Educaçao ambiental
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INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental é um ramo da educação cujo objetivo é a
disseminação do conhecimento sobre o ambiente, a fim de ajudar à sua preservação
e utilização sustentável dos seus recursos.
No Brasil a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais abrangente,
não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas
incorporando fortemente a proposta de construção de sociedades sustentáveis.
Mais do que um segmento da Educação, a Educação Ambiental tem como
proposta uma profunda discussão das questões que a competem em toda a sua
complexidade e completude.
Em vista da sua utilidade tornou-se lei em 27 de Abril de 1999. A Lei N°
9.795 – Lei da Educação Ambiental. Foi sem a menor dúvida uma grande conquista,
pois normatizou uma das questões mais preocupantes da atualidade. A conquista
pode ser percebida, por exemplo, em seu Art. 2° onde se afirma que: “A educação
ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não”. Assim entende-se que as ações
educativas que dizem respeito à conservação e preservação do ambiente devem
integrar todas as áreas e não apenas ser uma das atribuições específicas da
educação formal.
Portanto tem como principal objetivo despertar em todos a consciência de
que o ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão
antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo
esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante.
Sendo assim trata-se da ação educativa permanente pela qual a
comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo
de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas
derivados das relações do ser humano com o meio onde vive e suas causas
profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a
comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a
transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como
sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para a
transformação.”
9
A Educação Ambiental consiste em um processo de reconhecimento de
valores e clarificações de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades
e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-
relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos, ao passo
que está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que
conduzem para a melhora da qualidade de vida. Entende-se por educação ambiental
os processos por meio do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Este trabalho de pesquisa traz o histórico da Educação Ambiental, no
capítulo 1, pois apenas os conhecimentos de ações realizadas no passado podem
fundamentar a prática consistente na atualidade, em vista da verdadeira
compreensão da situação encontrada.
A busca de conhecimentos sistematizados, nesta pesquisa se faz de tal
forma interessante, pois as descobertas que vão se evidenciando no decorrer da
mesma, ao mesmo tempo em que trazem conhecimentos elaborados se fazem
como um incentivo a novas descobertas.
No capítulo 2 concentram-se as questões referentes a prática educativa da
Educação Ambiental, não apenas em nível escolar, mas sim em todo o contexto em
que se faz acontecer, entendendo que o conhecimento da realidade de uma forma
mais ampla se faz necessário para a verdadeira dimensão da importância d
Já o capítulo 3 trata da pesquisa em campo, que se institui em uma fonte de
ricas observações para que se estabeleçam parâmetros entre a teoria estudada e a
realidade encontrada. Esta pesquisa, realizada em três realidades distintas: nas
escolas municipais, na empresa que trabalha e Educação Ambiental e no
Departamento Municipal de Meio ambiente, promove uma interação maior entre as
ações realizadas em nível do Município de Arapoti. A escola deste campo de
pesquisa se justifica pelo fato de que todas as instituições citadas atuam no campo
educativo, no contexto escolar.
Por meio do conhecimento da realidade da Educação Ambiental no contexto
escolar, torna-se possível refletir sobre as questões de forma crítica e responsável,
sabendo-se sujeito da própria produção do conhecimento e da sua aplicabilidade.
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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1. 1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – HISTÓRICO BRASILEIRO, FUNDAMENTAÇÃO
LEGAL E CONCEITUAÇÃO
A análise dos problemas ligados ao ecossistema e a necessidade de uma
ampla “educação ambiental”, no plano federal se deu a partir de grandes pressões
da sociedade, assim como atuação consistente de ambientalistas.
Embora não seja uma atividade recente no Brasil, o seu conceito de
preservação ambiental era citado numa perspectiva mais ampla como Educação
Conservacionista.
A Educação Ambiental já era citada no Decreto Legislativo Federal nº 3, de
fevereiro de 1948 (FBCN/CESP, 1986), o qual aprovava a concessão para a
proteção da fauna, da flora e belezas cênicas naturais dos países da América. Mais
tarde ela volta a aparecer, no Código Federal (Lei Federal nº 4.771 de 15 de
setembro de 1956; Machado 1991). Desse modo se observa que a preocupação em
educar para a preservação do meio ambiente, mesmo que seja numa concepção
mais limitada que a atual já tem mais de 50 anos.
A Educação Ambiental foi formalmente instituída no Brasil, pela Lei
Federal nº 6.938, sancionada em 31 de agosto de 1.981, que criou a Política do
meio ambiente (PNMA), sendo este um dos marcos históricos na instituição de
defesa da qualidade ambiental brasileira. Resultado este de uma luta conjunta de
parlamentares, ambientalistas e acadêmicos.
Dessas ações nasceu o Conselho Nacional de meio ambiente
(CONAMA), que deliberava sobre as medidas legais para a instrumentalização do
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Plano Nacional do Meio Ambiente, elaborando a cadastro técnico federal das
atividades e instrumentos de defesa ambiental no Brasil, certificando e organizando
os agentes ambientais. Um dos seus princípios seria de que a E. A. Deveria ser
praticada não apenas restrito ao nível formal, como também informal, como
educação comunitária.
A partir da década de 80, a E. A. Passou a ser implementada, quando
o órgão oficial ambiental: a Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) concentrava seus
esforços na criação de normas e diretrizes para a fiscalização do patrimônio sócio-
ambiental brasileiro. Neste contexto a E. A., que mesmo permeando estes
documentos, não eram prioridades oficiais, embora educadores tentassem
regulamentar leis específicas sem sucesso.
Em vista disso organizações não governamentais, assim como as
universidades, empresas, movimentos sociais e ambientalistas entraram na luta para
a defesa do meio ambiente.
Dentre as ações realizadas estão eventos para debater as questões
ambientais como o “1º Encontro Nacional de educação para o meio ambiente,
realizados em setembro de 1.988, constando com a participação de vários órgãos
como: SEMA, Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPQ), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional do
Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), Petróleo Brasileiro (PETROBRAS)
e ainda a Sociedade dos engenheiros florestais, como patrocinadores deste evento.
A participação efetiva de representatividades tão importantes trouxe uma maior
valorização para as questões relativas à E. A .
1.1.1 A educação ambiental na Constituição Brasileira
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Na Constituição Brasileira, de 1988 a Educação Ambiental foi citada (Inciso
VI do Artigo 225 do capítulo VI do meio ambiente), sendo que para Pedrini e Pedrini
(1991) tratava-se apenas de uma referência sem conotações pedagógicas, não
constando no capítulo III da Educação, sendo que para os autores isso significa uma
percepção restrita da dimensão ecológica, excluída uma visão holística desse tema.
No momento presente a Educação Ambiental está recebendo um tratamento
diferenciado, em vista das demandas existentes, sendo prioritamente realizada nos
órgãos ambientais. Essa importância advem das constantes comprovações das
necessidades de preservação em busca da continuidade da vida com qualidade.
Em 1994, o ministro do Meio ambiente e da Amazônia Legal, Henrique
Brandão Cavalcanti, numa atitude sensata e até mesmo merecedora de aplausos,
determinou ao IBAMA (1994) que elaborasse o primeiro Programa Nacional de
Educação Ambiental (PRONEA), cabendo esta missão à diretoria de incentivo à
pesquisa e divulgação do IBAMA, cuja proposta elaborada serviu como marco
referencial conceitual-metodológico à declaração da Conferência de E. A. em Tbilisi,
na Geórgia.
Este evento é considerado um dos principais, sobre Educação Ambiental do
Planeta. A referida conferência foi organizada a partir de uma parceria entre a
UNESCO e o Programa de Meio Ambiente da ONU - PNUMA e, deste encontro,
saíram as definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação
Ambiental, estabelecendo que: ”O processo educativo deveria ser orientado para a
resolução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques
interdisciplinares e, de participação ativa e responsável de cada indivíduo e da
coletividade.”
