Efeitos de um programa de exercícios ritmados que simulem ... · Por terem feito o possível e o...
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UNIVERSIDADE SO JUDAS TADEU PS-GRADUAO STRICTO SENSU EM EDUCAO FSICA
Efeitos de um programa de exerccios ritmados que
simulem atividades do cotidiano em Idosos
Emy Suelen Pereira
So Paulo
2012
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UNIVERSIDADE SO JUDAS TADEU PS-GRADUAO STRICTO SENSU EM EDUCAO FSICA
Efeitos de um programa de exerccios ritmados que
simulem atividades do cotidiano em Idosos
Emy Suelen Pereira
So Paulo
2012
Dissertao apresentada ao Programa de Mestrado
em Educao Fsica da Universidade So Judas
Tadeu para anlise da banca examinadora como
requisito parcial a obteno do ttulo de Mestre em
Educao Fsica.
rea de Concentrao: Bases Biodinmicas da
Atividade Fsica
Orientadora: Profa Dra Eliane Florencio Gama
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Pereira, Emy Suelen
Efeitos de um programa de exerccios ritmados que simulem atividades do
cotidiano em Idosos / Emy Suelen Pereira. - So Paulo, 2012.
113 f. : il., tab. ; 30 cm.
Orientador: Eliane Florencio Gama
Dissertao (mestrado) Universidade So Judas Tadeu, So Paulo, 2012.
1. Educao fsica exerccio fsico 2. Envelhecimento 3. Idosos I. Gama, Eliane Florencio II. Universidade So Judas Tadeu, Programa de Ps-Graduao
Stricto Sensu em Educao Fsica. III. Ttulo
CDD 796.01926
CDD 796.087
Ficha catalogrfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878
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DEDICATRIA
Eis aqui a realizao de um SONHO!
O caminho no foi fcil, o trabalho foi rduo e a luta foi constante, e a vitria foi
resultante.
Dedico esta dissertao primeiramente a duas pessoas ESSENCIAIS em minha vida,
aos meus pais, WILTON PEREIRA e MAGALI ASSAD PEREIRA, que me
propiciaram uma vida digna, na qual eu pudesse crescer, acreditando que tudo seria
possvel, e que sonhar e concretizar os sonhos depender da nossa fora de vontade. Vocs
so meus exemplos de dedicao, coragem, ousadia e luta.
Graas ao amor e carinho incondicional de vocs, eu cheguei at aqui!
Tambm gostaria de dedicar essa vitria, aos meus irmos WILL ROBSON
PEREIRA e WILLY ANDERSON PEREIRA por contriburem com o seu carinho, nos
momentos mais difceis.
No tenho palavras para expressar o quanto eu agradeo, e por fazerem parte desse
momento. Fica aqui o meu eterno, MUITO OBRIGADA!
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeo a DEUS, por permitir que esse sonho se concretizasse.
Ufa, o caminho at aqui, foi sem dvida nenhuma, uma trilha muito difcil. Quando
olho para trs, vejo quanto eu batalhei para usufruir cada minuto deste momento,
complicado descrever em palavras cada situao, cada sentimento envolvido. Mas, com
muito orgulho, posso dizer que com ajuda, apoio, dedicao de vocs, EU CONSEGUI!
Nessa longa jornada de dois anos, foi uma mistura de angstia, medo, revolta e
muitos outros sentimentos, enfim situaes que me fizeram pensar, por que isso esta
acontecendo? Mas, como nada por acaso, o meu momento chegou, a esperana
ressurgiu, a sensao de que as coisas iriam melhorar prevaleceu, e isso fez com que eu
no desistisse e que eu me esforasse, para lutar em busca dos meus sonhos, e hoje ESTOU
AQUI.
Agradeo aos meus pais Wilton Pereira e Magali Assad Pereira, pelo amor
incondicional e pela pacincia. Por terem feito o possvel e o impossvel para que tudo
desse certo, acreditando e respeitando minhas decises e nunca deixando que as
dificuldades acabassem com os meus sonhos, eu amo muito vocs e sou eternamente grata.
Aos meus irmos, Will Robson Pereira e Willy Anderson Pereira por
acompanharem todas as minhas angstias e felicidades. Pelo amor, amizade, e apoio
depositados, os meus profundos agradecimentos.
A minha orientadora, amiga, aluna e Profa. Dra. Eliane Florencio Gama, pelas
oportunidades oferecidas, pela sua confiana e dedicao, por ter me acolhido com uma
filha acadmica e por sempre estender os braos nas horas de dificuldade, a minha
imensa gratido. Obrigada Profs. voc foi fundamental!
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Agradecimento especial a Michelle Sartori, que me acompanhou durante toda esta
jornada e que me incentivou em todos os momentos com palavras de carinho e fora, seu
apoio foi essencial. Obrigada por tudo de corao.
As minhas amigas irms Gildeneide S Torres e Heloisa Baltazar, que mesmo de
longe sempre estiveram presentes, ajudando e torcendo pela concretizao deste sonho.
Meninas vocs so demais. Agradeo por tudo!!!
As irmzinhas Viviane Farias Prata e Thamires Roman, que sempre depositaram
em mim uma enorme confiana, e me apoiaram com palavras de incentivo. Obrigada
meninas!
Aos amigos do Laboratrio Percepo Corporal e Movimento: Bianca E. Thurm e
Mauricio Jos Cagno, obrigada por todos os ensinamentos, as palavras de apoio e
incentivo.
As amigas, Thaisa Menegassi, Cristiane Costa Fonseca e Renatta Simes Nogueira,
que foram essenciais no incio das coletas de dados, no auxlio a pesquisa e nos momentos
difceis.
Aos meus idosos, voluntrios e sujeitos da minha pesquisa, sem vocs esse sonho
jamais seria concretizado. Os meus imensos agradecimentos.
Agradeo a todos os professores e funcionrios da Universidade So Judas Tadeu,
que de forma direta ou no, tambm colaboraram para a realizao desse sonho.
Agradeo ao apoio financeiro da CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal
de Nvel Superior), apoio fundamental para realizao desse projeto.
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Depois de algum tempo voc aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
porque o terreno do amanh incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de
cair meio em vo. Aprende que o tempo no algo que se possa voltar para trs, portanto,
plante seu jardim e decore sua alma, ao invs de esperar que algum lhe traga flores.
Aprende que pacincia requer muita prtica. Aprende que o que realmente importa no o
que voc tem na vida, mas quem voc tem na vida. E voc aprende que pode suportar, que
realmente forte, e que pode ir mais longe, depois de pensar que no pode mais.
(William Shakespeare)
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RESUMO
O envelhecimento um processo progressivo e natural caracterizado por uma srie
de mudanas nas funes biolgicas, psicolgicas e sociais, que ocorrem com o passar dos
anos, e que levam a reduo das capacidades de execuo de determinadas tarefas.
Compreender as modificaes que ocorrem com o indivduo nesse processo importante e
necessrio para que os profissionais atuem de uma maneira positiva e eficiente, ao
estruturar intervenes e procedimentos que favoream o bem estar dessa populao.
Portanto o objetivo dessa pesquisa foi analisar os efeitos de um programa de exerccios
ritmados (PER) que simulem atividades do cotidiano na resposta funcional, na percepo
corporal e na qualidade de vida de idosos. Participaram desse estudo 29 voluntrios de
ambos os sexos, divididos em 2 grupos, o grupo controle (GC) composto por 13 indivduos
(11 mulheres e 2 homens) com idade mdia de 738 anos, e o grupo experimental (GE)
composto por 16 indivduos (13 mulheres e 3 homens) com idade mdia de 688 anos. Os
sujeitos do GE participaram do PER, que consistiu em aulas coreografadas, simulando
atividades do cotidiano, realizadas duas vezes por semana, com durao de 60 minutos,
durante 12 semanas. Para avaliao dos indivduos foram aplicados os seguintes testes:
Tandem Walk Test (equilbrio dinmico), preenso manual e teste de levantar da cadeira
em 30(fora muscular), teste de sentar e levantar da cadeira e locomover-se pela casa
(agilidade), Teste do Esquema Corporal (EC) e escala de Figuras de Silhuetas para
avaliao da Imagem Corporal (IC) e por fim Whoqol-old, juntamente com a verso
Whoqol-Bref (qualidade de vida), e uma pergunta aberta sobre alguma possvel mudana
que o indivduo tenha percebido aps a prtica da atividade proposta. O GC foi avaliado
duas vezes, com intervalo de 3 meses, j o grupo experimental foi avaliado antes e aps a
interveno. Os resultados obtidos foram: no GC, os sujeitos eram e permaneceram
insatisfeitos com sua IC. Com relao dimenso corporal houve aumento de 11%
(p0,05) na percepo da largura do quadril. Houve um aumento de 7% no tempo de
execuo da tarefa de agilidade (p0,05), e uma diminuio de 26% (no tempo de
execuo da tarefa) no equilbrio dinmico (p0,05), aps 3 meses sem praticar atividades
corporais especficas. No GE, houve alterao significativa na percepo da altura do
quadril (diminuio de 7% lado direito e de 5% lado esquerdo), a percepo dimensional
da largura corporal se aproximou do tamanho real e houve melhoras significativas nos
testes de fora de membros inferiores (aumento de 41%), agilidade (diminuio de 12% no
tempo de execuo da tarefa) e equilbrio dinmico (diminuio de 42% no tempo de
execuo da tarefa) aps participarem do PAR (p0,05), Nos outros parmetros no houve
alteraes significativas (Whoqol e teste de preenso manual). Conclui-se que o programa
de atividades corporais ritmadas, promoveu uma melhora ou uma manuteno da aptido
fsica, capacidade funcional, facilitando as atividades da vida diria.
Palavras-Chave. Envelhecimento. Exerccio Fsico. Atividades Ritmadas
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ABSTRACT
Aging is a natural and progressive process characterized by a series of changes in
biological, psychological and social parameters. These changes occur over the years, and
leads to a reduction in capacity of execute diverse tasks. Its important to understand the
changes that occur during aging process in order to act in a positive and effective way,
when developing interventions and procedures that promote the welfare of this population.
The aim of this study was to analyze the effects of a rhythmic exercise program (REP) in
the functional abilities, in body perception and quality of life of elderly. Twenty nine
volunteers of both sexes were divided into 2 groups, the control group (CG - 11 women
and 2 men), age 73 8 years, and the experimental group (EG - 13 women and 3 men), age
68 8 years. The EG subjects attended to REP, which consisted of choreographed body
movements which simulated daily life activities, held twice a week, lasting 60 minutes,
during 12 weeks. The following tests were used: Tandem Walk Test (dynamic balance),
handgrip test, 30-second Chair Stand Test (lower body functional strength), Up and GO
test (agility), Image Marking Procedure (body schema) and Body Silhouette Questionnaire
(body image) and finally World Health Organization Quality of Life Questionnaire
(WHOQOL-bref) with WHOQOL-old. It was elaborated an open question about any
possible change that the individual has realized after the practice of the proposed activity.
