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Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo v.18, n.3 (set/dez. 2006) - São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 1993.

Quadrimestral

Continuação da Revista da Faculdade de Odontologia da F. Z. L., v. 1, 1989 e Revista de Odontologia da UniCid.

iSSn 1808-8120

1. Odontologia – Periódicos i. Universidade Cidade de São Paulo. Curso de Odontologia. Cdd 617.6005 Black d05

Catalogação-na-publicação

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E D I T O R I A L

O número de cursos de Pós-graduação stricto sensu continua em fase de crescimento em nosso país. Acompanhan-do esse desenvolvimento, estão os alunos do programa de iniciação científica, envolvidos, em grande maioria, nos projetos de pesquisa dos alunos de Mestrado e Doutorado.

De acordo com os dados do Semesp, em 2006, os congressos CONIC (Congresso de Iniciação Científica) e COINT (Congresso Internacional de Iniciação Científica), receberam mais de 1,1 mil inscrições, o que representa um crescimento de cerca de 80% desde o primeiro CONIC, até a 6ª edição, realizada em 2006.

Tal fato mostra que o número de pesquisadores vem aumentando e, por conseqüência, o montante de trabalhos de pesquisas a serem publicados tem sua projeção ampliada.

Dessa forma, a Revista do Curso de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo continua se preparando, cada vez mais, no intuito do aprimoramento técnico e científico, com uma seleção cuidadosa e qualitativa dos seus artigos publicados, da revisão e adequação dos textos, da impressão destes e das imagens fotográficas exibidas com alto teor de qualidade, resultado este de um conjunto de fatores, inclusive do papel de impressão. Acrescenta-se a isso a forma eletrônica de publicação, que atinge, sem dúvida, maior amplitude de leitores e, conseqüentemente, maior disseminação dos conhecimentos oriundos das pesquisas. Caminhamos, assim, pari passu, com o desenvolvi-mento observado no campo da ciência e da tecnologia.

Continuamos a convidá-los a que nos remetam seus artigos para publicação.Até breve,

Dalva Cruz LaganáDiretora do Curso de Odontologia da

Universidade Cidade de são Paulo

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A REViSTA dE OdOnTOLOGiA dA UniVERSidAdE CidAdE dE SÃO PAULOé publicada pela Universidade Cidade de São Paulo

Rua Cesário Galeno, 432 / 448 - CEP 0307 1-000 - São Paulo - BrasilTel.: (11)2178-1200 / 2178-1212 Fax: (11)6941-4848

E-mail: [email protected]

COMiSSÃO dE PUBLiCAÇÃO

diretora Científicadalva Cruz Laganá

Secretario GeralCélia Rodrigues PereiraClaudio Freitas

Consultor Científico Vera Cavalcanti de Araújo

normalização e revisãoMary Arlete Payão PelaClaudia MartinsEdevanete de Jesus de Oliveira

Editoração Vinicius Antonio Zanetti Garcia

Revisão do idioma português Antônio de Siqueira da Silva

Revisor do idioma inglêsdóris Cook

impressão e acabamentoLilivros Gráfica Editora Ltda.

COMISSÃO EDITORIAL

Américo Mendes Carneiro JúniorAndréa Naddeo Lopes da CruzArtêmio Luiz ZanettiBertha ResenbergClimene ValentimDanilo ShimabucoEduardo Shigueyuki UemuraElisa Maria Agueda RussoFábio Daumas NumesFlávio Vellini-FerreiraGilberto Debelian (Noruega)Jaime Rovero (México)Jeffrey M. Coil (Canadá)Kanji Kishi (Japão)Kazuya Watanabe (Japão)Karen Lopes OrtegaLaurindo Borelli NetoPedro Paulo FeltrinSuzana Catanhede Orsini M. de Souza

A Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo é indexada na publicação: Bibliografia Brasileira de Odontologia. Base de dados: LiLACS; BBO; Periodica. Índice de Revistas Latinoamericanas en Ciencias.

Publicação quadrimestral. Tiragem: 1.000 exemplares.

Solicita-se permuta. Si solicita lo scambio. Exchange is solicited. Se solicita el canje. On demande l’échange. Wir bitten um Austausch.

Assinatura anual : R$ 70,00; bianual : R$ 140,00; exemplar avulso : R$ 29,00. Adicional de R$ 5,00 para outro Estado (Adicional R$ 20,00 de postagem aérea). O pagamento poderá ser efetuado através de cheque nominal à SECid - Sociedade Educacional Cidade de São Paulo S/C Ltda. ou O.P. para Banco 353 - Santander Banespa S/A Agência 2045 – C/C 1300107/2 - Praça Sílvio Romero, São Paulo.

ChancelerPAULO EdUARdO SOARES dE OLiVEiRA nAddEO

ReitorRUBEnS LOPES dA CRUZ

Vice-ReitorSÉRGiO AUGUSTO SOARES dE OLiVEiRA nAddEO

Pró-Reitora acadêmicaESTER REGinA ViTALE

diretora do Curso de OdontologiadALVA CRUZ LAGAnÁ

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REVISTA DE ODONTOLOGIA DA UNICIDUniversidade Cidade de São Paulo

Volume 18 - número 3 - set-dez 2006

SUMÁRIO/CONTENTSEditorial ..................................................................................................................................................................................................... 207

ARTIGOS ORIGINAIS/ORIGINAL ARTICLESAnálise do índice e ângulo do desvio apical através de técnica de instrumentação manual e automatizada realizada por alunos de graduação em odontologia da Universidade Federal do Pará e do Centro Universitário do ParáAnalysis of apical deviation rate and angle by means of manual and automated instrumentation technique performed by dentistry undergraduate students at Universidade Federal do Para and Centro Universitario do ParaAntonio Guilherme Maneschy Faria, Rodney Garcia Rocha, Flávio Eduardo G. Perez. .......................................................................................211-7Influência do cianoacrilato pós-tratamento endodôntico no selamento de restaurações de resina composta e de ionômero de vidroInfluence of the cianoacrilato posttreatment endodontic in the sealing of restorations of composit resin and of glass ionomerAlessandra Sverberi Carvalho, Patrícia Regina de Oliveira, Márcia Carneiro Valera, Carlos Henrique Ribeiro Camargo. ............................ 219-24Efeito do tratamento superficial da cerâmica sobre a força de união da resina composta.Effect of surface treatment on the shear bond strengths of the composite resinRossana Pereira de Almeida Antunes, Lívia Saladini Vieira, Ricardo de Souza Antunes. ................................................................................... 225-31Resistência ao cisalhamento de dois sistemas adesivos de frasco único e um com primer autocondicionanteShear bond strength of two one-bottle adhesive systems and a self-etch primerMaria Raquel Prado Homa, Ângelo Márcio de Santiago, Luís Alexandre Maffei Sartini Paulillo, Vicente de Paulo Aragão Saboia. .............233-7Precauções na confecção do troquel de gesso pós- moldagem com silicone: posicionamento do pino metálico Precautions to make stone die from silicone impression: dowel pin insertionJosé Eduardo Chorres Rodríguez, Hideki Yoshida, Ivo Contin, Matsuyoshi Mori, Tomie Nakakuki de Campos. ........................................ 239-43Resposta de fibroblastos pulpares humanos em cultura ao gel de papacárie® *Response of cultured pulpal fibroblasts to papacárie® gelSueli Patricia Harumi Miyagi, Isabel Mello, Sandra Kalil Bussadori, Márcia Martins Marques. ......................................................................... 245-49Avaliação da preparação do canal com sistema de rotação alternada e diferentes limas de aço inoxidável.Evaluation of root canal preparation with alternated rotary system and different stainless steel filesJosé Arlindo Otoboni Filho, Roberto Holland, Valdir de Souza, Pedro Felício Estrada Bernabé, Mauro Juvenal Nery, Eloi Dezan Júnior, João Eduardo Gomes-Filho. ......................................................................................................................................................................................... 251-56O perfil dos cirurgiões-dentistas da cidade de São Paulo na prática da prevenção de cáries e doenças gengivaisThe dentist surgeons profile of São Paulo city in the prevention of dental caries and gingival diseases.Newton Sesma, Adriana Pinheiro Alves, Fernanda Barros de Arruda Telles, Magally Oliveira de Macedo, Priscila Moreira dos Santos, Simone da Silva Santos Costa, Américo Mendes Carneiro Júnior, Susana Morimoto. ...................................................................................................... 257-63Metodologia da pesquisa bibliográfica na área odontológica e o artigo científico como forma de comunicaçãoBibliografic research methodology in dental area and scientific article as a way of communicationVera Regina Casari Boccato ........................................................................................................................................................................................... 265-74Iniciação profissional em odontologiaProfessional iniciation in dentistryCarina Sinclér Delfino, Juliana Abdallah Atoui, Juliano Fernandes Sassi, Marcelo Filadelfo Silva, Márcio de Menezes, Paulo César Saquy. .......................................................................................................................................................................................................... 275-80

ARTIGOS de RevISãO/REvIEw ARTICLESAtuação dos lasers terapêuticos em periodontia. Revisão de literatura.The use of therapeutic lasers in periodontics. Literature review.Caroline Prestes Lenharo, Paola Racy De Micheli, Giorgio De Micheli, Ilíria Salomão Feist. ..............................................................................281-6Utilização de vidros bioativos como substitutos ósseos: Revisão de literaturaUse of bioactive glasses as bone graft substitutes – a review of literatureAriadne Cristiane Cabral da Cruz, José Caetano Zurita da Silva, Gibson Luiz Pilatti, Fábio André Santos. ................................................... 287-95RelATO de cASO clÍNIcO/CLINICAL CASE REPORT Síndrome de Moebius: Relato de caso clínicoMoebius syndrome: A case reportAldevina Campos de Freitas, Paulo Nelson-Filho, Alexandra Mussolino de Queiroz, Sada Assed, Francisco Wanderley Garcia de Paula e Silva. ................................................................................................................................................................................................................................297-302

Índice de autores/Author Index .................................................................................................................................................................. 303Índice de assuntos/Subject headings .......................................................................................................................................................... 305Instruções aos Autores/Instructions to Authors ........................................................................................................................................... 309

ISSN 1808-8120

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Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo2006 set-dez; 18(3)211-217

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ANÁlISe dO ÍNdIce e ÂNGUlO dO deSvIO APIcAl ATRAvÉS de TÉcNIcA de INSTRUMeNTAÇãO MANUAl e AUTOMATIZAdA, ReAlIZAdA POR AlUNOS de GRAdUAÇãO eM OdONTOlOGIA dA

UNIveRSIdAde FedeRAl dO PARÁ e dO ceNTRO UNIveRSITÁRIO dO PARÁ

ANALYSIS OF APICAL DEVIATION RATE AND ANGLE BY MEANS OF MANUAL AND AUTOMATED INSTRUMENTATION TECHNIQUE PERFORMED BY DENTISTRY UNDERGRADUATE STUDENTS AT UNIVERSIDADE

FEDERAL DO PARÁ AND CENTRO UNIVERSITARIO DO PARÁ

Antonio Guilherme Maneschy Faria *

Rodney Garcia Rocha **

Flávio Eduardo G. Perez ***

ReSUMOIntrodução: Este trabalho tem por objetivo avaliar radiograficamente, em canais simulados com curvatura de 40º, os efeitos decorrentes da instrumentação (desvio apical) com as técnicas: manual escalonada com recuo anatômico através de limas de aço inoxidável flexofile-Maillefer (dentsply-Ballaignes-Suiss), e a técnica automatizada de rotação contínua, em técnica Crown-down (coroa-ápice), empregando limas de níquel Titânio da série Quantec (Analytic Technology), que preconizou o uso de instrumentos de co-nicidade gradual. Método: Para a padronização das tomadas radiográficas e posterior análise dos desvios apicais e seus respectivos ângulos, desenvolveu-se um aparato denominado de plataforma radiográfica para canais simulados. Resultados e conclusão: Os resultados permitem afirmar que, apesar das técnicas te-rem sido executadas por alunos de graduação oriundos da pré-clínica, portanto com pouco adestramento em técnica manual e praticamente nenhum em técnica automatizada, esta última obteve melhores resul-tados no que diz respeito à ausência de desvio. A técnica manual obteve 40% de desvio apical enquanto que a técnica automatizada desviou menos, 33,3%, embora estatisticamente esse resultado não tenha sido significante. Outro fato importante, embora também não significante estatisticamente, é a cons-tatação, após a mensuração em graus dos canais desviados, de que o desvio proporcionado pela técnica de instrumentação manual foi maior em graus do que aqueles oriundos da técnica de instrumentação automatizada.

deScRITOReS: Cavidade da polpa dentária

ABSTRAcT

Introduction: The purpose of this study is to evaluate through radiographs the effects arising from instru-mentation (apical deviation) in canal curvatures of 40º performing echeloned manual technique with ana-tomic recoil using stainless steel files, and automated technique of sequential rotation in “crown-down” technique using nickel titanium files of Quantec series. Results and conclusion: Results show that, although both techniques were executed by undergraduate students with little experience in manual techniques and no experience in automated technique, the latter showed better results regarding lack of deviation. Manual technique obtained 40% of apical deviation, while the automated technique deflected less, 33.3%, though this result was not statistically significant. Another important fact, although not statistically signi-ficant, is the confirmation, after degree measurement of deflected canals, that the deviation proposed by the manual instrumentation technique was greater than that arising from the automated instrumentation technique.

deScRIPTORS: Dental pulp cavity

* Professor adjunto da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Centro Universitário do Pará (CESUPA) da disciplina de Endotontia – Mestre em Clinica Integrada da Universidade de São Paulo (USP)

** Professor associado (Livre Docente) da disciplina de Clinica Integrada do departamento de Estomatologia da Universidade de São Paulo (USP)*** Professor Doutor da Disciplina de Clinica Integrada do departamento de Estomatologia da Universidade de São Paulo (USP)

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Faria AGM, Rocha RG, Perez FEG. Análise do índice e ângulo do desvio apical através de técnica de instrumentação manual e automa-tizada realizada por alunos de graduação em odontologia da Universidade Federal do Pará e do Centro Universitário do Pará. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2006 set-dez; 18(3)211-7

INTROdUÇãOAo longo dos anos, manter o elemento dentário no

seu próprio sítio tem sido o principal objetivo do trata-mento odontológico. Para conseguir tal objetivo, mano-bras preventivas e curativas têm sido desenvolvidas com razoável sucesso, dentre elas o tratamento endodôntico.

A etapa do tratamento endodôntico, responsável pela modelagem e limpeza do canal radicular (PQC), atinge hoje grande complexidade em função da soma-tória de conhecimentos que o profissional deve possuir para desempenhá-la com competência.

Com relação ao preparo da cavidade endodôntica, de-ve-se lembrar que suas características anatômicas denotam entre outras, a presença de curvaturas que representam um obstáculo a mais a ser transposto pelo profissional.

Pode-se dizer que o preparo químico-cirúrgico do canal radicular é o momento técnico que maior núme-ro de acidentes pode causar durante todo o tratamento endodôntico, não só pelas peculiaridades anatômicas de determinados canais, que apresentam grau de curvatura e achatamento excessivos, mas também pelas limitações das propriedades físicas das limas endodônticas.

Segundo Walton e Torabinejad8 (1996), o graduado deve compreender e ter experiência pré-clínica e clínica suficiente para realizar o tratamento do canal radicular em dentes permanentes descomplicados, e ainda deve ser capaz de reconhecer e prevenir as falhas nos proce-dimentos durante o tratamento do canal radicular.

Inúmeras inovações têm surgido em relação à mode-lagem e limpeza do canal radicular, entre as principais: as técnicas de preparo do canal radicular realizadas no sentido coroa-ápice e instrumentos endodônticos fabri-cados em níquel-titânio, tanto para uso manual como acionados com motor.

De acordo com Ferreira et al.1 (2002) com o surgimen-to no mercado de instrumentos endodônticos fabricados em liga de níquel-titânio, considerada superelástica, surgiu a perspectiva de se avaliar alguns procedimentos técnicos capazes de reduzir a transportação do canal radicular que consiste na mudança de sua posição original. Diante do exposto, surgiu a intenção de se avaliar, comparativamen-te, em canais simulados, instrumentados por alunos de graduação da Universidade Federal do Pará e do Centro Universitário do Pará, a incidência do desvio apical com seus respectivos graus, após preparo do canal, através de técnica manual, com limas de aço inoxidável pré-curvadas e técnica automatizada com limas de níquel-titânio.

MATeRIAl e MÉTOdOSEste trabalho foi realizado no laboratório de endo-

dontia do CESUPA, onde foram selecionados 5 alunos oriundos da pré-clinica com bom desempenho prático, sendo três da UFPA e dois do CESUPA. Cada um dos 5 alunos realizou a instrumentação dos canais simulados para, em seguida, fazendo uso da plataforma radiográfi-ca para canais simulados, padronizar as tomadas radio-gráficas e realizar as análises e anotações pertinentes.

1. Canais SimuladosOs canais simulados foram divididos em dois gru-

pos, e numerados em seu bordo inferior empregando broca esférica de alta rotação nº 1, da seguinte forma:

Grupo I – Foram numerados de 1 a 15 e ao lado do número a letra “m” (técnica manual)

Grupo II - Foram numerados de 1 a 15 e ao lado do número a letra “a” (técnica automatizada)

Com auxílio de uma lima tipo K nº 10, os canais fo-ram explorados em toda a sua extensão até ultrapassar 1 mm da sua porção apical, com o intuito de remover pos-síveis resíduos de resina e desta forma confirmar acesso franco e direto à região do forame apical.

2. Técnica de InstrumentaçãoOs canais simulados do Grupo I foram preparados

com técnica manual escalonada com recuo anatômico, tendo como instrumento-memória o de nº 40. Segundo esta técnica após a instrumentação com a lima memória que é a última que vai até o comprimento de trabalho, um recuo é feito com as limas subseqüentes a partir do pon-to onde encontram resistência no interior do canal, não importando a que distancia do instrumento memória isso ocorre.

Uma vez que os canais simulados já haviam sido ex-plorados e esvaziados, foram usadas brocas de Gates-Glidden® nº 1 e nº 2 no terço cervical, com profundi-dade máxima de 15mm, sob farta irrigação.

Em seguida estabeleceu-se o comprimento de traba-lho em 18mm, 1mm a menos do que o comprimento total do canal simulado.

O próximo passo consistiu no preparo químico-cirúrgico dos canais simulados empregando limas Fle-xofile® (Dentsply-Maillefer, Ballaignes, Suiss) do ins-trumento nº 15 ao nº 40, pré-curvados igualmente sob farta irrigação após cada instrumento. Os instrumentos nº 45 e nº 50 foram empregados de forma escalonada,

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Faria AGM, Rocha RG, Perez FEG. Análise do índice e ângulo do desvio apical através de técnica de instrumentação manual e automa-tizada realizada por alunos de graduação em odontologia da Universidade Federal do Pará e do Centro Universitário do Pará. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2006 set-dez; 18(3)211-7

penetrando no canal simulado o quanto a condição ana-tômica assim o permitisse, mantendo a medida original através da utilização do instrumento-memória (nº 40).

Como substância química auxiliar, empregou-se o creme de Endo PTC®, neutralizado pela solução de hi-poclorito de sódio na concentração de 1%, de acordo com Paiva e Antoniazzi2 (1988), sendo esta última a so-lução irrigadora final.

Os canais simulados do Grupo II, foram preparados com técnica automatizada de rotação contínua, em técni-ca crown-down (coroa-ápice), empregando instrumentos da série Quantec®, ampliando a região apical também até o instrumento nº 40, obedecendo aos seguintes passos:

Uma vez que os canais simulados já haviam sido ex-plorados e esvaziados, empregou-se o instrumento Fla-re nº 25/12 (ponta 25 e conicidade 12), com 17mm de comprimento, o qual ampliou significativamente a entra-da dos canais simulados, limitando a sua penetração no máximo a 15mm.

Em seguida passou-se ao instrumento Flare nº 25/10 com 17mm de comprimento, o qual, possuindo uma co-nicidade um pouco menor, trabalha uma profundidade maior.

Completadas essas etapas, o preparo seguiu no sen-tido coroa-ápice, buscando atingir a medida de traba-lho prestabelecido em lmm aquém do forame apical, utilizando o instrumento Quantec® nº 25/05, sob leve pressão apical, avançando na região da curvatura.

Seguiu-se o emprego do instrumento Quantec® nº 25/03 da mesma forma que o anterior.

A ampliação da região apical foi realizada empregan-do-se o instrumento Quantec® nº 35/02 e nº 40/02, com extremo cuidado, pois nem sempre ele atingiu a região apical de imediato. Sua penetração foi de no má-ximo 2mm a cada avanço, seguida de imediato tracio-namento, e uma vez alcançada a medida desejada sua introdução foi repetida 3 vezes.

Da mesma forma que no Grupo I, a substância quí-mica auxiliar empregada foi o creme de Endo PTC®, neutralizado pela solução de hipoclorito de sódio na concentração de 1%.

Em todos os canais foram empregados instrumentos de primeiro uso e utilizados no máximo cinco vezes.

Para a padronização das tomadas radiográficas e pos-terior análise da incidência de desvio apical proporcio-nado por ambas as técnicas, foi desenvolvido um apara-to denominado de plataforma radiográfica para canais

simulados, tendo-se como referência a plataforma radio-gráfica desenvolvida por Sydney, Batista e Melo6, (1991), cuja confecção obedeceu aos seguintes passos:

1. Confecção da base-suporte da plataforma radio-gráfica:

Tomou-se uma caixa de película AGFA® e recortou-se com auxílio de uma serra Tico-Tico nas medidas de 5,0 x 3,8 x 4,0cm, removendo-se o fundo para servir de recipiente ao envasamento de uma borracha para mol-de.

Fez-se o isolamento do canal simulado e da película radiográfica com vaselina pura e colocou-se dentro da caixa de película distantes 3mm um do outro para em seguida vazar o material na fase fluida.

Após 120 minutos, quando da presa total do mate-rial, fez-se a remoção de ambos ficando assim impressos na borracha os espaços exatos correspondentes ao canal simulado e à película radiográfica.

2. Confecção da plataforma de trabalho:O mesmo recipiente utilizado para a confecção da

base-suporte da plataforma foi utilizado para o envasa-mento da borracha para molde.

Um canal simulado previamente isolado com vase-lina pura foi posicionado no centro do recipiente e a borracha para molde envasada.

Após o tempo de presa de 120 minutos, foi removido do recipiente, constituindo-se na plataforma de trabalho onde o canal simulado foi introduzido para a realização do preparo, conforme as técnicas automatizada e manual.

3. Confecção da plataforma radiográfica:Foram confeccionadas duas placas de acrílico trans-

parente, medindo 82 x 0,5 x 4,7mm e 82 x 0,2 x 1,7mm, sendo a maior a base para o molde de borracha e a me-nor colocada na parte superior do molde, deixando livre as áreas correspondentes ao canal simulado e à película radiográfica. Para fixar completamente o bloco de bor-racha às placas, dois furos foram realizados com auxílio de furadeira Bosch® e broca de 1/8” x 2” nas placas de acrílico, por onde passaram dois parafusos de alumínio de mesmo diâmetro. Esses dois perfis de alumínio em L, igualmente perfurados a 12mm da base inferior, foram fixados com porca e contraporca. Em seguida a placa acrílica superior foi colocada e fixada, montando todo o conjunto, conforme Figura 1.

