EDUCACAO Grega

13

Click here to load reader

description

EDUCACAO Grega

Transcript of EDUCACAO Grega

Page 1: EDUCACAO Grega

EDUCAÇÃO GREGA

(Texto adaptado de

Luciana Ricomini)

INTRODUÇÃO

A educação na Grécia teve formas diferentes. No decorrer deste trabalho, veremos

essas diferenças. Em Esparta ela assume um papel de preparação para a guerra.

Entretanto, em Atenas assume uma papel mais intelectual.

Na Grécia foi o local onde fluiu a sofistica, mesmo que, não tenha sido a Grécia o

local de origem da sofistica. Os sofistas tiveram grande importância na

profissionalização da educação. Além disso, a Grécia é considerada como o berço da

pedagogia.

No decorrer deste trabalho veremos todos esses aspectos da educação grega e as

contribuições que ela trouxe até os dias de hoje.

A PAIDÉIA

Foi devido ao poder econômico de seu império que a Pérsia conseguiu dominar todo

o oriente. No entanto, vencidos contra os gregos, os persas perderam o predomínio

sobre os outros Estados da Antigüidade. Dessa forma, a hegemonia econômica se

deslocou das civilizações do Oriente próximo para a civilização grega.

Divisão da História Grega:

* Período Pré-Homérico (2500-1100 a.C.), período que aconteceu a formação do povo

grego.

* Período Homérico (1100-800 a.C.), fase retratada pelos poemas de Homero, Ilíada e

Odisséia.

* Período Arcaico (800-500 a.C.), fase da formação das cidades-estado: a escrita, a

moeda, a lei e a pólis.

* Período Clássico (500-400a.C), fase correspondente ao apogeu da civilização grega.

* Período Helenístico (336-146 a.C.), fase da decadência da Grécia.

A Grécia está localizada a leste do mar Mediterrâneo, na Península Balcânica,

apresentando relevo acidentado e um litoral recortado por golfos e bóias, banhado pelo

mar Egeu e pelo mar Jônio.

Page 2: EDUCACAO Grega

O território grego é cortado ao meio pelo golfo de Corinto. Ao norte desse golfo

localiza-se a Grécia continental; ao sul, a Grécia peninsular.

Devido ao relevo marcadamente montanhoso, a prática da agricultura releva-se

difícil na Grécia, registrando-se um quinto das terras. Assim, o comércio tornou-se a

atividade econômica básica.

FORMAÇÃO DO POVO GREGO

O período anterior à formação do povo grego é denominado pré-Homérico, ou da

Grécia Primitiva na região ocupada pela população autóctone - isto é, originária da

própria região -, desenvolveu-se a civilização creto-Micênica, cujos principais centros

eram a cidade de Micenas e a Ilha de Creta.

Os cretenses foram fundadores do primeiro império marítimo de que se tem notícia,

e os mesmos cultivavam vinhas, cereais e oliveiras que utilizavam para seu próprio

consumo ou para exportar para outras regiões. Ensinados por outros povos tornaram-se

hábeis artesãs, trabalhando principalmente com metais e cerâmica.

Utilizando as madeiras , construíram navios de até vinte metros de comprimento.

São famosos seus edifícios públicos, embora não tenham ficado vestígios dessas

construções.

Cnossos, a capital de Creta, era uma cidade de grandes palácios, onde viviam reis

(chamados Minos) cercados de uma poderosa nobreza, o que refletia sua pujança

econômica.

A partir do século XX a.C., sucessivas invasões de tribos nômades, de origem indo-

européia, abalaram o vigor cultural creto-micênico. Aqueus, Jônios, Eólios e Dórios

saquearam e destruíram a região e assimilaram parte dos costumes e das instituições

formando, pela mistura racial e cultural, o povo grego.

