EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E O MUNDO DO TRABALHO: O ESTÁGIO ... · supervisionado, bem como o...
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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E O MUNDO DO TRABALHO: O ESTÁ GIO
CURRICULAR COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM SIGNIF ICATIVA.
ANDRADE, Luciana Bortoncello Lorenzetti1 [email protected]
STROPARO, Edélcio José2 [email protected]
RESUMO O artigo apresenta as conclusões dos estudos possibilitados pelo PDE – Programa de Desenvolvimento da Educação, ofertado pelo Governo do Estado do Paraná, na área de Disciplinas Técnicas, no período de 2008 e 2009. O estudo foi desenvolvido tendo como foco a educação profissional e o estágio curricular do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, sendo a pesquisa desenvolvida no Colégio Estadual Ana Vanda Bassara – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, na cidade de Guarapuava (PR). Como problemática de pesquisa foram investigadas as dificuldades existentes na articulação entre as várias disciplinas do curso e o estágio curricular supervisionado, bem como o entendimento do corpo discente e docente sobre o estágio. A metodologia de pesquisa utilizada foi o estudo de caso e a pesquisa de campo. Na pesquisa de campo foram utilizados instrumentos como questionários aplicados aos alunos do 2º semestre do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, aos professores e Coordenadores do Curso. Os resultados da pesquisa possibilitaram análises e reflexões pelo corpo docente, bem como foram orientadores para a construção de um novo Roteiro de Estágio para o referido curso. PALAVRAS-CHAVE : Educação Profissional. Mundo do Trabalho. Estágio. ABSTRACT The article presents the conclusion of the studies made possible by PDE- Program of Education Development, offered by the State of Paraná Government, in the area of Technical Subjects, between 2008 and 2009. The study was developed having as focus the professional education and curricular training of the Technical Course in Work Safety, being done the research in the State College Ana Vanda Bassara - Elementary, Middle and Professional School, in the city of Guarapuava (PR). As the research problematic were examined the difficulties that exists in linkage of the various disciplines of the course and the supervised curricular training, as well as the understanding of students and professors on the training. The research methodology used was the case study and the field research. In the field research were used instruments as questionnaires applied to students in the 2nd half of the Technical Course in Work Safety, teachers and Coordinators of the Course. The survey results enabled analysis and reflections by teachers, as they guided the building of a new Roadmap of Training for that course. KEY-WORDS: Professional Education. World of Work. Training.
1 Professora PDE. Formada em Administração, Especialista em Administração de Recursos Humanos pela UNICENTRO e professora da disciplina de Administração no Curso Técnico em Segurança do Trabalho. 2 Professor Orientador PDE. Mestre em Educação pela UFPR, formado em Direito e professor da disciplina de Direito Empresarial na UNICENTRO.
1 INTRODUÇÃO
A temática do presente estudo do PDE – Programa de Desenvolvimento da
Educação aborda questões sobre a educação e o trabalho, tendo como foco a
educação profissional e o estágio curricular do Curso Técnico em Segurança do
Trabalho.
O estudo foi realizado no Colégio Estadual Ana Vanda Bassara – Ensino
Fundamental, Médio e Profissional, localizado na cidade de Guarapuava (PR), que
possui tradição regional na oferta de cursos do ensino profissional. Desde 1990, o
Colégio oferta à comunidade o Curso Técnico em Segurança do Trabalho e a partir
de 1994 também passou a ofertar o Curso Técnico em Informática.
Em virtude das mudanças ocorridas nas políticas governamentais e na
legislação do ensino profissional, os cursos técnicos deixaram de ser ofertados em
1999, sendo retomados pela Secretaria de Estado da Educação a partir de 2003.
Atualmente o curso Técnico em Segurança do Trabalho é ofertado na modalidade
subseqüente3.
O curso ofertado no referido Colégio conta com mais de 250 alunos, no
presente ano letivo e destaca-se pela procura da comunidade local e de municípios
vizinhos, principalmente pela qualidade do ensino ofertado e amplo mercado de
trabalho.
Os estudos ocorrem em três períodos letivos, com estágio em empresas
locais no 2º. e 3º. semestres, sendo 100 horas em cada período. A carga horária é
prevista na matriz curricular e o aluno possui acompanhamento do Coordenador de
Estágio e do Professor-Orientador de Estágio em horário de contra turno.
Para efetivação das atividades de estágio os alunos seguem um plano de
estágio, que estava em vigor desde 2004 e que foi formulado na época pela
Coordenação de Curso, sem a participação efetiva do conjunto de professores que
ministram as disciplinas do curso.
Em sala de aula a disciplina de Técnicas de Treinamento e Metodologia
Científica, procura dar conta da orientação metodológica das atividades de estágio,
3 Curso subseqüente é aquele oferecido somente a quem já concluiu o Ensino Médio e maior de 18 anos.
além do conteúdo proposto pela disciplina, o que dificulta o entendimento dos
alunos.
Iniciei no Magistério em 1990, atuando como professora do referido curso.
Atuei nas diversas disciplinas, também como Coordenadora do Curso,
Coordenadora de Estágio e professora da disciplina de Administração.
Exercendo as funções de Coordenação de Curso e de Estágio, observei
diversas problemáticas durante a execução dos estágios, bem como a necessidade
de integrá-lo e vinculá-lo às demais disciplinas do curso. Também é evidente que
alguns obstáculos interferem na qualidade do estágio, dentre destacam-se: a falta de
uma metodologia de trabalho, a necessidade de integração das disciplinas da matriz
curricular com o estágio, a demora na intermediação dos estágios, as deficiências de
infra-estrutura, a falta de orientação e acompanhamento adequado, bem como o
entendimento, por parte do aluno, da importância da realização do estágio.
