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Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO NO SISTEMA AUDITIVO
EFERENTE ATRAVÉS DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS TRANSIENTES
COM SUPRESSÃO
Rio de Janeiro
2012
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva
Doutorado em Saúde Coletiva
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO NO SISTEMA AUDITIVO
EFERENTE ATRAVÉS DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS TRANSIENTES
COM SUPRESSÃO
Tese de Doutorado apresentada ao
programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva da UFRJ, como requisito
parcial à obtenção do Título de Doutora
em Saúde Coletiva.
Orientador: Prof. Armando Meyer, Dr.
Rio de Janeiro
2012
A553e Andrade, Maria Isabel Kós Pinheiro de.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente
através das emissões otoacústicas transientes com supressão / Maria
Isabel Kós Pinheiro de Andrade. – Rio de Janeiro: UFRJ / Instituto
de Estudos em Saúde Coletiva, 2012.
110 f.: il.; 30 cm.
Orientador: Armando Meyer.
Tese (Doutorado) - UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde
Coletiva, 2012.
Referências: f. 90-95.
1. Audição. 2. Praguicidas. 3. Transtornos da audição. 4. Riscos
ocupacionais. I. Meyer, Armando. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva.III. Título.
CDD 617.8
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
i
DEDICO ESTA TESE
Ao meu amado marido, Flavio e
meus filhos, Antonio, José e Maria,
pelo apoio, força, incentivo, companheirismo e
amizade, sem isso, nada disso seria possível.
Aos meus queridos pais,
Arthur Octavio e Maria Altina,
que por uma vida de dedicação, amor e
trabalho sempre possibilitaram a seus filhos a
oportunidade de realizar sonhos e conquistas.
Aos meus queridos amigos, Patrícia e Clemente,
que sempre me deram força, me apoiaram,
meus pais “adotivos”.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
ii
AGRADECIMENTOS
A Deus por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior para
superar as dificuldades, mostrar o caminho nas horas incertas e me suprir em todas as
minhas necessidades.
Ao meu orientador, Prof. Armando Meyer, por acreditar em mim, me mostrar o
caminho da ciência, fazer parte da minha vida nos momentos bons e ruins, por ser
exemplo de profissional e de que sempre fará parte da minha vida.
À minha família, a qual amo muito, pelo carinho, paciência e incentivo.
A Prof. Silvana Frota por sua ajuda nos momentos mais críticos, por acreditar no
futuro deste projeto e contribuir para o meu crescimento profissional e por ser também
um exemplo a ser seguido. Sua participação foi fundamental para a realização deste
trabalho.
Aos meus amigos, Ana Paula Perez e Francisco José Osterne, que fizeram parte
desses momentos, sempre me ajudando e incentivando.
Aos meus colegas de pesquisa, Tatiana Garcia, Gesiele Verissimo, Maria de
Fátima Miranda, Joana Donadio, e as alunas Janinne e Carolyne que participaram
diretamente deste trabalho, me ajudaram em todos os momentos e tornaram o trabalho
em campo mais divertido.
Aos meus amigos de Journal, Juliana Chrisman, Patrícia Boccolini, Gesiele
Verissimo, Aline Espindola, Tatiana Garcia, Ludmila Lifon, Cleber Cremonese, Róber,
que sempre estiveram do meu lado dando força e apoio.
Aos professores do IESC, em especial Volney Camara, Carmen Fróes Asmus e
Raphael Guimarães, por me receberem tão bem, me ajudarem e participarem deste
trabalho.
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iii
A todos os amigos do Serviço de Fonoaudiologia e de Otorrinolaringologia do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ e da Clínica OtorrinoBarra pelo
carinho e apoio.
A todos os colegas e professores do curso de Fonoaudiologia da UFRJ pelos
apoio, compreensão e ajuda, neste momento tão importante.
A empresa Phonak, pelo empréstimo dos equipamentos audiológicos para
realização da pesquisa.
Aos meus amigos, que sempre estiveram do meu lado.
Agradecimentos especiais aos alunos, professores e funcionários da Escola
Estadual Rei Alberto I (IBELGA) que nos receberam com muito carinho, e por sua
participação, colaboração, presteza antes, durante e depois da coleta dos dados.
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Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
iv
RESUMO
Introdução: Apesar de o ruído ser claramente o principal risco ocupacional para a
audição, pesquisas sobre conservação auditiva têm demonstrado que exposições
químicas, muitas vezes presentes no ambiente de trabalho, também podem causar
alterações auditivas. Objetivo: O objetivo do estudo foi avaliar o sistema olivococlear
medial em indivíduos expostos a agrotóxicos. Metodologia: Trata-se de um estudo
epidemiológico, descritivo, transversal. Após definir os critérios de inclusão, foram
avaliados 205 alunos de uma escola agrícola do município de Nova Friburgo, Rio de
Janeiro, expostos aos agrotóxicos. Os procedimentos utilizados na avaliação foram
questionário para avaliar o grau de exposição ao agrotóxico, Emissões Otoacústicas
Transientes (EOAT) e pesquisa do efeito supressor das EOAT. Resultados: Na
pesquisa das EOAT com supressão, 38% dos indivíduos apresentaram ausência na
orelha direita, 45,9% na orelha esquerda, 38% das EOAT apresentaram ausência
unilateral e 39% bilateral. Os dados obtidos no estudo permitem dizer que há uma
associação entre a ausência de supressão e os escores de exposição. Conclusão: As
exposições crônicas aos agrotóxicos podem afetar o sistema olivococlear medial,
independentemente da exposição concomitante ao ruído.
Palavras-chave: Audição. Agrotóxico. Emissões Otoacústicas Transientes.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
v
ABSTRACT
Introduction: Though noise is clearly the main ocupational risk for hearing,
researches on hearing conservation have demonstrated that chemical exposure,
many times present in the work environment, may also cause hearing alterations.
Objetctive: The objective of the study was to evaluate the medieval olivocochlear
system in subjects exposed to agrochemicals. Method: It’s an epidemiologic,
descriptive, transversal study. After the inclusion criteria, 205 students from an
agricultural school in Nova Friburgo, Rio de Janeiro, that were exposed to
agrochemicals were evaluated. The procedures used on the evaluation were
questionnaire to evaluate the degree of exposure to the agrochemical, Transient
Otoacoustic Emissions (TOAEs) and analyse of the supressor effect of the TOAEs.
Results: On the TOAEs research with supression 38% of the individuals presented
lack on the right ear, 45,9% on the left ear, 38% of the TOAEs presented unilateral
lack and 39% bilateral. The data obtained on the study allow to say that there is an
association between the lack of supression and the quartiles of exposure.
Conclusion: The chronic exposure to pesticides may affect the medial
olivocochlear system, independent on the concomitant exposure to noise.
Keywords: Audition. Pesticides, Transient Otoacoustic Emissions.
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÃO
CCE – Células Ciliadas Externas
CCI – Células Ciliadas Internas
dB – Decibel / Decibéis
dB NPS – Decibel Nível de Pressão Sonora
dB NA – Decibel Nível de Audição
EOA – Emissões Otoacústicas
EOAPD - Emissões Otoacústicas produto distorção
EOAT - Emissões Otoacústicas Transientes
PAIR – Perda Auditiva Induzida pelo Ruído
EPI – Equipamento de Proteção Individual
PAC – Processamento Auditivo Central
LRF – Limiare de Recepção de Fala
IPRF – Índice Percentual de Reconhecimento de Fala
Hz – Hertz
kHz – quilohertz
ms – milissegundos
OD – Orelha Direita
OE – Orelha Esquerda
* - Valor estatisticamente significante
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vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E QUADROS
Imagens
Imagem 1 – Residência familiar, Baixada de Salinas, Nova Friburgo (Maria Isabel Kós, 2011)
11
Imagem 2 – Mapa região da Baixada de Salinas e São Lourenco, Nova Friburgo (Google Map, 2012)
12
Imagem 3 – Mapa região da Baixada de Salinas e São Lourenco, Nova Friburgo (Google Map, 2012)
12
Imagem 4 – Centro Familiar de Formação por Alternância Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I
(Maria Isabel Kós, 2011)
13
Imagem 5 – Local aonde foram realizados os exames, CFFA CEA Rei Alberto I (Maria Isabel Kós,
2011)
14
Imagem 6 – Audiometria tonal (Maria Isabel Kós, 2011)
18
Imagem 7 – Equipamento de Emissões Otoacústicas ILO 288 (Site Otodynamics, 2012)
20
Imagem 8 – Sonda da EOA ILO 288 (Site Otodynamics, 2012)
21
Imagem 9 – Gráfico do exame de EOAT ILO 288 (Site Otodynamics, 2012)
21
Imagem 10 – Exame de emissões otoacústicas transientes (Maria Isabel Kós, 2012)
22
Quadro
Quadro 1: Divisão de escore por quartil do grupo de 205 estudantes que participaram da pesquisa
16
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viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 OTOTOXICIDADE 3
1.2 AUDIÇÃO X AGROTÓXICOS 3
1.3 EMISSÕES OTOACÚSTICAS 5
1.4 SISTEMA EFERENTE OLIVOCOCLEAR MEDIAL 6
1.5 EMISSÕES OTOACÚSTICAS X PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO 7
1.6 EMISSÕES OTOACÚSTICAS X EFEITO DE SUPRESSÃO X PRODUTO QUÍMICO 8
2 JUSTIFICATIVA 9
3 OBJETIVOS 10
4 MATERIAL E MÉTODO 11
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 25
ARTIGO 1: REVISÃO SISTEMÁTICA: EFEITOS DA EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS
SOBRE O SISTEMA AUDITIVO PERIFÉRICO E CENTRAL
26
ARTIGO 2: PADRÃO DE EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS EM POPULAÇÃO RURAL DO
RIO DE JANEIRO
46
ARTIGO 3: EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO NO SISTEMA AUDITIVO
EFERENTE ATRAVÉS DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS TRANSIENTES COM
SUPRESSÃO
65
6 CONCLUSÃO 88
REFERÊNCIAS 90
APÊNDICES 96
ANEXOS 106
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1
Inúmeros estudos vêm acumulando evidências de que a exposição a substâncias
químicas pode causar danos ao meio ambiente e à saúde humana (OPAS, 2005). A
degradação das matas, dos rios, do ar e o impacto na saúde humana têm se revelado em
decorrência de um contato excessivo, de forma aguda ou gradativa, com tais substâncias. Não
é possível negar que substâncias químicas também produzem benefícios, dos quais o homem
moderno não está disposto a se privar, como novos medicamentos, cosméticos, agroquímicos,
componentes sintéticos para a indústria de automóveis, aditivos alimentares, dentre outros,
que além de buscar aumentar o conforto da população humana, produzem reflexos na
economia mundial, gerando empregos e divisas aos países. Os gastos mundiais com
agrotóxicos têm um aumento exponencial. No Brasil, o aumento de vendas de agrotóxicos
cresceu 945,51% entre 1998 e 2008. Nos últimos anos, a agricultura nacional foi a que mais
cresceu em exportações (SINDAG, 2012).
Se por um lado o desenvolvimento tecnológico avança a passos largos, por outro, as
pesquisas acerca dos efeitos de tais tecnologias sobre a saúde humana e o meio ambiente não
se desenvolvem com tanta rapidez. Considerando-se que as pesquisas se iniciam a partir de
um fato gerador, entende-se que o desconhecimento inicial do impacto dessas substâncias
químicas no mundo pode ser muito mais nocivo e danoso do que o esperado. Uma vez que a
legislação também é lenta, os efeitos maléficos já instalados causam problemas de saúde à
sociedade e degradação do meio ambiente, inclusive para as futuras gerações.
O uso de agrotóxicos vem aumentando gradualmente, principalmente nos países em
desenvolvimento. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010), nos últimos nove anos houve um aumento médio de 11% ao ano na
venda de agrotóxicos no Brasil. Os agrotóxicos são utilizados em larga escala no país e mais
intensamente no setor rural, na agricultura. No ano de 2009, as vendas mundiais de
agrotóxicos movimentaram cerca de US$ 48 bilhões, sendo que entre os anos de 2000 e 2009,
enquanto o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 94%, o mercado brasileiro cresceu 172%
(PRADO, 2010). Esse crescimento rendeu ao Brasil a liderança do ranking mundial de
consumo de agrotóxicos em 2008, ano em que as lavouras brasileiras consumiram 986,5 mil
1 INTRODUÇÃO
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toneladas de agrotóxicos e as vendas desses produtos no país somaram US$ 7,1 bilhões, mais
do que o dobro em relação ao ano de 2003 (ANVISA, 2009).
Em 2006, o Ministério da Saúde, por meio do Sistema Nacional de Informações
Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), registrou 107.958 casos de intoxicação humana, com 488
óbitos, o que gerou uma letalidade de 0,45% para o país, sendo que a maior letalidade foi
observada nas exposições aos agrotóxicos de uso agrícola. Dos 6.588 casos de intoxicação
ocupacionais ocorridos naquele ano, 1.874 (28,4%) foram causados pelos agrotóxicos
(SINITOX, 2006). As intoxicações agudas têm sido o principal foco das pesquisas sobre os
efeitos adversos à saúde decorrentes da exposição a agrotóxicos (FARIA et al., 2009). No
entanto, são raros os estudos devotados às exposições crônicas, que lentamente vão
provocando alterações físicas e neuropsicológicas de forma irreversível.
Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, 1980), vários
agrotóxicos são neurotóxicos, a exemplo dos organofosforados, inseticidas que afetam o
sistema nervoso central. Os organofosforados foram desenvolvidos no início do século XIX.
No entanto, a descoberta de seus efeitos deletérios em seres humanos somente ocorreu a partir
de 1932. Alguns destes agrotóxicos são extremamente tóxicos para os seres humanos, tanto
que foram utilizados como arma química durante a Segunda Guerra Mundial. O principal
mecanismo de ação dos organofosforados é a inibição, de forma irreversível, da enzima
acetilcolinesterase, responsável pela degradação do neurotransmissor acetilcolina na fenda
sináptica neuroneuronal e neuromuscular. Assim, a inibição da acetilcolinesterase provoca um
acúmulo de acetilcolina nas fendas e a consequente superestimulação de receptores
colinérgicos (HOSHINO et al., 2008).
Além dos efeitos clínicos, gerados pelos organofosforados, identificados no exame
neurológico, podem ser observados sintomas subclínicos avaliados por meio de exames
neurofisiológicos e neuropsicológicos (ELLENHORN, 1997). Por muitas vezes, as
exposições crônicas aos agrotóxicos produzem alterações clínicas que não são detectadas por
marcadores biológicos e que, silenciosamente, modificam a vida do trabalhador
(NEWCOMBE et al., 1993). As manifestações clínicas mais comuns devido à exposição aos
agrotóxicos são: náuseas, tontura, fraqueza, falta de apetite, nervosismo, dores de cabeça,
alergias, lesões renais e hepáticas, câncer e alterações genéticas (GUPTA et al., 1979;
KÖRBES, 2009; PACHECO-FERREIRA et al., 2000; QUINONES et al., 1976).
Diversos estudos demonstraram alterações neurotóxicas atribuídas à exposição aos
agrotóxicos, o que pode afetar diferentes porções do sistema nervoso central e periférico
(MANJABOSCO, 2005). Produtos neurotóxicos podem levar a problemas tão ou mais sérios
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do que a perda auditiva periférica. Porém há evidências de que a perda auditiva possa ser uma
manifestação precoce de intoxicação (AZEVEDO, 2004).
1.1 OTOTOXICIDADE
Para os toxicologistas industriais, os ototóxicos compreendem todos os elementos
físicos e químicos capazes de provocar dano à função auditiva. Jerger (apud ALMEIDA et al.,
1993) acredita que a ototoxicidade é uma reação tóxica indesejável sobre os sistemas auditivo
e vestibular.
Trabalhadores estão, por vezes, expostos às substâncias químicas que agem de forma
insidiosa, lenta, acumulando-se no organismo e produzindo efeitos a médio e longo prazo. As
intoxicações tardias, causadas pela exposição em longo prazo e em baixas doses, são as mais
difíceis de ser detectadas. Estudos histológicos revelam que os agentes tóxicos lesionam
primeiramente as células ciliadas da crista da ampola e da mácula do sáculo e utrículo. O
mesmo ocorre com as células ciliadas externas (CCE) do órgão de Corti, passando para
células ciliadas internas (CCI) e nervo auditivo (GUEDES et al., 1978; KÖRBES, 2009).
Para Almeida et al. (1993), a lesão nos sistemas auditivo e vestibular pode ocorrer de
formas diferentes para cada tipo de ototoxicante e suas variações vão depender da
suscetibilidade individual a determinadas intoxicações, além de variações de comportamento
para diferentes drogas. Seu efeito pode ser potencializado quando em associação a outros
químicos e, em condições favoráveis, sua concentração pode ser elevada. São, ainda, fatores
agravantes o paciente ser uma criança ou um idoso, a associação do ototoxicante com a
exposição ao ruído ou, então, com a ingestão de dois ou mais tipos de ototoxicantes
simultaneamente.
A perda auditiva pode ser de rápida instalação ou insidiosa, e a gravidade depende da
quantidade, do tempo de exposição e da interação com o ototóxico em questão. Pode ocorrer
durante a exposição ou meses depois e é sempre irreversível. Normalmente é uma perda
bilateral simétrica, mas pode ocorrer, mais raramente, na forma unilateral e assimétrica (KÓS;
KÓS, 2003).
1.2 AUDIÇÃO X AGROTÓXICOS
Em estudo realizado por Beckett et al. (2000) com 1.727 agricultores utilizando
questionário e, em parte do grupo (416), também audiometria tonal, os achados sugeriram que
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os fazendeiros apresentaram alta prevalência de alterações auditivas, principalmente se
associadas com o envelhecimento, sexo masculino, baixa escolaridade, uso de outros produtos
químicos e exposição a ruído. Em outro estudo realizado com fazendeiros e residentes
próximos a regiões agrícolas, Hwang et al. (2001) estudaram exposição ocupacional e
ambiental, avaliando a percepção auditiva através de questionário, e puderam observar uma
prevalência de perda auditiva nos fazendeiros agravada principalemente pela exposição a
ruído.
Teixeira et al. (2002) demonstraram, em pesquisa realizada com pulverizadores de
veneno contra dengue, que 56% dos expostos apresentaram alterações de processamento
auditivo central (PAC), com risco relativo 7,58 para o grupo exposto (IC95% 2,9-19,8) de
desenvolver alteração de PAC, comparando com os não expostos. Os resultados sugeriram
que as exposições a piretroides e organofosforados afetam as funções auditivas centrais.
Teixeira (2003) sugeriu que exposições químicas devem ser monitoradas e controladas como
parte do esforço para prevenir a perda auditiva. Trabalhadores com exposição a substâncias
químicas neurotóxicas devem ser incluídos em programas de conservação auditiva,
independentemente de haver exposição a ruído, isso porque as exposições crônicas aos
inseticidas piretroides e organofosforados podem afetar o sistema auditivo periférico, com ou
sem a exposição concomitante ao ruído.
Manjabosco et al. (2004), em estudo realizado com trabalhadores rurais, encontraram
no grupo exposto um percentual de 60% (25) dos agricultores que apresentaram limiares
alterados. Destes, 23 foram sugestivos de perdas auditivas ocupacionais, incluindo as perdas
auditivas induzidas por ruído (PAIR) e por ototóxicos (17% expostos somente a ruído e 83% a
ruído e agrotóxicos). O zumbido frequente esteve presente em 57% (13) dos casos. No grupo
controle, apenas 7% (3) dos sujeitos apresentaram limiares alterados.
Em estudo realizado com 150 trabalhadores rurais expostos a agrotóxicos, com
audiometria tonal e vocal, mostrou-se uma evidência substancial de que a atividade agrícola
pode trazer risco para a audição. A razão de taxa para expostos a inseticida foi de 1,19
(IC95%1,04-1,35) e a organofosforados foi de 1,17 (IC95%1,03-1,31). A razão de taxa para
perda auditiva foi elevada para aqueles casos em que ocorreu exposição aguda ao agrotóxico
com valor de 1,81 (IC95%1,25-2,62) (CHOI et al, 2005). Também o estudo realizado por
Crawford et al. (2008), com aplicadores de agrotóxico, observou-se que a perda auditiva está
significativamente associada às atividades agrícolas, e que pode ser agravada com a presença
de ruído.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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Körbes (2009), por sua vez, realizou estudo em cobaias submetidas a exposição de
agrotóxico e considerou o organofosforado um agente lesivo agudo das células ciliadas
externas (CCE), visto a correlação entre a dosagem aplicada e a quantidade de alterações
observadas à microscopia eletrônica. As lesões morfológicas da cóclea ocorrem de maneira
predominante nos estereocílios das CCE e progridem para espira basal. Körbes et al. (2009)
observaram alterações morfológicas na cóclea, no sáculo e no utrículo de cobaias que foram
expostas a doses diárias de organofosforado, evidenciando o efeito degradante dos
agrotóxicos no sistema vestibulococlear.
Em outro estudo realizado com agricultores, foi observada associação estatisticamente
significante entre o índice de exposição a agrotóxico e pior desempenho nos testes de
processamento auditivo temporal, sugerindo que essa substância pode ser nociva para as vias
auditivas centrais (BAZILIO, 2010).
Foltz, Soares e Reichembac (2010) encontraram ocorrência de perda auditiva
sugestiva de perda auditiva induzida pelo ruído em 29,3% dos pilotos agrícolas avaliados.
Houve tendência estatística na associação entre configuração audiométrica e contato com
agrotóxico (p=0,088). O estudo concluiu que pilotos agrícolas apresentaram alto índice de
perda auditiva. Tal atividade ocupacional envolve contato com agrotóxicos e nível alto de
ruído.
No estudo realizado por Guida, Morini e Cardoso (2010) com trabalhadores expostos a
ruído e trabalhadores expostos a ruído e praguicidas, realizando audiometria tonal, os
trabalhadores expostos ao ruído ocupacional e a praguicidas possuíam maior risco para perda
auditiva do que os trabalhadores expostos somente ao ruído. Oliveira, Vargas e Sena (2012),
por sua vez, realizaram estudo com agricultores utilizando questionário de índice de qualidade
de vida e audiometria tonal. O estudo observou que os agricultores usuários de agrotóxicos
apresentaram piores escores de qualidade de vida quando comparados aqueles que não os
utilizaram. Outro aspecto relevante foi que o uso de agrotóxico e sua classe toxicológica
interferiram de maneira impactante no grau de perda auditiva apresentada pelos trabalhadores.
1.3 EMISSÕES OTOACÚSTICAS
As emissões otoacústicas (EOA) são sons detectados no meato acústico externo
(MAE), produzidos na cóclea, sendo especificamente o registro da mobilidade e da habilidade
mecânica das células ciliadas externas (CCE). Os movimentos das CCE podem ser
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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espontâneos (na ausência de estímulo acústico) ou evocados, em resposta a um estímulo
acústico (KEMP, 1989).
A cóclea não só recebe energia acústica de uma maneira passiva, mas também
amplifica ativamente certos sons. O mecanismo passivo é acionado por sons intensos,
movendo diretamente os estereocílios das células ciliadas internas (CCI) e o mecanismo ativo
é acionado por sons de fraca intensidade, quando a energia é insuficiente para movimentar
diretamente as CCI, provocando a movimentação dos estereocílios das CCE (COUBE;
COSTA FILHO, 2003).
