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Educao Empreendedora: desafios das prticas pedaggicas na educao bsica1

Mafoane Odara Poli Santos2

Colaboradora:

Mercia Consolao3 (colaborao)

Pensar prticas pedaggicas dos educadores no cotidiano da sala de aula remete,

necessariamente, discusso dos quatro pilares da Educao para o Sculo XXI,

definidos pela UNESCO em 1998, sob a coordenao de Jacques Delors. Atualmente, juntamente

com a LDB, eles compem as bases da educao brasileira para o desenvolvimento das

habilidades e competncias dos jovens brasileiros: aprender a ser (competncias e habilidades

pessoais), aprender a conviver (competncias e habilidades relacionais), aprender a conhecer

(competncias e habilidades cognitivas) e aprender a fazer (competncias e habilidades

produtivas). Esses pilares auxiliam a construo de percursos formativos inovadores e criao de

novas metodologias para a formao integral. Alm disso, novas estratgias sociais tm se

mostrado eficazes no auxlio da aplicao das diretrizes fundamentais de ensino bsico e dos

pilares da educao.

A educao empreendedora, destinada a dotar o educando de graus crescentes de

liberdade para fazer suas escolhas e a contribuir para o fortalecimento de seu projeto de vida,

elege como tema central a preparao do jovem para participar ativamente da construo do

desenvolvimento social. Alm disso, busca desenvolver habilidades e competncias nos jovens

que colaborem para o fortalecimento da autonomia, do projeto de vida e da liberdade de

decidir sobre o prprio destino.

O artigo a seguir apresenta os principais conceitos sobre o tema e como a educao

empreendedora nas escolas pode incentivar novas prticas pedaggicas, estimular novas

relaes no ambiente escolar e tambm uma nova relao com o conhecimento.

1 Texto produzido para o 1 Encontro sobre Mediao Escolar e Comunitria, realizado em Serra Negra

entre 07/06/2010 e 11/06/2010, pela Secretaria Estadual da Educao de So Paulo SEE. 2 Mestranda em Psicologia Social pela USP e coordenadora do Programa Gerao MudaMundo, programa

de juventude da Ashoka Empreendedores Sociais, que incentiva e apia jovens a transformar sonhos em ao criando e desenvolvendo projetos sociais que beneficiem suas comunidades. 3 Mestre em Cincias Polticas pela USP e consultora do Programa Gerao MudaMundo e Alumni do

Programa Humphrey Fellow da Fulbright e do Departamento de Estado Americano.

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Princpios bsicos da educao empreendedora

Embora a origem do termo seja econmica, datada do sculo XVIII com Jean-Baptiste

Say (1767-1832), a educao empreendedora a mais recente conquista da rea de

empreendedorismo. Alm de ser considerada uma sada para o desenvolvimento social,

econmico e comunitrio, a educao empreendedora busca despertar os valores

empreendedores em crianas, jovens e adultos como forma de promover o desenvolvimento e

reduzir a excluso social e , talvez, uma das mais significativas conquistas desse campo est

centrada na preparao juvenil para participar ativamente da construo do desenvolvimento

social.

O termo empreendedorismo era, e ainda , mais conhecido por referir-se a atividade de

uma pessoa inovadora que percebe oportunidades no mercado comercial para lanar um novo

negcio. Mas, na verdade, o termo descreve uma postura, um conjunto de comportamentos e

qualidades como criatividade, inovao, confiana, paixo, que se aplicam tanto para aos

empreendedores de negcios quanto aos empreendedores sociais e que podem ser ensinadas e

aprendidas (Roure, 2001).

Por isso, fundamental investir na educao que estimule a participao, cooperao,

criatividade e inovao, desde a infncia, pode contribuir para construir uma sociedade mais

preparada para transformar desafios em solues. Isso envolve o desenvolvimento de

habilidades e competncias que colaboram para o fortalecimento da autonomia, do projeto de

vida e da liberdade de decidir sobre o prprio destino.

A importncia de promover na educao empreendedora

Levando em considerao que a palavra descreve uma postura, um conjunto de

comportamentos e qualidades, promover uma educao empreendedora impulsiona a

transformao e o desenvolvimento scio-econmico. Isso porque, uma sociedade, em que os

jovens so agentes de mudana social positiva consegue responder de forma mais rpida e

eficaz aos desafios do desenvolvimento e est mais preparada para lidar com estes, encontrar

oportunidades e propor solues. Alm disso, sentir-se um agente de transformao possibilita

ampliar a capacidade de protagonizar o presente e o futuro, despertar a criatividade e a

inovao para construir uma sociedade melhor.

