EDITORIAL PALEOTOCAS NA INTERNET - ufrgs.br · “mapinguari”, lendário animal de grande porte...

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EDITORIAL Chegamos ao n o 30 do TocaNews, um boletim que começou como simples informativo interno do Projeto Paleotocas, para manter a todos atualizados. O primeiro número saiu em 7 de abril de 2009, mostrando um teste com o sistema de ventilação com duto de plástico, hoje um equipamento padrão do Projeto Paleotocas. Nossa pretensão é, no TocaNews, mostrar a evolução do trabalho, as novidades das pesquisas e ocorrências interessantes de paleotocas pelo Brasil inteiro. Obrigado pelo interesse e pela leitura. SITE DAS PALEOTOCAS CUMPRE SEU PAPEL O site das paleotocas (www.ufrgs.br/paleotocas ) foi criado no início de 2010 e se constitui em uma referência segura de informações sobre paleotocas, inclusive com toda a produção científica do Projeto Paleotocas para download. Depois de 4 anos, tem uma visitação de mais de 3.000 acessos, o que é um número bem razoável para um assunto científico tão especializado. PALEOTOCAS NA INTERNET Geralmente os assuntos científicos demoram muitos anos para aparecer para o grande público, pois os pesquisadores publicam Resumos em eventos pouco divulgados e artigos em revistas científicas de acesso difícil para o público leigo. No caso das paleotocas, a estratégia usada pelo grupo do Projeto Paleotocas e as atuais possibilidades da internet produziu um cenário completamente diferente, de muita divulgação. Buscando “paleotocas” na internet, a evolução do número de páginas encontradas foi espetacular, rasante: Abril de 2009 : 15 Abril de 2010 : 1.000 Abril de 2011 : 2.000 Abril de 2014 : 63.700 Assim, cada vez mais as paleotocas são conhecidas e reconhecidas:

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EDITORIAL

Chegamos ao no 30 do TocaNews, um

boletim que começou como simples

informativo interno do Projeto Paleotocas,

para manter a todos atualizados. O primeiro

número saiu em 7 de abril de 2009, mostrando

um teste com o sistema de ventilação com

duto de plástico, hoje um equipamento padrão

do Projeto Paleotocas. Nossa pretensão é, no

TocaNews, mostrar a evolução do trabalho, as

novidades das pesquisas e ocorrências

interessantes de paleotocas pelo Brasil inteiro.

Obrigado pelo interesse e pela leitura.

SITE DAS PALEOTOCAS

CUMPRE SEU PAPEL

O site das paleotocas

(www.ufrgs.br/paleotocas) foi criado no

início de 2010 e se constitui em uma

referência segura de informações sobre

paleotocas, inclusive com toda a produção

científica do Projeto Paleotocas para

download. Depois de 4 anos, tem uma

visitação de mais de 3.000 acessos, o que é

um número bem razoável para um assunto

científico tão especializado.

PALEOTOCAS NA INTERNET

Geralmente os assuntos científicos

demoram muitos anos para aparecer para o

grande público, pois os pesquisadores

publicam Resumos em eventos pouco

divulgados e artigos em revistas científicas de

acesso difícil para o público leigo.

No caso das paleotocas, a estratégia

usada pelo grupo do Projeto Paleotocas e as

atuais possibilidades da internet produziu um

cenário completamente diferente, de muita

divulgação. Buscando “paleotocas” na

internet, a evolução do número de páginas

encontradas foi espetacular, rasante:

Abril de 2009 : 15 Abril de 2010 : 1.000

Abril de 2011 : 2.000 Abril de 2014 : 63.700

Assim, cada vez mais as

paleotocas são conhecidas e reconhecidas:

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LISTA DE CAVERNAS

ATUALIZADA

Colocamos uma nova edição da Lista

de Cavernas Gaúchas no site do Projeto

(www.ufrgs.br/paleotocas/CavernasGauchas.pdf).

O número atual de referências é de 231

“nomes”, o que inclui (1) cavernas de fato, (2)

nomes que aparecem em homepages de

prefeituras do Interior, sem foto muito menos

dados de localização, (3) várias grutas

artificiais (para que ninguém fique perdendo

seu tempo achando que são cavernas

naturais), (4) vários sítios arqueológicos e

outros. Até onde sabemos, é a lista mais

completa do gênero. Se alguém souber de

alguma caverna que não está na lista,

solicitamos informar.