O processo eletrobiomecânico ativo coclear, embora não funcione como receptores
cocleares, tem capacidade de contração rápida e lenta, funcionando como efetores cocleares
ativos, uma vez que, ao liberar energia mecânica durante as contrações rápidas, torna-se
responsável pelas EOA (VEUILLET; COLLET; DUCLAUX, 1991). As emissões
otoacústicas transientes (EOAT) são desencadeadas por um estímulo breve de banda larga,
avaliando a cóclea como um todo, e sua presença pode confirmar a integridade do mecanismo
coclear, já que quando ausente, e sem alteração de orelha externa e média, é significativo de
uma perda auditiva em torno de 25 a 30 dB NA (decibel nível de audição) (LOPES FILHO;
CARLOS, 2005).
1.4 SISTEMA EFERENTE OLIVOCOCLEAR MEDIAL
Em 1940, Grant L. Rasmussen descreveu pela primeira vez o sistema olivococlear e, a
partir de então, inúmeras investigações estão sendo realizadas. Anatomicamente, esse sistema
é composto por dois feixes: um feixe lateral, formado por fibras desmielinizadas, basicamente
ipsilateral, passando da região lateral do complexo olivar superior até as CCI, e outro feixe
medial, composto por fibras mielinizadas, que se projeta ipsi e contralateralmente da região
medial do complexo olivar superior até as CCE do órgão de Corti. São de origem contralateral
59% das fibras eferentes, passando por baixo do assoalho do IV ventrículo, 29% são de
origem ipsilateral e 12% são de origem desconhecida. A fisiologia desse sistema ainda é
discutida, desde a época de Rasmussen (1946), e o dado fisiológico mais significante até o
presente momento é que a estimulação acústica da cóclea pode modificar a resposta das fibras
aferentes contralaterais do nervo auditivo, fazendo a supressão da via aferente (VEUILLET ;
COLLET; DUCLAUX, 1991). Diversos estudos demonstram que a estimulação contralateral
das fibras eferentes modifica o potencial das CCI (VEUILLET ; COLLET; DUCLAUX,
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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1991), sugerindo que seja um efeito indireto mediado pelas CCE. O sistema olivococlear
medial tem como funções: manter a membrana basilar na posição estática optimal para
transdução, propiciar o controle de ganho nas CCE, atuar como sistema de proteção contra
ruídos intensos e na atenção seletiva.
A supressão é caracterizada pelo decréscimo da amplitude, bem como pelo decréscimo
de fase dos picos da emissão. A comparação de teste e re-teste mostra que os efeitos
supressivos são repetitivos e que a supressão das EOA é útil clinicamente na avaliação e
administração de perdas auditivas periféricas e centrais (HOOD et al.,1996).
O efeito de supressão das EOAT em indivíduos sem alteração ou queixas auditivas foi
estudado por vários autores. Eles utilizaram como estímulo ruído de banda larga contralateral
a 60 dBNPS (decibel nível de pressão sonora) e seus resultados evidenciaram efeito de
supressão maior que 1dB em 90% a 100% das orelhas. A faixa de variação das diferenças
entre o exame realizado com e sem o ruído situou-se entre 0,1 a 5,5 dBNPS (RYAN; KEMP,
1996; RABINOVICH, 1999; BERNARDI, 2000; PEREZ, 2006).
As fibras eferentes mediais podem inibir o fenômeno contrátil ativo das CCE,
regulando as contrações lentas com atenuação das contrações rápidas, diminuindo, assim, a
amplitude das EOA, quando afetadas na presença de estimulação elétrica, química ou ruído
(ipsi, contra ou binaural). Tal ajuste é mediado por neurotransmissores, tais como acetilcolina
(Ach) e adenosina trifosfato (ATP) (OLIVEIRA, 2007).
1.5 EMISSÕES OTOACÚSTICAS X PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO
As EOA podem ser utilizadas para detectar os primeiros sinais de alteração coclear, e
a disfunção coclear pode alterar o resultado das EOA antes de alterar o audiograma. Segundo
Fiorini e Fischer (2000), as EOAT podem ser um importante instrumento na detecção precoce
das alterações cocleares, pois podem ocorrer lesões difusas em mais de 30% das células
ciliadas externas antes de ser detectada qualquer perda auditiva. A redução das amplitudes de
respostas na região de frequência específica da perda auditiva induzida por ruído (PAIR) tem
sido observada em diversos trabalhos, isso devido à vulnerabilidade das CCE a agentes
químicos e sonoros.
Marques e Costa (2006) e Muniz et al. (2000) avaliaram a possibilidade de as
emissões otoacústicas produto de distorção (EOAPD) serem um método de diagnóstico de
alterações fisiopatológicas iniciais provocadas por exposição ao ruído ocupacional. Os autores
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
8
observaram que mesmo em indivíduos cuja audiometria tonal indicava limiares dentro da
normalidade apresentaram alteração no exame das EOAPD, concluindo ser este um método
importante para diagnóstico precoce da PAIR.
1.6 EMISSÕES OTOACÚSTICAS X EFEITO DE SUPRESSÃO X PRODUTO QUÍMICO
Em estudo realizado com frentistas de postos de gasolina expostos a solventes
orgânicos foi observada a presença de emissões otoacústicas transientes (EOAT) maior na
orelha esquerda no grupo exposto e nos grupo controle. O efeito supressor das EOAT na
orelha direita foi maior nos sujeitos do grupo exposto (62,5%) e na orelha esquerda foi
superior no grupo controle (86,9%). Não foram encontrados sinais de alteração nas células
ciliadas externas nem no sistema olivococlear medial nos sujeitos expostos a solventes
orgânicos (QUEVEDO, 2012).
Nenhum trabalho relacionando emissões otoacústicas efeito de supressão e agrotóxico
foi encontrado.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
9
O enfoque nas abordagens relacionadas à saúde auditiva de trabalhadores tem se dado,
quase que com absoluta exclusividade, às exposições ao ruído. Entretanto, ao se considerar
alteração auditiva ocupacional, é importante também que se reconheça a potencialidade de
outros agentes e sua possível interação com o ruído sobre a saúde auditiva dos trabalhadores,
como a associação que pode ocorrer entre ruído e produtos químicos.
Existem evidências de que os produtos químicos podem levar a diversas alterações
auditivas, inclusive a perda auditiva, independentemente da presença do ruído (AZEVEDO,
2004; TEIXEIRA et al., 2003). Dentre os principais agentes químicos que podem levar à
alteração auditiva, incluem-se solventes, metais, asfixiantes e agrotóxicos (SLIWINSKA-
KWALSKA, 2007; TEIXEIRA et al., 2003).
A legislação brasileira, bem como a internacional, não exige monitoramento da audição
dos trabalhadores expostos a certos produtos químicos, exceto os que estejam expostos a
níveis de ruído acima dos limites de exposição permitidos. Mais recentemente a União
Europeia (EUROPEAN UNION, 2003), em sua nova diretiva relacionada ao controle da
exposição ao ruído, recomendou que os programas de conservação auditiva devessem atender
as necessidades dos trabalhadores expostos a riscos químicos.
Este aumento da quantidade e qualidade de evidências acerca dos riscos de danos
auditivos decorrentes da exposição química traz à tona a necessidade de que esse tipo de
exposição ocupacional seja levado em consideração nas avaliações da capacidade auditiva de
trabalhadores. Isso traz uma série de desafios metodológicos, uma vez que a simples aferição
dos limiares tonais, através da audiometria tonal, representa um método limitado e
inadequado para avaliar as consequências de alteração das vias auditivas. Assim, um grande
número de trabalhadores encontra-se potencialmente desprotegido, o que torna ineficazes os
programas de prevenção de perdas auditivas.
Acredita-se que essa seja uma das razões para que as alterações auditivas ocupacionais
permaneçam sendo um importante problema em todo o mundo, apesar de todos os esforços
para sensibilizar a população exposta e o governo (TEIXEIRA et al., 2003).
2 JUSTIFICATIVA
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
10
Frente ao exposto, este estudo tem por objetivo avaliar a magnitude da associação
entre trabalho agrícola, exposição a agrotóxicos e ototoxicidade em agricultores do Estado do
Rio de Janeiro através das emissões otoacústicas transientes com supressão.
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Realizar um levantamento da bibliografia relacionada a audição e agrotóxico;
b) Realizar um estudo do grau de exposição ao agrotóxico de uma comunidade de
Friburgo;
c) Avaliar a frequência e a magnitude da supressão contralateral das emissões
otoacústicas transientes, estabelecendo uma associação com o grau de exposição ao
agrotóxico;
d) Estimar a magnitude da ocorrência de ototoxicidade de trabalhadores agrícolas.
4.1 DESENHO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, de desenho transversal.
4.2 LOCAL DO ESTUDO
São Lourenço está situado no 3° Distrito de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil. Sua
população é composta por aproximadamente 650 pessoas. Essa região localiza-se a uma
altitude entre 1000 e 1200 metros, e as montanhas que a cercam são as principais do Estado, a
Serra do Mar e a Serra dos Órgãos, que chegam a alcançar 2.400 m. O principal meio de
produção do Vale São Lourenço está na agricultura familiar, e todas as pessoas participam do
processo de trabalho, já que o local é um maiores produtores de legumes do estado do Rio de
Janeiro (PERES et al., 2009).
3 OBJETIVOS 4 MATERIAL E MÉTODO
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
11
Imagem 1 – Residência familiar, Baixada de Salinas, Nova Friburgo (Maria Isabel Kós, 2011).
Os indivíduos residentes em São Lourenço são expostos aos agrotóxicos pelas vias
ambiental, ocupacional e alimentar. A exposição ambiental ocorre pela contaminação dos
compartimentos ambientais, quando os agrotóxicos contaminam as águas, a atmosfera e o
solo; a exposição ocupacional ocorre durante o processo de trabalho; e a alimentar quando os
residentes consomem o que plantam.
Imagem 2 – Mapa região de Baixada de Salinas e São Lourenco, Nova Friburgo (Google Map, 2012).
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
12
Imagem 3 – Mapa região de Baixada de Salinas e São Lourenco, Nova Friburgo (Google Map, 2012).
Para seleção da população estudada, foi realizado contato com a Secretaria Estadual de
Agricultura, que sugeriu o Centro Familiar de Formação por Alternância – Colégio Estadual
Agrícola Rei Alberto I (CEFFA – CEA Rei Alberto I - IBELGA). Essa escola foi escolhida
por apresentar alunos que participam da agricultura familiar, possibilitada pela pedagogia de
alternância, que intercala um período de convivência na sala de aula com outro no campo,
diminuindo a evasão escolar.
O Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I é um Centro Familiar de Formação por
Alternância (CEFFA), é uma instituição de ensino público que nasceu a partir de um convênio
entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Instituto Bélgica Nova Friburgo (IBELGA).
A unidade desenvolve um projeto de Educação do Campo aplicando a Pedagogia da
Alternância. Assim, atendendo a Legislação Federal que dá às famílias rurais o direito de
serem assistidas por uma educação que atenda suas especificidades sociais, econômicas e
culturais, permitindo uma diminuição da evasão escolar. Sendo um CEFFA, este Colégio
valoriza a participação da família no processo formativo do jovem e a inclusão dos estudantes
no meio profissional de sua região: a agricultura.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
13
Imagem 4 – Centro Familiar de Formação por Alternância Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I1
4.3 POPULAÇÃO DE ESTUDO
Após a aplicação do critério de inclusão e exclusão da amostra inicial de 356, a
pesquisa ficou constituída de 205 sujeitos. Desses 356, 4 foram excluídos por não
preencherem adequadamente o questionário, 76 por não serem estudantes da escola e 71 por
apresentarem alteração de orelha média e / ou qualquer grau de perda de audição.
A população estudada foi composta de 205 alunos do Ensino Fundamental I, Ensino
Fundamental II, Ensino Médio e Curso de Especialização em Agronomia do Colégio Estadual
Agrícola Rei Alberto I (IBELGA), de ambos os sexos, com idade variando entre 8 a 30 anos,
e com exposição aos agrotóxicos.
4.4 LOCAL DA PESQUISA
O presente estudo foi desenvolvido em uma sala silenciosa, no Colégio Estadual
Agrícola Rei Alberto I.
1 Situado à Estrada dos Três Picos, s/nº, Baixada de Salina, Nova Friburgo (RJ), CEP 28600-000 e telefone (22)
2543-6911.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
14
Imagem 5 – Local aonde foram realizados os exames, CFFA CEA Rei Alberto I (Maria Isabel Kós, 2011).
4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Foram incluídos no estudo alunos do Ensino Fundamental II, do Ensino Médio e do
Curso de Especialização em Agronomia do Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I, sem
alterações otológicas, que apresentaram exame audiométrico dentro dos limites de
normalidade (FROTA, 2003), com presença de curva timpanométrica tipo A (JEGER;
STACH, 1991) e presença das emissões otoacústicas transientes (KENNEDY et al, 1998).
Além disso, os participantes tinham que se capaz de responder ao questionário e compreender
as ordens necessárias para a realização dos exames. E ter a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido pelo aluno e responsável (nos menores d 18 anos).
4.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídos da amostra todos os que não eram alunos da Escola Estadual Rei
Alberto I, e foram também excluídos da amostra da pesquisa todos os indivíduos que
apresentaram:
a) Presença de rolha de cera ou corpo estranho no meato acústico externo;
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
15
b) Perda auditiva condutiva, mista e neurossensorial de qualquer grau, ou ainda
alterações de orelha externa e/ou média;
c) Limiar de recepção de fala (LRF) acima de 10 dB da média tritonal (500, 1.000 e
2.000 Hz);
d) Escore inferior a 88% no índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF);
e) Timpanometria com curva tipo Ar, Ad, B e C;
f) Respostas alteradas no exame de emissões otoacústicas transientes, com a resposta
geral inferior a 6 dB e reprodutibilidade da resposta e estabilidade da sonda inferior a
70% (KENNEDY et al, 1998).
4.7 PROCEDIMENTOS PARA SELEÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA
Com o objetivo de selecionar a população estudada foram aplicados: questionário,
meatoscopia, avaliação audiológica básica, imitanciometria e emissões otoacústicas
transientes. Todos os procedimentos foram realizados em uma sala silenciosa na Escola
Estadual Rei Alberto I.
4.7.1 Questionário
Os estudantes foram submetidos a um questionário (Anexo A) contendo perguntas
estruturadas com a finalidade de obter informações pessoais (endereço, sexo, estado civil e
escolaridade, questões do Grupo I), informações de ocupação e hábitos (ocupação, local de
moradia, quantas horas gasta na lavoura, distância da lavoura mais perto, presença de horta na
residência, atividades que realiza na lavoura, questões do grupo II), informações de saúde
geral (presença de pressão alta, colesterol e diabete, consumo de bebida alcoólica, fumo e
medicamentos, questões do Grupo III), informações auditivas (histórico auditivo e como o
indivíduo percebe sua audição, questões do Grupo IV).
Além disso, o questionário conteve perguntas pertinentes ao processo de trabalho:
questões com informação sobre uso do agrotóxico (questões do Grupo V), questões com
informações de outras exposições, como a exposição a ruídos e solventes, que podem ser
fatores de confundimento para a pesquisa (questões do Grupo VI), questões que avaliam os
hábitos de trabalho, como uso de EPI e o número de horas diárias de trabalho (questões do
Grupo VII).
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
16
O grau de exposição aos agrotóxicos foi avaliado através de um questionário adaptado
do Agricultural Health Study (1996), utilizando algumas das questões do grupo II, V, VI e
VII. Ele foi testado e os coletores de dados foram previamente treinados. Para categorizar a
exposição foi atribuída uma pontuação considerando-se os escores propostos por Dosemeci et
al. (2002).
Os pontos variaram entre 0 e 9 pontos. Algumas questões entre 0 e 1, outras 0, 1 e 2,
outras entre 0, 1, 2, 3 e 4, dependendo do número de repostas que poderia ser dado. As
questões em que foi avaliado o contato direto com o agrotóxico, a pontuação dada foi de 0, 8
ou 9. Com a soma da pontuação de cada questionário chegou-se a um escore. Os que
apresentaram maior pontuação foram classificados como indivíduos mais exposto, e os que
apresentaram menor pontuação foram classificados como indivíduos com pouca exposição.
Através do questionário, foi possível classificar os estudantes quanto ao grau de
exposição, para o que foi atribuída uma pontuação (Anexo B). O escore final encontrado
variou de 0 (menos expostos) podendo chegar até 76 pontos (mais expostos). O grupo
estudado o escore variou de 0 até 63 pontos e o resultado final foi dividido em quartil para
classificação do grau de exposição, conforme quadro 1.
Quadro 1: Divisão de escore por quartil do grupo de 205 estudantes que participaram da pesquisa.
Quartil Pontos
1 0 – 3
2 4 – 20
3 21 – 42
4 43 – 63
Todos os indivíduos que nas questões do Grupo IV (informações auditivas) relataram
histórico de cirurgia otológica ou de alguma doença que possa ter afetado a audição foram
excluídos.
4.7.2 Meatoscopia
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
17
Após aplicação do questionário, os estudantes foram submetidos a meatoscopia, por
meio de otoscópio clínico da marca Heine, modelo MINI 2000, com a finalidade de se realizar
uma inspeção cuidadosa do meato acústico externo e a visualização da membrana timpânica,
excluindo indivíduos com presença de corpo estranho e de rolha de cera, o que impediria a
obtenção correta dos limiares tonais, da pesquisa das emissões otoacústicas e dos resultados
da timpanometria (FROTA, 2003).
4.7.3 Avaliação audiológica básica: audiometria tonal e vocal
Após a primeira etapa, foi realizada a avaliação audiológica básica, composta por:
audiometria tonal liminar por via aérea e por via óssea, índice percentual de reconhecimento
da fala (IPRF) para monossílabos e limiar de reconhecimento de fala (LRF), a partir de Frota
e Sampaio (2003). A avaliação audiológica foi realizada com o audiômetro da marca
Intercoustic, modelo AC30, e com fone TDH-49P. Esses procedimentos foram aplicados em
cabina acústica, seguindo-se as determinações da ISO 8253 (2010).
Imagem 6 – Audiometria tonal (Maria Isabel Kós, 2011)
O objetivo da audiometria tonal liminar é a determinação dos limiares de audibilidade,
isto é, o estabelecimento do mínimo de intensidade sonora necessária para provocar a
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
18
sensação auditiva, e a comparação destes valores ao padrão de normalidade, usando-se como
referência um tom puro (SANTOS, 2007). Na audiometria tonal liminar foram pesquisadas
por via aérea, as frequências de 250, 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000, 6.000 e 8.000 Hz (hertz)
e por via óssea, as frequências de 500, 1.000, 2.000, 3.000 e 4.000 Hz. Os limiares tonais
foram obtidos através da técnica descendente descrita por Frota (2003). Consideraram-se
limiares dentro da normalidade até 20 dB, de acordo com a classificação do grau de perda
auditiva proposta por Lloyd e Kaplan (1978). Foram excluídos todos os indivíduos que
apresentaram algum grau de perda auditiva, com limiares piores que 20 dB.
O índice percentual de reconhecimento de fala (IPRF) é a medida da inteligibilidade
da fala em uma intensidade fixa, na qual o indivíduo consegue repetir corretamente o maior
número de palavras (RUSSO et al., 2007). Para tanto, foi utilizada uma lista contendo 25
palavras monossílabas, e cada foi erro representado por 4%. Excluíram-se da pesquisa os
indivíduos que obtiveram escore de acertos inferior a 88%.
O limiar de recepção de fala (LRF) tem como objetivo confirmar os limiares tonais da
via aérea e exprime a menor intensidade para a qual o indivíduo consegue identificar 50% das
palavras apresentadas. O LRF foi obtido utilizando-se palavras trissílabas e polissílabas por
meio de técnica descendente, como relatado por Frota e Sampaio (2003). Os resultados
obtidos deveriam coincidir com a média dos limiares tonais das frequências de 500, 1.000 e
2.000 hertz, ou até 5 ou 10 decibéis acima dessa média. Os indivíduos que não obtiveram esse
resultado foram excluídos da pesquisa.
4.7.4 Imitanciometria
Também se realizou a timpanometria, com a finalidade de excluir afecções de orelha
média. A análise da imitância acústica foi realizada com o imitanciômetro da marca
Interacoustic, modelo AZ7, de acordo com os critérios de Rossi (2003). Os resultados da
pesquisa foram analisados segundo o padrão de normalidade sugerido por Jerger e Stach
(1991), no qual timpanogramas normais são classificados com curva tipo A, ou seja, ponto de
máxima admitância em ou próximo à pressão atmosférica normal, dentro da faixa de 0 a 100
da Pa. Só foram incluídos os indivíduos com timpanograma com curva tipo A.
4.7.5 Exame de emissões otoacústicas transientes
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
19
Para finalizar a seleção da amostra estudada, foi realizada a pesquisa das emissões
otoacústicas transientes (EOAT). As emissões otoacústicas refletem as propriedades
micromecânicas e ativas do órgão de Corti (KEMP, 2002), sendo que as células ciliadas
externas (CCE) parecem estar particularmente envolvidas na sua geração (DALLOS; HE,
2000).
A captação das emissões otoacústicas transientes (EOAT), uma das formas de obter as
EOA, ocorre quando a orelha é estimulada por estímulo breve de banda larga (clique). Trata-
se de um procedimento não invasivo, rápido, aplicável em locais sem tratamento acústico,
objetivo (não depende da resposta do indivíduo) e sensível a perdas de grau leve a profundo,
uni ou bilaterais.
A pesquisa das EOAT foi efetuada por meio do aparelho Otodynamics, modelo OEA
EZ – Screen da marca ILO. Foram realizadas as EOAT (clique) nas faixas de frequência de 1;
1,5; 2; 3 e 4 kHz e a resposta geral das emissões, com reprodutibilidade da resposta e
estabilidade da sonda superior a 70%, de acordo com os critérios de Bonfils e Uziel (1989),
Kemp, Ryan e Bray (1990), Lopes Filho e Carlos (2005).
Considerou presença de EOAT quando: a resposta geral esteve igual ou acima de 6 dB
(relação sinal / ruído), e quando a amplitude mínima foi igual ou maior que 6 dB para pelo
menos 3 das 4 bandas de as frequências testadas (Kennedy et al, 1998). Os indivíduos que não
obtiveram esses resultados foram excluídos da pesquisa.
4.8 PROCEDIMENTO DA PESQUISA
Foi realizado o exame de emissões otoacústicas transientes e emissões otoacústicas
transientes com supressão, com ruído contralateral, de acordo com os critérios de Kemp et al.
(1990).
O equipamento utilizado para realizar as EOA foi um aparelho Otodynamics OEA EZ
– Echoport ILO288 da marca ILO, acoplado a um notebook da marca Samsung, com
processador Intel Core, 8GB de memória e tela Led tamanho 15”, sistema operacional
Windows7 Professional.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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Imagem 7 – Equipamento de Emissões Otoacústicas ILO 288 (Site Otodynamics, 2012).
Para vedar o conduto e captar a resposta, foi utilizada a sonda modelo SGD General
TE + DPOAE Probe, compatível com o equipamento de EOA ILO288, da marca
Otodynamics Audiology Sistems.
Imagem 8 – Sonda da EOA ILO 288 (Site Otodynamics, 2012)
Para gerar o ruído na orelha contralateral foi usado o audiômetro da marca
Intercoustic, modelo AC 30, com fone TDH - 49P.
