de ruído aéreo
dos pisos entre unidades habitacionais.
Quadro 8: Requisitos e critérios – Isolamento de Ruído Aéreo dos Pisos Entre Unidades Habitacionais
Fonte: NBR15575, 2013.
Isolamento de Ruído Aéreo dos Pisos Entre Unidades Habitacionais
Requisito Atenuar a passagem de som aéreo resultante de ruídos de uso normal (fala, TV, conversas, música, impactos, caminhamento, queda de objetos e outros).
Critério Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes (DnT,w) ou índice de redução sonora ponderada para pisos (Rw), conforme indicado na tabela 5.
A tabela 5, apresenta os critérios de diferença padronizada de nível ponderada, para
ensaios de campo e Rw para ensaios de laboratório.
Tabela 5: Critérios de diferença padronizada de nível ponderada, DnT,w para ensaios de campo e Rw para
ensaios em laboratório
Fonte: NBR 15575, 2012
2.4.3.2. Elemento construtivo: Cobertura O quadro 9, apresenta os requisitos e critérios referentes à isolação acústica da
cobertura devida sons aéreos, para fontes de emissão externas.
Quadro 9: Requisitos e critérios – Isolação Acústica da Cobertura Devida Sons Aéreos
Fonte: NBR15575, 2013.
Isolação Acústica da Cobertura Devida Sons Aéreos
30
Requisito Proporcionar condições de isolamento acústico para repouso noturno nos dormitórios; para atividades intelectuais nas salas de estar; e descanso e lazer doméstico nas salas de estar.
Critério Isolação acústica da cobertura devida sons aéreos para casas térreas pelo ensaio de campo. Conforme indicado na tabela 6.
A tabela 6, apresenta a diferença padronizada de nível ponderada da vedação
externa para o sistema.
Tabela 6: Diferença padronizada de nível ponderada da vedação externa (D2m,nT,w)
Fonte: NBR 15575, 2012
A tabela 7, apresenta o critério do índice de redução sonora ponderado da cobertura,
pelo ensaio de laboratório.
Tabela 7: Índice de redução sonora ponderado da cobertura (Rw)
Fonte: NBR 15575, 2012
O quadro 10, apresenta os requisitos e critérios referentes à isolação de ruído de
impacto para coberturas de uso coletivo.
Quadro 10: Requisitos e critérios – Isolação de Ruído de Impacto para Coberturas de Uso Coletivo
Fonte: NBR15575, 2013.
31
Isolação de Ruído de Impacto para Coberturas de Uso Coletivo
Requisito Apresentar nível de isolamento acústico, frente aos ruídos transmitidos por impactos, naqueles edifícios que facultam acesso coletivo à cobertura.
Critério Isolação de ruídos de impactos em coberturas acessíveis de uso coletivo. A tabela 8, indica o nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado , L’nT,w, para ensaios de campo.
A tabela 8, o nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado, para ensaios de campo.
Tabela 8: Nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado, L’nT,w, para ensaios de campo Fonte: NBR 15575, 2012
2.4.3.3. Elemento construtivo: Vedações verticais O quadro 11, apresenta os requisitos e critérios referentes a vedações externas.
Quadro 11: Requisitos e critérios – Vedações Externas
Fonte: NBR15575, 2013.
Vedações Externas Requisito Níveis de ruído admitidos na habitação.
Critério
Diferença padronizada de nível ponderada, promovida pela vedação externa (fachada e cobertura, no caso de casas térreas e sobrados e somente fachada, nos edifícios multipiso), verificada em ensaio de campo. Valores de D2mntw indicados na tabela 9.
A tabela 9, apresenta valores da diferença padronizada de nível ponderada da
vedação externa, para ensaios de campo.
Tabela 9: Valores recomendados da diferença padronizada de nível ponderada da vedação externa ,D2m,nT,w, para
ensaios de campo
Fonte: NBR 15575, 2012
32
A tabela 10, apresenta o critério do índice de redução sonora ponderado dos elementos
construtivos da fachada pelo ensaio de laboratório.
Tabela 10: Índice recomendado de redução sonora ponderado da fachada , Rw, para ensaio de laboratório
Fonte: NBR 15575, 2012
O quadro 12, apresenta os requisitos e critérios referentes a vedações internas.
Quadro 12: Requisitos e critérios – Vedações Internas
Fonte: NBR15575, 2012.
Vedações Internas Requisito Níveis de ruído admitidos na habitação.
Critério Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes em ensaio de campo (vedações verticais internas), indicados na tabela 11.
A tabela 11, apresenta os valores recomendados da diferença padronizada de nível
ponderada entre ambientes para ensaio de campo.
Tabela 11: Valores recomendados da diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes, DnT,w,para ensaio de
campo
Fonte: NBR 15575, 2013
33
A tabela 12 apresenta o critério do índice de redução sonora ponderado, Rw, entre
ambientes pelo ensaio de laboratório.
Tabela 12: Índice de redução sonora ponderado dos componentes construtivos, Rw, para ensaio de laboratório
Fonte: NBR 15575, 2012
34
2.4.4. Métodos de verificação para a avaliação acústica em sistemas
construtivos Para a avaliação acústica de elementos e sistemas construtivos existem três métodos
diferentes: método de laboratório ou de precisão, método de engenharia e método simplificado
de campo (ABNT NBR 15575, 2008).
O método de laboratório ou de precisão apresenta os procedimentos para a medição
da isolação sonora, sendo o método mais preciso para a obtenção do índice de redução
sonora, visto que em laboratório as condições necessárias para a realização dos testes são
controladas. Em laboratório os elementos construtivos, por exemplo, parede, porta, janela,
etc., são avaliados independentemente. O resultado indica o desempenho acústico desse
elemento construtivo isoladamente. (NETO, 2009)
O método de engenharia indica os procedimentos para a medição do isolamento
sonoro em campo, de sistemas construtivos entre dois ambientes (paredes internas de
edificações, parede com janela, parede com porta, fachada, fachada com cobertura, etc.).
(MORAMAY, 2011)
O método simplificado de campo indica os procedimentos para a estimativa do
isolamento sonoro de partição externa ou interna de edificações, em condições específicas,
onde não há instrumentação específica para medição de tempo de reverberação ou quando o
alto nível de ruído de fundo não permite obter esse parâmetro. (NETO,2009)
35
3. Elaboração do procedimento experimental para medição do
isolamento acústico - Vedações Internas
3.1. Introdução Para elaboração deste procedimento contou-se com o apoio da Empresa X, que em
parceria com a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, formou um
grupo de estudo voltado para o tema Desempenho Acústico. A primeira etapa do trabalho
do grupo foi à contextualização do tema, a partir da leitura de documentos, artigos, livros e
da capacitação da equipe, em cursos ministrados por especialistas no assunto.
A segunda etapa da pesquisa teve início na concepção do procedimento
experimental de medição do isolamento acústico para o sistema construtivo de vedações
verticais internas. A elaboração do procedimento teve como base as normas ISO 140 parte
4 - Medição de campo para isolamento sonoro aéreo entre ambientes - e NBR 15575 parte 4
Edificações habitacionais - Desempenho: Sistemas de vedações verticais externas e interna.
