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EDUARDO DE MEDEIROS LOBATO MÔNICA CRISTINA FERREIRA PINTO VÂNIA CAZZOLI EMPREENDEDORISMO RURAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação do Professor Mestre Irso Tófoli e orientação técnica da Profª Especialista Ana Beatriz Lima. LINS - SP 2009

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EDUARDO DE MEDEIROS LOBATO

MÔNICA CRISTINA FERREIRA PINTO

VÂNIA CAZZOLI

EMPREENDEDORISMO RURAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Administração sob a orientação do Professor Mestre Irso Tófoli e orientação técnica da Profª Especialista Ana Beatriz Lima.

LINS - SP

2009

Lobato, Eduardo de Medeiros; Pinto, Mônica Cristina Ferreira; Cazzoli, Vânia

Empreendedorismo Rural: Fazenda São Francisco / Eduardo de Medeiros Lobato;

Mônica Cristina Ferreira Pinto; Vânia Cazzoli. – – Lins, 2009.

76p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium –

UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Administração, 2009

Orientadores: Irso Tófoli; Ana Beatriz Lima

1. Empreendedorismo Rural. 2. Diversificação de Atividades Mercantis. 3. Agroturismo I Título.

CDU 658

L777e

EDUARDO DE MEDEIROS LOBATO

MÔNICA CRISTINA FERREIRA PINTO

VÂNIA CAZZOLI

EMPREENDEDORISMO RURAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ___/___/____

Banca Examinadora:

Prof. Orientador: Irso Tófoli

Titulação: Mestre em Administração – Faceca – Varginha, MG

Assinatura: __________________________________________

1ºProf(a): ___________________________________________________

Titulação: ___________________________________________________

___________________________________________________________

Assinatura: __________________________________

2ºProf(a): ___________________________________________________

Titulação: ___________________________________________________

___________________________________________________________

Assinatura: __________________________________

Dedico este trabalho a meu pai Heitor Peraça Lobato e minha mãe

Mara Liliane de Medeiros Lobato que sempre me deram forças e

incentivos para que este sonho fosse realizado, além de acreditar que

meus ideiais seriam possíveis, bem como meus avós Wilsom Gonçalves

de Medeiros e Cely Gonçalves de Medeiros que não mediram esforços para

me ajudar nesta empreitada.

A minha namorada Ana Paula Messas pelo estímulo, carinho,

compreensão e companheirismo durante todo este período.

Eduardo

Dedico este trabalho à minha mãe, que muitos sonhos renunciou

para que o meu fosse realizado; ao meu pai (in memorian), cuja presença

sempre se fará sentir, já que sou a continuidade de seu brilho. Por terem

me ensinado valores morais e éticos, a respeitar o ser humano sem

preconceitos e julgamentos.

Ao meu filho Gustavo, principal motivo dessa evolução profissional

e pessoal. Pessoa especial que Deus me deu para transformar minha vida.

Aos meus irmãos Cássia e Fabio, que apesar da distância sempre se

fizera, presentes com palavras de incentivo e apoio.

E por fim aos meus amigos, que não tem como discriminar nomes,

mas que sabem quem são que sempre me deram força e estímulo para

concluir este trabalho.

Mônica

Dedico este trabalho a Deus pela minha fé e perseverança nessa

batalha tão difícil.

Aos meus pais que sempre me ensinaram os valores éticos e morais

e que me deram a chance de me aperfeiçoar e crescer pessoal e

profissionalmente, sendo assim um exemplo de vida para mim. Sem eles

eu não teria conseguido alcançar meu objetivo.

Vânia

AGRADECIMENTOS

A Deus, pois sem Ele nada somos, nada podemos e nada disso teria

sido feito.

A meus pais e avós por estarem sempre ao meu lado, incentivando-

me, principalmente nas dificuldades. Pela paciência, compreensão e

carinho durante este período de minha vida, servindo de estímulo para

levar adiante este ideal.

Aos nossos orientadores, Irso Tófoli e Ana Beatriz Lima por

estarem sempre nos apoiando em nossas dificuldades e nos passarem

autoconfiança de que somos e fomos capazes de concluir este trabalho.

As minhas colegas Mônica e Vânia pelo empenho, dedicação e

companheirismo.

Ao Sr. Paulo Basso por nos receber de braços abertos em sua

empresa, com atenção e prontidão e pela maneira simples e clara de

contar toda sua trajetória.

Eduardo

A Deus, pois sem a permissão Dele nada disso teria acontecido. Pela

saúde e força que me deu para conseguir terminar o curso.

A minha mãe por ter me dado condições de realizar meu sonho,

onde por algumas vezes, pensei em desistir e com seu apoio não deixou

que acontecesse.

Aos meus amigos que sempre me deram força nessa caminhada.

Aos orientadores Irso Tófoli e Ana Beatriz por toda paciência e

calma nos momentos de ansiedade e angústia, nos dando segurança

para terminar este trabalho. Por serem pessoas maravilhosas, humanas,

honestas, exemplos de profissionais a seguir.

A todos os professores por não medirem esforços para transmitir

conhecimento e colaborarem pelo crescimento acadêmico e pessoal.

Ao Sr. Paulo Basso por ter aberto as portas de sua empresa e sua

vida para que pudéssemos realizar o trabalho.

Ao Eduardo e a Vânia, companheiros deste projeto, que juntos

podemos sentir diversas emocionais e concluímos o trabalho.

Mônica

Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado saúde, força e

perseverança para esta grande conquista em minha vida.

Aos meus pais Gino e Neide, por todo carinho, compreensão,

paciência e apoio em todos os momentos dessa longa j0rnada e pelas

condições que me proporcionaram para realizar meu sonho.

Ao meu esposo Hueber que contribuiu para que nosso trabalho fosse

realizado e que sempre esteve em minha vida, me apoiando e torcendo por

essa vitória.

Aos meus amigos, irmãos, sobrinhos e cunhados por sempre

incentivarem e estarem do meu lado.

Aos orientadores Irso Tófoli e Ana Beatriz pelo carinho, atenção,

paciência nas horas de ansiedade e angústia, nos passando

autoconfiança de que somos realmente capazes de concluir este trabalho.

A todos os professores por não medirem esforços para nos

transmitir conhecimento e colaborarem para nosso crescimento

acadêmico e pessoal.

Em especial ao mestre Irso Tófoli por ser um exemplo de

profissional, pessoa maravilhosa e muito sabia, sendo sempre um ícone

em minha vida.

Ao Eduardo e a Mônica que realizaram comigo este trabalho, onde

juntos sofremos, sorrimos e nos divertimos, porém, concluímos nossa

meta com êxito.

Ao Sr. Paulo Basso, por ter nos recebido em sua empresa e sua vida

de portas abertas e por nos ensinar com sua experiência e humilde.

Vânia

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo evidenciar o perfil

empreendedor, assim como diversos fatores externos que influenciam a

pessoa a desenvolver a ideia empreendedora. Mas não basta que exista a

motivação para empreender, é necessário que o empreendedor esteja

preparado para isso, ou seja, que conheça formas de análise de negócio, do

mercado e de si mesmo para perseguir o sucesso com passos firmes e saber

colocar o sucesso a seu favor. Ressalta-se a importância da visão

empreendedora como agente de mudança, possuidor de componentes

essenciais, mobilizando capital, agregando valor a recursos naturais,

produzindo bens e administrando os meios para incrementar o seu negócio.

Deve-se isso ao seu gosto pela diversificação, comprometimento e disposição

em assumir risco. A empresa escolhida para a realização da pesquisa foi a

fazenda São Francisco que foi adquirida em 1999, em Guaiçara, no interior de

São Paulo. Focado inicialmente na criação de gado, sofre influência do

mercado e através da visão empreendedora de seu proprietário, Paulo Augusto

Moliterno Basso, parte para o agroturismo, oferecendo atualmente pesque-e-

pague, lanchonete, restaurante e visitação pela fazenda. Como resultado da

pesquisa, ficou evidente que a diversificação torna um empreendimento

lucrativo.