13
1.1.2 A capacitação de pessoal para a atuação na educação ambiental
De acordo com levantamento realizado em 1994, o IBAMA propôs ao
PRONEA capacitar 305 mil pessoas, entre docentes, técnicos dos Sistemas
Educacionais, educadores que atuavam em órgãos do meio ambiente e entidades
da sociedade civil e ainda 12 mil profissionais do SISNAMA, criado pela LEI Nº
6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 - Art. 1º Esta lei, com fundamento nos incisos
VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e institui o Cadastro de Defesa
Ambiental. A instituição deste sistema trouxe grandes avanços para a implantação
de uma política mais eficiente de controle das ações de degradação do ambiente ao
passo que interfere diretamente na educação ambiental.
É possível constatar que neste período houve um grande empenho por parte
dos órgãos governamentais em relação à busca de um melhor trabalho de
conscientização e intervenção na realidade em prol da preservação do meio
ambiente, pois além das medidas anteriormente citadas, o IBAMA apoiou 120
projetos de pesquisa para a geração de novas metodologias para a prática de E. A.,
apoiando também 500 novos projetos que trabalham para integrar a E. A. na gestão
ambiental. Com bases nestas informações é possível afirmar que o PRONEA se
constitui, nesse período, em um órgão adequado e eficaz para trabalhar na
instalação da E. A., no Brasil, de forma articulada e organizada, sendo a melhor
política operacional do IBAMA.
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Dentro deste contexto ressaltam-se os esforços dos educadores do IBAMA
em fazer a sua parte, com a formulação de programas e diretrizes para a E. A .,
sendo que, através da divisão de Educação Ambiental (DIEA) elaborou proposta
preliminar às diretrizes para E. A . (DEA), em novembro de 1995, que prevêem a
criação do Programa de Estudos e Pesquisas e Educação Ambiental (PEPEA) ,
sendo que dependendo da dotação de recursos a serem alocados nesta linha
pragmática o Brasil poderá inovar em E. A .
1.1.3 A efetivação da educação ambiental no currículo escolar
A Educação Ambiental aparece como um conteúdo de salutar importância
na educação de todo um povo, seja em qualquer etapa da mesma. Sendo assim
existe aclara necessidade de que a mesma seja instituída como política de
desenvolvimento dentro dos órgãos competentes. No que diz respeito a atuação dos
órgão educacionais, o Governo federal emitiu o parecer 226/87, de 11 de março de
1987, indicando o caráter indisciplinar da E. A . e recomenda sua realização em
todos os níveis de ensino. Tempos depois em maio de 1991, o MEC baixou uma
portaria recomendando a instituição da E. A. como conteúdo disciplinar em todos os
níveis de ensino, divulgando também, na mesma época, documento que
apresentava uma política de E. A. que a centrava na instituição de centros de E. A.
(CEAs) em todas as regiões brasileiras.
A Educação ambiental é definida, de forma clara e abrangente, por meio do
Art. 1o da Lei nº. 9.795 de abril de 1999, como:
Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo para o desenvolvimento de uma
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consciência crítica e estimulando o enfrentamento das questões ambientais e sociais. (Lei nº. 9.795)
Reflete que ao se definir como uma das políticas de grande impacto na
realidade, ao mesmo tempo traz as implicações de mudanças de paradigmas que
estabnelece. Desenvolve-se num contexto de complexidade, procurando trabalhar
não apenas a mudança cultural, mas também a transformação social, assumindo a
crise ambiental ambiental uma questão ética e política.
A E. A. Consta no inciso I do artigo 36, da Lei das Diretrizes de Base da
Educação Nacional (LDB), sendo prevista para ter conteúdos curriculares da
educação básica e ser ministrada de forma interdisciplinar integrada em todos os
níveis de ensino. Esta forma de colocação demonstra que a E. A. é inexpressiva no
plano federal, porém não se pode deixar de ressaltar que existe o interesse dos
educadores em desenvolver ações que despertem a tomada de consciência par os
graves problemas ambientais decorrentes de nossas práticas diárias, todavia o
mesmo parece não acontecer com os gestores do MEC, pois não se tem
estabelecidos como prioridades a educação ambiental, como parte importante do rol
de disciplinas em nossas escolas. Isso gera certo descomprometimento em cumprir
na íntegra, o que prevê a Constituição Federal, ao expressar que:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações. (Artigo 225 da Constituição)
Analisando o contexto em que se fundamenta a base legal da educação
ambiental, percebe-se, que mesmo com os esforços realizados ainda existe certo
atraso do Brasil, em relação a outros países, no que diz respeito à E. A., pois ao
buscar conhecer, mesmo que de forma superficial, as leis e desenvolvimento da E.
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A. nos países mais desenvolvidos, constata-se que existe uma maior
conscientização da importância da E. A. por parte de toda a população, ao passo em
medidas são criadas e normas são estabelecidas e cumpridas em prol da
preservação do meio ambiente.
Torna-se então, de fundamental importância um maior empenho de todo o
sistema educativo, assim como da sociedade civil na criação de políticas específicas
que garantam a efetivação da Educação Ambiental em todos os contextos da
educação básica, assim como em situação educativas não formais.
1. 2 DIAGNÓSTICOS NACIONAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A evolução da E. A. no Brasil foi descrita primeiramente na década de 80,
por Klasilchic (1986). Este baseou-se na análise de iniciativas pontuais de
programas de E. A. No Brasil. Neste contexto levantaram-se questionamentos,
como: O cidadão brasileiro, além dos educadores, tem consciência de que a E. A. é
um instrumento de política para a qualidade ambiental? Este e outros
questionamentos levam ao conhecimento de que os indivíduos, naquele momento,
assim como encontramos ainda hoje não tinham o conhecimento da real importância
de se estabelecer medidas de educativas em relação à preservação do ambiente
como a condição básica para a própria sobrevivência.
1. 2. 1 Processos de construção da educação ambiental
17
A realidade vivenciada na Educação ambiental muitas vezes está
relacionada com a falta de apoio governamental. Mesmo assim seus agentes e
educadores vem tomando iniciativas plausíveis e realizado a ações que se fazem
possíveis. No entanto segundo REIGOTA (1999, p. 154), “Os praticantes da
Educação Ambiental são uma (...) minoria ativa. Com a insistência e a pertinência de
seus trabalhos, fizeram com que a Educação ambiental conquistasse o espaço e o
prestígio atuais”. Refletindo esta afirmação identifica-se o grande esforço por parte
de camadas da sociedade que buscam uma nova forma mais participativa de
interagir em prol de melhorias na qualidade de vida para esta e gerações futuras em
vista da educação ambiental.
Para LEFF (2001, p. 257) “A Educação Ambiental traz consigo uma nova
pedagogia que surge da necessidade de orientar a educação dentro do contexto
social e na realidade ecológica e cultural onde se situam os sujeitos e atores do
processo educativo”. Assim pensar em E. A. pressupõe a iniciativa de uma nova
postura em vista da realidade e dentro do contexto de vida do aluno. Não basta
trazer a informação é preciso praticá-la, em ações constantes no ambiente,
demonstrando as causas e conseqüências das pequenas ações do dia-a-dia.
O indívíduo deve ser levado a tomar iniciativas ao ser um conhecedor da
realidade que o cerca, assim como a causa e conseqüência de seus atos na
interferência direta ou indireta no meio ambiente, porém para que se possa alcançar
este grau de conscientização, que gera a postura crítica e construtiva torna-se
necessário um amplo trabalho desde a primeira infância, na educação de toda uma
geração, que possa atuar dentro dos parâmetros ecologicamente corretos em
relação aos cuidados com o ambiente.
