EDUCAÇÃO ALIMENTAR - Globo Repórter

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8/14/2019 EDUCAÇÃO ALIMENTAR - Globo Repórter http://slidepdf.com/reader/full/educacao-alimentar-globo-reporter 1/13 EDUCAÇÃO ALIMENTAR Grupo topa seguir a educação alimentar Alberto Gaspar acompanhou um grupo de pessoas que têm o mesmo objetivo: emagrecer com saúde. Emagrecer para sempre: quem não gostaria? Mas qual é o melhor caminho pra chegar lá? O Globo Repórter desta sexta-feira (12) revela a fórmula ideal, sem sacrifícios e sem riscos para a saúde. É o que garantem os pesquisadores do Centro de Referência em Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). E o repórter Alberto Gaspar topou o desafio. Ele faz parte de um grupo de brasileiros que está aprendendo os segredos da educação alimentar. Segunda-feira é dia de triagem no ambulatório da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). O que os pacientes têm em comum? Excesso de peso, sobrepeso, obesidade do tipo 1, 2 e 3. Nunca esse assunto foi tão comentado. Estamos vivendo uma epidemia? “Eu sou muito ansiosa. Então, se eu estiver com um problema que não consigo resolver, eu ataco a geladeira”, conta a empregada doméstica Meiriane Aparecida da Silva. Este é um mal que ataca cada vez mais brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, 43% da  população estão com excesso de peso. E 13% são obesos. Boa parte já está pensando em emagrecer. “Eu acho que estou com uns 25 kg a mais”, confessa a cabeleireira Edna Ferreira de Souza. Em muitos casos, os quilos a mais são só a parte visível, um sinal de que a saúde, como um todo, não anda bem. “O diabetes subiu um pouco, e os triglicerídeos e o colesterol também”, revela o zelador José Antonio dos Santos. A nutricionista Samantha Caesar de Andrade, da USP, informa para Meiriane o resultado do exame de sangue da empregada doméstica: “no seu exame de sangue, já deu glicemia elevada que é aquele açúcar no sangue que teria que ficar abaixo de 100. Deu 141. E você já teve pico de pressão alta, apesar de não estar com medicamento”. “Eu estava me sentindo mal. A minha nuca doía muito e também eu estava me sentindo muito tonta, sem energia, muito pesada”, diz a cabeleireira Edna Ferreira de Souza. Tentar perder peso, quase todo mundo já tentou, mas conseguir já é outra coisa. Comer é uma das mais partes importantes da vida, porque funciona como o combustível para todas as outras atividades. E essas atividades, por sua vez, também acabam influenciando na alimentação. Tudo conta: a profissão, a rotina de trabalho, o círculo de amizades, a tradição e a situação familiar, a cidade onde você mora. O repórter Alberto Gaspar confessa que tem vivido altos e baixos de peso, ao longo dos anos. Ele revela que o dilema atual é controlar a quantidade do arroz, feijão e farofa e topa o desafio de também participar do programa de educação alimentar. Para quem não tem horário, nem rotina, é mais difícil manter o peso. Nem quando estava em pleno horário de trabalho, do outro lado do mundo, atuando como correspondente em Israel, o repórter se livrava das tentações.

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EDUCAÇÃO ALIMENTAR 

Grupo topa seguir a educação alimentarAlberto Gaspar acompanhou um grupo de pessoas que têm o mesmo objetivo: emagrecer comsaúde.

Emagrecer para sempre: quem não gostaria? Mas qual é o melhor caminho pra chegar lá? O GloboRepórter desta sexta-feira (12) revela a fórmula ideal, sem sacrifícios e sem riscos para a saúde. É oque garantem os pesquisadores do Centro de Referência em Nutrição da Faculdade de SaúdePública da Universidade de São Paulo (USP).

E o repórter Alberto Gaspar topou o desafio. Ele faz parte de um grupo de brasileiros que estáaprendendo os segredos da educação alimentar.

