Educação Com Ciência
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J O R G E W E R T H E I N C L I O D A C U N H A ( O r g s . )
E d u c a o C i e n t f i c ae D e s e n v o l v i m e n t o :
O QUE PENSAM OS CIENTISTAS
Braslia, novembro de 2005
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UNESCO 2005 Edio publicada pela Representao da UNESCO no Brasil
Os autores so responsveis pela escolha e apresentao dos fatos contidos neste livro,bem como pelas opinies nele expressas, que no so necessariamente as da UNESCO,nem comprometem a Organizao. As indicaes de nomes e a apresentao do materialao longo deste livro no implicam a manifestao de qualquer opinio por parte daUNESCO a respeito da condio jurdica de qualquer pas, territrio, cidade, regio oude suas autoridades, nem tampouco a delimitao de suas fronteiras ou limites.
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ANNA MARIA PESSOA DE CARVALHO
CARLOS ARAGO
GLACI ZANCAN
ISAAC ROITMAN
JOS GOLDEMBERG
LEOPOLDO DE MEIS
LUIZ BEVILACQUA
ROBERTO BOCZKO
ROBERTO LOBO
SUELY DRUCK S BARRETO
UBIRATAN D`AMBROSIO
ALAOR CHAVES
AZIZ NACIB ABSBER
CRODOWALDO PAVAN
HENRIQUE LINS DE BARROS
IVN IZQUIERDO
JOS MARIANO AMABIS
LUS CARLOS DE MENEZES
MYRIAM KRASILCHIK
ROBERTO DALLAGNOL
TEIXEIRA JNIOR
J O R G E W E R T H E I N C L I O D A C U N H A ( O r g s . )
E d u c a o C i e n t f i c ae D e s e n v o l v i m e n t o :
O QUE PENSAM OS CIENTISTAS
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ediesUNESCO
Conselho Editorial da UNESCO no Brasil
Jorge GrandiBernardo Kliksberg
Juan Carlos TedescoAdama OuaneClio da Cunha
Comit para a rea de Educao
Alvana BofCandido GomesClio da CunhaKatherine Grigsby
Marilza Machado Regattieri
Reviso: Eveline de AssisDiagramao: Paulo SelveiraAssistente Editorial: Larissa Vieira LeiteProjeto Grfico e capa: Edson Fogaa
UNESCO, 2005
Educao cientfica e desenvolvimento: o que pensam os cientistas.
Braslia : UNESCO, Instituto Sangari, 2005.232 p.
ISBN: 85-7652-048-6
1. Ensino de CinciasBrasil 2. Educao e DesenvolvimentoBrasil3.Qualidade EducacionalEnsino de CinciasBrasil 4. Desenvolvimento Cientficoe Tecnolgico. 5. Poltica EducacionalEnsino de CinciasBrasil I. UNESCO
CDD 370.11
Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a CulturaRepresentao no BrasilSAS, Quadra 5, Bloco H, Lote 6, Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9 andar70070-914 Braslia DF BrasilTel.: (55 61) 2106-3500
Fax: (55 61) 3322-4261E-mail: [email protected]
Comit para a rea de Cinciase Meio Ambiente
Ary Mergulho FilhoBernardo BrummerCelso Schenkel
mailto:[email protected]:[email protected] -
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Para Cecilia Braslavsky
(in memoriam)
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Apr esen t ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Abst r act . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
A educaao cient fica como d ir eit o d e t odosJorge Werthein e Clio da Cunha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
Educao par a a cincia e a t ecnol ogia
Alaor Silvrio Chaves. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Introduzindo os alunos no universo das cinciasAnna Maria Pessoa de Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
Ensino de cinciasAntonio de Souza Teixeira Jnior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69
Rel evncia e significado da educao cient fica par a o Br asilAziz Nacib AbSber . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77
For mao cient fica par a o desenvolv iment oCarlos Alberto Arago de Carvalho Filho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87
Investimento, cincia e educaoCrodowaldo Pavan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93
O ensino de cincia no sushibarFrancisco Csar de S Barreto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101
Educao par a a t r ansfor maoGlaci Therezinha Zancan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107
Um novo papel da divulgao da cincia:r umo a um cont r at o t ecnol gicoHenrique Lins de Barros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .111
Cincia para os jovens: falar menos e fazer maisIsaac Roitman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .119
Sumrio
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Aumentando o conhecimento popular sobre a cinciaIvn Antonio Izquierdo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .129
Educao cientfica para qu?Jos Goldemberg . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137
A premncia da educao cientficaJos Mariano Amabis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .141
Educao em cinciaLeopoldo de Meis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .147
Cult ur a cient fica na sociedade ps-indust r ialLus Carlos de Menezes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
Cincia, um bem para o engrandecimento do espritoLuiz Bevilacqua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .161
Ensino de cincias: um pont o de par t ida par a a incl usoMyriam Krasilchik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .169
A pr eciso cient fica na educao e na cult ur aRoberto Boczko . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175
Ensino de cincias: a gr ande l acuna das cincias da t er r aRoberto DallAgnol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .181
O ensino de cincias no BrasilRoberto Leal Lobo e Silva Filho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .187
Educao cientfica no Brasil: uma urgnciaSuely Druck. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .195
Invest iment os em educao, cincia e t ecnol ogiaUbiratan D`Ambrosio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .203
N ot a sobr e os aut or es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .219
List a de sigl as . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231
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Apresentao
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Dando continuidade s aes da UNESCO em favor da educaoem cincias, este livro rene os trabalhos de 22 cientistas brasileirossobre a situao atual deste campo no Brasil. Alm disso, um captulo
introdutrio realiza contextualizao e sntese do pensamento de cadaum dos co-autores, traando um panorama de grande riqueza, que vai dafilosofia antiga aos desafios contemporneos.
A temtica evoca argumentos conhecidos, presentes nos discursos,mas no nos escassos recursos e nas ainda mais escassas aes prticas. sabido que o Brasil tem uma posio desconfortvel nas avaliaes inter-nacionais quanto ao aproveitamento dos seus alunos em cincias e
matemtica. Pior ainda, a Amrica Latina o acompanha nesse trecholamentvel do cortejo. Tambm sabido que no h cidadania nemcompetitividade internacional sem a populao contar com amplos eadequados conhecimentos cientficos, democraticamente distribudos.
O problema comea ou desemboca nos famosos ndices de com-petitividade internacional, onde tambm a situao do Brasil deixa adesejar, localizando-se abaixo e distante de vrios pases do Continente.Entretanto, acima das estatsticas hermticas para muitos, o conheci-mento cientfico tem a ver com o funcionrio do estabelecimento dealimentao que no lava as mos para lidar com alimentos; com odesregramento das infeces hospitalares; com a incapacidade dedesconfiar que uma laje est para cair num dia de chuva; com a super-dosagem de um medicamento capaz de matar; com o costume de jogarlixo nos rios; com o esquecimento da caderneta de vacinao das
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crianas; com a mamadeira sem higiene que mata milhares de diarria;com o comportamento irresponsvel, causador de eroses; com autilizao irracional de agrotxicos, capazes, acumulativamente, dematar mais cedo trabalhadores e consumidores. A lista seria imensa.
Educao cientfica importante? Adicionem-se todas as parcelas docusto humano e econmico da enumerao acima, e se ter uma plidaestimativa das perdas causadas pela ignorncia relativa s cincias.Multipliquem-se os custos pelos dias e anos de atraso nas providncias,e se chegar a um prejuzo astronmico, vizinho dos nus da inefi-cincia e da corrupo, entre outros. Ento, vale a pena investir noensino de cincias?
No por acaso que Carnoy, em livro anteriormente publicado pelaUNESCO, pergunta: "A educao na Amrica Latina est preparandosua fora de trabalho para as economias do sculo XXI?" Claro que aresposta no, com o nosso Continente ficando para trs da sia eapenas posicionando-se frente da frica. No so necessrios maisargumentos, nem citar a misso da UNESCO neste campo, nem, entreos documentos significativos, as Declaraes de Budapeste, de Santo
Domingo, de Goia ou "A UNESCO e a Sociedade de Informao paraTodos". Eis porque o presente livro mais um passo na caminhada deesforos para contribuir com idias e conhecimentos, a fim de que oBrasil supere esta situao.
A grande dificuldade que a escala das tarefas aumentou com amundializao. Carnoy no focaliza a Amrica Latina por acaso, masporque devemos olhar os grandes espaos do mundo contemporneo,
envolvidos cada vez mais numa rede de interdependncia que se estreitaa cada inovao tecnolgica ou a cada desastre. Assim, a dimenso destaproblemtica no s brasileira, nem para ser enfrentada s pelo Brasil.Precisamos nos valer, na geopoltica de hoje, das associaes interna-cionais, entre elas a UNESCO e o Mercosul, das quais o pas membro-fundador. Esses espaos amplos precisam ser intensamenteutilizados para intercambiar idias e aes, sobretudo aes que venham
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a dar conta do nosso presente e do nosso futuro. Urge, portanto, que nosunamos, em nossa diversidade enriquecedora, e que deixemos umaconcepo cartorial e burocrtica do Mercosul. Conforme as palavrasdo presidente Tabar Vzquez na reunio de cpula de Assuno, "hoje
tempo de Mercosul". O Mercosul no se decreta, se constitui. OMercosul no se invoca, se convoca. O Mercosul no assunto de unspoucos, o Mercosul somos todos ns". Portanto, enchendo de cidadaniao Mercosul, tratemos de enfrentar os problemas do sculo XXI comaes altura deste mesmo sculo. Como observou Ennio Candotti emoportuno artigo sobre O Mercosul e a Cincia, move-nos a certeza deque, juntos, combateremos melhor, na decisiva arena internacional, as
crescentes restries ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico denossos pases. E defenderemos, dentro e fora deles, os investimentosindispensveis infra-estrutura para a educao e a produo deconhecimentos que nossos povos reclamam.
Jorge Grandi
Representante da UNESCO no BrasilDiretor do Escritrio da UNESCO a.i.
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Abstract
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This book gathers articles by twenty-two Brazilian scientists about the current statusof the scientific education, and its relevance to the countrys development. Under differentlights, the authors have reviewed several issues, among which, the quality of science education
at schools, the lack of good teachers, science dissemination and popularization, scienceand technology policy. The authors make critical comments and present proposals andrecommendations of utmost relevance. The book also includes the forewords by theorganizers, where they think over the scientific education development, Unescos role,making brief comments on the different contributions. Furthermore, they speculateabout the relevance of scientific education, mentioning several initiatives undertakenboth by scientists and the government. The authors find out the urgent need for a state
policy for education, science and technology, which is crucial towards abolishing theexcellence island, in favor of the right of everyone to high-quality scientific education.
