Educação Empreendedora e Educação Escolar: Uma ......2. Educação empreende dora . 3. Ensino...

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PUC RIO Educação Empreendedora e Educação Escolar: Uma Aplicação no Ensino Médio Josenilton de Aragão Lima Orientadora: Prof.ª Beatriu Canto Sancho Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização em Educação Empreendedora, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de especialista. Rio de Janeiro Junho de 2017

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PUC RIO

Educação Empreendedora e Educação Escolar: Uma Aplicação no Ensino Médio

Josenilton de Aragão Lima

Orientadora: Prof.ª Beatriu Canto Sancho

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de

Especialização em Educação Empreendedora, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do título de

especialista.

Rio de Janeiro

Junho de 2017

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Ficha Catalográfica

CDD: 370

Lima, Josenilton de Aragão Educação empreendedora e educação escolar : uma aplicação no ensino médio / Josenilton de Aragão Lima ; orientadora: Beatriu Canto Sancho. – 2017. 39 f. ; 30 cm Curso em parceria com o Instituto Gênesis (PUC-Rio), através da plataforma do CCEAD (PUC-Rio). Com o patrocínio do Sebrae em parceria com o MEC. Trabalho de Conclusão de Curso (especialização)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação Empreendedora, 2017. Inclui bibliografia 1. Educação – TCC. 2. Educação empreendedora. 3. Ensino médio. 4. Metodologia da pedagogia empreendedora. I. Canto Sancho, Beatriu. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Educação. III. Título.

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Josenilton de Aragão Lima

Graduado em Licenciatura em Computação pela

Universidade Estadual do Piauí. Tem atuado na educação

profissional, no ensino de computação, há sete anos.

Atualmente exerce a função de professor de informática

pela Secretaria Estadual de Educação do Piauí.

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Para minha mãe Antônia Deusimar, pelo amor e apoio.

Amo – te.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela vida. Aos meus pais Luiz Carlos e

Antônia Deusimar, por tudo que já fizeram por mim. Aos meus irmãos Jaiane e

Josean pelo companheirismo, e à minha noiva Vivian pelo incentivo e

compreensão.

À minha orientadora Professora Beatriu Canto Sancho pela disponibilidade

durante todo o período necessário para a realização deste trabalho.

A todos os professores da especialização em educação empreendedora, do

Instituto Gênesis – PUC Rio, pelo conhecimento transmitido.

Ao SEBRAE e demais envolvidos na realização desse curso.

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RESUMO

A presente investigação busca refletir sobre a metodologia adequada para a

introdução do empreendedorismo no currículo escolar do ensino médio com o

foco no desenvolvimento sustentável humano, social e econômico. Nessa

perspectiva analisa alguns pressupostos teóricos sobre o assunto, validados através

de implementação de teste-piloto de educação empreendedora numa escola

localizada no sul do Piauí. Configura-se numa pesquisa qualitativa, visando

identificar e descrever as possibilidades de inclusão da educação empreendedora

no ensino médio. Orientou-se pela metodologia da pedagogia empreendedora, em

consonância com ideais de concepção de ensino médio integrado à educação

profissional na formação integrada do ser humano, dividido socialmente pelo

trabalho entre a ação de executar e a ação de dirigir, pensar ou planejar.

Palavras-chave: Educação empreendedora. Ensino médio. Metodologia da

pedagogia empreendedora.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8

2 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ................................................................. 11

3 EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA E EDUCAÇÃO ESCOLAR .................... 14

4 REFERENCIAIS TEÓRICOS SOBRE A EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

NO ENSINO MÉDIO ............................................................................................ 26

4.1 O EMPREENDEDORISMO EM UMA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO, NO

MUNICÍPIO DE URUÇUÍ – PIAUÍ ..................................................................... 29

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 33

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 35

7 APÊNDICES E ANEXOS .................................................................................. 38

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“O fundamento do empreendedorismo

é a cidadania. Visa a construção do

bem-estar coletivo, do espírito

comunitário, da cooperação. Antes de

ser aluno, o estudante deve ser

considerado um cidadão.”

(Fernando Dolabela, 2006)

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1 INTRODUÇÃO

Entendemos a escola, dentre outras instituições sociais, com destaque por

realizar a mediação entre o indivíduo e a sociedade. É nesse espaço que crianças e

adolescentes são orientados em conhecimentos e ações devidos para a atuação na

sociedade. Mas, a educação não se desenvolve exclusivamente no ambiente

escolar. Deve-se considerar o repertório de conhecimentos adquirido pelo aluno,

consequência de sua particularidade enquanto indivíduo no meio social.

Esse trabalho se desenvolveu no ensino médio, última etapa da educação

básica, que possibilita aos egressos continuação nos estudos e/ou inserção no

mercado de trabalho. Os alunos do ensino médio geralmente são adolescentes, que

além da formação obtida na escola existe a possibilidade de maior repertório de

conhecimentos prévios adquiridos na experiência social. Esses conhecimentos

incluem as atividades que despertam o interesse desses jovens, por exemplo, um

artesanato aprendido dos familiares ou pessoas próximas.

A implementação dos conceitos apresentados nessa proposta de trabalho

de conclusão de curso será através do desenvolvimento de um projeto de

intervenção em uma escola pública estadual, localizada no sul do Piauí, que

atende jovens em sua maioria oriundos de família de baixa renda. Esse teste-piloto

consiste em trabalhar a habilidade de uma aluna no artesanato de crochê. Partindo

disso, propôs a confecção de produtos utilizando o reaproveitamento de lixo

eletrônico com o artesanato de crochê numa tentativa de agregar, além do valor

econômico sustentável, o valor social.

Como trabalhar o empreendedorismo nas escolas de ensino médio,

partindo da habilidade ou “sonho” do aluno no desenvolvimento de alguma

atividade que pode ser lucrativa e contribuir na melhoria da renda da família e no

desenvolvimento local, norteia os resultados a serem perseguidos na realização

dessa pesquisa.

Embora a preocupação principal da escola seja com a formação formal dos

alunos, não se deve desconsiderar nesse processo formativo as habilidades

provenientes da cultura e vivência social, porque isso pode ser, de certa forma, a

identidade do aluno para o trabalho.

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A experiência docente permite perceber que ninguém deseja tanto

“terminar os estudos” para trabalhar do que os alunos do ensino médio de baixa

renda. A essa necessidade, muitos por não ter tido uma orientação adequada do

mundo trabalho submetem-se a qualquer tipo de trabalho para ajudar na renda

familiar. Será que a escola, enquanto mediadora entre o indivíduo e a sociedade,

não pode antecipar, de forma prática e responsável, conhecimentos do mundo do

trabalho e a possibilidade de geração de renda pelos alunos, como foco na

sustentabilidade e desenvolvimento local, já que esses serão o futuro próximo

daquele local?

Nesse contexto, se insere conhecimentos de empreendedorismo

oportunizando aos envolvidos o desenvolvimento de qualidades e habilidades

empreendedoras associadas ao talento ou “sonho” do aluno na realização de uma

atividade possivelmente mercadológica, na busca da redução da pobreza e

desenvolvimento sustentável.