A civilização Micênica se desenvolve desde o início do segundo milênio,

constituída por diversos povos, sobretudo os Aqueus, que se estabeleceram com um

regime de comunidade primitiva. Com o tempo, forma-se uma aristocracia militar: a

figura do guerreiro tem importância cada vez maior, e os chefes mais destacados vivem

nos castelos de Tirinto e Micenas. No século XII a. C., partem Agaménon, Aquiles e

Ulisses para sitiar e conquistar Tróia, no litoral da Ásia Menor. No final desse mesmo

século ocorre a invasão dos Bárbaros Dórios, que mergulham a Grécia em um período

obscuro até o século IX. Muitos Aqueus fugiram para a Ásia Menor, onde fundam

colônias e prosperam pelo comércio.

Page 3: EDUCACAO Grega

DO MITO AO LOGUS.

A Concepção mítica do homem nos poemas homéricos

Até o século VI a.C. pode-se dizer que na Grécia ainda predomina uma concepção

mítica do mundo. Isso significa que as ações humanas se acham explicadas pelo

sobrenatural, pelo destino, pela interferência divina. Os mitos gregos são escolhidos

pela tradição e são transmitidos oralmente pelo aedos e rapsodos, cantores ambulantes

que dão forma poética a esses relatos e os recitam de cor em praça pública. Dentre

estes, destacamos Homero, provável autor das epopéias Ilíadas, que trata da guerra de

Tróia (Illion, em grego), e da Odisséia, que relata o retorno de Ulisses (odisseus, em

grego) a Ítaca, após a guerra de Tróia.

A Emergência da Consciência Racional

O surgimento da filosofia na Grécia não é na verdade, um salto realizado por um

povo privilegiado, mas a culminância de um processo que se fez através de milênios e

para o qual concorreram diversas transformações.

- A escrita gera uma nova idade mental fixando a palavra, e consequentemente, o

mundo para além daquele que o profere.

- E o advento da lei escrita ? Drácon, Sólon e Clístenes são os primeiros legisladores

que marcam uma nova era.

- A invenção da Moeda desempenha um papel revolucionário. Muito mais do que um

metal precioso que se troca por qualquer mercadoria, a moeda é um artifício racional,

uma convenção humana, uma noção abstrata de valor.

- A pólis se faz pela autonomia da palavra: não mais a palavra mágica dos mitos,

concedida pelos deuses e, portanto, comum a todos, mas a palavra humana do conflito,

da discursão, da argumentação.

- Decorre disso tudo uma nova concepção de virtude (areté), diferente da virtude do

guerreiro belo e bom. Se antes a virtude era ética, aristocrática, agora é política, voltada

para o ideal democrático da igual repartição do poder.

- A filosofia, "filha da cidade": a filosofia surge como problematização e dicursão de

uma realidade antes não questionada pelo mito.

Page 4: EDUCACAO Grega

EDUCAÇÃO EM ESPARTA

Grécia achava-se dividida em Cidades-Estado, das quais as mais conhecidas são as

antagônicas Esparta e Atenas. Esparta ocupava o fértil vale do rio Eurotas, na região da

Lacônia, ao sudeste da península do Peloponeso.

No oitavo e no sétimo século a.C, Esparta travou uma guerra com Missênia. Essa

guerra teve por motivo básico o desejo de Esparta de se apoderar das terras férteis dessa

região, que eram as melhores de todo o Peloponeso."(PEDRO. Antônio & CÁCERES.

Florival. História Geral. p. 48).

"Por volta do século IX, o legislador Licurgo organiza o Estado e a educação. De

início os costumes não são tão rudes, e a formação militar é entremeada com a esportiva

e a musical. Com o tempo e, sobretudo no século IV a.C. quando Esparta derrota Atenas

- o rigor da educação se assemelha à vida de caserna" (ARANHA. Maria Lúcia de

Arruda. História da Educação. p. 38).

