EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE BICARBONATO DE SÓDIO… · 1 efeitos da suplementaÇÃo de...
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EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE BICARBONATO DE SÓDIO, NOS NÍVEIS DE LACTATO SANGÜÍNEO, EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO
FRANCISCO SPALATO MENDES (1) RODRIGO MUSSE (1) ORIENTADOR: Dr. FRANCISCO NAVARRO (1) 1 – Programa de Pós-Graduação Latu-Sensu da Universidade Gama Filho – Fisiologia do Exercício: prescrição do exercício. E-mail: [email protected] Rua dos Íris, 108 São Paulo – SP – Brasil 04049-040 E-mail: [email protected] Rua Tuim, 585 apto 24 São Paulo – SP – Brasil 04514-102
2006
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RESUMO
Palavras-chave: lactato, bicarbonato de sódio, tamponamento, muscul ação
O estudo foi realizado com o objetivo de analisar o comportamento dos níveis
plasmáticos de lactato na musculação, comparando dois grupos. Um grupo de quatro
indivíduos utilizou como suplementação de cinco gramas de bicarbonato de sódio e
cinco gramas de maltodextrina e foi denominado por MB. Outro grupo, também de
quatro indivíduos suplementou dez gramas de maltodextrina e foi denominado MM. O
grupo MB apresentou uma média de idade 22,25 ±6,39 e de peso 75,75 ±14,99 p <
0,05. Já o grupo MM apresentou uma média de idade 20,5 ±7,00 e de peso 62,5 ±8,18
p < 0,05. O treino realizado foi composto por quatro séries de dez repetições máximas
(RM) dos seguintes exercícios: Pulley Costas, Pulley Frente Fechado, Remada na
Máquina Aberta, Remada Unilateral. Foi dado um minuto de intervalo entre as séries. A
análise de lactato foi feita exatamente ao encerramento da última série. Com os dados
de coletas, a observação feita foi que com a utilização do teste “t”, apenas e tão
somente na comparação entre a primeira e segunda coleta do grupo que utilizou
bicarbonato de sódio como suplementação, houve diferença significativa com p<0,05
(e=0,03).
Abstract
Key-Word: lactate, sodium bicarbonate, tamponing, weight tr aining
The study was carried out with the objective of analyze the behavior of the levels
plasmatic of lactate in the weight training, comparing two groups. A group of four
individuals utilized like supplements of five sodium bicarbonate grams and five grams of
maltodextrin and was named by MB. Another group, also of four individuals
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supplemented ten grams of maltodextrin and was named MM. The group MB presented
a medium one of age 22,25 ±6,39 and of weight 75,75 ±14,99 p < 0,05. Already the
group MM presented a medium one of age 20,5 ±7,00 and of weight 62,5 ±8,18 p <
0,05. The training carried out was composed for four series of ten maximum repetitions
(MR) of the following exercises: Lat Pulldown Behind the Neck, Lat Pulldown Closed,
Rowing Machine, One Arm Dumbblell Rows. Was fact a minute of break between series.
The analysis of lactate was deed exactly to the closing of the last series. With the facts
of collections, the observation made was that with the utilization of the test "t", barely
and so only in the comparison between the first and second one collects of the group
that utilized bicarbonate of sodium as supplements, had significant difference with p <
0,05 (e=0,03).
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I. INTRODUÇÃO
O consumo de suplementos nutricionais é um fenômeno que vêm crescendo de
maneira vertiginosa com a finalidade tanto de aumento do rendimento esportivo quanto
para a melhoria da condição de saúde e estética (ACSM 2002).
Musculação é a prática de exercício resistido, através da utilização de máquinas,
polias e pesos livres com o objetivo do aumento de força, potência, resistência e
hipertrofia muscular.
UCHIDA et al. (2004), cita que o treinamento para hipertrofia muscular é
caracterizado por séries entre 6 e 12 repetições, com uma quantidade de séries maior
que 3, freqüência semanal para o mesmo grupo muscular de 1 a 3 dias e intervalos
entre sessões de 48 a 72 horas em média e intervalos entre as séries dos exercícios,
menor que 1 minuto e meio.
