Eficácia do tratamento com carboxiterapia no fibro...

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___________________________ 1 Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional. 2 Graduada em Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestrado em bioética e direito em saúde. Eficácia do tratamento com carboxiterapia no fibro edema gelóide: revisão de literatura Sandra Mara Niclotti 1 [email protected] Daiana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional Faculdade Ávila Resumo O fibro edema gelóide (FEG) é uma afecção de grande incidência na população como um todo, porém tem uma prevalência maior em mulheres, chegando a uma média de 98%. Sua etiologia é multifatorial e esses fatores podem ser divididos em três tipos: os fatores predisponentes (sexo, hereditariedade, etnia, biótipo corporal, distribuição do tecido adiposo), fatores desencadeantes (de origem hormonal, hiperestrogenismo) e agravantes (maus hábitos alimentares, estresse, sedentarismo, etilismo, tabagismo, contraceptivos e gravidez). Neste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica a cerca de artigos e livros na área de fisioterapia dermato-funcional e dermatologia médica, através de base de dados Lilacs e Medline e sites específicos. O presente estudo teve como objetivo: analisar a eficácia da carboxiterapia no tratamento do fibro edema gelóide. Logo, concluiu-se que o tratamento do FEG com o método da carboxiterapia é eficaz, pois age no tecido estimulando o aumento do fluxo sanguíneo, vasodilatação arteriovenosa local que promovem efeitos fisiológicos responsáveis para a melhoria do aspecto da pele. Porém, é necessário mais estudos para um conhecimento mais específico e a combinação da carboxiterapia com outras técnicas para analisar se há potencialização do tratamento do FEG. Palavras-chave: Fisioterapia Dermato-Funcional, Fibro edema gelóide, Carboxiterapia. 1. Introdução O fibroedema gelóide (FEG) é uma afecção de grande incidência na população, com maior acometimento em mulheres, tendo uma prevalência entre 85% e 98% em todas as raças. (Avram, 2004). É também uma das principais solicitações de tratamentos de distúrbios estéticos requisitados na prática clínica. (Corrêa, et al, 2008). Isso é devido ao novo padrão de beleza imposto pela sociedade e exposto pelas mídias, onde o apelo por padrões estéticos beiram à perfeição e um corpo com excesso de adiposidade e irregularidades da pele não são aceitas, para isso as mulheres se submetem a todo tipo de tratamento que as ofereça uma maneira de manter uma boa aparência, como: exercícios excessivos, medicamentos, dietas incorretas, cirurgias plásticas (MEYER, et al, 2005). O FEG é conhecido popularmente como “celulite” e na literatura tem sido descrito com outras denominações como: dermoipodermose, lipodistrofia ginóide, paniculose, paniculopatia esclero-edematosa, dentre outros (SANT’ANA, 2007). Porém segundo Guirro e Guirro (2004) o termo fibro edema gelóide é o mais apropriado para descrever a patologia, pois retrata de forma abrangente os achados histopatológicos descritos por diversos autores. Segundo Sant’ana (2007) o FEG é um distúrbio do panículo adiposo que atinge mulheres após a puberdade sendo mais comum em caucasianas. Segundo Corrêa (2008) pode ser definido como uma desordem de origem metabólica localizada no tecido subcutâneo que provoca alterações na forma do corpo, desencadeando modificações na derme, na microcirculação e nos adipócitos. Guirro e Guirro (2004) afirmam que FEG é uma afecção do tecido subcutâneo caracterizado histologicamente por uma

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___________________________ 1 Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional. 2 Graduada em Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestrado em bioética e direito em

saúde.

Eficácia do tratamento com carboxiterapia no fibro edema gelóide:

revisão de literatura

Sandra Mara Niclotti1

[email protected]

Daiana Priscila Maia Mejia2

Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional – Faculdade Ávila

Resumo

O fibro edema gelóide (FEG) é uma afecção de grande incidência na população como um

todo, porém tem uma prevalência maior em mulheres, chegando a uma média de 98%. Sua

etiologia é multifatorial e esses fatores podem ser divididos em três tipos: os fatores

predisponentes (sexo, hereditariedade, etnia, biótipo corporal, distribuição do tecido

adiposo), fatores desencadeantes (de origem hormonal, hiperestrogenismo) e agravantes

(maus hábitos alimentares, estresse, sedentarismo, etilismo, tabagismo, contraceptivos e

gravidez). Neste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica a cerca de artigos e livros na

área de fisioterapia dermato-funcional e dermatologia médica, através de base de dados

Lilacs e Medline e sites específicos. O presente estudo teve como objetivo: analisar a eficácia

da carboxiterapia no tratamento do fibro edema gelóide. Logo, concluiu-se que o tratamento

do FEG com o método da carboxiterapia é eficaz, pois age no tecido estimulando o aumento

do fluxo sanguíneo, vasodilatação arteriovenosa local que promovem efeitos fisiológicos

responsáveis para a melhoria do aspecto da pele. Porém, é necessário mais estudos para um

conhecimento mais específico e a combinação da carboxiterapia com outras técnicas para

analisar se há potencialização do tratamento do FEG.

