Educação Física Humanista

7
Junho, 1993 — 65 PENSANDO A EDUCA00 FISICA HUMANISTA: CONSERVADORA OU EMANCIPAT6RIA? Janice Zarpellon Mam • Samna Vobdre Goellner •• 1. I NTRODUCAO A abordagem humanists na Educagao originou-se nos primOrdios do Humarismo Modemo, contrapon- do-se a visa° tradlcbnal que se baseava num modelo mecanico de homem, corn a intencao de aproximar o processo educativo a sua villa real, vaiorizando, ainda, sua existancia. Como corrente de pensamento, o Humanismo influenciou as mais diversas areas do conhecimento humano. Na Psicologia, por exemplo, deu infcio a corrente denominada "Psicologia Humanista" ten- do grande expresstio atravas de Maslow, Murphy e Rogers, que acabou adentrando o contexto edu- cacional. No campo pedag6gico deu origem, no Wad° desse sacub, ao movimento intituiado "Escola Nova" ou Escolanovismo", tendo em Dewey, Freinet, Mon- tessori, Decroly, e Cousinet seus precursores. Seu ideario propunha basicamente a liberdade e a auto- nomia do aluno, a al° diretividade do professor, o trabalho corn o ladico, corn o jogo, os matodos ativos de ensino, o respeito a iniciativa do aluno, a ilinfase no entendimento da pessoa como um ser indivisivel, uno. Encontrou no Existencialismo a Willa da pessoa como resultado de sua experiancia concreta e a liberdade enquanto caracterfstica inerente ao ho- mem e a mulher. Na Fenomenologia encontrou o matodo para seu estudo, centrando-se na descricao das experitin- cias humans a partir da consciancia de cada urn, e no Liberalism° fundamentou sua dimensao polftica. Na EducagEto Fisica possibilitou a emergancia de uma nova perspetiva, ao contrapor-se radical- manta ao model° comportamentalista hegembnico. Rompe, assim, corn esses princfpios, visando pro- por uma praxis verdadeiramente humana, em que o ponto central 6 a pessoa, aqui entendida de forma segmentada, atomizada, mas a partir de uma visa() totalizante, holfstica. TendOncias como Educactio Fisica Humanists, EducacAo Psicomotora, Concepodes Abertas nas Aulas de Educaglo Fisica, algumas manifestac6es na EducacAo Fisica Escolar, Educacilo Popular e atividexies ni p formals incorporaram alguns de seus principios. Diante das colocacOes inicials, 6 posslvel perce- ber a infludincia que a abordagem humanists exer- ceu e exerce na praxis educativa brasileira so longo dos anos, sendo, por isso, fundamental o nosso conhecimento acerca de suss manifesta- cries. Entendemos qua a /finalise de uma corrente edu- cacional nao dove estar desvinculada do contexto social, politico, econ6mico e cultural no quaff se insere. Essa afirmagão parte do pressuposto de que a educactio ntio s6 decorre desse contexto, como tambOm se constitul numa instancia capaz de questiona-lo e provocar modificagOes na sua estrutura, frente a urn trabalho corn a consciencia das mulheres e homens situados concretamente num determinado moment° histarico. Nesse sentido, tentaremos aprofundar nosso es- tudo, analisando a abordagem humanista na Educa- e na Educagáo Fisica, desvelando os pressu- postos te6ricos subjacentes a sua proposta. Resit- zaremos, ainda, uma reflexão critics acerca da sua manifestagifto no contexto educacional, resga- tando o papal do professor enquanto agents de transformagito comprometido corn um projeto de- mocnitico de educack. 2. A ABORDAGEM HUMANISTA NA EDUCACAO FISICA A Educack Fisica, historicamente, tern urns Mestranda em Ciencias do Movimento-UFSM '• Mestranda em Ciencias do Movimento Humanista-UFRGS

description

Texto versando sobre a tendência pedagógica humanista aplicada à Educação Física escolar

Transcript of Educação Física Humanista

Page 1: Educação Física Humanista

Junho, 1993 — 65

PENSANDO A EDUCA00 FISICA HUMANISTA:CONSERVADORA OU EMANCIPAT6RIA?

Janice Zarpellon Mam •Samna Vobdre Goellner ••

1. I NTRODUCAO

A abordagem humanists na Educagao originou-senos primOrdios do Humarismo Modemo, contrapon-do-se a visa° tradlcbnal que se baseava nummodelo mecanico de homem, corn a intencao deaproximar o processo educativo a sua villa real,vaiorizando, ainda, sua existancia.

Como corrente de pensamento, o Humanismoinfluenciou as mais diversas areas do conhecimentohumano. Na Psicologia, por exemplo, deu infcioa corrente denominada "Psicologia Humanista" ten-do grande expresstio atravas de Maslow, Murphye Rogers, que acabou adentrando o contexto edu-cacional.

No campo pedag6gico deu origem, no Wad° dessesacub, ao movimento intituiado "Escola Nova" ouEscolanovismo", tendo em Dewey, Freinet, Mon-tessori, Decroly, e Cousinet seus precursores. Seuideario propunha basicamente a liberdade e a auto-nomia do aluno, a al° diretividade do professor,o trabalho corn o ladico, corn o jogo, os matodosativos de ensino, o respeito a iniciativa do aluno,a ilinfase no entendimento da pessoa como umser indivisivel, uno.