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Aprendendo a ser empreendedor

Todas as habilidades dos empreendedores podem ser aprendidas, apreendidas e

aprimoradas. A paixo pelo que faz, confiana, perseverana, inovao, criatividade, capacidade

de sonhar e habilidade de achar respostas rpidas e diferentes para qualquer desafio

(improvisar) podem ser estimuladas, desde que garantidas as condies para seu

desenvolvimento. As pessoas nascem empreendedoras, mas a falta de um ambiente que

estimule a criatividade e autonomia, que garanta um processo democrtico de conhecimento,

que promova a cooperao e a participao, faz com que estas habilidades no se desenvolvam

em todas as pessoas. Esse o destino de muitos jovens que perdem as rdeas de sua vida, por

no conseguirem encontrar espaos que promovam seus sonhos e fortaleam suas habilidades

(Dolabela, 2003).

O primeiro passo para esse aprendizado se permitir desconstruir os mitos que

envolvem o entendimento do significado do empreendedorismo (Dolabela, 2003). Por exemplo:

Ser empreendedor, ou seja, criativo, inovador, com ideias para a transformao e crescimento

social, coisa para poucos! Falso. Ser empreendedor est relacionado a forma de lidar com a

vida. Esta relacionada como voc faz e no quilo que voc faz. Ser empreendedor significa

trabalhar sozinho. Falso. Quando se trabalha sozinho, o tamanho das conquistas se limitaro ao

tamanho do indivduo. Isso significa que com o trabalho coletivo e cooperativo, o crescimento e

desenvolvimento tomam dimenses muito maiores. Os alunos e os professores no tem poder

de mudar a realidade da educao e da escola. Falso. As pessoas podem mudar muitas

situaes que parecem impossveis, mas em muitos momentos no sabem disso e esse o

trabalho da Ashoka, ajudar a construir um mundo em que cada um tenha liberdade, confiana e

as habilidades para transformar desafios em solues e oportunidades.

A educao empreendedora na escola

Ai de ns, educadores se deixamos de sonhar sonhos possveis (...) Os profetas

so aqueles ou aquelas que se molham de tal forma nas guas da sua cultura e

da sua histria da cultura e da histria do seu povo, que conhecem o seu aqui e

seu agora e, por isso, podem prever o amanh que eles, (elas) mais do que

advinham, realizam. (Paulo Freire)

Cavazotti (1994) ressalta que a universalizao da educao e o crescente processo de

individualismo, gestado desde o sculo XVIII, que valoriza a formao da personalidade

individual em detrimento da experincia coletiva, colocam, para a escola e para os educadores,

muitos desafios no exerccio de sua funo maior que formar cidados conscientes de seu

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papel na sociedade. As transformaes econmicas e sociais impactam diretamente na forma

como a escola opera.

A juventude aparecer nesse contexto buscando uma definio de novos referenciais de

comportamento e de identidade na sociedade. Mesmo no parecendo decididos a transformar

a sociedade, mas apenas em construir e manifestar uma identidade distinta, os jovens acabam

por marcar sua posio. Eles no querem ser vistos como o futuro do pas, mas sim serem

aceitos pela sociedade no presente, querem poder investir em si mesmos (Cavazotti, 1994).

Essa diferena de percepo de possibilidades e momentos para os jovens tem

dificultado o dilogo entre professores e alunos. comum ouvir que professores e alunos no

falam a mesma lngua. Em muitos casos, a afirmao verdadeira. Os professores, muitas vezes,

no compreendem porque alguns alunos no aprendem e os alunos no compreendem o

sentido dos aprendizados ensinados na escola (Alves, 1984).

Se a escola a espinha dorsal da educao formal e o Brasil tem passado por

significativas mudanas sociais que tem atingido a escola, necessrio a adoo de novas

estratgias de aprendizagem que ajudem a solucionar esses impasses em sala de aula.

Ao aliar o contedo curricular a educao empreendedora, o aprendizado ganha um novo

significado. Para desenvolver uma educao empreendedora fundamental (Ashoka, 2012):

Criar um ambiente propcio para que cada indivduo - sejam alunos, professores,

funcionrios, membros das comunidades, - tenham acesso a recursos, oportunidades

de aprendizagem, modelos e uma comunidade de pares, que incentive o exerccio do

ser um agente de transformao;

Construir novas relaes de proximidade e cooperao entre os diferentes atores da

escola;

Despertar e fortalecer habilidades e competncias em crianas e jovens;

Construir de um novo modelo de processo educacional que valoriza os talentos dos

jovens;

Promover uma integrao entre jovens, professores e demais atores escolares;

Prevenir a violncia, tornando o espao escola um ambiente acolhedor das demandas e

desejos das diferentes populaes juvenis.