Palavras-chave: Agroturismo. Diversificação de Atividades Mercantis.

Empreendedorismo Rural.

ABSTRACT

This study aimed to highlight the entrepreneurial profile, as well as

various external factors that influenced the person to develop the

entrepreneurial idea. But there is sufficient motivation to undertake, it is

necessary that the Entrepreneur is prepared for it, or who knows forms of

business analysis, market and of itself to pursue success with firm steps and

put out in your favor. We highlight the importance of the entrepreneurial vision

as a change agent in possession of essential components, mobilizing capital,

adding value to natural resources, producing goods and managing the means to

boost their business. This was due to his taste for diversity, commitment and

willing ness to take risks. The company chose to conduct the study was the

farm São Francisco which was acquired in 1999, in the municipality of

Guaiçara, interior of São Paulo. Focused initially in cattle production, is

influenced by market and by the entrepreneurial vision of the owner, Mr. Paulo

Augusto Moliterno Basso, goes to the agritourism, currently offering a fish and

pay, cafeteria, restaurant and visitation the farm. As a result of research it

became clear that diversification makes it a profitable enterprise.

Keywords: Agritourism. Diversification. Rural Entrepreneurship.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Paulo Basso ..................................................................................... 19

Figura 2: Estufas para Olericultura .................................................................. 22

Figura 3: Pesque-e-pague ............................................................................... 23

Figura 4: Análise Swot ..................................................................................... 36

Figura 5: Entrada do restaurante ..................................................................... 39

Figura 6: Foto interna do restaurante ............................................................... 40

Figura 7: Foto interna da cozinha do restaurante ............................................. 40

Figura 8: Acomodações da lanchonete ............................................................ 41

Figura 9: Foto do ambiente interno da lanchonete ........................................... 41

Figura 10: Lagoa ............................................................................................. 42

Figura 11: Um dos autores pescando .............................................................. 42

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Atividades exercidas pela empresa ................................................. 19

Quadro 2: Exemplos de oportunidades e ameaças.......................................... 34

Quadro 3: Exemplos de forças e fraquezas ..................................................... 35

Quadro 4: Evolução de receitas e despesas da fazenda São Francisco .......... 43

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNPJ: Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

EMEI: Escola Municipal de Educação Infantil

HA: Hectare

SBT: Sistema Brasileiro de Televisão

SP: São Paulo

SWOT: Strenghts Weaknesses Opportunities Threats

T: Tonelada

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14

CAPÍTULO I – FAZENDA SÃO FRANCISCO ................................................. 18

1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ..................................................................... 18

1.1 Perfil do Proprietário .............................................................................. 18

1.2 Visão ..................................................................................................... 18

1.3 Diversificação das atividades ................................................................ 19

1.3.1 Cultivo de milho e soja .......................................................................... 20

1.3.2 Cana-de-açúcar .................................................................................... 20

1.3.3 Bovino de corte ..................................................................................... 20

1.3.4 Olericultura ............................................................................................ 21

1.3.5 Agroturismo ........................................................................................... 22

1.4 Perspectivas .......................................................................................... 23

CAPÍTULO II - EMPREENDEDORISMO ......................................................... 25

2 CONCEITO DE EMPREENDEDORISMO ............................................. 25

2.1 Teorias sobre Empreendedorismo ........................................................ 25

2.2 Características do Empreendedor ......................................................... 26

2.3 Empreendedor x Empresário ................................................................. 29

2.4 Empreendedorismo Rural...................................................................... 29

2.4.1 Características do Empreendedor Rural ................................................ 31

2.5 Análise SWOT ....................................................................................... 32

2.5.1 Análise do ambiente externo ................................................................. 32

2.5.2 Análise do ambiente interno .................................................................. 34

CAPÍTULO III – EMPREENDEDORISMO RURAL TRANSFORMANDO

SONHO EM REALIDADE .............................................................................. 37

3 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 37

3.1 Relato e Discussão do trabalho realizado referente ao

Empreendedorismo Rural ................................................................................ 37

3.2 Restaurante........................................................................................... 39

13

3.3 Lanchonete ........................................................................................... 40

3.4 Pesque-e-Pague ................................................................................... 41

3.5 Olericultura ............................................................................................ 43

3.6 Parecer final sobre o caso ..................................................................... 43

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .................................................................... 45

CONCLUSÃO ................................................................................................. 46

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 48

APÊNDICES .................................................................................................... 50

ANEXOS ......................................................................................................... 58

14

INTRODUÇÃO

Para muitos, o empreendedorismo é uma forma de ser, agir, pensar, é e

também uma maneira de vislumbrar possibilidades. Muitas pessoas começam

seu empreendimento a partir do sonho de serem donos dos seus próprios

negócios. Alguns esquecem que empreendedorismo é todo um processo de

criar algo novo, que necessita de dedicação e esforço necessário, sem falar

nos riscos financeiros, psíquicos e sociais. Na maioria das vezes recebem

como recompensa satisfação e independência pessoal e econômica.

(ARAUJO, 2007)

É certo que características principais do empreendedorismo: iniciativa,

autonomia, autoconfiança, otimismo, perseverança, estabelecimento de metas,

resultados, intuitivo, liderança, entre outros. Assim, seguindo o pensamento de

Gomes (2008, p. 114): “Empreender é um desafio, mas é também um carimbo

impresso no nosso DNA”.

Portanto, claro está, que há pessoas com uma predisposição maior, ou

seja, nascem com essas características, algumas as desenvolvem ao longo da

vida, outras não.

O empreendedorismo está cada dia mais presente nas salas de aula

através de disciplinas específicas e em outros setores da sociedade com

treinamentos, palestras motivacionais, cursos, evitando assim uma redução na

taxa de mortalidade entre novos negócios.

Empreendedorismo rural é um assunto pouco discutido e explorado, fato

que despertou o interesse do grupo em intensificar a pesquisa, objetivando

analisar os tipos de atividades empresariais desenvolvidas em propriedades

rurais.

O empreendedorismo rural como recente campo de estudo, tem procurado estudar e adaptar ao meio rural, ferramentas que até então foram desenvolvidas e aplicadas em empresas tradicionais do setor industrial ou comercial. (DA SILVA; LORENZETTI, 2008, p. 2).

O meio rural brasileiro conserva o conhecimento do trabalho, mantendo

as tradições, respeitando a cultura familiar e conservando valores e crenças, de

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modo que tendem a ficar na atividade agrícola aqueles jovens que não vão

bem à escola ou não tiveram acesso à cultura escolar, associando o meio rural

à incapacidade pessoal, e jovens que por sua vez tiveram oportunidades à

educação e retornaram ao campo para desenvolver as atividades com mais

eficiência.

É clara a visão de que o principal agente do desenvolvimento rural é o

produtor. As atividades por ele exploradas diferenciam-se das demais

atividades econômicas em razão de algumas características: estar sujeita às

influências climáticas, não estar em contato direto com o consumidor final e por

se tratar de produtor rural, geralmente não ocorre um processo de escolha do

ramo de negócio, uma vez que costuma passar de geração em geração para

potencializar o desenvolvimento rural.

Para uma melhor compreensão desse fenômeno, é importante observar

características peculiares do empreendedor rural e urbano. Apesar de com

frequência querer produzir e gostar de terra, o produtor rural, sem muitas

perspectivas, tem dificuldade em visualizar mercado e conscientizar-se da

necessidade de capacitação. Por outro lado, é comprometido com sua

atividade, se veem muito mais como parceiros do que como concorrentes. Têm

como características: liberdade e autonomia decisória, envolve a família nas

atividades empresariais, preservação do meio ambiente e interação

comunitária, conforme aponta-nos Araujo (2007).

