Efeitos da corrente sobre o corpo humano - Microsoft · Os efeitos da energia elétrica sobre o...
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UNIDADE II
Efeitos da corrente sobre o corpo humano
1. INTRODUÇÃO
Em toda instalação elétrica é necessário garantir a segurança das pessoas e dos equipamentos; por conseguinte, é importante ter consciência dos efeitos que pode causar a corrente sobre o corpo humano, a fim de identificar situações de risco que originam acidentes em consequência de uma má seleção ou deterioração de equipamentos e materiais.
2. CONTATOS ELÉTRICOS
Toda pessoa que entrar em contato com a parte energizada de um circuito ou equipamento elétrico está exposta a receber um choque elétrico, cujos efeitos podem ser graves e ainda causar a morte. Estes efeitos não só dependem da tensão com que se entra em contato, da resistência elétrica da pessoa e a sua isolação, mas também da região do corpo que atravessa a corrente elétrica e do tempo de exposição da vítima. A resistência que o corpo apresenta à passagem da corrente elétrica encontra-se geralmente na superfície da pele. A pele calosa e seca oferece uma resistência relativamente alta, que diminui notavelmente quando a pele está úmida (suor). Uma vez vencida a resistência da pele, a corrente flui facilmente pelo sangue e os tecidos do corpo. A proteção que pode dar a resistência da pele diminui rapidamente com o aumento da tensão. A corrente elétrica em alta tensão e com as frequências usadas comercialmente (60 Hz) causam violentas contrações musculares, de tal intensidade que podem lançar a vítima longe do circuito. As contrações produzidas pelas correntes em baixa tensão não são tão violentas, mas isso pode aumentar o risco, pois evita que a vítima seja lançada fora do circuito causando contrações musculares que podem até atingir o limite de largar, ou seja, o cérebro não consegue comandar a mão para abrir. Em geral, deve-se evitar o contato com tensões superioras a 30 V; com as mãos úmidas algumas pessoas são sensíveis a 24 V. “Em um choque elétrico é a intensidade da corrente elétrica a que produz o dano à vítima”. Em geral, quanto mais durar a intensidade da corrente circulando através do corpo, mais graves serão as lesões que causará. Quanto maior for a tensão, maior será a corrente e os efeitos serão mais graves. As lesões por choque elétrico são graves se a corrente passa pelos centros nervosos, ou muito perto deles e dos órgãos vitais. Além de diversas lesões
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externas (queimaduras da pele e combustão de cabelos, etc.), podem originar transtornos durante algum tempo depois, como a perda da memória (amnésia), delírio, estado de excitação furiosa, paralisia parcial (por lesões dos centros nervosos centrais) ou paralisia parcial de natureza periférica (por lesão dos nervos periféricos; neurite). Na maioria dos casos de acidentes que ocorrem no lar ou nos comércios, a corrente circula das mãos para os pés e, ao fazê-lo assim, passa pelo coração e pulmões, podendo os resultados ser muito graves como parada cardíaca e parada respoiratória. O choque elétrico pode se apresentar em qualquer dos acidentes descritos nas linhas acima, dos quais descrevemos os mais importantes pela gravidade que estes representam para o ser humano: os contatos diretos e os contatos indiretos.
2.1 CONTATOS DIRETOS
Um contato direto ocorre quando tocamos diretamente a parte condutora exposta.
Figura 2.1 Contato direto.
CONTATO DIRETO ENTRE DUAS FASES
A pessoa toca com cada mão uma fase diferente da linha e, portanto, encontra-se submetida à tensão existente entre as referidas fases.
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Figura 2.2 Contato direto entre duas fases.
CONTATO DIRETO COM UMA FASE E TERRA:
A pessoa toca uma linha viva e com a outra mão faz contato à terra.
Figura 2.3 Contato direto com uma fase e terra.
A corrente ao circular pelo corpo ocasiona:
- Efeitos físicos: queimaduras.
