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Agosto/setembro de 2007 Ano VI - Nº 35 Educação e cidadania Mogi comemora seus 447 anos

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Agosto/setembro de 2007Ano VI - Nº 35

Educação e cidadaniaMogi comemora seus 447 anos

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Av. Ver. Narciso Yague Guimarães, 277, Cep: 08790-900 - Centro Cívico

Mogi das Cruzes - SPFone: (11) 4798-5085 Fax: (11) 4726-5304

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• Conselho Editorial Maria Geny Borges Avila Horle

Anne Ivanovici Cláudia Helena Romanos Pereira

Leni Gomes Magi Marilda Aparecida Tavares Romeiro Safiti

• Jornalista Responsável Luiz Suzuki - MTB 22936

Kelli Correa Brito - MTB 40010

• Coordenação Editorial Bernadete Tedeschi Vitta Ribeiro

Lilian Gonçalves Marinina Beatriz Leite

• Fotos Arquivos da E.M. de Mogi das Cruzes

• Colaboraram nesta edição Mari Luce V. Garcia Missiato, Cláudia Regi-na Simões da Silva, Marinina Beatriz Leite, Naete da Conceição Rosendo, Sandra N. de Paula Scutari, Eulália Anjos Siqueira, Lucia de Paula Pimenta, Nilcéia Aparecida Faria,

Fanny de Jesus Canalli Almeida,Paula Leme Dutra, Alisson Rodrigues de Morais Carvalho, Geraldina Porto Witter,

Márcia da Silva Gonçalves,Giane Nunes de Mello, Felipe Roberto Mar-tins, Equipe escolar da EM Profª Wanda de Almeida Trandafilov, Janete Ignez Gomes

Henriques, Nauani de Oliveira Santos,Equipe do ProJovem de Mogi das Cruzes,

Marco Aurélio Sobreiro, Ana Clara de Almeida Correia, Gracila Maria Grecco

Manfré e José Sebastião Witter.

• Produção e Impressão Marpress informática - Tel: (11) 4795.6060

• Tiragem 3.500 exemplares

A Revista Educando em Mogi, nº 35 é uma publicação da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes e não se

responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados.

A educação e a sol idar iedade fazem par te da constru-ção colet iva de uma sociedade mais justa . A meta de uma educação com qual idade socia l para todos

e todas só será at ingida com a par t ic ipação efet iva de todos: educadores, a lunos, pais e toda a comunidade.

Esta edição da revista Educando em Mogi mostra este caminhar da educação mogiana para o t rabalho em con-junto de toda a comunidade escolar : uma educação que traz os pais para dentro da escola e aposta em novos caminhos para envolver os a lunos.

O lúdico está presente em dois ar t igos. A cr iança aprende valores e conteúdos por meio de br incadeiras e até uma br inquedoteca, em que a convivência também é um aprendizado. Conf i ra também as ações do Proje -to Democrat izando a I nformação (PDI) , em que sa las de informática e Cedics (Centros de Divulgação e Constru-ção do Conhecimento) estão aber tos aos f inais de sema-na para a comunidade. Agentes de le i tura desenvolvem at iv idades para incent ivar a le i tura e a busca pelo co -nhecimento.

Não perca o re lato de Nauani de Ol iveira Santos, a lu-na da 4ª sér ie, da Escola Munic ipal , uma l ição para não nos esquecermos de agradecer as bênçãos do nosso dia-a- dia . A v iagem à c idade de Pi rangi , no inter ior pau-l ista pelo projeto Caravanas do Conhecimento – Redes-cobr indo o I nter ior também ganha um registro especia l da professora Paula Leme Dutra e Al isson Rodr igues de Morais Car valho, a luno da 4ª sér ie da E .M. Des. Armin-do Frei re Mármora.

O aniversár io de Mogi das Cruzes e sua histór ia me -recem um espaço especia l com o ar t igo sobre o Parque Leon Feffer, o verdadeiro presente que nossa c idade me -rece e as fotos do desf i le c ív ico -mi l i tar que teve como tema Educação: Protagonismo na Divers idade, o grande tema do Fórum Mundial de Educação Alto Tietê. Conf i -ra na próxima edição, tudo o que aconteceu nos quatro dias deste grande movimento em prol da educação como dire i to universal .

SECRETaRIa MunICIPal dE EduCação

CooRdEnadoRIa dE CoMunICação SoCIal

Editorial

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Sumário

O verdadeiro presente

4 O papel do brinquedo no desenvolvimento e na aprendizagem infantil

11 Brinquedoteca

22Projeto Democratizando a In-formação mobiliza a comuni-dade em Mogi

20 Interdisciplinaridade: um desafio a ser compartilhado

18 Arte, dom ou aprendizado?

16 Perguntas para motivar e desenvolver o aluno

13 Um projeto de Sucesso: Programa Caravanas do Conhecimento

12 Cedic incentiva a leitura através de Monteiro Lobato

6 Solidariedade X Piedade

8 Pró-Letramento: Alfabetização e Matemática

10Momentos de aproximação da comunidade nos novos espaços de participação e conhecimento

POLÍTICA EDUCACIONAL

PRÁTICAS DE ENSINO

Uso dos espaços públicos pela comunidade - Algumas Memórias: do Parque Municipal ao atual Leon Feffer

32

Primeiro bloco do Cemforpe é inaugurado30

26 A Ação Comunitária no ProJovem

24 Bom dia, mundo bom

Desfile cívico-militar atrai 15 mil pessoas ao Mogilar

27

ESPECIAL

34 HISTORIANDO

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A criança brinca desde os primeiros meses de vida, ma-nifestando reações espontâneas e prazerosas diante de determinados estímulos como, por exemplo, ao

som de um brinquedo.Posteriormente, a criança brinca com o próprio corpo, o

que favorecerá a construção de sua inteligência, afirmação pessoal e integração social.

O brincar favorece a construção de representações sim-bólicas, as quais expressam a forma como a criança vê a rea-lidade ou imagina como ela poderia ser. Com as brincadeiras, as crianças aprendem regras de convivência e sobre diversos sentimentos.

Segundo Vygotsky, no brincar a criança está acima de sua idade média, acima de seu comportamento diário. Assim, na brincadeira de faz-de-conta as crianças manifestam certas habi-lidades que não seriam esperadas para sua idade. Nesse sentido, a aprendizagem cria a zona de desenvolvimento proximal.

Nas brincadeiras de faz-de-conta, a criança transforma objetos para representar a realidade ou um objeto ausente, como por exemplo, um toquinho de madeira pode ser trans-formado em um pente de cabelo, numa brincadeira de casi-

nha. Nas situações imaginárias ocorre a presença de regras e normas que deverão ser incorporadas pelos diferentes papéis existentes em um contexto de faz-de-conta. Nessas situações, as crianças reproduzem o modelo de vida real.

Assim, é preciso pensar sobre o tempo e o espaço das brin-cadeiras na educação infantil, visto que o brincar tem sido cada vez mais reduzido no contexto institucional.

Os jogos e as brincadeiras devem ser introduzidos na rotina escolar como estratégias fundamentais no processo de aprendizagem das crianças pequenas, e não meramente como atividades para “ocuparem” um determinado espaço de suas rotinas.

Ao organizarmos a sala e os materiais para a vivência dos jogos nos quais as crianças assumem papéis, como brincar de casinha, supermercado, dentre outras, favorecemos o desen-volvimento das crianças por meio da imaginação, da expres-são dramática e da linguagem.

Os jogos podem ser direcionados também para o desenvol-vimento motor, como os jogos de encaixe; para o desenvol-vimento social, nos jogos de competição, e cognitivos, como por exemplo, os jogos de matemática.

POLÍTICA EDUCIONAL

Mari Luce V. Garcia Missiato

o desenvolvimento e na em infantil

O papel do brinquedo naprendizag

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Na escola, o brincar pode ser exploratório, livre ou dirigi-do; o essencial é que ele faça a criança avançar em sua apren-dizagem e desenvolvimento.

Devemos repensar o papel dos profissionais da educação infantil, pois isto significa compreender sua atuação no âm-bito do “cuidar e do educar”, devendo ter um compromisso com os direitos fundamentais das crianças, oferecendo-lhes espaços acolhedores e seguros, oportunidades de aprendiza-gem e experiências múltiplas.

Devemos compreender, também, que os vínculos afetivos são essenciais para o processo de desenvolvimento e apren-dizagem das crianças e não desqualificam o trabalho profis-sional, e sim, torna-o mais humano.

Vejamos a seriedade do papel do professor na vida de uma criança no texto de Robert Fulghum que segue:

“ Tudo o que eu preciso saber: como viver, o que fazer e como ser,

aprendi no jardim da infância. A sabedoria não estava no topo da montanha mais alta, no último ano de um curso superior, mas no tanque de areia do pátio da escolinha do maternal.Vejam o que eu aprendi:

Dividir tudo com os companheiros.Jogar conforme as regras do jogo.Não bater em ninguém.Guardar os brinquedos onde os encontrava.Arrumar a bagunça que eu mesmo fazia.Não tocar no que não era meu.Pedir desculpas, se machucava alguém.Lavar as mãos antes de comer.Apertar a descarga da privada.Biscoito quente e leite frio fazem bem a saúde.Fazer de tudo um pouco: estudar, pensar e desenhar, pintar, dançar

e cantar, brincar e trabalhar.De tudo um pouco, todos os dias.Tirar uma soneca todas as tardes.Ao sair pelo mundo, cuidado com o trânsito, ficar sempre de mãos

dadas com o companheiro e sempre “de olho” na professora”.

Mari Luce V. Garcia Missiato é professora de Educação In-fantil da Escola Municipal Professora Vanda Constantino da Costa e cursa licenciatura em pedagogia do Centro Univer-sitário Claretiano (EAD)

OLIVEIRA,V. B. (Org). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. São Paulo: Vozes, 2000.MOYLES, J. R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.VIGOTSKY, L. S. Formação social da mente:desenvolvimento do pro-cesso psicológico superior. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes. 2003.FULGHUM, Robert. Tudo o que eu necessito realmente saber, apren-di no jardim da infância. Aroeira, 1996.

o desenvolvimento e na em infantil

O papel do brinquedo naprendizag

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R ecordo-me que há alguns anos, despontava a Declara-ção de Salamanca, com sua

arrojada proposta de igualdade entre os seres humanos. Professores (eu, entre eles) discutiam o que seria a inclusão para a Educação. Durante muitos anos

(talvez ainda hoje), a palavra Inclusão foi sinônimo

da expressão educação especial, referindo-se às peculiaridades das pessoas e não ao ato

em si, com a ressalva de que, aquela pessoa

com deficiência física, mental ou sensorial

para a qual não tí-nhamos um olhar, a não ser um leve toque de piedade e de alívio, por sermos,

afinal de contas, “perfeitos ”; poderia fazer parte do nosso mundo, freqüentando a escola e os ambientes em que vivíamos. Lembro-me que suspirávamos aliviados, quando o aluno com necessidades espe-ciais estava na turma do outro professor, mas, deste tínhamos piedade!

Que engano o nosso! Não sabíamos que estávamos imersos em arrogância, ao acreditar que nossas supostas per-feições físicas, mentais e sensoriais, nos tornavam alguém privilegiado e efi-ciente, por estarmos de acordo com os estereótipos impostos pela sociedade em sua maioria.