Os perfis de alumínio, agora justapostos à parte ex-

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Figura 1: Plataforma radiográfica para canais simulados Figura 2: Plataforma radiográfica para canais simulados, acoplada ao cilindro de raio X

Figura 3: Radiografia esca-neada mostrando canal simulado sem desvio após a instrumentação.

Figura 4: Radiografia esca-neada mostrando canal simulado com desvio após a instrumentação.

terna do cone de raio X, foram ajustados e fixados com braçadeira regulável de modo a se adaptar toda a pla-taforma radiográfica ao cilindro de raios X, conforme Figura 2.

Uma vez montada a plataforma radiográfica para ca-nais simulados, a análise do desvio apical, em ambos os grupos, obedeceu aos seguintes passos:

Uma lima Flexofile® nº 15 foi introduzida no canal simulado e este colocado em posição na plataforma. A película radiográfica foi introduzida no espaço corres-

pondente e uma tomada radiográfica foi realizada com tempo de exposição de três segundos. O bloco de resina foi removido da plataforma radiográfica, posicionado na plataforma de trabalho e o canal simulado instrumen-tado conforme as técnicas acima descritas. Uma vez concluída a instrumentação, a lima correspondente ao instrumento-memória no Grupo I e a de ampliação má-xima no Grupo II, foram mantidas em posição no canal simulado e este reposicionado na plataforma radiográ-fica, para uma nova exposição com o mesmo tempo anterior, sobre a mesma película que permaneceu em posição na plataforma radiográfica. A película foi, então, para a câmara de revelação, com revelador marca Sllib® por 1 minuto, fixada em fixador da mesma marca por 5 minutos, lavada em água corrente por 10 minutos e seca em temperatura ambiente. A película foi escaneada em escâner Genius® modelo ColorPage-HR6 e a imagem salva em computador no programa Adobe PhotoShop® em arquivo no formato JPEG. Uma vez obtidas as ima-gens de todos os canais simulados, estas foram impressas com resolução de 300 pontos/polegada e interpretadas:

Quando havia sobreposição do primeiro e do último instrumento empregados no preparo, ambos se confun-diam, de modo que suas extremidades não podiam ser diferenciadas, sendo a variação angular zero, conforme ilustrado na Figura 3.

Quando modificações na curvatura original do canal simulado encontravam-se presentes, a sobreposição do primeiro e do último instrumento, no terço apical, não ocorria e suas posições determinavam um ângulo, confi-gurando o desvio, conforme ilustrado na Figura 4.

Esses ângulos foram medidos através do programa

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de computador AutoCAD R14® como pode ser visto na Figura 5.

Na Figura 5, o ângulo entre o canal original e o ca-nal após a instrumentação (ângulo de desvio apical) é obtido através de duas linhas traçadas dos extremos dos canais, original e instrumentado, até o seu ponto de in-terseção no interior do canal radicular. Essas duas linhas têm seus ângulos (A1 e A2) determinados em relação ao eixo horizontal das coordenadas cartesianas. Dessa for-ma, o ângulo A (ângulo de desvio apical) é determinado pela diferença entre os ângulos A1 e A2.

Os resultados foram tabelados e submetidos a análi-se estatística.

ReSUlTAdOS Em uma análise global dos resultados, pode-se ob-

servar, na Figura 6, que os canais instrumentados pela técnica manual desviaram em 40% dos casos contra 33,3% dos canais instrumentados com a técnica auto-matizada. O teste do Qui-quadrado mostrou que não houve diferença estatística dado que p=0,705, (p>0,05), com grau de significância de 5%.

A Figura 7 mostra o alto índice de desvio apical e seus respectivos ângulos.

Na Figura 8 pode ser vista a média dos desvios entre as técnicas utilizadas, o desvio-padrão e que não houve diferença estatisticamente significante já que p=0,093.

dIScUSSãOO tratamento endodôntico, como um todo, abrange

uma série de procedimentos com a finalidade precípua de manter o dente em seu sítio natural.

A instrumentação do canal requer saneamento e mo-delagem, que, quando executados corretamente, são fa-tores determinantes para o sucesso do tratamento.

O correto preparo do canal radicular esbarra inva-riavelmente na complexidade anatômica do sistema de canais radiculares, principalmente quando curvaturas estão presentes, levando, muitas vezes, a acidentes irre-versíveis, que certamente comprometerão o prognósti-co. Assim, em 1974, Schilder3 deu um grande avanço na terapia endodôntica, quando recomendou novo con-ceito de preparo dos canais radiculares, empregando os termos cleaning and shaping, ou seja, limpando e modelan-do o canal radicular, e para tal utilizou o primeiro instru-mento rotatório no interior do canal radicular: as brocas Gates-Glidden®. Logo outros instrumentos rotatórios adentraram o canal radicular, agora em toda a sua exten-

Figura 5: Medida do ângulo de desvio apical (ângulo A) formado entre o canal original e o canal após a instrumentação.

Figura 6: Total de canais instrumentados com e sem desvio, instrumentados pelas duas técnicas.

Figura 7: Distribuição dos canais com e sem desvio apical, e seus respectivos graus de desvio quando existentes, produzidos com as técnicas de instrumentação automatizada e manual

Figura 8: Média angular, desvio-padrão e valor de p entre as duas técnicas

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Faria AGM, Rocha RG, Perez FEG. Análise do índice e ângulo do desvio apical através de técnica de instrumentação manual e automa-tizada realizada por alunos de graduação em odontologia da Universidade Federal do Pará e do Centro Universitário do Pará. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2006 set-dez; 18(3)211-7

são, como o sistema canal finder system que Sydney et al.7, em 1993, estudaram, comparando com a técnica manu-al escalonada em relação ao desvio apical, variando o instrumento-memória.

Este trabalho foi direcionado para o ensino da en-dodontia na graduação. De um modo geral, o aluno de graduação não tem nenhum contato prático com as técnicas automatizadas, passando apenas por algumas aulas audiovisuais sobre o assunto.

Para tal, foram selecionados 5 alunos concluintes da pré-clínica com bom desempenho prático em técnica manual, porém sem nenhuma prática com técnica au-tomatizada. A fim de comparar seus desempenhos em ambas as técnicas, manual e automatizada, houve neces-sidade de confeccionar canais simulados padronizados, exatamente iguais, e desenvolver uma plataforma radio-gráfica para canais simulados (Figura 1), que pudessem fornecer resultados precisos quanto à presença ou não de desvio apical e seus respectivos ângulos.

Levando-se em conta que os operadores, durante um semestre letivo, aprenderam e exercitaram a técnica de instrumentação manual em laboratório, e que nenhum deles teve qualquer contato prévio com técnica automa-tizada até a execução deste trabalho, poder-se-ia pensar que se sairiam melhor com a técnica que já possuíam de algum adestramento. Porém, os resultados mostraram o contrário, apesar de não significantes estatisticamente.

Com relação à utilização de canais simulados, co-mungue-se o mesmo pensamento de Spenst e Kahn4, quando, em 1979, usaram o canal simulado no ensino da instrumentação e obturação do canal radicular, visto que esses canais simulados têm a mesma resistência ao corte da dentina, podem ser confeccionados retos ou curvos, e podem conter uma cavidade em sua porção superior simulando a câmara pulpar, a fim de facilitar a condução do instrumento ao interior do canal. E ainda tornam mais fácil e interessante o aprendizado no pré-clínico, fazendo com que o aluno passe a ter mais con-fiança, quando atuar na clínica com pacientes.

Um componente novo aparece agora merecendo atenção especial: as limas de níquel-titânio, antes fabri-cadas apenas em aço inoxidável. De concreto, sabe-se que os instrumentos de níquel-titânio causaram uma verdadeira revolução na técnica de instrumentação do canal radicular, viabilizando de fato a instrumentação automatizada, com maior eficiência, segurança e menor

tempo de trabalho, de acordo com Sydney6 (1997). As-sim, foram usadas as limas Ni-Ti da série Quantec para a instrumentação automatizada.

O objetivo deste trabalho, além da comparação en-tre as duas técnicas, manual e automatizada, foi avaliar quanto a destreza, o conhecimento e a experiência do operador se confrontariam com os resultados obtidos por outros pesquisadores, uma vez que foram escolhi-dos alunos oriundos da pré-clínica com bom desempe-nho teórico-prático e com pouca experiência em técnica manual e nenhuma em técnica automatizada. Esse fato foi muito relevante e de grande importância na escolha da técnica automatizada utilizada. Assim como na técni-ca manual, a escolha da técnica automatizada pautou-se nos resultados dos trabalhos pesquisados, aliada à razo-ável simplicidade de sua execução.

Também foi objetivo deste trabalho mostrar que o aluno de graduação pode e deve trabalhar com instru-mentação automatizada, e que o seu adestramento deve ocorrer como parte integrante do ensino da endodontia na graduação.

Convém lembrar que mais importante do que qual-quer técnica ou instrumento é quem os manuseia, e que nada poderá substituir o grau de acurácia, o senso clínico, a interação profissional e as particularidades de cada caso, pois é dessa interação de conhecimento, técnica e ades-tramento que resultará o sucesso, não só no preparo do canal, mas no tratamento endodôntico como um todo.

cONclUSÕeSDiante do que foi exposto e com os resultados obti-

dos, pode-se concluir que:1 – Nas duas técnicas avaliadas, ocorreu a presença

de desvio apical em maior ou menor intensidade, o que era previsível, diante do grau de curvatura dos canais simulados (40º), e da pouca experiência prática dos ope-radores.

2 – O pouco adestramento e a falta de experiência dos operadores mostraram-se importantes nos resulta-dos obtidos nas duas técnicas, pois ambas desviaram com índices elevados.

3 – A utilização da plataforma radiográfica para ca-nais simulados constitui método auxiliar eficiente para o estudo do desvio apical que pode ocorrer quando do preparo de canais curvos, podendo a sua aplicação ser ampliada como recurso didático.

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Faria AGM, Rocha RG, Perez FEG. Análise do índice e ângulo do desvio apical através de técnica de instrumentação manual e automa-tizada realizada por alunos de graduação em odontologia da Universidade Federal do Pará e do Centro Universitário do Pará. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2006 set-dez; 18(3)211-7

ReFeRÊNcIAS

1- Ferreira EL, Martin C, Bahr C, Baratto Filho F, Fa-riniuk LF. Performance das limas de Níquel-Titânio e do aço inoxidável no preparo do canal radicular. J Bras Endod Curitiba 2002 out-dez; 3(11):309-13.

2 - Paiva, JG, Antoniazzi JH. Endodontia: bases para a prática clínica. 2a ed. São Paulo: Artes Médicas, 1993. 886 p.

3 - Schilder H. Cleaning and shaping the root canal. Dent Clin North Am Philadelphia, 1974 Apr; 18(2):269-96.

4 - Spenst A, Kahn H. The use of a plastic block for teaching root canal instrumentation and obturation. J Endod Chicago 1979 Sep; 5(9)282-4.

5 - Sydney GB. Instrumentos de níquel-titânio: análise do preparo do canal radicular, realizado manual e mecanicamente. Curitiba, 1997. Concurso para pro-fessor titular de Endodontia, Universidade Federal do Paraná.

6 - Sydney GB, Batista A, Melo LL. The radiographic platform: a new method to evaluate root canal preparation in vitro. J Endod Chicago 1991 Nov; 17(11):570-2.

7- Sydney GB, Estrela C, Pesce HF, Melo LL. Freqü-ência do desvio apical quando do emprego de téc-nica manual escalonada e do canal finder system. Rev Odontol Univ São Paulo, São Paulo 1993 jul-set; 7(3):199-203.

8 - Walton RE, Torabinejad M. Principles and practice of endodontics. 2nd ed. Philadelphia: Saunders, 1996. 558 p.

Recebido em 31/3/04

Aceito em 21/03/06

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ReSUMOIntrodução: O objetivo deste trabalho é avaliar o selamento marginal de restaurações adesivas realizadas após o uso do cianoacrilato pós-tratamento endodôntico. Métodos: Foram utilizados 72 incisivos bovi-nos tratados endodonticamente e obturados com cones de guta-percha e cimento Sealapex. O corte da guta-percha foi realizado 2mm abaixo do limite cervical e metade dos dentes recebeu uma camada de cianoacrilato sob a superfície do material obturador e nas paredes da cavidade de acesso. Os dentes foram mantidos a 37ºC e umidade 100% por 24 horas. Os espécimes foram divididos em 6 grupos de 12 dentes cada, sendo 10 experimentais e dois controles (positivo e negativo): G1–impermeabilização com cianoa-crilato + restauração com cimento de ionômero de vidro (CIV); G2–sem cianoacrilato + CIV; G3-com impermeabilização, restaurado com resina composta convencional Z100; G4-sem impermeabilização, res-taurado com Z100; G5–com impermeabilização e restaurado com resina composta condensável P60; G6–sem impermeabilização e restaurado com P60. Os dentes permaneceram em saliva artificial 24 h a 37ºC e umidade 100%, foram levados a termociclagem e permaneceram em saliva artificial por 60 dias. Foram então imersos em solução de Rhodamina B 2% durante 24 horas para posterior avaliação das infiltrações, que foram submetidas ao teste de comparação múltipla de Dunn. Resultados: Os resultados mostraram mais infiltração com diferença significativa para dentes restaurados com CIV e impermeabilizados com cianoacrilato em relação às demais condições. Entre os grupos restaurados com resina composta não houve diferença estatística significante (p<0,05). Conclusão: Conclui-se que o cianoacrilato, utilizado para selamento pós-tratamento endodôntico, não interfere no selamento marginal das restaurações de resina composta, mas prejudica a adesão de restaurações de cimento de ionômero de vidro.deScRITOReS: Cianoacrilatos- Resinas compostas - Cimentos de ionômero de Vidro

ABSTRAcT

Introduction: The objective of this study is to evaluate the marginal sealing ability of adhesive restorations using a sealing with cyanoacrylate after endodontic therapy. Methods: Seventy- two bovine incisive teeth were endodontically treated and filled with guta-percha and Sealapex. The cervical cut of the guta-percha was performed 2mm under the cement enamel junction. Half of the teeth received a cyanoacrylate layer in contact with the filling material and in the coronary access. The teeth were maintained at 37ºC and 100% humidity for 24 hrs. The specimens were divided into 6 groups of 12 teeth each, where 10 were experimental and 2 were control (positive and negative): G1- cover with cyanoacrylate + restoration with CIV; G2- without cyanoacrylate + CIV; G3- cover with cyanoacrylate and restored with composite resin Z100; G4- without cyanoacrylate and restored with Z100; G5- cover with cyanoacrylate and restored with composite resin P60; G6- without cyanoacrylate and restored with P60. The teeth were kept in artificial saliva for 24hrs at 37ºC and 100% humidity. They were thermocycled and returned to artificial saliva for 60 days. The teeth received external waterproof sealing, except in the restoration, and 1mm next to their margins, and were immersed in Rhodamine B solution at 2% for 24 hrs for subsequent dye penetrations. The leakage was submitted to statistical analysis. Results: The results showed more leakage with statis-tically difference for the teeth restored by CIV with cyanoacrylate, in the other groups no statistically significant difference was observed (p>0.05). Conclusion: It was concluded that cyanoacrylate, used after endodontic therapy, does not influence the marginal sealing of the restorations in composite resin, but influences the marginal sealing of glass ionomer restorations. deScRIPTORS: Cyanoacrylates - Composite resins - Glass ionomer cements

INFlUÊNcIA dO cIANOAcRIlATO PÓS-TRATAMeNTO eNdOdÔNTIcO NO SelAMeNTO de ReSTAURAÇÕeS de ReSINA cOMPOSTA e de IONÔMeRO de vIdRO

INFLUENCE OF THE CIANOACRILATO POSTTREATMENT ENDODONTIC IN THE SEALING OF RESTORATIONS OF COMPOSIT RESIN AND OF GLASS IONOMER

Alessandra Sverberi Carvalho *Patrícia Regina de Oliveira **

Márcia Carneiro Valera ***Carlos Henrique Ribeiro Camargo ***

* Mestranda da disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP ** Estagiária da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - UNESP*** Professores da disciplina de Endodontia – Departamento de Odontologia Restauradora - Faculdade de Odontologia de São José dos Campos – UNESP

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Carvalho AS, Oliveira PR, Valera MC, Camargo CHR. Influência do cianoacrilato pós-tratamento endodôntico no selamento de restaurações de resina composta e de ionômero de vidro. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)219-24

INTROdUÇãOApós o tratamento endodôntico, a estrutura dentária

perdida precisa ser restaurada, a fim de evitar o contato do canal radicular obturado com o meio bucal e toda contaminação que este apresenta, uma vez que a infil-tração coronária é uma das vias de acesso dos microrga-nismos à cavidade pulpar pós-tratamento endodôntico (Torabinejad et al.16, 1990). Uma restauração deficiente pode predispor o dente que recebeu tratamento endo-dôntico ao fracasso devido à infiltração via coronária de microrganismos presentes na saliva.

Em 1993, Ray et al.13, avaliando a influência da qualidade da restauração coronária e da obturação do canal radicular, no aparecimento ou permanência de lesão periapical em dentes tratados endodonticamen-te, observaram que os dentes com boa restauração e obturação deficiente apresentaram-se melhor do que aqueles com uma restauração deficiente e uma ade-quada obturação endodôntica (69,1% e 44,1%, res-pectivamente). Os autores concluíram que o sucesso da saúde periapical depende também de uma boa res-tauração coronária.

Outros trabalhos foram realizados com a finalidade de avaliar a influência da restauração coronária na mi-croinfiltração do canal radicular (Begotka e Hartwell3 1996 , Carman e Wallace4 1994 , Gish et al6 1994, Rogha-nized e Jones14 1996), concluindo-se que o selamento coronário é significante para o sucesso do tratamento endodôntico. E, Valera18,2002, verificou que o contato da saliva com a obturação leva a um aumento gradativo da infiltração marginal com o decorrer do tempo.

A capacidade de impermeabilização do cianoacrilato em dentes tratados endodonticamente vem sendo es-tudada como uma alternativa para minimizar a infiltra-ção via coronária pós-tratamento endodôntico (Valera18 2002, Valera e Cia19 2000, Valera et al.20 2000), e verifi-cam redução significativa da infiltração marginal quando a obturação do canal radicular exposta à saliva recebe uma camada de cianoacrilato como material impermea-bilizador (Valera et al.20 2000, Menezes et al.11 2002, Go-mes et al.71999).

No entanto, muitas dúvidas ainda restam quanto à interferência deste material nos mecanismos de adesão dos materiais restauradores adesivos. Portanto, a pro-posta deste trabalho foi avaliar a influência do cianoa-crilato no selamento de restaurações adesivas realizadas após o tratamento endodôntico.

MÉTOdOSForam utilizados para este estudo 72 dentes bovinos

extraídos, limpos, imersos em formol 10% por 24 ho-ras e mantidos em solução salina até o momento de sua utilização com trocas semanais. A seleção dos dentes foi realizada de acordo com a ausência de trincas em esmal-te na face lingual, onde seria realizado o acesso à câmara pulpar. A ausência de trincas garantiria que a infiltração ocorresse somente na área a ser avaliada posteriormente, ou seja, apenas na interface dente-material restaurador.

Em seguida foram realizadas em todos os espécimes aberturas coronárias, pulpectomias e preparos biomecâ-nicos até a lima Kerr nº 80 para, em seguida, os canais serem obturados pela técnica da condensação lateral com cones de guta-percha e cimento endodôntico Sea-lapex (Kerr@ Sealapex - Polymeric Calcium Hidroxide Root Canal Sealer– KERR Corporation –USA). O corte da guta-percha foi realizado 2mm abaixo do limite cer-vical vestibular e então os espécimes foram mantidos em estufa a 37ºC e umidade relativa de 100%.

Os dentes foram divididos entre seis grupos de 12 dentes cada, sendo 10 experimentais e dois controles (positivo e negativo); da seguinte forma:

• G1 – impermeabilização das paredes da cavida-de de acesso e superfície da obturação com cianoacrila-to (Loctite Super Bonder – Henkel Ltda – Itapevi-SP) pós-tratamento endodôntico - remoção do cianoacrilato das margens de esmalte- restauração com CIV (Vidrion R- S.S.White® Artigos dentários Ltda - Brasil);

• G2 – sem utilização do cianoacrilato (Loctite Super Bonder – Henkel Ltda – Itapevi-SP) - restaura-ção com CIV (Vidrion R - S.S.White® Artigos dentários Ltda - Brasil);

• G3- – impermeabilização com cianoacrilato (Loctite Super Bonder – Henkel Ltda – Itapevi-SP) pós-tratamento endodôntico - remoção do cianoacrilato das margens de esmalte - restauração com resina composta convencional Z100 (3M do Brasil® Ltda);

• G4- sem utilização do cianoacrilato (Loctite Su-per Bonder – Henkel Ltda – Itapevi-SP) - restauração com resina composta convencional Z100 (3M do Bra-sil® Ltda);

• G5 – impermeabilização com cianoacrilato pós-tratamento endodôntico - remoção do cianoacrilato (Loctite Super Bonder – Henkel Ltda – Itapevi-SP) das margens de esmalte - restauração com resina composta condensável P60 (3M do Brasil® Ltda);

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Carvalho AS, Oliveira PR, Valera MC, Camargo CHR. Influência do cianoacrilato pós-tratamento endodôntico no selamento de restaurações de resina composta e de ionômero de vidro. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)219-24

• G6 – sem utilização do cianoacrilato (Loctite Su-per Bonder – Henkel Ltda – Itapevi-SP) - restauração com resina composta condensável P60 (3M do Brasil® - Ltda).

Em cada grupo foram utilizados dois espécimes como controle interno positivo e negativo, que recebe-ram o mesmo tratamento dos espécimes experimentais sendo diferenciados apenas no ato da impermeabiliza-ção.

A remoção do cianoacrilato das margens de esmalte dos espécimes dos grupos G1, G3 e G5 foi realizada com uma broca esférica diamantada nº 1013 (Metalúrgi-ca Fava Ind. E Com. Ltda. – Brasil) em alta rotação.

O cimento de ionômero de vidro utilizado (Vidrion R- S.S.White® ) foi espatulado de acordo com as espe-cificações do fabricante, utilizando-se uma porção me-didora de pó para cada gota de líquido, para obtenção do “ponto de fio”. O material foi levado à cavidade com uma espátula de inserção nº1(Duflex – SSWhite) e, com uma sonda exploradora de ponta reta (Duflex – SSWhi-te), foram realizados movimentos vibratórios dentro do acesso coronário para evitar a formação de bolhas no material restaurador.

Nas cavidades que receberiam resina composta Z100 ou P60 como material restaurador foi realizado o con-dicionamento com ácido fosfórico 35% (3M do Brasil® Ltda) por 30 segundos e aplicação de uma fina cama-da de adesivo (3M do Brasil® Ltda), por todo o aces-so coronário (inclusive nos grupos que sofreram prévia impermeabilização com cianoacrilato), que foi fotopo-limerizado durante 20 segundos. Tanto nos grupos que receberam resina Z100 quanto nos que receberam a re-sina P60, o material foi inserido na cavidade com uma espátula de inserção nº 1 pela técnica incremental para resina composta, e cada incremento foi fotopolimeri-zado durante 40 segundos. Nos dentes que receberam a resina P60 foi também utilizado um condensador de amálgama de nº 2 (Duflex – SSWhite) para melhor aco-modar o material na cavidade.

