Elaboração de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Visando a Obtenção de Créditos de Carbono

download Elaboração de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Visando a Obtenção de Créditos de Carbono

of 11

description

Elaboração de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Visando a Obtenção de Créditos de Carbono

Transcript of Elaboração de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Visando a Obtenção de Créditos de Carbono

  • ELABORAO DE MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO VISANDO OBTENO DE CRDITOS DE CARBONO: ANLISE E PROPOSTA

    PRELIMINAR

    ELABORATION OF CLEAN DEVELOPMENT MECHANISM AIMING THE OBTAINMENT OF CARBON CREDITS: ANALYSIS AND PRELIMINARY PROPOSAL

    Leandro Janke1 Alexandre de Avila Leripio2

    George Luiz Bleyer Ferreira3

    RESUMO: A Conveno Quadro das Naes Unidas Sobre Mudana do Clima (CQNUMC) e o Protocolo de Quioto surgiram com o intuito de estabilizar as emisses de Gases de Efeito Estufa (GEE) a nveis seguros para o equilbrio do ecossistema terrestre, atravs do estabelecimento de metas de emisso para pases desenvolvidos. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) possibilita a participao de pases em desenvolvimento quando estes, realizarem projetos de reduo de emisses, assim, auxiliando o cumprimento das metas de emisso dos pases desenvolvidos, gerando as Redues Certificadas de Emisses (RCEs). O presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma proposta de projeto no mbito do MDL para uma indstria do setor txtil, onde, foi possvel estimar emisses de GEE durante a linha de base e linha de projeto de acordo como estabelecido pelas metodologias aprovadas pelo Conselho Executivo do MDL. As emisses de linha de base foram estimadas em 4.048 tCO2/ano, as de projeto foram consideradas nulas devido ao uso de biomassa renovvel, resultando em uma reduo de emisses de 4.048 tCO2/ano. PALAVRAS CHAVE: Aquecimento Global. MDL. RCEs.

    ABSTRACT: The United Nations Framework Convention on Climate Changes (UNFCCC) and Kyoto Protocol emerged as the intention of stabilize Greenhouse Gases (GHG) emissions for secure levels to the Earth ecosystem balance, through the designation of emission targets to the developed countries. The Clean Development Mechanism (CDM) allows the participation of developing countries when they realize emission reduction projects, thus, assisting the accomplishment of the developed countries emission targets, generating the Certified Emissions Reductions (CERs). The present study had as purpose develop a project proposal of CDM scope for a textile industry, allowing estimate GHG emissions during base line and project line respecting as established for approved methodologies by the CDM Executive Board. The baseline emissions were estimated in 4,048 tCO2/year, the project emissions were considered null due the use of renewable biomass, resulting in emission reduction of 4,048 tCO2/year. KEYWORDS: Global Warming. CDM. CERs.

    INTRODUO Com o intuito de evitar o agravamento das questes relacionadas ao aquecimento

    global e mudanas climticas, foi criada em 1992 a Conveno Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima (CQNUMC), tendo como produto o compromisso e a disposio das 1 Graduao em Engenharia Ambiental, Mestrado em Cincia e Tecnologia Ambiental, Consultor para Projetos

    de Carbono. Email: [email protected] 2 Graduao em Agronomia, Mestrado em Agronomia, Doutorado em Engenharia de Produo, Professor da

    Universidade do Vale do Itaja - UNIVALI. Email: [email protected] 3 Graduao em Engenharia de Produo Eltrica, Mestrado em Gesto Moderna de Negcios, Professor da

    Universidade do Vale do Itaja UNIVALI e do Centro Universitrio de Brusque - Unifebe. E-mail: [email protected]

  • naes em criar uma estratgia global para proteger o sistema climtico para geraes presentes e futuras. Aps diversas negociaes, foi criado em 1997 o Protocolo de Quioto, estabelecendo metas de emisso de Gases de Efeito Estufa (GEE) para os pases industrializados.