The CG was evaluated twice: in a three months interval. EG was evaluated before and after
the intervention period. The results showed that CG were and remained unsatisfied with
their body image. Related to body size data obtained showed that hip width perception
increased by 11% (p 0.05). There was a 7% increase in the runtime speed task (p 0.05),
and time spent in dynamic balance test decrease of 26% (p 0.05) after 3 months without
practicing specific bodily activities. EG showed significant change in the height perception
of the hip (7% decrease on the right and left side of 5%). The dimensional perception of
body width was closer to the actual size and significant improvements in tests of lower
body functional strength (increase of 41%), agility (a 12% reduction in execution time of
the task) and dynamic balance (42% decrease in execution time of task) after attending
PAR (p 0.05) were observed. WHOQOL test and handgrip test results have not changed.
It is concluded that the program of rhythmic body activities program, promoted an
improvement and/or maintenance of physical fitness, functional abilities, improving the
activities of the daily life.
Palavras-Chave. Aging. Physical Activity. Rhythmic Activities.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma do projeto ..... 23
Figura 2 Dinammetro preenso palmar 26
Figura 3 Teste de levantar e sentar da cadeira durante 30 segundos ..... 27
Figura 4 Execuo do Tandem Walk Test... 29
Figura 5 Plataforma utilizada na aplicao do IMP, no qual pode ser identificado o
resultado do teste: as etiquetas coloridas (verde, vermelha e preta) e menores
indicam a projeo dos pontos percebidos apontados pelo sujeito (seta branca) e a
etiqueta maior (azul) indica os pontos reais avaliados pelo examinador (seta
branca). O nmero SUJ 01 representa a identificao do avaliado ........ 30
Figura 6 - Escala de Figuras de Silhuetas (Feminino e Masculino)... 33
Figura 7. Representao grfica do nvel de escolaridade do grupo controle 35
Figura 8. Representao grfica do nvel de escolaridade do grupo experimental 36
Figura 9. Representao grfica do estado civil do grupo controle... 36
Figura 10. Representao grfica do estado civil do grupo experimental..... 37
Figura 11. Representao grfica do nvel de trabalho do grupo controle. 37
Figura 12. Representao grfica do nvel de trabalho do grupo experimental. 38
Figura 13. Representao grfica da renda familiar do grupo controle. 38
Figura 14. Representao grfica da renda familiar do grupo experimental. 39
Figura 15. Figura formada pela unio dos pontos no teste de projeo: Esquema dos
segmentos corporais tocados durante o teste de marcao do esquema corporal e o
resultado final da unio dos pontos reais e pontos percebidos. A linha de cor preta
representa a medida real e a linha de cor vermelha representa medida percebida...42
Figura 16. Teste de marcao do esquema corporal (IMP). Contorno real (cor preta) e
percebido (cor vermelha) - GC sujeito 0943
Figura 17. Teste de marcao do esquema corporal (IMP). Contorno real (cor preta) e
percebido (cor vermelha) GC sujeito 11...43
Figura 18. Teste de marcao do esquema corporal (IMP). Contorno real (cor preta) e
percebido (cor vermelha) GE sujeito 0944
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Figura 19. Teste de marcao do esquema corporal (IMP). Contorno real (cor preta) e
percebido (cor vermelha) GE sujeito 14...44
Figura 20. Grfico Whoqol old do Grupo Controle nos momentos Antes e Depois
Facetas: Funcionamento do Sensrio (FS), Autonomia (AUT), Atividades Passadas,
presentes e futuras (PPF), Participao Social (PSO), Morte e Morrer (MEM),
Intimidade (INT) e Escore Total (TOTAL).58
Figura 21. Grfico Whoqol old do Grupo Experimental nos momentos Antes e Depois
Facetas: Funcionamento do Sensrio (FS), Autonomia (AUT), Atividades Passadas,
presentes e futuras (PPF), Participao Social (PSO), Morte e Morrer (MEM),
Intimidade (INT) e Escore Total (TOTAL).58
Figura 22. Grfico Whoqol bref do Grupo Controle nos momentos Antes e Depois
Representao do Domnio 1 Fsico, Domnio 2 Psicolgico, Domnio 3
Social e Domnio 4 Ambiental.60
Figura 23. Grfico Whoqol bref do Grupo Controle nos momentos Antes e Depois
Representao do Domnio 1 Fsico, Domnio 2 Psicolgico, Domnio 3
Social e Domnio 4 Ambiental ...60
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Categorizao do IPCg baseado nos critrios de PEREIRA et al. (2010)32
Tabela 2 - Valores da mdia e desvio padro do IPC (%) e (%) da altura da cabea e das
larguras de Ombro (LO), Cintura (LC) e Quadril (LQ) dos grupos: Controle e
Experimental ...41
Tabela 3 - Valores da mdia e desvio padro do IPC (%) e (%) das alturas de ombro
direito (Alt OD) e esquerdo (Alt OE), cintura direita (Alt CD), e esquerda (Alt CE), e
quadril direito (Alt QD), e esquerdo (Alt QE), dos grupos: Controle e Experimental...41
Tabela 4 - Valores da mdia e desvio padro das silhuetas (atual e ideal) dos grupos:
Controle e Experimental...48
Tabela 5 - Valores da mdia, desvio padro e % da fora de preenso palmar da mo
direita e mo esquerda dos grupos: Controle e Experimental..50
Tabela 6 - Valores da mdia, desvio padro e % da fora de membros inferiores do teste
de levantar da cadeira em 30 segundos dos grupos: Controle e Experimental....51
Tabela 7 - Valores da mdia, desvio padro e % do teste locomover-se pela casa dos
grupos: Controle e Experimental..53
Tabela 8 - Valores da mdia, desvio padro e % do teste de equilbrio dinmico tempo
gasto e erros cometidos dos grupos: Controle e Experimental....54
Tabela 9 - Frequncia de respostas.61
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAHPERD American Aliance for Health Physical Education Recreation and Dance
ACSM American College Sports of Medicine
AF Atividade Fsica
AHA American Heart Association
CF Capacidade Funcional
COEP Cmite de Etica em Pesquisa
CP Controle Postural
EC Esquema Corporal
FPM Fora Preenso Manual
GC Grupo Controle
GE Grupo Experimental
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IC Imagem Corporal
IMP Image Marking Procedure
IPC ndice de Percepo Corporal
IPCg ndice de Percepo Corporal geral
LPCM Laboratrio de Percepo Corporal e Movimento
MCS Moviment'ao Corporal Snior
MPB Msica Popular Brasileira
MPE Msica Popular Estrangeira
OMS Organizao Mundial da Sade
PER Programa de Exerccios Ritmados
PC Percepo Corporal
QV Qualidade de Vida
SA Silhueta Atual
SI Silhueta Ideal
SNC Sistema Nervoso Central
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
USJT Universidade So Judas Tadeu
WHO World Health Organization
WHOQOL World Health Organization Quality of Life Questionnaire
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SUMRIO
1. INTRODUO.........................................................................................................1
2. REVISO DE LITERATURA .................................................................................4
2.1 DADOS EPIDEMIOLGICOS NO ENVELHECIMENTO ....................................4
2.2 CONCEITOS SOBRE O ENVELHECIMENTO .....................................................5
2.3 PARMETROS DA APTIDO FSICA .................................................................6
2.4 PARMETROS DA PERCEPO CORPORAL ................................................. 10
2.5 QUALIDADE DE VIDA ....................................................................................... 13
2.6 EXERCCIO FSICO, ATIVIDADE FSICA E ENVELHECIMENTO ................. 14
2.7 MSICA ............................................................................................................... 17
3. OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 19
3.1 OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................................. 19
4. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS .......................................................... 20
4.1 ASPECTOS TICOS ............................................................................................ 20
4.2 CARACTERIZAO DO ESTUDO .................................................................... 20
4.3 SUJEITOS ............................................................................................................. 20
4.4 CRITRIOS DE INCLUSO ................................................................................ 21
4.5 CRITRIOS DE EXCLUSO ............................................................................... 21
4.6 DESENVOLVIMENTO DO PROTOCOLO DE PESQUISA ................................ 21
4.7 SEQUNCIA EXPERIMENTAL .......................................................................... 23
4.7.1 INSTRUMENTOS APLICADOS ................................................................... 25
4.7.2 PROCEDIMENTO PARA APLICAO DOS TESTES ................................ 26
4.8 ANLISE ESTATSTICA .................................................................................... 34
5. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................. 35
5.1 SUJEITOS ............................................................................................................. 35
5.2 PERCEPO CORPORAL .................................................................................. 40
5.3 FORA MUSCULAR ........................................................................................... 50
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5.4 AGILIDADE CORPORAL ................................................................................... 53
5.5 EQUILIBRIO DINMICO ................................................................................... 54
5.6 QUALIDADE DE VIDA ....................................................................................... 55
5.7 LIMITAES DO ESTUDO..62
6. CONCLUSO ......................................................................................................... 63
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................................... 65
ANEXOS ........................................................................................................................ 81
ANEXO I PARECER DO CMITE DE ETICA EM PESQUISA (COEP) ................ 81
ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ................ 84
ANEXO III ANAMNESE ......................................................................................... 87
ANEXO IV QUESTIONRIO ATIVIDADE FSICA E/OU EXERCICIO FSICO .. 88
ANEXO V WHOQOL OLD - WHOQOL BREF ....................................................... 89
ANEXO VI PERGUNTA ABERTA .......................................................................... 97
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1. INTRODUO
O envelhecimento um processo progressivo e natural caracterizado por uma srie
de mudanas nas funes biolgicas, psicolgicas e sociais, que ocorrem com o passar dos
anos, e que levam a reduo das capacidades de execuo de determinadas tarefas
(CIPRIANI et al., 2010; PEDRO; BERNARDES-AMORIM, 2008; FESTAS, 2002). Desta
forma o envelhecimento impe mudanas, cuja velocidade dependente de fatores
genticos, condies de sade e principalmente do estilo de vida, diferenciadas para cada
indivduo. Geralmente as mudanas ocorridas esto associadas a limitaes fisiolgicas e
funcionais (SEBASTIO et al., 2008).
Compreender as modificaes que ocorrem com o indivduo no processo de
envelhecimento e as condies que permitem contribuir para sua qualidade de vida
importante. Esse entendimento, dos diversos processos, trar subsdios e mais propriedade
para que os profissionais que atuam com pessoas idosas, atuem de uma maneira positiva e
eficiente, ao estruturar intervenes e procedimentos que favoream o bem estar.