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Recentemente, a UNESCO no Brasil editou um documento deorientao alertando para a gravidade da situao do ensino deCincias em nosso meio. O ttulo deste documento Ensino deCincias: o Futuro em Risco1 por si s expressa a preocupao daUNESCO. Com base em avaliaes nacionais e internacionais, elealerta que continuar aceitando que grande parte da populao noreceba formao cientfica e tecnolgica de qualidade agravar as
desigualdades do pas e significar seu atraso no mundo globalizado.Investir para constituir uma populao cientificamente preparada cultivar para receber de volta cidadania e produtividade que melho-ram as condies de vida de todo o povo.2 E conclui ao seu termoque o custo de no fazer ficar para trs.3
Indiscutivelmente, nenhum pas avana sem educao de quali-dade. A sua falta ou insuficincia, pode tambm ajudar a explicar o
declnio. Plato, na antiguidade chegou a colocar o fator cultura comouma das causas da decadncia dos povos dricos.4 E o Brasil, alm deoutros pases da Amrica Latina, est se distanciando da possibilidadede insero plena no quadro das mudanas sociais e econmicas que
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A educao cientficacomo direito de todos
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1. UNESCO. Ensino de Cincias: o futuro em risco. Srie Debates VI. Braslia, UNESCO, 2005.2. Idem, ibidem, p. 2.3. Idem, ibidem, p. 6.4. JAEGER, W. Paidea. So Paulo: Martins Fontes, 1979, p. 1.250-51.
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se operam em escala mundial por no ter percebido, entre outrascoisas, o alcance da educao no processo de modernizao e combate pobreza. Comparativamente a alguns dos nossos vizinhos como aArgentina e o Uruguai, como tambm o Chile e a Costa Rica, a situao
do Brasil mais difcil devido s omisses do passado. Os pases cita-dos tiveram a viso de empreender, na segunda metade do sculoXIX, reformas educacionais de base que ensejaram a progressiva uni-versalizao da escola pblica, conquista que o Brasil s nos ltimosdecnios comeou a atingir. O dficit acumulado, representado hojepor mais de 15 milhes de analfabetos absolutos e aproximadamente30 milhes de analfabetos funcionais, somado a um gigantesco dficit
de qualidade, requer polticas educacionais ousadas e acopladas a umprojeto de nao como quer o ensasta e poltico Cristovam Buarque.5
Na histria da educao e da cultura nacionais no faltaram vozespara denunciar a omisso do poder pblico. Euclides da Cunha, paracitar como exemplo um fervoroso republicano, logo aps a procla-mao da Repblica, criticando as festas e homenagens programadaspor ocasio desse histrico acontecimento, perguntava por que no,
no lugar de festas, uma escola para libertos? E acrescentava que oimportante era dar educao generosa raa dos libertos, tanto tempoto dura e nefandamente explorada. Sem isso no seria possvelconcorrer com a superioridade de educao dos operrios estran-geiros que estavam chegando ao Brasil.6
No muito tempo depois comeo do sculo XX um sergipano deimpressionante lucidez Manoel Bomfim dizia que a Amrica Latina
para se salvar, ter de ser pela educao. Tinha grande convico nopoder da educao, destacando-a como a principal estratgia, pormsem desconsiderar os demais fatores do progresso. Conseguiu ver comlarga antecipao, o papel da cincia e da tecnologia. urgente, argu-mentava ele, aplicar s nossas necessidades, a cincia que est feita e adquirir
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5. BUARQUE, C. "A espera e a doao". Jornal do Commercio, 9/8/2005.6. CUNHA, E. "Resposta Confederao Abolicionista". Folha de S. Paulo, Caderno Mais, 15/5/2005, p. 5.
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as verdades adquiridas e os bons mtodos de estudo; ao mesmotempo, preciso observar e estudar aquilo que, sendo peculiar ao nossomeio, ainda no do domnio corrente da cincia. Que a cincia no sejaum adorno de doutores na luta comum contra as dificuldades da vida.7
A esse tempo, na exgua rede de escolas bsicas existentes no pas,o ensino das cincias ocupava pouco espao. Valnir Chagas, estudan-do a evoluo dessa rea de educao bsica no Brasil constatou noscurrculos do Colgio Pedro II (que era ento modelo nacional), aolongo da Primeira Repblica, esmagadora predominncia das huma-nidades, com um percentual mdio de 42,4% contra 24,8% deMatemtica e Cincias, sendo que este ltimo ndice se reduzia para11,4%, abstraindo-se a Matemtica.8 Somente a partir dos anos 30,j sob a influncia do movimento renovador da escola nova e do Mani-festo dos Pioneiros, esse quadro se alteraria de forma a configurarmaior equilbrio entre as cincias e as humanidades.
Todavia, a partir dos anos 50, perodo em que o ensino funda-mental no Brasil comea a se expandir, mas sem as condies mnimaspara uma educao eficiente, a questo da qualidade foi gradativa-mente se ampliando e avolumando at atingir o estgio de caotizaoem que se encontra hoje. Os cientistas brasileiros, sobretudo aps acriao do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico eTecnolgico (CNPq) e da Fundao Coordenao de Aperfeioa-mento de Pessoal de Nvel Superior (Capes) na dcada de 50 no seomitiram e em diversas oportunidades, isoladamente ou por intermdiode suas universidades e entidades representativas, no s procuraram
chamar a ateno do poder pblico como ainda tentaram, em experin-cias pioneiras, desenvolver projetos e aes programadas de educaocientfica ou de ensino de cincias em apoio aos sistemas estaduais emunicipais de educao. Nessa linha, podem ser citados, entre outros,
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7. BOMFIM, M. In: CUNHA, C.A emergncia de uma universidade brasileira: o resgate pela regionalizao. Tese dedoutorado, Unicamp, 1987, p. 137-38.
8. CHAGAS, V. O ensino de 1 e 2 graus: antes, agora e depois? 4. ed. So Paulo: Saraiva, 1984, p. 30 e segs.
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o Instituto Brasileiro de Educao, Cincia e Cultura (IBECC, 1950),produzindo, j na dcada de 50, material e equipamento para o ensi-no prtico,9 o Concurso Cientistas de Amanh (1958); o lanamentodo encarte Folhinha pela Folha de S. Paulo (1960); o lanamento do
Congresso Jovens Cientistas (1962), realizado durante 22 anos; aorganizao da Fundao Brasileira para o Ensino de Cincias(Funbec), liderada por Isaias Raw e Antnio de Souza Teixeira Jnior,entidade que, por vrios anos, acreditou na possibilidade de melhoraro setor, criando e concebendo diversos tipos de material pedaggicode apoio ao ensino experimental e editando uma revista destinada aprofessores; os Centros de Ensino de Cincias, criados com o apoio
do Ministrio da Educao em algumas regies e unidades da Federao;as Olimpadas de Matemtica; o Programa de Expanso e Melhoriado Ensino (Premen), criado pelo MEC, em 1972, e que apoiou, segundoKrasilchik, muitos projetos de ensino de Cincias em vrias instituiesdo Pas;10 e o subprograma do PADCT Educao para as Cincias,executado pela Capes, a partir de 1983. Segundo Eda BarbosaMachado de Souza, que foi a primeira coordenadora desse programa,ele deu uma grande contribuio no treinamento e capacitao de
professores de Matemtica e Cincias, apoiou ncleos de excelncia,concedeu bolsas de mestrado e doutorado e fomentou inmeraspesquisas no setor. So apenas alguns exemplos que no devem seresquecidos. Nessa linha, sobrelevam o papel da Sociedade Brasileirapara o Progresso da Cincia (SBPC) e o da Academia Brasileira deCincia (ABC), em cujas agendas sempre estiveram presentes a educaocientfica e a popularizao das cincias. Sobreleva ainda as iniciativas
e aes da Academia Paulista de Cincias, de vrias entidades espe-cializadas como as Sociedades Brasileiras de Matemtica, Fsica e Qumica,bem como de algumas universidades, como a de So Paulo que, porintermdio da Escola Politcnica realiza a Feira Anual de Cincias eEngenharia (Febrace)criando espaos para aprender o fazer cientfico.
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9. KRASILCHIK, M. Ensino de cincias: um ponto de partida para a incluso. In: WERTHEIN, J. eCUNHA, C. Educao cientfica e desenvolvimento. Braslia: Unesco, 2005.
10. KRASILCHIK, M. The ecology of science education: Brasil, 1950-90. p. 420-22.
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No marco dessas iniciativas, formou-se uma admirvel gerao deespecialistas em ensino de Cincias e Matemtica que, por dcadas,no mediram esforos para melhorar o setor, popularizar e divulgar acincia e incentivar novos talentos mediante a realizao de feiras e
concursos. Merece destaque, entre tantos valores, Maria Julieta S.Ormastroni que, durante mais de 40 anos, seja no IBECC, na Folhinhade S. Paulo, promovendo concursos, feiras de cincias e congressosvrios, atuando como vice-presidente do CIC por 21 anos, rgo criadopela UNESCO, em 1967, para incentivar programas extra-escolaresde cincias, dedicou o melhor de sua vida e assim continua, em prolda educao e da divulgao cientfica no Brasil e no exterior.
Ao esforo e alerta dos cientistas e da comunidade dos educadoresde Cincias, para usar a expresso de Krasilchik, no correspondeu opoder pblico, em que pese iniciativas meritrias que no se susten-taram devido a sucessivas mudanas de governo. Mais recentemente,os Ministrios da Cincia e da Tecnologia e da Educao, em umatentativa de conjugao de esforos, retomaram a questo, chegandomesmo elaborao de um plano de educao cientfica, ainda noimplementado, devido a mudanas polticas.
No plano internacional, a UNESCO realizou, no ano 1999, emBudapeste, a Conferncia Mundial sobre Cincia, evento que aprovoua Declarao sobre a Cincia e o Uso do Conhecimento Cientfico.No prembulo dessa Declarao, reconhece-se a acentuada distribuiodesigual dos benefcios da cincia, afirmando ainda que a distncia entrepobres e ricos, no se deve meramente ao fato de eles possurem menosbens, mas tambm de eles serem, em boa parte, excludos da criao e dos
benefcios do conhecimento cientfico. Disso decorre a necessidadede que o acesso ao conhecimento cientfico a partir de uma idademuito precoce, faz parte do direito educao de todos os homens emulheres e que a educao cientfica de importncia essencial parao desenvolvimento humano, para a criao da capacidade cientficaendgena e para que tenhamos cidados participantes e informados.11
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11. UNESCO. Declarao sobre a Cincia e o Uso do Conhecimento Cientfico. Braslia: UNESCO, Abipti, Fucapi,2003, p. 28-29.