    Visando garantir a eficincia e eficcia das metas de emisso, foram criados mecanismos de flexibilizao, auxiliando as naes industrializadas a alcanarem suas metas

    a um menor custo econmico possvel. Dentre os trs mecanismos estabelecidos, destaca-se o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), prevendo a participao de naes em desenvolvimento, as quais no foram oneradas com metas de emisso junto ao Protocolo de Quioto. (FRANGETTO; GAZANI, 2002).

    Desta forma, projetos de reduo de emisses de GEE realizados em pases em desenvolvimento que comprovarem sua participao voluntria, trazendo benefcios reais,

    mensurveis, de longo prazo, e ainda, garantindo que a atividade de projeto reduza as emisses de forma adicional ao cenrio que normalmente ocorreria (business as usual), podem requerer o registro junto ao Conselho Executivo do MDL. Assim, obtendo as Redues Certificadas de Emisses (RCEs), tambm conhecidas como Crditos de Carbono, passveis de negociao junto a organizaes de naes desenvolvidas.

    Portanto, naes como o Brasil, possuem uma capacidade diferenciada para o desenvolvimento de projetos de reduo de emisses de GEE, principalmente, relacionados gerao de energia renovvel, recuperao de metano junto ao tratamento de efluentes industriais e dejetos de animais. Assim, organizaes que decidirem investir em projetos MDL, podem ao mesmo tempo contribuir para o combate s mudanas climticas, para o desenvolvimento sustentvel, melhorar sua imagem corporativa, e ainda, captar recursos

    financeiros atravs da negociao das RCEs. As atividades industriais tm se tornado ao longo do tempo um dos grandes

    contribuintes para o aumento na concentrao de GEE na atmosfera. Entretanto, como possvel estas atividades reverterem esta situao passando a adotar prticas sustentveis que

    visem reduo nas suas emisses de GEE?

    OBJETIVOS

    Os objetivos do presente trabalho esto organizados em objetivo geral e objetivo especfico, conforme segue.

  • GERAL

    Desenvolver os fundamentos para a implementao do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, de acordo como proposto pelo Protocolo de Quioto, em uma indstria do setor txtil.

    ESPECFICOS

    Identificar atravs do mapeamento do processo produtivo emisses de GEE provenientes do consumo de combustvel fssil em uma organizao do setor

    industrial adotada como estudo de caso; Avaliar a viabilidade de aplicao de uma metodologia aprovada pelo Conselho

    Executivo do MDL; Aplicar a metodologia selecionada, desenvolvendo oportunidades de reduo nas

    emisses de GEE referentes ao consumo de combustvel fssil; Estabelecer as bases de desenvolvimento de um Documento de Concepo de Projeto

    (DCP), visando obteno de crditos de carbono pela empresa estudo de caso.

    MTODO

    Para o desenvolvimento da presente pesquisa, foram realizadas as atividades de pesquisa bibliogrfica, coleta e avaliao de dados junto organizao estudo de caso, e ainda, elaborao do relatrio final, contendo principalmente as emisses de linha de base, de projeto e conseqente reduo de emisses decorrentes da eventual implantao das sugestes de projeto MDL.

    PESQUISA BIBLIOGRFICA

    A pesquisa bibliogrfica foi elaborada atravs da observao do aquecimento global e mudanas climticas como um dos problemas de pesquisa. J a criao da CQNUMC, o Protocolo de Quioto, juntamente com seu MDL, como, alternativa para naes em desenvolvimento contriburem para a mitigao do problema ambiental, e ainda, proporcionar

    ganhos sociais e econmicos para as organizaes engajadas. Para o desenvolvimento de um projeto MDL, foi constatada a necessidade de seguir um

    processo burocrtico, o qual, apresenta como principal requisito a elaborao de um DCP aplicando uma metodologia previamente aprovada pelo Conselho Executivo do MDL. Sendo

  • que, posteriormente, tal DCP avaliado por entidades certificadoras, governos locais, e ainda, pela prpria CQNUMC.

    Alm disso, foram pesquisadas as metodologias MDL que se relacionam com processos produtivos industriais. Assim, sendo possvel observar e determinar como estratgia para

    reduo nas emisses de GEE, as emisses provenientes da gerao de Energia Trmica.