Palavras-chave: Fisioterapia Dermato-Funcional, Fibro edema gelóide, Carboxiterapia.

1. Introdução

O fibroedema gelóide (FEG) é uma afecção de grande incidência na população, com maior

acometimento em mulheres, tendo uma prevalência entre 85% e 98% em todas as raças.

(Avram, 2004). É também uma das principais solicitações de tratamentos de distúrbios

estéticos requisitados na prática clínica. (Corrêa, et al, 2008). Isso é devido ao novo padrão de

beleza imposto pela sociedade e exposto pelas mídias, onde o apelo por padrões estéticos

beiram à perfeição e um corpo com excesso de adiposidade e irregularidades da pele não são

aceitas, para isso as mulheres se submetem a todo tipo de tratamento que as ofereça uma

maneira de manter uma boa aparência, como: exercícios excessivos, medicamentos, dietas

incorretas, cirurgias plásticas (MEYER, et al, 2005).

O FEG é conhecido popularmente como “celulite” e na literatura tem sido descrito com outras

denominações como: dermoipodermose, lipodistrofia ginóide, paniculose, paniculopatia

esclero-edematosa, dentre outros (SANT’ANA, 2007). Porém segundo Guirro e Guirro

(2004) o termo fibro edema gelóide é o mais apropriado para descrever a patologia, pois

retrata de forma abrangente os achados histopatológicos descritos por diversos autores.

Segundo Sant’ana (2007) o FEG é um distúrbio do panículo adiposo que atinge mulheres após

a puberdade sendo mais comum em caucasianas.

Segundo Corrêa (2008) pode ser definido como uma desordem de origem metabólica

localizada no tecido subcutâneo que provoca alterações na forma do corpo, desencadeando

modificações na derme, na microcirculação e nos adipócitos. Guirro e Guirro (2004) afirmam

que FEG é uma afecção do tecido subcutâneo caracterizado histologicamente por uma

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infiltração edematosa, não inflamatória, seguida de uma modificação da substância

fundamental amorfa do tecido conjuntivo, produzindo reações fibróticas que se apresentam

em forma de nódulos ou placas, podendo ser até dolorosas e em graus mais avançados, pode

evoluir para esclerose. Com a evolução desse quadro histopatológico, em que há compressão

contínua do tecido conjuntivo, pode ocorrer compressão de terminações nervosas, levando a

uma aparência nodulosa, pode haver presença de dor à palpação mesmo essa sendo leve ou

até mesmo sem motivo externo (MEYER, 2005).

Segundo Sant’ana, et al (2007) são vários os agentes etiológicos do FEG, por isso o mesmo

pode ser classificado como multifatorial. Para Brandão, et al (2010) alguns autores dividem os

mesmos em: fatores predisponentes, fatores desencadeantes e agravantes. Os principais

fatores predisponentes são: hereditariedade, sexo, etnia, biotipo corporal, pela distribuição de

tecido adiposo e pelos receptores envolvidos. Os fatores desencadeantes são de origem

hormonal, principalmente pelo hiperestrogenismo. E dentre os fatores agravantes estão: maus

hábitos alimentares, estresse, sedentarismo, etilismo, tabagismo, contraceptivos e gravidez.

Guirro e Guirro (2002) afirmam que o FEG além de ser um problema estético, pode causar

problemas de ordem psicossocial pela cobrança de um padrão de beleza que beira a perfeição

e até mesmo de ordem clínica, pois pode causar um quadro álgico levando algumas vezes a

diminuição das atividades funcionais. De acordo com Meyer (2005) o FEG pode ser

considerado um problema de saúde.

Vários são os métodos propostos para o tratamento do FEG, porém poucos têm comprovação

científica. Um dos mais novos e promissores métodos é a carboxiterapia (CORRÊA, 2008).

Segundo Carvalho, et al (2006) a carboxiterapia é um método que já é utilizado há mais ou

menos 80 anos na medicina e vem sendo descrito em publicações científicas desde os anos 50. A técnica trata-se da administração terapêutica do anidro carbônico (CO2) através de via

subcutânea, por injeção hipodérmica diretamente nas áreas acometidas (CORRÊA, et al,

2008).

Segundo Carvalho, et al (2006) a ação farmacológica do CO2 sobre o tecido é basicamente a

potencialização do efeito Bohr, devido a tendência do oxigênio de deixar a corrente sanguínea

quando a concentração de CO2 aumenta, resultando em maior quantidade de O2 disponível

para o tecido, causando uma vasodilatação local com consequente aumento do fluxo vascular

e o aumento da pressão parcial de oxigênio (PO2) , aumento no turnover de colágeno e

redução da quantidade de tecido adiposo (FERREIRA, et al, 2012).