Objetiva-se nesse estudo refletir sobre a metodologia adequada para a

introdução do empreendedorismo no currículo escolar do ensino médio com o

foco no desenvolvimento sustentável humano, social e econômico; reconhecer nos

talentos dos alunos a possibilidade de desenvolvimento das habilidades

empreendedoras; agregar aos “sonhos” dos discentes formação empreendedora e

assim promover o crescimento econômico para reduzir a pobreza e a

desigualdade; e gerar produtos ou serviços economicamente sustentáveis para o

desenvolvimento local.

Este estudo será percorrido, inicialmente, na busca de informações sobre

educação empreendedora. Será utilizada fonte de dados relacionadas ao tema,

como livros, vídeos, notas de aulas e artigos científicos em bibliotecas virtuais

selecionados conforme os assuntos: função social da escola, empreendedorismo e

inovação, empreendedorismo nas escolas e empreendedorismo para o

desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza.

Configura-se numa pesquisa qualitativa, visando identificar e descrever a

possibilidade de inclusão de educação empreendedora no ensino médio de uma

escola localizada no sul do Piauí, a partir da implementação de um projeto de

intervenção que envolve a habilidade de uma aluna no artesanato de crochê

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associado ao reaproveitamento de lixo eletrônico para a confecção de novos

produtos.

Predominante, este trabalho será desenvolvido em campo. Assim, quanto

aos procedimentos técnicos para fazer a pesquisa, trata-se de um estudo de campo.

O projeto intervém ao ambiente escolar por meio da prática docente diante da

provocação sobre a introdução de empreendedorismo no currículo escolar do

ensino médio na perspectiva de desenvolvimento sustentável humano, social e

econômico. Por meio da observação e relatos dos envolvidos, serão realizados os

registros que declaram o resultado dessa pesquisa.

Contudo, o desafio foi trabalhar uma iniciativa empreendedora inovadora

atendendo um dos requisitos para conclusão da especialização em educação

empreendedora e por meio dessa iniciativa possibilitar aos alunos envolvidos

desenvolvimento de habilidades empreendedoras na geração de valor econômico

sustentável e social. Ao mesmo tempo ficou perceptível que as possibilidades de

sucesso podem ocorrer quando o aluno está no centro do processo de ensino.

A primeira parte deste estudo fornece uma orientação dos assuntos

preliminares contidos nos próximos capítulos. Trata-se desta introdução. O

segundo capítulo, partindo de uma análise histórica da educação, busca provocar

uma reflexão sobre o papel da instituição escola para a sociedade. No terceiro

capítulo, explora alguns teóricos na área do empreendedorismo e suas

contribuições para a educação empreendedora. Busca relacionar essa educação

com a educação escolar. O quarto capítulo volta-se para a compreensão do ensino

médio e a possibilidade de inserção de educação empreendedora nessa etapa da

educação escolar, validada pela descrição de implementação de teste-piloto neste

contexto em uma escola localizada ao sul do Piauí. O quinto capítulo tece as

considerações finais dessa investigação de educação empreendedora no ensino

médio. Constam nos dois últimos capítulos as indicações bibliográficas

empregadas e apêndices.

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2 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

O processo socializante de uma sociedade acontece na educação informal e

formal. Embora, usa-se a expressão educação para apontar especificamente a

educação formal. Nesse caso, a educação refere-se aquela desenvolvida na escola

e que contempla objetividade e planejamento, ou seja, a forma de educação que é

direcionada na formação do indivíduo para a atuação em sociedade.

Nas civilizações primitivas, predominavam os métodos informais de

educação. Os valores, princípios e costumes eram transmitidos à descendência por

meio do convívio social. Isso perdurou durante muitos estágios da evolução

humana. O surgimento da instituição escola é marcado pelo momento histórico em

que o homem afastando-se da vivência coletiva detém a apropriação privada da

terra. Assim, configura a divisão dos homens em classes, que conforme Saviani

(2007, p. 155) “[…], essa divisão dos homens em classes irá provocar uma divisão

também na educação”.

A partir desse fato, a escola será o local designado para a educação dos

filhos dos homens que possuem o domínio da propriedade privada, e

consequentemente dispõem de tempo livre por passarem a viver do trabalho

alheio. Enquanto a outra parte da sociedade permanece no método educativo

baseado na experiência acumulada e repassada as futuras gerações. Daí,

etimologicamente, o termo escola significar o lugar do ócio, tempo livre.

O ideal de educação para todos, na perspectiva da educação formal

acessível a todos os indivíduos, destaca-se no século XVIII com o movimento

iluminista, momento histórico de mudanças políticas, econômicas e sociais

baseadas nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Mesmo assim, a escola

que sempre foi elitista não estava preparada para tornar-se numa escola

democrática, e esse processo de democratização e universalização da educação

contínua a ser um desafio até os dias atuais.

Exposto o contexto histórico do surgimento da instituição escola, faz-se

oportuno relacionar educação e trabalho na formação humana, visto que há uma

estreita ligação entre esses dois assuntos. Como afirma Saviani (2007, p. 152)

“trabalho e educação são atividades especificamente humanas”. Isso explica o

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trabalho e a educação como atributos do ser humano, numa necessidade de adaptar

a natureza a si para a existência e produção da própria vida.

Ainda segundo o mesmo autor, a relação trabalho e educação nas

comunidades primitivas coincidia na produção coletiva de meios da existência e

nesse processo educavam-se e educavam as novas gerações. Com isso, fica

evidente que a educação era desenvolvida nos meios produtivos e os

conhecimentos acumulados perpassavam entre as gerações. Podemos perceber

naquele momento o trabalho como princípio educativo. Já, o desenvolvimento da

sociedade de classes assegurou a separação entre educação e trabalho.

Na contemporaneidade, a escola tornou-se uma instituição social que “[…]

está tão imbricada na sociedade que fica difícil imaginarmos a sua extinção, uma

vez que, objetivamente, não orientamos, com o mesmo aparato, outra instituição

programada para desempenhar suas funções.” SOUZA (2013, p. 38).

No decorrer da história, a escola passou a agregar várias funções sociais.

Segundo a autora supracitada, pela educação, o homem instrui as novas e atuais

gerações de sujeitos a produzirem e reproduzirem o ato de transformação da

natureza, de si e dos outros, em mutualidade, por meio do trabalho. Percebe-se, a

função da escola na transmissão de conhecimentos acumulados e responsabilidade

de socialização dos sujeitos. O trecho seguinte retirado da obra Educação e

Sociologia, escrita por Durkheim, ilustra o papel da escola em determinados

momentos das civilizações antigas:

A educação tem variado infinitamente, com o tempo e o meio. Nas

cidades gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a

subordinar-se cegamente à coletividade, a tornar-se uma coisa da

sociedade. Hoje, esforça-se em fazer dele personalidade autônoma.

Em Atenas, procurava-se formar espíritos delicados, prudentes, sutis,

embebidos de graça e harmonia, capazes de gozar o belo e os prazeres

da pura especulação; em Roma, desejava-se especialmente que as

crianças se tornassem homens de ação, apaixonados pela glória

militar, indiferentes no que tocasse às letras e às artes. Na Idade

Média, a educação era cristã, antes de tudo; na Renascença, toma

caráter mais leigo, mais literário; nos dias de hoje, a ciência tende a

ocupar o lugar que a arte outrora preenchia (DURKHEIM (1955, p.

27) apud SOUZA (2013, p. 30)).