Outro aspecto é que o estágio ocorre de forma concomitante ao período
letivo, o que gera preocupação entre os alunos, devido à dispensa do trabalho para
a realização do estágio, ao cumprimento da carga horária e a necessidade de uma
orientação adequada.
Todos esses obstáculos geram o descontentamento e a evasão dos alunos
e são fatores que preocupam tanto a direção escolar, a supervisão pedagógica
escolar, quanto à coordenação de estágio, a coordenação de curso e o corpo
docente. Verifica-se, assim a necessidade de superar essas contradições e
obstáculos, seja pela inserção de significados no ensino e/ou de novas estratégias,
objetivando a formação de um perfil profissional capaz de responder às
necessidades sociais da atualidade.
O estágio curricular supervisionado é uma experiência fundamental na
formação profissional do Técnico em Segurança do Trabalho. É um dentre os mais
importantes momentos onde ocorre a aprendizagem e o aprofundamento das
disciplinas desenvolvidas durante o curso de educação profissional, ele é a base e o
fundamento para a construção de um relatório de conclusão de estágio. Portanto, a
integração entre as disciplinas do curso e o estágio pode facilitar o processo de
aprendizagem, bem como despertar o interesse de professores e alunos para
importância da prática profissional.
Como problemática de pesquisa foram investigadas as dificuldades
existentes na articulação entre as várias disciplinas do curso e o estágio curricular
supervisionado, bem como o entendimento do corpo docente sobre o papel do
estágio e da sua disciplina na elaboração de um plano de trabalho para o estágio,
que atendesse a proposta do Curso Técnico em Segurança do Trabalho, do Colégio
Estadual Ana Vanda Bassara.
Como objetivo geral, foi necessário diagnosticar a sistemática de execução
do estágio curricular supervisionado do Curso Técnico em Segurança do Trabalho e
propor mudanças no processo de realização do estágio.
Já os objetivos específicos trataram de analisar o desenvolvimento do
estágio curricular do curso, propondo mudanças, através de oficinas pedagógicas,
no processo de realização do estágio curricular. Também a elaboração de material
didático possibilitou o entendimento do estágio como um processo de aprendizagem
significativa e a utilização de tecnologias de informação como meios facilitadores da
aprendizagem.
A metodologia de pesquisa caracteriza-se pelo estudo de caso e a pesquisa
de campo. Na pesquisa de campo foram utilizados instrumentos como os
questionários aplicados aos alunos do 2º semestre do Curso Técnico em Segurança
do Trabalho, aos professores, Coordenadores do Curso e de Estágio.
Os resultados da pesquisa possibilitaram análises e reflexões pelo corpo
docente, bem como foram orientadores para a construção de um novo Roteiro de
Estágio.
2 DESENVOLVIMENTO
A educação, o mundo do trabalho e a sociedade têm passado por inúmeras
transformações nas últimas décadas. Dentre as transformações ocorridas no mundo
do trabalho destaca-se o período artesanal, a produção industrial (produção em
massa) no período taylorista/fordista e o período toyotista/volvista. Todos esses
modelos de processos produtivos interferiram nas formas de condução da educação,
pois se evidencia cada vez mais, que a educação também atende aos anseios do
capital.
Também as atividades laborais exercidas pelo homem, ao longo da história,
sofreram diversos desdobramentos, dentre eles, destacam-se o período artesanal
que se caracterizou pelo trabalho do artesão, com produção em pequena escala, ou
seja, apenas para o sustento da família do trabalhador e/ou para troca entre
pequenos produtores. “Antes da revolução industrial, as atividades industriais e
agrícolas eram exercidas de forma artesanal e, na maioria dos casos, rudimentar,
com grande intensidade de mão-de-obra e pouca de capital” (LACOMBE E
HEILBORN, 2006).
A produção do período artesanal difere do modo de produção taylorista, que
teve início final do século XIX, pois “surgiu para quebrar esse domínio artesanal e
submeter todo o processo de fabricação à autoridade indiscutível dos patrões. O
taylorismo se implantou numa guerra aberta e declarada” (KATZ, 1995, p. 14).
Esse modo de produção provocou a “estandardização forçada e a direção
minuciosa, os capatazes impuseram a nova modalidade de trabalho repetitivo e
designaram as tarefas segundo as ordens patronais” (KATZ, 1995, p. 14).
Com o advento do modelo taylorista, este novo modo de produção transferiu o
conhecimento das operações e os projetos da produção à gerência da fábrica, pois
“os cronômetros se instalaram sobre os ombros dos operários qualificados para
descobrir seus tempos e movimentos. Com estes índices, logo se elaboraram tábuas
de produção sujeitas a ritmos muito mais intensos” (KATZ, 1995, p. 14).
Já no período toyotista/volvista, fica evidente o eixo da flexibilização do
trabalho e a readequação de tarefas com o objetivo de minimizar a rotina taylorista.
O surgimento dos “grupos autônomos” de trabalho, a implantação dos “CCQ-
Círculos de Controle de Qualidade”, a flexibilização do trabalho4, a informatização da
produção, a robótica e a microeletrônica produziram a anulação das funções do
sujeito responsável e competente e banalizaram o conteúdo intelectual das tarefas
(KATZ, 1995, p. 32-33).
Todos esses processos produtivos geraram mudanças nas políticas
educacionais, em especial da educação profissional, onde “o trabalho deve ser
compreendido como princípio educativo... como fundamento unificador da educação
como prática social” (SEED, 2006, p. 11).
