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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E O MUNDO DO TRABALHO: O ESTÁGIO CURRICULAR COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA. ANDRADE, Luciana Bortoncello Lorenzetti 1 [email protected] STROPARO, Edélcio José 2 [email protected] RESUMO O artigo apresenta as conclusões dos estudos possibilitados pelo PDE – Programa de Desenvolvimento da Educação, ofertado pelo Governo do Estado do Paraná, na área de Disciplinas Técnicas, no período de 2008 e 2009. O estudo foi desenvolvido tendo como foco a educação profissional e o estágio curricular do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, sendo a pesquisa desenvolvida no Colégio Estadual Ana Vanda Bassara – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, na cidade de Guarapuava (PR). Como problemática de pesquisa foram investigadas as dificuldades existentes na articulação entre as várias disciplinas do curso e o estágio curricular supervisionado, bem como o entendimento do corpo discente e docente sobre o estágio. A metodologia de pesquisa utilizada foi o estudo de caso e a pesquisa de campo. Na pesquisa de campo foram utilizados instrumentos como questionários aplicados aos alunos do 2º semestre do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, aos professores e Coordenadores do Curso. Os resultados da pesquisa possibilitaram análises e reflexões pelo corpo docente, bem como foram orientadores para a construção de um novo Roteiro de Estágio para o referido curso. PALAVRAS-CHAVE: Educação Profissional. Mundo do Trabalho. Estágio. ABSTRACT The article presents the conclusion of the studies made possible by PDE- Program of Education Development, offered by the State of Paraná Government, in the area of Technical Subjects, between 2008 and 2009. The study was developed having as focus the professional education and curricular training of the Technical Course in Work Safety, being done the research in the State College Ana Vanda Bassara - Elementary, Middle and Professional School, in the city of Guarapuava (PR). As the research problematic were examined the difficulties that exists in linkage of the various disciplines of the course and the supervised curricular training, as well as the understanding of students and professors on the training. The research methodology used was the case study and the field research. In the field research were used instruments as questionnaires applied to students in the 2nd half of the Technical Course in Work Safety, teachers and Coordinators of the Course. The survey results enabled analysis and reflections by teachers, as they guided the building of a new Roadmap of Training for that course. KEY-WORDS: Professional Education. World of Work. Training. 1 Professora PDE. Formada em Administração, Especialista em Administração de Recursos Humanos pela UNICENTRO e professora da disciplina de Administração no Curso Técnico em Segurança do Trabalho. 2 Professor Orientador PDE. Mestre em Educação pela UFPR, formado em Direito e professor da disciplina de Direito Empresarial na UNICENTRO.

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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E O MUNDO DO TRABALHO: O ESTÁ GIO

CURRICULAR COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM SIGNIF ICATIVA.

ANDRADE, Luciana Bortoncello Lorenzetti1 [email protected]

STROPARO, Edélcio José2 [email protected]

RESUMO O artigo apresenta as conclusões dos estudos possibilitados pelo PDE – Programa de Desenvolvimento da Educação, ofertado pelo Governo do Estado do Paraná, na área de Disciplinas Técnicas, no período de 2008 e 2009. O estudo foi desenvolvido tendo como foco a educação profissional e o estágio curricular do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, sendo a pesquisa desenvolvida no Colégio Estadual Ana Vanda Bassara – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, na cidade de Guarapuava (PR). Como problemática de pesquisa foram investigadas as dificuldades existentes na articulação entre as várias disciplinas do curso e o estágio curricular supervisionado, bem como o entendimento do corpo discente e docente sobre o estágio. A metodologia de pesquisa utilizada foi o estudo de caso e a pesquisa de campo. Na pesquisa de campo foram utilizados instrumentos como questionários aplicados aos alunos do 2º semestre do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, aos professores e Coordenadores do Curso. Os resultados da pesquisa possibilitaram análises e reflexões pelo corpo docente, bem como foram orientadores para a construção de um novo Roteiro de Estágio para o referido curso. PALAVRAS-CHAVE : Educação Profissional. Mundo do Trabalho. Estágio. ABSTRACT The article presents the conclusion of the studies made possible by PDE- Program of Education Development, offered by the State of Paraná Government, in the area of Technical Subjects, between 2008 and 2009. The study was developed having as focus the professional education and curricular training of the Technical Course in Work Safety, being done the research in the State College Ana Vanda Bassara - Elementary, Middle and Professional School, in the city of Guarapuava (PR). As the research problematic were examined the difficulties that exists in linkage of the various disciplines of the course and the supervised curricular training, as well as the understanding of students and professors on the training. The research methodology used was the case study and the field research. In the field research were used instruments as questionnaires applied to students in the 2nd half of the Technical Course in Work Safety, teachers and Coordinators of the Course. The survey results enabled analysis and reflections by teachers, as they guided the building of a new Roadmap of Training for that course. KEY-WORDS: Professional Education. World of Work. Training.

1 Professora PDE. Formada em Administração, Especialista em Administração de Recursos Humanos pela UNICENTRO e professora da disciplina de Administração no Curso Técnico em Segurança do Trabalho. 2 Professor Orientador PDE. Mestre em Educação pela UFPR, formado em Direito e professor da disciplina de Direito Empresarial na UNICENTRO.

1 INTRODUÇÃO

A temática do presente estudo do PDE – Programa de Desenvolvimento da

Educação aborda questões sobre a educação e o trabalho, tendo como foco a

educação profissional e o estágio curricular do Curso Técnico em Segurança do

Trabalho.

O estudo foi realizado no Colégio Estadual Ana Vanda Bassara – Ensino

Fundamental, Médio e Profissional, localizado na cidade de Guarapuava (PR), que

possui tradição regional na oferta de cursos do ensino profissional. Desde 1990, o

Colégio oferta à comunidade o Curso Técnico em Segurança do Trabalho e a partir

de 1994 também passou a ofertar o Curso Técnico em Informática.