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Com base nesses pressupostos, a Declarao de Budapeste afirmaque hoje, mais do que nunca, a cincia e suas aplicaes so indis-pensveis para o desenvolvimento. Todos os nveis de governo e do setorprivado devem dar maior apoio construo da capacidade cientfica
e tecnolgica adequada e uniformemente distribuda. Por isso, ela consideraque a educao em cincia em sentido amplo, sem discriminao eabrangendo todos os nveis e modalidades do ensino, um requisitofundamental da democracia e do desenvolvimento sustentvel. sobreessa plataforma que a educao cientfica, a comunicao e a populari-zao devem ser construdas. Nessa linha, emerge o papel das univer-sidades na promoo e na modernizao do ensino das cincias e sua
coordenao em todos os nveis educacionais. A Declarao sublinhaainda que o acesso eqitativo cincia no apenas uma exignciasocial e tica tendo em vista o desenvolvimento humano, mas tam-bm de importncia capital para a realizao do pleno potencial dascomunidades cientficas de todo o mundo e para orientar o progres-so cientfico para o atendimento das necessidades da humanidade.12
No captulo dedicado educao cientfica de sua agenda de
aes, a Declarao estabelece que os governos devem dar a mais altaprioridade melhoria da educao cientfica em todos os nveis,tomando medidas para o desenvolvimento profissional dos profes-sores e educadores, capacitando-os a enfrentar as mudanas em curso.Os professores devem ter acesso a uma atualizao contnua de seusconhecimentos. Ademais, a Declarao releva o papel dos jornalistase dos comunicadores cientficos, e de todos os que tratam do aumento
da conscientizao do pblico em matria de cincias, devendoigualmente ser examinada a possibilidade de criao de um programainternacional de promoo da informao e de cultura cientficaacessvel a todos, de modo a oferecer informaes adequadas sobrecincia e tecnologia, em uma forma de fcil compreenso.13
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12. Idem, p. 33-37.13. Idem, p. 56-58.
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Como se pode observar, a Declarao de Budapeste configura-secomo um marco orientador de inegvel alcance para o futuro da edu-cao cientfica. Tomando-a por referncia, a UNESCO no Brasil temprocurado manter um permanente dilogo em todos os nveis de
governo e tambm com a sociedade civil, chamando a ateno para aimportncia do ensino e da popularizao da cincia, e mostrandoque no contexto de uma sociedade do conhecimento e de inovaesem ritmo sem precedentes, os pases que no investirem em educaoe no dispensarem a devida ateno educao cientfica, distanciar-se-o cada vez mais dos que tiveram lucidez e souberam e continuama perceber a importncia desses fatores. Nessa linha, surgiu a idia de
um livro reunindo a contribuio de vrios cientistas sobre o ensinodas cincias com a crena de que, explicitando o pensamento de figurasda mais alta credibilidade da comunidade cientfica nacional, possamos governos e formuladores e executores de polticas da educaoatentarem para a urgncia do problema. O convite da UNESCO aexpoentes da cincia brasileira foi atendido. Reflexes e ponderaesde alto nvel foram feitas por ticas e ngulos diferentes, mas todasconvergindo para um s rumo, qual seja, o do imperativo da educaocientfica. A seguir, de cada artigo, destacaremos os pontos que nospareceram mais relevantes para a finalidade deste livro:
Alaor Silvrio Chaves:14 Este cientista comea em seu textodizendo que o Brasil tem sido reincidente em sua conduta de perderoportunidades. Porm, nenhuma perda supera a omisso em educar opovo. Diz que o pas possui um contingente numeroso de jovens em
idade escolar, que o seu bem mais valioso. No aproveitar essa van-tagem competitiva, oferecendo oportunidades de educao de qualidadea essa juventude, configura-se como o mais desastroso erro de nossahistria recente. No se pode adiar o preparo dessa juventude paracincia e tecnologia. Se h um lado melindroso no cenrio sociodemo-grfico, e de certo modo perverso, com uma imensa maioria de crianas
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14. Educao para a cincia e a tecnologia.
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de origem pobre, esse quadro pode, no entanto, ser convertido emfator positivo. Para que o pas tenha futuro, anota, temos de resgataressas crianas e jovens e dar-lhes a melhor educao possvel. Nuncaum pas dependeu tanto de seus excludos e desvalidos. Da a impor-
tncia de se inserir a cincia na vida do pas, a exemplo do que ocorreucom a evoluo da tcnica agrcola (Embrapa e universidades), quepermitiu, em poucos anos, mais do que duplicar a produo de gros.Alaor alerta para a importncia de uma poltica industrial de inovaesque impea a evaso de crebros. A massa crtica que est sendopreparada pela ps-graduao precisa ser plenamente utilizada. Poroutro lado, ele salienta que o grande desafio do pas preparar as pessoas
para conviverem com a crescente e onipresente tecnologia. umdesafio equivalente ao criar essa tecnologia. H assim, a necessidadede o pas superar a tradio livresca e investir na educao cientfica.A experimentao a base de todo aprendizado cientfico;
Anna M ar ia Pessoa de Carval ho :15 Optou em seu artigo por umenfoque mais pedaggico, isto , de como ensinar Cincias. Ao invsde mostrar leis e teorias j elaboradas, preciso ensinar os alunos a
fazer cincias e a falar cincias, pois h uma distncia muito grandeentre um aluno do ensino fundamental ou mdio e um cientista. preciso levar os alunos a produzirem conhecimento significativo. Paratanto, torna-se necessrio combinar, de muitas maneiras, o discursoverbal, as expresses matemticas e as representaes grficas. Temosde levar os alunos a participar de uma cultura cientfica fazendo comque eles pratiquem seus valores e suas regras e sobretudo, as diversas
linguagens da cincia. Dessa forma, propor aos alunos problemasexperimentais para que eles os resolvam em grupo, sobressai comoestratgia educativa imprescindvel. Ressalta que atualmente, o maiorproblema enfrentado pelos pesquisadores o de promover o ensinode cincias em uma linguagem acessvel aos alunos. Os argumentosdessa pesquisadora remetem ao problema da formao docente,
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15. Introduzindo os alunos no universo das cincias.
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inicial e continuada, um desafio crescente que se avoluma e est arequerer uma poltica sistemtica e de longo prazo. Polticas deremendo adiam, ampliam e perpetuam o impasse;
Ant on io de Souza Teixeir a Jn ior :16
Critica a baixa escolaridadebrasileira, acrescentando que no ensino de Cincias o quadro agrava-sedevido necessidade de professores que ensinem a observar, medir econcluir. Com professores malformados e desprovidos de instrumen-tao, a escola torna-se desestimulante. Salienta, no entanto, que,mesmo em pases como os Estados Unidos, h casos de alunos quechegam ao final da educao bsica totalmente despreparados.Ressalta a importncia de o pas aumentar os investimentos em edu-
cao, pois quando aplicados com eficincia, as taxas de retorno soaltas. No plano pedaggico, d realce observao e experimentao,com a presena de professores indagadores que ensinem a arte defazer boas perguntas. Destaca o esforo do Estado de So Paulo emreciclar professores, prevendo melhoria substancial do ensino nesseEstado. Insiste em que se deve lutar para que as escolas tenham labo-ratrios equipados que possibilitem o ensino criativo. No h neces-
sidade de sofisticao. Porm, chama a ateno para a necessidade desaber usar os equipamentos. importante conduzir os alunos paraalguma experimentao para tornar possvel a aquisio de conheci-mentos relacionados sua utilizao. Ningum aprende a nadar noseco, ironiza Teixeira Jnior, como tambm no se aprende cinciasexperimentais sem efetuar experincias. Por fim, Teixeira Jnior,utilizando uma original poesia que lhe foi apresentada no Curso doITA, conclui que o drama da educao transferir os erros, impedindoque a soluo no seja assumida por ningum. Tem razo Teixeira
Jnior. Formou-se no pas uma cadeia de transferncia de desacertos,cada ator colocando a culpa no outro. Em que pese isso ser verda-deiro, tambm o o fato de que em assuntos to importantes comoa educao, o Estado no pode se omitir, at mesmo para romper essacadeia de transferncias de responsabilidades;
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16. Ensino de cincias.
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Aziz N acib AbSber :17 Para este cientista as complexas vertentesda educao cientfica requerem consideraes de diversas naturezas,como um bom conceito de cincia, conhecimento sobre as faixasetrias a serem consideradas e o espao fsico, ecolgico, social,
socioeconmico e sociocultural referentes ao universo humano para aqual ela se dirige. No contexto de um pas que encerra grandesdesigualdades como o Brasil, deve-se acrescentar a exigncia de bonsprofessores e um novo e mais amplo entendimento por parte degovernantes e gestores da educao, fato que pode provocar certo pes-simismo na atual conjuntura do nosso pas. Em que pese isso, ele achapossvel produzir algumas estratgias inovadoras que podero ou no
ser aproveitadas na rdua tarefa de educar crianas, adolescentes eadultos. Para tanto, ele ressalta a importncia de uma educao cien-tfica que d nfase em alguns conceitos de alto valor interdisciplinar,como os de cultura, de ecossistema e de metabolismo urbano. Noconceito de cultura, ele frisa o conjunto de valores tpicos que dizemrespeito a fatos animolgicos, sociolgicos e ergolgicos/tecnolgi-cos, aos quais ele acrescenta os valores ticos e morais, lingsticos,literrios e artsticos; em relao ao conceito de ecossistema que, paraTansley, o sistema ecolgico de um lugar, AbSber aps descreversucintamente seus componentes e abrangncia, lembra que em termosdidticos fcil apresent-lo para crianas e adolescentes utilizandogiz e quadro negro; quanto ao conceito de metabolismo urbano,afirma que o grande problema refere-se ao quantum de humanidadeconcentra-se em um determinado stio, pois a somatria do metabo-lismo individual de centenas e milhares de pessoas provoca um grande
nmero de problemas em relao, por exemplo, a esgotos e dejetosdomsticos. Baseado em bons conhecimentos sobre o macrossistemade grandes cidades, pode-se ensinar a crianas, adolescentes e adultoscom a simplicidade requerida. Se por um lado, a escolha de conceitosde alcance interdisciplinar importante para uma educao cientfica dequalidade, pois permitem no apenas uma melhor contextualizao,
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17. Relevncia e significado da educao cientfica para o Brasil.