O que poucos sabem é que uma propriedade rural também deve ser

vista como uma empresa, assim a capacitação relacionada à administração

rural tornou-se ferramenta importante aos produtores rurais, para o

planejamento de implantação de novas tecnologias. Para o meio rural,

tecnologia não se resume somente a maquinários e equipamentos, mas

também a todo o processo de se fazer algo.

A presença do pequeno produtor rural é maioria em seu setor, formado

por familiares, muitas vezes com pouco estudo, grande dificuldade de

conseguir subsídios junto aos órgãos públicos e instituições financeiras,

desestimulando a melhoria nas propriedades. Os problemas que o pequeno

produtor em geral enfrenta, causam exclusão social e consequentemente a

16

pobreza. A implantação do empreendedorismo na zona rural é uma forma de

contribuir para a melhoria do setor. Dessa forma:

[...] a gestão dos negócios agrícolas pode contribuir com a inclusão social dos agricultores, criando condições para que estes permaneçam nas pequenas propriedades agrícolas com a consequente melhora da qualidade de vida dos mesmos.( MIYAZAKI et al., 2008, p. 8).

Nesta direção, o fortalecimento da agricultura familiar pode colaborar

para a inclusão social e o desenvolvimento econômico.

Segundo Da Silva e Lorenzetti (2008, p. 4-5): “[...] o desenvolvimento de

estudos e programas de incentivo a profissionalização da gestão da

propriedade rural tomam grande importância na consolidação do Brasil como

grande produtor mundial.” Dessa forma, com o incentivo de alguns órgãos se

torna mais fácil o crescimento dos pequenos produtores, ocasionando a

redução das desigualdades pessoais, setoriais e regionais na distribuição da

renda.

Levando em consideração os apontamentos anteriores, a pesquisa foi

desenvolvida na propriedade rural do Sr. Paulo Augusto Moliterno Basso que,

usando de sua farta experiência em planejamento estratégico, decidiu adquirir

a fazenda São Francisco. Apesar de ter conhecimento de todas as dificuldades

que encontraria, decidiu colocar seu lado empreendedor em prática, e fez de

sua propriedade uma oportunidade de negócio.

A fazenda é localizada no município de Guaiçara, estado de São Paulo e

tem como atividades: agroturismo, hortifruti, gado de leite, plantio de

seringueiras e arrendamento de terras para o cultivo de cana-de-açúcar.

No desempenho de suas características empreendedoras, o proprietário

desenvolve no agroturismo a atividade de pesque-e-pague, lanchonete,

restaurante para grupos e salão para festas. Na atividade de hortifruti, cultiva

tomate, pimentão diversificado, cajueiros, comercializando-os na região. Já

com o gado, comercializa o leite e concilia com a atividade do agroturismo

através de visitações ao curral, juntamente com a visitação às seringueiras. O

arrendamento para o cultivo de cana-de-açúcar é uma forma de conseguir

recursos para investimentos.

17

Diante dos pressupostos teóricos apresentados, levantou-se a seguinte

pergunta problema: a diversificação das atividades transforma uma propriedade

rural em um empreendimento lucrativo?

Em resposta a pergunta problema surgiu a seguinte hipótese:

A diversificação das atividades transforma uma propriedade rural em um

empreendimento lucrativo, despertando no proprietário suas características

empreendedoras.

Para realização da pesquisa utilizou-se dos métodos observação

sistemática, histórico e estudo de caso especificado minuciosamente no

Capítulo III deste trabalho.

O trabalho está assim estruturado:

O Capítulo I aborda sobre a evolução histórica da empresa em estudo,

destacando o perfil empreendedor do proprietário, a diversificação das

atividades e perspectivas para o futuro.

O Capítulo II discorre sobre a fundamentação teórica do

Empreendedorismo Rural, conceituando empreendedorismo, características do

empreendedor e empreendedor rural, diferenças entre empresário e

empreendedor e análise SWOT.

O Capítulo III demonstra a pesquisa realizada na fazenda São

Francisco, destacando a diversidade de atividades.

Finalmente, a Proposta de Intervenção e Conclusão foram resultantes de

uma comparação entre a teoria descrita e a pesquisa realizada na empresa.

18

CAPÍTULO I

FAZENDA SÃO FRANCISCO

1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

1.1 Perfil do Proprietário

Paulo Augusto Moliterno Basso, 61 anos, natural de Lins / SP, casado, 3

filhas, formou-se em Engenharia Civil na Escola de Engenharia de Lins no ano

de 1970, aos 22 anos. Depois de formado foi trabalhar como trainee na

Volkswagem, em São Bernardo do Campo / SP, onde permaneceu até

aposentar-se.

Em 1972 manifestou interesse em trabalhar na implantação da fábrica

de 487.000 m², em Taubaté / SP. No meio do projeto, que durou cerca de 30

meses, o responsável pela implantação, desistiu do projeto por motivos

particulares e ele, com apenas 2 anos de fábrica, assumiu a direção do projeto

e de toda a equipe, conseguindo mostrar que, mesmo sem muita experiência,

tinha um grande potencial de liderança.

Durante sua trajetória profissional, destacou-se por suas ideias

estratégicas, mostrando sua capacidade empreendedora. Assim, a diretoria

resolveu investir em seu capital intelectual, proporcionando-o a oportunidade

de fazer cursos de extensão nas áreas de Administração (com ênfase em

indústria automobilística), Comércio Exterior e Finanças pela Fundação Getulio

Vargas. Com toda essa formação, morou 2 anos na Alemanha, aposentando-

se como Diretor Adjunto de Instalações de Fábricas.

1.2 Visão

19

Após aposentar-se, adquiriu a fazenda São Francisco em 1999, como

forma de investimento. Na época da compra, a fazenda tinha 50 alqueires e

800 cabeças de gado de corte.

No período entre 2003 e 2005, cultivou milho e soja. A partir de 2005,

paradigmas foram quebrados e vislumbrou-se oportunidades de diversificação

de negócios, colocando em prática o verdadeiro sentido do empreendedorismo,

surgindo a partir de então a ideia do agroturismo, aproveitando dessa forma a

área ociosa da fazenda e suas instalações rústicas.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 1: Paulo Basso

1.3 Diversificação das atividades

A fazenda São Francisco está localizada no município de Guaiçara,

estado de São Paulo, cadastrada sob CNPJ sob n.º 08.206.292/0003-97,

abrangendo uma área de 194,00ha.

São cultivados na propriedade:

continuação

UTILIZAÇÃO ÁREA (ha) OBSERVAÇÃO

Cultura semi-perene 130,0 Cana-de-açúcar

Cultura temporária 10,0 Milho/Sorgo

20

conclusão

Pastagens 20,0 Tanzânia, Brachiária, Brizantha

Vegetação natural 16,8 APP, Remanescente

Área em descanso 6,0 Milho/Girassol

Área complementar 11,2 Construções, açudes, brejo

TOTAL 194,0

Fonte: elaborado pelos autores, 2009

Quadro 1 – Atividades exercidas pela empresa

Em seu inventário existem máquinas, equipamentos e animais de tração

tais como: trator pneu, arado fixo, grade aradora, escarificador, carreta,

cavalos, ensiladeiras, trator.

1.3.1 Cultivo de milho e soja

Milho (5%) – A produtividade do milho foi de 85 sacas / hectare. A opção

pelo cultivo de grãos foi para adquirir experiência como alternativa da

propriedade e também a recuperação / reforma das pastagens.

1.3.2 Cana-de-açúcar

Cana-de-açúcar (70%) – Atualmente ocupa uma área de 130 hectares. A

produtividade da cana é de 115 t / ha, sendo esta de segundo corte.

Proprietário na condição de fornecedor de Usina com contrato de 05 anos.

