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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CAMPUS DE JABOTICABAL Orientador: Prof. Dr. Mateus J. R. Paranhos da Costa Trabalho de Iniciação Científica apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias Veterinárias UNESP, Campus de Jaboticabal, como parte das exigências para graduação em Zootecnia. . JABOTICABAL SP 2º SEMESTRE DE 2007 Efeitos da distância e do tipo de veículos usados no transporte de bovinos sobre o pH final e a freqüência de hematomas como indicadores de bem-estar. José Rodolfo Panim Ciocca

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

Orientador: Prof. Dr. Mateus J. R. Paranhos da Costa

Trabalho de Iniciação Científica

apresentado à Faculdade de

Ciências Agrárias Veterinárias

UNESP, Campus de

Jaboticabal, como parte das

exigências para graduação em

Zootecnia.

.

JABOTICABAL – SP

2º SEMESTRE DE 2007

Efeitos da distância e do tipo de

veículos usados no transporte de bovinos

sobre o pH final e a freqüência de

hematomas como indicadores de bem-estar.

José Rodolfo Panim Ciocca

i

Dedico este...

A Deus...

Por estar presente em todos os momentos

que precisei.

À minha família...

Pessoas especiais Que sempre fizeram

a diferença.

Á minha namorada…

Pela compreensão e carinho.

ii

AGRADECIMENTOS

A Deus pela oportunidade e pelo privilegio que me foi dado em compartilhar

tamanha experiência com todos que nesta faculdade convivi.

Ao Professor Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa, pelo incentivo,

simpatia e presteza no auxilio das atividades e discussões sobre o andamento e

normatização desta monografia.

À banca examinadora, Prof. Dr. Mateus José Paranhos da Costa, Prof. Dr.

Alexandre Amstalden Moraes Sampaio, Msc. Julia Eumira Neves, por todas as

sugestões e discussões que contribuíram para a melhoria do trabalho.

A todos os professores da FCAV que de alguma forma contribuíram com meu

amadurecimento, pelo espírito inovador e empreendedor na tarefa de multiplicar seus

conhecimentos, pela sua disciplina nos ensinando a importância do trabalho em grupo.

Ao grande amigo Stavros Platon Tseimazides, pela paciência, pelos grandes

ensinamentos e oportunidades dadas para a realização deste.

À amiga Patrícia Cruz Barbalho, que também me deu grande apoio em muitos

momentos que precisei para a discussão sobre o tema.

À Julia Eumira Neves pela sua paciência nas explicações e pelos conhecimentos

passados.

A todos os integrantes do Grupo ETCO, Adriano, Adriana, Ana Lucia, Murilo,

Julia, Gerusa, Aline, Anita, Natalia, e em especial a amiga Livia (Novilha) por todos os

“quebra galhos” que fez por mim enquanto estive fora, o que foi de suma importância

para este.

Ao PET-Zootecnia, por ter me dado a oportunidade de realizar um grande

desenvolvimento pessoal e intelectual. Agradeço em especial a Prof. e Tutora Maria

Imaculada Fonseca, pela amizade e pelos grandes conselhos que me concebeu durante

minha permanência no grupo.

Aos amigos da Embrapa Suínos e Aves, Eduardo Baggio, Denis, Gustavo,

Ediane. Em especial aqueles que de alguma forma auxiliaram no desenvolvimento da

escrita do trabalho, Natália Athaíde, Aurélia de Araújo, Nelise Triques e Osmar Antônio

Dalla Costa.

iii

A grande família com que compartilhei os melhores momentos de minha vida. A

todos esses irmãos que com orgulho convivi durante toda minha faculdade, em especial

as repúblicas Entrometheu, Adriano (Tiririca), Vinícius (Pergunta), Marco (Koringa),

Gustavo (Bodão), Haroldo (Pistolinha), Alex (Lôrpa), Felipe (Tumor), Oberdan (Lírou),

Fernando (Futum), Guilherme (Pedala), além dos inúmeros veteranos e agregados, em

especial o amigo Fabiano.

E à República Mata Bixera Pistolinha, Lírou, Pedala, Victor (Cervo), Mikhael

(T-tinha), Bruno (Mininão), Thiago (Gozo), Daniel (Rombo), Maurício (Gaúxo) e

Eduardo (Biruleiby), além dos veteranos-mores e agregados.

Aos colegas de classe pela espontaneidade e alegria durante a inesquecível

convivência de cinco anos. Pela troca de informações e materiais como uma

demonstração de amizade. São eles: Pistolinha, Bodão, K-strado, Mala, Tansso,

Novilha, Xoko, Rodela, Caxão, Pinto, Refugo, Mama-ki, 100 Bola, Furunku, Missóka,

Bidê, Xoxota, Gripi, Farofa, Anemia, Mariçol, Tulipa, Pipeta, Budega, Pirikita, Pixoka,

Gazaio, Passivo, Bago, Vurto, Kotoko, Berla, Guache, Ternura, Porka, Cintra, Sô-

Larga, Fudêncio, Sô-Bobo, Menudo, Gretchen, Tibola, Tigela, Lennon, Madinbú, Janju,

Kirim, Supimpa, Fefelety, Freada, Ana Roberta, Cabral...

Não poderia esquecer-se de agradecer novamente a todos da minha família, ao

meus pais, meus irmãos, tios, primos e avós. Estes que em todo o momento sempre me

apoiaram e me incentivavam nessa caminhada.

À Bruna de Campos Micelli, por toda sua compreensão, amor e carinho em

todos os momentos em que mais precisei.

E a todos aqueles que não mencionei mas que de alguma forma contribuíram

para a desenvolvimento.

iv

EFEITOS DA DISTÂNCIA E DO TIPO DE VEÍCULOS USADOS NO

TRANSPORTE DE BOVINOS SOBRE O PH FINAL E A FREQÜÊNCIA DE

HEMATOMAS COMO INDICADORES DE BEM-ESTAR.

RESUMO - O transporte rodoviário de bovinos, um dos segmentos do manejo racional

pré-abate, é considerado relevante quando se trata em bem-estar animal. No entanto,

esse tipo de transporte pode provocar estresse, perda de peso e contusões, podendo

inclusive levar animais à morte, quando realizado em condições desfavoráveis. O

trabalho teve como objetivo avaliar a influência da distância percorrida e do tipo de

veículo utilizado sobre a incidência de contusões e nas variações de pH em carcaças 24

horas após o abate, como indicadores do bem-estar de bovinos durante o transporte.