Para a avaliação acústica das vedações verticais, utilizou-se o método de engenharia,
conforme ISO 140-4, porque segundo Neto, 2009, este método é o recomendado, pois
indica os procedimentos para medição do isolamento sonoro em campo de sistemas
construtivos entre dois ambientes, sendo mais rigoroso e tecnicamente mais completo.
Este procedimento experimental tem como objetivo apresentar: os equipamentos e
indicar as normas que apresentam as formas de calibração dos mesmos; a forma de geração
do som no ambiente que segue as indicações da ISO 140 parte 4, indicando também a
forma da utilização de uma fonte ou de várias fontes de ruído; o método de medição do
nível de pressão sonora que poderá ser feito através de um microfone ou de uma matriz de
microfones fixos, onde devem ser respeitadas as distâncias mínimas de separação entre os
microfones e as quantidades de medições; a faixa de frequência dessa medição, que deverá
seguir frequências específicas, conforme descrito pela norma ISO 140 parte 4; o método de
medição do tempo de reverberação, que deverá ser feito utilizando pelo menos 6 medições
para cada faixa de frequência com no mínimo uma posição de auto-falante e três posições
de microfones com duas leituras de cada caso e a avaliação da área de absorção sonora
equivalente; a forma de correção do ruído de fundo, para evitar que as medições sejam
afetadas por um ruído externo fora da sala de teste; a precisão, que deverá ser feita ao
36
longo do tempo e a expressão dos resultados, que deverá ser em forma de um relatório
contendo algumas informações específicas.
O quadro 13, apresenta de forma resumida os itens do procedimento. Quadro 13: Itens do Procedimento
Fonte: Autor, 2013
Itens do Procedimento Equipamentos
Geração do som no ambiente emissor Medição do nível médio de pressão sonora
Faixa de frequência das medições Medição do tempo de reverberação e avaliação da
área de absorção sonora equivalente Correção do ruído de fundo
Precisão Expressão dos resultados
Os critérios a serem avaliados estão descritos na tabela 13 a seguir. .
Tabela 13: Valores recomendados da diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes, DnT,w,para ensaio de
campo
Fonte: NBR 15575 adaptado, 2013
Elemento Dnt,w (dB)
Parede entre unidades habitacionais autônomas nas situações onde não
haja ambiente dormitório ≥ 40
Parede entre unidades habitacionais autônomas nas situações onde haja
pelo menos um ambiente dormitório ≥ 45
Parede cega de salas e cozinhas entre uma unidade habitacional e áreas
de trânsito eventual como corredores e escadaria dos pavimentos ≥ 30
Parede entre ambientes de uma mesma unidade habitacional ≥ 40
O procedimento experimental de isolamento acústico de vedações verticais internas
que foi elaborado e enviado enviado à empresa X, segue no Anexo 1 no final deste
trabalho.
37
3.2. Equipamentos Os equipamentos utilizados nas medições devem ser calibrados segundo as
normas de referência indicadas no quadro 14.
Quadro 14: Calibração dos equipamentos
Fonte: Autor, 2013
Calibração dos equipamentos Microfone Segundo a norma IEC 60942
Filtros Segundo a norma IEC 61260 Equipamento de medição do tempo de
reverberação Segundo a norma ISO 354
3.3. Geração do som (ambiente emissor) De acordo com a ISO 140 parte 4, o ruído gerado pelo emissor, deve ser estável e
seu espectro de frequência contínua; a diferença de nível entre uma banda de 1/3 de
oitava e outra não deve ultrapassar os 6dBs no ambiente onde o som for gerado, além
disso, o som deve ser alto o bastante para que o nível de pressão sonora no ambiente
receptor seja, pelo menos, 10dBs mais alto que ruído de fundo. Caso a fonte ruído opere
com mais de um autofalante, estes devem estar em fase.
A norma informa também que, é permitido usar múltiplas fontes de ruído
simultaneamente ou, no caso de uma única fonte, duas posições diferentes devem ser
adotadas para a medição. Se os ambientes tiverem volumes diferentes, o maior deve ser
usado como emissor do ruído.
3.4. Medição do nível médio de pressão sonora A medição do nível médio de pressão sonora, L, pode ser feita por um único
microfone, mudando-o de posição; por uma matriz de microfones fixos; por um microfone
oscilante ou por um microfone em constante movimento. É necessário, porém, que sejam
feitas as seguintes considerações a seguir.
A tabela 14, apresenta algumas considerações a respeito das distâncias mínimas de
separação entre os microfones.
38
Tabela 14: Distâncias mínimas de separação entre os microfones
Fonte: ISO 140, 1998 Distância Situação
0,7 m entre as posições do microfone 0,5 m entre qualquer posição do microfone e os limites da sala 1,0 m entre o microfone e a fonte de ruído
Esta distância também varia, dependendo se o microfone é fixo ou móvel, o
quadro 15 apresenta estas situações.
Quadro 15: Posição e distância para microfones fixos e móveis
Fonte: ISSO 140-4, 1998.
Microfone Situação
Fixo Deverão ser ultilizadas, no mínimo, 5 posições fixas e distribuídas de maneira uniforme;
Móvel Atingir um raio de no mínimo 0,7m com um plano inclinado de forma a cobrir grande parte da área a ser medida. Além disso o período de medição não pode ser menor do que 15s.
A respeito da quantidade mínima de medições, existe um tempo médio para cada
uma das posições do microfone, este tempo deve ser de pelo menos 6s para cada faixa de
frequência com frequências centrais abaixo de 400 Hz. Para o caso de bandas com
frequências centrais maiores, podemos diminuir o tempo para não menos que 4s. Com
microfone em movimento temos o tempo mínimo de 30s. Dependendo da quantidade de
fontes de ruído, o número mínimo de medições irá varias, conforme demostra o quadro 16.
Quadro 16: Quantidade de medições variando com a quantidade de fontes de ruído
Fonte: ISSO 140-4, 1998.
Um
a fo
nte
de
ruíd
o
Microfone Medições
Fixo no mínimo 10 medições
Móvel no mínimo 2 medições
Font
es d
e ru
ído
oper
ando
si
mul
tane
amen
te
Fixo no mínimo 5 medições
Móvel no mínimo 1 medições
39
3.5. Faixa de frequência das medições Conforme a ISO 140 parte 4, o nível de pressão sonora deverá ser medido
utilizando filtros de 1/3 de oitava de banda com pelo menos as seguintes frequências
centrais (Hz): 100/ 125/ 160/ 200/ 250/ 315/ 400/ 500/ 630/ 800/1000/ 1.250/ 1.600/ 2.000/
2.500/ 3.150.
Além disso, para ampliar a faixa devemos utilizar as frequencias de 4.000 Hz /
5.000 Hz.
3.6. Medição do tempo de reverberação e avaliação da área de absorção
sonora equivalente Deve-se usar pelo menos 6 medições para cada faixa de frequência, com pelo
menos uma posição de auto-falante, três posições de microfone e com duas leituras em
cada caso.