1.3.3 Bovino de corte

Bovino de Corte (10%) – Pecuária Bovina de leite de 150 Unidades

Agrária. Predominantemente animais da raça Girolando, cria, recria e engorda,

21

mineralização, suplementação no inverno com cana mais fonte de proteínam

todas as vacinações obrigatórias, controle de endo e ectoparasitas e

acompanhamento por uma veterinária. A bovinocultura é bastante técnica,

onde a limitação atual é na alimentação com manejo mais intensivo.

1.3.4 Olericultura

A olericultura na fazenda era mais um negócio para agregar valor. A

região tem terra fértil para produção de qualquer cultivo, porém a

comercialização dos produtos é precária por falta de parcerias entre os

agricultores.

A opção pela olericultura se deu devido a uma medida expressiva de

terra ociosa, assim utiliza-se para cultivar vagem e variedades de tomate e

pimentão, através de estufas e com a menor quantidade possível de

agrotóxicos.

Foram encontrados alguns problemas e suas causas:

a) Alimentação cara para os animais – Período de seca prolongado,

falta de pasto.

b) Milho e soja produtividade abaixo da média regional – Falta de

familiarização com a semeadora/adubadora e da cultura e definição

de um cultivar de soja para a região.

c) Pastagem com produção abaixo do seu potencial – Dimensão

inadequada dos piquetes, falta de adubação e calagem de acordo

com o potencial das capineiras.

d) Preparo de solo com custo elevado (aração e gradagens) – Falta de

um planejamento antecipado das áreas de produção de grãos e das

pastagens.

22

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 2: Estufas para Olericultura

1.3.5 Agroturismo

Quando a fazenda foi adquirida, havia casas, galpões, tuias antigas.

Contudo, com a ideia do agroturismo, estes foram reformados, sem entretanto

tirar a rusticidade, mantendo o clima de fazenda antiga, mas com inovações

transformou em restaurantes, lanchonete, salão para festas, utilizados como

uma forma de atrativos para os turistas.

A lagoa que estava assoreada foi resgatada, transformando-se em um

pesqueiro e agregando-se aos atrativos turísticos.

Uma área da fazenda foi arrendada para um parceiro, e este

desenvolveu a olericultura, cultivando tomate, pimentão, caju. Essa parceria

adiciona valor ao seu agroturismo, pois os turistas fazem visitação às hortas e

adquirem os produtos que estão disponíveis para venda.

O empreendimento tem como concorrentes, voltado ao agroturismo, os

proprietários de ranchos à beira d’àgua, diminuindo o fluxo de turistas aos finais

de semana e feriados. Porém, o público se torna fiel à fazenda na busca de

resgatar lembranças, principalmente turistas de grandes cidades e/ou centros

urbano.

23

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 3: Pesque e Pague

1.4 Perspectivas

Para um futuro próximo, as expectativas são de reservar uma área para

plantar eucalipto e aumentar o cultivo da cana-de-açúcar, construir alguns

chalés para hospedagem de turistas, bem como a construção de outra lagoa

para a pesca esportiva com peixes maiores, focando ainda mais o agroturismo.

Pretende-se utilizar os recursos da Internet para divulgação de suas atividades

e facilitar o turismo.

Para o proprietário, qualidade de vida, respeito, higiene, limpeza,

qualidade dos produtos e serviços e preço são fundamentais para manutenção

de seus clientes, pois acredita que o contato “corpo a corpo” é a melhor forma

de medir o nível de satisfação e motivação dos seus clientes.

Em contato com os clientes, descobriu-se que área verde, liberdade,

animais, condições de lazer, conforto e bem estar são fatores esperados em

uma propriedade rural, assim como paz de espírito e momentos em família.

Como sugestões de melhorias tem-se: passeios a cavalo, carroça e

diversidade de peixes.

Das atividades oferecidas, a pesca é considerada a mais interessante

pelos clientes.

24

Um outro plano para o futuro seria a criação de peixes para fornecer a

frigoríficos da região, pois entende que a região sofre com a escassez desse

tipo de criação.

Em contato com futuras parcerias, descobriu-se a possibilidade de

produzir queijo, sendo ele produtor de leite e sua parceria fornecendo mão-de-

obra.

Para incrementar o agroturismo, pensa-se na possibilidade de colocar

esportes radicais, como tirolesa.

25

CAPÍTULO II

EMPREENDEDORISMO

2 CONCEITO DE EMPREENDEDORISMO

2.1 Teorias sobre Empreendedorismo

Empreendedorismo é uma forma de ser, de ver o mundo baseada na

inovação, porém algumas pessoas acreditam que para ser empreendedor,

basta ter uma boa ideia e abrir uma empresa.

Para o empreendedor, o ser é mais importante do que o saber. A empresa é a materialização dos nossos sonhos... Sob esse prisma, o empreendedorismo é visto também como um campo intensamente relacionado com o processo de entendimento e construção da liberdade humana. (DOLABELA, 2006, p. 244)

Na idade média já se usava o termo empreendedor para descrever

administradores de grandes projetos e em meados do século XX, estabeleceu-

se a relação de empreendedor como inovador.

Algumas pessoas tem uma predisposição maior, mas a maioria dos

seres humanos nasce empreendedor. É preciso desenvolver os

comportamentos certos para liberar o potencial, podendo acontecer

naturalmente pelo meio familiar ou escolar. Como exemplo cita-se Samuel

Klein das Casas Bahia, Silvio Santos do SBT e os Matarazzo das indústrias.

Empreendedorismo não se aprende em livros, embora ler sobre experiências seja válido, ele requer um ensino muito mais intensivo em práticas, experiências, novas formas de repassar conhecimento do que se viu até agora. (GARTENKRAUT, 2007, p.13)

Porém há quem diga que empreendedorismo se aprende na escola.

Segundo Rocha (2008) o certo é que o empreendedorismo está cada dia mais

presente nas salas de aula. Conforme Codec (2009), exemplo disso é a cidade

de Lins, onde o empreendedorismo é presente nas salas de aula, do ensino

municipal de educação infantil (EMEI) até as universidades, passando pelo

26

ensino fundamental e médio. Desenvolver uma cultura empreendedora é uma

tarefa de longo prazo.

Assim como o talento para música, o empreendedorismo deve ser uma característica identificada e incentivada nas escolas. Sem essa capacitação profissional, será difícil modificar o quadro de falências de novas empresas. (GARTENKRAUT, 2007, p.13)

O interesse do Brasil pelo assunto empreendedorismo surgiu no final da

década de 90. Os fatores que talvez expliquem este interesse seriam a

preocupação com a criação de pequenas empresas duradouras e a

necessidade de diminuição das taxas de mortalidade destes empreendimentos.

“O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI

mais que a Revolução Industrial foi para o Século XX.” (DORNELAS, 2005, p.

21).

O Brasil é um país que ainda tem muito espaço para empreendedores

que queiram crescer, assim é mais fácil achar gente talentosa aqui do que lá

fora, porque há boas universidades e o povo brasileiro é muito criativo.

2.2 Características do Empreendedor

Empreendedor é aquele que desenvolve a arte de empreender, de

mudar, inovar. Esta é uma pessoa capaz de enxergar a vida sobre outro ângulo

e na maioria das vezes transformar uma situação adversa a seu favor com um

pouco mais de empenho, dedicação e comprometimento.

Um empreendedor conhece bem seu dia a dia e consegue se adaptar

com desenvoltura as mudanças. Para ele dinheiro é a recompensa pelo bom

trabalho executado e sente-se obrigado a apropriar-se de todas as informações

possíveis, levantando os pontos fortes e fracos, bem como as oportunidades e

ameaças no mercado.

