EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2...

95
AMANDA DE MORAIS OLIVEIRA EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DO LICOR DE BANANA RECIFE 2008

Transcript of EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2...

Page 1: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

AMANDA DE MORAIS OLIVEIRA

EEFFEEIITTOO DDAA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDEE FFEERRRRAAMMEENNTTAASS DDAA

QQUUAALLIIDDAADDEE SSOOBBRREE AASS CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS

DDOO LLIICCOORR DDEE BBAANNAANNAA

RECIFE

2008

Page 2: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO - MESTRADO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CIÊNCIA DOS ALIMENTOS

AMANDA DE MORAIS OLIVEIRA

EEFFEEIITTOO DDAA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDEE FFEERRRRAAMMEENNTTAASS DDAA

QQUUAALLIIDDAADDEE SSOOBBRREE AASS CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS

DDOO LLIICCOORR DDEE BBAANNAANNAA

RECIFE

2008

Page 3: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

AMANDA DE MORAIS OLIVEIRA

EEFFEEIITTOO DDAA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDEE FFEERRRRAAMMEENNTTAASS DDAA

QQUUAALLIIDDAADDEE SSOOBBRREE AASS CCAARRAACCTTEERRÍÍSSTTIICCAASS

DDOO LLIICCOORR DDEE BBAANNAANNAA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do grau de Mestre em Nutrição na área de Ciências dos Alimentos.

Orientadora: Drª Tânia L. M. Stamford

Co-Orientadora: Drª Erilane C. L. Machado

RECIFE

2008

Page 4: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Oliveira, Amanda de Morais

Efeito da aplicação de ferramentas da qualidadesobre as características do licor de banana / Amandade Morais Oliveira. – Recife : O Autor, 2008.

xxi, 92 folhas : il., tab. fig., quadros.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CSS. Nutrição, 2008.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Licor de banana – Aplicação de ferramentas da qualidade. . I. Título.

663.83 CDU (2.ed.) UFPE 663.55 CDD (22.ed.) CCS2008-033

Page 5: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de
Page 6: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Dedico este trabalho aos meus pais,

Júlio César Oliveira e Maria José

Oliveira; e aos meus irmãos, Fernanda

Oliveira e Júlio César Oliveira Filho.

Page 7: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Pernambuco pela oportunidade de participação do Programa de Pós-Graduação em Nutrição.

Aos Meus Pais - sócios e amigos - pelo enorme apoio, incentivo e compreensão.

Ao Meu Anjo Leal e Protetor. Minha gratidão por acompanhar minhas inquietações de toda ordem, pelo apoio e carinho nos momentos de dificuldades...

À minha orientadora, Drª Tânia Stamford, pela orientação, paciência, compreensão e credibilidade em mim depositada.

À Drª Erilane Machado, pela co-orientação, sugestões, amizade e exemplo.

À Drª Samara Alvachian Andrade pela realização das análises estatísticas e opiniões de grande relevância.

À Drª Edleide Freitas Pires pelas valiosas sugestões.

Aos Técnicos do Laboratório de Análise e Experimentação de Alimentos – LEAAL, pelo apoio na execução das análises realizadas neste trabalho.

Às amigas de turma do mestrado, Beth, Dani, Manu e Teresa, que durante este período de convivência, mesmo com dificuldades de tempo, souberam auxiliar uma às outras por meio da troca de idéias e sugestões.

À Neci, secretária da Pós-graduação em Nutrição, pelos bons préstimos e amizade.

Ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, pelo apoio técnico.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, pelo auxílio financeiro.

A Deus e a Nossa Senhora por terem me concedido a vida e esta oportunidade de crescimento pessoal e profissional.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente, muito colaboraram para a concretização deste objetivo. Muito obrigada!

Page 8: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

SUMÁRIO

Lista de Siglas e Abreviaturas VII

Lista de Quadro e Tabelas VIII

Lista de Figuras IX

Resumo X

Abstract XI

1. INTRODUÇÃO 13

2. REVISÃO DE LITERATURA 17

2.1 A importância do processamento da banana (Musa spp.) 17

2.2 Elaboração de licores 21

2.3 Programa 5S 25

2.4 Boas Práticas de Fabricação 28

2.5 Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle 30

3. OBJETIVOS 37

3.1 Geral 37

3.2 Específicos 37

4. MATERIAIS E MÉTODOS 39

4.1 Local de Estudo 39

4.2 Abordagem à Empresa 39

4.3 Implantação do Programa 5S 40

4.4 Implantação das Boas Práticas de Fabricação –BPF 41

4.4.1 Elaboração das Instruções de Trabalho – IT 41

4.4.2 Elaboração dos Procedimentos Padrões de Higiene Operacional – PPHO

42

4.4.3 Elaboração do Manual de Boas Práticas de Fabricação – Manual de BPF

44

4.5 Implantação do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – Sistema APPCC

44

V

Page 9: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4.5.1 Etapas preliminares 44

4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45

4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46

4.6 Análises de Qualidade 46

4.6.1 Coleta de Amostras 46

4.6.2 Análises Microbiológicas 47

4.6.1.1 Coliformes a 45ºC 47

4.6.1.2 Estafilococos Coagulase Positiva 47

4.6.1.3 Salmonella spp. 48

4.6.3 Análises Físico-Químicas 49

4.6.3.1 pH 49

4.6.3.2 Densidade à 20ºC 49

4.6.3.3 Açúcares Totais 50

4.6.3.4 Sólidos Solúveis Totais 51

4.6.3.5 Acidez Total 51

4.6.3.6 Extrato Seco 52

4.6.3.7 Teor Alcoólico 52

4.6.4 Análise Sensorial 53

4.7 Análise Estatística 54

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 56

5.1 Impacto da Aplicação de Ferramentas da Qualidade 56

5.2 Análises de Qualidade do Produto 67

6. CONCLUSÕES 78

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 80

ANEXOS

VI

Page 10: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BPF - Boas Práticas de Fabricação

PPHO - Procedimentos Padrões de Higiene Operacional

IT - Instruções de Trabalho

PDC - Planilhas de Controle

APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

PC - Ponto de Controle

PCC - Pontos Críticos de Controle

INICIAL - Diagnóstico Inicial

PÓS-5S - Diagnóstico após implantação do Programa 5S

PÓS-BPF - Diagnóstico após implantação das BPF

PÓS-APPCC - Diagnóstico após implantação do Sistema APPCC

HP/PT - Aspectos Gerais de Higiene Pessoal e Programa de Treinamento

P/I - Aspectos Gerais de Projetos e Instalações

AGF - Aspectos Gerais de Fabricação

L/S - Aspectos Gerais de Limpeza e Sanitização

CIP - Aspectos Gerais de Controle Integrado de Pragas

CQ - Aspectos Gerais de Controle de Qualidade

CP APPCC - Controle de Processo pelo Plano APPCC.

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

VII

Page 11: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

LISTA DE QUADRO E TABELAS

QUADRO

Quadro 1: Ficha para avaliação do sensorial do licor de banana. 54

TABELAS

Tabela 1: Avaliação microbiológica das amostras de licor de banana após os diagnósticos INICIAL, PÓS-5S, PÓS-BPF e PÓS-APPCC.

67

Tabela 2: Características físico-químicas das amostras de licor de banana após os diagnósticos INICIAL, PÓS-5S, PÓS-BPF e PÓS-APPCC (Média±Desvio Padrão).

71

Tabela 3: Atributos sensoriais das amostras de licor de banana com diferentes teores alcoólicos (Média±Desvio Padrão).

73

VIII

Page 12: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Etapas seguidas para elaboração do Plano APPCC 45

Figura 2: Diagnóstico INICIAL - Percentual de conformidade dos itens críticos e não-críticos distribuídos por etapas do Check-list aplicado na fábrica de licor de banana. HP/PT: Higiene pessoal e programa de treinamento; P/I: Projetos e instalações; AGF: Aspectos gerais de fabricação; L/S: Limpeza e sanitização; CIP: Controle integrado de pragas; CQ: Controle de qualidade; CP APPCC: Controle de processo pelo plano APPCC.

57

Figura 3: Diagnóstico PÓS-5S - Percentual de conformidade dos itens críticos e não-críticos distribuídos por etapas do Check-list aplicado na fábrica de licor de banana. HP/PT: Higiene pessoal e programa de treinamento; P/I: Projetos e instalações; AGF: Aspectos gerais de fabricação; L/S: Limpeza e sanitização; CIP: Controle integrado de pragas; CQ: Controle de qualidade; CP APPCC: Controle de processo pelo plano APPCC.

58

Figura 4: Diagnóstico PÓS-BPF - Percentual de conformidade dos itens críticos e não-críticos distribuídos por etapas do Check-list aplicado na fábrica de licor de banana. HP/PT: Higiene pessoal e programa de treinamento; P/I: Projetos e instalações; AGF: Aspectos gerais de fabricação; L/S: Limpeza e sanitização; CIP: Controle integrado de pragas; CQ: Controle de qualidade; CP APPCC: Controle de processo pelo plano APPCC.

60

Figura 5: Diagnóstico PÓS-APPCC - Percentual de conformidade dos itens críticos e não-críticos distribuídos por etapas do Check-list aplicado na fábrica de licor de banana. HP/PT: Higiene pessoal e programa de treinamento; P/I: Projetos e instalações; AGF: Aspectos gerais de fabricação; L/S: Limpeza e sanitização; CIP: Controle integrado de pragas; CQ: Controle de qualidade; CP APPCC: Controle de processo pelo plano APPCC.

62

Figura 6: Fluxograma de processamento do licor de banana. 64

Figura 7: Evolução de conformidade dos itens críticos e não-críticos da fábrica de licor de banana distribuído por diagnósticos. INICIAL: Diagnóstico inicial; PÓS-5S: Diagnóstico após implantação do Programa 5s; PÓS-BPF: Diagnóstico após implantação das BPF; PÓS-APPCC: Diagnóstico após implantação do Sistema APPCC.

66

Figura 8: Projeção bidimensional de Análise de Componentes Principais dos termos descritores das amostras de licor de banana. A: Licor de banana com 16% de álcool; B: Licor de banana com 20% de álcool; AA: aroma alcoólico; AF: aroma frutal (banana); AD: aroma doce; SA: sabor alcoólico; SF: sabor frutal (banana); SD: sabor doce; SP: sabor pungente; CV: consistência viscosidade; CM: consistência maciez; AC: aparência coloração; AR: aparência aderência.

72

Figura 9: Perfil sensorial das amostras de licor de banana estudadas. A: Licor de banana com 16% de álcool; B: Licor de banana com 20% de álcool; AA: aroma alcoólico; AF: aroma frutal (banana); AD: aroma doce; SA: sabor alcoólico; SF: sabor frutal (banana); SD: sabor doce; SP: sabor pungente; CV: consistência viscosidade; CM: consistência maciez; AC: aparência coloração; AR: aparência aderência.

75

IX

Page 13: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

RESUMO

A banana (Musa spp.) é a fruta de maior produção e comercialização mundial e o seu aproveitamento industrial tem se amplificado. Contudo, a qualidade do produto industrializado não depende apenas da composição adequada dos ingredientes, mas principalmente da segurança do processo tecnológico aplicado para sua obtenção. Neste sentido, este trabalho foi realizado para avaliar a influência da implantação do Programa 5S, BPF e do Sistema APPCC sobre a unidade de processamento de licor de banana e sobre as características do licor de banana com 16% e 20% de álcool. Foi realizado um diagnóstico INICIAL, logo depois as ferramentas da qualidade foram implantadas e em seguida realizaram-se os diagnósticos PÓS-5S, PÓS-BPF e PÓS-APPCC. Paralelamente, as análises microbiológica, físico-química foram realizadas e a análise sensorial dos licores foi feita após o diagnóstico PÓS-APPCC. Para análise estatística das ferramentas da qualidade foram aplicados o Check-list BP e Check-list BOMPREÇO os dados foram apurados e transformados em percentuais usando o software Excel for Windows. Os resultados das análises físico-químicas foram submetidos à análise de variância, sendo realizado o teste de Duncan para comparação entre as médias obtidas, ambos ao nível de 5% de significância. Os dados sensoriais foram avaliados pelo teste “t” de Student e para verificar as relações entre os produtos obtidos e os atributos sensoriais foi realizada a Análise de Componente Principal. Ao longo do trabalho observou-se que a eficiência das ferramentas mostrou-se satisfatória, pois as não-conformidades dos itens considerados críticos reduziram de 46,8% (INICIAL) para 42,3% (PÓS-5S) passando para 17,9% (PÓS-BPF) e finalizando em 4,5% (PÓS-APPCC). Conseqüentemente, itens conformes evoluíram de 23,4% (INICIAL) para 28,4% (PÓS-5S) passando para 52,7% (PÓS-BPF) e chegando a 66,2% (PÓS-APPCC). Na avaliação do fluxograma pelo Sistema APPCC foram identificados pontos de controle biológicos nas filtrações da bebida, ponto crítico de controle (PCC) químico na dosagem de conservante e PCC físico no envase. Quanto às análises microbiológicas, no diagnóstico INICIAL e PÓS-5S o licor com 16% de álcool apresentou contaminação por Estafilococos coagulase positiva em decorrência da reutilização de elemento filtrante. Em relação às análises físico-químicas, observou-se que somente no PÓS-BPF e PÓS-APPCC os licores apresentaram padronização do percentual alcoólico e da concentração de açúcar. A análise sensorial mostrou que o licor com 20% de álcool foi melhor aceito. Pode-se concluir, que a implantação das ferramentas da qualidade foram capazes de combater a maioria das não-conformidades na fábrica de licor influenciando na qualidade do produto final.

X

Page 14: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

ABSTRACT

The banana (Musa spp.) it is the fruit of larger production and world commercialization and your industrial use has been amplifying if. However, the quality of the industrialized product doesn't just depend on the appropriate composition of the ingredients, but mainly of the safety of the applied technological process for your obtaining. In this sense, this work was accomplished to evaluate the influence of the implantation of the 5S Program, GMP and the HACCP System on the unit of processing of banana liqueur and on the characteristics of banana's liqueur with 16% and 20% of alcohol. An INITIAL diagnosis was accomplished soon later the tools of the quality were implanted and soon after they took place the diagnoses POWDER-GMP and POWDER-HACCP. Parallel, the microbiological, physical-chemistry analyses was accomplished and the sensorial analysis of the liqueurs was made after the diagnosis POWDER-HACCP. For statistical analysis of the tools of the quality they were applied Check-list BP and Check-list BOMPREÇO the data they were select and transformed in percentile using the software Excel for Windows. The results of the physical-chemistries analyses were submitted to the variance analysis, being accomplished the test of Duncan for comparison among the obtained averages, both of 5% at the level significance. The sensorial data were appraised for the test “t” of Student and to verify the relationships between the obtained products and the sensorial attributes the Analysis of Main Component it was accomplished. Along the work it was observed that the efficiency of the tools was shown satisfactory, because the no-conformities of the items considered critics reduced of 46,8% (INITIAL) for 42,3% (POWDER-5S) passing for 17,9% (POWDER-GMP) and concluding in 4,5% (POWDER-HACCP). Consequently, in accordance items developed of 23,4% (INITIAL) for 28,4% (POWDER-5S) passing for 52,7% (POWDER-GMP) and arriving to 66,2% (POWDER-HACCP). In the evaluation of the flowchart for the HACCP System were identified about biological Control Points in the filtrations of the drink, critical control point (CCP) chemist was verified in the conservative dosage and a physical CCP in the bottling. With relationship to the microbiological analyses, in the INITIAL diagnosis and POWDER-5S the liqueur with 16% of alcohol presented contamination for coagulase positive Staphylococcus due to the reutilizes of the element of filtration. In relation to the physical-chemistries analyses, it was observed that only in the POWDER-GMP and POWDER-HACCP the liqueurs presented standardization of the percentile alcoholic and of the concentration of sugar. The sensorial analysis showed that the liqueur with 20% of alcohol was accepted better. It can be concluded, that the implantation of the tools of the quality was capable to combat most of the no-conformities in the liqueur factory influencing in the quality of the final product.

XI

Page 15: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

IInnttrroodduuççããoo

Page 16: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

1. INTRODUÇÃO

O comércio internacional de frutas frescas movimenta, anualmente, cerca de 40

milhões de toneladas (MATSUURA et al., 2004). O Brasil é o terceiro maior produtor

mundial de frutas, com um volume de 43 milhões de toneladas em 2002, cultivados em

2,4 milhões de hectares, gerando 4 milhões de empregos diretos e um Produto Interno

Bruto de 11 bilhões de dólares. No mundo, este agronegócio gera 25 bilhões de dólares

em exportações, sendo 70% de frutas de clima temperado e 30% de frutas clima tropical

e destas, 80% são representadas pela banana (OLIVEIRA et al., 2005).

A banana (Musa spp.) é a fruta de maior produção e comercialização mundial,

responsável por 37% do volume total de frutas transacionadas no mercado internacional

(FRUTISÉRIES, 2000). Este percentual significou 70,59 milhões de toneladas, no ano

de 2004, sendo o Brasil o maior país consumidor. Todavia, ocupa o segundo lugar da

produção total desta fruta (um pouco mais de 70 milhões de toneladas em 2006), só

perdendo para a Índia (FAO, 2007).

Sob o ponto de vista tecnológico e comercial, o aproveitamento para consumo in

natura e industrial da banana tem sido bastante elevado devido à grande variedade de

nutrientes e ao grande excedente de produção, sendo o seu processamento destinado à

elaboração de derivados que resistam a um maior tempo de armazenamento e seja

agradável ao paladar do consumidor. Visto que sua vida útil in natura é bastante curta, a

obtenção de produtos secundários tem sido bastante amplificada (LIMA et al., 2000),

incluindo-se o processamento de bebidas, a exemplo do licor de banana.