É importante entender o conceito de tempo de reverberação, que segundo
pesquisadores da Unesp, 2000, é o tempo em que o som se apresenta audível em um
determinado local que possa sofrer influência sonora , como por exemplo uma sala de
aula. Este tempo deverá ser conhecido para o cálculo da área de absorção sonora
equivalente, que de acordo com a ISO 354 deve ser calculado de acordo com a fórmula de
Sabine, equação 10:
𝐴 = 𝑜,16 𝑥 𝑉𝑇
eq. [10]
Onde:
A = área de absorção sonora equivalente (m²)
V = volume da sala (m³)
T = tempo de reverberação(s)
3.7. Correção do ruído de fundo A correção de ruído de fundo é feita para assegurar que as medições não sejam
afetadas por um ruído externo como ruídos fora da sala de teste ou ruídos elétricos dos
sistemas utilizados. O nível de ruído de fundo deve ser de pelo menos 6 dB abaixo do nível
40
de ruído de fundo e sinal combinados (e preferenciamente mais que 10 dB). Para obter o
nível de sinal ajustado, temos a equação 11:
𝐿 = 10 𝑥 log(10𝐿𝑠𝑏/10 − 10𝐿𝑏/10) dB eq. [11]
Onde:
L = nível de sinal ajustado
Lsb = nível de som e ruído de fundo combinados (dB)
Lb = é o nível de ruído de fundo (dB)
Caso a diferença nos níveis seja menor ou igual a 6dB em qualquer uma das faixas
de frequência, usamos L= 1,3dB.
3.8. Precisão A precisão deverá ser verificada ao longo do tempo, principalmente quando é feita
uma alteração no procedimento ou nos instrumentos. Seu valor depende do método
utilizado, que consta na norma ISO 140-2.
3.9. Expressão dos resultados O valores da diferença de nível normalizada (Dn), diferença de nível padronizado
(DnT) e do índice de redução sonora aparente (R’), deverão ser dados em todas as
frequências com 1 casa decimal em forma de tabela e também graficamente na escala
logarítimica de 5mm para uma banda de 1/3 de oitava e 20mm para 10dB. Para o cálculo,
temos as equações 12, 13 e 14:
𝐷𝑛, 𝑜𝑐𝑡 = −10 𝑥 log(∑10−Dn,13oct/10
3 ) 𝑑𝐵 eq. [12]
𝐷𝑛𝑡, 𝑜𝑐𝑡 = −10 𝑥 log(∑10−Dnt,13oct/10
3 ) 𝑑𝐵 eq. [13]
𝑅′, 𝑜𝑐𝑡 = −10 𝑥 log(∑10−R′,13oct/10
3 ) 𝑑𝐵 eq. [14]
41
Se o procedimento é repetido, devemos calcular uma média dos resultados
encontrados. No quadro 17 abaixo, contam todos os tópicos que deverão constar no
relatório: Quadro 17: Indicações do relatório
Fonte: ISO 140-4, 1998.
Relatório Referência a ISO 140-4
Nome da oganização que realizou as medições Nome e endereço da organização/cliente/empresa que ordenou o teste
Data do teste Descrição e identificação da edificação onde foi feito o teste
Volume de ambos os cômodos Dn ou Dnt ou R’
A área S utilizada para avaliação do R’ Breve descrição do procedimento e equipamentos
Indicação dos resultados que são tomados como limites da medida ( Dn, Dnt e R’) e acompanhamento da transmissão (se medidas).
42
4. Estudo de caso – análise de desempenho acústico do sistema construtivo de vedações verticais para empreendimentos multifamiliares
Após a elaboração do procedimento experimental, teve início à terceira etapa deste
trabalho, o estudo de caso com medições in loco, do desempenho acústico do sistema
construtivo de vedação vertical. Essas medições foram possíveis devido ao apoio da
Empresa X, que forneceu as unidades a serem analisadas.
Foram realizados ensaios em 6 unidades habitacionais distintas, quarto delas no
Empreendimento A, em Jacarepaguá: unidades 1 e 2 no 13º andar, ensaiadas no dia 5 de
Abril de 2012 e unidades 3 e 4 no 5º andar, ensaiadas no dia 8 de Junho de 2012. E as
outras duas no Empreendimento B, na Barra da Tijuca: unidades 5 e 6 no 13º andar,
ensaiadas no dia 8 de Junho de 2012. As tabelas 15 e 16, apresentam a ficha técnica dos
empreendimentos estudados.
Tabela 15: Ficha Técnica- Empreendimento A
Fonte: Portal da Empresa X Ficha Técnica- Empreendimento A
Tipo Residencial Tipologia 2, 3 e 4 quartos Área privativa (m²) 74 a 110 Terreno (m²) 36.561 Bairro Jacarepaguá Vagas 1 Número de pavimentos 17
Tabela 16: Ficha Técnica- Empreendimento B
Fonte: Portal da Empresa X Ficha Técnica- Empreendimento B
Tipo Residencial Tipologia 2, 3 e 4 quartos Área privativa (m²) 107 a 162 Terreno (m²) 23.287 Bairro Barra da Tijuca Vagas 1 Número de pavimentos 15
As figuras 6 e 7 apresentam a macro localização e as figuras 8 e 9 as fachadas dos
empreendimentos estudados.
43
Figura 6: Macro localização Empreendimento A
Fonte: Google Earth, 2013.
Figura 7: Macro localização Empreendimento B
Fonte: Google Earth, 2013.
44
Figura 8: Fachada Empreendimento A
Fonte: Empresa X, 2013.
Figura 9: Fachada Empreendimento A
Fonte: Empresa X, 2013.
A equipe foi formada pelos professores Elaine Garrido Vazquez e Luis Otávio
Cocito de Araújo e pelos alunos de graduação do curso Engenharia Civil Anália Torres
Martins, Bruna Moreira Serra de Sousa, Marcela Potting e Fernanda Graça Couto e alunos
do mestrado da COPPE/UFRJ do curso de Engenharia Mecânica, Guilhere Pedroto de
45
Almeida Magalhães e Guilherme Lopes sob a orientação do professor Fernando Castro
Pinto. Além disso contou-se com o apoio do laboratório de Acústica e Vibrações, o LAVI.
O LAVI foi criado na década de 1970 e, desde então, está associado à formação de
profissionais nas áreas de Acústica, Vibrações e Dinâmica. As atividades são
desenvolvidas em níveis de graduação, mestrado e doutorado, além de cursos de extensão,
assessoria técnica e metrológica. O LAVI conta com uma infraestrutura para aquisição,
análise e processamento desinais acústicos e de vibração, possuindo equipamentos
clássicos para acústica e vibrações como microfones, medidores de nível de som,
acelerômetros, analisadores de espectro, osciloscópios digitais, medidores de intensidade,
amplificadores de potência, vibradores entre outros. O laboratório está localizado no Bloco
I da Universidade Federal do Rio de Janeiro e forneceu todos os equipamentos necessários
para a realização das medições estabelecidas na norma de desempenho.