Encontrou no Existencialismo a Willa da pessoacomo resultado de sua experiancia concreta e aliberdade enquanto caracterfstica inerente ao ho-mem e a mulher.

Na Fenomenologia encontrou o matodo para seuestudo, centrando-se na descricao das experitin-cias humans a partir da consciancia de cadaurn, e no Liberalism° fundamentou sua dimensaopolftica.

Na EducagEto Fisica possibilitou a emerganciade uma nova perspetiva, ao contrapor-se radical-manta ao model° comportamentalista hegembnico.Rompe, assim, corn esses princfpios, visando pro-por uma praxis verdadeiramente humana, em que

o ponto central 6 a pessoa, aqui entendidade forma segmentada, atomizada, mas a partirde uma visa() totalizante, holfstica.

TendOncias como Educactio Fisica Humanists,EducacAo Psicomotora, Concepodes Abertas nasAulas de Educaglo Fisica, algumas manifestac6esna EducacAo Fisica Escolar, Educacilo Popular eatividexies nip formals incorporaram alguns de seusprincipios.

Diante das colocacOes inicials, 6 posslvel perce-ber a infludincia que a abordagem humanists exer-ceu e exerce na praxis educativa brasileira solongo dos anos, sendo, por isso, fundamental onosso conhecimento acerca de suss manifesta-cries.

Entendemos qua a /finalise de uma corrente edu-cacional nao dove estar desvinculada do contextosocial, politico, econ6mico e cultural no quaff seinsere. Essa afirmagão parte do pressuposto deque a educactio ntio s6 decorre desse contexto,como tambOm se constitul numa instancia capazde questiona-lo e provocar modificagOes na suaestrutura, frente a urn trabalho corn a conscienciadas mulheres e homens situados concretamentenum determinado moment° histarico.

Nesse sentido, tentaremos aprofundar nosso es-tudo, analisando a abordagem humanista na Educa-

e na Educagáo Fisica, desvelando os pressu-postos te6ricos subjacentes a sua proposta. Resit-zaremos, ainda, uma reflexão critics acerca dasua manifestagifto no contexto educacional, resga-tando o papal do professor enquanto agents detransformagito comprometido corn um projeto de-mocnitico de educack.

2. A ABORDAGEM HUMANISTA NA EDUCACAOFISICA

A Educack Fisica, historicamente, tern urns

Mestranda em Ciencias do Movimento-UFSM'• Mestranda em Ciencias do Movimento Humanista-UFRGS

Page 2: Educação Física Humanista

66 — Junho, 1993 fleirm

profunda rake* corn os miltares e os medicos,em especial polo pepel quo desempenhou e desem-penha junto it sociedade braslleira. Desde o seculoXIX esteve ligada i1 eugenizag&o da raga, e nomomento em que se deu a Aborts* do jugoportugubs Isso se fez multo presents, na medidaem que havia a necessidade de homens e mulheresfortes para gerarem flihos fortes e, conseqÜente-manta, urns sociedade forte. Assim, Incorporouainda uma pratIca higlentista, em quo "a 'delacentral 6 a dIsseminack dos padrbes de conduta,forjadas pelas eNtes dirigentes entre todas as ou-tran classes socials" (GHIRALDELU, 1988:17).

Na dOcada de 30, a Ecticasio Fisica colaborousignificalvamente para a manutencio do regimepolitico, no qual desempenhou o papal de oaadju-vante na defesa da PAtria, nAo s6 contra os "inimi-gos externs" mas, especialmente, contra osmigos interns' (opositores ao sitema, comunis-tas). Aiguns autores como Castellani Filw,e Ghiral-dell atribuem 8 EducagAo Fisica nesse period°a fungao de auxliar indiretamente na economiado pals, que vivia um moment() de transigao deum modelo econdmico agro-exportador pan ummodel° urban-Industrial. Havia carfincla de mao-de-obra preparada pars o processo de industria-lizagtio quo despontava. Comecam, enter), a acon-tecer mudengas na politica educacional brasileira,e na EducagAo Fisica se cbi a criaglio de InstitulgOese cursos isolados corn a finalidade corn a finalidadede formar recursos humans para a atuar na orien-tageo de atividades fisicas voltadas pars a prepara-gAo de brga de trabaiho.

A obrigatoriedade da prAtica da EducagAo Fisicanas escolas so nivel constitucional aparece em1937, sendo iniplementada no ensino primarb, se-cundirio, normal e protissbnal. (Beth, 1988).

A recuperagAo dosses fatos histddcos tem comoIntengtto dernonstrar que, enquanto a EducagAodiscutia o idearb escolanovista, a Eductigio Fisicamantinha-se arralgada ao reducionismo anatomo-fisioldgico sustentado polo metodo trances.

A Okada de 40 caracteriza-se pela Introdugliogradual do esporte nas aulas de Educagao Fisica,tendencia essa que val se consolidar nas prOximasdecadas.