Historicamente, acredita-se que os licores tenham se originado de preparações

caseiras de extratos de ervas e/ou de frutas em álcool que tinham por objetivo a cura de

13

Page 17: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

pequenos males. A utilização de xaropes adicionados aos extratos proporcionava um

gosto mais agradável ao produto. Mais tarde, com um maior empenho de alquimistas na

observação e no desenvolvimento de técnicas e ferramentas que auxiliavam na

fabricação do licor, é que a bebida passou a ser apreciada pelo seu sabor, ganhando um

valor comercial (COUTINHO, 2004). Nos tempos atuais o preparo de licores de frutas

normalmente baseia-se na maceração alcoólica de frutas ou na destilação de macerados

aromáticos com base de frutas.

Entretanto, do ponto de vista de composição legal de bebidas alcoólicas no

Brasil, de acordo com o Ministério da Agricultura, para que uma bebida seja

identificada como Licor, esta deverá seguir as normas de padronização e classificação

dispostas no Decreto nº 2.314, de 4 de setembro de 1997, o qual estabelece que:

“Licor é a bebida com graduação alcoólica de

quinze a cinqüenta e quatro por cento em volume, a

vinte graus Celsius, e um percentual de açúcar

superior a trinta gramas por litro, elaborado com

álcool etílico potável de origem agrícola, ou

destilado alcoólico simples de origem agrícola ou

bebidas alcoólicas, adicionada de extrato ou

substâncias de origem vegetal ou animal,

substâncias aromatizantes, saborizantes, corantes e

outros aditivos permitidos em ato administrativo

complementar” (BRASIL, 1997a).

Contudo, deve-se considerar que a qualidade do produto final não depende

apenas da composição adequada dos ingredientes, mas principalmente da segurança do

processo tecnológico aplicado (TEIXEIRA et al., 2005), pois na indústria de alimentos é

14

Page 18: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

importante que as técnicas artesanais sejam aperfeiçoadas e a implantação de

ferramentas da qualidade seja incentivada, objetivando, principalmente, atender às

legislações pertinentes para a oferta de alimentos seguros, bem como à adaptação da

realidade de competitividade e qualidade do mercado mundial.

Desta forma, tem-se visto que as ferramentas da qualidade têm estado presentes

dentro das indústrias que almejam alcançar o aprimoramento dos padrões de identidade

e qualidade dos seus produtos. Todavia, também se tem notado que o sucesso dos

programas de segurança alimentar tem dependido do emprego conjugado de diferentes

ferramentas e que a inclusão na cadeia produtiva de alimentos tem sido considerada um

pré-requisito indispensável para implementação do conceito de Qualidade Total. Assim,

observa-se que é necessário implantar ferramentas que se complementem e interajam,

como é o caso do Programa 5S, das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e do Sistema de

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC).

De acordo com Giordano (2006), as Boas Práticas de Fabricação tratam dos

requerimentos necessários para a produção de alimentos seguro e é sua complementação

com o sistema APPCC que permite identificar os perigos específicos para um produto

e/ou processo em particular. Entretanto, Andrade (2002) ressalta que a contribuição do

Programa 5S para os Sistemas da Qualidade é de grande importância, porque este pode

ter dois objetivos: como preparador (antes) ou auxiliador (durante) à operacionalização

das ações do Sistema da Qualidade.

Observando os aspectos de padronização e segurança, considera-se que a

avaliação da eficiência das ferramentas da qualidade sobre a melhoria das características

do licor de banana seja uma importante contribuição para os estudos da qualidade na

indústria de bebidas principalmente, quanto ao atendimento às preconizações das

legislações brasileiras específicas na indústria estudada.

15

Page 19: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

RReevviissããoo ddee LLiitteerraattuurraa

Page 20: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A IMPORTÂNCIA DO PROCESSAMENTO DA BANANA (Musa spp.)

Diferentes métodos de processamento de frutas para obtenção de produtos

industrializados têm sido descritos na literatura, e esse fato pode ser explicado porque

além destas matérias-primas apresentarem características vantajosas para o uso

industrial, pelo baixo custo, existe ainda a boa aceitação da população consumidora.

Atualmente, a banana tem sido direcionada para a produção de farinha de banana verde,

purê, geléia, banana-passa, suco, néctar, vinagre, vinho, licor, entre outros.

A desidratação é um dos métodos de preservação bastante utilizado em frutas,

implicando em importante redução de custo em transporte e manipulação do produto.

Porém, a secagem de frutas ainda constitui operação complexa, principalmente no que

se refere à seleção e controle das condições do processo para manutenção da qualidade

final do produto (CANO-CHAUCA et al., 2004).

Com essa intenção, Moraes Neto et al. (1998), utilizaram bananas verdes e

maduras para obtenção de farinha, submetendo as frutas a secagem ao sol durante 18

horas; sendo que a banana madura, por apresentar maior proporção de água, sofreu uma

secagem adicional em estufa a 60°C por 24 horas. Os autores observaram que a farinha

proveniente das bananas verdes apresentou coloração bem mais clara e,

consequentemente, mais apresentável que as bananas maduras. Além disso, as análises

químicas comprovaram a riqueza da farinha em carboidratos totais e açúcares redutores,

evidenciando a importância de sua utilização como fonte de alimento humano e animal.

17

Page 21: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Pacheco-Delahaye e Testa (2005), usaram farinha de banana-da-terra verde para

substituir parte da farinha de trigo na elaboração de pães de forma e observaram que

adicionando 7% de farinha de banana, as massas obtiveram grande estabilidade e

tolerâncias à mistura, além de aumentada absorção de água. Do ponto de vista sensorial,

os pães mostraram-se similares ao pão com 100% de farinha de trigo, quanto ao odor,

sabor, cor e textura. Além disso, sua adição aos pães aportou mais fibra dietética, a

exemplo o amido resistente, além de outros nutrientes importantes presentes na fruta.

O processo de remoção de umidade também é usado para a produção de banana-

passa e tem sua vantagem reconhecida porque provoca a diminuição da atividade de

água do produto, inibindo o desenvolvimento de microrganismos, retardando

deteriorações de origem físico-química e facilitando a estocagem e a distribuição do

produto, além de promover o aumento da vida-de-prateleira e agregação de valor ao

produto. Jesus et al. (2005) avaliaram a qualidade das bananas-passa obtidas de frutos

de diferentes genótipos de bananeira que sofreram uma desidratação osmótica branda e

verificaram que para todos a aceitação sensorial foi considerada boa.

A desidratação osmótica tem sido muito utilizada, e Sankat e Castaigne (1996) a

descreve como sendo uma desidratação parcial de frutas, através do processo de osmose

que, essencialmente, envolve imersão de frutas por um determinado período de tempo

em solução de açúcar, onde o açúcar da solução é transferido para a fruta. Assim, neste

processo, há uma perda de água de 30 a 50% em relação ao peso inicial da matéria-

prima, porém, esta perda irá depender da concentração da solução de açúcar. Após este

tratamento prévio, a fruta é submetida a uma secagem com ar quente. Estes autores

estudaram o comportamento da secagem com ar em fatias de banana desidratada

osmoticamente e em bananas frescas e verificaram que a secagem de ambas ocorre no

período decrescente, enquanto o nível de açúcar nas fatias de bananas foi aumentado,

18

Page 22: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

ocorrendo conseqüentemente um decréscimo do seu teor de umidade, além dos produtos

apresentaram cor e textura boas.

Outra forma de consumo muito apreciada é a banana em fatias finas fritas, as

chamadas banana chips. Assim, a qualidade da banana chips preparadas a partir das

variedades Pisang Abu e Pisang Nangka, verdes e no estádio maturo foi estudada na

Malásia por Ammawath et al. (2001). Os parâmetros de qualidade para bananas frescas

mostraram que, antes de fritar em óleo de palma a 180±5°C por 3 minutos, a variedade

Abu teve um conteúdo de carboidrato mais alto que Nangka em ambas as fases de

maturação. A umidade e atividade de água das fatias de Abu eram mais baixas que as de

Nangka. Quanto à avaliação sensorial, as chips preparadas com Abu, em ambas as fases

de maturação, apresentou melhor cor, flavor, odor, textura e aceitabilidade global que as

Nangka.

Segundo Carvalho Filho e Massaguer (1997), o purê de banana merece atenção

especial dentre os produtos obtidos da banana, pois serve como matéria-prima para a

elaboração de um grande número de produtos, tais como: néctares, doces de massa,

geléias, sorvetes, iogurtes, bolos, pudins, gelatinas e outros. Para melhorar a aplicação

do excedente de produção de diversas frutas no Brasil, uma das alternativas tem sido o

desenvolvimento de bebidas alcoólicas e não-alcoólicas a partir de frutas nativas ou

daquelas que facilmente se propaguem em nosso solo (DIAS et al., 2003).

Assim, outra forma de aproveitar a banana está na sua conversão em sucos e

bebidas energéticas. O processamento de suco a partir da polpa de banana compreende,

inicialmente, hidrólise enzimática de carboidratos de cadeias longas, como, por

exemplo, a pectina, a celulose e a hemicelulose nela presentes. O purê hidrolisado é

então centrifugado, separando-se a fase líquida, a qual recebe o nome de suco

19

Page 23: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

clarificado. Em seqüência, o suco é pasteurizado, envasado e armazenado (CARDOSO

et al., 1999).

Avaliando o efeito dos complexos enzimáticos clarificantes adicionados ao suco

de banana, Cardoso et al. (1999) observaram que o suco clarificado que continha

pectinase de origem fúngica (Aspergillus niger) apresentou coloração mais amarela,

menos cinza, menos opaca e aspecto menos viscoso. Além disso, apresentou sabor mais

agradável e encorpado, reunindo assim, os atributos de qualidade desejáveis no suco de

banana clarificado.

Entretanto, para obtenção de um suco de banana de alta qualidade, Rodrigues et

al. (2003), avaliaram o emprego da técnica de ultrafiltração na remoção da

polifenoloxidase, enzima responsável pelo escurecimento desta e de outras frutas, e

demonstraram que esta técnica mostrou-se adequada ao processamento do suco,

proporcionando um produto clarificado, com coloração amarelo-claro, elevada

translucidez e aspecto atrativo.

Lima et al. (2000) esclarecem que somente 15% das frutas são utilizadas para a

produção industrial de sucos de frutas. Particularmente, sucos de banana têm

conseguido uma grande aceitabilidade no mercado e tem ampliado o comércio de

exportação de bananas dos países das América Central e do Sul, como também da Ásia.

Nas Ilhas Fiji, por exemplo, uma vez que estes frutos são prensados, a polpa é filtrada e

enriquecida com vitamina C para evitar que escureça. Na África Ocidental e em outros

locais, pequenas empresas o comercializam com sucesso, vendendo em copo na rua ou

em garrafas de 500mL em lojas do ramo (BODICHON et al., 2005).

20

Page 24: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

2.2 ELABORAÇÃO DE LICORES

Desde as mais antigas civilizações as bebidas alcoólicas são conhecidas, já que

frutas e sucos de frutas deixados em recipientes fermentavam espontaneamente,

produzindo-se assim um extrato alcoólico. Consta que já nas tumbas do antigo Egito,

foram encontradas receitas de licores que eram usados como digestivo e produtos

medicinais (LICORES, 2008). Mais tarde, os egípcios, gregos e romanos foram

aperfeiçoando os métodos de elaboração do vinho, cerveja e um ou outro licor,

assentando as bases para as atuais práticas de obtenção de todas essas bebidas

(MADRID et al., 1995).

Já no século XVI, segundo relatado na obra “História da Alimentação no

Brasil”, de Luis da Câmara Cascudo (1968), os indígenas e africanos faziam bebidas e

adoçavam com mel de abelhas, pois com o uso desse mel podia-se preparar licor, sem

levá-lo ao fogo, apenas misturando-o com água da fonte e deixando ao relento.

Preparações artesanais à parte, o licor tal como conhece-se hoje, só foi possível

ser feito depois que o alquimista catalão Arnoud Villeneuv em 1250, através do

processo de maceração em álcool puro, conseguiu extrair os princípios aromáticos das

ervas conservando todas as suas propriedades. A partir do século XIX, principalmente, a

indústria da destilação cresceu bastante, fazendo com que o licor chegasse às mais

diferentes regiões do mundo (PENHA, 2004; COUTINHO, 2004).

Os licores são uma categoria de bebidas que tem se reinventado, tanto pela

evolução tecnológica como pela diversidade de sabores, e obteve um crescimento nas

vendas no mercado brasileiro nos últimos anos, retendo o volume de vendas anuais ao

redor de 7 milhões de litros, representando 2,9% do mercado brasileiro de bebidas

alcoólicas. Trata-se de uma categoria de mercado estável e pulverizado, que faz o

21

Page 25: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

consumidor nacional dividir sua atenção entre os licores de produção informal e as

grandes marcas nacionais e globais (ABRABE, 2007). Dados mostram que o consumo

de licores no Brasil cresce 5,1% ao ano, fato que motiva o investimento neste setor e

aumenta as oportunidades nesse mercado (DATAMARK, 2007).

Do ponto de vista tecnológico, os licores são bebidas alcoólicas que têm suas

principais características relacionadas com a técnica de preparação, matéria-prima e

finalidade. Há licores cujas formulações são consagradas, como o Cherry Brandy

(cereja), o Advocaat (ovos), o Cointreau (laranja) e o Bénédictine (ervas). Alguns têm

sua preferência relacionada com o sabor suave e sofisticado, outros com o exotismo de

sua fragrância e outros com a mística de sua elaboração e até mesmo o seu poder

medicinal (PENHA et al., 2003).

Estas denominações estrangeiras consagradas são permitidas na legislação

brasileira aos licores elaborados principalmente com frutas, plantas ou partes delas que

justifique o nome da bebida. A denominação do licor, por exemplo, licor de café ou

outros, só é permitida quando em sua preparação há predominância da matéria-prima

que justifique sua denominação. Contudo, o licor que contiver por base mais de uma

ingrediente vegetal e, não havendo predominância de alguma delas, poderá ser

denominado genericamente de licor de ervas, licor de frutas ou outras denominações

que caracterizem o produto (BRASIL, 1997a).

De acordo com o Decreto nº 2.314 do MAPA (Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento) o licor poderá ter diferente classificação quando for

considerado o teor de açúcar na bebida. Assim, o licor poderá ser denominado seco (de

30 a 100g de açúcar/litro), fino ou doce (de 100 a 350g de açúcar/litro), creme (mais de

350g de açúcar/litro), escarchado ou cristalizado (bebida saturada de açúcares

parcialmente cristalizados). No entanto, o licor preparado por destilação de cascas de

22

Page 26: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

frutas cítricas poderá denominar-se "triple sec" ou extra seco, independentemente de seu

conteúdo de açúcares (BRASIL, 1997a). Desta forma, considerando que este Decreto

estabelece normas que devem ser aplicadas à fabricação de bebidas alcoólicas no Brasil,

alguns estudos têm seguido estes parâmetros legais para produção de licores.

Assim, no intuito de obter um licor de acerola com alta qualidade sensorial,

Penha et al. (2002), utilizaram a fração retida no processo de ultrafiltração do suco de

acerola para passar 15 dias sob o processo de maceração alcoólica, filtrado a vácuo,

adicionando-se em seguida açúcar até concentração de 300g/L, sendo o teor alcoólico

ajustado para 18ºGL. A bebida desenvolvida foi definida como suave, com aroma e

sabor adocicado e frutal, de gosto levemente ácido e sabor e aroma alcoólico

ligeiramente acentuado. Além disso, foi observado que uma dose de 50 ml do licor

formulado a partir de acerola fornecia 2,6 vezes mais vitamina C que a necessidade

mínima diária recomendada para um adulto.

Para a formulação de um licor a base de banana, Tanada e Jardine em 1996

obtiveram um extrato concentrado de banana por osmose inversa, e posteriormente,

produziram o licor da fruta, o qual foi obtido com 19°GL apresentando coloração

amarelo claro e sem turvação. Análises sensoriais foram satisfatórias, pois 74% dos

avaliadores aprovaram o licor devido ao sabor e aroma marcantes da banana. Segundo

os autores, o processo de osmose inversa a frio preserva as características sensoriais do

produto.

Teixeira et al. (2005) produziram um licor de banana com 18% de álcool e 350g

de açúcar por litro a partir da maceração alcoólica de diferentes quantidades do purê de

banana nanica (500, 800 e 1.000g de banana para de 4L de licor) utilizando dois teores

alcoólicos para a solução extratora (70ºGL e 95°GL). Os autores verificaram que a

infusão da fruta em solução alcoólica por 16 dias mostrou-se suficiente para finalizar a

23

Page 27: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

etapa de extração e que a solução extratora com teor alcoólico de 95°GL apresentou

melhores resultados, principalmente no que se refere à cor final do produto e facilidade

na filtração. Além disso, como não houve diferença significativa entre as quantidades de

polpa de banana optou-se pela menor proporção em razão de fatores econômicos.

Pesquisas internacionais também envolvem a produção de licores a partir de

diferentes frutas. Assim, com o intuito de avaliar os efeitos de maceração na melhoria

de aroma do licor de melão Hermandez Gomez et al. (2005) submeteram diferentes

partes da fruta (fatias, sementes e placenta) a maceração em um licor destilado com

56% de álcool. Os resultados mostraram diferenças entre o licor de fruta não-macerado

e o licor de fruta macerado, observando que o licor feito com a placenta e as sementes

da fruta apresentou as melhores características organolépticas. Isto sugere que as partes

que antes seriam descartadas sigam um novo caminho na rota de processamento do

melão.