Para isso, importante:

Transformar as escolas em centros criativos e implementar a educao empreendedora, como

um contedo transversal em todas as disciplinas mesclando formao tcnica com o

desenvolvimento de habilidades empreendedoras de crianas e jovens.

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Criar programas de formao sobre empreendedorismo social para professores, alunos,

funcionrios, apoiar iniciativas sociais de estudantes ou ainda investir na adoo de novas

estratgias pedaggicas que promovam a autonomia.

Promover a participao juvenil componente essencial da sociedade democrtica, que, de forma

abrangente e flexvel, contempla e celebra a diversidade das variadas realidades juvenis. A

participao a chave para o desenvolvimento local, comunitrio e social, concebida como uma

interveno com uma clara intencionalidade para a transformao social. Educar para a

participao e o protagonismo juvenil visa a autonomia do jovem, ela entendida como uma co-

autoria e co-responsabilidade entre o jovem e o adulto nos processos de aprendizagem e

atuao juvenil. Esta concepo de participao juvenil incentiva, ento, a credibilidade no

jovem e no seu papel como agente de mudana social visando apoi-lo na concretizao de suas

idias.

Estimular o senso crtico cotidiano, envolver os jovens em todas as fases de desenvolvimento de

um projeto ou proposta, comeando com a percepo e tomada de conscincia de uma

problemtica social e passando a refletir, propor e agir nesta problemtica.

Prover os jovens de instrumentos que possibilite seu empoderamento real, isso permitir que

jovens sejam vistos no s como lderes do amanh, mas como agentes e sujeitos de mudana

hoje. A participao juvenil incentiva e desperta no jovem uma reflexo crtica, conscincia de

envolvimento social, senso de responsabilidade cvica e cidadania.

Fortalecer o repertrio de valores dos jovens passo fundamental para a consolidao de

iniciativas de educao juvenil. As relaes dos jovens com os educadores e as relaes entre

eles mesmos so construdas sobre um alicerce solidificado por valores. Cooperao. Justia.

Respeito diversidade. Valorizao das diferenas de gnero, raa, cultura e religio.

Formar para o mundo do trabalho. Com base no aprender a fazer, busca-se a formao dos

jovens a partir da compreenso dos atuais dinamismos do mundo do trabalho e do

desenvolvimento de competncias bsicas (aprender a ler e escrever) de competncias

especficas (projetos que desenvolvem formao em rdio, teatro, vdeo etc) e de competncias

gerenciais (a gesto compartilhada de projetos o caminho principal).

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Programa Gerao MudaMundo / Ashoka: exemplo de empreendedorismo juvenil

A receita para uma comunidade bem-sucedida est calcada em um importante trip. A

primeira perna formada pelo governo. A segunda, pelo mercado de negcios e a

terceira, pela sociedade civil. Os dois primeiros costumam ser muito fortes, porm, se a

sociedade civil fraca, o trip no se sustenta. Uma sociedade civil bem estruturada o

centro de uma democracia e ela s existe quando cidados se unem. (John McKnight)

A Ashoka, organizao internacional, sem fins lucrativos, pioneira no trabalho com o

conceito de empreendedorismo social. Fundada na ndia em 1981 e no Brasil em 1987, a

organizao foi criada para identificar e investir em pessoas com idias inovadoras e prticas

capazes de gerar mudanas positivas de alto impacto social.

A palavra Ashoka tem sua origem no snscrito e significa ausncia ativa de tristeza.

Sua escolha pela organizao tambm referncia ao imperador indiano de mesmo nome, que

viveu no sculo III A.C.. Ele ficou conhecido por suas aes sociais, consideradas os primeiros

indcios do empreendedorismo social.

Para atingir sua viso de que Cada um de ns pode mudar o mundo!, a Ashoka

trabalha sob trs pilares: empreendedorismo social, empreendedorismo de grupo e infra-

estrutura para o setor social.

A iniciativa para a juventude da Ashoka Gerao MudaMundo (GMM) tem como

objetivos fortalecer a autonomia, o projeto de vida e instrumentalizar os jovens para que

tenham liberdade de decidir sobre o prprio destino. O programa tem ainda como objetivo

contribuir para uma sociedade que acredite no potencial dos jovens como agentes de

transformao social positiva.