A EducagAo Fisica, ao acontecer como uma"atividade educativa" junto nos curriculos escola-res, passa a nAo macs se caracterizar como urnspratica direcionada para promover a sadde e disci-plinar jovens, mas busca sua fungAo enquantopossibildade educativa, o que faz surgir, no finalde 50 e infclo de 60, uma tendAncia denominadaEducagAo Fisica Pedagogicista (GhiraideM), 1988,que esta ligada ao crescimento do ensino pdblicosob influencia do Liberalism° e da ideologia nacio-nal-desenvolvimentista de JK.

Nessa nova tendAncia A possfvel evidenciar

alguns princfpios humanistas, quando o discursoda Educacao Fisica 6 direcionado para a formagãodo homem ideal (mesmo qua o considerando comourns entidade abstrata).

0 prdprlo GHIRALDELLI (1988) transcreve noseu livro "A EducagAo Fisica Progressista" umtrecho da fala de um professor da Escola Nacionalde EducagAo Fisica desse period°, onde se tornaevidente o cunho humanista que orientq essa pratl-ca educativa:

A materia-prima da educack ffslca 6 o serhumano corn todas as suas dimensees. Acen-tuemos corn enfase a sua dimensk hist6rica,entendda esta nAo no seu aspecto epis6dicoou na mera crOnica de fatos, mas como amarcha do humano em busca do sal sentidoprofundo. Dal a magna importAncia da educagAoffsica. Concorreni eta, efetivamente ou nAo,conforms a sua docencia, para qua o homemem todas as faces e situageles existencialsatualze as potenciaNdades em beneffcb prdprbe de necessidades comunitAdas, sempre matscompiexas em uma sociedade economicamenteem ritmo acelerado de industrializageo e, politi-camente, democrAtica (...) (FARIA 1957) (p.41).

AtravAs dessa citaglio podemos indentificar al-gumas caracterrsticas do Humanism° Moderno naEducagAo Fisica, quo perde terreno para a emer-gencia do esporte escolar competitivo (esportIviza-geo da Educagfto Fisica Escoiar) quo deixa davidasquarto so seu mutter humanists pela maneiracorn quo se desenvolveu.

No final da ddcada de 70 visualiza-se urns outratendAncia na EducagAo Fisica, denominada porCastellani Rho Como "Tendencia da Pslcopedago-gizageo", quo recebeu influencia do Escolanovismo,manifestando-se, agora, na EducagAo Fisica. Se-gundo esse autor:

nAo se fazia aqui anidise da escola levandoem conta o momento histdrico em que elase contextualizava nessa nossa sociedade. Sediscutia abstratamente a Willa de homem, aidAia de crianga, a idela de idoso, entSo secomegou a trabalhar na EducagAo Fisica a idelada crianga em si, o homem em si, o ldosoem si, como se existisse o homem em si,a crianga em si (CASTELLANI, 1987:5).Autores como Le Bouch, Lapierre, De Maur

e outros, atravds da Educagfto Psicomotora ouPsicomotricIdade, comegam a ser trabalhados nasescolas, respaidados pelo Escolanovismo, especial-manta nas primeiras Wiles do 1° grau. A propostado entendimento da pessoa enquanto um ser uno,indivisivel A basica nessa corrente, que tents en-tender a crianga e a relagAo da sua motricidade

Page 3: Educação Física Humanista

Junho, 1993 — 67

corn os aspectos afetivos, cognitivos e socials,consklerancb ainda a importância do seu mundovivido.

A crianga 6 estudada frente aos seus padreesmotores, sua lateraidade, sua orientagito espago-temporal, seu ritmo, onde 6 respeitada a sua indivi-dualidade aceitando-se as diferengas de cada uma.Os condicionantes sOcio-econbmicos sequer sàopensados.

A Psicologia Genetics de Jean Piaget influencioufortemente esse momento e sua obra constituiu-sea cartilha de intimeros professores. 0 psicologismopedagOgico atinge o seu /pica. Tudo 6 entendidoa partir dessa perspectiva e a crianga passa aser o centro do mundo.

Destaca-se tambem Carl Rogers, fundador daPsicologia Humanista, que, no entendimento deVitor Marinho de Oliveira (1984), 6 o autor-chavepara o desencadeamento de uma nova percepgáoda Educagão Fisica, que denomina de EducacaoFisica Humanists.

Assim, tendo por base estudo, abordaremos al-gumas caracterfsticas da Educagdo Fisica Huma-nista, que nasce da tentativa de contrapor-sevista comportamentalista, ern que princfpios e as-pectos como rendimento, eficifincia, tlynica, esti).tica, estereotipagtto do movimento, sabde, perfor-mance, competigáo tomaram-se inquestiondvels&Om de inerentes a sua pritica.

A linha humanista na Educagão Fisica surgecorn a inn:trick de rejeitar esses principios, assimcomo contrapor-se a visit() reducionista acercadas suas possibilidades e objetivos, incorporadosna concepgao anterior, buscando, ent go, estabele-cer uma praxis verdadeiramente humana.