Moreno Alvarez et al. (2004) avaliaram as mudanças nas características físico-

químicas de dois licores doces aromatizados com cascas de laranja e mexerica obtidas

de frutos maduros maceradas em álcool neutro, cujo extrato foi misturado ao xarope

açucarado para obter um licor de 40°GL e 12° Brix. Os parâmetros estudados incluíram

graduação alcoólica, sólidos solúveis, conteúdo de sacarose, óleo essencial, pH e

carotenóides totais. Entretanto, os autores só observaram diferenças significativas no

conteúdo de carotenóides entre os licores e constataram que na avaliação sensorial o

licor de mexerica mostrou melhor aceitabilidade.

Ferreira et al. (2001) estudaram uvas vermelhas e brancas para aperfeiçoar

formulações de licor de uva, variando na proporção de uva (50% a 100%), tempo de

maceração (2 a 6 semanas) e percentual de álcool da solução extratora (20% a 70%).

Para a uva branca, o uso de 100% da fruta macerada em 70% de solução alcoólica

24

Page 28: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

durante 6 semanas foi a melhor formulação. Para a uva vermelha, foi obtido um licor

ótimo usando a mesma proporção de uva (100%) maceradas em 30-40% de solução

alcoólica durante 4 semanas. Testes sensoriais indicaram que para ambos os licores,

formulações com 37-40º Brix e 30% conteúdo de álcool eram mais aceitos, contudo, o

licor de uva branca com 30% de álcool apresentou a melhor qualidade sensorial.

Naviglio et al. (2002), compararam a qualidade organoléptica de dois licores de

limão. Um dos licores foi produzido por maceração em álcool etílico e adquirido do

mercado, o segundo licor foi obtido pelo emprego da tecnologia de extração sólido-

líquido através do Extrator Naviglio. Os resultados em relação à cor e aroma mostraram

uma grande superioridade do segundo licor em relação ao primeiro. Além disso, a

avaliação de doçura e parâmetros alcoólicos mostraram que o licor obtido pela extração

é bem equilibrado em seus componentes, além de ter sido apreciado pela maioria dos

consumidores.

2.3 PROGRAMA 5S

As atividades do Programa 5S tiveram início no Japão, logo após a 2ª Guerra

Mundial, no combate a sujeira e a desorganização nas entidades japonesas do pós-

guerra quando pais ensinavam a seus filhos princípios educacionais que os

acompanhariam até a fase adulta (VANTI, 1999; ANDRADE, 2002).

Assim, o termo 5S é derivado de cinco palavras de origem japonesa, todas

iniciadas com a letra S (Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu, Shitsuke). Na interpretação dos

ideogramas que representam essas palavras, do japonês para o inglês, conseguiu-se

encontrar palavras que iniciavam com a letra S e que tinham um significado aproximado

do original em japonês (Sorting, Systematyzing, Sweeping, Sanitizing, Self-disciplining).

25

Page 29: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Porém, o mesmo não ocorreu com a tradução para o português. A melhor forma

encontrada para expressar a abrangência e profundidade do significado desses

ideogramas foi acrescentar o termo "Senso de" antes de cada palavra em português que

mais se aproximava do significado original (senso de utilização, ordenação, limpeza,

asseio, autodisciplina). Assim, o termo original 5S ficou mantido, mesmo na língua

portuguesa (LAPA, 1998).

De acordo com Santos et al. (2006), os cinco sensos apresentam os seguintes

significados:

SEIRI (senso de utilização): Consiste em selecionar e eliminar o que é

desnecessário do local de trabalho. A partir da implantação deste senso diversos

benefícios são alcançados, tais como: melhoria de espaço, segurança, facilidade de

limpeza e manutenção, entre outros.

SEITON (senso de ordenação): Define os locais apropriados e critérios para

estocar, guardar ou dispor os materiais, ferramentas, equipamentos e utensílios. O

importante, neste senso, diz respeito à organização pessoal, onde todos devem reservar

um tempo para planejar o dia de trabalho priorizando os compromissos por ordem de

importância.

SEISO (senso de limpeza): Busca eliminar a sujeira, ou objetos em desuso, para

manter o ambiente limpo, manter dados e informações atualizadas, garantindo a correta

tomada de decisões. Este senso não é apenas o ato de limpar, mas o ato de não sujar. O

senso de limpeza implantado resulta em: ambiente agradável e saudável; melhoria do

relacionamento interpessoal e do trabalho em equipe e, ainda, melhor conservação de

móveis, equipamentos e ferramentas; ajudando na redução de custos.

SEIKETSU (senso de asseio): Este senso busca manter o funcionamento dos

três primeiros sensos de forma contínua e padronizada criando condições favoráveis à

26

Page 30: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

saúde física e mental e mantendo o ambiente livre de agentes poluentes para

proporcionar uma melhor qualidade nas condições de trabalho, além de favorecer o

comportamento ético, de forma que as relações interpessoais criem um ambiente

saudável, de respeito mútuo.

SHITSUKE (autodisciplina): Senso que se caracteriza pelo desenvolvimento

mental, moral e físico para a disciplina inteligente, que é o respeito a si próprio e aos

outros, sendo caracterizado pela educação, compromisso e o desenvolvimento do hábito

de observar e seguir normas e procedimentos.

Diante das definições dos cinco sensos que formulam o Programa 5S, observa-se

que tal programa fundamenta-se numa abordagem da melhoria da qualidade dos

ambientes, conectado a possíveis mudanças comportamentais e atitudes das pessoas e

possibilitando um ambiente propício à obtenção da qualidade, uma vez que o ambiente é

um fator preponderante no processo produtivo, na satisfação das pessoas que realizam

estes processos, e, conseqüentemente no produto final (ANDRADE, 2002).

Coelho et al. (1999) adaptaram o Programa 5S para auxiliar no gerenciamento

de alimentação em três escolas estaduais de ensino fundamental de Viçosa/MG. Após a

utilização do programa 5S adaptado, verificou-se que a Escola A apresentou redução de

90,47% dos pontos insatisfatórios, aumentando em 15,38% os pontos regulares e

quintuplicando os satisfatórios. Nas escolas B e C os resultados apresentaram

comportamentos similares, visto que houve redução dos pontos insatisfatórios de

70,83% e 60,00%, respectivamente, e aumento significativo dos satisfatórios. Assim,

concluiu-se que a utilização do programa 5S adaptado demonstrou impacto positivo nas

escolas com mudanças imediatas, mobilizando o setor administrativo com providências

para a implantação de mudanças a médio e longo prazo.

27

Page 31: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Lima e Costa (2005) avaliaram os efeitos da implantação do Programa 5S, das

BPF, dos Procedimentos Operacionais Padronizados e treinamento em uma panificadora

de Fortaleza/CE e verificaram que houve melhora na higiene dos equipamentos e

utensílios após a implantação do Programa 5S e das BPF, com redução na falha da

higiene de 100% para 45%. Além disso, apesar do laudo do estudo microbiológico das

mãos dos manipuladores ser insatisfatório para 50%, houve melhoria sensível,

constatando-se que a aplicação dos 5 Sensos contribuiu tanto para a implantação como

para a manutenção das BPF.

2.4 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO

Tradicionalmente, sistemas de controle da qualidade eram baseados na inspeção

de um produto em vários pontos da linha de processamento, com a rejeição de qualquer

produto que não atendesse aos padrões estabelecidos, caracterizando uma abordagem

reativa, a qual desencadeava grandes e indesejáveis desperdícios. Uma abordagem mais

proativa e preventiva em segurança alimentar e gerenciamento de qualidade foi

desenvolvida durante a década de 1980, baseada nos princípios de Boas Práticas de

Fabricação, com o objetivo de garantir que a qualidade e a segurança fossem mantidas

ao longo do processo, evitando rejeição do produto e perda financeira (FELLOWS,

2006).

A busca pela qualidade e sua melhoria contínua, bem como o aumento das

preocupações com os consumidores e o aumento da competitividade entre as

organizações, fez com que as empresas de alimentos desenvolvessem procedimento de

controle que aumentassem a qualidade dos produtos que eram por elas comercializados.

28

Page 32: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Assim surgiram as Boas Práticas de Fabricação que, segundo Souza (2006) são os

procedimentos necessários para garantir a qualidade sanitária dos alimentos.

Boas Práticas de Fabricação constituem a primeira etapa do processo de

implementação de sistemas de Garantia de Qualidade, sendo representadas,

basicamente, em um conjunto de práticas simples e eficazes de manipulação,

armazenagem, transporte de insumos, matérias-primas, embalagens, utensílios,

equipamentos, instalações físicas das áreas de processamento, adequação do vestuário,

trânsito de pessoal, tendo como objetivo a racionalização do processo e conseqüente

redução de custos (EMRICH et al., 2006).

O processo de implantação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) pode ser

dividido em três partes. Na primeira é elaborado e adotado um Manual de Boas Práticas

de Fabricação, na segunda é realizado um treinamento com a equipe de trabalho para

haver uma adaptação e reciclagem dos funcionários e na terceira parte são realizadas a

verificação e medidas corretivas, previstas no Manual de Boas Práticas de Fabricação,

que são adotadas para corrigir quaisquer desvios dos parâmetros definidos (SOUZA,

2006).

Segundo Lima (2005), o Manual de Boas Práticas de Fabricação deve ter uma

descrição real dos procedimentos técnicos de cada estabelecimento, envolvendo os pré-

requisitos básicos para uma perfeita produção dos alimentos, entre os quais se incluem a

responsabilidade técnica, controle de saúde dos funcionários, controle do consumo e

qualidade da água, controle integrado de pragas, regras para visitantes, controle de

matérias-primas, adequação de infra-estrutura física do estabelecimento. A partir destas

condições básicas, devem-se definir os procedimentos técnicos que envolvem higiene,

processos de produção e como etapa final, definir as regras de controle para o transporte

e distribuição do produto final.

29

Page 33: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Apesar das indústrias e órgãos reguladores trabalharem pela produção de

alimentos seguros e pela utilização de sistemas de processamentos que garantem e

conduzem que os alimentos sejam seguros e saudáveis, a isenção completa de riscos é

um objetivo praticamente inatingível. A segurança e a saúde estão relacionadas a níveis

de risco que a sociedade considera razoáveis em comparação com outros riscos da vida

cotidiana, entretanto, os fatores de segurança alimentar precisam ser aplicados a toda

cadeia alimentícia, da produção até o consumidor (FORSYTHE, 2002).

2.5 ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE

O sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) ou

HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points) de segurança alimentar foi

criado em 1959, pela Pillsbury Company, Army Natick Research and Development

Laboratories e a National Aeronautics and Space Administration (NASA), nos Estados

Unidos da América, para produção de alimentos a serem consumidos no espaço, com

garantia da ausência de microrganismos patogênicos, toxinas, produtos químicos e

contaminantes físicos. Registros da International Commission on Microbiological

Specifications for Foods (ICMSF) reconhecem a importância internacional do sistema

APPCC e sua utilidade na garantia da segurança alimentar (BORGES e FREITAS,

2002).

O sistema APPCC é indicado pelo Codex Alimentarius. Este documento faz

parte do Comitê da FAO (Food and Agricultural Organization), pertencente à

Organização das Nações Unidas, que tem como objetivo proteger a saúde do

consumidor e assegurar as práticas eqüitativas no comércio de alimentos. No Brasil, as

30

Page 34: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

atividades do Comitê Codex Alimentarius do Brasil são coordenadas pelo Instituto

Nacional de Metrologia (INMETRO). Este comitê possui como membros órgãos do

governo, indústrias, entidades de classes e órgãos de defesa do consumidor (LIMA,

2005).

Segundo Fellows (2006) este sistema fornece a base para a criação de sistemas

de controle de produção para a garantia da qualidade, podendo ser utilizado ao longo de

cada etapa do processo e inclui matérias-primas, processamento, armazenagem,

distribuição e, sobretudo, a conduta abusiva do consumidor nos pontos de

comercialização (MASSAGUER, 2005).

Assim, Sánchez et al. (2004) definem o sistema APPCC como um método

preventivo que controla de forma lógica e objetiva a produção de indústrias

alimentícias, de forma a produzir alimentos sãos e inócuos ao consumidor. Oferece

ainda, um enfoque sistemático, racional e com base científica para identificar, avaliar e

evitar os perigos que podem afetar a inocuidade dos alimentos, a fim de aplicar medidas

apropriadas para redução ou eliminação destes perigos a níveis sanitariamente

aceitáveis.

Desta forma, perigo; de acordo com a definição presente na Portaria nº 40 do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que aprova o manual de

procedimentos no controle da produção de bebidas e vinagres baseado nos princípios do

sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle; é toda contaminação

inaceitável de natureza física, química ou biológica que leva o produto ser impróprio

para o consumo humano (BRASIL, 1997b).

Os perigos são classificados distintamente, sendo os biológicos representados

pelas bactérias patogênicas e suas toxinas, vírus, parasitos, protozoários. Já os perigos

químicos podem ser representados por toxinas naturais e fúngicas, metabólitos tóxicos e

31

Page 35: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

de origem microbiana, aditivos e coadjuvantes alimentares tóxicos, contaminantes

inorgânicos tóxicos, antibióticos, pesticidas, herbicidas, lubrificantes, pinturas e

produtos de limpeza. Os perigos físicos seriam os vidros, metais, madeira ou quaisquer

objetos que podem causar danos à saúde do consumidor (CARVALHO, 2006;

VENTURINI FILHO et al., 2005).

Apesar destes perigos serem nocivos à saúde humana, Venturini Filho et al.

(2005) afirmam que os perigos microbiológicos devem receber prioridade na

implantação do sistema APPCC por serem os mais frequentemente envolvidos em casos

ou surtos de doenças de origem alimentar. Assim, tratando-se de produto alimentício, a

matéria-prima tem grande relevância, pois quando é de origem agrícola, além dos

microrganismos comuns, agregam-se a ela os adquiridos no momento da colheita

(ICMSF-IAMS, 1997).

Neste sentido, a implantação do APPCC permite demonstrar onde se encontram

os pontos de risco que podem trazer prejuízos para a qualidade e higiene dos produtos e

propõe práticas e procedimentos com o objetivo de diminuir, minimizar ou eliminar o

impacto desses pontos sobre o padrão de identidade e qualidade do produto final.

Para caracterizar a seqüência lógica na implantação do Sistema APPCC foram

formulados sete princípios, preconizados pelo Codex Alimentarius e National Advisory

Committee on Microbiological Criteria for Foods, adotadas pelo SENAI (2000), a partir

dos quais as indústrias de alimentos baseiam-se para elaboração e implantação do

sistema APPCC.

Primeiro princípio - Análise dos perigos e medidas preventivas: objetiva

identificar os perigos significativos e caracterizar as medidas preventivas

correspondentes; modificar, se necessário, um processo ou produto para garantia da

segurança; servir de base para a identificação dos pontos críticos de controle (PCC).

32

Page 36: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Uma vez completada a análise de perigos, deve-se caracterizar quais medidas

preventivas de controle poderiam ser adotadas no processo visando eliminar, prevenir

ou reduzir perigos químicos, físicos ou biológicos.

Segundo Princípio - Identificação dos Pontos Críticos de Controle (PCC):

poderá ser considerado PCC qualquer ponto, etapa ou procedimento no qual se aplicam

medidas de controle (preventivas), para manter um perigo significativo sob controle,

com objetivo de eliminar, prevenir ou reduzir os riscos à saúde do consumidor. Já PC

(Pontos de Controle) é o perigo que os pré-requisitos do Sistema APPCC (BPF/PPHO),

são capazes de controlar.

Terceiro Princípio - Estabelecimento dos limites críticos: é um valor máximo

e/ou mínimo de parâmetros biológicos, químicos ou físicos que assegurem o controle do

perigo. Os limites críticos são estabelecidos para cada medida preventiva monitorada

dos PCC. Estes valores podem ser obtidos de fontes diversas, tais como: guias e padrões

da legislação, literatura, experiência prática, levantamento prévio de dados,

experimentos laboratoriais que verifiquem adequação e outros.

Quarto Princípio - Estabelecimento dos procedimentos de monitoração: é uma

seqüência planejada de observações ou mensurações para avaliar se um determinado

PCC está sob controle e para produzir um registro fiel para uso futuro na verificação. A

monitorização contínua é preferível, mas quando não for possível será necessário

estabelecer uma freqüência de controle para cada PCC. Controle estatístico de processo

(CEP) com planos de amostragem podem e devem ser utilizados. Os procedimentos de

monitorização devem ser efetuados rapidamente porque se relacionam com o produto

em processamento e não existe tempo suficiente para a realização de métodos analíticos

mais complexos e demorados.

33

Page 37: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Quinto Princípio - Estabelecimento das ações corretivas: providências deverão

ser adotadas no momento ou imediatamente após a identificação dos desvios ocorrerem,

tomando como base os limites críticos estabelecidos. Devem ser registradas e,

dependendo da freqüência com que ocorrem os problemas, pode haver necessidade de

aumento na freqüência dos controles dos PCC, ou até mesmo de efetuar modificações

no processo.

Sexto Princípio - Estabelecimento dos procedimentos de verificação: consiste na

utilização de procedimentos em adição àqueles utilizados na monitorização para

evidenciar se o Sistema APPCC está funcionando corretamente.

- Processo técnico ou científico: verifica se os limites críticos nos PCC

são satisfatórios. Consiste em uma revisão dos limites críticos para verificar se os

mesmos são adequados ao controle dos perigos;

- Processo de validação do Plano: assegura que o Sistema APPCC

esteja funcionando efetivamente. Exames laboratoriais podem ser necessários para

demonstrar que o nível de qualidade pretendido foi alcançado.

- Processo de revalidação: revalidações periódicas documentadas,

independentes de auditorias ou outros procedimentos de verificação, devem ser

realizadas para assegurar a eficiência e exatidão do Sistema APPCC.