Concluídas todas as restaurações, os dentes foram imersos em saliva artificial por 24 horas e mantidos em estufa com umidade relativa 100%, seguido de termoci-clagem (500 ciclos de 5 a 55º ± 2ºC), permanecendo em saliva artificial por um período de 60 dias submetidos a trocas semanais. A cada troca de saliva os dentes eram lavados com solução salina estéril e acondicionados em novos recipientes estéreis.

Após esse período, os dentes foram limpos novamen-te com solução salina estéril e 2/3 das raízes incluídas em resina acrílica. Após a inclusão os espécimes experi-mentais foram impermeabilizados com duas camadas de esmalte preto para unhas (Risqué – Niasi S/A – Taboão da Serra - SP) até o limite de 2mm aquém das margens das restaurações. Em cada grupo foram utilizados dois espécimes como controle interno positivo e negativo. Para o controle positivo, a superfície radicular externa de um espécime foi mantida sem nenhuma camada de impermeabilização e, no controle interno negativo, a su-perfície externa foi impermeabilizada totalmente, inclu-sive nas restaurações.

Em seguida, os dentes foram imersos em corante Rhodamina B 2%, tamponado em pH 7 por 24 horas a 37ºC e umidade relativa de 100%, e, após, os dentes foram lavados em água corrente por 12 horas e secos à temperatura ambiente.

Os dentes foram então submetidos a um único cor-te no sentido longitudinal, de forma que passasse pelo centro das restaurações; para isso foram posicionados em uma máquina de corte Lab-cut (LC 1010, EXTEC - England). Em seguida as metades foram separadas e levadas para leitura das infiltrações, em um estéreomi-croscópio (Tecnival Carl Zeiss - JENA - Germany).

A leitura foi realizada por dois examinadores calibra-dos, utilizando-se escores de acordo com a profundida-de da penetração do corante: escore 0 - ausência de infil-tração; escore 1- infiltração apenas em esmalte; escore 2 - até 1mm de infiltração em dentina; escore 3 - entre 1 e 2mm de infiltração em dentina; escore 4 - mais de 2mm de infiltração em dentina.

Os valores obtidos foram analisados pelo teste esta-tístico não-paramétrico de ANOVA Kruskal- Wallis e o de Comparação Múltipla de Dunn para verificar a possi-bilidade de rejeitar a hipótese de igualdade entre os valo-res medianos das seis condições experimentais. O nível de significância adotado foi o valor convencional 5%.

ReSUlTAdOS

Os dados (escores) obtidos na leitura das infiltrações para os seis grupos experimentais encontram-se na Ta-bela 1.

Verifica-se que a condição do escore 4 (infiltração além de 2mm em dentina) é mais significativa para o material CIV na presença do cianoacrilato.

Os grupos, quando comparados entre si, median-

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Carvalho AS, Oliveira PR, Valera MC, Camargo CHR. Influência do cianoacrilato pós-tratamento endodôntico no selamento de restaurações de resina composta e de ionômero de vidro. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)219-24

te o teste de Kruskal-Wallis, diferiram estatisticamente (kw = 24,39; gl = 5; p-valor = 0,001) e, com o teste de Dunn (Tabela 2), verificou-se que: (a) houve diferença significativa para dentes restaurados com CIV, imper-meabilizados com cianoacrilato, em relação às demais condições; (b) a presença do cianoacrilato não interferiu na adesividade dos materiais Z100 e P60 (Tabela 2).

dIScUSSãOO sucesso da terapia endodôntica está diretamen-

te relacionado a um tratamento restaurador adequado (Ray et al.13, 1993). Sabe-se que a presença de falhas na restauração coronária pode comprometer o tratamento endodôntico pela infiltração de microrganismos presen-tes na saliva. Em 1991, Magura et al.10 avaliaram a mi-croinfiltração coronária de saliva humana em obturações radiculares em diferentes períodos de exposição à saliva (2, 7, 14, 28 e 90 dias) e constataram que após 90 dias a

penetração salivar foi significantemente maior que nos demais períodos. No entanto, outros trabalhos verifica-ram uma infiltração coronária significativa em períodos mais curtos, como Khayat et al.8,1993, que observaram contaminação salivar dos canais em menos de 30 dias; Torabinejad et al.16,1990, que observaram recontamina-ção dos canais tratados entre 19 e 42 dias dependendo do microrganismo avaliado; e Madison e Wilcox9,1988, que observaram a recontaminação após uma semana da remoção da restauração coronária e exposição à saliva. Swanson e Madison15,1987, também analizaram infiltra-ção coronária e verificaram que, enquanto os dentes não expostos à saliva não apresentaram infiltração, todos os dentes experimentais expostos à saliva tiveram infiltra-ção de 79 a 85% da extensão radicular. Deve ser res-saltada, portanto, a importância de um bom vedamento coronário complementar à terapia endodôntica.

No entanto, na prática clínica diária, a variedade de materiais restauradores utilizados no selamento coroná-rio leva ao questionamento sobre qual seria a melhor opção para evitar a recontaminação radicular do canal tratado. Diaz-Arnold e Wilcox5, 1990 compararam a microinfiltração coronária presente em dentes restaura-dos com CIV e resina composta, e nenhum grupo foi superior na prevenção à infiltração. Carman e Wallace4, 1994, fizeram a mesma comparação com diferentes ma-teriais: guta-percha com cimento endodôntico, amál-gama, IRM, resina composta fotopolimerizável, resina composta quimicamente ativada e CIV, e os grupos do amálgama e do CIV apresentaram infiltração significati-vamente menor que os outros materiais. Em contraposi-ção, Beckham et al.2,1993, comparando um selante, CIV e TERM como barreiras à infiltração coronária em den-tes tratados endodonticamente verificaram penetração significantemente maior do corante no grupo do CIV.

Escores CIV* Z100* P60*Sem cian*. Com cian. Sem cian. Com cian Sem cian. Com cian.

0 0 0 1 0 3 11 3 0 4 5 3 22 3 0 3 3 3 63 1 0 2 1 1 04 3 10 0 1 0 1

Total 10 10 10 10 10 10

Tabela 1. Distribuição em freqüência absoluta dos escores de infiltração segundo o material restaurador e a presença ou ausência do cianoacrilato (cian.)

*CIV = restauração com cimento de ionômero de vidro*Z100 = restauração com resina composta Z100*P60 = restauração com resina composta P60*Cian = cianoacrilato

Condições Experimentais Mediana Posto

MédioGrupos

Homogêneos*CIV Com 4 53,00 ACIV Sem 1 31,85 A BP60 Com 2 27,30 B

Z100 Com 1 26,05 BZ100 Sem 1,5 25,95 BP60 Sem 1,5 18,85 B

Tabela 2. Formação de grupos de mesmo desempenho após o teste de Comparação Múltipla de Dunn (5%)

* medianas seguidas de mesma letra não diferem estatisticamenteCom = com cianoacrilatoSem = sem cianoacrilato

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Carvalho AS, Oliveira PR, Valera MC, Camargo CHR. Influência do cianoacrilato pós-tratamento endodôntico no selamento de restaurações de resina composta e de ionômero de vidro. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)219-24

Uranga et al.17,1999, compararam in vitro a capacidade de selamento do acesso endodôntico de materiais tempo-rários versus permanentes. O maior grau de infiltração foi observado com os materiais temporários, havendo diferença significativa entre todos os materiais exceto entre os permanentes, o que sugere ser mais prudente usar um material restaurador permanente para prevenir infiltração após tratamento do canal radicular.

Com o objetivo de evitar a penetração da salivar e conseqüentemente, das bactérias nela presentes, entre os materiais restauradores e paredes dentárias, alguns materiais vêm sendo avaliados quanto à sua capacidade de impermeabilização. O adesivo dentinário é um desses materiais e o trabalho de Assouline et al.1,2001, mostrou que a aplicação de adesivo dentinário no acesso coroná-rio após o tratamento endodôntico diminuiu a penetra-ção bacteriana no interior dos túbulos dentinários.

Outro material que vem sendo avaliado com o mes-mo objetivo é o cianoacrilato. Trabalhos como o de Valera et al.18,202002, 2000, Menezes et al.11, 2002, e Go-mes et al.7,1999, mostraram uma boa capacidade im-permeabilizante dos cianoacrilatos quando utilizados em canais obturados e preparados para núcleos. No entanto, dúvidas persistiam quanto à interferência do cianoacrilato na adesão dos materiais restauradores. No presente trabalho, a utilização do cianoacrilato na abertura coronária, após o tratamento endodôntico, não interferiu no selamento dos materiais avaliados, exceto no grupo do CIV que apresentou os piores re-sultados para infiltração, diferenciando-se estatistica-mente dos demais grupos. Sabe-se que a adesividade do CIV à estrutura dentária é muito satisfatória e que o cianoacrilato pode ter contribuído negativamente nessa adesão química. Quanto à resina composta, não houve

diferença estatisticamente significante entre os grupos com e sem cianoacrilato. Valera et al.20 (2000), verificou em microscopia eletrônica de varredura que o cianoa-crilato, ao ser aplicado nas paredes do canal radicular pós-tratamento endodôntico, penetrava na entrada dos túbulos dentinários. Com isso, o esperado seria que o cianoacrilato, ao ser aplicado após o tratamento endo-dôntico, apresentasse efeito desfavorável na penetração do sistema adesivo às paredes dentinárias, piorando o selamento das restaurações, o que não aconteceu. Situ-ação semelhante ocorreu no trabalho de Murakami12, (2003). Segundo o autor, acredita-se que o cianoacri-lato presente nos túbulos dentinários possa interagir com os monômeros resinosos dos sistemas adesivos através do polimetil metacrilato, que está presente no cianoacrilato, e é um monômero resinoso, resultando em um melhor selamento marginal.

Os resultados do presente estudo e dos demais trabalhos da literatura, em que o cianoacrilato tem-se mostrado satisfatório na prevenção da microinfiltração coronária, apontam para o uso desse adesivo como im-permeabilizador das paredes da cavidade de acesso pós- tratamento endodôntico.

cONclUSÕeSO uso do cianoacrilato como impermeabilizante não

interfere no selamento de restaurações de resina com-posta e pode, portanto, ser uma boa opção para impedir recontaminação do canal pela via coronária.

Ainda de acordo com os resultados, não é recomen-dado o uso de cianoacrilato se o CIV for utilizado como material restaurador, visto que os piores resultados para infiltração de corante foram observados nesse grupo.

ReFeRÊNcIAS

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ReSUMOIntrodução: O alto potencial de fratura da cerâmica odontológica pode comprometer o resultado de uma reabilitação estética. O reparo intra-oral de uma cerâmica fraturada é muitas vezes uma alternativa viá-vel para se evitar a remoção de uma prótese. A utilização de resina composta para esse tipo de reparo é uma das técnicas mais difundidas, mas, para que ocorra sucesso, é importante que seja garantida uma boa adesão entre a resina composta e a cerâmica, o que exige um preparo superficial da cerâmica. Este trabalho tem como objetivo avaliar a resistência de união de uma resina composta híbrida à superfície da cerâmica condicionada por diferentes tratamentos mecânico-químicos. Métodos: Foram confeccionados noventa discos de cerâmica (10x2mm) que foram incluídos em anel de PVC com resina acrílica e divi-didos em 3 grupos. Um grupo foi considerado grupo-controle (sem tratamento mecânico); trinta discos foram jateados com óxido de alumínio 50μm e trinta foram asperizados com ponta diamantada. Esses grupos foram subdivididos e submetidos aos tratamentos químicos: ácido fosfórico 35%, fluorfosfato de sódio acidulado 1,23% e ácido hidrofluorídrico 9,6%. Sobre a superfície tratada foi aplicada uma camada de silano e confeccionadas as restaurações em resina composta (5mm de diâmetro). Os corpos de prova foram termociclados e realizados testes de cisalhamento com célula de carga de 50 kgf e velocidade de 2mm/minuto. Resultados e conmclusão: Os resultados demonstraram que os tratamentos mecânico-químicos estudados são indicados para o reparo intra-oral de uma restauração cerâmica fraturada.deScRITOReS: Cerâmica - Resinas compostas – Resistência à tração.

ABSTRAcT

Introduction: High ceramic fracture rates may compromise the result of an esthetic rehabilitation. An intra-oral repair of fractured porcelain is may times a more cost-effective clinical method for avoiding a prosthesis removal. The clinical success of the ceramic repair method is dependent on the integrity of the bond between the porcelain repair and the composite resin. This integrity is achieved either by chemical or mechanical bonds. The objective of this study is to evaluate, in vitro, the bond strength of a composite resin to porcelain after different mechanical and chemical treatments. Methods: Ninety porcelain disks (10mm in diameter and 2mm thick) were prepared in a Teflon die and embedded in acrylic resin. Two groups were abraded with mechanical treatments: micro-etcher using Al2O3 particles or abraded with diamond burs. One group served as a control. These disks were submitted to a chemical treatment: 35% phosphoric acid; 1.23% acidulated phosphate fluoride and 9.6% hydrofluoridric acid. The composite resin restoration was made after the application of silane. The samples were thermocycled and the bond streng-th was determined using a testing machine at a cross-head of 2mm/min with a 50 kgf load-cell. Results and conclusion: The results indicated that the mechanical and chemical treatments studied are indicated to repair fractured porcelain.deScRIPTORS: Ceramics - Composite resins - Tensile strength

eFeITO dO TRATAMeNTO SUPeRFIcIAl dA ceRÂMIcA SOBRe A FORÇA de UNIãO dA ReSINA cOMPOSTA.

EFFECT OF SURFACE TREATMENT ON THE SHEAR BOND STRENGTHS OF THE COMPOSITE RESIN.

Rossana Pereira de Almeida Antunes *Lívia Saladini Vieira **

Ricardo de Souza Antunes ***

* Professor Associado do Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP. ** Cirurgiã-Dentista - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP *** Técnico em Eletrônica – Laboratório Integrado de Pesquisa em Biomateriais - Departamento de Materiais Dentários e Prótese da Faculdade de Odontolo-

gia de Ribeirão Preto – USP.

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INTROdUÇãOAs restaurações cerâmicas são largamente utilizadas,

principalmente devido às suas características estéticas. A cerâmica, porém, possui alto potencial de fratura, (Lei-brock et al.16 1999), o que pode levar a falhas causadas por diversos fatores: impacto, fadiga, forças oclusais, diferença entre o coeficiente de expansão térmica do metal do coping e da cerâmica, uso de metal com baixo módulo de elasticidade, desenho impróprio do coping, defeitos internos ou contaminação da liga, excessiva es-pessura da cerâmica, preparo dental incorreto (Kussano et al.15, 2003; Yanocoglu23, 2004; Galiatsatos7 2005). Es-sas falhas ocorrem freqüentemente porque a cerâmica não resiste a forças de tração ocasionada pela deforma-ção plástica (Albakry et al.2 2003).

O reparo de uma fratura aumenta a longevidade clínica oferecendo uma alternativa efetiva, pois a subs-tituição de uma prótese pode ser eliminada ou adiada (Haselton et al.10, 2001).

Dentre as técnicas de reparo, a mais difundida é o reparo intra-oral com resina composta, mas seu sucesso clínico depende de uma efetiva união entre a resina e a superfície da cerâmica condicionada mecânico-quimica-mente.

Para uma satisfatória adesão entre a cerâmica e a re-sina são utilizados diversos sistemas de retenção mecâni-co-químicos como: asperização com pontas diamantadas (Jochen e Caputo12, 1977; Suliman et al.21, 1993); abrasão com óxido de alumínio (Goldstein e White8, 1995; Berk-sum e Saglam4, 1994); condicionamento superficial com ácido hidrofluorídrico (Llobel et al.17, 1992), ácido fosfó-rico (Appeldoorn et al.3, 1993) ou fluorfosfato de sódio acidulado (Goldstein e White8, 1995). O fluorfosfato de sódio acidulado em forma de gel altera a textura super-ficial da cerâmica porque o seu baixo pH forma ácido hidrofluorídrico que ataca a sílica, principal componente das cerâmicas odontológicas (Kula e Kula14, 1995; Butler et al.5, 2004).

Um dos fatores que exerce grande influência na ade-são resina/cerâmica é o uso do silano que, ao reagir com o grupos OH da cerâmica, promove uma ligação cova-lente com os polímeros resinosos, criando-se uma união estável, (Goldstein e White8, 1995; Szep et al.22, 2000; Hakayama et al.9, 1992; Saracoglu et al.20, 2004).

Este trabalho tem como objetivo avaliar a força de união de uma resina composta híbrida à superfície da cerâmica condicionada por diferentes tratamentos me-cânico-químicos, após ciclagem térmica.

MATeRIAl e MÉTOdO1. Confecção dos corpos de prova em cerâmicaA parte experimental deste trabalho foi totalmente

desenvolvida no Laboratório Integrado de Pesquisas em Biomateriais, do Departamento de Materiais Dentá-rios e Prótese da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-USP.

A partir de uma matriz de teflon, foram confeccio-nados noventa discos de cerâmica (IPS Classic, Ivoclar, Liechtenstein) de 10mm de diâmetro por 2mm de es-pessura. A cerâmica foi esculpida na matriz e sinterizada em forno EDG (São Carlos, SP, Brasil). Após a sinteri-zação da cerâmica, os corpos de prova foram incluídos em anel de PVC de ¾ de polegada com 20mm de altura, utilizando-se resina acrílica autopolimerizável incolor (Dencor, São Paulo, SP, Brasil) e foram submetidos aos diferentes tratamentos mecânico-químicos.2. TratamentosuperficialdoscorposdeprovaOs corpos de prova foram, inicialmente, divididos

em 3 grupos submetidos a tratamento mecânico:Grupo de controle (C): sem qualquer tratamento

mecânico;Grupo jateado (J): trinta (30) corpos de prova tive-

ram sua superfície jateada com óxido de alumínio 50mm pelo tempo de quinze segundos;

Grupo asperizado (A): trinta (30) corpos de prova tiveram a superfície da cerâmica asperizada com ponta diamantada (FG 3069; KG Sorensen, Barueri, São Pau-lo, SP, Brasil), montada em alta rotação, aplicada três ve-zes no mesmo sentido, sob refrigeração.

Os três grupos (C, J e A) foram subdivididos em três subgrupos, tratados com diferentes substâncias quími-cas. Após a aplicação dos ácidos, as superfícies foram lavadas abundantemente com água, secas, e os corpos de prova foram armazenados em ambiente a 100% de umidade.

A Tabela 1 apresenta as substâncias químicas, suas concentrações e tempo de aplicação.

3. Confecção do reparo em resina compostaPara a confecção do reparo em resina composta, no

centro do corpo de prova, foi posicionado um tubo plás-tico de 5mm de diâmetro, obtido a partir de canudos de refrigerante, preso em quatro pontos externos por cera pegajosa (HORUS, Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil), para fixá-lo em posição. Todos os corpos de prova receberam aplicação de uma camada de silano (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil), que foi seco com jatos de ar por 10 segun-dos, seguido da aplicação de adesivo Prime e Bond 2.1,

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Tabela 1. Substâncias químicas utilizadas neste estudo, sua concentração e tempo de aplicação.

Substância Concentração Tempo (min) Ácido fosfórico

(H3PO4) 35% 2

Fluorfosfato de sódio acidulado 1,23% 10

Ácido hidrofluorí-drico (HF) 9,6% 2

Figura 2. Corpo de prova em posição sendo submetido ao ensaio de cisalhamento.

Figura 1. Reparo em resina composta aplicado sobre a super-fície da cerâmica tratada.

Tratamento químico

Tratamento mecânico Ácido fosfórico (AF) Fluorfosfato de sódio acidulado (FA) Ácido hidrofluorídrico (HF)

CONTROLE (C) 13,023 ± 2,955 13,661 ± 6,847 10,917 ± 2,978JATEADO (J) 12,406 ± 4,713 5,861 ± 1,567 13,632 ± 4,342

ASPERIZADO (A) 7,269 ± 2,682 7,274 ± 1,671 13,259 ± 3,761

Tabela 2. Média e desvio-padrão de cada grupo amostral (MPa) resultantes do ensaio de cisalhamento.

(Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil), fotopolimerizado por 40 segundos com luz halógena (Dabi Atlante: 450mW/cm2) e foi confeccionada uma restauração de resina composta híbrida (Z-100, 3M, Sumaré, SP, Brasil) condensada em pequenos incrementos polimerizados por 40 segundos com luz halógena (450mW/cm2), até completar-se a res-tauração. Removidos os anéis plásticos, os corpos de pro-va foram novamente armazenados em 100% de umidade. A Figura 1 mostra um corpo de prova concluído.

4. TermociclagemO ensaio de termociclagem foi realizado numa má-

quina simuladora de ciclos térmicos modelo MSCT-3, seguindo-se a norma ISO/TS 11405/2003. Os corpos

de prova foram armazenados em água destilada a 37ºC pelo período de 24 horas. Decorrido esse prazo, foram submetidos a 500 ciclos, com temperaturas variando de 5º-55ºC. O tempo de imersão em água destilada nas di-ferentes temperaturas foi de 30 segundos.

5. Testes de cisalhamentoPara os testes de cisalhamento foi utilizada a Máquina

Universal de Ensaios, modelo DL 2000 (EMIC, São José dos Pinhais, PR, Brasil). Os corpos de prova foram posi-cionados em dispositivo próprio, confeccionado em latão, para o ensaio que foi realizado com uma ponta ativa de aço, em forma de cinzel, numa velocidade de 2,0mm por minu-to e célula de carga de 50kgf. A Figura 2 mostra o corpo de

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prova em posição para o ensaio de cisalhamento.ReSUlTAdOS

A Tabela 2 apresenta os resultados, média e desvio-padrão, obtidos após ensaios de cisalhamento.

Os resultados foram submetidos à análise de variân-cia (ANOVA) para dois fatores de variação. Assim, ob-servou-se que havia diferença entre os tratamentos quí-micos (pH0=0,603%), entre os tratamentos mecânicos (pH0= 0,210%) e na interação tratamentos químicos e mecânicos (pH0=0,014%). Para a complementação da análise estatística foi realizado o teste auxiliar paramétri-co de Tukey, a 1% (α=0,01).

A única diferença estatística encontrada ocorreu no grupo-controle atacado quimicamente pelo fluorfosfato de sódio acidulado gel a 1,23%, com valores mais eleva-dos (12,406MPa). Os demais grupos não apresentaram diferença estatística significante.

dIScUSSãOA utilização de resina composta para o reparo intra-

oral da cerâmica fraturada é a mais comum e a mais desenvolvida das técnicas para a solução desse tipo de problema (Cardoso e Spinelli6, 1994). A decisão de se fazer um reparo intra-oral é baseada na determinação de que o desenho da infra-estrutura metálica (coping) esteja satisfatório e não tenha sido a causa da fratura. Outro problema é a extensão da fratura, pois quanto maior a sua área maior a dificuldade para o reparo. A resina é o material de escolha, mas apresenta desvantagens como: manchamento, pobres características de desgaste, baixa resistência ao longo do tempo, principalmente se a área da fratura for maior, o resultado não será tão duradouro ou estético (Hirshfeld e Rehany11, 1991; Berksun e Sa-glam4, 1994).