    COLETA E ANLISE DE DADOS

    Com base nos requisitos metodolgicos anteriormente pesquisados, foram coletados

    dados junto organizao estudo de caso atravs de visitas in loco ao longo das etapas do processo industrial. Desta forma, permitindo tambm verificar de forma qualitativa as

    diferentes fontes emisses de GEE. Aps a coleta de dados, os mesmos foram analisados conjuntamente com a metodologia

    MDL selecionada, possibilitando a avaliao quantitativa das emisses de GEE, incluindo as emisses de linha de base, projeto e conseqentes redues de emisses.

    RELATRIO FINAL

    A elaborao do relatrio final compreendeu todas as etapas de trabalho desenvolvidas durante a presente pesquisa, como, a reviso de literatura, estratgia de pesquisa, coleta e anlise de dados e apresentao das oportunidades de projeto MDL.

    CARACTERIZAO DO OBJETO DE ESTUDO

    A presente pesquisa foi realizada em uma indstria do setor txtil, localizada no municpio de Blumenau/SC. A KARSTEN S.A. uma organizao que teve suas atividades

    industriais iniciadas em 1882 por imigrantes alemes nas proximidades do bairro Texto Salto. Atualmente, conta com um parque fabril de 127.640 m2 de rea construda, com mais de 2400 colaboradores diretos, exportando para mais de 40 pases, principalmente, Europa, Amrica do Norte e Amrica do Sul.

  • RESULTADOS

    MAPEAMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO

    O mapeamento das etapas do processo produtivo na indstria txtil foi realizado com nfase na gerao de Energia Trmica atravs de observaes in loco, realizando o

    acompanhamento de todas as etapas do processo produtivo e seu fluxo lgico, desde a entrada de matria prima at a expedio final dos produtos.

    Assim, objetivou-se identificar as entradas de energia em cada processo, permitindo uma anlise de suas sadas, aqui referindo-se a emisses de GEE. Como forma de facilitar o entendimento das mesmas convencionou-se chamar de emisses diretas de GEE aquelas que ocorrem durante a combusto de Gs Natural e de emisses indiretas aquelas que ocorrem devido ao consumo de Energia Eltrica.

    Para uma melhor compreenso do processo produtivo txtil, o mesmo foi divido nos

    seguintes setores: Fiao, Preparao Tecelagem, Tecelagem, Beneficiamento, Confeco, e ainda, Estao de Tratamento de Efluentes, este incluso devido ao fato de apresentar um

    consumo expressivo de Gs Natural. O Quadro 4.1 apresenta o resumo das entradas e sadas do processo industrial txtil,

    enfatizando as emisses de GEE durante a gerao de Energia Trmica. Entradas (inputs) Processo/Etapa Sadas (outputs) O qu? O qu?

    - Fardos de Algodo - Energia Eltrica

    Recebimento e Anlise - Algodo analisado - Resduo de algodo

    - Emisses indiretas de GEE

    - Algodo Analisado - Energia Eltrica Preparao do Algodo

    - Fio preparado - Resduo de algodo

    - Emisses indiretas de GEE

    - Fio Preparado - Energia Eltrica Acabamento

    - Fio acabado - Resduo de algodo

    - Emisses indiretas de GEE - gua

    - Corantes - Fio Acabado

    - Energia Eltrica - Energia Trmica (vapor)

    Preparao e Tinturaria de fios

    - Efluente industrial - Fio de trama - Fio tingido

    - Emisses indiretas de GEE

    - Fio Tingido - Fio Acabado

    - Energia Eltrica Preparao do Urdume

    - Fio de Urdume - Resduo de algodo

    - Emisses indiretas de GEE - gua

    - Amido de Mandioca - Fio de Urdume - Energia Eltrica

    - Energia Trmica (vapor)

    Engomagem - Efluente industrial

    - Fio de urdume engomado - Emisses indiretas de GEE

    - Fio de Trama - Fio de Urdume - Energia Eltrica

    Tecelagem - Tecido

    - Resduo de algodo - Emisses indiretas de GEE

  • Entradas (inputs) Processo/Etapa Sadas (outputs) O qu? O qu? - gua

    - Produto Qumico - Tecido

    - Energia Eltrica - Energia Trmica (vapor)