Sétimo Princípio - Estabelecimento dos procedimentos de registros: geralmente

os registros utilizados no Sistema APPCC devem incluir a equipe APPCC e definições

de responsabilidades de cada integrante; descrição do produto e do uso pretendido;

diagrama de fluxo do processo; bases para identificação dos PCC; perigos associados

com cada PCC em função das medidas preventivas e as bases científicas respectivas;

limites críticos e bases científicas respectivas; sistema e programa de monitorização;

34

Page 38: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

ações corretivas em caso de desvios dos limites críticos; registros de monitorização de

todos PCC; procedimentos para verificação do Sistema APPCC.

Tomando como base estes princípios, muitos estudos foram realizados

envolvendo a aplicação do sistema APPCC. Contudo, são insuficientes as referências

sobre o seu emprego em indústrias de bebidas alcoólicas, apesar de que diversos estudos

consideram o Sistema APPCC um importante artifício a ser utilizado de forma

preventiva no controle de qualidade de indústrias alimentícias.

35

Page 39: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

OObbjjeettiivvooss

Page 40: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

3. OBJETIVOS

3.1 GERAL

Avaliar o efeito da aplicação de ferramentas da qualidade sobre as características

do licor de banana.

3.2 ESPECÍFICOS

Realizar diagnóstico de atividades relacionadas às Boas Práticas de Fabricação e

aos Procedimentos Padrões de Higiene Operacional utilizados na indústria.

Implantar e implementar as Boas Práticas de Fabricação elaborando plano para

adequação das não-conformidades existentes.

Elaborar e implantar um plano APPCC para o processo de produção de licor de

banana.

Investigar as características microbiológicas e físico-químicas do licor de banana

antes e após a implantação do sistema APPCC.

Analisar os atributos sensoriais do licor de banana com 16% e 20% de álcool.

37

Page 41: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

MMaatteerriiaaiiss ee MMééttooddooss

Page 42: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Local de Estudo

O projeto de implantação de ferramentas da qualidade foi executado na

microempresa Néctar Licores, localizada na cidade de Vicência, Pernambuco. A

unidade de produção tem como atividade principal a produção de licores diversos,

contudo, detém aproximadamente 80% de sua produção destinada à industrialização da

banana (fruta de grande produção na região da zona da mata norte do estado) para

obtenção do licor da fruta do tipo creme (>350g de açúcar/Litro) com duas diferentes

concentrações alcoólicas (16% e 20% v/v).

Para integrar a produção, a unidade fabril dispõe quatro funcionários para

produzir e distribuir uma média de 2.000 litros de licores/mês. A empresa ocupa uma

área de 100m2, dispondo de seis áreas principais: recepção, produção e engarrafamento,

higienização, armazenamento, administração e sanitário em área externa à produção.

4.2 Abordagem à Empresa

O contato com a empresa foi estabelecido com o objetivo de discutir como

seriam desenvolvidas as atividades para a elaboração do plano. Logo após foi realizada

a primeira reunião com a administração da empresa, na qual a direção da fábrica

comprometeu-se com as atividades de implantação das ferramentas de controle de

qualidade, nomeando-se o coordenador do projeto, para disponibilizar informações da

situação da empresa diante da legislação, e, formando-se a equipe multidisciplinar.

39

Page 43: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Previamente ao início da implantação das ferramentas foi essencial treinar o

coordenador do projeto quanto às filosofias e os processos de implantação de todas as

ferramentas da qualidade que seriam trabalhadas na empresa.

As visitas posteriores tiveram como objetivo conhecer os procedimentos de

fabricação, além de avaliar a documentação de referência; promover capacitação

técnica, conscientizar e mobilizar os colaboradores da empresa. Porém, antes da

implantação das ferramentas da qualidade foi realizado um diagnóstico do

funcionamento da indústria, nomeado INICIAL, para avaliar sua adequação aos itens

da legislação. A realização deste e dos demais diagnósticos foi subsidiada pela

aplicação dos softwares Check-list BP e Check-list BOMPREÇO (SENAI, 2001;

SENAI, 2003) baseados no Anexo II da RDC nº 275 (BRASIL, 2002) que dispõe da

Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos

Produtores/Industrializadores de Alimentos.

4.3 Implantação do Programa 5S

Foi iniciada através de uma reunião com todos os colaboradores para divulgação

do projeto e programação de implantação do Programa 5S. A aplicação dos primeiros

sensos (utilização, ordenação e limpeza) foi realizada em uma semana objetivando

melhorar a organização, ordenação e limpeza dos ambientes da fábrica. Na semana

subseqüente os dois últimos sensos (asseio, autodisciplina) foram finalmente

implantados.

A avaliação das melhorias obtidas com a implantação do Programa 5S foi

realizada e posteriormente elaborou-se o segundo diagnóstico deste estudo, o PÓS-5S.

40

Page 44: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4.4 Implantação das Boas Práticas de Fabricação –BPF

Em posse dos resultados do diagnóstico PÓS-5S e, em conjunto com equipe

multidisciplinar da empresa, montou-se um plano de ação baseado nas recomendações

da Portaria nº 368 (BRASIL, 1997c), a qual aprova o regulamento técnico sobre as

condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos

elaboradores/industrializadores de alimentos. O plano de ação contemplou as ações

corretivas para solucionar as não-conformidades encontradas, sendo entregue à direção

da empresa para execução e verificação destas ações.

A partir do diagnóstico e com o auxílio do plano de ação, a equipe elaborou um

programa de treinamentos e conscientização para os colaboradores focando assuntos

como higiene pessoal, higiene e controle de qualidade dos produtos, limpeza e

sanitização na indústria de bebidas e generalidades sobre o projeto arquitetônico e as

instalações da fábrica diante das exigências legais (BRASIL, 1997c).

Concomitantemente, os Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO)

existentes foram adaptados e as Instruções de Trabalho (IT) e Planilhas de Controle

(PDC) elaboradas. Após a implementação e implantação dos procedimentos, instruções

e controles, o Manual de Boas Práticas de Fabricação foi reestruturado e enquadrado à

realidade da fábrica.

4.4.1 Elaboração das Instruções de Trabalho – IT

As Instruções de Trabalho foram elaboradas de forma simplificada e detalhadas,

ficando disponível no local onde é realizada a tarefa. Nas IT foram descritas

informações sobre como desempenhar tarefas específicas; tais como:

41

Page 45: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

IT 01-Limpeza da Caixa D’água

IT 02-Dosagem do Cloro, Verificação de Cor e Odor

IT 03-Higienização de Equipamentos

IT 04-Higienização das Instalações

IT 05-Higienização de Uniformes e Luvas - Uso de Uniformes

IT 06-Higienização das Mãos e Antebraços

IT 07-Regras de Conduta e Higiene Pessoal

IT 08-Lavagem e Higienização de Garrafas

4.4.2 Elaboração dos Procedimentos Padrões de Higiene Operacional – PPHO

Seguindo as recomendações e exigências da legislação brasileira (BRASIL,

2003) os PPHO foram corrigidos e implementados pela equipe multidisciplinar da

indústria para descrever os processos, especificando a freqüência dos monitoramentos,

identificando os indivíduos responsáveis por implementá-los e monitorá-los. Os PPHO

abaixo relacionados foram assinados e datados pelo colaborador responsável.

PPHO 01 - Potabilidade da água.

PPHO 02 - Higiene das superfícies de contato com o produto.

PPHO 03 - Prevenção da contaminação cruzada.

PPHO 04 - Higiene pessoal.

PPHO 05 - Proteção contra contaminação/adulteração do produto.

PPHO 06 - Identificação e estocagem adequada dos produtos tóxicos.

PPHO 07 - Saúde dos colaboradores.

PPHO 08 - Controle integrado de pragas.

42

Page 46: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Estes procedimentos foram elaborados incluindo:

- Objetivo: descrito de modo sucinto e claro para que serve o procedimento.

- Documentos de Referência: lista de outros documentos que devem ser consultados

ou trabalhados com o procedimento, tais como: manual de boas práticas de fabricação,

outros PPHO, legislações, livros, entre outros.

- Campo de aplicação: áreas e/ou setores de produção onde devem ser realizados os

procedimentos descritos.

- Definições: informação dos termos ou expressões não comuns ou específicas do texto.

- Responsabilidades: detalhamento de competência e responsabilidade em relação ao

cumprimento do PPHO.

- Descrição: procedimentos necessários para alcançar os objetivos do PPHO.

- Monitorização: baseado na ferramenta de qualidade enfoca primeiramente o

responsável da monitorização, a freqüência e planilhas de registros.

- Ações Corretivas: descrição das ações corretivas quando ocorrer desvios, para

retomada de controle do procedimento.

- Verificação: atividades que assegurem que o procedimento esteja sob controle.

- Registro: descrição da identificação, indexação, localização do arquivamento, tempo

de retenção e disposição do registro.

- Anexos: documentos de verificação ou Check-list, planilhas de controle.

- Instruções de trabalho: descrição das IT relacionadas com o procedimento.

- Registro das revisões: registro de data e tipo de alteração do procedimento.

43

Page 47: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4.4.3 Elaboração do Manual de Boas Práticas de Fabricação – Manual de BPF

Posteriormente a adequação da empresa às não-conformidades, em atendimento

às exigências legais e aos PPHO, a equipe multidisciplinar corrigiu o Manual de BPF

pré-existente descrevendo as atividades e as situações reais na indústria.

A partir da implantação das Boas Práticas de Fabricação e dos Procedimentos

Padrões de Higiene Operacional, procedeu-se à realização do diagnóstico PÓS-BPF,

utilizando-se dos mesmos recursos do diagnóstico PÓS-5S. Após a realização destas

etapas, foi necessário supervisionar a implantação das BPF e PPHO. Somente a partir de

uma implantação satisfatória destas ferramentas de qualidade é que foi iniciada a

elaboração do plano e a implantação do Sistema de APPCC.

4.5 Implantação do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle –

Sistema APPCC

A implantação do Sistema APPCC seguiu a seqüência estabelecida pelo Codex

Alimentarius e as etapas descritas na Portaria nº 46 do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 1998), chamadas de etapas preliminares e os sete

princípios do APPCC, os quais foram seguidos pela equipe da unidade para auxiliar no

processo de implantação.

4.5.1 Etapas preliminares

1- Comprometimento da direção.

2- Definição de um coordenador para o programa.

44

Page 48: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

3- Formação da equipe multidisciplinar.

4- Disponibilidade de recursos e necessidades.

5- Treinamento da equipe

4.5.2 Elaboração do Plano APPCC

Na elaboração do plano APPCC foi empregada a metodologia do SENAI (2000),

incluindo o uso dos formulários específicos para este fim e o diagrama decisório (Anexo

1) para a identificação dos pontos de controle (PC) e pontos críticos de controle (PCC).

As etapas para a elaboração do plano seguiram a seqüência da Figura 1.

Descrição do produto e uso esperado

Definição dos objetivos

Estabelecimento dos procedimentos de monitorização - Princípio 4

Avaliação de pré-requisitos(Necessário para o MAPA)

Estabelecimento dos procedimentos de registros - Princípio 7

Estabelecimento dos limites críticos - Princípio 3

Identificação dos pontos críticos de controle - Princípio 2

Estabelecimento dos procedimentos de verificação - Princípio 6

Estabelecimento das ações corretivas - Princípio 5

Análise dos perigos e medidas preventivas - Princípio 1

Validação do fluxograma de processo

Elaboração do fluxograma de processo

Programa de capacitação técnica(Necessário para o MAPA)

Identificação e organograma da empresa

Figura 1: Etapas seguidas para elaboração do Plano APPCC

45

Page 49: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4.5.3 Consolidação do Plano APPCC

Ao final da realização destas etapas foi estruturado o Resumo do Plano APPCC

Simplificado (Anexo 2). Neste documento descreveu-se a etapa do processo, os PC e

PCC, a identificação dos perigos, medidas preventivas, ações corretivas e os

procedimentos de verificação.

Após este processo de implantação do Sistema APPCC, procedeu-se os

levantamentos de informações com o intuito de gerar o diagnóstico PÓS-APPCC.

4.6 Análises de Qualidade

4.6.1 Coleta de Amostras

Da unidade de produção foram obtidas aleatoriamente amostras de licor de

banana com 16% e 20% de álcool. As amostras coletadas foram destinadas à realização

de análises microbiológicas, físico-químicas e sensoriais no Laboratório de

Experimentação e Análise de Alimentos Nonete Barbosa Guerra (LEAAL), do

Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco.

Os licores coletados para a realização das análises microbiológicas e físico-

químicas foram obtidos após a realização dos diagnósticos INICIAL, PÓS-5S, PÓS-

BPF e PÓS-APPCC.

A análise sensorial foi realizada utilizando amostras do último lote produzido

após a implantação do Sistema APPCC.

46

Page 50: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4.6.2 Análises Microbiológicas

A pesquisa de microrganismos foi baseada nos parâmetros preconizados na

Legislação Brasileira para “doces e sobremesas tipo caseiro, não industrializados”, uma

vez que o extrato do qual se origina o licor de banana é proveniente da cocção da fruta

em presença de água e açúcar. Salienta-se que as análises previstas na RDC nº 12

(BRASIL, 2001), a qual dispõe do regulamento técnico sobre padrões microbiológicos

para alimentos, e suas execuções no laboratório seguem às normas preconizadas pela

Association of Official Analytical Chemists (2005).

4.6.2.1 Contagem de Coliformes a 45°C (AOAC 991.14)

Foram transferidas 25mL de cada amostra para frascos contendo 225mL de água

peptonada estéril a 0,1%. As amostras foram homogeneizadas resultando na diluição

10-1. Diluições sucessivas a partir da diluição 10-1 foram preparadas. Das diferentes

diluições das amostras dos licores foi pipetado 1mL para inoculação em placas

PetrifilmTM EC (3M Company). Em seguida, procedeu-se a incubação das placas em

estufa a 45ºC+1ºC por 24-48 horas. Após o período de incubação, as colônias vermelhas

com bolhas de gás foram consideradas positivas para coliformes a 45ºC. O resultado

obtido pela contagem das colônias foi expresso em Unidade Formadora de Colônia/g.

4.6.2.2 Contagem de Estafilococos Coagulase Positiva (AOAC 2001.05).

Foram transferidas 25mL de cada amostra dos licores para frascos contendo

225mL de água peptonada estéril a 0,1% para obter a diluição 10-1. A partir desta, outras

47

Page 51: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

diluições sucessivas foram preparadas em tubos contendo 9mL de solução salina estéril

(NaCl 0,85%). Alíquotas de 1mL das diluições foram inoculadas em placas de

PetrifilmTM RSA (3M Company) e seguiram para incubação em estufa a 35ºC+1ºC por

24-48 horas. Após este período, os discos reativos de termonuclease foram colocados

nas placas e estas foram novamente incubadas a 35-37ºC por 1-3horas. Após o período

de incubação, procedeu-se a contagem considerando-se colônias vermelhas ou azuis

rodeadas por uma área rosada como positivas para estafilococos. O resultado foi obtido

pela contagem das colônias e expresso em Unidade Formadora de Colônia/g.

4.6.2.3 Determinação de Salmonella spp. (AOAC 996.08)

Para pesquisa de Salmonella spp., 25mL de amostra foi transferida para 225mL

de caldo lactosado, e o enriquecimento seletivo em tetrationato e selenito cistina, antes

de ser submetido ao teste de imunoenzimático Enzime Liked ImmunoFluorescent Assay,

utilizando o Kit Vidas Salmonella (SLM) Assay da BioMerreux.

Os resultados foram analisados automaticamente pelo aparelho que efetua duas

medidas de fluorescência no barrete de leitura específico para cada teste. A primeira

leitura corresponde ao branco do barrete antes do substrato entrar em contato com o

cone. A segunda leitura é efetuada após a incubação do substrato com a enzima presente

no cone. O cálculo do RFV (Relative Fluorescence Value) é o resultado da diferença

das duas medidas interpretado pelo sistema VIDAS da seguinte forma:

Cálculo

Valor do teste = RFV amostra RFV calibrador

48

Page 52: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

O sistema estabelece o limiar de 0,23 para a interpretação dos resultados.

Valores do teste inferiores ao limiar indicam ausência de Salmonella spp. e resultado

com valor maior ou igual ao limiar indica presença de Salmonella spp. na amostra.

4.6.3 Análises Físico-Químicas

4.6.3.1 pH (IAL, 2005)

Em potenciômetro com resolução = 0,1 (Micronal B474) previamente calibrado,

o pH foi determinado utilizando 50mL de cada amostra de licor de banana sem diluição.

4.6.3.2 Densidade à 20ºC (IAL, 2005)

Para a determinação da densidade do licor de banana foi necessário usar um

picnômetro previamente lavado com água destilada, seco com álcool e éter e pesado

ainda vazio. Em seguida, este picnômetro cheio com água a 20°C foi novamente

pesado. O procedimento de lavagem e secagem foi repetido e o picnômetro cheio com a

amostra foi mais uma vez pesado. Da relação destas massas resultou a densidade da

amostra relativa à água.

Cálculo

Onde;

mam = massa do picnômetro com a amostra

mp = massa do picnômetro vazio

mágua = massa do picnômetro com a água

= densidade relativa 20°C

mam - mp mágua - mp

49

Page 53: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4.6.3.3 Açúcares Totais (IAL, 2005)

Em uma cápsula de porcelana, 50mL de cada amostra de licor de banana foi

submetida ao banho-maria para eliminação do álcool. Após esfriar, 0,5mL de ácido

clorídrico foi adicionado à amostra e a cápsula voltou ao banho-maria por 20 minutos.