No exame de emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente foi utilizado o
protocolo "TE Screen 70% a 3 / 4 frequências", que testou as bandas de frequência de 1, 1,5,
2, 3 e 4 kHz, porém foram analisados somente as bandas de frequências de: 1,5, 2, 3 e 4kKHz
com relação à reprodutibilidade, a amplitude e relação sinal / ruído.
O tipo de estímulo utilizado foi o clique não linear com pulsos regulares de 200 µs, de
polaridade rarefeita e frequência de repetição de estímulo de 47 ciclos / s. A intensidade do
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
21
estímulo foi de 75 a 80 dB NPS (três cliques na mesma polaridade e um de polaridade
oposta), com largura de banda de 6 kHz e janela de análise de 16,6 ms (milissegundos).
Imagem 9 – Gráfico do exame de EOAT ILO 288 (Site Otodynamics, 2012)
A pesquisa do efeito supressor das EOAT foi realizado com registro das EOAT com
clique não linear de 75 a 80 dB NPS, através da comparação da amplitude das EOA sem e
com a presença de ruído branco contralateral. O ruído contralateral foi apresentado numa
intensidade a 60dBNA (PEREZ; KÓS; FROTA, 2006). com fone TDH 39 coxim MX 41 do
Audiômetro da marca Interacoustic modelo AC30®. O fone foi posicionado no mesmo
momento em que a sonda, para que esta não mudasse de posição para avaliação do efeito
supressor.
Para a realização das EOAT, foi adaptada uma sonda (com uma oliva de borracha na
ponta) para registro das respostas na primeira orelha a ser testada, e o teste iniciou-se assim
que foram alcançadas condições satisfatórias de estabilização do estímulo. As EOAT foram
captadas inicialmente na orelha direita sem ruído branco contralateral, e em seguida com
ruído. O mesmo procedimento foi feito na orelha esquerda. Na realização das emissões
otoacústicas se teve o cuidado de mesmo antes da colocação do ruído, posicionar o fone para
que não houvesse diferença entre as respostas pelo efeito de oclusão e deslocamento da sonda.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
22
Imagem 10 – Exame de emissões otoacústicas transientes (Maria Isabel Kós, 2012).
A supressão das EAOT foi determinada pela subtração do nível de resposta das EOAT
sem ruído branco contralateral do nível de resposta das EAOT com ruído branco contralateral.
Foram consideradas respostas positivas quando houve redução maior ou igual a 1dB entre a
amplitude de respostas das emissões otoacústicas sem e com presença de ruído branco
contralateral (efeito de supressão presente). Foi considerado ausência de supressão, quando a
redução da amplitude foi inferior à 1dB, considerando a resposta das emissões com e sem
presença de ruído branco contralateral (ausência do efeito de supressão) (Collet et al, 1992).
Supressão = EOAT sem ruído (–) EOAT com ruído
4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A população foi dividida em quartil de acordo com o escore de exposição, e os valores
de supressão em orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE); suas respectivas estatísticas
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
23
(média, mediana, etc.) foram avaliadas de acordo com esses quartis. Ainda, os valores de
supressão das EOAT em OD e OE foram correlacionados ao escore de exposição, tratado
agora como variável contínua. Para o cálculo da correlação, utilizou-se o coeficiente de
Spearman (r).
Após análise descritiva, procedeu-se à análise bivariada, considerando-se como
desfecho a ausência de supressão em OD, em OE, ausência de supressão unilateral (OD ou
OE) e ausência de supressão bilateral (OD e OE). Para comparar a ocorrência de ausência de
supressão, de acordo com as variáveis estudadas, foi utilizado o teste Qui-Quadrado de
Pearson.
Finalmente, observou-se, tendo o 1º quartil de exposição (menos expostos) como
referência, a razão de chance (OR) para ausência de supressão nos demais quartis de
exposição. Para isso, utilizou-se a técnica de regressão logística, cuja variável de desfecho foi
a ausência de supressão e a variável de exposição de interesse foram os quartis de exposição.
As análises estatísticas foram realizadas com o programa SPSS, versão 20 for Mac.
4.10 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC-UFRJ) sob o
número 67/2011 (Anexo C).
O estudo considerou os aspectos éticos recomendados pela Resolução 196/96 sobre
pesquisa envolvendo seres humanos, incluindo, entre outros, a obtenção do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido dos indivíduos (Anexo 4) e Autorização do Responsável
(Anexo 5), para menores de idade. Todos os indivíduos receberam orientação sobre o
procedimento da pesquisa, e os menores de 18 anos a receberam em conjunto com os pais ou
responsável e concordaram em participar mediante a assinatura em Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido aprovado pela Comissão de Ética do IESC-UFRJ, sob o protocolo nº
67/2011. Foi assegurado que a participação não acarretaria nada que pudesse levar a danos
físicos, psíquicos, morais, intelectuais, sociais, culturais ou espirituais a essas pessoas.
Os casos em que foram detectadas alterações em qualquer uma das avaliações citadas
anteriormente, essas avaliações foram dadas como devolutivas aos sujeitos e/ou aos
responsáveis, bem como foi feito devido encaminhamento para tratamento.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
24
Como discussão e resultados serão apresentados três artigos:
- REVISÃO SISTEMÁTICA: EFEITOS DA EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS SOBRE O
SISTEMA AUDITIVO PERIFÉRICO E CENTRAL
- PADRÃO DE EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS EM POPULAÇÃO RURAL DO RIO DE
JANEIRO
- EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO NO SISTEMA AUDITIVO EFERENTE
ATRAVÉS DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS TRANSIENTES COM SUPRESSÃO
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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25
REVISÃO SISTEMÁTICA: EFEITOS DA EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS SOBRE
O SISTEMA AUDITIVO PERIFÉRICO E CENTRAL
ARTIGO 1
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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26
REVISÃO SISTEMÁTICA: EFEITOS DA EXPOSIÇÃO A
AGROTÓXICOS SOBRE O SISTEMA AUDITIVO PERIFÉRICO E
CENTRAL
Maria Isabel Kós*
Ana Cristina Hoshino**
Carmen Ildes Fróes Asmus**
Raphael Mendonça**
Armando Meyer**
RESUMO
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as intoxicações agudas por
agrotóxicos são da ordem de três milhões anuais, com 2,1 milhões de casos só nos países em
desenvolvimento. Na última década, no Brasil, o uso de agrotóxicos assumiu proporções
assustadoras. Entre 2001 e 2008 a venda desses produtos saltou de pouco mais de U$2 bilhões
para mais de U$7 bilhões, quando o país alcançou a posição de maior consumidor mundial de
venenos (LONDRES, 2011). O objetivo do trabalho é evidenciar, por meio de revisão
sistemática, se o agrotóxico é ou não ototóxico e, sendo assim, qual seria sua forma de
atuação no sistema auditivo periférico, central, ou se há alterações cognitivas de forma a
contribuir para o diagnóstico e acompanhamento da exposição. Trata-se de uma revisão
sistemática dos estudos publicados sobre os efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema
auditivo. Analisaram-se os estudos contemplados na íntegra e também sua qualidade
metodológica. A pesquisa identificou 143 estudos sobre o tema, sendo que 16 se enquadraram
nos critérios de inclusão. Todos os artigos analisados evidenciaram que a exposição ao
agrotóxico é ototóxica e induz ao dano periférico e/ou central e/ou à alteração cognitiva.
Palavras-chave: Agrotóxicos. Perda auditiva. Perda auditiva central.
* Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ); Curso de
Fonoaudiologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. **
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ)
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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ABSTRACT
Introduction: According to the World Health Organization – WHO, the acute pesticide
intoxications are in the magnitude of three million per year, with 2,1 million cases only in
developing countries. Over the last decade, in Brazil, the use of agrochemicals rose to scary
proportions. Between 2001 and 2008 the selling of these products in the country rocketed
from little more than Us$ 2 billions to more than Us$ 7 billions, reaching the position of
world’s largest consumer of poison. Objective: The objective of the paper, through
systematic revision, is to put in evidence if the agrochemical is or not ototoxic and, if so
being, how would it act on the peripheral or on the central auditory system or if there are
cognitive modifications to contribute for the diagnosis and monitoring of the exposure.
Methodology: It’s a systematic review of published studies about the effects of exposure to
agrochemicals on the auditory system. The fully contemplated studies and also their
methodological quality were analysed. Results: The research identified 143 studies about the
theme, being that 16 fitted the inclusion criteria. Conclusion: All the analysed articles showed
that the exposure to agrochemicals is ototoxic and induces damage to the peripheral and/or
central auditory systems and/or induces cognitive modification.
Keywords: Pesticides. Hearing loss. Central hearing loss.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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Introdução
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as intoxicações agudas por
agrotóxicos são da ordem de três milhões anuais, com 2,1 milhões de casos só nos países em
desenvolvimento. O número de mortes atinge 20 mil em todo o mundo e 14 mil nos países do
terceiro mundo. Mas, acreditam os especialistas, as estatísticas reais devem ser ainda maiores,
pois há falta de documentação a respeito das intoxicações subagudas, causadas por exposição
moderada ou leve a produtos de alta toxicidade e de aparecimento lento com sintomatologia
subjetiva; e das intoxicações crônicas que requerem meses ou anos de exposição e
tardiamente revelam danos à saúde.
Na última década, no Brasil, o uso de agrotóxicos assumiu proporções assustadoras.
Entre 2001 e 2008 a venda desses produtos saltou de pouco mais de U$2 bilhões para mais de
U$7 bilhões, quando o país alcançou a posição de maior consumidor mundial de venenos
(LONDRES, 2011). Levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola
(Sindag), em 2009, mostraram um crescimento de 4,59% da área cultivada no período entre
2004 e 2008. Enquanto que no mesmo período as quantidades vendidas de agrotóxicos
subiram aproximadamente 44,6% (CARNEIRO; SOARES, 2010).
No Brasil, em 2009 foram registrados 188 óbitos relacionados ao uso de agrotóxicos, o
que gerou uma letalidade de 3,26% para o país como um todo (segundo o Sistema Nacional
de Informações Tóxico-Farmacológicas – Sinitox), sendo que a maior letalidade foi gerada
pelos agrotóxicos de uso agrícola. Ainda conforme o Sinitox (2009), dos 5612 casos de
intoxicação ocupacional registrados naquele ano, 1163 (20,7%) foram causados por
agrotóxicos.
De acordo com os dados divulgados pelo IBGE em 2010, nos nove anos anteriores
houve um aumento médio de 11% ao ano na venda de agrotóxico. A maior utilização dessas
substâncias é na agricultura, mas elas também são utilizadas na saúde pública, na eliminação e
no controle de vetores transmissores de doenças endêmicas, e ainda no tratamento de madeira
para construção, no armazenamento de grãos e sementes, na produção de flores, para combate
de piolhos e outros parasitas, na pecuária, etc. Além da exposição ocupacional, a
contaminação ambiental coloca em risco de intoxicação outros grupos populacionais, como as
famílias dos agricultores e, em menor grau, a população em geral, que tem a possibilidade de
intoxicar-se principalmente na ingestão de alimentos contaminados (OPAS, 1996).
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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Os efeitos nocivos do uso de agrotóxicos para a saúde humana têm sido objeto de
diversos estudos elaborados por profissionais da saúde, os quais têm detectado a presença
dessas substâncias em amostras de sangue humano, no leite materno e resíduos presentes em
alimentos consumidos pela população em geral, apontando para a possibilidade de ocorrência
de anomalias congênitas (RONDA et al., 2005), de câncer (KOIFMAN; HATAGINA, 2003),
de doenças mentais (EDDLESTON; PHILLIPS, 2004), de disfunções na reprodutividade
humana (RUPA; REDDY; REDDI, 1991) relacionadas ao uso de agrotóxicos (SIQUEIRA;
KRUSE, 2008).
Além disso, estudos com substância química têm associado alterações auditivas com
uso de drogas ototóxicas, como na exposição a solventes orgânicos (MORATA et al., 1993) e
agrotóxicos (TEIXEIRA et al., 2003). Até então, todos os estudos sobre os danos auditivos
relacionados à saúde de trabalhadores eram associados quase que exclusivamente aos riscos
de exposição ao ruído. (ATHERLEY, 1971; MORATA et al., 1993; TEIXEIRA et al., 2003).
Muitas vezes a intoxicação ocupacional e ambiental por agrotóxicos é lenta e
silenciosa e as populações podem não sentir dificuldades auditivas que possam ser
demonstradas em um audiograma, mas no seu cotidiano perdem a qualidade sonora de uma
boa compreensão de fala, o que pode se refletir na dificuldade escolar e mesmo na
comunicação com o meio social (AGRAWAL; PLATZ; NIPARKO, 2008).
O objetivo deste estudo foi avaliar através de uma revisão sistemática se a exposição
ao agrotóxico causa alterações auditivas no sistema auditivo periférico e/ou central, atentando
assim para a importância da avaliação auditiva em populações expostas de forma crônica ou
aguda.
1 Métodos
Foi realizada uma revisão sistemática dos estudos publicados a respeito dos efeitos
sobre o sistema auditivo periférico e/ou central relacionados à exposição ao agrotóxico, de
janeiro de 1966 a maio de 2012, período coberto pelo conjunto de bases de dados disponíveis.
Os critérios de inclusão foram: artigos originais de pesquisa, resumos de congressos
específicos e trabalhos de mestrado e doutorado publicados nos anos de 1966 a 2010, em
português, inglês, francês e espanhol, que estudaram os efeitos agudos ou crônicos do
agrotóxico nas vias auditivas periféricas e/ou centrais. Puderam ser incluídos todos os tipos de
estudo: ensaio clínico, estudo de coorte e caso controle, sem restrição de idiomas. Não houve
restrição com relação ao sexo e idade das populações estudadas, nem ao tempo de exposição.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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Foram excluídos artigos de revisão, metanálise, editoriais e relatos de casos e artigos que
relacionavam alterações auditivas com presença de ruído, e não com a exposição ao
agrotóxico.
Foi realizada uma busca para identificar estudos que atendessem aos critérios de
inclusão e exclusão estabelecidos. Na fase de busca não houve restrição com relação ao
idioma dos artigos. Para isso, foram pesquisados os bancos de dados MedLine, de janeiro de
1966 a junho de 2012, Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciências de la Salud
(Lilacs), de janeiro de 1982 a junho de 2012, Scientific Eletronic Library Online (Scielo), de
janeiro de 1997 a junho de 2012, Web of Science e Science Direct e Scopus. Foram ainda
realizadas buscas eletrônicas e manuais por referências citadas nos artigos solicitados; em
sítios eletrônicos relacionados ao tema, como Excerpta Medica, versão on-line (Embase),
Anvisa e Sinitox, Academia Brasileira de Audiologia (ABA), The international Congress of
Audiology (ICA), American Academy of Audiology (AAA) em busca de estudos
apresentados em anais de congressos especializados e em bancos de teses, como o da
Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Istituto
Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC). Os descritores
utilizados, combinados entre si, foram: “audição” ou “hearing” ou “perda auditiva” ou
“hearing loss” ou “alteração cognitiva” ou “cognitive effects” ou “audiometria” ou
“audiometry” e “organofosforado” ou “organophosphates” ou “pesticida” ou “pesticides” ou
“saúde ambiental” ou “ambiental health”.
As referências dos estudos selecionados através da pesquisa nos bancos de dados
foram examinadas em busca de artigos que atendessem aos critérios de seleção. Todos os
estudos selecionados foram inicialmente analisados através dos seus resumos. Aqueles em
que o estudo pesquisou associação do agrotóxico com alteração auditiva foram analisados na
íntegra.
Os dados de cada estudo foram coletados, independentemente, por dois revisores
através de formulários pré-delineados, que incluíram: variáveis correspondentes aos critérios
de elegibilidade, variáveis referentes aos indivíduos envolvidos nos estudos (idade, sexo,
ocupação), tipo de estudo (seccional, coorte, caso controle), variáveis de exposição (crônica
ou aguda), número de indivíduos do estudo, presença de grupo controle, utilização de
biomarcadores, tipo de avaliação realizada no estudo (questionários, audiometria, emissão
otoacústicas, imitanciometria, potencial evocado e/ou testes cognitivos) e conclusão
compatível com os resultados.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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Os trabalhos foram avaliados quanto à qualidade metodológica. Foi desenvolvida uma
tabela, adaptada da avaliação de qualidade Cochrane Collaboration (HIGGINS; GREEN,
2009), do resumo de risco de viés. Foram analisados oito itens nos artigos: especificação dos
critérios de inclusão da população; presença de justificativa para o tamanho da amostra;
presença de grupo controle; ausência de viés de seleção, aferição e perda; qualidade da
avaliação realizada para pesquisar as vias auditivas; exposição somente a agrotóxico; presença
de biomarcador; e a conclusão compatível com os resultados. Cada uma dessas questões foi
respondida com “sim”, “não”.
3 Objetivos
O objetivo do trabalho foi evidenciar, por meio de revisão sistemática, se o agrotóxico
é ou não ototóxico e, sendo assim, qual seria sua forma de atuação no sistema auditivo
periférico, central, ou se há alterações cognitivas de forma a contribuir para o diagnóstico e
acompanhamento da exposição. Tratou-se de uma revisão sistemática dos estudos publicados
sobre os efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo.
2 Resultados
A pesquisa eletrônica identificou nas bases de dados 135 estudos publicados sobre o
tema; foram identificados mais oito estudos através de pesquisas por referência bibliográfica
de forma manual, sendo que um deles é uma tese, e não foi encontrado nenhum tema livre.
As principais revistas em que os estudos foram encontrados: Journal of Agricultural Safety
and Health (14), American Journal of Industrial Medicine (13) e Journal of Agromedicine (7).
Inicialmente foram excluídos 42 estudos, por estarem repetidos. Dos 101 estudos
restantes, 64 foram excluídos por serem revisões de literatura, estudos realizados em
laboratório ou com cobais, ou por não estarem associados ao assunto pesquisado. Outros 4
resumos foram excluídos por estarem em outra língua (polonês, russo e alemão). Os 33
estudos restantes foram analisados com os textos completos, sendo que 17 foram excluídos,
por associarem as alterações auditivas somente com exposição ao ruído, sem abordarem o uso
do agrotóxico, ou por estudarem somente alterações vestibulares (do labirinto) (THELIN,
1983; KARLOVICH, 1988; PLAKKE, 1992; GOMEZ, 2001; SOLECKI, 2002; WILLIAMS,
2003; Stewart, 2003; Kerr, 2003; Solecki, 2003; Miyakita, 2004; HASS-SLAVI, 2005;
YOKOYAMA, 2006; CARRUTH, 2007; GATES, 2007; ESKENAZI, 2007; AYBEK, 2009;
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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LOWER, 2010). Somente 16 estudos satisfizeram os critérios de inclusão. Apesar de a
pesquisa ter abrangido estudos a partir de 1966, só foram encontrados artigos relacionados ao
assunto estudado a partir de 2000 (Figura 1).
Figura 1 — Descrição dos estudos encontrados nas bases de dados
A Tabela 1 traz informações sobre os estudos incluídos nesta revisão. Dos 16 artigos
que se enquadraram nos critérios de inclusão, dois foram realizados com crianças e
adolescentes, avaliando a exposição ambiental. Um desses artigos avaliou indivíduos que
tentaram se suicidar com doses elevadas de agrotóxico, estudando a exposição aguda, outro
avaliou pilotos agrícolas com exposição aos agrotóxicos, e doze avaliaram agricultores com
exposição crônica a agrotóxicos. Onze artigos foram publicados no idioma inglês e cinco em
língua portuguesa, sendo que seis estudos foram realizados nos Estados Unidos, três no Sri
Lanka, um na Alemanha e seis no Brasil. A maior parte abordou o efeito crônico de
agrotóxico em trabalhadores rurais e/ou familiares, sendo que quatro deles estudaram também
o efeito da exposição ao ruído ocupacional, emitido principalmente pelo trator. Em conjunto,
os estudos cobriram uma população de 20.763 indivíduos, variando de estudo com grupo de
32 indivíduos a estudo com grupo de 14.229 indivíduos. Entre esses estudos somente um
135 estudos foram identificados através de busca pelas bases de dados
42 foram removidos por estarem duplicados
8 estudos foram identificados através outras pesquisas (referências, pesquisa manual).
101 estudos foram triados
33 artigos completos foram elegíveis para serem avaliados
16 estudos foram incluídos na pesquisa
17 estudos foram excluídos por associarem as alterações auditivas somente com ruído, sem levarem em
consideração o uso do agrotóxico.
68 foram excluídos por serem estudos de revisão ou com cobaias ou em línguas de difícil tradução.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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realizou pesquisa de biomarcador através da pesquisa de metabolito para organofosforado na
urina. O estudo que avaliou a exposição aguda fez o diagnóstico através de avaliação clínica
do quadro de sintomas e sinais, todos os outros estudos avaliaram a exposição a agrotóxicos
através de questionários.
A população estudada foi principalmente de agricultores expostos a agrotóxicos (12
estudos) e dois artigos foram voltados para pulverizadores de veneno para dengue. Foram
realizadas pesquisas somente através de questionário para avaliar a alteração auditiva (dois),
que foram os estudos seccionais. Dois avaliaram a função cognitiva, nove avaliaram a audição
periférica através da audiometria tonal e vocal, um avaliou o processamento auditivo central e
três avaliaram as vias auditivas centrais através do potencial evocado auditivo de média e
longa latência.
Dentre os 16 estudos encontrados, 25% deles possuíam delineamento seccional; 12,5%
eram estudos de coorte, sendo 6,25% coorte prospectivo e 6,25% coorte retrospectivo; e,
finalmente, 62,5% foram estudos descritivos. Com relação ao tipo de exposição, 18,75%
foram estudos com exposição ambiental; 18,75% com exposição ocupacional e ambiental e
62,5% somente com exposição ocupacional. Sobre os sintomas, 50% avaliaram as vias
auditivas através da audiometria tonal; 18,75% avaliaram com potenciais evocados; 18,75%
avaliaram disfunção cognitiva/processamento auditivo; e 12,5% utilizaram somente
questionário para avaliar capacidade auditiva. Consensualmente, todos os estudos,
considerando suas medidas de ocorrência/associação, encontraram correlação entre a
exposição avaliada e alteração nas vias auditivas (periférica e/ou central).
Todos os artigos analisados evidenciaram que a exposição ao agrotóxico induz ao
dano periférico e/ou central e/ou à alteração cognitiva; nos artigos que avaliaram também o
ruído, foi observado que este é um fator que potencializa os efeitos tóxicos.
Com relação à avaliação da qualidade metodológica (Tabela 2) dos artigos, as
especificações de inclusão da população em todos os estudos foram feitas de maneira
criteriosa. Sete estudos usaram um tamanho de amostra reduzido, sem justificá-lo, somente
nove tiveram presença de grupo controle. Com relação à qualidade da avaliação realizada para
pesquisar as vias auditivas, quatro estudos utilizaram somente questionários, diminuindo a
acurácia da avaliação, e um estudo utilizou audiometria tonal em somente parte da população
(1727 / 416). Somente um dos estudos realizou a pesquisa de biomarcador, essa pesquisa foi
realizada através do estudo dos metabólitos. Todos os estudos obtiveram conclusões
compatíveis com os resultados encontrados. A maioria dos artigos teve avaliação moderada
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por parte dos revisores, pelos seguintes motivos: ausência de grupo controle, avaliação
exclusivamente realizada através de questionários e ausência de biomarcador.