- Efeitos químicos: eletrólise.
- Efeitos biológicos: contração muscular, tetanização, asfixia, parada respiratória, excitação nervosa, fibrilação ventricular.
Neu
tro
à t
erra
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2.2 CONTATOS INDIRETOS
Ocorre quando um equipamento tem uma avaria e a carcaça do mesmo fica energizada. Sob estas condições, é tocada por uma pessoa e sofre a descarga elétrica.
Figura 2.4 Contato indireto no lar e no comércio.
Como uma consequência indireta de um choque elétrico, a pessoa pode sofrer:
Quedas de altura.
Batidas contra objetos.
Projeção de materiais.
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O arco elétrico apresenta especial periculosidade, já que este, ao atingir temperaturas até 20.000ºC, pode provocar lesões graves, como:
Queimaduras.
Ofuscamento.
Combustão da roupa.
3. CURVAS DE SEGURANÇA
Os efeitos da energia elétrica sobre o corpo humano são em função da tensão de contato, corrente, tempo, superfície de contato, estado da pessoa acidentada e locais por onde circula a corrente no corpo. A tabela a seguir mostra os efeitos da passagem da corrente em função do tempo e da corrente. Na tabela a seguir os efeitos da corrente alternada (de 15 a 100 Hz) são divididos em quatro zonas, de acordo com a norma IEC 60479-1.
Figura 2.5 Efeitos da corrente no corpo humano.
Nenhuma
reação Nenhum efeito
fisiológico perigoso
Efeitos patoficiológico
Parada cardíaca
Parada respitatória
Probabilidade de
fibrilação Nenhum efeito orgânico
Probabilidade de contrações musculares e
dificuldades para respirar (>2s)
Efeitos
reversíveis
Limite = 30mA Corrente passando pelo corpo
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ZONAS EFEITOS FISIOLÓGICOS
1 Normalmente sem reação.
2 Geralmente sem efeitos fisiológicos.
3
Geralmente não se esperam danos orgânicos. Aparecem
contrações musculares e dificuldade na respiração, distúrbios
reversíveis de impulsos no coração. Paradas cardíacas transitórias
sem fibrilação ventricular aumentam com a corrente e o tempo.
4
Em adição aos efeitos da Zona 3, a probabilidade de fibrilação
ventricular aumenta 5% conforme a curva C2 e até 50% (curva
C3) e acima de 50% acima da curva C3. Os efeitos de paradas
cardíacas, respiratórias e queimaduras podem ocorrer com o
incremento da corrente e o tempo.
Tabela 2.1 Efeitos fisiológicos.
4. ESCALAS DE PERCEPÇÃO
Limite de Percepção: É o valor mínimo da corrente que causa alguma sensação para a pessoa por qual ela atravessa. Este depende de vários parâmetros, tais como: área do corpo em contato, condições do contato (seco – molhado – temperatura) e também das características fisiológicas das pessoas. Em geral toma-se 0,5 mA, independentemente do tempo.
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LIMITE DE: ENTRE: EFEITOS:
Percepção 1 e 3 mA
Não há problema; o contato pode se
manter sem perigo para a pessoa que o
sofre.
Eletrização 3 e 10 mA Produz uma sensação de formigamento,
podendo provocar movimentos reflexos.
Tetanização 10 e 20 mA
Os músculos contraem-se e paralisam,
impedindo soltar o cabo ou o objeto que
provocou o acidente.
Parada
respiratória 20 e 25 mA
Se a corrente atravessa o cérebro, pode
ser afetado o centro respiratório.
Asfixia 25 e 30 mA
Os músculos, ao se contrair e paralisar,
impedem a função dos pulmões, pelo qual
a pessoa não respira.
Fibrilação
ventricular 60 e 75 mA
Se a corrente atravessa o coração,
descontrola-se o ritmo cardíaco e aparece
a fibrilação ventricular.