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1.2.2 Pesquisa realizada sobre as questões ambientais relacionadas à
educação
CASTRO e PEDROSA (1991, Apud Pedrini 1997, p.90), conduziram uma
ampla pesquisa entre docentes universitários de Pedagogia e Ciências Biológicas,
que ensinam E. A. no currículo formal na cidade do Rio de Janeiro, concluindo que
todos estes educadores ambientais possuíam a real dimensão ecológica. Estes
resultados possibilitam uma reflexão mais aprofundada da realidade em que
estamos inseridos.
Quando constatamos que o campo da pesquisa se limita a apenas um
estado, como no caso da citada anteriormente, observa-se que se trata da
demonstração cultural de um grupo isolado. Isso nos leva a perceber que mesmo
existindo alguns grupos onde se faz presente de forma mais efetiva a educação
ambiental, não se pode tomar como referencia nacional. Todavia este resultado de
pesquisa traz uma grande satisfação a todos que se empenham, de uma forma ou
de outra, na efetivação da educação ambiental no contexto escolar.
Ainda de acordo com PEDRINI (1997, p. 92) e ainda as contribuições de
autores como CALAZANS (1993) BRÜGGER (1994) e LAYRARGUES (1996), que
abordam as questões da subordinação do Brasil em relação ao desenvolvimento
sustentável, pregado em debates ecológicos. Sendo este nada mais que apenas o
sustento por agencias internacionais, de programas que prejudicam a verdadeira E.
A. ao passo que apenas o país cada vez mais devedor, aos bancos ditos
desenvolvimentistas, mais que na realidade estão interessados nas riquezas
naturais do país, sendo que isso pode ser confirmado no discurso incoerente, que
demonstra a racionalidade empresarial econômica, num discurso político vazio
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daqueles que se intitulam “empresários verdes”, mas na verdade são apenas
empresários transnacionais em busca de uma nova civilização.
Dentro deste contexto deve-se buscar atuar de forma coerente em vista das
verdadeiras necessidades do povo, sem esquecer que as questões ambientais
repercutem em tempos e espaços muito abrangentes para ser tratada como uma
questão particular, de um lugar ou de tempo específico.
As ações praticadas por esta geração podem determinar o modo de vida das
futuras, assim como hoje vivemos as conseqüências das ações praticadas por
nossos antepassados, em vista da degradação ambiental e do uso indiscriminado
dos recursos naturais.
A E. A. se fundamentada nos princípios legais que a determinam, encontram
nos eventos mundiais bases sólidas para seu desenvolvimento. A Conferência de
Tbilisi, realizada na Geórgia (Antiga URSS), em 1977 recomenda-a os enfoques
interdisciplinar e sistêmico.
Nesta visão a E. A. encontra respaldo para se estabelecer dentro e
toda a disciplina ao mesmo tempo em que se determina a sua importância pela
sistematização dos conteúdos a serem trabalhados.
Numa sociedade onde a educação ainda adota a postura de avaliar o aluno
medindo o conhecimento adquirido, pelos processos diversos de avaliação que
culminam com a determinação da nota, percebe-se que determinado conteúdo
passa a ter maior valor no processo pedagógico ao ser estabelecido para tal valor ou
peso, quando se constitui em parte integrante do currículo. Entretanto a pluralidade
metodológica ainda é problemática em E. A. sendo que se constituem em
contradições que podem criar elementos inerciais à superação das questões sócio–
ambientais, como sementes da mudança e dos atos criativos dos homens. Dentro
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destas ações se destaca os modelos de ocupação da terra e a sustentação dos
mesmos pela natureza.
Neste contexto observa-se que existe a necessidade da preservação do
solo, e outros componentes do meio ambiente em vista da preservação das
espécies. Para VERNIER (1994, p. 109), “Um dos meios de salvar as espécies e
seu habitat é criar reservas ou parques”. Porém um povo deve ser educado para a
verdadeira preservação que vai muito além de simplesmente isolara as espécies
para que se possa ter a sobrevivência da mesma. Enquanto não houver um
processo educativo capaz de integrar a sustentabilidade com o desenvolvimento e
progresso de todo o povo dificilmente se alcance um patamar superior de
preservação do meio ambiente em vista do processo educativo.
21
2. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO EDUCATIVO
Ao realizar a pesquisa bibliográfica em relação a realidade da E. A. dentro
do processo educativo, verifica-se que a mesma é constantemente relacionada
com o campo da Biologia, porém a intencionalidade não parece ser reduzi-la a em
seu conceito, mas apenas entender a evolução do pensamento biológico almejando
alcançar o pensamento holístico tão defendido pelos ambientalistas. Sendo que
defender um pensamento holístico e integrado não implica em transcender antigos
paradigmas científicos de visão de mundo e natureza. Dentro deste contexto, é
possível afirmar que desde a realização de conferências, que marcaram a
necessidade de se desenvolver a E. A. em vários âmbitos e níveis, não houve um
efetivo aprofundamento teórico consistente. Entretanto sabe-se que para uma clara
compreensão dos conceitos de ecologia se faz necessário alguns conhecimentos
básicos na área de Biologia, entendendo que esta apresenta a realidade como um
equilíbrio sempre instável, sendo passível e avaliação e busca de resultados cada
vez mais apurados.
2. 1 A AVALIAÇAO DA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Segundo PEDRINI (1997) a década de 90 foi a mais produtiva em avaliação
sobre a prática da E. A. no Brasil. DIAS (1991) conta os bastidores da formulação do
projeto de informações sobre E. A. , de cuja formulação participou, sendo que este
documento foi enviado para o IBAMA e MEC onde permaneceu em espera de
exame por nove meses, quando o Presidente da República exigiu a publicação
urgente do documento, depois de publicado, com uma tiragem de 100 mil
22
exemplares, foi distribuído em todo o território nacional, ainda acrescentado na
revista Nova Escola.
Outras análises ainda foram realizadas, como a publicada pelo INEP, onde
se pretendeu que a análise fosse sobre os principais atores sociais envolvidos com a
E. A. brasileira. Em 1994 foi realizado um novo estudo, solicitado pelo Instituto
Brasileiro de Educação Ciência e Cultura (IBGECC), para a UNESCO, baseado no
estudo empírico de quatro ONGS brasileiras, das regiões sul e sudeste. Trabalho
este que demonstra os objetivos da E. A., restrita apenas a difusão em escolas não
parece ter como meta principal a transformação da realidade em vista da mudança
de hábitos, questionando a qualidade da E. A. realizada no pais, sugerindo a
necessidade de avaliar e repensar o processo de E. A . Em todo o país. Após estas
colocações convém ressaltar a existência, mesmo que parcial, de recursos
financeiros para a realização de uma E. A. de qualidade, tanto na instância
ambiental como na área educacional, necessitando estímulo e capacitação de
educadores ambientais.
Dentro deste contexto, mesmo que ainda não atinja a superioridade na área,
o Brasil é detentor de inúmeras leis, tanto pelo lado educacional – Projeto de Lei de
Diretrizes de Base em Educação Nacional (LDB) – Portaria do MEC n º 678, quanto
pela dimensão ambiental: a Lei 6.938/81 que criou a Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA). Estas ações demonstram uma abordagem clara da E. A. como
permeadora de uma educação construtora de novas posturas, hábitos e condutas,
que visa à transformação da sociedade em vista de melhores condições de vida,
baseando-se nos pressupostos pedagógicos das DI/UNESCO. Entende-se, desta
forma que a E. A. passa ater uma maior interferência na realidade educativa,
adotando os parâmetros da sustentabilidade.