Nenhum empreendedor desenvolveu sua conduta escrevendo sentado planos de negócios. Eles precisam ir a campo, identificar suas características mais fortes e mais fracas, e trabalhar intencionalmente no desenvolvimento de suas competências. (GARCIA, 2008, p. 76)

27

Para Araujo (2000) empreendedor bem sucedido deve apresentar as

seguintes características:

a) Buscar oportunidades: é a capacidade natural de estar

permanentemente atento a tudo que acontece à sua volta. Um

empreendedor tem sensibilidade para fazer coisas novas, na hora

e no lugar certo, ou seja, ele sabe identificar as necessidades do

seu cliente. O empreendedor é curioso e vive em constante

pesquisa de novos caminhos.

b) Perseverar: é a capacidade de definir e manter o direcionamento

de sua empresa rumo ao sucesso, apesar das dificuldades

encontradas. É a persistência pelo ideal, pelos objetivos a que se

propõe, superando os obstáculos do caminho.

c) Comprometer-se: o empreendedor tem alto nível de compromisso

com o trabalho que desenvolve. Aceita a responsabilidade por

suas falhas no cumprimento de suas tarefas.

d) Correr riscos, mas calculados: capacidade de enfrentar desafios é

uma combinação de ousadia, controle e determinação. Os riscos

fazem parte de qualquer atividade, e é preciso saber conviver com

eles e sobreviver a eles.

e) Estabelecer metas objetivas: o empreendedor estabelece

objetivos a longo prazo e define metas de curto prazo. A

tendência do empreendedor é definir claramente objetivos e

metas que lhe deem condições de realizar projetos mais amplos e

duradouros. O empreendedor tem nítida direção de conduta e

determinação.

f) Buscar informações: o empreendedor está sempre disposto a

aprender. Ele tem sede de conhecimento, de buscar novas

informações. Entende que a inovação contínua é a base das

organizações modernas. Tem consciência de que nunca sabe

tudo e que sempre existem coisas a entender e a descobrir sobre

sua empresa, clientes, fornecedores.

Já para Tófoli (2009), as características devem ser:

28

a) Planejar: planeja dividindo tarefas de grande porte em subtarefas

com prazos definidos, revisa seus planos levando em conta os

resultados obtidos e as mudanças.

b) Persuadir e manter contatos: utiliza estratégias deliberadas para

influenciar ou persuadir os outros. Utiliza pessoas-chave como

agentes para atingir seus objetivos e age para desenvolver e

manter relações comerciais.

c) Ter confiança e independência: busca autonomia em relação as

normas e controles de outros. Mantém seu ponto de vista, mesmo

diante da oposição ou de resultados inicialmente desanimadores.

Expressa confiança na sua capacidade de completar uma tarefa

difícil ou de enfrentar um desafio.

d) Atuar com qualidade: encontra maneiras de fazer as coisas

melhor, mais rápido e mais barato; age de maneira a fazer as

coisas que satisfazem. Desenvolve ou utiliza procedimentos para

assegurar que o trabalho atenda a padrões de qualidade

previamente combinados.

Obviamente, é impossível uma única pessoa ter todas as características

bem desenvolvidas. Mas, de maneira geral o empreendedor utiliza de todas

elas em momentos distintos e ele se tornará melhor cada vez em que buscar

se aprimorar nestas características.

Conforme Tranjan (2008), existem diversos modelos de empreendedor:

a) O modelo “ganha-pão” – São empreendedores movidos pelo

sustento, estão preocupados em ganhar a vida. O foco é a

segurança acima de tudo.

b) O estilo celebridade – São movidos pela vaidade, estão à procura

de admiração, prestígio, respeito, status. Este tipo de

empreendedor é, em geral, ambicioso e inteligente. E a vaidade

funciona, de certa forma, como uma força impulsionadora.

c) Direcionados pelo talento – Estão em busca de autorrealização. E

para eles, um negócio nada mais é do que um meio através do

qual possam expressar os seus talentos.

29

d) Três em um – Um empreendedor, seja qual for a sua principal

motivação, também se preocupa com o sustento. E por mais

direcionado que seja pelo seu talento, não está destituído de

vaidade. Ninguém se enquadra, portanto, apenas em uma

categoria.

2.3 Empreendedor x Empresário

Algumas pessoas confundem empreendedor com empresário. São

conceitos parecidos, mas não idênticos. O bom empresário precisa ser

empreendedor, mas nem todo empreendedor é empresário. O empreendedor

pode criar empreendimentos em qualquer lugar.

Empresário – Ser empresário não é uma atividade tão comum, visto que a grande parte da população não é e nem será empresário algum dia. No entanto, todos sabem da importância deles na vida econômica do país e do mundo. Devem estar capacitados e preparados para desempenharem bem as suas funções. Quem deseja ser empresário deve se preparar para isso. Empreendedor – O empreendedor é um sujeito ainda mais raro e difícil de ser preparado, mas é ele que possui a capacidade de provocar transformações quantitativas e qualitativas a vida das pessoas e na vida nacional. (CABIDO, 2004)

Um empresário pode ter adquirido uma empresa já formada, pode ter

herdado o negócio da família ou pode ter aberto um pequeno negócio apenas

como meio de subsistência, sem necessariamente ter grandes ambições

empreendedoras. Da mesma forma muitas pessoas tem atitudes

empreendedoras sem necessariamente possuir um negócio.

Infelizmente, existem empreendedores do bem e do mal. Pessoas que

usam sua capacidade empreendedora para promover o bem e a prosperidade

e outras que usam para proveito próprio, desrespeitando a lei e a ética.

2.4 Empreendedorismo rural

30

O meio rural brasileiro conserva a tradução escravista que dissociou em

nossa formação histórica o conhecimento do trabalho. Para Miyazaki (2008),

[...] permanecer no meio rural associa-se a uma espécie de incapacidade

pessoal de trilhar o suposto caminho do sucesso.

É indiscutível o entendimento de que o principal agente do

desenvolvimento no campo é o produto rural.

A atividade por ele explorada distingue-se das demais atividades econômicas em razão de suas características peculiares: ser exercida a céu aberto e, portanto, estar sujeita às influências climáticas de toda ordem; de uma forma geral não está em contato direto com o consumidor final; e, ainda, ser ou estar em condição de produtor rural, geralmente, não decorre de um processo de escolha do ramo de negócio, de forma análoga ao que acontece no meio urbano, pois a terra – o principal bem de produção na esmagadora maioria das vezes, é fruto do ato de legar, ou seja, passa de geração em geração,

para potencializar o desenvolvimento rural. (MIYAZAKI, 2008)

A capacitação relacionada à administração rural tornou-se ferramenta

capaz de oferecer aos produtores rurais subsídios administrativos.

Cada vez mais o meio rural brasileiro tem que se preocupar com mudanças econômicas nacionais e internacionais, com objetivo de acompanhar e evoluir com tais mudanças, no entanto, para isso é necessário a organização dos processos administrativos internos às propriedades. [Kiyota (apud DA SILVA e LORENZETTI, 2007, p. 3)]

Para promover o empreendedorismo rural, segundo Favareto (apud DA

SILVA e LORENZETTI, 2007, p.4), é fundamental entender alguns pontos:

a) Para a definição de estratégias é necessário conhecer

detalhadamente a realidade da vida econômica e social local

entendendo os mecanismos de reprodução social das populações

e seus vínculos com a dinâmica do território;

b) A introdução de inovações terá que começar já pelo tipo de ações

que os projetos dirigidos a esses territórios irão propor – é preciso

ir além das atividades tradicionais de diagnóstico, capacitação e

assessoria para se avançar na efetiva direção de construir

arranjos institucionais inovadores;

c) As características desses arranjos institucionais inovadores

precisarão, pelo menos, ir além dos atores tradicionais e mesmo

31

dos atores locais, e ir além dos horizontes de tempo restritos que

não permitam a maturação das iniciativas.