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Para o Programa, o

melhor caminho para propiciar

o empoderamento dos jovens

dar-lhes a oportunidade de

criar e liderar seus prprios

empreendimentos com impacto

positivo nas suas comunidades.

Por este motivo, investe nas

ideias e sonhos de milhares de

jovens brasileiros que

gostariam de fazer algo para

melhorar suas comunidades,

pois a criao e o

desenvolvimento de projetos

para atuao de jovens frente a desafios reais na comunidade e na escola promove o

crescimento pessoal e social dos jovens, alm de gerar impactos sociais positivos .

No programa o jovem passa por uma jornada pedaggica, para desenvolver seus planos

de ao e aprimorar habilidades e competncias que melhor o prepararo para enfrentar o

mundo do trabalho e construir seu projeto de vida.

O programa acredita que crianas e jovens que passam por uma experincia de iniciar e

liderar esforos para enfrentar um problema social, tem maior probabilidade de continuar

buscando solues inovadoras para os desafios durante a sua vida.

Hoje so mais de 1800 empreendimentos sociais liderados e gerenciados por mais de

10.500 jovens em cerca de 95 cidades diferentes nos estados de Cear, Minas Gerais, Santa

Catarina, Gois, Esprito Santo, Amap, Paraba e Pernambuco. A seguir alguns exemplos de

projetos desenvolvidos por jovens em diferentes lugares do Brasil:

Arts and cultureArts and culture

O Teatro CPA gera produes culturais

gratuitas para sua

comunidade e articula diversos

atores como escola

e igreja.

Sports and LeisureSports and Leisure

O Procurando Dons

oferece aulas de dana urbana para

crianas e

adolescentes de sua comunidade.

EducationEducation

O Casa-Ateli

desenvolve atividades

complementares

de artes e lazer para crianas

residentes em

abrigo.

EnvironmentEnvironment

O Instituto Mudadesenvolve um

novo modelo

inovador de preservao do

meio ambiente em

regies urbanas.

Citzenship

O Mos que falam

realiza cursos

gratuitos da linguagem de Libras

para incluso de

deficientes auditivosna comunidade.

Income GenerationIncome Generation

O Reciclart

organiza debates a

respeito da emancipao da

mulher e gera

renda por meio do artesanato.

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O Programa Gerao MudaMundo da Ashoka criou sete princpios que norteiam sua

atuao para promover o empoderamento juvenil (Ashoka, 2012):

1. Acreditar no potencial de transformao dos jovens Jovens devem ter oportunidades e apoio para demonstrar seu grande potencial de autonomia e

responsabilidade individual e coletiva. Empreendedores sociais que praticam este princpio

colocam jovens em posies de responsabilidade, com papel ativo, por exemplo, quando

compartilham conhecimentos ou realizam aes comunitrias, aprendendo habilidades de

comunicao, liderana, tomada de decises, entre outras importantes ferramentas para a vida.

Jovens devem ser sujeitos fundamentais no desenvolvimento local, comunitrio e nacional

como agentes nos processos de transformao social, por sua energia, entusiasmo, capacidade

de inovao, compromisso e receptividade a novas idias.

Assim como no movimento de direitos civis e no movimento das mulheres, preciso redefinir o

papel dos jovens na sociedade como importantes atores de transformaes sociais.

Jovens devem ter co-autoria e ser co-responsveis do seu prprio processo de aprendizagem.

No tratar os jovens como objetos passivos de aprendizados, mas trat-los como pessoas com

capacidade e iniciativa.

2. Conduzindo com o corao Processos de aprendizagem de jovens devem ser contextualizados e interligados com suas

realidades individuais e com seu entorno de atuao.

Para que o maior nmero possvel exera seu direito educao, deve-se considerar as

obrigaes e demandas de suas vidas cotidianas, que, muitas vezes, dificultam suas

aprendizagens e suas participaes na escola e outros ambientes. O dia-a-dia do sistema

educativo precisa satisfazer as demandas e habilidades de jovens, de suas famlias e

comunidades.

Processos de aprendizagem de jovens devem ser agradveis, ldicos e estimulantes ao mximo.

As atividades devem estimular seu interesse, criando vnculos por variados meios como o

esporte, a dana, o teatro, a computao etc.

3. Para alm dos muros escolares Processos e espaos de aprendizagem devem ser abertos e democrticos, incluindo atores de

fora da escola, porque acontecem em todos os ambientes, no s no escolar. Devem envolver

uma grande diversidade de agentes alm de corpo docente, como as famlias, comunidades,

setor empresarial, governos etc. A maior variedade de agentes deve tambm envolver-se na

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identificao do que os jovens precisam aprender na escola, na suplementao de recursos, no

direcionamento de programas e na busca de solues para problemas como abandono e

repetio.