Algumas idloias de Rogers podem ser identifica-das na pratica pedagbgica da Educagto Fisica Hu-manista. A seguir abordaremos algumas delas, po-rem se faz essencial esclarecer que as mesmasnáo acontecem isolaciamente, mas, sim, numa plenainter-relaggo, náo se caracterizando como (micas.

a) Aprendizagem significativa: resgata a visibhoffstica do homem, proporcionando ao aluno expe-riancias que extrapolam o nfvel puramente ffsico,envolvendo-o na sua totalidade. Nesse sentido bus-ca no exercfcio natural urn caminho a ser trilhado,pots, conforme Seybold (apud Oliveira, 1864:56),"os movimentos naturals tem um sentido, säo de-terminados por uma finalidade (...). Surgem primor-dialmente quando devem produzir algo que ternsentido para o executante".

Perde-se aqui a perspectiva mecanicista e Seg-mentada e tem-se, ao contnirio, uma agâo cons-ciente, total, capaz de possibilitar a aprendizagemenquanto carregada de significado para o aluno.

Nas arias de Educagao Fisica, as atividadese os objetivos nascem a partir das necessidadesdos educandos, conduzindo-os a uma postura de

consciancla acerca de si mesmos. Os contelidoscomo o esporte, o jogo, a danga, a ginisticaetc. sbo reflexos das descobertas dos alunos frenteao que Ihes 6 significativo dentro do seu mundovivido.

Estender urn bravo nao tern significado, a menosque seja pars acenar para alguem, langar urn obje-to, tocar a bola, conforme a intengáo de quemrealiza o movimento. Al, então, pode-se vislumbrara essOncia da aprendizagem significativa.b) Uberdade: dentro da perspectiva humanista, de-ve ser favorecido um ambiente liberal ao alunopara que acontega a 'Vivre expressly". E neces-sin° abandonar os métodos tradicbnais e compor-tamentalistas, langando-se, assim, num grande de-saf io, pots "formar häbitos meoluncos e Instalara uniformidade de conduta 6, obviamente, tarot amais fad do que tentar assegurar para o indivkluoequilibrio mental e tornit-lo urn homem capaz detomar suas prOprlas decisbes" (Amado apud OLI-VEIRA, 1984: 57).

Postula-se que os exercicios sejam realizadosa partir de impulsos internos do executante, ondeexista a possibidade de sentir o movimento comosendo seu, pis este prazer de rnovimentar-selivremente, acrescido do valor afetivo decorrentedessa liberdade, passa a construir, atrav6s daparticipagelo espontânea, uma verdadeira disciplina.

c) Ensino centrado no aluno: essa premissa re-cai sobre as tecnIcas (nDo-diretivas e de sensibill-zacão, onde sentimentos podem ser expostos) ena relagao professor-aluno, em que o primeirocaracteriza-se como um facilitador da aprendiza-gem e o segundo assume urn papal de maiorresponsabilidade frente so processo ensino-apren-dizagem, partindo das suas prbprlas motivagbes.

Entendendo que, dentro da Educagáo Fisica, apostura humanists tern uma essancia pedagbgica,Oliveira (1984) observa que no professor de Educa-gito Fisica, enquanto agente desse processo, re-caem algumas atitudes como:

ser capaz de apropriarbe das tlynicas, dojogo, do esporte, da danga, da gindstica não comourn fim em si mesmo, mas como um mob parsatingir seus objetivos educacionais;

integrar-se no ambiente em que atua, deforma a se constituir urn agente de mudanga;

atuar coma orientador da aprendizagem, fa-vorecendo o crescimento pessoal dos alunos;

orientar-se pelas tecnicas ntio-diretivas;perceber o aluno como pessoa, centrando

sua preocupagâo na transferancia da aprendizagempara a vida do aluno, muito mais do que no desem-penho esportivo;

reconhecer a diferenga entre o adestramentoe a educagão, e estar ciente de que atua juntoa pessoas e, nao, objetos.

Page 4: Educação Física Humanista

68 — Junho, 1993

Frente a essa pempectiva, sua atuagio desloca-se ratcalmente do eixo que suporta a propostacomportamentalista e apda-se na percepglio doalum enquanto "ser humano" capaz de euto-reell-zar-se em fungi° des posslbllidades quo the sSooferecidas. E el reside o seu principal mob deatuaglo.

d) Indlvidualidade: dentro de perspective huma-ista, tern-se como objetivo entender o aluno en-

quint Set Individual, atendendo sues nectsseldadesrespeltando sous valores e was limftagees indi-

viduals.A Educe,* Fisica Humanista, dentro desse am-

bito, busca acabar corn a unit ormidade e a padronl-zaglo dentro das atividades Ifelcas, resgatandoa quo* do ser indh4dual de cada aluno.