"A visão que os gregos tinham do mundo os distinguia de todos os demais povos do

mundo antigo, ao contrário destes, os gregos em vez de colocarem a razão humana a

serviço dos deuses ou dos deuses monarcas, enalteceram a razão como instrumento a

serviço do próprio homem (...) Recusavam qualquer submissão aos sacerdotes e

tampouco se humilhavam diante dos seus deuses. Glorificavam o homem como o ser

mais importante do universo (...) O primeiro povo a enfrentar explicitamente o

problema da natureza, as idéias, as tarefas e objetivos do processo educativo foi o povo

grego. Os alicerces institucionais dessa atitude encontram-se na realidade sócio-poética

da Grécia, processo que se realiza entre 1200 e 800 a.C. Trata-se do período pré-

Homérico (GILES. Thomas Ranson. História da Educação. p. 11). Esse período recebeu

esse nome, devido ao conhecimento baseado na interpretação da lendas contidas nos

poemas épicos: A ILÍADA e A ODISSÉIA, que a tradição atribui ao poeta grego

Homero (op. cit. p. 46)

"Nessa época as principais ocupações são a agricultura e o pastoreio. Excetuando-se

algumas formas de artesanato, não há especialização, e a estratificação da sociedade é

mínima"

Page 5: EDUCACAO Grega

EDUCAÇÃO EM ATENAS

Atenas passou pelas mesmas fases de desenvolvimento de Esparta; mas enquanto

Esparta se deteve na fase guerreira e autoritária, Atenas priorizava a formação

intelectual sem deixar de lado a educação física que não se reduzia apenas a uma

simples destreza corporal mas que vinha acompanhada por uma preocupação moral e

estética.

A primeira parte de sua cultura aparecem formas simples de escolas e a educação

deixa de ficar restrita à família e a partir dos 7 anos começava a educação propriamente

dita, que compreendia a educação física, a música e a alfabetização. O pedotriba era o

responsável em orientar a educação física na palestra onde os exercícios físicos eram

praticados.

Além da educação física, a educação musical era extremamente valorizada não se

limitando apenas à música mas também a poesia, canto e a dança. Os locais que eram

praticados eram geralmente as palestras ou, então, em lugares especiais. O ensino

elementar como a leitura e a escrita durante muito tempo não teve a sua devida atenção

como teve as práticas esportivas e musicais tanto que os mestres eram geralmente

pessoas humildes e mal pagas e não tinham tanto prestigio quanto o instrutor físico.

Com o passar do tempo foi se exigindo uma melhor formação intelectual

delineando-se três níveis de educação: elementar, secundária e superior. O didáscalo era

o responsável em ensinar a leitura e a escrita em locais não definidos e com métodos

que dificultam a aprendizagem e por volta dos 13 anos completava-se a educação

elementar.

Aqueles que tinham maiores condições de continuar os seus estudos entravam para a

educação secundária ou ginásio onde, inicialmente, eram praticados os exercícios físicos

e musicais, mas com o tempo deu-se lugar as discussões literárias abrindo espaço para o

estudo de assuntos gerais como a matemática, geometria e astronomia principalmente a

partir das influências dos professores. O termo secundário chegou mais próximo do seu

conceito atual quando foram criadas as bibliotecas e salas de estudos.

Dos 16 aos 18 anos, a educação superior só se dá com os sofistas, que mediante

retribuições elevadas se encarregavam de preparar a juventude para a oratória. Sócrates,

Platão e Aristóteles também ministravam a educação superior.

Neste contexto não havia uma preocupação com o ensino profissional, pois estes

eram aprendidos no próprio mundo do trabalho com exceção da medicina que era uma

Page 6: EDUCACAO Grega

profissão altamente valorizada entre os gregos e que tomavam como parte integrante da

cultura grega.

EDUCAÇÃO NO PERÍODO HELENÍSTICO

No final do século IV a. C., inicia-se a decadência das cidades-estados gregos assim

como a sua autonomia e a força da cultura helênica se funde à das civilizações que a

dominam se universaliza e converte-se em helenísticas; nesse período a antiga Paidéia,

torna-se enciclopédia ou seja, educação geral" consistindo na ampla gama de

conhecimentos exigidos na formação do homem culto diminuindo ainda mais o aspecto

físico e estético.