As alteraes observadas no processo do envelhecimento ocorrem nas dimenses
corporais, no mbito da estatura, no peso corporal e na composio corporal (SPIDURSO,
2005; MATSUDO, 2002). O equilbrio corporal tambm sofre modificaes, por conta das
alteraes ocorridas no sistema sensorial e motor (PEDRO; BERNARDES-AMORIM,
2008). No decorrer dos anos, as pessoas se tornam menos ativas fisicamente,
comprometendo a locomoo, diminuindo a coordenao motora na realizao das tarefas
dirias (DIAS; DUARTE, 2005). A perda da massa muscular e consequentemente da fora
muscular so as responsveis pelo efeito deletrio na mobilidade e na capacidade funcional
do indivduo que est envelhecendo (MATSUDO, 2002; MATSUDO; MATSUDO;
BARROS NETO, 2000).
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2
Durante o processo de envelhecimento, ocorrem alteraes no sistema nervoso
central (SNC), a principal modificao apresenta-se no retardo do processamento de
informaes (MORAES; MORAES; LIMA, 2010). Nesse mbito, destacam-se as
alteraes na percepo dimensional do corpo, Esquema Corporal (EC). O EC est
constitudo por um conjunto de estruturas neuromotoras, que permite a conscincia do
corpo anatmico ao indivduo, ajustando-se as novas situaes. O EC o responsvel por
guiar os movimentos e na inter-relao dos segmentos corporais com o espao e com os
objetos ao seu redor (THURM et al., 2011).
Os mecanismos neurais do EC no agem isoladamente, o reconhecer e o sentir,
agem juntos, portanto h tambm a participao da Imagem Corporal (IC), a qual podemos
conceituar como conscincia individual, todas as formas pelas quais uma pessoa
experencia e conceitua seu prprio corpo, juzo de valores e sua relao com o mundo,
consciente e inconscientemente, resultando na projeo mental do seu prprio corpo
(PEREIRA; GAMA, 2008; THURM, 2007, TAVARES, 2003).
evidente na literatura que a atividade fsica (AF) um fator importante na
manuteno da sade e para retardar o declnio da capacidade funcional (CF) de idosos
(SEBASTIO et al., 2008; GOBBI, 1997). Melhoras significativas so observadas nas
condies de sade, controle do stress, da obesidade, do diabetes, das doenas coronarianas
e aptido funcional do idoso (CIPRIANI et al., 2010). Aumento da mobilidade articular e
da fora muscular podem significar a independncia funcional da pessoa idosa (PEDRO;
BERNARDES-AMORIM, 2008). As evidncias sugerem que a atividade fsica regular e
um estilo de vida ativo tm um papel fundamental na preveno de doenas crnicas e no
transmissveis, especialmente as doenas cardiovasculares e o cncer (MATSUDO, 2002).
A atividade fsica pode ser praticada de diferentes formas, destacam-se entre elas,
as atividades realizadas com msica, elas podem propiciar um ambiente agradvel, dessa
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3
maneira pode ser uma estratgia adequada de interveno que pode favorecer que os
indivduos permaneam nas atividades (MIRANDA; GODELI, 2003). Como por exemplo,
a dana pode trazer muitos benefcios (em relao sade e melhoria na qualidade de vida)
e pode minimizar os efeitos deletrios causados pelo envelhecimento, possibilitando a
aquisio de novas habilidades motoras, auxiliando na melhora da capacidade coordenativa
e motoras (COELHO; QUADROS-JUNIOR; GOBBI, 2008) alm de ter grande aceitao
por parte das pessoas idosas (LEAL; HAAS, 2006).
Portanto, iniciativas que envolvam as questes como integrao social e qualidade
de vida, podem gerar benefcios e comportamentos que favoream uma velhice mais
autnoma (GEREZ et al., 2010). Assim sendo, o sujeito deve ser observado nas suas mais
diversas potencialidades, respeitando suas limitaes. Dessa maneira, as intervenes
planejadas e estruturadas, podero contribuir na populao idosa, nas mais diversas
estratgias, seja ela de preveno ou de tratamento, para retardar os efeitos deletrios do
envelhecimento.
Porm, encontramos uma lacuna na literatura referente especificamente s
atividades com msicas associadas aos movimentos da vida cotidiana e os seus possveis
benefcios na populao que est envelhecendo.
Nesse sentido, o entendimento, os levantamentos e as discusses atuais sobre
envelhecimento, atividade fsica e/ou exerccio fsico, qualidade de vida e percepo
corporal se fazem necessrios, nas mais diversas reas da sade, de modo a embasarem a
implantao de novos programas de exerccios fsicos que possam contribuir de maneira
significativa, para que essa populao incorpore a atividade fsica em sua vida cotidiana e
passe a constituir uma vida mais saudvel.
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4
2. REVISO DE LITERATURA
Para que o desenvolvimento do tema estudado fosse elucidado e aprofundado,
realizamos uma investigao na literatura (em livros, artigos cientficos, dissertaes de
mestrado, teses de doutorado).
2.1 DADOS EPIDEMIOLGICOS NO ENVELHECIMENTO
O envelhecimento populacional mundial no um fato recente, e pode ser
caracterizado pelo aumento na proporo da populao a partir de 60 anos, para pases em
desenvolvimento, e de 65 anos, para os pases desenvolvidos, em relao sua populao
total (NOGUEIRA et al., 2008).
A mudana no quadro demogrfico etrio ocorre e est ocorrendo de uma maneira
bem acelerada, dados da Organizao Mundial da Sade apresentados recentemente,
demonstram uma evoluo na expectativa de vida em todos os pases.
Em 1990, o Japo destacava-se com maior expectativa mdia de vida, em torno de
79 anos, neste mesmo ano o Brasil apresentava 67 anos e j uma cidade no continente
africano denominada Eritria apresentava apenas 36 anos. Em 2009 os dados apresentavam
a cidade italiana (San Marino) com a maior expectativa mdia de vida na faixa de 87 anos,
o Brasil passou a ter 73 anos e por fim a cidade de Malau com a menor escala na faixa de
47 anos, mas ainda demonstrando uma evoluo (WHO, 2011).
Em relao ao nmero de idosos no Brasil, este passou de 3 milhes, em 1960, para
7 milhes, em 1975, e para 20 milhes em 2008 (acrscimo de quase 700% em menos de
50 anos) (VERAS, 2009), essa transformao ocorre por conta de diversos fatores, devido
ao declnio da taxa de fecundidade (NASRI, 2008; CARVALHO; GARCIA, 2003),
aumento gradual da expectativa mdia de vida (NOGUEIRA et al., 2008; PEREIRA;
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5
CURIONI; VERAS, 2003) e por conta da evoluo tecnolgica e o avano da cincia que
interferem positivamente na preveno e controle de doenas (VERAS, 2007).
Este aumento da estrutura etria reiterado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica (IBGE, 2008). Este crescente envelhecimento populacional vem despertando
interesse de diversas reas de estudo, e surge uma preocupao constante no s com a
quantidade de anos no qual se vive, mas essencialmente com a qualidade de vida com o
avanar da idade.
2.2 CONCEITOS SOBRE O ENVELHECIMENTO
O envelhecimento pode ser caracterizado por um processo progressivo, contnuo,
natural e irreversvel que provoca mudanas em vrios sistemas: biolgicos, psicolgicos e
socioambientais que variam de indivduo para indivduo (CIPRIANI et al., 2010; CARMO;
MENDES; BRITO, 2008) acarretando alteraes que podem gerar limitaes na realizao
de suas atividades habituais (BOCALINI; SANTOS; MIRANDA, 2007) e limitaes
fisiolgicas, prejudicando a qualidade de vida (SEBASTIO et al., 2008) ocasionando
uma perda de adaptabilidade (SPIRDUSO, 2005) e a restrio nas capacidades funcionais
(MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004; MATSUDO; MATSUDO; BARROS-NETO,
2001) desta populao.
Todas as mudanas ocorridas no processo de envelhecimento acontecem de
maneira diferenciada entre os indivduos, portanto se faz necessrio, compreender e
distinguir os processos primrios e secundrios (BERGER, PARGMAN; WEINBERG,
2007) que so constitudos de eixos distintos, porm que interagem a todo o momento.
Os processos primrios esto intimamente associados com a idade cronolgica dos
indivduos, naturalmente pode ocorrer perda progressiva da viso, do nvel capilar (queda
de cabelo), alteraes na composio corporal, na massa ssea e declnio na aptido fsica.
-
6
Por outro lado, nos processos secundrios esto envolvidos os fatores ambientais e
comportamentais (stress elevado, tabagismo, sedentarismo e entre outros), que podem
favorecer o aparecimento de doenas (FERNANDES et al., 2009), consequentemente
levando a pessoa idosa a dependncia de outras pessoas ou de equipamentos especficos
para realizao de suas atividades cotidianas (MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004).
Em contrapartida, no se pode associar o processo de envelhecer, como um
processo somente de perdas fsicas e funcionais. Um novo conceito vem ganhando
destaque neste sculo e denomina-se envelhecimento ativo, para designar o
envelhecimento como uma experincia positiva, otimizando oportunidades de bem estar
fsico, mental e social atravs do curso natural de vida, sendo este um ensejo para aumentar
a expectativa de vida saudvel e proporcionar uma melhor qualidade de vida na velhice
(ALBUQUERQUE, 2008). Este conceito define que as pessoas devem refletir e perceber o
seu potencial fsico, social e mental, para que participem da sociedade de acordo com suas
necessidades e desejos, respeitando suas limitaes, com segurana e cuidados necessrios
(WHO, 2005).
Assim, h necessidade em saber distinguir entre as mudanas correspondentes aos
efeitos naturais do processo de envelhecimento, chamado de senescncia e as alteraes
provocadas por diversas doenas que podem acometer os idosos, configurando o processo
de senilidade (PASSARELLI, 1997)
2.3 PARMETROS DA APTIDO FSICA
No mbito da dimenso fsica, a preservao e/ou manuteno da capacidade
funcional, torna-se necessrio para se obter uma melhoria no desempenho das atividades
cotidianas, um ponto fundamental para o prolongamento por um maior tempo possvel de
uma vida mais saudvel (CIPRIANI et al., 2010).
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7
Assim, a capacidade funcional (CF), no que se refere dimenso fsica torna-se um
dos marcadores do envelhecimento, e pode ser definida como a disposio dos indivduos
para realizar as suas atividades cotidianas de forma independente (segura e eficaz),
incluindo as mais diversas tarefas como as ocupacionais, as recreativas, as de lazer e as de
auto cuidado (COELHO; QUADROS-JUNIOR; GOBBI, 2008; MATSUDO, 2002) e
medida que a idade cronolgica aumenta, as pessoas se tornam menos ativas, ocasionando
um prejuzo na sua independncia, evidenciadas nas atividades de cunho pessoal bsico
(escovar os dentes, tomar banho, vestir-se, despir-se, dentre outras) (CARMO; MENDES;
BRITO 2008). Portanto a sua manuteno e a sua preservao tornam-se fundamental para
prolongar a independncia dos indivduos (CIPRIANI et al., 2010).