4.1. Etapas do Processo de Medição in loco Foi elaborado um procedimento de medição para vedações verticais internas com
base na norma ISO 140 parte 4 - Medição de campo para isolamento sonoro aéreo entre
ambientes - e a NBR 15575 parte 4 – Edificações habitacionais - Desempenho: Sistemas de
vedações verticais externas e interna. Utilizou-se este procedimento para a medição in loco
das unidades habitacionais multifamiliares fornecidas pela Empresa X.
A primeira etapa da medição foi à definição dos equipamentos que seriam utilizados
como microfones, conversor de sinais, amplificador e software para registros de dados.
Todos esses equipamentos foram fornecidos pelo LAVI. O som foi gerado a partir de um
computador ligado a uma caixa de som amplificadora através do software LabVIEW Signal
Express, que também foi responsável pela aquisição de dados. A seguir, foram medidos o
tempo de decaimento do som gerado em um ambiente, RT60 e a diferença de nível de
pressão sonora entre dois ambientes padronizada, Dnt. As unidades habitacionais foram
avaliadas para a obtenção dos valores em dB (decibel) do Dnt entre ambientes de um
mesmo apartamento e entre unidades habitacionais, para tal foi necessário calcular o RT60
do som nos ambientes e tratar os dados obtidos para compará-los com os parâmetros
estabelecidos pela norma. Para concluir, foi feito o tratamento dos dados obtidos pelo
software LabView Signal Express em busca da expressão dos resultados.
46
Nas figuras 10 e 11, apresentam-se os microfones utilizados para medição e Hi-Speed
USB Carrier NI 9234 – quatro canais de módulos de aquisição de sinais dinâmicos para
fazer medições de alta precisão de sensores IEPE.
Figura 10: Microfone MPA416 Sensitivity Calibration
Fonte: Acervo pessoal, 2012.
Figura 11: Conversor Hi-Speed USB Carrier
Fonte: http://google.com//, 13 /05/ 2012
A figura 12 apresenta o amplificador de sinais, Samik.
47
Figura 12: Amplificador Samick
Fonte: Acervo pessoal, 2012.
A figura 13, apresenta o software de registro de dados interativo que adquire
rapidamente, análise e apresentação de dados de centenas de dispositivos e instrumentos de
aquisição de dados, sem exigir programação.
Figura 13: Software LabVIEW Signal Express
Fonte: Acervo pessoal, 2012.
4.1.1. Medição RT60
O parâmetro RT60 consiste no tempo de decaimento de 60 dB do som gerado em um
determinado ambiente. Para isso, deve-se assegurar que o ambiente a ser medido estará
completamente preenchido de som e que após decorrer certo tempo, a fonte geradora de
som será cortada bruscamente. Os níveis de pressão sonora são medidos durante todo o
experimento, para que dessa maneira o decaimento fique bem claro. O RT60 também foi
48
medido através do estouro de uma bexiga de gás, onde no ambiente o único ruído gerado
foi o do estouro da bexiga.
4.1.2. Medição Dnt
Foram posicionados quatro microfones móveis na sala onde o ruído foi gerado para
obter o Dnt com máxima precisão. A seguir, foram posicionados dois microfones móveis
no ambiente onde o som seria gerado e mais dois no ambiente onde o som seria captado. A
medição iniciou-se sem geração de ruído e após um determinado período de tempo gerou-
se o ruído com o espectro determinado pela norma.
4.1.3. Quadros Comparativos: Norma X Medição A seguir, são apresentados quadros com as informações que foram divergentes entre
as descritas no procedimento apresentado no Capítulo 3, deste trabalho, com base na NBR
15.575 e as normas ISO, confrontadas com a prática utilizada na medição.
Houve divergência entre os equipamentos utilizados e os descritos na norma que se
justifica por uma modernização dos mesmos. Cabe ressaltar que não houve prejuízo em
relação a esta modificação nas medições realizadas. Estas informações estão apresentadas
no quadro 18. Quadro 18: Equipamentos utilizados na medição
Fonte: Vazquez, Torres, Potting, Serra, Couto, 2012
ISO 140-4 Medição Microfone: IEC 60942 Microfones: BSWAMPA4N6
Filtros: IEC 61260 Embutido no software utilizado (LabVIEWSignal Express)
Equipamento de medição do tempo de reverberação: ISO 354
Embutido no software utilizado (LabVIEWSignal Express)
Nos quadros 19, 20, 21 e 22 apresentados a seguir, a geração de sinal foi obtida a
partir da informação em banda larga, via Transformada de Fourier. Portanto, não foi
necessária a mudança de posição da fonte, foi efetuada apenas uma medição com o tempo
mínimo de 120 segundos, não foi necessária a utilização de filtros de 1/3 de oitava de
49
banda para diversas faixas de frequência e a medição do tempo de reverberação pode ser
efetuada de forma direta.
O quadro 19, apresenta a caracterização da fonte emissora recomendada pela norma e
a utilizada na medição.
Quadro 19: Caracterização da Fonte emissora Fonte: Vazquez, Torres, Potting, Serra, Couto, 2012
ISO 140-4 Medição
Ruído deve ser estável e seu espectro de
frequência contínuo Espectro do ruído rosa
Diferença de nível entre uma banda de 1/3 de
oitava e outra não deve ultrapassar os 6dB Espectro do ruído rosa
O nível de pressão sonora no ambiente
receptor deve ser, pelo menos, 10dB mais alto
que ruído de fundo
Conforme ISO 140-4
No caso de uma única fonte, duas posições
diferentes devem ser adotadas para a medição
Foi adotada somente
uma posição para a
fonte de ruído
Caso os ambientes tenham volumes
diferentes, o maior deve ser usado como
emissor do ruído
Conforme ISO 140-4
O quadro 20, apresenta a medição do nível médio de pressão sonora recomendada
pela norma e utilizada na medição.
Quadro 20: Medição do nível médio de pressão sonora
Fonte: Vazquez, Torres, Potting, Serra, Couto, 2012
ISO 140-4 Medição
Distâncias mínimas de separação entre os
microfones: 0,7m entre as posições do microfone;
0,5m entre qualquer posição do microfone e os
Conforme ISO
140-4
50
limites da sala; 1,0m entre o microfone e a fonte de
ruído
Medição com microfone móvel: devem ser feitas no
mínimo 2 medições
Apenas uma
medição
Microfone em movimento com o tempo mínimo de
30s.
Tempo mínimo
de 120s
O quadro 21, apresenta a faixa de frequência das medições recomendada pela
norma e utilizada na medição. Quadro 21: Faixa de frequência das medições
Fonte: Vazquez, Torres, Potting, Serra, Couto, 2012
ISO 140-4 Medição
O nível de pressão sonora deve ser medido utilizando
filtros de banda de 1/3 de oitava com pelo menos as
seguintes frequências centrais (Hz): 100/ 125/ 160/
200/ 250/ 315/ 400/ 500/ 630/ 800/1000/ 1250/ 1600/
2000/ 2500/ 3150. Para ampliar a faixa devemos
utilizar as seguintes frequências (Hz): 4000/ 5000
Obtenção da
informação
em banda
larga via
Transformada
de Fourier
O quadro 22, apresenta a medição do tempo de reverberação e avaliação da área de
absorção sonora equivalente recomendada pela norma e utilizada na medição.