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como tambm a aquisio organizada do conhecimento, por outro,demanda melhor qualidade dos professores e a instrumentao dasescolas, condies que se encontram em situao crtica no Brasil. Porltimo, observa que neste incio de um novo milnio, tornou-se uma
necessidade inadivel a boa utilizao das cincias pelos governantes,tcnicos e pesquisadores esclarecidos. Nunca um pas necessitoutanto de cincia como o Brasil em face de sua originalidade fsica,ecolgica, social e humana;
Carlos Alberto Arago de Carvalho Filho :18 Partindo da polticaindustrial e tecnolgica lanada pelo governo em 2004, Aragoafirma que para ela ser exeqvel, preciso que o Brasil embarque emum projeto ambicioso de educao cientfica, que resulte na formaodos cientistas e engenheiros necessrios para desenvolver as reasprioritrias da poltica referida. Se por um lado, o pas avanou naproduo acadmica, por outro, ainda baixo o nmero de empresasde base tecnolgica. importante que a poltica industrial absorva osespecialistas das diferentes reas e subreas cientfico-tecnolgicas.Alm disso, h outras razes que depem a favor de uma poltica
arrojada de educao cientfica. Em uma era de economia do conheci-mento, paga-se um preo muito alto pelo analfabetismo tecnolgico,pois a sociedade atual constantemente exposta a produtos, processose servios intensivos de contedo cientfico-tecnolgico. O quadroexistente no nada encorajador. Avaliaes internacionais feitas, porexemplo, em Matemtica, deixou o Brasil entre os ltimos lugares.Destaca Arago que a carncia de bons professores de Cincias na
educao bsica um problema gravssimo. Ele conseqncia doaviltamento da profisso docente. Para reverter esse quadro, h anecessidade de formar mais professores, tornar a carreira mais atraentee melhorar as condies para um trabalho docente de qualidade.No devemos adiar o plantio, insiste Alaor. urgente um movimentopela educao cientfica com dimenso nacional envolvendo a Unio,
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18. Formao cientfica para o desenvolvimento.
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os estados e municpios, alm das empresas e organizaes no-governamentais;
Crodowaldo Pavan :19 Tem clareza que a educao, incluindo os
avanos da cincia e da tecnologia, a base cultural do desenvolvi-mento. Se ela no contar com investimentos suficientes, o retrocessosocial inevitvel. Um grupo reduzido de naes, as mais ricas,avana de forma acelerada, por possuir uma base tecnolgica modernae pela utilizao de tecnologias de ponta. No h futuro promissorpara as naes que se apoiarem exageradamente no fornecimento dematrias-primas e em produtos que requerem trabalho desqualificado.O Brasil s ter um lugar ao sol, se lograr atingir elevada capacitaocientfica e tecnolgica e desenvolver tecnologias de ponta em reasestratgicas como a informtica e a biotecnologia. A questo do sabere do que se entende por saber fundamental para o pas enfrentar oproblema da capacitao, do ensino e do conhecimento. Destaca quetodos os pases que desejam prosperar possuem uma estratgia paraimpulsionar o desenvolvimento. preciso que os poderes pblicosassegurem recursos para a educao cientfica, condio imprescin-
dvel para acompanhar a evoluo mundial da cincia em algunssetores considerados relevantes. Concordando com polticas quepossibilitem o pleno emprego, Pavan sustenta que possvel conjugarpolticas de uso intenso de capital humano e o emprego de tecnologiasmodernas. Cita a experincia da informtica que gerou outros setorese empregos. Com base nessa de abordagem que deve ser pensadoo projeto cientfico nacional. Observa, todavia, que os problemas
brasileiros no guardam semelhana com os existentes nos pasesricos. Uma poltica de cincia e tecnologia requer a reduo dasdesigualdades e da pobreza absoluta. Se no houver, por exemplo,uma reestruturao do sistema educacional fazendo com que ospoderes pblicos assumam a sua responsabilidade, dificilmente o pasavanar. Est implcita no pensamento de Pavan a necessidade de
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19. Investimento, cincia e educao.
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uma poltica de Estado para a educao, a cincia e a tecnologia,bandeira que a UNESCO no Brasil, h vrios anos colocou em suaagenda de lutas e de debates;
Fr ancisco Csar de S Bar r et o :20
Refletindo a partir de umaexperincia pessoal de ensinar Cincias para os funcionrios de umrestaurante japons que ele freqentava o Sushibar , onde foi pos-svel, em conversas informais, introduzir dois jovens sushimen emprincpios cientficos da Fsica, vinculados a fatos do cotidiano, SBarreto indaga sobre o que est faltando para a mgica da Fsica serapreciada e adquirida por milhares de pessoas. E ele responde: faltade professores, de governos que no valorizam o docente, de colegasque no do a devida ateno ao ensino bsico; de sociedades cient-ficas que no se preocupam com ensino das cincias. Em seguida, elecita alguns dados estatsticos sobre a situao do ensino de Cincias,inclusive sobre a ps-graduao nessa rea onde existem apenas 27mestrados e 6 doutorados, o que indica a inexistncia de uma culturacientfica no pas. Para reverter esse quadro, h a necessidade departicipao integrada, regular, consistente e perene das sociedades
cientficas, das instituies de ensino superior e dos governos municipal,estadual e federal, pois esto margem das conquistas cientficas etecnolgicas, milhes e milhes de pessoas. Para a integrao regulara que se refere, evidencia-se a relevncia de uma poltica de Estadopara a educao que assegure estabilidade e continuidade. Sem dvida,a magnitude do desafio educacional brasileiro no pode ficar subme-tida s oscilaes da poltica, nem tampouco ao conflito de compe-
tncias entre as diferentes instncias do regime federativo;Gl aci Ther ezinh a Zan can :21 Iniciando o seu texto citando Paulo
Freire, ela destaca que o mtodo cientfico aquele que permite usaro meio em que a escola est inserida e propor solues adequadas realidade vivenciada pelos alunos. Por isso, os professores devem estar
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20. O ensino de Cincias no Sushibar.21. Educao para a transformao.
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conscientes de que a cincia no um conjunto de conhecimentosacabados, mas uma forma de ver o mundo e de transform-lo. Nessesentido, o ensino das cincias e das artes deve cultivar a imaginao ea criatividade de forma a propor novos paradigmas para uma edu-
cao transformadora. Sem isso, o jovem no estar preparado paraconviver com a comunidade e participar de um mundo em rpidatransformao. Glaci Zancan percebe com clareza o poder da edu-cao, sendo necessrio, para atingir esse objetivo, mudar o ensinoinformativo para criativo e transformador. Essa misso depende daformao de bons professores e da liberdade da escola em administrarsuas experincias pedaggicas. Para tanto, o professor precisa ser um
pesquisador, devendo estar preparado para atividades de construodo conhecimento. Sob esse aspecto, ela enfatiza a importncia dasuniversidades no processo de formao;
H enr ique Lins de Bar r os:22 Salienta em seu texto o novo papelda divulgao da cincia, tecendo consideraes crticas sobre aprofunda transformao que se verificou nos ltimos anos na relaoentre o conhecimento gerado e a informao passada ao pblico. Se
por um lado os produtos de base tecnolgica que esto sendo colo-cados em mercados cada vez mais amplos requerem que se invista naeducao de um maior nmero de pessoas, por outro, h um preo apagar que no pode ser calculado pela matemtica da economia. muito grande o impacto das novas tecnologias, tanto na degradaodo meio ambiente quanto na destruio de culturas e aumento daexcluso. Esse custo muito mais elevado do que o dinheiro gasto
para o desenvolvimento dos novos produtos. O divulgador da cinciano deve se iludir pensando que seu trabalho ir aumentar a bagagemcultural de uma parcela da populao. S h interesse em transformaro conhecimento cientfico em produto que pode ser consumido.Dessa forma, vislumbra-se um futuro aterrador, argumenta Barros.Aqui, abre-se um espao para a divulgao cientfica, pois somente
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22. Um novo papel da divulgao da cincia: rumo a um contrato tecnolgico.
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pela conscientizao da sociedade ser possvel pensar em um mundodiferente em que o futuro ser uma decorrncia das aes do presente.Para superar esse impasse, Barros defende a idia de um contrato oupacto tecnolgico, que no deve ser visto como renncia ao conheci-
mento, mas como opo de maior responsabilidade com as geraesfuturas. Pode-se afirmar que as idias de Barros situam-se no marcoda Declarao de Budapeste sobre o uso tico do conhecimento cien-tfico, condio imprescindvel para a reforma planetria das mentali-dades como quer Edgar Morin. Este pensador defende uma antro-potica que entre as suas vrias misses tem a de efetuar a duplapilotagem do planeta: obedecer vida, guiar a vida;23
Isaac Roit man :24 Comea o texto sublinhando a atualidade doManifesto dos Pioneiros da Educao Nova (1932) redigido porFernando de Azevedo e assinado por inmeros intelectuais e edu-cadores. Esse histrico documento j assinalava, nos anos 30, quenenhuma outra prioridade sobreleva em importncia da educao,nem mesmo as de ordem econmica. Depois, ele chama a atenopara a importncia da educao cientfica nos dias hoje, sendo que no
Brasil a comunidade acadmica sempre reconheceu e apoiou commuitas iniciativas e aes. D vrios exemplos, lembrando na dcadade 60 a experincia pioneira da Fundao Brasileira para o Ensino deCincias (Funbec) que, por falta de apoio, teve de encerrar suas ativi-dades. Roitman pergunta quais seriam as razes da vida curta dessa ede outras iniciativas. Talvez a mais importante, observa, seja a nossadificuldade de conduzir projetos de longo prazo. Essa dificuldade
decorre, no nosso entendimento, da ausncia de polticas estveisque transcendam governos. Roitman critica a falta de laboratrios einstrumentos pedaggicos nas escolas bsicas, como tambm o des-preparo dos professores e sua difcil situao em uma carreira semhorizontes. Menciona algumas perspectivas promissoras como a criao
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23. MORIN, E. Os sete saberes necessrios educao do futuro. So Paulo: Cortez; Braslia: UNESCO, 2000, p.104-106.
24. Cincia para os jovens: falar menos e fazer mais.
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da Capemp/MEC, do Pibic do CNPq e do Projeto ABC na educaocientfica da Academia Brasileira de Cincias. Insiste, por ltimo, quepara a melhoria da educao cientfica imprescindvel uma boaformao inicial e continuada de professores, modificaes profundas
nas metodologias pedaggicas, condies para a escola executar o seuprojeto e reconhecimento social dos professores com progressobaseada no mrito. Essa viso sistmica de Roitman bastante atual,pois no basta atacar apenas uma varivel que, via de regra, possuiefeito transitrio;
Ivn Ant onio Izquier do :25 Informa que nos pases mais avanados,o pblico est bastante a par dos conhecimentos cientficos, disso seencarregando a mdia e a educao bsica e superior. Isso ajuda oreconhecimento pblico da cincia e cria um clima favorvel ao desen-volvimento tecnolgico. No Brasil a populao conhece pouco sobrecincia. Persiste em nosso pas a crena de que ela coisa do primeiromundo. Em parte, essa situao pode ser explicada pela longa tradiode baixa auto-estima do povo brasileiro. A miscigenao, observaIzquierdo, era vista como um defeito congnito, criando-se uma espcie
de arqutipo negativo. A falta de auto-estima conduz a arroubos chauvi-nistas. Essas observaes de Izquierdo so importantes, pois o Brasilprecisa acertar o passo com a sua origem europia, negra e indgena
como certa vez escreveu Sergio P. Rouanet. Para aumentar o conhe-cimento e promover a sua popularizao, devemos preparar nossopovo, alfabetizar mais profundamente e melhor, fazer com que os brasi-leiros leiam mais, ele argumenta. Considera imprescindvel conscienti-
zar as classes polticas e a mdia. Alm dessas medidas de ordem maisgeral, Izquierdo sugere a incluso nas escolas do ensino fundamental,desde a 1 srie, de noes sobre o valor da cincia para a vida cotidiana.Dever-se-ia tambm incentivar palestras nas escolas a cargo dos cien-tistas, que poderiam descrever, em poucas palavras, as pesquisas queesto sendo feitas. Conclui dizendo que hoje em dia ficar para trs como
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25. Aumentando o conhecimento popular sobre a cincia.