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Tabela 1 – Descrição dos estudos selecionados para revisão sistemática.
Autor, ano População
exposta
Substância
química
Tipo de
estudo
Tipo de
exposição
N.
Pop.
Sintomas
estudados
Resultado Resultados estatísticos
BECKETT
et al., 2000.
Fazendeiros Agrotóxicos Seccional Ocupacional
e ambiental
1727 Questionário, em
parte do grupo
audiometria tonal
(416)
Os achados sugeriram que os
fazendeiros apresentaram uma alta
prevalência de alterações auditivas,
principalmente se associada com o
envelhecimento, sexo masculino,
baixa escolaridade, uso de outros
produtos químicos e exposição a
ruído.
p<0,05 associação perda auditiva com
idade, sexo, baixa escolaridade, uso de
produtos químicos e ruído.
Aplicadores de pesticida apresentaram 3%
a mais de perda auditiva do que aqueles
que referiram não serem aplicadores.
Homens apresentaram sete vezes mais
perda auditiva nas frequências agudas que
as mulheres.
BOSMA et
al., 2000.
Indivíduos
expostos a
organofosforado,
solventes
orgânicos, metais
e outras
substâncias
químicas
Agrotóxicos,
solventes
orgânicos,
metais e/ou
outras
substâncias
tóxicas
Seccional Crônico,
ocupacional e
ambiental
1604 Disfunção
cognitiva leve
Os achados do estudo sugeriram que
o risco de desenvolver disfunção
cognitiva leve é aproximadamente
cinco vezes maior no grupo exposto
a pesticidas do que no grupo não
exposto.
Expostos a pesticidas apresentaram OR:
4,94 (IC95% 1,53 - 16,1) de
desenvolverem disfunção cognitiva leve.
HWANG et
al., 2001.
Fazendeiros ou
residentes
próximos às
fazendas
Agrotóxico Descritivo Ocupacional
e ambiental
1622 Questionário
sobre dificuldade
auditiva
Foi observada maior prevalência de
PA nos fazendeiros, agravada pela
exposição a ruído.
Prevalência de perda auditiva em
agricultores expostos a ruído e pesticida:
1º quartil 8.6% 1.0
2º quartil 16.8% 1.94 (1.32-2.85 -
IC 95%)
3º quartil 26.7% 3.09 (2.17-4.41 -
IC 95%)
4º quartil 35.9% 4.15 (2.95-5.85 -
IC 95%)
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TEIXEIRA
et al., 2002.
Pulverizadores
de veneno contra
dengue
Organofosfor
ado e
piretroides
Coorte
Retrospectiva
Ocupacional 152 Teste de
processamento
auditivo central
Os resultados sugerem que a
exposição a piretroides e
organofosforado afetam as funções
auditivas centrais.
56% dos expostos apresentaram
alterações de processamento auditivo
central, RR: 7,58 para o grupo exposto
(IC95% 2,9-19,8), comparando com os
não expostos.
TEIXEIRA
et al., 2003.
Pulverizadores
de veneno contra
dengue
Organofosfor
ado e
piretroides
Descritivo Ocupacional 149 Audiometria
tonal e vocal
Os resultados sugerem que as
exposições crônicas aos inseticidas
piretroides e organofosforados
podem afetar o sistema auditivo
periférico, independentemente de
exposição ao ruído.
Dentre os expostos apenas aos inseticidas,
63,8% apresentaram PA, com tempo
médio para desenvolver a PA de 7,3 anos.
Para o grupo com exposição a ruído e
agrotóxico a PA foi de 66,7%, com tempo
médio para desenvolver a PA de 3,4.
MANJABO
SCO et al.,
2004.
Trabalhadores
rurais
Agrotóxicos Descritivo Ocupacional 84 Audiometria
tonal e vocal
O fator ocupacional dos
trabalhadores da empresa agrícola
estudada teve grande impacto nos
achados audiométricos dos
indivíduos avaliados, não só o ruído
mas a exposição ao agrotóxico
tiveram influência na audição.
No exposto, 60% (25) dos agricultores
apresentam limiares alterados. Destes, 23
foram sugestivos de PA ocupacionais,
incluindo as PAIR, e por ototóxicos (17%
expostos somente a ruído e 83% a ruído e
agrotóxicos). O zumbido frequente esteve
presente em 57% (13) dos casos. No
grupo controle, apenas 7% (3) dos sujeitos
apresentaram limiares alterados.
CHOI et al.,
2005.
Trabalhadores
rurais
Agrotóxicos Seccional Ocupacional 150 Audiometria
tonal e vocal
Este estudo mostrou uma evidência
substancial de que a atividade
agrícola pode trazer risco para a
audição.
A RT para expostos a inseticida foi de
1,19 (IC95% 1,04-1,35) e para
organofosforado de 1,17 (IC95% 1,03-
1,31). A RT para perda auditiva foi
elevada para aqueles em que ocorreram
casos agudos 1,81 (IC95% 1,25-2,62).
LIZARDI
et al., 2007.
Crianças
hispânicas
moradoras de
uma comunidade
agrícola
Organofosf. Descritivo Ambiental 48 Função cognitiva
e
comportamental
Em todas as crianças foram
detectados níveis mínimos de
metabólitos de organofosforado
(OP). Concentrações elevadas de
metabólitos de OP foram associadas
significantemente com um
desempenho mais pobre nos testes
cognitivos e comportamentais.
Níveis altos de concentração de
metabólitos de organofosforado tiveram
alto índice de correlação com erros nos
testes cognitivos:
r = 0.31(p = 0.03)
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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CRAWFOR
D et al.,
2008.
Aplicadores de
pesticidas /
indivíduos não
expostos
ocupacionalment
Herbicidas,
inseticidas,
fungicidas,
fumigantes.
Coorte Ocupacional 14229 Dificuldade
auditiva,
avaliada através
de questionários
O estudo mostrou que a perda
auditiva está significativamente
associada às atividades agrícolas,
e que podem ser agravadas com
presença de ruído.
O PA na melhor orelha apresentou RR =
1,62; para perda assimétrica, RR = 1,67; e
a queixa de não escutar bem, registrada
através de questionário, foi de RR = 1,96.
A exposição a pesticida apresentou OR de
1.19 (1.04 – 1.35, IC95%) para perda de
audição.
RENICK et
al., 2009.
Crianças e
adolescentes
moradores de
cidades rurais
Agrotóxicos Descritivo Ocupacional
e ambietal
212 Audiometria
tonal e vocal
O estudo sugeriu que perda auditiva
é um problema comum nos
fazendeiros adultos, e que talvez
possa ser um problema para jovens
fazendeiros também.
Aprox. 50% dos jovens fazendeiros
apresentaram uma queda nas altas
frequências, em particular a de 6000 Hz.
Essa perda é aproximadamente 2 vezes
maior que a da população nacional.
DASSANA
YAKE et
al., 2009.
Trabalhadores
expostos a
organofosforados
Organofosf. Descritivo Ocupacional 73 Pesquisa do
potencial de
longa latência
Foi encontrado aumento da latência
P300 nos indivíduos intoxicados por
organofosforado (OP) em relação ao
grupo controle.
Na comparação da latência do P300 nos
grupos controle e indivíduos intoxicados
com OP, o p valor foi de 0,003 com
diferença média 39,9 (13,7-66,0, IC95%).
DASSANA
YAKE et
al., 2009.
Fazendeiros. Organofosf. Descritivo Ocupacional 73 Pesquisa do
potencial
evocado auditivo
de média e longa
latência
Os fazendeiros apresentaram mais
erros na contagem de oddball. A
latência do P300 e N2 apresentou
diferença estatística significativa
entre os dois grupos.
Foi observada diferença significativa
entre os grupos controle e agricultores nos
seguintes resultados:
latência N200 p = 0,019 dif. 14,2
(2,4-25,9 IC95%)
latência P300 p = 0,0006 dif.
32,1(14,1-50,0 IC95%)
erros contagem p = 0,044 dif.
1,5(0,4-3,0 IC95%)
FOLTZ et
al., 2010.
Pilotos agrícolas Agrotóxicos Descritivo Ocupacional 41 Questionário
sobre rotina de
trabalho e
audição e
audiometria tonal
O estudo concluiu que pilotos
agrícolas apresentaram um alto
índice de perda auditiva. Tal
atividade ocupacional envolve
contato com agrotóxicos e nível alto
de ruído.
Ocorrência de perda auditiva sugestiva de
PAIR em 29,3%. Houve tendência
estatística na associação entre
configuração audiométrica e contato com
agrotóxico (p = 0,088).
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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GUIDA et
al., 2010.
Trabalhadores
expostos a ruído
e expostos a
ruído e
praguicidas
Praguicidade
(produto
químico
Malathion)
Descritivo Ocupacional 80 Análise de
prontuário
hospitalar e
audiometria tonal
Os trabalhadores expostos ao ruído
ocupacional e aos praguicidas
possuem maior risco de perda
auditiva do que os trabalhadores
expostos somente ao ruído
Foi observada diferença significativa
entre os grupos na orelha esquerda em
3.000Hz com p = 0,008 e na frequência de
4.000Hz na orelha direita com
p = 0,007 e orelha esquerda com
p = 0,023.
JAYASING
HE;
PATHIRA
NA, 2011.
Agricultores que
igeriram
paraquat e
organofosforado
Organofosf. e
paraquat
Descritivo Ambiental 168 Potencial
evocado auditivo
de tronco
encefálico
Não foi observada alteração
significativa nas vias auditivas
comparando o grupo controle com
os agricultores que ingeriram
paraquat e organofosforado.
A latência de interpico não apresentou
diferença estatística significante entre o
grupo controle e a primeira avaliação,
nem entre o controle e a segunda
avaliação e nem primeira e segunda
avaliação do grupo intoxicado.
OLIVEIRA
et al., 2012.
Agricultores Agrotóxicos Seccional Ocupacional 351 Questionário de
índice de
qualidade de
vida e
audiometria
tonal
Este estudo observou que os
agricultores usuários de agrotóxicos
apresentaram piores escores de
qualidade de vida quando
comparados com aqueles que não
utilizaram. Outro aspecto relevante
foi que o uso de agrotóxico e sua
classe toxicológica interferiram de
maneira impactante no grau de
perda auditiva apresentada nos
participantes.
Apresentaram resultados estatisticamente
significantes, com p<0,001, entre o grupo
não usuário e usuário de agrotóxico, idade
do trabalhador, tempo de trabalho rural,
presença de dor, vitalidade e saúde mental.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
39
Tabela 2 – Descrição qualitativa dos estudos selecionados para revisão sistemática.
Cri
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os
de
incl
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a
agro
tóx
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Pre
sen
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e
bio
mar
cado
r
Res
ult
ado
con
cret
o
BECKETT, 2000
BOSMA, 2000
HWANG, 2001
GOMEZ, 2001
TEIXEIRA, 2002
TEIXEIRA et al., 2003
MANJABOSCO, 2004
CHOI et al., 2005
LIZARDI et al., 2007
DASSANAYAKE,
2007
CRAWFORD, 2008
RENICK et al., 2009
DASSANAYAKE,
2009
FOLTZ, 2010
GUIDA, 2010
OLIVEIRA, 2012
Sim (baixo risco de viés)
Não (alto risco de viés)
3 Discussão
Apesar da busca exaustiva em bases de dados e do período coberto pela revisão (vinte
e um anos), foram encontrados apenas dezesseis trabalhos sobre o tema, dos quais apenas seis
foram realizados no Brasil (TEIXEIRA et al., 2003; TEIXEIRA et al., 2003; MANJABOSCO
et al., 2004; FOLTZ et al., 2010; GUIDA, 2010; OLIVEIRA, 2012), evidenciando o incipiente
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
40
desenvolvimento da audiologia relacionada às substâncias químicas. O uso de agrotóxicos,
principalmente em países subdesenvolvidos, vem aumentando a cada dia, sendo
importantíssima a realização de estudos sobre a exposição ocupacional e ambiental.
Uma vez reconhecido que os agrotóxicos são neurotóxicos e que sua atuação pode ser
lenta e insidiosa (ASMUS et al., 2002), encontramos apenas três estudos que avaliaram o
sistema auditivo central e a grande maioria foram estudos seccionais e não de coorte. A
exposição a longo prazo produz alterações clínicas que muitas vezes não são detectadas no
exame neurológico e nem pelos marcadores biológicos e que, silenciosamente, modificam a
vida do indivíduo exposto. Os sintomas subclínicos, considerados como sinal precoce da
intoxicação (LEVERIDGE, 1998; GOMES et al., 1998) podem ser avaliados por meio de
exames neurofisiológicos e neuropsicológicos (ELLENHORN, 1997), apresentando
alterações tanto do sistema nervoso periférico como do central (LAL et al., 2004; ARAÚJO et
al., 2007).
Os sujeitos que foram incluídos nas pesquisas eram, em sua grande maioria,
trabalhadores expostos de formas variadas à substância química, assim, não conseguimos
chegar a um consenso sobre quais são as ocupações mais insalubres ou quais são as atividades
que mais expõem os trabalhadores.
A falta de descrição exata dos tipos de agrotóxicos utilizados corrobora com a
literatura no consenso de que os agricultores utilizam vários tipos de agrotóxicos ao mesmo
tempo, de variados graus de periculosidade (HOSHINO, 2009). Essa dificuldade dos
pesquisadores em delimitar a substância química é um fator que restringe a avaliação clínica,
o diagnóstico e o tratamento, principalmente se os marcadores biológicos não são aferidos nas
pesquisas. Apenas um artigo utilizou tal instrumento de avaliação.
É necessário que sejam realizados novos estudos para avaliar principalmente as
alterações que os agrotóxicos podem causar no sistema auditivo central e tentar correlacionar
com os diferentes tipos de substâncias químicas (herbicidas, fungicidas, inseticidas,
praguicidas, etc.).
4 Conclusão
A adversidade das pesquisas demonstra que o monitoramento e a avaliação dos riscos
causados pela exposição são múltiplos, com uma heterogeneidade importante. A maior
dificuldade da literatura se encontra exatamente neste ponto, pois se torna difícil a
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
41
comparação. Os estudos demonstram que os agrotóxicos são ototóxicos, lesando diversas
áreas do sistema auditivo periférico e central.
Na medida em que essa revisão mostra evidência de associação entre exposição a
agrotóxicos e alteração auditiva periférica e central, é importante que se faça um bom
diagnóstico audiológico para que sejam aplicadas medidas preventivas para minimizarem ou
acabarem com as intoxicações agudas e crônicas.
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Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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PADRÃO DE EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS EM POPULAÇÃO RURAL DO RIO
DE JANEIRO
ARTIGO 2
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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PADRÃO DE EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS EM POPULAÇÃO RURAL DO RIO
DE JANEIRO
Maria Isabel Kós*
Tatiana Garcia*
Gesiele Veríssimo**
Janinne Alves **
Carolyne Cosme**
Raphael Mendonça**
Armando Meyer**
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi descrever o padrão de exposição aos agrotóxicos dentre alunos e
familiares de uma escola agropecuária, inserida numa região de intensa atividade agrícola em
Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, considerando características sociodemográficas, hábitos e
práticas de trabalho relacionadas aos agroquímicos. A população estudada foi composta de
alunos e familiares de ambos os sexos, com idade variando entre 06 e 85 anos (N =356).
Através de um questionário foi analisado o grau de exposição ao agrotóxico de moradores da
região. Foram entrevistados 167 indivíduos do sexo feminino (47,4%) e 185 do sexo
masculino (52,6%). As idades variaram de 6 a 85 anos, com predomínio da faixa etária entre
de 10 e 19 anos (71,3%), da população solteira (77,5%) e com ensino fundamental incompleto
(54,5%). Em relação à ocupação, 162 (45,5%) declararam ser agricultores e 141 (39,6%)
estudantes. Do total, 15,5% disseram também trabalhar na lavoura, apesar de não se
considerarem agricultores. As variáveis que mostraram associação com a exposição foram
sexo (p<0,001), escolaridade (p<0,001) e ocupação (p<0,001). O estudo mostra que a
população infantojuvenil está tão exposta aos agroquímicos quanto os adultos, e sugere que o
sexo e a escolaridade estão associados diretamente ao escore de exposição.
Palavras-chave: Agricultor. Questionário. Agrotóxico.
_________________________
* Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ); Curso de
Fonoaudiologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. **
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ)
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
47
ABSTRACT
Objective: The objective of this paper was to describe the pattern of exposure to
agrochemicals between students and family members of an agricultural school, inserted in a
region of intense agricultural activity in Nova Friburgo, Rio de Janeiro, considering socio-
demographic characteristics, habits, and work practics related to agrochemicals. Methods:
The studied population was formed by students and familiy members of both genders, of ages
ranging from 06 to 86 years old (N=356). With a questionnaire it was analysed the degree of
exposure to agrochemicals of the inhabitants in the area. Results: 167 individuals of the
feminine gender (47,4%) and 185 of the masculine gender (52,6%) were interviewed. The
ages ranged from 6 to 85 years old, with predominance between 10 and 19 years old (71,3%),
single, (77,5%) and with unfinished fundamental education (54,5%). As to ocupation, 162
(45,5%) declared being farmers and 141 (39,6%) students. Of the total, 15,5% said also work
with farming, though did not declare themselves farmers. The variables that showed
association with the exposure were gender (p<0,001), schooling (p<0,001) and occupation
(p<0,001). Conclusion: The study showed that the juvenile population is as exposed to the
agrochemicals as are the adults, and suggests that gender and schooling are associated directly
to the exposure score.
Keywords: Farmer.Questionnaire. Pesticides.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
48
Introdução
Após a Segunda Guerra Mundial, no cenário social, político e econômico, a fome
mostrava-se cada vez mais grave em várias partes do mundo. Os países vencedores buscaram
na agricultura a alternativa para manter os grandes lucros obtidos no período de conflito. A
Revolução Verde passou a ser tratada como a resolução do problema da fome através do
direcionamento das sobras de material de guerra (indústria química e mecânica) para o
campo, transformando-o num cenário de profunda modernização agrícola, integrado com
capitais industriais, comerciais e financeiros (ANDRADES; GANIMI, 2007).
No Brasil, foi na década de 1970 que os agrotóxicos, adubos e fertilizantes químicos
ganharam espaço no setor do agronegócio. Quem implantou esse modelo foi o governo, junto
a empresas multinacionais, através do uso de maquinários no processo de produção,
estimulado principalmente pela implantação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR).
Esse sistema vinculava a concessão de empréstimos à fixação de percentual a ser gasto com
agrotóxicos (PERES, 1999). Como consequência, algumas modificações impactantes sobre o
ambiente e a saúde humana foram sendo observadas (MOREIRA et al., 2002; ALVES, 2000).
Com o intuito de aumentar a oferta de alimento para população junto à pressão do
mercado para melhorar a aparência dos produtos, o uso desses químicos ainda hoje é a
principal estratégia utilizada no campo para o combate e prevenção de pragas agrícolas
(OLIVEIRA-SILVA et al., 2001; ARAÚJO, 2007). Os gastos mundiais com agrotóxicos têm
um aumento exponencial. No Brasil, o aumento de vendas de agrotóxicos cresceu 945,51%
entre 1998 e 2008. Nos últimos anos, a agricultura nacional foi a que mais cresceu em
exportações (SINDAG, 2012).
A região serrana do Rio de Janeiro é uma das principais produtoras de hortaliças do
Estado. Dados do IBGE de 2002 mostraram que essa região teve o maior índice de consumo
de agrotóxicos do país, chegando a um consumo médio estimado em 56,5 kg de
agrotóxicos/trabalhador/ano (PERES, 1999). A dupla sazonalidade das lavouras
(verão/inverno) permite o cultivo anual ininterrupto. Há predominância da policultura, com
mão de obra 100% familiar – características típicas de comunidades camponesas, fruto da
origem europeia dos núcleos familiares da região –, onde adultos e crianças se ajudam
mutuamente no trabalho, colocando-se sob o risco de contaminação ocupacional e ambiental.
A exposição química pode ser a mais preocupante, uma vez que as residências e as escolas
estão localizadas muito próximas das lavouras, possibilitando a contínua exposição não
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
49
ocupacional (MOREIRA et al., 2002). A inexistência de indústrias nessa microrregião afasta a
possibilidade de qualquer outra fonte de exposição além daquela de origem agrícola.
Estudos prévios dessa região mostraram que adultos e crianças estão diretamente
expostos aos inseticidas aplicados no campo, apresentando níveis reduzidos de colinesterase
plasmática e acetilcolinesterase eritrocitária (MOREIRA et al., 2002; ARAÚJO et al., 2007).
Os impactos sobre a saúde humana dos trabalhadores brasileiros residentes em áreas de
exposição significativa e elevada a múltiplos agrotóxicos precisam ser apontados e
acompanhados como no Estudo de Saúde Agrícola (Agricultural Health Study – AHS). Este é
o maior estudo longitudinal com agricultores no mundo, que através de um programa
multicêntrico nos EUA tem providenciado grande sorte de informações, as quais têm sido
usadas para criação de ambientes de trabalho mais seguros e estilos de vida mais saudáveis
entre as famílias rurais.
O objetivo deste trabalho foi descrever o padrão de exposição aos agrotóxicos dentre
alunos e familiares de uma escola agropecuária, inserida numa região de intensa atividade
agrícola em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, considerando características
sociodemográficas, hábitos e práticas de trabalho relacionadas aos agroquímicos. Esse estudo
também teve o intuito de determinar associações entre graus de exposição e dados
sociodemográficos e de ocupação.
1 Materiais e métodos
Inicialmente realizamos uma pesquisa para escolha do local de estudo. A seleção do
Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I (IBELGA) de ensino em agropecuária se deu pelo
contato com a secretaria estadual de agricultura de Nova Friburgo. Os alunos dessa escola
participam da agricultura familiar, facilitados pela pedagogia de alternância, que intercala um
período de convivência na sala de aula com outro no campo, com intuito de diminuir a evasão
escolar.
O Colégio pesquisado está localizado na micro região da bacia de São Lourenço. Essa
região localiza-se a altitude entre 1000 e 1200 metros, e as montanhas que a cercam são as
principais do estado, a Serra do Mar e a Serra dos órgãos, que chegam a alcançar 2.400 m
entre os morros dos Três Picos e da Caledônia, a 45 km sudoeste da sede do município de
Nova Friburgo. Nessa região as lavouras são localizadas nas encostas coluviais e nas
planícies.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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Apesar de o colégio estar localizado na micro região da bacia de São Lourenço, seus
alunos residem principalmente em outras comunidades do Terceiro Distrito do Campo do
Coelho. Essa população também encontra-se exposta aos agrotóxicos por via ambiental,
ocupacional e alimentar.
Foram convidados a participar do estudo todos os alunos do IBELGA e seus
familiares. A população estudada foi composta de alunos e familiares de ambos os sexos, com
idade variando entre 06 e 85 anos (N = 356). Todos os indivíduos que aceitaram participar da
pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi submetido e
aprovado, seguindo as normas do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em
Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob o número 67/2011.
Para estimar o grau de exposição, utilizamos um questionário adaptadado do Farmer
Applicator Questionnaire (AGRICULTURAL HEALTH STUDY, 1996). A aplicação do
questionário foi realizada por dois aplicadores previamente treinados.