Segunda-feira é dia de triagem no ambulatório da Faculdade de Saúde Pública da Universidade deSão Paulo (USP). O que os pacientes têm em comum? Excesso de peso, sobrepeso, obesidade dotipo 1, 2 e 3. Nunca esse assunto foi tão comentado. Estamos vivendo uma epidemia?

“Eu sou muito ansiosa. Então, se eu estiver com um problema que não consigo resolver, eu ataco ageladeira”, conta a empregada doméstica Meiriane Aparecida da Silva.

Este é um mal que ataca cada vez mais brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, 43% da população estão com excesso de peso. E 13% são obesos. Boa parte já está pensando em emagrecer.“Eu acho que estou com uns 25 kg a mais”, confessa a cabeleireira Edna Ferreira de Souza.

Em muitos casos, os quilos a mais são só a parte visível, um sinal de que a saúde, como um todo,não anda bem. “O diabetes subiu um pouco, e os triglicerídeos e o colesterol também”, revela o

zelador José Antonio dos Santos.

A nutricionista Samantha Caesar de Andrade, da USP, informa para Meiriane o resultado do examede sangue da empregada doméstica: “no seu exame de sangue, já deu glicemia elevada que é aqueleaçúcar no sangue que teria que ficar abaixo de 100. Deu 141. E você já teve pico de pressão alta,apesar de não estar com medicamento”.

“Eu estava me sentindo mal. A minha nuca doía muito e também eu estava me sentindo muito tonta,sem energia, muito pesada”, diz a cabeleireira Edna Ferreira de Souza.

Tentar perder peso, quase todo mundo já tentou, mas conseguir já é outra coisa.

Comer é uma das mais partes importantes da vida, porque funciona como o combustível para todasas outras atividades. E essas atividades, por sua vez, também acabam influenciando na alimentação.Tudo conta: a profissão, a rotina de trabalho, o círculo de amizades, a tradição e a situação familiar,a cidade onde você mora.

O repórter Alberto Gaspar confessa que tem vivido altos e baixos de peso, ao longo dos anos. Elerevela que o dilema atual é controlar a quantidade do arroz, feijão e farofa e topa o desafio detambém participar do programa de educação alimentar.

Para quem não tem horário, nem rotina, é mais difícil manter o peso. Nem quando estava em pleno

horário de trabalho, do outro lado do mundo, atuando como correspondente em Israel, o repórter selivrava das tentações.

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A primeira coisa que as nutricionistas fazem é calcular o Índice de Massa Corporal (IMC): umafórmula que permite verificar se o peso da pessoa está adequado para a altura dela. O cálculo é feitoda seguinte forma: divide-se o peso pela altura ao quadrado.

IMC= altura²peso

A nutricionista informa que o IMC do repórter deu 32,7. “Quando a pessoa apresenta até 25, a gentechama o peso de adequado. De 25 até 30, a gente fala que é um sobrepeso, um peso um poucoacima daquele que seria o recomendado. A partir de 30, vem a obesidade. Você deu 32,7. Já sechama obesidade”, diz doutora.

O segundo dado mais importante é a medida da cintura: “em geral, a cintura é onde se localiza agordura. É uma gordura que está associada ao colesterol alto, à pressão alta, ao diabetes. Então, onosso enfoque não é só emagrecer em relação à diminuição do peso, mas também diminuir essamedida”, explica a Dra. Viviane.

E Alberto Gaspar não vai entrar nessa sozinho. Ele acompanha a empregada doméstica MeirianeAparecida da Silva, a cabeleireira Edna Ferreira de Souza e o zelador Luis Dias Ribeiro. São os‘companheiros de dieta’ do repórter.

E para estar sempre por perto nas primeiras três semanas, a nossa equipe instalou uma pequenacâmera na casa de cada um. Não é pra gente ficar espiando. É para que cada um mantenha umaespécie de diário da sua dieta.