Alguns produtores, sofrendo com os baixos preços de sua produção,

utilizam-se da diversificação para minimizar os problemas. Conforme

RuralNews (2000), a diversificação de atividades, muitas vezes agricultura e

pecuária juntas, é uma das alternativas.

Cada empreendedor rural possui disponibilidades específicas, as quais

podem ser fatores limitantes para o desenvolvimento do negócio. Segundo

RuralNews (2008), os fatores que podem limitar ou impulsionar o negócio,

pode-se citar:

a) Disponibilidade de recursos para investimentos;

b) Recursos para capital de giro;

c) Infraestrutura adequada para o empreendimento;

d) Conhecimento técnico.

Quando as necessidades do empreendimento não puderem ser supridas

pelo próprio produtor, nem por capital e terceiros, deve ser repensado ou

adequado à realidade do produtor.

2.4.1 Características do empreendedor rural

Empreendedor rural nada mais é do que o empreendedor que decide

investir em uma propriedade rural ou o produtor rural, que junto com sua

família, utiliza de suas terras como forma de oportunidade.

Nesse sentido, para Miyazaki (2008) a característica empreendedora do

produtor rural reveste-se de grande importância para melhor compreender (...)

a otimização dos recursos econômicos no meio rural e inclusão dos pequenos

proprietários e suas famílias.

O perfil empreendedor do homem do campo é bem diferente do

empresário urbano.

Apesar de estar muito focado porteira adentro, de querer produzir e gostar da terra, o produtor rural tem dificuldade em visualizar mercado e conscientizar-se da necessidade de capacitação. Em

32

contrapartida, é muito comprometido com sua atividade. (DA SILVA e LORENZETTI, 2008, p. 21)

Já para Araujo (2007), são características do empreendedor rural:

a) Compartilhamento do risco.

b) Planejamento operacional e de longo prazo.

c) Controle de gastos empresariais e familiares.

d) Liberdade e autonomia decisória.

e) Capacidade de informação e comunicação.

f) Envolve a família nas atividades empresariais.

g) Preservação do meio ambiente.

h) Interação comunitária.

2.5 Análise Swot

A análise SWOT é uma poderosa ferramenta de gestão utilizada para

avaliar parte de um plano de negócios ou plano de marketing. O termo SWOT

vem das iniciais das palavras inglesas STRENGHTS (forças), WEAKNESSES

(franquezas) OPPORTUNITIES (oportunidades) e THREATS (ameaças) que

são justamente os pontos a serem avaliados da organização e do mercado

onde ela está atuando.

Sua importância no apoio à formulação de estratégias deriva de sua capacidade de promover um confronto entre as variáveis externas e internas, facilitando a geração de alternativas de escolhas estratégicas, bem como de possíveis linhas de ação. (TULESKI, 2009)

A análise SWOT é dividida em duas partes: ambiente externo

(oportunidades e ameaças) e ambiente interno (forças e fraquezas).

2.5.1 Análise do ambiente externo

São diversos os fatores externos que podem afetar o desempenho da

empresa.

33

Para Tuleski (2009), a avaliação do ambiente externo divide-se em duas

partes:

a) Fatores macroambientais: aspectos gráficos, econômicos, legais e

políticos, tecnológicos, culturais.

b) Fatores microambientais: beneficiários, familiares, as

organizações congêneres, principais parceiros e potenciais

parceiros.

Segundo Dolabela (2006), durante uma análise deve-se considerar

alguns parâmetros:

a) Sazonalidade;

b) Efeitos da situação econômica;

c) Controle governamental;

d) Disponibilidade de insumos;

e) Ciclo de vida do setor;

f) Lucratividade;

g) Mudanças que ocorrem no setor;

h) Efeitos da evolução tecnológica;

i) Grau de imunidade à concorrência;

j) Adequação às características individuais;

k) Potencial de lucro e crescimento

As mudanças no ambiente externo sempre afetam todas as

organizações que atuam num mesmo mercado e região geográfica,

representando oportunidades e ameaças iguais para todo mundo.

As organizações que perceberem tais mudanças no ambiente externo e

se adaptarem as mesmas poderão aproveitar melhor as oportunidades e

sofrerão menos as consequências das ameaças. Daí a importância de fazer

uma análise externa.

Sendo assim, perceber que o ambiente externo está mudando é uma

coisa, outra é ter competência para adaptar-se a estas mudanças

(aproveitando as oportunidades e enfrentando as ameaças).

34

Exemplos de oportunidades

a) Mudanças demográficas, políticas, sociais e econômicas.

b) Mudanças na legislação, desregulamentação.

c) Novas tecnologias.

d) Abertura de mercados estrangeiros: Mercosul, Alca.

e) Concorrentes com dificuldades.

f) Produtos substitutos.

g) Parceria com distribuidores e fornecedores.

Exemplos de ameaças

a) Alteração nos gostos e hábitos dos clientes.

b) Novas tecnologias.

c) Mudanças demográficas, políticas, sociais, econômicas.

d) Declínio do produto, ciclo de vida.

e) Globalização dos mercados, com a entrada de novos concorrentes.

f) Produtos substitutos.

g) Novas parcerias entre concorrentes.

Quadro 2: Exemplos de oportunidades e ameaças.

Fonte: Dias, (2003, pág 447).

2.5.2 Análise do ambiente interno

Conforme ocorre com o ambiente externo, o ambiente interno também

deve ser monitorado permanentemente.

Em primeiro lugar, é importante fazer uma relação de quais são variáveis que devem ser monitoradas, por exemplo: capacidade de atendimento, demanda pelos serviços prestados, satisfação do público alvo com o atendimento... (TULESKI, 2009)

Logo após, deve-se fazer uma escala para avaliar cada uma destas

variáveis em relação aos objetivos da empresa.

O próximo passo seria determinar qual é a importância que cada um

destes itens tem em relação aos objetivos da organização.

35

Depois das avaliações feitas e identificar as áreas de maior importância

e áreas com fraquezas na organização, fica mais fácil decidir onde devem ser

colocados os esforços para melhoria, uma vez que não seria possível investir

em todas as áreas ao mesmo tempo.

Para Tuleski (2009), o ambiente interno corresponde às forças e

fraquezas, como segue:

a) Forças – correspondem aos recursos e capacidades da empresa

que podem ser combinados para gerar vantagens competitivas

em relação a seus competidores.

b) Fraquezas – os pontos mais vulneráveis da empresa em

comparação com os mesmos pontos de competidores atuais ou

em potencial.

Deve-se ficar atento que muitas vezes forças e fraquezas se confundem.

Algo que se considere força atualmente pode ser considerada fraqueza no

futuro, pelo fato da dificuldade de mudança que a mesma provoca.

Exemplos de forças internas

a) Criatividade da equipe.

b) Velocidade na tomada de decisão.

c) Recursos financeiros abundantes.

d) Marca reconhecida.

e) Domínio da tecnologia.

f) Reconhecimento no mercado, boa imagem.

g) Logística e distribuição eficientes.

Exemplos de fraquezas

a) Custos elevados.

b) Administração centralizada e lenta.

c) Inexistência de planejamento estratégico.

d) Falta de flexibilidade.

e) Prazos de entrega longos.

f) Preços altos.

g) Qualidade dos produtos que deixa a desejar.

Quadro 3: Exemplos de forças e fraquezas

Fonte: Dias, (2003, pág 448).

36

Após realizar a análise de SWOT a organização é capaz de observar as

vantagens e os pontos fracos de maneira mais transparente, bem como sua

situação perante o mercado. Esta análise é a base do planejamento anual de

atividades da organização. Ela é, portanto, uma ferramenta de fácil aplicação e

pode ser de grande utilidade no planejamento das organizações.

Fonte: Intelimap, 2009.