Foram avaliados 1776 animais, sendo 69,9% transportados em caminhões tipo “truck” e

30,1% em caminhões tipo carreta, seguindo-se a rotina normal de trabalho de um

frigorífico. Foram consideradas seis categorias de distâncias para a avaliação do

trabalho (até 200km, de 200 a 400km, de 400 a 600km, de 600 a 800km, de 800 a

1000km e acima de 1000km), para a avaliação das contusões nas carcaças, seguiu-se o

critério descrito pela Aus-Meat (2001) e o pH foi avaliado 24 horas post-mortem.

Observou-se que houve efeito significativo das classes de distâncias de viagem para as

duas variáveis estudadas pHu (P<0.01) e freqüência de hematomas (FH: P=0,025),

sendo que os maiores valores médios de pHu foram encontrados para as classes de

distâncias entre 800 e 1000Km (pHu=5,83) e >1000Km (pHu=5,93), que diferiram

entre si e também das demais médias, que variaram entre 5,67 e 5,75. Por outro lado, o

mesmo não ocorreu para a freqüência de hematomas; com freqüência mais alta na classe

v

de distância <200Km (FH=1,58), que não diferiu da classe de distância de 800 a

1000Km (FH=1,57), mas diferiram das demais (FH= 1,48 para distância >1000Km;

1,33 para 200 a 400Km e 1,27 para 400-600 Km; Figura 1). Com base nestes resultados

pode-se concluir que tanto viagens longas como viagens curtas podem causar estresse e

sofrimento aos animais, com conseqüentes perdas quantitativas e qualitativas à carne.

Palavras-Chave: Transporte, veículo, hematoma, bovino.

vi

EFFECTS OF DISTANCE AND VEHICLE TYPE USED ON CATTLE

TRANSPORT ON MEAT QUALITY.

SUMMARY - The objectives of this study were to evaluate the influence of the

distance traveled and the vehicle type used during cattle transport on the frequency of

bruising in the carcass and the pH of meat, both as indicators of the animal welfare. The

study was done with 1776 animals, 69.9% of them transported non-articulated trucks

and 30.1% in articulated trucks, following the usual routine adopted for cattle

transportation. The pH was measured in the muscle longissimus dorsi, 24 hours after

slaughter (pHu). Six categories of distances were considered: up to 200km, from 200 to

400km, from 400 to 600km, from 600 to 800km, from 800 to 1000km and >1000km.

The evaluation of bruises in the carcasses was done according the Aus-Meat (2001) and

the pH values were measured in the muscle longissimus dorsi 24 hours after slaughter

(pHu). There was significant effect of the distance on pHu (P <0.01) and bruises

frequency (FH: P=0.025). The largest mean of pHu was found for distances larger than

1000km (pHu=5.93), followed by the class from 800 to 1000Km (pHu=5.83); for the

other classes of distances the pHu means ranged from 5.67 to 5.75. On the other hand,

the frequency of bruises was higher for the distance class <200Km (FH=1.58) that didn't

differ from the class from 800 to 1000Km (FH=1.57), which differed of the others

distance classes (FH = 1.48 for distance >1000Km; 1.33 for 200 to 400Km and 1.27 for

400-600 Km. According to these results it were concluded that long trips as well as

short trips result in higher stress for cattle.

KEYWORDS: Transport, vehicle, bruising, cattle.

vii

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 5

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 6

3.1. Bem-estar animal ................................................................................................. 6

3.2. Manejo pré-abate ................................................................................................. 9

3.3 Transporte ........................................................................................................... 11

3.3.1. Distância e duração da viagem ..................................................................... 12

3.3.2. Veículos ........................................................................................................ 15

3.4. Qualidade da carne ............................................................................................ 16

3.4.1. pH .................................................................................................................. 17

3.4.2. Contusões ...................................................................................................... 19

4. MATERIAS E MÉTODOS ...................................................................................... 21

4.1. Analise estatística ............................................................................................... 22

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 24

5.1. Efeitos das classes de distância no pHu e na freqüência de hematomas ....... 25

5.2. Efeitos do tipo de veículo no pHu e na freqüência de hematomas ................ 29

5.3. Efeitos da localização do animal nos compartimentos de carga dos veículos

.................................................................................................................................... 30

6. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 31

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 32

1

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é considerado maior produtor e exportador de carne bovina do mundo e

sua exportação em 2005 correspondeu a 1.892 mil toneladas equivalente carcaça,

contribuindo com uma parcela muito importante do PIB brasileiro. Segundo

ANUALPEC 2005, apenas 22,8% da produção de carne do país é para exportação,

enquanto 78% são destinados ao consumo interno. Seu rebanho é de aproximadamente

194 milhões de cabeças, localizado em sua maior parte na região centro-oeste do país

(34,7% do efetivo nacional), principalmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso

do Sul e Goiás.

De acordo com os dados da ANUALPEC 2005, são abatidos por ano 45,4

milhões de bovinos, o que corresponde a uma taxa de abate de 27,5%, sendo assim,

mais de 40 milhões de bovinos anualmente transportados em caminhões pelas rodovias

brasileiras com destino aos frigoríficos para serem abatidos, sendo esta uma etapa

crucial no sucesso da pecuária brasileira.

2

No Brasil o tipo de transporte mais comum é o rodoviário, que é geralmente

realizado em caminhões boiadeiros do tipo “truque” com capacidade média de 20

animais (JOAQUIM, 2002).

De acordo com o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

(DNIT), da extensão total das rodovias brasileiras (1.610.076 km), 88% dos trechos não

são pavimentados e, dos trechos pavimentados, 95% são de pista simples. Além disso,

segundo a Pesquisa Rodoviária de 2005, realizada pela Confederação Nacional do

Transporte (CNT, 2005), 72% das principais rodovias do país encontram-se com estado

geral deficiente.

Esses fatores somados ao transporte inadequado comprometem o bem-estar

animal, causando estresse, contusões, fraturas, arranhões, exaustão metabólica,

desidratação e até a morte de animais. Além disso, outros procedimentos envolvidos no

manejo pré-abate podem ter efeitos no bem-estar animal, por exemplo o aumento do

sofrimento dos animais, com conseqüências negativas na qualidade da carcaça e da

carne, causando problemas de cortes escuros ou carne exudativa (FERNANDEZ et al.

1992; GREGORY, 1994; ROÇA & SERRANO, 1996).