4. Jovens e adultos aprendendo e ensinando Promover vnculos entre jovens e adultos para provocar trocas de experincias baseadas na

complementaridade de perspectivas e valores. A aproximao de seus respectivos mundos

fundamental no desenvolvimento da co-autoria de processos de desenvolvimento de jovens,

inclusive no mbito familiar, onde todas as pessoas podem tambm aprender, contribuir com a

aprendizagem mtua e com o desenvolvimento do potencial dos jovens.

Uma das chaves atravs das quais o tema da juventude tem aparecimento a do conflito

geracional: adultos e autoridades reclamando da juventude de hoje, jovens desconfiados e se

sentindo excludos pelos adultos. Jovens se apoiando numa identidade etria para negar

instituies estabelecidas ou para validar a exclusividade de comportamentos e posies

inovadoras ou contestatrias; a opinio pblica alarmada contra a rebelio dos jovens contra o

mundo adulto, ou, pelo contrrio, com sua passividade e descompromisso, ambas posturas

provocando alarme por conterem a possibilidade de quebra na transmisso da herana cultural

e na continuidade da sociedade.

5. Diferena faz a diferena A diversidade enxergada como uma grande riqueza nos processos de aprendizagem e requer

vnculos entre jovens de contextos e realidades diferentes.

6. O verdadeiro significado de ser solidrio Processos e esforos de aprendizagem devem incentivar uma tica de empatia, que promova

a solidariedade entre os jovens. Para proporcionarem censo de cidadania local e planetria, tais

processos devem ser atravessados por valores de empatia, solidariedade, democracia

participativa, responsabilidade coletiva e respeito s pessoas.

7. Quem educa jovens tambm aprende Quem educa jovens deve estar em permanente formao.

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Anexo 1 - Dicas de atividades para trabalhar com projeto de vida e orientao para o trabalho com jovens

Fonte: Material de Apoio Projeto Adolescente Cidad(o) Prefeitura de Fortaleza (2009)

Para estimular a reflexo sobre projeto de vida em jovens importante:

Construir o fio condutor entre o presente, o passado e o futuro.

Entender a capacidade do aluno (em suas diversas fases e idades) de lidar com o

ciclo sonhar e buscar a realizao do sonho

Descobrir a linguagem e os processos motivacionais para que ele responda com

ao pergunta fundamental: qual o sonho?

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Eixo Caminhos Trabalhar histria de vida

Sugestes de atividades: Histria do nome, lbum de famlia, rvore

genealgica (histrias dos membros da famlia); listar pessoas marcantes, ou

dolos, e quais as caractersticas dessas pessoas. Fazer um mapa da vida (que

caminhos o trouxe at aqui e que marcas existem nesse caminho). Resgatar

a histria do lugar e o que ela tem a ver com a histria de cada um. O que

no for possvel fazer por desconhecimento do jovem fica para ser

apresentado na semana seguinte onde o projeto de vida ser retomado em

termos de trabalho.

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Eixo conscincia de si: retomar a histria de vida Saber um pouco mais o que

precisa desenvolver pessoalmente para o trabalho

Sugestes de atividades: Listar habilidades e competncias necessrias para

o trabalho em geral atualmente

Dinmicas de estourar balo no p (competio) e do n (cooperao).

Pensar como cada um se saiu nesse momento e a importncia desses

comportamentos no mundo do trabalho. Dinmica dos smbolos: sol

significando inteligncia e esperteza, raio significando vitalidade e energia e

folha significando cooperao. Desenhar nas costas uns dos ouros o que

acha que a pessoa tem mais e o que ela precisa desenvolver.

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Eixo Horizontes: Trabalhar viso de futuro, sonhos

Sugesto de atividades: Carta ao amigo no futuro contando sua vida. Linha

do tempo: Imaginar-se daqui h 1, 3, 5 anos; fazer uma representao da

cidade no futuro. Fazer uma bandeira com seu lema pessoal, marca de sua

vida.

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o Eixo possibilidades: levantar interesses sobre profisses e ocupaes na

atualidade. O que emprego e o que trabalho? Vises a respeito do mundo

do trabalho. Vocao ou escolha profissional?