4 O termo “flexibilização” deriva da palavra “flexibilidade”, que é a qualidade do que é flexível. No campo da administração pode-se reportar a mobilidade geográfica e funcional dos trabalhadores, na maleabilidade nos custos de mão-de-obra, na gestão de recursos humanos, na organização do tempo de trabalho [...] no processo de fragmentação da produção, através das parcerias chamadas “terceirizações” e subcontratações. (Adaptado do artigo intitulado “A flexibilização no Direito do Trabalho enquanto instrumento de mudanças nas relações de trabalho”, de Alcídio Soares Júnior. Disponível em http: //www.uepg.br/rj/a1v1at07.htm).
Na sociedade industrializada, a tecnologia e as máquinas trouxeram ao
homem muitos dos conhecimentos já produzidos e a instituição da escola passou a
agir sobre o ser humano treinando-o, preparando o trabalhador repetidor, em vez de
educá-lo para a cidadania e para o mundo do trabalho.
Assim, o surgimento de novas concepções de educação permitiu uma visão
mais crítica sobre a formação total do indivíduo, a criação de significados, a tomada
de decisões e o pensamento autônomo.
Portanto, faz-se necessária uma concepção mais ampla de educação, que
atenda e incorpore em seu escopo as dimensões educativas que também ocorrem
no âmbito das relações sociais e que objetivam a formação humana, nas suas
dimensões sócio-políticas e produtivas, que permitam entender o trabalho como
princípio educativo, como categoria orientadora das políticas e programas da
educação profissional.
Para Ciavatta (2005, p. 4), existem duas formas fundamentais de trabalho:
O trabalho como relação criadora, do homem com a natureza, produzindo a existência humana, o trabalho como atividade de autodesenvolvimento físico, material, cultural, social, político, estético, o trabalho como manifestação de vida; e o trabalho nas suas formas históricas de sujeição, de servidão ou de escravidão, ou do trabalho moderno, assalariado, alienado na sociedade capitalista.
Isso implica em reconhecer que a sociedade, os modos de produção e os
regimes de acumulação dispõem de formas próprias de educação e que
desempenham funções na divisão social e técnica do trabalho.
Segundo Manfredi (2002, p.65),
Para resgatar a história das concepções e práticas de Educação Profissional no Brasil, é importante ir além das dimensões escolares. Faz-se necessário considerar também aquelas que se têm produzido, historicamente, em outros espaços sociais: sindicatos, empresas, associações de bairro, associações comunitárias, movimentos sociais. É importante ir além da perspectiva oficial e da orientação hegemônica.
Ao longo da história da educação e do trabalho no Brasil, desde os povos
nativos indígenas e no período colonial português, verifica-se que “a prática
educativa e o preparo do trabalho se fundiam com as práticas cotidianas de
socialização e de convivência” (MANFREDI, 2002, p.66).
Durante todo o período colonial, na Primeira República, no Estado Novo, no
período de redemocratização e na reforma do ensino médio e profissional dos anos
90, percebe-se a tentativa governamental de atender as demandas por
escolarização provocadas pela crescente globalização econômica.
Assim, ao longo da história o ensino, o trabalho e também o estágio, aqui
tratado como elemento que integra e interage com o saber escolar, foram sendo
modificados, buscando não só atender as necessidades dos educandos, mas
também os desafios propostos pela sociedade.
2.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEGISLAÇÃO DE ESTÁGIO
O ensino e o estágio são regulamentados pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDB, nº. 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, que em seu
artigo 3º, aponta como importantes elementos de ensino a “vinculação entre
educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”. A LDB também garante ao
trabalhador, ao jovem ou adulto o acesso à educação profissional e indica que este
nível de educação deve ser integrado às diversas formas de educação, também ao
trabalho, à ciência e à tecnologia, a fim de conduzir o educando ao desenvolvimento
permanente de aptidões para a vida produtiva.
A Resolução nº. 1 CNE/CEB, de 21 de janeiro de 2004 da Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, estabelece as Diretrizes
Nacionais para a organização e a realização do estágio de alunos da Educação
Profissional e do Ensino Médio, inclusive nas modalidades de Educação Especial e
Educação de Jovens e Adultos.
O Art. 2º. da referida Resolução cita que:
O estágio, como procedimento didático-pedagógico e Ato Educativo, é essencialmente uma atividade curricular de competência da Instituição de Ensino, que deve integrar a proposta pedagógica da escola e os instrumentos de planejamento curricular do curso, devendo ser planejado, executado e avaliado em conformidade com os objetivos propostos.
Os Fundamentos Políticos e Pedagógicos da Educação Profissional do
Paraná (2006, p. 18), destacam as concepções de educação profissional para o
Estado, prevendo a articulação com a educação básica e tratando o trabalho como
princípio educativo, possibilitando assim “ao aluno dos cursos de formação
profissional em nível médio, compreender os processos de trabalho e em suas
dimensões científica, tecnológica e social, como parte das relações sociais”.
A legislação de estágio5 passou por alterações e atualmente a lei federal
que regulamenta o estágio é a Lei Nº. 11.788, que entrou em vigor em 25.09.2008.
O Art. 1º, da referida lei, cita que:
O estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular, em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.
No Art. 2º, apresenta a obrigatoriedade e a não obrigatoriedade do estágio:
O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso; § 1º Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma. § 2º Estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. § 3º As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do curso.
Desta forma verifica-se a obrigatoriedade da realização do estágio quando
este consta do projeto político-pedagógico do curso e tem carga horária específica.