Para KNOWLES (1999), durante o transporte, os animais são expostos a

ambientes estranhos e muitas vezes são misturados com outros grupos que possuem

animais com chifres, alta reatividade e de diferentes sexos e idades. Outros pontos que

contribuem para o estresse são o manejo inadequado dos animais antes do embarque,

condições climáticas extremas, como excessivo calor ou frio, uso de choque elétrico,

estado de manutenção do veículo, a densidade de animais no caminhão e os manejos

grosseiros por imperícia ou negligência dos operários. Essas situações podem acarretar

em perda de peso e contusões, podendo inclusive levar animais à morte.

3

Essas alterações que ocorrem na carga emocional dos animais, aliadas ao esforço

físico realizado no período de embarque, transporte, desembarque e o tempo de espera

no curral, modificam o metabolismo post-mortem (velocidade de glicólise) e o nível de

acidez muscular (AHN et al. 1992; BOLES et al. 1993).

O aumento nas exportações da carne bovina brasileira e as constantes exigências

internacionais na qualidade da carne e no bem-estar dos animais vêm forçando um

aumento em pesquisas cientificas almejando mudanças em toda cadeia produtiva da

carne. Segundo SWATLAND (1999) a tecnologia do abate dos animais destinado ao

consumo, somente assumiu importância científica quando se observou que os eventos

que se sucedem desde a propriedade rural até o abate do animal tinham grande

influência na qualidade da carne.

Transporte, manejo e espera dos animais nos currais do frigorífico podem afetar

não só o peso da carcaça como também outras características como o pH, cor, textura e

capacidade de retenção de água (WARRISS, 1990). Para HOFMANN (1988), o pH

influencia na cor, textura, sabor, retenção de água e também na vida útil do produto.

Segundo LUCHIARI FILHO (2006) há grande amplitude no termo “qualidade”

quando se trata a respeito de carne, o que pode levar a diferentes interpretações, citando

a explicação em que WARRISS (2000) define ser através do rendimento e composição;

aparência; palatabilidade, integridade do produto e qualidade ética, sendo a última

relacionada a questões de bem-estar animal.

Para BARBALHO (2006), encontra-se uma convergência para a produção do

produto carne, mostra que o excesso de agressividade no manejo pré-abate gera não

apenas estresse aos animais como também tem influencia negativa na qualidade

intrínseca da carne, além de descartes por hematomas.

4

LUCHIARI FILHO (2000) também afirmou que todo e qualquer estresse

imposto ao animal na fase ante mortem terá efeito na qualidade da carne. A diminuição

na qualidade no que diz respeito à maciez, por exemplo, pode ocasionar carnes mais

duras se comparadas àqueles que não sofreram estresse e que estes problemas estão

diretamente relacionados ao manejo dispensado no período anterior ao abate.

Assim, programas de qualidade de carne devem ter como ênfase não só a oferta

de produtos seguros, nutritivos e saborosos, como também ter compromissos com a

produção sustentável e a promoção do bem-estar animal e humano, assegurando

satisfação do consumidor e renda ao produtor e a indústria (PARANHOS DA COSTA,

2002).

5

2. OBJETIVO

O trabalho teve como objetivo avaliar a influência da distância percorrida e do

tipo de veículo utilizado sobre a incidência de contusões e nas variações de pH em

carcaças 24 horas após o abate, como indicadores do bem-estar de bovinos durante o

transporte.

6

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Bem-estar animal

O tema bem-estar animal vem recebendo atenção especial nos meios

técnico, científico e acadêmico. Aliado as questões ambientais e a segurança alimentar,

o bem-estar animal vem sendo considerado entre os três maiores desafios confrontando

a agricultura nos anos vindouros (ROLLIN, 1995).

Bem-estar é um termo de uso corrente em várias situações e seu significado

geralmente não é preciso. Entretanto, definição objetiva de bem-estar faz-se necessária

para a utilização científica e profissional do conceito. Bem-estar deve ser definido de

forma que permita pronta relação com outros conceitos, tais como: necessidades,

liberdades, felicidade, adaptação, controle, capacidade de previsão, sentimentos,

sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde (BROOM & MOLENTO,

2004).

7

Para uma definição de forma simples e clara, bem-estar é o estado de um

indivíduo em relação às suas tentativas de adaptar-se ao seu ambiente em um dado

momento (BROOM 1986).

Segundo PARANHOS DA COSTA & PINTO (2006), a definição do estado de

bem-estar de um determinado animal deve considerar três abordagens distintas, porém

complementares:

1. Estado psicológico do animal – quando o bem- estar é definido em função dos

sentimentos e emoções dos animais, sendo que animais com medo, frustração e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar.

2. Funcionamento biológico do animal – os animais deverão manter suas

funções orgânicas em equilíbrio, sendo capazes de crescer e de se reproduzir

normalmente, estando livre de doenças, injúrias e sem sinais de má nutrição, além de

não apresentarem comportamentos e respostas fisiológicas anormais.

3. Vida natural – assume-se que os animais deveriam ser mantidos em ambientes

próximos ao seu habitat natural, sendo livres para desenvolver suas características e

capacidades naturais.

Nas últimas décadas, diferentes indicadores para avaliação do bem-estar de

animais de produção têm sido descritos e levam em conta as três abordagens acima

citadas. Esses indicadores podem ser divididos em três grupos, de acordo com

(CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE, 2006): 1- indicadores fisiológicos; 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produção - baseados no resultado de produção dos animais (produção de

leite, ganho de peso).

8

É possível observar estes diferentes indicadores em plantas frigoríficas. Entre os

exemplos de indicadores, cita-se o pH da carne como fisiológico, o medo do animal

frente ao homem (transporte e recuo de animais nos currais) e a permanência em

ambientes não familiares como psicológico e comportamental e a perda de peso como

um exemplo de indicador produtivo.

Sabe-se que o comportamento animal ainda é pouco utilizado na aplicação de

práticas de manejo em fazendas e frigoríficos, resultando em manejos inadequados e

grandes perdas em níveis de bem-estar e qualidade da carne.

GRANDIN (1996) afirma que existem cinco problemas básicos no bem-estar em

plantas frigoríficas:

1. Métodos e equipamentos estressantes

2. Distrações que impedem o movimento do animal

3. Ausência e/ou carência de treinamento aos funcionários

4. Pouca manutenção em equipamentos

5. Más condições em que os animais chegam ao frigorífico.

Atualmente os consumidores têm uma preocupação crescente de que a carne que

compram deva vir de animais criados, manejados e abatidos de maneira que leve em

consideração o seu bem–estar. De acordo com WARRISS (2000), as pessoas desejam

comer carne com “qualidade ética”, isto é, carne de animais que tenham sido criados,

tratados e abatidos em sistemas que promovam o bem–estar, mas que também sejam

sustentáveis e ambientalmente corretos. ROPPA (2001) declarou que os países

candidatos a exportar para a União Européia deverão estar aptos a satisfazer as Normas

Européias de Rastreabilidade, de Proteção do Meio Ambiente e de Bem-estar dos

Animais.