Em virtude das mudanças ocorridas nas políticas governamentais e na

legislação do ensino profissional, os cursos técnicos deixaram de ser ofertados em

1999, sendo retomados pela Secretaria de Estado da Educação a partir de 2003.

Atualmente o curso Técnico em Segurança do Trabalho é ofertado na modalidade

subseqüente3.

O curso ofertado no referido Colégio conta com mais de 250 alunos, no

presente ano letivo e destaca-se pela procura da comunidade local e de municípios

vizinhos, principalmente pela qualidade do ensino ofertado e amplo mercado de

trabalho.

Os estudos ocorrem em três períodos letivos, com estágio em empresas

locais no 2º. e 3º. semestres, sendo 100 horas em cada período. A carga horária é

prevista na matriz curricular e o aluno possui acompanhamento do Coordenador de

Estágio e do Professor-Orientador de Estágio em horário de contra turno.

Para efetivação das atividades de estágio os alunos seguem um plano de

estágio, que estava em vigor desde 2004 e que foi formulado na época pela

Coordenação de Curso, sem a participação efetiva do conjunto de professores que

ministram as disciplinas do curso.

Em sala de aula a disciplina de Técnicas de Treinamento e Metodologia

Científica, procura dar conta da orientação metodológica das atividades de estágio,

3 Curso subseqüente é aquele oferecido somente a quem já concluiu o Ensino Médio e maior de 18 anos.

além do conteúdo proposto pela disciplina, o que dificulta o entendimento dos

alunos.

Iniciei no Magistério em 1990, atuando como professora do referido curso.

Atuei nas diversas disciplinas, também como Coordenadora do Curso,

Coordenadora de Estágio e professora da disciplina de Administração.

Exercendo as funções de Coordenação de Curso e de Estágio, observei

diversas problemáticas durante a execução dos estágios, bem como a necessidade

de integrá-lo e vinculá-lo às demais disciplinas do curso. Também é evidente que

alguns obstáculos interferem na qualidade do estágio, dentre destacam-se: a falta de

uma metodologia de trabalho, a necessidade de integração das disciplinas da matriz

curricular com o estágio, a demora na intermediação dos estágios, as deficiências de

infra-estrutura, a falta de orientação e acompanhamento adequado, bem como o

entendimento, por parte do aluno, da importância da realização do estágio.

Outro aspecto é que o estágio ocorre de forma concomitante ao período

letivo, o que gera preocupação entre os alunos, devido à dispensa do trabalho para

a realização do estágio, ao cumprimento da carga horária e a necessidade de uma

orientação adequada.

Todos esses obstáculos geram o descontentamento e a evasão dos alunos

e são fatores que preocupam tanto a direção escolar, a supervisão pedagógica

escolar, quanto à coordenação de estágio, a coordenação de curso e o corpo

docente. Verifica-se, assim a necessidade de superar essas contradições e

obstáculos, seja pela inserção de significados no ensino e/ou de novas estratégias,

objetivando a formação de um perfil profissional capaz de responder às

necessidades sociais da atualidade.

O estágio curricular supervisionado é uma experiência fundamental na

formação profissional do Técnico em Segurança do Trabalho. É um dentre os mais

importantes momentos onde ocorre a aprendizagem e o aprofundamento das

disciplinas desenvolvidas durante o curso de educação profissional, ele é a base e o

fundamento para a construção de um relatório de conclusão de estágio. Portanto, a

integração entre as disciplinas do curso e o estágio pode facilitar o processo de

aprendizagem, bem como despertar o interesse de professores e alunos para

importância da prática profissional.

Como problemática de pesquisa foram investigadas as dificuldades

existentes na articulação entre as várias disciplinas do curso e o estágio curricular

supervisionado, bem como o entendimento do corpo docente sobre o papel do

estágio e da sua disciplina na elaboração de um plano de trabalho para o estágio,

que atendesse a proposta do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, do Colégio

Estadual Ana Vanda Bassara.

Como objetivo geral, foi necessário diagnosticar a sistemática de execução

do estágio curricular supervisionado do Curso Técnico em Segurança do Trabalho e

propor mudanças no processo de realização do estágio.

Já os objetivos específicos trataram de analisar o desenvolvimento do

estágio curricular do curso, propondo mudanças, através de oficinas pedagógicas,

no processo de realização do estágio curricular. Também a elaboração de material

didático possibilitou o entendimento do estágio como um processo de aprendizagem

significativa e a utilização de tecnologias de informação como meios facilitadores da

aprendizagem.

A metodologia de pesquisa caracteriza-se pelo estudo de caso e a pesquisa

de campo. Na pesquisa de campo foram utilizados instrumentos como os

questionários aplicados aos alunos do 2º semestre do Curso Técnico em Segurança

do Trabalho, aos professores, Coordenadores do Curso e de Estágio.

Os resultados da pesquisa possibilitaram análises e reflexões pelo corpo

docente, bem como foram orientadores para a construção de um novo Roteiro de

Estágio.

2 DESENVOLVIMENTO

A educação, o mundo do trabalho e a sociedade têm passado por inúmeras

transformações nas últimas décadas. Dentre as transformações ocorridas no mundo

do trabalho destaca-se o período artesanal, a produção industrial (produção em

massa) no período taylorista/fordista e o período toyotista/volvista. Todos esses

modelos de processos produtivos interferiram nas formas de condução da educação,

pois se evidencia cada vez mais, que a educação também atende aos anseios do

capital.

Também as atividades laborais exercidas pelo homem, ao longo da história,

sofreram diversos desdobramentos, dentre eles, destacam-se o período artesanal

que se caracterizou pelo trabalho do artesão, com produção em pequena escala, ou

seja, apenas para o sustento da família do trabalhador e/ou para troca entre

pequenos produtores. “Antes da revolução industrial, as atividades industriais e

agrícolas eram exercidas de forma artesanal e, na maioria dos casos, rudimentar,

com grande intensidade de mão-de-obra e pouca de capital” (LACOMBE E

HEILBORN, 2006).

