EFEITO DO TREINAMENTO COMBINADO EM IDOSOS NAS...
Transcript of EFEITO DO TREINAMENTO COMBINADO EM IDOSOS NAS...
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
IVAN DE OLIVEIRA GONÇALVES
EFEITO DO TREINAMENTO COMBINADO EM IDOSOS NAS
VARIÁVEIS DE CAPACIDADE FUNCIONAL, FISIOLÓGICAS,
BIOQUÍMICAS E DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS
Mogi das Cruzes, SP
2013
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
IVAN DE OLIVEIRA GONÇALVES
EFEITO DO TREINAMENTO COMBINADO EM IDOSOS NAS
VARIÁVEIS DE CAPACIDADE FUNCIONAL, FISIOLÓGICAS,
BIOQUÍMICAS E DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS
Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes, como pré-requisito para obtenção do Titulo de mestre em Biotecnologia. Área de concentração: Biologia
Orientador: Prof Dr. Miguel Luiz Batista Junior
Mogi das Cruzes, SP
2013
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação a todos que acreditaram que eu seria capaz de
conseguir vencer mais esta batalha, em especial minha mãe Maria de Oliveira
Gonçalves que sempre esteve do meu lado nos momentos que eu sempre
necessitei e a minha esposa Vanessa Nepomuceno Gonçalves que me aturou
durantes os três anos com muita paciência e amor.
AGRADECIMENTO
Agradeço ao meu orientador, professor Dr. Miguel Luiz Batista Junior que
perdeu horas do seu precioso tempo, ensinando, corrigindo e me orientando quanto
ser uma pessoa comprometida com meus compromissos e com minha vida
profissional. Sendo eternamente grato pela confiança que depositou em mim.
Aos meus pais, padrinhos e minha esposa Vanessa Nepomuceno Gonçalves
que sempre me ajudaram quando precisei.
A prefeitura municipal de Poá pelo apoio Financeiro.
A Educadora Física Thays Cristina da Silva Nascimento, por me auxiliar nas
avaliações físicas durante o desenvolvimento do projeto.
A técnica de enfermagem Daisy Datovo, por realizar as coletas de sangue
durante o desenvolvimento do projeto.
A secretária de saúde da prefeitura Municipal de Poá Claudia de Deus, por
me fornecer os materiais necessários para a coleta de sangue.
Ao Laboratório Sancet Analises Clinicas pela analise dos marcadores
inflamatórios e bioquímicos.
Ao aluno de mestrado do professor Dr. Miguel Luiz Batista Junior, Felipe que
sempre me auxiliou quando lhe foi pedido ajuda.
Aos participantes da banca de qualificação e defesa Profº Dr. Milton Rocha de
Moraes e o Profº Rogério Antonio Laurato Sertié.
RESUMO
A população de idoso vem crescendo em grande escala em todo mundo, trazendo consigo uma preocupação geral dos órgãos competentes em relação ao cuidados a serem tomado com esta população, para que a mesma possa envelhecer com qualidade. Além disso, a maior expectativa de vida esta associada ao aumento de doenças como diabetes, hipertensão e obesidade, dentre outras. Um estratégia eficiente, tanto na prevenção primária e secundária, como terapêutica não farmacológica e o treinamento físico. Neste sentido, apesar dos benefícios do treinamento combinado, a maioria dos estudos com a populações de idosos tem se utilizado, principalmente, de programa de treinamento ou com exercício aeróbio ou resistido e pouco se sabe acerca dos possíveis benefícios do treinamento combinado nesta população. Desta forma, o presente estudo propôs estudar o treinamento físico combinado nas variáveis da composição corporal, capacidade funcional, fatores bioquímicos, inflamatórios e hemodinâmicos. Foram 24 idosos submetidos a treinamento combinado em um período de 16 semanas. O dados foram coletados no inicio do treinamento (semana 0), na semana 8 e por fim na semana 16. Os resultados mostraram ao final das 16 semanas de treinamento, aumento da força muscular de membros inferiores (65,2%) e superiores (32,6%), aumento da potencia aeróbia (27,5%), redução da massa corporal total (1,4%), redução da massa gorda (9,7%), aumento da massa magra (5%), redução de RCQ (17%), redução da pressão arterial sistólica (7,3%), pressão arterial média (9,8%) e duplo produto (13,8%). Redução também apresentada para a interleucina 1β (16%), interleucina 8 (7,3%) e leptina (8,4%). Por fim o aumento do HDL (21,3%). Esses dados sugerem que o treinamento combinado foi eficiente em induzir efeitos em diversos sistemas fisiológicos, característico tanto dos efeitos induzidos pelo treinamento isolado, com exercícios aeróbios ou resistência. Além destes, houve um discreto efeito anti-inflamatório. Desta forma, pode ser administrado como tratamento, tanto na prevenção primaria como secundaria em idosos obesos.
Palavras-chave: Treinamento combinado, Idoso, obesidade e marcadores inflamatórios.
ABSTRACT
The elderly population is growing on a large scale throughout the world, bringing with
it a general concern of the competent bodies regarding the care to be taken with this
population, so that it can grow old with quality. Furthermore, the increase in life
expectancy is associated with the increase of diseases like diabetes, hypertension
and obesity, among others. An effective strategy, both in primary and secondary
prevention, such as non-pharmacological therapy and physical training. In this sense,
despite the benefits of combined training, the majority of studies with older
populations has been used mainly for training program or aerobic or resistance and
little is known about the possible benefits of combined training in this population.
Thus, the present study was to study the combined exercise training on body
composition variables, functional capacity, and biochemical, hemodynamic and
inflammatory. Were 24 elderly patients undergoing combined training for a period of
16 weeks. The data were collected at the beginning of training (week 0), week 8 and
week 16 in order. The results showed the end of the 16 weeks of training increased
muscle strength of the lower limbs (65.2%) and higher (32.6%), increased aerobic
power (27.5%), reduction of total body mass (1.4%), reduced fat mass (9.7%),
increased lean body mass (5%), lower WHR (17%), reduced systolic blood pressure
(7.3%), mean arterial pressure (9.8%) and double product (13.8%). Reduction also
shown for interleukin-1β (16%), interleukin 8 (7.3%) and leptin (8.4%). Finally, the
increase in HDL (21.3%). These data suggest that the combined training was
effective in inducing effects on several physiological systems, both characteristic of
the effects induced by isolated training, aerobic exercise or resistance. In addition,
there was a slight anti-inflammatory effect. Thus, it can be administered as treatment,
both in primary and secondary prevention in elderly obese.
Key-words: Combined training, elderly, obesity and inflammatory markers.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Comportamento do teste de marcha estacionária........................... 63
Figura 2 Comportamento do teste de força muscular superior...................... 64
Figura 3 Comportamento do teste de força muscular inferior........................ 65
Figura 4 Comportamento da massa corporal total......................................... 66
Figura 5 Comportamento da massa gorda.................................................... 67
Figura 6 Comportamento da massa magra................................................... 68
Figura 7 Comportamento do IMC................................................................... 69
Figura 8 Comportamento da relação cintura/quadril...................................... 70
Figura 9 Comportamento da pressão arterial sistólica................................... 71
Figura 10 Comportamento da pressão arterial média...................................... 72
Figura 11 Comportamento do duplo produto................................................... 73
Figura 12 Comportamento da pressão arterial diastólica................................ 74
Figura 13 Comportamento da lipoproteína de alta densidade (HDL).............. 75
Figura 14 Comportamento do colesterol total.................................................. 76
Figura 15 Comportamento da lipoproteína de baixa densidade (LDL)............ 77
Figura 16 Comportamento dos triglicerídeos................................................... 78
Figura 17 Comportamento da glicemia............................................................ 79
Figura 18 Comportamento da interleucina 1 (IL-1β)........................................ 80
Figura 19 Comportamento da interleucina-8 (IL-8).......................................... 81
Figura 20 Comportamento da leptina............................................................... 82
Figura 21 Comportamento da interleucina 6 (IL-6).......................................... 83
Figura 22 Comportamento do fator de necrose tumoral alpha (TNF-α)........... 84
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 Escala subjetiva de esforço de OMNI-RES para o treinamento resistido...........................................................................................
126
Anexo 2 Escala subjetiva de esforço de borg para o treinamento aeróbio.. 126
Anexo 3 Valores padrões de referência (repetições) para a população americana (RIKLI e JONES, 1999), em média e desvio padrão, do teste de marcha estacionária em 2 minutos de acordo com o sexo e a idade cronológica............................................................
126
Anexo 4 Valores padrões de referência (repetições) para a população americana (RIKLI e JONES, 1999), em média e desvio padrão, do teste de flexão de braço, de acordo com o sexo e a idade cronológica......................................................................................
127
Anexo 5 Valores padrões de referência (repetições) para a população americana (RIKLI e JONES, 1999), em média e desvio padrão, do teste de levantar da cadeira em 30 segundos, de acordo com o sexo e a idade cronológica...........................................................
127
Anexo 6 Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos......... 128
Anexo 7 Características gerais de doenças e medicamentos em uso.......... 130
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características da composição corporal dos indivíduos que participaram da pesquisa...............................................................
59
Tabela 2 Características da pressão arterial dos indivíduos que participaram da pesquisa...............................................................
59
Tabela 3 Características dos marcadores bioquímicos dos indivíduos que participaram da pesquisa...............................................................
60
Tabela 4 Características dos marcadores inflamatórios dos indivíduos que participaram da pesquisa.
60
Tabela 5 Características gerais das doenças dos indivíduos que participaram da pesquisa...............................................................
61
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
a- MSH Hormônio Estimulante de Melanócito
AF Atividade Física
AGRP Peptídeo Relacionado à Proteína Agouti
CRH Hormônio Liberador de Corticotropina
DCNTs Doença Crônica não Transmissível
DCV Doenças Cardiovasculares
DMII Diabetes Mellitus Tipo II
DP Duplo Produto
FC Frequência Cardíaca
FCmax Frequência Cardíaca Máxima
HA Hipertensão Arterial
HDL Lipoproteína de Alta Densidade
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IL-10 Interleucina 10
IL-1ra Receptor de Interleucina 1
IL-1β Interleucina 1 β
IL-6 Interleucina 6
IL-8 Interleucina 8
IMC Índice de Massa Corporal
IMC Índice de Massa Corporal
IPAQ Questionário Internacional de Atividade Física
LDL Lipoproteína de Baixa Densidade
LPS Lipopolissacarídeo
MCT Massa Corporal Total
MG Massa Gorda
MM Massa Magra
NAF Nível de Atividade Física
NPY Neuropeptídeo Y
OMS Organização Mundial de Saúde
PAD Pressão Arterial Diastólica
PAM Pressão Arterial Média
PAS Pressão Arterial Sistólica
PCR Proteína C Reativa
PNSI Política Nacional da Saúde do Idoso
POF Pesquisa de Orçamentos Familiares
RCQ Relação Cintura/Quadril
TAB Tecido Adiposo Branco
TNF-R Receptores de TNF-α Solúveis
TNF-α Fator de Necrose Tumoral Alpha
VO2max Volume Máximo de Oxigênio
SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO................................................................................... 14
1.1 Envelhecimento................................................................................. 16
1.1.1 Mudanças na composição corporal.................................................. 19
1.1.2 Mudanças no sistema muscular....................................................... 19
1.1.3 Mudanças no sistema respiratório.................................................... 20
1.1.4 Mudanças no sistema cardiovascular............................................... 21
1.1.5 Mudanças no sistema imunológico................................................... 22
1.2 Alterações das capacidades físicas.................................................. 23
1.3 Envelhecimento e doença................................................................. 26
1.3.1 Envelhecimento e obesidade............................................................ 27
1.3.2 Envelhecimento e pressão arterial.................................................... 30
1.3.3 Envelhecimento e marcadores bioquímicos..................................... 33
1.3.4 Envelhecimento e marcadores inflamatórios..................................... 34
1.4 Treinamentos físicos como Intervenção Terapêutica no Envelhecimento.................................................................................
39
1.4.1 Intervenção do treinamento aeróbio no envelhecimento................... 45
1.4.2 Intervenção do treinamento resistido no envelhecimento................. 46
1.4.3 Intervenção do treinamento combinado no envelhecimento............ 49
2 JUSTIFICATIVA................................................................................. 50
3.0 OBJETIVOS...................................................................................... 51
3.1 Geral................................................................................................. 51
3.2 Específicos........................................................................................ 51
4.0 MATERIAIS E MÉTODOS................................................................ 52
4.1 Avaliações físicas............................................................................. 52
4.2 Avaliações das capacidades funcionais........................................... 53
4.2.1 Teste de sentar e levantar................................................................. 53
4.2.2 Teste flexão de cotovelo.................................................................... 54
4.2.3 Teste de marcha estacionaria........................................................... 54
4.3 Avaliações das variáveis bioquímicas............................................... 55
4.4 Avaliações dos marcadores inflamatórios......................................... 55
4.5 Protocolos de treinamento combinado.............................................. 55
4.6 Analise estatística............................................................................. 57
5.0 RESULTADOS.................................................................................. 57
5.1 Variáveis das capacidades funcionais.............................................. 62
5.2 Variáveis de composição corporal.................................................... 66
5.3 Variáveis dos fatores hemodinâmicos............................................... 71
5.4 Variáveis dos fatores bioquímicos.................................................... 75
5.5 Variáveis dos marcadores inflamatórios........................................... 80
6.0 DISCUSSÃO..................................................................................... 85
6.1 Composição corporal........................................................................ 88
6.2 Variáveis dos fatores hemodinâmicos.............................................. 91
6.3 Marcadores Bioquímicos.................................................................. 96
6.4 Marcadores inflamatórios.................................................................. 100
7 CONCLUSÃO................................................................................... 107
REFERÊNCIAS................................................................................ 108
ANEXOS.......................................................................................... 125
16
1.0 INTRODUÇÃO
A população de idoso vem crescendo em grande escala em todo mundo,
trazendo consigo uma preocupação geral dos órgãos competentes em relação ao
cuidado que deve ser tomado com esta população para que a mesma possa
envelhecer com qualidade, e desta forma, não se tornar um grande problema social
e de saúde publica em todo mundo.
Segundo dados da última pesquisa realizada pelo IBGE, o censo de 2010, a
representatividade dos grupos etários no total da população em 2010 é menor que a
observada em 2000 para todas as faixas com idade até 25 anos, ao passo que os
demais grupos etários aumentaram suas participações na última década. Houve o
alargamento do topo da pirâmide etária e este pode ser observado pelo crescimento
da participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em
1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010. O crescimento
absoluto da população do Brasil nestes últimos dez anos se deu principalmente em
função do crescimento da população adulta, com destaque também para o aumento
da participação da população idosa (IBGE, 2010).
Ocorreu nos últimos anos o aumento das doenças crônicas não
transmissíveis, afetando toda população e em especial, os idosos, haja vista a maior
fragilidade fisiológica que estes anos a mais de vida pode proporcionar.
Consequente a esse processo, tanto o poder público e os grandes centros de
pesquisa têm buscado soluções de intervenção para diminuição dos malefícios e
para maior qualidade de vida desta população.
Uma das intervenções que vem sendo bem descrita na literatura cientifica e
usada em grande escala nos centros de convivência de idosos em todo o Brasil é o
treinamento físico supervisionado (MATSUDO, MATSUDO, et al., 2006).
A prática de exercícios físicos como musculação, caminhada, futebol e até a
dança de salão são extremamente vitais para quem quer envelhecer com saúde.
Exercitar-se é tão importante que pessoas com mais de 60 anos e que praticam
exercícios moderadamente apresentam também um menor consumo de
medicamentos, em comparação a outras mais novas, mas que levam uma vida mais
sedentária (CÂMARA, SANTARÉM, et al., 2007).
O treinamento físico deve ser parte de um estilo de vida que desenvolva o
condicionamento físico em caráter permanente (PALMA, 2009).
17
Áreas de pesquisa e a literatura têm enfocado em seus estudos os benefícios
que a prática do treinamento físico ocasiona ao idoso, afirmando que hábitos de vida
ativos estimula a manutenção da capacidade funcional em longo prazo, mantendo
consequentemente, melhor qualidade de vida (BORGES e MOREIRA, 2009).
Este por sua vez pode auxiliar no tratamento das doenças que atingem esta
população e atenuar as deficiências fisiológicas que os anos de vida a mais podem
proporcionar, atuando tanto na prevenção primaria como na prevenção secundaria.
Dentre muitos benefícios podemos citar o auxilio no controle das taxas glicemia e da
pressão arterial, a diminuição da massa gorda, aumento da massa muscular,
combatendo assim a sarcopenia e principalmente auxiliando para a manutenção da
capacidade funcional do idoso, evitando quedas que é um dos grandes causadores
de morte a partir dos 65 anos, proporcionando assim mais liberdade e qualidade de
vida (SIMÕES, 2008).
Dentre as mudanças fisiológicas que ocorrem após os 60 anos, destaca-se a
síndrome de fragilidade, que é definida como um declínio gradual de massa
corporal, força muscular, reduzida disposição física, perda de autonomia,
hospitalização e mortalidade. Sendo que a sarcopenia destaca-se como parte
central dessa síndrome (ROTH, METTER e LING, 2008). Esse declínio tem início
por volta da terceira década da vida, tornando-se mais significativo após os 65
anos de idade. Assim, aos 80 anos, o indivíduo apresenta redução média de 30% de
massa muscular quando comparado a um adulto jovem (PITKALA, RAIVIO e
LAAKKONEN, 2010). Neste aspecto, embora os mecanismos não sejam claros, a
etiologia da sarcopenia parece ser multifatorial, refletindo desequilíbrio metabólico
causado por elevada produção de citocinas catabólicas e reduzida
produção/disponibilidade de hormônios
anabólicos (ROTH, METTER e LING, 2008).
A prática regular de exercício tem sido apontada como intervenção não
medicamentosa com amplos benefícios sobre os sistemas fisiológicos que exibem
deterioração estrutural ou funcional com o curso do envelhecimento (ACSM, 2010).
Dentre os programas de treinamento físico, o treinamento de força muscular vem se
destacando durante o processo de envelhecimento, pois os resultados indicaram
efeito positivo e significativo na melhora do equilíbrio corporal e consequentemente
auxiliando na diminuição de quedas nesta faixa etária (ALBINO, FREITAS, et al.,
2012).
18
Na maioria dos estudos que procuraram verificar os efeitos do exercício físico
sobre o os componentes corporais, especialmente em relação ao tecido ósseo,
foram utilizados programas de treinamento com exercícios resistidos. Por outro lado,
exercícios aeróbios têm se mostrado efetivos na diminuição do percentual de
gordura corporal (ACSM, 2010).
No entanto, poucos estudos têm associado ambas as modalidades de
exercícios com o intuito de promover modificações tanto dos parâmetros que se
modificam com treinamento de força como os parâmetros que sofrem modificações
com os exercícios aeróbios. Neste aspecto, um dos métodos de treinamento que
vem sendo utilizado nos centros de convivência de idosos é o treinamento
combinado, onde inclui na mesma sessão de treinamento, exercícios aeróbios e
exercícios de força. Por outro lado, o treinamento físico combinado, ainda apresenta
pouca publicação cientifica com os frequentadores destes centros quanto aos
possíveis benefícios que os mesmos podem proporcionar à terceira idade.
1.1 Envelhecimento
O processo de envelhecimento populacional vem-se tornando um dos
maiores desafios para a saúde pública contemporânea, especialmente nos países
onde esse fenômeno tem ocorrido em circunstâncias de pobreza e grande
desigualdade social. O grande aumento da população idosa ocorreu primeiro nos
países desenvolvidos, e vem assumindo nos países subdesenvolvidos uma
agilidade em níveis sem precedentes até então (BURKSMANN, 2008).
No Brasil a população está envelhecendo de forma rápida. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a expectativa atual é de 72,7 anos. ,
sendo que a classificação para indivíduos idosos é de 60 anos ou mais (IBGE,
2010).O procedimento de transição demográfica se inicia entre os anos de 1940,
quando há introdução de novas tecnologias, como vacinas, antibióticos e
medicamentos, além da extensão do saneamento básico. Desta forma, até 1980, a
mortalidade havia caído para menos da metade (RUIZ, 2008).
As linhagens da transição demográfica brasileira não se devem apenas ao
avanço tecnológico, mas principalmente à diminuição na taxa de fecundidade
(CELICH, 2008). De fato, em 1960, os níveis de fecundidade, que eram de 5,8 filhos
19
por mulher (CARVALHO, 1978), declinam para 2,5 filhos por mulher em 1996
(BEMFAM, 1997), projetando-se, segundo dados recentes do instituto brasileiras de
pesquisas geográficas, até o nível de reposição por volta de 2000, quando se
esperava observar discreto declínio (IBGE, 2010). Em consequência, nosso país
vem apresentando redução do grupo etário jovem, vivenciando com isso o que se
denomina envelhecimento pela base. Estima-se que, por volta de 2025, o Brasil
ultrapasse os 30 milhões de idosos (OMS, 2010)
Alguns autores estimaram uma expectativa e relatam que no Brasil teremos
mais de 50 adultos acima de 65 anos ou mais para cada 100 menores de 15 anos,
projetando então que em 2045 o numero de idosos será maior que o numero de
crianças (WONG, 2006). Elevando a expectativa de vida para 81,3 anos em 2050
(IBGE, 2010). Contudo, deve-se lembrar de que nosso país é marcado por grandes
desigualdades, sejam elas, sociais, territoriais e econômicas – e, desta forma, o
processo de envelhecimento apresentará especificidades variadas, reforçando as
desigualdades, no que diz respeito à qualidade de vida e do bem-estar nas
diferentes classes da população (CELICH, 2008).
O fator envelhecimento deve ser compreendido como um processo não
patológico com a diminuição das capacidades funcionais, sendo entendido por
concepções no âmbito cultural, nos processos biológicos, na sua condição física, na
desigualdade social e todos os demais contextos que podem interferir na vida
longínqua deste idoso (CARMONA, 2006). Refere-se a um processo ou grupo de
processos que ocorrem nos organismos vivos e que, com a passagem do tempo,
motivam a perda de adaptabilidade, a incapacidade funcional e, eventualmente, a
morte.Estes processos são independentes dos ritmos biológicos diários ou sazonais
e de qualquer outra alteração temporária (SILLANPAA, HAKKINEN, et al., 2009).
Também definido como um processo sequencial, individual, acumulativo,
irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro,
próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne
menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua
possibilidade de morte (SALUD, 2006).
20
A Organização Mundial de Saúde, no seu relatório sobre o envelhecimento e
a saúde nos homens, adota a definição proposta por Kirkwood, segundo a qual o
envelhecimento corresponde a uma diminuição generalizada e progressiva de
função, resultando numa perda de resposta adaptável ao estresse e num aumento
do risco de doença associado com a idade (OMS, 2010).
O envelhecimento vem sendo dividido também como envelhecimento primário
(aging process) e secundário (process of aging). Sendo que o primário traduz as
alterações universais que ocorrem na sequência da idade, nas várias espécies ou
populações, e que são independentes da ocorrência de doença ou de influências do
envolvimento. É um processo que pode ser visto numa perspectiva microscópica e
molecular, interessando particularmente à área da genética e da biologia molecular
(TROTT, GUNDUZ, et al., 2009).
Já o processo de envelhecimento secundário diz respeito aos sintomas
clínicos, isto é, à síndrome do envelhecimento e inclui os efeitos do envolvimento e
da doença. Processo de envelhecimento que corresponde às alterações
relacionadas com a idade, mas motivadas por fatores evitáveis, como o
sedentarismo, a alimentação inadequada ou a exposição a elementos aditivos.
Corresponde, portanto, à interação entre o envelhecimento primário e as influências
do envolvimento e da doença (TROTT, GUNDUZ, et al., 2009).
Ainda que as causas do envelhecimento primário e do envelhecimento
secundário sejam distintas não atuam independentemente, antes interagindo
fortemente umas com as outras. Por um lado, a doença e o envolvimento podem
acelerar o envelhecimento primário e, por outro lado, o envelhecimento primário
contribui para o aumento da vulnerabilidade à doença e ao estresse ambiental.
Por se tratar de um processo comum de praticamente todos os seres vivos, o
envelhecimento deveria ter suas bases fisiológicas melhores conhecidas, à
semelhança dos outros fenômenos orgânicos que caracterizam a concepção, o
desenvolvimento e a evolução dos habitantes deste planeta, em especial o ser
humano. Muitos foram os fatores que impediram o progresso deste conhecimento,
mas, o mais importante, foi à constância com que o envelhecimento natural foi
erroneamente caracterizado como um estado patológico, o que estimulou muito mais
a tentativa de combatê-lo do que entendê-lo (COX, BURKE, et al., 2010).
21
Para o mesmo autor, a maior parte do que se conhece do assunto hoje, é
fruto de pesquisas realizadas nestas últimas décadas. Toda esta evolução do
conhecimento modifica conceitualmente o envelhecimento, respondendo não
somente a uma nova gama de interesses profissionais, mas também às
necessidades originadas por uma verdadeira explosão demográfica da população de
idosos.
1.1.1 Mudanças na composição corporal
A partir dos 40 anos, a estatura do individuo começa a declinar cerca de um
centímetro por década (BARBOSA, 2007). Esta perda se deve à diminuição dos
arcos pé, aumento das curvaturas da coluna, além de um encurtamento da coluna
vertebral em razão de alterações nos discos intervertebrais. Os diâmetros da caixa
torácica e do crânio tendem a aumentar. O nariz e os pavilhões auditivos continuam
a crescer, dando a conformação facial típica do idoso (SIECK, 2007). Há alterações
evidentes na composição corporal, com aumento do tecido adiposo que tende a se
depositar na região abdominal e entre os órgãos, ocorrendo em geral após os 35
anos. O teor total de água do corpo diminui por perda de água intracelular, levando à
diminuição da relação fluida intracelular para o extracelular. A concentração de
potássio total, que na maior parte é intracelular, também diminui. A perda de água e
potássio deve-se preferencialmente à diminuição geral do número de células nos
órgãos (SIECK, 2007).
Essas mudanças na composição do corpo levam a uma diminuição da massa
consumidora de oxigênio, quando expressa por unidade de peso ou por unidade de
superfície. Os órgãos internos também são afetados com o envelhecimento, entre os
quais os rins e o fígado são os que mais sofrem prejuízos (ALBINO, FREITAS, et al.,
2012).