Assim, dentro quantidade de repetições propostas, o trabalho foi elaborado com
a utilização de 10 repetições máximas (RM), tanto nos testes, como nas sessões de
treinamento.
Durante o exercício há um aumento da captação de O2 e conseqüentemente
maior produção de CO2 em função do aumento da ventilação pulmonar. Quanto maior a
intensidade do exercício, maior a contribuição da glicose como substrato energético e a
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produção de CO2 pode exceder a 5000 ml/min. Contudo altas taxas de glicólise levam à
um acúmulo de ácido láctico no sangue associado à um aumento da concentração dos
íons H+ na célula, reduzindo o pH do meio intracelular (>6,5) o que ocasionaria a
inativação de enzimas e conseqüente fadiga periférica (KOWALCHUCK e
SCHEUERMANN 1995).
O aumento da concentração plasmática de bicarbonato poderia proteger o
organismo contra a acidose metabólica e retardar a fadiga durante os exercícios com
um componente anaeróbio predominante. Uma forma de aumentar essa capacidade de
tamponamento seria a suplementação via oral de bicarbonato de sódio para os
praticantes desses exercícios (LINDERMAN e GOSSELINK 1994).
A fadiga esta associada com esforços de alta intensidade durante um período de
30 segundos a 3 minutos, no qual há grande acúmulo de ácido láctico no sangue ou
depleção de ATP e fosfocreatina. A alta concentração de H+, dissociados do ácido
láctico, inibe a atividade de enzimas como a fosfofrutoquinase e fosforilase que são
críticas para regulação da glicólise e ressíntese de ATP. A falta de ATP se torna um
fator limitante para a contração muscular, assim como a redução de pH diminui a
capacidade de ligação do cálcio com a troponina, necessária para a formação do
complexo actina-miosina na contração muscular (HORSWILL 1995).
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O objetivo desta pesquisa é analisar os possíveis efeitos da suplementação de
bicarbonato de sódio, em praticantes de musculação, utilizando os níveis séricos de
lactato como um indicativo de fadiga muscular.
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II. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Musculação
Dentro do treinamento resistido, séries com média de 10 RM estão contidas em
faixa de tempo de duração da série de por volta de 20 a 30 segundos. Assim sendo, a
via energética predominante é a via glicolítica, e o substrato energético principal vem
dos carboidratos (BOMPA 2002).
Na literatura encontramos uma zona de predominância da via glicolítica, por um
período de 10 segundos até 3 minutos SILVERTHORN (2003). A fadiga esta associada
com esforços de alta intensidade durante um período de 30 segundos a 3 minutos, no
qual há grande acúmulo de lactato no sangue ou depleção de ATP e creatina fosfato. A
alta concentração de H+, inibe as enzimas como fosfofrutoquinase e fosforilase que
participam da regulação da glicólise e ressíntese de ATP. A falta de ATP se torna um
fator limitante para a contração muscular, assim como a redução de pH diminui a
capacidade de ligação do cálcio com a troponina, necessária para a formação do
complexo actina-miosina na contração muscular (HORSWILL 1995).
2.2 Tamponamento
O organismo possui um mecanismo regulador do pH sanguíneo que consiste no
tamponamento dos íons H+ dissociados no plasma pelos íons de bicarbonato. O
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aumento da capacidade desse sistema tampão, ou seja, o aumento da concentração
plasmática de bicarbonato poderia proteger o organismo contra a acidose metabólica e
retardar a fadiga durante os exercícios com um componente anaeróbio predominante. A
forma de aumentar essa capacidade de tamponamento seria a suplementação de
bicarbonato de sódio para os praticantes desses exercícios (LINDERMAN e
GOSSELINK 1994). O aumento do pH extracelular causado pela ingestão de
bicarbonato de sódio resulta num gradiente de pH (queda da concentração de íons H+
no sangue) responsável por um aumento no fluxo de íons H+ e lactato do meio
intracelular, aumentando indiretamente o pH dentro da célula. Sabido que o bicarbonato
é impermeável à membrana celular ele não age diretamente pelo efeito tampão no meio
intracelular, mas pode contribuir para um controle do pH desse meio através do
mecanismo descrito acima (LINDERMAN e GOSSELINK 1994). O bicarbonato pode ser
realmente efetivo para "sprints" repetidos com curto espaço de recuperação entre eles
ou em protocolos que iniciem com uma intensidade submáxima e aumente
progressivamente até um nível próximo ao máximo (ex: protocolos em rampa)
(HORSWILL 1995).