Luis trabalha em um edifício comercial de São Paulo, desde que chegou de Pernambuco, há 23anos. Ele já fez faxina e foi porteiro, até virar zelador anos trás. Ele também mora no prédio, com osdois filhos e a mulher, a dona de casa Ana Gregório. Em mais de duas décadas, o local de trabalhonão mudou, mas o visual do Luís, sim.

Em agosto do ano passado, Luis atingiu 95 kg de peso. Foi quando percebeu que precisavaemagrecer. Afinal, a mulher dele pesava a metade disso: 48 kg. E ele começou por conta própria.Ou melhor: com a preciosa ajuda de sua nutricionista particular.

O zelador conta que já perdeu 9 kg com a ajuda da sua esposa, mas ainda quer chegar aos 70 kg etem medo de voltar aos velhos hábitos alimentares. “De manhã cedo, eu gostava de comer dois outrês pães, com uma linguiça e, às vezes, sarapatel”, conta Luis. E isso era só o café da manhã.

Como Luis decidiu que não quer mais ser gordo, foi em busca de ajuda profissional. Asnutricionistas do CRNUTRI não impõem nenhum cardápio, nenhuma medida drástica. Trata-se doque elas chamam de "educação alimentar", para emagrecer de uma vez por todas e para sempre.

“A gente não quer que o paciente esqueça tudo o que ele fez até hoje e agora comece a fazer tudototalmente diferente”, explica a nutricionista Viviane. “Eliminar certos alimentos não funciona,

 porque a pessoa, às vezes, consegue eliminar por uma semana, por um mês ou dois meses, mas elavai acabar tendo uma recaída e volta com tudo”.

A cabeleireira Edna já foi vítima do efeito sanfona mais de uma vez: emagreceu e voltou a engordar. Nos últimos meses, ela perdeu 4 kg por conta própria, mas estava difícil enfrentar esse desafio,

morando bem perto do salão de beleza que mantém em parte da casa.

“Eu estava me lembrando que a minha vida inteira eu briguei com a balança. Quando eu tinha meus

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18 anos, comecei a tomar remédio e ficava a noite inteira acordada. Outra vez, eu tomei um remédioque eu ficava dopada e não conseguia fazer nada. Aí outra vez, fiz regime, fiquei um mês e quinzedias e perdi 10 kg, mas, quando eu voltei a comer, acho que em 15 dias eu engordei tudo”, revela acabeleireira.

Ao contrário de Edna, Meiriane nunca fez dieta em seus 32 anos de vida. Mãe de dois filhos, ela

 passa a semana com eles na casa da professora aposentada Lúcia Marques, onde trabalha comoempregada doméstica. Juntos, todos cultivam o hábito de uma mesa farta, não importa a hora.

Meiriane está na faixa de obesidade 1. Ela precisa não só perder peso, como diminuir bastante aglicose no sangue. Pelo diário que ela gravou nos primeiros dias, não vai ser fácil.

“Estou doida para comer um pastel da feira, mas não comi. Fui no aniversário. Todo mundo estavacomendo pão e bolo, e eu comendo uma barrinha de cereal, com um copinho de suco”, revela aempregada doméstica para a câmera. “Fecho o olho e lembro do bolo que eu não comi. Se fossenoutro tempo, tinha comido um pedaço de bolo grandão e tinha até levado pra casa pra poder comer de manhã no café da manhã”.

Primeira regra é fazer de cinco a seis refeiçõespor diaSegundo a psicóloga Adriana Cezaretto, da USP, devemos evitar armadilhas, como estabelecer metas grandiosas para se perder peso.

Mudar hábitos que trazemos da infância é realmente muito complicado. O conselho da psicóloga

Adriana Cezaretto, da USP, é para evitar criar armadilhas, como estabelecer metas grandiosas parase perder peso.