Neste passar dos anos, fui finalmen-te atingida pela verdade, acho que foi um mix de estudo, leitura, discussão, interação, reflexão... Não sei bem, sei apenas que o encontro com a verdade produziu em mim um novo olhar, me tornou alguém melhor, mais adequada

a minha condição humana de vul-nerabilidade e igualdade.

Em �00�, visitei uma conhe-cida feira para reabilitação (Re-

atech), onde encontramos desde pequenos objetos necessários para

as pessoas com neces-sidades especiais até

carros adaptados. Durante o even-

to, aconteceram apresentações

artísticas,

palestras e brincadeiras diversas, além de uma maciça presença da diversidade.

Enquanto caminhava pelos corredores visitando estandes, houve um momen-to que parei para observar um jogo de basquete de cadeirantes, no qual havia pessoas de idades e características di-ferentes, todos, porém, se locomoviam com o auxílio da cadeira de rodas. Inte-ressante... Sorriam, brincavam, empolga-vam-se; eventualmente, uma cadeira de rodas virava, rapidamente alguém corria, desvirava a cadeira, levantava o cadei-rante e o jogo continuava. No final do jogo, todos se cumprimentavam alegres pela oportunidade da diversão.

Uma senhora cadeirante chamou minha atenção. Enquanto observava aquela senhora sorrindo, participando do jogo com crianças e jovens, pensa-va: “Por que será que ela está na cadeira de rodas? Será que foi pressão alta, que resultou em derrame (acidente vascu-lar cerebral)? Ou um acidente de carro que provocou lesão na coluna? Um tiro, uma bala perdida?”

Refletindo, naquele momento com-preendi a diferença entre a solidariedade e a piedade: solidariedade é o resultado da compreensão de que “nosso telhado é de vi-dro”, ou seja, na verdade somos igualmente vulneráveis e passíveis de mudanças físicas, mentais ou sensoriais. Esta compreensão nos coloca lado a lado com a diversidade, percebendo que nossos valores não se limitam às nossas deficiências, porque o ser humano transcende a tais limitações,

afinal, todos temos limitações que podem variar, sendo esta agora ou aquela outrora.

Solidariedade X Piedade

POLÍTICA EDUCIONAL

“Deficiência não é doença, é uma condição”(Menicucci.Puc.2006)

Cláudia Regina Simões da Silva

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A piedade, entretanto, não nos coloca lado a lado, e, sim, em uma condição de superioridade, pois fazermos parte de um grupo majoritário, que impõe este-reótipos nos quais grupos minoritários não se enquadram, e por isso ficam à margem. Assim, a piedade sustenta um sentimento inconsciente de superiori-dade, que nos direciona, eventualmen-te, a estender a mão (como se isso fosse questão de vontade) para quem precisa (subentendendo inferior ).

No passado não conseguíamos com-preender que ter piedade da pessoa com necessidades especiais ao mesmo tempo em que faz de nós (maioria) superiores, nos coloca na “corda bamba”, pois a tê-nue linha do ter ou não ter uma defi-ciência de acordo com os estereótipos sociais, é muito frágil. Assim, hoje, po-demos ser quem tem piedade e, amanhã, quem precisa da piedade. A Inclusão nos trouxe a solidariedade e com ela, a espe-rança. Se uma pessoa no passado tivesse, aos 40 anos de idade, um derrame que comprometesse sua mobilidade, prova-velmente acharia que sua vida acabou; mas com a inclusão é diferente. Sabe-se que, embora minoria, a vida continua com outros desafios, com algumas limi-tações diferentes das que já estava acos-tumado; mas com motivos para sorrir, viver, sonhar e tudo o que caracteriza a vida humana.

“As limitações enfrentadas pelas pesso-as com deficiência, decorre muito mais dos mecanismos excludentes, presentes na socie-dade, do que da deficiência em si.” (Meni-cucci, �00�)

Acredito na Inclusão Educacional, ob-viamente, desde que respeitadas as deter-minações legais que prevêem cuidados e recursos que possibilitem a presença da diversidade na escola, garantindo-lhes acessibilidade não só às instalações do prédio, mas também à saúde e à infor-mação, possibilitando, assim, a plena for-mação do educando. É um trabalho de equipe, discussão e empenho para toda a comunidade escolar.

Não estamos em tempo de dizer: sou contra ou a favor, o aluno é deste ou daquele professor, mas, sim de pesqui-sar, estudar e juntos elaborarmos pro-cedimentos que visem a inclusão real de alunos com necessidades especiais e diferenciadas.

A Inclusão nos coloca mais próxi-mos do ser humano e da compreensão de nós mesmos, enriquecendo nosso ambiente escolar, porque nos força a refletir e buscar soluções para novos desafios que se apresentam e ensinam nossos alunos a conviver com a diver-sidade e a se adaptarem às necessidades dos outros.

Cláudia Regina Simões da Silva é profes-sora de Educação Infantil no CCII Jor-nalista José de Moura Santos, graduada em Direito e pós-graduada em Educa-ção Infantil e Educação Especial

MENICUCCI, Maria do Carmo. Edu-cação Inclusiva: possibilidades e desa-fios atuais, Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2006.

Fórum sobre inclusão (lista de dis-cussão).Vidas Paralelas ou Vida para-vidas, de Fabio Adiron. http://br.groups.yahoo.com/group/foruminclusao/messa-ge/9029

“...linhas paralelas nunca vão se tocar, exce-to no infinito... Inclusão é traçar linhas diagonais, ortogonais, assimétri-cas, aleatórias. Rabiscar o papel da vida de uma forma que as linhas se toquem e se encontrem o tempo todo. Usar as mais variadas cores e grafite, tinta, o que mais houver.Até o limite onde não se saiba mais, qual linha teve origem onde.” (Fabio Adiron)

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Pró-Letramento: Alfabetização e Matemática

Q uem vive em meio à leitura e à escrita, mas não in-seridos nela, são marginalizados social e economi-camente. O letramento foca, entre muitos aspectos,

o contexto sócio-histórico da aquisição da escrita e da mate-mática na atuação crítica do cidadão na sociedade.

O registro sobre o que ocorre numa sociedade (hábitos, costumes, história, práticas psico-sociais e a riqueza de suas manifestações) assinala a memória de um povo. No mundo complexo no qual vivemos, é preciso estimular o desenvolvi-mento de habilidades que facilitem esse registro e a resolução de problemas do cotidiano, bem como a tomada de decisões e inferências sobre temas diversos.

Sabido é que são determinantes as experiências iniciais de uma criança. Não estar em pé de igualdade com a sociedade em geral, em que predomina o código escrito numa posição de relevância, é, sem dúvida, um prejuízo à conquista da ci-dadania. Respeitando também a participação do cidadão em atividades sociais, culturais, políticas e econômicas. Isso aponta uma sociedade menos desigual e mais justa, eliminando a dis-criminação e valorizando a auto-estima do outro.

Comprometidos com esses objetivos, no primeiro semestre de �00�, o Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, por meio da Divisão de Capacitação, ofereceu aos professores da rede municipal o programa Pró–Letramen-to nas áreas de matemática e linguagem. Este contou com a participação de duas professoras da rede municipal, Naete da Conceição Rosendo (Matemática) e Sandra N. de Paula Scu-tari (Linguagem) como tutoras do Programa, segue abaixo o relato das mesmas.Marinina Beatriz Leite

MATEMÁTICA

O Pró-Letramento em Matemática, a partir de seus nove fascículos, veio disponibilizar mais recursos para os professo-res que pudessem melhor qualificar seu trabalho. Neste senti-do, as aulas eram planejadas envolvendo atividades em grupo

e individuais, como também atividades para serem aplicadas em sala de aula.

Cada fascículo abordava um tema, estudamos de núme-ros naturais à avaliação em matemática. Tivemos também um bom incentivo à utilização do jogo matemático e à resolução de problemas, que de modo integrado, ajudam no desenvol-vimento do pensamento, linguagem e afetividade.

Outro destaque do curso, foi a escrita das memórias em matemática de cada cursista, em que pude perceber quantas experiências boas, como também quantas lembranças ruins, eles tinham de professores que passaram em suas vidas!

O curso terminou, mas a semente foi plantada. É necessá-rio que os professores continuem regando os conhecimentos experimentados, levando para sala de aula a idéia que “resol-ver em” matemática vai muito mais além do que a estratégia

“arme e efetue”!Naete da Conceição Rosendo

ALFABETIzAçãO E LETRAMENTO

Quando refletimos sistematicamente sobre os dois con-ceitos: Alfabetização e Letramento, dialogamos com objetos próximos, porém de naturezas diferentes no que diz respeito à construção.

Hoje, cerca de �5 anos após a mudança de concepção da aquisição da leitura e escrita, reconhecemos a importância da construção e aquisição de Cultura e Escrita, e está claro para o educador de forma geral, que este processo, mais do que mecânico, mais do que motor, é político e social.

Ao longo da História da humanidade, pode-se observar o quanto a linguagem e a habilidade de seu registro, assim como o pensamento, determinam poder nas sociedades. Por meio da linguagem oral e escrita, segmentos de maior poder eco-nômico e social de uma comunidade facilmente direcionam, manipulam ou posicionam outros segmentos.

A linguagem, de

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maneira ampla, está intimamente relacionada à aqui-sição de conhecimento e este às soluções de proble-

mas anteriormente já enfrentados pelo homem.O conhecimento, isto é, a construção já experimen-

tada por gerações anteriores que auxiliam na solução das questões humanas, como as ciências de forma geral, é

acessível a alguns privilegiados que se empenham em cuidar de tais privilégios. Ao universalizar o domínio de aquisição das diferentes formas eficientes de comunicação, estamos também democratizando o acesso a estes conhecimentos.

Durante a maior parte da história da educação no Brasil, podemos observar a maior ênfase com relação ao código es-crito quanto da alfabetização. Desta forma, mantém-se grande parte da sociedade numa limitação no que diz respeito à ex-tensão e o poder da escrita e leitura como forte instrumento de libertação e compreensão do mundo em que vivemos.

Estamos num momento histórico pautado pela exposição e apologia à comunicação. Ao limitarmos o desenvolvimento das habilidades comunicativas, estamos, no mínimo, sonegando informações preciosas no sentido de democraticamente per-mitir que o aluno escolha a forma de comunicação que lhe é mais eficiente e que facilite sua inserção no mundo.

O programa Pró–Letramento, neste contexto tem como principal foco, levar-nos, profissionais da Educação, a pensar em nossas práticas diárias e ressignificá-las.

Como eixo principal, trabalhamos com a ação-reflexão-ação e espera-se que nos deparemos neste processo com

novas construções, pois abrem-se possibilidades de busca de outros caminhos, assim como estaremos mais sensíveis para novas questões, talvez ignoradas anteriormente pelo hábito de ações pré-estabelecidas e soluções cristalizadas. O programa pretende que, nós, educadores, tomemos como prática sem-pre lançar mão de novos olhares, ainda que a situação apa-rente lugar comum.

Passado o primeiro semestre, com a experiência de ter tra-balhado com as quatro primeiras turmas, posso afirmar que conheci colegas competentes com boa formação acadêmica e muito afetiva. Tive ainda a oportunidade de, por meio de portfólios, compartilhar as construções, estar próxima e tomar conhecimento de atividades que foram efetuadas em diferen-tes escolas do município, rurais e urbanas; o que para mim foi um privilégio, avancei como profissional, além de também ter feito as minhas reflexões.