    - Gs Natural

    Alvejamento, Desengomagem e Purga

    - Fio preparado - Efluente industrial

    - Emisses indiretas de GEE - Emisses diretas de GEE

    - gua - Produto Qumico - Tecido Preparado - Energia Eltrica

    Estamparia

    - Efluente industrial - Tecido estampado

    - Emisses indiretas de GEE

    - gua - Produto Qumico - Tecido Preparado - Energia Eltrica

    - Energia Trmica (vapor)

    Tinturaria de Tecidos - Efluente industrial

    - Tecido tingido - Emisses indiretas de GEE

    - gua - Produto Qumico

    - Tecido Estampado - Tecido Tingido

    - Energia Trmica (vapor) - Energia Eltrica

    Lavagem de Tecidos - Efluente industrial

    - Tecido lavado - Emisses indiretas de GEE

    - gua - Produto Qumico - Tecido Lavado - Energia Eltrica

    - Energia Trmica (vapor) - Energia Trmica (leo)

    - Gs Natural

    Beneficiamento Final

    - Efluente industrial - Tecido beneficiado

    - Emisses indiretas de GEE - Emisses diretas de GEE

    - Resduo de algodo

    - Tecido Beneficiado - Energia Eltrica Confeco

    - Produto Final - Resduo de Algodo

    - Emisses indiretas de GEE - Efluente Industrial - Energia Eltrica

    - Gs Natural - Produto Qumico

    ETE

    - Emisses indiretas de GEE - Emisses diretas de GEE

    - Efluente tratado - Lodo txtil

    Quadro 4.1 Resumo das Entradas e Sadas do Processo Industrial Txtil

    DADOS COLETADOS

    Para a avaliao quantitativa das emisses de GEE durante o processo produtivo txtil, foram utilizados dados de entrada de gerao de Energia Trmica, separados em consumo de Gs Natural e Biomassa, conforme pode ser observado na Tabela 4.1

    Combustvel Consumo* Poder Calorfico

    Inferior Energia Gerada

    Biomassa (Lenha) 1.824.350 kg/ms 3.100 kcal/kg** 5,65 x 1012 cal/ms Gs Natural 167.875 m3/ms 8.600 kcal/m3 1,44 x 1012 cal/ms

    Tabela 4.1 Quantidade de Energia Trmica *Valores apenas ilustrativos **Biomassa seca

  • EMISSES DE GEE

    As emisses de GEE durante a linha de base, ou seja, na ausncia da atividade de projeto de MDL, foram avaliadas de acordo com as metodologias aprovadas pelo Conselho Executivo. Assim, para avaliar s emisses provenientes da combusto de Gs Natural pela empresa estudo de caso, foi utilizada a metodologia de pequena escala AMS I.C. (verso 9), a qual prev a substituio de combustvel fssil por combustvel renovvel para gerao de Energia Trmica.

    Para fins de clculo de emisses foi utilizada a metodologia e os parmetros estabelecidos pelo IPCC destinada a inventariar as emisses de GEE dos pases signatrios da CQNUMC.

    Parmetros utilizados:

    Consumo de Gs Natural 167.875 (m3/ms) Poder calorfico 8.600 (kcal/kg) Fator de Emisso de Carbono 15,3 (t/TJ) Peso Molecular 44/12 (CO2/C) Oxidao do Carbono 0,995 (frao)

    Portanto, as emisses de linha de base durante o consumo de Gs Natural para gerao de Energia Trmica, podem ser observadas atravs da Tabela 4.2, abaixo.

    Perodo Consumo de GN (m3) Emisses de linha de base

    (tCO2) Ms 167.875 337,373 Ano 2.014.500 4.048,476

    Tabela 4.2 - Emisses de linha de base

    PROPOSTA DE PROJETO MDL

    Considerando as necessidades energticas dos processos que envolvem o consumo de

    Gs Natural, a metodologia de MDL AMS. I.C. (verso 9) pde ser utilizada para estimar as emisses de linha base, considerando a substituio de combustvel de origem fssil por combustvel de origem renovvel. Sendo que, a quantidade de energia gerada durante a queima do combustvel substituto do Gs Natural deva ser igual quantidade de energia

  • gerada pela combusto do prprio Gs Natural. Assim, garantindo que os processos txteis no sofram nenhuma perda de produtividade devido falta de energia.