2.3 Dosagem
As dosagens mais comuns utilizadas nos estudos estão entre 0,2 g/kg a 0,3 g/kg,
mas também há relatos de dosagens mais altas, porém causando sérios distúrbios
gastrintestinais, principalmente em se tratando de dosagens agudas GRANIER et al.
(1996).
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As dosagens de 0,3 g/kg promovem efeitos positivos mais significativos, ou seja
maior capacidade de tamponamento do ácido láctico sanguíneo em comparação às
dosagens de 0,15 e 0,2 g/kg LINDERMAN e GOSSELINK (1994) e pode resultar num
aumento de 4 a 5 mmol/L na concentração de bicarbonato e 0,03 a 0,06 unidade de pH
no plasma venoso 2 a 3 horas após a administração (HORSWIILL 1995).
Relacionando a ingestão de bicarbonato e fadiga muscular periférica,
VERBITSKY et al. (1997) observaram que a ingestão 0,4 g/kg de bicarbonato 1 hora
antes de iniciar um teste com estimulação elétrica para contração isométrica do
quadríceps resultou em redução de fadiga e aceleração da recuperação. Um maior
número de contrações foi obtido até a exaustão do músculo e uma maior concentração
de CO2 no plasma indicaram a atividade mais efetiva do bicarbonato em tamponar a
ácido láctico e prolongar a fadiga em carga supramáxima VERBITSKY et al. (1997).
O efeito ergogênico da suplementação de bicarbonato é susceptível a algumas
variáveis como dosagens, tipos e intensidades dos exercícios praticados LINDERMAN
e GOSSELINK (1994), contudo SOMEREN et al. (1998), argumentam que em
exercícios anaeróbios o estresse máximo da via glicolítica ocorre por volta dos 2
minutos de atividade (déficit máximo de oxigênio acumulado), logo este seria o
momento em que ocorreria uma produção aguda de ácido láctico com aumento da
capacidade do sistema tampão.
Embora a suplementação de bicarbonato seja mais indicada para exercícios
intermitentes, existem alguns estudos que relatam os seus efeitos em exercícios de
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endurance BALL et al. (1996). Apesar da alcalose metabólica favorecer uma redução
da concentração sanguínea de H+ não há melhora no desempenho físico em nenhum
momento durante o exercício que entra em "steady state" e termina com aumento da
intensidade até a exaustão POTTEIGER et al. (1996).
O aumento da concentração de lactato no sangue induzida pela maior presença
de bicarbonato é inversamente proporcional aos níveis plasmáticos de ácidos graxos
livres, isto porque o lactato possui um forte efeito inibitório sob a lípase hormônio
sensível do tecido adiposo, diminuindo a mobilização dos ácidos graxos para o sangue.
Contudo GALLOWAY e MAUGHAN (1996) não verificaram diferentes níveis
sanguíneos de ácidos graxos entre os grupos que ingeriram 0,3 g/kg de bicarbonato e
placebo, bem como a alcalose metabólica induzida não repercutiu em aumento de
performance. O bicarbonato como substância ergogênico para exercícios aeróbios de
intensidade constante pode ter um potencial limitado HECK et al. (1998).