O objetivo deste trabalho é fazer uma comparação entre diferentes métodos de preparo da superfície da cerâmica, com resultados indicando que, com exceção da associação fluorfosfato de sódio acidulado com su-perfície sem tratamento mecânico (controle) em relação aos grupos jateado ou asperizado, não houve diferença estatística significante entre os diferentes tratamentos mecânico-químicos empregados. Esses resultados es-tão em concordância com Suliman et al.21 (1993) que, avaliando diferentes tratamentos: abrasão com óxido de alumínio, rugosidade com pontas diamantadas, ácido hi-drofluorídrico e ácido hidrofluorídrico mais rugosidade com pontas diamantadas não encontraram diferenças

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significativas, embora a associação do ácido hidrofluo-rídrico mais rugosidade com pontas diamantadas tenha sido mais efetiva em termos numéricos.

Addison e Fleming1, (2004), estudando a influência da preparação da superfície da porcelana na força de adesão com a resina composta, observaram que condi-cionar a porcelana não só resulta na aspereza necessária condutora para a interligação mecânica, mas também exerce um efeito químico pela acidificação da superfí-cie da mesma, aumentando sua energia livre, tornando-a mais reativa com os agentes silanos.

O ácido hidrofluorídrico é o ácido mais indicado para o condicionamento superficial da cerâmica, mas seu uso intra-oral é perigoso nas concentrações requeridas para esse fim, podendo ocasionar lesões em tecidos moles (Llobel et al.17, 1992).

Os ácidos agem diferentemente, dissolvendo com-ponentes da cerâmica, criando microrretenções mecâ-nicas nas cerâmicas feldspáticas, mas não são efetivos em cerâmicas altamente cristalinas. O ácido fosfórico também é indicado para o condicionamento da cerâmica, embora alguns autores afirmem que ele não ataca a super-fície, mas a torna mais susceptível ao silano (Goldstein e White8, 1995). Alguns kits de reparo, comerciais, utilizam o ácido fosfórico em diferentes concentrações: 37% ou 40% (Goldstein e White8, 1995; Matsumura e Atsuta18

1996). O fluorfosfato de sódio acidulado 1,23%, em forma

de gel, também tem capacidade de atacar a superfície da cerâmica. Repetidas aplicações desse gel podem alterar a textura superficial da cerâmica porque o baixo pH do fluorfosfato em gel resulta na formação de ácido hidro-fluorídrico que ataca a sílica, principal componente das cerâmicas dentais (Goldstein e White8, 1995; Butler et al.5, 2004). A aplicação de fluorfosfato acidulado 1,23% em forma de gel pelo tempo de quatro minutos pro-voca alterações superficiais (Kula e Kula14, 1995). Este trabalho comparou três diferentes tratamentos químicos superficiais: ácido hidrofluorídrico 9,6%, ácido fosfóri-co 35% e fluorfosfato de sódio acidulado 1,23%, com os resultados indicando uma diferença estatisticamente significante ocorrida entre o grupo jateado e os demais tratamentos mecânicos, com média inferior a todos os grupos estudados (5,861MPa).

Entre os tratamentos mecânicos empregados nes-te estudo não foram observadas diferenças estatistica-mente significantes. Para Goldstein e White8, (1995), o

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jateamento com óxido de alumínio não somente cria rugosidades micromecânicas, mas, também, provoca alterações aumentando a energia de superfície, o que permite que o ácido penetre mais profundamente na superfície além de aumentar a umectabilidade pelos adesivos.

Os resultados deste trabalho diferem de Appeldo-orn et al.3 (1993) e Kato et al.13 (1996) que encontraram melhores resultados na força de união resina/cerâmica após o jateamento com partículas de óxido de alumínio. Já para Pameijer et al.19 (1996), não foram encontradas diferenças significantes entre um grupo jateado e um grupo apenas atacado quimicamente, fato importante, uma vez que o jateamento requer o uso de equipamento específico (microetch) e a maioria dos profissionais não tem acesso ao mesmo em seus consultórios. Além disso, a pressão do jato pode prejudicar a cerâmica glaseada, adjacente à área a ser reparada, o que requer isolamento efetivo da área (Llobel et al.17, 1992).

A aplicação de pontas diamantadas sobre a superfí-cie da cerâmica cria microirregularidades, agindo como um fator mecânico. Appeldoorn et al.3 (1993), estudan-do um sistema de reparo composto por ácido fosfórico 37% associado a rugosidade com pontas diamantadas ou jateamento com óxido de alumínio, encontraram melhores resultados com este último tratamento. Suli-man et al.21 (1993) encontraram ótimos resultados na associação de rugosidade com pontas diamantadas mais ácido hidrofluorídrico, promovendo maior resistência de união, sem, todavia, haver diferença em relação à abrasão com óxido de alumínio.

A silanização da superfície é um fator de suma im-portância para o sucesso de um reparo com resina com-posta, uma vez que esse agente tem a capacidade de formar uma união covalente entre componentes da ce-râmica e polímeros resinosos, criando uma união mais forte do que a resistência coesiva da porcelana. É uma união estável, pois o silano reage com grupos OH da superfície da cerâmica (Goldstein e White8, 1995; Ha-selton et al.10, 2001; Szep et al.22, 2000; Saracoglu et al.20, 2004). Neste estudo, a silanização foi realizada em todos os grupos.

Outro fator relevante é o tipo de resina utilizada no reparo. De acordo com Goldstein e White8, (1995), compostos híbridos deveriam ser empregados devido a sua alta resistência; os materiais microparticulados só deveriam ser usados em áreas que requerem ótima esté-tica e alto polimento, mas que não requerem resistência máxima. Neste estudo, a resina composta empregada é híbrida Z-100 (3M).

Assim, pode-se concluir que há várias técnicas para se realizar o reparo intra-oral de uma cerâmica fraturada e em todos os casos uma combinação de técnicas promo-verá melhores resultados. Como todas as técnicas são de-pendentes da habilidade do operador, os procedimentos deveriam ser facilitados para que se alcançassem melhores resultados. Neste estudo, todas as associações de técnicas apresentaram resultados favoráveis que não diferiram es-tatisticamente entre si, embora o ácido hidrofluorídrico tenha apresentado as maiores médias de retenção.

É importante salientar que algumas técnicas empre-gam materiais de uso rotineiro no consultório odonto-lógico, como pontas diamantadas associadas ao ácido fosfórico ou fluorfosfato acidulado, chegando-se a re-sultados confiáveis em termos de resistência de união resina/cerâmica, não havendo necessidade de equipa-mentos especiais nem ácidos muito agressivos e de uso potencialmente danoso. Salienta-se, ainda, que esses da-dos foram obtidos in vitro, sob condições laboratoriais controladas, podendo não refletirem exatamente a per-formance clínica das várias técnicas.

cONclUSÕeSApós análise dos resultados, pode-se concluir que a

associação dos diferentes tratamentos mecânicos (jate-amento e asperização) com os diferentes ácidos estu-dados (ácido fosfórico, fluorfosfato de sódio acidulado e ácido hidroflurídrico) pode ser utilizada clinicamente para o reparo intra-oral de uma cerâmica fraturada.

AGRADECIMENTO à FAPESP pelo apoio finan-ceiro por meio de Bolsa de Iniciação Científica, proces-so nº. 04/02266-9.

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Recebido em 15/07/2005

Aceito em 04/11/2005

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Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo2006 set-dez; 18(3)233-7

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ReSISTÊNcIA AO cISAlHAMeNTO de dOIS SISTeMAS AdeSIvOS de FRAScO ÚNIcO e UM cOM PRIMeR AUTOcONdIcIONANTe

SHEAR BOND STRENGTH OF TWO ONE-BOTTLE ADHESIVE SYSTEMS AND A SELF-ETCH PRIMER

* Aluna de graduação, bolsista de iniciação a docência da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará ** Aluno de graduação, bolsista de iniciação a docência da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará *** Professor Livre-docente do Departamento de Dentística, Endodontia e Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP**** Professor Adjunto, Doutor em Clínica Odontológica, Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal

do Ceará

Maria Raquel Prado Homa *Ângelo Márcio de Santiago **

Luís Alexandre Maffei Sartini Paulillo ***Vicente de Paulo Aragão Saboia ****

ReSUMOIntrodução: O objetivo deste trabalho é avaliar a resistência ao cisalhamento de três sistemas adesivos, sendo dois deles de frasco único, um com solvente à base de acetona e outro à base de água, e um sistema adesivo com primer autocondicionante de dois frascos. Métodos: Foram utilizadas 54 faces vestibulares e linguais de terceiros molares incluídos em resina de poliestireno, que tiveram suas superfícies dentinárias expostas com a utilização de discos de lixa. Foram divididas aleatoriamente em três grupos: G1: Prime & Bond NT (Dentsply); G2: Self Etch Bond (Vigodent); G3: One Coat Bond (Còltene), todos aplicados de acordo com as instruções dos fabricantes. Após a aplicação dos sistemas adesivos, um cilindro de resina composta Fill Magic (Vigodent) foi confeccionado sobre a superfície dentinária com a utilização de uma matriz de silicone e em seguida fotopolimerizada. Os espécimes foram armazenados em água por 30 dias e a resistência ao cisalhamento foi obtida com velocidade de 0,5 mm/min. Os resultados foram subme-tidos ao ANOVA e teste de Tukey (p<0,05). Resultados: Os valores obtidos em MPa foram:G1= 14,82ª (6,22); G2= 10,42b (4,72)e G3= 18,33ª (4,38). Verificou-se que as médias de G1 e G3 não diferiram entre si, mas foram superiores a G2. Conclusão: Concluiu-se que a resistência adesiva à dentina não foi influen-ciada pela ausência de solvente volátil no adesivo One Coat Bond, e que o sistema adesivo Self Etch Bond com primer autocondicionante possui menor resistência adesiva à dentina, comparado aos sistemas com condicionamento prévio.deScRITOReS: Adesivos dentinários – Resistência ao cisalhamento

ABSTRAcT

Introduction: The purpose of this study was to evaluate the shear bond strength of two single-bottle adhe-sive systems, one being acetone-based and the other being water-based, and a two-bottle self-etching pri-mer adhesive to dentin. Methods: Fifty-four buccal and lingual surfaces of third molars were included in polystyrene resin, whose dentin surfaces had been exposed using a disc file. They were randomly assigned to three groups: G1: Prime & Bond NT (Dentsply); G2: Self Etch Bond (Vigodent); G3: One Coat Bond (Còltene). The adhesive systems were applied according to the manufacturers’ directions, after which, a cylinder of Fill Magic composite resin (Vigodent) was built up on the flat dentin surface using a silicon matrix and cured. The specimens were stored in humidity for 30 days and tested in a shear mode at cros-shead speed of 0.5 mm/min. Results: The results were submitted to ANOVA and Tukey’s test (p<0.05), and the results expressed in MPa were: G1= 14.82ª(6.22); G2:= 10,42b(4.72) and G3= 18,33ª(4.38). The G1 and G3 means were not statistically different from each other, but greater than G2. Conclusion: It was concluded that (1) the shear bond strength was not affected by the lack of volatile solvent in One Coat Bond system and (2) the self etch primer bond showed inferior mean of shear bond strength than the previous total etch adhesive systems.deScRIPTORS: Dentin-bonding agents - Shear strength

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INTROdUÇãOMelhoras significativas na adesão à dentina foram

obtidas com o desenvolvimento de primers hidrofílicos. Esses materiais apresentam, em sua composição, sol-ventes como acetona, água e/ou etanol, que penetram na dentina úmida levando consigo os monômeros re-sinosos (Gwinnett7, 1993, Kanca9, 1992). Maiores valo-res de adesão são obtidos quando os sistemas adesivos possuem solventes de alto valor de pressão de vapor, como acetona e etanol, e quando a dentina condicionada por ácido encontra-se visivelmente úmida (Cardoso et al.1, 2005, Jacobsen8, 1995). No entanto, alguns sistemas adesivos não apresentam solvente orgânico volátil em sua composição e somente a água é usada como veículo necessário no processo de fabricação, o que gera dúvi-das quanto ao seu mecanismo de ação.

Após aplicação do adesivo, as fibras de colágeno da dentina desmineralizada ficam envolvidas com material resinoso, e uma adesão mecânica entre o agente de união e a dentina é obtida. Essa camada, formada de denti-na desmineralizada e resina, é chamada camada híbrida (Nakabayashi et al.11, 1982).

Os sistemas adesivos de quinta geração, também cha-mados de frasco único, possuem o primer e o adesivo combinados em um mesmo frasco. Têm a vantagem de diminuir o número de etapas durante o procedimento restaurador e reduzir o tempo clínico (Kugel e Ferrari10, 2000).

Uma inovação na tecnologia adesiva foi a introdução dos adesivos autocondicionantes. Eles são providos de primer com monômeros ácidos que simultaneamente condicionam e penetram na dentina (De Munck et al.4, 2005. A smear layer é dissolvida e incorporada na inter-face de união e a difusão dos agentes resinosos por entre as fibras colágenas na dentina subjacente ocorre somen-te na sua porção superficial, formando uma camada hí-brida pouco espessa, porém eficiente sob o aspecto de retenção e selamento ( Correr Sobrinho et al.3, 2004).

Entre suas vantagens podemos citar a menor sensibi-lidade à técnica, menor risco de microinfiltração e a re-dução da necessidade de manter uma dentina úmida ide-al, diminuindo, assim, os efeitos negativos desse passo clínico na estabilidade da adesão ( Sensi et al.16. 2005).

No intuito de avaliar a importância do solvente orgâ-nico na efetividade do sistema adesivo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a resistência ao cisalhamento de dois sistemas adesivos de frasco único (um com solvente à

base de água e outro com solvente à base de acetona) e um sistema adesivo com primer autocondicionante de dois frascos.

MATeRIAl e MÉTOdOForam utilizados neste estudo 27 dentes terceiros mo-

lares humanos inclusos recém-extraídos e armazenados em formol a 10% à temperatura ambiente até o início do experimento. As raízes dos dentes foram seccionadas na junção amelo-cementária e as coroas remanescentes foram cortadas no sentido mésio-distal, obtendo-se, as-sim, 54 fragmentos dentais.

As hemicoroas foram incluídas em tubos de PVC (25mm de altura e ¾ de polegada de diâmetro) com re-sina de poliestireno autopolimerizável com suas faces lingual ou vestibular expostas para a superfície. Em se-guida, as 54 superfícies foram lixadas sob refrigeração usando-se lixas d’água de granulação de 220, 400 e 600 montadas em uma politriz elétrica giratória até expor uma área plana de dentina de no mínimo 4mm de di-âmetro. Foram utilizados 3 sistemas adesivos (Prime & Bond NT, Self Etch Bond e One Coat Bond) e uma

Material Fabricante ComposiçãoPrime & Bond NT

Dentsply PENTA, UDMA, resina R5-62-1, resina-U, resina-B, acetona, iniciadores, estabili-zadores.

Self Etch Bond

Vigodent Primer: HEMA copolímero, monômero adesivo (MEP), dimetacrilatos, álcool, água, fotoiniciadores e estabili-zantes.Adesivo: monômero adesivo (MEP), HEMA, BisGMA, álcool, dimetacri-latos, microfiller, fotoinicia-dores e estabilizantes.

One Coat Bond

Còltene HEMA, hidroxipropilme-tacrilato, ácido poliacrílico modificado metacrilato, uretanodimetacrilato, glice-rol dimetacrilato, sílica em vapor, água (5%), iniciado-res e estabilizadores.

Resina Com-posta Fill Magic

Vigodent Monômeros metacrílicos, sílica pirogênica, silicato de bário e de alumínio.

Quadro 1 - Divisão das Amostras

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resina composta microhíbrida (Fill Magic), apresentados no Quadro 1.

Os 54 espécimes foram divididos aleatoriamente em 3 grupos experimentais (n=18), que corresponderam aos sistemas adesivos utilizados, assim sendo:

Grupo 1 - Prime & Bond NT.Grupo 2 - Self Etch Bond.Grupo 3 - One Coat Bond.Preparação dos corpos-de-prova para o ensaio

de cisalhamento.Após a preparação da superfície, uma fita adesiva (Con-

tact) com um orifício central de 3mm de diâmetro foi ade-rida sobre a dentina, com a finalidade de delimitar a área onde foi efetuada a união adesivo-material restaurador.

Os sistemas adesivos foram utilizados de acordo com as instruções do fabricante, apresentados no Quadro 2.

Uma matriz de silicona, com formato circular e bi-partida, foi posicionada sobre o dente incluído em re-sina de poliestireno (corpo-de-prova). A região central da matriz possuía uma perfuração de 3mm de diâmetro por 4mm de altura, que coincidia com a área demarcada pela fita adesiva (Contact) na superfície da dentina do corpo-de-prova.

Logo após, a resina composta Fill Magic (Vigodent) foi inserida no orifício central da matriz de silicona, em duas camadas. Cada camada foi fotopolimerizada por 40 segundos. A seguir, a matriz foi removida, obtendo-se os corpos-de-prova para o ensaio de cisalhamento.

Ensaio de resistência ao cisalhamentoOs corpos-de-prova foram submetidos ao teste de

cisalhamento em uma máquina de ensaio universal Emic (modelo DL 500) à velocidade de 0,5mm/minuto. A re-sistência de união ao cisalhamento foi calculada pela se-guinte fórmula: Rc = F/A. Onde: Rc é a resistência ao cisalhamento; F, a força aplicada; e A, a área de união.

Análise estatísticaOs resultados da resistência da união ao cisalhamen-

to foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste Tukey (5%), a fim de se verificar a significância dos valores obtidos no ensaio.

ReSUlTAdOSOs resultados estão sumarizados no Quadro 3. A

análise estatística mostrou que as maiores médias de resistência ao cisalhamento foram obtidas pelos grupos nos quais foi feito o condicionamento ácido prévio, G1 (14,82 MPa ± 6,22) e G3 (18,33 MPa ± 4,38), tendo estes apresentado resultados estatisticamente semelhan-tes. Quando se utilizou o sistema adesivo com primer autocondicionante, G2 (10,42MPa ± 4,72), a média de resistência ao cisalhamento foi significativamente menor que aquelas obtidas pelos grupos 1 e 3.

dIScUSSãOA mais recente inovação na tecnologia dos adesivos

dentais envolve a introdução dos adesivos autocondi-cionantes. Esses materiais contêm monômeros acídicos que, simultaneamente, desmineralizam e penetram na estrutura dental. Em tese, isso simplificaria a técnica e também garantiria o selamento marginal da restauração, já que o monômero penetra em toda a profundidade da dentina desmineralizada, gerando uma camada híbrida sem falhas na sua base (Cardoso e Sadek2,2003.) No en-

Grupo Adesivo Modo de Aplicação

G1 Prime & Bond NT

-Cond. Acido Fosforico 37%/ lavagem 15s-Apilca-ção do Adesivo-Aplicação de jatos de ar-Fotopolimerizado por 20s

G2 Self Etch Bond

-Aplicação ativa do Primer por 20s-Aplicação do ade-sivo- Aplicação de jatos de ar-Fotopolimerizado por 10s

G3 One Coat Bond

-Cond. Acido Fosforico 37%/ lavagem 15s-Apli-cação ativa do adesivo por 20s-Aplicação de jatos de ar-Fotopolimerizado por 30s

Quadro 2: Distribuição dos grupos avaliados e modo de aplicação dos adesivos

GRUPO ADESIVO Média MPa DESVIO PADRÃOG1 Prime & Bond NT 14,82 a 6,22G2 Self Etch Bond 10,42 b 4,72G3 One Coat Bond 18,33 a 4,38

* Médias seguidas por letras distintas diferem entre si ao nível de 5% de significância

Quadro 3

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tanto, a falta de mais estudos, especialmente acompanha-mentos clínicos de longo prazo, faz com que o profissional deixe de optar por esses materiais escolhendo, na maioria das vezes, um adesivo de condicionamento prévio.

Este estudo avaliou a resistência ao cisalhamento de dois sistemas adesivos de frasco único (um com sol-vente à base de água e outro com solvente à base de acetona) e um sistema adesivo com primer autocon-dicionante de dois frascos. O adesivo Prime & Bond NT é um sistema de frasco único, que possui como solvente orgânico volátil a acetona, tendo apresentado boa performance em muitos estudos ( Tanumiharja17 2000, Nunes12, 2001, Türkün18, 2003). Os sistemas ade-sivos de frasco único, Prime & Bond NT e One Coat Bond preconizam o condicionamento ácido da den-tina, com subseqüente lavagem sob jato de ar/água. Isso implica na remoção da smear layer, com a conse-qüente penetração do adesivo no interior da dentina e formação de camada híbrida (Correr Sobrinho et al.3, 2004). Neste trabalho, os valores de resistência ao ci-salhamento alcançados pelos sistemas Prime & Bond NT (14,82 MPa ± 6,22) e One Coat Bond (18,33 MPa ± 4,38) foram os mais altos, não diferindo estatistica-mente entre si. A média de resistência ao cisalhamento obtida para o adesivo One Coat Bond é semelhante aos valores obtidos na literatura (Gallo Jr5 2001, Gallo Jr6 2001, Perdigão13 1999, Phrukkanon14 2000). O One Coat Bond é um sistema adesivo de frasco único que se apresenta na forma de gel devido à presença de sílica. Em sua composição não há solvente orgânico volátil, mas somente 5% de água a qual é necessária para o processo de fabricação (Perdigão et al.13, 1999). A alta viscosidade e a ausência de solvente orgânico podem ser compensadas com a consistência líquida obtida após a aplicação ativa do adesivo durante 20 segundos (Perdigão13, 1999, Nunes12, 2001). Essa aplicação ativa, orientada pelo fabricante, promove um relaxamento das fibras colágenas favorecendo maior infiltração do monômero resinoso na malha de colágeno e na dentina parcialmente desmineralizada (De Munck et al.4, 2005), favorecendo a resistência adesiva. Isso pode explicar os bons resultados obtidos por esse material.

Estudo micromorfológico de Perdigão et al.13 (1999) mostrou que o sistema adesivo One Coat Bond apre-senta uma completa hibridização da dentina sem for-mação de “gaps”. Isso poderia ser o resultado de uma melhor infiltração na dentina promovida por dois pe-

quenos monômeros hidrofílicos que compreendem 53% da composição do material, HEMA (hydroxye-thylmethacrylate) e HPMA (hydroxypropyl-metha-crylate) (Perdigão et al.13, 1999). Além disso, o ácido poliacrílico modificado por metacrilato promove que-lação com o cálcio e formação de pontes de hidrogê-nio com os componentes da dentina. Acredita-se que isso ocorra com os sistemas adesivos que contém ácido polialquenóico. Esse mecanismo pode fornecer estabi-lidade da água para o sistema adesivo por um poten-cial dinâmico de quebrar e renovar as ligações entre os grupos carboxílicos e o cálcio, formando uma zona de estresse-relaxamento na interface adesiva Perdigão et al.13 (1999).