1.1.2 Mudanças no sistema muscular
No sistema muscular ocorre uma diminuição do músculo estriado esquelético,
o que também ocorre na sua área de secção, o que demonstra existir uma perda de
massa magra (PORTER, 2006). Estes mesmos autores notaram que, por volta dos
22
70 anos, a secção transversal do músculo diminui de 25% a 30% e a força muscular
decresce de 30% a 40%.
No entanto. outros pesquisadores mostraram que, após os 70 anos, a perda
de força se altera negativamente de 1% a 2% ao ano (MARTIN e BUCKWALTER,
2006).
No que se refere às alterações supracitadas em nível celular, os sistemas de
túbulos T e o retículo sarcoplasmático proliferam talvez como um mecanismo de
compensação para assegurar a transmissão do impulso nervoso da célula. As
placas motoras, que no jovem mostram uma série de pregas regulares e uma fenda
estreita, no idoso apresentam um aumento do número de pregas e a fenda sináptica
se torna mais ampla, diminuindo a área de contato entre o axônio e a membrana da
célula (SEYNNES, DEBOER e NARICI, 2007)
Outro parâmetro afetado é a composição da fibra muscular esquelética, que
no jovem, a maior parte dos músculos apresenta fibras de contração rápida ou
branca (Tipo IIb) e fibras vermelhas ou oxidativas (Tipo I) em proporções variadas.
No entanto, no músculo do idoso, vemos fibras em degeneração, de ambos os tipos,
e também fibras hipertrofiadas, talvez como um mecanismo de compensação
(MARTIN e BUCKWALTER, 2006). Em animais foi mostrado que a diminuição do
número de fibras musculares se deve às fibras vermelhas e que as fibras brancas
são as que mais diminuem de volume. Em seres humanos, também as fibras que
diminuem de volume são especificamente as brancas (NARICI e MAGANARIS,
2006). As fibras musculares que desaparecem são substituídas por tecido
conjuntivo, ocorrendo então o aumento do colágeno intersticial no músculo do idoso
(MORSE, THOM, et al., 2005). Tomadas em conjunto, as alterações acima resultam
em uma capacidade reduzida da musculatura estriada esquelética em gerar força e
resistência em situação de contração das fibras musculares.
1.1.3 Mudanças no sistema respiratório
Muito importante para a mecânica respiratória são os elementos da caixa
torácica. Entre o esterno e as cartilagens costais há articulações sinoviais. Com o
envelhecimento elas desaparecem e os elementos ósseos e cartilaginosos se
fundem. Com a idade a fibrocartilagem entre o manúbrio e o corpo do esterno
desaparece, unindo as duas partes ósseas. Como a mobilidade da caixa torácica
23
depende destas articulações, as alterações citadas provocam importante diminuição
na sua complacência (SEYNNES, DEBOER e NARICI, 2007). O mesmo autor relata
que no pulmão, a superfície total dos alvéolos mostra discreta diminuição com a
idade. Estudos com moldes de corrosão mostram frequente presença de alvéolos
dilatados em meio a outros normais, bem como fusão de alvéolos formando
cistos,devido à ruptura dos septos inter alveolares (NARICI e MAGANARIS, 2006).
Em razão dessas inúmeras alterações anatômicas e celulares ocorridas no
sistema respiratório, as medidas tanto estáticas quanto dinâmicas da função
pulmonar em geral sofrem deterioração com a idade. Por exemplo, existe uma
lentidão significativa da ventilação e da cinética da permuta gasosa durante a
transição do repouso para o exercício submáximo. Os valores para a capacidade
vital, capacidade pulmonar, volume pulmonar residual e ventilação voluntária
máxima em atletas de endurance com mais de 60 anos são sistematicamente mais
altos que o esperado com base em sua dimensão corporal e muito mais alto que
aqueles de seus congêneres sedentários sadios de mesma idade (MORSE, THOM,
et al., 2005).
1.1.4 Mudanças no sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular, bem como a capacidade aeróbia não é imune à
idade. O coração aumenta de peso e há um aumento da espessura da parede do
ventrículo esquerdo (GOODWIN, 2006). No rato, o número de fibras musculares e o
volume mantêm-se aproximadamente constante com o avançar da idade e a rede de
capilares que nutre o miocárdio diminui de densidade (MORLEY, 2007). O nodo
sinoatrial, no jovem é constituído de células musculares pequenas, fibras de tecido
conjuntivo em quantidade moderada e fibroblastos. No idoso, ocorre infiltração de
gordura, aumento do conjuntivo e diminuição das células musculares (NARICI e
MAGANARIS, 2006). O aparelho valvar também sofre alteração significativa com o
envelhecimento. As cúspides da mitral na criança são opacas e não se notam
alterações fibróticas. No idoso surgem placas ateroscleróticas e as cordas tendíneas
se espessam.
As válvulas aórticas se espessam em sua base, ficam opacas e os nódulos
ficam proeminentes, com maior chance de depósitos de placas ateromatosas
(SIECK, 2007). Além das válvulas, as artérias são afetadas por processos
24
ateroscleróticos, inclusive as arteríolas, da mesma forma que a aorta. Por exemplo,
as carótidas se estreitam com o envelhecimento, da mesma forma que as
coronárias, sendo esse processo mais intenso no homem que na mulher. Nas
arteríolas renais, mesmo sem hipertensão, o diâmetro é sempre menor no idoso que
no jovem (BAPTISTA e VAZ, 2009).
Tomadas em conjunto, as alterações acima resultam em uma capacidade
reduzida do sistema cardiovascular em manter funções básicas como a de levar
material nutritivo e oxigênio as células dos sistemas orgânicos.
1.1.5 Mudanças no sistema imunológico
O sistema imunológico é um importante fator regulador do funcionamento
harmônico do organismo. A maior incidência de doenças infecciosas, neoplasias e
autoimunes, em pessoas idosas têm sido associadas às alterações da imunidade
celular e humoral nessa faixa etária (FISCHER, 2006).
A maior parte das alterações imunológicas tem sido correlacionada com a
involução e atrofia do timo, que, de forma gradual, nos primeiros 50 anos de vida do
homem perdem até 95% de sua massa e capacidade de produzir hormônios
(SHORT, 2006). Este mesmo pesquisador cita que a atividade imunológica é
exercida por intermédio dos linfócitos T, B e de um mecanismo desequilíbrio
exercido especialmente através de sub populações de linfócitos auxiliares e
supressores.
Experimentos em animais, principalmente em ratos, dão ênfase à hipótese de
que a deficiência imunológica precede o envelhecimento, porém a transposição
desse fenômeno para o homem carece de confirmação. Pesquisas em idosos
evidenciaram que portadores de comprometimento imunológico e maior taxa de
auto-anticorpos apresentavam índice mais elevado de mortalidade (BARRA, REID,
et al., 2010). A deterioração da função imunitária associada ao processo de
envelhecimento se denomina imunosenescência, que contribui de maneira
importante a maior morbimortalidade observada em adultos mais velhos, com maior
incidência de infecções do trato respiratório e urinário (ROBINSON, 2001).
Não é novidade que o fenômeno de imunosenescência compreende uma
série de modificações. E dentre os sistemas orgânicos que sofrem com esse
processo, destaca-se o sistema imunológico, cuja resposta das funções são
25
diminuídas ao longo do tempo, recorrente de alterações na tolerância imunológica,
como mudanças nas subpopulações celulares e níveis de síntese de citocinas
(FIGUEIREDO, SAMPAIO, et al., 2007).
Tomadas em conjuntos, essas alterações resultam em uma maior
vulnerabilidade à doenças e infecções, incluindo um aumento da atividade
inflamatória basal, definido como inflammaging e/ou inflamação senil, o qual pode
encontrar-se associado com maior incidência de eventos crônicos não
transmissíveis, tais como doenças cardiovasculares, osteoporose, diabetes mellitus
e caquexia geriátrica na vida tardia (ARMSTRONG, 2007).
A prática regular de exercícios físicos durante todo o ciclo da vida vem sendo
cada vez mais estimulada enquanto estratégia de busca de um
envelhecimento saudável e também para atenuar os deletérios do sistema
imunológico no processo de envelhecimento.
1.2 Alterações das capacidades físicas
Entre os 25 e 65 anos de idade, há uma diminuição substancial da massa
magra ou massa livre de gordura entre 10 a 16%, por conta da redução na massa
óssea, no músculo esquelético e na água corporal total, decorrente do processo de
envelhecimento. A redução da massa muscular é associada, evidentemente, a um
decréscimo na força voluntária, com um declínio de 10-15% por década, que
geralmente se torna aparente somente a partir dos 50 a 60 anos de idade. Dos 70
aos 80 anos de idade tem sido relatada uma perda maior, que chega aos 30%
(NARICI e MAGANARIS, 2006).
Diversas evidências têm apontado para o fato de que o envelhecimento está
associado a um progressivo declínio na massa muscular, fenômeno este conhecido
como sarcopenia (DEBOER, SEYNNES, et al., 2008). A sarcopenia afeta
diretamente a arquitetura muscular, reduzindo a área de seção transversa
anatômica, comprimento das fibras musculares, volume e ângulo de penação dos
músculos, além de reduzir a capacidade de produção de força específica, ou seja, a
força produzida por unidade de massa muscular (NARICI e MAGANARIS, 2006).
Estudos recentes têm demonstrado que o envelhecimento está associado a
uma redução na rigidez dos tendões, aumentando desta forma sua complacência e
26
diminuindo sua capacidade de transmissão de força para o osso (KARAMANNIDIS e
ARAMPATZIZ, 2006). Os mesmos autores descrevem que modificações
morfológicas na unida de músculo-tendão como a sarcopenia ou a diminuição da
rigidez tendínea reconhecidamente causam alterações de suas propriedades
mecânicas.
As propriedades mecânicas dos músculos determinam sua capacidade de
produção de força em diferentes comprimentos e velocidades, podendo assim
influenciar de maneira significativa as atividades de vida diária dos seres humanos
(MORSE, THOM, et al., 2005).
O processo de sarcopenia começa aproximadamente a partir dos 50 anos de
idade (HEPPLE, 2006). Quando idosos são submetidos a programas de treinamento
físico, os efeitos deletérios do envelhecimento são contrabalanceados, sugerindo
assim que grande parte dos mecanismos relacionados à sarcopenia pode ser
proveniente do sedentarismo. Neste aspecto, um estudo realizado com indivíduos
sadios de 70-80 anos, demonstrou desempenho de 20 a 40% menor (chegando a
50% nos mais idosos) em testes de força muscular, em relação aos jovens. Essa
perda do desempenho pode também ser explicada pelas mudanças nas
propriedades intrínsecas das fibras musculares (KANNISTO, CHIBALIN, et al.,
2006). A redução de velocidade da contração muscular pode ser devida, em parte, à
menor contribuição das fibras do tipo I para a contração rápida (ANTUNES, STELLA,
et al., 2005). O mesmo autor descreve que existe uma perda diferencial, de acordo
com o tipo de contração executada, as diferenças com os jovens são menores, para
as ações musculares do tipo excêntrico, do que para as contrações isométricas ou
concêntricas, embora o mecanismo não seja conhecido. Uma implicação prática da
redução de velocidade da contração muscular com o envelhecimento é a
capacidade reduzida do músculo para a potência ou produção rápida de força,
agravando o impacto da fraqueza muscular na mobilidade do idoso (SEYNNES,
DEBOER e NARICI, 2007).Esta perda da força muscular pode ser ainda exacerbada
por algumas condições clínicas que afetam os idosos, como acidente vascular
cerebral, enfermidades de Parkinson e Alzheimer, artrites, neuropatia diabética e
distrofia muscular, entre outras (ANTUNES, STELLA, et al., 2005).
27
Outro fator que tem sido ventilado é o relacionado à fadiga muscular e sua
relação com o avanço da idade. No entanto, as pesquisas, nesta área, têm sido
inconclusivas, devido, em parte, à variedade de métodos para induzir à fadiga
(HEWETT, MYER e ZAZULAK, 2008).
O mesmo autor cita que, quando as contrações voluntárias sustentadas têm
sido analisadas, os resultados têm sido mais consistentes em demonstrar que não
há efeito do envelhecimento na fadiga muscular. Foi verificado que quando
indivíduos idosos foram comparados a indivíduos jovens, em uma carga absoluta de
trabalho, os idosos recrutaram uma grande porcentagem da sua massa muscular
esquelética, o que resultou em um início precoce da fadiga (BARBOSA, 2007). Por
outro lado, o mesmo autor descreve que existem relatos que não há alterações na
percepção de fadiga, assim como diminuição ou incremento da mesma, com o
decorrer da idade.
O que parece estar claro para os pesquisadores é que a fadiga muscular, que
pode limitar o desempenho, depende de variáveis ligadas à tarefa executada, como
a motivação do indivíduo, o padrão da ativação muscular, a intensidade e duração
em que a atividade contínua for mantida. Existem algumas características especiais
da força muscular que são mantidas, e outras que sofrem maior declínio, com o
processo de envelhecimento.
As variáveis que tendem a apresentar padrões mais estáveis são força dos
músculos envolvidos nas atividades diárias, a força isométrica, as contrações
excêntricas, as contrações de velocidade lenta, as contrações repetidas de baixa
intensidade, a força de articulação de pequenos ângulos e a força muscular no sexo
masculino (MORLEY, 2007). O mesmo autor cita que por outro lado, sofre maior
declínio com a idade, a força muscular dos músculos de atividades especializadas, a
força dinâmica, as contrações concêntricas, as contrações de velocidade rápida, a
produção de potência, a força de articulação de grandes ângulos e a força muscular
no sexo feminino.
Sendo assim podemos considerar um modelo para explicar multifatorial-
mente, a redução da força muscular, com o aumento da idade. De acordo com esse
modelo, essa redução acontece por vários mecanismos, que poderíamos dividir em
três grandes grupos, sendo o primeiro os musculares, como a atrofia muscular,
28
alteração da contractilidade muscular ou do nível enzimático, o segundo sendo os
neurológicos, como a diminuição do número de unidades motoras, mudanças no
sistema nervoso e endócrino, e terceira seria os ambientais: como o nível de
atividade física, má nutrição ou doenças (ARMSTRONG, 2007). A redução da massa
magra e a consequente diminuição da força muscular estão associadas à diminuição
da força muscular e massa óssea, alteração da potência aeróbica máxima,
intolerância à glicose, resistência à insulina, menor taxa metabólica de repouso e de
requisição energética disfunção imunológica, desordens do equilíbrio e do andar,
fraturas por osteoporose, velocidade lenta de andar e dependência funcional em
idosos (ANTUNES, STELLA, et al., 2005).
De acordo com os estudos citados acima a perda relacionada à idade dos
motos neurônios alfa, assim como a falta de uso, causada pelo sedentarismo,
doenças catabólicas, medicamentos e desnutrição proteica ou calórica podem
explicar essa atrofia muscular, associada à idade. Parece que os dois maiores
responsáveis por este efeito do envelhecimento são os progressivos processos
neurogênicos e a diminuição na carga muscular, o que poderia levar a hipótese que
essa atrofia muscular não seria necessariamente uma consequência inevitável do
incremento da idade (ANTUNES, STELLA, et al., 2005). Nota-se que as pessoas
que se mantêm fisicamente ativas têm somente perdas moderadas da massa
muscular, mas, quanto dessa perda de massa muscular é uma consequência do
envelhecimento e/ou da diminuição do nível de atividade física, é desconhecido.
1.3 Envelhecimento e doença
O processo natural de envelhecimento traz ainda mudanças significativas no
âmbito da saúde (LIU e FIELDING, 2011). Paralelamente ao aumento dos anos de
vida, depara-se com um maior percentual de doenças crônicas não transmissíveis,
dentre as quais pelo menos uma doença ou condição crônica é referida por 69% dos
idosos brasileiros, com proporção maior entre as mulheres (75%) do que entre
homens (62%), conforme destaca (RAMALHO, 2011). Dentre estes fatores, é de
suma importância para um trabalho de promoção e prevenção na terceira idade
29
através do treinamento físico, o entendimento das doenças crônicas não
transmissíveis, que como citado acima sofre grande evolução após os 60 anos.
Juntamente com essas transformações demográficas, o Brasil experimenta
uma transição epidemiológica, ainda que inacabada expressa pelas alterações no
quadro da morbimortalidade (VERA, 2006). Este mesmo autor descreve que nesse
âmbito, a prevalência de doenças infectocontagiosas (responsáveis por 40% do total
de óbitos em 1950, e por 10%, em 1980) começa a ser trocada por patologias mais
complexas, como as crônicas não transmissíveis e distúrbios mentais, tais como
doenças cardiovasculares, câncer e estresse (que em 1950 representavam 12% de
todos os óbitos, elevando-se para 40% em 1980). Ainda segundo o mesmo autor,
essa mudança do perfil epidemiológico ocasiona intervenções mais caras,
demandando tecnologia de alta complexidade. Além disso, requer pessoal
qualificado para formar equipes não somente multidisciplinares, mas também inter
profissionais, com vistas na abrangência da integralidade do cuidado. Toda essa
altercação vem ressaltar que é importante reorientar a organização do sistema de
saúde e do cuidado para atender a essa demanda crescente, requerendo medidas
urgentes por parte das políticas econômicas e sociais, das escolas de formação dos
profissionais de saúde em seus vários níveis e da sociedade em geral.
1.3.1 Envelhecimento e obesidade
Dentre as patologias crônicas não transmissíveis, está à obesidade, condição
a qual era considerada, em séculos passados como símbolo de abundância, saúde
e beleza, atualmente é compreendida uma doença crônica multifatorial marcada pelo
excesso de gordura corporal decorrente da hiperplasia e/ou hipertrofia dos
adipócitos (PADILHA, CRISPIM, et al., 2011). A industrialização e as mudanças nos
padrões de vida e trabalho são fatores que contribuem para transformação nos
padrões das doenças não transmissíveis. Essas transformações apresentam maior
impacto nos países em desenvolvimento. No que tange à obesidade, podemos citar
fatores específicos, tais como: ambientais (falta de tempo para praticar atividades
30
físicas, dieta hipercalórica); genéticos e de história familiar; saúde (problemas
hormonais, ansiedade, depressão) e idade (OMS, 2010).
A obesidade, excesso de tecido adiposo no organismo, tem sido considerada
um sério problema de saúde pública, atingindo tanto países desenvolvidos como os
em desenvolvimento. Considerada uma doença integrante do grupo de Doenças
Crônicas Não transmissíveis (DCNTs), as morbimortalidades relacionadas são
doenças cardiovasculares, osteomusculares, neoplásicas, as quais favorecem o
aparecimento de enfermidades, influenciando direta ou indiretamente na saúde do
indivíduo (PINHEIRO, 2006).
Nas últimas décadas, a transformação do estilo de vida, e em particular a
mutação dos padrões alimentares, determinou uma pandemia sem precedentes na
história da Humanidade, a obesidade (GUEDES e LEANDRO, 2007). A obesidade é
um fator importante para a diminuição da longevidade em média, cerca de treze
anos e aumento da mortalidade (CABRERA e JACOB, 2005). O mesmo relata a
associação com o Índice de Massa Corporal (IMC) e revela que o risco de
mortalidade e comorbilidade, associados a doenças como diabetes mellitus tipo II,
hipertensão, neoplasias, dislipidemia, doenças cardiovasculares, aumenta
proporcionalmente com o aumento desta medida. Estas comorbilidades relacionam-
se com o estado de inflamação crônica sistêmica de baixo grau observada na
obesidade, resultado do aumento das concentrações plasmáticas de proteínas de
fase aguda e de várias citocinas (BEKRI, 2006).
Hoje, a obesidade e um dos maiores problemas de saúde publica em muitos
países, tanto pelo seu impacto na perspectiva media de vida como pela piora na sua
qualidade. Já é considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma
epidemia global, com mais de um bilhão de adultos com excesso de peso, onde pelo
menos trezentos milhões deles são clinicamente obesos (OMS, 2010).
Projeções da Organização Mundial de Saúde, feitas para 2005, indicaram
prevalência de sobrepeso em aproximadamente 1,6 bilhões de adultos e de
obesidade em pelo menos 400 milhões. Calcula-se que em 2015, aproximadamente
2,3 bilhões de adultos terão sobrepeso e 700 milhões serão obesos (OMS, 2010).
No Brasil, observamos índices elevados de obesidade em populações de
baixa renda, especialmente em mulheres, em razão do seu maior número e
31
longevidade em relação aos homens. Outro aspecto relevante é que elas procuram
mais atendimento à saúde do que o sexo oposto. Esse fato se reflete na maior taxa
de mulheres em grupos etários mais velhos, correspondendo, os aproximadamente
dois terços da população acima de 75 anos, em países como Brasil e África do
(BUZZACHERA, 2008).
Dados mais recentes do instituto brasileiro de pesquisas geográficas, da
pesquisa de orçamentos familiares 2002-2003(POF), mostram que o excesso de
peso (sobrepeso e obesidade), afeta cerca de 40% da população adulta no Brasil
(IBGE, 2010).
Segundo a mesma instituição, se tratando apenas de obesidade, esses
percentuais passam para 8,9%dos homens adultos e 13,1% das mulheres adultas.
Não diferentemente, os idosos também estão expostos à obesidade. Dentre
as comorbidades que assolam os idosos, elas podem ser potencializadas pela
obesidade, haja vista que esta população já apresenta índices de enfermidades
aumentadas com a idade, mesmo nos idosos que não sofrem de obesidade (OMS,
2010).
Obesidade não é simplesmente o aumento de peso, mas sim o excesso da
gordura corporal. O processo de envelhecimento está associado ao aumento da
massa gordurosa e mudanças no seu padrão de distribuição (LI e HEBER, 2012).
Segundo o mesmo autor, ocorre aumento entre 20 a 30% na gordura corporal
total (2 a 5% por década, após os 40 anos) e modificação da sua distribuição,
tendendo à localização mais central, abdominal e visceral. Do ponto de vista de
gênero, no sexo feminino, há maior tendência de que esse aumento ocorra nos
depósitos viscerais e dos tecidos adiposos subcutâneos, nas regiões das nádegas e
coxas (aparência de “pera”) e nos homens localiza-se mais na região abdominal
(aparência de “maçã”) (TCHERNOF, 2013). Além da obesidade abdominal, o
envelhecimento associa-se a mais infiltração de tecido gorduroso no fígado e nos
músculos (gordura ectópica), que por sua vez correlacionam com resistência
insulínica e intolerância a glicose (DORNER e RIEDER, 2012). Para o mesmo autor,
obesidade e envelhecimento são caracterizados por estado inflamatório sistêmico,
de baixo grau, que leva a perda de massa corporal magra, redução da função
imunológica, declínio cognitivo, aterosclerose e resistência à insulina. A maioria das
substancias inflamatórias como TNF-α e IL-6 tem efeitos catabolicos sobre o
musculoesquelético e esta envolvida na sarcopenia, perda involuntária da massa
32
muscular esquelética com o envelhecimento, resultando na redução da capacidade
física, redução da mobilidade e fragilidade (STEPHEN e JANSSEN, 2009).
Dentre todos os fatores citados acima em relação à obesidade, podemos
afirmar que ela não pode sofrer intervenção de um único profissional de saúde, mais
sim de uma equipe multidisciplinar que venha nortear fatores genéticos, orgânicos,
culturais, alimentares, emocionais e de gasto calórico. E dentro desta equipe cabe o
profissional de Educação Física, supervisionar e prescrever o treinamento físico com
objetivo de aumentar o gasto calórico e atenuar as morbidades já existentes devidos
ao quadro de obesidade instalado.
1.3.2 Envelhecimento e pressão arterial
O indivíduo é hipertenso quando, na ausência da terapia anti-hipertensiva,
seus níveis pressóricos são mantidos cronicamente em valores iguais ou superiores
a 140 mmHg para a pressão arterial sistólica e/ou 90 mmHg para a pressão arterial
diastólica (CHOBANIAN, BAKRIS, et al., 2005). O mesmo autor relata estudos que
demonstram que no mundo um em cada cinco indivíduos com idade superior a 18
anos apresenta hipertensão arterial.
A Hipertensão Arterial é uma síndrome clínica caracterizada pela elevação da
pressão arterial a níveis iguais ou superiores a 140 mm Hg de pressão sistólica e/ ou
90 mm Hg de diastólica em pelo menos duas aferições subsequentes obtidas em
dias diferentes, ou em condições de repouso e ambiente tranquilo (BASTOS e
BORENSTEIN, 2008).
As consequências da manutenção elevada dos níveis pressóricos ao longo da
vida é o surgimento, muitas vezes de forma assintomática, de lesões em órgãos-alvo
(CHOBANIAN, BAKRIS, et al., 2005). Entre os fatores de risco para a mortalidade
cardiovascular, a hipertensão arterial chega a explicar 40% das mortes por acidente
vascular e 25% das mortes por doença arterial coronariana (OMS, 2010).
Além disso, tem sido estabelecida a relação da hipertensão arterial como um
dos principais deflagradores para o desenvolvimento da insuficiência renal e da
doença arterial periférica. Doenças crônicas, problemas genéticos, estilo de vida,
33
meio ambiente e o próprio envelhecimento atualmente são os principais problemas
de saúde do idoso, sendo necessário, a partir daí, atenção especial aos idosos, com
objetivo de aumentar o número de indivíduos saudáveis e independentes, capazes
de manter, ao máximo, as funções físicas e mentais, com atenção especial aos
portadores de alterações sistêmicas, como hipertensão, diabetes melito e alterações
hormonais (MARCHIORI, 2009).
Segundo o mesmo autor, o idoso pode ser propenso a apresentar sérios
problemas de saúde, dentre eles, a hipertensão arterial, que vem se tornando um
grave problema de saúde pública no Brasil e mundo, provocando inúmeras sequelas
ao portador, contribuindo para uma baixa qualidade de vida, o que favorece o
aparecimento de outras doenças, que por sua vez poderá levar o indivíduo a morte.
Tais achados sempre são acompanhados por lesões nos vasos sanguíneos
com consequentes alterações de órgãos alvos como cérebro, coração, rins e retina
(CHAVES, 2006).
Considerada até a três décadas por alguns autores como consequência
natural do envelhecimento, a hipertensão arterial (HA), foi motivo de controvérsias
quanto a sua importância e necessidade de tratamento, admitindo-se mesmo que
este somente estaria indicado em portadores de hipertensão arterial avançada
(BRITO, 2008). Para o mesmo autor, está muito bem estabelecido que a hipertensão
arterial é fator de risco para doenças cardiovasculares.