Com a amostra fria, transferiu-se o conteúdo da cápsula para um balão volumétrico de

100mL, lavando a cápsula com água destilada. Para neutralizar o pH foi adicionado

10mL de hidróxido de sódio 0,1N e em seguida o volume do balão foi completado com

água destilada. Esta solução foi transferida para uma bureta de 25mL para gotejar dentro

de balão de fundo chato contendo 40mL de água e 10mL das soluções de Fehling A e B

em ebulição e sob agitação. O gotejamento da solução presente na bureta foi suspenso

quando, a solução de Fehling passou de azul a incolor e no fundo do balão apareceu um

resíduo vermelho de Cu20.

Cálculo

Onde;

A= nº de mL da solução de P g da amostra

a= nº de g de glicose correspondente a 10 mL das soluções de Fehling

P= massa da amostra em g

V = nº de mL da solução da amostra gasto na titulação

glicídios totais em glicose, por cento m/m = 100 x A x aPxV

50

Page 54: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4.6.3.4 Sólidos Solúveis Totais (IAL, 2005)

Com água destilada a 20ºC, o refratômetro de bancada (ausJENA) foi ajustado

para a leitura de n em 1,3330. Em seguida, quatro gotas da amostra de licor de banana

foram transferidas para o prisma do refratômetro. Após um minuto, procedeu-se a

leitura diretamente na escala de ºBrix.

4.6.3.5 Acidez Total (IAL, 2005)

A determinação da acidez total foi feita em 50mL da amostra de licor de banana

diluída com 50mL de água destilada. A titulação com solução de hidróxido de sódio

0,1N foi realizada com o auxílio de uma pipeta e de um potenciômetro de bancada

(ausJENA) previamente calibrado até ponto de viragem (pH 8,2-8,4).

C

O

n

f

P

V

álculo

nde;

= volume gasto na titulação da solução de hidróxido de sódio, em mL

M = molaridade da solução de hidróxido de sódio

= fator de correção da solução de hidróxido de sódio

M

M = peso molecular do ácido acético (60g)

= volume tomado da amostra, em mL

ácidos totais, em g de ácido acético por 100mL de amostra = n x M x f x P10 xV

51

Page 55: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

4.6.3.6 Extrato Seco (IAL, 2005)

Em uma cápsula metálica lavada e previamente seca em estufa, resfriada em

dessecador até a temperatura ambiente e pesada, foi pipetada 20mL da amostra de licor

de banana, a qual foi levada a banho-maria para evaporar lentamente até a secura. Em

seguida a cápsula contendo a amostra foi para a estufa de 100ºC±5ºC por 30 minutos

para secagem final. Por fim, a cápsula com a amostra seca foi resfriada em dessecador

por 30 minutos e procedendo-se a pesagem para obtenção do resultado.

Cálculo

Onde;

N = massa de resíduo seco em g (massa da cápsula com o extrato

menos a tara da cápsula)

V = volume da amostra em mL

100 x N V

= extrato seco por cento m/v

4.6.3.7 Teor Alcoólico (IAL, 2005)

A amostra do licor de banana com a temperatura ajustada em 20°C foi medida

em um balão volumétrico de 250mL e transferida para um balão de fundo chato de

500mL, lavando o balão volumétrico com água destilada e juntando ao conteúdo do

balão de fundo chato conectado ao condensador. O balão de fundo chato foi aquecido

até ebulição para proceder a destilação (aproximadamente ¾ do volume inicial). Ao

final deste processo, o destilado foi recolhido e colocado no balão volumétrico de

52

Page 56: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

250mL anteriormente usado, já contendo 10mL de água e imerso em banho de água e

gelo. Em seguida, adicionou-se água até completar o volume e ajustou-se a temperatura

a 20°C, mergulhando o balão volumétrico em banho de água e gelo. A densidade

relativa do destilado a 20°C foi determinada com o uso de picnômetro. Obteve-se a

graduação alcoólica do destilado alcoólico a 20°C utilizando tabela referente à

conversão de densidade em porcentagem de álcool em volume.

4.6.4 Análise Sensorial

Foi realizado um teste de aceitação sensorial dos licores de banana com 16% e

20% de álcool utilizando a escala hedônica, o qual foi efetivado em cabines individuais

e o ambiente iluminado com luz branca.

As amostras foram codificadas com números aleatórios de quatro dígitos,

servidas em taça de vidro transparente contendo 50 mL de licor e cobertas com papel

alumínio. Cada provador recebeu um copo com água e uma ficha de avaliação sensorial

(Quadro 1).

Para realização das análises, sessenta provadores não treinados foram

selecionados de forma aleatória, e, tomando como parâmetro pesquisa realizada por

Penha et al. (2003) com licor de acerola, alguns atributos sensoriais foram também

analisados para o licor de banana, tais como: aroma (alcoólico, frutal e doce); sabor

(alcoólico, frutal, doce e pungente); consistência (viscosidade e maciez); aparência

(coloração e aderência).

53

Page 57: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Amostra nº _________ Provador nº ______ Data: ___/___/______. Instruções: Represente o quanto gostou ou desgostou de cada atributo da amostra, de acordo com a escala hedônica:

ATRIBUTOS DA AMOSTRA AROMA ESCALA

Alcoólico Frutal (banana) Doce

SABOR ESCALA Alcoólico Frutal (banana) Doce Pungente (dormência na boca)

CONSISTÊNCIA ESCALA Viscosidade (densidade) Maciez (leveza e suavidade)

APARÊNCIA ESCALA Coloração Aderência (adesão à parede do copo)

ESCALA HEDÔNICA 1 Gostei extremamente 2 Gostei muito 3 Gostei moderadamente 4 Gostei ligeiramente 5 Nem Gostei, nem desgostei 6 Desgostei ligeiramente 7 Desgostei moderadamente 8 Desgostei muito 9 Desgostei extremamente

Quadro 1: Ficha para avaliação do sensorial do licor de banana

4.7 Análise Estatística

Quanto à análise de dados para avaliação da eficiência da utilização das

ferramentas da qualidade foram aplicados os softwares Check-list BP e Check-list

Bompreço (SENAI, 2001; SENAI 2003) para contabilizar os itens conformes e não-

conformes sendo transferidos para o software Excel for Windows (MICROSOFT, 2003)

para apuração dos percentuais.

Os dados sensoriais foram avaliados pelo teste "t" de Student e para verificar as

relações entre os produtos obtidos e os atributos sensoriais foi realizada a Análise de

Componente Principal. Os resultados das análises físico-químicas foram submetidos à

análise de variância (ANOVA), sendo realizado o teste de Duncan para comparação

entre as médias obtidas, ambos ao nível de 5% de significância. Para a realização destas

análises utilizou-se o software estatístico Statistica 6.0 (STATSOFT, 1997).

54

Page 58: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

RReessuullttaaddooss ee DDiissccuussssããoo

Page 59: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Impacto da Aplicação de Ferramentas da Qualidade

Antes da aplicação do Programa 5S, das BPF e do Sistema APPCC na fábrica de

licor foi realizado o diagnóstico INICIAL, cujo resultado pode ser visualizado na Figura

2. Observou-se que entre as etapas avaliadas, a de controle integrado de pragas (CIP) foi

a que apresentou maior número de itens críticos conformes com base na Portaria nº 368

(BRASIL, 1997c).

As etapas HP/PT, CQ e CP APPCC apresentavam os maiores índices de não-

conformidades (Figura 2), fato justificado pela ausência das BPF e do Sistema APPCC,

porém, devido a não realização de treinamentos contínuos, a etapa HP/PT foi a que se

destacou em itens críticos em não-conformidade (71,4%). Considerando os resultados

do diagnóstico INICIAL foi possível observar que para todas as etapas, em relação a

itens críticos e não-críticos, o índice de não-conformidades em relação aos diferentes

aspectos da legislação vigente foi elevado.

Através de observações in loco, verificou-se que antes da iniciação de um

controle de qualidade efetivo, os problemas de ordem financeira associados à

deficiência de informações e a desorganização geral refletiam diretamente sobre o mau

desempenho gerencial, o qual gerava um déficit, da empresa e do produto, com relação

aos preceitos da segurança alimentar. Desta forma, diante da visível necessidade de

melhor organização e higiene, foi realizada a aplicação dos cinco sensos preconizados

pelo Programa 5S.

56

Page 60: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

23,8 30

,6

40,5

0,0

55,6

8,7

6,5

71,4

34,7

45,2

45,5

44,4 47

,8 50,0

4,8

28,6

7,1

36,4

0,0

13,0

6,5

0,0 6,

1 7,1

18,2

0,0

30,4 37

,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

HP/PT P/I AGF L/S CIP CQ CP APPCC

Crítico Conforme Crítico Não-conforme Não-Crítico Conforme Não-crítico Não-conforme

% d

e co

nfor

mid

ades

Etapas

Figura 2: Diagnóstico INICIAL - Percentual de conformidade dos itens críticos e não-críticos distribuídos por etapas do Check-list aplicado na fábrica de licor de banana. HP/PT: Higiene pessoal e programa de treinamento; P/I: Projetos e instalações; AGF: Aspectos gerais de fabricação; L/S: Limpeza e sanitização; CIP: Controle integrado de pragas; CQ: Controle de qualidade; CP APPCC: Controle de processo pelo plano APPCC.

Assim, considerando que o Programa 5S serve como base para implantação das

BPF e do Sistema APPCC, esta ferramenta foi implantada e após a realização do

diagnóstico PÓS-5S observou-se que em relação ao diagnóstico INICIAL as etapas

HP/PT, L/S, CIP não tiveram modificações nos resultados percentuais, no entanto, o

índice de conformidade da etapa relacionada aos projetos arquitetônicos e as instalações

(P/I) foi a que apresentou o maior índice de melhorias em relação aos itens críticos,

passando de 30,6% para 42,9% de itens conformes com a legislação (Figura 3).

Cabe ressaltar que apesar de dois sensos do Programa 5S focalizar limpeza e

asseio, as etapas de higiene pessoal e programa de treinamento (HP/PT) e limpeza e

sanitização (L/S) não obtiveram melhorias (Figura 3). Este episódio é explicado pelo

fato dos itens de verificação destas etapas presentes no Check-list BP e Check-list

57

Page 61: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

BOMPREÇO direcionarem-se aos controles realizados através das BPF que neste

momento ainda não haviam sido implantadas.

% d

e co

nfor

mid

ades

23,8

42,9

42,9

0,0

55,6

13,0

10,9

71,4

22,4

42,9 45,5

44,4

43,5 47

,8

4,8

28,6

7,1

36,4

0,0

13,0

6,5

0,0 6,

1 7,1

18,2

0,0

30,4 34

,8

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

HP/PT P/I AGF L/S CIP CQ CP APPCC

Crítico Conforme Crítico Não-conforme Não-crítico Conforme Não-crítico Não-conforme

Etapas

Figura 3: Diagnóstico PÓS-5S - Percentual de conformidade dos itens críticos e não-críticos distribuídos por etapas do Check-list aplicado na fábrica de licor de banana. HP/PT: Higiene pessoal e programa de treinamento; P/I: Projetos e instalações; AGF: Aspectos gerais de fabricação; L/S: Limpeza e sanitização; CIP: Controle integrado de pragas; CQ: Controle de qualidade; CP APPCC: Controle de processo pelo plano APPCC.

Nascimento e Lucena (2007) realizando estudo acerca da implantação do

programa 5S numa indústria de bebidas, observaram que diversas ações beneficiaram a

empresa e concluíram que quando aplicado com persistência e convencimento, o

Programa 5S gerou resultados surpreendentes, pois mudou a mentalidade e o

comportamento das pessoas que fazem parte da organização. Sabe-se, entretanto, que o

programa 5S é eficiente, mas sozinho não é suficiente para garantir a qualidade total de

uma indústria alimentícia.

58

Page 62: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Após a implantação das boas práticas, como pode ser observado na Figura 4, os

resultados do diagnóstico PÓS-BPF mostram que as etapas HP/PT, L/S que não haviam

obtido melhorias após a implantação do Programa 5S (Figura 3), anularam as não-

conformidades existentes, tanto para itens críticos como para os itens não-críticos. As

demais etapas obtiveram acréscimo nos percentuais de melhorias em relação ao

diagnóstico PÓS-5S para itens críticos (P/I=16,3%; AGF=33,3%; CIP=22,2%;

CQ=17,4%; CP APPCC=2,1%), assim como para os itens não-críticos (P/I=4,1%;

AGF=4,8%; CQ=17,4%; CP APPCC=4,4%), demonstrando que apresentaram uma

ótima progressão, apesar de manterem algum nível de não-conformidades, fato

considerado normal em se tratando de inovação na indústria de alimentos.

Como explicação para este incremento dos itens conformes na etapa de projeto e

instalações (P/I) podem ser citadas as ações de melhoria arquitetônica como a realização

de algumas reformas, a instalação de recursos físicos e a atualização do controle da

potabilidade da água. Além disso, pode ser levada em consideração a atualização dos

itens da etapa do controle integrado de pragas (CIP) visando o enquadramento na

legislação vigente.

Quanto à etapa relacionada aos aspectos gerais do controle de qualidade (CQ), o

que fez aumentar os itens em conformidade foi a deliberação da utilização dos inúmeros

registros e documentos gerados. Cabe ressaltar que esta foi uma das maiores causas de

resistência dos colaboradores para implantação desta ferramenta de qualidade, porém,

em se tratando de uma microempresa, a conscientização do pessoal foi considerada

satisfatória, favorecendo o incremento do coeficiente de melhorias na fábrica de licor.

No geral a fábrica de licor apresentou uma evolução crescente de sua

qualificação geral, comprovando que as visitas e os diagnósticos realizados neste

período foram fundamentais para que a fábrica obtivesse a implantação das BPF e

59

Page 63: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

PPHO que são a base higiênico-sanitária para posterior implantação e validação do

Sistema APPCC.

% d

e co

nfor

mid

ades

95,2

59,2

76,2

45,5

77,8

30,4

13,0

0,0 6,

1 9,5

0,0

22,2 26

,1

45,7

4,8

32,7

11,9

54,5

0,0

30,4

10,9

0,0 2,0

2,4

0,0

0,0

13,0

30,4

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

HP/PT P/I AGF L/S CIP CQ CP APPCC

Crítico Conforme Crítico Não-conforme Não-crítico Conforme Não-crítico Não-conforme

Etapas

Figura 4: Diagnóstico PÓS-BPF - Percentual de conformidade dos itens críticos e não-críticos distribuídos por etapas do Check-list aplicado na fábrica de licor de banana. HP/PT: Higiene pessoal e programa de treinamento; P/I: Projetos e instalações; AGF: Aspectos gerais de fabricação; L/S: Limpeza e sanitização; CIP: Controle integrado de pragas; CQ: Controle de qualidade; CP APPCC: Controle de processo pelo plano APPCC.

Exemplo satisfatório da implantação das BPF pode ser visto no trabalho

conduzido por Losso et al. (2007) que avaliaram o efeito das BPF em quatro unidades

de produção de alimentos do Rio de Janeiro. Os resultados mostraram a eficiência desta

ferramenta, visto que antes da implantação as empresas A, B, C e D apresentavam

respectivamente 59%; 52%; 40%; 47% de conformidade, elevando estes índices para

85%; 78%; 83%; 84% após a implantação das BPF, e concluiu-se que o sistema de boas

práticas é um processo contínuo que pode ser implantado mesmo não havendo 100% de

conformidade aos requisitos, contudo, o plano de ação estabelecido para as não-

60

Page 64: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

conformidades deve ser executado como uma prioridade, buscando o atendimento a

legislação pertinente.

Winckler (2007), realizou auditorias de conformidade para as BPF e PPHO em

um matadouro da cidade de Rondonópolis no estado do Mato Grosso objetivando

avaliar a evolução da aplicação destas ferramentas que foi realizada através de Check-

list. Os dados obtidos comprovaram que o estabelecimento apresentou uma evolução

crescente do seu sistema de qualidade, concluindo que as auditorias foram fundamentais

para que a indústria obtivesse a implantação satisfatória das BPF e PPHO.

Paula e Siqueira (2002), afirmam que a adoção das BPF é um requisito

fundamental em um Programa de Segurança Alimentar, principalmente quando está

aliado à implementação dos PPHO, onde são documentados os procedimentos

necessários para assegurar a ausência de perigos que possam comprometer a inocuidade

dos alimentos, além de serem considerados importantes pré-requisitos para a

implantação do Sistema APPCC.

Os resultados do diagnóstico PÓS-APPCC (Figura 5) mostram o combate à

maioria das não-conformidades resistentes ao processo de implantação das BPF,

explicitando o efeito positivo em relação ao diagnóstico PÓS-BPF (Figura 4). Contudo,

apesar de restarem algumas pendências, o total dos itens conformes foi considerado

satisfatório, pois conseguiu classificar o estabelecimento no “Grupo 1” da RDC nº 275

(atendimento de 76% a 100% dos itens da lista de verificação do seu Anexo II).

Houve a persistência de alguns itens não-conformes na fábrica, contudo, notou-

se que apesar disso existiu o desempenho da direção e da maioria dos colaboradores

para alcançar um nível excelente. Entretanto, sabe-se que algumas dificuldades

impedem o alcance da Qualidade Total em uma microempresa, como afirmam Akutsu

et al. (2005) em trabalho realizado em serviços de alimentação: “a implementação de

61

Page 65: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

APPCC em Unidade de Alimentação e Nutrição de pequeno e médio porte é difícil pela

falta de conhecimento, pela dificuldade de perceber benefícios, pela ausência de

requerimentos legais, pelos recursos humanos despreparados e pelas dificuldades

financeiras em contratar especialistas para desenvolver consultorias”.