Sugestes de atividades:

Dilogo a respeito das profisses que conhecem. Encaminhamento de

pesquisa sobre as profisses. Representar como v o mundo do trabalho, se

esto dentro ou fora, razes, pensar em modos de conhecer o mundo do

trabalho. Trabalhar com os classificados e populares na oferta de emprego.

Au

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ida

Eixo Encontros: Aqui histria de vida e sonhos para o futuro se condensam

em estratgias presentes

Sugestes de atividades:

Grfico do tempo, representando em que emprega o tempo atualmente.

Entrevista com um amigo prximo de modo a investigar sobre as prprias

caractersticas. Listar o que gosta de fazer e faz, o que no gosta de fazer e

no faz, o que gosta e no faz e o que no gosta e no faz. Fazer uma lista de

10 atividades que gostaria de realizar, agrupa-las por tema, dividir em dois

grupos (importantes e agradveis). A prioridade a primeira dos dois

grupos. Pensar em Foras, Fraquezas (pessoal), oportunidades e ameaas

(externo) para realizar o que deseja.

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Eixo estratgias: trabalhar a iniciativa para ingressar no mundo do trabalho.

Explicao sobre currculo e onde procurar trabalho (Guia de Jovens - Tirando

os acordos do papel. Quais so as etapas de seleo e como ela acontece.

Como se comportar na entrevista de seleo.

Sugesto de atividades:

Construir um currculo. Dramatizar uma boa insero no mundo do trabalho

e uma insero ruim. Refletir sobre o que ajudou e o que atrapalhou. Tirar

dvidas.

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Anexo 2 - Exemplos de projetos idealizados por professore@s e empreendedor@s sociais da Ashoka

Desde a sua fundao, a Ashoka seleciona mundialmente empreendedores sociais cujas

idias provocaram inovaes significativas na rea da educao. Os exemplos abaixo descrevem

algumas das idias inovadoras de professores e educadores selecionados no Brasil para fazer

parte da Rede Ashoka de Empreendedores:

Carla Mauch - So Paulo - SP Carla Mauch criou a Associao Mais Diferenas para trabalhar na construo de uma sociedade que, a partir da deficincia, valorize e saiba lidar com as diferenas entre os seres humanos. Carla utiliza a escola como elemento propulsor de mudanas para toda a comunidade, integrando professores, alunos e famlias, e concentra sua ao no nvel municipal, que constitui, em sua opinio, o espao ideal para o dilogo entre o pblico e o privado.

Cybele Amado de Oliveira - Palmeiras - BA O Projeto Chapada foi criado como modelo educacional para dar suporte na formao de professores, coordenadores pedaggicos em uma das regies mais pobres do pas, uma regio com um baixo ndice de escolaridade e alto nvel de trabalho infantil. Desde o incio de sua trajetria, em 1997, quando criou o Programa de Apoio e Auxlio ao professor, projeto de capacitao de professores da zona rural.

Daniel Raviolo - Fortaleza - CE O Comunicao e Cultura foi criado por Daniel Raviolo para promover a cidadania no ambiente escolar por meio de diferentes estratgias, sendo a principal, a publicao de jornais escolares e estudantis que permitem que os estudantes e professores tenham voz ativa dentro das escolas, propondo mudanas no sistema de ensino.

Denis Mizne - So Paulo - SP O Instituto Sou da Paz, foi fundado por Denis Mizner em 1999, como resultado da Campanha Sou da Paz pelo Desarmamento. O Instituto tem como misso contribuir para a efetivao no Brasil de polticas pblicas de segurana e preveno da violncia que sejam eficazes e pautadas pelos valores da democracia, da justia social e dos direitos humanos, por meio da mobilizao da sociedade e do Estado e da implementao e difuso de prticas inovadoras nessa rea.

Edgard Gouveia Jnior - Santos - SP O Instituto Elos, criado por Edgard Gouveia Junior, rene estudantes de arquitetura e moradores de ambientes fsico e socialmente degradados, como cortios e favelas, para que possam juntos, melhorar as condies de habitao nesses locais. A Ao do Elos permite um olhar e uma formao diferenciada aos futuros arquitetos alm de melhorar as condies de vida e a auto-estima das populaes destas comunidades. Ao longo de um ms, no programa Universidade Aberta de Vero (UAV), os estudantes interagem com a comunidade e, juntos, projetam e constroem praas, creches e centros comunitrios utilizando tcnicas e recursos disponveis.

Elie Ghanem - So Paulo - SP Professor Elie Ghanem muda a orientao da educao escolar, para transformar o estabelecimento de ensino em uma fora mobilizadora na comunidade. Assim, torna os professores capazes de interagir com outros agentes educativos, levando criao de conjuntos de conhecimento que atendam s necessidades da populao. Sob uma nova perspectiva, a escola passa a lidar com os problemas da sociedade e com as relaes sociais que os causam.