Nesse período eleva-se o papel do pedagogo com a criação do ensino privado e o

desenvolvimento da escrita, leitura e o cálculo. O conteúdo abrangente das disciplinas

humanistas (gramática, retórica e dialética) e quatro científicas (aritimética, música,

geometria e astronomia). Além do aperfeiçoamento do estudo da filosofia e,

posteriormente, o de teologia na era cristã. Inúmeras escolas se espalham e da junção de

algumas delas (Academia e Liceu) é formada a Universidade de Atenas, foco

importante de fermentação intelectual, que perdura inclusive no período de dominação

romana.

PERÍODO CLÁSSICO

Atenas havia se tornado o centro da vida social, política e cultural da Grécia, em

virtude do crescimento das cidades, do comércio, do artesanato e das artes militares.

Atenas viva seu momento de maior florescimento da democracia. "A democracia grega

possuía duas características de grande importância para o futuro da filosofia. Em

primeiro lugar, a democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos perante

as leis e o direito de todos de participar diretamente do governo da cidade, da polis. Em

segundo lugar, e como conseqüência, a democracia, sendo direta e não por eleição de

representantes no governo, garantia a todos a participação no governo e os que dele

participavam tinham direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões

Page 7: EDUCACAO Grega

sobre as decisões que a cidade deveria tomar. Surgia assim, a figura do cidadão".

(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia, p. 36).

Contudo, é bom lembrarmos que as opiniões, não eram simplesmente jogadas às

assembléias e aceitas por elas, era necessário que o cidadão além de opinar, falar,

deveria também buscar persuadir a assembléia, daí o surgimento de profundas

mudanças na educação grega, pois antes da democracia as famílias aristocratas eram

donas não só da terra como também do poder. A educação possuía um padrão criado por

essas famílias que era baseado nos dois poetas gregos Homero e Hesíodo que afirmava

que o homem ideal era o guerreiro belo e bom.

Entretanto, com a chegada da democracia, o poder sai das mãos da aristocracia e,

"esse ideal educativo vai sendo substituído por outro. O ideal de educação do Século de

Péricles é a formação do cidadão."(IDEM. P. 36)

O cidadão somente se faz cidadão a partir do momento em que

exerce seus direitos de opinar, discutir, deliberar e votar nas assembléias. Dessa forma,

o novo ideal de educação é a formação do bom orador, ou seja, aquele que saiba falar

em público e persuadir os outros na política.

Para suprir a necessidade de dar esse tipo de educação aos jovens em substituição a

educação antiga, surgem os sofistas que foram os primeiros filósofos do Período

Clássico. Em síntese, os sofistas surgem por razões políticas e filosóficas, entretanto,

mais por funções políticas.

Os sofistas foram filósofos que surgiram de várias partes do mundo e não tinham

portanto, uma origem bem definida. "Sofista significa (...) "sábio" - "professor de

sabedoria". (...)[Em] um sentido pejorativo, passa a significar "homem que emprega

sofismas", ou seja, homem que usa de raciocínio capcioso, de má-fé com intenção de

enganar.

Os sofistas contribuíram bastante para a sistematização da educação. Eles se

julgavam sábios, possuidores da sabedoria e como Atenas passava por uma fase de

crescimento cultural e econômico e paralelo a isto, o surgimento da democracia, os

sofistas ensinavam principalmente a retórica, que é a arte da persuasão, instrumento

principal para o cidadão que vivia a democracia. Contudo, é bom ressaltar que não

ensinavam de graça, mas cobravam, e bem, por seus ensinamentos. Isso teve grande

contribuição na profissionalização da educação.

Entretanto, por cobrarem e se julgarem sábios e possuidores da sabedoria, foram

bastante criticados por Sócrates e seus seguidores, haja vista que para Sócrates o

Page 8: EDUCACAO Grega

verdadeiro sábio é aquele que reconhece sua própria ignorância. Para combater os

sofistas, Sócrates desenvolve dois métodos que são bastantes conhecidos até os dias de

hoje: a ironia e a maiêutica. O primeiro consiste em conduzir, através de

questionamentos, o ouvinte que até o momento está convencido de que domina

completamente determinado conteúdo, de que este não sabe realmente tudo. A partir do

momento em que este se convence disto, Sócrates passa a utilizar o segundo método que

é a maiêutica, que significa dar luz às idéias. Nesse momento o ouvinte consciente de

que não sabe tudo busca saber mais buscando respostas por si próprio.