Tabela 2.2 Escalas de percepção.
5. PRIMEIROS SOCORROS
A rápida atuação frente a um acidente pode salvar a vida de uma pessoa ou evitar a piora das possíveis lesões que sofrer. O cérebro é o órgão mais delicado do ser humano. A falta de oxigênio ocasionará, em pouco tempo, lesões irreversíveis, produzindo-se a morte em 8 – 10 minutos. Portanto, qualquer parada cardiorrespiratória (problemas das funções cardíacas e respiratórias, com a conseguinte incapacidade para fazer chegar sangue oxigenado às células) é uma situação de máxima urgência, já que a vida do paciente dependerá do tratamento imediato.
5.1 SEQUÊNCIA DE ATUAÇÃO
Em qualquer acidente devemos ATIVAR O SISTEMA DE EMERGÊNCIA. Para tanto, lembremos-nos da palavra P.A.S., que é formada pelas iniciais de três atuações sequenciais para começar a atender o acidentado: P de Proteger Antes de agir, devemos ter certeza de que o acidentado, bem como nós mesmos, estamos fora de qualquer perigo. Por exemplo, não
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atenderemos um eletrocutado sem antes desligar a corrente causante do acidente, pois, caso contrário, nos acidentaremos também. A de Avisar Sempre que for possível devemos comunicar a um médico, ambulância, etc. a existência do acidente para imediatamente começar a socorrer em espera de ajuda. S de Socorrer Uma vez que tenhamos protegido e avisado, procederemos a agir sobre o acidentado, reconhecendo os seus sinais vitais (vide a figura 2.6): consciência, respiração, pulso, sempre nesta ordem.
Figura 2.6 Atuação frente a uma emergência P.A.S.
Reconhecimento de sinais vitais
A sequência de atuação para o reconhecimento de sinais vitais apresenta-se na figura a seguir:
PROTEGER
AVISAR
SOCORRER RECONOCIMIENTO DE
SIGNOS VITALES
a) CONCIENCIA
b) RESPIRACIÓN
c) PULSO
Proteger
Avisar
Socorrer Reconhecimento de sinais
vitais
a) Consciencia
c) Respiração
b) Pulso
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Figura 2.7 Sequência de atuação de emergência.
Consciente
Para saber se um acidentado está consciente lhe perguntaremos o que ocorreu. Se responder, descartaremos a existência de parada respiratória. O problema surge quando o paciente não responde. Então o agitaremos levemente para observar as suas reações (gemidos, abertura de olhos, movimentos de cabeça, etc.). Se não existe nenhum tipo de reação significa que o estado de inconsciência é declarado, pelo qual, imediatamente e dentro do possível, SEM TOCÁ-LO (pois pode ser um paciente traumático e existirem lesões ósseas que poderão agravar o seu estado), comprovaremos a sua respiração. Respiração
Se o acidentado está inconsciente, há duas possibilidades: que respire ou que não respire.
a. SE HOUVER RESPIRAÇÃO: Não será necessário continuar explorando os seus sinais vitais, já que o coração funciona de maneira segura, sendo o procedimento a seguir, sempre que não for traumático, o de colocá-lo em uma posição de segurança para prevenir as possíveis consequências de um vômito. Esta posição é a denominada no jargão do socorrismo como P.L.S. (figura 2.4), que significa: Posição Lateral de Segurança. No caso em que o paciente estiver respirando, mas for traumático, NÃO O MOVEREMOS. Em ambos
Início
Consciente
Respira
Abrir vias
Respira P.L.S
Boca a boca
Pulso Respira Outras
lesões
Esperar com
sinais Massagem cardíaca +
boca a boca Controle
Sim
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Não
Sim Sim Não
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os casos continuaremos ao seu lado, vigiando os seus sinais vitais, até que chegue a ajuda solicitada.