“O que a gente adquire em 40 anos a gente não perde em três semanas. É um sacrifício imenso parao corpo e, muitas vezes, não tem como. E aí a pessoa não conseguiu aquela meta maior. A gentecostuma falar de metas curtas: faça o que é possível”, declara a psicóloga.

E o que é possível para cada um de nós? Nosso grupo participa de uma aula sobre o assunto. Asnutricionistas têm uma lista de 14 metas que devemos tentar alcançar pouco a pouco, pelo menosduas a cada semana, para que possamos chegar ao nosso objetivo.

A primeira das metas é importantíssima: faça de cinco a seis refeições por dia - café da manhã,lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e, para quem vai dormir tarde, o lanche da noite.

“O importante é não ficar mais de três horas sem comer. Então, vocês vão ter que se organizar nodia a dia de vocês para introduzir estas refeições”, diz a Dra. Samantha para os pacientes.

A segunda meta é usar as frutas como sobremesa e como opção daquele lanchinho rápido entre asrefeições. Mas elas têm açúcar e o consumo aconselhado é de três a quatro porções por dia.

A meta número três é incluir verduras e legumes no almoço e no jantar.

A de número quatro é difícil para muita gente: o tamanho da porção de carne numa refeição nãodeve ser maior do que a palma da mão. A Dra. Samantha explica para o grupo como deve ser amedida da carne.

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A meta seguinte é trocar a gordura animal por vegetal. Quanto ao azeite extra virgem, dá paraconsumir duas colheres de sopa nas saladas por dia. Já o óleo de cozinha é preciso restringir.

A nutricionista Samantha pergunta para a empregada doméstica Isabel Cristina Leôncio quantaslatas de óleo ela utiliza para cozinhar. “Para mim e a minha patroa, uso umas duas latas”, responde

Isabel.

A especialista explica, então, a quantidade que se deve usar em casa. “Vamos considerar umafamília com dois adultos e duas crianças. Devemos utilizar uma lata de óleo por mês. No seu caso,você teria que utilizar meia lata de óleo. Isso é sinal que gente está fazendo muita fritura ou estáadicionando muito óleo aos alimentos, para fazer arroz ou feijão. Dá pra gente diminuir estaquantidade”, explica a Dra. Samantha para a empregada doméstica.

A essa altura, o repórter Alberto Gaspar e os seus companheiros já estão, cada um a seu modo,engajados na educação alimentar.

“Eu detesto comer de manhã, odeio comer de manhã, mas como eu quero levar a sério, tudodireitinho eu estou tomando café de manhã”, conta Edna.

“Eu nunca fui muito chegado em café da manhã, era um cafezinho preto e olhe lá. Agora, estou meobrigando a comer uma coisinha, uma torrada”, revela Gaspar.

“Na hora do almoço, vem aquela saladona de novo. O que eu gostaria mesmo de comer é uma carnegorda, reforçada”, diz Luis.

“Agora são 20h50 e eu vou jantar. Vou jantar uma salada de alface, com um pequeno bife de filé defrango assado com tomate, um pouquinho de chuchu cozido na água e sal e vou tomar um suquinhode limão. Boa noite, até amanhã”, diz Edna para a câmera.

Por que os homens têm maior facilidade paraperder peso?Segundo a endocrinologista Carlinês Sarno de Moraes, da USP, a testosterona auxilia na formaçãomuscular, enquanto o estrogênio é um hormônio que facilita o depósito de gordura.

Uma semana depois de começarem o programa de educação alimentar do CRNUTRI da USP, os pacientes revelam a dificuldade de fazerem a dieta.

“Está difícil fazer regime, porque não é fácil emagrecer. Mas vamos à luta”, afirma a empregadadoméstica Meiriane Aparecida da Silva. “Eu não gosto de tomar café com adoçante. Eu gosto é detomar com açúcar. Por isso, mesmo eu não vou mais tomar café, vou partir pro suco de laranja”,revela o zelador Luis Dias Ribeiro.