O adesivo Self Etch Bond é um sistema autocon-dicionante de dois frascos,um com Primer acídico e o outro com o adesivo. Esse material apresentou re-sistência adesiva estatisticamente inferior ao Prime & Bond NT e ao One Coat Bond (Quadro 1). Os siste-mas autocondicionantes possuem monômeros ácidos que dissolvem ou modificam a smear layer, sendo esta incorporada à camada híbrida (De Munck et al.4, 2005). Um problema encontrado nesse tipo de sistema adesi-vo é que a polimerização de uma combinação de mo-nômeros, ácido, HEMA e água não resultam em uma camada uniforme de resina, mas em áreas incompleta-mente polimerizadas. Essas áreas permitem um fluxo de água no interior da camada híbrida com conseqüen-te aumento da absorção de água na interface adesiva. A combinação da degradação e a separação dos compo-nentes resinosos acarretam um processo que prejudica a integridade adesiva (De Munck et al.4, 2005).

Em contrapartida, a possibilidade de sensibilidade pós-operatória é reduzida, já que a profundidade de des-mineralização é igual à profundidade de penetração dos monômeros ácidos, fazendo com que haja continuidade entre o sistema adesivo e a superfície dentinária (Rosa e Perdigão15, 2000).

A presença do solvente orgânico volátil não foi pri-mordial para a obtenção de altos valores de resistência adesiva, já que os materiais com e sem esse componente apresentaram os melhores resultados, os quais foram es-tatisticamente semelhantes. Provavelmente, a aplicação ativa do adesivo One Coat Bond foi capaz de promover a infiltração do monômero resinoso na dentina, reali-zando a função desempenhada pelo solvente (acetona) no adesivo Prime & Bond NT.

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cONclUSÕeSSob as condições deste experimento é possível con-

cluir que:- A ausência do solvente orgânico volátil não dimi-

nuiu a resistência ao cisalhamento no adesivo One Coat

Bond. - O sistema adesivo Self Etch Bond, com primer au-

tocondicionante, apresentou menor resistência adesiva à dentina comparado aos sistemas de condicionamento ácido total.

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Recebido em 19/08/2005 Aceito em 04/04/2006

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ReSUMOIntrodução: O propósito deste trabalho é descrever os cuidados na confecção do troquel de gesso, pós-moldagem com silicone de adição, com especial atenção ao posicionamento do pino, amiúde realizado displicentemente. Métodos: Para avaliar a alteração dimensional decorrente desse passo na técnica de ob-tenção do troquel, foi confeccionado um modelo metálico, simulando um preparo dental para coroa total com afastamento gengival. Utilizou-se silicone de adição para as moldagens e os 50 troquéis obtidos em gesso foram divididos em 5 grupos: Grupo A (controle, sem pino), Grupo B (pinos fixados previamente ao preenchimento com gesso), Grupos C, D e E (pinos colocados nos tempos: 5min, 8min e 8min30s, após início da reação de presa do gesso). Os corpos de prova foram mensurados com microscópio compa-rador (30x, com 0,001mm de precisão. Mitutoyo®). Resultados: A análise estatística (ANOVA e teste Tukey, p≤1%) confirmou as menores alterações dimensionais nos troquéis dos grupos A e B quando comparados aos troquéis dos grupos C, D e E. (As alterações dimensionais foram diretamente proporcionais aos tem-pos). Conclusões: A introdução do pino durante a presa do gesso induziu a distorções no material de molda-gem, resultando em troquéis alterados. Recomenda-se, portanto, que o pino seja posicionado no molde, previamente ao preenchimento com gesso, ou que seja fixado após a presa total do gesso, executando-se um pequeno orifício no gesso, firmando-o com resina acrílica ou cola adesiva. deScRITOReS: Materiais para moldagem odontológica

ABSTRAcT

Introduction: The purpose of this study is to mention precautions of gypsum casts made of addition silicone impression material, specially related to dowel pin’s insertion, often carried out recklessly. Methods: In or-der to investigate the dimensional changes of stone dies, a metal model was made in order to simulate full crown dental preparation and gingival sulcus. Fifty stone die replicas were divided into 5 groups: group A (control, without dowel pin), group B (dowel pin inserted prior to the pouring of the stone), groups C, D and E ( dowel pins were introduced 5 minutes, 8 minutes and 8 minutes and 30 seconds after stone setting reaction, respectively). The specimens were evaluated through a microscope (30X, 0.001mm precision. Mitutoyo®). Results: Statistical analysis (ANOVA and Tukey, p£1%) showed that the smaller alterations took place in the specimens of groups A and B. Conclusion: The insertion of the dowel pin during stone set-ting induced distortions of the elastomeric impression material, resulting in dimensional alteration of die stone. Thus, it is recommended that the dowel pin be positioned in the impression before stone pouring, or be fixed after stone setting, making a small hole in the stone, firming the dowel pin with acrylic resin. deScRIPTORS: Dental impression materials

PRecAUÇÕeS NA cONFecÇãO dO TROQUel de GeSSO PÓS- MOldAGeM cOM SIlIcONe: POSIcIONAMeNTO dO PINO MeTÁlIcO

PRECAUTIONS TO MAKE STONE DIE FROM SILICONE IMPRESSION: DOWEL PIN INSERTION

José Eduardo Chorres Rodríguez * Hideki Yoshida **

ivo Contin **Matsuyoshi Mori **

Tomie nakakuki de Campos ***

* Doutor em Prótese Dentária pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP). ** Professores Doutores do Departamento de Prótese Dentaria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).*** Professora Associada do Departamento de Prótese Dentária da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).

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INTROdUÇãOÉ comum o laboratório de prótese receber do ciru-

gião-dentista apenas o molde do preparo protético. Sa-be-se que os materiais de moldagem sofrem alterações dimensionais após a remoção da boca do paciente, em função do tipo de armazenagem e do tempo decorri-do para o preenchimento com gesso. Dessa forma, os silicones de condensação requerem um preenchimento imediato, enquanto que, os silicones de adição podem aguardar até uma semana, sem alteração dimensional, desde que adequadamente armazenados, o que, na maioria das vezes, não ocorre. Portanto, a maneira mais segura de se evitarem alterações dimensionais é o envio de modelos de trabalho em gesso.

A obtenção de um modelo de trabalho adequado continua sendo um dos grandes desafios dentro da área da prótese dentária, pois sua confecção envolve vários fatores de difícil controle.

O primeiro cuidado está no preparo dentário, que deve obedecer aos princípios biomecânicos e apresentar uma linha de terminação nítida, uniforme e contínua.

Para evitar distorções nessa área crítica cervical, o afastamento gengival é um passo clínico importante na visualização da linha de término do preparo, assim como para conseguir espaço para um volume adequado de material de moldagem. O material de moldagem deve apresentar resistência ao rasgamento, durante a remoção do molde da boca e um módulo de elasticidade adequa-do para não se alterar sob o peso do gesso (Salen et al.8, 1988; Wilson et al.10, 1989).

O molde deve ser limpo em água corrente para a re-moção de sujidades e desinfetado, preferentemente com solução de glutaraldeído a 2%, por 10 minutos e, depois, lavado novamente em água corrente.

O pino para troquel pode ser posicionado antes ou depois do preenchimento com gesso (Smith et al9, 1979). No primeiro caso, o pino é posicionado com alfi-netes presos no material de moldagem (Balshi e Mingle-dorff1, 1975; La Torre4, 1977; Rudd et al.7, 1970; Zena e Khan11, 1988), ou por meio de um dispositivo posicio-nador de pino.

Na prática, quando o pino é colocado após o pre-enchimento do molde, a posição do pino é marcada, previamente, na borda vestibular e lingual do molde e introduz-se o pino quando o gesso apresenta consis-tência suficiente para suportá-lo (Zena e Khan11, 1988). Portanto, neste último caso, o profissional deve aguardar

um tempo empírico, que não deve ultrapassar o tempo de reação de presa, pois a introdução forçada do pino resultará em fratura do gesso. Surge a seguinte dúvida: qual seria o período de tempo ideal para a colocação do pino? A carência de pesquisa na literatura mundial, investigando esse assunto, motivou o presente trabalho a avaliar as alterações dimensionais de troquéis de gesso, obtidos a partir de moldes de silicone de adição em fun-ção do tempo de posicionamento do pino metálico.

MATeRIAl e MÉTOdOS

Um padrão metálico, usinado em latão, foi confeccio-nado com a simulação de um sulco gengival de 1,5mm de profundidade e 1mm de afastamento gengival. Nesse padrão metálico simulou-se um preparo dentário de for-ma cilíndrica, com expulsividade de 8°, altura de preparo de 7mm, com terminação tipo ombro de 0,5mm de lar-gura e bisel de 45°. Na face oclusal do preparo, marcou-se o ponto central do cone e uma linha referencial para facilitar, posteriormente, a mensuração no microscópio comparador (Fig. 1). Uma moldeira perfurada foi confec-cionada e executou-se a técnica de dupla moldagem com silicone de adição Express® (3M, St. Paul, MN, USA).

Na primeira fase da moldagem, o material denso foi manipulado e a moldagem com um espaçador em posi-ção foi realizada, sob pressão constante de 50kg até atin-gir a polimerização completa do material, utilizando-se uma prensa hidráulica (modelo PM 2000 A, Delta Má-quinas Especiais). A seguir, quatro sulcos foram realiza-dos na massa densa para permitir o escape do material leve (Fig. 2).

O espaçador foi removido e o material leve foi colo-cado dentro da moldeira e esta posicionada sobre o mo-

Figura 1. Padrão metálico com simulação de um preparo dental e afastamento gengival

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delo metálico, sob pressão constante de 50kg até atingir a polimerização completa do material.

O molde obtido foi preenchido com gesso tipo IV Durone® (Dentsply, York, PA, USA). Dez troquéis fo-ram obtidos para cada grupo experimental: Grupo A (grupo- controle): troquéis sem pino; Grupo B: troquéis obtidos com pinos colocados previamente ao vaza-mento do gesso; Grupos C, D e E: troquéis com pinos introduzidos, respectivamente, 5 minutos, 8 minutos e 8 minutos e 30 segundos, após ser iniciada a presa do gesso. Para o posicionamento dos pinos, um dispositi-vo especial foi confeccionado, torneado em latão. Em seguida, cada troquel obtido foi colocado em uma base metálica cilíndrica posicionadora para ser medido no microscópio comparador (Mitutoyo® TM Series 176, Mitutoyo Corporation, Tokyo, Japan) com 30X e pre-cisão de 0,001mm. Foram mensuradas as dimensões de

cervical a cervical, nos sentidos diametralmente opostos (eixos de coordenadas X e Y). Para a padronização das medições foram utilizadas como pontos de referência, marcações previamente colocadas na parte oclusal do padrão metálico no microscópio (Fig. 3).

Cada troquel foi medido seis vezes, perfazendo um total de 300 medições, das quais foram obtidas as mé-dias das médias.

ReSUlTAdOS A Tabela 1 mostra as diferenças entre as medias de

cada troquel e a media do modelo metálico. Essas dife-renças foram submetidas à análise de variância (Tabela 2). Observou-se que os grupos A e B apresentaram valo-res positivos, indicando que os troquéis foram menores que o modelo metálico. Os valores negativos dos grupos C, D e E indicam que os troquéis foram maiores que o modelo metálico. O teste de Tuckey (ao nível de 1%, T=0.04651) confirmou a semelhança entre as amostras

Figura 2. Moldeira individual com massa densa e quatro sulcos confeccionados. Espaçador removido

Figura 3. a.-Padrão metálico e b.-troquel, ambos com coor-denadas para mensuração

Troquel Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D Grupo E 1 0.0323 0.0115 -0.0826 -0.1011 -0.1047 2 0.0493 0.0098 -0.0912 -0.0941 -0.2145 3 0.0196 0.0013 -0.0909 -0.0642 -0.1374 4 0.0098 0.0148 -0.045 -0.1084 -0.0949 5 0.0176 0.0018 -0.1087 -0.1694 -0.2104 6 -0.0107 0.0218 -0.1716 -0.0969 -0.1015 7 0.0353 0.0588 -0.0835 -0.1115 -0.1329 8 0.0319 0.0058 -0.0887 -0.1297 -0.0984 9 0.0074 0.0385 -0.0552 -0.1131 -0.0986

10 0.0116 0.0493 -0.1187 -0.1134 -0.1112Média 0.0204 0.0213 -0.0936 -0.1101 -0.1304

Tabela 1. Diferenças entre as médias do padrão metálico e as médias das amostras reproduzidas (troquéis) para cada grupo ava-liado (mm)

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dos grupos A e B, e a semelhança entre as amostras dos grupos C, D e E. Ainda foi confirmada a diferença esta-tística entre os grupos (A , B) e (C,D,E).

dIScUSSãOA adaptação final da prótese fixa depende de vários

fatores, entre os quais, a precisão do molde e modelo.O modelo de trabalho apresenta-se como o mais im-

portante ponto de partida para a execução laboratorial. Portanto, este deverá ser o mais preciso, quanto à repro-dução do preparo dentário, bem como das estruturas adjacentes.

Para que isso ocorra, é necessário que se construa o modelo de trabalho com um material compatível com o de moldagem, e este, por sua vez, reproduza com a má-xima precisão os detalhes da superfície dos preparos.

Ademais, quando se utiliza uma moldagem com ma-terial elástico, um dos passos primordiais para a obten-ção de um molde satisfatório é o afastamento gengival, que deve ser realizado tanto no sentido horizontal quan-to vertical. Uma avaliação do molde permite verificar que a quantidade de material de moldagem, na região marginal do preparo e no sulco gengival, depende do afastamento gengival obtido.

Os valores observados nos grupos A e B concor-dam com os achados de Peutzfeldt e Assmussen5 (1989) e Insaurralde et al.3 (1999), em relação ao valor menor das medidas obtidas dos troquéis quando comparado ao modelo metálico. A ausência (Grupo A) ou presença (Grupo B) do pino no troquel não produziu alterações dimensionais significantes no material de moldagem. Por outro lado, o incremento dos valores médios ne-gativos dos grupos C, D e E (Tabela I) mostram um aumento das alterações dimensionais nos troquéis obti-dos. Tal fato se relaciona à presa do gesso, pois a densi-dade do gesso aumenta em função do tempo de presa, dificultando a introdução do pino. Após a presa inicial do gesso, a viscosidade da massa começa a aumentar rapidamente, eliminando a sua fluidez. É o fenômeno

conhecido como “perda do brilho”. Quando tal acon-tece, a manipulação da massa de gesso deve ser evita-da, pois distorção ou fratura poderiam ocorrer. (Craig et al.2, 1996). O posicionamento do pino induz a tensões no gesso que está reagindo, ocasionando o deslocamen-to da fina camada de material de moldagem (Reiman6, 1976) presente na área cervical do molde, resultando em troquéis alterados.

Para facilitar a discussão, os troquéis dos grupos A e B foram nomeados Grupo 1, e aqueles dos grupos C, D e E foram nomeados Grupo 2. Os troquéis do Gru-po1 apresentaram as menores alterações dimensionais. Existe ainda uma diferença estatisticamente significan-te entre os troquéis dos grupos 1 e 2, e as alterações dimensionais nos troquéis obtidos foram diretamente proporcionais ao tempo de posicionamento do pino no gesso.

Baseados em Balshi e Mingledorff1 (1975) e Smith9 (1979) e nos resultados da presente pesquisa, pode-se sugerir as seguintes alternativas, como conduta prática:

• utilização de posicionadores de troquel para a fi-xação prévia do pino ou logo após o preenchimento do molde com o gesso

• colocação do pino após a presa do gesso, confec-cionando um orifício no gesso e fixando-o com cola adesiva

• evitar a introdução do pino durante a reação de presa do gesso, principalmente após a pedra do brilho de sua superfície.

cONclUSÕeSA introdução do pino durante a presa do gesso cau-

sou alterações dimensionais nos troquéis obtidos, pro-duzindo modelos de trabalho distorcidos. Portanto, essa prática deve ser desprezada, optando-se pelo posiciona-mento do pino previamente ao preenchimento do mol-de com gesso, ou posteriormente, após a finalização da reação de presa do mesmo.

Fator de Variação Soma de Quadra-dos

Graus de Liber-dade QuadradosMédios Freqüência Probabilidade

(H0)Entre colunas 0.2168 4 0.0542 57.11 0.000%

Resíduo 0.0427 45 0.0009 --- ---Variação 0.2595 49 --- --- ---

Tabela 2. Análise de Variância

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ReFeRÊNcIAS

1. Balshi TJ, Mingledorff EB. Matches, clips, needles, or pins. J Prosthet Dent 1975 Oct; 34(4):467-472.

2. Craig RG, O’Brien, WJ, Powers JM. Dental Mate-rials. properties and manipulation. St. Louis; Mosby, 1996.

3. Insaurralde E, Mori M, Campos, TN. Avaliação in vitro das alterações dimensionais de modelos de gesso, em função do afastamento gengival e da lo-calização da margem cervical do preparo protético. RPG Ver Pós Grad 1999; 6(3):295.

4. La Torre FM. A super simplified method for setting up dowel pins on crown and bridge impression. Gre-ater Milw Dent 1977; 44(12):313.

5. Peutzfeldt A., Assmussen E. Accuracy of alginate and elastometric impression materials. Scand J Dent Res 1989; 97(4):375-9.

6. Reiman, MB. Exposure of subgingival margins by nonsurgical gingival displacement. J Prosthet Dent 1976; 36(6):649-54.

7. Rudd KD., Strunk RR, Morrow RM. Removable dies for crowns, inlays and fixed partial dentures. J Prosthet Dent 1970; 23(3):337-45.

8. Salen NS, Combe EC, Watts DC. Mechanical pro-perties of elastomeric impression materials. J Oral Rehabil 1988; 15(2):125-32.

9. Smith CD, Nayyar A, Koth DL. Fabrication of removable stone dies using cemented dowel pins. J Prosthet Dent 1979; 41(5):579-81.

10. Wilson HJ, Mclean JW, Brown D. Materiais dentá-rios e suas aplicações. São Paulo: Santos, 1989; p 112.

11. Zena R, Khan ZA. A modified box seat technique for removable dies. J Prosthet Dent 1988; 59(5):633-5.

Recebido em 02/09/2005 Aceito em 04/04/2006

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ReSUMOIntrodução: O gel de Papacárie® é um produto nacional que contém na sua formulação a papaína, uma proteinase da família das cisteínas, que permite a remoção químico-mecânica da cárie de forma prática, indolor e seletiva, agindo apenas sobre as fibrilas colágenas desestruturadas do tecido cariado. Apesar dis-so, pouco se sabe sobre a citotoxicidade do gel sobre células da polpa dentária, principalmente em casos de cáries muito profundas, onde poderia ocorrer de forma involuntária o contato indireto ou direto. Métodos: Dessa forma, decidiu-se analisar in vitro a citotoxicidade do gel de Papacárie® utilizando-se células da linhagem celular FP5, provenientes de uma polpa dental humana. Simulando o contato direto, o gel foi depositado em lamínulas de vidro e aplicado sobre culturas confluentes. Para simular o contato indireto, essas células cultivadas foram submetidas à ação do meio de cultura DME previamente condicionado por esse gel. Todos os experimentos foram realizados em triplicata, e os resultados comparados a um grupo-controle, onde as células não entraram em contato com a droga. A contagem e a análise de viabilidade celular foram realizadas 50 segundos e 24 horas após o contato das células com o produto. Resultados: O gel de Papacárie® mostrou ser citotóxico quando em contato direto por 50 segundos, apresentando porcentagem de viabilidade celular menor que a do grupo-controle. Conclusão: Baseando-se nas condições experimentais deste estudo, concluiu-se que o gel de Papacárie é um produto biocompatível.deScRITOReS: Papaína, toxicidade - Técnicas de cultura de células - Fibroblastos

ABSTRAcT

Introduction: Papain, the main component of Papacárie®, is a proteinase from the cysteine family that allows the chemomechanical removal of carious lesions without pain and in a more selective way than conventional means of demineralized dentinal removal, based on high speed burs. Little is known about the cytotoxic effects of Papacárie on pulp cells, mainly in deep cavities where an involuntary and direct or indirect contact with these cells could occur. Methods: Thus, we decided to analyze in vitro the cytoto-xity of Papacárie using human pulp fibroblasts (FP5 cell line). Simulating the direct contact, the gel was applied on round glass coverslips and left in contact with confluent cultures. To simulate the indirect contact, cells were submitted to culture medium previously conditioned by the gel. All the experiments were conducted in triplicate, and the results compared with the controls groups using ANOVA the test. The cell viability percentages were obtained 50 seconds and 24 hours after the cell contact with Papacárie. Results: The results showed that direct contact with the gel for 50 seconds presenting lower cell viability percentages than those of control cells. Conclusion: Based on the experimental conditions of this study, it was concluded that the Papacárie gel is a biocompatible product. deScRIPTORS: Papain, toxicity - Cell culture techniques - Fibroblasts

ReSPOSTA de FIBROBlASTOS PUlPAReS HUMANOS eM cUlTURA AO Gel de PAPAcÁRIe® *

RESPONSE OF CULTURED PULPAL FIBROBLASTS TO PAPACÁRIE® GEL

Sueli Patricia Harumi Miyagi **isabel Mello ***

Sandra Kalil Bussadori ****Márcia Martins Marques *****

* Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Cultivo Celular do Departamento de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).

** Doutoranda da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP). *** Doutoranda da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP). **** Professora Responsável pela Disciplina de Odontopediatria da Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES). ***** Professora Associada Responsável pelo curso de Pós-Graduação em Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).

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INTROdUÇãOUm dos primeiros produtos descritos na literatura

que utilizou o mecanismo químico-mecânico de remo-ção de cárie foi o Caridex® (Watson & Kidd14, 1986) que agia seletivamente sobre o colágeno desestrutura-do da dentina cariada, diminuindo a necessidade do uso de instrumentos rotatórios. Todavia, o elevado custo e a dificuldade de manipulação tornaram seu uso pouco viável clinicamente (Ericson et al.6, 1999; Beeley et al.2, 2000; Maragakis et al.10, 2001).

Em 1990, a Medi Team lançou no mercado o Cari-solv® que, apesar de apresentar maior afinidade ao te-cido cariado em relação ao Caridex®, era difícil de ser removido da dentina sadia circunvizinha (Kronman et al.9, 1977; Dale e Bornstein4, 2000). Outro fator que im-possibilitou a popularização do seu uso clínico foi o ele-vado custo, principalmente pela necessidade de impor-tação do produto (Maragakis et al.10, 2001; Nadanovsky et al.11, 2001).

Pesquisadores brasileiros, no intuito de tornar a re-moção químico-mecânica da cárie mais eficiente e aces-sível, desenvolveram o gel de Papacárie® (Fórmula & Ação, São Paulo, BR). Esse produto se propõe a apre-sentar a maioria das propriedades almejadas por seus antecessores, aliado ao baixo custo e à alta seletividade (Silva et al.13, 2003).

A base da composição do gel de Papacárie® é a pa-paína, uma proteinase da família das cisteínas, que além de apresentar atividade proteolítica, tem ação bacterios-tática, bactericida e antiinflamatória. Essa enzima age apenas sobre as fibrilas colágenas parcialmente degra-dadas do processo carioso, não agindo sobre a dentina sadia. Outros componentes de importância nesse gel são o azul de toluidina, que evidencia o tecido cariado, e a cloramina T que complementa a ação bactericida e desinfetante.