Pela alta incidência do FEG em mulheres, vários tratamentos são propostos, levando em

consideração os bons resultados obtidos através da carboxiterapia, este estudo tem como

objetivo geral: analisar a eficácia da intervenção deste método isolado no tratamento da

patologia, através de uma pesquisa literária. E como objetivos específicos: descrever o FEG:

sua definição, etiologia e etiopatogenia, bem como os efeitos da carboxiterapia e suas

indicações. Tendo como problemática: um tratamento baseado somente na aplicação de

anidro carbônico nas áreas afetadas pelo FEG, tem resultados satisfatórios?

2. Anatomia e histologia do sistema tegumentar

As células unidas por certa quantidade de material intracelular e que apresentam estrutura,

função e origem embrionária similares são chamadas de tecidos (GUIRRO & GUIRRO,

2002).

O sistema tegumentar é constituído basicamente pela pele e tela subcutânea e anexos

cutâneos: pêlos, unhas, glândulas sebáceas, sudoríparas e mamárias, que recobrem toda a

superfície do corpo, protegendo-o contra o atrito, a perda de água, a invasão de micro-

organismos e a radiação ultravioleta. Converte moléculas precursoras em vitamina D e tem

um papel na percepção do tato, na termorregulação, na excreção de substâncias e na secreção

de lipídios protetores e de leite (GUIRRO & GUIRRO, 2002). O tegumento recobre toda a

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superfície do corpo e é formado por uma porção epitelial, a epiderme, uma porção conjuntiva,

a derme. (KUHNEN, 2010).

Em achados histológicos é possível observar a pele e sua constituição, que é formada por duas

partes distintas: a epiderme e a derme, as quais ficam sobre o tecido subcutâneo, que pode ser

areolar ou adiposo. Dentre a derme e tecido subcutâneo, há uma distribuição irregular de

feixes de fibras colágenas que dão à pele uma flexibilidade maior. (ALIOTO, 2012;

KUHNEN, 2010).

Segundo Junqueira e Carneiro (2004), o tecido adiposo é um tipo especial de tecido

conjuntivo onde se tem predomínio de adipócitos. Essas células podem se apresentar de forma

isolada ou em pequenos grupos, todavia a maior parte dessas células fazem grandes grupos, os

quais ficam espalhados pelo corpo. Em pessoas com peso ideal, o tecido adiposo equivale a

15-20% do peso corporal no homem e 20 a 25 % na mulher.

Fonte: Disponível em: http://pt-br.infomedica.wikia.com/wiki/Arquivo:Camadas_da_pele.jpg

Figura 1 – Camadas da pele divididas em Epiderme, Derme, Tecido subcutâneo e anexos.

O tecido adiposo possui funções primordiais no corpo humano, como: maior reservatório

energético, termorregulador (por ser um mal condutor de calor), preenche a superfície

corporal em diferentes regiões e funcionam como protetores, como os coxins adiposos, por

exemplo. (SCHIAVON, et al, 2010).

3. Fibro edema gelóide

Segundo Brandão, et al (2010), para atender as necessidades de uma sociedade cada vez mais

vaidosa, houve um crescimento na área de dermato-funcional, tendo que investir em técnicas

novas e aprimoradas para atender o mercado.

Sant’ana, et al (2007), afirma que atualmente devido a preocupação exagerada que as pessoas

tem com a aparência estética, refletiu nos valores e padrões culturais, sociais e individuais

acarretando baixa de auto-estima, ansiedade e até mesmo desvio da imagem corporal.

O FEG é um distúrbio de grande incidência na população mundial, sendo mais comum no

sexo feminino, tendo prevalência após a puberdade (PIRES, et al, 2008).

Em 1904 houve o primeiro relato sobre o distúrbio, na data Stokman fala sobre paniculose. O

termo “celulite” surgiu anos depois na França, mas só foi descrita em 1929 por Laqueze em

sua tese de medicina, onde a descreve como uma afecção da hipoderme caracterizada por

edema intersticial associado a aumento de gordura. (SCHIAVON, et al., 2010).

O fibro edema gelóide (FEG) é um distúrbio estético que lidera os principais tratamentos

requisitados nos consultórios de Fisioterapia Dermato-funcional (CORRÊA, et al, 2008). Por

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isso há necessidade de investigar a aplicação e a eficácia de novas terapias para o tratamento

do FEG (SANT’ANA, et al, 2007). O fibro edema gelóide (FEG), popularmente conhecido como “celulite”, é uma

alteração comum da topografia da pele, indesejável esteticamente, que acomete

milhões de mulheres no mundo. Este se manifesta por contornos irregulares na pele

a partir da puberdade. É definido como uma disfunção metabólica localizada, do

tecido subcutâneo e da derme, a qual provoca alteração na forma corporal feminina,

causada pelo excesso de tecido adiposo retido no septo fibroso e por projeções deste

na derme. (MACHADO, et al, 2009).