“Eu sempre gostei de fazer o meu regime, mas agora é diferente. Estou pegando mais gosto por causa da minha saúde. A minha saúde é mais importante do que um copo de refrigerante, do que um

 pão na chapa”, declara a cabeleireira Edna Ferreira de Souza.

Os pacientes chegam ao centro de referência e estão bem animados. Uma semana depois de iniciadaa educação alimentar, voltamos ao CRNUTRI, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de

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São Paulo (USP). A consulta é minuciosa, quase uma investigação. Você tem que lembrar tudo oque se comeu na véspera, por exemplo. É uma forma de manter o controle.

A nutricionista Viviane Laudelino Vieira, do CRNUTRI, pergunta ao repórter Alberto Gaspar o queele comeu no dia anterior no café da manhã. Ele responde: “laranjada, café e duas torradas de pãointegral com iogurte light. Parece que eu estou ouvindo outra pessoa falar, não parece que sou eu”.

O zelador Luis Dias Ribeiro revela que agora o pão integral faz parte da sua refeição: “ele só édiferente na cor, é uma massa mais escura. Mas o gosto é o mesmo”. A nutricionista, então, explicaa diferença entre os dois pães: “comendo o integral, você vai se sentir mais satisfeito com menosquantidade”.

A cabeleireira Edna Ferreira de Souza não jantou no dia anterior e só comeu um pão e tomou umcopo de leite. “Não é legal. Tem que fazer uma refeição mais completa. Café da manhã, almoço e

 jantar são as três refeições principais”, aponta a nutricionista Adriana Passanha, da USP.

E os resultados vão aparecendo. Luis emagreceu 2,1 kg e perdeu quatro centímetros de cintura.

Edna emagreceu 1,6 kg. Na cintura, ficou com menos seis centímetros. O peso de Meiriane baixouem 1,2 kg. Na fita métrica, ela teve redução de dois centímetros.

O repórter Alberto Gaspar diminuiu pouco a cintura, só meio centímetro, mas, em compensação, perdeu 2,7 kg, em uma semana.

Mas há uma má notícia para as mulheres. Os homens levam vantagem na hora de emagrecer. “Atestosterona é um hormônio muito importante para a formação muscular, enquanto o estrogênio éum hormônio que facilita o depósito de gordura. Então, realmente, as mulheres têm umaconformação diferente, em termos de depósito de gordura, e os homens têm maior facilidade erapidez na perda de peso”, explica a endocrinologista Carlinês Sarno de Moraes, da USP.

Outro fator que nos faz diferentes e que devemos considerar é a herança genética de cada um. “Nósnão podemos interferir na genética, mas podemos mudar hábitos e, consequentemente, melhorar asituação do paciente diante da obesidade, reduzindo todas essas complicações”, aponta a Dra.Carlinês Sarno de Moraes.

E são tantas complicações, como o diabetes e a hipertensão. As últimas pesquisas mostram até que,quem emagrece com uma dieta saudável, pode se livrar de cânceres de esôfago, estômago, intestino,rins e leucemia.

“Os pesquisadores afirmam que as células gordurosas conteriam hormônios estimuladores da proliferação celular. Com a maior proliferação celular, teríamos maior probabilidade de que algumamultiplicação acontecesse defeituosa, transformando essa célula benigna numa célula maligna”, diza endocrinologista Carlinês Sarno de Moraes. “Um controle de peso conseguiria reduzir afrequência ou o aparecimento dos cânceres”.

Esta é mais uma razão para seguirmos em frente. Vamos continuar então com mais algumas das 14metas recomendadas pela equipe do CRNUTRI para quem quer fazer uma educação alimentar,emagrecer com saúde e para sempre.

Meta número 6: moderar nos açúcares e nos doces, comer, no máximo, um doce por dia. E cuidado

com os cafezinhos. Três xicrinhas com açúcar valem por um doce.