Apesar do excelente potencial clínico do produto, pouco se sabe sobre os possíveis efeitos nocivos do gel de Papacárie® quando em contato com a polpa dentária. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi analisar in vitro a citotoxicidade do gel quando em contato direto ou in-direto com células cultivadas de polpa dental humana.

MATeRIAl e MÉTOdOSPara o estudo, foi utilizada a linhagem celular FP5,

proveniente de polpa dentária de um terceiro molar hu-mano, que foi estabelecida no Laboratório de Cultivo

Celular do Departamento de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Cavalcanti et al.3, 2005). Todos os experimentos foram realizados após aprovação do Comitê de Ética desta Unidade (Pa-recer no 51/04).

Cultivo celularAs células foram cultivadas em meio de cultura DME

(Dulbecco’s Modified Eagle’s Médium – Sigma Chemi-cal Co., St Louis, EUA), suplementado com 10% de soro fetal bovino (Cultilab, Campinas, BR) e 1% de solução antibiótica-antimicótica (Sigma). Os frascos foram man-tidos em estufa a 37o C, contendo atmosfera úmida e 5% de CO2. O crescimento celular foi monitorado dia-riamente em microscópio de fase invertido, e o meio de cultura trocado a cada 2 ou 3 dias, de acordo com o metabolismo celular (Freshney7, 2000). Culturas con-fluentes em placas de Petri de 60mm de diâmetro foram utilizadas para os experimentos de citotoxicidade.

Substância Papacárie® O papacárie foi aplicado diretamente às culturas na

forma de gel sobre lamínulas de vidro (De Azevedo et al.5, 2003) ou indiretamente através do uso do meio de cultura condicionado pelo gel (Cavalcanti et al.3, 2005). Para o condicionamento do meio foi colocado em um tubo de ensaio 0,2g do gel para cada 1mL de meio de cultivo utilizado (Annual Book of ASTM standards1, 1992). Após 50 segundos de condicionamento, esse meio foi aplicado sobre as culturas confluentes. O meio condicionado recebeu as substâncias liberadas pelo gel no tempo experimental de 50 segundos que é aquele su-gerido pelo fabricante para a sua utilização in vivo.

Grupos experimentaisGrupo I (Controle): Culturas que receberam as la-

mínulas de vidro sem o gel ou apenas o meio de cultura fresco.

Grupo II (Papacárie®): Culturas que receberam la-mínulas de vidro contendo o gel de Papacárie (contato direto) ou meio de cultura condicionado por essa subs-tância (contato indireto).

Os tempos experimentais foram de 50 segundos e 24 horas. A cada tempo experimental, 3 placas de Petri de cada grupo tiveram as células viáveis contadas em câmara de Neubauer pela exclusão de células mortas co-radas pelo azul de Trypan. A porcentagem de viabilidade

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celular foi obtida matematicamente, e número de célu-las viáveis foi dividido pelo número de células total, e multiplicado por 100 (Freshney7, 2000; Guillen-Burgos et al.8, 2004).

Análise estatísticaAs porcentagens de viabilidade celular em triplicada

foram comparadas estatisticamente pelo método ANO-VA complementado pelo teste de Tukey. O nível de sig-nificância adotado foi de 5 % (p ≤ 0,05).

ReSUlTAdOSOs resultados de viabilidade obtidos estão expressos

nos gráficos das Figuras 1 e 2. Na Figura 1 observamos a viabilidade celular das

culturas que entraram em contato direto com o gel de Papacárie. O Grupo I (controle) que recebeu a lamínula sem o gel mostrou viabilidade de células de 94,4 ± 2,7% após 50 segundos de contato e 91,1 ± 3,8 % após 24 horas. O Grupo II, que recebeu lamínulas contendo o gel de Papacárie, apresentou em 50 segundos viabilidade celular de 84,1 ± 3,6%, enquanto que em 24 horas essa viabilidade foi de 89 ± 3,4%. A análise comparativa des-ses dados mostrou que a viabilidade das culturas tratadas com o gel diretamente por 50 segundos foi significan-temente menor que as dos controles no mesmo tempo experimental.

dIScUSSãOOs primeiros métodos de remoção químico-mecâ-

nica da cárie foram apresentados há quase três décadas por Watson e Kidd14 (1986), porém, ainda não havia sido desenvolvida uma alternativa não invasiva que fosse efi-ciente e ao mesmo tempo acessível à população mais carente (Maragakis et al.10, 2001).

O gel de Papacárie® (Fórmula & Ação, São Paulo, BR) se propõe a apresentar todas as características al-mejadas por seus antecessores, aliado à alta seletivida-de e à possibilidade de eliminação da prévia anestesia local. Além disso, o baixo custo do gel possibilita sua utilização em localidades mais afastadas do país, onde há prevalência de alto índice de cáries, baixa renda per capita e a dificuldade de acesso ao tratamento dentário convencional (Silva et al.13, 2003).

Quando um novo produto é desenvolvido, a reali-zação de testes laboratoriais demonstrando a não toxi-cidade do material é imprescindível. Apesar do gel de Papacárie® ser extremamente seletivo à dentina deses-truturada do tecido cariado, ele poderia ser citotóxico durante curetagens em cavidades muito profundas atra-vés do contato direto ou indireto com o tecido pulpar.

Cultivo celular é um teste de citotoxicidade bastante utilizado (Annual Book of ASTM standards1, 1992; De Azevedo et al.5, 2003; Cavalcanti et al.3, 2005) simulando in vitro os processos que ocorrem in vivo. Apesar de as células cultivadas não sofrerem as mesmas influências fisiológicas que sofrem as células na cavidade pulpar intacta, é um teste muito confiável. Dados muito im-

Figura 1. Porcentagem de viabilidade celular após contato direto ao gel de Papacárie®: Células FP5 em conta-to direto ao gel de Papacárie® (GII) mostraram por-centagem de viabilidade celular significantemente menor que o controle** (GI) (p<0,01), no mesmo tempo experimental (50s).

Figura 2. Porcentagem de viabilidade celular após contato indireto ao gel de Papacárie®: Não houve diferença estatisticamente significante na porcentagem de viabilidade celular entre os grupos que tiveram contato indireto ao gel de Papacárie® (GII) e o grupos-controles (GI), nos diferentes tempos experimentais.

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portantes podem ser obtidos destes experimentos, tais como os primeiros dados de resposta celular específica a determinados produtos (Schmalz12, 1994).

Estes experimentos mostraram citotoxicidade do gel de Papacárie® em células cultivadas de polpa den-tária humana no contato direto por 50 segundos, que é o tempo de ação sugerido pelo fabricante. No entanto, após 24 horas de contato, essa citotoxicidade não foi mais observada.

Uma explicação para a citotoxicidade encontrada se-ria a presença de um componente isolado do gel, que seria agressivo às células cultivadas apenas no contato inicial, quando o produto estaria mais ativo. Mesmo as-sim, quando ocorre o contato acidental do gel com o tecido pulpar, o dano provavelmente não seria grave, uma vez, que em cultura, a ação do gel não é removida e essa citotoxicidade desaparece em 24 horas. In vivo, com a presença do sistema de drenagem linfático da polpa, os efeitos citotóxicos do gel em 50 segundos serão mais ainda diluídos do que os observados in vitro.

No contato indireto das células cultivadas com o gel

de Papacárie® não houve diminuição das porcentagens de viabilidade celular, sendo similares às apresentadas pelo grupo-controle, independentemente do tempo ex-perimental. Isso leva a crer que esse gel não seja capaz de liberar para o tecido pulpar substâncias citotóxicas, como observado em experimentos utilizando-se capea-dores diretos (Cavalcanti et al.3, 2005).

cONclUSÕeSAssim, baseados nos resultados in vitro pode-se con-

cluir que o contato direto e imediato (50 segundos) do gel de Papacárie® com células cultivadas de polpa dentária humana é citotóxico. No entanto, esse gel não libera substâncias citotóxicas para o meio líquido e a citotoxicidade direta não perdura após 24 horas. Dessa forma, o Papacárie® pode ser considerado um produto biocompatível.

AGRAdecIMeNTOSOs autores agradecem à farmácia de manipulação

Fórmula & Ação pelo fornecimento dos géis de Papacá-rie® que foram utilizados nestes experimentos.

ReFeRÊNcIAS

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Recebido em 14/10/2005 Aceito em 24/08/2006

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ReSUMOIntrodução: O objetivo deste trabalho é avaliar o preparo de canais simulados em blocos de acrílico utilizan-do-se um sistema de rotação alternada e diferentes limas de aço inoxidável para instrumentação. Métodos: Quinze canais artificiais com 17mm de extensão e com curvaturas aproximadas de 33 graus contidos em blocos de resina foram utilizados para analisar o desgaste produzido nas paredes e a incidência de desvios apicais proporcionados pelas limas Flex-R, Flexofile e Dyna-Flex acionadas pelo sistema de rotação al-ternada Endo-Gripper. As imagens iniciais dos canais foram capturadas no escâner, após preenchimento com tinta azul, seguindo-se o preparo cérvico-medial com brocas Gates-Glidden até a profundidade de 10mm. Os 7mm apicais dos canais foram, então, preparados com as limas em estudo, acionadas com rota-ção alternada, iniciando-se com o instrumento #15 e concluindo-se com o #35, com velocidade de 15.000 rpm. Concluído o preparo, os canais foram novamente preenchidos com a mesma tinta azul e as imagens novamente capturadas. Através do programa Imagelab 2.3, compararam-se os valores das mensurações inicial e final de cada espécime, os quais foram analisados estatisticamente através da análise de variância e Teste de Tuckey. Conclusão: Observou-se que a lima Flexofile proporcionou desgaste significativamente maior do que a Flex-R e Dyna-Flex, e entre estas não houve diferença significativa, e que os três tipos de instrumentos empregados não provocaram desvios apicais. deScRITOReS: Endodontia - Tratamento do canal radicular - Preparo de canal radicular

ABSTRAcTIntroduction: The objective of this work is to evaluate the preparation of the canals simulated in acrylic blocks using different stainless steel files for instrumentation purposes. Methods: Fifteen artificial canals 17mm long and curved at 33° inside resin blocks were used to analyze wall wearing and deviation of the canals produced by Flex-R, Flexofile and Dyna-Flex files powered by Endo-Gripper as an alternate rotary system. The initial images were obtained by a scanner after the canals were filled with blue ink and pre-pared with Gates-Glidden burs until 10mm from the cervical portion of the canals. The remaining 7mm was prepared with files under alternate rotation. File#15 was the first to be used and #35 was the last, at 15.000 rpm. After the preparation, the canals were filled with the same blue ink and the images were once more obtained. The initial and final measures were statistically compared. Conclusion: It was observed that the Flexfile produced a significantly wider wearing than Flex-R and Dyna-Flex, without statistical diffe-rences between them, and none of instruments tested caused apical deviation.deScRIPTORS: Endodontics - Root canal therapy – Root canal preparation

AvAlIAÇãO dA PRePARAÇãO dO cANAl cOM SISTeMA de ROTAÇãO AlTeRNAdA e dIFeReNTeS lIMAS de AÇO INOXIdÁvel.

EVALUATION OF ROOT CANAL PREPARATION WITH ALTERNATED ROTARY SYSTEM AND DIFFERENT STAINLESS STEEL FILES

José Arlindo Otoboni Filho **Roberto Holland *

Valdir de Souza *Pedro Felício Estrada Bernabé *

Mauro Juvenal nery **Eloi dezan Júnior ***

João Eduardo Gomes-Filho ***

* Professores Titulares da Disciplina de Endodontia Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP.** Professores Adjuntos da Disciplina de Endodontia Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP.*** Professores Assistentes-Doutores da Disciplina de Endodontia Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP.

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INTROdUÇãOO preparo biomecânico do sistema de canais radi-

culares é uma das fases do tratamento endodôntico que tem merecido atenção especial dos especialistas, em fun-ção das dificuldades inerentes à execução técnica, tempo consumido e eventuais erros ou acidentes que podem ocorrer durante a sua execução. Esses motivos contri-buíram para o surgimento de uma ampla variedade de técnicas e instrumentos direcionados à eliminação dos desvios apicais, à redução do tempo de trabalho, com possível diminuição do estresse do paciente e do profis-sional (Sydney15,1997)

Uma das propostas para se atingirem esses objetivos foi em substituir, pelo menos em parte, a instrumenta-ção manual pela automatizada, onde as limas são acio-nadas através de movimentos rotatórios alternados ou contínuos. O primeiro dispositivo lançado no mercado para esse fim foi o contra-ângulo Giromatic (Micro-Me-ga, França), na década de 60 que, conectado com a peça de mão de baixa rotação, imprimia ao instrumento uma rotação alternada de ¼ de volta nos sentidos horário/anti-horário. Na seqüência, outros contra-ângulos surgi-ram como o Dynatrak (Caulk-Dentsplay, USA), o Racer (W & H, USA) e o Endo-Lift (Kerr Corporation,USA), proporcionando, estes dois últimos, um movimento de rotação alternado, simultaneamente com deslocamentos longitudinais. Contudo, trabalhos experimentais compa-rativos entre a instrumentação mecânica com a utiliza-ção desses contra-ângulos especiais e a manual demons-traram a superioridade da última, tanto na qualidade do preparo (O’Connel e Brayton12, 1975; Turek e Lange-land17, 1982), quanto no tempo despendido no mesmo (Holland et al.6, 1975). Por esses motivos, a instrumenta-ção automatizada ficou relegada a plano secundário por alguns anos.

Um novo impulso, contudo, ocorreu na década de 80, com o lançamento do Sistema Canal Finder (Levy8, 1985), cuja característica é associar o movimento pre-dominante à anatomia do canal radicular. Assim, para canais radiculares onde as paredes não oferecem gran-de resistência, o movimento longitudinal é o predomi-nante, enquanto que, na presença de maior resistência, predomina o de rotação. Essa nova concepção de siste-ma automatizado ganhou maior número de seguidores, principalmente após alguns trabalhos demonstrarem sua superioridade em relação ao preparo manual (Glosson et al.4, 1995; Goldman et al.5, 1987; Lavagnoli e Gennari7,

1985; Sydney15, 1997).Os sistemas com rotação alternada foram os únicos

utilizados na instrumentação automatizada até 1995, quando surgem os sistemas de rotação contínua, em-pregados com instrumentos de níquel-titânio. Embora esses novos sistemas já tenham demonstrado excelente desempenho na qualidade do preparo do canal radicular (Schilder e Yee13, 1984, Bentkover e Wenckus2, 1994) e na redução do tempo do preparo (Glosson et al.4, 1995; Sydney15, 1997), sua propagação na classe odontológica não atingiu a maioria dos profissionais por dois moti-vos principais: custo elevado e maior risco de fratura dos instrumentos. Por esses motivos, os sistemas com rotação alternada voltaram ao mercado com o lança-mento dos contra-ângulos M-4 (Sybron-Kerr,USA), Endo-Gripper (Moyco- Union Broach,USA) e Duratec (Kavo,Alemanha), os quais são acionados pelo micro-motor convencional ou elétrico e podem ser utilizados tanto com as limas manuais de níquel-titânio quanto com as de aço inoxidável (Sydney et al.16, 2000).

Este trabalho teve como objetivo avaliar o desgaste produzido nas paredes de canais artificiais, bem como a incidência de desvios apicais proporcionados pelo sis-tema de rotação alternada para o acionamento de três tipos de limas de aço inoxidável (Flex-R, Flexofile e Dyna-Flex).

MÉTOdOSPara o presente estudo foram utilizados 15 blocos de

resina acrílica (Endo-Vu modelo 001, USA) contendo canais artificiais de 17mm de comprimento com curva-turas aproximadas de 33 graus. Inicialmente os canais foram preenchidos com tinta azul para caneta (Quink Parker) e posicionados no escâner para a captura de suas imagens iniciais. A seguir houve o preparo biomecânico dos canais simulados, iniciando-se com a broca Gates-Glidden nº 3, até a profundidade de 5mm, seguida da nº 2 e nº 1, na profundidade de 8 e 10 mm respectivamente (Fig 1). Uma vez concluído o preparo cérvico-medial do canal, com auxílio de uma lima Kerr nº 10 determinou-se o comprimento de trabalho, correspondente a toda a extensão do canal. Durante esses procedimentos iniciais, bem como em toda a seqüência do preparo do terço api-cal, foram efetuadas abundantes irrigações com solução de hipoclorito de sódio a 1%.

Antes de se iniciar o preparo do terço apical, os blo-cos de resina foram divididos em 3 grupos, com 5 es-

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pécimes cada um, de acordo com os 3 tipos de limas Kerr utilizadas: Grupo 1- limas Flex-R (Moyco-Union Broach,USA); Grupo 2 - limas Flexofile (Dentsply-Maillefer,Suíça); e Grupo 3 - limas Dyna-Flex (Dyna-Endodontic,França).

O preparo apical dos canais nos três grupos experi-mentais seguiu sempre a mesma seqüência, iniciando-se com o instrumento #15 e concluindo-se o batente com o #35 (Fig.1). Todas as limas utilizadas foram aciona-das pelo contra-ângulo redutor de 10:1 Endo-Gripper (Moyco-Union Broach,USA), acoplado a um motor elétrico (Nouvag,Suiça), regulado com a velocidade de 15.000 rpm. Uma vez no interior dos canais, as limas foram ativadas mediante movimentos de suave pressão apical seguida de pequena tração, até que o comprimen-to de trabalho fosse atingido. Os instrumentos #30 e #35 foram pré-curvados antes de serem introduzidos no canal. O mesmo conjunto de limas (#15 a #35) foi utilizado nos cinco canais simulados de cada grupo ex-perimental.

Concluído o preparo biomecânico, os canais foram secados e novamente preenchidos com a mesma tinta azul para que as imagens fossem capturadas. Desta ma-neira, foram obtidas as imagens dos canais antes e de-pois do preparo (Fig.1 e Fig. 2), para análise comparativa das áreas inicial e final. A região avaliada restringiu-se apenas à porção apical (7mm), correspondente ao traje-to do início da curvatura até o final do canal, segmento este preparado apenas com o sistema de rotação alter-nada. O programa utilizado para captura e avaliação das imagens foi o Imagelab 2.3 e para análise estatística o GMC 2002 com teste de Tukey.

ReSUlTAdOSOs valores obtidos nas mensurações inicial e final, bem

como as diferenças entre elas para os 5 canais preparados com cada lima estudada, encontram-se expressos no Qua-dro 1.

Os resultados obtidos nas diversas mensurações foram analisados estatisticamente através da análise de variância e Teste de Tukey.

Observou-se que as limas Flexofile produziram desgas-te significantemente superior às limas Flex-R e Dynaflex, as quais apresentaram comportamento semelhante.

Em relação ao desvio apical após o preparo do canal, os três tipos de limas tiveram comportamentos semelhantes, mantendo sua trajetória inicial.

dIScUSSãOA manutenção da trajetória anatômica do canal radi-

cular após o preparo biomecânico é considerada um dos requisitos principais do tratamento endodôntico (Schilder e Yee13, 1984). Essa importância está diretamente ligada à eliminação de um dos erros mais freqüentes que ocorrem naquela fase que é o desvio apical do canal radicular. Para se evitar essa ocorrência, algumas regras têm sido sugeridas, principalmente quando se utilizam limas de aço inoxidável. Dentre elas, a pré-curvatura de instrumentos de maior ca-libre e a utilização de limas flexíveis assumem importância fundamental. Esta última condição determinou a seleção dos instrumentos utilizados na presente investigação. So-me-se a isso, o fato de as limas tipo Kerr flexíveis apre-sentarem versatilidade de movimentos e boa resistência à fratura. Tais qualidades provavelmente são as responsáveis pela obtenção dos resultados semelhantes entre essas limas e as manuais NiTi (Lyon et al.10, 2003)

A utilização de canais artificiais contidos em blocos de resina apresenta a vantagem de padronização de suas cur-vaturas, e da dureza das paredes a serem desgastadas. Essa padronização é impossível de se obter em dentes humanos extraídos, uma vez que as intensidades das curvaturas dos canais radiculares variam de dente para dente, assim como a dureza da dentina está associada à idade dos mesmos. De-vido à grande padronização dos espécimes quanto à dure-za do material empregado, diâmetro e curvatura constante dos canais simulados, pôde-se utilizar um número reduzido de espécimes. Tal padronização foi confirmada pela análi-se estatística verificando-se diferença significante entre um dos grupos.

A preocupação em se analisar o efeito da instrumenta-ção mecânica alternada apenas no terço apical dos canais radiculares prende-se ao fato de que, na atualidade, os pre-paros mais recomendados são os cérvico-apicais. A partir deste princípio, os terços cervical e médio são preparados, pela maioria das técnicas, com as brocas Gates-Glidden. Além disso, a maior incidência de erros no preparo tam-bém acontece no terço apical.

A freqüência da rotação alternada empregada neste tra-balho foi de 15000 rpm. Campos et al.3 (2004) verificaram que a vida útil dos instrumentos guarda relação com essa freqüência, uma vez que com 30000 rpm o índice de fratu-ras foi significantemente maior do que com 8000 rpm. Na freqüência aqui empregada não se constatou nenhum caso de fratura, provavelmente em função do menor número de utilizações, e, principalmente, do preparo com rotação al-

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Otoboni Filho JA, Holland R, Souza V, Bernabé PFE, Nery MJ, Dezan Júnior E, Gomes-Filho JE. Avaliação da preparação do canal com sistema de rotação alternada e diferentes limas de aço inoxidável. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2006 set-dez; 18(3)251-6

LIMA BLOCO FLEX - R FLEXOFILE DYNAFLEX

Inicial Final Diferença Inicial Final Diferença Inicial Final Diferença

1 2314,5 3310,5 996(43,0%) 2680,5 3795,5 1115(41,59%) 2141,5 2792 650,5(30.37%)

2 2178 3356 1178(54,0%) 2345,5 4030 1684,5(71,81%) 2094 2681 587(28,03%)

3 2251 2727 476(21,14%) 2096,5 3648 1551,5(74,0%) 1628 2307,5 679,5(47,73%)

4 3003,5 3636,5 633(21,01%) 2101,5 3151,5 1049,5(49,94%) 2945 3636 691(23,46%)

5 3214 3503 289(8,99%) 2809,5 4273 1463,5(52,09%) 2654 3531,5 877,5(33,06%)

MÉDIAS 2592 3306,6 714,427,56% 2406,7 3779,6 1372,857,04%* 2292,5 2989,6 697,130,40%

Quadro 1. Valores das mensurações inicial e final e respectivas diferenças obtidas nos 5 espécimes de cada grupo experimental.

* Significante ao nível de 5%

ternado ter sido realizado apenas no terço cervical do canal radicular, após a ampliação dos terços coronário e médio com as brocas Gates-Glidden.

No presente trabalho, os dados contidos no Quadro 1 mostram que as limas Flexofile provocaram um desgaste significativamente superior a Flex-R e a Dynaflex, entre as quais não houve diferença relevante. Assim, o preparo com as limas Flexofile produziu um aumento de 57,04% na área do terço apical do canal, enquanto que esse aumento foi de 27,56% com a Flex-R e de 30,40% com a Dynaflex.

Um dos fatores que poderiam ter influenciado nas dife-renças apontadas seria o tempo de atuação das limas, prin-cipalmente da última utilizada, a #.35, uma vez que não houve a preocupação de padronizar o tempo gasto no pre-paro do canal. Contudo, os procedimentos de uso das limas sempre foram os mesmos, ou seja, pressionando-as apical-mente até que elas atingissem o comprimento de trabalho e atuando nesse nível até que ficassem “soltas”.