De acordo com Guirro e Guirro (2002), o FEG é uma disfunção que ocorre no tecido

subcutâneo e adiposo, ocasionado por um déficit do sistema circulatório e uma disfunção no

tecido conjuntivo, causando alterações na pele, tornando-a pele com a aparência de “casca de

laranja” ou queijo cottage. As alterações ainda incluem depressões e áreas de relevo. Segundo

Brandão, et al (2010), as depressões são causadas por retração da pele e por septos fibrosos

subcutâneos, enquanto as áreas elevadas são as projeções de gordura subcutânea e estruturas

na superfície da pele. Para Pires apud Quatresooz (2008), as principais mudanças histológicas

acontecem no interior da hipoderme e consistem na hipertrofia ou afrouxamento do tecido

conjuntivo separando os lóbulos de gordura.

Fonte:http://fisiodermatofuncionaldrajoycediogo.blogspot.com.br/2013/06/entenda-o-que-e-elulite.html

Figura 2 – Comparação tecidual entre pele normal e pele com fibro edema gelóide

Para Côrrea apud Parienti (2008), o FEG é um desequilíbrio histológico, advindo de um

acúmulo de fatores como: aumento da viscosidade devido à alteração bioquímica do

interstício, hipo-oxigenação e transformação do tecido adiposo em celulítico devido à estase

vênulo-capilar. Ocorre então uma evolução que podem ser divididas em quatro fases: estase

venosa, permeabilidade capilar anormal, fase fibrocicatricial e alteração de capilares. Trata-se de um tecido mal oxigenado, subnutrido, desorganizado e sem elasticidade,

resultante de um mau funcionamento do sistema circulatório e das consecutivas

transformações do tecido conjuntivo (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

O início das modificações acontece na matriz intersticial, por meio de alteração bioquímica

dos mucopolissacarídeos e os proteoglicanos, que sofrem uma hiperpolimerização e ao

infiltrar nas tramas do tecido conjuntivo de sustentação, provocam uma reação fibrótica

consecutiva. (SCHIAVON, et al., 2010).

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Tecido adiposo normal Acúmulo de líquido

Alteração dos vasos sanguíneos

Variação do tamanho dos

adipócitos

Fibrose Infiltração de linfócitos

Fonte: (SANT’ANA, et al., 2007)

Figura 3. Sequências de eventos que mostra como o tecido adiposo

é afetado pelo acúmulo de líquidos no interstício, infiltração linfo-

citária e consequente fibrose.

Guirro & Guirro (2004) cita sobre a fisiopatologia do FEG descrita por Lagéze, o qual a

subdividiu em quatro fases, são elas:

Fase 1 – Trata-se de uma fase breve, de origem circulatória, que se resume em estase

venosa e linfática, que não é percebida pelo paciente.

Fase 2 – É conhecida como fase exsudativa, a estase cessa e o tecido celular é tomado por

um composto de mucopolissacarídeos e eletrólitos. Este exsudato altera as terminações

nervosas do local e dissocia as fibras conjuntivas.

Fase 3 – É a fase em que aparecem os nódulos. Há migração de fibroblastos, formando

estruturas fibrosas, que vão se remodelando e se transformam em colágeno.

Fase 4 – Nesta fase há retração esclerótica, com fibrose cicatricial, atrófica e irreversível.

Devido à fibrose há compressão dos nervos e nas arteríolas ocorre endoarterite e

periarterite.

O conjunto de reações causa compressão dos vasos sanguíneos e linfáticos, que dificulta as

trocas de O2 e nutrientes dos capilares e artérias para o tecido adiposo e também prejudica a

eliminação de líquidos, minerais, excretas metabólicas e proteínas do interstício através dos

capilares linfáticos e venosos (EGÍDIO, 2012).

As áreas corporais mais acometidas a região posterior e lateral das coxas e região glútea,

podendo apresentar-se na região pélvica, os membros inferiores e o abdômen, mais e com

menos frequência na região das mamas, região superior dos braços e da nuca, as quais

apresentam um padrão feminino de deposição de tecido adiposo (MACHADO, et al, 2009).

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Em sua maioria, ela acomete mais os membros inferiores, isso ocorre, pois o retorno venoso é

mais lento nessa região, dificultando a circulação local (SILVA, 2011).

3.1. Etiologia

Apesar de o FEG ser erroneamente confundido ou relacionado com a obesidade, atualmente

pode-se afirmar que são processos fisiologicamente distintos. Sendo assim, através de

observações clínicas e histológicas, concluiu-se que o indivíduo não precisa ser obeso pra

apresentar o quadro patológico (PIRES, et al, 2008).

Para Guirro & Guirro (2002) não se pode falar da “causa” no singular, pois não é possível

isolar fatores e afirmar sua verdadeira influência no aparecimento do distúrbio.