Ao maker ease t6pico, Vitor Marinho de Oliveira(1984) basely-se no registro de Seybold (1980)sobre varios parAmetros utilizados para a refiex&oacerca do en** Individualizado na Educagao Fisi-ca, destacando apenas trios dales: a) maturidademotora — em que o indivkko 6 respeitado quantoaos sous padr6es motores; b) capacidade de rend-mento — a partir do qual propbe pare as aulasvaries eltuaceies corn diferentes graus de df iculda-des, levando o praprio aluno a se classlficar, natentative de eliminer frustrageles. Cita aide que,dentro dessa forma de atuar, o aluno estA maleenvohedo afetivarnente corn a atividade, pea opor-tunIdade qua possui de autodirigir-se e de auto-a-vaNar-se. Ciente dessas responsabilidades, o alunoprocure urn rendimento subjetivo, sem delnear-sesegundo padreses estabelecidos a priori; c) interesseem que, apes crfticar a especializagao precoce,atribul ao professor a tarefa de preocupar-se corn

futum do educando, numa perspective de serurn praticante permanente de atividades fisicas.

Considerando o jogo como um Importante instru-mento de Educagao F7sica, torn-se relevante re-tie* sobre seu acontecer sob a 6tica humanista.

jogo resgata o carater 16dico, atingindo 0 serhumano na sua totaildade. Ao jogar, 6 possfvelgrander e Incorporar normas, assim como saberrelacbnar-se atravas dales a partir do preen° con-vfvb, percebendo a necessidade de construgao deurn °Wig° de direitos e deveres. possivel viven-°Jar o qua Rogers chamou de "inter- relagbes pes-sods."

0 jogo, dentro de uma concepc6o humanists,aparece como urn oportunidade pare a experimen-tack da criatividade e, no dizer de OLIVEIRA,"sera jogando que a crianga conseguira abrir-sepor intelro a experiencia, vivendo plenamente opreprio momento. Sera jogando que, em Ultimamanse, a crianga sera capaz de "ser" (1984: p.55). Compiementando, sera jogando que o homemresgatara a sua dimensào de "homo ludens" (Hui-zinga, 1971).

0 jogo, ao adquirir outra dimenseo que nioa estritamente competitive, passa a integrar outraspossibilidades no campo da motricidade humana.Surge corn muita &Masa, a partir de 1974, o movi-mento intitulado de EPT (Esporte para Todos),corn o aporente objetivo de proporcionar a praticadesportiva a todos os segmentos de populagao.Seu idedrio continha aigumes tendencies humanis-tas, qua foram suplantadas pole forte conotegiaideolOgica qua permeou a sue pratica, aide a demo-cratizagao das atividades esportivas nho aconteceude fato a nä° ser nas was manifestagOes enquanto"espeticulo de urn dia". 0 EPT, que era dirigidoas masses, corn o suposto objetivo de democra-tizar as atividades fisicas (lazer, ocupagão do tem-po livre, esporte etc.) acabou contribuindo paraperpetuar as desiguaidades socials, dogmatizar oesporte, coisificar o corpo e adapti-lo as exigen-cies da tecnocracia, tornar o individuo e a comuni-dade instrumentos de reprodugao cultural e cultivara °badlands e a discipline (Cavalcanti, 1984).

Outra proposta na Educagao Fisica que englobaaiguns princfpios humanistas 6 representada noBrasil polo professor visitante da Universidade Fe-deral de. Santa Maria, Reiner Hildebrandt (AlemanhaOcidental), que propunha as "Concepgbes Abertaspara o Ensino da Educagio Fisica", que carregaa intengito de trabalhar corn o esporte na escolafronts a uma outra dimensao, em que proposigbescones maior participagao dos alunos nas decisbes

organizack das aulas e major criatividade dosparticipante sAo privilegiadas; "onde o professoratua male como um facilitador e negociador, semabandonar os preceitos pedagegicos, mas abertopare modificar os exercfcios e jogos, seguindotendencias, interesses e possibilidades do grupo"(COSTA, 1988, P. 17).

A questa° central da proposta de Hildebrandtdiz respeito a evitar a redact° cis compiexidadedo movimento humano nas aulas da Educagão

escolar. 0 professor liberta-se das fOrmulaspadronizadas de exercfcios e Own e pressup6eque os alunos tem a capacidade de modificar asregras ji impostas e deddldas a priori. Essa con-cepgao fundamenta-se na Pedagogia do Esporte,que 6 visto como algo socialmente regulamentado,que pods ser aprendido, assistldo (consumido), re-fletido e modificado (Hildebrandt, 1985).

De uma maneira geral, verificamos que a con-cepgia humanista explicita- se na Educagao Fisicaha pouco tempo. At6 enti5o, estava "fechada" paramuitas possibilidades no que concerne ao entendi-mento dos homens e muiheres e sua movimen-tack, nAo como urn fim mesmo, mas junto aoutras dimensbes.

Essa tendencia explicita-se fundamentalmentena Educagao Fisica Escolar sob influencla ascots-novista e ainda em alguns movimentos isoladosde atividades Ow- formals e comunitarias.

Page 5: Educação Física Humanista

Motriv Junho, 1993 — 69

3. cONCWSAO

A abordagem humanista trouxe contribulgttesfundamentals ao cenario educacional, num mo-mento em que o Indlvkluo, o aluno, carecia denovas perspectives pare manlfestar-se enquantoser humano no seu processo de construgk, pots,ate entk, era tratado como um objeto, urn sercoisificado.