A legislação também contempla em seu escopo as alterações no que tange
a jornada da atividade em estágio, sendo definida para 6 (seis) horas diárias e 30
5 A nova legislação de estágio está disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2008/Lei/L11788.htm
(trinta) horas semanais a jornada de atividade em estágio para os alunos da
educação profissional de nível médio. O texto da lei evidencia que as escolas
deverão adequar a jornada de estágio do aluno estagiário a fim de que não
ultrapassem a carga horária permitida.
2.2 O ESTÁGIO E O PROCESSO INTERDISCIPLINAR
O estágio curricular, independente de sua obrigatoriedade, é uma forma do
aluno da educação profissional aprofundar conhecimentos, habilidades, atitudes e
técnicas, em sua área de interesse. Propicia ao educando a aplicação prática dos
conhecimentos adquiridos durante o curso, permitindo sua assimilação e interação
com o mundo do trabalho, oportunizando ao aluno/estagiário a oportunidade de
vivenciar situações reais de vida e de trabalho.
Para Fazenda (1998, p. 13), “Um olhar interdisciplinar atento recupera a
magia das práticas, a essência de seus movimentos, mas, sobretudo, induz-nos a
outras superações, ou mesmo reformulações.”
Compreende-se o estágio como um período de estudos práticos que
permitem ao aluno o exercício de uma atividade, adquirindo experiências para o
exercício de uma profissão. Entende-se que é um momento de estudos vivenciados
na prática para a aprendizagem e para a experiência, que pode trazer inúmeros
benefícios tanto para o educando (estagiário) quanto para a melhoria do ensino. A
maneira de aprender uma nova profissão pode partir da observação, da imitação, da
reprodução, da reelaboração de modelos e da elaboração de seu próprio modo de
ser e fazer.
O exercício de uma profissão é técnico e necessita da utilização de inúmeras
técnicas para a execução das operações e ações. Assim os profissionais formados
pela educação profissional necessitam desenvolver suas habilidades específicas
para operar os instrumentos próprios da sua atividade.
Mas “o processo educativo é mais amplo, complexo e inclui situações
específicas de treino, mas não pode ser reduzido a este” (PIMENTA e LIMA, 2008,
p. 38).
Para Pimenta e Gonçalves (1990) apud Pimenta e Lima (2008, p.45) “a
finalidade do estágio é propiciar ao aluno uma aproximação à realidade na qual
atuará”. Esta é uma postura diferenciada daquela que trata o estágio como a “parte
prática do curso”, pois redefine o estágio, como reflexão a partir de uma realidade.
A perspectiva técnica no estágio, em determinadas situações acaba gerando
certo distanciamento da vida e do trabalho concreto, pois muitas vezes as disciplinas
que compõem a matriz curricular dos cursos não estabelecem os nexos entre os
conteúdos que desenvolvem a realidade e as exigências de formação do aluno.
O estágio deve suscitar uma preocupação, nos eixos de todas as disciplinas
do curso, tanto nas disciplinas teóricas quanto nas disciplinas tidas como “práticas”.
O estágio necessita ser um momento de aproximação da realidade com a atividade
teórica.
Nesse sentido, o estágio curricular é atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, esta, sim, objeto da práxis. Ou seja, é no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá (PIMENTA e LIMA, 2008, p. 45).
Para Buriolla( 1999, p.10), o estágio é “o lócus onde a identidade profissional
é gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação
vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativa e
sistematicamente com essa finalidade”.
Assim, além dos conhecimentos sobre a profissão, também a qualificação, a
carreira profissional, o mundo do trabalho, o emprego, a ética profissional e a
competência devem integrar os conhecimentos trabalhados no período do estágio
curricular, pois para Codo (1992, p. 135) “a vida dos homens, sem dúvida, não se
reduz ao trabalho, mas também não pode ser compreendida na sua ausência”.
Entende-se que estagiar é tarefa do aluno e supervisionar o estágio é
atividade da escola, representada pelo professor, que pode ser tanto o professor-
orientador de estágio quanto o professor coordenador de estágios. É este supervisor
e/ou coordenador que acompanha que enxerga com o aluno/estagiário todas as
situações de trabalho que possam ser orientadas e indispensáveis à sua formação.
O estágio é um elemento de aprendizagem das disciplinas desenvolvidas
durante os semestres dos cursos da educação profissional, não sendo apenas uma
experiência prática, mas também um momento para reflexão, sistematização e
avaliação dos conhecimentos teóricos e instrumentos discutidos durante o curso.
As diferentes disciplinas do curso contribuem para a organização do estágio,
para a formação de um referencial teórico-prático que leve os alunos a terem
conceitos claros, a saber, demonstrá-los, a exercerem com qualidade o papel e as
funções a que se destinam.
As relações do estágio compreendem a escola, as inter-relações com as
disciplinas do curso, o plano de estágio, o aluno e as empresas concedentes, sendo
o ciclo alimentado pelas mudanças ocorridas em todos os níveis e processos.
Quando o estágio é bem definido, com acompanhamento adequado e
executado dentro das prerrogativas legais, ele representa um importante papel na
formação do jovem e futuro profissional. Contudo, o estágio não deve ser apenas
algo a mais a ser cumprido no currículo, mas deve ser considerado um elemento de
entrosamento entre a escola e o mundo do trabalho.
Para este entendimento é fundamental um currículo elaborado com o
envolvimento de todos os professores e de todas as disciplinas que fazem parte da
matriz curricular do curso. Para Fazenda (1993, p.31), a interdisciplinaridade
caracteriza-se pela “intensidade das trocas entre os especialistas e pela integração
das disciplinas num mesmo projeto de pesquisa”.
Isto permite uma relação de reciprocidade, de mutualidade, de um regime de
co-propriedade, de interação, através do diálogo entre os interessados, de
mudanças de atitude perante o problema do conhecimento, da substituição de uma
concepção fragmentária pela unitária do ser humano (FAZENDA, 1993, p. 31).