23
2.1.1 Críticas e propostas dentro da Educação Ambiental
A realidade vivenciada na Educação ambiental muitas vezes está
relacionada com a falta de apoio governamental. Mesmo assim seus agentes e
educadores vem tomando iniciativas plausíveis e realizado a ações que se fazem
possíveis. No entanto segundo GUIMARÃES; REIGOTA (1995), a E. A. brasileira
caminha sem objetivos e métodos de ação e avaliação claramente definidos por
muitos de seus praticantes. Esta afirmação reflete o descontentamento de pessoas
que lutam pela efetivação de um processo muitas vezes lento e dificultoso de
trabalho em vista das implicações burocráticas que envolvem.
Que mesmo com a necessidade de urgência de se tratar os temas de
educação ambiental, ainda existem resistência que impedem o bom
desenvolvimento da prática da mesma. DIAS (1993) afirma que a E. A., na maioria
de vezes se traduz em meras aulas de ciências ou biologia no seu conteúdo
naturalista. Segundo a autora esta confusão conceitual pode estar relacionada ao
fato da mesma estar sendo praticada e difundida, na maioria dos casos, por
ambientalistas incapacitados.
Mesmo ocorrendo a boa vontade de atuar em determinada área se torna
essencial o conhecimento específico bem fundamentado, para que se possa ter as
ações efetivas que realmente provoquem uma mudança de postura e hábitos
levando efetivando o verdadeiro aprendizado.
2. 2 A QUESTÃO SÓCIO-AMBIENTAL
24
Vivemos um contexto onde o discurso e a base legal muitas vezes não
condizem com a prática e a realidade vivenciada. Apesar da proibição de113
produtos agrotóxicos em vários países, 29 deles são permitidos no Brasil, sendo o
fator responsável pela alta taxa de veneno em nossa corrente sanguínea. Que é de
572,6 ppb (parte por bilhão), comparada pelo fato da mesma ser de 43,3ppb na
Argentina, 22,7 nos E.U. A. e de 14,4 ppb 1na Inglaterra. Classificando o Brasil como
o terceiro maior consumidor de agrotóxico no mundo. Ao passar por rodovias da
área rural é como presenciar-se a aplicação de agrotóxicos, por pequenos
agricultores, sem o menor cuidado com proteção e segurança. As atitudes de um
povo revelam a sua educação ao passo que a prática demonstrada evidencia o que
se discute e aprende em relação a educação ambiental.
Quando se percebe que um povo não tem cuidado pelo seu próprio espaço
e meio, a começar pelo seu corpo, observa-se o quanto e urgente a tomada de
consciência da necessidade da E. A., em todos os níveis da educação.
Ao aceitar ingerir os produtos de uma cultura agropecuária que não esta
tendo os devidos cuidados com o ambiente, de certa forma se contribui para que
ocorra a continuação deste processo. Entretanto vivencia-se uma política ambiental,
onde os altos preços dos produtos, que apresentam uma melhor condição, de saúde
se tornam inacessíveis à maioria da população.
Enquanto se perdura estas situações conviver-se com índices cada vez mais
alarmantes de doenças e outros males causados por esta alta taxa de veneno no
sangue, que infelizmente nós brasileiros possuímos.
Segundo CUSTÓDIO (1991), situações como estas de interesse sociais,
econômicos e políticos, clamam por uma E. A. efetiva assim como políticas públicas
1 PPB: parte por bilhão na corrente sanguínea. No brasileiro essa taxa é altíssima em relação aos habitantes de países desenvolvidos que possuem uma legislação ambiental mais efetiva.
25
conseqüentes. Entretanto a educação ambiental ainda caminha a passos lentos,
mesmo com a gravidade da situação, pois está interrelacionada com a questão
socioeconômica, ao passo que mesmo existindo a demanda por ações
ecologicamente corretas, muitas vezes essas ações se determinam pelo poder
aquisitivo ou por interesses econômicos da classe dominante.
De acordo com GLEICK (1990) o desenvolvimentismo e o preservacionismo
reduzem a questão sócia econômica a sistemas lineares, com pontos fixos. Sendo
estes sistemas anti-econômicos e anti-sociais, pois aumentam as favelas, excluem
seus habitantes de suas atividades no seu próprio habitat. Ao passo que promove a
violação dos direitos humanos, reduzindo áreas de preservação natural a ambientes
para o lazer e contemplação das classes mais favorecidas.
Estas questões se evidenciam também no processo de ocupação da terra,
no êxodo rural e na formação dos grandes latifúndios, onde predomina a
monocultura que direciona as questões econômicas envolvendo os produtos de
alimentação básica.
As pessoas oriundas das áreas rurais se aglomeram mesmo nas cidades do
interior, em favelas e bairros afastados sem condições sanitárias de higiene,
necessárias para uma vida saudável, aumentam mais e mais os casos de problemas
ambientais, pois as condições precárias em que vivem determinam o meio de
sobrevivência ao qual recorrem.
2. 3 IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS NA REGIÃO SUL DO BRASIL
A região Sul possui as mais baixas temperaturas do país assim como os
solos mais férteis, cobertos inicialmente por floresta mista de araucárias ou campos
26
nativos no Rio Grande do Sul e por vegetação de mata atlântica na serra do mar.
Nesta área desenvolveu-se, e ainda se desenvolve o desmatamento em virtude da
agricultura mecanizada, com alto uso de agrotóxicos dentro de atividades de
monoculturas, prejudiciais ao solo, degradando-o e ainda provocando o
assoreamento e a poluição dos rios. Também deve ser citada a construção de
matadouros e curtumes no Rio Grande do Sul como um fator de poluição e prejuízo
da vida aquática, entre outros fatores. Em relação à mata atlântica, mesmo tendo
uma grande área no passado, hoje se encontra reduzida a 5% de seu tamanho
original, levando ao conceito de que a ocupação do espaço, dentro do
desenvolvimento pode ser extremamente prejudicial ao meio ambiente.
Situações como estas refletem de que forma o povo é educado para a
preservação do espaço em que se está inserido. Pensa-se primeiro no
desenvolvimento econômico da região, para depois, se for viável, buscar o
desenvolvimento da prática de preservação ambiental.
Ao se pensar a região sul tem-se em mente uma das regiões mais
desenvolvidas economicamente do nosso país. Todavia mesmo buscando efetivar-
se a E. A. de forma consistente ainda temos muitos pontos falhos a serem
trabalhados com eficiência, em prol de uma melhoria de qualidade de vida para
todos.
2. 4 EVENTOS IMPORTANTES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Dentre os eventos ocorridos que atuam como determinantes das ações em E.
A., encontram-se a RIO + 10. Mesmo no processo preparatório deste evento já
27
foram estabelecidas metas de atuação significativas, na referida área. As
delegações da sociedade civil que participaram da Reunião Preparatória de Redes
da Sociedade Civil da América Latina e Caribe para Rio+10, ocorrida em outubro de
2001, estabeleceram um plano que abrange quatro áreas de ação:
1. Reconfirmação de princípios e compromissos acordados em
outros acordos posteriores;
2. Obstáculos e lições aprendidas;
3. Considerações atuais;
4. Compromissos futuros
Nesta perspectiva observa-se que as ações a serem realizadas contemplam
todas as dimensões da prática em E. A. se constituindo em um dos pontos
marcantes da mudança de postura e atitudes, em vista de um processo de
conscientização contínuo elaborado de acordo com as possibilidades e
necessidades específicas de cada região.
Os tópicos a seguir demonstram o que se propõe e se espera da educação
ambiental, enquanto prática educativa estabelecida não apenas nos espaços
formais:
A democracia e a paz têm ajudado a incorporação da temática
ambiental nos processos de desenvolvimento;
É preciso repudiar as políticas que distorcem o acesso ao
mercado internacional, eliminando-se subsídios às exportações;
Renovar os compromissos com o Fundo Mundial para o Meio
Ambiente (GEF) e outras agências multilaterais de financiamento
28
Reconhecer a necessidade de um sistema econômico
internacional estável, previsível, aberto e inclusivo e a participação da
sociedade civil
Ficar atento a possíveis condicionamentos ambientais e uma
interpretação abusiva do princípio da precaução
Destacar que os padrões de produção e consumo não
sustentáveis juntamente com mecanismos comerciais e financeiros dos
países desenvolvidos
Nesta perspectiva se prevê uma cooperação que permita melhorar as
condições de vida das gerações atuais e futuras via esforços que fortaleçam a
cooperação sub-regional e regional, atendendo às necessidades dos mais
vulneráveis e promovendo uma globalização sustentável.