Na escola, o ideario pedagagico dos professoresincorporara uma nova linguagem, onde termos comoliberdade, valores, nk-diretividade, integrackpessoal, diabgo, motivack intema, facilitador daaprendizagem, aluno/sujeito, auto-avaliagão, sensi-bilizack e muitos outros tomam-se comuns nasua pratica cotidiana. Surge, entAo, sob esse pris-ma, a abordagem humanista, em que o aluno passea ser o centro do processo ensIno-aprendizagemconstruindo suas praprias experiancias a partir dassuas necessidades basicas.

0 professor deve ter como qualidade elementara autenticidade, a qual vai possibilitar o dialog°,privilegiando a cooperagAo, confianga, respeito eautonomia de seus alunos enquanto repletos devalores.

Os conteados tem uma importancia secundaria,sendo cosntrufdos e identificados perante a inten-cionalidade do educando, proveniente da sua reali-dade objetiva e subjetiva.

Nesse cenario, as estratagias e tknicas educa-cionais recaem sobre uma nova perspectiva, ouseja, abandonam-se as tecnicas tradicionais emfungão do use da sensibilizagito e da promogitode um ambiente favoravel ou relacionamento inter-pessoal.

A escola assume urn papel de formadora deatitudes, dal a sua Onfase nos aspectos psico16-gicos ou socials. A mudanga que se busca dizrespeito ao interior do aluno, auxiliando-o a umaadaptack pessoal no ambiente que o circunda.

O movimento escolanovista, ao manifestar-sena escola, enalteceu a crianga e seu mundo, dandosob, certos aspectos, uma contribuicão ao seudesenvolvimento enquanto ser humano, resgatandoa sua importancia ao particlpar de seu prOprioprocesso educativo.

Apesar da concepgAo humanista, via Escola No-va, ter contribufdo em determinado momento hist6-rico na educagao, observamos que ela pecou emdiversos posicionamentos, quando se entende aeducagao como praxis transformadora.

Assim, ao pensar a mulher e o homem dentrode uma concepgAo facet:Vice ideaista, nega a suahistoricidade e a sua capacidade de interferir nasociedade, enquanto agentes de transformack. E,ao nega-las, entende o Humanismo como se fossepossfvel reduzi-lo unicamente a uma dimensk indi-vidual. Em momento algum faz menck a humani-

zagao como um processo de construgito coletivade seres humans situados concretamente numcontexto que transcende a sua esfera pessoal,a sua realidade subjetiva.

A influencia da ideologia, aqui entendida comourn mascaramento da realidade tal qual se apre-senta, nito 6 considerada polo Escolanovismo quan-do pensa o mundo vivido da pessoa. Entk, quandoidealiza o desenvolvimento harmenico do indivIduo,nk o percebe como sujeito aos condicionantesecon6micos, politicos, culturais e socials que seveiculam pal° aparato ideolOgico do Estado e dasociedade civil. Esse maneira de perceber o serhumano e a sociedade remote a um mero adapter-se as expectativas socials vigentes frente ao con-servadorismo liberal, que, em Ultima andlise, ser-vem a manuteng/to do "status quo".

A construgk e o acesso ao conhecimento, sobo enfoque humanista, nk recebem a clavicle impor-tancia como instrumentos essenclais a transforma-gAo da sociedade e como direito fundamental doindivkluo. 0 desInteresse peio saber sistematizado

pela culture universal forma homens e muiheresdespreparados pare superar a sua situagao dedominagk, pots os mesmos nk detarn por siso os elementos necessarios ao rompirnento dessasituagAo.

Ha, nesse sentido, o perigo de uma interpretagtofragmentada, superficial da realidade, caindo numtotal espontaneisrno. Esse pods ser evitado namedida em que "algo extemo" posse medlar oprocesso de desvelamento do real (Snyders, 1979)-

esse "externo" dove tamb6m residir na aggtodo professor mediante a transmissk do sabersistematizado e no incentivo ao ato de reflexão,a uma releitura do que esta posto.

Na abordagem hurnanfstica entende-se que oindivkluo tern uma tendancia natural pare conhecer;entende-se que o conhecimento a nato, sendoimpulsionado pela motivagio intrinseca de cadaum frente as suas necessidades e interesses. Nonosso entender, o conhecimento 6 construido so-cialmente na interagto homem-natureza, atravasdas contradigOes evidenciadas na essancia e exis-tência dos fettmenos, numa relack eminente-mente dialatica.

A implementagk do humanismo no sistema es-colar sot reu algumas dificuldades, principalmentepela predominancia e unilateralidade da abordagemcomportamentalista, que detinha uma tradigk nes-se campo. Tambern colaboraram para isso a inexis-tência de uma agAo pedagOgica mais sistematizada,a elevagáo dos custos necessArios a sua implanta-ck, a deficiente infra-estrutura da rode escolar(bibliotecas equipadas, amplo espago fisico, mate-riais didtiticos ricos, professores preparados e ou-tros).