Segundo Sant’ana, et al (2007) são vários os agentes etiológicos do FEG, por isso o mesmo

pode ser classificado como multifatorial. Para Brandão, et al (2010) alguns autores dividem os

mesmos em: fatores predisponentes, fatores desencadeantes e agravantes. Os principais

fatores predisponentes são: hereditariedade, sexo, etnia, biótipo corporal, pela distribuição de

tecido adiposo e pelos receptores envolvidos. Os fatores desencadeantes são de origem

hormonal, principalmente pelo hiperestrogenismo. E dentre os fatores agravantes estão: maus

hábitos alimentares, estresse, sedentarismo, etilismo, tabagismo, contraceptivos e gravidez.

A etiopatogenia do FEG pode estar relacionada com alterações posturais e fatores mecânicos,

como: hiperlordose lombar, pé plano, ortostamismo por período prolongado, roupas muito

apertadas. (MACHADO, et al, 2009).

Silva (2011) afirma que para delimitar uma etiologia para o fibro edema gelóide é necessário

analisar de três maneiras: histologicamente, etiopatogênica e clinicamente.

Histologicamente, o tecido subcutâneo é acometido por uma infiltração edematosa, sucedida

de polimerização de substância fundamental que penetra nas tramas, resultando numa reação

fibrótica.

Em uma análise etiopatogênica, as macromoléculas extracelulares são unidas com as

proteínas por ligações, originando moléculas denominadas proteoglicanas. Essas moléculas

juntamente com os fibroblastos atuam na produção de colágeno. Há um aumento da retenção

hídrica provocando assim um aumento da viscosidade, esta interfere diretamente nos

intercâmbios celulares. Desta forma, quando o colágeno é produzido, ocorre uma deposição

irregular, deixando as fibras sem uniformidade, estes se envolvem nos adipócitos e vasos

sanguíneos (SILVA, 2011).

Clinicamente, ocorre um espessamento das capas subepidérmicas, que se apresentam em

forma de nódulos ou placas de tamanhos variados. Segundo Guirro & Guirro (2002) levando

em consideração a consistência do infiltrado lipodistrófico, o FEG pode ser classificado em:

Fibro edema gelóide duro: acontece em mulheres magras, sem gordura localizada;

Fibro edema gelóide composto: acontece em melhores com sobrepeso, apresentando-se de

forma difuso ou localizada, associada a obesidade.

Segundo Machado, et al apud Ulrich (2009) e Pires et al., (2008), a histopatologia do FEG

pode ser classificado em 3 estágios:

Grau 1 ou brando: é assintomático e as alterações cutâneas somente são visíveis quando é

exercida compressão dos tecidos, pelo teste de pinçamento ou contração muscular

voluntária.

Grau 2 ou moderado: as alterações cutâneas são visíveis sem a compressão dos tecidos,

Grau 3: as alterações cutâneas são observadas em qualquer posição. Durante a palpação

nota-se granulações finas, como se fossem nódulos, dor a palpação, apresenta diminuição

da temperatura da pele, da elasticidade;

Grau 4: apresenta as mesmas características do grau 3, porém os nódulos são maiores,

mais palpáveis e dolorosos. Apresenta aderência em níveis profundos, projetando assim

uma aparência ondulada na pele.

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4. Carboxiterapia

A administração de dióxido de carbono (CO2), também conhecido pelo termo,

“carboxiterapia” é um tratamento recente na área da medicina estética, embora seu uso

medicinal não seja novo. A história descreve que nos anos 30 na Europa, o método já era

utilizado, porém a forma de aplicação era tópica, através de banhos termais enriquecidos com

CO2, também conhecidos como “banhos secos” e eram indicados para tratamento de doenças

da circulação. A administração subcutânea só se tornou mais popular após a formação de

Sociedades Italiana e Americana de Carboxiterapia, nos anos 50. A partir disso foram

publicados estudos nos quais apresentavam o método como tratamento das arteriopatias

periféricas e posteriormente adotaram a terapêutica no tratamento de distúrbios estéticos

(PACHECO, 2011).

De acordo com Guyton e Hall (2011) o dióxido de carbono é um gás produzido durante o

metabolismo celular que se difunde rapidamente das células para os capilares para ser

transportado dissolvido no plasma, sob a forma de íons bicarbonato, ligado a hemoglobina e a

outros compostos carbamínicos até os pulmões onde é eliminado para o ar atmosférico.

A carboxiterapia consiste na administração terapêutica de concentrações controladas de

anidro carbônico via subcutânea, através de injeção hipodérmica, no local acometido

(CARVALHO, et al.,2006).

É uma técnica nova e promissora, pois é benéfica no tratamento de vários distúrbios e

patologias, sendo que tem uma boa aceitação, pois se aplicado corretamente, é isento de

complicações e não apresenta toxidade (DOMINGUES; MACEDO, 2006).