Mas para que ocorra a aquisição conceitual interdisciplinar é primordial a
mudança de postura do professor frente ao processo e que ocorra “o abandono das
posições acadêmicas prepotentes, unidirecionais e não rigorosas que fatalmente são
restritivas...”(FAZENDA, 1998, p.13)
Desta forma, o trabalho escolar ordenado de forma interdisciplinar permite a
possibilidade de organizar as diversas áreas do conhecimento em torno de um eixo
comum, que na presente pesquisa corresponde ao estágio curricular.
2.3 O PLANO DE ESTÁGIO E A AVALIAÇÃO
O estágio curricular quando elaborado através de um plano consistente e
orientado, torna-se um processo de aprendizagem significativa e construtiva para o
educando.
Refletir, planejar as atividades do plano de estágio e as sistemáticas de
avaliação requer um trabalho coletivo e o entendimento da percepção de todos os
envolvidos no processo de estágio sejam eles coordenadores de estágio,
professores das disciplinas, professores-orientadores e alunos. O diálogo
pedagógico que ocorre entre estas partes é que dá “ressignificação das práticas,
delineando novos caminhos para o estágio” (PIMENTA E LIMA, 2008, p. 177).
O plano de estágio faz parte de um contexto maior onde estão inseridas as
fases de planejamento e organização do processo de trabalho do aluno em estágio.
A elaboração de um documento ou de um roteiro de orientação de estágio permite
ao educando ter maior segurança na condução das atividades de estágio e torna-se
um norteador para o aluno em estágio, propiciando um plano de trabalho e o
desenvolvimento dos conteúdos teóricos aplicados à prática da profissão.
Nesta dinâmica, entende-se o plano de estágio como um processo de
construção e desconstrução coletiva, ele não é estático, mas dinâmico, onde
prepondera o planejamento individual e/ou coletivo das disciplinas do curso, no qual
são idealizados novos planos e decisões, através da retomada e aperfeiçoamento
constante.
Assim, o método de avaliar torna-se uma ação, tanto a avaliação do plano de
estágio em si quanto à avaliação da aprendizagem do aluno em estágio. Para que
isto ocorra se faz necessário entender os diferentes tipos de aprendizagem que faz
parte do processo: a aprendizagem cognitiva, a aprendizagem afetiva e a
aprendizagem psicomotora.
Segundo Moreira e Masini (1982, p. 3),
A cognição é o processo através do qual o mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados.
Para Moreira e Masini (1982), sob o ponto de vista cognitivista, a
aprendizagem é um processo de armazenamento de informação, condensação em
classes mais genéricas de conhecimentos, que são incorporadas a uma estrutura no
cérebro do indivíduo, de modo que esta possa ser manipulada e utilizada no futuro.
É a habilidade de organização das informações que deve ser desenvolvida.
Stange, Santos e Santos (2006), citam que para Ausubel, em sua Teoria da
Aprendizagem Significativa (1968, 1978, 1980), esta forma de aprender significa
assimilar, de modo organizado e integrado ao que já temos guardado em nossas
mentes, os significados conceituais, a tal ponto de estes se tornarem, também de
modo organizado e interativo, futuros referentes conceituais para a aprendizagem de
novos conceitos.
Para que a aprendizagem ocorra, ela deve ser significativa, ou seja, exige a
compreensão de significados, que podem ser relacionados às experiências e
vivências dos alunos.
Isso significa compreender que o ato de aprender possui um caráter
sistêmico e dinâmico, que exige inúmeras ações de ensino voltadas ao
aprofundamento e ampliação de significados elaborados mediante a participação do
aluno nas atividades de ensino-aprendizagem.
O estágio é um dos momentos onde ocorre o processo de aprendizagem
significativa, através do aprofundamento e da ampliação dos significados, com a
participação efetiva do aluno nas experiências vivenciadas no estágio e no processo
ensino-aprendizagem.
Outro aspecto a considerar é a avaliação do estágio, pois a avaliação como
um processo é capaz de propiciar o re-planejamento do trabalho do professor e do
aluno.
Os instrumentos de avaliação formal utilizados com maior freqüência são o
relatório descritivo, os formulários de avaliação do supervisor na unidade
concedente, os formulários de avaliação do coordenador de estágios e os
seminários de apresentação de estágios.
A existência de outros métodos de avaliação pode contribuir para melhoria
do processo avaliativo, dentre elas destacam-se: a auto-avaliação, os relatórios
parciais, a participação e envolvimento nas etapas de planejamento,
desenvolvimento e execução das atividades de estágio.
É necessário ressaltar a importância de uma avaliação crítica, sistemática e
contínua, que propicie melhores resultados para a formação dos alunos da
educação profissional a fim de que ocorra o “repensar das práticas de avaliação e de
todo o fazer pedagógico dos professores que têm compromisso com seu próprio
trabalho e com os que dependem dele” (NEVES, 2008, p.73).
2.4 ESTATÍSTICAS DA PESQUISA
Com o objetivo de levantar dados para a pesquisa foram elaborados
questionários a serem aplicados tanto para o corpo discente quanto para o corpo
docente do curso.
Durante o mês de novembro de 2008, foram realizadas pesquisas com 44
alunos e 09 professores do 2º semestre do Curso Técnico em Segurança do
Trabalho, a fim de subsidiar as atividades a serem desenvolvidas nas oficinas
propostas no plano de implementação, em 2009.
2.4.1 Questionário Aplicado aos Alunos
O questionário aplicado aos alunos contou com 17 questões de multiplica
escolha, sendo que 8 questões tratam do perfil do aluno do Curso Técnico em
Segurança do Trabalho e 9 questões tratam sobre a visão do aluno sobre o estágio.