Outro fator, certamente responsável pelo desgaste pro-duzido nas paredes dos canais, é a morfologia do instru-mento. Souza et al.14 (1998) apontaram que a eficiência de corte das limas depende de seu ângulo de corte, do ângulo da lâmina em relação ao seu longo eixo e do número de lâminas. Segundo os autores, a média dos ângulos de corte das três lâminas da lima Flexofile nº.30 no diâmetro D8 é 68,3º e da Flex-R de 73,3º. Nesse mesmo local, a lima Dynaflex apresenta uma média de 82,3º. Portanto, um dos fatores que pode ter contribuído para a maior dilatação ob-servada com as limas Flexofile é o ângulo mais agudo de suas lâminas.

Por outro lado, o ângulo que as lâminas formam com o longo eixo do instrumento número 30, ao nível do diâmetro D8, é de 34,7º para a lima Flexofile, 28,1º para a Flex-R (Souza et al.14, 1998) e 32,0º para a Dynaflex.

Figura 1- Fotografia evi-denciando o bloco de resina com o canal simulado e pre-enchido por nanquim antes da instrumentação.

Figura 2. Fotografia evi-denciando o bloco de resina com o canal simulado e pre-enchido por nanquim após a instrumentação.

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Otoboni Filho JA, Holland R, Souza V, Bernabé PFE, Nery MJ, Dezan Júnior E, Gomes-Filho JE. Avaliação da preparação do canal com sistema de rotação alternada e diferentes limas de aço inoxidável. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2006 set-dez; 18(3)251-6

Sabe-se que o movimento de limagem é mais efetivo com instrumentos que apresentam lâminas dispostas formando maiores ângulos com o longo eixo dos mes-mos e o contrário acontece com o movimento de alar-gamento. Como na instrumentação rotatória alternada as limas são acionadas com o movimento de limagem e de alargamento simultaneamente, era de se esperar que o menor desgaste proporcionado por uma das fases do movimento pudesse ser compensado pela outra fase. Contudo, não se descarta a possibilidade daquele as-pecto morfológico do instrumento ter contribuído para as diferenças constatadas no presente estudo, uma vez que, naquele tipo de instrumentação, o movimento de limagem se completa e o de alargamento não, porque a rotação é de apenas 45º. Dessa maneira, na rotação alternada o movimento de limagem seria mais efetivo do que o de alargamento, o que explicaria a maior dila-tação dos canais obtida com as limas Flexofile, porque que elas apresentam ângulos das lâminas maiores do que as outras.

Outro fator que poderia favorecer o desgaste produ-zido pelos instrumentos é o número de lâminas que eles apresentam. Em relação a esse aspecto, observa-se que nas limas Flexofile ele é constante para os instrumentos da 1ª série e correspondente a 30 lâminas, porém, para a Flex-R até a lima #25 é de 35 e a partir da #30 é de apenas 22 lâminas (Souza et al.14, 1998) e para a Dynaflex é de 27 a 28 lâminas. Como se observa, dos três tipos de limas estudadas, as Flexofile mais calibrosas (#30 e #35) são as que apresentam maior número de lâminas, o que também poderia ter contribuído para o maior desgaste produzido no preparo do canal.

Portanto, os dados obtidos nesta experimentação pa-recem confirmar as ponderações de Souza et al.14 (1998) sobre a influência dos ângulos de corte e da lâmina e do número de lâminas dos instrumentos no desgaste pro-duzido nas paredes do canal radicular. Dos três aspectos citados, as limas Flexofile são as que apresentam morfo-logia mais favorável para produzir maior ampliação do terço apical do canal dos modelos experimentais quando acionadas em rotação alternada.

Outro aspecto analisado neste estudo foi à incidência de desvios apicais provocados pelas diferentes limas. Al-guns autores têm demonstrado que quando o preparo de canais curvos é realizado exclusivamente com sistemas de rotação alternada eles proporcionam maiores índices de desvios (Nagy et al.11, 1997; Sydney15, 1997; Sydney

et al.16, 2000). Contudo, quando este tipo de instrumen-tação é associado a instrumentação manual, o inconve-niente é significativamente reduzido (Abou-Rass e Ellis1, 1996; Sydney et al.16, 2000). Observou-se também que os desvios podem variar de acordo com o tipo de siste-ma utilizado (Limongi et al.9, 2004). Neste nosso estudo a instrumentação manual não foi empregada, porém, o preparo dos terços coronário e médio foi realizado com brocas Gates-Glidden e somente no terço apical a rotação alternada foi utilizada. Nessas condições, os re-sultados obtidos demonstraram que não houve desvios apicais em nenhum dos grupos experimentais. Provavel-mente isso tenha acontecido porque as limas utilizadas apresentam ponta inativa e as de maior calibre (#30 e #35) foram inicialmente pré-curvadas antes de sua atua-ção nos canais artificiais.

Um detalhe interessante observado durante o pre-paro foi a maior extrusão de detritos no grupo de es-pécimes onde se empregaram as limas Flexofile. Tal in-conveniente provavelmente esteja relacionado ao maior desgaste produzido pelas limas, com condensação de maior quantidade dos detritos no terço apical do canal. A condensação foi mais evidente com as limas mais cali-brosas de todas as marcas, porém, sempre mais marcan-te com as Flexofile, o que determinou a necessidade de se promoverem, com maior freqüência, recapitulações com instrumentos menos calibrosos para se recuperar o comprimento de trabalho.

Outro detalhe observado com maior freqüência nos canais preparados com as limas Flexofile foi a maior ocorrência de deformações na parede contrária à cur-vatura. Provavelmente isso tenha ocorrido por razão do seu maior poder de corte e de sua maior flexibilidade, que proporcionariam maior possibilidade para se desfa-zer a pré-curvatura dada aos instrumentos #30 e #35. Com a tendência de voltar à sua forma original retilínea, a lima atuaria mais na parede contrária à curvatura.

cONclUSãOOs dados encontrados no presente estudo permitem

concluir que: 1. As limas Flexofile proporcionaram um desgaste significativamente maior do que as limas Flex-R e Dynaflex, entre as quais não houve diferença relevante. 2. Não ocorreram desvios apicais com nenhum dos ti-pos de limas estudadas. 3. Com as limas Flexofile obser-vou-se mais extrusão de detritos em relação aos outros dois tipos de limas.

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Otoboni Filho JA, Holland R, Souza V, Bernabé PFE, Nery MJ, Dezan Júnior E, Gomes-Filho JE. Avaliação da preparação do canal com sistema de rotação alternada e diferentes limas de aço inoxidável. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo 2006 set-dez; 18(3)251-6

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Recebido em 3/06/2005 Aceito em 21/08/2006

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Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo2006 set-dez; 18(3)257-63

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ReSUMOIntrodução: Este trabalho de levantamento de dados baseou-se em questionários entregues a cirurgiões-dentistas na cidade de São Paulo, com retorno de 339 questionários válidos, visando avaliar a prevenção de cáries e doenças gengivais por eles realizada. Métodos: O questionário continha 9 questões referentes a informações demográficas e clínicas. Para fins de análise de resultados foram considerados como básicos os seguintes procedimentos preventivos: orientação de escovação, orientação de dieta, aplicação de selan-tes de fóssulas e fissuras, evidenciação de placa bacteriana, uso de flúor e motivação do paciente. Resultados: A grande maioria dos respondentes (97,6%) afirmou realizar prevenção, porém apenas 0,3% empregam os 6 métodos avaliados neste estudo. Verificou-se, ainda, a influência do sexo e do tempo de formado nessa prática preventiva, sendo que as mulheres realizam mais prevenção do que os homens e os dentistas recém-formados (até 5 anos) empregam menos métodos de prevenção que os formados há mais tempo. O flúor e a orientação de escovação foram os métodos mais utilizados, enquanto que a orientação de dieta foi o menos empregado. Conclusões: A prática de prevenção pelos cirurgiões-dentistas da cidade de São Paulo sofre influência do sexo e do tempo de formado, sendo os homens e recém-formados os que empregam menos métodos de prevenção de cáries e doenças gengivais, comparativamente aos demais grupos. deScRITOReS: Cárie dentária - Doenças gengivais, prevenção e controle

ABSTRAcTIntroduction: This data survey study was based on questionnaires delivered to dentist surgeons of the city of São Paulo, with a total return of 339 valid questionnaires. The aim of this study was to evaluate dental surgeon practice of caries prevention and gum disease control. Methods: The questionnaire contained 9 questions referring to demographic and clinical information. For result analysis purposes, the following preventive procedures were considered as basic information: 1. tooth-brushing instructions, 2. diet ins-tructions, 3. pit and fissure sealants , 4. dental plaque verification 5. use of fluoride, and 6. patient moti-vation. Results: Most of the answers (97.6%) asserted that they carry out preventive procedures, but only 0.3% utilizes all 6 methods of prevention analyzed in this study. Gender and years of graduation were also observed, women performing more preventive procedures than men, and recently-graduated dentists (5 years or less) performing fewer preventive procedures than dentists who had graduated earlier (over 5 years). Fluoride use and tooth-brushing instructions were the most common methods used, while diet instruction was the least performed preventive method. Conclusion: Preventive procedures carried out by dental surgeons of São Paulo were influenced by sex and years of graduation, recently-graduated males being the ones who least carried out caries prevention methods and gum disease control, when compared to the other groups in this study.deScRIPTORS: Dental caries - Gingival diseases, prevention and control

O PeRFIl dOS cIRURGIÕeS-deNTISTAS dA cIdAde de SãO PAUlO NA PRÁTIcA dA PReveNÇãO de cÁRIeS e dOeNÇAS GeNGIvAIS

THE DENTIST SURGEONS PROFILE OF SÃO PAULO CITY IN THE PREVENTION OF DENTAL CARIES AND GINGIVAL DISEASES.

newton Sesma * Adriana Pinheiro Alves **

Fernanda Barros de Arruda Telles **Magally Oliveira de Macedo **Priscila Moreira dos Santos **

Simone da Silva Santos Costa **Américo Mendes Carneiro Júnior ***

Susana Morimoto ***

* Doutor em Prótese Dentária pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).** Monitoras da disciplina de Materiais Dentários da Faculdade de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo –UNICID.*** Doutores em Dentística Restauradora pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP).

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INTROdUÇãO Cárie e gengivite, embora evitáveis, são as doen-

ças mais comuns em países industrializados, sendo as grandes causadoras de dor, desconforto e perda dental enfrentados pela população na atualidade. Em países subdesenvolvidos, como o Brasil, esse quadro se agrava ainda mais, onde se comprovou nitidamente a alta in-cidência de cárie entre crianças, as quais detêm um dos maiores índices CPO-D do mundo.

O Brasil possui cerca de 180 milhões de habitantes, porém apenas 5% da população têm acesso aos con-sultórios dentários. Além disso, muito mais esforços são devotados ao tratamento curativo das doenças do que ao preventivo, quando seria mais importante que a Odontologia concentrasse um empenho maior na causa e não somente nos sintomas das doenças bucodentais4.

Para Goldman e Cohen3, (1983), o dentista não é o único responsável pela educação, tratamento e preven-ção das doenças orais, fazendo-se necessária uma maior divulgação através dos meios de comunicação.

Cabe, portanto, ao cirurgião-dentista atuar na preven-ção das doenças bucais, através da conscientização, edu-cação e motivação dos pacientes para a execução de uma boa higiene oral e para a importância desses fatores no relacionamento profissional–paciente e profissional-cole-tividade, buscando uma forma mais ampla de prevenção (Candelaria1, 1989), Zamara e Nascimento14, 1989).

Os métodos profiláticos, como o uso de escova e fio dental orientado pelo cirurgião-dentista e a profilaxia profissional periódica, são responsáveis pela remoção mecânica da placa bacteriana, que diminui não só o risco de cárie, como também reduz a possibilidade do apare-cimento e progressão das doenças gengivais (Menezes e Tabechrani6, 2000; Pires et al.8, 2003; Zamara e Nas-cimento14, 1989). Entretanto, é importante salientar ao paciente que apenas a profilaxia (“limpeza”) profissional não é suficiente para evitar a cárie e doença gengival, mas sim que a remoção diária da placa é a maior respon-sável pelo controle das condições que propiciam essas doenças (Menezes e Tabechrani6, 2000).

Melhores resultados são obtidos, em nível de preven-ção, quando se combinam medidas profiláticas como aplicação de flúor, uso de selantes de fóssulas e fissuras e orientação de dieta (Saliba et al.10, 2003; Zamara e Nas-cimento14, 1989).

O flúor tópico reduz a solubilidade do esmalte aos áci-dos bacterianos, interfere no metabolismo das bactérias

e possibilita a remineralização das lesões incipientes de cárie (Macedo e Lacaz4, 1985; Sales Peres e Bastos9, 2001). As faces oclusais (onde a escovação nem sempre é efetiva na eliminação da placa acumulada nos sulcos mais pro-fundos) podem ser protegidas da ação dos metabólitos bacterianos com o uso de selantes de fóssulas e fissuras (Macedo e Lacaz4, 1985; Shimizu et al.11, 1999; Sundfeld12, 2002). A sua utilização pode ser acompanhada pela aplica-ção tópica de flúor que protege as faces lisas dos dentes.

A orientação de dieta visa a um controle, por parte do paciente, da ingestão de alimentos cariogênicos, já que se comprovou a relação existente entre microrga-nismo cariogênico e dieta do hospedeiro na etiologia da cárie dentária (Saliba et al.10, 2003; Tystrup e Fejerskov13, 1988).

O uso de evidenciadores de placa tem sido preco-nizado como método auxiliar de identificação, pelo pa-ciente, da placa bacteriana durante a escovação e como recurso extra para motivá-lo e instruí-lo sobre técnicas de higienização bucal (Menezes e Tabechrani6, 2000; Zamara e Nascimento14, 1989). A motivação, enquanto estímulo e conscientização do paciente, se constitui em fator primordial, pois busca a mudança da mentalidade e dos hábitos deste para a manutenção de sua saúde bucal (Candelaria1, 1989; Mastrantonio e Garcia5, 2002; Za-mara e Nascimento14, 1989).

Porém, nem sempre o cirurgião-dentista enfatiza os aspectos preventivos da Odontologia e, portanto, o des-conhecimento por parte dos pacientes sobre o valor da prevenção se deve, em parte, ao desinteresse demonstra-do pelo próprio profissional. Esse desinteresse pode ser atribuído a vários fatores, como o descrédito por par-te do cirurgião-dentista na eficácia da prevenção ou a maior ênfase dada à Odontologia restauradora ou ainda a remuneração considerada inadequada nas atuações da área de prevenção.

Em última instância, com o presente trabalho preten-de-se estudar o perfil do cirurgião-dentista, da cidade de São Paulo, na área da prevenção sob os seguintes aspec-tos: influência do sexo, influência do tempo de formado e influência da origem da informação sobre prevenção na atuação preventiva.

MÉTOdOSForam distribuídos 400 questionários, contendo 9

questões referentes às informações pessoais e técnicas relevantes para o levantamento de dados. As questões

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foram classificadas em dois tipos: demográficas e clíni-cas.

Quanto aos dados demográficos, foi solicitado que assinalassem o sexo, o tempo de formado e a faixa etária dos pacientes; esta última questão não foi analisada por não trazer dados representativos.

Nos itens clínicos, foi perguntado aos profissionais se utilizavam alguns métodos de prevenção. Caso afirmativo, quais; caso contrário, por que não. Questionou-se também a porcentagem de pacientes em prática de prevenção.

A fim de que fosse possível a análise dos dados, bus-caram-se na literatura os métodos mais citados, agru-pados da seguinte maneira: flúor (tópico e sistêmico), selantes de fóssulas e fissuras, evidenciação de placa bac-teriana, orientação de escovação (técnica de escovação e uso de fio dental), motivação (estímulo e conscientização do paciente através de áudio-visual, folhetos explicativos e macromodelos) e orientação de dieta alimentar.

O questionário foi elaborado na forma de perguntas de múltipla escolha para os dados demográficos. No que concerne às questões clínicas, basicamente para todas foi previsto um espaço de preenchimento por extenso, tendo por objetivo a não indução das respostas.

Tendo-se consciência de todos os inconvenientes que essa forma de levantamento pode ocasionar, foram tomadas as providências possíveis de contorná-los. Para diminuir o número de recusas garantiu-se que as respos-tas fossem anônimas, além de informar, previamente, o objetivo do estudo.

Os questionários foram entregues pessoalmente, abrangendo um número significativo de profissionais. Foi escolhido esse método, pois o levantamento postal ou por e-mail, nem sempre possui um retorno expressi-vo. O respondente preencheu o questionário e recebeu orientação apenas quando solicitou. O retorno do ques-tionário preenchido e rubricado pelos entrevistados já correspondia à autorização, pois sua participação nesse levantamento deu-se por livre iniciativa.

Na análise dos dados utilizaram-se métodos de es-tatística descritiva, portanto não se pode inferir sua re-presentatividade em relação à classe odontológica como um todo.

ReSUlTAdOSDo total de 400 questionários distribuídos, 341 fo-

ram recebidos parcial ou totalmente preenchidos, os 59 restantes não foram respondidos. Alcançou-se, portan-

to, um retorno de aproximadamente 85,3%. Para que o questionário fosse considerado válido, estabeleceu-se que deveria conter as informações sobre o sexo do respondente, tempo de formado e se emprega ou não algum método de prevenção. Por omissão de qualquer uma dessas informações, 02 questionários foram invali-dados, perfazendo um total de 339 analisados. Vale res-saltar que, algumas vezes, perguntas isoladas não foram respondidas ou apresentaram respostas incoerentes, o que determinou sua exclusão em relação aos totais da questão envolvida, mas não invalidaram as demais res-postas.

Em atenção às propostas do trabalho, os dados fo-ram apurados por sexo, tempo de formado, origem da informação sobre prevenção e procedimentos preventi-vos empregados pelo profissional.

A Tabela 1 apresenta a distribuição dos respondentes segundo sexo e tempo de formado. Pode-se notar que a maioria é do sexo feminino (66,5%), com predomi-nância daquelas com mais de 15 anos de formado. Os respondentes do sexo masculino representam 33,5% da amostra e também há um predomínio de formados há mais de 15 anos.

Inquiridos quanto à utilização de algum método de prevenção de cárie e doenças gengivais, 97,6% dos res-pondentes afirmaram que praticam prevenção, enquanto apenas 2,4% deles não realizam nenhum tipo de proce-dimento preventivo, apesar de afirmarem terem recebido informação sobre prevenção em sua formação (Gráfico 1).

A Tabela 2 apresenta a distribuição porcentual dos respondentes segundo a quantidade de medidas preven-tivas que empregam. Nota-se que apenas 0,3% praticam os 6 métodos analisados neste trabalho, enquanto 89,1% praticam menos de 3 procedimentos preventivos.

Procurou-se saber, também, quais os métodos pre-ventivos empregados segundo o tempo de formado. No grupo dos formados há menos de 5 anos, a orientação de escovação é dada por 63,8% dos entrevistados, en-quanto que evidenciação de placa e orientação de dieta são empregadas por menos de 10%. Comparativamente, nos outros grupos, todos empregam mais procedimen-tos preventivos que os recém-formados, com exceção apenas para a aplicação de flúor. Cabe explicar que o mesmo respondente pode empregar mais de um méto-do de prevenção, logo as respostas não são mutuamente excludentes. As porcentagens foram calculadas sobre 4

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SEXO TEMPO DE FORMADO

Masculino e feminino 339 (100%) menos de 5 anos-69 (20,3%)de 5 a 10 anos-71 (21%) de 10 a 15 anos-71 (21%)mais de 15 anos-128 (37,7%)

Masculino 113 (33,5%) menos de 5 anos-13 (11,5%)de 5 a 10 anos-20 (17,7%) de 10 a 15 anos-30 (26,5%)mais de 15 anos-50 (44,3%)

Feminino 226 (66,5%) menos de 5 anos-46 (20,4%)de 5 a 10 anos-50 (22,1%) de 10 a 15 anos-50 (22,1%)mais de 15 anos-80 (35,4%)

Tabela 1: Distribuição dos respondentes segundo sexo e tempo de formado.

Tabela 2: Distribuição percentual dos respondentes segundo a quantidade de procedimentos preventivos empregados pelo pro-fissional.

Quantidade de procedimentos 1 2 3 4 5 6 Não faz prevençãoPercentual de respondentes 30,7% 35,4% 23% 7,6% 0,6% 0,3% 2,4%

Gráfico 1: Distribuição dos respondentes segundo o sexo e a prática de prevenção.

Gráfico 2: Distribuição percentual dos respondentes segundo tempo de formado e procedimentos preventivos empregados.

subamostras definidas em função do tempo de formado (Gráfico 2).

No Gráfico 3 agruparam-se as informações sobre prevenção recebidas pelo cirurgião-dentista segundo a sua origem: acadêmica (graduação e pós-graduação), ex-tracurricular (cursos e congressos) e informações de am-bas as fontes, com a finalidade de facilitar a interpretação dos dados. Pode-se notar nesse gráfico que profissionais que receberam informação sobre prevenção de origem acadêmica e buscaram complementação extracurricular, ou seja, obtiveram informações de ambas as fontes, são os que realizam mais procedimentos preventivos com-parados aos que receberam informação apenas de ori-gem acadêmica ou somente extracurricular.

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Gráfico 3: Distribuição percentual dos

respondentes segundo a origem da informação sobre prevenção e procedimentos

preventivos empregados.

Gráfico 4: Distribuição percentual dos respondentes segundo o tempo de formado e a origem da informação sobre prevenção.

Gráfico 5: Distribuição dos respon-

dentes segundo a porcen-tagem de pacientes em que

pratica prevenção.

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A relação entre tempo de formado e origem da in-formação sobre prevenção está expressa no Gráfico 4. É interessante observar que 79,7% dos profissionais formados há menos de 5 anos declararam ter recebi-do informação de origem acadêmica e apenas 18,8% procuraram complementação extracurricular, enquanto que 43,7% e 41,4% dos formados entre 10 e 15 anos e os formados há mais de 15 anos, respectivamente, bus-caram, além da informação acadêmica, realizar cursos e congressos para complementar sua informação sobre prevenção.

Solicitou-se também ao respondente que estimasse a quantidade aproximada, em porcentagem, de pacientes em que pratica prevenção. Pode-se observar que 108 em dos 339 questionários válidos 31,9% praticam pre-venção em todos os seus pacientes (Gráfico 5).

O Gráfico 6 apresenta as razões mais citadas pelos respondentes para não praticar prevenção. Observa-se que falta de capacidade técnica, falta de tempo e atuação em determinada especialidade são os motivos apresen-tados pelos entrevistados que não realizam prevenção.

dIScUSSãOEntre os cirurgiões-dentistas entrevistados, 97,6%

afirmam utilizar algum método de prevenção. É inte-ressante observar que apenas 0,4% das mulheres não empregam nenhum método de prevenção, enquanto que esse valor é de aproximadamente 6% para o sexo masculino. Nesse sentido, alguns autores (Costa2, 1988) têm afirmado que a Odontologia passaria por mudan-ças profundas se a tendência do crescimento do número de profissionais do sexo feminino continuasse no ritmo demonstrado, pois o comportamento profissional do cirurgião-dentista diverge quanto ao sexo.