9

Segundo MACHADO FILHO (2000), no Brasil, embora o bem–estar animal possa

ainda não ser uma questão prioritária entre os consumidores, qualidade da carne e

impacto na saúde já aparecem como questões centrais para o público. Os produtores

brasileiros podem esperar uma demanda crescente por produtos “orgânicos” e

saudáveis. Esta demanda poderá talvez incluir a preocupação com o bem–estar animal.

3.2. Manejo pré-abate

O manejo de bovinos no pré-abate é uma das principais causas da depreciação do

bem-estar, que pode ser avaliado através da presença de lesões traumáticas na carcaça e

redução da qualidade da carne (GRANDIN 1997, 2000). Para DALLA COSTA (2005)

os responsáveis por esta etapa da produção são agroindústrias, produtores,

transportadores e poder público.

O efeito do manejo pré-abate e as respostas quando em contato com o homem

são de extrema importância para os bovinos (GRANDIN, 1997; SHUTT & FELL,

1990). O excesso de agressividade nesta fase, além do estresse dos animais, poderá

influenciar de forma negativa sobre a qualidade da carne e como conseqüência desse

manejo pré-abate inadequado tende a apresentar alterações depreciativas na cor, maciez

e pH. Os prejuízos econômicos gerados pelo descarte de carne de baixa qualidade

podem ser evitados com a implantação de técnicas de manejo racional.

Segundo estimativas de GRANDIN (1980), o estresse dos bovinos no manejo

pré-abate gera aproximadamente três milhões de dólares/ano de prejuízo aos

abatedouros em decorrência das contusões nas carcaças. A economia americana perde

anualmente US$ 22.500.000,00 com os danos equivalentes em aproximadamente 9,2%

10

das carcaças, enquanto que na Nova Zelândia, dos bovinos abatidos 40% seriam

contundidos no manejo pré-abate.

Para que as carcaças não sofram alterações irreversíveis quantitativas (lesões e

hematomas) e qualitativas (carnes PSE – pale, soft, exudative - e DFD – dark, firm e

dry) é necessário um manejo pré-abate adequado, com adequação de instalações (na

propriedade e no frigorífico), condições de transporte (duração, densidade, boas

estradas), período de descanso no frigorífico e sistema de atordoamento eficaz. Sendo

necessário para isso, dispor de mão-de-obra qualificada para executar estas atividades

com eficiência (DALLA COSTA, 2005).

A preocupação com o bem-estar dos bovinos contribui para a formação do

conceito e da imagem do produto no mercado, sendo este importante fator de produção

para os consumidores, geralmente associado à questão da segurança alimentar e da

preservação do meio ambiente (DEN OUDEN, 1997).

GRANDIN (2003) afirmou que as indústrias elevam seus gastos na aquisição de

novos equipamentos, mas se esquecem das boas práticas de manejo pré-abate que

podem levar a resultados tão bons quanto a aplicação de novas tecnologias.

É importante ressaltar que um manejo pré-abate realizado de forma adequada

pode melhorar os resultados e proporcionar o bem-estar dos bovinos, minimizando

perdas quantitativas e qualitativas da carne e que instalações adequadas influenciam

substancialmente na qualidade do serviço resultando numa maior produtividade. A

utilização de equipamentos que facilitem e contribuam com o bem-estar do trabalhador

e do animal são requisitos fundamentais para impulsionar o desempenho de uma

organização.

11

3.3 Transporte

O transporte e abate de bovinos representam os estágios finais do manejo pré-

abate no sistema de produção designado a produzir um constante produto de alta

qualidade com características organolépticas desejadas. Entretanto, é freqüentemente

sugerido que ambos, transporte e condições dentro do frigorífico, podem resultar em

estresse, que é prejudicial ao bem-estar do animal e a qualidade da carne

(TRUNKFIELD & BROMM, 1990; LENSINK et al, 2001; VAN DE WATER et al

2003).

Alguns trabalhos com enfoque no transporte de bovinos estão disponíveis

(KNOWLES, 1999; GRANDIN, 1997; HEMSWORTH et al, 1995; TARRANT, 1990;

TRUNKFIELD & BROMM, 1990). STEPHENS (1980) e FRASER et al (1975)

discutindo a ocorrência de estresse e suas causas e a adoção de algumas medidas para

melhorar o bem-estar dos animais.

O estresse provocado pelo transporte afeta vários aspectos em relação à

qualidade da carne de animais domésticos (MITCHELL, HATTING, & GANHAO,

1988; TARRANT, 1981; TARRANT, KENNY, HARRINGTON, & MURPHY, 1992).

Para GREGORY (1996) outros fatores também podem agir juntos ao estresse emocional

do transporte, tais como: brigas, medo, ruídos, vibrações e doenças.

No Brasil, o transporte de bovinos é realizado em grande parte por caminhões

e/ou carretas, muitas vezes sem manutenção adequada e a presença de metais ou peças

soltas acabam gerando ruídos desagradáveis aos animais levando, muitas vezes, ao

estresse. Por outro lado, durante o transporte, os bovinos não são capazes de

expressarem todos os comportamentos normais.

12

O elevado nível de estresse fisiológico e o esforço físico dos animais durante o

transporte podem causar depleção do glicogênio muscular, conduzindo ao alto valor do

pH último, o que pode resultar em carne DFD (dura, firme e seca) (McVEIGH &

TARRANT, 1982). Para VAN DE WATER (2003) carnes do tipo DFD não são

atrativas para consumidores devido à cor escura e a aparência seca, como também é

mais susceptível à deterioração bacteriana pelo alto pH (>5,8), não permitindo

exportação.

3.3.1. Distância e duração da viagem

Segundo GRANDIN (1997), a distância pode causar estresse psicológico aos

bovinos, uma vez que os animais estão submetidos a ambientes novos, manejo (não

familiares) e estresse físico devido a cansaço, contusões, temperaturas desagradáveis e

jejum alimentar.