NOVO EQUIPAMENTO

Imagine a cena: você entra pela

primeira vez em uma paleotoca desconhecida

– engatinhando ou se arrastando de barriga

porque a toca é baixinha. E sabendo que no

teto da toca deve haver algumas aranhas

enormes e venenosas, que poderiam cair na

sua nuca e entrar debaixo de sua camisa

enquanto você passa por debaixo delas.... ☺ .

É uma sensação tremendamente

desagradável. E paleotocas abertas SEMPRE

tem aranhas grandes, o truque é enxergar elas

antes de chegar perto.

Agora você entendeu porque

estreamos um equipamento novo, que é uma

máscara de apicultor adaptada. Além da

jaqueta de nylon e do macacão de borracha.

Caverna em Barra do Ouro, Maquiné, RS. Devem

existir centenas de cavernas de pequeno porte como

essa por aí. E várias paleotocas importantes entre

elas. A caverna da foto nem o atual arrendatário da

propriedade conhecia. A origem da caverna

relaciona-se à erosão por água subterrânea (seta à

esquerda na foto), que corre por uma fratura do

arenito. Na região de Barra do Ouro deve haver

várias paleotocas enormes, mas não as achamos

ainda.

Uma vez dentro da paleotoca e

verificadas cuidadosamente todas as

condições, dá para tirar a máscara e

começar a trabalhar – medir, fotografar,

entender, etc.

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A CAVERNA DO BICUDO

Bem, Bicudo é só o apelido dele. Seu nome é Aristeu Gonçalves e sua propriedade situa-se

entre Extrema e Vista Alegre do Abunã, em Rondônia. Navegando a esmo pela internet usando

palavras chave como “caverna”, “gruta”, “furna”, “escura”, “misteriosa”, “índios”, “tigre”,

“morcegos” e outros, encontramos as fotografias e o site com informações detalhadas. A caverna

“tem mais de 300 metros de extensão com 15 galerias que faz dela um labirinto com mistérios e

morcegos”. 300 metros !!! A primeira foto não é muito esclarecedora:

Mais fotos estão em http://maoamiga-anuncios.com.br/wordpress/2013/09/caverna-

misteriosa-entre-extrema-e-vista-alegre/ . Desejamos agradecer ao Jornalista José Donizete pela

receptividade através do seu site e ao Pastor Barbosa que possibilitou a entrega de um material

impresso sobre paleotocas ao Bicudo.

O Aristeu e um morcego dentro

de sua “caverna misteriosa”.

Nós usaríamos botas – pelo

tamanho trata-se de um

morcego hematófago, em cuja

urina (que corre misturada à

água no piso) pode ter

leptospirose...

Outras fotos que acompanham a

matéria deixam bem claro que se

trata de uma enorme paleotoca –

aqui nessa foto temos um trecho

mais preservado, com as dimensões

e morfologias típicas. Aquelas

galerias altas na foto anterior são

trechos da paleotoca erodidos pela

água que corre no piso.

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AS PREGUIÇAS GIGANTES ESTÃO EXTINTAS. OU NÃO ?

Nós do Projeto Paleotocas falamos o tempo todo em preguiças gigantes, pois é muito

complicado explicar de outra maneira os túneis gigantes que estamos encontrando. E temos dito o

tempo todo que as preguiças gigantes se extinguiram há aproximadamente 10.000 anos atrás. Bem,

essa é a versão oficial, mas há controvérsias.

O ornitólogo americano David Oren, naturalizado brasileiro, está convencido de que o

“mapinguari”, lendário animal de grande porte da Amazônia, existe e é uma preguiça gigante.

David é um cientista respeitado que trabalha na Amazônia desde 1977 e já descobriu 7 espécies

novas de aves. Sobre essa questão do mapinguary, publicou 2 artigos em 10 anos, em que reafirma a

sua convicção de que o mapinguari é uma preguiça gigante. David já falou com dezenas de pessoas

que viram o animal, sendo que os relatos coincidem: um animal peludo, grande, que pode caminhar

em duas pernas, extremamente fedorento (uma estratégia de defesa) e que pode soltar urros muito

altos. David já encontrou 7 caçadores que relataram ter matado um mapinguari, mas os 3 que

guardaram algum pedaço (pelos, uma pata, etc.) jogaram o material fora devido ao terrível fedor.