A produção do período artesanal difere do modo de produção taylorista, que

teve início final do século XIX, pois “surgiu para quebrar esse domínio artesanal e

submeter todo o processo de fabricação à autoridade indiscutível dos patrões. O

taylorismo se implantou numa guerra aberta e declarada” (KATZ, 1995, p. 14).

Esse modo de produção provocou a “estandardização forçada e a direção

minuciosa, os capatazes impuseram a nova modalidade de trabalho repetitivo e

designaram as tarefas segundo as ordens patronais” (KATZ, 1995, p. 14).

Com o advento do modelo taylorista, este novo modo de produção transferiu o

conhecimento das operações e os projetos da produção à gerência da fábrica, pois

“os cronômetros se instalaram sobre os ombros dos operários qualificados para

descobrir seus tempos e movimentos. Com estes índices, logo se elaboraram tábuas

de produção sujeitas a ritmos muito mais intensos” (KATZ, 1995, p. 14).

Já no período toyotista/volvista, fica evidente o eixo da flexibilização do

trabalho e a readequação de tarefas com o objetivo de minimizar a rotina taylorista.

O surgimento dos “grupos autônomos” de trabalho, a implantação dos “CCQ-

Círculos de Controle de Qualidade”, a flexibilização do trabalho4, a informatização da

produção, a robótica e a microeletrônica produziram a anulação das funções do

sujeito responsável e competente e banalizaram o conteúdo intelectual das tarefas

(KATZ, 1995, p. 32-33).

Todos esses processos produtivos geraram mudanças nas políticas

educacionais, em especial da educação profissional, onde “o trabalho deve ser

compreendido como princípio educativo... como fundamento unificador da educação

como prática social” (SEED, 2006, p. 11).

4 O termo “flexibilização” deriva da palavra “flexibilidade”, que é a qualidade do que é flexível. No campo da administração pode-se reportar a mobilidade geográfica e funcional dos trabalhadores, na maleabilidade nos custos de mão-de-obra, na gestão de recursos humanos, na organização do tempo de trabalho [...] no processo de fragmentação da produção, através das parcerias chamadas “terceirizações” e subcontratações. (Adaptado do artigo intitulado “A flexibilização no Direito do Trabalho enquanto instrumento de mudanças nas relações de trabalho”, de Alcídio Soares Júnior. Disponível em http: //www.uepg.br/rj/a1v1at07.htm).

Na sociedade industrializada, a tecnologia e as máquinas trouxeram ao

homem muitos dos conhecimentos já produzidos e a instituição da escola passou a

agir sobre o ser humano treinando-o, preparando o trabalhador repetidor, em vez de

educá-lo para a cidadania e para o mundo do trabalho.

Assim, o surgimento de novas concepções de educação permitiu uma visão

mais crítica sobre a formação total do indivíduo, a criação de significados, a tomada

de decisões e o pensamento autônomo.

Portanto, faz-se necessária uma concepção mais ampla de educação, que

atenda e incorpore em seu escopo as dimensões educativas que também ocorrem

no âmbito das relações sociais e que objetivam a formação humana, nas suas

dimensões sócio-políticas e produtivas, que permitam entender o trabalho como

princípio educativo, como categoria orientadora das políticas e programas da

educação profissional.

Para Ciavatta (2005, p. 4), existem duas formas fundamentais de trabalho:

O trabalho como relação criadora, do homem com a natureza, produzindo a existência humana, o trabalho como atividade de autodesenvolvimento físico, material, cultural, social, político, estético, o trabalho como manifestação de vida; e o trabalho nas suas formas históricas de sujeição, de servidão ou de escravidão, ou do trabalho moderno, assalariado, alienado na sociedade capitalista.

Isso implica em reconhecer que a sociedade, os modos de produção e os

regimes de acumulação dispõem de formas próprias de educação e que

desempenham funções na divisão social e técnica do trabalho.

Segundo Manfredi (2002, p.65),

Para resgatar a história das concepções e práticas de Educação Profissional no Brasil, é importante ir além das dimensões escolares. Faz-se necessário considerar também aquelas que se têm produzido, historicamente, em outros espaços sociais: sindicatos, empresas, associações de bairro, associações comunitárias, movimentos sociais. É importante ir além da perspectiva oficial e da orientação hegemônica.

Ao longo da história da educação e do trabalho no Brasil, desde os povos

nativos indígenas e no período colonial português, verifica-se que “a prática

educativa e o preparo do trabalho se fundiam com as práticas cotidianas de

socialização e de convivência” (MANFREDI, 2002, p.66).

Durante todo o período colonial, na Primeira República, no Estado Novo, no

período de redemocratização e na reforma do ensino médio e profissional dos anos

90, percebe-se a tentativa governamental de atender as demandas por

escolarização provocadas pela crescente globalização econômica.

Assim, ao longo da história o ensino, o trabalho e também o estágio, aqui

tratado como elemento que integra e interage com o saber escolar, foram sendo

modificados, buscando não só atender as necessidades dos educandos, mas

também os desafios propostos pela sociedade.

2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEGISLAÇÃO DE ESTÁGIO

O ensino e o estágio são regulamentados pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – LDB, nº. 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, que em seu

artigo 3º, aponta como importantes elementos de ensino a “vinculação entre

educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”. A LDB também garante ao

trabalhador, ao jovem ou adulto o acesso à educação profissional e indica que este

nível de educação deve ser integrado às diversas formas de educação, também ao

trabalho, à ciência e à tecnologia, a fim de conduzir o educando ao desenvolvimento

permanente de aptidões para a vida produtiva.

A Resolução nº. 1 CNE/CEB, de 21 de janeiro de 2004 da Câmara de

Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, estabelece as Diretrizes

Nacionais para a organização e a realização do estágio de alunos da Educação

Profissional e do Ensino Médio, inclusive nas modalidades de Educação Especial e

Educação de Jovens e Adultos.