Figura 2.8 Posição lateral de segurança (P.L.S.).
b. SEM RESPIRAÇÃO: Se ao colocarmos a nossa bochecha ou o dorso da nossa mão em sua boca e comprovarmos que não está respirando, imediatamente e sem perder tempo, colocaremos o acidentado, quer seja traumático ou não, em posição de cúbito supino (esticado olhando para cima), abrindo as vias aéreas, mediante uma hiperextensão do pescoço (figura 2.9), evitando que a língua obstrua a via de entrada de ar. Em certas ocasiões, com esta simples manobra o paciente volta a respirar. Caso contrário, e não existindo corpos estranhos na sua boca (dentes soltos, borrachas,...), a parada é evidente, pelo qual devemos suprir a função ausente mediante reanimação cardiopulmonar, realizando a respiração artificial boca a boca.
Colocar a pessoa acidentada de lado
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Figura 2.9 Hiperextensão do pescoço e verificação da respiração.
Pulso
Quando a parada respiratória estiver instaurada e já tivermos procedido a iniciar a respiração boca a boca, se faz necessário comprovar o batimento cardíaco mediante a tomada do pulso carotídeo (pescoço), por ser este o último que se perde frente a uma parada cardíaca e, pelo contrário, o primeiro que se percebe ao se ativar novamente o ritmo cardíaco.
Figura 2.10 Tomada do pulso carotídeo.
Caso exista pulso, continuaremos realizando a respiração artificial, mas no momento em que o mesmo desaparecer iniciaremos, sem demora, a MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA, acompanhada sempre da respiração boca a boca.
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5.2 TÉCNICA DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR
Se o paciente estiver inconsciente e não respirar, a hiperextensão do pescoço deve ser realizada. Se continuar sem respiração, a seguinte sequência de operações deverá ser realizada:
a. Pressionar a frente (tórax) e hiperestender o pescoço. b. Extrair possíveis corpos estranhos da boca (dentes, borrachas, ...). c. Girar a mão da frente e pinçar o nariz. d. Colocar os nossos lábios ao redor da boca do paciente, selando
totalmente a sua boca com a nossa. Iniciar a respiração boca a boca: 2 insuflações (1 a cada 5 segundos) (vide a figura 2.11).
e. Uma vez que tiver insuflado o ar, deve-se comprovar o batimento cardíaco através do pulso carotídeo.
Figura 2.11 Respiração boca a boca.
Se houver pulso, mas não tiver respiração, deve-se continuar com a respiração artificial, boca a boca, comprovando periodicamente a existência do pulso. Caso não haja pulso, a massagem cardíaca externa deve ser iniciada.
5.3 MASSAGEM CARDÍACA EXTERNA
Será necessário recorrer à sua realização quando o paciente estiver inconsciente, não respirar e não tiver pulso. A figura 2.12 indica a posição que deve ser adotada pelo socorrista e a localização do ponto de compressão torácica. A sequência de operações para a realização da massagem cardíaca é a seguinte:
a. Colocar o paciente sobre uma superfície dura.
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b. Localizar o terço inferior do esterno e colocar o calcanhar da nossa mão sobre o mesmo. A outra mão ficará apoiada da mesma forma sobre a que toca o tórax.
c. Com os nossos dedos esticados e os braços perpendiculares ao
ponto de contato com o esterno, exerceremos uma compressão direta sobre o tórax, conseguindo que seja deprimido cerca de 3 ou 3 cm e em um ritmo de compressão / relaxamento = 1/1.
d. A massagem cardíaca sempre será acompanhada da respiração boca
a boca.
Figura 2.12 Massagem cardíaca externa.
A massagem cardíaca será realizada no seguinte ritmo:
1 socorrista: 2 insuflações (boca a boca) + 15 compressões (massagem cardíaca)
2 socorristas: 1 insuflação (boca a boca) + 5 compressões (massagem cardíaca)
Esterno
Localização do ponto de
compressão torácica