Hoje, levar a eficiente aquisição de Cultura e Escrita é um desafio nacional. O programa vem sendo um apoio e os en-contros buscam espaços para reflexão e emancipação de nos-sas ações, além da legitimação de nosso fazer pedagógico por meio do embasamento teórico. Afinal se não há neutralidade no espaço escolar, devemos, nós, profissionais da Educação, pensarmos direta e sistematicamente na natureza de nossas práticas e em que espaço é este: a escola.

Finalizando, afirmo que a escola é um espaço de quem acredita no homem, de quem acredita na Educação.Sandra N. de Paula Scutari

Marinina Beatriz Leite é pedagoga, licenciada em Letras pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e faz par-te do Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Mogi das CruzesNaete da Conceição Rosendo é pedagoga e coordenadora pedagógica da Escola Municipal Professora Noêmia Real FidalgoSandra N. de Paula Scutari é pedagoga, psicopedagoga, fonoaudióloga e professora da Escola Municipal Professora Ana Lucia Ferreira de Souza

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Momentos de aproximação da comunidade nos novos espaços de participação

e conhecimento

Como escreve Gaddoti...descentralização e autonomia caminham juntos. A luta pela autono-

mia da escola insere-se numa luta maior pela autonomia no seio da pró-pria sociedade. Portanto, é uma luta dentro do instituído, contra o insti-tuído, para instituir outra coisa. A eficácia dessa luta depende muito da ousadia de cada escola em experimentar o novo caminho de construção da confiança na escola e na capacidade dela resolver seus problemas por ela mesma, confiança na capacidade de governar-se. (Gadotti, 1��5, p. �0�).

O aprendizado que advém da participação de todos na ad-ministração do processo educativo possibilita a cada um dos sujeitos, individualmente e a todos coletivamente, o

crescimento como pessoa humana em todos os seus aspectos.Para a comunidade, participar da gestão de uma escola significa

todo um aprendizado político no sentido de opinar, fiscalizar e cum-prir decisões e também mudar sua visão de direção de escola, passando a não esperar decisões prontas para serem seguidas e entender que a escola deve ser cuidada e dirigida pela comunidade e seus usuários.

O diretor da escola é o elemento fundamental na elaboração do processo participativo dentro da escola e junto à comunidade. A dire-ção da escola deve, portanto, ter coerência entre o discurso e a prática, as relações interpessoais e a competência técnica no desenvolvimento das práticas participativas.

O processo participativo dessa construção é uma aprendizagem contínua para todos os envolvidos que não se conquista da noite para o dia, isso demanda uma profunda reflexão e pesquisa sobre a comu-nidade onde a escola esta inserida e ações de encorajamento para que esta comunidade sinta-se processo vivo desta participação.

Abrindo-se à participação, a escola estará educando para a democracia e para a cidadania, pois, a participação constitui a “viga-mestra da construção da cidadania” (Pinto, 1��5, p. 1�5).

Eulália Anjos Siqueira é pós-graduada em Gestão de Processos En-sino-Educação e Gestão da Educação Básica, diretora do CCII Pro-fessora Ignêz Maria de Moraes Pettená, voluntária da ONG Criança Segura – SAFE KIDS e membro do Comitê Organizador do Fórum Mundial de Educação Alto Tietê.

Eulália Anjos Siqueira

GADOTTI, M. (1995). A autonomia como estra-gégia da qualidade de ensino e a nova organiza-ção do trabalho na escola. In L. H. da Silva e J. C. de Azevedo (orgs.), Paixão de oprender II. Pe-trópolis: VozesPINTO, J. B. G. (1995). Planejamento participa-tivo na escola cidadã. In L. H. da Silva e J. C. de Azevedo (Orgs.), Paixão de Aprender II. Petrópo-lis: Vozes.GHANEM, Elice. Gestão Escolar Democrática: Al-ternativas de Apoio à Melhoria de Educação Pública. Guia para Equipes Técnicas. São Paulo, Ação Educa-tiva. Assessoria, Pesquisa e Informações, 1997.ROMÃO, J. E. e Gadotti, M. (1993). A educação e o município: Sua nova organização. Brasília: MEC.

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PRÁTICAS DE ENSINO

Brinquedoteca

N ossa brinquedoteca nasceu da necessidade de ter-mos um espaço, em que a criança pudesse brincar particularmente e com outras crianças.

A partir de algumas observações, analisamos que o papel da brinquedoteca foi de extrema importância, pois conseguimos identificar um vocabulário próprio da criança, suas formas de interagir com os brinquedos, com outros colegas, como brin-ca e manifesta seus sentimentos em escala de valores, apren-dendo a brincar. Reconhecemos que a brinquedoteca é um espaço privilegiado, onde a criança se apropria de elementos de cultura popular descobrindo novos significados, além de incentivar sua criatividade. As estantes com brinquedos foram colocadas ao alcance da criança, para que ela pudesse manuse-ar livremente e fazer suas escolhas, descobrindo, manipulando e explorando as diferentes formas de brincar.

Os jogos e as brincadeiras mudaram no decorrer dos tempos, mas o prazer de brincar não mudou, e é assim que enxerga-mos nossas ‘excursões’ para a brinquedoteca. Como o espaço é pequeno, colocamos horários semanais para cada turma. As crianças aguardam ansiosamente para visitá-la. Colocamos al-gumas regras que estipulam que a criança brinque e guarde o brinquedo onde encontrou. No chão, colocamos tapetes de E.V.A., sendo proibido pisar com calçado.

Respeitamos o momento da criança que brinca sozinha de forma concentrada, entendendo que pode contribuir na qualidade de seu desempenho futuro. No mundo do faz-de-conta traduz a dimensão de suas necessidades e possibilidades. Às vezes, não imita a realidade, mas, ao contrário, é um meio de sair dela, sendo um jeito de assumir um novo ‘estado de espírito’. Essa é uma forma de brincar fundamental para um desenvolvimento infantil saudável, razão pelo qual deve ser tratado e subsidiado com seriedade.

Lucia de Paula Pimenta

Lucia de Paula Pimenta é coordenadora pedagógica da Cre-che São José Operário

SANTOS, Santa Marli Pires dos, Brinquedoteca, o Lúdico em diferentes contextos, Editora Vozes , 2000 .CUNHA, Nilse Helena Silva, Brinquedoteca, um mergulho no brincar, Malteses, 2000.LAROUSSE Ilustrado da Língua Portuguesa, São Paulo, Larousse do Brasil, 2004.

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1�

“Um país se faz com homens e livros”“Livro é sobremesa: tem que ser posto de-

baixo do nariz do freguês” (Monteiro Lo-bato, 1��0)

B aseado nessas afirmações e no Projeto Político-Pedagógico da escola, as coordenadoras do Cedic

(Centro de Divulgação e Construção do Conhecimento), com o apoio da direção da Escola Municipal Benedito Ferreira Lopes – Caic, programaram no período de 1� a �0 de abril, a 1ª SEMANA DO LIVRO INFANTIL, envolvendo a Edu-cação Infantil e Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries e 5ª a �ª séries).

Nesta semana, propositalmente, coin-cidente ao Dia Nacional do Livro Infantil, foi homenageado o escritor Monteiro Lobato, que com tanta brasilidade foi o precursor da literatura infanto-juvenil brasileira.

José Bento Renato Monteiro Loba-to nasceu em 1� de Abril de 1��� na cidade de Taubaté, São Paulo, e foi um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX.

Passou sua infância em uma fazenda em sua cidade natal. Cresceu, formou-se em Direito e chegou à Promotoria Pública. Entediado com a vida na cida-de pequena, começou a escrever Uru-pês, em 1�14 e para o jornal O Estado de São Paulo, criando um dos seus mais polêmicos e famosos personagens: Jeca Tatu, que foi considerado o símbolo do atraso e miséria que representava o cam-po no Brasil.

Pouco tempo depois, vendeu sua fa-zenda, mudando-se para a capital paulis-ta para tornar-se um escritor-jornalista. Já há algum tempo em São Paulo, em 1�1�, comprou a Revista do Brasil. Nessa época deu início à literatura infanto-ju-

venil brasileira.Por ser um grande nacionalista, suas

obras eram ligadas à cultura brasileira, costumes da roça e lendas folclóricas. Seus personagens brasileiros acabaram por se fundir a personagens universais, como os da Mitologia Grega, quadri-nhos e cinema.

Em 1��0, quando escreveu seu primei-ro livro, A menina do Narizinho Arrebitado, Lobato havia notado que faltavam obras para as crianças. Em uma carta escrita para um amigo, ele diz: “Que é que nos-sas crianças podem ler? Não vejo nada (...) É de tal pobreza e tão besta a nossa litera-tura infantil que nada acho para a iniciação dos meus filhos”.

Foi pensando nisso, que Lobato con-tinuou escrevendo livros infantis de su-cesso, dando início a mais importante de suas obras: a Coleção Sítio do Picapau Amarelo (1��1), que envolve várias his-tórias, como: O Saci, O poço do Visconde, As Reinações de Narizinho, Emília no país da Gramática, e muitos outros.

Monteiro Lobato foi um homem polivalente: escritor, fazendeiro, políti-co, advogado, jornalista, empresário, di-plomata e editor de livros. Ufa! Achou tempo também para defender a idéia de que no Brasil havia petróleo, o que en-riqueceria muito nosso país. Na época, por volta de 1��0, todos acharam ma-luquice, por isso, acabou até sendo pre-so. Hoje, há poços de petróleo jorrando por todo o país.

Faleceu em 04 de Julho de 1�4� e por ser tão rica sua biografia e culminar na proposta do Cedic (“o ato de ler traz conhecimento, acesso à informação, estu-do e pesquisa”) que nesta semana, foram apresentadas atividades voltadas à vida e obra de Monteiro Lobato, enfatizando o Sítio do Picapau Amarelo, por ser a obra

mais próxima da realidade dos alunos.O Cedic foi organizado, adequada-

mente, ao tema. As coordenadoras fi-zeram apresentações em retro-projetor e teatro de fantoches para a Educação Infantil e Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries), que contaram com a participação da aluna Layza Campioto Fontana, da �ª série C no fantoche, e da aluna Açucena Raphael dos Reis, da �ª C, caracterizada como Emília. Ambas do Ensino Funda-mental (5ª a �ª séries), interagindo ativa-mente com os alunos, mostrando toda as obra de Monteiro Lobato que fazem parte do acervo do Cedic. Os alunos e professoras, ainda, puderam participar da história contada pelos fantoches: Emília e Visconde de Sabugosa interagiram com o narrador de um episódio. Ao término destas apresentações, os alunos recebe-ram atividades impressas: jogo da forca envolvendo a história e pintura dos per-sonagens do Sítio.

Para finalizar a semana, houve a pre-miação e escolha dos “Leitores do Mês de Abril de �00�”, voltadas ao Ensino Fun-damental (5ª a �ª séries), onde foi esco-lhido, conforme critérios anteriormen-te estabelecidos, um aluno por série que desenvolveu um texto com ilustração de um livro lido do acervo da escola, duran-te estes primeiros meses. Estes, por sua vez, receberam um livro como prêmio, direcionado à sua idade, como incentivo à leitura. Todos os envolvidos receberam um marcador de livros com mensagem de incentivo à leitura , como lembrança, confeccionado pelas coordenadoras do Cedic, para marcar a semana.