O universo da pesquisa abrangeu 53 alunos do 2º semestre do curso, sendo que a
amostra da pesquisa corresponde a 44 alunos.
O perfil do aluno deste período do curso demonstra que quanto ao sexo
64% dos alunos são do sexo masculino e 80 % dos alunos residem na área urbana.
A idade predominante dos alunos que estudam neste período do curso encontra-se
faixa etária de 18 a 39 anos ( 96%).
Com relação à renda verifica-se que grande parte dos alunos possui renda
entre 1 e 2 salários mínimos (62%) e desempregados em torno de 20%. Quanto aos
cargos ocupados destacam-se pintores, eletricistas, sindicalistas, auxiliares,
atendentes, serventes, porteiros, padeiros, empregadas domésticas, autônomos e
também segurados do INSS.
A condição atual de trabalho apresenta que 48 % dos entrevistados
possuem emprego com carteira assinada e os demais alunos, ou seja, 52%
trabalham de forma informal, são trabalhadores autônomos ou encontram-se
desempregados. Quanto ao ramo de atividade em que atuam, 48% exercem suas
atividades na prestação de serviços.
Com relação ao tempo que ficaram sem estudar até iniciar o Curso Técnico
em Segurança do Trabalho, percebe-se que 41% dos entrevistados estavam
afastados da escola entre 6 meses e 1 ano, 36% de 2 a 5 anos, 21% de 6 a 10 anos
e 2% dos alunos encontrava-se afastado dos bancos escolares há mais de 20 anos.
Portanto o perfil do aluno desta modalidade de ensino retrata a predominância
de pessoas do sexo masculino, que ganham entre 1 e 2 salários mínimos, que
ocupam cargos de pouca qualificação profissional, que em sua maioria trabalham
prestando serviços como autônomos ou informalmente e que estavam afastados da
educação formal há algum tempo.
Quanto às questões sobre o estágio supervisionado 95% dos alunos
concordam que o estágio reflete um momento de aprendizagem e no que trata
sobre as dificuldades para iniciar o estágio do 2º. Semestre, 57% dos alunos
citaram que encontraram dificuldades para realizar o estágio. Dentre as dificuldades
elencadas encontram-se a falta de orientação sobre as atividades de estágio com
24%, a dispensa pela empresa para a realização do estágio com 21%, a demora
para o início do estágio e para conseguir onde estagiar com 17% respectivamente
cada, o horário de realização do estágio com 18% e outros motivos em torno de 3%.
Na questão referente ao programa( plano de estágio do curso), os alunos
avaliaram como satisfatório 55%, regular 32%, insuficiente 7%, mal elaborado 4% e
incompleto 2%.
Questionados quanto a quem o aluno procurou tirar suas dúvidas sobre o
estágio, 32% dos entrevistados responderam que tiram suas dúvidas com o
professor orientador de estágio, 16% com os professores do curso, 16% com o
supervisor na empresa, 14 % não tira dúvidas com nenhum dos citados, 13% com o
coordenador de estágio, e 9% tira suas dúvidas com o coordenador do curso.
Com relação à orientação com o professor orientador de estágios 59% dos
alunos citaram que buscaram orientação ocasionalmente, 30 % frequentemente e
11% dos alunos citaram que nunca buscaram orientação com seu professor
orientador.
Sobre a percepção quanto à relação entre o estágio e os conteúdos
estudados nas disciplinas do 1º e 2º semestres do curso, 71% dos alunos percebem
que existe esta relação, 18% percebem uma relação mais próxima com as
disciplinas do 2º semestre, 9% citaram que percebem uma relação mais próxima
com as disciplinas do 1º semestre e 2% dos alunos citaram que não percebem uma
relação entre as disciplinas do curso e as atividades de estágio.
A tabela 01 demonstra a questão 16 da pesquisa aplicada aos alunos.
TABELA 01 – DIFICULDADES ENCONTRADAS NO DECORRER DO CURSO
QUESTÃO 16 – QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES ENCONTRA DAS NO
DECORRER DO CURSO?
RESPOSTAS
• Na infra-estrutura do Colégio (falta de equipamentos, recursos...) 23
• No preparo das aulas e metodologia de ensino do professor 14
• Na realização do estágio 14
• Domínio do conteúdo pelo professor 12
• Nas formas de avaliação 9
• Na exposição dos conteúdos pelo professor 7
• Dificuldade de entendimento dos conteúdos 7
• Falta de conhecimentos básicos que não foram adquiridos anteriormente
ao curso
5
• Carga horária do curso ( 5 aulas no período noturno) 5
• Não está encontrando dificuldades 5
• Outros: Falta de aulas, ônibus, sem resposta para dúvidas de estágio 3
• Relacionamento com os colegas 1
• Relacionamento com os professores 1
FONTE: Pesquisa realizada pela Autora (2008).
Percebe-se pelas respostas dos alunos que a infra-estrutura do colégio, como
a falta de equipamentos e recursos para o curso, que a realização do estágio e os
problemas de ordem metodológica norteiam a maioria das respostas elencadas
pelos alunos.
O gráfico 1 representa as respostas ao questionamento sobre o significado do
curso para a vida profissional do aluno.
GRÁFICO 1 – SIGNIFICADO DO CURSO PARA A VIDA PROFIS SIONAL DO ALUNO
FONTE: Pesquisa realizada pela Autora(2 008).