    Portanto, como a empresa estudo de caso possui reas de reflorestamento de eucalipto com o objetivo de prover combustvel (lenha) para gerao de Energia Trmica na forma de vapor, e que, durante o corte das rvores existe uma perda substancial de biomassa devido ao fato de galhos e folhas no serem aproveitados como combustvel por apresentarem uma

    baixa densidade, dificultando a logstica de recolhimento, transporte e aproveitamento deste material para fins energticos.

    Esta biomassa denominada de resduo florestal possui a capacidade energtica igual ou maior do que a quantidade de Gs Natural utilizada na linha de base. Assim possibilitando

    substituio do Gs Natural utilizado durante a linha de base como demonstrado na Tabela 4.3, pelo prprio resduo florestal durante a fase de linha de projeto.

    Combustvel Quantidade disponvel/utilizada Poder Calorfico

    Inferior Quantidade de

    Energia Gerada Resduo Florestal 600.000 kg/ms 3.100 kcal/kg* 1,86 x 1012 cal/ms

    Gs Natural 167.875 m3/ms 8.600 kcal/m3 1,44 x 1012 cal/ms Tabela 4.3 Demonstrao da disponibilidade de combustvel *Biomassa seca.

    REDUO DE EMISSES DE GEE

    Para calcular a reduo de emisses de GEE pela atividade proposta de MDL,

    consideram-se as emisses de linha de base, subtrada das emisses de linha de projeto. Como, durante a atividade de projeto MDL ser utilizada biomassa proveniente do resduo florestal, as emisses lquidas de CO2 so consideradas nulas, uma vez que existe a absoro deste GEE durante a fotossntese das rvores que sero utilizadas para fins energticos.

    Portanto, como todos os equipamentos que utilizam Gs Natural sero convertidos para utilizarem biomassa renovvel, ocorrer uma reduo adicional de emisses de GEE da

    ordem de 4.048,476 tCO2/ano.

    PLANO DE MONITORAMENTO

    O plano de monitoramento do projeto MDL proposto consiste na medio da energia produzida pelos equipamentos que sero adaptados para utilizao de biomassa, multiplicado pelo fator de emisso de CO2 calculado durante a linha de base.

  • Assim a quantidade de energia produzida durante a linha de projeto, considerada a mesma durante a linha de base, ou seja, na ausncia do MDL. Para isso, necessrio medir a quantidade de biomassa utilizada durante o perodo de operao do projeto MDL. J quanto ao poder calorfico da biomassa utilizada, foi adotado um valor fixo pesquisado em literatura

    especializada. Sendo que, o Balano Energtico Nacional (BEN, 2003) estabelece o valor de poder calorfico de 3.100 kcal/kg para biomassa (resduo florestal).

    Quanto ao procedimento para o monitoramento da biomassa a nica varivel a ser monitorada a quantidade de biomassa recebida na planta industrial, desta forma, se faz necessrio a utilizao de balana devidamente calibrada de acordo com especificaes do fabricante.

    A unidade de quantidade de Biomassa utilizada durante a linha de projeto dever ser em quilos, assim, apresentando maior preciso durante a mensurao, bem como a freqncia

    e proporo dos dados a serem mensurados, devendo compreender toda a Biomassa (resduo florestal) utilizada para obteno de Energia Trmica.

    J para o arquivamento dos dados, estes devero ser realizados em formato eletrnico e impresso, a fim de no permitir a possibilidade de extravio dos mesmos.

    Identificao

    Varivel Fonte Unidade Freqncia Proporo Arquivamento

    Bio Qtd. Biomassa Balana Quilos Diariamente 100% Formato

    eletrnico e impresso

    Tabela 4.4 Plano de Monitoramento

    DISCUSSO

    Com relao gerao de Energia Trmica na forma de vapor, utilizado como

    combustvel biomassa na forma de lenha de eucalipto, como, a lenha utilizada proveniente de reas de reflorestamento, assim, existindo a produo contnua de biomassa para fins energticos, esta biomassa considerada uma fonte de energia renovvel.