Cedic incentiva a leitura através de Monteiro Lobato

Nilcéia Aparecida Faria e Fanny de Jesus Canalli Almeida

Nilcéia Aparecida Faria e Fanny de Je-sus Canalli Almeida são coordenadoras de Cedic da Escola Municipal Benedito Ferreira Lopes - Caic

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O Programa Caravanas do Conhecimento Redesco-brindo o Interior – �00�, uma realização do Gover-no do Estado de São Paulo (Secretarias de Econo-

mia, Planejamento e Educação) e das Prefeituras Municipais, é coordenado pela Fundação Prefeito Faria Lima – Cepam e conta com o apoio das secretarias de estado da Cultura, de Esportes, Lazer e Turismo, Saúde, Segurança Pública (Policia Militar), Transportes (Artesp, DER, Dersa) e outras instituições, como as companhias de água e energia elétrica.

O público-alvo são alunos da rede pública de ensino, com idade de � a 11 anos, que não conheçam o interior paulis-ta. Seu objetivo é criar oportunidades para os participantes conhecerem o interior do estado, ampliar os horizontes dos escolares, por meio da vivência social que a viagem propor-ciona e permitir que os alunos vivenciem uma nova ex-

periência cultural.Todas as cidades visitantes, que aderem ao programa, têm

que constituir comissão municipal, designar um coordenador, selecionar monitores, inscrever as crianças, formar a delegação e providenciar o meio de transporte para a viagem e passeios no interior e o lanche para a viagem de ida ao interior.

Uma das maiores dúvidas é quanto ao perfil do monitor da cidade visitante. Ele deve ser maior de �1 anos, sendo necessá-rio que tenha experiência anterior no trabalho com crianças e goste desta atividade, seja reconhecido pela comunidade, es-pecialmente pelas crianças e seus pais, e compreenda o alcan-ce educacional e social do programa e participe do treinamento ministrado pelo Cepam

Neste treinamento, são abordados os seguintes assuntos: a presença constante do responsável pela segurança e

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Um projeto de Sucesso: Programa Caravanas do ConhecimentoPaula Leme Dutra

PRÁTICAS DE ENSINO

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atendimento das crianças; a consciência de que o monitor representa, no interior, o nome de seu município; atentar para a proibição de levar acompanhante; estar consciente de que, durante uma semana, será o pai, a mãe, o tio, o professor, o avô e, principalmente, o amigo de cada uma das dez crianças e conscientizar-se de que, dificilmente, sobrará tempo para si próprio, em função do carinho e da atenção solicitados pelas crianças nessa faixa etária.

O papel do monitor é acompanhar os preparativos da viagem, como a inscrição para apresentar-se aos pais das crianças por ele monitoradas até a realização do exa-me médico prévio e o preparo do lanche a ser consumido na viagem de ida, além da mala básica com roupas e objetos de uso pessoal. Devem constar também: o entrosamento com o grupo de crianças, o estudo prévio da cidade hospedeira e do percurso do ônibus no mapa rodovi-ário, elencar as principais cidades e traba-lhar as expectativas das crianças sobre a viagem. Durante a viagem, sua presença é fundamental na exploração da cidade pelas crianças, na verificazção das con-dições dos alojamentos e nos cuidados de higiene e horários.

Nestas férias de julho, estudantes de Mogi das Cruzes viajaram pelo Progra-ma Caravanas do Conhecimento Re-descobrindo o Interior para o município de Pirangi. Foi uma viagem realmente inesquecível, o cronograma oferecido pela Prefeitura Municipal de Pirangi foi excelente.

Saímos de Mogi das Cruzes no dia 1� de julho, segunda–feira, chegamos em Pirangi após às 1� horas. A coordenado-ra local Valdenice Moraes nos recebeu. Nos apresentamos e fomos conhecer as acomodações da delegação. Enquan-to nossas crianças eram acomodadas e monitoradas pelos professores da rede municipal de ensino, houve uma peque-na reunião de monitores e coordenador com a equipe de apoio do Município, na qual pedimos um monitor homem para acompanhar o banho dos meninos, pois a nossa delegação só contava com quatro monitoras.

Como a chegada foi tardia resolvemos lanchar e esperar o jantar. Nossa preo-cupação era que as crianças comessem sem interferir no jantar. Após o lanche, visitamos os pontos atrativos e sócio-educativos da nossa cidade. O jantar contou com a presença de autoridades locais, como o prefeito e vereadores. Em seguida, fizemos uma quadrilha onde todos participaram, alguns levaram tra-jes caipiras e se caracterizaram, foi uma festa para as crianças.

Na terça-feira, as atividades começa-ram às oito horas com o café da manhã e o sorteio do amigo secreto. As crian-ças, que na sua maioria não se conhe-ciam, tentavam descobrir quem era o seu amigo sem contar para os demais, foi uma verdadeira surpresa.

Visitamos a zona rural do município e observamos a paisagem, o que mais chamou a atenção foi o Coqueiro Tor-to (nossos alunos já tinham visto a foto no site). As crianças ficaram conversan-do como o coqueiro tinha ficado desta

forma e levantaram algumas hipóteses: ‘Alguém deveria ter feito ele ficar torto! Será que tinha caído um raio nele? Será que aconteceu um incêndio nas proximi-dades e com o calor ele entortou?’

Ao retornarmos ao alojamento, almo-çamos e conversamos sobre o passeio que iríamos fazer: uma visita ao Museu de Paleontologia de Monte-Alto. As crianças adoraram, foi uma oportunidade ímpar. Observaram, questionaram o monitor do museu e tiraram fotos.

- “Nossa! Cabe todos nós na boca desse bico!” – falou um dos meninos.

Retornamos com os alunos comen-tando sobre os ossos e as peças do mu-seu. Os comentários foram muito bons. Logo após o jantar, assistimos a um filme no shopping de Bebedouro, cidade pró-xima à Pirangi. A expectativa era gran-de, não só pelo filme, mas pela cidade e o shopping, todos queriam saber se era igual o de Mogi. As meninas adoraram as vitrines.

No dia seguinte, conhecemos a in-dústria de frutas e alimentos Val Rossi, fabricante de goiabada e massa de tomate. Todos se surpreenderam com o processo de fabricação da goiabada, eles observavam aten-tos às máquinas, às orientações e se maravilharam ao verem as embalagens, especialmente a que eles consomem em casa. Ficaram surpresos em saber que uma indústria pode fa-bricar várias marcas.

À tarde, o parque do peão-zinho em Barretos nos trouxe grandes surpresas. Visitamos o museu das festas do peão, a arena e o Mini-zoológico, enfim andamos o parque todo. À noite, assistimos ao jogo de hande-bol na cidade de Taiaçú, que era sede das Olimpíadas regionais.

Pirangi: uma viagem inesquecível

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Na quinta-feira, fomos para a cida-de de Monte Azul Paulista, o passeio foi organizado pela ONG Kawoas, que fez uma apresentação de assuntos relaciona-dos ao meio ambiente. Fizemos trilha na mata ciliar com as crianças, descemos de tirolesa e caiaque no rio Turvo. “Foi uma aventura Radial!”, disse uma das meni-nas. Outra ressaltou: “Quando eu con-tar que nos fomos com um grupo, dois policiais militares, dois bombeiros e uma ambulância, ninguém vai acreditar”. As informações oferecidas chocaram algu-mas crianças, mas eles perceberam que depende deles o futuro do nosso planeta.

Todos podem usufruir a Natureza, des-de que seja de maneira consciente. As crianças firmaram o compromisso com a preservação do meio em que vivem e prometeram orientar a família quanto aos danos ao meio ambiente, lixo jogado nos rios e a falta de reciclagem.

À noite fomos para o município de Vista Alegre do Alto, lá encontramos com a caravana de Franco da Rocha 04 e nos divertimos na discoteca realizada no clube municipal. Ao voltarmos, foi realizada a revelação do Amigo Secreto e nos pre-paramos para a volta para casa. No dia �0 de julho, sexta–feira, nos despedimos e

retornamos para Mogi das Cruzes.Ficaram gravados em nossa memó-

ria todos os momentos, que vivemos lá. Devemos agradecer o acolhimento e as oportunidades de passeio, mas o destaque fica para os policiais militares, soldados Machado e Paulo, que nos acompanha-ram todos os dias, das � às �� horas, foram verdadeiros amigos e companheiros.

Paula Leme Dutra é professora de Edu-cação Infantil e Fundamental I da Escola Municipal Desembargador Armindo Freire Mármora e CCII Prof. Takao Ikeda

Sobre a viagem

Eu achei essa viagem muito legal. Vi coisas bonitas e legais: plantações, árvores e

coisas diferentes.Na nossa primeira saída, nós fomos ao Museu do Dinossauro, lá tam-

bém havia exposições de coisas antigas (armas, computadores, porta retrato, etc), mas

o que mais gostei foi os fósseis dos dinossauros (crânio, dentes, ossos, etc).

À noite fomos ao cinema no Shopping de Bebedouro e assistimos o filme “O quar-

teto fantástico”. No outro dia visitamos a indústria de alimentos onde se fabrica goia-

bada, massa de tomate e ketchup.

Em Barretos, visitamos o Museu dos Independentes e o Parque do Peãozinho. Na

quinta-feira fomos na cidade de Monte Azul Paulista conhecemos a ONG Kaiowas que

preserva o meio ambiente e utiliza o rio Turvo para a prática de esportes. Depois fo-

mos para a Discoteca onde nos encontramos com um grupo de Franco da Rocha.

Redação de Alisson Rodrigues de Morais Carvalho, aluno da 4ª série da EM “Des.

Armindo Freire Mármora”

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PRÁTICAS DE ENSINO

Geraldina Porto Witter

Perguntas para motivar e desenvolver o aluno

P rofessores e alunos precisam saber fazer perguntas, aspecto relevante para o desenvolvimento do homem, do cidadão, da sociedade. A formulação de questões e a busca de respostas têm muitas bases e implicações. A Figura 1 apresenta uma síntese que pode ser útil no contexto acadêmico.

Figura 1 - Relações entre Perguntar-Responder, Desenvolvimento e Aprendizagem

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As dimensões para gerar perguntas formuladas, tanto por professores, como alunos, são: cognitiva, motivacional, crítica, criativa e social. É preciso verificar se a pergunta formulada ao aluno ativa estas dimensões. Quanto mais dimensões esti-verem envolvidas, melhor é a sua qualidade, seu potencial para levar o aluno a se desenvolver e a aprender. Uma pergunta que pede como resposta a repetição do que o aluno leu, ou da fala da professora, tem potencial de desenvolvimento pró-ximo do zero. Já uma pergunta que solicite do aluno compa-rações, inferências, observação, busca de outras informações ativa melhor a cognição, exercita vários de seus potenciais. Gera desenvolvimento.

Para que o perguntar-responder seja produtivo é neces-sário, como em qualquer atividade que vise aprendizagem e mudanças significativas que a dimensão motivacional, ou seja, o aluno seja motivado a buscar resposta e a formular outras questões. Entre: o que diferencia o cão do gato? e Quais as características do cão? Fique com a primeira pergunta, mais ampla, requer melhor uso das informações, comparações. Por-tanto tem maior envolvimento cognitivo, mas também tem maior potencial motivacional, podem ser usadas as vivências pessoais agradáveis e mesmo desagradáveis com os dois animais. Estimule seus alunos a recuperar as boas lembranças.