Meta número 7: diminuir o sal e os alimentos ricos em sódio.

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A oitava meta é consumir três porções diárias de leite ou derivados, porque o nosso corpo necessita.

A meta número 9: consumir pelo menos uma porção de cereal integral por dia.

“Quanto mais você conseguir fazer essas opções, invés de comer o refinado, como a farinha branca,

quanto mais acrescentar o integral, é melhor, porque você consegue controlar melhor o açúcar doseu sangue, diminuir o colesterol e os triglicérides”, diz a nutricionista Viviane Laudelino Vieira, doCRNUTRI, da USP.

Algumas metas podem parecer bem chatinhas, mas, adotando esses hábitos, aos poucos, nosacostumamos. E, cá entre nós, não há outro jeito.

“A gente precisa de limites, porque que a gente cresce e acha que não pode mais tê-los? A gentetem. A gente não tem horário para entrar e sair de trabalho, para estudar? A gente precisa também delimites para se alimentar, para dormir, para fazer atividade”, explica a psicóloga Adriana Cezaretto,da USP.

A décima meta é até gostosa, a consagração de um hábito bem brasileiro. Devemos comer, por dia,uma concha de feijão ou de outra leguminosa, como lentilha, ervilha, grão de bico.

Meta número 11: reduzir o álcool. As mulheres só devem tomar uma dose. Os homens, duas. E nãomais do que duas vezes por semana.

O décimo segundo objetivo é beber, no mínimo, dois litros de água por dia.

Exercício é fundamental para quem quermudar de estilo de vidaA 13ª meta proposta pelas nutricionistas da USP é praticar uma atividade física diariamente, mesmoque durante poucos minutos e no meio do trânsito de São Paulo.

Já o décimo terceiro é o calcanhar de Aquiles de muita gente: praticar pelo menos meia hora deatividade física diariamente. O exercício é fundamental para quem quer mudar definitivamente deestilo de vida. É o que vai nos permitir não abandonar totalmente certas comidinhas que tantoapreciamos.

“Nada é proibido se você não tem um distúrbio metabólico, mas o que a gente tem que aprender éque depende da quantidade e que, se eu comer muito e não gastar energia, eu vou ganhar peso”,aponta a endocrinologista Carlinês Sarno de Moraes, da USP.

Queimar o tal combustível, para não ficar com o tanque cheio demais, ou ir acumulando aquelesoutros reservatórios de energia pelo corpo. Isso é importante para qualquer pessoa. Para quem estátentando perder peso de maneira saudável, então, é fundamental.

O repórter Alberto Gaspar foi até uma avenida de São Paulo para encontrar com uma dascompanheiras de dieta. Edna mora perto e se exercita no meio dos carros. “Vamos fazer caminhada.

É muito ruim fazer caminhada aqui, mas que jeito?”, diz a cabeleireira.A empregada doméstica Meiriane também já está aos poucos fazendo suas caminhadas. Está

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"comer menos e, ao mesmo tempo, melhor" assusta, primeiro. Aos poucos, vai ficando mais fácil. No meio do caminho, cada um esbarra em seus pequenos sacrifícios.

“Tinha um biscoito de coco. Não resisti e comi quatro biscoitinhos de coco. Comi aqueles quatro biscoitinhos de coco e não comi mais nada”, revela Edna. “Só comi só um docinho e tomei bastante

líquido. Estava doida para comer um pedaço daquele bolo recheado, mas não podia”, diz Meiriane.

“O meu maior problema com esse negócio de dieta é durante a noite. É a hora em que eu mais gostode comer, inclusive depois do jantar. Quanto mais tarde você dorme, principalmente se tiver jogo natelevisão, dá uma vontade de beliscar uma coisa, mas regras são regras”, conta o repórter AlbertoGaspar.