O questionário continha informações gerais (endereço, sexo, estado civil e
escolaridade); de ocupação e hábitos (ocupação, tempo de trabalho, tipo de atividades e
cultivos na lavoura); de saúde (presença de pressão alta, colesterol e diabetes, consumo de
medicamentos); e informações auditivas (história auditiva, percepção auditiva e zumbido). Os
agrotóxicos mais utlizados na região também foram investigados através do instrumento, bem
como o processo de trabalho, o tempo e o tipo de exposição.
Com o intuito de estabelecer um escore da exposição, foram atribuídas pontuações
para cada variável relacionada à exposição aos agrotóxicos. Para classificar a idade com que o
indivíduo entrou em contato com o agrotóxico, foi utilizado uma pergunta com pontuação
variando de 0 a 2 pontos. Para o tempo de exposição, horas trabalhadas, proximidade da
residência com a lavoura e a quantidade de uso do veneno por mês a pontuação variou entre 0
a 3 pontos para cada item. Para o contato direto com os agrotóxicos houve uma variação entre
0 a 4 pontos. As atividades realizadas na lavoura foram categorizadas considerando os escores
propostos por Dosemeci et al. (2002), essa pontuaçãos variou entre 0 e 9 pontos (Tabela 1).
A maior pontuação classificou os indivíduos mais expostos e as menores pontuações
os indivíduos menos expostos. Assim, através do questionário, os indivíduos puderam
apresentar scores variando de 0 a 76 pontos.
As variáveis sociodemográficas foram analisadas em conjunto com as variáveis de
exposição. Para as variáveis quantitativas com distribuição normal foram usados os testes de
T de Student e para as variáveis de distribuição assimétrica os testes de Mann-Whitney. O
nível de significância adotado foi de 0,05.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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Foi realizada a análise multivariada através da técnica de regressão linear múltipla,
cujas variáveis (sexo, idade, estado civil, escolaridade e profissão) inseridas no modelo,
através da técnica stepwise, foram aquelas com significância estatística evidenciada na análise
bivariada. A análise estatística dos dados foi realizada através do programa SPSS para
Windows versão 20.0.
Tabela 1 – Categorização das atividades realizadas na lavoura
Às vezes Sempre Nunca
Atividades
realizadas
na lavoura
Capinar 1 ponto 1 ponto 0 pontos
Covar 1 ponto 1 ponto 0 pontos
Semear 1 ponto 1 ponto 0 pontos
Adubar 1 ponto 1 ponto 0 pontos
Fazer leras 1 ponto 1 ponto 0 pontos
Estercar 1 ponto 1 ponto 0 pontos
Desbrotar 1 ponto 1 ponto 0 pontos
Colher 1 ponto 1 ponto 0 pontos
Preparar
veneno p/
aplicação
9 pontos 9 pontos 0 pontos
Puxar
mangueira p/
pulverização
8 pontos 9 pontos 0 pontos
Pulverizar c/
costal ou
mangueira
9 pontos 9 pontos 0 pontos
Lavar costal
depois da
aplicação
8 pontos 8 pontos 0 pontos
Armazenar o
agrot./veneno
9 pontos 9 pontos 0 pontos
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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2 Resultados
Foram aplicados 356 questionários, sendo quatro deles excluídos da análise por
problemas no preenchimento. O resultado encontrado refere-se aos informantes desta pesquisa
(n = 352), não tendo o objetivo de representar toda a população.
Os principais dados sociodemográficos da amostra estudada estão demonstrados na
Tabela 2. Foram entrevistados 167 indivíduos do sexo feminino (47,4%) e 185 do sexo
masculino (52,6%). As idades variaram de 6 a 85 anos, com predomínio entre a faixa etária de
10 a 19 anos (71,3%), população solteira (77,5%) e com ensino fundamental incompleto
(54,5%). Em relação à ocupação, 162 (45,5%) declararam ser agricultores e 141 (39,6%)
estudantes. Do total, 15,5% disseram também trabalhar na lavoura, apesar de não se
considerarem agricultores.
Tabela 2 – Dados sociodemográficos da população estudada (n = 352)
Variáveis selecionadas N %
Sexo
Homens 185 52,6
Mulheres 167 47,4
Distribuição (faixa etária)
0 – 9 anos 6 1,7
10 – 19 anos 254 72,2
20 – 39 anos 53 15,1
40 – 59 anos 31 8,8
> 60 anos 8 2,3
Escolaridade
Analfabeto 7 2
Fundamental 218 62,6
Médio 105 30,2
Superior incompleto 18 5,1
Estado civil
Solteiro 276 80,7
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Casado 58 17
Outros 8 2,4
Ocupação
Agricultor 162 45,5
Estudante 141 39,6
Outras 49 14,9
A maioria dos entrevistados, 200 (57%) deles, participa ativamente do processo
produtivo agrícola, seja na lavoura e/ou na horta da residência. Os cultivos mais frequentes
registrados foram de: tomate (33,33%), couve-flor (19,71%), salsa (7,51%), brócolis (6,57%)
e alface e couve (6,10%).
Foram 44 os agrotóxicos referidos no questionário como utilizados pelos indivíduos;
os agrotóxicos são pulverizados sozinhos ou combinados pelos agricultores. Os mais citados
foram os herbicidas glifosato e paraquat, o fungicida carbamato e os inseticidas avermectina e
organofosforados (Tabela 3).
Tabela 3 – Agrotóxicos mais utilizados na comunidade rural
Tipo agrotóxico Nome Grupo químico % uso
Inseticidas Tamaron®
Organofosforado 33,4
Inseticidas Polytrin®
Organofosforado 24,7
Inseticidas Turbo® Piretroides 7,7
Inseticidas Fastac®
Piretroides 14,8
Inseticidas Verimec®
Avermactina 33,8
Herbicidas Roundup®
Aminofosforado 75,3
Herbicidas Gramoxone®
Bipiridicos 51,7
Fungicidas Curzate br®
Dimetilditro carbamato 43,8
A maioria da população estudada referiu ter algum contato com agrotóxico, sendo que
22,7% dos entrevistados afirmaram ter contato direto manipulando a mistura e aplicando na
lavoura, e 23,3% puxando a mangueira. 19,3% relataram ter contato indireto com o
agrotóxico, seja por ter a lavoura no mesmo terreno da casa ou somente por lavar o costal.
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Apenas 34,3% disseram não ter contato com agrotóxicos (Tabela 4). A pontuação variou entre
0 pontos (considerados nesse estudo como menos expostos), e 76 pontos (considerados nesse
estudo como menos expostos para os mais expostos), com média de 20,83 e desvio padrão de
13,48.
Tabela 4 – Caracterização da exposição na população
Escore Frequência %
Ocupação
Agricultor 1 162 45,5
Outros 0 194 54,5
Horas de trabalho na agricultura
0 hora por dia 0 191 53,7
1 - 4 horas diárias 1 22 6,2
5 - 8 horas diárias 2 45 12,6
9 - 10 horas diárias 3 88 24,7
+ 10 horas diárias 4 10 2,8
Distância da lavoura da residência
Mais de 200 metros 0 80 22,5
100 - 200 metros 1 34 9,6
50 - 100 metros 2 61 17,1
menos de 50 metros 3 181 50,8
Há quanto tempo trabalha com veneno
Nunca trabalhou 0 263 73,9
1 - 5 anos 1 46 12,9
5 - 20 anos 2 22 6,2
+ 20 anos 3 25 7
Qual contato tem com os agrotóxicos
Nenhum contato 0 126 35,4
Indireto (lavoura é no mesmo terreno da casa) 1 4 1,1
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Indireto (lava o costal) 2 64 18
Direto (puxa a mangueira) 3 82 23
Direto (mistura e aplica na lavoura) 4 80 22,5
Tempo de aplicação do veneno na última estação
Nenhum dia 0 215 60,4
1 - 5 dias 1 67 18,8
6 - 25 dias 2 53 14,9
26 - 50 dias 3 7 2
+ 50 dias 4 14 3,9
Quantas vezes por mês usa agrotóxico
Nenhum 0 201 56,5
1 - 5 vezes 1 105 29,5
5 - 10 vezes 2 36 10,1
+ 10 vezes 3 14 3,9
A Tabela 5 descreve os resultados da análise bivariada entre o escore de exposição e as
variáveis sociodemográficas. As variáveis que mostraram associação com a exposição foram
sexo (p<0,001), escolaridade (p<0,001) e ocupação (p<0,001).
Tabela 5 – Análise bivariada entre escore de exposição e variáveis sociodemográficas.
Variáveis Média p valor
Sexo
Feminino 13,02 <0,001
Masculino 28,64
Faixa etária
0 – 9 6,83 0,381
10 – 19 20,91
20 - 29 22,67
30 - 39 23,58
40 – 59 23,7
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60 ou mais 23,12
Escolaridade
Analfabeto 35 <0,001
Fundamental incompleto 18,71
Fundamental completo 26,87
Médio incompleto 25
Médio completo 27,29
Superior incompleto 25,83
Superior completo 2,75
Estado civil
Solteiro 20,7 0,43
Casado 26,06
Viúvo 14,66
Separado 3,8
Ocupação
Agricultor 36,49 <0,001
Outros 8,09
Finalmente, utilizando as variáveis apontadas pela análise bivariada, procedeu-se à
análise multivariada por regressão linear múltipla. Devido ao efeito de associação, pela
técnica stepwise, o modelo final excluiu a variável escolaridade, pois esta variável, em
comparação às demais, apresentou menor associação. Com isso, a modelagem final obtida
considerou as variáveis sexo e ocupação. A Tabela 6 apresenta os dados referentes à
modelagem utilizando somente a variável ocupação e, em seguida, considerando as variáveis
ocupação e sexo.
Tabela 6: Regressão linear múltipla
Modelo Variáveis R2*
β** IC 95% p valor
A Ocupação 0,532 28,43 25,57 - 31,28 < 0,001
B Ocupação
0,573 26,07 23,21 – 28,92
< 0,001 Sexo 8,11 5,26 – 19,96
Legenda: *R2 – coeficiente de determinação; β**– coeficiente linear
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Observou-se, pelo coeficiente de determinação, o alto valor preditivo dos modelos
encontrados. A variável ocupação, isoladamente, explica 53,2% da exposição. Ao incluir a
variável sexo, esta predição aumenta para 57,3%. Através dos coeficientes lineares, notamos
que o peso dessas duas variáveis define pontuações altas para o escore final, sendo, portanto,
as duas variáveis de melhor explicação para exposição a agrotóxicos.
3 Discussão
Nossos resultados mostram que a população dessa região de Nova Friburgo está
intensamente exposta aos agrotóxicos. A maior parte dos participantes declararam residir a
menos de 50 metros da lavoura mais próxima, 43,5% referiram-se usar agrotóxico pelo menos
uma vez ao mês, 19% estão expostos indiretamente aos agrotóxicos e 22% preparam e
pulverizam os agroquímicos em suas plantações. Esses resultados são similares àqueles
encontrados na coorte de agricultores no AHS. Em um dos primeiros achados do AHS,
Gladen et al. (1998) mostraram que 21% das casas localizavam-se a 50 metros da área de
mistura dos agrotóxicos, que 27% das famílias armazenavam os agroquímicos em casa
(garagem ou porão) e que a maioria das roupas contaminadas eram lavadas misturadas às
outras roupas da família.
Os dados da população estudada sugerem que escolaridade e sexo estão associados
diretamente ao escore de exposição aos agrotóxicos. Aqueles com menor nível de
escolaridade apresentaram escores muito mais elevados que os participantes com nível
superior, o que é explicado pela contribuição dos professores não agricultores no estudo.
Quando comparados os escores entre os participantes de ensino fundamental e médio,
percebemos uma similaridade entre os graus de exposição, sendo que os mais velhos possuem
escore um pouco mais elevado, devido ao simples fato de terem mais tempo de experiência na
lavoura.
As mulheres obtiveram escores estatisticamente significativos mais baixos que os
homens. O trabalho na lavoura é pesado, e na maioria das vezes são os homens os
responsáveis pelo contato direto com os agroquímicos. As mulheres costumam estar expostas
indiretamente através das suas atividades cotidianas, como lavar as roupas e equipamentos
utilizados no campo, bem como ajudar na pulverização puxando a mangueira e limpar a
poeira da casa. Outros estudos nessa região exibiram resultados semelhantes (ARAÚJO et al.,
2007). Na coorte americana, pelo menos metade das mulheres relataram também trabalhar no
campo e 40% reportaram preparar e aplicar a mistura de agrotóxicos. Além disso, mais da
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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metade das crianças americanas maiores de 11 anos possuíam tarefas agrícolas que as
colocavam em contato com os agrotóxicos (GLADEN et al., 1998). Essa é uma realidade
comum à população infantil de Nova Friburgo, que participa ativamente da agricultura. Nosso
estudo contou com 72% dos participantes da faixa etária de 10 a 19 anos de idade, os quais
apresentaram uma média de escore igual a 20,9. Os adultos participantes do estudo tiveram
média de apenas 3 pontos superiores. Essa diferença é pequena quando comparada à média de
36,5 do escore entre os agricultores de todas as idades, o que reafirma a elevada exposição
dessa população a agrotóxicos explicada somente pelo fato de se morar na região.
Crianças e adolescentes possuem diferentes características nas etapas de
desenvolvimento, tornando-os um grupo suscetível às exposições químicas ao longo dos
estágios de desenvolvimento orgânico. Além das atividades de ajuda na lavoura, as crianças
do meio rural têm contato mais próximo com ambientes contaminados através das
brincadeiras nos campos, lagos, rios e plantações que muitas vezes acabaram de ser
pulverizadas com agrotóxicos (MAZOTO et al., 2011). Tal vulnerabilidade humana precisa
ser considerada, pois sua exposição é diferente da dos adultos, tanto quantitativamente quanto
qualitativamente, podendo os mais jovens apresentarem maior sensibilidade à toxicidade
induzida por esses químicos (SARCINELLI, 2003). Os efeitos desses poluentes à saúde
infantil vêm ganhando cada vez mais importância no mundo científico, pois é sabido que
danos causados ao sistema fisiológico antes do desenvolvimento completo podem ser
irreparáveis.
Já foram observadas associações entre a exposição aos agrotóxicos na infância e a
incidência de câncer e polimorfismo genético (INFANTE-RIVARD et al., 1999; MEINERT
et al., 2000; REYNOLDS, 2009). Um estudo mexicano mostrou redução na capacidade
mental e incremento do comportamento agressivo entre crianças de 4 a 5 anos de idade
expostas aos agrotóxicos numa região de uso intensivo desses tóxicos (GUILLETTE et al.,
1998). Outros estudos também já mostraram correlação significativa entre concentrações de
agrotóxico na urina infantil e a poeira encontrada nas casas (BECKER et al., 2006;
BOUCHARD et al., 2010; BARR et al., 2010). Bem como já foram observadas maiores
concentrações urinárias de agrotóxicos em crianças moradoras de regiões rurais quando
comparadas a outras não moradoras (PANUWET et al., 2009).
O AHS tem mostrado que entre as famílias agricultoras americanas a taxa de
mortalidade geral é menor que o esperado. O mesmo acontece para cânceres em geral. Por
outro lado, a incidência para alguns tipos específicos de câncer é significantemente maior que
para a população de comparação (KOUTROS et al., 2010). Kamel et al. (2006) mostraram
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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que os trabalhadores que pulverizaram por mais de 400 dias ao longo da vida tiveram um
aumento de quase 2 vezes no risco para Parkinson. Crawford et al. (2008) encontraram maior
risco para perda auditiva no grupo de agricultores que se expôs a algum evento de alta
exposição aos agrotóxicos. Recentemente, Stark et al. (2011) reportaram que um ou mais
eventos de alto grau de exposição podem contribuir, independentemente de intoxicações
diagnosticadas, para resultados adversos do sistema nervoso central, como o
comprometimento da velocidade motora e de processamento.
São muitas as consequências para a saúde humana relacionadas à exposição humana a
químicos de origem agrícola. Estudos nacionais e internacionais correlacionam o uso de
agrotóxicos a efeitos adversos crônicos, como depressão e suicídio (CHRISMAN et al.,
2009), distúrbios respiratórios (CASTRO-GUTIERREZ et al., 1997; VALCIN et al., 2007),
imunológicos (CHATZI et al., 2007; OKABE et al., 2010), reprodutivos (MEYER et al.,
1999; KOIFMANet al., 2002; GIBSON; KOIFMAN, 2008), efeitos neurotóxicos e
teratogênicos (HETZMAN et al., 1990; LIOU et al., 1997; LANDRIGAN et al., 2005),
genotóxicos (BOLOGNESI, 2009), neurotóxicos (TANNER CN, 2009) e câncer
(ALAVANJA et al., 2005; MEYER et al., 2003; KOIFMAN; KOIFMAN, 2003; TURNER et
al., 2010).
Toda a população residente em regiões de intensa atividade agrícola químico-
dependente está à mercê dos perigos inerentes a essa exposição. Devido à pulverização desses
químicos, a poluição aérea por agrotóxicos é uma das principais responsáveis pela
contaminação ambiental dessas famílias, principalmente quando a topografia é plana ou
fracamente ondulada. A toxicidade por essa rota é maior que pela via respiratória, pois
quando inalados na fase gasosa ou adsorvidos a partículas menores que 2,5 µm os agrotóxicos
têm fácil absorção pela via respiratória (NOYES et al., 2009). Ela é influenciada pela
temperatura, pela umidade, pelo índice pluviométrico e pelos ventos (BLOOMFIELD et al.,
2006). No campo, o sol estimula o processo de volatilização quando o solo está úmido, e o
vento promove um equilíbrio das concentrações de resíduos entre o solo e o ar (VAN DEN
BERG et al., 1999). Os ventos também são importantes na distância de deslocamento dessas
moléculas (SIEBERS et al., 2003), e o índice pluviométrico ao mesmo tempo em que limpa o
ar também contamina o solo a distâncias ditadas pelo vento (BEYER et al., 2003). A
contaminação das águas de abastecimento das populações é outra importante via de exposição
de comunidades que não dispõem de sistemas de distribuição de água e esgoto. Assim, a água
utilizada é aquela coletada em minas que nascem nas proximidades ou diretamente nos rios ou
lençóis contaminados.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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60
Outras investigações já mostraram que os jovens são iniciados nas atividades de lavoura
muito cedo pelas próprias características culturais da população camponesa. No presente
estudo, a apresentação dos escores de exposição confirmaram que somente o fato de morar
numa região de intensa pulverização agroquímica já predispõe um indivíduo desde criança a
níveis de exposição, mesmo que ambiental, consideravelmente altos e similares àqueles dos
indivíduos com exposição direta na lavoura. Seja por dormir num quarto com as janelas
próximas a uma cultura recém-pulverizada, ou por caminhar pelas estradas ao lado de
plantações, ou por comer do próprio cultivo com agroquímicos.
Conclusão
O presente estudo buscou avaliar se características sociodemográficas e de hábitos e
práticas de trabalho estão associadas a padrões de exposição aos agrotóxicos. Nossos
resultados mostram que a população infanto juvenil está tão exposta aos agroquímicos quanto
os adultos, e sugerem que o sexo e a escolaridade estão associados diretamente ao escore de
exposição.
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Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO NO SISTEMA AUDITIVO
EFERENTE ATRAVÉS DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS TRANSIENTES COM
SUPRESSÃO
ARTIGO 3
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO NO SISTEMA AUDITIVO
EFERENTE ATRAVÉS DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS TRANSIENTES COM
SUPRESSÃO
Maria Isabel Kós*,**
Tatiana Garcia*,**
Maria de Fátima Miranda*
Raphael Mendonça**
Armando Meyer**
RESUMO
Apesar de o ruído ser claramente o principal risco ocupacional para a audição, pesquisas sobre
conservação auditiva têm demonstrado que exposições químicas, muitas vezes presentes no
ambiente de trabalho, também podem causar alterações auditivas. O objetivo do estudo foi
avaliar o sistema olivococlear medial em sujeitos expostos a agrotóxicos. Trata-se de um
estudo epidemiológico, descritivo, transversal. Após definir os critérios de inclusão, foram
avaliados 205 alunos de uma escola agrícola do município de Nova Friburgo, Rio de Janeiro,
expostos aos agrotóxicos. Os procedimentos utilizados na avaliação foram questionário para
avaliar o grau de exposição ao agrotóxico, Emissões Otoacústicas Transientes (EOAT) e
pesquisa do efeito supressor das EOAT. Na pesquisa das EOAT com supressão, 38% dos
indivíduos apresentaram ausência na orelha direita, 45,9% na orelha esquerda, 38% das
EOAT apresentaram ausência unilateral e 39% bilateral. Os dados obtidos no estudo
permitem dizer que há uma associação entre a ausência de supressão e os quartis de
exposição. As exposições crônicas aos agrotóxicos podem afetar o sistema olivococlear
medial, independentemente da exposição concomitante ao ruído.
Palavras-chave: Audição. Agrotóxico. Emissões Otoacústicas Transientes. Saúde ambiental.
_________________________
* Curso de Fonoaudiologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
** Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ)
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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ABSTRACT
Introduction: Though noise is clearly the main ocupational risk for hearing, researches
on hearing conservation have demonstrated that chemical exposure, many times present
in the work environment, may also cause hearing alterations. Objetctive: The objective
of the study was to evaluate the medieval olivocochlear system in subjects exposed to
agrochemicals. Method: It’s an epidemiologic, descriptive, transversal study. After the
inclusion criteria, 205 students from an agricultural school in Nova Friburgo city, Rio de
Janeiro, that were exposed to agrochemicals were evaluated. The procedures used on the
evaluation were questionnaire to evaluate the degree of exposure to the agrochemical,
Transient Otoacoustic Emissions (TOAEs) and research of the supressor effect of the
TOAEs. Results: On the TOAEs research with supression 38% of the individuals
presented lack on the right ear, 45,9% no the left ear, 38% of the TOAEs presented
unilateral lack and 39% bilateral. The data obtained on the study allow to say that there is
an association between the lack of supression and the quartiles of exposure. Conclusion:
The chronic exposure to insecticides may affect the medieval olivocochlear system,
independent on the concomitant exposure to noise.
Keywords: Hearing. Pesticides. Transient otoacoustic emissions. Ambiental health.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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Introdução
Apesar de o ruído ser claramente o principal risco ocupacional para a audição,
pesquisas sobre conservação auditiva têm demonstrado que exposições químicas, muitas
vezes presentes no ambiente de trabalho também podem causar alterações auditivas (EU-
OSHA, 2009; JOHNSON; MORATA, 2010). Por exemplo, os solventes aromáticos têm
sido demonstrados como sendo ototóxicos e podem mesmo agravar os efeitos da
exposição ao ruído em animais (LATAYE et al., 2000.) e humanos (MORATA et al.,
1994; SLIWINSKA-KOWALSKA et al., 2003). No entanto, nem a diretiva europeia nem
as normas de ruído americanas (EU-OSHA, 2009) levam em consideração outros tipos de
exposições, incluindo produtos químicos, que possam ser a causa de perda auditiva
ocupacional.
As desordens do sistema auditivo também têm sido associadas às drogas
medicamentosas (amionoglicosídeos, quinino e outras) ou a solventes orgânicos usados
pela indústria de manufatura. Segundo Teixeira et al. (2003), para a maioria dos
diferentes grupos de compostos químicos suspeitos de serem neurotóxicos, as
propriedades ototóxicas nunca foram testadas. Entre esses grupos estão os agrotóxicos.