O Art. 2º. da referida Resolução cita que:

O estágio, como procedimento didático-pedagógico e Ato Educativo, é essencialmente uma atividade curricular de competência da Instituição de Ensino, que deve integrar a proposta pedagógica da escola e os instrumentos de planejamento curricular do curso, devendo ser planejado, executado e avaliado em conformidade com os objetivos propostos.

Os Fundamentos Políticos e Pedagógicos da Educação Profissional do

Paraná (2006, p. 18), destacam as concepções de educação profissional para o

Estado, prevendo a articulação com a educação básica e tratando o trabalho como

princípio educativo, possibilitando assim “ao aluno dos cursos de formação

profissional em nível médio, compreender os processos de trabalho e em suas

dimensões científica, tecnológica e social, como parte das relações sociais”.

A legislação de estágio5 passou por alterações e atualmente a lei federal

que regulamenta o estágio é a Lei Nº. 11.788, que entrou em vigor em 25.09.2008.

O Art. 1º, da referida lei, cita que:

O estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular, em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.

No Art. 2º, apresenta a obrigatoriedade e a não obrigatoriedade do estágio:

O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso; § 1º Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma. § 2º Estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. § 3º As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do curso.

Desta forma verifica-se a obrigatoriedade da realização do estágio quando

este consta do projeto político-pedagógico do curso e tem carga horária específica.

A legislação também contempla em seu escopo as alterações no que tange

a jornada da atividade em estágio, sendo definida para 6 (seis) horas diárias e 30

5 A nova legislação de estágio está disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-

2010/2008/Lei/L11788.htm

(trinta) horas semanais a jornada de atividade em estágio para os alunos da

educação profissional de nível médio. O texto da lei evidencia que as escolas

deverão adequar a jornada de estágio do aluno estagiário a fim de que não

ultrapassem a carga horária permitida.

2.2 O ESTÁGIO E O PROCESSO INTERDISCIPLINAR

O estágio curricular, independente de sua obrigatoriedade, é uma forma do

aluno da educação profissional aprofundar conhecimentos, habilidades, atitudes e

técnicas, em sua área de interesse. Propicia ao educando a aplicação prática dos

conhecimentos adquiridos durante o curso, permitindo sua assimilação e interação

com o mundo do trabalho, oportunizando ao aluno/estagiário a oportunidade de

vivenciar situações reais de vida e de trabalho.

Para Fazenda (1998, p. 13), “Um olhar interdisciplinar atento recupera a

magia das práticas, a essência de seus movimentos, mas, sobretudo, induz-nos a

outras superações, ou mesmo reformulações.”

Compreende-se o estágio como um período de estudos práticos que

permitem ao aluno o exercício de uma atividade, adquirindo experiências para o

exercício de uma profissão. Entende-se que é um momento de estudos vivenciados

na prática para a aprendizagem e para a experiência, que pode trazer inúmeros

benefícios tanto para o educando (estagiário) quanto para a melhoria do ensino. A

maneira de aprender uma nova profissão pode partir da observação, da imitação, da

reprodução, da reelaboração de modelos e da elaboração de seu próprio modo de

ser e fazer.

O exercício de uma profissão é técnico e necessita da utilização de inúmeras

técnicas para a execução das operações e ações. Assim os profissionais formados

pela educação profissional necessitam desenvolver suas habilidades específicas

para operar os instrumentos próprios da sua atividade.

Mas “o processo educativo é mais amplo, complexo e inclui situações

específicas de treino, mas não pode ser reduzido a este” (PIMENTA e LIMA, 2008,

p. 38).

Para Pimenta e Gonçalves (1990) apud Pimenta e Lima (2008, p.45) “a

finalidade do estágio é propiciar ao aluno uma aproximação à realidade na qual

atuará”. Esta é uma postura diferenciada daquela que trata o estágio como a “parte

prática do curso”, pois redefine o estágio, como reflexão a partir de uma realidade.

A perspectiva técnica no estágio, em determinadas situações acaba gerando

certo distanciamento da vida e do trabalho concreto, pois muitas vezes as disciplinas

que compõem a matriz curricular dos cursos não estabelecem os nexos entre os

conteúdos que desenvolvem a realidade e as exigências de formação do aluno.

O estágio deve suscitar uma preocupação, nos eixos de todas as disciplinas

do curso, tanto nas disciplinas teóricas quanto nas disciplinas tidas como “práticas”.

O estágio necessita ser um momento de aproximação da realidade com a atividade

teórica.

Nesse sentido, o estágio curricular é atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, esta, sim, objeto da práxis. Ou seja, é no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá (PIMENTA e LIMA, 2008, p. 45).

Para Buriolla( 1999, p.10), o estágio é “o lócus onde a identidade profissional

é gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação

vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativa e

sistematicamente com essa finalidade”.

Assim, além dos conhecimentos sobre a profissão, também a qualificação, a

carreira profissional, o mundo do trabalho, o emprego, a ética profissional e a

competência devem integrar os conhecimentos trabalhados no período do estágio

curricular, pois para Codo (1992, p. 135) “a vida dos homens, sem dúvida, não se

reduz ao trabalho, mas também não pode ser compreendida na sua ausência”.

Entende-se que estagiar é tarefa do aluno e supervisionar o estágio é

atividade da escola, representada pelo professor, que pode ser tanto o professor-

orientador de estágio quanto o professor coordenador de estágios. É este supervisor

e/ou coordenador que acompanha que enxerga com o aluno/estagiário todas as

situações de trabalho que possam ser orientadas e indispensáveis à sua formação.

O estágio é um elemento de aprendizagem das disciplinas desenvolvidas

durante os semestres dos cursos da educação profissional, não sendo apenas uma

experiência prática, mas também um momento para reflexão, sistematização e

avaliação dos conhecimentos teóricos e instrumentos discutidos durante o curso.

As diferentes disciplinas do curso contribuem para a organização do estágio,

para a formação de um referencial teórico-prático que leve os alunos a terem

conceitos claros, a saber, demonstrá-los, a exercerem com qualidade o papel e as

funções a que se destinam.