No entanto, o ideérb humanists adentrou o pen-samento dos educadores que tentaram pratica-lo

Page 6: Educação Física Humanista

70 — Junho, 1993

em instituicies que tinham como suporte te6ricoainda urn referencial tradicional, o que acabou porcauser uma grande confuslio no solo da escola.ConseqÜências como o afrouxamento da discipline,o descomprometlmento do professor na sue praticapedag6gica, e a despreocupagio na transmissiltode conteOdos reconhecidos tmiversalmente acaba-ram por rebabcar o nivel de ensino, especialmenteo destinado as camadas populares, as quais, geral-mente, töm na escola pithlica o tinier camlnhopare chegar 83 saber sistematizado. Conforme SA-VIANI, a perspective humanista atravOs do movi-mento escoianovista "...aprImOrou o ensino desti-ned° is elites" (1988:22), o que, por sua vez,confirms uma escola dualists: is elites 6 destinadoum saber sistematizado, qualificado, que Ihes pro-porciona o acesso As universidades, e is classespopulares 6 destinado o ensino profissionalizente,que, geralmente, tem no secundirio seu cariterterminal.

A escola que poderia ser o maior agenteda democratizaglio do ensino, contribul pare essasegregagão, uma vez que NW 6 acessivel a todose os alums des camadas populares que coneeguemchegar a ela silo relegados, na medida em queeste trabalha coin a !Nice da exclusito. Ott seja,trabalha contetidos desvinculados do cotidiano doaluno, padroniza comportamentos, necessidades eInteresses a partir da visa° dominants, discrimlnaos que Ito se enquadram nos padre:es da "normall-dade", contribuindo significativamente pare que nàosiMam na escola um ambiente favorivel so seudeserivolvImento. Ao coMrario, sentem-se desloca-dos.

Outro panto-chave pare essa situagho recai naquestrio de que a escola, embora pablica, atendeaos Interesses privados, negando a emergOnciado saber e da culture popular. Em decorrOnciade tais acontecimentos, a desigualdade entre asclasses se acentua, favorecendo e assessorandouma em detrimento da outra.

Quando se atribuiu ao professor o papal defaciNtador, catalizador da aprendizagem, e ao alunoa responsabilidade pMheira de ser sujeito do pro-cesso, foi possivel vlslumbrar na orifice uma Inver-

- stto de paphis. Ao retirar-se toda a responsa-bilidade o comprometimento do docente na soda-lizagáo do saber sistematizado, surgiu uma mini°andrquica, pois niio se considerou que o professor6 possuidor de maior conhecimento que o aluno,decorrente ate da sua pr6pria situagáo histOrica/e-xistencial. A respeito dessa relagio (professor/aluno) concordamos corn SNYDERS quando nosPala que:

"el alumno no es un pobre ignorante sobrequien se vierte el conocimiento sin que participeen su elaboracidn, sin que pueda interesarseen el mismo. Pero tampoco se debe cair en

Ia demagogia del simplismo que pretende per-suadir a cada alumno que esti al mismo nivelde Ia ciencia y del maestro" (1979, p. 27).Ao relegar os conteOdos a urn segundo piano,

acreditamos que o Escolarovismo incorreu numgrande erro, por evidenciarmos a fundamental im-portlincia que existe na apropriagio dos contehdos,como uma instrumentalizegio corn vistas a Kilotransformadora da realidade humane. Cabe ressal-tar que a sale* dos conteidos dove ester flltradapela perspective ideolOgica, no sentido de cotrapor-se I ideologia hegemOnica. Citamos aqui, BAGGIO,que dlz:

"a quest deve ester centrada na selegio(...) dos conteidos. Al reside urn dos pontos-chaves da educagito. A mudanga quantoapreensio da realidade de uma "experienciaimediata e desorganizada ao conhecimento sis-tematizado", ntto permite afirmar-se qua elarepresente um avango a superagäo de urn siste-ma opressor; porque a experiOncia imedlata eo conhecimento sistematizado nit° sho neutros,ambos silo condicionados a alguma ideologia"(1986, p. 65).

As objegOes que fazemos aos paradigmas querefletem a posture humanista, no que se refersao papal da • escola, devem-se ao fato de queelse a negam como um espago destinado a divulge-gtto do saber, suprimindo a curiosIdade intelectual.Ao substituir-se a descricao te6rica pela trocade experiencias, criam -se obstaculos as classespopulares, limitando-as quanto ao acesso a cultureuniversal, refletindo urn descompromisso corn as-ses segmentos da socledade.

Ressaltamos, ainda, a questão da liberdade, queaparece dentro dessa 6tica de educagito comouma conquista individual do aluno, decorrente dasua autodiregOo e autoconstrugho. Que liberdade6 essa, e que possibilidades ter& o aluno de operare tirar conclushes a partir de sua pr6pries refer6n-cies, se ele 6 urn produto determinado o determi-nante do mein em que vive e traz subjacenteurn conjunto de normas, valores, conceitos, repro-sentagOes e jurzos estabelecidos a priori?

A Educagio Fisica rut° acontece isolada do con-texto educacional. Portanto, servem-Ihe todas asandlises, corn a agravante de se ter retardadopor muito tempo o questionamento acerca de seuatuar e da sua fungi° social.