No Brasil, há algumas décadas, as doenças do aparelho circulatório ou
cardiovasculares são a primeira causa de morte. A hipertensão arterial representa
uma das situações clínicas que atingem o aparelho circulatório e também, é um dos
principais fatores de risco para outras doenças como as cerebrovasculares, as
vasculares, as isquêmicas do coração e a diabetes mellitus, contribuindo para elevar
os índices de morbidade e mortalidade (MARCHIORI, 2009).
Sua prevalência atinge 20% da população adulta mundial e acredita-se que o
mesmo ocorra no Brasil. A hipertensão arterial apresenta-se como uma síndrome
caracterizada pela presença de níveis de pressão arterial elevados, associados a
alterações hormonais e, no metabolismo, a fenômenos tróficos (hipertrofia cardíaca
e vascular). Quando se encontra em estágio avançado, proporciona lesões graves
em órgãos-alvo como coração, rins, retina, cérebro, que podem levar o indivíduo à
dependência física ou até a morte. Da mesma forma que em outras partes do
34
mundo, faz-se importante o seu reconhecimento como um grande problema de
saúde no Brasil (CHAVES, 2006). A Hipertensão Arterial está associada à presença
de diversos fatores de risco, como hereditariedade, sedentarismo, tabagismo,
etilismo, ingestão elevada de sal e obesidade. O sucesso no seu tratamento inclui,
além da utilização correta do medicamento, a mudança dos hábitos de vida
referentes aos fatores citados (MIRANDA, 2009).
A prática da atividade física vem mostrando grandes resultados, pois vários
estudos mostram que essa prática contribui para uma vida social mais ativa,
controlando doenças, além de promover o bem-estar físico e mental do indivíduo
praticante. Assim sendo, a atividade física pode ser vista como um instrumento
capaz de fazer com que o ser humano possa modificar seu organismo, obtendo
melhoras em seu estado de saúde. Através dela pode-se não somente reduzir os
problemas resultantes da hipertensão como também obter-se a redução dos fatores
de risco cardiovasculares, contribuindo, assim, para uma menor morbimortalidade
(LAMBERTUCCI e PITHONCURI, 2008).
A prática de uma atividade física é de suma importância para o idoso, pois
contribui para a melhoria de sua qualidade de vida. Esta prática pode proporciona
inúmeros benefícios. O exercício físico não isométrico, por exemplo, tem se
relacionado com redução da pressão arterial, independentemente dos efeitos de
aumento de sensibilidade a insulina e redução de peso.
Dentre todos os fatores citados acima em relação à hipertensão arterial e o
envelhecimento, podemos afirmar, que ela não pode sofrer intervenção de um único
profissional de saúde, mais sim de uma equipe multidisciplinar que venha nortear
fatores genéticos, orgânicos, culturais, alimentares, emocionais e de gasto calórico.
E dentro desta equipe cabe o profissional de Educação Física, supervisionar e
prescrever o treinamento físico com objetivo de reduzir a pressão arterial e
consequentemente atenuar os problemas que esta doença crônica pode
proporcionar ao idoso.
35
1.3.3 Envelhecimento e marcadores bioquímicos
Os dados epidemiológicos mostram que a morte por doenças
cardiovasculares (DCV) aumenta com o avanço da idade. Isso nos mostra a
importância do processo da aterosclerose no idoso, tornando fundamental a sua
prevenção e detecção.
Nas últimas quatro décadas, principalmente, os fatores de risco para o
desenvolvimento das doenças cardiovasculares vêm sendo mais estudado. O
envelhecimento, a (HA), a dislipidemia, o diabetes mellitus II (DM II), o fumo, o
sedentarismo e a obesidade, por exemplo, estão entre os fatores de risco capazes
de levar à disfunção endotelial e, consequentemente, à alterações vasculares com
clara agregação entre esses fatores de risco e a aterosclerose (FREITAS, 2009).
A presença de lesões ateroscleróticas está associada, entre outros, com
níveis elevados de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e lipoproteína de alta
densidade (HDL) menor que 40 mg/dl, enquanto, por outro lado, a HDL em nível
elevado tem sido reconhecida como antiaterogênico (WOOD, 2006). O mesmo
autor descreve que esse papel do HDL, apesar de ainda não estar totalmente
estabelecido, é atribuído a sua capacidade de mediação do transporte reverso do
colesterol. Outras estruturas protetoras do HDL têm sido sugeridas, como a inibição
da oxidação do LDL, redução da viscosidade sanguínea, regulação da síntese de
prostaglandinas e tromboxano e ativação da fibrinólise, ação sobre a função
endotelial e ação anti-inflamatória (MACKNESS, 2005).
Ultimamente é observado e associado a pratica insuficiente de atividade
física e as dislipidemias, predispondo então para o aparecimento de doenças
cardiovasculares (BASSUK, 2007). A prática de exercícios físicos supervisionados
vem sendo estimulada atualmente como parte integrante e terapêutica de todos os
fatores de risco da doença arterial coronariana.
O combate à dislipidemia através de exercícios físicos tem sido alvo de
inúmeros estudos e debates científicos em todo o mundo e, atualmente, está sendo
recomendado como parte integrante de seu tratamento (ANTUNES, STELLA, et al.,
2005). Em relação ao exercício aeróbio, o qual usamos também em nossa
prescrição de exercícios físicos, a maior parte dos estudos tem corroborado para
alterações benéficas nos níveis e composição química das frações e subtrações da
36
HDL colesterol e LDL colesterol, após um programa de exercícios aeróbios com
diferentes intensidades, durações e frequências, realizadas por indivíduos de
variadas faixas etárias e níveis de aptidão cardiorrespiratória.
O esclarecimento para essas alterações lipoproteicas favoráveis nos níveis
plasmáticos da HDL colesterol, LDL colesterol, com o exercício aeróbio em suas
diferentes intensidades, durações e frequências, mora na melhora do funcionamento
dos processos enzimáticos envolvidos no metabolismo lipídico, mais
especificamente, no aumento da atividade enzimática da lípase lipoproteica, que
favorece um maior catabolismo das lipoproteínas ricas em triglicerídeos, formando
menos partículas LDL aterogênicas e elevando a produção de HDL nascente, além
do acréscimo da lecitina-colesterol-acil-transferase e redução da atividade da lípase
hepática, ambas beneficiando a formação de subtrações HDL colesterol
(GRANDJEAN, 2000). O mesmo autor cita que a redução de atividade da proteína
de transferência de colesterol esterificado com o exercício aeróbio, também parece
ocorrer, aceitando uma prevenção na formação de partículas LDL pequenas e ricas
em colesterol.
1.3.4 Envelhecimento e marcadores inflamatórios
Como já descrevemos e obesidade assola também a população de idosos em
todo mundo, sendo está doença obesidade descrita na literatura como um fator de
grande importância na secreção de marcadores inflamatórios.
Além disso, o envelhecimento também tem sido associadas com alterações
na produção de citocinas pró e anti-inflamatórias (BARRA, REID, et al., 2010).
Macrófagos, assim como outros tipos de células, podem produzir citocinas pró-
inflamatórias tais como interleucina interleucia 6, interleucina 1β e fator de necrose
tumoral alfa (TNF-α). Alguns estudos sugerem que os níveis de citocinas pró-
inflamatórias no soro são aumentados com o avanço da idade, entretanto, existem
poucas evidências de que a produção de IL-6, IL-1β e TNF-α por monócitos ou
macrófagos, quando estimulados com lipopolissacarídeo (LPS), sejam alteradas
com a idade (resposta ao estímulo). Em estudo, utilizando estimulação do vírus
influenza, foi demonstrado um aumento relacionado à idade na produção de TNF-α,
uma citocina pró-inflamatória e uma diminuição concomitante na produção de IL-10,
37
uma citocina anti-inflamatória (GUPTA, 2005). Neste mesmo estudo, quando LPS
foi usado como estímulo ao invés do vírus influenza, ocorreu uma redução na
produção de IL-6 e TNF-α nos indivíduos mais velhos.
Atualmente a obesidade é considerada uma doença, com um estado
inflamatório sistêmico de baixa intensidade (subclínico), observado em adultos,
crianças, adolescentes e idosos (DORNER e RIEDER, 2012). Classicamente, a
inflamação envolve eventos relacionados com a ativação de citocinas. Dentre várias,
podemos citar o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α), as interleucinas 1, 6 e 10 (IL-
1β, IL-6 e IL-10), o antagonista do receptor da interleucina 1 (IL-1ra) e o receptor
para o TNF-α.
O fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), identificado inicialmente como uma
substância encontrada no soro de animais tratados com lipopolissacarídeo (LPS)
que desenvolviam necrose tumoral in vivo, é sintetizado, principalmente, por
fagócitos mononucleares ativados como uma proteína de membrana tipo II não
glicolisada, com extremidade amino terminal intracelular e uma grande extremidade
carboxiterminal extracelular. Acredita-se que a principal função fisiológica desta
citocina é estimular o recrutamento de neutrófilos e monócitos para locais de
infecção e ativar estas células para erradicar os micro-organismos. A ausência de
TNF-α pode levar ao fracasso em conter infecções. Dessa maneira, esta citocina é
essencial para o organismo humano (COSTA ROSA, BELMONTE e SEELAENDER,
1998).
O TNF-α é uma citocina pró-inflamatória responsável inicialmente por necrose
de tumores e indução de caquexia, se sabe que o TNF-α está associado às
condições de obesidade e resistência insulínica (DIPENTA e GREEN-JOHNSON,
2006). Apesar do TNF-α ser pouco expressado no TAB, em situações fisiológicas,
sua expressão está modificada no TAB de obeso (ABBAS, 2005). Nesse tecido, o
TNF-α é expresso por adipócitos e células do estroma vascular, incluindo os
macrófagos. Alguns estudos demonstram que seus níveis plasmáticos possuem
correlação positiva com a obesidade e a resistência insulínica (FERNANDEZ, 2006).
O mesmo autor cita que no TAB, esta citocina reprime a expressão de genes
envolvidos na captação e armazenamento de ácidos graxos livres e glicose; suprime
genes de fatores de transcrição envolvidos na lipogênese; diminui a expressão da
38
adiponectina e aumenta a da IL-6. Ele estimula também a produção de outras
citocinas, como IL-6, e proteínas de fase aguda associadas ao processo
inflamatório.
Já em baixas concentrações plasmáticas, age sobre os leucócitos e endotélio
para induzir inflamação aguda, em concentrações amenizadas, medeia os efeitos
sistêmicos da inflamação, tais como febre, produção de proteínas de fase aguda
(amiloide e fibrinogênio) e produção de leucócitos pela medula óssea (ABBAS,
2005). Em altas concentrações plasmáticas, ela pode causar anomalias patológicas
do choque séptico, tais como inibição da contratilidade cardíaca, redução da
resistência dos vasos sanguíneos, levando o desenvolvimento de trombos e,
hipoglicemia severa (FERNANDEZ, 2006).
São reconhecidos no momento dois tipos de receptores para o TNF-α,
sendo que os do tipo I são responsáveis pela transdução de sinal para as células-
alvo, e os do tipo II também chamados de TNF-R (receptores de TNF-α solúveis),
parecem ser inibidores naturais desta citocina, pois não deixam que a mesma se
atrele à outra célula. Portanto é importante o comportamento destes receptores e a
qual o receptor a TNF-α se ligará para desencadear ou não suas funções (COSTA
ROSA, BELMONTE e SEELAENDER, 1998). Assim, torna-se importante o
conhecimento dos efeitos do exercício sobre esta citocina.
A literatura cientifica hoje nos fornece informações que o exercício físico
parece atenuar os níveis basais de repouso de TNF-α. Um estudo de corte
transversal utilizando nível de atividade física auto-reportado demonstrou que
pessoas com alto nível de atividade física apresentaram níveis circulantes de TNF-α
e outros marcadores inflamatórios (tais como IL6 e proteína C reativa) menores do
que aqueles que se auto-reportaram sedentários, independentemente do gênero,
idade, tabagismo, índice de massa corporal, colesterol total, glicose sanguínea e
pressão arterial (PANAGIOTAKOS, 2005). Estes dados nos mostram que o nível de
atividade física por si só relaciona-se ao contrário com os níveis circulantes de TNF-
α. O nível de atividade física elevado reduz os níveis de mediadores da resposta
inflamatória periférica, inclusive a TNF-α, em uma taxa de 20-60% comparado com
estilo de vida sedentário (ABBAS, 2005).
39
Outra citocina que também é expressa no processo de envelhecimento e por
toda vida é a IL-1, sendo que sua principal atividade é a de ser mediadora da
inflamação (COSTA ROSA, BELMONTE e SEELAENDER, 1998). Sua ação mais
importante na inflamação se deve aos efeitos no endotélio, leucócitos e fibroblastos,
bem como a indução das reações da fase aguda. A interleucina 1 possui, dois tipos
de receptores, um responsável pela transdução de sinal intracelular e outro (IL1ra –
receptor antagonista de IL1) que inibe a transdução de sinal de IL1.
Assim como o TNFα, a IL1 é sintetizada principalmente por fagócitos
mononucleares ativados, porém ao contrário do TNF-α pode ser produzido também
por vários tipos celulares tais como neutrófilos, células epiteliais (queratinócitos) e
células endoteliais (ABBAS, 2005).
Suas funções fisiológicas são semelhantes às do TNF-α e dependem da
quantidade de citocina produzida, mostrando o efeito redundante destas citocinas.
Em baixas concentrações, atua como mediador da inflamação local,
aumentando a expressão de moléculas de superfície que medeiam à adesão de
leucócitos. Em grandes quantidades, entra na circulação sanguínea e exerce
funções sistêmicas juntamente com TNF-α, tais como febre, síntese de proteínas e
desgaste metabólico. Porém, ao contrário do TNF-α, mesmo em concentrações
muito elevadas de IL1 não se observa choque séptico ou apoptose celular (ABBAS,
2005).
Já, a interleucina 6 é produzida por fagócitos mononucleares, células do
endotélio vascular, fibroblastos e outras células em resposta a micro-organismos e
outras citocinas, especialmente IL1 e TNF-α. Sua fórmula funcional constitui de um
homodímero, com cada subunidade contendo quatro α-hélices. É uma citocina que
atua tanto no sistema imune inato quanto adaptativo, tendo como principais funções
biológicas a síntese de proteínas na fase aguda da inflamação pelos hepatócitos,
estimulação da produção de neutrófilos e crescimento de linfócitos B que se
diferenciam em produtores de anticorpos (ABBAS, 2005).
A concentração plasmática de IL6 em repouso é de aproximadamente
1pg/ml, mas pode atingir 10.000 pg/ml em resposta a infecções sistêmicas severas
(KOHUT, MCCANN e RUSSELL, 2006). Aumentos menos expressivos podem ser
40
encontrados em doenças inflamatórias e infecciosas, enquanto pequenos aumentos
crônicos nos níveis de IL6 plasmático de repouso está associado com obesidade,
baixo nível de atividade física, resistência insulínica, diabetes tipo 2, doença
cardiovascular além de servir como preditor de mortalidade (FISMAN, BENDERLY,
et al., 2006).
Como já descrevemos, recentes avanços na área de endocrinologia e
metabolismo mostram que, diferentemente do que se acreditava há alguns anos, o
adipócito não é apenas uma célula armazenadora de energia, mas sim capaz de
sintetizar e liberar diversas substâncias, sendo hoje considerado um órgão
endócrino (FRUHBECK, AMBROSI, et al., 2005). Entre as substâncias liberadas
pelo adipócito incluem-se a adiponectina, marcadores inflamatórios já descritos
neste trabalho e a leptina, sendo esta ultima, que desempenha importante papel no
controle da ingestão alimentar e no controle do peso corporal em mamíferos (AHIMA
e FLIER, 2000).
A leptina foi descoberta no final de 1994 e rapidamente ganhou grande
destaque na literatura científica internacional (ZHANG, PROENÇA e BARONE,
1994). Desde então, um grande número de pesquisas foi desenvolvida sobre o tema
para melhor compreensão de sua função, principalmente com relação à regulação
da ingestão energética e, consequentemente, o papel que este hormônio
desempenha na obesidade (LEIBEL, 2002).
Em humanos, a concentração plasmática de leptina está parcialmente
relacionada ao tamanho da massa de tecido adiposo presente no corpo, pois seus
níveis plasmáticos diferem em indivíduos com mesmo índice de massa corporal
(LEE, REED e PRICE, 2001). Além disso, mulheres geralmente apresentam níveis
maiores de leptina do que homens, e em algumas patologias, como o diabetes
mellitus do tipo II, os níveis plasmáticos de leptina apresentam-se elevados (LEIBEL,
2002).
A literatura cientifica mostra que a leptina reduz o apetite através da inibição
da liberação de neuropeptídeos relacionados ao apetite, como o neuropeptídeo Y
(NPY) e o peptídeo relacionado à proteína Agouti (AGRP), que são peptídeos
orexígenos (LEE, REED e PRICE, 2001). O mesmo autor descreve sua atuação
também através do aumento da expressão e liberação de neuropeptídeos
anorexígenos, como o hormônio estimulante de melanócito (a- MSH), o hormônio
41
liberador de corticotropina (CRH) e substâncias sintetizadas em resposta à
anfetamina e cocaína, no sistema nervoso central.
Assim, altos níveis de leptina reduzem a ingestão alimentar enquanto baixos
níveis induzem hiperfagia. Isso é comprovado em animais de laboratório obesos que
apresentam baixos níveis ou total deficiência de leptina. Por isso, esse hormônio
ficou conhecido como o “hormônio da saciedade”. Uma falha na sua produção e/ou
na sua ação sobre os receptores hipotalâmicos poderia desequilibrar positivamente
o balanço energético, gerando o quadro de obesidade (KRABBE, PEDERSEN e
BRUUNSGAARD, 2004).No entanto, estudos realizados em humanos mostram que
os níveis plasmáticos de leptina são elevados em obesos quando comparados com
seus congêneres magros (LEE, REED e PRICE, 2001).
Portanto, torna-se importante o estudo dos efeitos das diferentes modalidades
de exercício sobre o nível plasmático destes marcadores, já que a melhora desses
níveis relaciona-se com importantes parâmetros de saúde.
1.4 Treinamentos físicos como intervenção terapêutica no
envelhecimento
Os benefícios relacionados a prática de exercício físico vem sendo escrito
através dos séculos. Em aproximadamente 65ac, Marcus Tullius Cícero acreditava
que o exercício físico suportava o espírito e mantinha a vigor da mente. Mais
recentemente, em meados de 1760, John Adams, o segundo presidente dos
Estados Unidos da América, sugeriu que “o exercício era revigorante e mantinha
ativa as faculdades do corpo e da mente”. Certamente, não houve somente as
opiniões de políticos e filósofos sobre os efeitos positivos do exercício.
Na tentativa de retardar ou minimizar alguns aspectos do envelhecimento, a
comunidade científica vem considerando ser essencial a prática do exercício físico,
pois esta diminui o risco do desenvolvimento de diversas doenças crônicas
(ANTUNES, STELLA, et al., 2005). Também reduzindo a ansiedade e o eventual
quadro de depressão na população idosa (BUZZACHERA, 2008).
42
Um dos aspectos mais interessantes é a relação entre o exercício físico e a
longevidade de vida (ARI, KUTLU, et al., 2005). Este mesmo estudo mostra que as
pessoas que eram fisicamente ativas apresentaram menor risco de mortalidade para
todas as causas do que as fisicamente não ativas. Além disso, foi encontrado que o
nível de condicionamento físico em idosos é fator predito de mortalidade
independente da adiposidade abdominal ou total.
No entanto, deve-se diferenciar conceitualmente atividade física e exercício
físico. A atividade física é uma expressão genérica que pode ser definida como
qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta
em gasto energético maior do que os níveis de repouso, e o exercício físico é uma
atividade planejada, estruturada e repetitiva, que tem como objetivo final ou
intermediário aumentar ou manter a saúde/ aptidão física (MATSUDO, MATSUDO,
et al., 2006).
Assim, a prática do exercício físico é extremamente importante em virtude do
ritmo de vida que se leva atualmente, o qual cria uma elevação dos níveis de
estresse de ansiedade e do sedentarismo. Este comportamento sedentário com
hábitos de vida inadequados, somados ao envelhecimento, pode desarmonizar o
organismo e predispô-lo a quadros patológicos como doenças cardiovasculares,
hipertensão, diabetes e declínio das funções cognitivas (CABRERA e JACOB,
2005).
Outros fatores de risco como o tabagismo, os hábitos alimentares
inadequados, o estresse mental, e os problemas cognitivos, além da inatividade
física, também estão relacionados com o desenvolvimento dessas doenças crônicas
e com as suas manifestações clínicas (MELLO, FERNANDEZ e TUFK, 2000).
Apesar dos efeitos positivos do exercício físico ser inquestionáveis,
aproximadamente 60% dos norte-americanos não se exercitam regularmente
enquanto 25% não o fazem de forma alguma. Dentre os segmentos populacionais
que tradicionalmente não se engajam na prática de exercícios físicos, se incluem os
indivíduos idosos, notadamente aqueles com menor nível educacional, os fumantes
e os obesos (ACSM, 2010).
No Brasil, constatou-se uma tendência à inatividade física semelhante à
observada nos Estados Unidos. Segundo o relatório sobre os padrões de vida dos
brasileiros elaborado pelo instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE, 2010),
43
26% dos homens realizam atividade física regular e somente 12,7% das mulheres
estão envolvidas em algum programa de treinamento.
O mesmo instituto cita que quando se verifica a quantidade de pessoas que
se exercitam pelo menos trinta minutos ou mais por dia, pelo menos três dias na
semana, apenas 10,% dos homens e 5,% das mulheres o fazem.
Na população em geral da cidade de São Paulo, em um levantamento realiza
do sobre a prática de atividade física e os distúrbios do sono, notou-se que havia um
nível de atividade física um pouco maior do que o restante do território nacional, pois
31,3% dos entrevistados estavam engajados em algum tipo de atividade física,
embora somente 36,4% fossem supervisionados por um profissional qualificado
(MELLO, FERNANDEZ e TUFK, 2000).
Além disso, esse estudo revelou que o engajamento em programas de
treinamento físico era maior nas classes sociais mais altas, e que as pessoas
fisicamente ativas apresentavam um menor índice de queixas a respeito dos
distúrbios do sono. Os autores destacaram, também, a importância da
conscientização da população quanto aos benefícios da prática regular e
supervisionada de exercícios físicos, assim como a necessidade da existência de
uma mudança no estilo de vida sedentário da população da cidade de São Paulo no
sentido de se diminuírem as queixas relacionadas à saúde do indivíduo.
Em um estudo com a população do estado de São Paulo, tiveram por objetivo
investigar o nível de atividade física (NAF) nessa população, levando em
consideração o seu gênero, a sua idade e os seus níveis sócios econômicos e
intelectuais. Para levar a cabo o referido estudo, foram realizadas 2001 entrevistas
com 953 homens e 1048 mulheres entre os 14 e os 77 anos, selecionados em 29
cidades de grande, médio e pequeno porte, dentro do Estado (MATSUDO,
MATSUDO, et al., 2006).
Utilizando-se, na sua forma curta, a versão 8 do Questionário Internacional de
Atividade Física (IPAQ) para determinar o nível de atividade física, verificou-se que
45,5% dos homens, 47,3% das mulheres e 46,5% da amostra total, eram pessoas
insuficientemente ativas(sedentários e irregularmente ativos).Assim, nota-se que a
adoção de melhores hábitos de vida representaria uma economia importante para o
Estado, na medida em que se diminuiria a procura por atendimento nos postos de
saúde e nos hospitais da rede pública.
44
Assim o incentivo à prática de exercício físico regular é essencial para se
alcançar esta melhora na qualidade devida, especialmente para a população idosa.
Foi promulgada, pelo Ministério da Saúde em 1999, a Política Nacional da
Saúde do Idoso (PNSI) cujo objetivo é a promoção do envelhecimento saudável, a
manutenção e a melhoria ao máximo da capacidade funcional dos idosos, a
prevenção de doenças, a recuperação da saúde dos que adoecem e a reabilitação
daqueles que venham a ter a sua capacidade funciona restringida de modo a
garantir-lhes permanência no meio em que vivem, exercendo de forma independente
suas funções na sociedade (MS, 2005).
Grandes partes das evidências epidemiológicas sustentam um efeito positivo
de um estilo de vida ativo e/ou do envolvimento dos indivíduos em programas de
atividade física e exercício na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do
envelhecimento, os pesquisadores destacam, cada vez mais, a necessidade deque
o exercício físico supervisionado seja parte fundamental dos programas mundiais de
promoção da saúde. Não se pode pensar hoje em dia, em “prevenir” ou minimizar os
efeitos do envelhecimento sem que além das medidas gerais de saúde, inclua-se a
atividade física. Essa preocupação tem sido discutida não somente nos chamados
países desenvolvidos ou do primeiro mundo, como também nos países em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
Um ingrediente fundamental para um envelhecimento saudável é a atividade
física regular, sendo que a prescrição de exercícios para essa população deve
contemplar diferentes componentes da aptidão física, como o condicionamento
cardiorrespiratório, a força, a resistência muscular, a composição corporal e a
flexibilidade (BRITO, 2008).
Pesquisadores têm observado os efeitos da composição corporal e do nível
de atividade física na limitação funcional de idosos, encontrando que uma unidade
de ganho na relação massa magra-massa de gordura reduziu a limitação funcional
relatada por mulheres em 65,5% (ARI, KUTLU, et al., 2005). Mulheres que
participam do Projeto Longitudinal de Envelhecimento e Aptidão Física, ao se
comparar a evolução do perfil antropométrico destas mulheres ativas no período de
um ano, de acordo com a idade cronológica, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes nessas variáveis no período de um ano em nenhum
dos três grupos de idade cronológica, sugerindo que mulheres envolvidas
regularmente em AF mantêm o perfil antropométrico estável durante o processo de
45
envelhecimento independentemente da idade cronológica (MATSUDO, MATSUDO,
et al., 2006). E quando o mesmo autor verificou a evolução de nível de AF das
pessoas com mais de 50 anos, observou que a prevalência de pessoas ativas
aumentou 61% aproximadamente, enquanto a de irregularmente ativas
diminuiu60,0%.