Dentro desse mbito da CF, podemos citar as capacidades fsicas que so
necessrias para um melhor gesto motor e facilitam os movimentos da vida diria, como o
controle postural, a fora muscular, a agilidade dentre outras capacidades necessrias para
manuteno da vida.
Deste modo, o controle postural (CP), destaca-se como um processo pelo qual o
Sistema Nervoso Central (SNC) gera padres de atividades musculares, baseadas em
informaes sensoriais, para garantir a posio corporal desejada. O CP est relacionado
com dois objetivos, um que se refere orientao postural, no qual envolve a manuteno
da posio dos segmentos corporais, com a interao entre eles e com o ambiente, e o outro
se refere ao equilbrio, que est vinculado ao controle das foras internas e externas,
atuando sobre o corpo em situaes estticas ou dinmicas, de modo a manter o corpo na
posio e orientao desejada, portanto este mecanismo envolve uma interao dinmica
entre dois sistemas: o sensorial e o motor (FERRAZ; BARELA; PELLEGRINI, 2001;
TOLEDO; BARELA, 2010).
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8
Com o passar dos anos, o envelhecimento impe mudanas contnuas que
acometem o SNC que podem provocar a deteriorao nos mecanismos que envolvem o
controle postural (sistema visual, vestibular e somatossensorial), alteraes que levam uma
reduo na qualidade e na quantidade de informaes sensoriais, em decorrncia de uma
menor eficincia na captao de estmulos, tornando-os mais lentos, acarretando uma
maior solicitao dos processos que anteriormente eram automatizados, para
contrabalancear a perda (ROWER; ROSSI; SIMON, 2005; ALMEIDA; VERAS; DOIMO,
2010), poder ocorrer um enfraquecimento do sistema motor (fibras musculares, massa
muscular e consequentemente a fora), afetando a manuteno da postura ereta, assim
poder reduzir a percepo do movimento articular e consequentemente o controle postural
das pessoas idosas (FERRAZ; BARELA; PELLEGRINI, 2001; TOLEDO; BARELA,
2010).
Sendo assim, essas perdas podem ocasionar uma reduo na sua autonomia social,
reduo de suas atividades cotidianas e reduo dos movimentos corporais (ROWER;
ROSSI; SIMON, 2005), resultando em sofrimento, instabilidade corporal, medo de cair e
altos custos de tratamento (SIMONCELI et al., 2003). Portanto, o medo de cair e
efetivamente as quedas podem levar a uma dependncia funcional. As quedas representam
uma das principais causas de morte nesta populao, aproximadamente 30% de pessoas
com mais de 65 anos sofre uma queda por ano, dos quais a metade pode acontecer de
maneira recorrente (GUIMARES; FARINATTI, 2005).
Como resultante do envelhecimento fisiolgico tambm, h uma perda progressiva
de massa muscular esqueltica, e consequentemente da fora muscular, processo
denominado de sarcopenia (CRUZ-JENTOFT et al., 2011; SILVA et al., 2006). Estima-se
que, a partir dos 40 anos, ocorre declnio gradativo por volta de 5% de perda de massa
muscular a cada dcada, esta perda torna-se acentuada aps os 65 anos de idade (SILVA et
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9
al., 2006). Por outro lado, outro conceito relacionado com o declnio da fora muscular
denominado dinapenia, parece no estar relacionado ao processo degenerativo de massa
muscular, mas sim intimamente ligado a uma perda ou dficit na atividade neural e na
conexo de unidades motoras (MANINI, 2011). Portanto, a fora muscular pode ser
considerada como um componente fundamental na aptido fsica e pode ser definida, como
a quantidade mxima de fora que um msculo ou grupo muscular pode gerar em um
padro especfico de movimento realizado em dada velocidade (FLECK; KRAEMER,
1999). Vale ressaltar a importncia da conservao e/ou preservao da fora muscular na
capacidade de trabalho com o avanar da idade, no qual h uma tendncia progressiva ao
declnio (SILVA; FARINATTI, 2007). Com a diminuio na fora muscular, ocorrem
alteraes que levam a diminuio do torque articular rpido que so necessrias para as
atividades que requerem uma fora muscular moderada, como movimentos de elevar-se da
cadeira, manter o equilbrio corporal e subir escadas (PEDRINELLI; GARCEZ-LEME;
NOBRE, 2009), ou seja, afetam diretamente o dia-a-dia dos indivduos.
Outra capacidade fsica que pode ser afetada com o passar dos anos, a agilidade.
E esta, pode ser uma varivel caracterizada por uma capacidade de realizar movimentos
rpidos com mudanas, em relao direo e o sentido, provocando alterao do centro
de gravidade do corpo todo ou parte dele (RIGO, 1977; BOMPA, 2002; MIYASIKE-DA-
SILVA, et al., 2002; ALMEIDA; VERAS; DAIMO, 2010).
Assim, com a perda progressiva das clulas nervosas, pode ocorrer perda de
funes proprioceptivas das articulaes, consequentemente enfraquecendo e retardando as
respostas motoras, essas alteraes podem provocam retardos e dificuldades no
desempenho de tarefas cotidianas (GUIMARES; FARINATTI, 2005).
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2.4 PARMETROS DA PERCEPO CORPORAL
Durante o processo natural de envelhecimento, o sistema nervoso central (SNC)
pode sofrer vrias mudanas, como por exemplo, a perda de neurnios, perdas dendrticas
e uma ramificao reduzida, menor metabolismo e perfuso cerebral, consequentemente
alterando as conexes entre os neurnios, reduzindo a velocidade de conduo nervosa
(HERNANDEZ et al., 2010; CARDOSO et al., 2007), resultando em um declnio na
funo somatossensorial (propriocepo), no sistema visual e no sistema vestibular, sendo
estes, importantes na execuo de tarefas do cotidiano (HERNANDEZ et al., 2010).
As investigaes cientficas sobre o SNC e a relao com a percepo corporal
iniciaram no mbito de estudo da neurologia, no qual procuravam compreender as
associaes entre as regies corticais e o reconhecimento corporal, principalmente em
indivduos que sofreram algum tipo de leso cerebral. Ao longo dos anos, houve um
avano nas pesquisas referentes ao estudo da percepo corporal, implicando em uma
diversidade no campo de estudo e contradies conceituais sobre o tema (TAVARES,
2003).
Desta forma, no campo subjetivo da PC, encontramos a Imagem Corporal (IC), que
pode ser definida, como um conjunto complexo de intenes e disposies acerca das
crenas, atitudes e percepes no qual o objeto principal o seu prprio corpo, formando a
figura do seu corpo em sua mente (MULLIS, 2008). Na IC esto presentes os afetos, os
valores, a histria pessoal expressada nos gestos, no olhar e no corpo em movimento
(TAVARES, 2003). Lewis e Scannell (1995) definem como uma subjetiva representao
mental da aparncia fsica formada a partir de estmulos visuais, sensaes tteis e
cinestsicas que sofrem constantes alteraes de acordo com os estmulos ambientais.
Assim, verifica-se que h uma tendncia nos estudos em investigar a relao entre
os aspectos sociais, psquicos e biolgicos e sua relao com a percepo do corpo, bem
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como as questes relacionadas s dimenses corporais, abrangendo com destaque algumas
reas de estudos especficas, tais como: distrbios alimentares (OLIVEIRA et al., 2003;
SAIKALI et al., 2004; PETTERSON et al., 2004; LOKKEN; WORTHY; FERRARO,
2008; HRABOSKY et al.; 2009), a relao entre a aparncia fsica e as questes sociais,
(SCHWARTZ; BROWNELL, 2004; CONTI; FRUTUOSO; BAMBARDELLA, 2005;
MASSET; SAFONS, 2008; BLOND, 2008; GRAMMAS; SCHWARTZ, 2009), relao do
movimento com a PC (ARAJO; ARAJO, 2003; DAMASCENO et al., 2003;
DAMASCENO et al., 2005; VIEIRA et al., 2006; HAUSENBLAS; FALLOW, 2006;
ARBOUR; GINIS, 2008) a influncia do fator idade na PC (CAMPAGNA; SOUZA, 2006;
MATSUO, 2007; VERPLANKEN; VELSVIK, 2008), dentre outros.
Por outro lado, no campo neurolgico da percepo corporal (PC) h estudos acerca
do EC, e este que pode ser compreendido como um campo de funes biolgicas, que
fornecem a integrao de sucessivos sinais proprioceptivos, atuando no reconhecimento
imediato do nosso corpo em funo da inter-relao das suas partes, com o espao e com
os objetos ao seu redor (MARAVITA; IRIKI, 2004). A organizao das sensaes
proprioceptivas em relao ao mundo exterior imprescindvel para o movimento humano,
portanto o EC atua como um guia para os movimentos (HOLMES; SPENCER, 2004),
apresentando uma capacidade plstica, ou seja, qualquer alterao postural e estmulos
exteroceptivos podem modific-lo. Neste campo de estudo a maior parte dos estudos
identificados pertence literatura internacional e esto vinculados ao entendimento da
formao e desenvolvimento do EC a nvel neurolgico, que compreende desde as
associaes das regies do crtex cerebral com a percepo do corpo no espao, at o
entendimento do processamento destas informaes originadas a partir de estmulos
visuomotores, tteis, proprioceptivos, exteroceptivos (GALLESE et al., 1996;
GRAZIANO, 1999; GRAZIANO et al. 2000; NGR; PRICE, 2000; MARAVITA;
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SPENCE; DRIVER, 2003; HOLMES; SPENCER, 2004; LLOYD; MORRISON;
ROBERTS, 2006; SCHICKE; RODER, 2006; BERTI et al, 2007; VIDONI; BOYD, 2008;
CARDINALLI; BROZZOLI, 2009; MEDINA; COSLETT, 2010)
Na relao, envelhecimento e EC, nota-se que h uma lacuna na literatura, pois so
escassos os estudos que abordam com profundidade este tema, pois as alteraes que
ocorrem no envelhecimento podem ser interpretadas de forma distorcida pelo crtex
cerebral, levando o indivduo a subestimar a prpria dimenso corporal. Assim, as
redues nos parmetros corporais podem gerar a sensao de encolhimento corporal
maior do que de fato acontece. Para corroborar com este fato, Pereira et al., (2010) ao
avaliar 13 idosos em seu estudo transversal, observaram que 62% dos idosos apresentaram
distoro na percepo da dimenso corporal. Alm disso, a velhice a ltima etapa do
ciclo natural da vida, momento caracterizado por uma srie de perdas significativas, com
o possvel incremento das doenas crnico-degenerativas, a viuvez, morte de amigos,
ausncia de papis na sociedade, isolamento social, dificuldades financeiras, as quais iro
de alguma forma afetar a sua auto-estima (GATTO, 2002). Assim, a percepo corporal
influenciada a todo o momento pelos conceitos e valores da sociedade em que vivemos, ou
seja, formamos uma estrutura corporal a partir de sensaes e, ao mesmo tempo, somos
influenciados pelo meio em que vivemos. (SILVA; FOSSATTI; PORTELLA, 2007;
BEDFORD; JOHNSON, 2006; FEDERICI, 2004).