Em trabalho de WARRISS et al. (1995) a distância percorrida pelos bovinos

entre a fazenda e o frigorífico foi considerada como causa da perda de peso. As

diferentes distâncias percorridas entre a origem e o abatedouro também podem gerar

decréscimo do peso vivo dos animais, que levam aproximadamente 5 dias após a

viagem para recuperar o peso perdido. Em outro trabalho do mesmo autor (WARRISS,

1990), a perda maior de peso ocorre nas primeiras 24 horas após a suspensão do

alimento, sendo superior no período inicial de 12 horas. A porcentagem de peso perdido

em bovinos varia entre 3 a 11%, quando leva-se em conta o peso inicial. GALLO et al

(2003) também confirmou que há perdas conforme a duração do transporte, sendo que

as mesmas aumentam proporcionalmente ao tempo, podendo chegar a valores de 11,9%

após 24 horas.

13

Algumas propostas são recomendadas para reduzir a perda de peso do bovino e

da carcaça, como também na redução da deterioração na qualidade da carne, que ocorre

durante o transporte, como a utilização de soluções eletrolíticas via oral (SCHAEFER et

al., 1997), enquanto que a administração de vitaminas injetáveis A, D e E não

apresentam efeito na redução da perda de peso (JUBB et al., 1993b).

A freqüência de hematomas pode ser amplificada com a ocorrência de mais de

um embarque ou desembarque de bovinos, como é o caso de alguns países em que os

animais saem das propriedades para os leilões e, posteriormente, são encaminhados para

o abatedouro (JARVIS et al. 1995; McNALLY e WARRISS 1996; ELDRIDGE et al

1984).

Para WARRISS et al. (1995) o nível de cortisol dos bovinos está diretamente

relacionado ao tempo de transporte, com uma viagem mais curta os animais

apresentaram maiores níveis de cortisol. Concluíram que com o passar do tempo os

níveis de cortisol dos bovinos baixavam.

Os resultados de AGNES et al. (1990) mostraram que o procedimento de

embarque levou ao maior nível de cortisol. Entretanto TARRANT (1990) afirmou que

embarque e desembarque não são a maior fonte de estresse para bovinos, e que estar

dentro de um veículo em movimento é o fator mais estressante. Isso baseado no

aumento do nível de cortisol, interação social e aumento da taxa de micção. A

concentração do cortisol retorna rapidamente aos níveis normais após o desembarque

(KENT & EWBANK, 1983).

Para alguns autores (JONES & TONG, 1989; BATISTA DE DEUS et al. 1999;

KNOWLES, 1999; HARGREAVES et al. 2004) o aumento da distância percorrida

14

resulta em maior estresse nos animais, aumentando também a freqüência de carnes do

tipo DFD.

TADICH et al. (2005), avaliando novilhas transportadas durante 3 ou 16 horas,

verificaram a diminuição na concentração de cortisol plasmático após a entrada destas

nos veículos. Para MITCHELL et al. (1988) a explicação para esta redução seriam os

métodos de coleta de sangue para a avaliação do cortisol. Houve também um

decréscimo nos valores dessa variável após o desembarque das novilhas no frigorífico,

contrariando o reportado por VAN DE WATER et al. (2003).

As características sensoriais da carne são influenciadas pelo tempo de transporte

dos animais. Pesquisas mostraram que em viagens muito curtas, por não permitirem ao

animal tempo para reconhecimento da nova situação, ou excessivamente longas, que

provocam cansaço, ocasionando depleção total do glicogênio muscular o que prejudica

a queda necessária do pH para transformação do músculo em carne (SANZ et al. 1996;

GREGORY, 1998; SARTORELLI et al. 1992; TARRANT et al. 1992; MARIA et al.

2003; VILLARROEL et al. 2003).

Segundo WARRISS (1995), em trabalho desenvolvido para avaliar os efeitos

fisiológicos na duração da jornada de transporte de 5, 10 e 15 horas de viagem, concluiu

que o tempo de viagem é considerado o fator mais importante comparado à distância e

que curtos e longos períodos de transporte demonstraram maiores indicadores de

estresse do que em viagens de média duração. Por outro lado, usando um simulador de

transporte, SARTORELLI et al (1992) concluiu que a duração da viagem não é um fator

crucial no estresse do transporte como um todo.

15

3.3.2. Veículos

Diferentes tipos de veículos são empregados para o transporte de bovinos. No

Brasil são utilizados caminhões tipo “truck” (Figura 1), que costumam carregar 18

animais em ponto de abate por viagem, ou carretas (Figura 2), que transportam em torno

de 27 animais da mesma categoria.

O comportamento dos bovinos na gaiola pode ser influenciado por sua

localização em relação ao veículo em que está sendo transportado, com alteração dos

batimentos cardíacos, incidência de hematomas, elevação do pH ou aumento do nível de

cortisol plasmático. TARRANT et al. (1988) observaram que os bovinos que foram

transportados no terço final dos caminhões tiveram a concentração de cortisol alterada

em relação aos demais. Enquanto que VAN DE WATER et al. (2003) observaram que

os batimentos cardíacos foram alterados durante o transporte naqueles alocados na parte

traseira dos veículos. Essa taxa foi decrescendo gradativamente durante os primeiros 60

minutos após o início da jornada dos animais nas diferentes partições dos veículos e

estabilizando-se durante o restante do percurso.

Neste caso, deve-se atentar ao fato de que animais embarcados por ultimo

podem ter sido submetidos a um manejo mais brutal por haver maior resistência ao

entrar no veículo, o que poderá interferir na analise conclusiva do fato. JARVIS &

COCKRAM (1994) trabalhando com ovelhas, encontraram maior incidência de

contusões nos animais que viajaram na parte anterior do veículo se opondo ao

observado por TARRANT et al. (1988) e VAN DE WATER et al. (2003).

16

Figura 1. Caminhão “truque” não articulado com três eixos usado para o transporte de bovinos.

Figura 2. Veículo articulado (carreta) com um piso usado para o transporte de bovinos.

3.4. Qualidade da carne

A restrição alimentar e hídrica reduz o peso vivo dos bovinos principalmente

através das fezes, urina e desidratação, mas há também a redução no peso da carcaça

(GALLO e GATICA 1995; KNOWLES 1999). Transporte, manejo e tempo de espera

nos currais antes do abate também podem causar efeitos adversos em outras

características da carcaça, tais como pH, cor, textura e capacidade de retenção de água

(WARRISS 1990).

17

HOFMANN (1988) verificou que o pH influencia na cor, textura, sabor,

capacidade de retenção de água e na vida útil da carne, assim como a presença de

hematomas na carcaça.