Nesse entendimento, a função da escola está ligada ao desenvolvimento do

ser humano para viver em sociedade. Em SOUZA (2013, p. 48), quanto a essa

função da escola esclarece: “Sua função é transmitir conhecimentos que

desenvolvam as capacidades humanas e que permitam a continuidade do modelo

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de sociedade existente”. A compreensão do modelo de sociedade existente

provoca uma análise reflexiva do papel desempenhado pela escola na sociedade

atual. CURY (1995) apud SOUZA (2013), alerta que numa sociedade com

interesses diferentes, a função da escola pode-se tornar ambígua. E nesse aspecto,

ficamos postos às seguintes questões: O modelo de sociedade que temos é o que

queremos? E qual é a função da escola na sociedade da atualidade?

Conforme a legislação brasileira vigente, no âmbito da educação, a

Constituição Federal define: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do

Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

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3 EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA E EDUCAÇÃO ESCOLAR

Discorridas as formas de educação e a função social da escola, propõe-se

direcionar o detalhamento de informações sobre a educação empreendedora.

Antes, entenderemos o conceito de empreendedor como alguém que inova e

propõe formas diferentes para realizar as coisas e produz ganhos reorganizando os

recursos. LAVIERI (2010). Nessa definição, o empreendedor é sobretudo um

inovador. Considere a prática educativa inovadora de um professor que visa o

desenvolvimento social, pode ser caracterizado esse agente como um

empreendedor no contexto da atividade exercida. Esse entendimento afasta a

percepção de muitas pessoas associar a habilidade empreendedora para os que se

destinam a administração de negócios ou empresas, conforme DORNELAS

(2001) apud CUNHA; SOARES; FONTANILLAS (2009), essa noção estava

voltada exclusivamente para o aspecto econômico num perfil de pessoas que

organizam empresas, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as

ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista.

O termo educação empreendedora foi proposto por Jean Baptiste Say

(1767 – 1832), economista francês influenciado pelas ideias iluministas sendo

discípulo de Adam Smith. Esse tipo de educação procura despertar nos alunos a

vontade de empreender. Muito já foi questionado sobre a possibilidade de ensinar

alguém a ser empreendedor, agora o foco se deslocou na perspectiva como é

possível educar, qual o conteúdo, metodologias e técnicas devem ser

implementados na formação de habilidades empreendedoras. (LOPES, 2010)

O ensino de empreendedorismo não teve origem na educação básica e

escolas regulares. Historicamente, foi nos Estados Unidos, nas faculdades de

administração, que se desenvolveu a orientação sobre o empreendedorismo. O

primeiro curso de empreendedorismo aconteceu em Harvard sob orientação do

professor Myles Mace, em 1947. No Brasil, a oferta de curso nessa área foi

introduzido pelo professor Ronald Degen, em 1981. Tratava-se de uma disciplina,

com foco na criação de negócios, ministrada em um curso de especialização da

Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.

(LAVIERI, 2010)

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Sobre essa primeira iniciativa de ensino de empreendedorismo no Brasil,

em estudo publicado pelo próprio professor Ronald Degen conhecemos detalhes

da organização do curso:

As suas aulas iniciavam com a apresentação da dramática

desigualdade de renda e da extrema pobreza de uma significativa

parcela da população brasileira e desafiavam os jovens alunos, como a

futura elite do país, a fazerem algo para mitigar esta situação. O

objetivo do curso era propor aos alunos a ser empreenderes, a

desenvolverem negócios próprios, a gerarem riqueza e, assim,

contribuírem para o desenvolvimento econômico, a redução da

pobreza extrema e a desigualdade social, como opção à carreira de

executivo em uma grande empresa. DEGEN (2008, p. 13)

Esta postura do professor Ronald Degen adotada nas aulas foi motivada

pela situação de pobreza extrema nas favelas e uma das maiores desigualdades

mundiais de renda entre ricos e pobres encontradas no Brasil quando aqui chegou,

nos anos 70. (DEGEN, 2008)

O ensino de empreendedorismo deve desenvolver as qualidades e

habilidades necessárias a um empreendedor. De acordo com o Consórcio para a

Educação Empreendedora (2004) apud LOPES; TEIXEIRA (2010), essa educação

inclui as habilidades de reconhecer oportunidades, de perseguir essas

oportunidades, criar novas ideias e organizar os recursos necessários, e de pensar

de forma criativa e crítica.

O professor Fernando Dolabela, conceituado professor e escritor na área de

Educação Empreendedora, recomenda que essa educação deve basear-se muito

mais em fatores motivacionais e em habilidades comportamentais do que em

conteúdos instrumentais. Nesse ensino, os alunos devem aprender muito mais do

que criar os próprios negócios. O citado Professor estabelece o ciclo de

aprendizagem empreendedora: Parte com o aluno desenvolvendo um projeto – um

projeto futuro que deseje implementar ou algo que deseje alcançar ou se tornar.

Depois procura formas de realizar esse sonho, e para isso deve identificar e

aprender o que seja necessário para concretizá-lo (LOPES; TEIXEIRA, 2010).

O entendimento de educação empreendedora esclarece-se com o uso de

duas metáforas propostas pelo professor Dolabela. Na primeira, considere o verbo

em inglês develop, que significa “revelar uma foto”: A imagem já existe, mas não

está ativa. Com isso, a educação empreendedora tem por objetivo desenvolver um

potencial presente na espécie humana – o espírito empreendedor. A outra metáfora

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exige que imaginemos uma garrafa tampada. Destampar a garrafa para libertar o

empreendedor ali aprisionado por um sem número de obstáculos culturais

representa a educação empreendedora para adultos. No que se refere a educação

empreendedora para crianças seria impedir que se tampe a garrafa e aprisione o

potencial empreendedor presente no ser humano (DOLABELA, 2006).

O desenvolvimento e implementação de programas na área da educação

empreendedora seguem as recomendações para a educação do século XXI

definidas pela UNESCO que são: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.

A educação empreendedora no âmbito brasileiro existe a necessidade e a

consequente oportunidade de potencializar uma educação que possibilite na maior

proporção do seu capital humano para o desenvolvimento do seu potencial

empreendedor (SCHAEFER; MINELLO, 2016). Em outro capítulo

apresentaremos iniciativas brasileiras na área da educação empreendedora. “Os

Estados Unidos parece ter sido o primeiro país em que as primeiras iniciativas

importantes de educação e treinamento para o empreendedorismo foram

tomadas”. (LOPES, 2010 p.31)

Alguns autores, entre eles o professor Dolabela, alertam que o ensino de

empreendedorismo deve utilizar uma metodologia diferente da utilizada no ensino

tradicional.

Não é possível transferir conhecimentos empreendedores — ao

contrário do que acontece, por exemplo, em uma aula de geografia,

porque o empreendedorismo não é um conteúdo cognitivo

convencional. Nesse sentido, não é possível ensinar, mas é possível

aprender a ser empreendedor, desde que através de um sistema

bastante diferente do ensino tradicional. DOLABELA (2006, p. 30)

LAVIERI (2010), considera: “Na realidade, há indícios de que a educação

formal, mesmo aquela oferecida hoje, seja um estímulo ao empreendedor e a seu

sucesso”. Esse mesmo autor, no seu estudo, utiliza a declaração de Dolabela que o

mais importante não é o conteúdo, mas ensinar o futuro empreendedor a aprender,

num processo ativo, em certa medida inspirado nas propostas da andragogia,

indicando uma resposta para o questionamento “o que ensinar?”. Depois, expõe

que “há outros professores e educadores com diferentes propostas para o ensino

do empreendedorismo”.