% d

e co

nfor

mid

ades

95,2

61,2

81,0

45,5

88,9

52,2

52,2

0,0 4,

1

4,8

0,0

11,1

4,3 6,5

4,8

32,7

14,3

54,5

0,0

34,8 37,0

0,0 2,0

0,0

0,0

0,0

8,7

4,3

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

HP/PT P/I AGF L/S CIP CQ CP APPCC

Crítico Conforme Crítico Não-conforme Não-crítico Conforme Não-crítico Não-conforme

Etapas

Figura 5: Diagnóstico PÓS-APPCC - Percentual de conformidade dos itens críticos e não-críticos distribuídos por etapas do Check-list aplicado na fábrica de licor de banana. HP/PT: Higiene pessoal e programa de treinamento; P/I: Projetos e instalações; AGF: Aspectos gerais de fabricação; L/S: Limpeza e sanitização; CIP: Controle integrado de pragas; CQ: Controle de qualidade; CP APPCC: Controle de processo pelo plano APPCC.

Khatri e Collins (2007) estudaram 13 indústrias de processamento de carne da

Austrália (aproximadamente 80% do total nacional) com o objetivo de levantar

informações a respeito de motivação, constrangimentos, custos e benefícios da

implantação do sistema APPCC como um programa de segurança alimentar. Os

benefícios de sistemas de segurança alimentar que incorporam o APPCC dentro da

indústria de carne na Austrália foram difundidos e significantes, havendo uma redução

62

Page 66: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

em rejeição/reprocessamento/recolhimento de produtos fora das especificações, redução

em reclamações de clientes, melhorias na higiene dos produtos e moral da empresa e

incremento nas atuações em mercados externos.

Desta forma, considerando que o Sistema APPCC é um sistema preventivo e que

busca a produção de alimentos inócuos foi necessário avaliar o fluxograma de

processamento do licor de banana (Figura 6) para verificar a existência de pontos de

controle (PC) e pontos críticos de controle (PCC) de origem química, física ou

biológica.

Observou-se que na primeira filtração (peneiras de aço-inox) e na segunda

filtração (bomba centrífuga, filtro e elemento filtrante de polipropileno) existia um PC

biológico devido à possibilidade de uma contaminação por microrganismos patogênicos

(Staphylococcus aureus, Escherichia coli) decorrentes de práticas de manipulação

incorretas (falta de luvas, máscaras, lavagens de mãos e antebraços antes de iniciar o

processo) ou pela higienização deficiente de utensílios, bomba, filtro e da canalização

do sistema de filtração ou mesmo pela não substituição do elemento filtrante usado.

Um PCC de natureza química foi verificado na etapa de dosagem de conservante

(sorbato de potássio), considerando a possibilidade de haver uma super dosagem de

aditivo alimentar no produto final em decorrência de erro de pesagem e/ou erro de

cálculo. De acordo com a Consulta Pública nº 61 (BRASIL, 2000) que atribui o uso de

aditivos e seus limites máximos para bebidas alcoólicas, a quantidade máxima permitida

para este aditivo é 0,04g/100g para licores.

A etapa de envase também foi considerada um ponto crítico de controle, mas de

origem física, devido à possibilidade da lavagem das garrafas não ser feita corretamente

e restar algum fragmento de vidro vindos da fábrica de garrafas ou pela quebra de

garrafas uma vez que esta etapa do processo é feita manualmente. Entretanto, cabe

63

Page 67: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

ressaltar que apesar de considerar esta etapa um PCC físico, o fabricante de embalagens

assegura a qualidade das garrafas fornecidas.

PCCQ

PCB

PCCF

PCB

Água

Dosagem

Recebimento/Estocagem

Álcool e Conservante Pesagem

Recebimento/Estocagem

Açúcar

Filtração 2

Envase

Recebimento/Armazenamento

Lavagem/Sanitização

Descascamento

Pesagem

Cocção

Filtração 1

Adição de Álcool e Conservante

Seleção

Rotulagem

Estocagem

Expedição

Lacre

Banana

B: Biológico, Q: Químico, F: Físico

Figura 6: Fluxograma de processamento do licor de banana (Descrição do Processo: Anexo 3)

64

Page 68: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Ainda na etapa de envase, na análise de perigos foi considerada uma possível

contaminação ou sobrevivência de microrganismos patogênicos (S. aureus, E. coli)

decorrentes de falha do processo, todavia, não foi considerado um PC ou PCC porque o

perigo é controlado pelo programa de pré-requisito (BPF/PPHO/IT/PDC) e o controle

nesta etapa é efetivo. Entretanto, Schmidt et al. (2004) consideram que a esterilização da

embalagem é um ponto crítico de controle, pois é a única forma de impedir que

microrganismos patogênicos entrem em contato com o produto durante a operação de

envase. Assim, este controle é efetuado pela concentração do produto sanitizante usado

e o seu tempo de contato com a embalagem, os quais normalmente são definidos pelo

fabricante e/ou fornecedor.

Diante das análises feitas através do Sistema APPCC é inevitável concordar com

a afirmação de Hojeije (2006) que diz que a união BPF-APPCC dá subsídios para

identificar tendências e a eficiência de processos, identificar fontes e causas básicas de

defeitos e não-conformidades, propiciando também a tomada de ações corretivas e com

maior rigor às preventivas. Para evitar causas de uma não-conformidade, na fábrica de

alimentos, essa prática exige conhecimento e uma visão proativa para prevenir e/ou

tomar novas iniciativas visando prever o desvio em relação à normalidade que possa vir

a comprometer a segurança do produto.

Essas declarações podem ser observadas na Figura 7 que mostra a progressão do

nível das conformidades e a regressão das não-conformidades de acordo com a

implantação das diferentes ferramentas de qualidade utilizadas. Nota-se que quanto aos

itens críticos, 46,8% das não-conformidades detectadas inicialmente reduziram para

4,5% após a implantação do Sistema APPCC, conseqüentemente, os itens conformes

com a legislação evoluíram de 23,4% verificados no diagnóstico INICIAL para 66,2%

no PÓS-APPCC. Os itens considerados não-críticos não-conformes também

65

Page 69: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

apresentaram diminuição de 15,9% para 2,5%; favorecendo a evolução do percentual de

conformidade dos itens não-críticos de 13,9% para 26,9% no PÓS-APPCC.

2,5

52,7

66,2

28,423,4

4,5

42,346,8

17,9

26,9

13,9

19,9

13,9

15,9

9,5

15,4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

INICIAL PÓS-5S PÓS-BPF PÓS-APPCC

Crítico Conforme Crítico Não-Conforme Não-crítico Conforme Não-crítico Não-Conforme

% d

e co

nfor

mid

ades

Diagnóstico

Figura 7: Evolução de conformidade dos itens críticos e não-críticos da fábrica de licor de banana distribuído por diagnósticos. INICIAL: Diagnóstico inicial; PÓS-5S: Diagnóstico após implantação do Programa 5s; PÓS-BPF: Diagnóstico após implantação das BPF; PÓS-APPCC: Diagnóstico após implantação do Sistema APPCC.

É importante enfatizar que a implantação deste sistema pela empresa, capacita-a

em atender às exigências dos consumidores que não dizem respeito apenas aos

produtos, mas também como estes foram produzidos, pois os consumidores procuram

saber mais sobre os produtos para escolher o que será consumido (LIMA, 2005). Assim,

uma vez que o Sistema APPCC é a forma internacionalmente aceita de garantir a

segurança alimentar, pode-se argumentar que a análise do produto final não é mais

necessária. Contudo, o mercado consumidor necessita de critérios de controle físico-

químicos e microbiológicos dos alimentos para maior segurança da população.

66

Page 70: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

5.2 Análises de Qualidade do Produto

Os resultados apresentados na Tabela 1, mostram que no diagnóstico INICIAL e

PÓS-5S o licor com 16% de álcool apresentou contaminação por Estafilococos

coagulase positiva acima dos limites aceitáveis para doces caseiros (103 UFC/g). Esta

ocorrência é preocupante porque dentre as cepas coagulase positiva encontra-se

Staphylococcus aureus que são conhecidos como causadores de infecção humana e

animal, existindo determinadas cepas que produzem enterotoxinas, substâncias de

intensa ação tóxica ao intestino (MARQUES et al., 2007).

A partir dos resultados da análise microbiológica foi feita uma investigação para

encontrar o motivo da contaminação apenas do licor com 16% de álcool após o

diagnóstico INICIAL e no PÓS-5S, já que ambas as amostras foram produzidas nas

mesmas condições e no mesmo dia.

Tabela 1: Avaliação microbiológica das amostras de licor de banana após os diagnósticos INICIAL, PÓS-5S, PÓS-BPF e PÓS-APPCC.

Resultados Amostra Ensaios INICIAL PÓS-5S PÓS-BPF PÓS-APPCC

Coliformes a 45ºC (UFC/g) < 10 < 10 < 10 < 10 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) 1,6 x 103 1,2 x 103 < 10 < 10 A Salmonella spp. (presença/ausência) Ausência Ausência Ausência Ausência

Coliformes a 45ºC (UFC/g) < 10 < 10 < 10 < 10 Estafilococos coagulase positiva (UFC/g) < 10 < 10 < 10 < 10 B Salmonella spp. (presença/ausência) Ausência Ausência Ausência Ausência

A: Licor de banana com 16% de álcool; B: Licor de banana com 20% de álcool. INICIAL: Diagnóstico inicial; PÓS-5S: Diagnóstico após implantação do Programa 5s; PÓS-BPF: Diagnóstico após implantação das BPF; PÓS-APPCC: Diagnóstico após implantação do Sistema APPCC.

67

Page 71: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Então, a partir de relatos dos colaboradores chegou-se à conclusão que a

contaminação ocorreu pela reutilização do elemento filtrante usado no licor com 16% de

álcool, o qual é rotineiramente produzido e por isso o ato da reutilização do elemento

filtrante é prática comum, visto que o intervalo entre uma produção e outra é curto.

O elemento filtrante usado passava por uma lavagem manual em água corrente,

era espremido com as mãos desprotegidas e depois se esperava escorrer a água residual

para proceder a próxima filtração do licor. Schmidt et al. (2004) afirmam que a

utilização de filtro com retentores de partículas demanda manutenção rigorosa e

preventiva. O desrespeito ao tempo de vida útil, substituição, lavagem e

sanificação/pasteurização deste filtro podem torná-lo foco de contaminação.

Em contrapartida, o licor com 20% de álcool foi filtrado com um elemento

filtrante novo já que tem uma menor demanda de produção e utiliza elemento filtrante

com porosidade diferente com o intuito de não modificar a viscosidade, sendo

normalmente descartado a cada filtração. Associado a isto a ausência de programa de

treinamento aos colaboradores, visto que ainda não havia sido implantada as BPF, foi

um dos agravantes.

Além do uso incorreto do elemento filtrante, que provavelmente agregou a

bactéria S. aureus a sua superfície e disseminou-a ao produto final, observou-se uma

excessiva confiança por parte dos funcionários com relação ao uso do conservante

sorbato de potássio na produção do licor. De acordo com Araújo (1999), o ácido sórbico

é mais solúvel em lipídeos que em água, porém Barboza et al. (2002) afirmam que

segundo o Joint Expert Comittee on Food Additives, o sorbato de potássio, sal trans

potássio, trans-2,4-ácido hexadienóico, é apresentado na forma de pó cristalino ou

grânulos, bastante solúvel em água, sendo usado como conservante contra leveduras e

fungos, mas apresentando menor eficiência contra bactérias.

68

Page 72: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Contudo, Silveira (2005) relata que o sorbato inibe Staphylococcus aureus,

Salmonella spp., Vibrio parahaemolyticus, coliformes e bactérias psicrotróficas

deteriorantes, como Pseudomonas spp. De tal modo, entende-se que ou a dosagem do

conservante foi administrada em quantidade inferior ao recomendado para a composição

do licor ou a contaminação microbiana foi excessiva a ponto do sorbato de potássio não

ser suficiente para atuar como conservador químico.

Este episódio mostra que as etapas de filtração foram consideradas ponto de

controle dentro do plano APPCC implantado na fábrica porque o perigo realmente

existe, mas foi controlado efetivamente pelo programa de pré-requisito após a

implantação das boas práticas de fabricação, confirmando a declaração de Figueiredo e

Costa Neto (2001), os quais afirmam que grande parte das contaminações é possível de

ser evitada a partir da aplicação correta das BPF, significando que existe a necessidade

de um grande comprometimento das pessoas envolvidas na fabricação do produto.

Entretanto, considerando que houve este desvio de padrão, as seguintes medidas

corretivas foram aplicadas: os lotes foram retidos para reprocessamento, o sistema de

filtração foi higienizado e a reutilização do elemento filtrante foi terminantemente

proibida. Além disso, foi realizado treinamento e capacitação do pessoal envolvido na

fabricação do licor, enfocando aspectos conceituais e práticos relacionados à maneira de

evitar a contaminação alimentar, bem como a necessidade urgente de mudança

comportamental e conscientização quanto importância da saúde dos consumidores.

Reissmann (2005) enfatiza que os funcionários precisam ser treinados nas

práticas de processamento e controle de processos que estão diretamente relacionados

com suas responsabilidades de trabalho. Um programa de treinamento efetivo é um

processo contínuo e em constante evolução. Os funcionários devem seguir hábitos de

higiene pessoal, incluindo roupas apropriadas, pois as contaminações durante a

69

Page 73: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

produção, processamento e consumo em decorrência das práticas inadequadas

aumentam muito o risco de ocorrência de doenças transmitidas por alimentos que,

provavelmente, é o maior problema de saúde no mundo atual (GENTA et al., 2005).

Marques et al. (2007) enfatizam que o grande papel dos manipuladores de

alimentos seja na indústria, seja no comércio; diz respeito ao fato de muitos desses

serem portadores assintomáticos de Staphylococcus aureus e, conseqüentemente,

potentes veiculadores deste microrganismo patogênico.

Quanto às análises de composição do licor de banana, o percentual alcoólico foi

estudado para verificar se a bebida estava sendo preparada adequadamente em relação à

quantidade de álcool descrita na rotulagem, e, a concentração de açúcar com o intuito de

verificar se a bebida se enquadrava na classificação de licor creme (>350g de

açúcar/litro) também descrito no rótulo.

Os resultados mostraram que após a implantação das BPF e do Sistema APPCC

as amostras dos licores apresentaram melhorias significativas em relação ao percentual

alcoólico e à concentração de açúcar, enquadrando-se na composição descriminada na

rotulagem da bebida diferentemente da fase INICIAL e PÓS-5S (Tabela 2).

Evolução das características físico-químicas dos licores em função das etapas de

implantação das ferramentas estão apresentados na Tabela 2 mostrando que diretamente

associada ao acréscimo de açúcar aos licores, a elevação dos teores de sólidos solúveis

totais e do extrato seco foi notável nas fases PÓS-BPF e PÓS-APPCC, sendo

significativamente diferente das etapas INICIAL e PÓS-5S.

A diminuição do pH dos licores em relação ao diagnóstico INICIAL

(principalmente para o licor com 20% de álcool) foi considerada relevante, visto que a

maioria das bactérias cresce a pH próximo da neutralidade, embora também possa

crescer sem muitas dificuldades no intervalo de 5,0 a 8,0; porém, abaixo de 5,0 o seu

70

Page 74: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

crescimento é claramente inibido, sendo raro se multiplicarem em pH 4,5 (ORDOÑES

et al.; 2005).

Tabela 2: Características físico-químicas das amostras de licor de banana após os diagnósticos INICIAL, PÓS-5S, PÓS-BPF e PÓS-APPCC (Média±Desvio Padrão).

Resultados Amostra Ensaios

INICIAL PÓS-5S PÓS-BPF PÓS-APPCCDensidade relativa (Kg/m3) 1,093±0,002bc 1,095±0,003b 1,084±0,006c 1,109±0,003a

Álcool em volume (%) 12,57±0,07c 12,50±0,07c 16,25±0,07a 16,00±0,0b

Sólidos Solúveis (ºBrix) 37,72±0,03c 37,75±0,0c 42,40±0,03b 42,91±0,01a

Extrato seco (% m/m) 39,91±0,01c 39,95±0,04c 41,12±0,06b 45,66±0,31a

Açúcares totais (g/100mL) 31,21±0,02c 31,25±0,01c 37,11±0,0b 37,50±0,01a

Acidez (g de ácido acético/100mL) 0,919±0,001a 0,910±0,001ac 0,860±0,001b 0,880±0,001bc

A

pH 4,79±0,01a 4,82±0,01a 4,55±0,01c 4,63±0,01b

Densidade relativa (Kg/m3) 1,081±0,000b 1,082±0,003b 1,080±0,001b 1,104±0,004a

Álcool em volume (%) 19,48±0,11b 19,50±0,14b 20,05±0,07a 20,30±0,28a

Sólidos Solúveis (ºBrix) 37,62±0,18b 37,75±0,01b 41,50±0,04a 41,49±0,02a

Extrato seco (% m/m) 37,08±0,61c 37,20±0,45c 39,42±0,27b 44,20±0,28a

Açúcares totais (g/100mL) 31,24±0,01b 31,24±0,01b 36,32±0,01a 36,33±0,00a

Acidez (g de ácido acético/100mL) 0,945±0,001a 0,943±0,004a 0,881±0,005b 0,884±0,002b

B

pH 4,93±0,01a 4,94±0,01a 4,62±0,01c 4,64±0,01b

Letras iguais na horizontal não diferem significativamente (p>0,05) pelo teste de Duncan. A: Licor de banana com 16% de álcool; B: Licor de banana com 20% de álcool. INICIAL: Diagnóstico inicial; PÓS-5S: Diagnóstico após implantação do Programa 5s; PÓS-BPF: Diagnóstico após implantação das BPF; PÓS-APPCC: Diagnóstico após implantação do Sistema APPCC.