Quadro 22: Medição do tempo de reverberação e avaliação da área de absorção sonora equivalente
Fonte: Vazquez, Torres, Potting, Serra, Couto, 2012
ISO 140-4 Campo
6 medições para cada faixa de frequência Medição direta
Pelo menos uma posição de auto-falante Conforme ISO
140-4
Três posições de microfone com duas leituras
devem ser usadas em cada caso
Microfones
móveis
51
Nesta medição foram utilizados microfones móveis no intuito de ampliar o espectro
da medição.
4.1.4. Tratamento de Dados
A NBR 15575:2013 propõe o método de engenharia como o mais indicado para as
medições do desempenho acústico da edificação, este método é descrito na ISO 140-4,
bem como as equações utilizadas para a determinação da diferença de nível padronizada
em cada frequência especificada. Porém, a norma de desempenho estabelece parâmetros
através de um número único e este número é obtido através da ISO 717-1.
A partir dos valores obtidos na medição pelo programa LabView Signal Express,
são extraídos os valores do nível de pressão sonora no ambiente emissor (L1) e no
ambiente receptor (L2). A partir dessa informação é obtido a Diferença de Nível (D) entre
os cômodos, trata-se da diferença entre os níveis de pressão sonora entre os ambientes (L1
e L2).
A norma utiliza como parâmetro comparativo a Diferença de Nível Padronizada
(DnT). Para a obtenção deste nível para cada frequência é utilizada a equação 15.
𝐷𝑛𝑇 = 𝐷 + log 𝑇2𝑇0
𝑑𝐵 eq. [15]
Onde:
T2 é o tempo de decaimento (RT60) medido com o estouro de uma bexiga de gás.
T0 é o tempo de reverberação de referência (0,5 s).
Após obtidos os DnT para cada frequência especificada na norma, é necessário
transformá-lo em um número único. Para isso, a curva de DnT obtida na medição de campo,
deve ser ajustada à curva de valores de referência para ruído aéreo em bandas de 1/3 de
oitava encontrada na ISO 717-1. Através deste ajuste, os desvios desfavoráveis são
utilizados para a obtenção do número único. A soma dos desvios desfavoráveis deve ser
menor que 32 dB. O ajuste que mais se aproximar deste somatório será utilizado para a
obtenção do número único.
52
4.2. Resultados A seguir, apresentam-se tabelas comparando os valores medidos in loco e os
valores estabelecidos como mínimos, pela norma NBR 15575/2013, é importante ressaltar
que os valores da diferença de nível padronizada (Dnt) fora do intervalo sugerido, são
desconfortáveis para o usuário.
As características dos mateiais que foram utilizados nas vedações, foram fornecidos
pela Empresa X, assim como as plantas dos apartamentos. Os ensaios não foram realizados
na mesma hora do dia.
4.2.1. Empreendimento A
A fonte foi posicionada na sala do apartamento 2 nas medições com os resultados
apresentados nas tabelas 16, e 17 a seguir. Esta sala caracteriza-se por ser integrada a uma
cozinha gourmet e possuir esquadrias de alumínio e vidro liso incolor com espessura de 4
cm em toda a extensão da vedação entre a sala e a varanda. Além disso, a cozinha gourmet
possui vão de acesso à varanda sem proteção de esquadria. A figura 14 apresenta a
disposição das salas dos apartamentos 1 e 2 e a posição da fonte e do computador na
unidade 2. A tabela 17, apresenta o resultado da medição realizada entre essas unidades.
53
Figura 14: Disposição das salas dos apartamentos 1 e 2.
Fonte: Empresa X, 2012
Tabela 17: Resultado da medição entre unidades
Fonte: Autores, 2012
Medição entre unidades- apartamento 1 e 2
Medição (dB) Norma (dB)
Sala (2) – Sala (1) 46 ≥ 40
A vedação entre a sala do apartamento 1 e a sala / cozinha gourmet do apartamento
2 tem espessura de 14 cm, composta de alvenaria, emboço e cerâmica. Observa-se que o
resultado obtido está conforme os parâmetros da Norma 15.575 - 4, mesmo a sala
possuindo grande extensão de esquadria de vidro e a cozinha possuindo vão de acesso à
1
2
54
varanda. Neste caso, o conforto acústico entre unidades habitacionais não foi afetado por
estes fatores.
A figura 15, apresenta a disposição dos cômodos do apartamento 2 e a posição da
fonte e do computador, nesta unidade. Na tabela 18, têm-se os resultados da medição nesta
unidade.
Figura 15: Disposição dos cômodos do apartamento 2
Fonte: Empresa X, 2012
Tabela 18: Resultado da medição entre unidades
Fonte: Autores, 2012
Medição na mesma unidade – apartamento 1
Medição (dB) Norma (dB)
Sala (2) – Corredor 26 ≥ 30
2
2
2
55
Sala (2) – Quarto (2) 25 ≥ 40
Sala (2) - Suíte (2) 26 / 27 ≥ 40
A vedação entre a sala do apartamento 2 e o corredor, tem espessura de 14 cm,
composta de alvenaria, gesso estuque e pintura PVA. Observa-se que o resultado obtido
não está conforme os parâmetros da Norma 15.575 – 4. Este resultado pode ser devido à
presença da porta de acesso ao apartamento. Já a vedação entre a sala e o quarto do
apartamento 2 tem espessura de 9 cm, composta de alvenaria, gesso estuque e pintura
PVA. Observa-se que o resultado obtido não está conforme os parâmetros da Norma
15.575 – 4. Este resultado pode ser devido à presença da porta de acesso ao quarto e pela
ausência de emboço, que foi substituído por revestimento de gesso, tornando a espessura
da vedação menor.
A vedação entre a sala e a suíte do apartamento 2 tem espessura de 9 cm, composta
de alvenaria, gesso estuque e pintura PVA. Para esta situação, foram feitas duas medições,
os resultados deram uma diferença de 2 dB confirmando a acurácia do método utilizado, já
que a Norma de Desempenho prevê um erro de 2 dB. Observa-se que o resultado obtido
não está conforme os parâmetros da Norma 15.575 – 4. Este resultado pode ser devido à
presença da porta de acesso ao quarto e pela ausência de emboço, que foi substituído por
revestimento de gesso, tornando a espessura da vedação menor.
A figura 16, apresenta a disposição da cozinha do apartamento 3 e a da suíte do
apartamento 4, também localizadas no Empreendimento A. Além disso, apresenta a
posição da fonte e do computador na cozinha gourmet do apartamento 3. A tabela 19,
apresenta o resultado da medição realizada entre essas unidades.
56
Figura 16: Disposição da cozinha do apto. 3 e da suíte do apto. 4
Fonte: Empresa X, 2012
Tabela 19: Resultado da medição entre unidades (cozinha apartamento 1 e suíte do apartamento 2)
Fonte: Autores, 2012
Medição entre unidades – apartamentos 3 e 4
Medição (dB) Norma (dB)
Cozinha (3) – Suíte (4) 39 ≥ 45
A vedação entre a cozinha do apartamento 3 e a suíte do apartamento 4 tem
espessura de 23 cm em bloco cerâmico. O revestimento da cozinha é composto por blocos
de 14cm, emboço e revestimento cerâmico enquanto o revestimento do quarto é composto
por blocos de 9 cm e gesso, tendo assim uma vedação dupla. O resultado obtido não está
conforme os parâmetros da Norma 15.575 – 4, mesmo sendo esta vedação dupla.