Estabelecer uma prática verdadeiramente educativa abrange a estrutura
para um desenvolvimento sustentável cuja base inclua o compromisso de oferecer
capacitação em nível local, nacional e regional, fortalecendo instituições com o fim
de promover a integração de políticas ambientais, sociais e econômicas. Assim
sendo torna-se necessário:
Fortalecimento do papel da sociedade civil para o compromisso
efetivo com os processos de tomada de decisões voltados ao
desenvolvimento sustentável, divulgação de informação e aumento de
conscientização da sociedade;
Criação de sistemas de capacitação de âmbito local, nacional e
regional, aumentando desta maneira os mecanismos de consenso entre
governo e sociedade civil;
29
Promoção de mecanismos flexíveis e adequados para tratar do
desenvolvimento sustentável nos fóruns multilaterais (fonte: WWW. Rio +10)
2. 4. 3 AGENDA 21?
A Agenda 21 foi uma idéia que surgiu ao logo da Rio-92, consistindo de um
programa de ações e princípios, elaborado por cerca de 180 países, que visava
estabelecer, já no início do Terceiro Milênio, em escala planetária, um novo padrão
de desenvolvimento econômico com justiça social e proteção ao meio ambiente para
as atuais e futuras gerações. Mas é possível localizar o fator desencadeante da
Agenda 21 em 1972, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou, em
Estocolmo, Suécia, a 1ª Conferência sobre o Ambiente Humano, na qual se
estabeleceu um programa de medidas e princípios que jamais foi cumprido porque
não previu como a Agenda 21, as ações efetivamente necessárias para oferecer a
toda a humanidade um mundo mais justo e ambientalmente saudável.
Vale lembrar que a Agenda 21 é de cumprimento facultativo, pois não tem o
peso de uma lei, uma vez que os países signatários não sofrem qualquer sanção
pelo fato de não programarem seu conteúdo. Daí a necessidade de se inaugurar um
processo de planejamento participativo baseado no fortalecimento da consciência
social e do exercício de cidadania para que este instrumento político promova
mudanças de caráter efetivo nos países signatários desse acordo global.
2. 4. 4 Os tratados referentes a postura dos países em relação a busca de
melhorias para o povo
30
Os 40 capítulos da Agenda 21 abrangem todos os temas que afligem o
mundo contemporâneo, fazendo recomendações para a superação dos impasses.
Entre eles, a dívida externa dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento,
fome, saneamento básico, agricultura sustentável, educação, biodiversidade,
produção industrial mais limpa, lixo, água, bioética, mudanças climáticas, destruição
de florestas, questões de gênero etc.
A Agenda 21 aponta como plenamente possível a construção de um mundo
melhor, desde que cada um – Governo, setor produtivo e cidadão - assumam a sua
parcela de responsabilidade quanto ao que pode e deve fazer para pôr um ponto
final nos desequilíbrios de todas as ordens que hoje assolam as várias sociedades
humanas.
Na Rio-92 ficou ajustado que os cerca de 180 países signatários da Agenda
21 deveriam, a partir dessa diretriz global, elaborar sua própria Agenda 21 Nacional,
buscando primordialmente eliminar a pobreza, promover os direitos humanos e
elaborar de forma participativa uma política interna norteada para o desenvolvimento
sustentável.
Desenvolvimento sustentável é conceito que tem origem num princípio
fundamental da Ecologia, o de que não podemos tirar da natureza nada além do que
ela é capaz de repor, ou seja, satisfazer as gerações presentes sem comprometer o
atendimento das necessidades das futuras gerações.
Essa noção de limite é a única capaz de colocar um freio a um processo já
em curso, mas ainda reversível: o do completo exaurimento dos recursos naturais do
planeta e conseqüentemente destruição da atual humanidade. (Torres, 2007)
31
2. 4. 5 O Protocolo de Quioto
Este tratado é consequência de uma série de eventos e constitui-se no
protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a
redução da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de
acordo com a maioria das investigações científicas, como causa do aquecimento
global.
O documento acima citado foi discutido e negociado em Quioto no Japão em
1997, foi aberto para assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de
março de 1999. Oficialmente entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, depois
que a Rússia o ratificou em Novembro de 2004. Ele se propõe um calendário pelo
qual os países desenvolvidos têm a obrigação de reduzir a emissão de gases do
efeito estufa em, pelo menos, 5,2% em relação aos níveis de 1990 no período entre
2008 e 2012, também chamado de primeiro período de compromisso.
A redução das emissões deverá acontecer em várias atividades econômicas.
O protocolo estimula os países signatários a cooperarem entre si, através de
algumas ações básicas:
Reformar os setores de energia e transportes;
Promover o uso de fontes energéticas renováveis;
Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados
aos fins da Convenção;
Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e
dos sistemas energéticos;
Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.
32
Se o Protocolo de Quioto for implementado com sucesso, estima-se que
deva reduzir a temperatura global entre 1,4ºC e 5,8ºC até 2100, entretanto, isto
dependerá muito das negociações pós período 2008/2012, pois há comunidades
científicas que afirmam categoricamente que a meta de redução de 5,2% em relação
aos níveis de 1990 é insuficiente para a mitigação do aquecimento global. Obtido
em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Protocolo_de_Quioto. Acesso em: 2010/2007.
2. 5 QUESTÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO DO
AMBIENTE
2. 5. 1 Os resíduos sólidos
Os resíduos sólidos, o lixo que produzimos aquilo que para nós não tem
serventia pode ser a fonte de sobrevivência para muitos. Isso demanda uma postura
mais crítica em relação ao tratamento que damos a esses resíduos. (TORRES,
2007, p. 327)
Como reconheceu a Agenda 21, “o equacionamento da gestão de resíduos
deve seguir a ordem de prioridades: redução de produção, reutilização e reciclagem,
assim como uma disposição final adequada”. Assim sendo percebe-se a grande
importancia de trabalhar as questões referentes a destinação dos resíduos, como a
separação seletiva, como forma de melhoria do meio ambiente e economia dos
recursos naturais, ao passo que ao se educar para o redução, o reaproveitamneto e
a separação seletiva, em vista da reciclagem, economiza-se energia e recursos
naturais.
33
De acordo com norma da ABNT 19.004/1987, por rersíduo sólido se
entende:
...os resíduos no estado sólido e semi-sólido que resultam da atividade da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços de varrição, tratamento de água, gerados por equipamentos de controle da poluição, bem como os líquidos que possuem partículas que são inviáveis de serem lançados em redes de esgoto.
Esta afirmação estabelece a conceituação daquilo que se refere ao resíduo
que denomina-se vulgarmente lixo. A partir do conhecimento estabelecido demanda-
se ações em vista das possibilidades de conservação e preservação que os
cuidados adequados com os resíduos produzidos.
Na atualidade existe uma grande “campanha” de incentivo ao consumo
discriminado, assim como o destino adequado dos resíduos. Entre as ações pode-se
citar o fato de cooperativas de catadores de resíduos, grandes indústrias de
reciclagem. Todavia estas atividades são incentivadas em vista das atribuições
financeiras que demandam, ainda falta, na população a verdadeira conscientização
da necessidade da separação seletiva dos resíduos, o que favoreceria a reutilização
e reciclagem dos mesmos.
O lixo doméstico se constitui em dos grandes vilões da poluição ambiental.