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nao pode significar uma defasagem de algumas dcadas, difceis deserem contornadas. A rigor, o Brasil j est ficando para trs, mas aindatem chances, desde que consiga uma estabilidade poltica e se decidaa ter um projeto de pas com horizontes largos e suficiente capital
social para dar sustentao a mudanas inadiveis;Jos Goldemberg:26 Argumenta que a educao cientfica no pode
ser discutida fora do contexto geral da educao. Acha incorreto pensara educao cientfica dessa forma. O que falta ao Brasil uma educaobsica de melhor qualidade em todas as reas. Essa a nica forma depreparar os jovens para o mercado de trabalho. Ele lembra oportuna-mente um fato histrico ocorrido ao tempo da Revoluo Francesaquando a Assemblia Nacional determinou a criao de um sistemade educao bsica universal, deciso que acabaria por influenciarvrios pases do Ocidente a investirem na educao do povo. Por essarazo, assevera Goldemberg, no conveniente exagerar o significadoda educao cientfica sem atentar para o fato de que ela precisa serconstruda sobre uma base real que a educao bsica. A posio deGoldemberg correta e insere-se em uma viso integrada de desen-
volvimento curricular. Todavia, importa ponderar que nas avaliaesfeitas da educao brasileira, nacional e internacional, os escores dosestudantes de matemtica e de cincias fsicas e naturais esto em situa-o muito crtica. Alm disso, alunos esto sendo aprovados por faltade professores de cincias. Ademais, a educao brasileira ainda nose libertou totalmente da tradio de ensino livresco e enciclopdico.Acrescente-se tambm que o ensino experimental das cincias, quando
feito de forma apropriada, ajuda o aluno a adquirir um instrumentalmetodolgico certamente til em toda a trajetria escolar;
Jos Mar iano Amabis:27 O prprio ttulo de seu artigo A pre-mncia da educao cientfica indica a posio deste cientista. Paraele, nos dias de hoje o conhecimento cientfico afeta de tal forma nossas
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26. Educao cientfica para qu?27. A premncia da educao cientfica.
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vidas que se tornou imperativo que todas as pessoas adquiram umacultura cientfica mnima. Assim sendo, a nao que no der priori-dade educao cientfica de sua populao estar comprometendo oseu desenvolvimento e o futuro da sociedade. Essa percepo tem
levado vrios pases a tomar medidas para a alfabetizao cientfica detodos, citando como exemplo a iniciativa da American Associationfor the Advancement of Science (AAAS), a maior sociedade cientficado mundo que, em 1985, lanou o projeto 2061: cincia para todosos americanos, de longo prazo, para reformar a educao emCincias, em Matemtica e em tecnologia nos EUA. Amabis fazreferncia aos Parmetros Curriculares Nacionais do MEC que con-
templa com acerto a educao cientfica. Todavia, o seu sucessodepende de um conjunto de condies pedaggicas, professores bempreparados e reformas estruturais na formao. A questo docente primordial. O Exame Nacional de Cursos mostrou que muitosgraduandos da licenciatura em Cincias, prestes a ingressarem comoprofessores na educao bsica, no compreendiam conceitos funda-mentais e princpios bsicos da cincia. Tais carncias deveriam enver-gonhar nosso sistema universitrio. A situao do ensino de Cinciasconfigura-se como um extraordinrio desafio que demandar pesadosinvestimentos. Conclui-se que os governantes devem no apenaseleger a educao como prioridade, mas coloc-la como poltica deEstado e no como poltica de governo;
Leopoldo de Meis:28 Aps tecer breves comentrios sobre aevoluo da cincia, Meis informa que a produo macia de novos
conhecimentos, iniciada no sculo XIX, foi e continua a ser centrali-zada em alguns pases do hemisfrio norte que produzem 75% dosaber gerado a cada ano. Com base nisso, ele ressalta que a produode conhecimentos constitui um dos fatores determinantes na distri-buio mundial do poder econmico. Essa centralizao favorece osurgimento de tenses que, por sua vez, dificultam o processo da paz
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28. Educao em cincia.
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mundial. Esse quadro agravado pela distribuio dos jovens noplaneta que se concentram nos pases perifricos. Esse fato constituipara ele o grande desafio da educao moderna, pois o cotidiano danossa era requer dos jovens que entram no mercado uma formao
cientfica e tecnolgica cada vez maior. Por outro lado, dada a grandequantidade de conhecimentos e a mudana contnua dos conceitoscientficos, o carter estvel do conhecimento desapareceu. Torna-senecessrio, portanto, para se poder assimilar novos conhecimentos,esquecer parte do que foi aprendido. Nessa direo, podemos proporque o pressuposto aprender a aprenderlanado pelo Relatrio Delors daUNESCO, em meados dos anos 90, do sculo passado, poderia ser
aprender a aprendere a desaprender. O desaprender pode ser to ou maisdifcil do que o aprender devido aos fatores de resistncia que lhe soinerentes. Uma outra questo interessante lanada por Meis refere-seaos processos didticos de transmisso do conhecimento. Afirma quea pesquisa de novas formas de ensinar limitam-se s faculdades deeducao, que so teis no contexto escolar, mas insuficientes paratodas as reas do saber, cada uma possuindo suas especificidades. Elepreconiza uma pedagogia para se lidar com o excesso de informaes,que no foi ainda descoberta e que certamente ajudaria a tornar oprocesso didtico mais instigante, vivo e atraente para os alunos. colocao de Meis pode-se adicionar a criao de um clima instigantede aprendizagem, como diria Dewey, o desejo de continuar a aprenderque este filsofo e pensador destacava como uma das mais impor-tantes atitudes que a escola deve formar. Se o mpeto nessa direofor quebrado, o aluno ver-se- roubado de sua capacidade inata de
aprender, capacidade que o iria habilitar a vencer as dificuldades eobstculos que surgem na vida.29
Lus Car los de Menezes:30 Procura em seu artigo examinar o proble-ma da educao cientfica no marco de uma globalizao excludente.
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29. DEWEY, J. Experincia e educao. So Paulo: Editora Nacional, 1971, p. 42.30. Cultura cientfica na sociedade ps-industrial.
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Comea afirmando que a educao deve responder aos projetose problemas de cada poca, no existindo, portanto, uma propostadefinitiva para a educao ou o aprendizado cientfico e tecnolgico.O Brasil e o mundo vivem uma modernizao que s incluem uns
poucos. Em uma sociedade que aceita a excluso como natural osvalores humanos que a sustentam perdem significado. Nesse cenrio,pode surgir a dvida se a escola tem o direito de despertar a esperanade incluso, como tambm se pode perguntar se a escola tem o direitode no despert-la. Assim, a formao cientfica deve ser promovidacom a convico de que a sociedade deve prover oportunidades dignasde existncia. Contudo, o investimento na educao cientfica no
deve pressupor dividendo econmico de curto prazo devido desigualdade no Brasil da distribuio de bens culturais e sociais. Poroutro lado, deve-se defender a educao cientfica como um direito detodos e no como prerrogativa de poucos. Pode parecer uma ambioinalcanvel. Pode-se, no entanto, por meio dela, encaminhar cons-cientemente a sensibilizao e o equacionamento social dos desafiosexistentes, pois a cincia pode construir valores. O jovem que com-preende que no somos habitantes da biosfera, mas somos biosfera,certamente estar menos conformado com a barbrie da guerra e coma perversidade da excluso. As cincias da natureza devem ser tratadasem associao com as questes existenciais e sociais das cinciashumanas para se entender melhor as transformaes que esto emcurso. Para esse novo paradigma da educao cientfica, concebido emuma viso holstica, preciso usar novos recursos e estratgias educa-cionais que passam necessariamente por uma reforma de mentalidades,
da escola e do professor. As escolas no devem ficar esperando, mastrabalhar rumo ao cenrio que se deseja;
Luiz Bevilacqua :31 No obstante a presena massiva da cincia eda tecnologia na sociedade contempornea, o ensino de Cincias nolhe proporcional. At mesmo alguns pases do Ocidente que lideram
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31. Cincia, um bem para o engrandecimento do esprito.
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a inovao tecnolgica, esto preocupados com o baixo desempenhodos alunos da escola bsica. No se busca o conhecimento cientficode modo semelhante ao que se procura a arte e a literatura, comofonte de alimento intelectual. Na educao cientfica, a expectativa
dos jovens no a aventura da especulao, mas o resultado prticodo aprendizado em cincias. Portanto, observa Bevilacqua, devehaver um grande esforo para virar do avesso o olhar da socie-dade sobre a cincia, de forma a valoriz-la como as artes e a litera-tura na esfera dos bens de esprito. preciso comunicar aos jovens aalegria do aprender, faz-lo apaixonar-se pela descoberta dos segredosescondidos em uma frmula matemtica. Essa viso pedaggica
humanista de Bevilacqua lembra Paulo Freire, que sempre idealizou oprocesso educativo como uma fonte de alegria. Para ajudar a construiresse novo clima de aprendizagem das cincias, ele prope a criao deuma disciplina que mostrasse as principais conquistas tecnolgicas,como funcionam, fazendo-se a devida conexo entre cincia, tecnolo-gia e vida. Preconiza ainda a introduo de atividades que estimulemo pensamento criativo e a descoberta. preciso, observa, fazer pre-valecer o pensador sobre o consumidor. Toda educao deve estarvoltada para esse objetivo, seno estaremos condenados a um destinoque nos coloca mais prximos de uma manada imbecilizada. Impe-se valorizar a profisso docente, com formao de qualidade e salriosjustos. O ensinar a pensar particularmente importante nestes tem-pos de globalizao, cujas promessas no foram ainda cumpridas;
M yr iam Kr asil chik:32 Parte do pressuposto, bastante atual regis-
tre-se, de que o ensino de Cincias um ponto de partida para a inclusosocial. Como informa a literatura educacional, h vrios pases domundo que h tempos procuram aperfeioar a educao cientfica.Grupos como Physical Science Study Committee, Biological ScienceCurriculum Study e o Chemical Bond Approach, estabelecidos nosanos 60, servem de exemplo. O Brasil procurou estar em sintonia com
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32. Ensino de cincias: um ponto de partida para a incluso.