Considerando as particularidades de cada proposta de ensino observadas

por Dolabela, SCHAEFER; MINELLO (2016) sintetiza num quadro:

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Quadro 1. Diferentes entre a educação tradicional e a educação empreendedora.

Educação convencional Educação empreendedora

Ênfase no conteúdo, que é visto como

meta

Ênfase no processo, aprender a

aprender

Conduzido e dominado pelo instrutor Apropriação do aprendizado pelo

participante

O instrutor repassa o conhecimento O instrutor como facilitador e

educando; participantes geram

conhecimento

Aquisição de informações “corretas” de

uma vez por todas

O que se sabe pode mudar

Currículo

programados

e sessões fortemente Sessões flexíveis e voltadas a

necessidades

Objetivos do ensino impostos Objetivos do aprendizado negociados

Prioridade para o desempenho Prioridade para a autoimagem

geradora do desempenho

Rejeição ao desenvolvimento de

conjecturas e pensamento divergente

Conjecturas e pensamento divergente

vistos como parte do processo criativo

Ênfase no pensamento analítico e linear;

parte esquerda do cérebro

Envolvimento de todo o cérebro;

aumento da racionalidade no lado

esquerdo do cérebro por estratégias

holísticas, não-lineares, intuitivas;

ênfase na confluência e fusão dos dois

processos

Conhecimento teórico e abstrato Conhecimento teórico amplamente

complementado por experimentos na

sala de aula e fora dela

Resistência à influência da comunidade Encorajamento à influência da

comunidade

Ênfase no mundo exterior; experiência

interior considerada imprópria ao

ambiente escolar

Experiência interior é contexto para o

aprendizado; sentimentos

incorporados à ação

Educação encarada como necessidade

social durante certo período de tempo,

para firmar habilidades mínimas para um

determinado papel

Educação vista como processo que

dura toda a vida, relacionado apenas

tangencialmente com a escola

Erros não aceitos Erros como fonte de conhecimento

O conhecimento é o elo entre aluno e

professor

Relacionamento humano entre

professores e alunos é de fundamental

importância

Fonte: DOLABELA (2008) apud SCHAEFER; MINELLO (2016, p. 62)

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O empreendedorismo faz parte da natureza humana. Assim, todos

nascemos empreendedores. Não se trata de modismo ou um novo tema, existe

desde a primeira ação humana inovadora, com a intenção de melhorar a relação do

homem com os outros e com a natureza. Porém, não é possível indicar certamente

se uma pessoa vai ou não ser bem-sucedida como empreendedora.

DOLABELA(2006)

Esse mesmo autor referenciado define a importância do empreendedorismo

para o indivíduo e para a sociedade. Essas informações constam de forma sucinta

no quadro a seguir:

Quadro 2. Importância do empreendedorismo para o indivíduo e para a sociedade.

Indivíduo Sociedade

Geração de autonomia,

autorrealização, busca do sonho;

Obrigatório para qualquer tipo de

atividade profissional.

Responsabiliza-se pelo crescimento

econômico e pelo desenvolvimento

social;

Aponta para a sustentabilidade;

É uma resposta ao desemprego.

FONTE: DOLABELA (2006)

Como visto anteriormente, alguns estudiosos defendem que o ensino na

educação empreendedora tem particularidades próprias. Estabelece-se o papel do

aluno e do professor no processo ensino – aprendizagem. Em relação ao papel do

aluno, FRIEDLANDER (2004) apud SCHAEFER; MINELLO (2016) resgatando

a pedagogia de Paulo Freire, um dos pensadores mais notáveis na história da

pedagogia mundial, considera que a responsabilidade da educação deve estar no

próprio estudante, detentor das forças de crescimento e autoavaliação. “Deve-se

estar atento ao fato de que saber ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar

as possibilidades para sua própria produção ou construção”. FREIRE (2002) apud

SCHAEFER; MINELLO (2016, p.65)

LOPES (2010) também reconhece que o ensino deve estar centrado no

aluno, numa forma mais experiencial, mais prática e contextualizada no mundo

real. “Essa educação enfatiza o uso intenso de metodologias de ensino que

permitam aprender fazendo e se caracteriza por isso, pois o indivíduo se defronta

com eventos críticos que o forçam a pensar de maneira diferente, buscando saídas

e alternativas, ou seja, aprendendo com a experiência, com o processo”. LOPES

(2010, p.29)

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Ainda segundo a autora supracitada, a aprendizagem na educação

empreendedora se relaciona com a teoria da aprendizagem experiencial de David

A. Kolb, com as pedagogias Aprendizagem pela Ação, Aprendizagem Contextual

(processo de construir o significado com base na interação social e na

experiência), Aprendizagem Centrada em Problemas e Aprendizagem Cooperativa

(trabalhar em grupos heterogêneos exercitando a comunicação, liderança, coesão

de equipe, etc.). Ainda, vale a implementação de outras técnicas: visitas a

empresas, feiras, competições, jogos interativos, workshops, dinâmicas de grupos

e outras.

Outro aspecto relevante para a formação empreendedora diz respeito ao

convívio com empreendedores. Existe um ditado no campo do empreendedorismo

que afirma: “Dize-me com quem andas e eu te direi quem queres ser”. Isso

enaltece a importância das incubadoras, e outras iniciativas, no fortalecimento de

novos negócios potencialmente inovadores. DOLABELA (2006, p. 36) afirma:

“Um dos pontos básicos do ensino de empreendedorismo é fazer com que o aluno

busque estabelecer relações que dêem suporte ao seu negócio. Assim, a

convivência é muito importante nessa área.”.

Contudo, o desafio da educação empreendedora consiste na possibilidade

de desenvolver as qualidades e habilidades necessárias a um empreendedor. Como

já visto anteriormente as habilidades propostas pelo Consórcio para a educação

empreendedora, também HENRIQUE; CUNHA (2008) apud SCHAEFER;

MINELLO (2016, p.68) lista habilidades a serem desenvolvidas ao longo da

formação: comunicação, especialmente persuasão; criatividade; capacidade de

reconhecer oportunidades empreendedoras; pensamento crítico e habilidades de

avaliação; liderança; competências gerenciais, incluindo planejamento,

comercialização, contabilidade, estratégia, marketing, RH e network; negociação e

capacidade de tomar decisões.

O professor na educação empreendedora assumi um novo papel, o de

catalisador e facilitador. SCHAEFER; MINELLO (2016). A estratégia didática

nessa educação está no sonhar e no buscar realizar o sonho. “O indivíduo que está

motivado para realizar seu sonho saberá desenvolver, segundo seu estilo pessoal,

métodos para aprender o que for necessário para a criação, o desenvolvimento e a

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realização de seu sonho.” DOLABELA (2006, p. 42). Nesse entendimento, o

professor Dolabela critica a escola por não trabalhar os sonhos dos alunos, visto

que a principal preocupação é lidar com conteúdos e exercer o controle. E

acrescenta que essa postura não é somente da escola, é uma questão social.

“Socialmente, o sonho não é estimulado, porque sonhar é perigoso: comunidades

que sonham constroem o seu futuro e não se deixam dominar.”. DOLABELA

(2006, p. 41)

A prática docente no ensino do empreendedorismo volta-se para o

acompanhamento dos alunos em suas realizações, como afirma SCHAEFER;

MINELLO (2016, p. 69) “Eles passam a estimular, inspirar, criar ou orientar

ideias, ações concretas e colaborativas em torno das realizações dos alunos.”.