Os efeitos salutares e terapêuticos da atividade física ocorrem devido a
alguns mecanismos conhecidos e devido a outros ainda pouco compreendidos,
entre eles estão o aumento do HDL- colesterol, redução dos triglicerídeos, redução
da pressão arterial de repouso, diminuição da senilidade adrenalina, estimulo de
fatores endoteliais de vaso dilatação, redução da agregação plaquetária, estímulo a
fibrinólise, aumento da sensibilidade das células à insulina, produção de citocinas
anti-inflamatórias, estimulo ao metabolismo dos carboidratos, estímulo hormonal
anabolizante, modulação imunológica, maior gasto calórico, tendência à elevação da
taxa metabólica basal, estimulo trófico musculoesquelético, melhora de a
estabilidade articular dinâmica e analgesia neuroendócrina (CARVALJO, MARQUES
e MOTA, 2009).
Assim como descrevemos em varias características fisiológicas que o
treinamento físico pode atuar, esse também pode induzir aumento na expressão e
na concentração plasmática dos marcadores inflamatórios antes, durante e após
uma única sessão de exercício, assim como nas adaptações crônicas a estas
atividades.
Um marcador importante, já descrito acima é o TNF-α. Em que em um estudo
de corte transversal, verificou-se utilizando nível de atividade física auto-reportados,
sendo que os resultados demonstraram que pessoas com alto nível de atividade
física apresentaram níveis circulantes de TNFα e outros marcadores inflamatórios
(tais como IL6 e proteína C reativa) menores do que aqueles que se auto-reportaram
sedentários, independentemente do gênero, idade, tabagismo, índice de massa
corporal, colesterol total, glicose sanguínea e pressão arterial (PANAGIOTAKOS,
PITSAVOS, et al., 2005). Estes dados indicam nível de atividade física por si só
relaciona-se inversamente com os níveis circulantes de TNF-α. De fato, tem sido
sugerido que o nível de atividade física elevado diminui os níveis de mediadores da
resposta inflamatória periférica, inclusive o TNF-α, em uma taxa de 20-60%
comparado com estilo de vida sedentário (BRUUNSGRAR, 2005).
46
Já para outro marcador importante, também descrito acima, a IL6, vários
estudos tem demonstrado, consistentemente, que a concentração de IL6 aumenta
em resposta ao exercício e tem papel relevante como mediador dos efeitos anti-
inflamatórios. Apesar da concentração plasmática das outras citocinas aumentarem
durante o exercício físico, a IL6 é que demonstra aumento mais drástico,
provavelmente, por este motivo, a IL6 é atualmente a citocina mais destacada em
relação aos efeitos do exercício mediados pela a mesma (FISCHER, 2006).
Na interleucina 1, o exercício físico agudo geralmente, não eleva sua
concentração. Isto pode ser parcialmente explicado pelo fato da atividade física
aumentar os níveis de IL1ra (receptor antagonista de IL1) que, por sua conformação,
consegue ligar-se a esta citocina, porém, IL1ra não faz transdução de sinal para que
IL1 atue, deixando, então, esta interleucina desativada (PETERSEN e PEDERSEN,
2005). Dessa maneira, torna-se importante o estudo dos efeitos das diferentes
modalidades de exercício sobre o nível plasmático desta citocina, já que a melhora
desses níveis relaciona-se com importantes parâmetros de saúde.
Um dos aspectos que devem ser considerada na relação atividade física,
doença e saúde em termos populacionais, é a escolha do tipo de atividade física a
ser prescrita na terceira idade. As recomendações específicas de programa de
atividade física para atender a população de adultos maiores de 60 anos de idade,
tais como as normas propostas pela Organização Mundial de Saúde, que sumariza
os critérios de realização de testes em indivíduos acima de 50 anos nos casos de
exercícios vigorosos e nos exercícios moderados, devem ser submetidos atestes de
esforço aqueles com doenças crônicas ou fatores de alto risco e aqueles
sintomáticos (OMS, 2010).
Partindo dessas considerações, o Colégio Americano de Medicina Esportiva,
recomenda o teste de esforço para todo individuo acima de 50 anos que queira
começar um programa de treinamento vigoroso, não sendo necessário a indivíduos
idosos que simplesmente queiram caminhar ou participar de um programa de
treinamento de resistência (ACSM, 2010). Nesse caso um questionário simples para
identificar os sujeitos que necessitem de avaliação médica é suficiente.
A prática regular e sistematizada de atividade física é necessária para a
promoção de saúde, no entanto devem-se levar em consideração algumas
47
recomendações. Um programa ideal de exercícios físicos deve ser realizado com
uma frequência semanal de 5-7 dias, com a duração das sessões variando entre 30
a 90 minutos de forma continua ou não, a intensidade da fase aeróbica pode ser
determinada, pelo percentual do consumo máximo de oxigênio ou da frequência
cardíaca máxima (VO2max e FCmax), previamente estabelecida em teste de esforço
ou estimada por fórmulas, utilizando como parâmetro moderado 40 a 75% do
VO2max e ou 55 a 85% da FCmax.
Pra a mesma diretriz citada acima, o treinamento de resistência ou endurance
também pode ajudar a manter e melhorar vários aspectos da função cardiovascular,
o estado de saúde e contribuir para o incremento na expectativa de vida; alem disso,
parece reduzir pressão arterial da mesma maneira no idoso hipertenso como no
adulto jovem hipertenso. Os tipos de exercícios aeróbicos rítmicos que utilizam os
grandes grupamentos musculares e que são parte integral do inicio dos anos de vida
de muitos adultos são: caminhar, correr, nadar e pedalar na bicicleta.
É observado que a prática dos exercícios e de seus efeitos independentes da
modalidade, com acompanhamento cuidadoso dos treinamentos, apoio de exames
clínicos, conhecimento de algumas melhoras alcançadas e possíveis e desejados
efeitos dos exercícios, influência na manutenção da pratica do exercício, sendo que
a manutenção desta pratica produz melhora ou preservação dos ganhos obtidos
com treinamento nos sistemas orgânicos dos idosos, sendo que o envelhecimento
leva a perda gradativa das funções e sua mera manutenção é um ganho importante
a ser considerado (CARMONA, 2006).
Vários estudos mostram que o treinamento físico tem efeitos significativos
sobre a massa muscular e sobre a força desenvolvida pelos músculos (DIK, DEEG,
et al., 2012). No indivíduo idoso está claro que a potência e não a força muscular é o
fator determinante para a melhora da independência e da qualidade de vida
(HARRIS, 2004).
1.4.1 Intervenção do treinamento aeróbio no envelhecimento
Embora o envelhecimento ocasione diversas alterações no sistema
cardiovascular, existe uma diferença bem documentada entre o envelhecimento de
um sedentário e de um idoso que pratica exercício aeróbio (ANTUNES, STELLA, et
al., 2005). O mesmo autor cita que entre os idosos saudáveis, o treinamento aeróbio
48
pode melhorar as propriedades sistólicas e diastólicas do coração e aumentar o
VO2max no mesmo grau relativo que ocorre em adultos mais jovens. Com 9 a 12
meses de treinamento aeróbio, o VO2max aumentou 19% em homens e 22% nas
mulheres.
Estes valores estão localizados na extremidade alta do que é observado para
adultos jovens. Entretanto, as diferenças sexuais eram evidentes em vários aspectos
da resposta ao treinamento. Para os homens, a maior capacidade aeróbia, estava
associada com um volume de ejeção máxima 15% maior (e um aumento
correspondente para o débito cardíaco) e uma diferença na % do Vo2màx maior.
Para as mulheres, todo o aumento VO2max era razão, exclusivamente, de uma
expansão na diferença de VO2max.
Isso indica que, para as mulheres mais idosas, o aumento da capacidade
aeróbia conseguido com o treinamento depende de adaptações periféricas no
músculo treinado (BATISTA, SANTOS, et al., 2007). Este mesmo autor escreve que
são necessárias mais pesquisas para determinar se essa ausência de adaptação
circulatória central ao treinamento aeróbio nas mulheres pós-menopausa constitui
um achado importante e se é devido a essas diferenças hormonais na menopausa.
Existe uma gama de estudos que mostram resultados positivos de melhora
cardiovascular de idosos submetidos a treinamento aeróbio (CUNNINGHAM,
PATERSON, et al., 1997). Reportaram em 100 idosos, ‘que um ano de treinamento
aeróbio com intensidade moderado foi suficiente para melhorar em 11% o VO2max,
sendo que em alta intensidade, entre 24 e 48 semanas encontrou-se aumento entre
20 e 30% do VO2max (ACSM, 2010).
Diante da literatura cientifica citada aqui,e das possíveis mudanças positivas
que ele pode proporcionar nos parâmetros cardiovasculares do idosos, o exercício
aeróbio pode ser de extrema importância para uso em um programa de treinamento
físico para idosos que visa diminuir as comorbidades que afetam esta faixa
etária.Sendo assim pretendemos verificar se um programa de treinamento
combinado é capaz de modificar parâmetros aeróbios em idosos obesos.
1.4.2 Intervenção do treinamento resistido no envelhecimento
A redução na massa magra e na força dos músculos estriados esqueléticos
que ocorrem com o envelhecimento representa o resultado combinado de processos
49
neuromotores progressivos e de uma queda no nível diário de sobrecarga muscular
(ACSM, 2010). Em homens e mulheres mais velhos, o treinamento com exercício
resistido, facilita a síntese e a retenção de proteínas e diminui a perda natural e até
certo ponto inevitável de massa muscular que ocorre com o envelhecimento
(ANTUNES, STELLA, et al., 2005).
O Colégio Americano de Medicina do Esporte relata que o treinamento
resistido está entre os mais recomendados para a população idosa de ambos os
gêneros, tema que tem sido bastante discutido na comunidade científica, em virtude
dos benefícios que este treinamento traz para a saúde em diversos aspectos
(ACSM, 2010).
Submeteram a um treinamento resistido com intensidade moderada, durante
24 meses, 55 voluntários idosos distribuídos por dois grupos (controle e exercício)
(BRANDON, BOYETTE, et al., 2006). Eles constataram um incremento significativo
da massa muscular e da força dos membros inferiores no grupo exercício resistido,
quando comparado ao controle. Esses achados claramente indicam uma
sensacional plasticidade nas características fisiológicas, estruturais e de
desempenho entre os idosos e que podem ser conseguidos aprimoramentos
acentuados com um treinamento vigoroso até mesmo acima da nona década de
vida. O aprimoramento na força muscular e na aptidão global conseguido por
intermédio do exercício regular pode constituir também a melhor maneira de reduzir
a incidência de lesões ortopédicas em homens e mulheres mais velhos (BRANDON,
BOYETTE, et al., 2006). Neste aspecto alguns estudos demonstram que pessoas
idosas não praticantes de exercícios físicos, tendem a sofrer acidentes por quedas.
Em relação a idosos praticantes de algum exercício físico, como exercícios de
resistência de força, estes tendem a se rejuvenescer (CLEMSON, 2012).
Estudos recentes apresentam resultados que indicam que o treinamento
resistido esta relacionado à atenuação das alterações orgânicas que resultam no
processo de envelhecimento (ALBINO, FREITAS, et al., 2012). Relevante também é o
papel da flexibilidade na vida do idoso (BAPTISTA e VAZ, 2009). Quando idosos
destreinados ou em estado de sedentarismo ou simplesmente pelo fato de estar em idade
avançada, o idoso reduz o seu poder de absorção de proteoglicanos (proteínas de rápido
metabolismo), que por sua vez acabam atrapalhando o processo de hidratação de a
cartilagem articular, consequentemente prejudicando a flexibilidade do indivíduo (KIMURA,
2010).
50
Características estas citadas, passiveis de serem amenizadas dentro de um
programa de treinamento resistido com exercícios de amplitudes máximas,
proporcionando uma melhor flexibilidade, ressaltando que cada articulação tem a
sua capacidade de flexibilidade, assim, não podendo comparar uma parte do corpo
com outra (RIBEIRO, DOMINGUES e SILVA, 2008). Dentre os fatores de mudanças,
destacam-se as melhorias que ocorrem na agilidade e no equilíbrio do idoso que
pratica exercícios de resistência de força, sendo que estas melhorias são
transportadas para outros momentos da vida, pois, com as adaptações provenientes
do treinamento resistido, o idoso passa a ter uma melhora nas suas capacidades de
locomoção, orientação e principalmente controle corporal, reduzindo a possibilidade
de acidentes domésticos, comuns nessa idade (MORRIS, 2012). O mesmo autor
relata que o exercício resistido pode promover um aumento na capacidade dos
músculos para gerar energia, tornando o idoso mais disposto.
Outro fator importante que indica benefício do treino de resistência de força é
a proteção da vida dos idosos com diabetes do tipo II, sendo que nessa etapa da
vida ocorrem vários distúrbios no metabolismo, principalmente deficiências na
produção de insulina (CLEMSON, 2012). O mesmo autor descreve atividade física
sendo uma movimentação da musculatura para despesas energéticas e o exercício
físico como uma atividade planejada e direcionada a fim de alcançar um objetivo.
Desta forma, quanto maior a fidelização em um programa de treinamento com
prescrições adequadas, maior será a redução da atividade glicêmica e maximização
das adaptações positivas esperadas (KIMURA, 2010). O mesmo autor cita que o
envelhecimento das células parece diminuir a proliferação e aumento da
sensibilidade a apoptose, que é induzida pela hiperglicemia, ou seja, quanto mais
ativo o idoso for, maior será a captação e consumo de glicose e em decorrência uma
melhoria na atividade da insulina no corpo do indivíduo.
Diante da literatura cientifica citada aqui, e das possíveis mudanças positivas
que o treinamento resistido pode proporcionar, ele pode ser de extrema importância
para uso em um programa de treinamento físico para idosos que visa diminuir as
comorbidades que afetam esta faixa etária.
51
1.4.3 Intervenção do treinamento combinado no envelhecimento
Denominam-se treinamento combinado os programas de treinamento que
combinam força e resistência aeróbica na mesma sessão de treino (AOKI, JUNIOR,
et al., 2003). Treinamento de força e resistência pode ser realizado em uma mesma
sessão para melhorar o desempenho em esportes, assim como para reabilitação de
lesões e doenças cardiovasculares (CHTARA, 2005). Muitos esportistas realizam
simultaneamente exercícios de força e aeróbio para evoluir no desempenho. Este
programa de treinamento que combina exercícios de força e aeróbio de baixa e
moderada intensidade é denominado de treinamento combinado (GOMES e AOKI,
2005).
O treinamento de força e treinamento aeróbio podem ser realizados em uma
mesma sessão de treinamento para melhorar o desempenho em esportes e em
reabilitação de lesões, mas também nas doenças cardiovasculares. Alguns estudos
mostram que a natureza e a modalidade do treinamento de força ou aeróbio, a
idade, sexo, e a aptidão física dos participantes, o volume e frequência, a
intensidade e a ordem dos tipos de treinamento podem influenciar nas adaptações
decorrentes do treinamento, como por exemplo, se o treinamento aeróbio apresentar
intensidade alta a ponto de depletar glicogênio muscular, o treino de força será
prejudicado (LEVERITT, ABERNETHY, et al., 2003). Ainda, segundo o mesmo
autor, a razão para que seja realizado este tipo de treinamento é que os benefícios
do treino de força e do treino aeróbio podem ser adquiridos simultaneamente.
Como já descrito acima, exercícios físicos aplicados na população idosa
propicia melhoras similares às observadas em adultos, aperfeiçoando e mantendo a
independência. No entanto, apesar dos bem descritos efeitos do treinamento
combinado, notadamente na proposta de otimizar os efeitos de ambos os tipos de
treinamento, da resistência aeróbio e resistido, pouco nenhum estudo, até onde
sabemos, avaliou este tipo de treinamento em tal população. Desta forma, propomo-
nos a estudar o efeito treinamento combinado, tanto nas variáveis de força, variáveis
hemodinâmicas, bioquímicas, inflamatórias e de capacidade funcional em idosos
fisicamente ativos.
52
2.0 JUSTIFICATIVA
Atualmente é crescente a população de idosos em nosso país, tornando-se
um grande desafio para os órgãos competentes o cuidado com qualidade para esta
população. Junto com este crescimento, está população vem sofrendo também com
as doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, hipertensão, diabetes,
dislipidemia e da diminuição da capacidade funcional.
Neste contexto que pode levar esta população para um estado de
sedentarismo, e consequentemente contribuir ainda mais para o desenvolvimento de
doenças que assolam esta população, junto com as comodidades já citadas que
normalmente os atinge, o treinamento físico supervisionado pode ser de grande valia
para a promoção da saúde desta população tão especial.
Hoje na literatura cientifica ha evidencias demonstrando que o treinamento
físico pode ser administrado como terapia não farmacológica para o tratamento e/ou
prevenção primária e secundária destas comodidades, atuando tanto na restauração
como na evolução das capacidades funcionais do idoso (ACSM, 2010). Além disso,
seu efeito esta também relacionada à manutenção da saúde e bem estar do idoso.
Contudo, considerando o efeito benéfico do treinamento físico descritos
acima, o presente projeto propôs estudar a relação do treinamento físico combinado
no processo de envelhecimento em uma população de idosos com sobre peso e a
relação deste programa com as variáveis de capacidade funcional, variáveis
hemodinâmicas, inflamatórias e com as alterações bioquímicas durante este período
de prescrição de exercícios físicos. Além disso, há pouca publicação na literatura
cientifica relacionando o treinamento combinado com a classe de idosos, e se o
mesmo pode proporcionar tanto os benefícios cardiovasculares, que é bem descrito
na literatura em relação ao exercício aeróbio, como os benefícios do treinamento de
força, como aumento da capacidade funcional e aumento da massa magra.
53
3.0 OBJETIVOS
3.1 Geral
Avaliar o efeito de 16 semanas de um programa de exercícios físicos
combinado entre exercícios resistidos com pesos livres e exercícios aeróbios
(treinamento combinado), em indivíduos idosos acima de 60 anos nas variáveis de
capacidade funcional, fisiológicas e de marcadores inflamatórios.
3.2 Específicos
- Avaliar as variáveis bioquímicas antes, durante e depois de 16 semanas de
treinamento físico (Colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos e glicemia).
- Avaliar a composição corporal antes, durante e depois de 16 semanas de
treinamento físico (MCT, IMC, MG, MM).
- Quantificar as mudanças de capacidade funcional (Resistência aeróbia, Força
muscular de membros inferiores e superiores) antes, durante e depois de 16
semanas de treinamento físico combinado.
- Avaliar os marcadores inflamatórios antes, durante e depois de 16 semanas de
treinamento físico concorrente (IL-1β, IL6, IL8, Leptina e TNF-α).
54
4.0 MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado com 26 idosos que frequentam o Centro de Referencia
de Idoso da Prefeitura Municipal de Poá. Antes do inicio do programa de
treinamento, idosos ficaram por 60 dias, sem o exercício físico supervisionado,
obedecendo ao período de férias do centro de referência de idosos. Sendo este um
período de interrupção planejado. Durante o período de recrutamento, cabe destacar
que, inicialmente, foram recrutados 40 idosos e após o inicio do treinamento, por
questões particulares, 14 voluntários desistiram do trabalho.
Foram critérios de exclusão, lesões osteoarticulares que impossibilitaram a
execução da avaliação de capacidade funcional durante a avaliação físicos e idosos
que estavam inaptos para atividade física segundo ordem médica. Antes do início do
estudo, os participantes ficaram informados sobre os objetivos do estudo, leram e
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, conforme resolução 196 do
Ministério da Saúde.
4.1 Avaliações físicas
Os participantes foram submetidos à avaliação física antes do inicio do
programa de exercícios físicos, na oitava semana e logo após sua conclusão, que foi
de dezesseis semanas. Foi parte da avaliação física a verificação do peso, estatura,
IMC, circunferências, relação cintura/quadril, composição corporal (MM e MG),
frequência cardíaca de repouso, pressão arterial de repouso, pressão arterial média
indireta (PAM= PAS+ [PAD X 2]) e o duplo produto indireto ( DP= FC x PAS). Sendo
estes dois últimos verificados conforme as descrições fisiológicas para o
procedimento (MCARDLLE e KATCH, 2007).
Também aplicou-se anamnese para avaliar o estado de saúde dos
participantes e seus hábitos de vida.
55
Foi usado para coleta de dados um software de avaliação física physycal test
6.3, um esfigmomanômetro da marca Sany, trena antropométrica 2 m - Vondere
balança digital com medidor de altura Welmy W200.
Para a verificação da massa gorda e massa magra foi usado o protocolo de
McArdle para três circunferências, sendo abdômen, coxa e panturrilha para
mulheres e Abdômen, antebraço e quadril para homens (MCARDLLE e KATCH,
2007).
4.2 Avaliações das capacidades funcionais
Para a avaliação da capacidade funcional dos idosos participantes foram
utilizados três testes do protocolo dos Testes de Aptidão Física Funcional da bateria
de Testes de (RIKLI e JONES, 1999).
4.2.1 Teste de sentar e levantar
O primeiro utilizado foi o levantar e Sentar na Cadeira, que apresenta como
objetivo avaliar a força e resistência dos membros inferiores (número de execuções
em 30’’ sem a utilização dos membros superiores). Foi utilizado para sua execução
cronometro cadeira com encosto (sem braços), com altura do assento
aproximadamente 43 cm. Por razões de segurança, a cadeira foi colocada contra
uma parede durante o teste. Ao sinal de “partida” o participante eleva-se até à
extensão máxima (posição vertical) e regressa à posição inicial sentado. O
participante é encorajado a completar o máximo de repetições num intervalo de
tempo de 30’’, e enquanto controla o desempenho do participante para assegura o
maior rigor, o avaliador contou as elevações corretas.
56
4.2.2 Teste flexão de cotovelo
O segundo teste, que foi o de flexão do cotovelo que apresentou como
objetivo avaliar a força e resistência do membro superior (número de execuções em
30’’). Foi utilizado cronometro cadeira com encosto (sem braços) e halteres de mão
(2,27 Kg para mulheres e 3,36 Kg para homens), como descreve o protocolo original
do teste. Devido à ausência do halter com o peso recomendado pelo protocolo
utilizou-se um peso aproximado de 3,00 kg para as mulheres e de 4,00 para os
homens.
O participante foi encorajado a realizar o maior número possível de flexões
num tempo limite de 30’’, mas sempre com movimentos controlados tanto na fase de
flexão como de extensão. O avaliador acompanhou as execuções de forma a
assegurar que o peso foi transportado em toda a amplitude do movimento – da
extensão total à flexão total.
4.2.3 Teste de marcha estacionaria
O terceiro e ultimo teste aplicado foi o teste da marcha estacionária de 2
minutos, é atualmente utilizado para medir indiretamente a potência aeróbia ou
resistência aeróbia na terceira idade. Ao sinal o voluntario que participou do trabalho
marchou sem deslocamento por dois minutos, tentando atingir com sua perna
predominante a altura de um obstáculo que foi determinado pelo tamanho do fêmur
do individuo que está realizando o teste. Foi contabilizado o numero de repetições
corretas pelo período pré- estabelecido.
57
4.3 Avaliações das variáveis bioquímicas
As dosagens dos marcadores bioquímicos foram realizadas mediante a coleta
de amostra de 10 ml de sangue na prega do cotovelo, após período de 10-12 horas
em jejum entre 07h00min e 08h00min da manhã. O soro foi separado por
centrifugação e enviado para analise no Laboratório Sancet Analises Clinicas
situado na Av. Voluntário Fernando Pinheiro Franco n.º: 1020. Centros Mogi das
Cruzes, sendo assim, determinaram os teores de glicemia, colesterol total,
lipoproteína de baixa intensidade (LDL), lipoproteína de alta intensidade (HDL),
triglicerídeos e glicemia. Para tanto o mesmo utilizou técnicas enzimáticas
colorimétricas através do método reativo precipitante para HDL, enzimática
espectrofotométrica colesterol oxidase-peraxidase para CT, e enzimática
espectrofotométrica glicerol fostato/peraxidase para TG, utilizando um aparelho
Selectra da Vitalab.
4.4 Avaliações dos marcadores inflamatórios
Dos marcadores inflamatórios, foram analisados a interleucina 1 (IL1-1β),
interleucina 6 (IL-6), interleucina 8 (IL-8), Leptina e fator de necrose tumoral alfa
(TNF-α), sendo estes analisados pelo mesmo laboratório citado acima. As amostras
foram centrifugadas e armazenadas em -70ºC e posteriormente dosadas pelo
método ELISA, seguindo as especificações correspondentes ao Kit (BD OptEIA TM
obtido da Pharmingen).
4.5 Protocolos de treinamento combinado
As sessões de treinamento foram compostas por; 1-alongamentos 2-
aquecimento, 3-treinamento de resistência muscular, 4- treinamento aeróbio e 5-
volta à calma. O treinamento aconteceu às segundas feiras, quartas feiras e sextas
58
feiras, tendo seu horário de inicio as 13h00min e seu termino às 14h30min. O
treinamento de força foi realizado com intensidade modulada e monitorada com
acesso a percepção subjetiva de esforço através do componente neurológico da
força, adotando assim a escala de OMNI-RES (anexo 1), previamente validada
(LAGALLY, ROBERTSON e ROBERT, 2006). Além de avaliar a percepção referida
de esforço específica para exercícios resistidos, esse instrumento se propõe a
indicar qual a abordagem do treinamento com exercícios resistidos (predominância
para desenvolvimento da RML hipertrofia ou força máxima). Sendo que os idosos
participantes apontaram o numero 4 ou 5, sendo este um indicativo de
razoavelmente fácil (treinamento de endurance).
As sessões de treinamento iniciaram sempre com o treinamento resistido,
fazendo parte do mesmo, oito exercícios com pesos livres, alternados por
seguimento muscular, sendo estes, supino com Halteres, agachamento com próprio
peso corpóreo, remada baixa com elástico, fortalecimento de ísquiostibias com
caneleira, elevação de quadril em decúbito dorsal, elevação frontal com elástico,
fortalecimento de gastrocnêmico com halteres e abdominal reto em decúbito dorsal.
O treinamento resistido seguiu a prescrição e recomendação do Colégio
America de Medicina do Esporte (ACSM, 2010). Assim, a sessão de treino foi
composta por oito a dez exercícios resistidos, de 8 a 12 repetições de cada
exercício, com intervalo entre as séries de 40 segundos, intervalo entre os exercícios
de 1 minuto, duas a três vezes por semana e de intensidade moderado, sendo
modulado escala de OMNI-RES, já mencionada acima. Foram 30 minutos de
treinamento aeróbio, sendo este uma caminhada monitorada, com intensidade
controlada por escala subjetiva de esforço de Borg (anexo 2), entre números 12 e
13, que correspondem aproximadamente 60% da frequência cardíaca máxima.