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essa tendncia, criando, nos anos 60, o Instituto Brasileiro deEducao, Cincia e Cultura (IBECC) e o projeto Cientistas (coleode kitspara a realizao de experimentos, vendidos nas bancas dejornais). Todavia, essas iniciativas no foram suficientes para alterar a
situao da educao cientfica. A expanso do sistema escolar sem ospadres mnimos, somado proliferao de instituies formadorassem a qualidade requerida, esto entre as causas que explicam aprecria situao do ensino de Cincias. Modificar esse quadro setornou um imperativo. urgente conferir cincia um papel agluti-nador na escola, relacionando as atividades com a vida e com osproblemas sociais, levando os estudantes a transcender os limites das
disciplinas cientficas. Essa colocao de Krasilchik das mais opor-tunas. Lembrando novamente Dewey, para o qual a maior de todasas falcias pedaggicas a de que se aprende apenas o que se estestudando. As aprendizagens colaterais como as de formao de ati-tudes podem ser mais importantes do que uma lio especfica.33 Umaousada renovao curricular pode ajudar concretizao desse objetivo.Nessa linha, o ensino prtico desponta como elemento importante.Krasilchik admite, e isso deve ser enfatizado, que possvel executardiferentes modalidades didticas que no exijam material caro esofisticado. Acrescenta que o investimento na educao cientficapode ajudar a preparar os alunos para conviverem plenamente com asmudanas cientficas e tecnolgicas deste milnio. Mais ainda, pode-seperguntar, de acordo com Ciro Marcondes, se a cidadania possvelsem cincia?34
Roberto Boczko :35
Para mostrar a pouca ateno que se d edu-cao cientfica, Boczko recorre a alguns erros mais comuns cometidossobre fatos da cincia. Esses erros ele os atribui m-formao cien-tfica das pessoas. Afirma, ento, que se a base no forte e correta,a edificao da cultura de um povo est ameaada. Para minimizar
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33. DEWEY, J. op. cit. p. 42.34. MARCONDES, C. Sugestes Unesco para um seminrio sobre jornalismo cientfico. So Paulo, 2005.35. A preciso cientfica na educao e na cultura.
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essa situao preciso investir prodigamente no ensino e na divul-gao cientfica. Para tanto, a primeira premissa de um governo srio considerar educao, cincia e cultura como investimento dos maisrentveis e no como gasto. Tem razo este pesquisador porquanto no
Brasil, a rea educacional bastante usada como trampolim poltico-partidrio. A rea educacional no profissionalizada e, via de regra,est sujeita s oscilaes do poder. Boczko defende que projetos dedesenvolvimento cientfico e tecnolgico devem ser concebidos comurgncia e implantados to cedo quanto possvel, pois, o Brasil jest muito atrasado nesse setor. E cada ano de atraso que se adicionapoder se traduzir em muitos anos de atraso cultural. No plano
pedaggico, ele denuncia a m preparao dos alunos que entram nauniversidade, como tambm a prpria deficincia dos professoresuniversitrios, gerando um crculo pernicioso que se reproduz con-tinuamente. Para romper o elo dessa cadeia nefasta, a educao superiortem um papel primordial. Prazos devem ser dados para que profes-sores j formados sejam reciclados e os que no o fizerem devemperder o emprego. Adverte, no entanto, que a palavra-chave incentivo,sobretudo em relao remunerao. No ser com salrios aviltadosque as mudanas ocorrero. Para atingirmos esse objetivo, ningumpode se omitir. Defende que a populao deve escolher governantesque estiverem engajados e compromissados com os novos ideais;
Roberto DallAgnol :36 Direciona suas reflexes ao espao restritoe fragmentado reservado s cincias da terra no ensino mdio. Eleaponta como uma das causas para esse problema, a ausncia de licen-
ciaturas para a formao de professores nas reas de geologia, meteo-rologia e oceanografia. A licenciatura em Geografia poderia em partepreencher essa lacuna, no o fazendo pela predominncia da subreade geografia humana. Ressalta a importncia das cincias da terra comvistas ao objetivo de fornecer uma viso ampla sobre a evoluo e asmudanas que ocorrem em nosso planeta. Temas como a dinmica das
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36. Ensino de cincias: a grande lacuna das cincias da terra.
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placas tectnicas, condies climticas, entre outros, fazem-se pre-sente no cotidiano das pessoas. Para corrigir essas deficincias e lacunasexistentes no ensino mdio, ele prope a criao de cursos de licen-ciatura em cincias da terra, a exemplo do que j vem ocorrendo no
Instituto de Geocincias da USP, que em breve formar a primeiraturma de profissionais docentes nessa rea. Indica ainda a importnciadidtica dos museus (paleontolgicos, mineralgicos, oceanogrfi-cos...) para o ensino das cincias da terra, como tambm a ajuda quepodem dar instituies como a Companhia de Pesquisa de RecursosMinerais (CPRM) e o Departamento Nacional de Produo Mineral(DNPM);
Roberto Leal Lobo e Silva Filho :37 Reala a importncia damatemtica que anda abandonada em um pas de advogados. Fun-damenta seu argumento mencionando um estudo publicado em 1991pelo The Quartely Journal of Economicsque, comparando o desenvolvi-mento do PIB em pases onde a formao de engenheiros forte comaqueles que valorizam mais a formao de advogados, encontroucorrelao positiva entre formao de engenheiros e desenvolvimento
econmico e correlao negativa onde prepondera o advogado. Arazo reside no fato de que em certos pases as melhores cabeas soestimuladas a buscar inovaes tecnolgicas, aumentando por conse-guinte a produtividade em contraposio a outros que valorizam maisas atividades-meio onde os maiores talentos so utilizados em buro-cracias sufocantes e corruptas. O Brasil parece estar no segundo casosendo que do total de matrculas no ensino superior, 13% so de
advocacia e 8% de engenharia. Na Coria do Sul, 27% da matrculaesto nas engenharias. Ilustra ainda esse raciocnio o fato de que noBrasil, h apenas 0,1% da fora de trabalho em C&T, enquantoEstados Unidos e Japo tm perto de 0,8%, Frana e Alemanha,0,5% e Coria do Sul, 0,4%. Diante desse quadro, urgente valorizaro ensino da Matemtica e das Cincias. No recente exame do Programme
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37. O ensino de cincias no Brasil.
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for International Student Assesment (Pisa), em um grupo de 40 pases, oBrasil ficou no antepenltimo lugar. Isso se deve em parte visoformalista e abstrada da realidade presente no ensino da Matemticae das Cincias. Para mudar essa situao preciso rever a concepo
de cultura, de forma a reconhecer a importncia do conhecimentocientfico para as pessoas e a sociedade. Em seguida, prioriza a neces-sidade de discutir a baixa qualidade dos professores, reformar oscursos de licenciatura e valorizar os profissionais da rea;
Suely Druck:38 Afirma ser de suma importncia, neste momento,entender que uma educao cientfica de qualidade para a totalidadeda populao o nico meio que dispomos para diminuir a enormelegio de excludos e formar mo-de-obra de qualidade para desen-volver cincia e tecnologia. Para desenvolver cidadania preciso dotarcada pessoa de conhecimentos e de pensamento articulado. O paspossui desigualdades acentuadas ao lado de uma comunidade cientficade alta qualidade. Entretanto, as escolas pblicas de ensino funda-mental e mdio ostentam baixssimos nveis de conhecimento. Via deregra, as explicaes para esse atraso so a aviltante remunerao dos
professores e a falta de investimentos. Porm, Suely Druck indica outrosfatores como o pouco destaque atribudo informao cientficapelos parmetros curriculares do MEC, a falta de convico nacionalem uma educao de qualidade e a pssima formao dos professores.O desafio enorme. Mas preciso acreditar que o pas tem chancesde alterar esse cenrio. Um exemplo disso o elevado nmero deinscritos na Olimpada Brasileira de Matemtica das Escolas Pblicas.
Dez milhes e meio de jovens inscreveram-se em 2005. Suely Drucksugere algumas premissas que devem ser assumidas para que o desafioda educao cientfica seja vencido. Entre as premissas que ela enu-mera, destacamos que a cincia um componente essencial educaodas nossas crianas e jovens, que todos os cidados devem estar aptosa usar tecnologias bsicas que melhoram a vida e que a escola o agente
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38. Educao cientfica no Brasil: uma urgncia.
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principal da educao cientfica. Finaliza dizendo que urgente esta-belecer carreiras do magistrio que sejam atraentes para os jovens;
Ubir at an D Ambr osio:39 Direciona seu pensamento para a questo
dos investimentos e para a importncia da criatividade em educao,alertando que no se trata apenas de ter mais verbas, pois a qualidadedo investimento o ponto nevrlgico do problema. Critica a atualforma de investimento na medida em que ele est atrelado aos resul-tados de avaliaes. Alm disso, DAmbrosio chama a ateno queinvestir em educao significa tambm dar condies s famlias eintegr-las no processo pedaggico. Ele critica a subordinao daavaliao de escolas a testes padronizados, citando inclusive um estudode Robert Reich, de Harvard e que foi Secretrio de Trabalho doPresidente B. Clinton, segundo o qual um dos maiores obstculospara a melhoria da educao norte-americana a crescente tendnciade utilizar os testes padronizados como referncia de boa educao.Uma educao, diz DAmbrosio, deve liberar o jovem dessa prticaconstrangedora e ineficiente. Acredita que o desenvolvimento dependeda cincia e da tecnologia. Porm, desenvolvimento s pode ser enten-
dido como um ciclo: inveno-produo-comercializao. grande opasso da preparao inveno e desta produo. A produo s fazsentido pela sua colocao no mercado. Cita o exemplo do CentroTecnolgico da Aeronutica, indiscutivelmente uma referncianacional e internacional. Tece uma oportuna crtica certificaoprofissional, afirmando que um diploma universitrio jamais deve tera caracterstica de conferir credibilidade profissional. Ele tem razo,
pois estamos em uma era de intenso dinamismo do conhecimento,que requer um processo permanente de educao. Deve-se, dessa forma,rever o conceito de qualidade em educao. Faz ainda uma propostade universidade extramuros como estratgia de resgate da dvida social.Essa universidade deve estender sua ao para atingir a populao queno teve oportunidade, mas que se encontra no processo produtivo.
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39. Investimentos em educao, cincia e tecnologia.
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Nessa linha, ele lembra uma experincia da UNESCO na Repblicado Mali, que permitiu a obteno de um doutorado sur place dosprofessores da cole Normale Superieur de Bamako.