A figura 17, apresenta a disposição da sala e da cozinha do apartamento 3 e a tabela
20, o resultado da medição realizada nesta unidade.
3 3
4
57
Figura 17: Disposição da sala e quarto do apartamento 3
Fonte: Empresa X, 2012
Tabela 20: Resultado da medição na mesma unidade Fonte: Autores, 2012
Medição mesma unidade – apartamento 3
Medição (dB) Norma (dB)
Sala (3) – Quarto (3) 35 ≥ 40
A vedação entre a sala e o quarto do apartamento 3 tem espessura de 9 cm,
composta de alvenaria, gesso estuque e pintura PVA. Observa-se que o resultado obtido
não está conforme os parâmetros da Norma 15.575 – 4. Este resultado pode ser devido à
presença da porta de acesso ao quarto e pela ausência de emboço, que foi substituído por
revestimento de gesso, tornando a espessura da vedação menor.
3 3 3
58
4.2.2. Empreendimento B A figura 18, aapresenta a disposição da cozinha do apartamento 5 e da suíte do
apartamento 6. Pode-se observar através dela, que a fonte foi posicionada na cozinha da
unidade 5. A tabela 21, mostra o resultado da medição realizada entre essas unidades.
Figura 18: Disposição dos cômodos utilizados na medição do Empreendimento B
Fonte: Empresa X, 2012
Tabela 21: Resultado da medição entre unidades (cozinha apartamento 5 e suíte apartamento 6)
Fonte: Autores, 2012
Medição entre as unidades- apartamento 5 e 6
Medição (dB) Norma (dB)
Cozinha(5) - Suíte(6) 44 ≥ 45
COZINHA 5 SUÍTE 6
COMPUTADOR FONTE
59
A vedação entre a cozinha do apartamento 5 e a suíte do apartamento 6 tem
espessura de 14 cm em bloco cerâmico e é tratada acústicamente. Levando em
consideração a incerteza de ± 2 dB prevista em norma, o resultado obtido está conforme os
parâmetros da Norma 15.575 – 4. Este resultado pode ser devido ao fato da vedação em
questão ser tratada acusticamente.
Na figura 19, apresentamos a disposição da sala e da suíte do apartamento 4 e a
tabela 22, mostra o resultado da medição realizada nesta mesma unidade.
Figura 19: Disposição dos cômodos utilizados na medição do Empreendimendo B
Fonte: Empresa X, 2012
Tabela 22: Resultado da medição na mesma unidade (sala e suíte 1310)
Fonte: Autores, 2012
Medição na mesma unidade – apartamento 5
Medição (dB) Norma (dB)
Sala (5) – Suíte (5) 30 ≥ 40
SALA 5
SUÍTE 5
COMPUTADOR
FONTE
60
A vedação entre a sala e a suíte do apartamento 5 tem espessura de 9 cm em bloco
cerâmico. Observa-se que o resultado obtido não está conforme os parâmetros da Norma
15.575 – 4. Este resultado pode ser devido à presença da porta de acesso ao quarto e pelo
fato de a espessura da vedação ser menor.
61
5. Considerações Finais
O crescimento econômico do país proporcionou uma expansão no setor da construção
civil. Porém, essa expansão trouxe alguns impactos negativos ao produto final entregue ao
consumidor, pois os materiais construtivos foram se tornando mais leves com o intuito de
diminuir o tempo de obra e o custo da construção. Dessa forma, a NBR 15575 publicada
em Julho de 2013, apresenta uma mudança de paradigma na construção civil brasileira,
porque tem como objetivo a melhora da qualidade do produto oferecido, a fim de atingir
um nível mínimo de qualidade e desempenho das unidades habitacionais.
A norma trouxe uma série de conceitos inéditos na normatização brasileira, como o
comportamento em uso dos componentes e sistemas da edificação e a vida útil dos sistemas
construtivos. Além disso, como pode ser visto o Quadro 23 a norma atribui
responsabilidades a incorporadores, construtores, projetistas, fornecedores e usuários.
Quadro 23: Mudança entre os profissionais da construção civil para o atendimento da norma
Fonte: Revista Piniweb, 2013
62
Os profissionais e empresas que detém o conhecimento sobre a norma e a aplicam em
seus projetos, podem considerar isto como um diferencial em comparação com o perfil de
produto que está disponível no mercado. O marketing desenvolvido a partir do
atendimento aos parâmetros da norma poderá comprometer a competitividade daquelas
empresas que não cumprirem as exigências, não só pelo fato de que o consumidor estará
mais atento e bem informado, mas também pelo risco jurídico em questão pois a Lei de
Defesa do Consumidor, ampara o consumidor para exigir desempenho dos imóveis cujos
projetos foram protocolados a partir de novembro do ano de 2013. Fornecer produtos em
desconformidade com as normas técnicas é uma das práticas abusivas listadas no artigo 39
do Código de Defesa do Consumidor. Além disso, de acordo com os artigos 615 e 616 do
Código Civil Brasileiro, o comprador pode rejeitar a obra ou exigir abatimento no preço
caso o empreiteiro tenha se afastado das normas técnicas.
Os peritos serão usuários a curto prazo, pois embasados na norma poderão avaliar se os
sistemas estão ou não cumprindo o desempenho priometido, favorecendo decisões
equilibradas, baseadas em parametros tecnicos que atendem as necessidades dos usuários.
Os organismos financiadores tenderão a exigir das construtoras que os imóveis estejam
enquadrados na ABNT NBR 15.575. Os construtores sabem que, se não seguirem as
recomendações da norma, vão perder mercado, uma vez que o consumidor será o principal
agente fiscalizador da NBR 15575. Os projetos deverão ser apresentados nas prefeituras
para a aprovação em conjunto com o memorial descritivo e a indicação do desempenho
que será atingido. Desta forma, tem-se o usuário como o principal beneficiado com a
criação e implementação da norma.
A maior dificuldade de adaptação da norma será nos parâmetros referentes ao
desempenho acústico, pois várias partes exigem parâmetros mínimos de tal desempenho. É
defendido pela sociedade técnica que os requisitos de desempenho acústico estabelecidos
pela norma são bastante severos para as condições atuais das obras no Brasil o que pode ter
contribuído para o atraso da publicação da mesma. Outro fator complicador, é o despreparo
e a escassez de laboratórios que realizam as avaliações previstas na norma, o LAVI pode
representar uma alternativa para as construtoras que desejam atestar ou mesmo testar o
desempenho acústico de suas edificações, pois possui especialistas no tema que se
capacitam cada vez mais a fim de se apresentar para o mercado.