Sendo que na escalo os números vão de 6-20 e são baseados na Frequência
Cardíaca de 60-200 batimentos por minuto. Lembrando que a prescrição foi
supervisionada por um Educador Físico e seguiu também como o treinamento de
força, a prescrição e recomendação do Colégio America de Medicina do Esporte
(ACSM, 2010).
O presente trabalho apresenta algumas limitações, como a aplicação de
protocolos indiretos de composição corporal, avaliação da capacidade aeróbia e
59
avaliação de força dos idosos participantes. A aplicação de protocolos indiretos teve
o intuito de adequar à mensuração dos resultados a realidade do centro que
realizamos a coleta, realidade esta da maioria dos centros de convivência de idosos
que usam o exercício físico como fator de integração e socialização desta população
citada.
4.6 Analise estatística
As analises estatísticas dos dados foram realizados através do software
Graphpad Prism 5.03. A média ± erro padrão da média foram calculados para todas
variáveis estudadas. Nosso grupo representa uma amostra não paramétrica, sendo
que para o grupo experimental, usamos este mesmo grupo no inicio do treinamento,
na oitava semana e no final da décima sexta semana de treinamento. Assim,
utilizou-se o teste Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós
test comparando todos os pares de coluna, p<0,01.
5.0 RESULTADOS
Os resultados apresentados no trabalho são oriundos de análise quantitativa
e qualitativa dos dados. Em cada tabela e figura encontram-se os fatores
observados de cada parâmetro analisado e os resultados de sua avaliação
estatística. A Tabela 1 nos mostra um grupo de grande maioria do sexo feminino em
relação ao sexo masculino, apresentando também média de IMC (kg/m²) de 33,22,
caracterizando assim, indivíduos idosos com obesidade (ACSM, 2010). Já na Tabela
2, nos mostra um grupo com caracteristica de pressão aterial de classificação
limitrofe (OMS, 2010). Neste aspecto, cabe destacar que todos os participantes
estavam medicados (tabela 5).
60
Na Tabela 3 apresentamos as caracteristicas gerais dos individuos que
participaram da pesquisa, apresentando valores de glicemia, colesterol total,
lipoproteina de alta densidade (HDL), lipoproteina de baixa densidade (LDL) e
triglicerideos (OMS, 2010). Como descrito na pressão arterial, todos os participantes
que segundo prescrição médica, necessitam de medicamento para o controle destes
marcadores, estavam medicados no momento da coleta.
Na Tabela 4 apresentamos as caracteristicas gerais dos individuos que
participaram da pesquisa, apresentando valores de marcadores inflamatório obtidos
na primeira coleta do trabalho.
61
Tabela 1: Características da composição corporal dos indivíduos que participaram da pesquisa.
Os dados estão apresentados como média (Min/Max) e valores de referências para sexo masculino, sexo feminino, idades, peso, altura, índice de massa corporal (IMC) e relação cintura/ quadril (RCQ). Valores de referências conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010).
Tabela 2: Características da pressão arterial dos indivíduos que participaram da pesquisa.
Os dados estão apresentados como média (Min/Max) e valores de referências para pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD). Valores de referências conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010).
Caracteristicas Valores (Mín/Max)
Sexo masculino 3 ____________________ ________________________
Sexo feminino 23 ____________________ ________________________
Idade (anos) 64,88 (60/76) ________________________
Peso (kg) 78,36 (63/100) ________________________
Altura (cm) 1,56 (1.46/1.70) ________________________
IMC (kg/m²) 33,22 (26.03/43.85) Sexo feminino: Primeiro grau de obesidade
Entre 32,1 e 37,0
Sexo masculino: Primeiro grau de obesidade
Entre 30,1 e 35,0
RCQ (cm) 0,96 (0.79/1.24)
Classificação de risco
para mulheres de 60
a 69 anos
< 0,76: baixo
0,76 a 0,83: moderado
0,84 a 0,90: alto
> 0,90: muito alto
Classificação de risco
para homens de 60 a
69 anos
< 0,91: baixo
0,91 a 0,98: moderado
0,99 a 1,03: alto
> 1,03: muito alto
Valores de referência
Composição corporal
Caracteristicas Valores (Mín/Max)
PAS (mmHg) 131,54 (100.00/170.00) Normal < 130 mmHg
Normal - Limítrofe 130 a 139 mmHg
Hipertensão leve 140 a 159 mmHg
PAD (mmHg) 81,15 (60..00/100.00) Normal <85 mmHg
Normal - Limítrofe 85 a 89 mmHg
Hipertensão leve 90 a 99 mmHg
Pressão arterial
Valores de referência
62
Tabela 3: Características dos marcadores bioquímicos dos indivíduos que participaram da pesquisa.
Os dados estão apresentados como média (Min/Max) e valores de referências para glicemia, colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos. Valores de referências conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010). Tabela 4: Características dos marcadores inflamatórios dos indivíduos que participaram da pesquisa.
Os dados estão apresentados como média (Min/Max) e valores de referências para interleucina 1β (IL1-β), interleucina 6 (IL6), interleucina 8 (IL8), leptina e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α).
Caracteristicas Valores (Mín/Max)
Glicemia (mg/dl) 101,19 (55/164) Normal Até 100 mg/dl
Elevado 100-139 mg/dl
Diabetes Maior de 140 mg/dl
Colesterol t (mg/dl) 177,11 (123/224) Desejável Até 200 mg/dl
Limiar 201-239 mg/dl
Elevado Maior de 240 mg/dl
HDL (mg/dl) 43,69 (30/60) Desejável
Homen: 55 mg/dl
Mulher: 65 mg/dl
Limítrofe
Homen: 35-54 mg/dl
Mulher: 45-64 mg/dl
Elevado
Homen: <35 mg/dl
Mulher: <35 mg/dl
LDL (mg/dl) 103,58 (58/138) Desejável < 130 mg/dl
Limítrofe 130 a 159 mg/dl
Elevado >160 mg/dl
Normal < 250 mg/dl
Triglicerideos (mg/dl) 150,69 (77/290) Limítrofe 250-500 mg/dl
Hipertrigliceridemia > 500 mg/dl
Marcadores bioquimicos
Valores de referência
Caracteristicas Valores (Mín/Max)
IL1-1β(pg/ml) 1,5386 (0,30/4,34) ________________________
IL6 (pg/ml) 5,4 (1,65/12,58) ________________________
IL8 (pg/ml) 3,47 (0,91/6,47) ________________________
Leptina (pg/ml) 39210,56 (7017,87/135620,86) ________________________
TNFα (pg/ml) 7,93 (3/41,96) ________________________
Marcadores inflamatórios
Valores de referência
63
Já na Tabela 5 apresentamos as características gerais das doenças dos
participantes do trabalho, com a hipertensão aparecendo na sua totalidade de
participantes (100%), seguido da diabetes tipo II (17%), artrose (21,40%), artrite
(14,20%), hérnia de disco (10,70%), reumatismo (4%), doenças cardiovasculares
(57,14%), níveis elevados de colesterol (46,40%), níveis elevados de triglicerídeos
(30%), hipotireoidismo (10%) e dislipidemia (76,40%).
Tabela 5. Características gerais das doenças dos indivíduos que participaram da pesquisa.
Os dados estão apresentados como percentual (%) para hipertensão arterial, diabetes tipo II, artrose, artrite, hérnia de disco, reumatismo, doenças cardiovasculares, níveis elevados de colesterol, níveis elevados de triglicerídeos, hipotireoidismo e dislipidemia.
Caracteristicas Doenças em percentual Medicamentos em uso
Hipertensão 100% Inibidor de ECA e diuréticos
Diabetes tipo II 17% Metformina
Artrose 21,40% Glucosamina e condroitina
Artrite 14,20% Abatacepte, certolizumabe pegol, golimumabe
Hernia de Disco 10,70% Anti-inflamatórios e Analgésicos
Reumatismo 4% Beserol
Doenças Cardiovasculares (DCV) 57, 14 % Crestor,alargam, Ácido acetilsalicílico
Niveis elevados de Colesterol total 46,40% Sinvastatina
Niveis elevados de triglicerideos totais 30% Gemfibrozil ou Fenofibrato
Hipotireoidismo 10% Puran t4
Dislipdemia 76,40% Gemfibrozil ou Fenofibrato e Puran T4
64
5.1 Variáveis das capacidades funcionais
Avaliamos as variáveis de capacidade funcional dos indivíduos que
participaram do trabalho pelo teste estacionaria de marcha por 2 minutos sendo este
um teste indireto para variáveis metabólicas e aeróbias e pelos testes de força
muscular para membros superiores e inferiores, sendo estes, testes indiretos para as
variáveis das capacidades funcionais em idosos (RIKLI e JONES, 1999).
O teste de marcha estacionária apresentou valores de referências como
descrito no anexo 3. De acordo com os padrões de referência, nossa amostra
apresentava no inicio do treinamento valores em média de 82,76 repetições, valor
este, menor que os valores de média para a média de idade do nosso grupo que é
de 64,88. Após o período de treinamento, houve melhora no desempenho no teste
estacionário de marcha na semana 8 (10,83%, p< 0,05) e semana 16 (27,56,
p<0,05) em comparação com os valores obtidos antes do inicio do treinamento,
ocorrendo melhora também na semana 8 (15,08%, p< 0,05) comparada com a
semana 16 de treinamento (Figura 1). No final da 16ª semana, a média do grupo
após as 16 semanas de treinamento para 105,57 repetições, sendo este dado maior
que o valor padrão de repetições para a média de idade do grupo.
65
Teste de Marcha Estacionaria
Figura 1: Comportamento do teste estacionário de marcha durante as 16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=26) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0,S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * p<0,05 em relação o inicio do treinamento (semana 0) e # p<0,05 em relação à 8ª semana de treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
* #
*
66
O teste de força de membro superior apresenta também valores de
referências como visualizado no anexo 4. De acordo com os padrões de referência,
nossa amostra apresentava no inicio do treinamento valores em média de 20,84
repetições, valor este, já maior que os valores de média para a média de idade do
nosso grupo que é de 16,1 para mulheres e 19 para homens. Na avaliação da
capacidade de força muscular, os resultados do teste de força de membro superior
apresentaram aumento na 8ª semana (30,47%, p< 0,05) e na 16ª semana (32,67%,
p<0,05), quando comparados como os valores obtidos antes do inicio do treinamento
(Figura 2).
Teste de Força de Membros Superiores
Figura 2: Comportamento do teste de força muscular superior durante as 16
semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0,S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
* *
67
O teste de força de membro inferior apresenta valores de referências como
visualizado em anexos (anexo 5). De acordo com os padrões de referência, nossa
amostra apresentava no inicio do treinamento valores em média de 11,26
repetições, valor este, menor que os valores de média para a média de idade do
nosso grupo que é de 14,5 para mulheres e 16,4 para homens. Na avaliação da
capacidade de força muscular, os resultados do teste de força de membro inferior
apresentaram aumento na 8ª semana (43,73%, p< 0,05) e na 16ª semana (65,24%,
p<0,05), quando comparados como os valores obtidos antes do inicio do treinamento
(Figura 3). Desta forma, no final da 16ª semana, a média do grupo após 16
semanas para 18,6 repetições, sendo este dado muito próximo do valor padrão de
repetições para a média de idade do grupo.
Teste de Força de Membros Inferiores
Figura 3: Comportamento do teste de força muscular inferior durante as 16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0,S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
*
*
68
5.2 Variáveis de composição corporal
Avaliamos a composição corporal durante o período de treinamento
verificando a massa corporal total, massa muscular, massa gorda, IMC e relação
cintura / quadril.
Após o período de treinamento ocorreu discreta alteração na massa corporal
total na 16ª semana (-1,42%, p<0,05) em relação à semana 0. E na semana 16 (-
1,01%, p<0,05) quando comparado com a semana 8 (Figura4).
Massa Corporal
Figura 4: Comportamento da massa corporal total durante as 16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0,S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento e # para p<0,05 em relação à 8ª semana de treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
# *
69
Durante o período de treinamento foi avaliado a massa gorda (MG), que
apresentou redução na 8ª semana (3,41%, p < 0,05) e na 16ª semana (9,72%, p <
0,05) em relação ao inicio do programa de treinamento (Figura 5).
Massa Gorda
Figura 5: Comportamento da massa gorda durante as 16 semanas de treinamento
combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0,S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
* *
70
Já na massa magra (MM), ocorreu aumento na 8ª semana (2,86%, p < 0,05) e
na 16ª semana (5,01%, p < 0,05), em comparação com o inicio do programa de
treinamento combinado (Figura 6).
Massa Magra
Figura 6: Comportamento da massa magra durante as 16 semanas de treinamento
combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
* *
71
No índice de massa corporal (IMC), ocorreu pequena redução na 16ª semana
(0,75%, p < 0,05) em relação ao inicio do treinamento. Este redução também foi
demonstrada na 16ª semana (9,8%, p < 0,05) em relação à 8ª semana de
treinamento (Figura 7).
Índice de Massa Corporal
Figura 7: Comportamento do índice de massa corporal (IMC) durante as 16
semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento e # para p<0,05 em relação à 8ª semana de treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
* #
72
Para a relação cintura/quadril (RCQ), ocorreu redução na 8ª semana (1,88%,
p<0,05) e na semana 16 (17%, p<0,05), em relação ao inicio do treinamento
combinado (Figura 8).
Relação Cintura/Quadril
Figura 8: Comportamento da relação cintura/quadril durante as 16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo # para p<0,05 em relação à 8ª semana de treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8)
e 16 (semana 16).
#
73
5.3 Variáveis dos fatores hemodinâmicos
Avaliamos as repostas dos fatores hemodinâmicos, pressão arterial sistólica
(PAS), pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM) e duplo
produto (DP) durante o período de treinamento combinado.
Após o período de treinamento ocorreu redução da pressão arterial sistólica
(PAS) já na 8ª semana (7,3%%, p < 0,05) e na 16ª semana (7,9%, p<0,05), em
relação a semana 0. A pressão arterial diastólica não apresentou diferença durante o
período de treinamento (Figura 9).
Pressão Arterial Sistólica
Figura 9: Comportamento da pressão arterial sistólica durante as 16 semanas de
treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
* *
74
Para a pressão arterial média (PAM), ocorreu redução na semana 16 (9,86%,
p<0,05), em relação ao inicio do programa de treinamento concorrente (Figura10).
Pressão Arterial Média
Figura 10: Comportamento da pressão arterial média durante as 16 semanas de
treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
*
75
No duplo produto (DP), ocorreram alterações já na 8ª semana (- 12,9%,
p<0,5), mas também na 16ª semana (- 13,85%, p<0,5) em relação ao inicio do
programa de treinamento concorrente (Figura11).
Duplo Produto
Figura 11: Comportamento do duplo produto (DP) durante as 16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).DP, duplo produto.
* *
76
Para a pressão arterial diastólica (PAD), não ocorreram alterações
significativas durante o período de treinamento (Figura 12).
Pressão Arterial Diastólica
Figura 12: Comportamento da pressão arterial diastólica durante as 16 semanas de
treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01.
77
5.4 Variáveis dos fatores bioquímicos
Avaliamos as repostas dos fatores bioquímicos de colesterol total, HDL, LDL,
glicemia e triglicerídeos durantes as 16 semanas de treinamento concorrente.
Ocorreu aumento da lipoproteína de alta densidade (HDL) já na semana 8
(8,62%, p<0,05) e na semana 16 (21,39%, p<0,05), em relação ao inicio do
treinamento combinado. Apresentando aumento também da 16ª semana (11,75%,
p<0,05) quando comparado com a 8ª semana (Figura 13).
Lipoproteína de Alta Densidade
Figura 13: Comportamento da lipoproteína de alta densidade (HDL) durante as 16
semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento e # para p<0,05 em relação à 8ª semana de treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
#
*
*
78
Já o colesterol total, a lipoproteína de baixa densidade (LDL) e os
triglicerídeos não apresentaram diferenças durante o período de tratamento (Figuras
14, 15 e 16).
Colesterol Total
Figura 14: Comportamento do colesterol total durante as 16 semanas de
treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01.
79
Lipoproteína de Baixa Densidade
Figura 15: Comportamento da lipoproteína de baixa densidade (LDL) durante as 16
semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01.
80
Triglicerídeos
Figura 16: Comportamento dos triglicerídeos durante as 16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01.
81
Para a glicemia, ocorreu aumento na 16ª semana (5,28%, p<0,05), em
relação ao inicio do treinamento (Figura 17).
Glicemia
Figura 17: Comportamento da glicemia durante as 16 semanas de treinamento
combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16) Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
*
82
5.5 Variáveis dos marcadores inflamatórios
Avaliamos as repostas dos marcadores inflamatórios Interleucina 1 (IL-1β),
interleucina 6 (IL-6), interleucina 8 (IL-8), leptina e fator de necrose tumoral alpha
(TNF-α) durantes as 16 semanas de treinamento combinado.
Durante o período de treinamento ocorreu redução da interleucina 1β (IL1β) já
na 8ª semana de treinamento (16,1%, p<0,05) e na 16ª semana (18,5%, p<0,05), em
relação ao inicio do programa de treinamento (Figura 18).
Interleucina 1 (IL-1β)
Figura 18: Comportamento da interleucina 1 (IL-1β) durante as 16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
* *
83
Quando verificamos a Interleucina-8, ocorreu redução na 16ª semana (7,39%,
p<0,05), em relação ao inicio do treinamento (Figura 19).
Interleucina-8
Figura 19: Comportamento da interleucina-8 durante as 16 semanas de treinamento
concorrente. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16(semana 16).
*
84
Quando verificamos a leptina, ocorreu redução na 16ª semana (8,46%,
p<0,05), em relação ao inicio do treinamento (Figura 20). A interleucina 6 e o TNF-α
não apresentaram mudanças durante o período de treinamento (Figuras 21 e 22).
Leptina
Figura 20: Comportamento da leptina durante as 16 semanas de treinamento
concorrente. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01. Sendo * para p<0,05 em relação o inicio do treinamento. Sendo 0 (semana 0), 8 (semana 8) e 16 (semana 16).
*
85
Interleucina-6
Figura 21: Comportamento da interleucina 6 durante as 16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01.
86
Fator de Necrose Tumoral Alpha
Figura 22: Comportamento do fator de necrose tumoral alpha (TNF-α) durante as
16 semanas de treinamento combinado. Os resultados estão representados em média (n=28) ± erro padrão da média, nos diferentes períodos de treinamento (S0, S8 e S16). Para analise estatística foi utilizado o Friedman test, para amostras não paramétricas, seguido do pós teste comparando todos os pares de coluna, p<0,01.
87
6.0 DISCUSSÃO
Após a administração de um programa de treinamento combinado, por um
período de 16 semanas, o tratamento mostrou-se eficiente em aumentar o
desempenho nos testes de resistência aeróbia e força muscular, evidenciados já na
8ª semana de treinamento. Adicionalmente, os idosos apresentaram redução da
massa corporal total, massa gorda e aumento da massa magra após o período de
treinamento (16ª semana). Ainda, além dos efeitos nas variáveis da composição
corporal, o treinamento foi eficiente em modular as variáveis hemodinâmicas,
notadamente a redução da pressão arterial sistólica, pressão arterial média e duplo
produto, ambos após a 16ª semana.
Em relação às variáveis metabólicas plasmáticas, o protocolo de treinamento
combinado demonstrou, em idosos, aumento de colesterol total em resposta ao
aumento na concentração de lipoproteína de alta intensidade (HDL). Por fim, apesar
do curto período e frequência de treinamento adotado, o programa foi eficiente em
induzir um efeito anti-inflamatório, notadamente demonstrado pela redução da
concentração sérica de IL-1, IL8 e leptina. Ainda, devemos destacar que o
programa de treinamento apresentou dados significativos tantos nos parâmetros, já
caracterizados anteriormente, de treinamento aeróbio como nos parâmetros de
treinamento de força. Isso reforça a importância do treinamento combinado,
caracterizado pela combinação de exercícios de resistência muscular e resistência
aeróbica na mesma sessão de treino.
Inicialmente, o objetivo de nosso estudo foi verificar se o treinamento
combinado, realizado por um período de 16 semanas, com densidade de três
sessões de treinamento por semana, seria eficiente em induzir melhora nas
capacidades físicas tanto às relacionadas à força muscular quanto ao metabolismo
aeróbio e, além disso, reduzir os marcadores inflamatórios após o período de
treinamento.
A redução da capacidade do músculo em gerar força no envelhecimento está
relacionada a vários fatores, dentre eles destacam-se as alterações no sistema
nervoso (atividade neural reduzida), o desequilíbrio entre consumo e gasto de
energia, doenças crônicas degenerativas, e principalmente, alterações no sistema
88
muscular, que se caracterizam por diminuição das fibras tipo I e II, decréscimo de
unidades motoras e redução do número ou tamanho das fibras musculares
(TOSCANO e OLIVEIRA, 2009). Alguns estudos demonstram que a redução da
força muscular tem início a partir do final da 4ª década devida, sendo que entre os
35 aos 83 anos, pode ser constatado declínio total de 37%, ou seja, 7,3% por
década (SPANJAARD, REEVES, et al., 2007). A fim de identificar uma serie de
parâmetros fisiológicos e motores, na população de idosos submetidos ao
treinamento combinado, avaliamos as capacidades aeróbias através do teste da
marcha estacionária de 2 minutos, avaliando também a força muscular de membros
inferiores e superiores.
O programa de treinamento combinado aplicado foi eficiente em induzir
alterações de força muscular em membros inferiores e superiores, sendo que, neste
ultimo, o aumento desta capacidade motora foi na ordem de 26,5%, após 16
semanas de treinamento. Esse resultado é similar ao encontrado em indivíduos
submetidos programa de exercícios resistidos com pesos livres, que mediante a um
treinamento de força, apresentou aumento significativo da força de membros
superiores em mulheres acima de 50 anos (CADER e SAMÁRIA, 2007). Resultados
similares também foram demonstrados em outro estudo, que observou 9,5% de
aumento na força de membros superiores, após exercícios de força, equilíbrio,
agilidade, flexibilidade e treinamento aeróbico (FLORINDO, GUIMARÃES, et al.,
2009). Este estudo, apesar de corroboram aos dados encontrados no presente
estudo, não descreve o período de treinamento e nem a intensidade do treinamento.
Outro estudo, avaliou indivíduos entre 86 a 96 anos, submetidos à um
programa de treinamento de força de oito semanas (3 vezes/semana) para fortalecer
a musculatura dos membros inferiores, os quais mostraram melhora, em média de
174% na força e 48% na velocidade do passo (PORTER, 2006). No entanto, quatro
semanas de suspensão do treinamento foram acompanhadas de diminuição de 32%
na força, ressaltando a importância da continuidade do treinamento. No entanto,
apesar desses dados serem parcialmente similares aos demonstrados em nosso
estudo, nosso estudo compreendeu um período de treinamento maior e atingiu um
publico com média de idade menor (64,88 anos).
Outro parâmetro importante, na avaliação dos diferentes programas de
treinamento é o período de intervenção. Pesquisadores verificaram o aumento de
89
força muscular em idosos, em uma faixa etária de 56 a 80 anos (DAVIS, ASHBY, et
al., 2005). Depois de 12 semanas de treinamento de força, acorreu aumento de
força significativa tanto para membros superiores como para membros inferiores,
sendo que em nossos achados, o ganho de força já ocorreu na 8ª semana de
treinamento de treinamento combinado. Ainda em relação ao tempo de treinamento,
um outro estudo avaliou o efeito de seis semanas de treinamento com peso de
intensidade moderada, séries de 12-15 repetições, combinado com exercícios de
alongamento em 15 idosos (CAVANI, MIER, et al., 2002). Os mesmos encontraram
melhora significativa do teste de sentar e levantar da cadeira já na sexta semana de
treino. Este estudo citado apresenta ganhos similares ao nosso, e apresenta o
mesmo protocolo de avaliação.
Quando verificamos a força de membros superiores em nosso programa de
treinamento por meio do teste de flexão de braço, encontramos aumento, sendo
estes dados similares ao de um trabalho que observou 9,5% de aumento na força
de membros superiores, após exercícios de força, equilíbrio, agilidade, flexibilidade e
treinamento aeróbico em grupo de idosos de predominância feminina (FLORINDO,
GUIMARÃES, et al., 2009).
Em um estudo realizado, somente com treinamento resistido de força
promoveu alterações significativas para os testes utilizados de autonomia funcional
para as AVD (SCHOT, KNUTZEN, et al., 2003). Sendo então estes achados bem
similares aos nossos que através de testes indiretos observou aumento de força em
membros inferiores e superiores auxiliando assim positivamente na capacidade
funcional dos idosos que participaram do nosso trabalho.
Assim, considerando os nossos resultados, em comparação aos dados de
outros estudos, que estudaram uma população similar, porém, submetidos a
programas de treinamento que enfatizaram apenas uma capacidade motora (aeróbio
ou resistido), demonstramos que o treinamento combinado foi efetivo em induzir
adaptações características tanto do treinamento aeróbio como o resistido, em uma
magnitude próxima ou similar aos encontrados no treinamento isolado. Além disso,
essas alteração já são evidentes a partir da 8 semana de treinamento.
90
6.1 Composição corporal
Adicionalmente a avaliação das capacidades motoras, avaliamos as variáveis
relacionadas à composição corporal, tais como a massa corporal total, índice de
massa corporal, massa gorda e massa magra, antes, após 8 e 16 semanas de
treinamento combinado. Os trabalhos encontrados na literatura apresentam uma
gama variada de processos metodológicos em relação ao presente estudo, tais
como; duração da pesquisa variando entre 3-6 meses, exercícios aeróbios
realizados em ergômetros bicicleta estacionária e/ou esteira de forma isolada, sem
associação com o treinamento de força, exercícios de força realizados de forma
isolada, com ou sem controle nutricional isoladamente. Nesta ultima variável, a
comparação com os nossos achados se torna limitada e deve ser comparada com
ressalvas. Ainda neste aspecto, as maiores diferenças encontradas em seus
estudos, foram aqueles que associaram exercícios aquáticos e dieta, quando
comparado com os outros grupos diferentemente do programa de treinamento
combinado, que não controlou dieta e realizou exercícios terrestres. No entanto,
apesar do presente estudo não ter controlado a ingestão calórica, os resultados
encontrados em relação à composição corporal demonstraram redução da similar na
massa gorda na 8ª semana e na 16ª semana em relação ao inicio do treinamento.