As reflexes e consideraes que acabamos de expor, feitas porfiguras de elevada reputao da comunidade cientfica brasileira sobrea educao cientfica e a popularizao da cincia, expressam umquadro crtico de tal magnitude que no pode deixar de ser considera-do por todos os atores que, em diferentes lugares e instncias da vidapblica do Pas, possuem algum tipo de responsabilidade no setor,seja no plano pedaggico, seja no mbito das decises sobre polticasde educao, seja ainda nas extenses da sociedade civil onde seengendram as vontades e aspiraes populares. Todas essas vertentesforam abordadas pelos cientistas e todas elas compem o cenrio doensino das cincias e de sua divulgao ao pblico. Um cenrio preo-cupante insistimos cuja dimenso dos problemas que ele abrangeavoluma-se de forma proporcional insuficincia das medidas queso tomadas. H muitas dcadas vem a educao cientfica no Brasilrevelando-se crtica. Enquanto foi possvel esconder suas mazelas, o
assunto ficava restrito a alguns setores. Entretanto, com a expansodos sistemas de ensino e a crescente centralidade do conhecimento, aquesto emerge para um plano mais amplo. O mundo hoje requeruma cultura cientfica mnima no apenas para atender a celeridadedas mudanas de base tecnolgica, como tambm para melhorar avida e os padres de existncia. Conhecimentos indispensveis edisponveis que h muito deveriam estar no cotidiano das pessoas,
permanecem distantes, impedindo uma vida mais digna e impedindoque se desenvolva uma conscincia lcida em relao ao uso tico dacincia. Sim, pois se a cincia por um lado produz conhecimentos quepodem contribuir para a cidadania plena, por outro, esses mesmosconhecimentos, se utilizados para fins no ticos podem ter efeitoscatastrficos no contexto do circuito indivduo/espcie. Assim, odireito ao conhecimento e a uma educao cientfica de qualidadepassou a ser um imperativo do nosso tempo.
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O Brasil, como mostramos no incio desse captulo, omitiu-se aolongo de sua histria. Diferentemente de outros pases, no se preo-cupou em construir um sistema pblico de educao de qualidade.Acrescentando-se a isso a tradio enciclopdica do nosso ensino,
desenhou-se, como resultado, o quadro que os cientistas que colaboramnesse livro, descreveram e sobre ele refletiram por variados ngulos deanlise, mostrando a sua gravidade e propondo inmeras medidas quese tornaram inadiveis. No plano pedaggico, sobressai a questo doprofessor, tanto em sua formao inicial, quanto na continuada. Nose trata apenas de reformar os cursos de licenciatura, cuja expansoocorreu to desvalorizada quanto o a carreira do magistrio.
urgente criar carreiras que sejam atraentes e possam despertar noscandidatos universidade a expectativa de um futuro profissionaldigno. certo que essa uma medida de mdio e longo prazos, queno d votos, mas que se tornou inadivel. No d bons frutos o queno bem plantado e cuidado. Por outro lado, h o problema daescola. Em que pese a existncia de muitas que servem de referncia,em sua grande maioria, no atende a padres mnimos de qualidade. preciso qualificar a infra-estrutura da escola, dotando-a de meios,materiais, laboratrios, bibliotecas e de autonomia que permitam acriao de ambientes de aprendizagem compatveis com as transfor-maes que esto em curso e com os avanos da cincia e da tecnolo-gia. Reivindica-se uma escola transformadora, liberando a criatividadee a alegria da descoberta, de forma a possibilitar um ensino instigantee desafiador por meios de novos mtodos de educao cientfica.Reivindica-se uma escola que ensine o aluno a pensar e a refletir. A
escola uma agncia de cultura, de desenvolvimento da cidadania e demudanas. Nela uma nao se projeta e anuncia o futuro.
No que se refere ao plano mais geral das decises do poder pbli-co, sobressai a necessidade de polticas que transcendam governos eno se mediocrizem por conta de interesses transitrios No sepode mais admitir que uma questo to importante como a educaocientfica, continue margem das prioridades do pas. O Manifesto
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dos Pioneiros, de 1932, foi lembrado por um dos cientistas. Ele pre-conizava, h mais de 70 anos, que a educao fosse colocada naposio mais alta da hierarquia dos problemas nacionais. Defendiaum projeto educacional estvel e livre de influncias polticas. Como
isso no ocorreu, constata-se a sua impressionante atualidade. Otrecho que segue do Manifesto poderia ser escrito hoje, de formaainda mais enftica:
Toda a impotncia manifesta do sistema escolar atual e a insuficincia desolues dadas s questes de carter educativo no provam seno o desastreirreparvel que resulta para a educao pblica, de influncias e intervenesestranhas que conseguiram sujeit-la a seus ideais secundrios e interessessubalternos.40
A continuidade desse crculo vicioso s pode ser rompida mediantepolticas pblicas de concepo sistmica, construdas coletivamentee com responsabilidade compartilhada por todas as instncias daadministrao educacional do Pas. Um dos artigos condicionou oxito da poltica industrial e tecnolgica do Brasil a uma slida educaocientfica. Isso s ser possvel mediante um planejamento de longoprazo que, por sua vez, supe uma poltica de Estado e no de governo.Alega-se muitas vezes que os recursos so escassos. Porm, quando secompara com outros pases os investimentos que esto sendo feitosem educao (4,2%) e cincia e tecnologia (0,9%) do PIB, verifica-se que o Brasil est abaixo da mdia dos pases em desenvolvimento.41
Se nessa conta fosse possvel acrescentar o custo do dficit historica-
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40. AZEVEDO, F. Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova. In: A educao entre dois mundos. So Paulo:Melhoramentos, s/d, p. 68.
41. Educao: Argentina(4,0), Austrlia(4,9), ustria(5,7), Blgica(6,3), Bolvia(6,3), Brasil(4,2), Colmbia(5,2),Colnia(5,6), Dinamarca(8,6), Eslovnia(6,1), Frana(5,6), Hungria(5,5), Israel(7,6), Jamaica(6,1),Malsia(8,1), Mxico(5,3), Noruega(7,6), Sucia(7,3). Fonte: Compendio Mundial de la Educacin 2005:comparacin de las estadsticas de educacin en el mundo. Montreal: UNESCO-UIS, 2005.Cincia: Islndia(3,1), Japo(3,1), Israel(5,1), Blgica(2,2), ustria(2,2), Cingapura(2,2), Frana(2,3)Sucia(4,3), Austrlia(1,5), Eslovnia(1,5), Dinamarca(2,5), Alemanha(2,5), Coria do Sul(2,5),Finlndia(3,5), Sua(2,6), Noruega(1,7), Luxemburgo(1,7), EUA(2,7), Canad(1,9), Holanda(1,9), ReinoUnido(1,9). Fonte: Relatrio do Desenvolvimento Humano 2005. Cooperao Internacional numaEncruzilhada: ajuda, comrcio e segurana num mundo desigual. Lisboa: PNUD, 2005.
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mente acumulado, poder-se-ia concluir que esses porcentuais estolonge de corresponder s necessidades do pas. Essas necessidades,observe-se, se no forem atendidas, deixa, como est deixando, o pasem situao de risco. Ademais, urgente que a sociedade brasileira e
suas instncias representativas tenham a convico de que o dinheirogasto em educao, cincia e tecnologia constitui um dos melhoresinvestimentos, com retornos privados e sociais comprovados, sendoque o retorno social trs a quatro vezes superior ao privado con-forme mostrou recentemente o economista Jos Marcio Camargo emestudo feito por solicitao da UNESCO.42
urgente que as elites dirigentes do pas deixem de ser antielitespara encarnar com lucidez o ideal republicano de educao imagina-do por Euclides da Cunha. E se assim, no o fizer, como no temfeito, a crtica de Pereira Coutinho ser ainda mais contundente. Essejornalista portugus afirmou ironicamente que o Brasil no tem elites.Tem antielites, incapazes de pensar o pas como espao comum,preferindo antes colocar os interesses particulares e partidrios nafrente dos interesses do pas.43 No outra a posio de Birman que
considera as elites brasileiras decepcionantes. Elas distinguem-se daseuropias e das norte-americanas, que historicamente souberamvalorizar a tica do trabalho e do mrito. Por isso, observa Birman,no sem razo que o problema educacional brasileiro est semprecapenga, em uma condio manca que nunca encontra o seu fio deprumo para poder efetivamente caminhar.44
Por isso importante que a sociedade civil mobilize-se. Os cien-
tistas mostraram que a educao cientfica um direito de todos e quetoda a populao necessita de uma cultura cientfica mnima. O planode ao do Manifesto dos Pioneiros j preconizava a popularizaodas cincias. Nesse contexto emerge o insubstituvel papel dos meios
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42. CAMARGO, J.M. Dvida por educao: efeitos sobre crescimento e pobreza. Braslia: Srie Debates VIII.UNESCO, 2005.
43. COUTINHO, J. P. A antielite brasileira. Folha de S. Paulo, Caderno Mais, 4/9/2005, p. 4.44. BIRMAN, J. Uma nao de invejosos. Folha de S.Paulo, Caderno Mais, 4/9/2005, p. 5.
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de comunicao. Conta-se no Brasil hoje, com certa facilidade, o nmerode jornalistas cientficos e divulgadores da cincia. So poucosainda os jornais, emissoras de televiso e outros meios que abremespaos para a divulgao da educao e da cincia. certo que essa
situao reflete uma sociedade que ainda possui milhes de analfa-betos e que est longe de colocar a cincia no cotidiano das pessoas.Entretanto, a imprensa no Brasil, por sua moderna infra-estruturatecnolgica e alcance coletivo, pode e deve desempenhar um papel emdupla direo. Por um lado, ampliando a divulgao educacional ecientfica; por outro, em uma dimenso poltica, elevando a conscinciae a convico sobre a sua importncia para o desenvolvimento.
preciso estar claro que o Brasil est ficando para trs. As ilhas deexcelncia construdas com idealismo, precisam ser multiplicadas.Educao e cincia so os alicerces mais seguros para atingir esseobjetivo. O mais difcil j foi feito que foi o desenvolvimento de umacomunidade cientfica que tem dado inmeras provas de sua com-petncia, mas cujo potencial est longe de ser bem aproveitado devi-do a ausncias de polticas que absorvam os crebros e competncias
que o pas to custosamente logrou formar e desenvolver.