Nos idosos, esse parece ser um momento desafiador, visto que o envelhecimento na
sociedade atual est carregado de esteretipos associados apenas aos declnios fsicos e a
perdas. Portanto, neste momento a percepo do corpo pode sofrer influncias devido
viso negativa do processo de envelhecimento e a inabilidade de perceber seu prprio
corpo em idosos pode estar associada ao insucesso na tentativa de reverter s mudanas
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13
corporais decorrentes do envelhecimento e de alcanar tal padro fsico socialmente
idealizado (TRIBESS, 2006).
2.5 QUALIDADE DE VIDA
Diante da realidade inquestionvel das transformaes demogrficas, que
demonstram uma populao cada vez mais envelhecida, nota-se a importncia de
proporcionar aos idosos no s uma longevidade maior, mas tambm, uma melhor
qualidade nos anos que esto vivendo (VECCHIA et al., 2005). Evidencia-se que a
avaliao da Qualidade de Vida (QV) tem recebido grande destaque em diferentes reas de
conhecimento (Educao Fsica, Medicina, Enfermagem, Psicologia, Sociologia entre
outros) nos ltimos anos, embora inexista um consenso na literatura sobre o seu
significado, pode ser considerada como um fator diretamente ligado e responsvel pelo
aumento ou pelo decrscimo na longevidade da populao. Sendo assim, uma preocupao
constante em manter hbitos que garantam uma velhice saudvel marca uma nova era, a
era da conscientizao (ALENCAR et al., 2010).
De acordo com a Organizao Mundial da Sade (OMS), a QV pode ser definida
como a percepo que o individuo tem sobre sua posio na vida, inter-relacionando com a
cultura no qual est inserido, bem como a inter-relao dos seus objetivos, expectativas,
padres e preocupaes (WHOQOL GROUP, 1998).
Em seu estudo Vecchia et al. (2005) ressaltam que a auto-estima, bem estar pessoal,
o nvel socioeconmico, o estado emocional, a interao social, a atividade intelectual, o
autocuidado, o suporte familiar, o estado pessoal da sade, valores culturais, valores ticos,
religio, atividades laborais, atividades da vida diria e o ambiente em que se vive tambm
relacionam significativamente com o conceito de QV.
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Outros estudiosos conceituam como uma valorizao subjetiva que o individuo faz
de diferentes aspectos de sua vida, em relao ao seu estado de sade (GUITERAS;
BAYS, 1993), por outro lado, pode ser atribuda a durao da vida, modificada pelos
prejuzos influenciados por doenas, dano, tratamento ou polticas de sade (EBRAHIM,
1995)
Conclui-se que, a QV pode ser considerada como um conceito amplo, complexo e
subjetivo, que varia de individuo para individuo, e podem modificar com passar do tempo,
desta forma indivduos jovens podem priorizar os aspectos relacionados ao trabalho e as
finanas e os idosos julgariam a sade e a mobilidade como importantes para a qualidade
de sua vida (IRIGARAY; TRENTINI, 2009)
Sendo assim, o conhecimento acerca da QV refere-se como um indicador na
avaliao do impacto fsico e psicossocial que as enfermidades, disfunes ou
incapacidades, podem acarretar para as pessoas, principalmente as que esto passando por
um processo de envelhecimento, permitindo um melhor entendimento e conhecimento dos
indivduos e de sua adaptao a esta condio.
2.6 EXERCCIO FSICO, ATIVIDADE FSICA E ENVELHECIMENTO
No mbito acadmico, muitos estudiosos, buscam desenvolver estratgias que
permitem contribuir para um aumento da longevidade dos indivduos (FERNANDES et al.,
2009; SEBASTIO et al., 2008). Destaca-se ento, a influncia do exerccio fsico e/ou
atividade fsica na populao que est envelhecendo.
Uma forte ateno tem sido dada, s necessidades assistenciais ao idoso e uma
promoo da atividade fsica regular, este considerado como uma das principais medidas
no farmacolgicas propostas para declnios que podem acontecer com o passar dos anos,
portanto, pode ser considerado como uma ferramenta eficiente para retardar, minimizar
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15
e/ou reverter grande parte dos prejuzos sejam eles no mbito fsico, social ou psicolgico
(VOGEL et al., 2009).
Um aspecto importante, que permitir um envelhecimento saudvel, iniciar a
prtica de atividades fsicas na infncia e dar continuidade durante toda a vida. Desta
forma percebe-se que a adoo de um estilo de vida ativo, tende a reduzir de maneira
significativa o ndice de doenas e a mortalidade precoce (KRAUS, 1997). Mesmo
iniciando a prtica tardiamente tambm se observam diversos beneficios.
Por outro lado, sabe-se que a ausncia de atividade fsica regular pode agravar e at
mesmo antecipar alguns processos, acarretando efeitos negativos sobre a vida do
indivduo, provocando o aparecimento de obesidade, problemas cardiovasculares, diabetes,
aumento nos nveis de presso arterial, entre outros, transformando-se em um fator
determinante para uma velhice deteriorada (CARMO; MENDES; BRITO, 2008; MELLO;
FERNANDEZ; TUFIK, 2000).
Na literatura pesquisada, h um consenso, afirmando que o exerccio fsico e/ou
atividade fsica tornam-se fundamental na vida das pessoas idosas (FERNANDES et al.,
2009), e estes podem ser considerado como um fator de importante para preservao da
sade, reduo dos efeitos deletrios e manuteno do nvel de capacidade funcional dos
idosos (SEBASTIO et al., 2008).
Uma atividade fsica moderada e realizada regularmente est associada com uma
reduo na mortalidade das pessoas idosas, alm de exercer um efeito positivo na
preveno primria da doena coronria (VOGEL et al., 2009). Consequentemente, a
insero da atividade fsica no cotidiano est relacionada com melhoras significativas nas
condies de sade, como no controle do stress, da obesidade, do diabetes, das doenas
coronarianas e tambm a aptido funcional da pessoa idosa (CIPRIANI et al.,2010;
GOBBI; 1997). Encontram-se alteraes positivas na reduo de perfil lipdico, melhora na
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16
composio corporal (reduo na massa adiposa), reduo e controle de presso arterial e
preveno de acidente vascular enceflico (VOGEL et al., 2009), e dentro dos inmeros
benefcios, esto, o aumento da densidade ssea, a melhora da fora, da flexibilidade e do
equilbrio (ALMEIDA; VERAS; DOIMO, 2010; VOGEL et al., 2009). Alm disso, alguns
estudos longitudinais sugerem que a atividade fsica est ligada a um risco reduzido de
desenvolver demncia e doena de Alzheimer (LARSON et al., 2006; WEUVE et al., 2004;
COLCOMBE; KRAMER, 2003; LAURIN et al., 2001).
Segundo a recomendao do Americam College of Sports Medicine (ACSM)
associada ao Americam Heart Association (AHA) para indivduos idosos um programa de
exerccios poder conter, atividades para capacidade aerbia, exerccios resistidos, alm de
atividades para a flexibilidade, e equilbrio corporal (HASKELL et al., 2007; NELSON et
al., 2007).
Desta forma, a participao em programas de exercicios fisicos, nos quais os idosos
realizem trabalho de fora muscular, de flexibilidade, agilidade, equilibrio, capacidade
aerbia e coordenao tornam-se fundamentais para que estes possam realizar suas
atividades cotidianas de maneira independente (CIPRIANI et al., 2010).
Diversos estudos apresentam resultados benficos quando aplicadas atividades
como hidroginstica (ALVES et al., 2004; MEDEIROS; ARAJO, 2010), ginstica
(RIBEIRO et al., 2009; LIMA et al., 2010), exerccios resitidos (AVELAR et al., 2010;
BARROS; OLIVEIRA; OLIVEIRA-FILHO, 2011; BARBOSA et al., 2000), dana
(CIPRIANI et al., 2010; SEBASTIO et al., 2008; COELHO; QUADROS-JUNIOR;
GOBBI, 2008; BOCALINI; SANTOS; MIRANDA, 2007) entre outras atividades ou a
juno delas (FATOUROS et al., 2002; PAULI et al., 2009; CARMO; MENDES; BRITO,
2008; SIERPOWSKA; CIECHANOWICZ; WAILEWSKA, 2006) na populao idosa.
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17
2.7 MSICA
Um fator motivacional, que pode fazer com que os idosos permaneam ou
ingressem em atividades fisicas e/ou exercicios fsicos est relacionado msica,
tornando-se relevante a escolha de uma seleo musical que contribua para o prazer de
estar no ambiente (MIRANDA; GODELLI, 2003), e muitos consideram a msica como
uma forma de preveno contra a monotonia na atividade fsica sistematizada
(MIRANDA; GODELLI, 2002).
Neste contexto atividades acompanhadas com um estilo musical podem promover
encontros divertidos e dinmicos, a fim de promover a satisfao e o bem-estar dos
praticantes (SILVA; MAZO, 2007). Contudo se faz necessrio, que o profissional que ir
ministrar essas atividades fsicas e/ou exerccios fsicos com idosos, considere
minuciosamente as caractersticas e potencialidades deste estilo, para facilitar o
aparecimento de respostas prazerosas e eficientes (MIRANDA; GODELLI, 2003).
Entretanto, muita investigao ainda se faz necessria, pois em geral as pesquisas
que envolvem atividades com msicas, englobam idosos hospitalizados ou residentes em
instituies de longa permanncia (CRUISE et al., 1997; OTTO et al., 1999) e so raros os
estudos envolvendo idosos saudveis, inativos, ativos e independentes (MIRANDA;
GODELLI, 2002; MIRANDA; GODELLI, 2003).
Em seu estudo Miranda; Godelli (2002) observaram resultados interessantes
relacionando msica e atividade fsica aerbia em idosos, por meio de questes abertas:
Que tipo/estilo de msica voc gosta de ouvir? A frequncia de respotas foi de 80%
para msica popular brasileira (MPB) e 52% para msica popular estrangeira (MPE). Que
tipo/estilo de msica voc escolheria para fazer atividade fsica aerbia? 66% dos
entrevistados responderam msica popular brasileira e 29% responderam msica popular
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estrangeira. Quando a msica tocada na aula, voc saberia dizer o que dela influencia
voc? A maior frequncia de resposta foi o ritmo (69%) e a menor foi a letra (17%).