E segurar a onda no carnaval? É difícil com a rotina e o horário de cabeça para baixo. Tentações à parte, fizemos coisas nessas três semanas que nem imaginávamos tempos atrás.

“Bom dia. Hoje é domingo, 9h. Estou fazendo uma coisa que eu não fazia. Estou indo levar os

meninos no parque para andar um pouquinho. Eu não tinha esse hábito, eu não saia no domingo demanhã. Dormia até umas 11h e depois eu tomava aquele café forte”, lembra Meiriane.

O repórter Alberto Gaspar foi até parar em uma feira livre, perto do Estádio do Pacaembu, em buscados vegetais. “Dizem que a organização é importante para você ter tempo de escolher, reservar uma

 parte da sua vida pra selecionar o que você vai comer”, comenta.

A nutricionista Samantha afirma que comer bem dá trabalho. “Eu digo que dá trabalho para você seorganizar, mas, no momento em que você torna esse trabalho um hábito, eu vou dizer pra você quenão á mais trabalho e se torna um prazer”, diz especialista.

É um aprendizado que estamos assimilando pouco a pouco. São várias refeições, com porçõesmenores, alimentos menos pesados, menos gordura. É preciso ter cuidado para não exagerar.Carboidratos e proteínas são indispensáveis, na medida certa.

“Não pode ser um esforço, nem um sacrifício muito grande. Você vai ter que fazer concessões, abrir mão de alguns alimentos e fazer substituições , mas isso precisa ser incorporado na sua rotina semvocê ter que sair da sua vida social, mudar o seu dia a dia, sem perder a alegria. Tem que comer com prazer”, aponta Viviane.

E chegamos finalmente à última das 14 metas: valorize o ato de comer, prolongando esse momento,comendo mais devagar.

É o que Edna procura fazer. Ela está acostumada a comer rápido, entre uma cliente e outra. Mas,agora, na dedicação à dieta, ela curte a refeição ao lado da filha Milena, que voltou das férias nacasa da tia.

Então, a regra é ser feliz, é conseguir ser feliz apesar da dieta. “É mais interessante que a gentecoma pouca quantidade de um alimento que a gente goste, de vez em quando”, explica anutricionista.

Sempre sem esquecer da atividade física. Nosso grupo inteiro aderiu, e o balanço, em apenas três

semanas, foi realmente animador.Meiriane perdeu 1,7 kg de peso e cinco centímetros de cintura. E a glicose no sangue baixou de 141

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 para 91 - abaixo do limite máximo que é de 99. Edna perdeu 4 kg de peso e quatro centímetros decintura.

Luis perdeu seis centímetros e meio e 5 kg. O repórter Alberto Gaspar diminuiu seis centímetros emeio e ficou 4,95 kg mais leve. Mas teve lucro: um novo exame de sangue apontou uma reduçãoconsiderável das taxas de colesterol, triglicerídeos e glicose.

“Você nem imagina a alegria que eu estou. E a minha esposa também. Vamos em frente. É prasempre”, comenta Luis. “Eu vou continuar. Eu vi que dá para melhorar e com uma vida saudável.Eu comprovei que deu certo”, diz Meiriane.

“É isso que a gente quer. A gente dá a orientação, mas a gente quer que ela tenha autonomia paraconseguir seguir a vida numa qualidade legal e sorrindo”, aposta a nutricionista Samantha.

“Oi, sou Fabíola, sou filha do Luis. Eu estou muito orgulhosa do meu pai. Ele realmente estáemagrecendo, está se esforçando”, a filha do zelador fala para câmera. “E ele vai continuar para nãovoltar a engordar de novo”, declara a esposa de Luis.

Resumindo: em menos de um mês, além de perder peso, as pessoas estão se sentindo melhor, peloexercício físico e pela alimentação também.

 No fundo, é uma questão de organização, de a gente arrumar tempo, driblar certos obstáculos que agente mesmo se coloca, como o trabalho excessivo e o horário irregular.