De acordo com VERNIER (1994, p. 70) “já se foi o tempo em que para eliminar seu
lixo bastava jogá-lo para na rua, em que porcos e cachorros davam um jeito nele.”
Emtempos passados o lixo doméstico se resumia a materiasis orgânicos, que se não
fossem consumidos pelos animais facilmente se desintegrariam. Na atualidade o lixo
doméstico se constitui, em grande parte em embalagens de metal, plástico e vidro.
Dentro da perpectiva de dispodsição final dos resíduos, existe também a
questão do transporte do mesmo, que deve ter cuidados especiais, diferindo em
34
relação ao tipo de material transportado. Entre os resíduos transportados
encontram-se aqueles de alto grau de periculosidade, como resídos químicos e até
mesmo hospitalar.
Para o transporte de tais cargas existe uma legislação específica da Agência
Nacional de Transportes Terrestre - Resolução Nº. 420, de 12 de feveiro de 2004,
aasim como outras lei complementares. Todavia segundo Rodrigo Zevzikovas
( Revista Gestão de Resíduos, nº. 09 - Ano II – Julho/agosto 2007, p. 14) a grande
dificuldade está na fiscalização do transporte destas cargas e na oferta do menor
preço, que leva os produtores de tais resídios a optar pela solução que se apresenta
economicamente mais viável, porém com sérios comprometimentos no que se refere
às questões de segurança e confiabilidade.
Percebe-se ainda que relação às questões que envolvem os resíduos
orgânicos, constata-se que existe certa imparidade entre as ações e os discursos
estabelecidos, pois enquanto milhares de pessoas passam fome ou consomem
menos que o mínimo estabelecido para que se possa ter uma vida saudável,
toneladas de alimentos são dispostas nos grandes lixões todos os dias. Vale lembrar
que ter um ambiente saudável implica na forma como o ser humano estabelece suas
relações em vista das possibilidades de saúde física, mental e até mesmo espiritual
do ser humano.
2. 5. 2 A poluição das águas, do solo e do ar
Em tempos passados o homem estabelecia sua morada perto de um
manancial de água, onde cultivava o solo para sua subsistência. Dessa forma o
35
acesso à esse meio fundamental de sobrevivência era garantido. Todavia esta
postura trouxe um uso indiscriminado deste recurso natural, sendo que ao
aglomerar-se, na formação até de cidades, às margens de rios ou nascente, os
dejetos humanos e outros resíduos produzidos pelos mesmos passaram ao poluir o
solo, o ar e os mananciais, originando até mesmo a escassez desta fonte de vida,
sendo agora fonte de preocupação por parte das autoridades, que buscam
estabelecer políticas de recuperação e conservação deste recurso, enquanto ainda
há tempo. Problema este que se agrava a cada ano nas grandes cidades e até
mesmo no contexto rural em vista do uso de agrotóxicos.
As questões interrelacionadas com a preservação das águas, se encontram
alicerçadas na mudança de postura de toda a sociedade. VERNIER (1994, p. 18)
Reflete que não basta construir estações de depuração de esgoto se não existe uma
rede eficiente de coleta de dejetos, que acabam indo pararem nos rios e mananciais
próximos às cidades além de causar a poluição do solo, o desmoronamento de
encostas, o assoreamento dos riachos e córregos desprovidos de mata ciliar.
A degradação do solo é um problema ambiental que pode ser encontrado
em todo o mundo, tendo como agente principal o homem. Nos grandes centros
urbanos tem como conseqüência várias catástrofes relacionadas ao fato de que as
águas das chuvas não encontram espaço adequado de vazão, pela ocupação
indiscriminada do espaço, sem respeito ao solo. Nas áreas rurais essa degradação
pode ser resultante de atividades econômicas em vista da produção de alimentos
efetiva a degradação por meio do desmatamento, uso indiscriminado de agrotóxicos,
da monocultura, mineração e outros.
Esta situação reflete as questões econômicas vividas pela população que
não é atendida no que se refere às condições sanitárias básicas de higiene. “A
36
desigualdade é o problema ambiental mais importante do planeta: é também seu
maior problema no rumo do desenvolvimento (Breck, 1999, p. 80)”.
Em relação ao desenvolvimento constata-se que grandes empresas
prosperam, muitas vezes em declínio do ambiente em que ocupam, poluindo águas,
propagando a poluição do solo e ainda emitindo gases que vem a poluir o ar.
Verifica-se que além das políticas governamentais, deve ocorrer uma
mudança de hábitos em vista da conscientização de todo o povo sobre gravidade da
poluição das águas, do solo e do ar, que demandam atitudes urgentes para que se
possa conservar, por mais tempo estes valiosos recursos.
2.5 3. O aquecimento global
O Aquecimento global é um fenômeno climático de grande proporção, que
consiste no aumento da superfície terrestre. Muito se houve falar na atualidade
sobre este fenômeno e se discute principalmente suas causas para que as mesmas
possam ser combatidas, em vista da melhoria de condições de vida humana no
mundo.
De acordo com GORE (2006, p. 42) “é evidente que estão ocorrendo
mudanças dramáticas e radicais em nosso mundo”, isso pode ser percebido através
de constantes ocorrências de desastres ambientais. O aquecimento global vem
sendo apontado como o elemento agravante das forças dos furacões, do
derretimento das calotas polares, enchentes em várias partes do planeta, etc.
Atualmente existe um debate em relação às causas deste aumento na
temperatura, o que se deve em grande parte às atividades humanas, em vista do
desenvolvimento econômico desenfreado e inconseqüente, visando apenas o
37
presente. O aquecimento global vem sendo apontado como o elemento agravante
das forças dos furacões, do derretimento das calotas polares, enchentes em várias
partes do planeta, etc. entanto em vista das conseqüências já observadas toda a
sociedade mundial está alarmada para as conseqüências catastróficas que o
aquecimento global pode provocar no mundo inteiro.
Em relação às conseqüências que o aquecimento global pode trazer para o
Brasil, Heitor Matallo, membro da Convenção das Nações Unidas para o Combate
da Desertificação (brasilescola.com), afirma que um ciclo puxa outro. Se o meio
ambiente no Brasil já é degradado com desmatamento e erosão, os reservatórios de
água irão diminuir, aumentando as áreas desertas. Com isso a qualidade de vida cai
drasticamente na possibilidade do clima da região ficar totalmente desequilibrado,
permitindo inclusive a extinção de várias espécies de animais.
Outro agravante está relacionado com a fato de que
com o degelo das calotas polares, o nível do mar irá subir. Em longo prazo, o
degelo das calotas fará os oceanos subirem, segundo GORE (2006, p.196) até 5,5
metros. Isso leva a constatação de que vastas áreas litorâneas no Brasil seriam
encobertas pelas águas. Para o autor o aquecimento global aumenta a
venerabilidade humana, sendo então responsável por novas doenças, além de
provocar também a escassez de comida em todo o mundo como uma das
conseqüências.
Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui à modificação do clima 2,4%
dos casos de diarréia e 2% dos casos de malária em todo o mundo. Além disso, as
ondas de calor, que com o fenômeno irão aumentar em proporção e intensidade,
serão responsáveis por 150 mil mortes a cada ano em todo o mundo.
A incidência de furacões, que é praticamente inexistente no Brasil, poderá ser
38
grande. Isso já está acontecendo aos poucos, principalmente na região Sul, como o
furacão Catarina, que tinha ventos que variavam entre 118 km/h a 152 km/h.
Em vista deste quadro assustador existe a especulação de que este é um
futuro certo, um fato consolidado, porém para GORE (2006, P. 315), “O maior
equívoco de todos é afirmar que nada podemos fazer, que já e tarde demais”.