A gente se sente muito confortável imaginando que “já conhecemos o mundo” e que

espetaculares novas descobertas de animais e plantas não são mais possíveis. Mas essa sensação

está completamente equivocada. Todos os anos são descobertas novas espécies, algumas de grande

porte. Em 2013, entre as muitas espécies novas havia uma árvore com 12 metros de altura, um

mamífero do tamanho de um cachorro pequeno e um gato do mato. Agora em 2014 já foi publicado

um artigo sobre a descoberta de uma nova espécie de golfinho no Rio Araguaia

(http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0083623) e existe um vídeo muito

legal sobre novas espécies na Bacia do Rio Araguaia (http://www.youtube.com/watch?v=z82MXUqx9iA).

Quanto aos oceanos profundos, estima-se que ali existam entre 1 milhão e 10 milhões de espécies

animais ainda desconhecidas. É consenso a nossa ignorância em relação aos seres abissais.

E mesmo animais grandes, bem conhecidos, podem passar completamente despercebidos.

Há um relato muito interessante envolvendo o tatu-canastra, a maior espécie de tatu existente. O

bicho atinge até 50 quilos de peso, cava tocas com em torno de 40 cm de diâmetro e com até 7

metros de comprimento. O relato, sobre uma Fazenda no Pantanal, conta que a presença do tatu-

canastra ali era completamente ignorada. Ninguém viu, ninguém sabia, ninguém conhecia, todos

achavam que não tinha mais. Até que chegou um pesquisador e colocou câmeras com visão noturna

na área. E descobriu que ali havia uma população saudável e ativa de tatus-canastra, com mais de

uma dúzia de indivíduos. Já imaginou se com o mapinguari acontece algo parecido? Alguém

obstinado e persistente que consegue uma foto ou um vídeo do bicho? Seria fantástico.

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NOVOS TRABALHOS SERÃO PUBLICADOS - 1

Um dos integrantes do Projeto Paleotocas, o Renato Pereira Lopes, participará do 4º

Congresso Paleontológico Internacional, que transcorre no final de setembro de 2014 em Mendoza,

na Argentina (http://www.ipc4mendoza2014.org.ar/). Os trabalhos precisavam ser submetidos ainda

em maio. O seu trabalho versa sobre a classificação das paleotocas como icnofósseis, já que se trata

de estruturas que nunca foram consideradas na sistemática desse tipo de fósseis. O Congresso é uma

excelente oportunidade de discutir com grandes especialistas uma primeira proposta nesse sentido.

NOVOS TRABALHOS SERÃO PUBLICADOS - 2

Na primeira quinzena de agosto ocorre a X Jornada de Iniciação Científica FEPAM/FZB no

Jardim Botânico em Porto Alegre, da qual já participamos 2 anos atrás e vamos participar de novo

(http://www.fzb.rs.gov.br/evento/2/3490/X_Jornada_de_Inicia%C3%A7%C3%A3o_Cient%C3%ADfica_-_Meio_Ambiente). Ao

todo são 5 trabalhos submetidos agora no início de junho.

1. O primeiro trabalho apresenta os primeiros resultados da prospecção de paleotocas na

BR-116, entre os acessos de Barra do Ribeiro e Tapes. Foi escavada ali uma série de grandes cortes

de estrada e surgiram dezenas de paleotocas, geralmente preenchidas.

2. O segundo trabalho discute o provável comprimento original das paleotocas de um dos

cortes da BR-116. A fórmula é simples: pedaço da toca que sobrou no barranco + pedaço que foi

destruído durante a duplicação + pedaço que foi destruído durante a construção da BR-116 +

pedaço que ficou no resto da coxilha. Os comprimentos são enormes; de dezenas de metros.

Os outros 3 trabalhos apresentam novas paleotocas na região de Bom Retiro do Sul e Porto

Alegre. São estruturas enormes, com dezenas de metros de comprimento. Abaixo duas fotos dessas

ocorrências:

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NOSSOS TRABALHOS DE CAMPO CONTINUAM

Escala com 15 cm

Obrigado pela leitura.