63
A Empresa X, procurou a UFRJ, com o intuito de formar um grupo de estudos a
respeito da norma salvo que o atendimento da mesma seria um diferencial no mercado
imobiliário. O foco deste trabalho foi o desempenho acústico de vedações verticais por ser
a maior demanda indicada pela empresa , tendo em vista o resultado de uma pesquisa de
satisfação pós-ocupação de empreendimentos residenciais, que apontou como uma das
maiores reclamações feitas pelos usuários de imóveis o desconforto causado pela geração
de ruídos proveniente da área externa ao edifício, dos vizinhos, dos equipamentos do
próprio edifício e até mesmo entre ambientes internos de um mesmo apartamento. Em
continuidade a este trabalho, sugere-se a medição dos demais sistemas construtivos
apresentados na norma de desempenho e a apresentação de possíveis soluções para a
melhoria do desempenho acústico das edificações.
O grupo de estudos formulou um procedimento experimental, que teve como base
as normas ISO 140 parte 4 - Medição de campo para isolamento sonoro aéreo entre
ambientes - e NBR 15575 parte 4 - Desempenho de edifícios habitacionais de até cinco
pavimentos: Sistemas de vedações verticais externas e interna. O objetivo deste
procedimento era apresentar os equipamentos, a forma de geração do som no ambiente, o
método de medição do nível de pressão sonora e a faixa de frequência dessa medição, o
método de medição do tempo de reverberação e a avaliação da área de absorção sonora
equivalente, a forma de correção do ruído de fundo, a precisão e a expressão dos resultados.
E dessa forma, facilitar a medição in loco do desempenho acústico de uma unidade
habitacional, já que a demanda por avaliações técnicas e de durabilidade de materiais e
sistemas construtivos tem crescido, principalmente pelo fato de que produtos já
consagrados pelo uso na construção civil, mesmo contando com normas regulamentadoras
há muito tempo, não possuem dados suficientes relacionados ao uso e à operação.
A fim de verificar se os requisitos existentes na norma estavam sendo atendidos ou
não, a Empresa X, forneceu algumas unidades habitacionais para a medição in loco. A
escolha dessas unidades foi baseada na existência de parede simples, dupla ou tratada. A
norma não indica a amostragem necessária para a realização das medições. Durante a
realização deste ensaio, observou-se que o ponto mais crítico foi à caracterização do
ambiente, pois o conhecimento detalhado do ambiente gerador e receptor de ruído inclui a
medição do pé direito, das áreas, espessura da parede de ligação e respectivos
revestimentos. É importante observar a ocorrência de aberturas que ligam o ambiente
64
externo ao interno, pois estas desviam o ruído que está sendo gerado ou recebido. Nos
apartamentos que foram realizadas as medições no Empreendimento A, não havia nenhum
tipo de obstáculo entre a cozinha e a varanda e por se tratar de um apartamento com
cozinha americana, a definição dos ambientes (sala / cozinha) foi dificultada. Além disso, o
trabalho teve as limitações quanto aos equipamentos, à caracterização da fonte emissora, a
medição do nível médio de pressão sonora, a faixa de frequência das medições, as medições
do tempo de reverberação e a avaliação da área de absorção sonora, conforme apresentado
no item 4.3.4. Quadros Comparativos: Norma x Medição.
Ao final das medições, observou-se a dificuldade da aplicação da norma de
desempenho e dos métodos nela apresentados. Com a apresentação dos resultados
encontrados em comparação com os requisitos da norma, vê-se que a maioria dos critérios
não são atendidos, isso se deve a alguns elementos que dificultam o desempenho acústico
de uma edificação, como o uso de revestimento de gesso estuque para substituir o emboço.
Em contra partida, foi visto que paredes de alvenaria convencional e emboço e paredes com
tratamento acústico, conseguem atender aos critérios estabelecidos pela norma.
Para que este cenário de não conformidade mude, é necessário que os conceitos de
desempenho sejam amplamente divulgados, tanto aos fabricantes, incorporadores e
construtores, quanto, principalmente aos usuários, já que estes, serão os maiores fiscais
quanto ao atendimento da norma. Dessa forma, contribuiríamos para o desenvolvimento do
setor, pois as empresas seriam obrigadas a estudar formas de atender aos requisitos e desta
forma trazendo crescimento para a construção civil brasileira e conforto aos usuários.
65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.179 - Tratamento Acústico
em Recintos Fechados. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.151 – Avaliação de ruído em
áreas habitadas visando o conforto da comunidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.152 – Níveis de Ruído para
Conforto Acústico. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575 – Edifícios
Habitacionais– Desempenho (partes 1 – Requisitos Gerais, 4 – Sisteas de Vedações
Verticais, e 5 – Requisitos para Sistemas de Cobertura). Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
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http://www.sindusconsp.com.br/, acesso em 9 de Outubro de 2013.
72
ANEXOS
ANEXO 1 – Descrição do método de medição do isolamento acústico – Vedações Internas
– relação obtida em PIC – UFRJ & Empresa X. Fevereiro 2012. Anexo 1, p.72 - 79.
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ANEXO 1
PROGRAMA: PIC – UFRJ & Empresa X NOME ARQUIVO: MC-02-001_0.docx GRUPO: G2 – Norma de Desempenho COLABORADORES: Anália Torres, André Mascarenhas, Bruna de Sousa e Marcela Potting
DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE MEDIÇÃO DO ISOLAMENTO ACÚSTICO –
VEDAÇÕES INTERNAS
1. Elementos construtivos a serem avaliados
• Vedações Internas
2. Método de avaliação
Método de engenharia, conforme ISO 140-4 “Medição de campo para isolamento sonoro
aéreo entre ambientes”.
3. Requisitos
Tabela 8 – Valores recomendados da diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes, DnT,w, para
ensaio de campo
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Fonte: NBR 15575, 2012 4. Equipamentos Os equipamentos usados nas medições devem ser calibrados segundo as normas de
referência:
• Microfone: IEC 60942
• Filtros: IEC 61260
• Equipamento de medição do tempo de reverberação: ISO 354
5. Definições • Nível médio de pressão sonora em um ambiente (L):
Onde:
Lj = nível de pressão medido
n = diferentes posições do aparelho de medição n sala
• Diferença de nível de pressão sonora (D): diferença do
nível médio de pressão sonora, medida em decibéis, em dois ,ambientes produzida por uma
fonte em somente um deles.
L1 : nível de pressão sonora no ambiente da fonte.
L2 : nível de pressão sonora no ambiente de recepção.
• Diferença de nível normalizada (Dn): diferença de nível, medida em decibéis,
correspondente à área de absorção de referência no ambiente de recepção.
75
Onde:
D = diferença de nível.
A = área de absorção sonora equivalente ao ambiente de recepção em m2.
Ao = área de absorção de referência = 10 m²
• Diferença de nível padronizado (DnT): diferença de nível, medida em decibéis,
correspondente ao valor de referência do tempo de reverberação no ambiente de recepção.
Onde:
T = reverberação medida
To = reverberação de referência = 0,5s (valor equivalente à diferença de nóvel padrão
referente a uma área de referência de absorção A0 = 0,32V).