3.4.1. pH

A maior influência do transporte na qualidade da carne para JOAQUIM (2002) é

a depleção do glicogênio muscular por atividade física ou estresse físico, promovendo

uma queda anômala do pH post-mortem, originando a carne DFD.

A velocidade de queda do pH, bem como o pH final da carne após 24-48 horas,

é muito variável (FORREST et al., 1979). A queda do pH é mais rápida em suínos,

intermediária nos ovinos e mais lenta nos bovinos (LUNDBERG & VOGEL, 1987).

A glicólise se desenvolve lentamente em bovinos, o pH inicial (0 horas, no

momento do abate) em torno de 7,0 cai para 6,4-6,8 após 5 horas e para 5,5 - 5,9 após

24 horas (HONIKEL et al., 1981, 1981a; SEYDI & FAYE, 1990). Por outro lado, nos

suínos a velocidade de queda é maior, atingindo valores de 5,6 - 5,7 após 6 - 8 horas

post-mortem e 5,3 - 5,7 após 24 horas (FORREST et al., 1979).

Em suínos, quando o pH 45 minutos post-mortem atinge níveis inferiores a 5,8

tem-se o indício da presença de carne PSE (HOFMANN, 1988; WIRTH, 1980, 1987).

Esta glicólise extremamente rápida, que ocorre principalmente em suínos geneticamente

susceptíveis ao estresse, não é observada em bovinos (FERNANDEZ et al., 1992;

TARRANT & MOTHERSILL, 1977), embora LOCKER & DAINES (1975) tenham

encontrado mudanças post-mortem em músculo bovino incubado a 37oC, que podem ser

consideradas como uma leve forma de PSE.

18

A carne DFD é caracterizada devido ao esgotamento dos níveis de glicogênio

causado pelo estresse crônico (BROWN et al., 1990). O manejo pré-abate realizado de

forma inadequada é o principal fator de indução ao aparecimento de cortes escuros, uma

vez que esta forma de manejo causa exaustão física ao animal (BARTOS et al., 1988;

BRUAS et al., 1990; WIRTH, 1987).

Altos valores de pH são resultados das características físicas da cor escura e alta

capacidade de retenção de água que ocorre devido à baixa conversão do ácido lático

decorrentes da reserva do glicogênio (HAMM, 1960; FIELD, 1981)

A medida do pH igual a 6,0 tem sido considerada um valor que caracteriza a

carne como sendo, ou nao, DFD, porém alguns autores demonstram que existem valores

de pH em torno de 6,2 – 6,3 que podem não caracterizar cortes escuros (NEWTON &

GILL, 1981; WIRTH, 1987). Assim como há valores de pH equivalentes a 5,8 – 5,9 que

podem ser caracterizados como esse tipo de corte.

De acordo com as exigências impostas pela União Européia (entre outros

mercados consumidores estrangeiros), valores de pH aceitos sem restrição alguma são

aqueles que variam na faixa de 5,5 a 5,8. Animais que apresentam valores de pH acima

de 6,0 (carne tipo DFD – do inglês Dark, Firm, Dry – Escura, Dura, Seca) são

destinados apenas ao mercado interno, atingindo valores econômicos menores.

A incidência de corte escuro é variável de acordo com o país em estudo: na

Finlândia 22% (PUOLANNE & ALTO, apud BROWN et al., 1990); na Irlanda 3,2%

(TARRANT & SHERINGTON, 1980), na França 3,6% (BRUAS et al., 1990), na Grã

Bretanha 4,1%, (BROWN et al., 1990). Em estudo na Grã Bretanha variações na

frequencia de carnes DFD podem ser observadas de acordo com a idade e do sexo: 1 a

19

5% para novilhos e novilhas; 6 a 10% para vacas e 11 a 15% para machos adultos

(ZEROUALA & STICKLAND, 1991).

3.4.2. Contusões

A presença de hematomas em bovinos pode resultar em perdas econômicas na

indústria da carne e é um indicador de problemas no bem-estar durante o manejo pré-

abate. Contusões podem potencialmente ocorrer na fazenda, durante o transporte, em

leilões e nos frigoríficos. Estas são provocadas por diversos fatores: o estresse (que

pode resultar em aumento da pressão arterial, causando rompimento de vasos

debilitados), a utilização de choque elétrico no manejo e a mistura de animais que nunca

conviveram juntos (GRANDIN, 1996; FAO, 2004).

O transporte influencia a qualidade da carcaça, principalmente devido ao

aumento na freqüência de hematomas, que prejudicam a qualidade visual do produto e

se estes forem graves, a carcaça deverá ser aparada, acarretando assim uma perda direta

(KNOWLES, 1999).

TARRANT et. al (1992) mostraram que a extensão do hematoma aumenta

proporcionalmente com a densidade no caminhão, com graves contusões ocorrendo em

densidades acima de 600 kg/m2 quando comparadas a outras duas densidades avaliadas

(200 kg/m2 e 300 kg/m

2 ).

Em outro trabalho, TARRANT et al. (1992) reforçou essa tese mostrando que as

extensões das contusões foram crescentes com o aumento da densidade, principalmente

quando ultrapassaram 600kg/m2. Os autores encontraram também maior incidência de

carcaças com pH acima de 6,00 nos animais que foram transportados em alta densidade.

20

Em trabalhos com suínos, LAMBOOY et al. (1985) e LAMBOOY & ENGEL (1991)

descreveram que os animais deitam com mais facilidade quando viajam em baixas

densidades e ficam mais propensos, a partir do momento em que estão deitados, a serem

pisoteados e conseqüentemente a terem novos hematomas (BARTON GADE &

CHRISTENSEN, 1998).

Quando o animal é contundido, o local do hematoma passa por uma seqüência

de mudanças que são importantes na ciência da carne em dois aspectos: o pH do

músculo e a idade do hematoma a qual pode ser estimada (GREGORY, 1996)

Para GRACEY & COLLINS (1992) hematomas brilhantes, ou seja, vermelho

vivo, são considerados recentes (com 0 a 10 horas) e hematomas escuros tem em média

24 horas de ocorrência. Estudo feito por MCCAUSLAND & MILLAR (1982)

utilizando métodos histológicos para estimar a idade da contusão demonstrou que 43%

e 90% de bovinos com hematomas analisados eram provenientes do frigorífico.

MCNALLY & WARRISS (1996) mostraram que o tamanho do hematoma

aumenta proporcionalmente com a distância e o tempo de espera nos currais do

frigorífico. Eles encontraram uma correlação positiva entre o aumento do número de

contusões e o pH último do músculo, o que é indicativo de depreciação na qualidade da

carne.