Os agrotóxicos são utilizados em larga escala no Brasil e mais intensamente no
setor rural, na agricultura. No ano de 2009, as vendas mundiais de agrotóxicos
movimentaram cerca de US$ 48 bilhões, sendo que entre os anos de 2000 e 2009,
enquanto o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 94%, o mercado brasileiro cresceu
172% (PRADO, 2010). Esse crescimento rendeu ao Brasil a liderança do ranking
mundial de consumo de agrotóxicos em 2008, ano em que as lavouras brasileiras
consumiram 986,5 mil toneladas de agrotóxicos e as vendas desses produtos no país
somaram US$ 7,1 bilhões, mais do que o dobro em relação ao ano de 2003 (ANVISA,
2009).
Produtos químicos do tipo agrotóxicos, alguns conhecidos por suas propriedades
neurotóxicas, são frequentemente considerados como responsáveis por intoxicações de
trabalhadores que os manuseiam e aplicam na agricultura dos países em desenvolvimento
(TEIXEIRA et al., 2003). Mas muitas vezes a intoxicação ocupacional e ambiental por
agrotóxicos é lenta e silenciosa e essas populações podem não sentir dificuldades auditivas
que possam ser demonstradas em um audiograma, mas no seu cotidiano, perdem a qualidade
sonora de uma boa compreensão de fala, podem apresentar desde uma dificuldade escolar até
dificuldades na comunicação com o meio social em que vivem. (AGRAWAL et al., 2008).
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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As exposições crônicas aos inseticidas piretroides e organofosforados podem
afetar o sistema auditivo periférico, independentemente da exposição concomitante ao
ruído. Estudo realizado por Teixeira et al., (2003) indica que exposições químicas devem
ser monitoradas e controladas como parte do esforço para prevenir a perda auditiva.
Trabalhadores com exposição a substâncias químicas neurotóxicas devem ser incluídos
em programas de conservação auditiva, independentemente de exposição a ruído.
Em diversos estudos realizados com agricultores expostos a agrotóxicos foi
observada uma prevalência de perda auditiva (BECKETT et al., 2000; HWANG et al.,
2001; TEIXEIRA et al., 2002; MANJABOSCO et al., 2004; CHOI, 2005; CRAWFORD
et al., 2008), principalmente em associação com a baixa escolaridade, o uso de outros
produtos químicos e a exposição ao ruído.
As emissões otoacústicas (EOA) são sons detectados no meato acústico externo,
produzidos pela cóclea, sendo especificamente o registro da mobilidade e da habilidade
mecânica das células ciliadas externas (CCE). Esses movimentos podem ser espontâneos,
sem estímulo prévio ou evocado (COUBE; COSTA, 2003).
O processo eletrobiomecânico ativo coclear, embora não funcione como
receptores cocleares, tem capacidade de contração rápida e lenta, funcionando como
efetores cocleares ativos, uma vez que, ao liberar energia mecânica durante as contrações
rápidas, torna-se responsável pelas EOA (DENZIN et al., 1999; CASTOR et al., 1994;
PEREZ et al., 2006). Esse processo é controlado pelas vias auditivas eferentes do sistema
olivococlear, que é formado por dois feixes: um feixe lateral, composto por fibras
desmielinizadas, basicamente ipsilateral, passando da região lateral do complexo olivar
superior até as células ciliadas internas, e outro feixe medial composto por fibras
mielinizadas, que se projeta ipsi e contralateralmente da região medial do complexo
olivar superior até as CCE do órgão de Corti (AZEVEDO, 2003; PEREZ et al., 2006).
Quando as EOA são registradas na presença competitiva de ruído, seja ele
ipsilateral, contralateral ou bilateral, as vias eferentes do sistema olivococlear medial são
ativadas, de forma a afetar o processo coclear (AMORIM et al., 2010; HOOD et al.,
1996). Segundo Perez (2006), as fibras eferentes mediais podem inibir o fenômeno
contrátil ativo das CCE, regulando as contrações lentas com atenuação das contrações
rápidas, diminuindo assim a amplitude das EOA, quando afetado na presença de
estimulação elétrica, química ou ruído (ipsi, contra ou binaural).
Em estudo realizado com frentistas de postos de gasolina expostos a solventes
orgânicos foi observada a presença de emissões otoacústicas transientes (EOAT) maior
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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na orelha esquerda no grupo exposto e nos grupo controle. O efeito supressor das EOAT
na orelha direita foi maior no sujeitos do grupo expostos (62,5%) e na orelha esquerda foi
superior no grupo controle (86,9%). Não foram encontrados sinais de alteração nas CCE
nem no sistema olivococlear medial nos sujeitos expostos a solventes orgânicos
(QUEVEDO et al., 2012).
Há uma ausência na literatura de evidências sobre associação entre exposição a
agrotóxico e alteração na EAOT com supressão. Diante do exposto, o objetivo da
presente pesquisa foi avaliar comparativamente o sistema olivococlear medial em sujeitos
expostos a diferentes níveis de exposição a agrotóxicos.
1 Método
1.1 Desenho do estudo
O presente trabalho é um estudo epidemiológico, descritivo, transversal.
1.2 População e local de estudo
A pesquisa foi constituída de 205 sujeitos. Os indivíduos da pesquisa eram todos
alunos do Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I (IBELGA). Essa escola foi escolhida
por apresentar alunos que participam da agricultura familiar, possibilitada pela pedagogia
de alternância, que intercala um período de convivência na sala de aula com outro no
campo, diminuindo a evasão escolar. A escola está localizada em São Lourenço, situado
no 3° Distrito de Nova Friburgo (RJ). O principal meio de produção do Vale São
Lourenço está voltado para a agricultura familiar, e todas as pessoas participam do
processo de trabalho, sendo que o local é um dos maiores produtores de legumes do
estado do Rio de Janeiro (PERES et al., 2009).
Os critérios de inclusão dos sujeitos foram: ser estudante da escola (Ensino
Fundamental I, Fundamental II, Ensino Médio e curso de especialização em agricultura), não
possuir passado otológico, apresentar limiares auditivos dentro da normalidade (250-8000
Hz), curva timpanométrica tipo A e presença de EOAT.
Os critérios de exclusão foram: ter algum grau de perda auditiva, ter alguma alteração
de orelha externa ou média e ausência das EOAT.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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Todos os sujeitos realizavam algum tipo de trabalho agrícola, alguns com maior
exposição a agrotóxicos e outros com menos exposição.
1.3 Coleta de dados
Os procedimentos realizados foram: questionário, inspeção do meato acústico externo,
imitanciometria, audiometria tonal por via aérea e via óssea, audiometria vocal, pesquisa das
Emissões Otoacústicas Transientes (EOAT) e supressão das EOAT.
A coleta de dados e os exames foram realizados na própria escola em uma sala
silenciosa. As avaliações audiológicas foram realizadas em uma cabine acusticamente tratada.
Para estimar o grau de exposição, foi utilizado um questionário adaptado do Farmer
Applicator Questionnaire (AGRICULTURAL HEALTH STUDY, 1996). O questionário foi
montado com perguntas relacionadas a informações: gerais (endereço, sexo, estado civil e
escolaridade), de ocupação e de hábitos (ocupação, tempo de trabalho, tipo de atividades e
cultivos na lavoura), de saúde (presença de pressão alta, colesterol e diabetes, consumo de
medicamentos), e auditivas (história auditiva, percepção auditiva e zumbido). O questionário
investigou, também, os agrotóxicos mais aplicados na região, o objetivo foi identificar os
compostos químicos mais utilizados. O tempo, o tipo de exposição e o processo de trabalho
também foram analisados.
Com o intuito de estabelecer um escore de exposição, foram atribuídas pontuações
para cada variável relacionada à exposição aos agrotóxicos. Para classificar a idade com que o
indivíduo entrou em contato com o agrotóxico, foi utilizada uma pergunta com uma
pontuação variando de 0 a 2 pontos. Para o tempo de exposição, horas trabalhadas,
proximidade da residência com a lavoura e quantidade de uso do veneno por mês, a pontuação
variou entre 0 a 3 pontos para cada item (4 itens). Para o contato direto com os agrotóxicos
houve uma variação entre 0 a 4 pontos. As atividades realizadas na lavoura foram
categorizadas considerando-se os escores propostos por Dosemeci et al. (2002); essas
pontuações variaram entre 0 e 9 pontos.
A partir da análise do questionário (VERÍSSIMO et al., 2012) estabeleceu-se o escore
de exposição no grupo estudado. Foi encontrada uma variação de 0 (menos exposto) até 63
pontos (mais exposto). O grupo de 205 pessoas foi divido em quartis pelo grau de exposição:
1º quartil: 0 - 3 pontos; 2º quartil: 4 - 19 pontos; 3º quartil: 21 - 36 pontos; 4º quartil: 37 - 63
pontos.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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A inspeção do meato acústico externo foi realizada com o Otoscópio Clínico Mini
2000, da marca Heine, visando verificar a presença excessiva de cerúmen ou qualquer outra
alteração que pudesse alterar o resultado das EOAT.
A avaliação audiológica consistiu na realização da audiometria tonal liminar nas
frequências de 0,25 até 8 KHz por via aérea e 0,5 até 4 KHz por via óssea. Foi
pesquisado o índice percentual de reconhecimento da fala (IPRF) para monossílabos e do
limiar de reconhecimento de fala (LRF) para confirmação dos limiares tonais por v ia
aérea. A avaliação audiológica foi realizada com o audiômetro da marca Interacoustic,
modelo AC30. A análise da imitância acústica foi realizada com o imitanciômetro da
marca Interacoustic, modelo AZ7.
As EOAT e a observação do efeito de supressor das EOAT foram efetuadas por
meio do aparelho Otodynamics ILO 288, da marca ILO. Foram analisadas as EOAT
(clique) e a resposta geral nas faixas de frequência de 1; 1,5; 2; 3 e 4 KHz das emissões
(LOPES FILHO; CARLOS, 2005). Considerou-se presença de EOAT quando a resposta
geral estava acima de 6 dB, com reprodutibilidade da resposta e estabilidade da sonda
superior a 70%.
A pesquisa do efeito supressor das EOAT foi realizada com registro das EOAT
com clique não linear 75 a 80 dBNPA, sem e com a presença de ruído branco
contralateral a 60 dBNPS, com fone TDH 39 do audiômetro da marca Interacoustic,
modelo AC30. O fone foi posicionado no mesmo momento em que a sonda, para que esta
não mudasse de posição para avaliação do efeito supressor.
A supressão das EAOT foi determinada pela subtração do nível de resposta das
EOAT sem ruído branco contralateral do nível de resposta das EAOT com ruído branco
contralateral. Foram consideradas respostas positivas quando houve redução maior ou
igual a 1 dB entre a amplitude de respostas das emissões otoacústicas sem e com
presença de ruído branco contralateral (efeito de supressão presente). Considerou-se
ausência de supressão quando não houve redução da amplitude de respostas das emissões
na presença de ruído branco contralateral (ausência do efeito de supressão) (COLLET et
al., 1992).
1.4 Análise de dados
O escore de exposição, para efeito de análise, foi dividido em quartis, e os valores
de supressão em orelha direita (OD) e orelha esquerda (OE), e suas respectivas
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
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estatísticas (média, mediana, etc.), foram avaliadas de acordo com esses quartis. Os
valores de supressão das EOAT na OD e OE foram correlacionados ao escore de
exposição, tratado agora como variável contínua. Para o cálculo da correlação, utilizou-se
o coeficiente de Spearman (r).
Após análise descritiva, procedeu-se à análise bivariada, considerando como
desfecho a ausência de supressão na OD, na OE, ausência de supressão unilateral (OD ou
OE) e ausência de supressão bilateral (OD e OE). Para comparar a ocorrência de ausência
de supressão de acordo com as variáveis estudadas, foi utilizado o teste de Qui-Quadrado
de Pearson.
Finalmente, observou-se, tendo o 1º quartil de exposição (menos expostos) como
referência, a razão de chance (OR) para ausência de supressão nos demais quartis de
exposição. Para isso, utilizou-se a técnica de regressão logística, cuja variável desfecho
foi a ausência de supressão e a variável de exposição de interesse foram os quartis de
exposição.
As análises estatísticas foram realizadas com o SPSS versão 20 for Mac.
1.5 Considerações éticas
Os indivíduos foram avaliados após lerem e assinarem o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE). Os menores de idade tiveram autorização dos pais ou
responsáveis para participar da pesquisa.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto
de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC-UFRJ)
sob o número 67/2011.
2 Resultados
O grupo estudado foi representado por 48,3% de pessoas do sexo feminino e
51,7% do sexo masculino, variando entre 8 a 30 anos, com idade média de 15,58 anos.
Toda a amostra era de alunos do Colégio Estadual Agrícola Rei Alberto I (IBELGA)
sendo que a maior parte cursava o Ensino Fundamental II (42,9%) ou o Ensino Médio
(37,4%). Da amostra estudada, 22% referiram estarem expostos a ruído e 11,2% a
solvente.
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Apesar da maior parte da amostra ser de estudantes, 78% desses indivíduos disseram
também trabalhar na agricultura, gastando em média 3,5 horas de trabalho por dia, variando
de 0 a 12 horas/dia. Os cultivos mais frequentes foram: tomate (32,9%), hortaliças (27,7%),
couve-flor (21,7%) e brócolis (15,4%). Da amostra entrevistada, 74,6% disseram ter lavoura
ou horta em casa, estando ela a menos de 50 metros da casa em 54,3% dos casos; de 50 a 100
metros em 18,3%; de 100 a 200 metros em 11,2%; e a mais de 200 metros em 16,2%.
Das atividades realizadas frequentemente na lavoura, os estudantes relataram fazer:
58,1% capinar; 40% covar; 51,2% semear; 48,3% adubar; 39% fazer leras; 42,9% estercar;
46,4% desbrotar; e 61,8% participam ativamente da colheita. Com relação ao uso de veneno,
21,6% relataram realizar o preparo do agrotóxico, 49% durante a pulverização puxam a
mangueira, 26,5% pulverizam com costal, 30% lavam o costal e 22,5% armazenam o
agrotóxico com frequência.
Foram 44 os agrotóxicos referidos no questionário, que são usados sozinhos ou
combinados pelos estudantes. Os mais referidos como utilizados foram os inseticidas do
grupo químico organofosforado: Tamaron®
foi referido por 35,1% dos participantes e
Polytrin®
por 29,3%; os inseticidas do grupo químico piretroides: Turbo®
por 9,3% e
Fastac®
por 16,6%; e os inseticidas do grupo químico avermactina: Verimec®
por 37,6%;
dos herbicidas, os mais citados foram os do grupo químico gilfosato: Roundup®
por
33,2%, e do grupo químico paraquat: Gramoxone®
por 56,1%; e dos fungicidas, o do
grupo químico dimetilditro carbamato: Curzate br®
, referido por 47,8% dos estudantes.
Na pesquisa das EOAT com supressão 38% dos indivíduos apresentaram ausência na
orelha direita, 45,9% na orelha esquerda, 38% as EOAT apresentaram ausencia unilateral e
39% bilateral.
As EOAT para orelha direita apresentaram média da amplitude geral de 15,61 dBNPS,
com valor mínimo de 6,1 dBNPS e máximo de 26,3 dBNPS sem ruído contralateral e média
de 15,17 dBNPS, com valor mínimo de 4,6 dBNPS e máximo de 26,00 dBNPS com ruído
contralateral. O valor médio do efeito de supressão foi de 0,55 dBNPS com valor mínimo de –
7,3 dBNPS e máximo de 7,7 dBNPS.
As EOAT para orelha esquerda apresentaram média da amplitude geral de 15,76
dBNPS, com valor mínimo de 6 dBNPS e valor máximo de 27,8 dBNPS sem ruído
contralateral e média 14,90 dBNPS, com valor mínimo de -5,7 dBNPS e máximo de 27,1
dBNPS com ruído contralateral. O valor médio do efeito de supressão foi de 0,80 dBNPS,
com valor mínimo de -3,5 dBNPS e máximo de 9,5 dBNPS.
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A Tabela 1 mostra os valores médios das amplitudes das EOAT sem e com ruído e o
efeito de supressão, dividido por quartil na orelha direita e esquerda.
Tabela 1– Valores médios das relações sinal/ruído das EOAT sem ruído, com ruído contralateral e o efeito
de supressão, dividido por quartil. Rio de Janeiro, 2012.
Orelha direita Orelha esquerda
EOAT EOAT c/ ruído Supressão EOAT EOAT c/ ruído Supressão
1º Quartil 15,77 15,62 0,66 16,45 15,7 0,93
2º Quartil 16,2 15,85 0,50 15,91 15,24 0,78
3º Quartil 15,36 14,85 0,49 15,59 14,06 1,01
4º Quartil 14,37 13,94 0,48 14,43 13,60 0,49
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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A Figura 1 apresenta, via boxplot, os valores de supressão em OD e OE segundo
quartis de exposição. Observa-se que há diferenças na distribuição dos valores de supressão
em cada quartil, com variações na magnitude, na distância interquartílica e na ocorrência de
outliers. Observa-se, ainda, que há diferença na apresentação dos boxplots comparando-se OD
e OE.
Figura 1 – Valores das estatísticas de supressão em OD e OE segundo quartis de exposição.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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A Figura 2 apresenta a correlação entre os valores dos escores de exposição
(variável contínua) e os valoes de supressão OD e OE.
Figura 2 –: Correlação entre os valores dos escores de exposição (variável contínua) e os valoes de
supressão OD e OE.
a. OD = orelha direita; OE = orelha esquerda
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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Percebe-se que há uma correlação positiva e estatisticamente significativa entre a
exposição e a supressão. Ainda, observa-se que a correlação é mais forte e significativa para
OE, comparada a OD.
A Tabela 2 apresenta a análise bivariada para supressão de OD, OE, unilateral (OD ou
OE) e bilateral (OD e OE) e as variáveis de estudo.
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Tabela 2 – Análise bivariada para supressão de OD, OE, unilateral (OD ou OE) e bilateral (OD e OE) e as variáveis de estudo. Rio de Janeiro, 2012.
Supressão ODa
Supressão OEb
Supressão unilateral Supressão bilateral
Variáveis Ausência Presença p valorc
Ausência Presença p valorc
Ausência p valorc
Ausência p valorc
N % n % n % N % n % N %
Sexo
Feminino 45 45,5 54 54,5 54 54,5 45 45,5 27 37,5 27 50,0
Masculino 33 31,9 73 68,9 0,044 40 37,7 66 62,3 0,018 20 37,7 0,999 20 27,4 0,015
Faixa etária
Crianças/Adolescentes 72 39,1 112 60,9 86 46,7 98 53,3 43 37,4 43 37,4
Adultos 6 28,6 15 71,4 0,478 8 38,1 13 61,9 0,478 4 40,0 0,560 4 40,0 0,280
Expostos a ruído
Não 61 38,4 98 61,6 78 49,1 81 50,9 40 40,4 40 40,0
Sim 17 37,8 28 62,2 0,999 15 33,3 30 66,7 0,065 7 28,0 0,182 7 25,9 0,131
Expostos a solventes
Não 69 38,1 112 61,9 86 17,5 95 52,5 43 38,4 43 38,4
Sim 9 39,1 14 60,9 0,999 7 30,4 16 69,6 0,181 4 33,3 0,496 4 26,7 0,280
Quartis
1 24 44,4 30 55,6 16 29,6 38 70,4 20 45,5 10 29,4
2 20 51,3 19 48,3 0,001 18 46,2 21 53,8 <0,001 26 78,8 0,021 6 46,2 <0,001
3 42 72,4 16 27,6 36 62,1 22 37,9 18 64,3 30 75,0
4 41 75,9 13 24,1 41 75,9 13 24,1 4 70 34 85,0
a. OD = orelha direita; b. OE = orelha esquerda; c. p valor obtido através do teste de Qui-Quadrado de Pearson.
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Os dados obtidos no estudo permitem dizer que há uma associação entre todos
os tipos de supressão e os quartis de exposição. Evidenciou-se, ainda, associação para a
variável sexo; entretanto, a associação só foi encontrada para a ausência de supressão
nas orelhas individualmente e ausência de supressão bilateral. Em virtude disso,
procedeu-se à técnica de regressão logística, em que se considerou como variável de
desfecho a ausência de supressão, e como variável de exposição os quartis, ajustados
pela variável sexo.
Finalmente, a Tabela 3 compara a ocorrência de ausência de supressão por
quartis de exposição, considerando o primeiro quartil como categoria de referência.
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Tabela 3 – Análise multivariada para supressão de OD, OE, unilateral (OD ou OE) e bilateral (OD e OE) e as variáveis de estudo. Rio de Janeiro (2012).
Ausência supressão ODa
Ausência supressão OEb
Ausência supressão unilateral Ausência supressão bilateral
Variáveis ORbc (IC95%) ORa
d (IC95%) ORb
c (IC95%) ORa
d (IC95%) ORb
c (IC95%) ORa
d (IC95%) ORb
c (IC95%) ORa
d (IC95%)
Qu
arti
s
1 1 1 1 1 1 1 1 1
2 1,32 (0,58-3,01) 1,34(0,58-3,07) 2,08(0,88-4,95) 2,27(0,94-5,48) 4,51(1,61-12,66) - 2,06(0,55-7,67) 2,15(0,56-8,13)
3 3,28(1,49-7,21) 3,20(1,45-7,06) 3,78(1,72-8,34) 4,04(1,76-9,25) 2,27(0,85-6,06) - 7,20(2,58-29,2) 8,07(2,79-23,76)
4 3,94(1,73-8,98) 3,44(1,40-8,45) 7,29(3,10-17,17) 6,79(2,58-17,87) 2,95(0,95-9,12) - 13,60(4,35-42,48) 13,53(3,66-50,05)
p trend* 0,010 0,018 0,052 0,028 0,793 - 0,039 0,024
a. OD = orelha direita; b. OE = orelha esquerda; c. ORb = odds ratio bruta; d. ORa = odds ratio ajustada pelo sexo; p trend* = valor de p de tendência.
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Pode-se observar que encontrou-se um gradiente para os quartis, com
significância estatística, para a ausência de supressão na OD e na OE isoladas e
bilateral, tanto para a medida bruta quanto ajustada por sexo. Além disso, ao observar a
ausência bilateral, vê-se que a razão de chance entre o segundo e terceiro quartis
aumenta exponencialmente, sugerindo um efeito de interação multiplicativa com o sexo.
3 Discussão
O grupo estudado foi representado por alunos de uma escola agrícola, sendo
48,3% do sexo feminino e 51,7% do sexo masculino, principalmente formado por
crianças e adolescentes (89,8%) (Tabela 1). A amostra estudada, na sua maioria, não era
exposta a ruído (77,6%) e nem a solventes (88,3%). Apesar de a população analisada ser
de estudantes, a maior parte (78%) também realiza trabalho agrícola, sendo que muitos
utilizam e manipulam agrotóxicos de forma direta ou indireta (69,3%). Segundo Araújo
et al. (2007), esta pesquisa vem confirmar outras investigações epidemiológicas no
campo, que mostram essa realidade adversa que é um problema de saúde pública, onde
jovens se iniciam no trabalho agrícola em idade escolar, com exposição, mesmo que
indireta, aos pesticidas durante a aplicação – ao segurarem a mangueira ou
transportarem os produtos. Em outro estudo (MOREIRA et al., 2002) realizado nessa
mesma região, os autores observaram que as crianças desde cedo utlizavam agrotóxicos,
sendo os mais comuns: o Paraquat, herbicida altamente tóxico; o Mancozeb, fungicida
de baixa toxicidade aguda; e o Metamidophos, inseticida organofosforado altamente
tóxico. São produtos similares aos que foram citados pelos estudantes no presente
estudo.