A PEDAGOGIA GREGA

O termo pedagogia é de origem grega e deriva da palavra “paidagogos”, nome dado

aos escravos que conduziam as crianças à escola. Somente com o tempo, esse termo

passa a ser utilizado para designar as reflexões feitas em torno da educação. Assim, a

Grécia clássica pode ser considerada o berço da pedagogia, até porque é justamente na

Grécia que tem início as primeiras reflexões acerca da ação pedagógica, reflexões que

vão influenciar por séculos a educação e a cultura ocidental.

Os povos orientais acreditavam que a origem da educação era divina. O

conhecimento que circulava na comunidade resumia-se aos seus próprios costumes e

crenças. Essa realidade impedia uma reflexão sobre a educação, uma vez que esta era

rígida e estática, fruto de uma organização social teocrática. A divindade, portanto, era

autoridade máxima, logo, sua vontade não poderia ser contestada.

Na Grécia Clássica, pelo contrário, a razão autônoma se sobrepõe às explicações

puramente religiosas e místicas. A inteligência crítica, o homem livre para pensar e

formar os juízos a cerca da sua realidade, preparado não para submeter-se ao destino,

mas para influenciar e ser agente de transformação como cidadão, eis no que resume-se

a revolucionária concepção grega da educação e seus fins.

Dentro dessa nova mentalidade, surgem várias questões cuja reflexão visa

enriquecer os fins da educação. Como por exemplo:

- O que é melhor ensinar ?

- Como é melhor ensinar ?

Essas questões enriquecem as reflexões de vários filósofos e dão origem à

dimensões tendenciosas. Para entendermos melhor é necessário fazermos a divisão

clássica da filosofia grega, não esquecendo que o eixo central é Sócrates:

Page 9: EDUCACAO Grega

Período pré-socrático (Século VII e VII a.C.); os filósofos das colônias gregas que

iniciam o processo de separação entre a filosofia e o pensamento mítico.

Período socrático (Séculos V e IV a.C.) Sócrates, Platão e Aristóteles. Os sofistas são

contemporâneos de Sócrates e alvos de suas críticas. Isócrates também é desse período.

Período pós-socrático (Séculos III e II a.C.) época helenística, após a morte de

Alexandre. Fazem parte ainda as correntes filosóficas mais famosas: o estoicismo e o

epicurismo.

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO

O período pré-socrático inicia-se por volta do século VI a.C., quando aparecem os

primeiros filósofos nas colônias gregas da Jônia e na Magna Grécia. Podemos dividi-los

em várias escolas:

Escola Jônica: fazem parte os seguintes filósofos: Tales, Anaximandro, Anaxímenes,

Heráclito, Empídoeles;

Escola Itálica: Pitágoras;

Escola Eleática: Xenófones, Parmênides, Zenão;

Escola Atomista: Gencipo e Demócrito.

Esse período caracteriza-se como uma nova forma de analisar e ver a realidade.

Antes esta era analisada e entendida, apenas do ponto de vista mítico, agora é proposto

o uso da razão, o que não significa dizer que a filosofia vem para romper radicalmente

com o mito, mas sim para suscitar o uso da razão no esclarecimento, sobretudo da

origem do mundo.

Os antigos relatos míticos da origem, inicialmente transmitidos oralmente e depois

transformados em poemas por Homero e Hesíodo, são questionados pelos pré-

socráticos, cujo objetivo principal é explicar a origem do mundo a partir do "arché" ou

seja, o elemento originário e constitutivo de todas as coisas.

Nessa busca de desvendar racionalmente a origem, cada um surge com uma

explicação diferente, como por exemplo:

- Tales: a origem é a água;

- Anaxímenes: a origem é o ar;

- Anaximandro: a origem está no movimento eterno que resulta na separação dos

contrários (quente e frio, seco e úmido, etc.)