A acidose metabólica pode ser atingida por manipulações dietéticas como a
restrição da ingestão de carboidratos, além do exercício. BALL et al. (1996)
investigaram os efeitos da suplementação aguda de bicarbonato após uma acidose
induzida por restrição glicídica de 3 dias durante exercícios de alta intensidade. Esses
autores não encontraram efeitos sobre a duração do exercício com a administração de
bicarbonato. Os grupos com dieta baixa em carboidratos ingerindo bicarbonato ou não,
levaram menos tempo para terminarem o exercício em relação aos que estavam com
dieta normal. A ingestão aguda de bicarbonato reverteu à acidose metabólica
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provocada pela restrição de carboidratos, porém não foi demonstrado efeito ergogênico
da suplementação de bicarbonato sobre a capacidade de endurance até 95 % do VO2
máx (HORSWIILL 1995). Assim como seus resultados SOMEREN et al. (1998),
demonstraram uma concentração de lactato maior aos 2 minutos de exercício no grupo
com dieta normal, no qual a ingestão de bicarbonato levou a um aumento mais
acentuado da concentração de lactato plasmático em comparação ao grupo de
restrição glicídica. Isto reforça a teoria de que o fluxo de H+ do meio intracelular durante
o exercício é maior mediante a suplementação de bicarbonato BALL et al. (1996).
O bicarbonato pode ser realmente efetivo para "sprints" repetidos com curto
espaço de recuperação entre eles ou em protocolos que iniciem com uma intensidade
submáxima e aumente progressivamente até um nível próximo ao máximo (HORSWILL
1995).
2.4 Teste de 10 repetições máximas (10RM)
O treinamento de força é prescrito em função da combinação de diversas
variáveis. Dentre elas podem-se citar o número de séries, os intervalos de recuperação
e a quantidade, tipo e ordenação dos exercícios escolhidos. A forma pela qual essas
variáveis são manipuladas resulta em efeitos diferenciados no aprimoramento da força
e hipertrofia muscular. Em posicionamento institucional direcionado aos adultos
saudáveis, o AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (2002) apresentou uma
extensa revisão sobre os modelos de progressão do treinamento, envolvendo essas
variáveis da prescrição.
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Apesar de dúvidas persistirem sobre as relações dose-resposta, referentes a
muitas dessas variáveis, no que diz respeito à ordenação dos exercícios as evidências
parecem ser ainda menos consistentes.
A única investigação citada pelo AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE
(2002) em suas recomendações foi publicada por SFORZO e TOUEY (1996), propondo
que os grandes grupamentos musculares deveriam ser solicitados antes dos pequenos,
em todas as situações de treinamento.
Para investigar essa questão, foram realizados dois estudos em laboratório. No
primeiro SIMÃO et al. (2005), não foi verificada diferença na percepção subjetiva do
esforço (PSE) ao final de duas seqüências com ordenação diferente, para exercícios
envolvendo membros superiores, embora o número de repetições para uma mesma
carga tenha sido diferente. Em contrapartida, no segundo estudo SIMÃO et al. (2005),
comparando os efeitos da ordenação dos exercícios em membros superiores e
inferiores, SIMÃO et al. (2005) verificaram diferenças nas cargas manipuladas e na
PSE em distintas seqüências. Percebesse que os resultados para a PSE foram
conflitantes, apontando para a necessidade de novas investigações para uma posição
mais consistente sobre o problema.
Diferentes variáveis podem ser manipuladas nos programas de treinamento de
força FLECK e KRAEMER (1997); GÜLLICH e SCHMIDTBLEICHER (1999); KRAEMER
et al. (1996). Algumas dessas variáveis são fundamentais no dimensionamento e
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controle do volume e da intensidade do treinamento, sendo que esse controle tem sido
considerado um aspecto primário na elaboração dos programas de treinamento de
força (TAN 1999).
Recomendações do nível de intensidade no treinamento com pesos se baseiam
tradicionalmente nos valores percentuais da força máxima FLECK e KRAEMER (1997).