• Índice de redução sonora aparente (R´): é a diferença da pressão sonora na sala de
recepção antes e depois da instalação de, por exemplo, um revestmento no chão.
Nota: Nos casos em que a energia sonora transmitida para o ambiente receptor consistir na
soma de vários componentes, o índice de redução sonora aparente será:
Onde:
D = diferença de nível.
S = área do elemento de separação.
76
A = área de absorção sonora equivalente ao ambiente de recepção.
• Quando existe uma porta no elemento de separação a área S a ser considerada é a
área da abertura livre na qual estam montadas a porta e o batente.
• Se a área for menor que 10m2, isto deve ser indicado no relatório. Neste caso S será
o valor máximo entre S ou V/7,5, onde V é o volume do ambiente receptor.
Procedimento de teste e avaliação
As medições em campo do isolamento acústico por impacto deve ser feita usando bandas
de 1/3 de oitava, a menos que o oitavo de banda tenha sido acordado previamente.
OBS: Definição de 1/3 de oitava:
1. Refere-se a duas frequências que estão 1/3 de oitava de distância entre sí. 1/3 de oitava
representa uma frequência 1,26 vezes acima ou 0,794 vezes abaixo da referência. Por
exemplo, uma frequência que está 1/3 de oitava acima de 1 kHz vale 1,26 kHz (valor este
arredondado para 1,25 kHz nos equalizadores). E uma frequência 1/3 de oitava abaixo de 1
kHz vale 794 Hz (arredondado para 800 Hz).
2. Termo usado para expressar a largura de banda de equalizadores e outros filtros cujos
pontos de -3dB (metade da potência) estão 1/3 de oitava distantes entre sí. Equalizadores
com tais filtros costumam ter entre 29 e 31 bandas.
3. Aproximadamente a menor faixa de frequências em que o ser humano detecta
auditivamente alguma alteração com segurança (embora algumas pesquisas recentes
indiquem que essa faixa possa ser mais corretamente definida como 1/6 de oitava nas
frequências acima de 500 Hz e com uma largura de 100 Hz abaixo desse ponto). O ouvido
humano analisa o som por meio de uma série de estreitos filtros passa-banda parcialmente
sobrepostos.
5.1 Geração do som (ambiente emissor): O ruído gerado deve ser estável e seu
espectro de frequência contínuo; a diferença de nível entre uma banda de 1/3 de oitava e
outra não deve ultrapassar os 6dBs no ambiente onde o som for gerado e o som deve ser
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alto o bastante para que o nível de pressão sonora no ambiente receptor seja, pelo menos,
10dBs mais alto que ruído de fundo.
Caso a fonte ruído opere com mais de um autofalante, estes devem estar em fase.
É permitido usar múltiplas fontes de ruído simultaneamente ou, no caso de uma única
fonte, duas posições diferentes devem ser adotadas para a medição.
Caso os ambientes tenham volumes diferentes, o maior deve ser usado como emissor do
ruído.
5.2 Medição do nível médio de pressão sonora: pode ser feita por um único
microfone, mudando-o de posição; por uma matriz de microfones fixos; por um microfone
oscilante ou por um microfone em constante movimento.
• Distâncias mínimas de separação entre os microfones:
0,7m entre as posições do microfone; 0,5m entre qualquer posição do microfone e os
limites da sala; 1,0m entre o microfone e a fonte de ruído.
Microfone fixo: um mínimo de 5 posições fixas para o microfone devem ser utilizadas,
distribuídos de maneira uniforme;
Microfone móvel: varrer um raio de no mínimo 0,7m com um plano inclinado de forma a
cobrir grande parte da área a ser medida e o período de medição não pode ser menor do
que 15s.
• Quantidade mínima de medições:
Uma fonte de ruído:
Medição com microfone fixo: devem ser feitas no mínimo 10 medições;
Medição com microfone móvel: devem ser feitas no minimo 2 medições.
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Múltiplas fontes de ruído operando simultaneamente:
Medição com microfone fixo: devem ser feitas no mínimo 5 medições;
Medição com microfone móvel: devem ser feitas no minimo 1 medições.
• Tempo médio:
Para cada uma das posições do microfone, o tempo médio deve ser de pelo menos 6s para
cada faixa de frequência com frequencias centrais abaixo de 400 Hz. Para o caso de bandas
com frequencias centrais maiores, podemos diminuir o tempo para não menos que 4s. Com
microfone em movimento temos o tempo mínimo de 30s.
5.3 Faixa de frequência das medições: o nível de pressão sonora deve ser medido
utilizando filtros de 1/3 de oitava de banda com pelo menos as seguintes frequências
centrais (Hz): 100/ 125/ 160/ 200/ 250/ 315/ 400/ 500/ 630/ 800/1000/ 1250/ 1600/ 2000/
2500/ 3150. Para ampliar a faixa devemos utilizar as sguintes frequencias (Hz): 4000/
5000.
5.4 Medição do tempo de reverberação e avaliação da área de absorção sonora
equivalente: devemos usar pelo menos 6 medições para cada faixa de frequência, pelo
menos uma posição de auto-falante e três posições de microfone com duas leituras devem
ser usadas em cada caso. O tempo de reverberação de acordo com a ISO 354 deve ser
calculado de acordo com a fórmula de Sabine:
Onde:
A = área de absorção sonora equivalente (m²)
V = volume da sala (m³)
T = tempo de reverberação(s)
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5.5 Correção do ruído de fundo: é feita para assegurar que as medições não sejam
afetadas por um ruído externo como ruídos fora da sala de teste ou ruídos elétricos dos
sistemas utilizados. O nível de ruído de fundo deve ser de pelo menos 6 dB abaixo do nível
de ruído de fundo e sinal combinados (e preferenciamente mais que 10 dB):
Onde:
L = nível de sinal ajustado
Lsb = nível de som e ruído de fundo combinados (dB)
Lb = é o nível de ruído de fundo (dB)
Se a diferença nos níveis é menor ou igual a 6dB em qualquer uma das faixas de
frequência, usamos L= 1,3dB.
6. Precisão
Deve ser verificada ao longo do tempo, principalmente quando é feita uma
alteração no procedimento ou nos instrumentos. Seu valor depende do método utilizado,
que consta na norma ISO 140-2.
7. Expressão dos Resultados:
Dn, DnT e R’ devem ser dados em todas as frequências com 1 casa decimal em
forma de tabela e também graficamente na seguinte escala logarítimica: 5mm para uma
banda de 1/3 de oitava e 20mm para 10dB. Para o cálculo:
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Se o procedimento é repetido, devemos calcular uma média dos resultados encontrados.
O relatório deve indicar:
• Referência a ISO 140-4;
• Nome da oganização que realizou as medições;
• Nome e endereço da organização/cliente/empresa que ordenou o teste;
• Data do teste;
• Descrição e identificação da edificação onde foi feito o teste;
• Volume de amnbos os cômodos;
• Dn ou Dnt ou R’
• A área S utilizada para avaliação do R’;
• Breve descrição do procedimento e equipamentos;
• Indicação dos resultados que são tomados como limites da medida ( Dn, Dnt e R’);
Acompanhamento da transmissão (se medidas).
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