- Heráclito: tudo muda, tudo flui. A origem reside num constante ‘devir".

Page 10: EDUCACAO Grega

- Parmênides: A origem está na essência: o que é, é e não pode ser ao mesmo tempo.

Outra diferença que podemos notar entre a filosofia nascente e as concepções

míticas é que esta era estática, ou seja, não admitia reflexões ou discordância. A

filosofia nascente por sua vez, deixa o espaço livre para reflexão, daí cada filósofo

surgir com uma explicação diferente para o "arché", ou seja, a origem.

Apesar dessas diferenças, vale ressaltar que não há uma ruptura radical com o

pensamento mítico, permanecendo este, presente em algumas explicações desses

filósofos frente às divindades, uma vez que este não aceita a interferência dessas nas

explicações. Assim, a "phisys" (natureza)é dessacralizada e todas as afirmações passam

a exigir fatos que justifiquem as idéias expostas.

Toda essa mudança de pensamento é de fundamental importância para o

enriquecimento das reflexões pedagógicas em busca de uma educação ideal que faça do

homem grego senhor de si mesmo, combatendo assim, as velhas idéias de submissão às

explicações puramente mitológicas.

O PENSAMENTO DE PLATÃO

Se Sócrates foi o primeiro grande educador da história, Platão foi o fundador da

teoria da educação, da pedagogia, e seu pensamento foi baseado na reflexão pedagógica,

associada à política.

Platão nasceu em Atenas (428 -347 a.C.) de família nobre. Foi discípulo de

Sócrates, que induziu ao estudo da filosofia. O vigor de seu pensamento nos faz

questionar sempre o que de fato é socrático e que já é sua criação original.

Para que possamos compreender a proposta de Platão, não podemos dissociá-la do

projeto inicial que é, antes de tudo, político: vejamos algumas características do

pensamento filosófico de Platão.

Platão se preocupou a vida inteira com os problemas políticos. A situação de seu

país, saído de uma tirania, o impede de participar ativamente da vida política, em

compensação, de dica a esta, grande parte de seus escritos entre eles as obras mestras, A

República e as leis.

No livro VII de A República, Platão relata o mito da caverna. A análise deste mito

pode ser feita pelo menos sob dois pontos de vista:

Page 11: EDUCACAO Grega

1. Epistemológico (relativo ao conhecimento): compara o acorrentado ao homem

comum que permanece dominado pelos sentidos e só atinge um conhecimento

imperfeito da realidade.

2. Político: quando o homem se liberta dos grilhões é o filósofo, ultrapassa o mundo

sensível e atinge o mudo das idéias, passando da opinião à essência, deve se dirigir aos

homens para orientá-los. Cabe ao sábio dirigir, sendo-lhe reservada a elevada função da

ação política.

A UTOPIA PLATÔNICA

Platão propõe uma utopia, onde são eliminadas a propriedade e a família, e todas as

crianças são criadas pelo estado, pois para Platão, as pessoas não são iguais, e por isso

devem ocupar posições diferentes e serem educadas de acordo com essas diferenças.

Até os 20 anos, todos merecem a mesma educação. Ocorre o primeiro corte e

definem-se quem tem "alma de bronze", são os grosseiros, devem se dedicar a

agricultura, comércio e ao artesanato.

Mais dez anos de estudo, se dá o segundo corte. Aqueles que tem "alma de prata". É

a virtude da coragem. Serão guerreiros que cuidarão da defesa da cidade, e a guarda do

rei.

Os que sobrarem desses cortes por terem "alma de ouro" serão instruídos na arte de

dialogar e preparados para governar.

Quando analisamos o postulado platônico voltado para sua época, é visível uma

dicotomia na relação corpo e espírito.