Existem muitas possibilidades de interferir de forma positiva no meio ambiente,
sendo que a educação parece ser uma das formas mais viáveis de educar-se para
uma nova postura frente à realidade. Essa educação pode acontecer em qualquer
meio sob as mais variadas circunstâncias, desde que exista uma conscientização
sobre a gravidade da situação e se busque as alternativas de vida alicerçadas no
consumo consciente e responsável.
39
3. ANÁLISE DOS DADOS
3.1 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA NAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL
DE ARAPOTI, NA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E NO DEPARTAMNETO DE
AMBIÊNCIA DA EMPRESA STORA ENSO
A realização desta pesquisa demanda procedimento didático-pedagógico em
vista de conseguir informações que possam ser traduzido em conhecimento
significativo. Esses procedimentos contemplam o questionário aberto e fechado
aplicado em diferentes realidades educacionais.
Dentro deste contexto a pesquisa realizada se classifica, Segundo (GIL,
1991), do ponto de vista de seus objetivos:
Pesquisa bibliográfica: elaborada a partir de material já publicado, de livros, artigos
de periódicos, e material sobre o tema disponível na Internet. Em vista do qual se
organizam a idéias acerca da conceituação de competências e das ferramentas para
a gestão da tecnologia.
Pesquisa exploratória: Em campo, por meio e questionários, realizados tanto nas
escolas como no Departamento de Meio Ambiente Municipal e em uma empresa
que trabalha a E. A. como um projeto de interação com a comunidade, visando
compreender de que forma se efetiva a Educação Ambiental no âmbito escolar,
esclarecendo conceitos em busca de uma melhor compreensão da realidade.
Nesta pesquisa de campo procura-se levantar informações sobre:
1. O conhecimento e a conceituação sobre Educação ambiental;
2. A visão da importância e fundamentação desta, no contexto
escolar;
3. As bases da E. A., na visão da equipe pedagógica da escola;
4. Conhecer as ações realizadas dentro da E. A., na escola;
40
5. Principio educativo da E. A., relacionado às questões de
qualidade de vida do ser humano;
6. Verificar o resultado das ações em vista de mudanças ocorridas;
7. Interpretação do conceito de aplicabilidade da pesquisa-ação
dentro do contexto escolar.
3. 1. 1 Pesquisa realizada nas escolas municipais
Na pesquisa realizada em 06 grandes escolas de Séries Iniciais do Ensino
fundamental, do município de Arapoti, obteve-se os seguintes dados:
Em relação à questão 1 constata-se que todas as escolas pesquisadas
apresentam algum conhecimento em relação à conceituação e desenvolvimento da
educação ambiental. Todavia não encontramos, nas respostas obtidas uma grande
segurança por parte dos coordenadores em desenvolver o tema dentro da
perspectiva integral de formação do educando, tratando-a apenas como um tema
transversal de boa aceitação, mas que é trabalhado apenas em campanhas
educativas e não no processo contínuo educativo.
A questão 2, que trata da visão e fundamentação desta no contexto escolar
foi tida como um assunto de relevante importância, onde as respostas obtidas
direcionam para o entendimento que de que mesmo se tratando de um item de
fundamental importância a E. A. pode ser relegada ao trabalho em datas específicas
dentro das temáticas que a fundamental, como datas comemorativas.
No que se refere à questão 3, dentre as respostas obtidas, reflete o pouco
conhecimento das bases que fundamentam a E. A. por parte dos coordenadores.
Porém todos em unanimidade apresentam interesse em desenvolver e coordenação
ações que levem a prática educativa em E. A.
41
Constatou-se que muitas ações são realizadas dentro do contexto escolar
das escolas municipais em prol da Educação Ambiental, mas como já citado
anteriormente se se restringem a projetos referentes a datas comemorativas e/ou
programas direcionados por ONGs ou entidades governamentais.
Existe um consenso, entre todos os entrevistados, de que a Educação
Ambiental é fundamental para orientar o processo de busca da melhoria da
qualidade de vida do ser humano. Isso reflete a boa vontade de atuação dentro de
um contexto, muitas vezes, direcionado pelo acúmulo de conteúdos e pela falta de
tempo disponível no espaço pedagógico.
Quando o questionamento se refere à mudança de postura em relação às
ações já efetivadas na escola, a equipe pedagógica da escola afirma que sempre se
constata que existem ganhos reais com o desenvolvimento de projetos de E. A.
sendo que um projeto se efetiva não apenas pela aula teórica, mas, sobretudo pela
ação.
Verifica-se aplicabilidade do conceito de pesquisa ação dentro da E. A. onde
a teoria deve se contemplar na prática e vice versa.
3. 1. 2 Pesquisa realizada no Departamento municipal de meio ambiente
Em resposta às mesmas questões já mencionadas, o Departamento
Municipal de Meio ambiente se mostra de certa forma bem estruturado, pelas
respostas oferecidas e em vista das ações que desenvolve nas escolas da rede
municipal, com atividades direcionadas para as séries específicas, atuando em
parceria com outros órgãos e empresas buscando desenvolver a ação educativa
42
utilizando para tal aula passeios, campanhas de conscientização, promoção de
concursos em datas comemorativas.
A coordenadora deste departamento se mostrou muito interessada em
colaborar com a pesquisa, inclusive fornecendo matérias como folders, informativos
das ações desenvolvidas em âmbito escolar e também junto à comunidade.
3. 1. 3 Pesquisa realizada em uma empresa de produção de papel que
desenvolve um programa de E. A.
A empresa de produção de papel e celulose “STORA ENSO” se constitui em
uma empresa que possui certificados de programa de qualidade por oferecer um
trabalho efetivo de educação ambiental, dentro de sua reserva particular de mata
nativa e laboratório que constitui em um departamento de ambiência.
Ao serem questionados sobre as questões referentes a esta pesquisa,
obtivemos como resposta a exemplificação do programa desenvolvido com as 3ª
séries de todas as escolas do município. O referido programa é composto por aulas
teóricas, apresentações, trilha ecológica, observação da natureza, conhecimentos
sobre a flora e fauna da região, assim como ações práticas de postura
ecologicamente corretas.
Para o desenvolvimento deste programa a empresa conta com pessoal
especializado que recebe os alunos para passar o dia na reserva florestal,
realizando as atividades e os alunos ainda recebem material impresso com
informações e orientações numa sistematização das atividades do dia.
43
Em vista da pesquisa de campo compreende-se de que forma acontece a E.
A. no município de Arapoti, ao passo que a partir de então torna-se possível orientar-
se na elaboração de contributivos para a melhoria da mesma.
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar uma pesquisa sobre educação ambiental busca-se o
entendimento da mesma e suas implicações para toda a sociedade, assim como
entender a natureza como um todo. Em se tratando de meio ambiente, toda e
qualquer situação observada deve ser analisada no contexto das reações em cadeia
que podem causar.
Nesta perspectiva uma mesma situação pode estar sendo compartilhada por
diferentes povos em diversos locais ao mesmo tempo. Por exemplo: se um lençol
freático está sendo contaminado nesta cidade, o problema pode vir a ser constatado
a quilômetros, aonde essa água vier a aflorar, e até chegar a esse ponto pode estar
deixando um rastro de contaminação no solo, que vai continuar a partir de sua
nascente.
Em vista deste conhecimento e das informações coletadas nas escolas e em
outras instituições assim como a devida fundamentação teórica, elabora-se a visão
da importância da E. A. na busca pela melhoria da qualidade de vida assim como da
sustentabilidade, numa projeção de futuro onde os recursos naturais, cada vez mais
escassos, se constituem em fonte de riquezas inigualáveis e como tal devem ser
preservados.