Importante salientar que o componente principal em todas as msica o ritmo,
alm disto, ele torna-se o elemento de ligao entre a pessoa e a msica (RADOCY;
BOYLE, 1979; HOHLER, 1989).
Portando nota-se que h relevncia no estilo de msica escolhido e ester pode ser
um fator influenciador para que os idosos adotem um estilo de vida ativo, para assim
manter os beneficios da atividade fsica e/ou exercicio fsico em seu cotidiano.
Contudo, diante do exposto, nota-se uma falha na literatura quanto a evidncias
cientficas relatando os possveis benefcios de exerccios que simulam atividades de seu
cotidiano, por meio de msicas (MPB e MPE) instrumentais para os idosos.
A partir disso, surgiu o questionamento do nosso trabalho. Ser que um programa
de exerccios fsicos que simulem movimentos da vida diria acompanhado de um fundo
musical ritmado, poder contribuir para a qualidade de vida e na melhora da capacidade
funcional de Idosos?
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3. OBJETIVO GERAL
Analisar os efeitos de um programa de exerccios ritmados (PER) que simulem
atividades do cotidiano na resposta funcional, na percepo corporal e na qualidade de vida
de idosos.
3.1 OBJETIVOS ESPECFICOS
Selecionar as msicas para elaborao de um PER;
Elaborar o PER com trs nveis de complexidade;
Aplicar o PER em indivduos com mais de 60 anos por um perodo de 12 semanas
consecutivas;
Avaliar os efeitos do PER sobre os nveis da resposta funcional:
o Equilbrio;
o Fora muscular;
o Agilidade.
Avaliar os efeitos do PER sobre a percepo corporal;
Avaliar os efeitos do PER sobre a qualidade de vida.
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4. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
Neste captulo descreveremos e detalharemos todos os procedimentos realizados
neste estudo, bem como a explicao de todas as etapas executadas.
4.1 ASPECTOS TICOS
Este estudo foi aprovado pelo Comit de tica da Universidade So Judas Tadeu,
sob o nmero 064/2010 (Anexo I), em conformidade com a Resoluo 196/96 do
Conselho Nacional de Sade, que regulamenta os procedimentos metodolgicos em
pesquisa com Seres Humanos.
Todos os indivduos envolvidos neste estudo concordaram em assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo II), de acordo com as exigncias
ticas, no qual constavam todos os procedimentos para esta pesquisa.
4.2 CARACTERIZAO DO ESTUDO
Este estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa experimental (THOMAS et
al., 2007), por investigar a resposta funcional e a qualidade de vida, por meio de um
programa indito de exerccios ritmados, que simulem movimentos do dia-a-dia.
4.3 SUJEITOS
Foram selecionados 29 indivduos, dentre eles homens e mulheres, com idade igual
ou superior a 60 anos, a maioria residente na Zona Leste de So Paulo, no Bairro da Mooca
e/ou proximidades. Todos foram selecionados a partir de divulgao interna (cartazes) na
Universidade So Judas Tadeu e por meio de anncios expostos em jornais e revistas da
regio, divididos em 02 grupos: 16 sujeitos compondo o grupo experimental (GE) e 13
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21
sujeitos compondo o grupo controle (GC), os sujeitos foram divididos em seus grupos, por
convenincia e disponibilidade na realizao das aulas.
4.4 CRITRIOS DE INCLUSO
Os critrios de incluso foram: ter idade igual ou superior a 60 anos, possuir
qualquer nvel de escolaridade e qualquer nvel socioeconmico, estarem classificados nos
nveis trs ou quatro de status funcional conforme proposto por Spirduso (2005), ou seja,
ser independente e inativo (nvel 3) ou j ativo (nvel 4) e ter frequncia superior a 75%
nas aulas ministradas.
4.5 CRITRIOS DE EXCLUSO
Por outro lado os indivduos que apresentassem dificuldades de compreenso que
prejudicassem o entendimento das avaliaes realizadas ou que induzissem a erros no
preenchimento dos instrumentos e que posteriormente no poderiam, por questes ticas e
do mtodo, ser corrigidas pelo avaliador foram excludos.
Estar envolvido em outra atividade fsica oferecida pela USJT.
E os indivduos que tomassem ou necessitassem de algum medicamento contnuo
relacionado ao aparelho locomotor, tambm no fizeram parte da amostra.
4.6 DESENVOLVIMENTO DO PROTOCOLO DE PESQUISA
Aps a aprovao do comit de tica em pesquisa, desenvolvemos a organizao do
protocolo de pesquisa, respeitando as seguintes etapas:
Etapa 1 Seleo das msicas: todas as msicas selecionadas para este projeto
foram escolhidas por serem de carter instrumental, que possussem uma cadncia musical
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entre 90 bpm (batimento por minuto) a 130 bpm, a msica instrumental foi escolhida para
este estudo para que os indivduos fixassem a ateno na execuo dos movimentos e no
na letra da cano.
Etapa 2 Seleo dos movimentos: aps seleo das msicas, estas foram
estudadas individualmente, na questo do ritmo, para que houvesse a combinao dos
movimentos com a msica selecionada, todos os exerccios escolhidos baseavam-se em
atividades do cotidiano e nas habilidades motoras bsicas.
Etapa 3 Transcrio da aula: Todas as msicas combinadas com os movimentos
foram descritas e transcritas minuciosamente para que o protocolo seguisse fidedigno ao
objetivo proposto.
Etapa 4 Preparao dos mdulos: Aps o planejamento das primeiras msicas,
combinadas com os exerccios, foram denominadas como mdulo I, aps a aplicao deste
nos indivduos, foi realizado o mesmo procedimento para o segundo mdulo, aumentando
o grau de complexidade, ou seja, combinando as habilidades motoras, como por exemplo:
no primeiro mdulo foi realizado o movimento de agachar e levantar e para o segundo
mdulo acrescentamos os movimentos de membros superiores neste exerccio, e houve
tambm um aumento na intensidade da realizao da tarefa, ou seja, os indivduos
realizavam determinados movimentos, de forma rpida e para a elaborao do terceiro
mdulo, seguimos os mesmos procedimentos, porm os movimentos eram realizados em
duplas. O protocolo desenvolvido foi caracterizado na intensidade moderada nos aspectos
fisiolgicos e neurofuncionais.
Etapa 5 Determinao do nome do protocolo de pesquisa: aps a aplicao dos
trs mdulos das atividades corporais, caracterizamos e denominamos um programa de
exerccios ritmados (PER), como Movimentao Corporal Snior (MCS).
-
23
4.7 SEQUNCIA EXPERIMENTAL
Todos os participantes selecionados foram informados dos objetivos e
procedimentos do estudo, e estavam cientes que a sua participao poderia agregar
conhecimento sobre si e aspectos relativos ao envolvimento de idosos em programas de
exerccios fsicos, alm da possibilidade de melhoria na resposta funcional e qualidade de
vida, bem como da possibilidade reduzida de riscos na sua participao. Neste momento
todos assinaram o TCLE.
O Fluxograma deste estudo est exemplificado abaixo (Figura 1).
Figura 1 Fluxograma do projeto
O Grupo Experimental (GE) realizou as avaliaes iniciais (Anamnese,
questionrio sobre o nvel de atividade fsica e qualidade de vida, testes de fora muscular,
agilidade, equilbrio dinmico e percepo corporal) e aps foi submetido aplicao do
protocolo MCS, que consistiu em aulas coreografadas, simulando atividades do cotidiano,
as aulas foram realizadas por duas vezes na semana, as segundas e quintas feiras dentro da
Universidade So Judas Tadeu, durante 12 semanas consecutivas.
-
24
As aulas tinham durao de 60 minutos cada, sendo que os primeiros 10 minutos
foram aplicados estmulos perceptuais, que eram compostos por estmulos para
reconhecimento dos segmentos corporais e comparao entre os lados. Aps, iniciamos a
fase principal da aula, a qual, os sujeitos realizavam aquecimento corporal e efetivamente a
prtica de exerccios que simulavam movimentos do cotidiano, as aulas receberam o aporte
musical instrumental, nos quais o ritmo servia como um parmetro para execuo dos
movimentos.
O tempo de durao foi sempre de 35 a 40 minutos. A etapa denominada volta
calma, era caracterizada por estmulos perceptuais (como por exemplo: movimentos
realizados com a bolinha de tnis) e relaxamento, que compunham os 10 minutos finais da
aula.
Vale salientar, que todas as aulas, foram ministradas pela mesma professora, e
respeitando a ordem dos respectivos exerccios e quando necessrio foram realizadas
adequaes para que os sujeitos que necessitavam de algum cuidado especial realizassem
as aulas, sempre respeitando as potencialidades individuais e o objetivo proposto.
O ambiente de aplicao das atividades dispunha de todos os materiais necessrios
para que as aulas seguissem sempre fiel ao seu roteiro pr-determinado, e no ambiente no
tnhamos o aporte do espelho, propositalmente para que os sujeitos atentassem somente
para execuo de seus movimentos, a partir do feedback proprioceptivo e no visual.
As descries detalhadas das aulas e dos mdulos encontram-se no CD em Anexo.
O Grupo Controle (GC) foi composto por Idosos, com histrico recente de
atividades fsicas e/ou exerccios fsicos (indivduos que realizam atividades espordicas
nos ltimos 6 meses), estes realizaram as avaliaes iniciais, e no participaram da
aplicao do protocolo MCS, durante o mesmo perodo de tempo do GE.
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4.7.1 INSTRUMENTOS APLICADOS
Caractersticas sociodemogrficas e condies gerais:
Anamnese (Anexo III);
Questionrio sobre nvel de Atividade Fsica (Anexo IV).
Indicador subjetivo de Qualidade de vida:
World Health Organization Quality of Life Questionnaire (WHOQOL-bref), verso
reduzida do WHO Quality of Life Questionnaire, aplicado no idioma portugus por
Fleck et al. (2000) juntamente com a verso (WHOQOL old) (Anexo V)
Questionrio aberto contendo uma pergunta sobre alguma possvel mudana que o
indivduo tenha percebido aps a prtica da atividade proposta (Anexo VI)
Fora Muscular:
Membros Superiores - Preenso Manual (MATSUDO, 2004);
Membros Inferiores - Teste de levantar da cadeira em 30 (YAMAUCHI et al.,
2005; ROGERS et al., 2003; RIKLI; JONES, 1999).
Agilidade:
Teste de sentar e levantar da cadeira e locomover-se pela casa (ANDREOTTI;
OKUMA, 1999).
Equilbrio Dinmico:
Tandem Walk Test (HAUSDORFF et al., 2001; ROOKS et al., 1997).
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Percepo Corporal:
Procedimento de marcao do Esquema Corporal ou Image Marking Procedure
(IMP) (ASKEVOLD, 1975 e adaptado por THURM, 2007).