O teste de uma repetição máxima (1RM) que pode ser entendido como o peso que
pode ser movimentado somente uma vez por uma determinada amplitude de
movimento tem sido aplicado no diagnóstico da força muscular e fornecem um valor
representativo da força máxima BERGER (1962) e SCHLUMBERGER (2000). Esses
valores percentuais de 1RM são associados com um determinado número de
repetições e essa relação é comumente encontrada na literatura MATWEJEW (1981) e
ZATSIORSKY (2000). Através dessa, o treinamento com pesos tem sido direcionado
para diferentes objetivos ANDERSON e KEARNEY (1982); KRAEMER et al. (1996);
SCHMIDTBLEICHER (1992). Embora essa relação seja freqüentemente utilizada,
resultados de estudos têm conduzido para questionamento se esta poderia ser
extrapolada para diferentes exercícios, indivíduos com distintos níveis de treinamento e
experiências esportivas FRÖHLICH e MARSCHALL (1999); HOEGER et al. (1990).
MATWEJEW (1981) e ZATSIORSKY (2000) relatam que o número máximo de
repetições para 80% de 1RM varia entre 6-10 e 7-10, respectivamente.
O tipo de exercício, as características das amostras e a forma de execução do
exercício parecem interferir na generalização das relações entre o percentual de 1RM e
o número de repetições realizadas. Segundo BARBOSA e CHAGAS (2003), as
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variáveis que influenciam a execução do exercício, como por exemplo, velocidade de
execução, amplitude de movimento, trajetória, movimentos acessórios e regulagem do
equipamento necessitam ser levadas em consideração para a análise da relação entre
percentual de 1RM e número de repetições.
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III. METODOLOGIA
3.1 Amostra
A amostra foi composta por 8 indivíduos do sexo masculino, com idade entre 18
e 30 anos, freqüentadores de academia, subdivididos em 2 grupos de 4 pessoas
através de randomização. Indivíduos de classe média alta, universitários, ativos,
praticantes de musculação com freqüência de 5 vezes por semana e duração do treino
de 1 hora e intensidade de moderada para intensa, com mais de 1 ano de treinamento
em academia de musculação.
Um grupo composto por quatro indivíduos, utilizou a suplementação de cinco
gramas de maltodextrina e dez gramas de bicarbonato de sódio, apresentando a média
de idade 22,25 ±6,39 e peso 75,75 ±14,99 p < 0,05.
O outro grupo, também composto por quatro indivíduos, utilizou a suplementação
de quinze gramas de maltodextrina, apresentando média de idade 20,5 ±7,00 e peso
62,5 ±8,18 p < 0,05.
O grupo que utilizou a maltodextrina e o bicarbonato de sódio como
suplementação, foi denominado MB. Já o grupo que utilizou como suplementação
apenas a maltodextrina, foi denominado MM, os indivíduos utilizaram a suplementação
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por 60 dias consecutivos, 30 minutos antes de treinar e nos dias em que não treinavam
procuravam tomar a suplementação no mesmo horário dos dias que treinavam.
3.2 Técnica de coleta
Os materiais utilizados na pesquisa foram: Lactímetro Accutrend Lactato;
Lancetador Accu-Chek Softclix Pro; Tiras Accu-Sport BM-Lactate; Medidor EAS de 5g.
O método utilizado foi à coleta de lactato sanguíneo após o treinamento de
costas com 2 tentativas de prescrição subjetiva de esforço de 10 repetições máximas.
O teste de 10RM foi feito na seguinte ordem: pulley costas; pulley frente fechado;
remada máquina aberta; remada unilateral. Os exercícios foram selecionados devido à
sua disseminação em centros de treinamento e facilidade de execução.
Visando reduzir a margem de erro nos testes de 10RM, foram adotadas as
seguintes estratégias: a) instruções padronizadas foram fornecidas antes do teste, de
modo que o avaliado estivesse ciente de toda a rotina que envolvia a coleta de dados;
b) o avaliado foi instruído sobre a técnica de execução do exercício; c) o avaliador
estava atento quanto à posição adotada pelo praticante no momento da medida, pois
pequenas variações no posicionamento das articulações envolvidas no movimento
poderiam acionar outros músculos, levando a interpretações errôneas dos escores
obtidos; d) estímulos verbais foram realizados a fim de manter alto o nível de
estimulação. Os intervalos entre as tentativas em cada exercício durante o teste de
10RM foram fixados em 45 segundos BAECHLE e EARLE (2000).