Segundo Ferreira, et al. (2012), para melhor segurança na aplicação, os equipamentos

ofertados para aplicação da Carboxiterapia, devem estar registrados nos órgãos reguladores da

saúde, no caso do Brasil, a ANVISA.

Existem máquinas sofisticadas que oferecem um sistema operacional que permite graduar

com segurança a aplicação do dióxido de carbono de acordo com a sensibilidade e tolerância

do paciente (RUÍZ, 2011). As imagens abaixo representam um equipamento de carboxiterapia

dividido em partes para melhor entendimento.

Fonte: (RUÍZ, 2011)

Figura 4 – Máquina com chip integrado contendo programas de aplicação para administração do dióxido de

carbono.

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Fonte: (RUÍZ, 2011)

Figura 5 – Imagem à esquerda: manômetro regulador, mangueira de plástico e agulhas de 30 mm;

imagem à direita: tanque de CO2.

A técnica é realizada por meio de aparelhos que controlam o fluxo e velocidade da aplicação,

a qual é realizada através de uma agulha pequena, ligada a um regulador de pressão oriundo

de um cilindro de ferro.

Domingues apud Kede & Satovich (2006) cita que o uso de aparatologia adequada para a

aplicação do método proporciona:

Ministração do fluxo constante ou controlado de gás, proporcionando um maior conforto

ao paciente;

Segurança de extrema esterilidade do gás;

Possibilidade de controle do volume ministrado;

Peso reduzido do aparelho, facilitando o transporte do mesmo.

A aplicação da carboxiterapia é realizada através de micro injeções via subcutânea usando um

equino criado especificamente para este fim. Através do equipo é possível controlar o fluxo

de gás, a velocidade e o tempo de aplicação. O gás tem que ser do tipo medicinal com 99,9%

de pureza (RUÍZ, 2011).

Segundo Schiavon, et al. apud Kede e Satovich (2010), a carboxiterapia tem indicação para

tratamento no fibro edema gelóide, com o objetivo de melhorar a vascularização tecidual e

estimulação da lipólise. Esses benefícios são possíveis devido ao aumento do fluxo sanguíneo

e vasodilatação arteriovenosa locais que promovem aumento da drenagem sanguínea e

linfática, desta forma contribuindo para uma maior disponibilidade de O2, aumento no

turnover de colágeno e consequentemente uma redução de adipócitos (FERREIRA, et al.,

2012).

O dióxido de carbono (CO2) sobre o tecido causa uma ação farmacológica, provocando

vasodilatação local, evoluindo para aumento do fluxo vascular e aumento da pressão parcial

de oxigênio (pO2) (CARVALHO, et al, 2006).

Segundo Ruíz (2011), logo após a penetração do gás via subcutânea, ocorre uma

hiperdistensão do tecido liberando bradicinina, serotonina, histamina e catecolaminas que

estimulam os receptores beta-adrenérgicos provocando a lipólise.

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Segundo Carvalho, et al. (2006), a aplicação do gás provoca primeiramente um enfisema

subcutâneo, ocasionando um descolamento tecidual no local, não causando nenhum tipo de

trauma vascular ou nervoso, mas com capacidade de aumento o fluxo sanguíneo e a

concentração de oxigênio local. Desta forma, o descolamento mecânico gerado pelo gás

produz uma ação farmacológica capaz de gerar um processo de cicatrização.

A infusão de anidro de carbono no corpo leva a uma elevação da concentração de dióxido de

carbono, o que reduz a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio. Desta forma, há uma

elevação na concentração de oxigênio desencadeando um aumento da pressão parcial de

oxigênio nas células, o que favorece o metabolismo dos tecidos (PACHECO, 2011).

A afinidade do oxigênio com a hemoglobina é inversamente proporcional a concentração de

CO2 e do pH. Quando há uma diminuição do pH sanguíneo, a curva de dissociação desvia

para a direita, diminuindo a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio e quando o pH

sanguíneo eleva, aumenta a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, levando a curva para a

esquerda. Desta maneira, a presença de níveis altos de CO2 nos tecidos ou nos capilares

adjacentes, favorece a liberação de O2 da hemoglobina, originando o efeito Bohr. (ARES-

IBRAMED; 2009; PACHECO; 2011).

Quando o dióxido de carbono é injetado, ele difunde-se rapidamente, passando através das

fáscias musculares, sendo o excedente eliminado através de mecanismos fisiológicos, parte

através dos pulmões e parte através dos rins na forma de íons de hidrogênio (H+) ou íons

bicarbonato (H2CO3-) (ARES-IBRAMED, 2009).

O mecanismo de ação do gás carbônico envolvendo a microcirculação, alteração da

curva de dissociação da hemoglobina e a ação lipolítica oxidativa, atua diretamente na

histopatologia do FEG. O mecanismo de ação do gás carbônico é na microcirculação

vascular do tecido, promovendo uma vasodilatação que promove a drenagem veno-

linfática. Com isso promove uma melhora no fluxo de nutrientes, como, o remodelar

dos componentes da matriz extracelular e a migração e reparação tecidual. Além da

atuação na membrana adipocitária e alteração da curva de dissociação da hemoglobina

com o oxigênio (efeito Bohr) (PACHECO apud BRANDI, et al, 2011).