A maior influência do transporte na qualidade da carne é através da depleção do

glicogênio muscular pela atividade física e estresse físico. Durante as 24 horas após o

abate do animal, o glicogênio é convertido em ácido lático havendo associação com

queda do pH do músculo/carne. Se os níveis de glicogênio são reduzidos, a queda do pH

será menor, diminuindo a resistência da carne a ação de microorganismos o que

depreciará a qualidade da carne.

21

4. MATERIAS E MÉTODOS

Foram avaliados 1776 animais, sendo 69,9% transportados em caminhões não

articulados com três eixos (tipo “truque”, com capacidade média para 18 animais) e

30,1% em caminhões articulados com um piso (tipo carreta de um andar, com

capacidade média para 27 animais). As avaliações foram realizadas no Frigorífico

Marfrig em Promissão – SP, seguindo a rotina normal de trabalho durante o transporte

dos animais.

4.1. Medidas do pH último e freqüência de contusões.

Para avaliação das contusões nas carcaças, seguiu-se o critério descrito pela

AUS-MEAT (2001), que definiu hematoma como qualquer lesão no tecido muscular,

caracterizada por apresentar pelo menos dois cm de profundidade ou 10 cm de diâmetro

22

(ou área equivalente), exceto para as lesões no contra-filé (Longissimus dorsi), que

foram sempre consideradas graves independentemente do tamanho.

Essas avaliações foram realizadas na linha de abate dos bovinos, logo após a

retirada do couro, sendo registrada a identidade de cada animal e o local do hematoma

(quando ocorria), marcando “x” em desenhos de carcaças.

Ao final da linha de abate, as carcaças eram levadas para a câmara fria com

temperatura nunca inferior a 2°C, onde permaneciam por aproximadamente 24 horas.

Após este período (24 horas) foi mensurado o pH no músculo Longissimus dorsi (pHu)

de cada carcaça, utilizando-se o peagâmetro digital Mettler-Toledo, modelo 1140.

4.2. Analise estatística

Para a análise dos dados foi usado o procedimento GLM do pacote estatístico

SAS, sendo consideradas como variáveis dependentes a freqüência de hematomas por

carcaça e o pHu.

Dada a alta ocorrência de valores zero (0) na freqüência de hematomas por

carcaça, esses dados foram transformados em raiz quadrada de (x + 1) antes de se

proceder às análises.

Foram consideradas as seguintes variáveis independentes: distância de transporte

(definidas em 6 classes), tipo de veículo (duas classes), numero de divisórias no

compartimento de carga e posição do animal no compartimento de carga durante o

transporte (na frente, no meio ou atrás), as variáveis ocorrência de hematomas na

carcaça (pHem: 1= sim, 2= não), período ano (antes e após o treinamento dos

23

caminhoneiros), densidade de carga (baixa, ideal e alta) e ocorrência de cortes escuros

(DFD: 1= sim, 2 = não), foram incluídas nas análises apenas para ajuste dos dados.

Foram definidas seis categorias de distâncias para a avaliação do trabalho (até

200 km, de 200 a 400 km, de 400 a 600 km, de 600 a 800 km, de 800 a 1000 km e

acima de 1000 km), porém não houve nenhuma ocorrência de transporte na categoria de

distância 600 a 800 km.

Foi definido o seguinte modelo de análise:

Yijkl = µ + Di + Vj + Ck + Pl + eijkl,

onde: Y representa as variáveis dependentes, freqüências de hematomas nas carcaças

(dados transformados) e pHu; = a média geral; Di é o efeito da i-ésima classe de

distância (i=1,...,6); Vj o efeito do j-ésimo tipo de veículo (j= 1, 2); Ck o efeito do k-

ésimo número de divisórias no compartimento de carga; Pl a l-ésima posição do animal

no compartimento de carga e eijkl, o erro ou resíduo.

24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 1776 carcaças avaliadas durante a coleta de dados verificou-se que mais da

metade dos animais apresentaram hematomas (57,7%) com um pH último (pHu) médio

de 5,75. Os animais que obtiveram pHu maior que 6.0 contabilizaram 2,82%,

caracterizando a carne do tipo DFD.

Os resumos das análises de variância de pHu e freqüências de hematomas são

apresentadas na Tabela 1.

25

Tabela 1. Resumo da análise de variância do pH da carne 24 horas após o abate (pHu).

Fontes de variação GL Quadrados

médios

pHu

Quadrados médios

Freqüência de

hematomas

Distância da viagem 4 1,41** 0,23*

Tipos de veículo 1 2,06** 0,32*

Número de divisórias 1 0,01ns 0,03ns

Posição do animal 2 0,02ns 0,10ns

Ocorrência de hematomas 1 0,04ns 203,39**

Período 1 0,71** 0,65**

Densidade de carga 2 0,18** 0,22ns

Ocorrência de DFD 1 11,34** 0,05ns

Resíduo 1762 0,01 0,08

CV 2,03 20,02

r2 0,56 0,62

onde: GL= graus de liberdade, CV= coeficiente de variação, r2= coeficiente de

determinação, ns = não significativo, * = P<0,05 e **= P<0,01.

5.1. Efeitos das classes de distância no pHu e na freqüência de hematomas

As porcentagens de animais transportados em função das classes de distâncias

são apresentadas na Figura 3, caracterizando que a maioria das viagens avaliadas

(50,7%) foi nas distâncias entre 200 e 400 km. Porém, houve variações das classes de

26

distância em função do tipo de veículo utilizado, com predominância de carretas em

viagens mais longas, sendo que em distâncias abaixo de 200km o transporte de animais

foi feito, quase em sua totalidade, por caminhões não articulados (trucks), como

apresentado na Figura 2.

Houve efeito significativo das classes de distâncias para as duas variáveis

estudadas pHu (P<0.01) e freqüência de hematomas (FH: P=0,025), sendo que os

maiores valores médios de pHu foram encontrados para as classes de distâncias entre

800 e 1000 Km (pHu=5,83) e maior que 1000 Km (pHu=5,93), que diferiram

significativamente entre si e também das demais médias, que variaram entre 5,67 e 5,75.

Os melhores resultados de pHu foram encontrados para as categorias de

distância entre 200 e 400 Km (pHu=5,69) e entre 400 e 600 Km (pHu=5,67).

22,6

51,7

4,7 4,2

16,9

0

10

20

30

40

50

60

0-200 Km 200-400 Km 400-600 Km 800-1000 Km >1000 Km

Po

rce

nta

ge

m

Figura 3. Porcentagens de animais transportados em função das classes de distâncias

das viagens entre as fazendas e os frigoríficos.