A dimensão crítica também deve ser cuidada tanto no for-mular perguntas, como no responder. Ao receber uma respos-ta estimule seu aluno a analisá-la criticamente e a melhorar a resposta. A crítica deve ser sustentável logicamente, com da-dos e outras informações. Tanto a pergunta como a respos-ta, sempre podem ser melhoradas. Permita que seus alunos analisem, critiquem e reformulem a pergunta feita por você. Mesmo em situações de avaliação permita que uma pergunta seja feita e respondida por ele, na avaliação leve em conta no julgamento os dois aspectos.

Fazer perguntas e responder implica também em um com-promisso com a dimensão criativa. O docente e o aluno pre-cisam manter sua criatividade em desenvolvimento, além do que ela é essencial para a saúde psicológica. Faça perguntas que requeiram respostas criativas. Por exemplo: Como pode-mos aproveitar melhor o espaço da sala de aula usando o que

sabemos de geometria? Analise as respostas criativas sendo crí-tica, mas nunca punitiva. Punir mata a criatividade. Estudado um assunto peça que formulem a melhor pergunta, cada vez mais criativa. Responda as melhores com eles. Elogie todas as tentativas e oriente para que sejam melhores.

A dimensão social também deve ser cuidada não apenas no perguntar-responder, mas na consideração do contexto de vida vivenciado pelos alunos, quando se trabalha a formação da cidadania, dos valores, etc. Pergunte e solicite questões que relacionem o que estão aprendendo na escola com sua vida, com o que ocorre na comunidade, no país.

Conforme a figura indica, o desenvolvimento da compe-tência de perguntar-responder em professores e alunos, con-siderando as dimensões referidas traz muitos benefícios. Os cuidados devem abranger todas as atividades ao longo do cur-rículo, durante todo o ano letivo. Deve ser responsabilidade de todos os envolvidos no processo educacional. Desta forma serão obtidas mudanças efetivas conceituais, afetivas, motiva-cionais, sociais. Crescer, aprender, cooperar, etc, tornam-se mais prazerosas, retém-se mais e por mais tempo aprendido.

É preciso estar atento com o que e como se formulam per-guntas e estimular os alunos para que também saibam fazer melhores perguntas. Espera-se que alunos perguntem mais do que os professores, os quais devem lembrar que, vinda do aluno, nenhuma questão é fraca, errônea, inadequada ou im-pertinente. Ela espelha o que lhe foi passado em termos de competências e habilidades. Procure sanar a falha da vivência acadêmica do aluno, não o puna por falha do sistema. A Auto-avaliação do comportamento docente no que concerne ao tema deve ser uma constante. Cheque as questões que tem apresentado aos alunos nos exercícios, nas provas, nas aulas. Veja se está cuidando de desenvolver todas as dimensões. Discuta com colegas e equipe técnica a qualidade do perguntar-res-ponder que se tem na escola.

Empenhe-se em melhorar este aspecto da qualidade de ensino. Será gratificante.

Geraldina Porto Witter é pedagoga, psicóloga, douto-ra em Ciências (Psicologia) - USP e livre docente em Psicologia Escolar na Unicastelo

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PRÁTICAS DE ENSINO

ARTE, DOM OU APRENDIzADO?

A idéia surgiu em meados de abril, quando o grupo res-ponsável pela homenagem ao dia das mães da Escola Municipal Dr. Álvaro de Campos Carneiro pensou

sobre o convite para a festa e a idéia foi entregue ao grupo de professores. Ao receber o convite, eu não tinha idéia da bele-za da obra e do artista plástico, então como passar aos meus alunos da �ª série tamanha beleza?

Penso que por estar envolvida no projeto “Tocando, Can-tando... Fazendo Música com Crianças” de uma forma mais intensa e não estar tão envolvida com o trabalho de Artes Vi-suais; às vezes, desconhecemos alguns artistas plásticos, mas fui em busca do meu objetivo: conhecer esta e outras obras do artista.

A partir de então iniciei a pesquisa com alguns professores da rede e, logicamente, pela Internet sobre o artista plástico e suas obras. O trabalho foi gratificante, pois descobri diversos trabalhos do artista plástico de encantadora beleza, criativida-de e otimismo, inclusive a obra do convite Mother and Child (Maternidade), do artista plástico Romero Britto.

Por meio do site de Romero Britto (www.romerobritto.com.br), utilizei a sala de informática com a ajuda dos mo-nitores Valente e Rejane para mostrar aos alunos a biografia e as obras do artista. As crianças, ao terem acesso ao artista brasileiro nascido em Recife/PE e suas obras, ficaram encan-tadas com as cores utilizadas que expressavam muita alegria. Orientei os alunos quanto à reprodução. Perguntei se teriam interesse em reproduzir a obra Mother and Child, como con-vite para a homenagem às mães. Embora não demonstrasse, tive um certo receio ao ouvir a resposta “sim”, pois em mi-nha vida e carreira não havia trabalhado com reprodução de obras; mas como diz o ditado “quem está na chuva é pra se molhar”, colocamos as mãos na massa.

Traçando um elo entre a Arte e a Música, os alunos fizeram a reprodução e ensaiamos com as outras turmas de �ª série, as músicas: Minha Mãe e Amor de Mãe, cantando e com alguns gestos para deficientes auditivos (libras), curso oferecido pela rede municipal de ensino de Mogi das Cruzes.

Assim foi realizado esse trabalho inicial, em que a reprodu-ção da obra Mother the Child, de Romero Britto foi entregue

como convite para a homenagem às mães ao som das músi-cas que ensaiamos. A atividade aconteceu no Ginásio Muni-cipal de Jundiapeba.

Uma vez vencido o desafio, porque pelas crianças foi um sucesso, decidi fazer o mesmo trabalho com os alunos da 1ª série da Escola Municipal Prof. Eulálio Gruppi, em parceria com a professora Sandra, que gostou da idéia. Os alunos en-tusiasmados fizeram a reprodução da obra e montamos um Painel de Exposição.

Aprofundando um pouco mais o estudo nas obras de Ro-mero Britto, traçamos um elo com a música, pois estávamos nos preparando para o �º Dia Temático: Literatura e Expressão Artística e a Festa Junina. Reuni os alunos na sala de Infor-mática, onde acessamos o site do artista e observamos as obras. Fizemos uma ligação com o tema Festa Junina e escolhemos duas obras para reprodução: Grand Slam Cheek To Cheek (Ros-tos Colados) e Dancers (Bailarinos). As crianças disseram: “eles estão dançando, parece a nossa dança”.

Fizemos a reprodução dessas obras e trabalhamos a ciran-da com a música: Vamos Indo, com direito à dança, canto e arranjo musical. Além das músicas: O Pomar, Fome-Come e A sopa, com arranjos musicais e expressão corporal, sendo que estas últimas músicas, nós, professoras das turmas de �ª sé-ries, trabalhamos no primeiro bimestre, porque faziam parte do nosso tema frutas e legumes. Montamos um painel com as reproduções dos alunos das obras de Romero Britto e sua biografia e outro com pinturas sobre Meio Ambiente, o qual denominei Pequenos Artistas.

Aproveitando tudo que já havíamos trabalhado, nos pre-paramos para o �º. Dia Temático: Literatura e Expressão Ar-tística, onde realizaríamos a Exposição de Arte e a Oficina de Música. Para a exposição, algumas professoras das turmas também reproduziram algumas obras de arte do artista plás-tico Alfredo Volpi e outras confeccionaram instrumentos mu-sicais com sucata.

Não me dando por satisfeita, fui em busca de um artista plástico de nossa região para que pudesse entrevistá-lo e se possível trazer suas obras para a nossa exposição. Conheci o

Márcia da Silva Gonçalves

Ampliando o trabalho

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artista plástico Policarpo Ribeiro, residente em Mogi das Cruzes, que leciona artes no Centro Cultural de Suzano e foi contemplado com a medalha de prata, do ano Brasil –França, em maio de �00�, pela Academia de Artes Ciências e Letras da França. Pesquisei também suas obras em seu site (www.policarporibeiro.com.br), em que pude apreciá-las e admirá-las. Algumas delas eram composições plásticas musicais.

Ao visitá-lo no Centro Cultural de Suzano, fiquei encan-tada com a beleza de uma enorme tela e solicitei sua per-missão para fotografá-lo junto à mesma, tirei fotos de ou-tras telas também. Policarpo Ribeiro emprestou algumas de suas telas e de outros artistas para a que pudesse colocá-las na exposição do Dia Temático.

Comentei com os alunos sobre o artista plástico de nossa região, visitamos seu site na sala de Informática, sempre com ajuda dos monitores Valente e Rejane, e decidimos pela re-produção de uma de suas obras que havia fotografado para enviar como convite do �º Dia Temático.

Montamos o painel do artista mogiano com sua biografia, obras em galerias, fotos de seus trabalhos, locais de exposições e experiência profissional. Com ajuda do monitor Valente, criei um marcador de livro com a obra de Policarpo Ribeiro para entregar aos pais como lembrança do �º Dia Temático, onde, nós, professoras das turmas de �ª serie, ficamos com a

“Oficina de Música e Exposição de Arte”.Os pais participaram junto com seus filhos e ficaram en-

cantados com as atividades realizadas. Criamos novos ar-ranjos com as músicas Pomar, A sopa e Fome-Come. Eles pu-deram admirar as telas e o painel de Policarpo Ribeiro, as reproduções dos seus filhos das obras de Romero Britto e Alfredo Volpi e a confecção dos instrumentos musicais cons-truídos com sucata.

Na Escola Municipal Prof. Eulálio Gruppi também reali-zamos a reprodução da obra de Romero Britto, Grand Slam Check To Check (Rostos Colados), com as turmas de 1ª série, em que sugerimos que esta poderia ser o convite da Festa Junina. Nossa coordenadora reproduziu o painel que ficou maravilhoso, o convite foi um sucesso. Tudo isto foi possí-vel com o apoio e a união da direção, coordenadora e pro-fessoras de Educação Infantil e Ensino Fundamental, pois como diz o ditado “uma andorinha só não faz verão”. Os pais ficaram entusiasmados com as reproduções das obras de seus filhos, um deles nos perguntou: “foi meu filho mes-mo quem fez?”.

Que possamos acreditar a cada dia nas potencialidades das crianças e do ser humano como um todo. Enfim, que continuemos buscando a resposta da pergunta: Arte, Dom ou Aprendizado?

Márcia da Silva Gonçalves é professora do Ensino Fundamen-tal com especialização em Educação Física das Escolas Muni-cipais Dr. Álvaro de Campos Carneiro e Prof. Eulálio Gruppi

Quer saber mais?www.romerobritto.comwww.policarporibeiro.comwww.pitoresco.com.br (A Pop-Art de Romero Britto agora em livro)

Artista plástico Policarpo Ribeiro

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PRÁTICAS DE ENSINO

Interdisciplinaridade: um desafio a ser compartilhado

I nício de um novo ano letivo. São muitos planos, novos alunos, um recomeço que assusta, mas que, ao

mesmo tempo, estimula o educador na busca dos ideais que norteiam seu traba-lho. Assim, nas entrelinhas do processo de globalização, é fato admitir a neces-sidade de que a educação acompanhe o desenvolvimento de linhas e projetos que almejam um trabalho mais que co-letivo e, sim, contextualizado.

Como várias outras terminologias, a palavra interdisciplinaridade invadiu o vocabulário utilizado nas instituições escolares. Será que realmente esse termo é compreendido da maneira correta?