Através das respostas obtidas no gráfico 1 verifica-se que 51% dos alunos
citaram que o curso pode vir a lhe oferecer novas oportunidades de emprego, 15%
ascensão profissional, 15% mudança de profissão, 9% formação, 5% um diploma,
5% outros aspectos como agregar conhecimentos, novos horizontes.
2.4.2 Questionário aplicado aos professores do curso
O questionário aplicado aos professores que atuam no 1º e 2º semestre do
curso contou com 08 questões de múltipa escolha, sendo que o universo da
pesquisa abrangeu 10 professores e a amostra da pesquisa corresponde a 09
professores.
Questionados sobre sua situação funcional, 78 % dos professores
responderam que são contratados como PSS, ou seja, contrato temporário de
trabalho. Quanto à carga horária de trabalho, 34 % dos professores ministram de 6
a 10 aulas semanais, 33% de 11 a 20 aulas semanais, 22% mais de 20 aulas
semanais e apenas 11% menos de 5 aulas semanais.
O gráfico 2 apresenta o questionamento se o professor possui curso de
formação pedagógica, ou seja, se possui formação para professor.
9 %5 %
1 5 %
5 1 %
1 5 %5 %
S I G N I F I C A D O D O C U R S O
F O R M A Ç Ã O
U M D I P L O M A
A S C E N S Ã O P R O F I S S I O N A L
N O V A S O P O R T U N I D A D E S D E E M P R E G O
M U D A N Ç A D E P R O F I S S Ã O
O U T R O S : A G R E G A R C O N H E C I M E N T O S , N O V O S H O R I Z O N T E S
GRÁFICO 2 – FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES QUE ATUAM NO
CURSO
FONTE: Pesquisa realizada pela Autora (2008).
Através do gráfico 2, verifica-se que apesar de não serem professores
efetivos do Estado, a grande maioria, ou seja, 56% dos professores possuem curso
de formação pedagógica.
Questionados sobre o conhecimento das atividades desenvolvidas pelo
Coordenador de Estágio e Professor Orientador de Estágio do curso, 67% dos
professores responderam que conhecem as atividades desenvolvidas por estes
profissionais, 22% dos professores desconhecem o trabalho realizado e 11%
responderam que conhecem as atividades desenvolvidas pelo professor orientador
de estágio.
O gráfico 3 demonstra o grau de conhecimento do professor que atua em
sala de aula sobre o programa-plano de estágio do 2º semestre do curso.
5 6 %
4 4 %
FO RMAÇÃO PEDAG Ó G ICA
SIM
NÃ O
GRÁFICO 3 – GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE O ESTÁGIO
FONTE: Pesquisa realizada pela Autora (2008).
Verifica-se no gráfico 3 que 33% dos professores têm um conhecimento entre
bom e ótimo sobre o estágio realizado no curso, 45% dos professores conhecem
parcialmente o programa de estágio e 22% de pouco conhecimento sobre o plano de
estágio existente.
O gráfico 4 demonstra a contribuição do professor na elaboração do plano de
estágio do 2º semestre do curso.
GRÁFICO 4 – PARTICIPAÇÃO DO PROFESSOR NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE ESTÁGIO
FONTE: Pesquisa realizada pela Autora (2008).
Percebe-se pelo gráfico 4, que 89% dos professores que atuam hoje no
curso não contribuíram para a elaboração do plano de estágio. Questionados sobre
se os alunos têm buscado os professores para orientarem e tirarem suas dúvidas de
1 1 %
8 9 %
C O L A B O R A Ç Ã O D O P R O F E S S O R N A E L A B O R A Ç Ã O D O P L A N O D E E S T Á G IO
S IM
N Ã O
1 1 %
1 1 %
4 5 %
2 2 %
1 1 %
G R A U D E C O N H E C IM E N T O S O B R E O E S T Á G IO
M U IT O B A IX O
B A IX O
M É D IO
B O M
Ó T IM O
estágio, 56 % dos professores responderam que ocasionalmente são procurados
pelos alunos e 44% dos professores disseram que não houve procura por parte dos
alunos.
Finalizando o questionário, perguntou-se aos professores se no entendimento
deles, percebiam se ocorre a interdisciplinaridade entre as disciplinas do curso e o
estágio desenvolvido pelos alunos do 2º semestre do curso, sendo que 67%
responderam que sim e 33% responderam que não.
2.4.3. Questionário aplicado à Coordenação de Curso e Coordenação de Estágio
Para finalizar a pesquisa, foram aplicados questionários à Coordenação de
Curso, Coordenação de Estágio e Professor Orientador de Estágio. Na percepção
destes profissionais verifica-se que a carga horária para realização das atividades de
coordenação de curso não é suficiente, já para as atividades de orientação e
coordenação de estágio, os professores citam que é suficiente para realização dos
trabalhos.
Questionado sobre a percepção da interação e a interdisciplinaridade das
disciplinas do curso em relação ao estágio, o Coordenador de Curso, respondeu que
“creio que não haja muita interação entre as disciplinas”. E pondera que
“dificilmente” há contribuição dos professores com sugestões e recomendações
sobre a forma de realização do estágio. No mesmo questionamento, o professor
orientador de estágio cita que “dificilmente observa-se um consenso entre as
disciplinas na aplicação a campo”.
Também o Coordenador Estágio relata que de “todas as disciplinas do curso
são necessárias para a realização do estágio, algumas com mais ênfase outras um
pouco menos. Se existe interação entre as disciplinas ela acontece de maneira
isolada e não de maneira perceptível”. Finalmente, cita que não há contribuição dos
docentes com sugestões e recomendações quanto à forma de realização do
estágio.