Isabel Aparecida dos Santos - So Paulo - SP Professora Isabel Aparecida dos Santos combate a pobreza, a excluso e a violncia na periferia de So Paulo com uma abordagem que faz com que seus moradores, especialmente jovens e negros, se organizem em grupos e possam liderar as mudanas em suas comunidades. Esses jovens so capacitados no s na busca de solues para os seus problemas, mas tambm nas formas de acesso a espaos pblicos para reivindicao e exerccio de seus direitos.

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Jeruse Maria Romo - Florianpolis - SC O Centro de Referncia de Material Didtico Afro-Brasileiro foi criado Pela profesora Jeruse Maria Romo em Florianpolis para criar materiais didticos voltados para a questo racial. Para transformar a abordagem do negro na sala de aula, os materiais so distribudos nos departamentos de ensino e nos sindicatos de professores da regio.

Lais Fleury Cunha - So Paulo - SP Com a Expedio Vaga-Lume, professora Las Fleury contribui para o desenvolvimento de comunidades rurais na regio da Amaznia Legal por meio do incentivo leitura. Para isso, ela monta bibliotecas infantis com 300 livros (literatura infantil, infanto-juvenil e livros de apoio), capacita professores como mediadores de leitura, realiza exerccio de gesto comunitria em torno da biblioteca e cria uma rede de integrao entre crianas doadoras de livros em So Paulo SP e as crianas beneficiadas da Amaznia.

Lenira Haddad - So Paulo - SP Lenira Haddad desenvolve no Centro de Formao para Educao Infantil (Educere), em So Paulo SP, uma nova concepo de educao infantil que moderniza e integra os modelos vigentes de creche e pr-escola. Lenira tambm desenvolve programas de formao de educadores e interveno institucional, realiza pesquisas sobre educao infantil e polticas pblicas e produz material udio-visual. Em sua viso, a creche, ao lado da pr-escola, deve transcender a questo da pobreza, do trabalho materno e da pr-escolarizao e tornar-se um espao para a infncia, atendendo ao mesmo tem p s necessidades da criana e da famlia.

Lula Ramires - So Paulo - SP A sociedade ainda discrimina, no sabe lidar com a diferena sexual e os homossexuais sofrem com o preconceito e com a homofobia, que se agravam a cada dia no Brasil. Com o Grupo Corsa, Lula Ramires promove uma educao para a sexualidade, preparando educadores para lidar com a orientao sexual. Ele atua no sistema educacional da cidade de So Paulo, investindo na educao e na formao dos professores da rede pblica para que estes transmitam os conhecimentos e facilitem a compreenso da temtica da diversidade em suas regies. O seu modelo inclui questes de direitos humanos, respeito diversidade e um material conceitual para facilitar a compreenso da orientao sexual.

Maria Antonia da C. C. Magalhes - So Paulo - SP Maria Antnia Magalhes ajuda escolas pblicas e clnicas de sade a compreender e a lidar com crianas com deficincias de aprendizado. Seu trabalho, que atingiu crianas, professores e coordenadores, antecipou o que viria a ser a base terica da Lei de Diretrizes e Bases da Educao, poltica educacional adotada nacionalmente. As idias bsicas da iniciativa de Maria Antnia tambm serviram a vrios outros projetos, entre os quais um programa de prestao de servio s populaes de baixa . renda, que oferece diagnstico e tratamento s crianas de escolas pblicas, e outros da Universidade Federal de So Paulo, que oferecem servios populao da cidade de Embu.

Maria da Graa Mendes de Abreu - So Paulo - SP Maria da Graa Mendes de Abreu considera que a maioria das crianas no gosta de ler e escrever porque os professores no conseguem fazer com que a palavra lida ganhe vida e significado para os estudantes. Para solucionar o problema, ela desenvolveu um mtodo de reeducao do professor, que denominou Rever (ver novamente). Em linhas gerais, o mtodo consiste em exercitar o professor no uso da linguagem, para que possa partir da leitura e da produo de textos para ensinar as crianas.

Maurice Bazin - Florianpolis - SC Educador especializado em cincias e matemtica, Maurice Bazin foi responsvel pela criao e manuteno, no Rio de Janeiro RJ, do museu interativo Espao Cincia Viva, que promove a popularizao da cincia no Brasil. Na sede da entidade, onde o pblico tem livre acesso a mdulos experimentais interativos, funciona tambm um centro de formao de professores em cincias e matemtica.