0 prOprio Escolanovismo se inseriu muito tardia-mente na Educagio Fisica, polo fato de que esta,por muito tempo, apresentou-se "militarizada, dis-ciplinadora, voltada quase que exclusivamente parao ffsico, corn baixo nivel de reflextio te6rica, utili-zando meios que dificilmente atingiriam os objetivoseducacionais globais propostos pelos escolanovis-tas" (BETTI, 1988, p. 93).

Page 7: Educação Física Humanista

Junho, 1993 — 71

Um ponto nevralgico da postura humanista naEducagao Fisica (quando se efetivou) 6 entend6-lade maneira ingénua, bem como urn entendimentotambarn limitado acerca do movimento humano,que 6 destitufdo de sua concretude histOrica.

Ha avango em alguns pontos, principalmentepor opor-se a visa° reducionista do comporta-mentalismo, ao privilegiar outras dimensOes quenao a competitiva. Mas, mesmo assim, s6 conse-gue compreender o movimento como fator de liber-tack) expresstio, udicidade e construct's:, enquantoser humano, pessoa sem uma dimensao socialmais ampla. 0 social 6 entendido apenas comoo relacionar-se corn o outro, como se isso fossecondigão "sine qua non" para urn projeto maisamplo de transformack social. Essa possIbilidade6 escamoteada, como se simplesmente nao exist's-se. Noutras palavras: seu discurso pode ser eman-cipat6rio, mas sabemos que, na verdade, ocultaurn profundo conservadorismo.

Nao podemos deixar de afirmar que, infeliz-mente, o Humanism°, pelas suas ma's diferentesmanifestagOes, nao teve forga suficiente para mo-dificar o acontecer das auras de Educagão FisicaEscolar brasileira, que, quando nao caem no deslel-xo total, trabalham valorizando o aspecto ffsico,as medicOes quantitativas, a competigao, a sele-tIvidade.

A Educagao — e a Educagtto Fisica — porsi s6 nao tranformara (ão) a estrutura social %ten-tn, mas, certamente, sem ela (s) a transformagaonao se concretizard. Corn isso, acreditamos seressencial a clareza do professor acerca dos pres-supostos filosOficos, politicos a ideolOgicos queorientam a sua concepgao de mundo, compromissoesse ref letido na sua agáo pedagOgica e no seuatuar enquanto cidadao.

Ao percebermos que muitos educadores, quandoadotam a concepgao humanista, pensam estarconstruindo uma nova perspetiva em educagao,preocupamo-nos. Como pode urn seguidor dessaconcepgao langar-se a uma real tranformaglio emprol de uma sociedade democratica, se Mc, ques-tiona essa nossa sociedade, e, assim, acaba porcolaborar para a sua manutengao, legitimagao ereprodugão?

Frente a essas quest6es, ressaltamos a impor-tancia da clareza conceitual e ideol6gica que o

professor deve ter frente ao seu atuar, para evitarincorrer em erros a ter ainda uma visas° distorcidaacerca do seu pr6prio aglr.

Finalmente, construir uma sociedade democra-tica requer ma's que entender o ser humano comoentidade abstrata (postura humanista), requer maisque "votar para presidente".

Construir uma sociedade democratica de fato,e nao de discurso, pressup6e uma luta cotidianaem que,' ntto se esperava do futuro algum portode chegada onde os homens, finalmente libertos,abrirlio mao dos riscos de navegar" (PT, 1989.).

4. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BAGGIO, Andra. 0 que 6 primordial em educagao?uma crftica a pedagogia critico-soclal dos con-teOdos. Revista Contexto & EducacAo. (11)

Livraria Unijul Editora, 1988.BETTI, Mauro. A educacAo fisica na escola brasi-

leira de 1° e r graus, no period° 1930-1986:urns abordagem socialica. (diss. mestrado)Silo Paulo, USP, 1988.

CASTELLANI FILHO, Lino, A (des) caracterizacaoprofissional, fflostsfica da Educagáo Fisica. Re-vista Brasileira de Carlolas do Esporte. (4)3, 1983. . 0 curriculo, a histOrie e o processo politico-

pedag6gico da Educagao Fisica. Campinas,mimeo, 1983.

CAVALCANTI, Katia B. Esporte pars todos: urndiscurso ideolevico. Sao Paulo: IBRASA, 1984.

COSTA, Lamartine P. da. EducacAo Fisica e espor-tes nit) formals. Rio de Janeiro: Ao LivroTecnico, 1988.

GHIRADELLI JR. Paulo. Educagao Fisica Progres-sista. Sao Paulo: Loyola, 1988.

HILDEBRANDT, Reiner. a LAGING, Ralf. Concep-c6es abertas no ensino da Educagao Fisica.Rio de Janeiro: Ao Livro Tecnico, 1986.

HUIZINGA, J. Homo !Wens. Sao Paulo: Perspec-t va, 1971.

OLIVEIRA, Vitor M. Educagao Fisica Humanists.Sao Paulo: Ao Livro Tacnico, 1984.

PARTIDO DOS TRABALHADORES. Manifesto poruma nova esquerda. Silo Paulo, 1989. mimeo.