Pode-se observar presença do efeito supressor em 62% em OD e 54,1% em OE.
Em estudo realizado com exposição a solvente, a presença do efeito supressor foi maior
no grupo estudo (62,5%) em relação ao grupo controle (56,52%) na orelha direita,
porém não houve diferença estatisticamente significante. Em contrapartida, na orelha
esquerda, a presença do efeito supressor foi superior e estatisticamente significante no
grupo controle (86,96%) em relação ao grupo estudo (54,17%) (QUEVEDO, 2012).
Pode-se observar que os valores encontrados no grupo controle estão similares aos
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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valores encontrados no presente estudo. Outro estudo (FUENTE, 2008) mostrou
presença do efeito supressor na orelha direita em 73,97% dos indivíduos expostos a
solventes e 75,5% dos indivíduos não expostos, e na orelha esquerda em 68,65% dos
sujeitos expostos a solventes e 75,75% dos indivíduos não expostos. Entretanto os
achados do autor não foram estatisticamente significantes.
Na Figura 1 é possível observar que há diferenças na distribuição dos valores de
supressão em cada quartil, com variações na amplitude, na distância interquartílica e na
ocorrência de outliers. Observa-se, ainda, que há diferença na apresentação dos boxplots
comparando-se OD e OE. E na Figura 2 é possível perceber que há uma correlação
positiva e estatisticamente significativa entre a exposição e a supressão. Observa-se,
ainda, que a correlação é mais forte e significativa para a OE, comparada à OD.
Mesmo realizando uma ampla busca na literatura disponível, não foi possível
encontrar outros estudos que utilizaram questionário para estabelecer escore que
possibilitasse a subdivisão em quartis, motivo pelo qual não se tem outros estudos para
fazer comparações em relação ao grau de exposição e alterações no sistema eferente
medial.
A comparação dos valores médios da amplitude geral da resposta das EOAT
entre as orelha direita e esquerda não mostrou diferença estatisticamente significante.
Samelli e Schochat (2002) e Mor e Azevedo (2005) observaram resultados semelhantes
em seus estudos. A Tabela 1 mostrou os valores médios das amplitudes gerais das
EOAT sem ruído e com ruído contralateral divididos por quartis. É possível observar
que quanto mais exposto o quartil, menor é a amplitude das EOAT, com exceção do 2º
quartil da orelha direita.
O valor médio da amplitude da resposta geral entre as orelhas situou-se entre
15,61 e 15,76 dBNPS, valores semelhantes aos descritos por Bernardi (2000), Carvallo
et al. (2000) e Mor e Azevedo (2005) em população de jovens e adultos.
No presente estudo constatou-se uma alta variabilidade entre os valores da
amplitude geral de resposta das EOAT nas situações com e sem presença de ruído
branco contralateral, apresentando-se desde a não redução até o aumento. Os valores
médios das EOAT sem ruído situaram-se, no grupo estudo, entre 6,1 e 26,3 dBNPS na
OD, e entre 6 e 27,8 dBNPS na OE. Outros pesquisadores (COLLET et al., 1992;
RYAN; KEMP, 1996; MOR; AZEVEDO, 2005) também encontraram uma ampla faixa
de variabilidade individual quando há estimulação acústica contralateral.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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83
A Tabela 2 apresentou a análise bivariada para ausência de supressão de OD,
OE, unilateral (OD ou OE) e bilateral (OD e OE) e as variáveis de estudo. Os dados
obtidos no estudo permitem dizer que existe uma associação entre a ausência de
supressão e os quartis de exposição. Evidenciou-se, ainda, associação para a variável
sexo, entretanto a associação só foi encontrada para a ausência de supressão nas orelhas
individualmente (OD/OE) e ausência de supressão bilateral. Em estudo com agricultores
realizado por Beckett et al. (2000), os autores encontraram associação significante, com
p<0,05, entre alteração auditiva e idade, sexo, baixa escolaridade, uso de produtos
químicos e ruído. Aplicadores de pesticida apresentaram 3% mais alteração auditiva do
que os que informaram não serem aplicadores. Homens apresentaram sete vezes mais
perda auditiva nas frequências agudas que as mulheres.
A Tabela 3 comparou a ocorrência de ausência de supressão por quartis de
exposição, considerando o primeiro quartil como categoria de referência. Pode-se
observar que encontrou-se gradiente para os quartis, com significância estatística, para a
ausência de supressão em OD e OE isoladas e bilateral, tanto para a medida bruta
quanto ajustada por sexo. Ainda, ao observar a ausência bilateral, pode-se ver que a
razão de chance entre o segundo e terceiro quartis aumenta exponencialmente,
sugerindo um efeito de interação multiplicativa com o sexo. Em estudo realizado por
Hwang et al. (2001), os autores encontraram prevalência de perda auditiva em
agricultores expostos a ruído e pesticidas, com os seguintes resultados para os quartis:
1º quartil: 8.6%, 1.0; 2º quartil: 16.8%, 1.94 (1.32-2.85 - IC 95%); 3º quartil: 26.7%,
3.09 (2.17-4.41 - IC 95%); e 4º quartil: 35.9%, 4.15 (2.95-5.85 - IC 95%).
Em estudo realizado com agricultores, foi observada associação
estatisticamente significativa entre o índice de exposição a agrotóxico e pior
desempenho nos testes de processamento auditivo temporal, sugerindo que essa
substância pode ser nociva para as vias auditivas centrais (BAZILIO, 2010).
Foltz et al. (2010) encontraram ocorrência de perda auditiva sugestiva de
perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) em 29,3%. Houve tendência estatística
na associação entre configuração audiométrica e contato com agrotóxico (p =
0,088). O estudo concluiu que pilotos agrícolas apresentaram alto índice de perda
auditiva. Tal atividade ocupacional envolve contato com agrotóxicos e nível alto de
ruído. Em outro estudo com trabalhadores expostos a ruído e expostos a ruído e
praguicidas, Guida et al. (2010) realizaram audiometria tonal e verificaram que os
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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trabalhadores expostos ao ruído ocupacional e a praguicidas possuíam maior risco
para perda auditiva do que os trabalhadores expostos somente ao ruído.
Oliveira et al. (2012) realizaram estudo com agricultores utilizando
questionário de índice de qualidade de vida e audiometria tonal. Esse estudo
observou que os agricultores usuários de agrotóxicos apresentaram piores escores
de qualidade de vida quando comparados com aqueles que não os utilizavam. Outro
aspecto relevante foi que o uso de agrotóxico e sua classe toxicológica interferiram
de maneira impactante no grau de perda auditiva apresentada por esses agricultores.
Körbes et al. (2009) observaram alterações morfológicas na cóclea, no
sáculo e no utrículo de cobaias que foram expostas a doses diárias de
organofosforado, evidenciando o efeito degradante dos agrotóxicos no sistema
vestibulococlear.
Conclusão
As exposições crônicas aos inseticidas afetam o sistema olivococlear medial de
forma progresssiva, ou seja, quanto maior o grau de exposição maior o
comprometimento auditivo central, demonstrado pela aumento da ocorrência de
ausência do efeito de supressão.
Dados do presente estudo e de recentes publicações indicam que exposições
químicas devem ser monitoradas e controladas como parte do esforço para prevenir
alterações np sistema auditivo central.
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Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
88
A adversidade das pesquisas demonstra que o monitoramento e a avaliação dos
riscos causados pela exposição são múltiplos, com uma heterogeneidade importante. A
maior dificuldade da literatura se encontra exatamente neste ponto, pois se torna difícil a
comparação. Os estudos demonstram que os agrotóxicos são ototóxicos, lesando
diversas áreas do sistema auditivo periférico e central. Na medida em que a revisão
sistemática mostra evidência de associação entre exposição a agrotóxicos e alteração
auditiva periférica e central, é importante que se faça um bom diagnóstico audiológico
para que sejam aplicadas medidas preventivas para minimizarem ou acabarem com as
intoxicações agudas e crônicas.
O estudo dos alunos e familiares da Escola Municipal Rei Alberto I (IBELGA)
buscou avaliar se características sociodemográficas, de hábitos e práticas de trabalho
estão associadas a padrões de exposição aos agrotóxicos. Nossos resultados mostram
que a população infanto juvenil está tão exposta aos agroquímicos quanto os adultos, e
sugerem que o sexo e a escolaridade estão associados diretamente ao escore de
exposição.
Outras investigações já mostraram que os jovens são iniciados nas atividades de
lavoura muito cedo pelas próprias características culturais da população camponesa. No
presente estudo, a apresentação dos escores de exposição confirmaram que somente o
fato de morar numa região de intensa pulverização agroquímica já predispõe um
indivíduo desde criança a níveis de exposição, mesmo que ambiental,
consideravelmente altos e similares àqueles dos indivíduos com exposição direta na
lavoura. Seja por dormir num quarto com as janelas próximas a uma cultura recém-
pulverizada, ou por caminhar pelas estradas ao lado de plantações, ou por comer do
próprio cultivo com agroquímicos.
6 CONCLUSÃO
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
89
As exposições crônicas aos inseticidas afetam o sistema olivococlear medial de
forma progresssiva, ou seja, quanto maior o grau de exposição maior o
comprometimento auditivo central, demonstrado pela aumento da ocorrência de
ausência do efeito de supressão.
Dados do presente estudo e de recentes publicações indicam que exposições
químicas devem ser monitoradas e controladas como parte do esforço para prevenir
alterações auditivas periféricas e centrais.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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APÊNDICES
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
APÊNDICE A – Perfil da amostra estudada (n = 205).
Variável N %
Sexo
Feminino 99 48,3
Masculino 106 51,7
Faixa etária
Crianças/Adolescentes 184 89,8
Adultos 21 10,2
Exposto a ruído
Não 159 77,6
Sim 45 22
Expostos a solventes
Não 181 88,3
Sim 23 11,2
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
APÊNDICE B – Caracterização da exposição na população.
Escore Frequência %
Horas de trabalho na agricultura
0 horas por dia 0 109 53,7
1 - 4 horas diárias 1 13 6,2
5 - 8 horas diárias 2 26 12,6
9 - 10 horas diárias 3 51 24,7
+ 10 horas diárias 4 6 2,8
Distância entre a lavoura e a residência
Mais de 200 metros 0 33 16,2
100 - 200 metros 1 23 11,2
50 - 100 metros 2 37 18,3
Menos de 50 metros 3 112 54,3
Há quanto tempo trabalha com veneno
Nunca trabalhou 0 66 31,8
1 - 5 anos 1 89 43,6
5 - 20 anos 2 46 22,6
+ 20 anos 3 4 2
Qual contato tem com os agrotóxicos
Nenhum contato 0 63 30,7
Indireto (lavoura é no mesmo terreno da casa) 1 48 23,4
Indireto (lava o costal) 2 58 28,3
Direto (Puxa a mangueira) 3 33 16,1
Direto (mistura e aplica na lavoura) 4 3 1,5
Tempo de aplicação do veneno na última estação
Nenhum dia 0 115 56,1
1 - 5 dias 1 43 21
6 - 25 dias 2 33 16,1
26 - 50 dias 3 3 1,5
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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+ 50 dias 4 11 5,4,
Quantas vezes por mês usam agrotóxico
Nenhuma 0 91 44,4
1 - 5 vezes 1 75 36,5
5 - 10 vezes 2 29 14,1
+ 10 vezes 3 10 4,9
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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APÊNDICE C – Agrotóxicos mais utilizados pela população estudada.
Tipo de agrotóxico Nome Grupo químico % uso
Inseticidas Tamaron®
Organofosforado 35,1
Inseticidas Polytrin®
Organofosforado 29,3
Inseticidas Turbo® Piretroides 9,3
Inseticidas Fastac®
Piretroides 16,6
Inseticidas Verimec®
Avermactina 37,6
Herbicidas Roundup®
Glifosato 33,2
Herbicidas Gramoxone®
Paraquat 56,1
Fungicidas Curzate br®
Dimetilditro carbamato 47,8
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
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APÊNDICE D – Resultado dos exames de emissões otoacústicas transientes sem e com ruído, o efeito de
supressão na orelha direita e esquerda.
Ind. Idade EOAT OD EOAT OD c/ ruído
supressão OD
EOAT OE EOAT OE c/ ruído
supressão OE
escore
1 14 24,7 23,6 1,1 18,2 17,7 1,1 0
2 15 21,3 18,3 3 18,8 17,8 1 0
3 28 15,4 14,3 1,1 13,5 12,1 1,4 0
4 28 13,8 14,7 -0,9 14,2 14,2 0 0
5 15 15,6 15 1,3 15,8 12,7 3,1 0
6 12 11,2 10,7 0,5 14,8 13,5 1,3 0
7 12 13,9 13,6 0,3 17,7 16,1 1,5 0
8 14 17,1 18,9 -1,8 20,8 19,1 1,7 0
9 17 16,4 16,6 -0,2 18,3 19 -0,7 0
10 10 17,3 16,3 1 20,8 20,1 1,2 0
11 15 18,9 18,2 1,2 21,9 21,5 0,4 0
12 14 14,1 13,5 0,6 19,4 18 1,4 0
13 16 26,3 26 1,4 25 23,4 1,6 0
14 15 17 17 1 15,1 14,8 1,3 0
15 16 15,9 14,8 1,1 12,2 10,2 2 0
16 15 23,6 24 -0,6 16,9 20,1 -3,2 1
17 16 11,4 9,7 1,7 18,2 16,4 1,8 1
18 15 18,5 19,5 -1 17,6 16,9 1,1 1
19 14 13,1 12,5 1,1 11 10,3 1,2 1
20 15 20,7 20,9 -0,3 19,6 17,4 2,2 1
21 14 17,2 15,7 1,5 19,4 17,4 2 1
22 11 15,6 14 1,6 19,1 18,3 1,3 1
23 15 18,8 18,2 1,5 19,1 17,2 1,9 2
24 18 16 15,5 1,2 13 13,1 -0,1 2
25 20 21,8 20,2 1,6 23,1 21,3 1,8 2
26 13 23,7 24,8 -1,1 24 23 1 2
27 14 21,2 13,5 7,7 19,8 18,9 1,3 2
28 14 6,5 13,8 -7,3 23 23,2 -0,2 2
29 19 9 7,9 1,1 7,6 8,1 -0,5 2
30 11 11,4 13,3 1,9 13 12,9 1,1 2
31 12 24,3 24,2 0,1 13,5 13,8 -0,3 2
32 12 15,1 16,2 -1,1 15,2 16,2 -1 2
33 12 14,7 15,2 -0,5 12,7 12,1 1,2 2
34 14 16,3 15,3 1 14,2 13,4 1,1 2
35 14 13 10,9 2,1 10,4 9,6 1,1 2
36 16 12,5 11,6 1,1 13,3 13,7 -0,5 2
37 16 9,4 9,8 -0,4 13,6 12,9 1,2 3
38 16 16,7 16,9 -0,2 20,1 18,6 1,5 3
39 18 21,6 21,5 1,2 10,9 9,8 1,1 3
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
40 13 21,3 20,1 1,2 18,1 15,6 2,1 3
41 16 9,9 10,6 -0,7 16,4 16,8 -0,2 3
42 20 14,1 13,9 0,2 15,8 15,5 0,3 3
43 11 12,6 8,1 4,5 21,6 21,5 0,1 3
44 12 20,4 20,7 -0,3 17,3 17 0,3 3
45 14 14,5 11,3 3,2 13 11,3 1,7 3
46 14 14 13 1 15,5 17,9 1,1 3
47 15 18,4 17,7 1,3 18,2 16,7 1,5 3
48 17 6,9 8,1 -1,2 12 12,3 -0,3 3
49 13 16,4 17,5 -1,1 11,8 11 1,1 3
50 16 22,1 21,8 0,3 20,7 19,1 1,7 3
51 15 15,8 16 -0,2 19,3 18,2 1,1 3
52 16 16 14,8 1,2 16,9 16,3 0,6 3
53 16 9,3 8 1,3 7,7 6,3 1,4 3
54 16 12,1 11,5 0,6 9,2 7,5 1,7 3
55 8 20,8 20,6 0,2 12,3 13 1,2 4
56 28 22 21,3 1,2 20,2 19,4 1,3 4
57 15 21,6 20,1 1,5 15,7 13,7 2 4
58 13 10,7 11,2 -0,5 10,9 9,4 1,5 4
59 15 17,8 17,3 1,5 13,2 13,3 -0,1 5
60 15 14,4 14,5 -0,1 15,6 14,7 1,1 5
61 12 16,5 17 -0,5 12 11,2 1,2 5
62 11 11,1 8,8 1,3 11,4 11,2 0,2 5
63 13 17,8 16,5 1,3 16,1 15,1 1 5
64 17 14,4 13,9 1,4 16,7 16,1 0,6 5
65 15 19,2 18,8 0,4 19,6 15,5 4,1 6
66 14 20,2 19,8 1,1 21,4 20,4 1 6
67 12 9,4 15,2 -5,9 14,4 10,9 -3,5 6
68 13 17,7 16,7 1 15,4 13,2 2,2 6
69 20 22,9 22,5 1 20,9 21 -0,1 6
70 11 11,9 13,6 1,7 15,7 15,5 0,2 6
71 23 12,2 12 0,2 7,4 7,4 0 6
72 15 9,7 11,5 -1,8 7,1 8 -0,9 6
73 16 15,3 15 0,3 17,5 16 1,5 7
74 13 12 10,1 1,9 15,1 13,2 1,9 7
75 15 16,6 15,8 1,2 18,1 18,9 -0,8 7
76 12 25,8 25,2 0,6 23,5 21,9 1,6 7
77 8 18,5 17,6 1,1 15,9 15,2 0,7 9
78 12 9,9 9,4 0,5 13,6 11,5 2,1 9
79 12 21,7 20,1 1,6 22,7 21,4 1,3 9
80 17 17,7 16,4 1,3 16,4 16,3 0,1 9
81 16 16,8 17,8 1 18,8 19,1 -0,3 10
82 12 17,8 17,4 0,4 19,6 18,8 0,8 10
83 13 19,8 18,9 0,9 20,9 21,2 -0,3 10
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
84 14 9 8,5 0,5 10,1 10,1 0 10
85 20 17,6 17,2 0,4 19,5 17,4 2,1 11
86 15 6,7 7,1 -0,4 7,9 6,7 1,2 11
87 15 17,3 17 0,3 19,9 18,3 1,6 11
88 16 14 11,6 2,4 11,6 11,7 -0,1 11
89 15 17,1 16,3 0,8 13,2 10,9 2,3 11
90 16 15,9 15,2 0,7 15,6 14,2 1,4 11
91 12 11,3 10,7 0,6 6,2 4,8 1,4 13
92 12 19,8 18,7 1,1 20,4 19,7 0,7 13
93 17 21,2 20,1 1,1 19 18,4 0,6 13
94 18 21 20,2 0,8 16,8 15,5 1,3 14
95 16 14,9 14,9 0 11,7 11 0,7 15
96 13 9,4 9,2 0,2 14,8 14,1 0,7 14
97 12 16,5 16,3 0,2 19,8 19,2 0,6 15
98 11 19,5 21 -1,5 21,8 22,1 -0,3 16
99 30 19,9 19,6 0,3 18,1 17,8 0,3 16
100 17 7,8 6,9 0,9 16,4 15,2 1,2 17
101 8 7,8 8,4 -1 14,1 13,4 -0,7 17
102 14 15,7 14,2 1,5 16 14,4 1,6 18
103 13 18,1 17,7 0,4 16 15,6 0,4 19
104 14 17,8 17,5 0,3 21,4 21 0,4 19
105 13 17,9 17,8 0,1 16,4 16,3 0,1 19
106 11 21,8 21,7 0,1 24,3 23,2 1,1 20
107 18 19,4 18,5 0,9 19,1 17,7 1,4 19
108 14 12,4 12,5 -0,1 14,7 13,2 1,5 21
109 16 18,6 17,7 0,9 6 6,5 -0,5 21
110 16 13,6 13,3 0,3 12,4 12 0,4 20
111 13 16 14,8 1,2 13 11,8 1,2 22
112 11 18,2 17,1 1,1 18,4 17,8 0,6 22
113 16 6,1 4,9 1,2 6 2 4 23
114 13 14,5 14,3 0,2 16,1 15,9 0,2 23
115 19 16,9 15,8 0,3 21,9 20,1 1,8 24
116 15 15,4 13,2 2,2 9,9 9,4 0,5 24
117 14 11,8 12,7 -0,9 15,2 15,1 0,1 25
118 14 19,9 21,2 -1,3 27,8 27,1 0,6 24
119 14 19,4 18,8 0,6 20,7 19,2 1,5 26
120 13 17,9 16,7 1,2 12,9 11,2 1,7 25
121 14 23,5 23,4 0,1 17,2 17,8 -0,6 25
122 18 8,8 8,6 0,2 15,4 14,3 1,1 26
123 13 15,4 14,1 1,3 13,9 9,9 4 27
124 16 18,1 16,7 1,4 18,6 17,4 1,2 26
125 15 6,6 5,7 0,9 10,4 10,1 0,3 26
126 17 19,3 18,7 0,6 21,9 21,6 0,3 27
127 12 13,4 12,4 1 14,2 14,6 -0,4 27
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
128 16 12,6 11,5 1,1 12,9 12,6 0,3 28
129 12 19,4 19,9 -0,5 16,7 16 0,7 28
130 13 18,6 18,9 -0,3 21,3 21,3 0 28
131 14 18,8 17,7 1,1 19 17,2 1,8 28
132 16 20,3 19,1 1,2 10,5 9,8 0,7 30
133 13 12,2 13,6 -1,4 12 11,6 0,4 30
134 26 13,1 13,1 0 22,6 13,1 9,5 30
135 24 9,7 10,1 -0,4 7 6,5 0,5 30
136 12 16,4 15,6 0,8 20,1 19,7 0,4 30
137 16 15,3 14,9 0,4 17,3 16,8 0,5 31
138 15 16,7 15,7 1 18,6 16,6 2 31
139 14 16,3 14,3 2 23,3 22,7 0,6 31
140 11 16,6 15,8 0,8 18,7 18,3 0,4 31
141 15 15 14,1 0,9 12,5 11,2 1,3 31
142 12 20,5 20,8 -0,3 18,9 18,4 0,5 32
143 11 17,9 17,9 0 16,8 17,4 -0,6 32
144 12 6,1 5,9 0,2 7,6 7,8 -0,2 33
145 17 16,4 14,9 1,5 19,6 18,6 1 32
146 16 15,7 15 0,7 14,4 14,2 0,2 33
147 18 16 15,4 0,6 19,4 18,1 1,1 33
148 13 18,6 17,1 1,5 15,5 17,1 1,6 34
149 27 20,2 19,7 0,5 19,1 17,5 1,6 33
150 17 13,5 14,7 -1,2 15,4 14,8 0,6 33
151 14 12,4 12 0,4 14,4 13,8 0,6 34
152 12 10,5 10 0,5 10 9,7 0,3 35
153 12 14,2 14,3 -0,1 14,9 14,1 0,7 35
154 18 14,9 14,9 0 18,1 17,6 0,5 36
155 17 15,8 15,1 0,7 14,8 14,2 0,6 37
156 16 13,8 13,4 0,4 11,4 9,3 2,1 38
157 19 9,3 9,9 -0,6 10,1 9,4 0,7 39
158 16 6,6 4,6 2 10 -5,7 -2,8 39
159 16 6,7 5,7 1 6,4 6,4 0 39
160 11 19,4 18,9 0,5 19,2 16,8 2,4 42
161 18 12 12 0 6,7 6,6 0,1 42
162 17 18,3 17,2 1,1 14 12,7 1,3 43
163 14 17,2 18,2 -1 13 14,1 -1,1 43
164 13 18,4 17,7 0,7 20 18,2 1,8 45
165 11 11,3 11 0,3 13,4 13,3 0,1 45
166 28 14,3 13,3 1 15,7 15,2 0,5 46
167 16 15,3 13,4 1,9 16,8 15,5 1,3 47
168 18 14,7 13,7 1 16,1 15,3 0,8 47
169 15 15,3 15,7 -0,4 12,5 13 -0,5 47
170 14 16,6 12,9 4,3 16 13,9 2,1 48
171 13 15,1 16 0,9 17,5 17 0,5 49
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
172 17 16,8 17,2 0,4 17,4 17,1 0,3 49
173 11 14,4 14,5 -0,1 12 11,7 0,3 49
174 28 16,4 15,9 0,5 16,6 16,2 0,4 49
175 16 7,2 9,7 2,5 9,7 8,9 0,8 50
176 17 12,3 11,9 0,4 12,2 11,3 0,9 50
177 13 16,1 15 1,1 18,6 17,1 1,5 50
178 14 19,1 19,9 -0,8 19,1 18 1,1 50
179 16 17 15,7 0,9 15 14,5 0,5 51
180 13 15,7 15,9 -0,2 13,9 15,6 -1,7 51
181 30 13,7 13,5 0,2 12,8 13,5 -0,7 52
182 20 19,1 18,9 0,2 16 16,5 -0,5 52
183 17 22,3 23,1 -0,8 20,7 20,5 0,2 53
184 17 16 13,8 2,2 19,4 19,2 0,2 53
185 16 16,1 16,1 0 19,6 18,5 1,1 54
186 18 13,8 14,4 -0,6 14,9 14,1 0,8 54
187 17 13,9 13,4 0,5 14,5 14 0,5 54
188 18 20,1 19 1,1 19,7 18,9 0,8 55
189 18 16,5 16,1 0,4 6,3 8,3 -2 55
190 19 9,9 10,1 -0,2 9 9,6 -0,6 55
191 29 6,6 6,7 -0,1 8,5 8,3 0,2 56
192 15 18,9 18,3 0,5 19,7 18,9 0,8 56
193 16 8,5 8,3 0,2 15,2 15 0,2 56
194 17 14,8 13,5 1,3 6,7 5,4 1,3 56
195 16 13,2 12,1 0,8 18,6 17,6 1 56
196 17 10,8 11,6 -0,8 12 11,4 0,6 56
197 18 16,9 17,1 0,2 21,5 20,8 0,7 57
198 26 14,5 13,4 1,1 16,4 14,5 1,9 57
199 22 18,2 17,5 0,7 20 19,4 0,6 57
200 13 6,8 5,9 0,9 7,4 6,2 0,9 57
201 19 13,6 11,6 2 8 7,9 0,1 57
202 21 17,4 17,1 0,3 18,8 17 1,8 58
203 17 15,5 15,4 0,1 15,2 13,5 0,7 59
204 20 15,7 15,4 0,3 17,1 16,8 0,3 60
205 17 14,4 14,6 -0,2 16 15,5 0,5 63
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
APÊNDICE E – Caracterização do efeito de supressão das EOAT.