O importante é que as mudanças de hábitos sejam para sempre.

Técnico de áudio dá dicas para grupo da dietaemagrecerPedrinho Tonelada acompanhou Alberto Gaspar com a equipe durante as três semanas em quefrequentou o Centro de Nutrição da USP com o desafio de perder peso.

O Globo Repórter propôs ao repórter Alberto Gaspar o desafio de perder peso. Ele admite que precisava mesmo emagrecer, perder medidas e melhorar o resultado do exame de sangue.

Alberto Gaspar ganhou três companheiros de dieta: a empregada doméstica Meiriane Aparecida da

Silva, a cabeleireira Edna Ferreira de Souza e o zelador Luis Dias Ribeiro.

O quartel general da turma da dieta foi o Centro de Referência para a Prevenção e Controle dasDoenças Associadas à Nutrição (CRNUTRI). No comando estão as nutricionistas Samantha Caesar de Andrade, Viviane Laudelino Vieira e Adriana Passanha. Elas pesam, medem e fazem perguntasaos pacientes sobre o hábito alimentar deles.

Acompanhamos a turma da balança por toda a parte, nas ruas de São Paulo. Em casa, umconfessionário eletrônico ajudou o pessoal a liberar a ansiedade das primeiras semanas de dieta. Anossa equipe ensinou a usar as câmeras e a turma deu um show.

E atrás das câmeras, como os companheiros de equipe do repórter acompanharam a dieta do AlbertoGaspar? A editora Malú Guimarães fica no pé do repórter pra saber o que ele comeu. Mas dieta não

 basta, é preciso se mexer. E gravando sempre se faz algum esforço físico.

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E o operador Pedrinho Tonelada tem muito o que queimar. Ele chega a dar conselhos para aempregada doméstica Meiriane Aparecida da Silva: “faça o que eu faço, mas não o que eu faço,

 porque você quer emagrecer. Eu, não”.

Veja a tabela da pirâmide alimentar para vocêseguirConfira as tabelas utilizadas pelo CRNUTRI, da USP. Elas indicam as porções de quanto você devecomer.

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 Universidade de São Paulo/Faculdade de Saúde Pública Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza

Centro de Referência para Prevenção e Controle das Doenças Associadas à Nutrição

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Confira as 14 metas para emagrecer comsaúdeAs nutricionistas da USP têm uma lista de 14 metas que devemos tentar alcançar pouco a pouco,

 pelo menos duas a cada semana, para perder peso.

Confira as 14 metas da educação alimentar, indicadas pelo Centro de Referência em Nutrição daFaculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

1) Faça de 5 a 6 refeições por dia.2) Frutas na sobremesa e nos lanches.3) Coma verduras e legumes no almoço e no jantar.4) A porção de carne deve ser do tamanho da palma da mão.5) Troque a gordura animal por vegetal e consuma com moderação.6) Modere nos açúcares e nos doces.

7) Diminua o sal e os alimentos ricos em sódio.8) Consuma leite ou derivados na quantidade recomendada.9) Consuma pelo menos 1 porção de cereal integral.10) Coma uma porção de leguminosas por dia.11) Reduza o álcool. Evite o consumo diário.12) Beba no mínimo 2 litros de água por dia.13) Faça pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias.14) Aprecie sua refeição. Coma devagar.

FONTE:

GLOBO REPÓRTER 

Programa do dia 12/03/2010

http://g1.globo.com/globoreporter/0,,LS0-16627-80583,00.html

Diário de uma dieta: veja a equipe de reportagem

DireçãoMalu Guimarães

ReportagemAlberto Gaspar 

ProduçãoAna Rita Mendonça

Edição de imagensRoberto Cavalcanti

ImagensJose de Arimatéa

Técnicos Ângelo PolizeloPedrinho ToneladaRobson Alves

Arte Luiz Nogueira