Esses autores também consideram que para isso é necessário fazer uso de

ambientes de colaboração, capacitações, gameficações e realização de eventos,

que podem originar empresas, projetos, pesquisas, inovações, incubações, etc.

Para que os professores possam atuar sob essa nova perspectiva, deve-se

também pensar na preparação de docentes em práticas pedagógicas que estimulem

a disseminação da cultura empreendedora. Em capítulo posterior apresentaremos

ações nesse sentido. Na formação dos professores as instituições devem sugerir

novos métodos, como assinala (HENRIQUE; CUNHA, 2008) apud SCHAEFER;

MINELLO (2016, p. 71): a) incluir o agir como experiência didática, além do

falar, ler e escrever; b) incentivar o contato com empreendedores; c) ter mediações

de resultados ligados a projetos que resultem em novos negócios; d) criar uma

escola empreendedora; e) não limitar as experiências empreendedoras ao

calendário escolar; f) ao avaliar a instituição de ensino, contemplar a produção em

projetos e subprojetos de criação de empresas.

De acordo com UNIVERSIA BRASIL (2017), existem 4 (quatro)

características do professor empreendedor, inclui:

1. Intimidade com a tecnologia – ideias inovadoras dos professores

devem estar relacionadas com as últimas tecnologias. Por isso, se você quer ser

um professor empreendedor, aprenda a lidar com a tecnologia de maneira benéfica

e descubra como ela pode ajudá-lo a elaborar aulas mais criativas e interativas.

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2. Espírito colaborativo – pense como a tecnologia tem o poder de ajudar

as pessoas ao seu redor e a própria educação em si. Pense no todo e não somente

em si mesmo.

3. Últimas tendências – professores abertos para as novidades. Eles

sabem como anda a área de atuação, conhecem nomes importantes e não deixam

de lado a oportunidade de testar as novidades na sala de aula.

4. Conhecer o aluno – acima de tudo, sabem adequar as suas aulas e as

novas tendências de acordo com o perfil de cada aluno.

Para atingir os objetivos da educação empreendedora, necessita envolver e

capacitar os professores para a adoção do enfoque do empreendedorismo no

desenvolvimento do currículo. LOPES (2010). São necessárias novas formas de

ensino e relacionamento. Enquanto o aluno assume o centro do processo, é o

professor que atua como catalizador e facilitador, propondo e oportunizando

atividades desafiadoras aos alunos, utilizando novos instrumentos e técnicas

didático-pedagógicas voltados a esse tipo de educação. SCHAEFER; MINELLO

(2016).

Observando que a educação empreendedora busca inspirar nos alunos a

vontade de empreender, outra questão a ser resolvida seria como desenvolver

programas ou cursos para tal objetivo, isto é, capacitar potenciais empreendedores.

FOWLER (2010). Os programas e atividades relacionados com a educação

empreendedora surgem em exigência a educação para o século XXI. São

iniciativas destinadas ao ensino de empreendedorismo para todas as fases da vida

escolar do ser humano. “É tempo de disseminar essa educação desde o ensino

fundamental, até o superior.”. BOLSON (2006) apud CUNHA; SOARES;

FONTANILLAS (2009, p. 71).

DOLABELA (2006) declara que o empreendedorismo é tema universal e

não específico. Assim deve estar na educação básica e ofertado para todos os

alunos. Já DEGEN (2010) volta-se para o ensino do empreendedorismo para

graduados como ênfase em oportunidades de negócio voltadas para o

desenvolvimento sustentável, a inclusão social e a redução da pobreza.

O professor Dolabela propõe um programa para inserção de conhecimentos

de empreendedorismo no currículo escolar. Trata-se de uma metodologia de

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ensino de empreendedorismo para a educação básica: educação infantil,

fundamental e médio que denominou-se pedagogia empreendedora.

Segundo o site fernandodolabela.wordpress.com, são elementos dessa

metodologia: utiliza o professor da própria instituição, que conhece a cultura da

casa, dos alunos e do meio ambiente onde cada unidade está inserida; dinamiza

conhecimentos já dominados pelo professor; é voltada para a prática, sendo de

fácil implementação; não se trata de uma receita, um passo a passo: a metodologia

é recriada pelo professor na sua aplicação, respeitando a cultura da comunidade,

dos alunos, da instituição, do próprio professor; possui material didático

específico e inédito, construído inteiramente para a realidade brasileira; agente de

mudança cultural; permite a rápida disseminação da cultura empreendedora, sendo

concebida para ser aplicada em larga escala, com alta dispersão geográfica; não

cria a necessidade de formação de “especialistas”; não gera dependência da escola

a consultores externos; integra professores de áreas diferentes; baixíssimo custo:

não duplica meios e esforços; a comunidade participa intensamente, como

educadora e educanda; considera a escola como umas das referências de

comunidade; é geradora de capital humano e social; apoia-se na geração do sonho

coletivo, na construção do futuro pela comunidade; tem como alvo a construção

de um empreendedorismo capaz de gerar e (principalmente) distribuir, renda

conhecimento e poder.

O autor anteriormente referenciado, relata a implantação do teste piloto da

pedagogia empreendedora: em 2002, foram escolhidas localidades e situações que

oferecessem experiência diferenciada em termos de cultura, extrato social,

contexto econômico. Os testes foram feitos no município de Japonvar, MG (6

escolas) Belo Horizonte, (8 escolas), Santa Rita do Sapucaí (MG) (todas as

escolas das redes públicas municipal, estadual e particular, Guarapuava-PR, (todas

as escolas da rede pública municipal), Três Passos – RS, (todas as escolas da rede

pública municipal) e São José dos Campos – SP, (todas as escolas da rede pública

municipal). DOLABELA (2005)

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE

insere-se no incentivo à cultura empreendedora em todas as etapas da educação

básica e ensino superior. No ensino fundamental (EF) oferece o curso Jovens

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Empreendedores Primeiros Passos, composto por nove módulos: 1º ano do EF: O

mundo das ervas aromáticas, duração: 26 horas de aplicação com os estudantes; 2º

ano do EF: Temperos naturais, duração: 24 horas de aplicação com os estudantes;

3º ano do EF: Oficina de brinquedos ecológicos, duração: 26 horas de aplicação

com os estudantes; 4º ano do EF: Locadora de produtos, duração: 22 horas de

aplicação com os estudantes; 5º ano do EF: Sabores de cores, duração: 22 horas de

aplicação com os estudantes; 6º ano do EF: Ecopapelaria, duração: 30 horas de

aplicação com os estudantes; 7º ano do EF: Artesanato sustentável, duração: 30

horas de aplicação com os estudantes; 8º ano do EF: Empreendedorismo social,

duração: 30 horas de aplicação com os estudantes; 9º ano do EF: Novas ideias,

grandes negócios, duração: 25 horas de aplicação com os estudantes. Segundo

SEBRAE Nacional (2017), “esse curso procura apresentar práticas de

aprendizagem, considerando a autonomia do aluno para aprender, além de

favorecer o desenvolvimento de atributos e atitudes necessários para a gestão da

própria vida.”. Para o ensino médio, o SENAC articula o Programa Nacional de

Educação empreendedora do Sebrae para estimular o empreendedorismo entre os

jovens. São três cursos compõem o portfólio desse programa: Formação de Jovens

Empreendedores, Despertar e Crescendo e Empreendendo. Para participar desses

programas oferecidos, as secretarias e/ou instituições de ensino devem realizar o

acordo de parceria com o SEBRAE.