As relações do estágio compreendem a escola, as inter-relações com as

disciplinas do curso, o plano de estágio, o aluno e as empresas concedentes, sendo

o ciclo alimentado pelas mudanças ocorridas em todos os níveis e processos.

Quando o estágio é bem definido, com acompanhamento adequado e

executado dentro das prerrogativas legais, ele representa um importante papel na

formação do jovem e futuro profissional. Contudo, o estágio não deve ser apenas

algo a mais a ser cumprido no currículo, mas deve ser considerado um elemento de

entrosamento entre a escola e o mundo do trabalho.

Para este entendimento é fundamental um currículo elaborado com o

envolvimento de todos os professores e de todas as disciplinas que fazem parte da

matriz curricular do curso. Para Fazenda (1993, p.31), a interdisciplinaridade

caracteriza-se pela “intensidade das trocas entre os especialistas e pela integração

das disciplinas num mesmo projeto de pesquisa”.

Isto permite uma relação de reciprocidade, de mutualidade, de um regime de

co-propriedade, de interação, através do diálogo entre os interessados, de

mudanças de atitude perante o problema do conhecimento, da substituição de uma

concepção fragmentária pela unitária do ser humano (FAZENDA, 1993, p. 31).

Mas para que ocorra a aquisição conceitual interdisciplinar é primordial a

mudança de postura do professor frente ao processo e que ocorra “o abandono das

posições acadêmicas prepotentes, unidirecionais e não rigorosas que fatalmente são

restritivas...”(FAZENDA, 1998, p.13)

Desta forma, o trabalho escolar ordenado de forma interdisciplinar permite a

possibilidade de organizar as diversas áreas do conhecimento em torno de um eixo

comum, que na presente pesquisa corresponde ao estágio curricular.

2.3 O PLANO DE ESTÁGIO E A AVALIAÇÃO

O estágio curricular quando elaborado através de um plano consistente e

orientado, torna-se um processo de aprendizagem significativa e construtiva para o

educando.

Refletir, planejar as atividades do plano de estágio e as sistemáticas de

avaliação requer um trabalho coletivo e o entendimento da percepção de todos os

envolvidos no processo de estágio sejam eles coordenadores de estágio,

professores das disciplinas, professores-orientadores e alunos. O diálogo

pedagógico que ocorre entre estas partes é que dá “ressignificação das práticas,

delineando novos caminhos para o estágio” (PIMENTA E LIMA, 2008, p. 177).

O plano de estágio faz parte de um contexto maior onde estão inseridas as

fases de planejamento e organização do processo de trabalho do aluno em estágio.

A elaboração de um documento ou de um roteiro de orientação de estágio permite

ao educando ter maior segurança na condução das atividades de estágio e torna-se

um norteador para o aluno em estágio, propiciando um plano de trabalho e o

desenvolvimento dos conteúdos teóricos aplicados à prática da profissão.

Nesta dinâmica, entende-se o plano de estágio como um processo de

construção e desconstrução coletiva, ele não é estático, mas dinâmico, onde

prepondera o planejamento individual e/ou coletivo das disciplinas do curso, no qual

são idealizados novos planos e decisões, através da retomada e aperfeiçoamento

constante.

Assim, o método de avaliar torna-se uma ação, tanto a avaliação do plano de

estágio em si quanto à avaliação da aprendizagem do aluno em estágio. Para que

isto ocorra se faz necessário entender os diferentes tipos de aprendizagem que faz

parte do processo: a aprendizagem cognitiva, a aprendizagem afetiva e a

aprendizagem psicomotora.

Segundo Moreira e Masini (1982, p. 3),

A cognição é o processo através do qual o mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados.

Para Moreira e Masini (1982), sob o ponto de vista cognitivista, a

aprendizagem é um processo de armazenamento de informação, condensação em

classes mais genéricas de conhecimentos, que são incorporadas a uma estrutura no

cérebro do indivíduo, de modo que esta possa ser manipulada e utilizada no futuro.

É a habilidade de organização das informações que deve ser desenvolvida.

Stange, Santos e Santos (2006), citam que para Ausubel, em sua Teoria da

Aprendizagem Significativa (1968, 1978, 1980), esta forma de aprender significa

assimilar, de modo organizado e integrado ao que já temos guardado em nossas

mentes, os significados conceituais, a tal ponto de estes se tornarem, também de

modo organizado e interativo, futuros referentes conceituais para a aprendizagem de

novos conceitos.

Para que a aprendizagem ocorra, ela deve ser significativa, ou seja, exige a

compreensão de significados, que podem ser relacionados às experiências e

vivências dos alunos.

Isso significa compreender que o ato de aprender possui um caráter

sistêmico e dinâmico, que exige inúmeras ações de ensino voltadas ao

aprofundamento e ampliação de significados elaborados mediante a participação do

aluno nas atividades de ensino-aprendizagem.

O estágio é um dos momentos onde ocorre o processo de aprendizagem

significativa, através do aprofundamento e da ampliação dos significados, com a

participação efetiva do aluno nas experiências vivenciadas no estágio e no processo

ensino-aprendizagem.

Outro aspecto a considerar é a avaliação do estágio, pois a avaliação como

um processo é capaz de propiciar o re-planejamento do trabalho do professor e do

aluno.

Os instrumentos de avaliação formal utilizados com maior freqüência são o

relatório descritivo, os formulários de avaliação do supervisor na unidade

concedente, os formulários de avaliação do coordenador de estágios e os

seminários de apresentação de estágios.

A existência de outros métodos de avaliação pode contribuir para melhoria

do processo avaliativo, dentre elas destacam-se: a auto-avaliação, os relatórios

parciais, a participação e envolvimento nas etapas de planejamento,

desenvolvimento e execução das atividades de estágio.