GUIMARÃES (1995, p.15), afirma que “a educação ambiental tem o
importante papel de formatar a percepção da necessária integração do ser humano
com o meio ambiente”. O ser humano não valoriza como deveria o meio ambiente,
por ignorar o seu real valor. Percebe-se através da pesquisa realizada que mesmo
existindo o interesse dos educadores em promover a E. A. ainda falta a
conscientização de que se trata de questões urgentes que devem permear toda a
45
educação básica. Sendo assim o ideal seria um trabalho de base, iniciado já na
Educação Infantil, para ser desenvolvido para que as crianças possam internalizar
os conceitos necessários referentes aos cuidados com o ambiente, entendendo que
de suas atitudes depende a sua própria sobrevivência.
Por outro lado observa-se que além de educadores ou responsáveis por
departamentos as pessoas fazem parte da sociedade civil, com deveres e também
direitos que devem ser cobrados dos governantes. Para que a sociedade seja
contemplada com um efetivo trabalho de educação ambiental, torna-se necessário a
participação de toda a comunidade, no sentido de cobrar ações mais consistentes
que visam o bem comum, através de programas de preservação e conservação do
meio.
Sabe-se que as questões ambientais também apresentam cunho
socioeconômico e cultural. Em vista disso pode-se entender o quão urgente e
necessário se torna educar para o desenvolvimento sustentável numa sociedade
capitalista, que visa o lucro acima de tudo. Todavia se faz necessário educar para
ações conscientes, ecologicamente corretas, através de uma postura crítica e
reflexiva, enquanto educadores. Dessa forma é possível aliar desenvolvimento
econômico e social e preservação da natureza.
REIGOTA reflete que: (1999, p. 144) “somente informação, conscientização
e conhecimento científico não são suficientes para a mudança de hábitos e
costumes”, pois vivemos em uma cultura imediatista que valoriza apenas o ter
momentâneo, numa perspectiva social e política que o modelo atual de
desenvolvimento sócio-econômico tem proporcionado. O que demanda ações
educativas sérias e contínuas em vista de estabelecer uma nova visão de
sociedade.
46
Por outro lado existe a possibilidade de que a realidade assusta ao a ponto
de que ocorra a visão de que “a amplitude e a gravidade dos problemas ambientais,
(...) fazem com que as pessoas se sintam impotentes” ( VIANNA, MENEZES, IÓRIO,
RIBEIRO, 1994, p.11), porém torna-se necessário um esforço coletivo no sentido de
estabelecer metas para que sejam cumpridas a médio e longo prazo, visando a
melhoria da qualidade de vida do homem.
Somente a educação pode ajudar nesta difícil tarefa de estabelecer as
metas educativas e mudar a forma de pensar em vista de ações intencionais
direcionadas.
Para VERNIER (1994, p. 123) “o estado e a coletividade podem falhar em
sua tarefa (preservação do meio ambiente). O cidadão deve então se mobilizar.”
Sabe-se que não basta esperar apenas por ações governamentais. Cada um pode e
deve fazer a sua parte.
Neste sentido percebe-se que as escolas da rede municipal de Arapoti,
assim como o departamento de meio ambiente e a Empresa STORA ENSO se
mostram empenhados em realizar um trabalho efetivo dentro da perspectiva da
educação ambiental. Todavia este trabalho pode ser melhorado ao se encontrar
maiores possibilidades de atuação num contexto que evidencia as necessidades de
uma atuação séria e competente.
A educação ambiental encontra respaldo nos PCNs, onde a educação
ambiental é incentivada e desenvolvida como importante tema transversal. Sendo
assim esta pesquisa pode ser ainda enriquecida por meio de fontes documentais e
outras informações pertinentes, buscadas nos meios de comunicação. Porém pode-
se constatar, por meio da pesquisa realizada que, na maioria das vezes, a E. A. se
resume em atividades extra classe realizadas apenas por educadores que
47
apresentam interesse nas mesmas, sem que exista uma cobrança para que ocorra
na sua plenitude.
HUTCHISON (2000, p. 164) nos traz uma importante contribuição sobre a
função da escola na educação ambiental: “Nossa tarefa para um futuro imediato
deve ser a de continuar a articular a visão do papel da escola na construção de um
futuro sustentável”. Sendo assim cabe a cada um de nós, educadores, atuar de
forma constante na construção de uma sociedade mais comprometida com o bem
estar de toda a população, aliado ao desenvolvimento.
Em vista das questões levantadas sugere-se a implantação, mesmo a nível
municipal, de um planejamento das ações educativas em Educação Ambiental, que
contemplem todas as disciplinas, num processo de interação informação e realidade
em prol do conhecimento que gera a tomada de atitudes.
Somente uma nova postura de toda a sociedade em prol da conservação e
preservação do meio ambiente é capaz de tornar a vida na terra, senão com mais
qualidade, pelo menos sustentável.
48
REFERÊNCIAS
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respostas à globalização. São Paulo, Paz e Terra, 1999.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos Temas
Transversais: ética/ secretaria de Educação Fundamental; 2ª ed. Rio de Janeiro: DP
& A , 2000.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo. Gaia, 1993.
GESTÃO DE RESÍDUOS. São Paulo: efg editora, Nº. 09, ano II, Julho/ agosto- 2007. 38 p.
GLEICK, J. Caos: a criação de uma nova ciência. Trad. W. Dutra, 4ª edição. Rio de Janeiro: Campus:1990.
GORE, ALBERT. Uma verdade inconveniente – O que devemos saber (e fazer) sobre o aquecimento global ; Trad. Isa Mara Lando – Barueri, SP: Manole, 2006.
GUIMARÃES, Mauro. A Dimensão ambiental da Educação. Campinas , S P :
Papirus, 1995. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_Acesso em 18/08/07.
http://pt.wikipedia.org/wiki/ Protocolo_de_Quioto. Acesso em: 2010/2007.
http://www.brasilescola.com/geografia/os-efeitos-aquecimento-global-no-brasil.
49
HUTCHISON, David. Educação Ecológica: Idéias Sobre Consciência Ambiental.
Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981
PEDRINI, Alexandre G. Educação Ambiental: reflexões e práticas
contemporâneas. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
REIGOTA, Marcos. A Floresta e a Escola: por uma educação ambiental pós
moderna. São Paulo: Cortez, 1999.
SEVERINO, A . J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2000.
VERNIER, J. O meio Ambiente. Campinas, SP: Papirus, 1994.
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APRÊNDICE
QUESTIONÁRIO PARA DIRETORES DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO FUNDAMENTAL E EDUCAÇÃO INFANTIL - PESQUISA DE CAMPO
Formação:________________________________________________________Idade:__________Estado civil____________Tempo de atuação na área_____________
1. A educação ambiental consta na grade curricular desta escola?
_______________________________________________________________
2. Há professores especializados para trabalhar a educação ambiental?
_______________________________________________________________
3. Quais são os projetos de educação ambiental desenvolvidos por esta escola?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Quais os objetivos do trabalho com educação ambiental?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Na sua opinião é dever da escola educar para a preservação do meio ambiente, para as presentes e futuras gerações? Por que?
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QUESTIONÁRIO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA EDUCADORES E
REPRESENTANTES DE DEPARTAMENTOS AMBIENTAIS
Para você o que significa Educação Ambiental?
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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Dentro de sua visão de mundo quais as bases para a Educação ambiental?
(Assinale todos os itens quer considerar importante)
( ) Garantir uma formação ambiental para todos.
( ) Considerar que a base do ensino se processa pela ação, sendo que para os
novos problemas que aparecem, precisamos de novas soluções baseadas no
conhecimento.
( ) Defender a preservação dos ecossistemas pois dos mesmo dependem a
sobrevivência da espécie humana.
( ) Levar o aluno aprender os conceitos de Educação Ambiental, mesmo que não
os utilize.
( ) Provocar com sua prática uma mudança de postura nas futuras gerações,
quanto ao meio ambiente.
3. Dentro da Educação Ambiental faz-se necessário a pesquisa-ação. Como você
interpreta este conceito?
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ANEXOS
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