Figura 4: Análise Swot

37

CAPITULO III

EMPREENDEDORISMO RURAL TRANSFORMANDO SONHO EM REALIDADE

3 INTRODUÇÃO

Foi realizada uma pesquisa de campo no período de fevereiro a outubro

de 2009 na fazenda São Francisco com o objetivo de verificar que a

diversificação das atividades transforma uma propriedade rural em um

empreendimento lucrativo.

Para a realização da pesquisa, utilizou-se dos seguintes métodos:

Estudo de Caso: foi realizado um estudo de caso, na fazenda São

Francisco, analisando aspectos voltados ao empreendedorismo rural.

Observação Sistemática: foram observados, analisados e

acompanhados os procedimentos aplicados para a diversificação das

atividades em uma propriedade rural, para o desenvolvimento do Estudo de

Caso.

Histórico: foram observados os dados e evolução histórica da fazenda

São Francisco, assim como a evolução da diversificação das atividades na

propriedade, como suporte para o desenvolvimento do Estudo de Caso.

Utilizou-se também das seguintes técnicas para o desenvolvimento da

pesquisa:

Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A);

Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B);

Roteiro do Histórico da fazenda São Francisco (Apêndice C);

Roteiro de Entrevista para o Proprietário Rural (Apêndice D);

Roteiro de Entrevista para o Cliente Rural (Apêndice E).

Segue relato e discussão da pesquisa.

3.1 Relato e Discussão do trabalho realizado referente ao

Empreendedorismo Rural

38

Na aquisição da fazenda São Francisco, a vegetação encontrada era

erva daninha e terras ociosas. A partir disso, aflorou o sentimento

empreendedor e assim teve a ideia de plantar milho. Logo plantou-se 8000 pés

de café, que na época era algo lucrativo. Porém, problemas climáticos como

chuva muito forte, com pedras, destruiu toda a plantação.

Em seguida houve uma reestruturação, reformulou a vegetação e

decidiu-se pela criação de gado, pois na época era lucrativo, e onde havia terra

ociosa fez-se o arrendamento.

Após um período, o gado já não sendo mais interessante

economicamente, optou-se pelo plantio de soja, contrariando opiniões de

lideranças agrárias que diziam ser inviável esse cultivo na região. Nesse

período houve a colheita de duas safras de soja. Como não havia outros

produtores de soja na micro região, dificultou a comercialização para os

grandes centros.

A diversificação na fazenda é uma questão de necessidade, porque

dependendo do cultivo os rendimentos auferidos não cobre os custos de

produção. Enfatizando a variedade como forma lucrativa, pois uma cultura

compensa os custos da outra.

Segundo Paulo Basso, nos dias atuais, o cultivo de eucalipto, cana-de-

açúcar e seringueira são a diversificações mais rentáveis em uma propriedade.

O mesmo ainda cita como exemplo de mudança na vida de um produtor

rural, a história de dois produtores aposentados que em 1,5 hectares de terra

criavam cabeças de gado. Foram feitos 28 lotes de terra para que o gado

pastasse cada dia em um deles, sendo assim eles teriam pasto verde o mês

inteiro.

Na época da estiagem, o gado era alimentado pela cana e tinha o

esterco como adubo da plantação.

Baseado nisso, sabe-se que cada um dos produtores sustentou suas

famílias e construíram suas casas próprias.

Para que o sucesso ocorra, é necessário planejamento e envolvimento

da família toda, tornando assim zero o pagamento de mão-de-obra.

Diante disso, migrou-se para a plantação de cana, fornecendo para

usinas da região.

39

Em seguida, com o pensamento empreendedor em evidência e pelo fato

de ser um negócio promissor e lucrativo, além de querer diversificar seus

ramos de atuação, decidiu por trabalhar também com o agroturismo por ser um

mercado amplo. Reformou-se os galpões e tuias antigas, para utilização como

restaurante e lanchonete.

3.2 Restaurante

O restaurante funciona sob agendamento, sendo neste momento

decididos os pratos, bebidas e sobremesas a serem servidas, conforme o gosto

do cliente. Sua capacidade é de aproximadamente 45 lugares distribuídos em

um ambiente familiar e confortável, proporcionando a seus clientes momentos

agradáveis e satisfatórios com sua família e amigos.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 5: Entrada do restaurante

40

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 6: Foto interna do restaurante

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 7: Foto interna da cozinha do restaurante

3.3 Lanchonete

As antigas baias da fazenda foram restauradas onde atualmente

funciona a lanchonete. Seu cardápio é composto por: porções de filé de tilápia,

41

de linguiça calabresa, de carne de porco, de bolinho de tilápia, de pastéis, de

mandioca e batata frita; arroz, pirão, feijão, salada e diversas bebidas.

O local é apropriado às pessoas que procuram tranquilidade, lazer e paz

junto à natureza.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 8: Acomodações da lanchonete

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 9: Foto do ambiente interno lanchonete

3.4 Pesque-e-Pague

42

Descobriu-se a nascente da lagoa e foi necessário o desassoreamento.

Nela é encontrada uma diversidade de peixes proporcionando aos seus

usuários momentos de prazer e satisfação.

O proprietário da fazenda tem como objetivo a construção de uma nova

lagoa com criação de peixes para a pesca esportiva. A lanchonete já citada,

agrega valor ao pesque e pague fornecendo também venda de iscas e aluguel

de varas.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 10: Lagoa

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Figura 11: Um dos autores pescando

43

3.5 Olericultura

Para agregar valor no agroturismo, surgiu parceria com pequeno

produtor que partiu para a olericultura, com variação de cultivo conforme a

sazonalidade. Os turistas visitam a fazenda e consomem os produtos

cultivados.

Fonte: Paulo Augusto Moliterno Basso, 2009

Quadro 4: Evolução de Receitas e Despesas da fazenda São Francisco

3.6 Parecer final sobre o caso

Diante da pesquisa, ficou evidente que a diversificação das atividades

transforma uma propriedade rural em lucrativa. A visão empreendedora de

Paulo Augusto Moliterno Basso, é o grande diferencial da fazenda. Com seus

sonhos e poder de realização, transformou uma propriedade rural em lucrativa.

O perfil de Paulo Basso reúne todas as competências e habilidades

empreendedoras fundamentais para a fazenda alcançar o sucesso.

EVOLUÇÃO DE RECEITAS E DESPESAS DA FAZENDA SÃO FRANCISCO

2004 2005 2006 2007 2008

Milho / Soja 126.841 89.298 - - -

Seringueira / Horta 4.200 4.940 3.945 4.325 6.744

Cana-de-Açúcar - - - 182.457 267.820

Despesas 86.524 58.676 68.916 110.551 129.832

Resultado 44.517 35.562 (64.971) 76.231 144.732

Agroturismo (Receitas) 12.654 25.742 22.241 23.688 19.661

Despesas / Investimentos 78.960 9.243 10.842 11.251 8.472

Resultado (66.306) 16.499 11.399 12.437 11.189

44

Enfim, a pergunta problema que norteou a realização da pesquisa foi

respondida e a hipótese de que a diversificação das atividades transforma uma

propriedade rural em um empreendimento lucrativo, despertando no

proprietário suas características empreendedoras foi comprovada.

45

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A partir da pesquisa realizada na fazenda São Francisco sobre

empreendedorismo rural, observou-se que a empresa tem um grande potencial

de crescimento no mercado, assim propõe-se que:

a) a empresa crie um planejamento de marketing para divulgação em

âmbito local e estadual;

b) construa chalés para hospedagem ;

c) o restaurante seja aberto em todos os dias de funcionamento,

servindo desde o café da manhã até o jantar;

d) seja criado um espaço para camping, para ampliar seu público.

Diante dessa nova realidade de mudanças, a visão empreendedora é

primordial para que se consiga visualizar oportunidades de crescimento e

manutenção de uma estrutura concreta.