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47A oportunidade que no podemos perder
O Brasil tem uma reincidente conduta de perder oportunidades.Nenhuma perda supera a omisso em educar seu povo. Mas ainda tempo. Na verdade, o momento nunca foi to oportuno para umgrande esforo de educao de nossos jovens. Abordaremos apenas a
urgncia de educarmos a populao para a cincia e a tecnologia.Ningum pode ignorar que, nessa poca em que a tecnologia permeiade forma crescente a vida das pessoas, a capacidade de inovao tcnica o principal elemento para a competitividade das empresas e dasnaes. Esse um processo com razes de meio milnio. A Renascenaculminou na revoluo cientfica, e depois veio a revoluo industrial.A Europa, alguns pases de colonizao inglesa e, j no sculo 20, uma
parte do leste Asitico apresentaram um desenvolvimento econmicosem paralelo na histria, quase inteiramente fundado na Cincia eTecnologia (C&T). Segundo estimativas feitas por encomenda doPrmio Nobel de Fsica Leon Lederman, em 2001, um tero do PIBamericano vinha de tecnologias baseadas na fsica quntica.
Ocorre que os pases centrais parecem estar prximos de esgotarsua capacidade de manter o comando da revoluo tecnolgica, por
Educao para a Cincia e a TecnologiaAlaor Silvrio Chaves
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razes decorrentes da prpria afluncia que atingiram. O primeiroembarao para que eles possam manter sua supremacia vem da baixataxa de natalidade que neles se verifica desde a 2 Guerra. Os paseseuropeus tm populaes estveis ou em declnio. Isso, em uma poca
em que a longevidade das pessoas aumenta, leva a fraes cada vezmenores de jovens capazes de promover os avanos do conhecimento.Acresce que, para manter uma populao com porcentual crescente depessoas no mais produtivas, os pases europeus esto se vendo obrigadosa colocar, um tanto precocemente, seus jovens no mercado de trabalho,aps cursos superiores de curta durao.
O fato que os pases centrais j no contam com o contingente dejovens necessrio para continuar mantendo-os na vanguarda da com-petio em C&T. Essa insuficincia agravada por outro fenmenodecorrente da afluncia desses povos: seus jovens, criados no ambientede conforto e sobrevivncia assegurada, no mais optam pelas carreirascientficas e tecnolgicas, que requerem maior dedicao e esforo.Desde a 2 Guerra, os americanos tm compensado seu dficit devocaes cientficas pela importao de jovens. Inicialmente da prpria
Europa, depois da ndia, Taiwan e China, e, mais recentemente, detodo o mundo. Em alguns casos as estatsticas so chocantes: porexemplo, h mais africanos trabalhando em cincia e engenharia nosEUA do que na frica. Recentemente, a Europa tem se inspirado nofenmeno americano e realizado grande esforo para atrair jovenstalentosos de todo o mundo para sua cincia e tecnologia.
Notamos, portanto, uma mudana de cenrio. No caso brasileiro,
sempre fomos detentores de grandes riquezas naturais, e esses sempreforam os atributos que julgamos capazes de um dia nos alar ao clubedas naes desenvolvidas. Sem dvida, esses dons naturais so muitoimportantes para o nosso progresso. Entretanto, o bem mais valioso denosso Pas o numeroso contingente de jovens em idade escolar. Noaproveitar essa vantagem competitiva tem sido o mais desastroso erroda nossa histria recente. No podemos adiar o preparo dessa juven-
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tude para a C&T. Na verdade, tambm no Brasil, as taxas de natalidadedeclinam rapidamente, e em um par de dcadas deixaremos de ser umpas de jovens. E h um lado melindroso, de certo modo perverso, nonosso cenrio sociodemogrfico: a imensa maioria das crianas que
nasce hoje no Pas proveniente de pais pobres. Mas at isso pode sertransformado em um fato positivo: para que o Pas tenha futuro, temosde resgatar essas crianas e dar-lhes a melhor educao possvel. Ouseja, o Pas somente ser vivel se tambm for justo. Nunca um pasdependeu tanto dos seus desvalidos.
A nossa ps-gr aduao
A questo educacional brasileira mostra vrias faces que devem seranalisadas em separado. Comearemos pela anlise de uma face positiva,o sistema brasileiro de ps-graduao (PG). Desde a dcada de 70, oBrasil iniciou um programa de PG muito vigoroso e bem-sucedido. Hmeio sculo, no havia no Pas nenhum curso de PG formal. Hojetemos trs mil cursos, em um sistema diversificado e que se expandemuito rapidamente. O Pas j conta com quarenta mil doutores e forma
nove mil por ano. O nmero de pessoas que obtm o grau de doutoraumenta em 15% a cada ano, uma taxa de expanso que l fora apenasse v na Coria do Sul. A qualificao dos nossos ps-graduadosaproxima-se da dos formados nos pases do Primeiro Mundo.
Entretanto, h dois pontos a se repensar nesse sistema de PG.Primeiro, a distribuio de ttulos conferidos por rea do conheci-mento semelhante verificada hoje nos EUA e Europa: uma frao
grande e crescente dos ttulos nas reas chamadas soft, ou seja,humanidades, artes e cincias sociais. Tal estatstica muito distinta daverificada h poucas dcadas naqueles pases desenvolvidos, quandoeles j tinham atingido um alto grau de desenvolvimento. Ou seja,ainda somos pobres, mas j estamos formando gente nas mesmas pro-pores dos pases to ricos que se definem como ps-industriais.No caso das engenharias, o nmero de estudantes de graduao est
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diminuindo. Na nossa etapa de desenvolvimento, necessrio priorizaro tipo de profissional que promova o crescimento mais rpido daeconomia. No se prope a diminuio dos humanistas, mas sim oaumento dos cientistas e engenheiros. Dos 120 mil estudantes de
mestrado e doutorado no Brasil, apenas 40 mil tm bolsa de estudos.Isso penaliza em especial as cincias duras e engenharias, onde a dedi-cao exclusiva indispensvel para estudos de PG.
Outro fato que agrava muito seriamente o nosso programa de PG a ausncia de um plano nacional de utilizao da competncia for-mada. Os doutores que estamos formando tm sido contratados quaseque exclusivamente pelas universidades, principalmente as pblicas.Mas a capacidade desse setor para absorver o contingente de forma-dos j est se esgotando, e o nmero de jovens que se vem sememprego aps obter o grau de mestre ou de doutor est tornando-semuito grande. Ocorre que nossas empresas tm pouco envolvimentocom a inovao tecnolgica. A quase totalidade delas prefere importara tecnologia de que necessita, um hbito decorrente da prpria gnesedas nossas empresas, geralmente oriundas do capital e no de idias
inovadoras. A nica forma de alterar essa ndole a prtica consistentede uma poltica industrial que fomente a criao de tecnologia nasempresas e onere a sua importao. Infelizmente, nosso Pas foi muitotardio em tomar iniciativas nesse rumo. Durante um tempo longo,poltica industrial foi antema para os formuladores de nossa polticaeconmica, quase todos ligados ao setor bancrio. Por iniciativa deRonaldo Sardenberg, ento Ministro da Cincia e Tecnologia, desde
2002 o Brasil tem taxado a importao de tecnologia com a tarifa de10% um valor ainda modesto.
Recentemente, o governo Lula vem implantando a Poltica Industrial,Tecnolgica e de Comrcio Exterior, que pode amadurecer attornar-se um importante propulsor da inovao tecnolgica em nossoPas. Nos pases industrialmente desenvolvidos, o grande empregadorde cientistas e engenheiros altamente qualificados so as empresas.
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Nos EUA, elas empregam mais da metade dos doutores em cinciasduras e muito mais da metade dos engenheiros com mestrado edoutorado. No Brasil, menos de 3% dos cientistas com doutoradotrabalham em empresas. Naquele pas, e em todos os outros que
lograram construir uma economia baseada na inovao, a academia universidades e centros estatais de pesquisa e as empresas constituemum organismo cooperativo cuja lgica est muito bem compreendidae aceita pelas partes: a academia forma os recursos humanos altamentequalificados para gerar inovao nas empresas e desenvolve a cinciabsica que d suporte a tal tecnologia; a diviso de atribuies cinciana academia e tecnologia na empresa amplamente entendida e aceita.
Essa no uma lei de ferro, mas talvez se faa mais cincia na empre-sa do que tecnologia na academia, o que revela o valor que a empresaamericana d ao conhecimento.
H vrias evidncias de que o maior obstculo criao de tec-nologia no Brasil a facilidade com que ela pode ser importada. Amais clara o fato de que, em todas as situaes em que o Pasprecisou de uma tecnologia no disponvel para compra, logrou
desenvolv-la com eficincia e agilidade. Um exemplo emblemtico oda agricultura. At trs dcadas atrs, o Brasil importava tcnicas paraa produo de gros, at reconhecer que tal tecnologia, desenvolvidapara climas mais frios, no era adequada para ns. Com o forte apoioda Embrapa, criada em 1973, o Pas passou a desenvolver sua prpriatecnologia agrcola, que no momento a que evolui com maiorrapidez em todo o mundo. O Brasil hoje dispe da melhor tecnologia
do mundo de produo de soja e cana, e est caminhando rapidamentepara tambm ter a melhor tecnologia de produo de milho, feijo,algodo e carne bovina.
Para conviver com uma inflao crnica, nossos bancos tambmtiveram de desenvolver a melhor tecnologia de informatizao bancriado mundo. No menos notvel foi a rapidez com que a Petrobrasdesenvolveu tecnologia para a explorao de petrleo em guas profundas.
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Aceita essa evidncia, a concluso inevitvel de que uma polticaindustrial que crie incentivos para que as empresas desenvolvam tec-nologia, e ao mesmo tempo crie nus para sua importao, deve gerarresultados muito positivos em prazos bastante curtos.
pr eciso inser ir a cincia na vida do Pas
Basta o exemplo da evoluo da nossa tcnica agrcola para demonstraro valor da cincia para nosso povo, e da importncia de desenvolv-la einseri-la na vida do Pas. O Brasil sempre sonhou tornar-se o celeirodo mundo. Mas nossa produo de gros estava estacionada em coisade 50 milhes de toneladas/ano, apesar de generosos subsdios gover-namentais ao setor. Usvamos pouca tecnologia e, o que ainda maisgrave, praticvamos tecnologia importada, imprpria para o climatropical e para nosso solo predominantemente cido e poroso.Consertado o equvoco, nas duas ltimas dcadas a produo mais doque duplicou e em 2005 devemos colher 120 milhes de toneladas degros. E isso ocorreu em um perodo em que os subsdios agrcolasforam drasticamente reduzidos. A produtividade (toneladas de gros
por hectare) cresce 6% ao ano, o que significa duplicar em 12 anos.Tal fato assombra o mundo inteiro. Mantido esse crescimento, mesmocom pouca ampliao na rea plantada, em uns 15 anos seremos amaior potncia agrcola do planeta. A nossa cincia est resgatando umsonho, que muitos j viam como utopia, e o est concretizando.
Desenvolvemos o chamado plantio direto, em que a arao muitodeletria para solos porosos em clima tropical suprimida. Dessa
forma, pou