Pode-se verificar também que os dois licores obtiveram melhorias significativas

nas análises realizadas após o diagnóstico PÓS-APPCC quanto à densidade e a acidez

(Tabela 2), influenciando mais os parâmetros sensoriais do que a qualidade de

composição das bebidas.

Sabe-se que a composição do produto é um dos principais fatores que

impulsionam o consumidor à compra, contudo, os atributos sensoriais como sabor,

aroma, textura, tem ação primordial na decisão de aquisição de bebidas alcoólicas.

71

Page 75: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Baseado neste ponto de vista, após a implantação do Sistema APPCC, foi realizada uma

verificação quanto à aceitação sensorial dos licores de banana.

Para representação dos dados referentes à avaliação das amostras de licor de

banana através da Análise de Componentes Principais (ACP) foi utilizado um gráfico

onde os resultados e suas repetições são três pontos unidos que formam um triângulo.

Cada amostra é representada por um triângulo, sendo que cada vértice é definido pelas

repetições apresentadas pelos voluntários, sendo os pontos com medidas mais distantes

de zero correspondem às variáveis com maior influência sobre o componente principal e

os mais próximos à variável com menor influência. Desta forma, as amostras de licor de

banana são caracterizadas pelos atributos que se apresentam mais próximos a elas

(Figura 8).

Figura 8: Projeção bidimensional de Análise de Componentes Principais dos termos descritores das amostras de licor de banana. A: Licor de banana com 16% de álcool; B: Licor de banana com 20% de álcool; AA: aroma alcoólico; AF: aroma frutal (banana); AD: aroma doce; SA: sabor alcoólico; SF: sabor frutal (banana); SD: sabor doce; SP: sabor pungente; CV: consistência viscosidade; CM: consistência maciez; AC: aparência coloração; AR: aparência aderência.

72

Page 76: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Ao analisar o primeiro componente principal (Figura 9) que reproduz 73,84%,

constatou-se que o licor de banana com 20% de álcool possui escores mais positivos,

sendo, portanto melhor representada pelo atributos sensoriais aroma alcoólico, sabor de

banana, alcoólico e doce, viscosidade, maciez e pela coloração (AA, SF, SA, SD, CV,

CM e AC), sendo confirmado pelas maiores e significativas (p<0,05) notas obtidas em

todos estes atributos, com exceção do SD (Tabela 3). Diferentemente, o licor de banana

com 16% de álcool, apresentou escores negativos, sendo caracterizado pelos atributos

sensoriais aroma doce e sabor pungente (AD e SP), ou seja, apresentando notas

significativamente maiores (p<0,05) nestes atributos (Tabela 3).

Tabela 3: Atributos sensoriais das amostras de licor de banana com difentes teores alcoólicos (Média±Desvio Padrão).

Atributos Sensoriais Amostra A Amostra B AA 2,50±0,20b 3,51±0,30a

AF 2,74±0,12a 2,75±0,10a

AD 2,75±0,10a 2,35±0,06b

SA 1,91±0,12b 2,63±0,05a

SF 1,89±0,19b 2,55±0,07a

SD 2,03±0,04a 2,10±0,06a

SP 2,60±0,05a 2,18±0,03b

CV 1,99±0,09b 2,43±0,09a

CM 1,86±0,06b 2,50±0,08a

AC 2,16±0,13b 2,78±0,07a

AR 3,01±0,08a 2,99±0,09a

Letras iguais na horizontal não diferem significativamente (p>0,05) pelo teste de Student. A: Licor de banana com 16% de álcool; B: Licor de banana com 20% de álcool; AA: aroma alcoólico; AF: aroma frutal (banana); AD: aroma doce; SA: sabor alcoólico; SF: sabor frutal (banana); SD: sabor doce; SP: sabor pungente; CV: consistência viscosidade; CM: consistência maciez; AC: aparência coloração; AR: aparência aderência.

Com relação à segunda componente principal (PC2) que representa 13,77% das

informações, pode-se observar que o licor de banana com 16% de álcool possui escores

positivos, caracterizando este produto pelo atributo aderência à parede do copo (AR),

73

Page 77: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

mas não sendo diferente significativamente (p>0,05) do licor com 20% de teor alcoólico

(Figura 8).

Conclui-se, portanto, que a maior parte das variações que ocorreram entre as

amostras de licor de banana foi explicada pelo Componente Principal 1 (CP1), mas

quando avaliado em associação ao Componente Principal 2 (CP2) observou-se que

explicavam 87,61% das informações contidas nos valores médios das 11 variáveis

sensoriais (Figura 9). Dados semelhantes são descritos por Jeronimo et al. (2004)

quando analisaram o perfil sensorial de aguardente de cana e verificaram que 77,77% da

variação ocorrida entre as amostras foi explicada pelo CP1 e que este juntamente com o

CP2 explicaram 92,97% da variação entre as amostras, evidenciando que os descritores

empregados discriminaram satisfatoriamente as amostras analisadas.

Penha et al. (2003) estudando licor de acerola e usando análise de componentes

principais, observaram que os resultados demonstraram que os dois primeiros

componentes principais apresentaram um percentual de variação de 62,29%

conjuntamente, concluindo também que esse resultado demonstra que os componentes

concentraram parte significativa da informação sensorial proveniente dos licores

analisados.

Baseado nos dados médios da Tabela 3 foi feito o perfil sensorial dos licores de

16% e 20% de álcool. A Figura 10 mostra que a amostra A obteve melhor aceitação

com relação à amostra B nos descritores AD, SP e a AR, considerando que na escala de

atributo o centro é o ponto zero e a intensidade aumenta do centro para a periferia do

gráfico. Entretanto, de maneira geral o licor de banana com 20% de álcool explica sua

melhor aceitação devido ao fato de apresentar valores superiores para os descritores SA,

SF e SD, atributos básicos que caracterizam uma bebida como licor de fruta, além de

agradar na consistência (CV) e na coloração (AC).

74

Page 78: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Santana et al. (2006) asseguram que entre os métodos sensoriais analíticos

utilizados em alimentos, a análise descritiva quantitativa merece destaque porque

proporciona uma completa descrição de todas as propriedades sensoriais de um produto,

representando um dos métodos mais completos e sofisticados para caracterização

sensorial de atributos importantes.

0

1

2

3

4AA

AF

AD

SF

SDSP

CV

CM

AC

AR

AS

A B

SA

Figura 9: Perfil sensorial das amostras de licor de banana estudadas. A: Licor de banana com 16% de álcool; B: Licor de banana com 20% de álcool; AA: aroma alcoólico; AF: aroma frutal (banana); AD: aroma doce; SA: sabor alcoólico; SF: sabor frutal (banana); SD: sabor doce; SP: sabor pungente; CV: consistência viscosidade; CM: consistência maciez; AC: aparência coloração; AR: aparência aderência.

A análise sensorial também resultou numa imprescindível ferramenta de

qualidade para o licor de banana, porém o seu valor prático no controle rotineiro na

pequena indústria é discutível, por haver algumas dificuldades como a disponibilidade

significativa de voluntários ou mesmo pessoal capacitado para formação de uma equipe

75

Page 79: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

treinada, contudo seu uso é inquestionável para elucidar parâmetros que devem ser

controlados ou implementados no produto final.

76

Page 80: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

CCoonncclluussõõeess

Page 81: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

6. CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos ficou constatado que:

• a implantação das ferramentas de controle da qualidade proporcionou melhorias à

fábrica de licor influenciando na qualidade do seu produto final.

• a elaboração e implantação do plano APPCC aplicado à produção de licor de banana

possibilitaram o controle dos perigos de origem microbiológica, química e física

existentes no processo.

• a padronização dos produtos e o controle laboratorial dos parâmetros

microbiológicos e físico-químicos contribuíram para a melhoria da qualidade do licor

de banana, elevando os padrões de competitividade.

• quanto aos atributos sensoriais, o licor de banana com 20% de álcool foi mais aceito

que o licor com 16% de álcool em sua composição.

• foi viável e imprescindível integrar diferentes ferramentas da qualidade como as

Boas Práticas de Fabricação e o Sistema Análise de Perigos e Pontos Críticos de

Controle com o objetivo de atender aos requisitos legais e mercadológicos.

78

Page 82: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

RReeffeerrêênncciiaass BBiibblliiooggrrááffiiccaass

Page 83: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRABE - Associação Brasileira de Bebidas. Mercado; Categorias de bebidas-Licores. Disponível em: <http://www.abrabe.org.br>. Acesso em: 04 dez. 2007. AKUTSU, R.C.; BOTELHO, R.A.; CAMARGO, et al. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Revista de Nutrição, v.18, n.3, p. 419-427, 2005. AMMAWATH, W.; MAN, Y.B.C; YUSOF, S.; et al. Effects of variety and stage of fruit ripeness on the physicochemical and sensory characteristics of deep-fat-fried banana chips. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.81, n.12, p.1166–1171, 2001. ANDRADE, P.H.S. O Impacto do programa 5s na implantação e manutenção de sistemas da qualidade. 2002. 114f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002. AOAC - ASSOCIATION OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis. 18. ed., Maryland: Association Official Analytical Chemists, 2005. ARAÚJO, J.M.A. Química de alimentos: teoria e prática. 2ª ed., Viçosa: UFV, 1999. 416p. BARBOZA, L.M.V.; FREITAS, R.J.S.; WASCZYNSKYJ, N. A importância dos aditivos para bebidas cítricas. Brasil Alimentos, v.15, p. 32-37, 2002. BODICHON, J.; FAUTREL, V.; GOMON, E.; et al. Tudo é bom na bananeira. Esporo, Wageningen, v. 68, p. 3, 2005. BORGES, J.T.S.; FREITAS, A.S. Aplicação do sistema Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP) no processamento de carne bovina fresca. Boletim do Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos, v. 20 n. 1, p. 1-18, 2002. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Decreto nº 2.314 de 4 de dezembro de 1997. Regulamenta a Lei nº 8818 de 14 de junho de 1994: dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de setembro de 1997a. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Portaria nº 40 de 20 de janeiro de 1997. Aprova o manual de procedimentos no controle da produção de bebidas e vinagres baseado nos princípios do sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle. Diário Oficial da União, Brasília, 21 de janeiro de 1997b. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Portaria nº 368 de 04 de setembro de 1997. Aprova o Regulamento Técnico sobre as condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos

80

Page 84: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Elaboradores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, 8 de setembro de 1997c. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Portaria nº 46, de 10 de Fevereiro de 1998. Institui o sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle nas indústrias de produtos de origem animal sob o regime do Serviço de Inspeção Federal – SIF. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de março de 1998. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Resolução nº 10, de 22 de maio de 2003. Institui o Programa Genérico de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional - PPHO, a ser utilizado nos Estabelecimentos de Leite e Derivados que funcionam sob o regime de Inspeção Federal, como etapa preliminar e essencial dos Programas de Segurança Alimentar do tipo APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). Diário Oficial da União, Brasília, 28 de maio de 2003. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Consulta Pública nº 61, de 26 de julho de 2000. Regulamento Técnico MERCOSUL: Atribuição de aditivos e seus limites máximos para a subcategoria de alimentos. 16.1.1-bebidas alcoólicas (com exceção das fermentadas). Diário Oficial da União, Brasília, 27 de julho de 2000. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. RDC nº 12 de 02 de janeiro de 2001. Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, 10 de janeiro de 2001. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução-RDC nº 275 de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/ Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, 6 de novembro de 2002. CAMARGO, M.C.R. A busca pela qualidade total em organizações do setor alimentício. Nutrição Profissional, p. 19-23. Disponível em: <http://www.racine.com.br/download.asp?idarquivobanco=2398>. Acesso em: 28 nov 2007. CANO-CHAUCA, M.; RAMOS, A.M.; STRINGHETA, P.C.; et al. Curvas de secagem e avaliação da atividade de água da banana passa. Boletim do Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos, v. 22, n. 1, p. 121-132, 2004. CARDOSO, M.H.; MENEZES, H.C.; JACKIX, M.N.H. et al. Efeito dos complexos enzimáticos clarificantes Clarex e CEC1-CTAA sobre a qualidade do suco de banana. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.34, n.5, p.849-854, 1999. CARVALHO FILHO, C.D.; MASSAGUER, P.R. Processamento térmico de purê de banana (Musa cavendishii, Lamb.) em embalagens flexíveis esterilizáveis. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.17, n.3, p.213-218, 1997.

81

Page 85: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

CARVALHO, L.T. Análise de perigos e pontos críticos de controle na linha de produção de salsicha. Higiene Alimentar, v.20, n. 141, p. 36-44, 2006. CASCUDO, L.C. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Nacional, 1968. 539p. COELHO, A.I.M; CAMPOS, M.T.F.S.; SILVA, R.R.; et al. Programa 5S’s adaptado ao gerenciamento da alimentação escolar no contexto da descentralização. Revista de Nutrição, v.12, n.3, p. 289-302, 1999. COUTINHO, C. Rei que é rei, nunca perde a majestade. Disponível em: <http://www.oficina.fib.br/rep13.htm>. Acesso em: junho de 2004. DATAMARK Market Intelligence Brazil. Disponível em: <http://www.datamark.com.br/EBrazilFocus/default.aspx?ID=28>. Acesso em: 04 dez. 2007. DIAS, D.R.; SCHWAN, R.F.; LIMA, L.C.O. Metodologia para elaboração de fermentado de cajá (Spondias mombin L.). Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 23, n. 3, p. 342-50, 2003. EMRICH, N.E.; VIÇOSA, A.L.; CRUZ, A.G. Boas práticas de fabricação em cozinhas hospitalares: um estudo comparativo. Higiene Alimentar, v.20, n. 144, p. 15-24, 2006. FAO Statistics. Disponível em: <http://www.fao.org>. Acesso em 25 dez 2007. FELLOWS, P.J. Tecnologia do processamento de alimentos. Porto Alegre: Artmed, 2006. 602p. FERREIRA, A.M.; SOUSA, I.; RICARDO-DA-SILVA, J.M.; et al. Liqueurs de raisin, optimisation de sa formulation caracterisation physico-chimique et sensorielle. Ciencia e Tecnica Vitivinicola, v. 16, n. 2, p.65-79, 2001. FERREIRA, S.M.R. Controle da qualidade em sistemas de alimentação coletiva I. São Paulo: Varela, 2002. 173 p. FIGUEIREDO, V. F.; COSTA NETO, P.L.O. Implantação do HACCP na indústria de alimentos. Gestão & Produção, v.8, n.1, p.100-111, 2001. FORSYTHE, S.J. Microbiologia da Segurança Alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2002. 424p. FRUTISÉRIES. Banana. Ministério da Integração Nacional – MI, 2000. GENTA, T.M.S.; MAURÍCIO, A.A.; MATIOLI, G. Avaliação das Boas Práticas através de check-list aplicado em restaurantes self-service da região central de Maringá, Estado do Paraná. Acta Scientiarum. Health Sciences, v. 27, n. 2, p. 151-156, 2005. GIORDANO, J.C. Sustentabilidade da segurança dos alimentos: a importância das ferramentas da qualidade. Revista Higiene Alimentar, v. 20, n.145, p. 18-19, 2006.

82

Page 86: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

HEMANDEZ GOMEZ, L.F.; UBEDA, J.; BRIONES, A.I. Increase in the aroma of melon liqueor during maceracion. Alimentación, Equipos y Tecnologia, v. 24, n. 197, p. 106-110, 2005. HOJEIJE, K.Y. APPCC no plantio e na industrialização do palmito. Necessidade ou obrigação? Higiene Alimentar, v. 20, n.139, p.16-19, 2006. IAL - INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 1018p. ICMSF-IAMS – Comissão internacional para Especificações Microbiológicas dos Alimentos da União Internacional das Sociedades de Microbiologia. APPCC - Na qualidade e segurança de alimentos. Tradução de GIONA, A.T. São Paulo: Varela, 1997. 377p. JERONIMO, E.M.; CARDELLO, H.M.A.B.; SERRA, G.E. Perfil sensorial de aguardente de cana em função da diluição e variação da acidez da amostra. Boletim do Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos, v. 22, n.1, p. 51-64, 2004. JESUS, S.C.; MATSUURA, F.C.A.U.; FOLEGATTI, M.I.S.; et al. Avaliação de banana-passa obtida de frutos de diferentes genótipos de bananeira. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 40, n. 6, p. 573-579, 2005. KHATRI, Y.; COLLINS, R. Impact and status of HACCP in the Australian meat industry. British Food Journal, v. 109, n. 5, p. 343-354, 2007. LAPA, R.P. Programa 5S. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 1998. 15p. LICORES. BAR E BEBIDAS. Disponível em: <http//www.gastronomias.com/bar-bebidas/licores.htm>. Acesso em: 19 fev 2008. LIMA, A.G.B.; NEBRA, S.A.; QUEIROZ, M.R. Aspectos científico e tecnológico da banana. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v.2, n.1, p.87-101, 2000. LIMA, D.P. Sistema de análise de perigos e pontos críticos de controle na indústria de erva-mate: uma visão da nova economia institucional. 2005. 161f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus de Toledo, Toledo, 2005. LIMA, D.P.; COSTA, A.M.M. Implantação de um modelo de gestão da qualidade no processo produtivo em panificadora do município de Fortaleza/Ceará. In: Reunião Anual da SBPC, 57., 2005, Fortaleza. Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC. Fortaleza: SBPC, 2005. Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/SENIOR/RESUMOS/resumo_3608.html>. Acesso em: 16 dez 2007.