Outros fatores importantes que avaliamos em nosso estudo foram a
circunferência da cintura, do quadril e a relação cintura/quadril, sendo este um
marcador importante para prevenção de doenças cardiovasculares. Em um
interessante estudo, pesquisadores propuseram um treinamento combinado com
exercício resistido e aeróbio para mulheres de 25 a 50 anos que tinham IMC > 30
kg/m2. O treinamento aeróbio teve duração de 30 minutos e foi realizado em esteira
com intensidade de 70% VO2pico, e o treinamento resistido constitui-se de oito
exercícios que foram feitos em três séries de 15 repetições a 60% 70% do número
de repetições máximas. O treinamento foi realizado três vezes por semana durante
três meses, e após o seu término, verificou-se a redução na circunferência da
cintura, do quadril e na relação cintura/quadril (CARVALJO, MARQUES e MOTA,
2009).
91
Assim, considerando os nossos resultados, em comparação aos dados deste
estudo, realizado em uma população diferente quanto à faixa etária, porém,
submetidos a programas de treinamento similar, demonstramos que o treinamento
combinado foi efetivo em reduzir a RCQ na 16ª semana de treinamento combinado.
Em um grupo de 27 mulheres acima de 40 anos, que realizaram, durante o
período de 10 semanas, caminhada em esteira, 4 vezes por semana, a 75 a 80% da
frequência cardíaca máxima, com duração de 40 minutos, observou-se uma
diminuição do percentual de gordura, da gordura corporal e aumento da massa livre
de gordura (BASSUK, 2007). Este ultimo trabalho citado apresenta redução de
gordura e aumento de massa magra similares ao nosso, porém com um protocolo de
exercício exclusivamente composto por exercícios aeróbio e com período de
treinamento menor.
Nosso estudo, como já descrito, proporcionou redução da massa gorda e
aumento da massa magra em um grupo de idosos. Nossos dados são semelhantes
aos encontrado em um estudo realizado com 8 mulheres pós menopausa e 7
homens, com idade entre 61-77 anos, caucasianos, saudáveis e sedentários, com o
IMC dentro da normalidade (24,8 kg/m2). Porém, neste caso, os autores utilizaram
um programa de resistência de 26 semanas, utilizando-se de exercícios em
aparelhos, 3 vezes por semana, com sessões de 45 minutos, constituídas de 2
séries de 10 repetições, com 2 minutos de repouso entre as séries e intensidade de
65-80% de 1 RM. Os mesmos observaram mudança do peso corporal, porém
ocorreu diminuição do percentual de gordura (3,4%), redução da massa de gordura
(3,1 kg) e aumento da massa livre de gordura (2,0 kg). Além disso, verificaram
aumento da força (14,9 - 49,0 kg), elevação do gasto energético total e do gasto
energético de repouso (HUNTER, WETZSTEIN e FIELDS, 2000). Apesar do maior
número de semanas, os efeitos foram similares os nossos, sugerindo que, para a
continuação da melhora das capacidades motoras, a manipulação da variáveis do
treinamento físico podem ter papem relevante.
Outro fator importante que verificamos, foi o IMC, fator de suma importância
para o diagnostico da obesidade. Inicialmente, o grupo tratado em nosso apresentou
uma média de 33,22 kg/m² de IMC, caracterizando assim, indivíduos idosos com
obesidade (ACSM, 2010). Neste aspecto, após o período de treinamento
combinado, nosso grupo apresentou um sutil aumento no IMC, porem este fato
ocorreu em função da redução da massa gorda e o aumento da massa magra.
92
Em relação ao IMC, um estudo que verificou o efeito de um programa
sistematizado de exercícios com pesos na adiposidade e exercícios aeróbios, no
IMC e no peso corporal de mulheres com média de idade de 65,8 anos, composto
de 3 séries de 10 repetições a 50% RM para 6 exercícios, com frequência de 3
vezes por semana durante 12 semanas. Foi observado que houve uma diminuição
do peso (1,5%) e do IMC (1,6%) no grupo com peso e de 3,3% e 2,8% no grupo
aeróbico, respectivamente.
Quanto à adiposidade, houve uma variação em termos percentuais similar
entre ambos os grupos (-9,2% grupo com peso e -10,5% grupo aeróbico) (RASO,
2000). Este estudo nos apresenta indícios que a combinação do treinamento aeróbio
e resistido em uma única sessão pode ser valida no ponto de vista de redução da
massa gorda, mas também no aumento da massa muscular, contribuindo assim para
o aumento da taxa metabólica basal e consequentemente auxiliando no tratamento
da obesidade. Neste aspecto, o treinamento combinado, considerando as alterações
na composição corporal, pode ser de grande valia também para os indivíduos que
atingem a terceira idade, pois como já descrevemos esta classe também vem sendo
afetada pela obesidade. Além disso, as modificações na composição corporal e na
taxa metabólica basal observadas com o treinamento combinado podem ser de
grande importância para o controle de peso a longo prazo, aja visto que ocorreram
alterações na massa magra.
As alterações na composição corporal que ocorreram durante o período de
treinamento podem estar relacionado diretamente associado à característica da
atividade realizada, bem como à dinâmica de dispêndio e consumo calórico. Estudos
indicam que o treinamento aeróbio pode ser empregado eficazmente na redução ou
controle ponderal, devido ao impacto causado sobre o balanço energético,
diminuindo-o, e por promover acréscimos no dispêndio ou na oxidação lipídica, além
de contribuir na manutenção do padrão alimentar (WERNBOM e AUGUSTSSON,
2007). Quanto ao exercício de força, investigações associam reduções na gordura
corporal ao consumo excessivo de oxigênio pós-exercício (Excess Post-Exercise
Oxygen Consumption, EPOC) (MELANSON, DONAHOO, et al., 2002).
Assim, considerando os nossos resultados, em comparação aos dados de
estudos aqui apresentado, demonstramos que o treinamento combinado foi efetivo
em interferir positivamente na composição corporal e consequentemente auxiliar no
tratamento de idosos obesos.
93
6.2 Variáveis dos fatores hemodinâmicos
Dentre os fatores hemodinâmicos, altos valores de PA e DCV tornaram-se
doenças de grande epidemia mundial. Por esta razão, existe uma serie de medidas
(medicamentosas e não medicamentosas) no tratamento da hipertensão arterial Os
nãos medicamentosos estão relacionados, principalmente as modificações do estilo
de vida (SBH, 2006).
Neste sentido, diversas pesquisas que mostram os benefícios da aplicação de
exercícios têm sido disponibilizadas na literatura. Em relação à PA, particularmente,
autores têm referido que tanto os exercícios aeróbios, como os exercícios de força
que podem auxiliar no controle e na manutenção dos seus níveis adequados
(POLITO e FARINATTI, 2006). Benefícios agudos do exercício físico sobre a PA,
como a queda dos valores pressóricos pós-exercício quando comparados aos de
repouso pré-exercício, ou aos observados em uma sessão controle sem exercício,
também têm sido um tema amplamente discutido na literatura, fenômeno este
conhecido como hipotensão pós-exercício (LIZARDO e SIMÕES, 2007).
Essas reduções da PA após o exercício físico têm sido demonstradas em
indivíduos hipertensos e normotensos, e após exercícios aeróbios ou exercícios de
força (POLITO, SIMÃO, et al., 2009). De fato, mais recentemente, alguns estudos
têm verificado que a hipotenção pós-exercício também pode ser obtida após a
combinação do exercício aeróbio e de força (KEESE, FARINATTI, et al., 2012).
Recentemente foi verificado os efeitos da realização de uma sessão de
exercício combinando (sendo o exercício aeróbio realizado primeiro) sobre a PA de
11 indivíduos normotensos e relataram HPE significante da PAS do minuto 15 ao
minuto 60 de recuperação pós-exercício (RUIZ, SIMÃO e SACCOMANI, 2011).
Dados estes similares aos nossos achados quanto ao efeito hipotensivo, porém com
diferenças no grupo estudado e na ordem de exceção do treinamento.
Foi relatado também hipotensão pós-exercício, após uma única sessão de
exercício combinado, onde o exercício aeróbio foi executado primeiro. Reduções
significantes de aproximadamente 10 mmHg para a PAS e 2 mmHg para PAD foram
94
encontradas (TEIXEIRA, RITTI, et al., 2011). Já no que se refere aos exercícios
combinados onde o exercício de força é realizado anteriormente, foi verificado uma
redução de PAS até duas horas após o término do exercício quando comparado à
sessão controle. Para a PAD, esta duração foi de 50 minutos (KEESE, FARINATTI,
et al., 2012).
Desta forma, há consciência na literatura indicando que tanto o treinamento
aeróbio quanto o treinamento combinado têm efeito sobre o sistema
cardiorrespiratório e efetiva diminuição da pressão arterial, sendo capaz de diminuir
a pressão arterial em 75% dos pacientes hipertensos (SBC, 2007). De acordo com o
Colégio Americano de Medicina do Esporte, a inclusão de exercícios físicos constitui
a pedra angular na prevenção primaria e no controle da hipertensão arterial já
estabelecida (ACSM, 2010).
O programa de treinamento combinado administrado no presente estudo foi
eficiente em induzir alterações de redução de PAS após o período de treinamento,
ocorrendo redução da pressão arterial sistólica (PAS). O treinamento combinado
também apresentou dados satisfatório em relação a pressão arterial média (PAM),
ocorrendo redução em relação ao inicio do programa de treinamento combinado.
Neste quesito, nossos resultados são relevantes, pois a redução na PA após
o treinamento combinado promoveu mudança na categoria da classificação da
média do grupo experimental, de pré-hipertensão para normal, reduzindo,
consequentemente, segundo alguns autores os riscos de eventos cardiovasculares
(POLITO, SIMÃO, et al., 2009).
Tem sido sugerido que a redução de apenas 5 mmHg na pressão arterial
diminui em 40% o risco de acidentes vasculares cerebrais e em 15% o risco de
infarto agudo do miocárdio (FORJAZ, BARTHOLOMEU, et al., 2012). No presente
estudo, os benefícios podem ter sido ainda maiores, já que as reduções
encontradas, em repouso, apresentaram valores superiores a 10 mmHg na PAS e
na PAM. Em um estudo interessante, 36 idosos foram divididos em quatro grupo,
sendo cardiovascular, força, combinado e controle, treinando 3 vezes por semana,
por 12 semanas. Foram aferidas a capacidade funcional, cardiorrespiratório
submáximo e força, sendo estes antes e após o período de treinamento. O grupo
controle não alterou nenhum dos parâmetros citados, porém, ambos os grupos
melhoraram a força de membros inferiores e superiores, reduziram a FC e PA e a
95
percepção de esforço. Porém o grupo de treinamento combinado foi o que mais
alterou positivamente o parâmetro de força e das capacidades funcionais (WOOD,
2006). Estes dados são similares ao que observamos em nosso programa de
treinamento combinado, que já na 8ª semana, apresentou alteração significativa
para força muscular e redução de PAS na 8ª e 16ª semana de treinamento.
Os resultados deste trabalho vão ao encontro da posição do Colégio
Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2010). Neste sentido, a importância do
exercício para o idoso e que o treinamento combinado é mais valioso que o
treinamento cardiovascular ou de força isolado, com relação aos aspectos
funcionais. A elevação da PA representa um fator de risco continuo para doença
cardiovascular (SBC, 2007). O mesmo autor descreve que depois dos 65 anos, a
taxa de mortalidade por doenças cardíacas em mulheres ultrapassa a dos homens,
assim como a prevalência da HAS em 29,2% dos homens e em 40,8% das
mulheres.
Foi observado em um programa de exercícios físicos supervisionado de 18
semanas, em idosas hipertensas, modificações nos valores de PAS e PAD com
reduções significativas destas (NELSON ME, NUERNBERGER, et al., 2004). Estes
resultados corroboram com evidencias epidemiológicas que sustentam o efeito
positivo de um estilo de vida ativo e/ou do envolvimento de indivíduos em programas
de atividade física (AF) ou de exercícios físicos na prevenção e na minimização dos
efeitos deletérios do sedentarismo e do envelhecimento, sendo que este estudo
apresentou um período de treinamento muito próximo ao que usamos em nosso
programa de treinamento e que apresentou redução de pressão arterial sistólica,
pressão arterial média e duplo produto, indicando assim menos esforço do musculo
do miocárdio para a mesma carga de trabalho.
Já em mais um estudo que buscou avaliar quatro meses de um programa
domiciliar não supervisionado de exercícios sobre a pressão arterial e aptidão física
em hipertensos adultos e idosos. Foram observados um grupo com exercícios com
26 homens e 52 mulheres e um grupo controle, com 9 homens e 7 mulheres, com
idades entre 25 e 77 anos. O grupo com exercício submeteu-se a um programa
domiciliar de exercícios, com atividades aeróbias (60-80% da FC máxima para a
idade, 30 minutos de caminhadas no mínimo três vezes por semana) e exercícios de
flexibilidade. Os resultados demonstraram que o grupo experimental exibiu
96
alterações significativas para todas as variáveis estudadas (peso, relação-cintura
quadril, porcentagem de gordura, pressão arterial e frequência cardíaca). O grupo
controle teve pequenas alterações no peso (+1,3 Kg) e %G (+1,7%). Assim
concluíram que programas domiciliares não supervisionados de exercícios, podem
exercer efeito positivo sobre a PA e aptidão física de hipertensos (FARINATTI,
OLIVEIRA, et al., 2005). Estes dados corroboram com nossos achados quanto à
redução da pressão arterial, sendo que em nosso protocolo de treinamento
combinado entre exercícios resistidos e exercícios aeróbios, ocorreu redução
apenas da PAS.
O efeito hipotensivo foi relatado também em um programa de treinamento em
mulheres de meia idade, hipertensas, após exercícios resistidos, de moderada
intensidade, quanto em idosos hipertensos, em tratamento medicamentoso, com
sessões a 40% de 1 repetição máxima (RM) e durações de 20 e 40 minutos
(SCHER, SANTOS, et al., 2007). Porém este Trabalho apresenta efeito hipotensivo
agudo, sendo este em uma única sessão de treinamento.
Em mais um estudo descrito na literatura sobre o efeito hipotensor do
exercício, foi observado que o treinamento físico provocava redução de 11 mmHg e
8 mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente (HAGBERG,
PARK e BROWN, 2000). Diferentemente destes, nossos dados que coletamos em
nosso trabalho apresentou somente a redução da pressão arterial sistólica. Além
disso, nosso programa de treinamento, diferentemente deste ultimo citado,
apresentou redução cronica de PAS após o periodo de treinamento que foi de 16
semanas.
Uma outra variavel importante que verificamos em nosso protocolo de
treinamento combinado, foi o duplo produto. Segundo a literatura cientifica,o duplo
produto (DP) é uma variável pouco utilizada pelos profissionais da saúde (LEITE e
FARINATTI, 2003). Entretanto, este parâmetro está diretamente relacionado com FC
e PA, sendo uma estimativa do trabalho do miocárdio e, portanto, expressando a
intensidade de esforço sobre o miocárdio.
Anteriormente , exercícios com pesos não eram considerados seguros para
populações de risco, pois os exercícios com pesos foram associados a grandes
aumentos da FC e PA (DONNELLY, BLAIR, et al., 2009).Exercícios estes com peso
97
que foram introduzidos em nosso protocolo de treinamento. Por outro lado, estudos
mais atuais sobre atividade física com pesos demonstraram segurança e grandes
benefícios para a saúde de cada individuo, quando utilizado volume e intensidades
apropriados (ACSM, 2010). A taxa de trabalho imposta ao miocárdio é menor em
exercícios resistidos do que em exercícios aeróbios, representada por um menor DP
alcançado devido a um menor pico de FC (SWIFT, LAVIE, et al., 2013).
Em nosso estudo, no duplo produto (DP), ocorreram reduções já na 8ª
semana, mas também na 16ª semana em relação ao inicio do programa de
treinamento combinado. Mostrando que para o mesmo esforço após o período de 16
semanas, ocorreu menor trabalho do miocárdio, portanto expressando um grande
fator protetor para as doenças cardiovasculares.
Vale ressaltar e descrever ressaltar o mecanismo fisiológico envolvido neste
processo. Entretanto, esse mecanismo parece diferir de acordo com o tipo de
exercício empregado e a população estudada. Assim, foi verificado em idosos
hipertensos que a queda pressórica pós-exercício se deve à redução do débito
cardíaco, em função da diminuição do volume sistólico (RONDON e BRUM, 2003).
Independentemente do mecanismo hemodinâmico sistêmico, sendo que a
resistência vascular muscular está reduzida após o exercício, o que se deve à
vasodilatação muscular mantida após o exercício, devido à redução da atividade
nervosa simpática (FORJAZ, BARTHOLOMEU, et al., 2012).
Considerando os nossos resultados, em comparação aos dados de estudos
aqui apresentado, demonstramos que o treinamento combinado foi efetivo em
interferir positivamente na redução da PAS, PAM e DP e consequentemente auxiliar
no tratamento de idosos obesos que sofrem de comorbidades que estão atreladas
ao sistema cardiovascular.
98
6.3 Marcadores Bioquímicos
Outro efeito clássico do treinamento aeróbio é a melhora dos marcadores
bioquímicos relacionados ao metabolismo de gordura. Hábitos alimentares
associados à prática de exercícios físicos exercem efeito benéfico sobre as
dislipidemias, notadamente uma melhora. Sendo uma intervenção de custo baixo
quando comparado com tratamentos medicamentosos (FAGHERAZZI, SANMIRA, et
al., 2008).
O exercício físico praticado regularmente pode produzir modificações no
metabolismo lipídico e lipoproteico. (SPRECHER, MASSIEN, et al., 2007). No
entanto, são controversas as opiniões a respeito do tipo e da intensidade da
atividade física, tornando-se necessário ainda, o esclarecimento sobre os
mecanismos de ação do exercício físico nos níveis plasmáticos de lipoproteínas
(FRAGALA, KRAEMER, et al., 2009). Além disso, as alterações, medidas pelo
exercício nas alterações séricas de HDL podem ser atribuídas à diminuição de sua
degradação no fígado e aumento de sua síntese (KANNISTO, CHIBALIN, et al.,
2006).
O presente estudo apresentou dados positivos quanto o aumento do HDL já
na 8ª semana de treinamento e na 16ª semana quando comparado com o inicio do
treinamento. Nossos resultados são similares aos encontrados em um estudo
realizado em adultos com idades entre 20 e 60 anos, que mostrou que os mais
ativos fisicamente possuíam maior HDL-c e menor quantidade de LDL-c e VLDL
quando comparados com os sedentários (GUEDES e LEANDRO, 2007). Estes
dados são similares ao nosso projeto quando falamos em HDL.
O mecanismo responsável pelo aumento nos níveis de HDL ainda necessita
de esclarecimento. É possível que a diminuição de sua degradação esteja
relacionada com a menor atividade da triacilglicerol lípase hepática. Esta enzima
hidrolisa fosfolipídios e triglicerídeos de HDL², permitindo que esta partícula libere
seus ésteres de colesterol para o fígado. Isso faz com que a HDL² torne-se mais
densa e transforme-se em HDL³ (SPOSITO, CARAMELLI e FONSECA, 2007). O
exercício físico, diminuindo a atividade dessa enzima, provoca menor transformação
99
de HDL² em HDL³ na circulação. Isso ocasiona maior permanência de HDL² na
circulação, que por sua vez capta mais TG e colesterol, explicando assim o efeito
benéfico do exercício físico (PANISI, PÁDUA e MARTINS, 2012).
Estudo com mulheres obesas entre 25 e 50 anos, que se submeteram a
treinamento aeróbio e resistido, por três meses, verificando após este período,
ocorreu significativo aumento das frações de lipoproteína de alta intensidade
(ROCCA, TIRAPEGUI, et al., 2008). Estão são similares ao nosso programa de
treinamento, quanto o período de treinamento, grupo classificado com obesidade e
aumento de HDL, porém divergente quanto ao publico pesquisado.
Também foi realizado um estudo que procurou verificar o impacto do exercício
físico sobre o perfil lipídico e encontraram os seguintes achados, o grupo que
realizou o programa de exercício três vezes por semana com intensidade de 70% a
80% da FCmax, durante 25 minutos e 20 minutos De exercício com pesos
consistindo em duas séries de 12 repetições com 40% a 60% de 1RM, em um prazo
de três e seis meses, teve redução significativa no LDL-c e também no colesterol
total, e o grupo que realizou o mesmo treinamento juntamente com uma dieta, além
da redução nos mesmos aspectos, teve redução do peso corporal e o aumento do
HDL-c (FAGHERAZZI, DIAS e BORTOLON, 2008). Este estudo apresenta
intensidades semelhantes de prescrição de exercícios em relação ao nosso
Programa de treinamento, apresentando dados semelhantes no HDL-c e peso
corporal, porém o nosso estudo não controlou a dieta dos participantes e período de
treinamento foi de 16 semanas. Podendo então ter sido um fator limitante para a
redução do LDL, o período curto de treinamento.
Nosso estudo, como já mencionado, apresentou aumento significativo de
HDL-c, podendo promover um efeito protetor contra a arteriosclerose, sendo que os
achados mostram grande numero de evidencias experimentais sugerindo que
aumentos de HDL-C e/ou suas apolipoproteinas promovem um efeito protetor
importante variando desde prevenção até estabilização e regressão de
arteriosclerose, independente dos níveis de colesterol (FREITAS, 2009).
Um estudo comparou diferentes níveis de intensidade de exercícios físicos
aeróbios em 149 homens e 120 mulheres (pós-menopausa) sedentárias e sem
doenças cardiovasculares, com idades entre 50 e 65 anos, verificando ao final de
dois anos de programa de treinamento, um aumento dos níveis de HDL colesterol
100
em diferentes intensidades do exercício, sendo que o grupo de indivíduos que
treinava com uma intensidade mais baixa (60% a 73% da frequência cardíaca
máxima), cinco vezes por semana, alcançou aumentos mais significativos na HDL
colesterol do que o grupo de indivíduos que treinava a uma intensidade maior (73%
a 88% da frequência cardíaca máxima), três vezes por semana, constatando-se que
indivíduos saudáveis de meia idade que praticam exercícios aeróbios de intensidade
moderada podem conseguir alterações benéficas nos níveis lipoproteicos,
salientando, também, que a frequência do exercício pode ser importante na
produção dessas mudanças.
Pesquisadores buscaram verificar se um programa de exercício poderia
provocar mudanças no metabolismo lipídico em diabéticos tipo 2. Para isso, eles
avaliaram 17 sujeitos portadores do diabetes tipo 2. Além destes, oito sujeitos não
diabéticos compuseram o grupo controle. Os indivíduos diabéticos realizaram
exercícios baseados na prescrição do colégio americano de medicina do esporte,
que propõe 20 a 40 minutos de exercícios aeróbios com intensidade de 60% a 85%
do VO2max, quatro vezes por semana. Após seis meses de treinamento, o grupo
que realizou exercício teve redução significante no HDL, bem como na quantidade
de triglicerídeos (STOLINSK, ALAM, et al., 2008). Este trabalho corrobora com
nossos achados no aumento do HDL, porém não foi encontrada em nosso trabalho a
redução de triglicerídeos.
Pesquisa com ratos machos adultos alimentados com uma dieta
hipercalóricos submetidos a exercícios físicos de fim de semana, demonstrando uma
diminuição relevante de triglicerídeos e um aumento nas concentrações de
colesterol HDL quando comparados com ratos sedentários (DUARTE, SENE, et al.,
2003). Este estudo mostra aumento de HDL, sendo estes, dados que vão de
encontro aos nossos achados e também faz referencia a dieta hipercalórica, que
provavelmente venha ser muito parecida com nosso grupo que participou da
pesquisa.
Estudos mostraram que o exercício se mostra eficiente no aumento de HDL
se o estímulo do treinamento físico é suficiente (COUILARD, DESPRES e
LAMARCHE, 2001). Sendo assim, de acordo com estudos anteriores. Nosso protoco
de treinamento apresentou estimulo suficiente para aumentos significativos de HDL.
Além disso, vários estudos sugeriram que o efeito de aumento do HDL pelo
treinamento físico poderia ser amplamente explicado através da perda concomitante
101
de gordura corporal (FREITAS, 2009). Tendo estes achados, dados similares aos
nossos que após o período de 16 semanas de treinamento, apresentou redução da
massa gorda.
Em relação à glicemia, nosso trabalho apresentou aumento de glicemia na
16ª semana quando comparado com o inicio do treinamento. Sendo que em nosso
estudo não ocorreu controle e muito menos restrição alimentar, tendo também um
volume de treinamento semanal de três sessões. Isto pode contribuir para a
explicação deste aumento, sendo que em um estudo que avaliaram 40 indivíduos
portadores de diabetes tipo 2 e verificaram que os que realizaram caminhada na
esteira durante 30 minutos a 60% da frequência cardíaca máxima prevista pela
idade, aumentando a intensidade até atingir 70%, quando realizaram o programa
cinco vezes por semana, durante 20 semanas, obtiveram redução significativa na
glicemia de jejum, além de outros benefícios, como a redução do IMC e da
porcentagem de gordura corporal (VANCEA, VANCEA, et al., 2009). Talvez um
volume de treinamento maior, com intensidades maiores e com predominância
aeróbia, venha explicar esta redução de glicemia.
O mecanismo responsável pelo aumento nos níveis de HDL ainda necessita
de esclarecimento. É possível que a diminuição de sua degradação esteja
relacionada com a menor atividade da triacilglicerol lípase hepática. Esta enzima
hidrolisa fosfolipídios e triglicerídeos de HDL2, permitindo que esta partícula libere
seus ésteres de colesterol para o fígado, fazendo com que a HDL2 torne-se mais
densa e transforme-se em HDL 3 (SHARMAN, GERAGHTY, et al., 2004). O
exercício físico, diminuindo a atividade dessa enzima, provoca menor transformação
de HDL2 em HDL3 na circulação. Isso ocasiona maior permanência de HDL2 na
circulação, que por sua vez capta mais TG e colesterol, explicando o efeito benéfico
do exercício físico (KANNISTO, CHIBALIN, et al., 2006).
