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Coleoptera 3%
Hemiptera 64%
Hymenoptera 29%
Aranae 3%
Outros 1%
DEF - Parcela A
EFEITO DAS INFRA-ESTRUTURAS
ECOLÓGICAS NA ABUNDÂNCIA E
DIVERSIDADE DE ARTRÓPODOS NA VINHA
SUSANA SOUSA1, FÁTIMA GONÇALVES1, CRISTINA CARLOS1,2, MÁRCIO NÓBREGA3 E LAURA TORRES1
1CITAB – Centro de Investigação e de Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5001-801, Vila Real, Portugal [email protected] 2ADVID – Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense, Quinta de Santa Maria, Apt. 137, 5050-106 Godim, Portugal; 3Sogevinus Quintas S.A.- Avenida Diogo Leite 344, Santa Marinha, 4400-111 Vila Nova de Gaia, Portugal
Introdução
Referências Bibliográficas
A biodiversidade desempenha um papel revelante na
manutenção e/ou incremento da sustentabilidade e
estabilidade dos ecossistemas agrários, ao servir de
suporte a importantes serviços ecossistémicos.
Embora a maioria das vinhas se encontre instalada em
regiões onde originalmente os níveis de biodiversidade
eram altos, a intensificação agrícola, que se tem verificado
nas últimas décadas, resultou em fragmentação e perdas
de habitats significativas com importante impacto na
biodiversidade, causando uma redução de abundância e
diversidade de artrópodos (Fahrig, 2003; Saunders et al.,
1991; Tilman et al., 2001; Winfree et al., 2009; citado por
Krewenka et al., 2011).
A verdade é que, actualmente, grande parte dos
ecossistemas vitícolas configura verdadeiros “desertos
ecológicos”, onde os artrópodos não encontram fontes de
alimento, abrigo ou refúgios onde possam permanecer
durante períodos em que as condições ambientais são
desfavoráveis e habitats para hospedeiros/presas (Franco
et al., 2006). Neste sentido, de acordo com Thomas et al.,
(1991), a solução passa pela manutenção ou plantio de
vegetação adjacente à área de exploração.
O presente trabalho teve como objectivo avaliar o impacto
de infra-estruturas ecológicas (IEE) nas populações de
artrópodos na vinha.
Franco J. C., Silva E. B., Soares C., Rodrigues P. & Figueiredo E. (2006). Gestão do habitat e protecção biológica. In; Franco J. C., Ramos A. P., Moreira I. (eds.). Infra-estruturas ecológicas e protecção biológica: caso dos
citrinos. ISA Press, Lisboa, 13-31.
Krewenka K., Holzschuh A., Tscharntke T. & Dormann C. (2011). Landscape elements as potential barriers and corridors for bees, wasps and parasitoids. Biological Conservation, 144:1816–1825.
Thomas. B., Wratter D. & Sotherton W. (1991). Creation of ‘islands’ habitats in farmland to manipulate populations of biological arthropods: predator densities and emigration. J Appl Ecol, 28: 906–917.
Material e Métodos
O trabalho decorreu em duas parcelas localizadas na Quinta de S. Luíz (Adorigo, Tabuaço), localizada na
Região Demarcada do Douro, durante o período de Maio a Setembro de 2013, num total de três
amostragens. Uma das parcelas (parcela A) é atravessada por dois corredores de vegetação que se
originam numa mata, situada a cerca de 50 m da parcela, enquanto que a outra (parcela B) é adjacente à
mesma mata e não possui corredores de vegetação.
Em cada parcela, colocaram-se três armadilhas adesivas amarelas em cada uma de três distâncias (5, 50 e
100 m) do corredor (parcela A) ou mata (parcela B), sendo que o tempo de permanência das armadilhas no
campo foi de uma semana.
No laboratório, com recurso à lupa binocular, procedeu-se à triagem e identificação dos artrópodes.
Para a análise faunística calculou-se a riqueza (nº espécies) (S), a abundância (nº de indivíduos) (N) e os
índices de diversidade de Shannon Wiener (H’) e Equitabilidade de Sahnnon Wiener (Eveness).