Ao definirmos o termo interdisciplinari-dade podemos dizer que esta acontece quan-do duas ou mais disciplinas relacionam seus conteúdos para aprofundar o conhecimento. (NOVA ESCOLA:55, �004)

Talvez seja na prática pedagógica, a melhor forma de enxergarmos a real concepção dessa palavra que representa um trabalho que, se bem desenvolvido, pode mudar a realidade educacional em nossas escolas.

Em todo Brasil, muitos profissio-nais desenvolvem belíssimos projetos neste sentido. Sabemos disso por meio de relatos de experiências publicadas em periódicos educacionais especia-

Giane Nunes de Mello

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lizados. Ninguém pode negar que esse “desafio” suscita dúvidas e questionamentos, por isso, torna-se importan-te que cada vez mais educadores exponham seus proje-tos, auxiliando aqueles que ainda têm receio de lançar-se nessa caminhada.

Gostaria, neste espaço, de maneira breve, relatar uma experiência que está sendo trabalhada por mim e minha companheira de período e série neste ano letivo. Isso por tratar-se justamente de uma busca do processo interdis-ciplinar em nosso cotidiano em sala de aula. O primeiro passo refletiu nosso interesse comum em falarmos de algo de suma importância para a formação integral de nossos alunos de 4ª série. Em seguida, chegamos ao consenso de que o tema gerador mais apropriado seria o Meio Am-biente, numa abordagem ampla. Sendo assim, dividimos nossa proposta em temas desenvolvidos bimestralmente. São eles, em seqüência: Água, fonte de vida; Aquecimen-to Global; Fauna e Flora Brasileira; Animais em extinção e Qualidade de Vida.

É importante dizer que nós, professoras, ministramos aulas em nossa unidade escolar por disciplinas. Isso pode parecer, no início, um pouco complicado, mas dá prazer viver o dia-a-dia do processo e sua aceitação pelos alu-nos, nosso maior foco. Facilitar a aprendizagem e torná-la concreta também traz às aulas um novo aspecto, uma nova motivação. Os alunos compreendem nossa proposta e logo começam a interagir.

Neste primeiro bimestre, o tema sobre água fez com que nossos alunos lessem textos diversificados como: re-portagens, pesquisas, letra de músicas e outros. Também, possibilitou que ampliassem seus conhecimentos mate-máticos, utilizando esses mesmos suportes textuais na construção de gráficos, experiências, trabalhos de artes;

como também usaram as ferramentas que a informática lhes oferece. Todas essas atividades trouxeram a oportuni-dade para que os alunos debatessem um problema mun-dial, que faz parte de sua formação como cidadão crítico, consciente e ativo em sua sociedade.

Está sendo maravilhoso compartilhar esse exercício de reflexão e ação, podendo contar não só com ajuda de mi-nha colega de trabalho, mas também com a participação dos alunos, que propõem idéias e sugestões, trazem no-vidades de casa sobre o tema e, o mais importante, con-versam entre si e discutem com sua comunidade sobre o que estão aprendendo na escola.

Acreditamos ser possível, ao final deste ano letivo, quan-do finalizaremos nosso trabalho, sentir que o objetivo de colocarmos o conhecimento específico a serviço dos es-tudantes ultrapassou as barreiras das disciplinas e cons-truiu um olhar global num mundo que precisa de pessoas preocupadas e engajadas com o futuro do planeta. Neste aspecto, a união dos conhecimentos assim como a união dos seres humanos é que fará a diferença.

Giane Nunes de Mello é graduada em Letras, pós-gradu-ada em Psicopedagogia pela Universidade Braz Cubas e professora nas Escolas Municipais Profª Ana Maria Bar-bosa Garcia e Maria Colomba Colella Rodrigues.

Quer saber mais?www.sabesp.com.br (Sabesp ensina/sala do professor)www.aguaecidade.org.brwww.pura.poli.usp.brwww.infohab.org.brRevistas: Nova Escola, Ciência Hoje e Amigos da Natureza

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PRÁTICAS DE ENSINO

E m �00�, a Prefeitura de Mogi das Cruzes por meio de sua Secretaria de Educação iniciou o Projeto Demo-cratizando a Informação. O programa visa facilitar o

acesso à informação dinamizando e incentivando a prática de leitura, além de proporcionar à comunidade condições para pesquisas, trabalhos e cursos básicos de informática.

O trabalho é feito em parceria pela SME e a Associação de Pais e Mestres (APM) de �5 escolas municipais que contam com sala de informática e Centro de Divulgação e Construção do Conhecimento (Cedic). A administração municipal repassa

recursos para as associações para o pagamento de agentes de leitura e de informática que atuam nas unidades aos sábados e domingos. A Secretaria oferece capacitação aos agentes e acompanha a execução do projeto.

A tarefa destes profissionais não é somente acompanhar o projeto, mas sim desenvolver ações para envolver a comuni-dade. Na área de informática, uma das propostas é oferecer cursos básicos, quanto aos agentes de leitura, eles devem pro-por atividades que incentivem a leitura, a partir de seu conhe-cimento do acervo literário da escola.

Projeto Democratizando comunidad

Cartão-postal e Hora do Conto no Parque São MartinhoEscolas como a Profª Wanda de Almeida Trandafilov, no Parque São Martinho, também contam com atividades no Cedic. A agente de leitura Michele Ramos do Nascimento desenvolveu trabalhos interessantes unindo leitura e oficinas de artes.Projeto Cartão-postal – aniversário de Mogi das CruzesInicialmente, foi apresentada a literatura referente a nossa cidade e como material complementar exemplares da Revista “Educando em Mogi”, assim como fotos da cidade em diferentes momentos: a cidade antiga e a atual.

Em contato com todo esse material, as crianças da comunidade puderam analisar, comparar e, por fim, confeccionar seu próprio Cartão-postal, retratando da melhor forma a cidade onde moram. Para a ilustração utilizaram diferentes materiais, como tinta, lápis de cor e areia. Os cartões criados serão trocados posteriormente.Projeto Hora do Conto

Para estimular a leitura no universo infantil, proporcionando momentos agradáveis de prazer e alegria, a Hora do Conto seguida de uma oficina de arte (recriação ou reprodução da história por meio de desenhos, maquetes, recortes, pintura, enfim, tudo aquilo que manifeste a expressão de sentimentos e aspirações do seu criador) têm se revelado um valioso instrumento no resgate do contato com o mundo mágico da leitura. Através das histórias narradas pela agente de leitura, sejam elas clássicos da literatura, como Os três porquinhos, ou o livro Todo mundo tem família, de Anna Clau-dia Ramos e Ana Raquel, ou até mesmo, as lendas que fazem parte do nosso Folclore, foram trabalhados valores, como: respeito, solidariedade, amizade e responsabilidade. Após a leitura e discussões, o envolvimento na participação das oficinas tem trazido resultados bastante satisfatórios, o que deixa a equipe escolar muito feliz.Equipe escolar da EM Profª Wanda de Almeida Trandafilov

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a Informação mobiliza a e em Mogi

o Cedic na EM dr. Isidoro Boucalt

Felipe Roberto Martins é professor de língua portuguesa e agente de leitura na Escola Municipal Dr. Isidoro Boucalt,

na Vila da Prata. Ele montou um blog sobre o projeto http://democratizandoisidoro.blog.terra.com.br/, onde dá dicas

dicas de sites, indica outras bibliotecas e livros. Segundo o agente, nos quatro primeiros meses do projeto passaram

pela escola 600 usuários e o blog já foi visitado 1.338 vezes. Veja o depoimento do agente de leitura.

“Fiquei sabendo das inscrições para o Projeto “Democratizando a Informação”, promovido pela Prefeitura Municipal de

Mogi das Cruzes, por meio de sua Secretaria de Educação (SME), na Biblioteca Pública Municipal “Benedicto Sérvulo de

Sant´Anna”. No instante, acreditem, me apaixonei pela idéia. O que mais me chamou a atenção foi o engajamento e a fun-

damentação político-didático-pedagógica presentes aos interesses sociais, culturais, intelectuais e econômicos do município.

Os estudantes e a própria comunidade que residem ao redor da escola contariam com os Centros de Divulgação e Cons-

trução do Conhecimento (Cedic), abertos aos fins de semana, o que proporcionaria um melhor aproveitamento do acervo

literário e dos computadores conectados à internet para leitura e pesquisa. Uma verdadeira inclusão cultural e digital.

No início do projeto, tivemos uma capacitação na Escola Municipal Dermeval Arouca, que ressaltou a boa utilização, organi-

zação e conservação das dependências e equipamentos do prédio escolar. Na escola em que sou agente de leitura, notei nas

primeiras semanas, a felicidade dos alunos e de outras pessoas que participavam do projeto, pois eles não possuem acesso a

livros e computadores em suas residências. A escola tem um acervo bibliográfico diversificado com obras para todas as idades

(livros infantis de Eva Furnari, Antoine de Saint Exupéry; livros infanto-juvenis de Ana Maria Machado e Monteiro Lobato e

para adultos como os de Aloísio de Azevedo, Machado de Assis), além de enciclopédias, gibis, revistinhas e revistas educa-

cionais. Os Cedics não oferecem só livros, proporcionam a todos, o acesso ao conhecimento adquirido com alegria. Trata-se

de uma biblioteca multimídia, “legal” e antenada às novas necessidades do mundo globalizado com TV e aparelho de DVD.

Foram criados ainda dois circuitos: um de leitura e outro de vídeo, sendo que o primeiro visa incentivar profes-

sores, funcionários, estudantes e pais à leitura e o segundo procura dinamizar o uso do acervo de DVDs educa-

cionais do CEDIC em exibições interdisciplinares a todos os interessados com sessões aos sábados e aos domingos.

Recebemos jornais nos finais de semana, que trazem os destaques da semana e anúncios de empregos, uma ajuda para

quem está desempregado. Os agentes auxiliam na impressão de currículos e trabalhos escolares, utilizando conscien-

temente o espaço. Enfim, para quem gosta de ler por prazer ou para ampliar os conhecimentos adquiridos em quais-

quer áreas, fica aqui um convite, venham para os CEDICs, que não são abertos as comunidades apenas aos sábados e

domingos, consulte os horários programados para comunidade durante a semana. Democratizar a informação é a nossa

missão, incentivando o prazer pela leitura, mobilizando a sociedade para a geração de multiplicadores culturais, res-

gatando em atividades “legais” e fundamentadas para jovens e crianças; diminuindo, assim, a ociosidade e a violência,

contribuindo para a consciência de cidadãos críticos e felizes de verdade”.

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ESPECIAL

Bom dia,mundo bom

E ste foi o tema escolhido pelo Concurso de Redação Ler é Preciso, realizado pelo Instituto Ecofuturo, em que todos os alunos da Escola Municipal Profª Marlene Muniz Schi-

midt participaram. O objetivo foi contribuir para que mais e mais pessoas leiam e escrevam com competência.

A escola recebeu o livro A vida que a gente quer depende do que a gente faz, com textos escritos por pesquisadores e literatos brasilei-ros como suporte para professores e alunos.

O titulo destaca nossa responsabilidade em fazer deste país e deste planeta um lugar onde as pessoas possam ter acesso à educa-ção de qualidade e viver com dignidade. Incentivamos nossos alu-nos a escreverem a redação, especificando a leitura, a reflexão e a manifestação pela escrita, convidando-os a olhar para a realidade presente e focalizar o futuro.