Considerando os nossos resultados, em comparação aos dados de estudos
aqui apresentado, demonstramos que o treinamento combinado foi efetivo em
interferir positivamente no aumento do HDL, sem aumento de colesterol total,
triglicerídeos e LDL, podendo assim auxiliar no tratamento de idosos obesos que
sofrem de comorbidades que estão atreladas ao sistema cardiovascular.
102
6.4 Marcadores inflamatórios
O treinamento físico supervisionados pode ajudar a conter o declínio da
função imune relacionada ao envelhecimento (ABBAS, 2005). Apesar do curto
período e frequência do programa de treinamento combinado adotado, o programa
foi eficiente em induzir um discreto efeito anti-inflamatório, notadamente
demonstrado pela redução da IL-1 que sofreu redução na 8ª semana de
treinamento e na 16ª semana, em relação ao inicio do programa de treinamento.
Redução também verificada na interleucina 8 na 16ª semana de treinamento,em
relação ao inicio do treinamento. Já para a leptina, ocorreu redução na 16ª semana,
em relação ao inicio do treinamento.
Atualmente, o aumento dos níveis de mediadores inflamatório tem sido
relatado durante o envelhecimento e tem papel relevante no desenvolvimento de
processos patológicos crônicos que representam a maior parte das causas de
mortalidade em população idosa (BARRA, REID, et al., 2010). Neste sentido, o
termo inflamm-aging é utilizado para descrever respostas orgânicas complexas a
vários estímulos inflamatórios mediados por elevados níveis de citocinas pró-
inflamatórias, em resposta as alterações fisiológicas que ocorrem no envelhecimento
(GIUNTA, 2006). Sugere-se que inflamm-aging seja desencadeado mediante
desorganização funcional crônica da primeira linha de defesa orgânica, ou seja, do
sistema imunitário inato que opera com a função de detectar, em amplo espectro, a
presença de invasores (microrganismos) ou alterações internas (sinalizadores). Após
estes eventos, inicia-se uma resposta que na grande maioria dos casos
reestabelece o equilíbrio. No entanto, durante o envelhecimento, ocorre uma
atenuação da resposta imunológica, denominada imunossenescência, que pode ser
responsável pela modificação no perfil de citocinas pró-inflamatórias (CANDORE,
COLONNA-ROMANO, et al., 2006). Provavelmente desencadeada também pela
associação de doenças crônicas não transmissíveis que assolam está faixa etária da
população.
Tendo em vista a base literária associando marcadores inflamatórios e várias
doenças que podem assolar a classe de idosos, os dados encontrados sugerem que
o programa de treinamento físico adotado pode ter contribuindo para um menor
estado de inflamação sistêmica de baixa intensidade. Sendo esta uma resposta
inflamatória que pode causar variedade de agressões clínicas severas que se
103
manifestam por duas ou mais condições de temperatura corporal > 38°C ou < 36°C,
frequência cardíaca >90 batidas por minuto ou frequência respiratória > 20
inspirações por minuto (ABBAS, 2005). No entanto, como não temos os valores de
base para as citocinas inflamatórias, relacionadas a população estudada, o efeito
anti-inflamatório nesta população deve ser avaliado em maiores detalhes futuros.
Além disso, já tem sido descrito que as respostas inflamatórias estão
envolvidas na patogênese de doenças relacionadas com a idade, uma vez que
doença de Alzheimer, aterosclerose, diabetes e alguns cânceres apresentam
importante componente inflamatório em suas respectivas fisiopatologias
(PEDERSEN e FISCHER, 2007). Ainda achados recentes da literatura cientifica
demonstram a forte associação entre os níveis de mediadores inflamatórios
circulantes e o risco de mortalidade, independentemente de morbidades pré-
existentes, sugerindo que citocinas desencadeiam/potencializam tais processos
patológicos crônicos e/ou atuam como marcadores sensíveis de distúrbios
metabólicos em idosos (PEDERSEN, 2011). Em sintonia com esta hipótese,
observações epidemiológicas sugerem que doenças como aterosclerose, sarcopenia
e declínio cognitivo compartilham de alguns fatores etiológicos no qual mediadores
inflamatórios fornecem a possível base comum (KRABBE, PEDERSEN e
BRUUNSGAARD, 2004).
Por outro lado, a prática regular de exercício tem sido apontada como
intervenção não medicamentosa com amplos benefícios sobre sistemas fisiológicos
(ACSM, 2010), como descrito anteriormente. Adicionalmente, é bem estabelecidos
que sessões agudas de exercício podem induzir respostas anti-
inflamatórias(PEDERSEN e FISCHER, 2007).
Os estudos que mensuraram os efeitos crônicos do exercício físico sobre
marcadores inflamatórios são menos comuns. Os autores utilizaram, na sua maioria,
o sangue, coletado antes e após os protocolos propostos, caracterizando assim
análise agudo do protocolo de treinamento. Os resultados apontam, como efeito
crônico, uma diminuição do quadro pró-inflamatório local e sistêmico. Alguns
trabalhos mostraram atenuação na produção e secreção das proteínas de fase
aguda, maior produção e secreção de citocinas com função anti-inflamatória
(PETERSEN e PEDERSEN, 2005).
Resultados de estudos observacionais evidenciam correlação negativa entre
o volume de atividade física e níveis de mediadores inflamatórios circulantes
104
(NICKLAS e BRINKLEY, 2009). O mesmo autor descreve que quanto mais ativo
fisicamente o indivíduo menor a chance dos efeitos indesejáveis de citocinas pró-
inflamatórias. Sugere-se que ajustes adaptativos observados em fibras musculares e
sistema imunitário inato ao exercício regular contribuem com a redução dos níveis
basais de citocinas pró-inflamatórias, incluindo o TNF-α, e IL-1β, sendo este dado
sugestivo ao nosso, com relação à redução de IL-1β.
Além dos benefícios cardiovasculares, induzidos tanto pelas adaptações na
função do coração enquanto bomba, como nas adaptações periféricas, já descritos
neste trabalho, o treinamento físico parece capaz de modular, na vigência de um
quadro inflamatório crônico anormal, a expressão de citocinas pró inflamatórias e
anti-inflamatórias (JUNIOR, LOPES, et al., 2009).
Outro fator importante descrito em nosso trabalho, é que a prática de
exercício físico tem sido associada com benefícios sobre o sistema cardiovascular
(LEUNG, YUNG, et al., 2008). Estudo populacional evidenciou que níveis mais
elevados de mediadores inflamatórios foram associados com incidência de isquemia
cardíaca, observados naqueles com menor aptidão física (ZHANG, SCHILLER e
WHOOLEY, 2010).
Vários autores têm relatado um aumento nas concentrações séricas de
citocinas anti-inflamatórias ou redução das citocinas pro inflamatórias após
diferentes formas de exercício nos quais em vários estudos foi observado um
aumento de cerca de 100 vezes da IL-6 em sua concentração plasmática
(PEDERSEN e FEBBRAIO, 2008). Sendo que o mesmo autor descreve que o
aumento de IL-6 está intimamente ligado à intensidade do exercício, a qual
representa indiretamente a massa muscular envolvida na atividade contrátil.
Exercícios que envolvam uma massa muscular limitada, como, por exemplo,
músculos das extremidades superiores, podem ser insuficientes para aumentar as
concentrações plasmáticas de IL-6 acima dos níveis pré-exercício. Por outro lado, a
corrida, que envolve uma grande quantidade de grupos musculares, é a modalidade
de exercício em que observou-se o mais pronunciado aumento de IL-6 (PEDERSEN
e FEBBRAIO, 2008). Estes relatos vem de encontro aos nossos achados que não
apresentaram mudanças significativas em IL-6, sendo que o exercício prescrito foi
de moderada intensidade. O pico dos níveis séricos desta citocina é alcançado no
final da realização do exercício ou em um curto período após este, seguido por um
rápido decréscimo voltando para os níveis do período pré-exercício (FISCHER,
105
2006). Deste modo, as combinações entre a modalidade a intensidade e a duração
da atividade física determinam a magnitude do aumento da concentração plasmática
de IL-6 induzido pelo exercício (PEDERSEN e FEBBRAIO, 2008). Na mesma linha,
IL-8 parece exercer efeitos angiogênicos (PEDERSEN, 2011), também produzida
pela contração muscular, parece ter efeitos anabólicos e na redução da adiposidade
(BARRA, REID, et al., 2010).Tendo apresentado redução das concentrações de IL-8
após o nosso protocolo de treinamento. Ocorre ainda uma grande divergência de
dados nos estudos e os autores atribuem a falta de consenso na literatura aos
diferentes desenhos experimentais de pesquisa.
Estudo em ratos Wistar com IC induzida por infarto agudo do miocárdio, após
o emprego de um programa de treinamento aeróbio moderado (corrida em esteira)
com duração de 10 semanas, apresentou reversão de parâmetros inflamatórios
(BATISTA, SANTOS, et al., 2007). Desta forma, nosso programa de treinamento foi
capaz de diminuir alguns marcadores inflamatórios, proporcionando assim, segundo
os achados na literatura, proteção maior para as doenças que assolam o sistema
cardiovascular.
Outro parâmetro inflamatório estudados foi a leptina. Entre as substâncias
liberadas pelo adipócito incluem-se a adiponectina, o fator de necrose tumoral alpha
(TNF-α), alguns hormônios sexuais e a leptina que discutiremos a seguir.
Especificamente, a leptina desempenha importante papel no controle da ingestão
alimentar e no controle do peso corporal em mamíferos (GIUNTA, 2006).
Quando homens obesos, foram submetidos à intervenção dietética e
exercícios aeróbios, durante 16 meses, foi verificada a redução plasmática de leptina
do grupo treinado em relação ao grupo controle. (PASMAN, WESTERTEP-
PLANTENGA e SARIS, 1998). Estes achados, vão de encontro ao nosso estudo,
porém se difere em relação ao período de treinamento e característica do protocolo
de exercícios. Sendo também que em nosso grupo não acorreu controle alimentar
durante o período de treinamento
Outro estudo interessante, com mulheres obesas após a menopausa,
encontrou redução de 36% no nível plasmático de leptina após 16 semanas de
treinamento com pesos associado à redução de peso corporal. Por outro lado, as
mulheres do mesmo estudo que faziam apenas o treinamento com pesos, mas não
participavam do esquema de redução ponderal, não apresentavam qualquer
alteração no nível plasmático de leptina (ZAFEIRIDS, SMILIOS, et al., 2003). Estes
106
dados corroboram com nossos estudos em relação ao período de treinamento e
concomitantemente na redução da leptina.
Estudo com pacientes diabéticos foi observado redução no nível plasmático
de leptina na fase aguda do programa de treinamento físico com pesos, mas
nenhuma alteração foi encontrada, cronicamente, após seis semanas desse tipo de
treinamento (KANALEY, FENICCHIA, et al., 2001). Estes dados diferem do nosso
trabalho quanto à fase de treinamento que foi observado a redução da leptina, acha
visto que em nosso estudo a redução ocorreu de forma crônica após 16 semanas de
treinamento combinado.
Já um protocolo que avaliou 186 homens divididos em três grupos sendo,
dieta, exercício aeróbio e grupo controle, verificou redução tanto no grupo que
realizou somente a dieta quanto o grupo que realizou somente exercício (FRANKS,
FAROOQI, et al., 2003). Corroborando com nossos dados de redução de leptina,
porém com protocolo de exercícios aeróbios, sendo que nosso protocolo foi
realizado com treinamento combinado.
Em um programa de exercícios resistidos, por 16 semanas de treinamento em
mulheres menopausadas, foi comparado o grupo de exercício e exercício com a
dieta, ocorrendo apenas diminuição da leptina no grupo que realizou dieta e
exercício (RYAN, PRATLEY e GOLDBERG, 2000). Este trabalho vai de encontro ao
nosso período de treinamento, porém somente com exercícios resistidos e com
redução da leptina no grupo que apresentou controle nutricional, sendo que em
nosso trabalho a redução ocorreu sem a restrição calórica.
Estudo com mulheres com sobrepeso submetidas a oito semanas de
intervenção dietética hipocalórica e programa de exercício aeróbio [60% da
frequência cardíaca máxima, 5 vezes/semana, 60 minutos/dia], reduziram o
percentual de gordura e tiveram diminuição das concentrações de leptina sérica de
jejum (FRAGALA, KRAEMER, et al., 2009). Em homens com sobrepeso, resultados
similares foram encontrados em caminhada, 12 meses, 3 vezes/semana, 60
minutos/dia. (ROKLING-ANDERSEN, RESELAND, et al., 2007).
Este achado vão de encontro ao nosso trabalho que também proporcionou
redução plasmática de leptina, porém se difere no protocolo de treinamento, sendo
que nosso protocolo usou o treinamento combinado entre exercícios resistidos e
aeróbios.
107
Em estudo com homens obesos, observaram-se modificações na massa
muscular e na adiposidade de sujeitos submetidos a 12 semanas de exercício de
força dinâmico, 3 vezes/semana, 1 hora/dia, 17 tipos de exercícios a 70% de uma
repetição máxima (1RM). Os indivíduos apresentaram aumento da força muscular,
melhora da sensibilidade à insulina, aumento de 24,4% na taxa de eliminação de
glicose/kg de massa livre de gordura e diminuição de 21% na leptina plasmática
(KLIMCAKOVA, POLAK, et al., 2006). Neste estudo a protocolo de exercício foi de
somente treinamento resistido e em uma amostra predominantemente de homens
obesos, sendo assim com características diferentes de nossa amostra em relação
ao protocolo de treinamento e sexo dos participantes.
É importante ressaltar evidências, mostrando as adaptações referentes ao
controle da inflamação pelo treinamento físico regular e sistematizado ainda são
incipientes. Possivelmente um aumento na condição orgânica pró-inflamatória pelo
estímulo do exercício agudo seria contrabalançado pelo ambiente anti-inflamatório
crônico, que restringiria a magnitude e duração da inflamação e proporcionaria
regeneração tecidual e adaptação (BASSEL-DUBY, OLSON e E.N, 2006).
Embora o mecanismo pelo qual o treinamento físico modifica a resposta
imunitária seja desconhecido, acredita-se que a liberação aguda de citocinas
derivadas de fibras musculares, particularmente IL-6, regule a produção de
mediadores inflamatórios liberados por células mononucleares periféricas (NICKLAS
e BRINKLEY, 2009) . E indiretamente, por ação no metabolismo de tecidos e órgãos
(PEDERSEN e FEBBRAIO, 2008).
No âmbito de investigações com populações geriátricas, os resultados são ainda
contraditórios (FISCHER, 2006). Por exemplo, foi observado que o treinamento resistido
melhorou a força muscular, sem, no entanto, alterar significativamente os níveis plasmáticos
de TNF-α e IL-6 em idosos com síndrome de fragilidade (BRUUNSGRAR, 2005). Por outro
lado, o estudo, comparando os efeitos do treinamento aeróbio com o resistido, verificou que,
enquanto o primeiro reduziu os níveis de mediadores inflamatórios de forma generalizada, o
último provou declínio, exclusivamente, sobre o receptor solúvel do fator de necrose
tumoral-α (TNF-α) (KOHUT, MCCANN e RUSSELL, 2006). Outro estudo combinando
sessões de exercício aeróbio e resistido não reduziu significativamente os níveis de IL- 6 em
idosos obesos e mulheres com osteoartrite (NICKLAS, AMBROSIUS, et al., 2009). Neste
contexto, é provável que divergências observadas sejam, em parte, decorrência de poder
insuficiente dos testes, heterogeneidade genética da amostra, influências nutricionais e
ambientais não investigadas (NICKLAS e BRINKLEY, 2009). Ainda dentre estes fatores
108
descritos, mudanças nos quadros séricos de citocinas podem influenciar positivamente em
mudanças fisiológicas importantes que podem atenuar várias comorbidades.
Um estudo populacional evidenciou que níveis mais elevados da adipocina
resistina e incidência de isquemia cardíaca foram observados naqueles com menor
aptidão física (ZHANG, SCHILLER e WHOOLEY, 2010). Em recente revisão, Brandt
e Pedersen (2010) evidenciaram que o exercício físico é fundamental no controle da
aterosclerose, pois a prática de exercícios apresenta como efeito crônico a redução
na expressão de citocinas pró-inflamatórias como o TNF-α, ademais a musculatura
esquelética quando estimulada libera miocinas anti-inflamatórias como a IL-6 e IL-15
(BRANDT e PEDERSEN, 2010).
Em conjunto, estes resultados sugerem que o incremento dos níveis
sistêmicos de mediadores pró-inflamatórios circulantes em população idosa constitui
fator comum entre o estilo de vida, fatores de risco para DCV e alterações
fisiológicas durante a imunossenescência.
Considerando os nossos resultados, em comparação aos dados de estudos
aqui apresentado, demonstramos que o treinamento combinado foi efetivo em
interferir positivamente na redução da IL-1β, IL 8 e leptina, podendo assim colaborar
no tratamento de idosos obesos que sofrem de comorbidades que estão atreladas a
processos inflamatórios de baixa intensidade.
Uma possível limitação deste estudo foi a falta de controle do uso de
fármacos relativos à patologia, visto que várias idosas faziam usos de diferentes
tipos de fármacos, bem como os hábitos alimentares das mesmas, o que
provavelmente pode ter influenciado os resultados. Para uma continuidade em
estudos com mesma abordagem, um trabalho multidisciplinar tende a ser promissor,
bem como a realização de experimentos similares por períodos mais prolongados,
com avaliações mais frequentes (3 em 3 meses) e diferentes níveis de intensidade
na prescrição dos exercícios, sendo realizado talvez, testes diretos para mensurar
capacidade cardiorrespiratório e força.
109
CONCLUSÃO
Após um período de 16 semanas de treinamento combinado em idosos obesos, o
presente estudo apresentou seguintes modificações;
1- Aumento da potencia aeróbia, aumento da força muscular superior e inferior
dos idosos participantes, auxiliando assim como já descrito neste trabalho na
manutenção das atividades de vida diária e consequentemente proporcionando
maior qualidade de vida para os idosos.
2- Redução da massa corporal total, aumento da massa magra, redução também
da massa gorda e relação cintura/quadril, proporcionando assim como já bem
elucidado na literatura cientifica a diminuição dos riscos de doenças
cardiovasculares nesta população. Outro fator de suma importância que concluímos
em nosso estudo com um protocolo de treinamento combinado, foi o aumento do
HDL dos participantes sem o aumento do colesterol total, LDL e triglicerídeos.
3- Redução da PAS, PAM e do duplo produto, relacionando com este ultimo
dado descrito, um menor esforço cardíaco para a mesma intensidade de trabalho ao
final das 16 semanas de treinamento.
4- Redução significativa da IL1-β, IL8 e da leptina séricos, indicando assim que
após o período de treinamento este grupo apresentou redução dos marcadores
inflamatórios.
Desta forma, considerando os parâmetros avaliados, o treinamento combinado
realizado por um período de 16 semanas foi eficiente em induzir efeitos em diversos
sistemas fisiológicos, característico tanto dos efeitos induzidos pelo treinamento
isolado, com exercícios aeróbios ou de força muscular. Desta forma, nossos dados
demonstram que tal programa de treinamento pode ser administrado como
tratamento, tanto na prevenção primaria como secundaria em idosos obesos.
110
REFERÊNCIAS
ABBAS, A. Imunologia celular e molecular. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2005.
ACSM. ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription, n. 7, 2010.
AHIMA, R. S.; FLIER, J. S. Leption. Rev Physiol , v. 62, p. 413-37, 2000.
ALBINO, I. et al. Influência do treinamento de força muscular e de flexibilidade articular sobre o equilíbrio corporal em idosas. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p.17-25, 2012.
ANTUNES, H. et al. Depression, anxiety and quality of life scores in seniors after an endurance exercise program. Rev Bras Psiquiatr, v. 27, n. 4, p. 266-71, 2005.
AOKI, M. et al. Suplementação de carboidratos não reverte o efeito do exercício de endurance sobre o subsequente desempenho de força. Revista Brasileira de Medicina do Esporte., p. 282-287, 2003.
ARI, Z. et al. Serum testosterone, growth hormone, and insulin-like growth factor-1 levels, mental reaction time, and maximal aerobic exercise in sedentary and long-term physically trained elderly males. Int J Neurosci, p. 623-37, 2005.
ARMSTRONG, L. ACSM's guidelines for exercise testing and. ACSM, 2007.
BAPTISTA, R. R.; VAZ, M. A. Arquitetura muscular e envelhecimento: adaptação funcional e aspectos clínicos; revisão da literatura.. Fisioterapia e Pesquisa, São
Paulo, v. 16, n. 4, Dezembro 2009.
BARBOSA, A. Efeitos de um programa de treinamento contra resistência sobre a composição corporal, a força muscular e a flexibilidade de mulheres idosas, São Paulo, 2000.
111
BARBOSA, A. Anthropometry of elderly residents in the city of São Paulo, Brazil. Caderno Saúde Publica, Rio de Janeiro, v. 21, n. 6, p. 1929-1938, 2007.
BARBOSA, A. R. et al. Efeitos de um programa de treinamento contra resitência sobre a força muscular de mulhres idosas. Rev Bras Ativ Saúde, v. 5, n. 3, p. 12-20, 2000.
BARRA, N. et al. Interleukin-15 contributes to the regulation of murine adipose tissue and human adipocytes. Obesity (Silver Springs) , n. 18, p. 1601-7, 2010.
BASSUK, S. S. Physical actvity and cardiovascular disease prevention in women: how mch is good enough? Exerc Sport Sci Rev, p. 176-181, 2007.
BASTOS, D. S.; BORENSTEIN, M. S. Identificando os déficits de autocuidado de clientes hipertensos de um centro municipal de saúde. Revista Texto & Contexto Enfermagem, v. 13, n. 1, p. 92-99, 2008.
BATISTA, M. L. et al. Endurance training restores peritoneal macrophage function in post-MI congestive heart failure rats.. J Appl Physiol , v. 102, n. 5, p. 2033-9, 2007.
BEKRI, S. G. Increase adipose tissue expression of hepcidin in severe obesity is independet from diabetes and nassh. Gastroenterol, v. 89, n. 8, p. 788-796, 2006.
BORG; NOBLE. Monitorando a Intensidade do Exercício. Percepção Subjetiva do Esforço – Escala de Borg, 1974.
BORGES, M.; MOREIRA, A. Influências da prática de atividades físicas na terceira idade: estudo comparativo dos níveis de autonomia para o desempenho nas AVDs e AIVDs entre idosos ativos fisicamente e idosos sedentários. Revista Motriz., v. 15, n. 3, p. 562-73, 2009.
BRANDON, L. et al. Resistive training and long-term function in older adults. J Aging Phys Act, v. 12, n. 1, p. 10-28, JAN 2006.
112
BRANDT, C.; PEDERSEN, B. The role of exercise-induced myokines in muscle homeostasis and the defense against chronic diseases. Journal of biomedicine & biotechnology, p. 1-6, 2010.
BRITO, D. M. S. Qualidade de vida e percepção da doença entre portadores de hipertensão arterial. Cad. Saúde Pública, v. 24, n. 4, 2008.
BRUUNSGRAR, H. Physical activity modulation of systemic low-level inflammation. Journal of Leucocyte Biology, v. 78, p. 819-835, 2005.
BURKSMANN, S. Quedas em idosos: prevenção.. Revista da Associação Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, p. 1-7, 2008.
BUZZACHERA, C. F. Prevalência de sobrepeso e obesidade geral e central em mulheres idosas da cidade de Curitiba. Rev Nutr[online], Paraná, v. 21, n. 5, p. 525-
533, 2008.
CABRERA, M.; JACOB, F. Obesidade em idosos: Prevalência, Distribuição e associação com hábitos e co-morbidades. ARQUIVO BRASILEIRO DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLISMO, p. 107-113, 2005.
CADER; SAMÁRIA. Efeito do treino dos músculos inspiratórios sobre a pressão inspiratória máxima e a autonomia funcional de idosos asilados. Motricidade, v. 3,
n. 1, p. 279-288, 2007.
CÂMARA, L. C. et al. Exercícios resistidos terapêuticos para indivíduos com doença arterial. Jornal Vascular Brasileiro, v. 6, n. 3, p. 246-56, 2007.
CANDORE, G. et al. Biology of longevity: role of the innate immune system. Rejuvenation Research, Larchmont, v. 9, n. 1, p. 43-148, 2006.
CARMONA, F. Manutenção na pratica de exercícios para idosos. Revista do Departamento de Psicologia, UFF., São Paulo, v. 18, n. 2, p. 177-192, 2006.
113
CARVALHO, J. A. B. Fecundidade e mortalidade no Brasil, 1960/1970. CEDEPLAR/UFMG, Belo Horizonte, 1978.
CARVALJO, M. J.; MARQUES, E.; MOTA, J. Training and de trainind effects on functional fitness after a multicomponent training in older wonen. Gerontology, v. 55, p. 41-48, 2009.
CASTANEDA, C. Type 2 diabetes mellitus and exercise. Rev Nutr Clin Care, n. 13,
p. 349-58., 2001.
CAVANI, V. et al. Effects of a 6 week resitence training on functional fitnness of older adults. J Aging Phys, p. 443-52, 2002.
CELICH, K. Domínios de qualidade de vida e capacidade para a tomada de decisão em idosos participantes de grupos de terceira idade [tese]Porto Alegre (RS). Pontifícia Universidade Católica, Rio Grande do Sul, 2008.
CHAVES, E. S. Eficácia de programas de educação para adultos portadores de hipertensão arterial. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 59, n. 4, p. 543-547,
2006.
CHOBANIAN, A. et al. Seventh report of the Joint National Committee on Prevention, Detection,Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure. Hypertension, v. 42,
n. 6, p. 1206-52., 2005.
CHTARA, M. Effects of Intra-Session Concurrent Endurance and Strength Training Sequence on Aerobic Performance and Capacity. Br Sports Med, p. 555-560, 2005.
CLEMSON, L. Integration of balance and strength training into daily life activity to reduce rate of falls in older people (the LiFE study): randomised parallel trial. BMJ, v.
15, 2012.
COSTA ROSA, L.; BELMONTE, M.; SEELAENDER, M. The effect of traini ing on macrophage metabolism and function. Med Sci Sports Exerc , v. 30, p. 280, 1998.
114
COUILARD, C.; DESPRES, J.; LAMARCHE, B. Effects of endurance exercise training on plasma HDL cholesterol levels depend on level of triglycerides: evidence from men of the Health, Risk Factors, Exercise Training and Genetics (HERITAGE) Family Study. Arterioscler Thromb Vasc Biol. , v. 21, p. 1226-32., 2001.