É necessário ressaltar a importância de uma avaliação crítica, sistemática e

contínua, que propicie melhores resultados para a formação dos alunos da

educação profissional a fim de que ocorra o “repensar das práticas de avaliação e de

todo o fazer pedagógico dos professores que têm compromisso com seu próprio

trabalho e com os que dependem dele” (NEVES, 2008, p.73).

2.4 ESTATÍSTICAS DA PESQUISA

Com o objetivo de levantar dados para a pesquisa foram elaborados

questionários a serem aplicados tanto para o corpo discente quanto para o corpo

docente do curso.

Durante o mês de novembro de 2008, foram realizadas pesquisas com 44

alunos e 09 professores do 2º semestre do Curso Técnico em Segurança do

Trabalho, a fim de subsidiar as atividades a serem desenvolvidas nas oficinas

propostas no plano de implementação, em 2009.

2.4.1 Questionário Aplicado aos Alunos

O questionário aplicado aos alunos contou com 17 questões de multiplica

escolha, sendo que 8 questões tratam do perfil do aluno do Curso Técnico em

Segurança do Trabalho e 9 questões tratam sobre a visão do aluno sobre o estágio.

O universo da pesquisa abrangeu 53 alunos do 2º semestre do curso, sendo que a

amostra da pesquisa corresponde a 44 alunos.

O perfil do aluno deste período do curso demonstra que quanto ao sexo

64% dos alunos são do sexo masculino e 80 % dos alunos residem na área urbana.

A idade predominante dos alunos que estudam neste período do curso encontra-se

faixa etária de 18 a 39 anos ( 96%).

Com relação à renda verifica-se que grande parte dos alunos possui renda

entre 1 e 2 salários mínimos (62%) e desempregados em torno de 20%. Quanto aos

cargos ocupados destacam-se pintores, eletricistas, sindicalistas, auxiliares,

atendentes, serventes, porteiros, padeiros, empregadas domésticas, autônomos e

também segurados do INSS.

A condição atual de trabalho apresenta que 48 % dos entrevistados

possuem emprego com carteira assinada e os demais alunos, ou seja, 52%

trabalham de forma informal, são trabalhadores autônomos ou encontram-se

desempregados. Quanto ao ramo de atividade em que atuam, 48% exercem suas

atividades na prestação de serviços.

Com relação ao tempo que ficaram sem estudar até iniciar o Curso Técnico

em Segurança do Trabalho, percebe-se que 41% dos entrevistados estavam

afastados da escola entre 6 meses e 1 ano, 36% de 2 a 5 anos, 21% de 6 a 10 anos

e 2% dos alunos encontrava-se afastado dos bancos escolares há mais de 20 anos.

Portanto o perfil do aluno desta modalidade de ensino retrata a predominância

de pessoas do sexo masculino, que ganham entre 1 e 2 salários mínimos, que

ocupam cargos de pouca qualificação profissional, que em sua maioria trabalham

prestando serviços como autônomos ou informalmente e que estavam afastados da

educação formal há algum tempo.

Quanto às questões sobre o estágio supervisionado 95% dos alunos

concordam que o estágio reflete um momento de aprendizagem e no que trata

sobre as dificuldades para iniciar o estágio do 2º. Semestre, 57% dos alunos

citaram que encontraram dificuldades para realizar o estágio. Dentre as dificuldades

elencadas encontram-se a falta de orientação sobre as atividades de estágio com

24%, a dispensa pela empresa para a realização do estágio com 21%, a demora

para o início do estágio e para conseguir onde estagiar com 17% respectivamente

cada, o horário de realização do estágio com 18% e outros motivos em torno de 3%.

Na questão referente ao programa( plano de estágio do curso), os alunos

avaliaram como satisfatório 55%, regular 32%, insuficiente 7%, mal elaborado 4% e

incompleto 2%.

Questionados quanto a quem o aluno procurou tirar suas dúvidas sobre o

estágio, 32% dos entrevistados responderam que tiram suas dúvidas com o

professor orientador de estágio, 16% com os professores do curso, 16% com o

supervisor na empresa, 14 % não tira dúvidas com nenhum dos citados, 13% com o

coordenador de estágio, e 9% tira suas dúvidas com o coordenador do curso.

Com relação à orientação com o professor orientador de estágios 59% dos

alunos citaram que buscaram orientação ocasionalmente, 30 % frequentemente e

11% dos alunos citaram que nunca buscaram orientação com seu professor

orientador.

Sobre a percepção quanto à relação entre o estágio e os conteúdos

estudados nas disciplinas do 1º e 2º semestres do curso, 71% dos alunos percebem

que existe esta relação, 18% percebem uma relação mais próxima com as

disciplinas do 2º semestre, 9% citaram que percebem uma relação mais próxima

com as disciplinas do 1º semestre e 2% dos alunos citaram que não percebem uma

relação entre as disciplinas do curso e as atividades de estágio.

A tabela 01 demonstra a questão 16 da pesquisa aplicada aos alunos.

TABELA 01 – DIFICULDADES ENCONTRADAS NO DECORRER DO CURSO

QUESTÃO 16 – QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES ENCONTRA DAS NO

DECORRER DO CURSO?

RESPOSTAS

• Na infra-estrutura do Colégio (falta de equipamentos, recursos...) 23

• No preparo das aulas e metodologia de ensino do professor 14

• Na realização do estágio 14

• Domínio do conteúdo pelo professor 12

• Nas formas de avaliação 9

• Na exposição dos conteúdos pelo professor 7

• Dificuldade de entendimento dos conteúdos 7

• Falta de conhecimentos básicos que não foram adquiridos anteriormente

ao curso

5

• Carga horária do curso ( 5 aulas no período noturno) 5

• Não está encontrando dificuldades 5

• Outros: Falta de aulas, ônibus, sem resposta para dúvidas de estágio 3

• Relacionamento com os colegas 1

• Relacionamento com os professores 1

FONTE: Pesquisa realizada pela Autora (2008).