Portanto, na fala dos profissionais que atuam como coordenadores e
orientadores de estágio percebe-se a necessidade do trabalho interdisciplinar entre
os docentes, a fim de que o estágio reflita a aprendizagem teórico-prática do aluno
do curso de educação profissional.
2.5 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NO COLÉGIO
As atividades de implementação do projeto do PDE no Colégio Estadual
Ana Vanda Bassara, foram realizadas no 1º semestre de 2009. A Direção da escola
e a equipe pedagógica disponibilizaram momentos para que o projeto de intervenção
fosse apresentado e discutido com o corpo docente, através de oficinas
pedagógicas.
Os resultados da pesquisa realizada com alunos e professores foram
apresentados aos docentes na I Oficina Pedagógica, também o perfil e perspectivas
do aluno em relação ao estágio e ao curso. Os temas das oficinas versaram sobre o
estágio, a interdisciplinaridade e a avaliação contínua do estágio.
Foram estudados os textos elaborados na unidade didática e os resultados
das oficinas possibilitaram:
• Discussões pelo corpo docente sobre a temática do estágio e o processo
interdisciplinar;
• A construção coletiva e interdisciplinar do roteiro de estágio;
• A reformulação da sistemática de avaliação, contemplando a entrega de
relatórios parciais bimestrais pelos alunos em estágio; a avaliação a cada 50
horas de estágio; avaliação bimestral do supervisor na empresa, do
coordenador de estágio e do professor orientador de estágio.
• A disponibilização do roteiro na internet, na página virtual da escola.
Como contribuição final, os resultados do processo de implementação foram
disponibilizados aos participantes do GTR – Grupo de Trabalho em Rede, sendo que
alguns dos participantes disponibilizaram o material para análise de coordenadores
de curso e de estágio de outros estabelecimentos de ensino da rede estadual.
CONCLUSÃO
Entende-se que o estágio é uma ação educativa desenvolvida nos ambientes
de trabalho, que busca a preparação dos educandos para o mundo do trabalho,
sendo um período de estudos em que o aluno tem contato direto com a prática da
profissão e que permite ao aluno o exercício de uma atividade, na qual ele pode vir a
adquirir experiências para o exercício de uma futura profissão.
Percebe-se ainda, que é um momento de aprendizagem significativa,
porque promove o aprofundamento dos estudos e a ampliação dos significados,
através da participação efetiva do aluno nas experiências vivenciadas durante este
processo ensino-aprendizagem.
É um momento de estudos vivenciados na prática para a aprendizagem e
para a experiência, que pode trazer inúmeros benefícios tanto para o educando
(estagiário) quanto para a melhoria do ensino. E a maneira de aprender a nova
profissão de Técnico em Segurança do Trabalho, pode partir da observação dos
conteúdos articulados no 1º e 2º semestres do curso.
Conhecer as peculiaridades de cada disciplina do curso, seus conteúdos e
as possibilidades de realização de um trabalho interdisciplinar, contribui
significativamente para o processo ensino-aprendizagem.
Através da aplicação da pesquisa de campo, no final do ano de 2008, foi
possível realizar uma análise do perfil dos alunos que freqüentam o 2º semestre do
curso e também o seu entendimento quanto ao estágio, o que permitiu que os
docentes também pudessem conhecer o seu alunado.
Nos questionamentos aplicados aos professores verifica-se a necessidade
de contratação de professores efetivos (QPM – Quadro Próprio do Magistério), para
atuarem de forma efetiva no curso, possibilitando assim, o desenvolvimento de um
trabalho interdisciplinar tanto em sala de aula quanto no estágio, evitando a
rotatividade de professores, estabiliza o quadro e permite ações pedagógicas de
longo prazo.
As oficinas pedagógicas possibilitaram que os docentes elaborassem um
novo roteiro de estágio, mais dinâmico e atualizado com as tendências educacionais
e do mundo do trabalho. Por conseguinte, existe a necessidade da continuidade dos
encontros ou oficinas pedagógicas, a fim de corrigir rotas e eventuais problemas
identificados na utilização do roteiro de estágio pelos alunos.
Portanto, as atividades de implementação do projeto do PDE no colégio,
permitiram, através da realização das oficinas pedagógicas, um maior conhecimento
dos professores sobre a temática do Estágio, bem como discussões sobre o
processo interdisciplinar e o estágio.
Assim, os encontros possibilitaram a construção coletiva do roteiro de
estágio e a reformulação da sistemática de avaliação do estágio, sendo este novo
roteiro analisado pelo corpo docente e encontra-se disponibilizado aos alunos na
página virtual da escola.
Os resultados do processo de implementação foram disponibilizados aos
participantes do GTR – Grupo de Trabalho em Rede e o roteiro de estágio
contempla sugestões deste grupo de trabalho.
Entende-se que este não é um trabalho acabado, pois o estudo é um eterno
renovar e a escola, o trabalho e as novas tecnologias de informação estão em ritmo
de mudanças.
Como próximo passo, para momentos de novos estudos, discutiu-se com o
grupo de professores ampliar o roteiro de estágio visando integrar a visão dos
Técnicos em Segurança do Trabalho, ex-alunos do colégio, que estão atuando nas
empresas da região.
Ações como esta podem vir a permitir uma constante reconstrução e
ampliação dos conceitos do estágio curricular do curso, propiciando aliar o
conhecimento teórico e prático para a formação integral do aluno, que é o objetivo
final do estágio e da escola como um todo.
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À UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Oeste, na pessoa do Ms.
Edélcio Stroparo pelo apoio, orientação e condução do trabalho.
Ao Colégio Estadual Ana Vanda Bassara, Direção, Equipe Pedagógica, Corpo
Docente e Discente, pela contribuição e oportunidade no desenvolvimento deste
estudo.