46

CONCLUSÃO

Ao término da realização deste trabalho chegou-se à conclusão de que o

empreendedor rural tem papel fundamental na sociedade atual.

Para o proprietário, qualidade de vida, respeito, higiene, preservação da

natureza são fundamentais para a manutenção de cliente, pois acredita que o

contato “corpo a corpo” é a melhor forma de medir a satisfação do cliente.

Em entrevista com os clientes, descobriu-se que momentos em família,

paz de espírito e contato com a natureza são fatores esperados em uma

propriedade rural.

Para o empreendedor não basta apenas abrir uma empresa, mas sim

concretizar a realização de um sonho.

Para o empreendedor, o ser é mais importante do que o saber. A empresa é a materialização dos nossos sonhos... Sob esse prisma, o empreendedorismo é visto também como um campo intensamente relacionado com o processo de entendimento e construção da liberdade humana. (DOLABELA, 2006)

O povo brasileiro tem uma criatividade nata, destacando-se no mundo

por essa característica.

Diante da teoria e da pesquisa apresentada, nota-se que o

empreendedorismo rural é essencial para a inovação e o desenvolvimento

econômico da zona rural. Características como: liberdade e autonomia

decisória, envolvimento da família nas atividades empresariais e preservação

do meio ambiente identificam o empreendedor rural.

A disponibilidade de recursos para investimentos, recursos para capital

de giro, infraestrutura adequada para o empreendimento e conhecimento

técnico, são principais fatores que podem limitar ou impulsionar um

empreendimento rural.

Alguns empreendedores rurais utilizam da diversificação para minimizar

problemas. Conforme RuralNews (2000), a diversificação de atividades, muitas

vezes agricultura e pecuária juntas, é uma das alternativas.

Já na aquisição da fazenda aflorou o sentimento empreendedor do

proprietário, pois através da visão empreendedora conseguiu enxergar

47

oportunidades na propriedade, que a princípio, encontrava-se com terras

ociosas e vegetação tipo erva daninha.

A partir daí plantou-se milho, em seguida café, porém ocorreram

problemas climáticos e destruiu toda a plantação.

Não deixando adormecer o lado empreendedor, apesar das barreiras,

decidiu pela criação de gado. Após um período, quando já não era mais

interessante economicamente, partiu para a plantação de soja.

Por dificuldades de comercialização da soja, surgiu a ideia de inovar,

partindo assim para o agroturismo, porém não deixou de lado a agricultura,

enfatizando a diversificação de atividades na propriedade rural.

Plantou cana-de-açúcar, fornecendo para usinas da região. Paralelo a

isso, reformou as antigas tuias e galpões, utilizando como lanchonete e

restaurante no agroturismo.

Para agregar valor ao agroturismo, resgatou a nascente da lagoa, que

estava assoreada, e começou a criação de peixes, onde transformou em

pesque-e-pague.

Acreditando no enorme potencial da fazenda, sugere-se que a mesma

sofre transformações no sentido de construir hospedarias, espaço para

camping, serviço de alimentações essenciais, desde café da manhã até o

jantar, através do restaurante, podendo transformar a propriedade em um hotel

fazenda.

O assunto não está encerrado, podendo servir de base para o

aprofundamento de outras pesquisas.

48

REFERÊNCIAS

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49

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso 1 INTRODUÇÃO

Apresentação e caracterização da empresa: localidade, histórico, diversidade de atividades rurais desenvolvidas pelo empreendedor.

1.1 Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado

a) Descrição dos métodos e técnicas utilizados na fazenda referente à

diversidade de atividades.

b) Depoimento do proprietário.

1.2 Discussão

Confronto entre teoria analisada através de revisão bibliográfica e a prática utilizada pela fazenda.

1.3 Parecer final sobre o caso e sugestões sobre manutenção ou

modificações de procedimentos

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APÊNDICE B – ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Empresa: ...............................................................................................................

Localização: ........................................................................................... ...............

Atividades Desenvolvidas: ....................................................................................

II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS NA PROPRIEDADE:

1 Processo produtivo

2 Diversificação produtiva

3 Comercialização do produto

4 Ações empreendedoras

5 Cuidados com o meio ambiente

6 Atendimento ao público

7 Instalações e tecnologia

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APÊNDICE C – ROTEIRO DO HISTÓRICO DA EMPRESA

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Empresa: ...............................................................................................................

Localização: ..........................................................................................................

Atividades Desenvolvidas: ....................................................................................

II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS:

1 Proprietário

2 Histórico da empresa

3 Diversificação das atividades

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APÊNDICE D – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O PROPRIETÁRIO

RURAL

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Sexo: ................................................. Idade: .......................................................

Profissão: ..............................................................................................................

Estado Civil: ..........................................................................................................

Residência: Cidade: ..............................................................Estado: ...................

Experiências anteriores: .......................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1) Qual foi sua motivação para a aquisição da propriedade rural?

............................................................................................................................. ..

............................................................................................................................. ..

.................................................................................................................... ...........

2) De que forma foi escolhido o tipo de atividade a ser desenvolvida?

............................................................................................................................. ..

...............................................................................................................................

.................................................................................................................... ...........

3) Quais são os sentimentos que você deseja despertar nos clientes com

sua propriedade?

............................................................................................................................. ..

......................................................................................................... ......................

................................................................................................................... ............

4) Quais os motivos da diversificação de produtos?

...............................................................................................................................

............................................................................................................................. ..

...............................................................................................................................

5) Em sua opinião, qual é a atividade mais rentável? Por quê?

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............................................................................................................................. ..

.............................................................................................................................. .

............................................................................................................................. ..

6) No seu entender, qual é a melhor forma de atendimento ao cliente?

............................................................................................................................. ..

...............................................................................................................................

............................................................................................................................. ..

7) O que deve fazer um empreendedor rural para manter-se informado

sobre o nível de satisfação e motivação dos seus clientes?

............................................................................................................................. ..

...............................................................................................................................

............................................................................................................................. ..

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APÊNDICE E – ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA O CLIENTE RURAL

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Sexo: ................................................. Idade: .......................................................

Profissão: .............................................................................................. ................

Estado Civil: ..........................................................................................................

Residência: Cidade: ..............................................................Estado: ...................

Experiências anteriores: .......................................................................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1) De que maneira tomou conhecimento da existência da Fazenda São

Francisco e das atividades por ela oferecida?

...............................................................................................................................

............................................................................................................................. ..

................................................................................................................... ............

2) O que você espera encontrar em uma propriedade rural?

.......................................................................................... .....................................

............................................................................................................................. ..

...............................................................................................................................

3) Qual sentimento a propriedade rural desperta em você?

............................................................................................................................. ..

...............................................................................................................................

............................................................................................................................. ..

4) Em sua opinião, a diversidade de atividades se torna algo atrativo?

............................................................................................................................. ..

................................................................................................... ............................

............................................................................................................................. ..

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5) Em sua opinião, a qualidade dos serviços prestados vem de encontro

com as suas expectativas?

...............................................................................................................................

............................................................................................................................. ..

...............................................................................................................................

6) Quais melhorias poderiam ser incorporadas para garantir excelência nos

serviços prestados?

...............................................................................................................................

............................................................................................................................. ..

...............................................................................................................................

7) Das atividades que a propriedade oferece, qual é a mais interessante?

....................................................................................................... ........................

............................................................................................................................. ..

......................................................................................................... ......................

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ANEXOS

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ANEXOS A – Fotos

Fonte: Elaborado pelos autores

Foto 1 : Logotipo da fazenda

Fonte: Elaborado pelos autores

Foto 2 : Placa de Identificação

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Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Foto 3 : Cobra encontrada na fazenda

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Foto 4 : Área de lazer para as crianças

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Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Foto 5 : Capela

Fonte: Elaborado pelos autores, 2009

Foto 6 : Vinhos do restaurante