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Foram definidas as seguintes etapas de execução dos exercícios: posição inicial
e desenvolvimento, esta última compreendendo as fases concêntrica e excêntrica da
contração. Essas etapas são descritas a seguir:
1) Pulley costas – a) posição inicial: sentado no banco mantendo joelhos fixos
sob o apoio, realizar a pegada pronada e afastada (um pouco maior que a largura dos
ombros); b) desenvolvimento: tracionar a barra na direção do terço superior do trapézio
(adução dos ombros, rotação inferior da cintura escapular e flexão de cotovelos).
2) Pulley frente fechado – a) posição inicial: sentado no banco mantendo joelhos
fixos sob o apoio, realizar a pegada neutra no triângulo; b) desenvolvimento: iniciar o
movimento com os cotovelos estendidos e apontados lateralmente, inclinar o tronco
levemente para trás e tracionar na direção do osso esterno até tocar os punhos na
região peitoral (adução dos ombros, adução da cintura escapular e flexão de cotovelos).
3) Remada máquina aberta – a) posição inicial: sentado com os pés apoiados no
chão e o tronco no apoio, realizar a pegada pronada; b) desenvolvimento: tracionar o
puxador na direção do osso esterno, mantendo os cotovelos na altura do ombro ou o
mais próximo possível realizando a maior amplitude de movimento (abdução horizontal
dos ombros, adução da cintura escapular e flexão de cotovelos).
4) Remada unilateral – a) posição inicial: apoiado com um dos joelhos no banco
e o outro pé no chão, realizar a pegada neutra; b) desenvolvimento: abdução horizontal
dos ombros, adução da cintura escapular e flexão de cotovelos.
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3.3 Análise de dados
Com os dados de coletas, a observação feita foi que com a utilização do teste “t”,
apenas e tão somente na comparação entre a primeira e segunda coleta do grupo que
utilizou bicarbonato de sódio como suplementação, houve diferença significativa com
p<0,05 (e=0,03).
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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Podemos dizer que o houve diferença significativa entre os níveis de lactato
sangüíneo do grupo MB para o grupo MM, porém como o numero da amostra é
pequeno, há pouco ou nenhum estudo sobre os efeitos da suplementação de
bicarbonato de sódio nos níveis de lactato sangüíneo em praticantes de musculação,
também pela diferença significativa das cargas de trabalho de cada praticante na serie
de musculação e adaptação ao treinamento não podemos afirmar com certeza que
somente a utilização de bicarbonato de sódio faz com que os níveis de lactato
sangüíneo de um grupo para o outro tenha uma queda expressiva. Devido a isso
achamos que devam ser feitos mais estudos a respeito deste tema para que possamos
tirar uma conclusão mas eficaz a respeito dos resultados.
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Tabela 1. Níveis séricos de lactato.
Média
Grupo MB Grupo MM
Antes 10,05 mmol/dl Antes 8,62 mmol/dl
Depois 8,52 mmol/dl Depois 7,92 mmol/dl
Desvio Padrão
Grupo MB Grupo MM
Antes 0,87 Antes 1,6
Depois 0,54 Depois 1,54
Grupo MB Lactato mmol/dl Grupo MM Lactato mmol/dl
Antes Depois Antes Depois
1º 10,7 9,3 1º 9,2 6,6
2º 10,9 8,2 2º 6,6 6,9
3º 9,4 8,1 3º 10,4 8,2
4º 9,2 8,5 4º 8,3 10,0
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V. CONCLUSÃO
O estudo sugere que ocorreu uma diminuição dos níveis séricos de lactato com
diferença significativa entre o grupo que utilizou apenas a maltodextrina e grupo que
ingeriu maltodextrina e bicarbonato de sódio. O grupo MM também obteve uma
pequena diminuição nos níveis de lactato comparando a 1ª e há 8ª semana, no entanto
esse fenômeno pode estar relacionado com a adaptação ao treinamento.
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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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27
VII. ANEXOS
Equipamento: Lactímetro
Teste