Na educação superior, há mais de 80 anos, as universidades de Harvard e

de Michigan parecem ter sido as pioneiras a ofertar programas de educação

empreendedora. LOPES (2010). No Brasil, temos alguns exemplos de instituições

de ensino superior (IES) que implementaram programas de desenvolvimento de

empreendedorismo (PDE). Sobre a criação dos PDEs, HISRICH (1999) apud

FOWLER (2010, p. 128) apresenta um modelo geral para criação desses

programas, conforme a figura 1.

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Figura 1. Modelo geral para PDE

Esse modelo organiza a parte prática do programa. A avaliação técnica, os

estudos de viabilidade comercial, o desenvolvimento ou as modificações no

produto e as avaliações que sejam necessárias, por professores e estudantes,

apoiam o indivíduo (inventor, empreendedor) quando tem uma ideia ou habilidade

para fazer algum produto ou serviço. Essa ideia ou habilidade forma a base para

um plano de negócios que visa a criação de uma nova empresa; caso um

financiamento seja preciso, um fundo (seed money) voltado para pequenos

investimentos financeiros seria utilizado. A propriedade da nova empresa,

inclusive os lucros, são repartidos entre todos os envolvidos (universidade,

estudantes, inventores, empreendedores etc). FOWLER (2010).

Nesse cenário apontam iniciativas brasileiras para educação

empreendedora no nível da graduação, observa-se: os projetos do SEBRAE

voltados para a inserção de conhecimentos de empreendedorismo nos cursos de

graduação. Alguns deles: Disciplinas e Projeto de Extensão – oferece para

instituições de ensino superior duas disciplinas, por meio da capacitação de

professores da IES: 1) Empreendedorismo e 2) Empreendedorismo e Inovação,

além de um Projeto de Extensão em Empreendedorismo Social e Negócios de

Impacto Social; Palestra Empreendedorismo em Dois Tempos; Plataforma

Desafio Universitário – Compõe uma plataforma com iniciativas educacionais

para universitários; Programa de Mentoria; Macker Hacklab: a maratona de

negócios em internet das coisas, SEBRAE Nacional (2017). Também, o Projeto

Escola de Empreendedores e o Centro GEFEI implementados na Universidade

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Federal de Itajubá, FOWLER (2010); o Instituto Gênesis para Inovação e Ação

Empreendedora, criado em março de 1996 pela Pontifícia Universidade Católica

do Rio de Janeiro (PUC – Rio), GUARANYS (2010).

Acrescenta-se as ações de promoção do empreendedorismo na pós-

graduação, essas defendidas pelo professor Ronald Degen na formação de

empreendedores por oportunidade. “[…], o que reforça o argumento do autor, de

que os graduados estão mais bem preparados para o empreendedorismo por

oportunidade.” DEGEN (2010, p. 219). Geralmente são cursos de especialização

ou MBA na área de empreendedorismo. A título de exemplo, na formação docente

para a educação empreendedora, observa-se a oferta do primeiro curso de

especialização em educação empreendedora realizado no Brasil, pela Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro, visando qualificar professores do ensino

técnico e profissional nacional.

“A iniciativa foi concebida para atender a uma demanda do Sebrae a

partir de acordo de cooperação com o Ministério da Educação (MEC)

no âmbito do Pronatec Empreendedor, sendo que o Programa

responde por uma demanda nacional a qual estas entidades tomaram

para si a responsabilidade de implementá-la como política pública

estratégica nacional.”. MELLO et al. (2016, p.01)

Estas iniciativas apenas ilustram a mobilização das instituições brasileiras de

ensino superior no incetivo e promoção da cultura empreendedora.

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4 REFERENCIAIS TEÓRICOS SOBRE A EDUCAÇÃO

EMPREENDEDORA NO ENSINO MÉDIO

A legislação brasileira que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional (LDBEN), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece no artigo

primeiro, parágrafo segundo, a necessária vinculação da educação ao mundo do

trabalho e à prática social. Ainda, destaca-se no artigo segundo quanto a finalidade

da educação escolar o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Em relação ao ensino

médio, etapa final da educação básica, terá como finalidades: a consolidação e o

aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental,

possibilitando o prosseguimento de estudos; a preparação básica para o trabalho e

a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se

adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento

posteriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a

formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento

crítico; a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos

produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

PLANALTO (2017).

Segundo LIBERATO (2007) o ensino médio coincide com uma fase na

vida dos jovens de inquietações, uma etapa de transição entre a adolescência e a

vida adulta, identificada por uma série de questionamentos conflitantes: como se

preparar para o futuro profissional, num mundo cada vez mais competitivo e sem

empregos? Quais as perspectivas econômicas mundiais, que nortearão a minha

vida profissional e pessoal? Que rumo seguir quando sair da escola? Onde e como

buscar um meio de renda?

A formação escolar desses jovens deverá levar em conta todos esses

desafios. Sobre o currículo, a LDBEN assegura componentes curriculares

definidos pela base nacional comum, a ser complementada, por uma parte

diversificada exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da

cultura, da economia e dos educandos. Na perspectiva de referenciais para a

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formação de atitudes e habilidades empreendedoras retoma a crítica feita por

alguns autores sobre a educação básica brasileira. Inclui,

Mesmo sendo tema fora do âmbito analítico deste texto, não se pode

deixar de mencionar o chão em que está plantada a Educação Básica

brasileira, ameaçada por tentativas históricas de esterilização

ideológica e política, pela ausência de construção cidadã e

democrática, pela distância da comunidade e desvalorização do

mestre. Some-se a isto, a inconsciência da importância de temas que

constituem a essência da formação empreendedora: o estudo das

oportunidades e o desenvolvimento do conceito de si e da capacidade

de formular e realizar sonhos. DOLABELA (2005, p. 08)

Restrito a orientação do currículo do ensino médio definida pela LDBEN

assemelha-se a essência da formação empreendedora exposta na citação anterior

do professor Dolabela, como consta no artigo trinta e cinco – A, parágrafo sétimo:

“Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno,

de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e

para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais.”.

PLANALTO (2017).

Sobre os “conteúdos” a serem empregados na educação empreendedora do

ensino médio, expõe o que foi discutido no Fórum de Treinamento para

Empreendedorismo, no ano 2000 em Nice – França: “Enfatizou-se a importância

de inserir, gradualmente, no currículo, o desenvolvimento de qualidades e

habilidades pessoais, num processo evolucionário, de tal modo que os estudantes

fossem conduzidos por esse processo de aprendizagem.”. LOPES; TEIXEIRA

(2010, p. 50)

Na Pedagogia Empreendedora, acrescenta-se ao que já exposto no capítulo

anterior, o professor Dolabela sugere como material didático para a educação

empreendedora os livros: Pedagogia Empreendedora, para os professores

contendo os princípios teóricos e metodológicos, A ponte mágica, para alunos de

10 a 15 anos, O segredo de Luísa, alunos a partir de 16 anos, e Mapa dos Sonhos

para os alunos, que se constitui no livro de trabalho do aluno de todas as séries.