Escala de Figuras de Silhuetas para avaliao da Imagem Corporal (STUNKARD,
1983 adaptados por KAKESHITA, 2008)
4.7.2 PROCEDIMENTO PARA APLICAO DOS TESTES
Fora muscular Preenso Manual
Material: Dinammetro de preenso manual Marca: Dayhome Modelo: EH 101
O avaliado foi colocado na posio ortosttica e aps o ajuste para o tamanho da
mo e com marcador digital na escala zero, o aparelho foi segurado confortavelmente,
ficando paralelo ao eixo longitudinal do corpo. Durante a preenso manual o brao
permanece imvel, havendo somente a flexo das articulaes inter-falangeanas e
metacarpo-falangeanas (Figura 2). Foram realizadas duas medidas em cada mo, de forma
alternada, considerando a melhor execuo de cada uma das mos, como resultado efetivo
do teste.
Figura 2 Dinammetro preenso palmar
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Fora muscular Levantar da cadeira em 30
Materiais: cronmetro, cadeira com encosto reto sem braos, com altura aproximada de 43
cm. Por razes de segurana, a cadeira permaneceu encostada na parede, para impedir sua
movimentao durante o teste.
O avaliado permaneceu sentado na cadeira, com as costas eretas e os ps apoiados
no cho. Os braos ficam cruzados contra o trax. Ao sinal de ateno, j o avaliado se
levantou, ficando totalmente em p e ento retornou a posio sentada (Figura 3)
completamente. O avaliado foi orientado a sentar-se completamente o maior nmero
possvel de vezes em 30 segundos. Caso o avaliado estivesse com mais da metade da
execuo do movimento ao final dos 30 segundos, contou-se como um movimento
completo.
Figura 3 Teste de levantar e sentar da cadeira durante 30 segundos
Agilidade Sentar-Levantar da cadeira e locomover-se pela casa
Materiais: Sala ampla, cadeira sem os braos, com acento possuindo 40 cm de altura em
relao ao cho, fita mtrica ou trena, dois cones, cronmetro e fita adesiva.
Posicionou-se a cadeira no solo e foi demarcado um X com fita adesiva (a cadeira
tende a mover-se durante o teste). A partir de tal demarcao, colocar dois cones
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28
diagonalmente cadeira: a uma distncia de 4 metros para trs e 3 metros para os lados
direito e esquerdo da cadeira.
O avaliado iniciou o teste sentado na cadeira, com os ps fora do cho. Ao sinal de
ateno, j o sujeito se levantou, moveu-se para a direita, circulou o cone, retornou para
a cadeira, sentou-se e retirou ambos os ps do cho. Sem hesitar, levantou-se novamente,
moveu-se para a esquerda, circulou o cone e sentou-se novamente, tirando ambos os ps do
cho. Imediatamente, realizou um novo circuito (exatamente igual ao primeiro). Assim, o
percurso consistiu em contornar cada cone por duas vezes, alternadamente para direita e
para esquerda. Nos momentos em que o avaliado se levantou da cadeira, poder se utilizar
do encosto da cadeira. Iniciou o cronmetro no momento em que o avaliado colocou os ps
no cho e paramos quando se sentou pela quarta vez (sem o apoio dos ps). O avaliado foi
instrudo a realizar o percurso o mais rpido possvel. Foram realizadas duas tentativas,
com 60 segundos ou mais de intervalo entre elas, sendo considerada a melhor, com o
tempo anotado em segundos.
Equilbrio dinmico (Tandem Walk Test)
Materiais: superfcie plana, cronmetro e fita adesiva.
A proposta foi medir o tempo de uma caminhada de 6,10 metros, a cada passo, o
calcanhar deveria estar diretamente frente dos dedos do outro p, matendo-os
rigorosamente alinhados, diminuindo a base de sustentao (Figura 4). Foi anotado o
tempo gasto para percorrer o percurso, e a quantidade de erros cometidos em relao
manuteno do alinhamento dos ps. O avaliado iniciou em p, com os ps imediatamente
antes da marca no incio do percurso. O avaliador orientou o avaliado a caminhar o mais
rpido possvel. O incio do teste foi registrado a partir do momento em que o avaliado
iniciou a caminhada, e a contagem do tempo foi encerrada no momento em que o
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29
participante ultrapassou um p do percurso estabelecido. Utilizamos uma tentativa de
aprendizagem sem a contagem de tempo e erros e mais trs tentativas, das quais se utilizou
o valor mdio das trs tentativas, sem a fase de aprendizado. Entre as tentativas realizou-se
um descanso de 20 a 30 segundos ou mais se necessrio.
Figura 4 Execuo do Tandem Walk Test
Importante salientar, que Nonodim e Alexander (2005) sugerem que o desempenho
de 10 passos sem falhas pode ser um indicativo importante na ausncia de srios problemas
de equilbrio ou da marcha, fatores que exibem implicaes evidentes no desempenho
funcional do idoso. Este parece sofrer influncia de programas de caminhada e de
exerccios de fora, possibilitando a deteco, assim, de alteraes funcionais no que
concerne ao equilbrio dinmico (ROOKS et al., 1997).
Percepo Corporal Teste do Esquema Corporal - Image Marking Procedure (IMP)
Materiais: Etiquetas adesivas, rgua, fita mtrica, cmara fotogrfica digital.
Procedimento de Marcao do Esquema Corporal, que foi descrito inicialmente por
Askevold (1975) e adaptado por Thurm (2007), consiste em um teste projetivo no qual em
seu procedimento os sujeitos foram marcados com lpis dermatogrfico nas seguintes
regies corporais: articulaes acromioclavicular direita e esquerda, curvas da cintura
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30
direita e esquerda, trocnteres maiores do fmur direito e esquerdo (quadril). Tal
procedimento teve como objetivo garantir que todos os sujeitos fossem tocados nos
mesmos locais. Os sujeitos permaneceram em posio ortosttica diante de uma plataforma
branca de 2m de altura e 1m30cm de largura fixado na parede (Figura 5), os sujeitos
ficaram a uma distncia determinada pelo membro superior semi-fletido de forma que sua
mo atingisse a plataforma, e por meio das orientaes verbais eles foram instrudos a
realizar o teste de olhos vendados e que deveriam imaginar que a plataforma era um
espelho e iriam se imaginar, se vendo nele.
Figura 5 Plataforma utilizada na aplicao do IMP, no qual pode ser identificado o resultado do teste: as etiquetas coloridas (verde, vermelha
e preta) e menores indicam a projeo dos pontos percebidos apontados
pelo sujeito (seta branca) e a etiqueta maior (azul) indica os pontos reais
avaliados pelo examinador (seta branca). O nmero SUJ 01 representa a identificao do avaliado.
O primeiro ponto anatmico avaliado foi o alto da cabea e no momento os
indivduos foram instrudos a realizarem uma apnia inspiratria, e projetaram esse ponto
SUJ. 01
-
31
na parede, em seguida os sujeitos foram tocados nos pontos marcados e apontaram na
parede com o dedo indicador a projeo desse ponto.
Os pontos marcados foram estimulados na seguinte ordem: ponto mais alto da
cabea, articulao acromioclavicular direita, articulao acromioclavicular esquerda,
curva da cintura direita, curva da cintura esquerda, trocnter direito e trocnter esquerdo.
Nesse momento os avaliadores identificaram esse ponto na parede, por meio de uma
etiqueta menor. Esse procedimento foi realizado por trs vezes consecutivas e em
sequncia.
Aps foi colocado o sujeito prximo plataforma, e utilizando uma rgua em L,
apoiada em um ngulo de 90 em relao ao eixo longitudinal do corpo, para a marcao
dos pontos reais fixando uma etiqueta maior. Para evitarmos erros nas marcaes, se
estabilizou a regio cervical com o apoio da mo impedindo o balano postural.
Esses pontos marcados na parede, juntamente com a fita mtrica e a identificao
do sujeito foram fotografadas com uma mquina digital para posterior anlise. As medidas
avaliadas foram s distncias dos pontos marcados pelo sujeito e pelo avaliador no plano
horizontal que representa a largura corporal (distncia entre o lado direito e o lado
esquerdo), e no plano vertical que representa a altura (distncia que ir do solo at a
indicao do ponto) entre o real e percebido.
Portanto, este teste nos permite avaliar a relao entre a dimenso percebida (DP) e
a dimenso real (DR). Com base nesses valores foi calculado ento o ndice de Percepo
Corporal (IPC) que representado por meio da seguinte frmula:
IPC = DP / DR x 100 (%)
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32
De acordo com Fisher (1990), por meio deste clculo, determinou-se um valor que
foi expresso em porcentagem que diferenciou o IPC de cada sujeito. Alm de calcularmos
o IPC para cada regio corporal, tambm foi realizado o clculo do IPC geral (IPCg),
determinado pela mdia do IPC da altura da cabea, da largura do ombro, da cintura e do
trocnter, sendo estes os parmetros para anlise quantitativa desta pesquisa.
Para categorizao do IPC para cada regio corporal, no encontramos na literatura
subsdios que nos forneam uma classificao adequada para uma populao idosa,
entretanto, em um estudo conduzido pelo Grupo de Estudos do Laboratrio de Percepo
Corporal e Movimento da USJT (PEREIRA et al., 2010), optou-se por categorizar o IPCg
a partir da distribuio de mdia em percentis, sendo adotado como intervalo adequado os
valores compreendidos entre o 1 quartil (percentil 25) e o terceiro quartil (percentil 75),
delimitando-se assim os parmetros para classificao do comportamento da percepo
corporal do adolescente ao idoso (Faixa etria compreendida entre 12 anos e 75 anos de
idade). Desta forma, aqueles que obtiveram um IPCg inferior ao percentil 25 foram
classificados como hipoesquemticos, ao passo que aqueles com IPCg com valores
superiores ao percentil 75 foram considerados hiperesquemticos, e por fim, os indivduos
com IPCg com valor compreendido entre o percentil 25 e o percentil 75, foram
classificados como EC adequado (Tabela 1).
Tabela 1 Categorizao do IPCg baseado nos critrios de PEREIRA et al. (2010).
Classificao Percentual de
Classificao
Hipoesquematia < 102,28%
EC adequado 102,28% a 123,58%
Hiperesquematia > 123,58%
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33
Imagem Corporal Escala de Figuras de Silhuetas
Assim, inicialmente proposta por Stunkard (1983) e adaptada e validada para a
populao brasileira por Kakeshita (2009), a Escala de Silhuetas para Adultos consiste de
15 figuras de cada gnero (Figura 6). Tais figuras no apresentam detalhes faciais ou
formas desproporcionais, com variaes progressivas apenas na escala de medidas, da
figura mais magra a mais larga (KAKESHITA, 2008).