COX, K. et al. A comparison of the effects of swimming and walking on body weight, fat distribution, lipids, glucose, and insulin in older women - the Sedentary Women Exercise Adherence Trial 2. Metabolism., v. 59, p. 1562-1573, 2010.
CUNNINGHAM, D. et al. A model of oxygen transport capacity changes for independently living older men and women. Can J Appl Physiol, v. 22, n. 5, p. 439-53, 1997.
DAVIS, D. S. et al. The effectiveness of 3 stretching techniques on hamstring flexibility using consistent stretching parameters. Strength Cond Res, v. 19, n. 1, p. 27-32, 2005.
DEBOER, M. et al.. Effect of 5-weeks horizontal bed rest on human muscle thickness and architecture of weight bearing and non-weight bearing muscles.. Eur J Appl Physiol., v. 104, n. 2, p. 401-7, 2008.
DIK, M. et al. Early life activity and cognition in old age. J Clin Exp Neuropsychol, v. 25, p. 643-53, 2012.
DIPENTA, J. M.; GREEN-JOHNSON, J. Natural killer cells and exercise trainin in the ederly. Can J Appl Physiol, p. 419-443, 2006.
DORNER, T.; RIEDER, A. Obesity paradox in elderly patients with cardiovascular diseases. Int J Cardiol, v. 155, n. 1, p. 56-65, Fevereiro 2012.
DUARTE, F. et al. O exercício de final de semana contribui para o controle das dislipidemias em ratos adultos machos alimentados com dieta rica em gorduras. Rev. Bras. de Fisioterapia, v. 7, n. 3, p. 229-235, 2003.
115
FAGHERAZZI et al. Impacto do exercício físico isolado e combinado com dieta sobre os níveis séricos de HDL, LDL, colesterol total e triglicerídeos. Rev. bras. med. esporte, v. 14, n. 4, p. 381-386, Julho 2008.
FARINATTI, P. et al. Programa Domiciliar de Exercícios: feitos de Curto Prazo sobre a Aptidão Física e Pressão Arterial de Indivíduos Hipertensos. Arq Bras Cardiol, v.
6, p. 84-90, 2005.
FERNANDEZ, J. M. Insuline resistence and chonic cardiovascular inflammatory syndrome. Endocr Rev, p. 14-16, 2006.
FIGUEIREDO, I. M. et al. Teste de força de preensão utilizando o dinamômetro Jamar; Test of grip strength using the Jamar dynamometer. Acta Fisiatrica, v. 14, n. 2, 2007.
FISCHER, C. P. Interleukin-6 in acute exercise and training: what is the biological relevance? Exerc Immunol Rev., v. 12, p. 6-33, 2006.
FISMAN, E. Z. et al. Interleukin-6 and the Risk of Future Cardiovascular Events in Patients With Angina Pectoris and/or Healed Myocardial Infarction. Am J Cardiol. , v. 98, p. 14-18, 2006.
FLORINDO, A. A. et al. Epidemiology of leisure, transportation, occupational and household physical activity: prevalence and associated factors. J Phys Act Health., v. 6, n. 5, p. 625-32, 2009.
FORJAZ, C. et al. Genetic and environmental influences on blood pressure and physical activity: a study of nuclear families from Muzambinho, Brazil. Braz J Med Biol Res., v. 45, p. 1269-75, 2012.
FORJAZ, C. L. M. et al. Exercício resistido para o paciente hipertenso: indicação ou contra-indicação.. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 10, n. 2, p. 119-24, 2003.
FRAGALA, M. et al. Influences of a dietary supplement in combination with an exercise and diet regimen on adipocytokines and adiposity in women who are overweight. Eur J Appl Physiol, p. 665-672, 2009.
116
FRANKS, P. et al. Does physical activity energy expenditure explain the between-individual variation in plasma leptin concentrations after adjusting for differences in body composition? J Clin Endocrinol Metab, v. 88, n. 7, p. 3258-63., 2003.
FREITAS, V. E. Importância da HDL-c para ocorrência de doença cardiovascular no idoso. Arquivo Brasileiro de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 93, n. 3, p. 231-238,
2009.
FRUHBECK, G. et al. The adipocyte: a model for integration of endocrine and metabolic signaling in energy metabolism regulation. Am J Physiol Endocrinol Metab, p. 827-47, 2005.
GIUNTA, S. Is inflammaging an auto[innate]immunity subclinical syndrome? Immunity & Ageing, London, v. 3, n. 12, p. 1-2, 2006.
GOMES, R. V.; AOKI, M. S. Suplementação de creatina anula o efeito adverso do exercício de endurance sobre a subsequente desempenho de força. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 11, n. 2, p. 131-134, Março 2005.
GOODWIN, J. Effect of aging on respiratory system physiology.. Am J Physiol Lung Cell Mol Physiol, p. 253-260, 2006.
GRANDJEAN, P. W. Influence of cholesterol status on blood lipid and liproprotein enzyme responses to aerobic exercise. J Appl Physical , v. 89, p. 472-480, 2000.
GUEDES, P. D.; LEANDRO, A. V. Impacto da prática habitual de atividade física no perfil lipídico de adultos. Arq Bras Endocrinol Metab, São PAULO, v. 51, n. 1, 2007.
GUPTA, S. Molecular steps of cell suicide: An insight into immune senescence. Cell Immunol, v. 233, n. 2, p. 102–108, 2005.
HAGBERG, J.; PARK, J.; BROWN, M. The role of exercise training in the treatment of hypertension: an update. Sports Med, v. 30, p. :193-206., 2000.
117
HARRIS, C. D. The effect of resistance-training intensity on strength-gain response in the older adult. J Strength Cond Res, v. 4, n. 18, p. 833-838, 2004.
HAZELL, T.; KENNO, K.; JAKOBI, J. Functional benefit of power training for older adults. J Aging Phys Act , v. 15, n. 3, p. 349-59., 2007.
HEPPLE, R. Sarcopenia: a critical perspective. Sci Aging Knowledge Environ. , v. 19, n. 46, p. :31-40, 2006.
HEWETT, T.; MYER, G.; ZAZULAK, B. Hamstrings to quadriceps peak torque ratios diverge between sexes with increasing isokinetic angular velocity. J. Sci. Med. Sport. , v. 11, p. : 452-459, 2008.
HUNTER, G. R.; WETZSTEIN, C. J.; FIELDS, D. A. Resistance training increases total energy expenditure and free-living physical activity in older adults. J Apply Physiol, v. 89, p. 977-984, 2000.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Fevereiro 2010. Disponivel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 17 Dezembro 2012.
KANALEY, J. et al. Resting leptin responses to acute and chronic resistance training in type 2 diabetic men and women. Int J Obes Relat Metab Disord, v. 25, n. 10, p. 1474-80, 2001.
KANNISTO, K. et al. Ehrenborg E. Differential expression of peroxisomal proliferators activated receptors alpha and delta in skeletal muscle in response to changes in diet and exercise. Int J Mol Med, v. 17, p. 45-52, 2006.
KARAMANNIDIS, K.; ARAMPATZIZ, A.. Mechanical and morphological properties of human quadriceps femoris and triceps surae muscle-tendon unit in relation to aging and running.. J Biomech., v. 39, n. 3, p. 406-17., 2006.
KEESE, F. et al. Aerobic exercise intensity influences hypotension following concurrent exercise sessions. Int J Sports Med., v. 33, p. 148-53, 2012.
118
KIMURA, K. The Influence of Short-term Strength Training on Health-related Quality of: Life and Executive Cognitive Function.. Journal of Physiological Anthropology., p. 95-101, 2010.
KLIMCAKOVA, E. et al. Dynamic Strength Training Improves Insulin Sensitivity without Altering Plasma Levels and Gene Expression of Adipokines in Subcutaneous Adipose Tissue in Obese Men. J Clin Endocrinol Metab., v. 91, n. 12, p. 5107–5112, 2006.
KOHUT, M. L.; MCCANN, D. A.; RUSSELL, D. Aerobic exercise, but not flexibility/resistance exercise, reduces serum IL–18, CRP, and IL–6 independent of β–blockers, BMI, and psychological factors in older adults. Brain, Behavior, and Immunity, v. 20, p. 201-209, 2006.
KRABBE, K. S.; PEDERSEN, M.; BRUUNSGAARD, H. Inflammatory mediators in the elderly. Experimental Gerontology, Oxford, v. 39, n. 5, p. 687-699, 2004.
KRAMER, A.; WILLIS, S. Enhancing the Cognitive Vitality of Older Adults. Curr Direct Psychol Sci, p. 173-7, 2002.
LAGALLY, K. M.; ROBERTSON; ROBERT, J. Construct validity of the OMNI resistance exercise scale. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 20, n. 2, p. 252-256, maio 2006.
LAMBERTUCCI, R. H.; PITHONCURI, T. C. Alterações do sistema neuromuscular com o envelhecimento e a atividade física. Revista Saúde, v. 7, n. 17, p. 53-56, 2008.
LEE, L. H.; REED, D. R.; PRICE, R. A. Leptin resistance is associated with extreme obesity and aggregates in families. Intern J Obes, v. 25, p. 1471-3, 2001.
LEIBEL, R. L. The role of leptin in the control of body weight. Nutrition Rev, v. 60, n.
10, p. 15-9, 2002.
119
LEITE, T.; FARINATTI, P. Estudo da freqüência cardíaca, pressão arterial e duplo- produto em exercícios resistidos diversos para grupamentos musculares semelhantes. Rev Bras Fisiol Exerc, v. 2, n. 1, p. 29-49, 2003.
LEUNG, F. P. et al. Exercise, vascular wall and cardiovascular diseases. Sports Medicine, Auckland, v. 38, n. 12, p. 1009-1024, 2008.
LI, Z.; HEBER, D. Sarcopenic obesity in the elderly and strategies for weight management. Nutr Rev. 2012, v. 70, n. 1, p. 57-64, Janeiro 2012.
LIU, C.; FIELDING, R. Exercise as an intervention for Frailty. Clin Geriatr Med, v. 27, n. 1, p. 101-110, 2011.
LIZARDO, J.; SIMÕES, H. Efeito de diferentes sessões de exercícios resistidos sobre a hipotensão pós-exercício. Rev Bras Fisioter, v. 9, p. 249-55, 2007.
MACKNESS, M. I. How higt density lipoprotein protects against the effect od lipid peroxidation. Curr Opin Lipidol, v. 11, n. 4, p. 383-388, 2005.
MARCHIORI, L. L. Zumbido e hipertensão arterial no processo de envelhecimento. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 16, n. 1, p. 5-8, 2009.
MARTIN, J.; BUCKWALTER, J. Aging, articular cartilage chondrocyte senescence and osteoarthritis. Biogerontology, p. 257-64, 2006.
MATSUDO, S. et al. Nível de atividade física da população do estado de São Paulo: análise de acordo com o gênero, idade, nível sócio-econômico, distribuição geográfica e de conhecimento. Rev Bras Ciência e Movimento, p. 41-50., 2006.
MCARDLLE WD, K. V. Fisiologia do Exercício: Energia, Nutrição e Desempenho
Humano. 6ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
MELANSON, E. L. . S. T. A. . H. M. et al. Resistance and aerobic exercise have similar effects on 24-h nutrient oxidation. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 34, n. 11, p. 1793-1800, 2002.
120
MELLO, M.; FERNANDEZ, A.; TUFK, S. Levantamento Epidemiológico da Prática de Atividade Física na Cidade de São Paulo. Rev Bras Med Esporte, p. 119-124, 2000.
MIGUEL, L. B. J. et al. Efeito Anti-inflamatório do Treinamento Físico na insuficiência Cardíaca: Papel do TNF-α e da iL-10. Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, v. 93, n. 6, p. 692-700, 2009.
MIRANDA, R. D. Hipertensão arterial no idoso: peculiaridades na fisiopatologia, no diagnóstico e no tratamento. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 9, p. 293-300, 2009.
MORLEY, J. Weight loss in older persons: new therapeutic approaches. Curr Pharm Des, p. 3637-47, 2007.
MORRIS, M. Protocol for a home-based integrated physical therapy program to reduce falls and improve mobility in people with Parkinson’s disease. BMC Neurology, p. 7, 2012.
MORSE, C. et al. Changes in triceps surae muscle architecture with sarcopenia. Acta Physiol Scand. , v. 18, n. 3, p. :291-8, 2005.
MS. Portal da saúde. Site do Ministério da saúde, 2005. ISSN ISBN. Disponivel em: <http://portalsaude.saude.gov.br/>. Acesso em: 10 Maio 2013.
NARICI, M.; MAGANARIS, C. Adaptability of elderly human muscles and tendons to increased loading. J Anat., v. 208, n. 4, p. 433-43, 2006.
NELSON ME, L. B. J. et al. The effects of multidimensional home-based exercise on functional performance in elderly people. J Gerontol A Biol Sci Med Sci, p. 154-160, 2004.
NICKLAS, B. J. et al. Diet–induced weight loss, exercise, and chronic inflammation in older, obese adults: a randomized controlled clinical Trial. The American Journal Clinical of Nutrition, v. 79, n. 4, p. 544–551, 2009.
121
NICKLAS, B. J.; BRINKLEY, T. J. Exercise Training as a Treatment for Chronic Inflammation in the Elderly. Exercise and Sports Science Review, New York, v. 37, n. 4, p. 165-170, 2009.
OMS. Organização Mundial de Saúde. Foodborne disease, 2010. Disponivel em: <hhtp:www.who.int>. Acesso em: 17 Março 2012.
PADILHA, H. et al. A link between sleep loss, glucose metabolism and adipokines. Braz J Med Biol Res, v. 44, n. 10, p. 992-9, 2011.
PALMA, A. Exercício físico e saúde; sedentarismo e doença: epidemia. Motriz. Revista de Educação Física. UNESP, Rio Claro, v. 15, n. 1, p. 185-191, 2009.
PANAGIOTAKOS, D. B. et al. The associations between leisure-time physical activity and inflammatory and coagulation markers related to cardiovascular disease: the ATTICA Study. Prev. Med., v. 40, p. 432-437, 2005.
PANISI, P.; PÁDUA, P.; MARTINS, V.. Efeito da prescrição de caminhada sem supervisão da prática num parque público. Rev Bras Ativ Fis Saúde., v. 17, p. :423-
33., 2012.
PAPALÉU NETTO, M. Gerontologia. SÃO PAULO: Aheneu, 1996.
PASMAN, W.; WESTERTEP- PLANTENGA, M.; SARIS, W. The effect of exercise training on leptin levels in obese males. Am J Physiol, p. 280-286, 1998.
PEDERSEN, B. Muscles and their myokines. J Exp Biol, v. 46, p. 214:337, 2011.
PEDERSEN, B. K.; FISCHER, C. P. Beneficial health effects of exercise – the role of IL–6 as a myokine. Trends in Pharmacological Sciences, Amsterdam, v. 28, n. 4,
p. 152-56, 2007.
PEDERSEN, B.; FEBBRAIO, M. Muscle as an Endocrine Organ: Focus on Muscle-Derived Interleukin-6. Physiol Rev , n. 88, 1379-406 2008.
122
PEDERSEN, B.; FISCHER, C. Physiological roles of muscle-derived interleukin-6 in response to exercise. Curr Opin Clin Nutr Metab Care, v. 10, p. :265-71, 2007.
PETERSEN, M.; PEDERSEN, B. The anti-inflamatory effect of exercise. J. Appl. Physol. 2005, v. 98, p. 1154-62, 2005.
PINHEIRO, A. Uma abordagem epdemiológica da obesidade. Rev Nutri [online], v. 17, n. 4, p. 523-533, 2006.
PITKALA, K. H.; RAIVIO, M. M.; LAAKKONEN, M. Exercise rehabilitation on home-dwelling patients with Alzheimer's disease - a randomized, controlled trial. Study protocol.. Trials, London, v. 11, n. 82, p. 1-7, 2010.
POLITO, M. et al. Influência de uma sessão de exercício aeróbio e resistido sobre a hipotensão pós-esforço em hipertensos. Rev SOCERJ., v. 22, p. 330-4, 2009.
POLITO, M.; FARINATTI, P. Comportamento da pressão arterial após exercícios contra-resistência: uma revisão sistemática sobre variáveis determinantes e possíveis mecanismos. Rev Bras Med Esporte., v. 12, p. 386-92, 2006.
PORTER, M. Power training for older adults. App Physiol Nutr Metab, v. 31, n. 2, p.
87-94., 2006.
RAMALHO, J. Energy expenditure through physical activity in a population of community-dwelling Brazilian elderly: cross-sectional evidences from de Bambuí Cohort Study of Aging. Cad. Saúde Pública, v. 27, p. 399-408, 2011.
RIBEIRO, R. G.; DOMINGUES, D.; SILVA, V. A. Treinamento de flexibilidade e sua relação com as atividades da vida diária no envelhecimento: um estudo de revisão. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, n. 17, Setembro 2008.
RIKLI, C.; JONES, J. Functional fitness normative scores for community-residing older adults, ager 60-94. Journal of Aging and Physical Activity, v. 7, p. 162-181, 1999.
123
ROBINSON, K. A. Epidemiology of invasive Streptococcus pneumoniae infections in the United States, 1995-1998: Opportunities for prevention in the conjugate vaccine era. JAMA, v. 285, p. 1729-1735, 2001.
ROCCA, S. V. et al. Efeito do exercício físico nos fatores de risco de doenças crônicas em mulheres obesas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, São
Paulo, n. 42, p. p. 185-192, 2008.
ROKLING-ANDERSEN, M. et al. Effects of long-term exercise and diet intervention on plasma adipokine concentrations. American Journal of Clinical Nutrition. Am J Clin Nutr, v. 86, p. 1293–301, 2007.
RONDON, M. U. P. B.; BRUM, P. C. Exercício físico como tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 10, p.
134-9, 2003.
ROTH, S. M.; METTER, E. J.; LING, S.. Inflammatory factors in age-related muscle wasting.. Current Opinion in Rheumatology, Philadelphia, v. 18, n. 6, p. 625-630, 2008.
RUIZ, J. R. Association between muscular strength and mortality in men: prospective cohort study. BMJ (Clinical research ed.), United Kingdom, v. 337, p. 1-9, 2008.
RUIZ, R.; SIMÃO, R.; SACCOMANI, M. Isolated and combined effects of aerobic and strength exercise on post-exercise blood pressure and cardiac vagal reactivation in normotensive men. J Strength Cond Res., v. 25, p. 640-5, 2011.
RYAN, A.; PRATLEY, R.; GOLDBERG, A. Changes in plasma leptin and insulin action with resistive training in postmenopausal females.. Int J Obes Relat Metab Disord, v. 24, p. 27-32, 2000.
SALUD, O. P. D. L. Guia Clínica para Atención Primaria a las Personas Mayores.
[S.l.]: Washington, DC, 2006.
SBC. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose: Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007.
124
SBH. Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. SÃO PAULO: [s.n.], 2006.
SCHER, L. M. L. et al. The effect of acute resistive exercise on blood pressure in hypertensive elderly. J Clin Hypertens, p. 120-127, 2007.
SCHOT, P. et al. Sit- tostand performance of older adults following strength training. Res Q Exerc Sport, v. 71, p. 1-8, 2003.
SEYNNES, O.; DEBOER, M.; NARICI, M. Early skeletal muscle hypertrophy and architectural changes in response to high-intensity resistance training.. J Appl Physiol., v. 102, n. 1, p. 368-73, 2007.
SHARMAN, J. et al. Endurance exercise, plasma oxidation and cardiovascularrisk. Acta Cardiol, v. 59, n. 6, p. :636-42, 2004.
SHORT, R. Boosting the immune system. Nurs Older People, p. 18-21, 2006.
SIECK, G. Physiology of aging. J Appl Physiol, p. 1333-4., 2007.
SILLANPAA, E. et al. Effects of strength and endurance training on metabolic risk fators in healthy 40–65-year-old men. Scand J Med Sci Sports, v. 19, p. 885–895, 2009.
SIMÕES, R. A. Efeitos do treinamento de força na capacidade. Rev. Bras. , v. 13, n.
4, 2008.
SOUZA, E. O. et al. Acute effect of two aerobic exercise modes on maximum strength and strength endurance. Journal of Strength and Conditionning Research, São Paulo, p. 1286-1290, 2007.
SPANJAARD, M. et al. Gastrocnemius muscle fascicle behavior during stair. Journal Applied of Physiology, v. 102, p. 1618–23, 2007.
125
SPOSITO, A.; CARAMELLI, B.; FONSECA, F. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose: Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol., 2007.
SPRECHER, D. et al. Triglyceride: high-density lipoprotein cholesterol effects in healthy subjects administered a peroxisome proliferator activated receptor delta agonist. Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 27, n. 2, p. 359-65, 2007.
STEPHEN, W.; JANSSEN, I. Sarcopenic-obesity and cardiovascular disease risk in the elderly. J Nutr Health Aging, v. 13, n. 5, p. 460-6, May 2009.
STOLINSK, M. et al. Effect of 6-month supervised exercise on low-density lipoprotein apolipoprotein B kinetics in patients with type 2 diabetes mellitus. Metabolism, v. 57, p. 1608 - 14., 2008.
SWIFT, D. et al. Physical Activity, Cardiorespiratory Fitness, and Exercise Training in Primary and Secondary Coronary Prevention. Circulation Journal., v. 77, n. 2, p.
281-92, 2013.
TCHERNOF, A. Després JP. Pathophysiology of human visceral obesity An update. Physiol Rev., v. 93, n. 1, p. 359-404, 2013.
TEIXEIRA, L. et al. Post-concurrent exercise hemodynamics and cardiac autonomic modulation. Eur J Appl Physiol., p. 2069-78, 2011.
TOSCANO, J. J. O.; OLIVEIRA, A. C. C. Qualidade de vida em idosos com distintos níveis de atividade física. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 15, 2009.
TROTT, D. et al. Exercise training reverses agerelated decrements in endothelium-dependent dilation in skeletal muscle feed arteries. J Appl Physiol, p. 1925-1934,
2009.
VANCEA, D. et al. Efeito da freqüência do exercício físico no controle glicêmico e composição corporal de diabéticos tipo 2. Arq Bras Cardiol, v. 92, n. 1, p. 23-30,
2009.
126
VERA, R. O rapido processo de envelhecimento populacional do Brasil: sérios desafios para as politicas. Rev Bras Estud Popul, v. 23, n. 1, p. 5-26, 2006.
WERNBOM, M.; AUGUSTSSON, J. The influence of frequency, intensity, volume and mode of strength training on whole muscle cross-sectional area in humans. Sports Medicine, v. 37, n. 3, p. 255-64, 2007.
WOOD, E. Concurrent cardiovascular and resistance training in healthy older adults. Medicine Science and Sports Exercise, Los Angeles, v. 33, n. 10, p. 1751-1758, 2006.
ZAFEIRIDS, A. et al. Serum leptin responses after acute resistance exercise protocols. J Appl Physiol, p. 591-597, 2003.
ZHANG, M. H.; SCHILLER, N. B.; WHOOLEY, M. A. Resistin, exercise capacity, and inducible ischemia in patients with stable coronary heart disease: Data from the Heart and Soul study. Atherosclerosis, v. 213, p. 604-610, 2010.
127
ANEXOS-
128
Anexo 1: Escala subjetiva de esforço de OMNI-RES para o treinamento resistido (LAGALLY, ROBERTSON e ROBERT, 2006)
Anexo 2: Escala subjetiva de esforço de borg para o treinamento aeróbio
(BORG e NOBLE, 1974)
Anexo 3. Valores padrões de referência (repetições) para a população americana (RIKLI e JONES, 1999), em média e desvio padrão, do teste de marcha estacionária em 2 minutos de acordo com o sexo e a idade cronológica.
Nº Intensidade de esforço percebido
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 Extremamente pesado
Caracteristica do treinamento
Endurance
Endurance
Hipertrofia
Força
Extremamente facial
Facil
Razoavelmente facil
Razoavelmente pesado
Pesado
Nº Intensidade de esforço percebido
6 _
7 Muito fácil
8 _
9 Fácil
10 _
11 Relativamente fácil
12 _
13 Ligeiramente cansativo
14 _
15 Cansatico
16 _
17 Muito cansativo
18 _
19 Exausto
20 _
Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94
Mulher 91 90 84 84 75 70 58
± 24 26 25 24 23 22 21
Homen 101 101 95 91 87 75 69
± 21 23 23 27 24 24 26
129
Anexo 4. Valores padrões de referência (repetições) para a população americana (RIKLI e JONES, 1999), em média e desvio padrão, do teste de flexão de braço, de acordo com o sexo e a idade cronológica.
Anexo 5. Valores padrões de referência (repetições) para a população americana (RIKLI e JONES, 1999), em média e desvio padrão, do teste de levantar da cadeira em 30 segundos, de acordo com o sexo e a idade cronológica.
Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94
Mulher 16,1 15,2 14,5 14 13 12,2 10,9
± 4,6 4,3 4,4 4,4 4,1 3,8 3,8
Homen 19 18,4 17,4 16,2 16 13,6 12
± 4,7 5,3 5 4,6 4,3 4,3 3,5
Idade 60-64 65-69 70-74 75-79 80-84 85-89 90-94
Mulher 14,5 13,5 12,9 12,5 11,3 10,3 8
± 4 3,5 3,6 3,8 4,2 4 5,1
Homen 16,4 15,2 14,5 14 12,4 11,1 9,7
± 4,3 4,5 4,2 4,3 3,9 4,6 3,8
130
Anexo 6. Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos
131
132
Anexo 7. Características gerais de doenças e medicamentos em uso
Caracteristicas Doenças em percentual Medicamentos em uso
Hipertensão 100% Inibidor de ECA e diuréticos
Diabetes tipo II 17% Metformina
Artrose 21,40% Glucosamina e condroitina
Artrite 14,20% Abatacepte, certolizumabe pegol, golimumabe
Hernia de Disco 10,70% Anti-inflamatórios e Analgésicos
Reumatismo 4% Beserol
Doenças Cardiovasculares (DCV) 57, 14 % Crestor,alargam, Ácido acetilsalicílico
Niveis elevados de Colesterol total 46,40% Sinvastatina
Niveis elevados de triglicerideos totais 30% Gemfibrozil ou Fenofibrato
Hipotireoidismo 10% Puran t4
Dislipdemia 76,40% Gemfibrozil ou Fenofibrato e Puran T4