27

Figura 4. Porcentagens dos animais transportados em função das classes de distância e

dos tipos de veículos utilizados.

Segundo WARRISS et. al. (1995), após períodos longos de viagem há queda na

concentração de cortisol, provavelmente devido à adaptação dos animais ao transporte.

Estes resultados foram contraditórios aos encontrados por BATISTA DE DEUS et. al.,

(1999), que constataram menor média de pHu nas carcaças em distâncias curtas.

Resultado semelhante ao encontrado por KNOWLES (1999), que mostrou pHu é maior

depois de 24 horas de transporte quando comparado a uma hora de viagem.

GALLO (2003) em sua pesquisa encontrou resultados parecidos com o anterior

quando comparou os efeitos do tempo de duração no transporte (3h e 16h) concluindo

que a média do pH final de animais transportados durante 16h foi 0,236 maior que os

animais transportados por um período de 3 horas.

Deve-se ressaltar que no caso de viagens muito longas, espera-se que ocorra a

fadiga dos animais resultando em conseqüências negativas para o bem-estar animal e

para a qualidade da carne. A Figura 5 mostra que há problemas de pHu em carcaças

oriundas de animais que viajaram distâncias superiores a 800 Km. O mesmo não

ocorreu para a freqüência de hematomas; com freqüência mais alta na classe de

distância <200Km (FH=1,59), que não diferiu da classe de distância de 800 a 1000Km

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

Até 200 km 200 - 400 km 400 - 600 km 800 - 1000 km > 1000 km

Truck Carreta

28

(FH=1,57), mas diferiu das demais (FH= 1,48 para distância >1000Km; 1,33 para 200 a

400Km e 1,27 para 400-600km), como apresentado na Tabela 2.

Como mostra na tabela, os valores de pHu encontrados nas categorias de

distâncias acima de 800km não podem ser destinados a exportação uma vez que os

valores ultrapassam a margem estabelecida pelos compradores externos (<5,8).

Tabela 2: Valores médios de pHu e de freqüência de hematomas por carcaça em função

das classes de distância das viagens.

Categoria de distância pH Hematomas Exportação

Até 200 km 5,76c 1,59

a S

200 - 400 km 5,69d 1,33

c S

400 - 600 km 5,67d 1,27

c S

800 - 1000 km 5,83b 1,57

a N

> 1000 km 5,93a 1,48

b N

Não é possível explicar esta variação na freqüência de hematomas, com maior

ocorrência de contusões nas viagens mais curtas. Uma hipótese seria atribuir este

número a falhas de manejo no embarque, a possibilidade de que a viagem não tenha

sido realizada de maneira tão cuidadosa e também a efeitos de densidade. Entretanto,

ambas as situações não foram controladas. As ocorrências de hematomas e outros tipos

de injúrias são de fato preocupantes, e espera-se que ocorram com maior freqüência em

longas jornadas, mas que podem ocorrer também em viagens curtas (TARRANT &

GRANDIN 2000). Como caracterizado pelos resultados do presente estudo, o que nos

leva a concluir que mesmo viagens curtas podem causar estresse e sofrimento aos

animais, com conseqüentes perdas quantitativas e qualitativas da carne.

29

Figura 5. Efeito das distâncias das viagens no pH da carne e nas freqüências de

hematomas nas carcaças bovinas.

5.2. Efeitos do tipo de veículo no pHu e na freqüência de hematomas

Houve efeitos significativos (P<0,05) do tipo de veículo nas duas variáveis

estudadas. A média de pHu foi ligeiramente mais alta para animais transportados em

caminhões do tipo truck (pHu= 5,77) do que para os animais transportados em carretas

(pHu= 5,72). Entretanto, deve-se considerar que geralmente os caminhões do tipo truck

são destinados a viagens mais curtas e as carretas a viagens mais longas, o que pode

causar um confundimento de ambos os fatores (distância e tipo de veículo utilizado).

Apesar de pequena, a variação nestes valores merece atenção em função de

limites nos valores de pH para certas transações comerciais; por exemplo, há restrições

de mercado para carnes com pH maior que 5,8 para comercialização com a União

Européia, devido ao aumento da probabilidade de ocorrência de cortes escuros e de

carne DFD, de forma que valores próximos a este devem ser considerados como

indicadores de risco (SCHÖEBITZ, 1998).

5,5

5,55

5,6

5,65

5,7

5,75

5,8

5,85

5,9

5,95

Até 200km 200-400km 400-600km 800-1000km >1000km

pH

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

Hem

atom

as

pHm

Hematomas

30

Com relação aos hematomas, os resultados encontrados diferiram

estatisticamente, mas também com pequena variação entre os dois tipos de veículos. Foi

encontrado para caminhões do tipo truck uma média de 1,43 hematomas por animal,

enquanto que para as carretas foi encontrada uma média de 1,39. Considerando a rotina

de análises do frigorífico, esses dados não expressam perdas quantitativas significativas

quando comparados entre si.

5.3. Efeitos da localização do animal nos compartimentos de carga dos veículos

No presente estudo foram analisados também os efeitos do número de divisórias

e da posição dos animais no compartimento de carga. As carretas analisadas neste

estudo tinham os compartimentos com três divisórias e os caminhões truck tinham duas

ou três, com predominância de caminhões com duas divisórias.

Não houve diferenças estatísticas na freqüência de hematomas (P = 0,53 e 0,29,

respectivamente) e nem no pHu (P = 0,48 e 0,18, respectivamente), em função do

número de divisórias e também da posição do animal no compartimento de carga.

31

6. CONCLUSÕES

A distância de transporte afetou a queda do pH post-mortem e a freqüência de

hematomas. Pode-se concluir que tanto viagens longas como viagens curtas podem

causar estresse e sofrimento aos animais, com conseqüentes perdas quantitativas e

qualitativas à carne.

A pequena diferença entre tipos de caminhões utilizados no transporte de

bovinos não permite conclusões seguras para indicar qual o melhor.

Tanto a localização do animal dentro do caminhão quanto o número de

divisórias no compartimento de carga não influenciaram no bem-estar e na qualidade da

carne. Todavia, não é descartada a idéia da necessidade de se buscar melhorias neste

item, uma vez que ainda são necessários estudos a respeito dos tipos de veículos.

Melhorias no sistema de transporte devem ser implementadas, uma delas deve

ser a redução na freqüência de transporte de longa distância.

32

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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