83

Page 87: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

LOSSO, M.C.; MELO, E.S.; VIANNA, S.C.F.; et al. Avaliação da implantação das Boas Práticas em empresas de serviço de alimentação. Higiene Alimentar, v. 21, n.150, p.436-437, 2007. MADRID, A.; CENZANO, I.; VICENTE, J.M. Manual de indústria dos alimentos. São Paulo: Varela, 1995. 599p. MARQUES, S.C.; SANTOS, A.L.; PICOLLI, R.H. Pesquisa de Staphylococcus coagulase positiva e coliformes termotolerantes em mãos de manipuladores em uma feira de produtos caseiros e artesanais no município de Lavras, MG. Higiene Alimentar, v. 21, n. 155, p. 23-26, 2007. MASSAGUER, P.R. Microbiologia dos processos alimentares. São Paulo: Varela, 2005. 258p. MATSUURA, F.C.A.U.; COSTA, J.I.P.; FOLEGATTI, M.I.S. Marketing de banana: preferências do consumidor quanto aos atributos de qualidade dos frutos. Revista Brasileira de Fruticultura, Jabuticabal, v. 26, n. 1, p. 48-52, 2004. MICROSOFT Project for Windows 2007. Excel 12.0 (Office 2007). USA: Microsoft Corporation, 2007. 1 CD-ROM. MORAES NETO, J.M.; CIRNE, L.E.M.R.; PEDROZA, J.P.; et al. Componentes químicos da farinha de banana (Musa sp.) obtida por meio de secagem natural. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.2, n.3, p.316-318, 1998. MORENO ALVAREZ, M.J.; RODRIGUEZ, G.; APONTO, H.; et al. Physiochemical changes in two sweet liquors aromatized with orange and tangerine. Revista de la Faculdad de Agronomia, v. 21, n. 3, p.290-301, 2004. NASCIMENTO, C.P; LUCENA, R.L. Estudo exploratório acerca da implantação do programa 5S numa indústria de bebidas. Disponível em: <http://www.sebraepb.com.br:8080/bte/download/Gest%C3%A3o%5CQualidade%20Total/121_1_arquivo_5s.pdf>. Acesso em: 25 mar 2007. NAVIGLIO, D.; RAIA, C.; NAVIGLIO, B.; et al. Confronto organolettico di liquori di limone provenienti da agricoltura biologica. Industrie delle Bevande, v. 31, n. 181, p. 448-455, 2002. OLIVEIRA, S.L.; BORGES, A.L.; COELHO, E.F.; et al. Uso da Irrigação e da Fertirrigação na Produção Integrada de Banana no Norte de Minas Gerais. Cruz das Almas: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 1ª ed. 2005. (Circular Técnica, 77). ORDOÑEZ, A.O.; RODRÍGUEZ, M.I.C.; ÁLVAREZ, L.F. et al. Tecnologia de Alimentos. Componentes dos Alimentos e Processos. Vol. 1. Porto Alegre: Artmed, 2005. 294 p.

84

Page 88: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

PACHECO-DELAHAYE, E.; TESTA, G. Evaluacion nutricional, física y sensorial de panes de trigo y plátano verde. Interciencia, Caracas, v.30, n.5, p.300-304, 2005. PAULA, M. L; SIQUEIRA, M. I. D. BPF: Boas Práticas de Fabricação – Programa Alimentos Seguro (PAS). Goiânia: Ed. SENAI , 2002. 104p. PENHA, E.M. Manual para fabricação artesanal de licor de acerola. Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos, 2004. 17p. PENHA, E.M.; MODESTA, R.C.D.; GONÇALVES, E.B.; et al. Efeito dos Teores de Álcool e Açúcar no Perfil Sensorial de Licor de Acerola. Brazilian Journal of Food Technology, v.6, n.1, p.33-42, 2003. PENHA, E.M.; MORETTI, R.H.; MODESTA, R.C.D. Processo para fabricação de Licor de Acerola. Comunicado Técnico. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, n.48, p.1-2, 2002. REISSMANN, C.R. Estratégias de diferenciação no mercado internacional de alimentos: estudo de caso da rastreabilidade do “Nutry” pela Nutrimental S.A. 2005. 132f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005. RODRIGUES, S.L.C.; MOREIRA, R.L.S.; CARDOSO, M.H.; et al. Avaliação de parâmetros de ultrafiltração de suco de banana. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Supl. 23, p. 98-101, 2003. SÁNCHEZ, P.J.C.; RODRÍGUEZ, M.G.; GARCÍA, F.R.; et al. Manual de Aplicación del Sistema APPCC en Industrias de Confitería-Pastelería, Bollería y Repostería de Castilla-La Mancha. 2004. 140p. SANKAT, C.K.; CASTAIGNE, M.R. The air drying behavior of fresh and osmotically dehydrated banana slices. International Journal of Food Science and Technology, v. 31, p.123-135, 1996. SANTANA, L.R.R.; SANTOS, L.C.S.; NATALICIO, M.A.; et al. Perfil Sensorial de Iogurte Light, Sabor Pêssego. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 3, p. 619-625, 2006. SANTOS, N.C.R.; SCHMIDT, A.S.; GODOY, L.P.; et al. Implantação do 5S para qualidade nas empresas de pequeno porte na região central do Rio Grande do Sul. In: SIMPEP, 13, 2006, Bauru. Resumo expandido. Bauru, SIMPEP, 2006. p. 1-8. SCHMIDT, F.L.; CASTRO, M.F.P.M.; GUMERATO, H.F.; et al. Boas práticas de fabricação e aplicação da análise de perigos e pontos críticos de controle no processamento de água de coco. Higiene Alimentar, v.18, n. 121, p. 65-76, 2004. SENAI. Guia para elaboração do plano APPCC – Geral. Brasília: SENAI/DN, 2000. 301p.

85

Page 89: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

SENAI – Programa Alimentos Seguros. Ferramentas para implantação do sistema APPCC e das Boas Práticas. Vassouras: Luna’s Art Editora, 2001. 1 CD-ROM. SENAI – Ferramentas para avaliação e aplicação de BPF em empresas de alimentos. Check-list Bompreço 2.0. Brasília-DF: SENAI/DN, 2003. 1 CD-ROM. SILVEIRA, M.F.A. Filme antimicrobiano incorporado com ácido sórbico na conservação de massa de pastel. 2005. 64f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2005. SOUZA, L.H.L. A manipulação inadequada dos alimentos: fator de contaminação. Higiene Alimentar, v. 20, n. 146, p. 32-39, 2006. STATSOFT, Inc. STATISTICA for Windows 6.0 [Computer program manual]. Tulsa-UK: StatSoft, 1997. TANADA, P.S.; JARDINE, J.G. Obtenção de extrato de banana (Musa cavendishii) concentrado por osmose inversa. In: Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 15, 1996, Poços de Caldas. Resumos. [S.l.]: SBCTA, 1996. TEIXEIRA, E.; MEINERT, E.M.; BARBETTA, P.A. Análise Sensorial de Alimentos. Florianópolis: Editora UFSC. 1987. 180p. TEIXEIRA, L.J.Q.; RAMOS, A.M.; CHAVES, J.B.P.; et al. Avaliação tecnológica da extração alcoólica no processamento de licor de banana. Boletim do Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos, Curitiba, v.23, n.2, p.329-346, 2005. VANTI, N. Ambiente de qualidade em uma biblioteca universitária: aplicação do 5S e de um estilo participativo de administração. Ciência da Informação, v. 28, n. 3, p. 333-339, 1999. VENTURINI FILHO, W.G.; NOGUEIRA, A.; FERREIRA, C.T.; et al. Tecnologia de bebidas: matéria-prima, processamento, BPF/APPCC, legislação e mercado. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. 550p. WINCKLER, M.G.G. Evolução dos pré-requisitos, boas práticas de fabricação (BPF) e procedimento padrão de higiene operacional (PPHO), em matadouro-frigorífico de bovinos, localizado no município de Rondonópolis, MT, no período de março ou outubro de 2004. Higiene Alimentar, v. 21, n.155, p.48-51, 2007.

86

Page 90: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

AAnneexxooss

Page 91: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Anexo 1 DIAGRAMA DECISÓRIO

Fonte: SENAI (2000)

88

Page 92: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Anexo 2

RESUMO DO PLANO APPCC SIMPLIFICADO

Etapa PC/ PCC Perigo* Medidas Preventivas Ação corretiva Verificação

Recebimento/ Armazenamento

da banana

Não há Não há

B: Microbiota natural da fruta (fungos, bactéria e vírus patogênicos) Q: Resíduo de agrotóxico

− Visita técnica de avaliação de boas práticas de fabricação (BPF) no fornecedor. − Obtenção de frutas de qualidade assegurada. − Submissão da fruta à higienização, descascamento e cocção. − Seleção de fornecedor que garanta a qualidade da matéria-prima. − Conscientização do fornecedor quanto aos limites legais estabelecidos para o uso de agrotóxicos. − Troca de fornecedor.

− Devolução da fruta. − Troca de fornecedor. − Treinamento de funcionário responsável pelo recebimento. − Devolução da fruta. − Troca de fornecedor (ter pelo menos boas práticas agrícolas). − Treinar funcionário responsável pelo recebimento.

− Supervisão. − Planilha de recebimento de mercadorias. − Lista de acompanhamento de treinamentos. − Auditoria ao fornecedor. − Planilha de recebimento de mercadorias. − Lista de acompanhamento de treinamentos.

Seleção** Não há Não existem perigos B, F, Q − − −

Lavagem/ Sanitização

Não há B: Sobrevivência de microrganismos patogênicos (fungos, bactéria e vírus patogênicos) decorrentes de falha do processo.

− Utilização de água clorada. − Treinamento contínuo. − Supervisão do processo.

− Ajustar a dosagem de cloro. − Trocar a água clorada a cada lote sanitizado.

− Supervisão. − Programa de coleta de amostras. − Lista de acompanhamento de treinamentos. − Planilha de dosagem do sanitizante.

Descascamento

Não há B: Contaminação por microrganismos patogênicos (S. aureus, E. coli) decorrentes de erros de manipulação.

− Aplicação das BPF (higiene de pessoal, ambiental e de utensílios e equipamentos). − Treinamento contínuo. − Supervisão do processo.

− Treinar funcionário responsável pelo descascamento.

− Supervisão. − Lista de acompanhamento de treinamentos. − Planilha de higiene das superfícies de contato com o produto, higiene pessoal e saúde dos colaboradores.

Pesagem

Não há B: Contaminação por microrganismos patogênicos (S. aureus, E. coli) decorrentes de erros de manipulação ou higienização deficiente de utensílios e equipamentos.

− Aplicação das BPF (higiene de pessoal, ambiental e de utensílios e equipamentos). − Treinamento contínuo. − Supervisão do processo.

− Treinar funcionário responsável pela pesagem.

− Supervisão. − Lista de acompanhamento de treinamentos. − Planilha de higiene das superfícies de contato com o produto, higiene pessoal e saúde dos colaboradores.

Cocção

Não há B: Sobrevivência de microrganismos patogênicos (fungos, bactéria e vírus patogênicos) decorrentes de falha do processo.

− Aplicação do binômio tempo/temperatura. − Treinamento contínuo. − Supervisão do processo.

− Repetir a etapa. − Treinar funcionário responsável pela etapa.

− Supervisão. − Calibração de equipamentos. − Planilha de controle de temperatura. − Lista de acompanhamento de treinamentos.

89

Page 93: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Continuação do Anexo 2

Etapa PC/ PCC Perigo* Medidas Preventivas Ação corretiva Verificação

Filtração 1

PCB B: Contaminação por microrganismos patogênicos (S. aureus, E. coli) decorrentes de erros de manipulação.

− Aplicação das BPF (higiene de pessoal, ambiental e de utensílios e equipamentos). − Treinamento contínuo. − Supervisão do processo.

− Parar a filtração, limpar e higienizar. − Trocar o tecido sintético.

− Supervisão. − Planilha de higiene das superfícies de contato com o produto, higiene pessoal e saúde dos colaboradores. − Lista de acompanhamento de treinamentos.

Adição de Álcool e Conservante

PCCQ Q: Superdosagem de aditivo alimentar (sorbato de potássio) no produto final.

− Uso da concentração adequada do aditivo. − Controle para pesagem correta do aditivo. − Manutenção da balança. − Treinamento do responsável pela formulação do licor.

− Rejeitar o lote. − Reprocessar o lote quando a dosagem for abaixo. − Reter o lote.

− Supervisão. − Programa de coleta de amostras. − Controle de estoque. − Calibração de equipamentos. − Lista de acompanhamento de treinamentos.

Filtração 2

PCB B: Contaminação por microrganismos patogênicos (S. aureus, E. coli) decorrentes de erros de manipulação ou higienização deficiente de utensílios e equipamentos.

− Aplicação das BPF (higiene de pessoal, ambiental e de utensílios e equipamentos). − Treinamento contínuo. − Supervisão do processo. − Troca do elemento filtrante.

− Parar a filtração, higienizar o sistema e trocar elemento filtrante. − Treinar e capacitar pessoal.

− Supervisão − Planilha de higiene das superfícies de contato com o produto, higiene pessoal e saúde dos colaboradores. − Lista de acompanhamento de treinamentos.

Envase

Não há PCCF

B: Contaminação por microrganismos patogênicos (S. aureus, E. coli) decorrentes de falhas na higienização do equipamento. F: Fragmento de vidro.

− Aplicação das BPF (higiene de pessoal, ambiental e de utensílios e equipamentos). − Treinamento contínuo. − Supervisão do processo. − Seleção de fornecedor que assegure a qualidade da matéria-prima. − Lavagem, inversão e inspeção das garrafas.

− Parar o envase, higienizar o equipamento de envase. − Treinar e capacitar pessoal. − Rejeitar as embalagens com fragmentos. − Repetir a operação de lavagem

− Supervisão − Planilha de higiene das superfícies de contato com o produto, higiene pessoal e saúde dos colaboradores. − Lista de acompanhamento de treinamentos. − Supervisão − Lista de acompanhamento de treinamentos.

Lacre** Não há Não existem perigos B, F, Q − − − Rotulagem** Não há Não existem perigos B, F, Q − − − Estocagem** Não há Não existem perigos B, F, Q − − − Expedição** Não há Não existem perigos B, F, Q − − −

*Perigo: Biológico (B), Físico (F), Químico (Q) **Qualquer alteração que ocorrer o produto será automaticamente descartado (quebra de garrafa, abertura de tampa e/ou lacre, entre outros)

90

Page 94: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

Anexo 3

DESCRIÇÃO DO PROCESSO RECEBIMENTO/ARMAZENAMENTO DA BANANA As bananas verdes, apresentando a casca íntegra, são recebidas de 3 a 4 dias antes do processamento e armazenadas na área de higienização das frutas sob estrados em temperatura ambiente. As frutas devem ser processadas apenas quando estiverem no estádio de maturação 6 (casca totalmente amarela) SELEÇÃO As frutas saudáveis devem ser separadas das defeituosas, verdes, excessivamente maduras, em fase de deterioração ou frutas saudáveis que apresentem visivelmente algum tipo de contaminação. LAVAGEM/SANITIZAÇÃO A lavagem deve ser feita utilizando água com um teor de cloro livre superior a 10ppm em torneira e pia previamente higienizadas. As frutas devem ser lavadas em água corrente para retirar areia, sujidades mais grosseiras e outros materiais estranhos e em seguida deve-se proceder a sanitização imergindo as bananas em recipiente contendo solução clorada de 150 a 250ppm por 15 minutos. DESCASCAMENTO As bananas devem ser descascadas e as fibras da casca aderidas à fruta devem ser retiradas. As frutas prontas devem ser depositadas em monobloco higienizado e previamente pesado. PESAGEM Pesar as bananas descascadas descontando o peso do monobloco. Deve-se respeitar a quantidade pré-estabelecida na composição do produto final. COCÇÃO Deve-se adicionar o açúcar e a água em um caldeirão e levar ao fogo até ferver. Em seguida a fruta fresca deve ser adicionada até que a calda levante fervura novamente. A fruta sofrerá tratamento térmico (103ºC/1hora) até que adquira a consistência de doce em calda. FILTRAÇÃO 1 Utilizando peneira de aço-inox devem-se separar as bananas e as fibras presentes do extrato da banana. Em seguida filtrar o extrato em tecido sintético. ADIÇÃO DE ÁLCOOL E CONSERVANTE Baseado na quantidade de extrato obtido, o álcool será acrescentado para compor o teor alcoólico do licor (%), misturando para distribuir igualmente no extrato. Adicionar também o conservante (0,4g/L de licor). FILTRAÇÃO 2 Filtrar o licor em filtro de polipropileno e transferir para os tambores de decantação previamente higienizados.

91

Page 95: EFEITO DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE … · 4.5.1 Etapas preliminares 44 4.5.2 Elaboração do Plano APPCC 45 4.5.3 Consolidação do Plano APPCC 46 4.6 Análises de

ENVASE Conectar a mangueira da máquina de encher garrafas aos tambores de decantação. Posicionar as garrafas previamente higienizadas, secas e isentas de fragmentos de vidro nos bicos dosadores da máquina. As embalagens deverão ser fechadas rapidamente usando rolhas sintéticas previamente higienizadas. LACRE Nas garrafas cheias e tampadas devem ser colocados os selos de IPI. Por cima do selo, posicionar o lacre termo retrátil (PVC) e como auxílio do soprador térmico realizar o encolhimento. ROTULAGEM Aplicar o rótulo auto-adesivo da parte posterior da garrafa registrando mês/ano de fabricação e número do lote no rótulo. O rótulo principal deverá ser instalado na parte frontal da garrafa. Depois de prontas, as garrafas devem ser embaladas. ESTOCAGEM Estocar os licores em caixas de papelão com divisórias internas, devidamente lacradas e identificadas (mês/ano/lote de fabricação). O produto deverá ser estocado em temperatura ambiente (menor que 30°C), em local seco, fresco e ao abrigo da luz. As garrafas deverão ser mantidas na posição vertical. EXPEDIÇÃO As caixas de licor devem ser expedidas da empresa até os centros de distribuição por meio de veículos de empresa transportadora contratada.

92