Na Grécia Antiga, o cuidado com o aspecto físico do corpo merecia uma atenção

muito especial. No entanto, Platão apesar de reconhecer a importância atribuída aos

exercícios físicos, acreditava que uma outra educação merecia relevante atenção ao

ponto de ser superior às questões corporais. Trata-se da educação espiritual. No

desenvolvimento de seus argumentos, ao tratar da superioridade da alma sobre o corpo,

Platão explicita que a alma ao ter que possuir um corpo, torna-se degradante. Para

Platão o corpo possui uma alma de natureza inferior que dividida em duas partes: uma

que age irrefletidamente, de maneira impulsiva e outra voltada para os desejos e bens

materiais. Argumenta ainda que todo problema humano está centrado na tentativa de

superar a alma inferior através da alma superior. Se esta não controlar a alma inferior, o

homem será incapaz de possuir um comportamento moral.

Page 12: EDUCACAO Grega

Nesta concatenação está explícito o ideal pedagógico na concepção platônica. O

conhecimento para ele é resultado do lembrar do que a alma contemplou no mundo das

idéias. Nesse sentido a educação consiste no despertar no indivíduo do que ele já sabe e

não no apropriar de um conhecimento que está fora. Ele enfatiza ainda a necessidade da

educação física no sentido de que esta proporcione ao corpo uma saúde perfeita,

evitando que a fraqueza torne-se um obstáculo à vida superior do espírito.

Outro aspecto na pedagogia platônica é a crítica que se faz aos poetas. Na época, a

educação das crianças eram baseadas em poemas heróicos da época, contudo, ele diz

que a poesia deveria ser restrito ao gozo artístico e não ser usada na educação.

Argumenta que ao ser trabalhado uma imitação, como as dos textos das epopéias, o

conhecimento verdadeiro torna-se cada vez mais distante: "o poeta cria um mundo de

mera aparência".

Em Aristóteles (384-332 a.C.)podemos perceber um outro aspecto da pedagogia

grega. Apesar deste ser discípulo de Platão, conseguiu ao longo do tempo, através de

influências, inclusive a do seu pai, superar o que herdou de seu mestre. Aristóteles

desenvolveu, ao contrário de Platão, uma teoria voltada para o real, onde procurava

explicar o movimento das coisas e a imutabilidade dos conceitos. Trabalho totalmente

divergente à superioridade do mundo das Idéias desenvolvida por Platão.

Em seu raciocínio, ao explicar a imutabilidade dos conceitos, Aristóteles afirmava

que todo ser possui um "suporte aos atributos variáveis", ou melhor, esse ser ou

substância possui variáveis e que essas variáveis são, em síntese, características que

geralmente damos a ele e ressalta que algumas dessas características assumem valores

essenciais no sentido de que se estas faltarem o ser não será o que é. Por outro lado,

existem outros que são acidentais, uma vez que sua variação necessariamente não irá

alterar a essência do ser. Ex.: velho, novo.

Outros conceitos também são usados por Aristóteles para a explicação do ser.

Conceitos intimamente ligados como forma e matéria são em seu postulado ricos e, tal

explicação, uma vez que ele considera a forma como princípio inteligível. Uma essência

que determina a todos que são o que são. "Numa estátua por exemplo, a matéria é o

mármore; a forma é a idéia que o escultor realiza". Assim como os pré-socráticos

Heráclito e Parmênides, Aristóteles, também se preocupou com o devir, com o

movimento e conseqüentemente às suas causas. Ainda se utilizando dos conceitos de

forma e matéria, ele argumenta que tudo tende a atingir a sua forma perfeita, assim uma

semente de uma árvore, tende a se desenvolver e se transformar em uma árvore

Page 13: EDUCACAO Grega

novamente. Dessa maneira tudo para Aristóteles tem um devir, um movimento, uma

passagem do que ele chama de potência para o ato.

Aristóteles ao fazer tal abordagem, comenta ainda que o movimento assume

algumas características: movimento qualitativo onde uma dada qualidade é alternada;

movimento quantitativo em que se percebe a variação da matéria e por fim o movimento

substancial onde o que se tem um existência ou inexistência, o que nasce ou que se

destrói.

Texto Adaptado de Luciana Ricomini