Além, Cadernos, para os professores, obra composta por 14 volumes, um para

cada série da educação básica, contendo trabalhos para o desenvolvimento dos

sistemas de suporte mencionados por Filion. DOLABELA (2005)

Conforme SEBRAE Nacional (2017) a educação empreendedora para o

Ensino Médio está estruturada com o objetivo de colaborar para o

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desenvolvimento integral dos jovens, procurando estimular o protagonismo

juvenil, sensibilizar e preparar os estudantes para os desafios do mundo do

trabalho, instigando-os a identificarem oportunidades e planejarem seu futuro por

meio de atitudes empreendedoras.

A Pedagogia Empreendedora restringe-se a uma metodologia na área do

empreendedorismo, não se propões a uma metodologia educacional de uso amplo.

Conforme DOLABELA (2005, p. 08), “Restrita ao campo do empreendedorismo,

conviverá com as diretrizes fundamentais de ensino básico adotadas no ambiente

de sua aplicação. A estratégia didática irá materializar-se pela apresentação de

duas propostas de ação aos alunos: a formulação do sonho e a busca de sua

realização.”.

A Pedagogia empreendedora trata o empreendedorismo com uma forma de

ser e não somente de fazer. Nesse sentido, “antes de ser aluno, o estudante deve

ser considerado um cidadão.” DOLABELA (2006, p. 30). Essa compreensão

assemelha-se a de outros autores que estudam o ensino médio e indicam um

projeto de ensino médio no sentido da formação com base na integração de todas

as dimensões da vida do ser humano em contradição ao modelo de ensino médio

que conserva a cultura escravocrata no Brasil de outras épocas, pela divisão social

do trabalho. “[…] a necessidade de se desvincular as finalidades do ensino médio

do mercado de trabalho e colocá-las sobre as necessidades dos sujeitos” RAMOS

(2008, p. 15)

Uma das formas de oferta do ensino médio é o ensino médio integrado à

educação profissional. Comumente, o ensino de empreendedorismo aparece na

grade curricular dos cursos técnicos ofertados. Embora não seja exclusivamente

escopo deste trabalho, a questão consiste na metodologia empregada na formação

de empreendedores nessa modalidade de ensino. O que sabemos, como já exposto

em capítulo anterior, é que existe uma relação entre trabalho e educação. E sobre

isso, SAVIANI (1987) apud RAMOS (2008, p. 08) afirma: “No ensino médio,

além do sentido ontológico do trabalho, toma especial importância seu sentido

histórico, posto que é nesta etapa da educação básica que se explicita mais

claramente o modo como o saber se relaciona com o processo de trabalho,

convertendo-se em força produtiva.”.

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4.1 O EMPREENDEDORISMO EM UMA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO,

NO MUNICÍPIO DE URUÇUÍ – PIAUÍ

Com a objetivação de validar os pressupostos teóricos da educação

empreendedora do ensino médio será apresentado um teste piloto no

desenvolvimento de qualidades e habilidades empreendedoras para alunos do

ensino médio de uma escola pública localizada no Sul do Piauí.

A motivação para trabalhar essa iniciativa partiu de dois pontos: 1) O fato

do “agente socializante” participar de curso de especialização em educação

empreendedora para professores da educação profissional e técnica na

disseminação da cultura empreendedora para seus alunos; 2) As inquietações dos

alunos do 3º ano do ensino médio integrado, quanto ao seu posicionamento no

mercado de trabalho e geração de renda familiar. Salienta-se que o “agente

socializante” exerce a função de professor para essa turma do ensino médio

integrado ao curso técnico de informática.

Essa escola oferta somente o ensino médio. A maioria dos alunos

matriculados são oriundos de família de baixa renda, residentes da zona urbana ou

rural. A escola está localizada no município de Uruçuí – PI, um dos municípios

brasileiros com maior PIB (Produto Interno Bruto) per capita do estado. Segundo

portal de notícias cidadeverde.com, 2016: “A cidade de Uruçuí (a 453 km de

Teresina) tem o maior PIB per capita do Estado: R$ 45 mil de renda. O valor é

maior que o da cidade de São Paulo, por exemplo, que é de R$ 42 mil, e bem

maior que a média brasileira, que é R$ 28 mil.”. Porém, concentra uma

distribuição desigual de renda entre a população, consequentemente desigualdade

social.

Segundo dados do Mapa de Pobreza e Desigualdade lançados pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, com base no Censo

Demográfico 2000 e Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2002/2003, mais

da metade da população do Piauí (PI) estão vivendo na pobreza.

Consequentemente, inclui a população do município de Uruçuí (PI) nesse

indicador, e alerta sobre a necessidade de projetos que reduza a desigualdade

social e aumente a geração de renda das pessoas.

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Números elevados do PIB diz respeito principalmente ao destaque desse

município na produção agropecuária, principalmente de soja e milho. Para o

presidente da Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí,

Antônio José Medeiros, o resultado de Uruçuí é "excepcional", mas é preciso

analisar com cuidado o que mantém a renda tão alta. Alerta: “Precisamos ver

como essa renda se distribui, porque a soja, com alto nível de tecnologia, pode

estar produzindo uma renda alta, mas de maneira concentrada”. Cidadeverde.com,

2016.

Durante a orientação de uma atividade para uma disciplina do curso

técnico em informática percebeu-se uma possibilidade de envolver os dois pontos,

já mencionados em parágrafo anterior. A referida atividade daquela disciplina

consistia em os alunos desenvolverem um projeto de pesquisa envolvendo os

conhecimentos abordados durante as três séries do curso técnico em informática.

Em síntese, era um trabalho de conclusão de curso (TCC) para o ensino médio

técnico. Essa disciplina está definida no plano de curso do ensino médio integrado

ao técnico em informática elaborado pela secretaria estadual de educação do Piauí.

Com a turma organizada em duplas, durante a exposição e diálogo sobre a

proposta de TCC do ensino médio, uma das duplas indagou que não tinha vontade

de desenvolver alguma proposta relacionada as competências técnicas do curso.

Não tinha interesse em desenvolver aplicativos ou algo relacionado à informática.

Embora o autor ainda não conhecesse a metodologia dos sonhos da Pedagogia

Empreendedora, aceitou o posicionamento dos alunos naquele primeiro momento

e marcou que conversariam mais sobre o assunto em outro momento, com o

propósito de sondar a dupla sobre quais seriam suas atividades de interesse

(sonhos), e orientá-la da possibilidade de relacionar esse interesse com as

habilidades técnicas do curso de informática.

Ao acontecer a conversa com aquela dupla, um dos integrantes revelou a

habilidade que possuía em artesanato de crochê. Ao perceber isso, o professor

daquela disciplina falou que era possível da dupla trabalhar o assunto: TI

(Tecnologia da Informação) Verde, uma tendência mundial voltada para o impacto

dos recursos tecnológicos no meio ambiente. Diante disso, a dupla concordou que

trabalharia aquela temática.

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Volta-se para a proposta da iniciativa empreendedora exigida na citada

especialização. Antes de perceber essa potencial inovação na atividade dos alunos,

o autor pós-graduando estava decidido que a ação inovadora e empreendedora

seria a realização de uma feira com produtos confeccionados pelos alunos a partir

do reaproveitamento do lixo eletrônico. Durante a pesquisa bibliográfica, ao ler

sobre a Pedagogia Empreendedora questionou tal ação empreendedora, essa

iniciativa não levou em consideração “os sonhos” de todos os envolvidos! O

processo estava centrado no professor, o que deveria ser o contrário no

desenvolvimento de qualidades e habilidades empreendedoras nos alunos. Dali em

diante percebeu que não podia continuar com aquela proposta.