Oscar Vilhena - So Paulo - SP Oscar Vilhena, lder respeitado e reconhecido na rea dos direitos humanos, foi pioneiro na criao de diversos projetos e aes no Brasil voltados ao cumprimento desses direitos, garantidos na constituio, porm no respeitados. Um de seus projetos o Instituto Pr-Bono, que congrega mais de cem advogados que doam tempo a favor de grupos mais vulnerveis. Oscar tambm est frente do Colquio, buscando jovens protagonistas de comunidades em regies menos favorecidas de pases da frica, Amrica Latina e sia. Atualmente, ele tambm coordena um trabalho pioneiro: a constituio de uma rede de professores de direitos humanos do hemisfrio sul, chamada SUR.

Raimunda Clia Torres - Rio de Janeiro - RJ

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Raimunda Clia Torres assistente social e, a partir de um projeto inicial voltado para a formao de educadores sociais de meninos e meninas de rua, lanou um projeto de formao de educadores para crianas e adolescentes das camadas populares. Sua idia implica o estabelecimento de uma base comum de atuao para as reas de educao, sade e trabalho, entre outras. Clia passou a trabalhar como professora assistente da Escola de Servio Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas v sua idia repercutir no trabalho de organizaes como o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (Mnmmr) e F e Alegria.

Sebastio (Tio) Rocha - Belo Horizonte - MG Sebastio Rocha acredita que o principal ingrediente da educao o bom relacionamento entre professor e aluno. Sob esse enfoque, a escola muito mais que um espao fsico limitado, podendo ser at mesmo a sombra de uma rvore. Partindo deste princpio, Sebastio Rocha dedicou-se formao do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD) na regio metropolitana de Belo Horizonte MG. Apoiado na comunidade e em elementos da cultura local, criou um projeto de educao popular cujo objetivo fazer com que o estudante tenha prazer em ir aula.

Socorro Guterres - So Luis - MA Socorro Guterres criou o Projeto Formao de Educadores, com o objetivo de treinar professores de comunidades rurais negras para introduo da riqueza cultural e da diversidade nas suas salas de aula, revisando currculos, abordando novos temas e criando materiais pedaggicos que reforam a identidade cultural e tnica dos alunos. Sua idia romper o ciclo vicioso do racismo perpetuado pelo sistema de ensino pblico por meio de informaes errneas e mtodos pedaggicos mal orientados.

Telma Weisz - So Paulo - SP Alarmada ante os ndices de fracasso escolar - revelados pelas estatsticas oficiais em todo o pas, h pelo menos 50 anos - e com a naturalidade com que este fracasso era encarado, por se concentrar na parcela mais desfavorecida da populao, Telma Weiz dedicou-se a um projeto que rejeita a explicao habitual de que o fracasso escolar seja resultado de deficincias dos alunos, das famlias ou mesmo dos professores. Assim, passou a trabalhar em prol da transformao radical das prticas escolares de alfabetizao, tendo como principal estratgia a capacitao dos professores de sries iniciais da escola pblica. O projeto original desdobrou-se em aes nas esferas municipal, estadual e federal, envolvendo boa parte do sistema pblico de educao do pas.

A educao empreendedora, aliada a exemplos prticos do dia-a-dia, so exemplos e fontes de

inspirao para jovens empreendedores. O resultado so pequenas e grandes transformaes

na vida de cada aluno, de cada educador, e ao final, de todo um sistema educacional. A

mudana comea em cada um, pois: Cada um de ns pode mudar o mundo!.

Bibliografia de referncia:

ALVES, Rubem. O suspiro dos oprimidos. So Paulo: Paulinas, 1984.

ASHOKA EMPREENDEDORES SOCIAIS & McKinsey. INC. Empreendimentos sociais sustentveis.

So Paulo: Peirpolis, 2001.

ASHOKA EMPREENDEDORES SOCIAIS. Jovens Transformaes. So Paulo: Cip, 2012.

DEMO, Pedro. Solidariedade como efeito de poder. So Paulo: Instituto Paulo Freire, 2002. v.6.

(Coleo Prospectiva).

DOLABELA, F. (2003) Pedagogia Empreendedora. So Paulo: Cultura. 2003

ROURE, Mnica de; PDUA, Suzana Machado. Empreendedores sociais em ao. So Paulo:

Cultura Associados, 2001.

CAVAZOTTI, Maria Auxiliadora. Sociologia da Educao, So Paulo: Cortez, 1994.