Percebe-se pelas respostas dos alunos que a infra-estrutura do colégio, como

a falta de equipamentos e recursos para o curso, que a realização do estágio e os

problemas de ordem metodológica norteiam a maioria das respostas elencadas

pelos alunos.

O gráfico 1 representa as respostas ao questionamento sobre o significado do

curso para a vida profissional do aluno.

GRÁFICO 1 – SIGNIFICADO DO CURSO PARA A VIDA PROFIS SIONAL DO ALUNO

FONTE: Pesquisa realizada pela Autora(2 008).

Através das respostas obtidas no gráfico 1 verifica-se que 51% dos alunos

citaram que o curso pode vir a lhe oferecer novas oportunidades de emprego, 15%

ascensão profissional, 15% mudança de profissão, 9% formação, 5% um diploma,

5% outros aspectos como agregar conhecimentos, novos horizontes.

2.4.2 Questionário aplicado aos professores do curso

O questionário aplicado aos professores que atuam no 1º e 2º semestre do

curso contou com 08 questões de múltipa escolha, sendo que o universo da

pesquisa abrangeu 10 professores e a amostra da pesquisa corresponde a 09

professores.

Questionados sobre sua situação funcional, 78 % dos professores

responderam que são contratados como PSS, ou seja, contrato temporário de

trabalho. Quanto à carga horária de trabalho, 34 % dos professores ministram de 6

a 10 aulas semanais, 33% de 11 a 20 aulas semanais, 22% mais de 20 aulas

semanais e apenas 11% menos de 5 aulas semanais.

O gráfico 2 apresenta o questionamento se o professor possui curso de

formação pedagógica, ou seja, se possui formação para professor.

9 %5 %

1 5 %

5 1 %

1 5 %5 %

S I G N I F I C A D O D O C U R S O

F O R M A Ç Ã O

U M D I P L O M A

A S C E N S Ã O P R O F I S S I O N A L

N O V A S O P O R T U N I D A D E S D E E M P R E G O

M U D A N Ç A D E P R O F I S S Ã O

O U T R O S : A G R E G A R C O N H E C I M E N T O S , N O V O S H O R I Z O N T E S

GRÁFICO 2 – FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES QUE ATUAM NO

CURSO

FONTE: Pesquisa realizada pela Autora (2008).

Através do gráfico 2, verifica-se que apesar de não serem professores

efetivos do Estado, a grande maioria, ou seja, 56% dos professores possuem curso

de formação pedagógica.

Questionados sobre o conhecimento das atividades desenvolvidas pelo

Coordenador de Estágio e Professor Orientador de Estágio do curso, 67% dos

professores responderam que conhecem as atividades desenvolvidas por estes

profissionais, 22% dos professores desconhecem o trabalho realizado e 11%

responderam que conhecem as atividades desenvolvidas pelo professor orientador

de estágio.

O gráfico 3 demonstra o grau de conhecimento do professor que atua em

sala de aula sobre o programa-plano de estágio do 2º semestre do curso.

5 6 %

4 4 %

FO RMAÇÃO PEDAG Ó G ICA

SIM

NÃ O

GRÁFICO 3 – GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE O ESTÁGIO

FONTE: Pesquisa realizada pela Autora (2008).

Verifica-se no gráfico 3 que 33% dos professores têm um conhecimento entre

bom e ótimo sobre o estágio realizado no curso, 45% dos professores conhecem

parcialmente o programa de estágio e 22% de pouco conhecimento sobre o plano de

estágio existente.

O gráfico 4 demonstra a contribuição do professor na elaboração do plano de

estágio do 2º semestre do curso.

GRÁFICO 4 – PARTICIPAÇÃO DO PROFESSOR NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE ESTÁGIO

FONTE: Pesquisa realizada pela Autora (2008).

Percebe-se pelo gráfico 4, que 89% dos professores que atuam hoje no

curso não contribuíram para a elaboração do plano de estágio. Questionados sobre

se os alunos têm buscado os professores para orientarem e tirarem suas dúvidas de

1 1 %

8 9 %

C O L A B O R A Ç Ã O D O P R O F E S S O R N A E L A B O R A Ç Ã O D O P L A N O D E E S T Á G IO

S IM

N Ã O

1 1 %

1 1 %

4 5 %

2 2 %

1 1 %

G R A U D E C O N H E C IM E N T O S O B R E O E S T Á G IO

M U IT O B A IX O

B A IX O

M É D IO

B O M

Ó T IM O

estágio, 56 % dos professores responderam que ocasionalmente são procurados

pelos alunos e 44% dos professores disseram que não houve procura por parte dos

alunos.

Finalizando o questionário, perguntou-se aos professores se no entendimento

deles, percebiam se ocorre a interdisciplinaridade entre as disciplinas do curso e o

estágio desenvolvido pelos alunos do 2º semestre do curso, sendo que 67%

responderam que sim e 33% responderam que não.

2.4.3. Questionário aplicado à Coordenação de Curso e Coordenação de Estágio

Para finalizar a pesquisa, foram aplicados questionários à Coordenação de

Curso, Coordenação de Estágio e Professor Orientador de Estágio. Na percepção

destes profissionais verifica-se que a carga horária para realização das atividades de

coordenação de curso não é suficiente, já para as atividades de orientação e

coordenação de estágio, os professores citam que é suficiente para realização dos

trabalhos.

Questionado sobre a percepção da interação e a interdisciplinaridade das

disciplinas do curso em relação ao estágio, o Coordenador de Curso, respondeu que

“creio que não haja muita interação entre as disciplinas”. E pondera que

“dificilmente” há contribuição dos professores com sugestões e recomendações

sobre a forma de realização do estágio. No mesmo questionamento, o professor

orientador de estágio cita que “dificilmente observa-se um consenso entre as

disciplinas na aplicação a campo”.

Também o Coordenador Estágio relata que de “todas as disciplinas do curso

são necessárias para a realização do estágio, algumas com mais ênfase outras um

pouco menos. Se existe interação entre as disciplinas ela acontece de maneira

isolada e não de maneira perceptível”. Finalmente, cita que não há contribuição dos

docentes com sugestões e recomendações quanto à forma de realização do

estágio.