Supressão ODa
Ausência 78 38
Presença 127 62
Supressão OEb
Ausência 94 45,9
Presença 111 54,1
Ausência de Supressão
Unilateral 78 38
Bilateral 80 39
a. OD = orelha direita
b. OE = orelha esquerda
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
ANEXOS
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
ANEXO A – Questionário
1. NOME:____________________________________________________________________
2. IDADE - dia, mês e ano nasceu? dia |__|__| mês |__|__| ano |__|__|__|____| OU ____ anos
3. SEXO: ( ) F ( ) M 4. ESTADO CIVIL:_______________________________________
5. ENDEREÇO:________________________________________________________________
6. BAIRRO:_________________________ 7. CIDADE:__________________________
8. CEP.:____________ 9. TEL.:________________________________________________
9. Mora em SÍTIO/FAZENDA/VILAREJO:________________________________________
10. ESCOLARIDADE:
( ) Analfabeto ( ) Fundamental II completo ( ) Médio completo
( ) Fundamental I completo ( ) Fundamental II incompleto ( ) Médio incompleto
( ) Fundamental I incompleto ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo
Quantos anos de escolaridade? _________________________ (caso não saiba responder acima)
11. OCUPAÇÃO: ( ) agricultor ( ) outros _____________________________________
12. Há quanto tempo trabalha nesta ocupação? _______ anos; _______ meses; _______ dias.
13. Trabalha ou trabalhou em outra ocupação? ( ) SIM ( ) NÃO QUAL? ____________
HÁ QUANTO TEMPO? __________ E continua atualmente? ( ) SIM ( ) NÃO
** Se NÃO É AGRICULTOR, pule para o item 17 **
14. QUANTAS HORAS gasta na lavoura? |__|__| Horas por dia
15. QUAIS SÃO OS CULTIVOS na lavoura? ______________________________________
_____________________________________________________________________________
16. A lavoura em que você trabalha fica na sua residência? ( ) SIM ( ) NÃO
17. Qual a DISTÂNCIA da sua residência para a lavoura mais perto?
( ) menos de 50 metros ( ) 100-200 metros
( ) 50-100 metros ( ) mais de 200 metros
18. Quando ocorre aplicação de agrotóxicos/venenos nas lavouras, você é capaz de sentir o cheiro dentro
de casa? ( ) SIM ( ) NÃO
19. Você tem HORTA EM CASA? ( ) SIM ( ) NÃO
20. Você CONSOME O QUE PLANTA? ( ) SIM ( ) NÃO
21. Quais as atividades em que você trabalha/ajuda na lavoura?
Atividades Sim não nunca às vezes sempre
Capinar
Covar
Semear
I - INFORMAÇÕES GERAIS
II - INFORMAÇÕES DE OCUPAÇÃO E HÁBITOS
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
Adubar
Fazer leras
Estercar
Desbrotar
Colher
Preparar veneno p/ aplicação
Puxar mangueira p/ pulverização
Pulverizar c/ costal ou mangueira
Lavar costal depois da aplicação
Armazenar o agrot./veneno
Outros:_____________________
22. Você já TEVE ou TEM algum PROBLEMA DE SAÚDE? ( ) SIM ( ) NÃO
( ) Pressão Alta ( ) Colesterol alto ( ) Diabetes ( ) Câncer ( ) Aids
( ) Alt. neurológica ( ) Olhos ( ) Pele ( ) Pulmões ( ) Intestino
( ) Cabeça ( ) Fígado ( ) Outros_________________________________
25. Faz uso de medicamento? ( ) SIM ( ) NÃO
QUAL/QUAIS?_______________________________________________________________________
____
26. Você tem ALGUM PROBLEMA de audição? ( ) SIM ( ) NÃO
27. Você já percebeu algum LÍQUIDO saindo do ouvido (otorreia)? ( ) SIM ( ) NÃO
28. Você já fez alguma CIRURGIA no ouvido? ( ) SIM ( ) NÃO
29. Já teve perfuração do tímpano? ( ) SIM ( ) NÃO
30. Já trabalhou exposto a ruídos fortes? ( ) SIM ( ) NÃO
QUAIS?_________________________ Por quanto tempo? ___________________________
31. Você acha que ESCUTA BEM em ambiente SILENCIOSO? ( ) SIM ( ) NÃO
32. Você acha que ESCUTA BEM em ambiente RUIDOSO? ( ) SIM ( ) NÃO
33. Você tem zumbido? ( ) SIM ( ) NÃO
34. Qual VENENO você USA em seu TRABALHO?
( ) Actara (inseticida/nicotinoide) ( ) Curzate Br (fungicida/dimetilditiocarbamato)
( ) Decis (inseticida/piretroide) ( ) Fastac (inseticida/piretroide)
( ) Glifosato (herbicida/glifosato) ( ) Gramoxone (herbicida/paraquat)
( ) Lannate (inseticida/metilcarbamato) ( ) Polytrin (inseticida/organofosforado)
( ) Premio (inseticida/antranilamida) ( ) Roundup (herbicida/glifosato)
( ) Tamaron (inset., acaricida/organofosforado) ( ) Tordon (herbicida/picloram)
( ) Turbo (inseticida/piretroide) ( ) Vertimec (inset., acaricida,
nematicida/avermactina)
III - INFORMAÇÕES DE SAÚDE
IV - INFORMAÇÕES AUDITIVAS
V - INFORMAÇÕES SOBRE USO DO AGROTÓXICO
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
( ) Outros ______________________________
35. Há QUANTO TEMPO você TRABALHA COM VENENO NA PLANTAÇÃO?
( ) menos de 1 ano ( ) 11 - 20 anos
( ) 1 - 5 anos ( ) 21 - 30 anos
( ) 5 - 10 anos ( ) mais de 30 anos
36. QUAL CONTATO VOCÊ TEM COM OS AGROTÓXICOS/VENENOS?
( ) direto (manipula a mistura e aplica na lavoura)
( ) direto (puxa a mangueira)
( ) indireto (a lavoura é no mesmo terreno de casa)
( ) indireto (lava o costal)
37. Durante a ÚLTIMA ESTAÇÃO, QUANTOS DIAS você APLICOU VENENO?
( ) Nunca
( ) 1 - 5 dias
( ) 6 - 25 dias
( ) 26 - 50 dias
( ) mais de 50 dias
38. Quantos litros e/ou quilos você usa por semana/mês?_____________________________
39. QUANTAS VEZES POR MÊS VOCÊ USA O VENENO ?
( ) 1 vez ( ) 5 - 10 vezes
( ) 1 - 5 vezes ( ) mais de 10 vezes
40. Com QUANTOS ANOS você COMEÇOU a ter CONTATO com AGROTÓXICO?
( ) 5 - 10 anos ( ) 15 - 20 anos
( ) 10 - 15 anos ( ) 21 anos ou mais
41. QUANTAS VEZES VOCÊ REALIZA ESSAS ATIVIDADES?
41.1. EXPOSIÇÃO A RUÍDO (barulho muito alto) – Dirigir caminhões, tratores, ônibus, moer alimentos
ou soldar?
( ) Nunca, ou menos de 1 vez por mês
( ) 1 - 3 vezes por mês (mensalmente)
( ) 1 - 5 vezes por semana (semanalmente)
( ) 6 - 7 vezes por semana (diariamente)
41.2. MANUSEIA GASOLINA OU ALGUM SOLVENTE PARA LIMPEZA?
( ) Nunca ou menos de 1 vez por mês
( ) 1 - 3 vezes por mês (mensalmente)
( ) 1 - 5 vezes por semana (semanalmente)
( ) 6 - 7 vezes por semana (diariamente)
41.3. PINTAR
( ) Nunca ou menos de 1 vez por mês
( ) 1 - 3 vezes por mês (mensalmente)
( ) 1 - 5 vezes por semana (semanalmente)
( ) 6 - 7 vezes por semana (diariamente)
VI - HÁBITOS DE TRABALHO
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
42. QUANTAS HORAS você TRABALHA por dia?
( ) 4 horas ( ) 10 horas
( ) 6 horas ( ) 12 horas
( ) 8 horas ( ) mais de 12 horas
43. Com qual FREQUÊNCIA você USA EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO (EPI) quando em contato
com AGROTÓXICO?
( ) sempre ( )às vezes ( ) nunca uso
EM CASO NEGATIVO, POR QUE NÃO USA FREQUENTEMENTE?
( ) não precisa ( ) atrapalha ( ) dificulta o trabalho
( ) se sente mal ( ) não tem ( ) outros ______________________________
CASO USE EPI, RESPONDA ÀS QUESTÕES ABAIXO:
QUAIS EPIs VOCÊ USA?
( ) máscara de papel ( ) máscara de pano ( ) respirador ( ) botas
( ) roupas descartáveis ( ) luvas de borracha ( ) luvas de lã ( ) óculos
( ) macacões ( ) avental ( ) outro____________________
44. HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ USA EPI?
( ) há menos de 1 ano ( ) mais de 10 anos
( ) 1 - 5 anos ( ) sempre usou
( ) 5 - 10 anos
45. Tipos de VESTIMENTA que utiliza quando APLICA OS AGROTÓXICOS ou PUXA A
MANGUEIRA:
46. Quantos dias você usa a mesma roupa para preparação e aplicação do veneno? ___ dias
47. Você lava suas mãos durante ou após o trabalho? ( ) SIM ( ) NÃO
48. Você toma banho logo após aplicar os agrotóxicos/venenos? ( ) SIM ( ) NÃO
49. Você costuma comer durante a aplicação dos agrotóxicos? ( ) SIM ( ) NÃO
50. Qual a frequência de lavagem das vestimentas utilizadas na aplicação dos venenos na lavoura?
( ) logo após a aplicação de agrotóxicos ( ) outro dia em diante
51. É você quem lava as vestimentas utilizadas na lavoura? ( ) SIM ( ) NÃO
No pé ( ) calçado aberto ( ) calçado fechado
Vestimenta superior ( ) sem camisa ( ) manga curta ou sem manga ( ) manga comprida
Vestimenta inferior ( ) bermuda ou short ( ) calça comprida
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
ANEXO B – Código de Pontuação
Variável Respostas Pontuação
Horas de trabalho por dia
0 - 1 hora 0 pontos
1 - 4 horas 1 ponto
5 - 8 horas 2 pontos
08 horas ou mais 3 pontos
Lavoura na residência Não 0 pontos
Sim 1 ponto
Distância da residência até a
lavoura
Menos de 50 metros 3 pontos
50-100 metros 2 pontos
100-200 metros 1 ponto
Mais de 200 metros 0 pontos
Tempo de exposição
Nunca 0 pontos
1-5 anos 1 ponto
5-20 anos 2 pontos
21-30 anos 3 pontos
Dias de uso durante a última
estação
Nunca 0 pontos
1-5 dias 1 ponto
6-25 dias 2 pontos
26-50 dias 3 pontos
Mais de 50 dias 4 pontos
Quantidade de uso por mês
Nunca 0 pontos
1-5 vezes 1 ponto
6-30 vezes 2 pontos
Mais de 50 vezes 3 pontos
Idade do início do contato com
agrotóxico
18 anos ou mais 0 pontos
10-17 anos 1 ponto
05-10 anos 2 pontos
Contato com os agrotóxicos
manipula a mistura e
aplica na lavoura
4 pontos
puxa a mangueira 3 pontos
a lavoura é no mesmo
terreno de casa 2 pontos
lava o costal 1 ponto
Sim Não Às vezes Sempre
Atividades realizadas na
lavoura
Capinar 1 ponto 0 ponto 1 ponto 1 ponto
Covar 1 ponto 0 ponto 1 ponto 1 ponto
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
Semear 1 ponto 0 ponto 1 ponto 1 ponto
Adubar 1 ponto 0 ponto 1 ponto 1 ponto
Fazer leras 1 ponto 0 ponto 1 ponto 1 ponto
Estercar 1 ponto 0 ponto 1 ponto 1 ponto
Desbrotar 1 ponto 0 ponto 1 ponto 1 ponto
Colher 1 ponto 0 ponto 1 ponto 1 ponto
Preparar veneno p/
aplicação 9 pontos 0ponto 1 ponto 9 pontos
Puxar mangueira p/
pulverização 9 pontos 0 ponto 8 pontos 9 pontos
Pulverizar c/ costal ou
mangueira 8 pontos 0 ponto 9 pontos 9 pontos
Lavar costal depois da
aplicação 9 pontos 0 ponto 8 pontos 8 pontos
Armazenar o
agrot./veneno 9 pontos 0 ponto 9 pontos 9 pontos
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
ANEXO C – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
ANEXO D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O Sr. está sendo convidado a participar da pesquisa que se intitula “EFEITOS
DA EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO NO SISTEMA AUDITIVO ATRAVÉS DAS
EMISSÕES OTOACÚSTICAS TRANSIENTES COM SUPRESSÃO”. O objetivo é
analisar os efeitos crônicos da ototoxicidade em trabalhadores rurais que fazem uso de
agrotóxicos sobre o sistema auditivo através do exame objetivo de emissões
otoacústicas. Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da
UFRJ pelo telefone (21) 2598-9293 ou email: [email protected] e/ou
Caso você aceite participar como sujeito desta pesquisa, você terá a audição
avaliada por meio dos seguintes testes: audiometria tonal e vocal, imitanciometria e
exame de emissões otoacústicas. Inicialmente será colocado um fone, com apitos de
fraca intensidade para avaliar o limiar auditivo, em seguida será colocada uma sonda
que exercerá uma pequena pressão para avaliar a mobilidade da membrana timpânica. E
por último será colocada uma sonda no conduto auditivo externo que emitirá sons de
fraca intensidade e na orelha contrária será colocado um fone com ruído. Todos os
procedimentos não machucam e nem causam qualquer desconforto para o paciente.
Não existem benefícios médicos diretos para o sujeito deste estudo, entretanto os
resultados deste estudo confirmarão como está sua audição, e caso seja confirmada
alguma alteração você receberá encaminhamento para tratamento. Não existem riscos
médicos ou desconfortos associados com este projeto. Você receberá tantas interrupções
quanto necessárias durante a sessão de teste.
Fica claro que sua participação é voluntária, não sendo obrigado a realizar todos
os exames se não quiser, mesmo que já tenha assinado o consentimento de participação.
Se desejar, poderá retirar seu consentimento a qualquer momento e isto não trará
nenhum prejuízo ao seu atendimento.
A examinadora não pagará nenhum valor em dinheiro ou qualquer outro bem pela
sua participação, assim como o(a) Sr.(a) não terá nenhum custo adicional. Como
qualquer paciente, o(a) Sr.(a) só terá que arcar com as despesas de condução.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
Os seus dados serão mantidos em sigilo. Serão analisados em conjunto com os de
outros pacientes e não serão divulgados dados de nenhum paciente isoladamente. O(A)
Sr.(a) poderá esclarecer suas dúvidas durante toda a pesquisa com a fonoaudióloga
Maria Isabel Kós pelo telefone (21) 8725-3919 .
Em caso de dano pessoal diretamente causado pelos procedimentos ou
tratamentos propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante terá direito
a um tratamento médico na Instituição Universidade Federal do Rio de Janeiro, bem
como às indenizações legalmente estabelecidas.
Eu, como pesquisador responsável, comprometo-me a utilizar os dados coletados
somente para esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado(a) a respeito das informações que li
ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Efeitos da exposição ao agrotóxico
no sistema auditivo através das emissões otoacústicas transientes com supressão”.
Eu discuti com a fonoaudióloga Maria Isabel Kós sobre a minha decisão em
participar do estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas. Concordo
voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a
qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo, ou perda
de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste serviço.
____________________________________
Nome do paciente
____________________________________ ____/____/______
Assinatura do paciente Data
____________________________________ ____/____/______
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente para a participação neste estudo.
___________________________________ ____/____/______
Assinatura do responsável pelo estudo Data
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
ANEXO E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – autorização do responsável
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu(Sua) filho(a) está sendo convidado(a) a participar, como voluntário(a), de
uma pesquisa com o objetivo de avaliar alteração auditiva. Após ser esclarecido(a)
sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final
deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador
responsável. Em caso de recusa você e seu menor não serão penalizados de forma
alguma. Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa da
UFRJ pelo tel. (21) 2598-9293.
O(A) seu(sua) filho(a) está sendo convidado(a) a participar da pesquisa que se
intitula “EFEITOS DA EXPOSIÇÃO AO AGROTÓXICO NO SISTEMA AUDITIVO
ATRAVÉS DAS EMISSÕES OTOACÚSTICAS TRANSIENTES COM
SUPRESSÃO”. O objetivo é analisar os efeitos crônicos da ototoxicidade em
trabalhadores rurais que fazem uso de agrotóxicos sobre o sistema auditivo através do
exame objetivo de emissões otoacústicas. Em caso de dúvida você pode procurar o
Comitê de Ética em Pesquisa da UFRJ pelo telefone (21) 2598-9293 ou email:
[email protected] e/ou [email protected].
Caso você aceite que seu(sua) filho(a) participe como sujeito desta pesquisa,
ele(a) terá a audição avaliada por meio dos seguintes testes: audiometria tonal e vocal,
imitanciometria e exame de emissões otoacústicas. Inicialmente será colocado um fone,
com apitos de fraca intensidade para avaliar o limiar auditivo, em seguida será colocada
uma sonda que exercerá uma pequena pressão para avaliar a mobilidade da membrana
timpânica. E por último será colocada uma sonda no conduto auditivo externo que
emitirá sons de fraca intensidade e na orelha contrária será colocado um fone com ruído.
Todos os procedimentos não machucam e nem causam qualquer desconforto para o
paciente.
Não existem benefícios médicos diretos para o sujeito deste estudo, entretanto os
resultados deste estudo confirmarão como está sua audição, e caso seja confirmada
alguma alteração você receberá encaminhamento para tratamento. Não existem riscos
médicos ou desconfortos associados com este projeto. Ele receberá tantas interrupções
quanto necessárias durante a sessão de teste.
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
Fica claro que a participação é voluntária, não sendo obrigatório realizar todos os
exames se não quiser, mesmo que já tenha assinado o consentimento de participação. Se
desejar, poderá retirar seu consentimento a qualquer momento e isto não trará nenhum
prejuízo ao seu atendimento.
A examinadora não pagará nenhum valor em dinheiro ou qualquer outro bem pela
sua participação, assim como o(a) Sr.(a) não terá nenhum custo adicional. Como
qualquer paciente, o(a) Sr.(a) só terá que arcar com as despesas de condução.
Os dados de seu(sua) filho(a) serão mantidos em sigilo. Serão analisados em
conjunto com os de outros pacientes e não serão divulgados dados de nenhum paciente
isoladamente. O(A) Sr.(a) poderá esclarecer suas dúvidas durante toda a pesquisa com a
fonoaudióloga Maria Isabel Kós pelo telefone (21) 8725-3919 .
Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou
tratamentos propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante terá direito
a um tratamento médico na Instituição Universidade Federal do Rio de Janeiro, bem
como às indenizações legalmente estabelecidas.
Eu, como pesquisador responsável, comprometo-me a utilizar os dados coletados
somente para esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado(a) a respeito das informações que li
ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Efeitos da exposição ao agrotóxico
no sistema auditivo através das emissões otoacústicas transientes com supressão”.
Eu discuti com a fonoaudióloga Maria Isabel Kós sobre a minha decisão em
participar do estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que a participação de meu(minha) filho(a) é isenta de
despesas. Concordo voluntariamente em deixá-lo(a) participar deste estudo e poderei
retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem
penalidades ou prejuízo, ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou
no meu atendimento neste serviço.
____________________________________
Efeitos da exposição ao agrotóxico no sistema auditivo eferente através das emissões otoacústicas transientes com supressão
Maria Isabel Kós Pinheiro de Andrade
Nome do menor de idade
____________________________________ _____/____/______
Assinatura do responsável Data
____________________________________ _____/____/______
Assinatura da testemunha Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente para a participação neste estudo.
___________________________________ ____/____/______
Assinatura do responsável pelo estudo Data