    O IPCC orienta que as emisses provenientes da combusto de biomassa renovvel no sejam contabilizadas da mesma forma como so as emisses de combustveis fsseis. Devido ao fato de que as emisses de CO2 provenientes da combusto de biomassa renovvel

    serem absorvidas pelas florestas mantidas para fins energticos, considerando-se que a taxa de renovao de biomassa igual ao seu consumo como combustvel.

  • Desta forma, as emisses lquidas provenientes da combusto de biomassa renovvel podem ser consideradas nulas em termos de CO2. Portanto, as emisses de CO2 durante a linha de base atravs uso de biomassa so consideradas inexistentes. Desta forma, como 78% das necessidades de obteno de Energia Trmica pela empresa estudo de caso proveniente

    de combustvel renovvel, a matriz energtica j pode ser considerada relativamente limpa em termos de emisso de GEE.

    Com relao proposta de projeto MDL, fica evidenciado, atravs da Tabela 4.3, que a quantidade de resduo florestal disponvel capaz de substituir o Gs Natural durante a linha de projeto MDL, sendo assim, uma alternativa vivel para a empresa estudo de caso considerando que haver maximizao de recursos naturais e ainda uma possvel reduo no

    custo de combustvel.

    CONSIDERAES FINAIS

    Atravs do presente trabalho foi possvel mapear o processo produtivo com foco na gerao de Energia Trmica, identificando e avaliando as emisses de linha de base e de projeto, de acordo com as metodologias MDL aprovadas.

    O mapeamento do processo produtivo identificou o uso de Gs Natural como principal fonte de emisses de GEE dos processos industriais txteis. Sendo que, a mesma foi

    quantificada em 4.048,476 tCO2/ano. A proposta de projeto MDL, a qual visa reduzir as emisses de linha de base, consistiu

    no aproveitamento energtico dos resduos florestais em substituio do combustvel fssil

    Gs Natural durante a gerao de Energia Trmica. Sendo que, observou-se a disponibilidade necessria de resduo florestal para substituir de forma integral o uso de Gs Natural.

    Desta forma, a substituio do Gs Natural pelos resduos florestais, permitem reduzir as emisses de CO2 devido ao fato da biomassa ser de origem renovvel, no sendo

    necessrio considerar eventuais emisses de CO2 durante sua combusto. Para monitorar a reduo de emisses de GEE, foi elaborado um plano de

    monitoramento, contendo principalmente os parmetros de consumo de biomassa, poder calorfico e fator de emisso de CO2 do combustvel utilizado durante a linha de base.

    Desta forma foram elaborados os fundamentos de um projeto MDL, possuindo o objetivo de reduzir emisses de GEE, gerando as RCEs e viabilizando a implantao pela

  • empresa estudo de caso das propostas desenvolvidas atravs de uma futura comercializao de Crditos de Carbono.

    REFERNCIAS BROWN, R. L. ECO-ECONOMIA: Construindo uma Economia para a Terra. 1. ed. Salvador: UMA. 2003. Disponvel em: Acesso em: 10 de Setembro de 2006. FRANGETTO, F. W.; GAZANI, F. R. Viabilizao Jurdica do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil. 1. ed. So Paulo: Instituto Internacional de Educao do Brasil, 2002. GRAVES, J.; REAVEY, D. A Mudana Global do Ambiente. 1.ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1996. IPCC. Revised 1996 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories. Disponvel em Acesso em: 15 de Janeiro de 2007. LOPES, I. V. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL: Guia de Orientao. 1. ed. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas, 2002. PATUSCO, M. A. J. Balano Energtico Nacional. 1 ed. Braslia: Ministrio de Minas e Energia, 2003. UNFCCC. United Nations Framework Convention on Climate Change. Disponvel em Acesso em: 9 de Maio de 2006. UNFCCC. Kyoto Protocol. Disponvel em Acesso em: 9 de Maio de 2006. UNFCCC. AMS.I.C. Version 9 Methodology. Disponvel em: Acesso em: 12 de Dezembro de 2006. UNFCCC. AMS.III.E. Version 8 Methodology. Disponvel em: Acesso em: 15 de Maro de 2007.