Fig. 1 – Aspecto geral da parcela A. Fig. 3 – Localização das armadilhas na Parcela A
Fig. 2 – Aspecto geral da parcela B Fig. 4 – Localização das armadilhas na Parcela B
Co-financiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural – Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território – Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento
Rural – “A Europa investe na zonas rurais”
Resultados e Discussão
Parcela A (mata + corredores)
Índices 5 m 50 m 100 m
H' 2,88 2,58 2,36
Eveness 0,64 0,56 0,59
S 24 25 16
N 524 743 484
Parcela B (mata)
Índices 5 m 50 m 100 m
H' 2,53 2,71 2,63
Eveness 0,56 0,60 0,58
S 23 23 24
N 649 403 397
Quadro 1 – Valor dos Índices calculados para a parcela A
Quadro 2 – Valor dos Índices calculados para a parcela B
Fig. 7 – % de ordens da parcela A
para a distância de 5 m
Fig. 8 – % de ordens da parcela A
para a distância de 50 m
Obtiveram-se, no total 3 200 artrópodos, pertencentes a sete ordens, isto é
Coleoptera, Hemiptera, Lepidoptera, Hymenoptera, Neuroptera, Raphidioptera e
Aranae, dos quais 1 751 foram recolhidos na parcela A e 1 449 na parcela B. As
ordens Hemiptera, Coleoptera e Hymenoptera foram as mais representativas em
ambas as parcelas (Fig. 7 a 12). As capturas foram maioritariamente dominadas
por cicadelídeos que representaram 54,4% e 35,7% das capturas, respectivamente
nas parcelas A e B.
A análise faunística mostra que na parcela A, a abundância foi superior na distância
a 50 m da sebe (N= 743 artrópodos) comparativamente a 5 e 100 m (N= 524 e N=
484, respectivamente), enquanto que a diversidade foi superior na distância a 5m
da sebe (H'= 2,88) comparativamente aos obtidos quer a 50m (H'= 2,58) quer a
100m (H'= 2,36). A riqueza foi superior a 50m da sebe (S= 24), e o Índice de
Equitabilidade a 5m (Eveness= 0,64) (Quadro 1).
Na parcela B a abundância foi superior na distância a 5 m da mata (N= 649
artrópodos) comparativamente aos obtidos quer a 50m (N= 403) quer a 100 m da
mata (N= 397); contudo a diversidade foi superior nos 50 m (H'= 2,71)
relativamente aos 5m (H'= 2,53) e 100 m (H'= 2,63). O Índice de Equitabilidade
(Eveness= 0,60) foi superior a 50 m da mata enquanto que a riqueza foi mais
elevada a 100 m daquela (S= 24) (Quadro 2).
Coleoptera 7%
Hemiptera 43%
Hymenoptera 47%
Aranea 2%
Outros 1%
ABC - Parcela A
Coleoptera 3%
Hemiptera 60%
Hymenoptera 37%
Aranae 0%
Outros 0%
GHI - Parcela A
Coleoptera 15%
Hemiptera 43%
Hymenoptera 40%
Aranae 1% Outros
1%
3, 4, 7 - Parcela B
Coleoptera 10%
Hemiptera 43%
Hymenoptera 43%
Aranae 1%
Outros 3%
2, 5, 8 - Parcela B
Coleoptera 12%
Hemiptera 25% Hymenoptera
60%
Aranae 2%
Outros 1%
1, 6, 9 - Parcela B
Fig. 9 – % de ordens da parcela A
para a distância de 100 m
Fig. 12 – % de ordens da parcela B
para a distância de 100 m Fig. 10 – % de ordens da parcela B
para a distância de 5 m
Fig. 11 – % de ordens da parcela B
para a distância de 50 m
De um modo geral a riqueza e a abundância foram superiores nas distâncias mais
próximas das infra-estruturas evidenciando a importância que estas poderão ter
nas populações de artrópodos. No que respeita aos índices de diversidade e
equitabilidade, verificou-se que na parcela A, os valores daqueles foram superiores
nas distâncias mais próximas da infra-estrutura (5 m e 50 m), enquanto que na
parcela B, foram superiores nas distâncias mais afastadas das infra-estruturas (50
m e 100 m).
Fig. 5 – Sirfídeo a alimentar-se de uma flor de
estevinha
Fig. 6 – Aranha, sobre flor de rosmaninho, a
alimentar-se de um díptero.