Entre as produções realizadas pelos alunos, a redação de Nauani de Oliveira Santos da 4ª ”C”, aluna da profes-sora Cleide Aparecida do Prado, foi a que me-lhor enfocou a importância de estarmos de bem com a vida e vê-la com um olhar de alegria e confiança.

A escrita da aluna nos mostra um exemplo de simplicidade, fazendo crescer em nós o desejo de con-tribuir com o nosso melhor e assim nos aproximarmos do melhor lugar do mundo.

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Janete Ignez Gomes Henriques é coordenadora pedagógica da Escola Municipal Profª Marlene Muniz Schmidt

Janete Ignez Gomes Henriques

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Janete Ignez Gomes Henriques é coordenadora pedagógica da Escola Municipal Profª Marlene Muniz Schmidt

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ESPECIAL

A Ação Comunitária no ProJovem

O ProJovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens) configura uma modalidade alternativa de educação pública que oferece a oportunidade de reinserção na comunidade escolar e de inclu-

são social, destinada a jovens com idade entre 1� e �4 anos que concluíram a 4ª série, porém não terminaram o Ensino Fundamental e estão fora do mercado formal de trabalho. Além das disciplinas básicas (Línguas Portu-guesa e Inglesa, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza), os estudantes do ProJovem, em Mogi das Cruzes, contam com aulas de Ação Comunitária e de Qualificação para o Trabalho nas áreas de Admi-nistração e Esporte e Lazer.

A disciplina de Ação Comunitária tem o objetivo de promover o desen-volvimento humano comunitário tendo, como foco, a ampliação da capa-cidade organizacional de grupos e comunidades por meio da gestão co-munitária e do aprendizado produtivo. Para tanto, os estudantes devem, no primeiro semestre do curso, fazer um diagnóstico dos principais problemas que a juventude enfrenta atualmente, eleger prioridades e planejar uma ação comunitária coletiva, a partir das potencialidades locais. Tal ação comunitá-ria deve ser executada e avaliada no segundo semestre do programa.

Vale ressaltar que o público-alvo do ProJovem é composto, em grande parte, por jovens considerados “problemas” em suas comunidades locais. Sendo assim, a Ação Comunitária do programa oferece a esses estudan-tes uma oportunidade de protagonizarem uma ação social positiva, o que possibilitaria uma transformação - para melhor - de suas imagens junto à comunidade escolar e local, a partir do engajamento cidadão voluntário e da formação de valores solidários.

Os estudantes da 1ª entrada do programa em Mogi das Cruzes escolheram os seguintes temas para seus Planos de Ação Comunitária (PLAs): Alcoolis-mo, Drogas, Tabaco, HIV/AIDS e outras Doenças Sexualmente Transmissí-veis (DSTs), Violência doméstica, Gravidez na Adolescência, Criminalidade, Preconceito, Cultura, Lazer, Uso Racional da Água, Segurança no Trânsito, Campanha do Agasalho, Saneamento Básico e Pavimentação.

Ao final do curso, espera-se que os estudantes do Projovem tenham conseguido construir as seguintes aprendizagens: os desafios do trabalho coletivo em equipe e da gestão compartilhada (distribuição de tarefas e tomada de decisões); os efeitos provocados pelo PLA nos seus beneficiá-rios e atingidos; as novas competências, habilidades e sensibilidades pro-porcionadas aos jovens executores pela concretização do PLA; o sentido da experiência vivenciada pelos jovens no que se refere à participação e ao exercício da cidadania.

Equipe do ProJovem de Mogi das Cruzes

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ESPECIAL

Desfile cívico-militar atrai 15 mil pessoas ao MogilarMarco Aurélio Sobreiro

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U m público estimado em 15 mil pessoas aproveitou o dia 1º de setembro, um sábado quente e ensola-rado para acompanhar o desfile cívico-militar que

marcou o 44�º aniversário de Mogi das Cruzes, realizado na avenida Professor Ismael Alves dos Santos, no Mogilar. Fan-farras, escolas, atletas, policiais militares e soldados do Tiro de Guerra local homenagearam a cidade e empolgaram as fa-mílias que compareceram ao evento, que se encerrou pouco antes do meio-dia.

Neste ano, o tema do desfile foi “Educação: Protagonismo na Diversidade”, inspirado no Fórum Mundial de Educação Alto Tietê, realizado entre os dias 1� e 1� de setembro, em Mogi das Cruzes. Entre o público presente, o sentimento era de alegria. Uma das mais animadas era a professora Terezinha de Jesus Silva Too, moradora do distrito de Braz Cubas. Ela chegou logo cedo ao Mogilar e acompanhou de perto a pas-sagem do desfile. Disse ter orgulho de viver em Mogi, uma cidade que, segundo ela, “fica melhor a cada dia”.

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Convidada a falar ao microfone pelos apresentadores ofi-ciais do evento, Terezinha agradeceu pelo desenvolvimento de Mogi. “O desfile está lindo, o município vem progredindo a olhos vistos e nós temos que ressaltar o bom trabalho que está acontecendo aqui”, disse, sendo aplaudida pelo público.

Do outro lado da avenida, a costureira Benedita Fonseca Carvalho, de 4� anos, observava a passagem das fanfarras ao lado da filha Bruna, de 10 anos. Segundo ela, Mogi é uma cidade que vem se destacando principalmente na educação

– área que, segundo ela, é a base para o progresso de qualquer localidade. “A gente vê que as escolas melhoraram muito. As crianças têm ótimos professores, boa merenda e atividades que complementam os estudos, como formação musical. Com isso, a garotada terá mais chances quando crescer”, frisou.

EmpregosA geração de empregos foi outro assunto comentado pe-

las pessoas que assistiram ao desfile deste sábado. O soldador Antônio Fernando Sampaio e o aposentado Henrique Maia conversavam sobre a chegada de novas empresas à cidade e chegaram a uma conclusão – atualmente, os jovens têm acesso a boas oportunidades de emprego em Mogi, sem a necessi-dade de se deslocarem para outros municípios.

“A cada dia que passa, recebemos a notícia de que uma fábrica ou um supermercado abriu as portas na cidade. Isso é muito bom, porque todos os jovens precisam trabalhar. E, para que isso aconteça, alguém precisa dar a primeira chan-ce. Pelo que estou vendo, nos últimos anos a cidade avançou muito nessa área. Quem está com os estudos em dia e quer uma oportunidade acaba encontrando”, observou Sampaio.

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Marco Aurélio Sobreiro é jornalista com especialização em Comunicação Jornalística e mestre em Comunicação e Mer-cado pela Faculdade Cásper Líbero

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ESPECIAL

Primeiro bloco do Cemforpe é inaugurado

N o dia 5 de setembro, foi inau-gurado o primeiro bloco do Centro Municipal de Forma-

ção Pedagógica (Cemforpe), localizado no bairro Nova Mogilar. O prédio en-tregue possui 4.0��,�� metros quadra-dos e abriga um amplo auditório com ar-condicionado e capacidade para ��0 lugares, com previsão de chegar a �00 poltronas até o final deste ano. O edifí-cio conta ainda com espaço de entrada, camarins e um elevador específico para pessoas portadoras de necessidades es-

peciais com acesso ao palco. O Cemforpe é um espaço moderno

e aconchegante e, não é exclusivo da Prefeitura Municipal, mas sim de toda a cidade de Mogi das Cruzes. O objetivo é abrigar os eventos de educação e se transformar em um importante ponto de referência para os educadores, sejam eles das redes municipal, estadual ou particular. “A educação é o grande elo de transformação e aprimoramento de qualquer sociedade. Neste momento histórico, quero ressaltar a alegria que

todos nós devemos sentir por sermos brasileiros”, disse o prefeito Junji Abe. Concebido para promover o aperfeiçoamento contínuo do magistério, o Cemforpe contará com mais dois blocos. O de número �, chamado de Didático, terá biblioteca, videoteca, salas de aula, de música, de estudo, de reunião, laboratório de informática e setor administrativo. Haverá ainda o bloco �, o Multiuso, que acomodará mais um auditório, para 150 pessoas, e salas de recepção e almoxarifado.

Marco Aurélio Sobreiro

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SolenidadeA inauguração teve início com o hasteamento das ban-

deiras do Brasil, do Estado de São Paulo e de Mogi das Cruzes, e a execução do Hino Nacional. Em seguida, o prefeito municipal e as autoridades descerraram a placa oficial da obra e cortaram a fita inaugural do prédio. O chefe do executivo conduziu os convidados ao auditó-rio, onde todos se acomodaram para o início dos discursos. O Cemforpe faz parte do Plano de Governo Participati-vo (PGP) da atual Administração Municipal e existe des-de �001, ainda que não contasse com um espaço próprio. Apesar disso, nestes seis anos foram realizados 4�� eventos, com 4�.10� vagas oferecidas.

Visivelmente emocionada, a secretária municipal da edu-cação Maria Geny Borges Ávila Horle destacou que o es-paço inaugurado será de todos os educadores, e não apenas da rede municipal de ensino. O espaço proporcionará uma fusão entre as ações educacionais e culturais – duas realida-des que caminham juntas. “Não existe educação sem cultura, e nem cultura sem educação. São dois pólos que caminham juntos, contribuindo decisivamente para a formação de ci-dadãos mais conscientes e capazes”, disse.

ApresentaçõesApresentações artísticas encantaram o público. Quatro

crianças da academia Regina Balet dançaram o tema “A Bela e a Fera”. O número seguinte – “O negro e o samba” - foi apresentado por 10 crianças do Pólo Comunitário de Cultura de Cezar de Souza, que funciona na Escola Municipal Cynira Oliveira de Castro. Em seguida, a Banda Sinfônica Jovem Mário Portes executou a música do filme “Rocky, o Lutador” e uma seqüência de músicas-tema de filmes e seriados de TV. As apresentações mostraram toda a capacidade acústica do auditório, tanto que o prefeito Junji Abe convidou as auto-ridades – que estavam na primeira fila – para sentarem-se no meio da platéia, a fim de que todos observassem me-lhor o espetáculo. “Temos aqui um ambiente confortável e aconchegante, que abriga perfeitamente apresentações como estas”, completou o prefeito.

Marco Aurélio Sobreiro é jornalista com especialização em Comunicação Jornalística e mestre em Comunicação e Mercado pela Faculdade Cásper Líbero

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ESPECIAL

Q uem é mogiano e nasceu na década de sessenta ou setenta, deve ter mais claramente nas

memórias de sua infância, lembranças saudosas de lazer em família, brincadei-ras com os amigos, aventuras pueris do que foi para muitos de nós a referência em diversão, contato com a natureza, formação de resistentes laços de amizade, enfim, memórias de uma fase que hoje está armazenada no coração.

Quando penso nisso, me vêm lem-branças prazerosas de uma época em que a pureza e ingenuidade eram aspectos primordiais para a construção da per-sonalidade, época que foi a minha e de muitas outras crianças, hoje adultos, se-

nhores de suas histórias e destinos. Re-lembro com saudade a cidade de Mogi das Cruzes, hoje uma gigante, que mes-mo tão próxima dos grandes centros conserva ainda características aprazíveis de cidade do interior.