A ação lipolítica oxidativa age propriamente na etiologia no FEG, desfazendo um círculo

vicioso que corresponde à alteração bioquímica do interstício (aumento de viscosidade),

estase vênulo-capilar com hipo-oxigenação e consequente sofrimento do adipócito, levando a

lipogênese e hipertrofia (DOMINGUES, et al., 2006).

Segundo Manual de instruções de Carboxiterapia Ares-Ibramed (2009); Domingues et al.

(2006) durante a aplicação de carboxiterapia, é administrado um fluxo de 30-100 ml/min e um

volume total entre 600 ml a 1 litro de CO2 por infusão assistida, sendo compatível com a

quantidade considerada segura para fisiologia respiratória do indivíduo. O rápido aumento de

CO2 é imediatamente compensado por um pequeno aumento da frequência respiratória

durante o tratamento, porém sem riscos causar hipercapnia ou acidose respiratória.

Numa intervenção estética/terapêutica com carboxiterapia, o volume total insuflado via

subcutânea em uma consulta varia entre 200 a 1200 ml, levando em conta o objetivo do

tratamento e a área corporal a ser tratada (ARES-IBRAMED, 2009).

De acordo com Domingues et al; (2006) usualmente são realizadas 2 sessões por semana,

somando um total de 12 a 20, sendo que um novo ciclo é realizado após 6 a 10 meses.

Conforme cita Brandi et al. ( 2001), os efeitos fisiológicos previstos após a aplicação da

carboxiterapia no local, são:

Vasodilatação arterio-venosa;

Aumento do volume e da velocidade do fluxo sanguíneo local;

Aumento da drenagem sanguínea e linfática;

Ativação da microcirculação local;

Melhora da nutrição celular;

Favorece a eliminação de toxinas;

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Redução do processo inflamatório;

Melhora a elasticidade e melhora o tônus tecidual;

Redução de medidas e remodelagem corporal;

Aumento do efeito Bohr

Lipólise

O Conselho Federal de Medicina (2012) afirma que pode haver efeitos colaterais durante o

tratamento, como: dor, sensação de crepitação local, devido ao enfisema que desaparece em

média de 30 minutos e pequenos hematomas locais em consequência da punção.

Pacheco apud Solá (2011), cita algumas contra indicações em seu estudo, como:

Gestação;

Insuficiência cardíaca ou respiratória;

Insuficiência renal e hepática;

Diabéticos;

Problemas psicológicos

Epiléticos;

Hipertensos descompensados;

Lúpus eritematoso sistêmico;

Pacientes imunodepressivos;

Distúrbios da coagulação;

Doenças do colágeno;

Circulação local aumentada anormalmente;

Gangrena;

Flebite.

Há ainda um grande empasse quanto ao uso de carboxiterapia por fisioterapeutas. O parecer

técnico emitido em 16 de junho de 2012 acorda que o profissional deve estar capacitado e

apresentam junto ao CREFITO de sua região documentos que comprovem sua qualificação

para aplicar a técnica; comprovar conhecimento teórico e prático em primeiros socorros junto

ao CREFITO; utilizar equipamentos que estejam registrados na ANVISA e mantê-los em

manutenção; ter convênio com um serviço de urgência e emergência para remoção do

pacientes, em caso de intercorrências; atender um paciente por vez, nunca se ausentando para

segurança do procedimento, manter o paciente informado sobre a técnica e seus riscos; manter

registro do tratamento em prontuário (COFFITO, 2012).

5. Metodologia

O estudo foi elaborado através de uma pesquisa literária no período de outubro de 2013 a

junho de 2014, baseada em livros específicos da área de Dermatologia, artigos científicos

pesquisados em base de dados SCIELO e PUBMED, periódicos, monografias relacionadas

com o tema, no período de 2000 a 2013. A busca dos artigos foi feita através das palavras

chaves: fibro edema gelóide, fisioterapia dermato funcional, carboxiterapia. Foram

selecionados artigos recentes e relevantes sobre o tema.

6. Resultados e discussão

Em um estudo citado por Machado, et al (2009), com o objetivo de avaliar se há interferência

das mudanças na curvatura lombar na aparência e grau do FEG e no suprimento sanguíneo

local. O estudo teve o objetivo de correlacionar o ângulo da lordose lombar com o grau do

FEG, analisando radiografias em perfil, avaliando o ângulo de Cobb. Foram avaliadas 50

estudantes, com faixa etária entre 20 e 30 anos, com FEG em região de coxas e glúteos. Não

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foi possível fazer uma correlação entre causa e efeito, por alguns fatores, como: método

utilizado, a multifatoriedade do FEG.