Agora, insere-se um projeto-piloto empreendedor e inovador reformulado

pautado na habilidade de alunos no artesanato de crochê para confecção de novos

produtos a partir do reaproveitamento do lixo eletrônico, pautado nos

conhecimentos da pedagogia empreendedora e concepção do ensino médio

integrado à educação profissional na perspectiva de formação para todas as

dimensões da vida humana.

Para o desenvolvimento da proposta empreendedora, os alunos envolvidos

realizaram primeiramente uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto lixo

eletrônico. Por meio dessa etapa obtiveram os conhecimentos gerais sobre esse

tema. Como afirma DEMO (2006, p. 16): “Pesquisa é processo que deve aparecer

em todo trajeto educativo, como princípio educativo que é, na base de qualquer

proposta emancipatória.”. Também ficaram informados que precisavam definir

uma linha de produtos a serem confeccionados. Descobriram ainda que o CD /

DVD estava muito sendo descartado devido a substituição desse por mídia

eletrônica, como pendrive, HD externo e cartão de memória. Assim, decidiram

que confeccionariam produtos relacionando a reciclagem de CDs / DVDs com

artesanato de crochê. Os produtos escolhidos foram uma bolsa e uma cesta.

Na intenção de conhecer a realidade da comunidade local quanto a

problemática do lixo eletrônico, foi feita uma pesquisa de campo com aplicação

de questionário. Os entrevistados foram alguns moradores do município com

perfis sociais distintos. Descobriu-se que no município não possui posto de coleta

adequado para o descarte do lixo eletrônico, tudo é descartado juntamente ao lixo

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doméstico. Até o momento da escrita desse trabalho, os alunos se organizavam

para realizar ações educativas abordando a necessidade do descarte correto desse

tipo de lixo na proteção dos recursos ambientais. Além, para provocar as demais

autoridades e órgãos competentes para um posicionamento sobre essa

problemática.

Como já mencionado que no município não existe local para coleta e

reaproveitamento do lixo eletrônico, os alunos perceberam uma oportunidade para

iniciar um negócio. Após três meses de projeto foram confeccionados os primeiros

produtos que serão comercializados, gerando valor econômico sustentável para os

alunos. Desejam também oferecer oficina para outros alunos interessados na

confecção desses produtos. Em conversa informal, um dos alunos envolvidos

confidenciou que planeja optar em cursar graduação em administração.

Outra conquista dessa iniciativa foi o desenvolvimento e inscrição de

artigo científico abordando o lixo eletrônico no III Seminário Regional de

Educação Ambiental e Escolas Sustentáveis que acontecerá em julho na cidade de

Teresina – PI. É uma importante oportunidade para provocar um debate sobre o

tema.

Alguns registros do projeto teste-piloto, como o questionário utilizado

pelos alunos na pesquisa de campo e figuras foram incluídos no capítulo seguinte

– apêndices e anexos.

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5 CONCLUSÃO

O desenvolvimento deste estudo possibilitou analisar as observações de

estudiosos no assunto sobre como deve ser a prática docente no ensino de

educação empreendedora. Inclusive, entendeu-se que o empreendedorismo não

pode ser ensinado, mas pode ser aprendido. Além disso pontuou sobre as

possibilidades e desafios para inserção de educação empreendedora no ensino

médio. Ainda, possibilitou avaliar os resultados de um teste piloto de intervenção

empreendedora para o desenvolvimento de habilidades de empreendedorismo

implementados em uma escola pública localizada no sul do estado do Piauí a

alunos do ensino médio integrado ao curso técnico em informática.

Na possibilidade de desenvolver uma proposta de intervenção

empreendedora inovadora que contribua para a prática educativa de educação

empreendedora escolheu orientar-se pela metodologia da pedagogia

empreendedora, cuidando para que o aluno fosse o centro do processo de

ensino/aprendizagem em consonância com os pressupostos de concepção de

ensino médio integrado à educação profissional na formação integrada do ser

humano, dividido socialmente pelo trabalho entre a ação de executar e a ação de

dirigir, pensar ou planejar.

O principal papel da escola encontra-se na transmissão de conhecimentos

reunidos historicamente com o desenvolvimento do ser humano. Nesse aspecto, a

escola deve desenvolver o homem para viver criticamente em sociedade.

Enquanto instituição social, cabe a escola buscar a reflexão na direção da

sociedade que temos e a sociedade que queremos para as nossas futuras gerações.

Por meio da análise histórica da educação humana percebeu-se o relacionamento

entre educação e trabalho.

Existem autores que declaram a organização da educação escolar dificultar

no desenvolvimento de habilidades empreendedoras. Assim, a educação

empreendedora deve ser planejada para empregar uma metodologia diferente da

utilizada no ensino tradicional. Consequentemente, a postula do docente precisa

ser diferente. Volta-se para o acompanhamento dos alunos em suas realizações,

que perseguem na concretização dos seus sonhos.

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Vimos que a ação empreendedora desenvolvida na escola do sul no Piauí

reconheceu nos “sonhos” dos alunos a motivação para o desenvolvimento de

qualidades e habilidades empreendedoras economicamente sustentáveis para o

desenvolvimento humano e local. Por meio dessa abordagem, foi possível

perceber o envolvimento dos alunos na intervenção junto a sociedade de

problemas identificados.

A educação empreendedora pode ser empregada em todas as etapas da

educação escolar. Isso foi constatado através da exemplificação de alguns

programas de educação empreendedoras desenvolvidos pelas instituições de

ensino brasileiras. A concepção de educação empreendedora está de acordo com as

exigências de educação para o século XXI definidas pela UNESCO. Em resumo, o

ensino de empreendedorismo deve desenvolver as qualidades e habilidades

necessárias a um empreendedor. Essas habilidades estará voltadas mais para o

desenvolver do ser, do que fazer empreendedor, ou seja, desenvolver um potencial

presente na espécie humana – o espírito empreendedor.

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APÊNDICES E ANEXOS

Figura 2. Confecção de cesta com artesanato de crochê e CD /

DVD reaproveitados

Figura 3. Cesta finalizada

Figura 4. Confecção de bolsa com crochê e

CD/DVD reaproveitados

Figura 5. Bolsa finalizada

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Questionário da Pesquisa de Campo

1. Você possui algum material eletrônico em sua residência para ser descartado?

a) ( ) Sim

b) ( ) Não

2. Você sabia que os materiais eletrônicos possuem substâncias tóxicas para o

meio ambiente?

a) ( ) Sim

b) ( ) Não

3. Onde você costuma descartar os componentes eletrônicos de sua residência

quando perdem a utilidade ou não tem conserto?

a) ( ) Joga fora junto com o lixo comum.

b) ( ) Leva até ao local de coleta.

c) ( ) Acumula em casa para se desfazer depois.

4. Você conhece algum ponto de coleta de materiais eletrônicos em Uruçuí?

a) ( ) Sim

b) ( ) Não

5. Qual é a sua percepção de descartar corretamente o lixo eletrônico?

a) ( ) Reutilizar de alguma forma.

b) ( ) Jogar no lixo comum.

c) ( ) Devolver no local adequado.