Ah! Mogi das Cruzes, início da dé-cada de �0... Dias inesquecíveis que pas-samos no maravilhoso “Parque Munici-pal”. Quantos aprendizados tiramos da observação da natureza em sua magni-tude de contrastes e espécies. Tivemos a oportunidade de conhecer simplesmente no convívio com a Mata Atlântica, in-tacta em cada lago com carpas, cada ca-minho ou picada cercado de coloridas flores características desta paisagem, cada fonte de água pura e cristalina; o sabor, o cheiro de terra, a diversidade de pe-quenos detalhes que acabaram ficando em nossa memória sensorial e incidin-

do em nosso comportamento ambiental hoje, quando adultos.

Idos tempos dos passeios de pedalinho, aventuras no teleférico, as visitas à Cruz do Século, caminhadas subindo a serra íngreme, quando podíamos ver todo o entorno da cidade, tempo das rampas de vôo livre, que nos faziam invejar a liber-dade que só tem os pássaros.

Com o fechamento do parque, devi-do às novas leis de proteção ambiental, ficamos um pouco órfãos de lazer; nos-sos filhos não tiveram a oportunidade de vivenciar as aventuras que talvez pu-déssemos mostrar a eles num domingo à tarde, repetindo hoje um piquenique ou a visita ao Forte Apache (construção que reproduzia fielmente a fachada de uma fortificação como nos velhos fil-mes de faroeste americano...). Este era o nosso parque, o seu ambiente imagi-

Ana Clara de Almeida Correia

Uso dos espaço s púbAlgumas Memórias d

atual Le

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licos pela comunidadeo Parque Municipal aoon Feffer

nário nos fazia viajar em emoções! Após o encerramento das atividades do Par-que, perdemos uma importante área de lazer, porém com o passar do tempo e entendimento das necessidades de nos-sa região, ganhamos a consciência am-biental da preservação da Serra do Itapeti, que merece toda a nossa atenção como cidadãos mogianos.

Vislumbrando a possibilidade de pro-porcionar aos moradores desta cidade um novo centro de lazer e diversão para as famílias, e resgatando em parte o que foi um passado ainda muito presente para todos nós, com a memória do Parque Municipal, a Prefeitura planejou no iní-cio desta década, a abertura de um espaço temático que em si mesmo, traria o res-gate de nossa característica peculiar de cidade – interior, e que retomaria toda a hospitalidade e querência da zona rural, povoada com os personagens do ilustre filho desta terra, que merecida-mente seria homenageado num espaço municipal. Por fim, o Parque dedicado ao desenhista Maurício de Souza não pôde ser concretizado.

Não cedendo ao fracasso de uma empreitada sem êxito; num espírito empreendedor, buscando recuperar e trazer ao povo mogiano um novo cen-tro de lazer, foi que a cidade de Mogi das Cruzes recebeu de presente o Par-que Leon Feffer.

É preciso que se diga que a inaugu-ração do Parque Leon Feffer busca um resgate para os cidadãos mogianos, tanto ambiental, escolhendo uma área de gran-

de devastação, houve a preocupação com a recuperação da área no entorno do rio Tietê; quanto comunitária, oferecendo aos mogianos e visitantes da cidade um novo espaço de lazer e encontro com a natureza. Não precisamos mais sentir-nos órfãos de uma área de lazer, digna de nossa cidade, em que possamos desfru-tar com nossos filhos, amigos, familiares, momentos de descontração e porque não dizer, qualidade de vida, cercados de natureza, infra-estrutura e segurança. Digo que não somos mais órfãos, pois daquele carinho que era depositado ao

“Parque Municipal”, resgatamos agora na nova geração, para com o “Parque Leon Feffer”, para que possamos aprender e ensinar a nossos jovens a importância da convivência com a área pública, que serve a cada um e a todos. O carinho com a natureza e a construção de nossa memória cultural se idealizam com as experiências e vivências que construí-mos no dia-a-dia.

A busca deste resgate se desenvolve-rá no amor que a população mogiana e de toda a região vem depositando neste patrimônio municipal, afim de que no futuro, possa este ser um oásis de cultura, conservação ambiental e lazer, no gran-de centro comercial e industrial que é Mogi das Cruzes.

Os espaços públicos são sonhos, que se tornam realidade na visão de nossos arquitetos e ambientalistas, que plane-jam no presente, a realidade futura. O futuro destes espaços públicos, tão im-portantes na formação de nossas crianças,

estará também escrevendo as memórias de infância no coração dos pequenos, que, hoje, freqüentam estes espaços e, principalmente, o parque, como nós há décadas passadas tivemos o parque mu-nicipal, podendo construir suas história de vida e saborear a infância.

A utilização dos espaços públicos pela comunidade possibilita a formação da cidadania e o respeito ao próximo, sem teorias, mas, sim, na prática! Quando a criança, jovem ou adulto tem respeito ao patrimônio municipal, seja ele, um parque, praça, escola, teatro; aprende a organizar seu pensamento futuro, pois sabe que o que lhe pertence, também pertence ao outro, e que para ser utili-zado por todos, há de se ter respeito aos limites comuns.

Através do Projeto “Democratizando a Informação”, da Secretaria Municipal de Educação, muitas comunidades de nosso município estarão experimentan-do lições de cidadania e de uso cons-ciente dos espaços públicos, usufruindo destes para sua formação pessoal e social. Que sejam bons os frutos desta nova safra, que começa agora na rede municipal de ensino e que enriqueçam cada vez mais nossas comunidades.

Ana Clara de Almeida Correia é jorna-lista, pedagoga e diretora das Escolas Municipais Antonio Pedro Ribeiro e (R) Profª Maria Alda M. Lainetti

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HISTORIANDO

O verdadeiro presente

M uitos devem se lembrar que, há não muito tempo atrás, era costume dos pais presentear seus filhos em duas oca-

siões do ano: no Natal e no dia do Aniversário. Mo-mentos difíceis, situações outras... Mundo diferente aquele no qual o apelo comercial quase não existia. Hoje em dia, vemos pais transformando-se em ver-dadeiros trabalhadores compulsivos para proporcio-nar aos filhos não só todo o bem-estar possível, mas para presenteá-los a qualquer instante: videogame de última geração, celulares, notebooks, tocadores de música digital e tantos outros produtos do mundo tecnológico. A preocupação dos pais em deixar uma herança material aos filhos e mesmo seu afastamen-to do lar por motivo de trabalho, tem sido atitudes encaradas pela sociedade como algo extremamente

“natural”. Entretanto, pesquisas realizadas em várias áreas da ciência têm comprovado que muitos filhos gostariam de ser menos pre-senteados e, em troca, receberem uma atenção maior por parte de seus pais... Não em forma de sentimento transmitido pelos presentes, mas com demonstrações de afeto que vão desde o compartilhar de um tempo menos escasso de convivência familiar até o aumento do interesse dos pais em sua rotina diária. Uma observação mais atenta ou perguntas como: o que tem aprendido na escola? Quem são seus amigos? Como tem sido usado o tempo livre? O que espera do futuro? Você sabe da sua importância em minha vida? Como posso ajudar?... são, desejadas e, bem no fundo, esperadas por quem acredita ser alguém amado.

Usando tal enredo para uma apropriada metáfora, qualquer cidade também seria muito mais feliz se, ao invés de ser lembrada e “presenteada” no dia de seu aniver-sário, pudesse receber a devida atenção de seus moradores todos os dias do ano. O presente mais precioso, então, poderia não ser a inauguração de monumentos ou edificações, mas o exercício da cidadania por parte de seus habitantes. A palavra

“cidadania” vem do latim, “civitas”, que significa cidade. Uma das mais perfeitas definições nos é oferecida pelo Prof. Dalmo de Abreu Dallari:

“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”. (DALLARI, 1���).

Gracila Maria Grecco ManfréJosé Sebastião Witter

Rua Ipiranga - Mogi das Cruzes - 1�5�

Igreja Matriz de Sant’Anna - Mogi das Cruzes - 1�51

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O “participar ativamente” implica em conhecer, antes de tudo, os direitos, conquistados com árduas lutas ao longo de anos na História, não só do Brasil, mas Mundial. Um dos maiores exemplos do século XX é o reconhecimento inter-nacional dos Direitos Humanos, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial. Com um contingente de mais de �5.000 combatentes, O Brasil entrou na guerra no ano de 1�4�. Mas, muito poucos sabem que Mogi das Cruzes foi a cidade bra-sileira, que, proporcionalmente ao número de habitantes, mais enviou soldados à Itália! Dos 400 soldados enviados, perde-mos oito valorosos mogianos em combate: Américo Rodri-gues, Abílio Fernandes, Brasílio Pingo de Almeida, Antonio Castilho Gualda, Francisco Franco, Hamilton da Silva e Costa, Jamil Daglia e Otto Unger. Vale salientar que nosso município foi o primeiro a homenagear e prestar o devido reconheci-mento aos combatentes da FEB (Força Expedicionária Bra-sileira): temos a “Associação dos Expedicionários Mogianos”, que é a primeira Associação de Ex-Combatentes do Brasil, além do Monumento aos Pracinhas da FEB, igualmente pio-neiro no Brasil.

O exercício da cidadania é construído paulatinamente e não termina nunca porque a dinâmica urbana exige contínua atenção. “A cidade é o lugar doador de sentido à existência individual e do aprimoramento de nosso corpo, nosso espí-rito e dos usos e hábitos de nosso tempo. (...) Ela é o lugar da política, das leis que nos outorgamos, as quais construímos e pelas quais mantemo-nos em coesão, compartilhando uma fundação e um projeto de futuro comuns. (...) O que quere-mos fazer com ela e o que ela fará conosco? O que fazermos para permanecer como cidadãos, e não como servos? Com

que projeto de cidade enfrentaremos o destino que se descor-tina para nós? “. (BRANDãO, �00�). Com este pensamento, temas ligados à democracia, aos direitos humanos, à solidarie-dade, ao respeito ao meio ambiente, à responsabilidade, à jus-tiça, à não-violência e à ética devem permear nossos valores e ajudar a compor uma nova concepção sobre o que signi-fica “viver” em uma determinada cidade. E a ela doar o que realmente seja imprescindível. Saber sobre a história e honrar o solo em que pisamos, mas, ao mesmo tempo, questionar o hoje, o cotidiano que nos rodeia: a segurança, a saúde, o sis-tema educacional, o transporte, as manifestações culturais, a educação no trânsito, as opções de lazer nos bairros, a preser-vação do patrimônio... São formas, mais que especiais, de se demonstrar amor e respeito por qualquer localidade.

Então, o que nos dizem estes valores, em forma de doação, sobre os desejos de uma cidade? Dizem que a vida pode e deve ser melhorada em todos os espaços deste imenso Brasil, porque, como sabemos, o município é a base da vida políti-ca. Partiremos, assim, do micro para o macro, na intenção de se invocar a democracia legítima para que seja, enfim, viven-ciada por uma nação inteira. O verdadeiro presente em meio ao desencontro. “A cidade é a luz feita do eu e, também, do outro, a iluminação do conflito (...). A cidade é ambiente do mundo moderno, feito de espelhos, no qual os homens nem sempre se reconhecem”. (BRANDãO, �00�).

Gracila Maria Grecco Manfré é professora universitária e consultora educacional José Sebastião Witter é professor titular na área de história e professor emérito pela Universidade De São Paulo (USP)

BRANDÃO, Carlos Antônio Leite (org). As Cidades da Cidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998.

Igreja do Carmo - Mogi das Cruzes - 1�55

Largo do Bom Jesus - 1�50Parque Infantil Monteiro Lobato

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