Portanto, na fala dos profissionais que atuam como coordenadores e

orientadores de estágio percebe-se a necessidade do trabalho interdisciplinar entre

os docentes, a fim de que o estágio reflita a aprendizagem teórico-prática do aluno

do curso de educação profissional.

2.5 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NO COLÉGIO

As atividades de implementação do projeto do PDE no Colégio Estadual

Ana Vanda Bassara, foram realizadas no 1º semestre de 2009. A Direção da escola

e a equipe pedagógica disponibilizaram momentos para que o projeto de intervenção

fosse apresentado e discutido com o corpo docente, através de oficinas

pedagógicas.

Os resultados da pesquisa realizada com alunos e professores foram

apresentados aos docentes na I Oficina Pedagógica, também o perfil e perspectivas

do aluno em relação ao estágio e ao curso. Os temas das oficinas versaram sobre o

estágio, a interdisciplinaridade e a avaliação contínua do estágio.

Foram estudados os textos elaborados na unidade didática e os resultados

das oficinas possibilitaram:

• Discussões pelo corpo docente sobre a temática do estágio e o processo

interdisciplinar;

• A construção coletiva e interdisciplinar do roteiro de estágio;

• A reformulação da sistemática de avaliação, contemplando a entrega de

relatórios parciais bimestrais pelos alunos em estágio; a avaliação a cada 50

horas de estágio; avaliação bimestral do supervisor na empresa, do

coordenador de estágio e do professor orientador de estágio.

• A disponibilização do roteiro na internet, na página virtual da escola.

Como contribuição final, os resultados do processo de implementação foram

disponibilizados aos participantes do GTR – Grupo de Trabalho em Rede, sendo que

alguns dos participantes disponibilizaram o material para análise de coordenadores

de curso e de estágio de outros estabelecimentos de ensino da rede estadual.

CONCLUSÃO

Entende-se que o estágio é uma ação educativa desenvolvida nos ambientes

de trabalho, que busca a preparação dos educandos para o mundo do trabalho,

sendo um período de estudos em que o aluno tem contato direto com a prática da

profissão e que permite ao aluno o exercício de uma atividade, na qual ele pode vir a

adquirir experiências para o exercício de uma futura profissão.

Percebe-se ainda, que é um momento de aprendizagem significativa,

porque promove o aprofundamento dos estudos e a ampliação dos significados,

através da participação efetiva do aluno nas experiências vivenciadas durante este

processo ensino-aprendizagem.

É um momento de estudos vivenciados na prática para a aprendizagem e

para a experiência, que pode trazer inúmeros benefícios tanto para o educando

(estagiário) quanto para a melhoria do ensino. E a maneira de aprender a nova

profissão de Técnico em Segurança do Trabalho, pode partir da observação dos

conteúdos articulados no 1º e 2º semestres do curso.

Conhecer as peculiaridades de cada disciplina do curso, seus conteúdos e

as possibilidades de realização de um trabalho interdisciplinar, contribui

significativamente para o processo ensino-aprendizagem.

Através da aplicação da pesquisa de campo, no final do ano de 2008, foi

possível realizar uma análise do perfil dos alunos que freqüentam o 2º semestre do

curso e também o seu entendimento quanto ao estágio, o que permitiu que os

docentes também pudessem conhecer o seu alunado.

Nos questionamentos aplicados aos professores verifica-se a necessidade

de contratação de professores efetivos (QPM – Quadro Próprio do Magistério), para

atuarem de forma efetiva no curso, possibilitando assim, o desenvolvimento de um

trabalho interdisciplinar tanto em sala de aula quanto no estágio, evitando a

rotatividade de professores, estabiliza o quadro e permite ações pedagógicas de

longo prazo.

As oficinas pedagógicas possibilitaram que os docentes elaborassem um

novo roteiro de estágio, mais dinâmico e atualizado com as tendências educacionais

e do mundo do trabalho. Por conseguinte, existe a necessidade da continuidade dos

encontros ou oficinas pedagógicas, a fim de corrigir rotas e eventuais problemas

identificados na utilização do roteiro de estágio pelos alunos.

Portanto, as atividades de implementação do projeto do PDE no colégio,

permitiram, através da realização das oficinas pedagógicas, um maior conhecimento

dos professores sobre a temática do Estágio, bem como discussões sobre o

processo interdisciplinar e o estágio.

Assim, os encontros possibilitaram a construção coletiva do roteiro de

estágio e a reformulação da sistemática de avaliação do estágio, sendo este novo

roteiro analisado pelo corpo docente e encontra-se disponibilizado aos alunos na

página virtual da escola.

Os resultados do processo de implementação foram disponibilizados aos

participantes do GTR – Grupo de Trabalho em Rede e o roteiro de estágio

contempla sugestões deste grupo de trabalho.

Entende-se que este não é um trabalho acabado, pois o estudo é um eterno

renovar e a escola, o trabalho e as novas tecnologias de informação estão em ritmo

de mudanças.

Como próximo passo, para momentos de novos estudos, discutiu-se com o

grupo de professores ampliar o roteiro de estágio visando integrar a visão dos

Técnicos em Segurança do Trabalho, ex-alunos do colégio, que estão atuando nas

empresas da região.

Ações como esta podem vir a permitir uma constante reconstrução e

ampliação dos conceitos do estágio curricular do curso, propiciando aliar o

conhecimento teórico e prático para a formação integral do aluno, que é o objetivo

final do estágio e da escola como um todo.

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Educacional do Estado do Paraná.

À UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Oeste, na pessoa do Ms.

Edélcio Stroparo pelo apoio, orientação e condução do trabalho.

Ao Colégio Estadual Ana Vanda Bassara, Direção, Equipe Pedagógica, Corpo

Docente e Discente, pela contribuição e oportunidade no desenvolvimento deste

estudo.