Figura 6 - Escala de Figuras de Silhuetas (Feminino e Masculino)
A aplicao da Escala de Silhuetas de Kakeshita (2009) consiste em dispor as 15
figuras em ordem ascendente, da silhueta 01 at 15, para que os indivduos avaliados
observassem. Em seguida, foi solicitado ao sujeito avaliado que ele aponte a silhueta que
mais se aproxima da imagem do corpo no momento atual (Silhueta Atual). O avaliador
ento anotou o nmero correspondente a figura. Em seguida, solicitou-se que ele
escolhesse qual a silhueta mais prxima do corpo que ele gostaria de ter (Silhueta Ideal).
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34
Realizado estes procedimentos, o grau de (in)satisfao corporal foi avaliado a partir do
clculo da diferena entre a Silhueta Atual (SA) e a Silhueta Ideal (SI). Quanto maior for
essa diferena maior foi o grau de (in)satisfao com a IC (CAMPANA; TAVARES,
2009).
4.8 ANLISE ESTATSTICA
Para a anlise estatstica dos dados, o presente estudo utilizou as consideraes
bsicas do tratamento estatstico para que se mantivesse dessa forma a cientificidade da
pesquisa.
Sendo assim, todos os testes, foram analisados por meio de estatstica descritiva
(mdia desvio padro).
As anlises inferenciais dos testes: Preenso Manual, Teste de Levantar da cadeira
em 30 segundos, Teste de sentar e levantar da cadeira e locomover-se pela casa, Tandem
Walk Test e o Teste do Esquema Corporal, foram realizadas as anlises com a aplicao do
ANOVA (Anlise de varincia com medidas repetidas) seguido pelo teste "pos-hoc"
Newman-Keuls.
As anlises inferenciais da idade, do Teste de Imagem Corporal e Whoqol old
juntamente com o Whoqol bref (domnios e facetas) foram realizadas com o Teste T de
Student.
O software utilizado foi ESTATSTICA verso 6.0 e o nvel de significncia
adotado foi de 5% (p 0,05).
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35
5. RESULTADOS E DISCUSSO
5.1 SUJEITOS
Para caracterizar a amostra foram aplicados dois instrumentos:
Anamnese e um questionrio sobre o nvel de atividade fsica.
Sendo assim, foram avaliados 29 voluntrios de ambos os sexos, divididos em 02
grupos, o primeiro (GC) composto por 13 indivduos, sendo estes, 11 mulheres e 2 homens
com idade mdia de 738 anos, o segundo grupo (GE) foi composto por 16 indivduos,
sendo estes, 13 mulheres e 3 homens com idade mdia de 688 anos (no houve diferena
significativa entre os grupos quanto idade).
A diviso dos grupos foi feita de acordo da disponibilidade dos indivduos, ou seja,
aqueles que no se dispuseram a participar das atividades foram arrolados no grupo
controle.
De um modo geral a amostra apresentou um baixo nvel de escolaridade,
perfazendo um total de 100% no GC e 81% no GE, com apenas o ensino fundamental e
mdio em ambos os grupos (Figuras 7 e 8).
Figura 7. Representao grfica do nvel de escolaridade do grupo controle.
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Figura 8. Representao grfica do nvel de escolaridade do grupo experimental.
Com relao ao estado civil, predominou o nmero de indivduos casados e
tambm o nmero de vivas em ambos os grupos (Figura 9 e 10).
Figura 9. Representao grfica do estado civil do grupo controle.
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37
Figura 10. Representao grfica do estado civil do grupo experimental.
A maioria dos idosos, estavam aposentados, ou seja, realizando apenas atividades
do cotidiano e ausente do campo de trabalho (Figura 11 e 12).
Figura 11. Representao grfica do nvel de trabalho do grupo controle.
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Figura 12. Representao grfica do nvel de trabalho do grupo experimental.
Em relao renda familiar, observamos que a maioria dos sujeitos, em ambos os
grupos, vivem com at 05 salrios mnimos (Figuras 13 e 14).
Figura 13. Representao grfica da renda familiar do grupo controle.
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39
Figura 14. Representao grfica da renda familiar do grupo experimental
Com relao prtica de atividade fsica e/ou exerccio fsico, no GC, oito sujeitos
referiram praticar atividades fsicas, porm de uma forma espordica, um sujeito estava
inscrito em uma academia e realizava a prtica de Hidroginstica por duas vezes na
semana, contudo de acordo com a Organizao Mundial da Sade, so considerados
irregularmente ativos e os outros quatro sujeitos relataram no praticar atividades h pelo
menos 03 meses, sendo assim considerados inativos.
J o GE, seis sujeitos relataram realizar caminhadas de forma espordica, um
sujeito realizava hidroginstica por duas vezes na semana, dois indivduos realizavam a
prtica de ginstica uma vez por semana, contudo tambm considerados irregularmente
ativos e o restante do grupo (sete indivduos) relataram estar sem atividades h pelo menos
03 meses e foram considerados inativos.
Portanto os dois grupos quando comparados mostraram-se homogneos quanto ao
nvel de prtica de atividade/exerccio fsico. Entretanto os grupos foram divididos por
convenincia e o GE pode ser considerado mais propenso em aderir um programa de
exerccios fsicos.
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5.2 PERCEPO CORPORAL
ESQUEMA CORPORAL - IMP dos segmentos corporais
A anlise do IPC dos segmentos corporais no incio do protocolo, em ambos os
grupos, demonstrou que todos os indivduos apresentaram uma percepo prxima de
100% para a altura da cabea, e em relao s larguras corporais o GC apresentou uma
superestimao em todas as regies, principalmente na regio do quadril (aumento de
11%), no qual, apresentou diferena estatstica significativa. Portanto, observou-se uma
percepo superestimada no GC, e em contrapartida no GE, houve uma melhora em sua
percepo da dimenso corporal aps a interveno, porm no significativa.
Para a anlise do IPCg dos grupos, utilizamos como referncia, o padro de
normalidade da amostra do estudo de PEREIRA et al. (2010), conforme descritos nos
procedimentos metodolgicos deste estudo. Sendo assim, em ambos os grupos, o IPCg foi
classificado como EC adequado, por estar dentro da faixa de normalidade (102,28% e
123,58%), entretanto nota-se que aps os 03 meses (sem interveno) o GC, apresentou
uma piora na percepo dimensional do corpo, ou seja, superestimando o tamanho
corporal, e essa diferena foi estatisticamente significante. Em contrapartida no GE houve
uma aproximao da percepo dimensional ideal (IPCg = 100%), porm no significativa,
demonstrado abaixo na Tabela 2.
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41
Tabela 2 - Valores da mdia e desvio padro do IPC (%) e (%) da altura da cabea e das
larguras de Ombro (LO), Cintura (LC) e Quadril (LQ) dos grupos: Controle e
Experimental
Localizao GC Antes % GC Depois % % GE Antes % GE Depois % %
Altura 99,483,61 101,613,74 2 97,716,10 98,963,58 1
LO 104,1121,54 114,4125,36 10 101,8520,64 96,5315,57 -5
LC 118,9916,51 131,8134,74 11 122,6726,50 114,9816,46 -6
LQ 109,6716,13 121,6824,44* 11 108,8221,57 106,1418,82 -2
IPC geral 108,0612,19 117,3819,64* 9 107,9315,59 104,0912,21 -4
* p0,05 vs GC Antes
ESQUEMA CORPORAL - IMP da simetria dos segmentos corporais
Ao analisar os parmetros da simetria dos segmentos corporais, ambos os grupos
apresentaram uma reduo na percepo em todos os segmentos, exceto na altura da
cabea, porm aps anlise estatstica o GE apresentou uma reduo estatisticamente
significante na altura do quadril para ambos os lados, portanto houve uma melhora na
percepo desta regio conforme apresentado na Tabela 3.
Tabela 3 - Valores da mdia e desvio padro do IPC (%) e (%) das alturas de ombro
direito (Alt OD) e esquerdo (Alt OE), cintura direita (Alt CD), e esquerda (Alt CE), e
quadril direito (Alt QD), e esquerdo (Alt QE), dos grupos: Controle e Experimental
Segmentos
corporais GC Antes % GC Depois % % GE Antes % GE Depois % %
Alt OD 106,674,31 106,804,28 0 106,934,95 107,582,86 1
Alt OE 105,785,49 104,454,64 -1 106,274,90 105,463,44 -1
Alt CD 111,566,29 106,669,23 -4 111,989,68 106,8212,78 -5
Alt CE 108,456,85 104,116,22 -4 110,939,80 108,0410,52 -3
Alt QD 108,8513,77 106,989,41 -2 116,9718,39 109,3614,90* -7
Alt QE 107,4212,10 102,767,57 -4 115,8817,74 109,7313,85* -5
* p0,05 vs GE Antes
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42
ESQUEMA CORPORAL Anlise Qualitativa dos desenhos
As imagens obtidas por meio do teste de marcao do esquema corporal foram
analisadas qualitativamente. Cada ponto corresponde a um ponto anatmico, como mostra
a Figura 15.
Figura 15. Figura formada pela unio dos pontos no
teste de projeo: Esquema dos segmentos corporais
tocados durante o teste de marcao do esquema
corporal e o resultado final da unio dos pontos reais e
pontos percebidos. A linha de cor preta representa a
medida real e a linha de cor vermelha representa
medida percebida.
Ao analisar o GC, 46% da amostra apresentaram uma piora na percepo da
dimenso corporal, ou seja, uma percepo superestimada de suas larguras corporais,
conforme apresentado nas figuras 16 e 17.
Em relao ao GE, este demonstrou, aps aplicao do protocolo, que 62% dos
indivduos se perceberam mais simtricos e os segmentos foram identificados pelos
participantes mais abaixo quando comparados com a percepo inicial, aproximando-se da
medida real. Tambm se perceberam menores na altura, largura da cintura e largura dos
ombros, conforme figuras 18 e 19.
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43
Anlise do Grupo Controle
Figura 16 - Teste de marcao do esquema corporal (IMP). Contorno
real (cor preta) e percebido (cor vermelha) - GC sujeito 09
Figura 17 - Teste de marcao do esquema corporal (IMP). Contorno
real (cor preta) e percebido (cor vermelha) GC sujeito 11
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44
Anlise do Grupo Experimental
Figura 18 - Teste de marcao do esquema corporal (IMP). Contorno
real (cor preta) e percebido (cor vermelha) GE sujeito 09
Figura 19 - Teste de marcao do esquema corporal (IMP). Contorno
real (cor preta) e percebido (cor vermelha) GE sujeito 14
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A percepo do corpo no espao vem recebendo destaque na literatura nos ltimos
anos sejam estudos de anlise qualitativa, por meio de questionrios, entrevistas e entre
outros, ou de anlise quantitativa por meio de testes especficos; e em diferentes campos
tais como fenomenologia, psicanlise e neurocincia.
A capacidade de perceber