Meyer, et al. (2005), cita em seu estudo que para tratamento do fibro edema gelóide há

primeiramente a necessidade de realizar uma minunciosa avaliação, ressaltando que isso exige

anamnese e exame físico detalhados. O mesmo autor afirma que por se tratar de um distúrbio

multifatorial é importante ter uma visão ampla para tratar o FEG e ter melhores resultados,

isso pode envolver outras medidas, além das intervenções fisioterapêuticas, como:

intervenção dietética, atividades físicas, uso de medicamentos e até mesmo tratamento

cirúrgico.

Diante da necessidade de um instrumento que auxilie no diagnóstico fisioterapêutico do FEG,

Schiavon, et al. (2005) elaborou o PAFEG (Protocolo de avaliação do fibro edema gelóide)

com ele é possível avaliar de forma objetivo o grau do FEG e quantificar o nível das

alterações sensitivas.

Medrado (2013) realizou um estudo de caso numa paciente com FEG grau II, utilizando

carboxiterapia associada a drenagem linfática manual (DLM), sendo que a mesma foi

submetida a 15 semanas de tratamento, 2 sessões se dividindo em 1 sessão de carboxiterapia e

1 sessão de DLM no dia seguinte. Os resultados apresentados foram considerados

satisfatórios, com diminuição do grau II para grau I, melhora no aspecto tecidual com

minimização de depressões visíveis a olho nu, agora visualizado somente quando há

compressão do tecido.

Fonte: http://www.taniaconde.com.br/7.html

Figura 6 – Esquema fotográfico sobre os efeitos fisiológicos após a aplicação da carboxiterapia

Num estudo mais amplo, Brandi et al. (2001), usou uma amostra de 48 mulheres numa faixa

etária de 24 a 51 anos de idades, as quais foram tratadas com a carboxiterapia seguintes

regiões que apresentavam gordura localizada, sendo: coxa, joelho e abdômen. A conclusão

dos resultados foi positiva, pois houve redução na perimetria das regiões tratadas com a

carboxiterapia isolada, e somatoriamente houve melhora na microcirculação local e na ação

lipolítica, melhorando de forma indireta o FEG.

Côrrea, et al. (2008) publicou um artigo que analisou a eficácia da carboxiterapia na redução

do FEG em 15 mulheres com idade entre 25 e 35 anos. O tratamento durou 5 semanas, sendo

realizadas 2 sessões por semanas, totalizando 10 sessões. Segundo os autores, as infusões

foram realizadas na região glútea, numa média de 400 a 800 ml de gás injetado por sessão. A

análise dos resultados, concluiu que houve uma diminuição de 40,47 % nos grau do FEG.

De acordo com Ferreira, et al. (2012), dos trabalhos publicados em revistas especializadas,

bases de dados bibliográficos online, somente 10-15% tem valor científico. E defende a ideia

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de que sejam realizados estudos controlados com alocação aleatória, os (RCTs) Randomized

Controlled Trials, para que haja evidências confiáveis. Mesmo havendo constante divulgação

para a aplicação de carboxiterapia no tratamento do FEG, não há na literatura estudos

científicos que estejam de acordo com o rigor internacional.

Schiavon, et al. (2010) realizou uma pesquisa com 4 mulheres portadoras de fibro edema

gelóide grau II. Elas foram submetidas a 21 sessões de carboxiterapia, com frequência de 3

vezes por semana. Ao final do trabalho, concluiu-se que não houve resultados satisfatórios na

redução do grau do FEG, porém houve melhora na circulação local e hidratação da pele.

7. Conclusão

Nos dias de hoje há uma grande preocupação com o padrão estético estabelecido pelas mídias,

isso acontece predominantemente com as mulheres, podendo até mesmo levar a um “desvio

de imagem”. Elas sofrem mais com essa imposição silenciosa, levando-as a procurarem

diversos tratamentos para atingirem o corpo perfeito. Um dos tratamentos mais procurados é o

da celulite, distúrbio que atinge 98% das mulheres após a puberdade.

Nos consultórios de fisioterapia dermato-funcional são propostos vários métodos para

tratamento desse distúrbio, porém por ser uma patologia multifatorial é difícil ter bons

resultados, usando somente um tipo de intervenção. A carboxiterapia é um método que

propõe o tratamento do FEG isoladamente.

Concluiu-se que para tratamento do FEG, inicialmente é necessário uma minunciosa

avaliação para conhecimento do caso de cada paciente. A intervenção com o método de

carboxiterapia no tratamento do FEG mostrou-se eficaz na maioria dos estudos, melhorando a

estrutura da pele, a circulação local, a regressão de graus do FEG, etc. Porém, há uma

necessidade muito grande de estimular as pesquisas randomizadas nesse âmbito, já que a

maioria das publicações encontradas são estudos simples e sem delimitação. É importante

também realizar estudos usando a carboxiterapia combinada com outros métodos, para

analisar se há potencialização dos resultados.

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