Conforme estabelecido anteriormente, este trabalho considerou os 6 procedimentos preventivos mais cita-dos pela literatura, quais sejam: uso de flúor, aplicação

de selantes, orientação de escovação, orientação de dieta, evidenciação de placa e motivação do paciente, enfati-zando a importância destes num programa completo de prevenção. Apesar de 97,6% do total de respondentes afirmarem que praticam prevenção de cárie e doenças gengivais, apenas 0,3% aplica todas as medidas acima citadas.

A orientação de escovação e aplicação de flúor são os métodos preventivos mais utilizados independente do tempo de formado e do sexo, provavelmente devido a maior cobrança por parte dos pacientes, pois estes são os procedimentos mais difundidos na sociedade. Outros métodos como orientação de dieta e evidenciação de placa são empregados por menos de 20% dos cirurgi-ões-dentistas.

Apesar da grande importância dada pela literatura (Candelaria1, 1989; Mastrantonio e Garcia5, 2002; Mene-zes e Tabechrani6, 2000; Zamara e Nascimento14, 1989) a motivação é um dos métodos preventivos menos utili-zados pelos profissionais; entretanto, é observado maior empenho na motivação dos pacientes pelos cirurgiões-dentistas que têm mais de 10 anos de formado e busca-ram complementar sua formação sobre prevenção em nível extracurricular. A educação continuada parece um fator decisivo na consolidação da mentalidade preventi-va do profissional.

É interessante observar que, quanto à origem da informação do profissional sobre prevenção, não há diferenças significativas entre os métodos preventivos empregados pelos cirurgiões-dentistas que receberam informação somente em nível acadêmico ou apenas extracurricular. Todavia, aqueles profissionais que rece-beram informação em nível acadêmico e extracurricular demonstram um emprego maior de qualquer um dos procedimentos avaliados. Isso mostra que a importância da prevenção na formação acadêmica do cirurgião-den-tista, somada ao seu interesse em embasar seus conheci-

Gráfico 6: Distribuição percentual dos respon-dentes que não fazem prevenção, segundo a razão apresentada pelo profissional.

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mentos antes adquiridos, constitui uma motivação para o profissional praticar a prevenção.

De maneira geral, há uma diminuição no emprego de métodos preventivos pelos cirurgiões-dentistas que se formaram mais recentemente. É importante notar que 79,7% de profissionais desse grupo com menos de 5 anos de formado relataram terem recebido infor-mação sobre prevenção apenas em nível acadêmico e, coincidentemente os profissionais que não procuraram complementar sua formação em nível extracurricular são aqueles que realizam menos procedimentos preven-tivos.

Em levantamento realizado no início da década de 90, sobre a prática de prevenção pelos cirurgiões-dentis-tas de São Paulo (Morimoto7, 1991) foi constatado que os profissionais recém-formados eram os que pratica-vam mais prevenção, comparados aos grupos com mais tempo de formado. Aproximadamente 15 anos depois, essa situação sofreu uma inversão. Isso é preocupante, pois o interesse em prevenção atualmente decresce entre os recém-formados à medida que uma Odontologia res-tauradora e voltada para a estética avança. Além disso,

a formação exclusivamente acadêmica não se mostrou suficiente para a criação de uma mentalidade preventiva completa no profissional.

cONclUSÕeS1 – A grande maioria dos respondentes (97,6%) afir-

ma praticar algum método de prevenção de cárie e do-enças gengivais, entretanto apenas 0,3% emprega os seis métodos analisados neste trabalho.

2 – O tempo de formado influencia na prática de prevenção. Os formados há menos de 5 anos empregam métodos preventivos com menor freqüência.

3 – As cirurgiãs-dentistas empregam com maior fre-qüência métodos preventivos, caracterizando influência do sexo.

4 – Cirurgiões-dentistas que receberam informações sobre prevenção de origem acadêmica e extracurricular utilizam mais freqüentemente métodos de prevenção ,quando comparados com profissionais que receberam informações apenas de origem acadêmica ou somente extracurricular.

ReFeRÊNcIAS

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Recebido em 15/05/2006 Aceito em 21/08/2006

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ReSUMOA pesquisa científica na área de Odontologia tem por objetivo estudar os problemas do complexo buco-maxilofacial, visando obter novos conhecimentos para a adoção de técnicas de diagnóstico, de terapias e de atitudes preventivas como a educação em saúde bucal, voltadas ao tratamento e/ou reabilitação de pacientes com disfunções e doenças da boca e dos dentes. Dentro desse contexto, este trabalho propõe-se apresentar a metodologia da pesquisa bibliográfica na área odontológica, enfatizando os procedimentos de elaboração e divulgação da pesquisa, por meio de um trabalho estruturado e condizente com as normas estabelecidas no meio científico nacional e internacional. O artigo de periódico como forma de comu-nicação do trabalho científico será tratado com maiores detalhes, ressaltando-se seus tipos, finalidades, estrutura, normalização e redação científica.deScRITOReS: Pesquisa bibliográfica - Pesquisa científica - Periódico científico - Artigo de periódico -

Odontologia

ABSTRAcT

The objective of scientific research in the dental area is to study the problems in bucomaxilofacial com-plex, seeking to obtain new information for the adoption of diagnostic, therapy, and prevention techni-ques, such as oral health education toward the treatment and/or rehabilitation of patients with mouth and teeth disorders and diseases. Within this context, a bibliographic research methodology in dental area is proposed, emphasizing the procedures of elaboration and promotion of the research, through structured work, and in accordance with scientific standards established on a national and worldwide basis. . Journal articles as a means of communication of scientific research will be addressed in full details, highlighting its types, objectives, structure, standardization, and scientific writing.deScRIPTORS: Bibliographic research - Scientific research - Scientific journal - Journal article - Dentis-

try.

MeTOdOlOGIA dA PeSQUISA BIBlIOGRÁFIcA NA ÁReA OdONTOlÓGIcA e O ARTIGO cIeNTÍFIcO cOMO FORMA de cOMUNIcAÇãO

BIBLIOGRAFIC RESEARCH METHODOLOGY IN DENTAL AREA AND SCIENTIFIC ARTICLE AS A WAY OF COMMUNICATION

Vera Regina Casari Boccato*

* Professora Assistente do Departamento de Ciência da Informação do Centro de Educação e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Carlos – UF-SCar e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista – UNESP – Marília.

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INTROdUÇãOA pesquisa científica na área de Odontologia tem

por objetivo estudar os problemas do complexo buco-maxilofacial, visando obter novos conhecimentos para a adoção de técnicas de diagnóstico e de terapias, de atitudes preventivas das disfunções e doenças da boca e dos dentes.

A informação, na Sociedade da Informação, é vista como um recurso que, se adequadamente gerenciado, organizado e disseminado, pode estimular novos conhecimentos em determinada área de especialização, assistir nas tomadas de decisões e resolução de proble-mas, levando pesquisadores ao encontro de informações úteis e pertinentes à sua realidade investigativa.

A realização da pesquisa científica vem contribuir, assim com o aprimoramento e a melhoria das condições de vida da comunidade civil, bem como da sociedade científica com a implantação e implementação de técni-cas e métodos relativos as novas descobertas científicas.

Segundo Secaf26, (2004, p. 19), “Escrever e publicar é uma tomada de decisão que envolve aspectos meto-dológicos, legais e éticos, de redação, de criatividade e também de custo e gerenciamento do tempo.”

“A metodologia estuda os meios ou métodos de in-vestigação do pensamento correto e do pensamento verdadeiro, e procura estabelecer a diferença entre o que é verdadeiro e o que não é, entre o que é real e o que é ficção.” (Oliveira21, 2001, p xix).

Para tanto, torna-se necessário o planejamento siste-mático do processo de pesquisa, compreendido desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão quanto a sua forma de comunica-ção e divulgação.

Dentro desse contexto, propõe-se apresentar uma revisão de literatura da metodologia da pesquisa biblio-gráfica na área de Odontologia, enfatizando os proce-dimentos de elaboração e divulgação da pesquisa, por meio de um trabalho estruturado e condizente com as normas estabelecidas no meio científico nacional e in-ternacional.

A PeSQUISA cIeNTÍFIcASegundo Araújo1 (2003, p. 58), “O termo ‘pesquisa’

diz respeito a uma classe de atividades cujo objetivo é desenvolver ou contribuir para o conhecimento gene-ralizável.”

Clark e Castro7 (2003, p. 67), colocam que “A pesqui-

sa é um processo de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novo conhecimento e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento preexis-tente.”

Segundo Moreira20 (1999), a pesquisa científica é um processo de busca, tratamento e transformação de in-formações segundo regras fornecidas pela metodologia da pesquisa.

Ruiz24 (1996, p. 48) diz que a pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada, de-senvolvida e redigida de acordo com as normas da me-todologia consagrada pela ciência. É o método de um problema em estudo que caracteriza o aspecto científico de uma pesquisa.

Na área de Ciências da Saúde, essa atividade tornou-se mais efetiva principalmente nos últimos 50 anos, voltada para a solução de problemas e com o objetivo de descobrir respostas para questões previamente esta-belecidas pelo pensamento reflexivo e procedimentos científicos.

A importância da pesquisa nessa área, mais especifi-camente na Odontologia, é absolutamente reconhecida, devendo ser comunicada, registrada e divulgada por ca-nais competentes e de reconhecimento pela comunidade científica.

Existem vários tipos de pesquisas que podem ser de-senvolvidas como se apresentam: 1) Quanto aos fins: pesquisa exploratória, descritiva, explicativa, metodo-lógica, aplicada, intervencionista; 2) Quanto aos meios: pesquisa bibliográfica, de campo, de laboratório, docu-mental, experimental, participante, ex post facto, pesquisa ação, estudo de caso.

Uma vez que a proposta deste trabalho é expor as fases da pesquisa bibliográfica na área odontológica, a partir de então estas serão apresentadas com maiores detalhes.

A PeSQUISA BIBlIOGRÁFIcAA pesquisa bibliográfica busca a resolução de um

problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribui-ções científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o as-sunto apresentado na literatura científica.

Conforme Salomon25 (2004), a pesquisa bibliográfica fundamenta-se em conhecimentos proporcionados pela

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Biblioteconomia e Documentação, entre outras ciências e técnicas empregadas de forma metódica envolvendo a identificação, localização e obtenção da informação, fichamento e redação do trabalho científico. Esse pro-cesso solicita uma busca planejada de informações bi-bliográficas para elaborar e documentar um trabalho de pesquisa científica.

Sendo assim, de acordo com os critérios ditados por Salomon25 (2004), pode-se dividir a pesquisa bibliográ-fica em três fases:

1) Fase da preparação: compreende a identifica-ção, localização, fichamento e obtenção da informação. Essas etapas serão desenvolvidas pela realização das se-guintes atividades:

§ delimitação do tema-problema: deve ter relação com a área em que será desenvolvida, ser cientifi-camente útil, atender interesses que vão além dos próprios, e também servir para outros trabalhos da comunidade científica.

§ Conhecimento da terminologia da área a ser pes-quisada: o contato com essa terminologia dar-se-á pela própria linguagem utilizada pelo especialista da área e/ou por instrumentos elaborados para esse fim, denominados de Linguagens Documentárias. A interação com a Linguagem Documentária pro-porcionará facilidades ao pesquisador no momento da realização do levantamento bibliográfico do as-sunto de interesse. Na área de Ciências da Saúde, o Vocabulário Controlado DeCS-Descritores em Ci-ências da Saúde, elaborado pela BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, é muito utilizado para atender a essa necessidade. Este encontra-se disponível na Internet, no endereço eletrônico http://decs.bvs.br/

§ Contato com pesquisadores da área.§ Determinação do período do levantamento biblio-

gráfico: deve ser iniciado quando o pesquisador já tenha definido o seu tema, estabelecendo assim o período (intervalo de tempo) que será pesquisado.

§ Seleção das fontes de informação: essa seleção deve ser cuidadosamente realizada. Por meio das fontes de informação, o pesquisador realizará o le-vantamento bibliográfico, buscando o mais exaus-tivamente possível toda a informação disponível na literatura científica da sua área e adjacentes, recupe-rando dessa maneira pesquisas realizadas no passa-

do, no presente e as planejadas e/ou recomenda-das em termos de futuro. As fontes de informação podem ser classificadas em primárias, secundárias e terciárias. Entende-se por fontes de informação primárias os trabalhos publicados de forma inte-gral ou resumida e disponibilizados no seu suporte original, como: artigos de periódicos, relatórios téc-nicos, anais de congressos, teses, dissertações, entre outras. As fontes de informações são consideradas secundárias quando as informações originais são localizadas por meio de outros recursos que identi-ficam e facilitam o uso destas. Na modernidade, as fontes de informações eletrônicas, como as Bases de Dados Bibliográficas e os Portais de Revistas Eletrônicas, são as fontes mais utilizadas para a re-alização do levantamento bibliográfico e recupera-ção da informação desejada. Na área de Ciências da Saúde, especificamente a Odontologia, dispõe-se de diversas Bases de Dados eficientíssimas para a realização dessa atividade, tais como:

• Base de Dados MEDLINE: produzida pela Na-tional Library of Medicine (NLM). Arrola a lite-ratura científica internacional das áreas médica e biomédica,dentre elas: Medicina, Biomedicina, Enfermagem, Odontologia, Veterinária e ciências afins. Contém referências e resumos das melhores revistas científicas publicadas nos Estados Unidos e em 70 países, desde 1966 até o momento. Está disponível na Internet, no endereço eletrônico http://www.pubmed.gov . Os assuntos devem ser pesquisados/digitados em língua inglesa;

• Base de Dados LILACS (Literatura Latino-Ameri-cana e do Caribe em Ciências da Saúde): produzida pela BIREME-Centro Latino-Americano e do Ca-ribe de Informação em Ciências da Saúde. Aborda a literatura relativa às Ciências da Saúde das áreas de Medicina, Psicologia, Enfermagem, Odontolo-gia, Veterinária entre outras, publicada nos países da Região, a partir de 1982. Contém artigos de pe-riódicos de diversas revistas conceituadas da área da saúde, além de outros documentos, como: teses, livros, capítulos de livros, anais de congressos ou conferências, relatórios técnico-científicos e publi-cações governamentais. Está disponível na Inter-net, no endereço eletrônico http://www.bireme.br . Os assuntos devem ser pesquisados/digitados em língua portuguesa;

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• Base de Dados BBO (Bibliografia Brasileira de Odontologia): produzida pelo Serviço de Docu-mentação Odontológica da Faculdade de Odon-tologia da Universidade de São Paulo juntamente com diversas Bibliotecas da área odontológica de Instituições de Ensino Superior dos vários estados brasileiros, formando o Sistema de Informação Es-pecializado da Área de Odontologia (SIEO) http://www.fo.usp.br/sdo/sieo/index.html). Compre-ende a literatura nacional na área de saúde oral, a partir de 1986, contendo a referência e o resumo de documentos, como dissertações, teses, folhetos, separatas, livros, capítulos de livros, artigos de pe-riódicos nacionais em revistas especializadas, assim como artigos de autores nacionais publicados em revistas estrangeiras e não especializadas. Está dis-ponível na Internet, no endereço eletrônico http://www.bireme.br . Os assuntos devem ser pesquisa-dos/digitados em língua portuguesa.

A Internet também é uma fonte de pesquisa extre-mamente importante para o meio científico. Segundo Severino27 (2002, p. 133),

A Internet, rede mundial de computadores, tornou-se uma indispensável fonte de pesquisa para os diver-sos campos de conhecimento. Isso porque represen-ta hoje um extraordinário acervo de dados que está colocado à disposição de todos os interessados, e que pode ser acessado com extrema facilidade [...].Na Internet pode-se localizar textos científicos, dis-

sertações e teses disponíveis em diversos Portais ou Bi-bliotecas Digitais produzidos por Universidades de vá-rios estados brasileiros, com acesso ao texto completo, artigos de periódicos científicos disponíveis em texto completo nos sites de suas próprias editoras e outras informações de interesse do pesquisador. Para tanto pode-se utilizar sites de buscas como: Google – http://www.google.com.br, Yahoo – http://www.yahoo.com.br, Alta Vista – http://www.altavista.com.br e demais disponíveis para o acesso à rede.

§ Identificação da literatura de interesse: nessa eta-pa o pesquisador irá identificar os documentos de interesse para a realização de sua pesquisa, selecio-nando, por meio do resumo oferecido pelas Bases de Dados, quando da realização do levantamento bibliográfico. Nesse momento, procede-se à sele-ção provisória dos textos que serão oportunamente localizados e recuperados.

§ Localização e obtenção das publicações: a locali-

zação das publicações (documentos) far-se-á nor-malmente por meio de catálogos manuais e/ou ele-trônicos das Bibliotecas especializadas na área de Odontologia e afins, pelos sistemas de informação existentes e também pelo serviço de comutação bi-bliográfica, que permite a localização de documen-tos existentes nas principais Bibliotecas nacionais e internacionais, proporcionado o acesso às infor-mações sob a forma de fotocópias de artigos de periódicos, textos na íntegra ou resumos publica-dos em anais de congressos e eventos, capítulos de livros, dissertações e teses entre outros. Esse ser-viço é oferecido por Bibliotecas e também pode ser utilizado através do cadastro de usuário indivi-dual. A BIREME disponibiliza esse serviço online para a obtenção de documentos relativos à área de Ciências da Saúde, nomeado Serviço Cooperativo de Acesso a Documentos (SCAD), pelo endereço eletrônico http://www.bireme.br (clicar no ícone SCAD) e as Institutições Capes/Sesu/Finep/Ibict oferecem esse mesmo serviço, cobrindo a literatura publicada em todas as áreas do conhecimento, pelo endereço http://www.ibict.br (selecionar Produtos & Serviços e clicar em Comut). Os Portais de Re-vistas Eletrônicas também são excelentes fontes de recuperação de informações, oferecendo artigos de revistas em textos completos, publicados em peri-ódicos nacionais e internacionais em todas as áreas do conhecimento. A BIREME produz o Portal de Revistas Eletrônicas SciELO (Scientific Eletronic Library Online) que oferece revistas publicadas na América Latina e Caribe, disponibilizando-o na In-ternet, no endereço http://www.scielo.org. Além deste, também o Portal de Periódicos de Acesso Livre da Capes, produzido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) oferece inúmeras revistas nacionais e in-ternacionais com textos completos para os pes-quisadores das Instituições de Ensino e Pesquisa. A forma de acesso ao Portal está disponível pelo endereço http://acessolivre.capes.gov.br

2) Fase de realização: compreende a realização do fi-chamento do documento localizado e obtido que, após o procedimento da leitura, será selecionado definitivamente para a elaboração da redação do trabalho científico. Para tanto, torna-se necessária confecção de fichas de leitura, segundo nomeação de Eco11 (2003), fichas bibliográfi-cas, de acordo com Salomon24 (2004) ou fichas de docu-

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mentação, conforme Severino27 (2002). Essas fichas são constituídas dos seguintes elementos: título e subtítulo (se necessário) ou algum comentário que possibilitará identificar e classificar as citações extraídas do documen-to pertinente ao assunto da pesquisa (deve ser colocado no canto superior direito); referência do documento em que se está procedendo a leitura; resumo do texto ou alguma passagem completa que for de interesse para o trabalho, colocando-se tudo entre aspas (“...”) quando se realizar a transcrição exatamente da forma que o au-tor apresentou ou, no caso de ser elaborada uma síntese das idéias, esta dispensa a colocação das aspas; nome da fonte de onde foi localizada a informação, como por exemplo o nome de uma Base de Dados. (Apêndice).

Para a elaboração da referência é necessária a ado-ção de um padrão de normalização definido por uma norma técnica. Para isso, existem diversas normas no âmbito nacional e internacional, sendo as mais comu-mente utilizadas na área de Odontologia a norma de re-ferência da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – NBR 6023/agosto 2002, as normas interna-cionais ISO 690/1987 (para documentos impressos) e ISO 690-2/1997 (para documentos eletrônicos), ambas publicadas pela International Standards Organization (ISO) e também a norma Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: writing and editing for biomedical publication – July/2005, pu-blicada pelo International Committee of Medical Jour-nal Editors (ICMJE), também conhecida por Norma ou Estilo de Vancouver.

A escolha da norma de referência a ser adotada de-penderá dos propósitos da pesquisa. Como exemplo, pode-se citar a elaboração de um artigo científico (que será tratado mais detalhadamente adiante). Nesse caso, as referências devem obedecer à norma estipulada pe-las Instruções aos Autores ou Normas de Publicação da revista em que o artigo será publicado. O mesmo acon-tecerá se a pesquisa for proveniente da realização de um curso de Mestrado ou Doutorado. As referências que serão mencionadas na dissertação ou na tese devem es-tar de acordo com a norma utilizada pela Instituição em que a mesma será defendida. A elaboração da referência, na ficha de documentação, pela norma correta que será utilizada/definida pelo produto científico a ser escolhi-do para a comunicação da pesquisa, facilitará muito no momento da elaboração da lista de referências, elemen-to considerado de suma importância dentro do trabalho científico, pois a ausência desta leva à descrença de todo

o trabalho realizado, colocando-o sob suspeita, sendo apontada a falta de embasamento científico nas coloca-ções e idéias apresentadas pelo autor/pesquisador.

O resumo também deverá seguir uma norma técni-ca como a NBR 6028/maio 2003 da ABNT onde reco-menda-se o tipo de resumo a ser elaborado e o número de palavras que constituirão o mesmo, de acordo com o produto científico que se elaborará. Outras recomenda-ções também são encontradas como estilo de redação científica.

3) fase da comunicação: conforme El-Guindy10 (2004, p. 79), “A comunicação é a coroação do traba-lho de investigação científica, e ao mesmo tempo, o momento de maior realização do pesquisador.” Nessa etapa dar-se-á a redação do trabalho científico por meio do produto científico já determinado de acordo com os propósitos da pesquisa. Entende-se como produto científico o veículo de comunicação em que se fará a apresentação do trabalho científico realizado por meio de canal impresso e/ou eletrônico. Assim, a pesquisa será comunicada pela elaboração de livros, capítulos de livros, dissertações, teses, monografias, trabalhos de eventos, seminários, patentes e artigos científicos. O produto científico abordado neste trabalho será a ela-boração do artigo científico, enfocando sua definição, estrutura, normalização e redação científica.

PeRIÓdIcO cIeNTÍFIcO Conforme Severino27 (2002, p. 198) “[...] o papel das

revistas científicas é fundamentalmente a comunicação dos resultados dos trabalhos de pesquisa à comunidade científica e à própria sociedade como um todo.” Tem o propósito de registrar, preservar e disseminar as infor-mações disponibilizadas por seus artigos, obedecendo a intervalos de tempo específicos.

O periódico científico deve ter grande aceitação e respeitabilidade na comunidade científica. Volpato e Freitas28 (2003, p. 55) colocam que “os periódicos de bom nível têm amplo alcance, levando suas idéias a pes-soas de várias partes do mundo”.

Ferreira e Krzyzanowski14 (2003, p. 47) concluem em seu trabalho que “os editores científicos devem cuidar da qualidade global das suas publicações levando em consideração aspectos referentes a sua forma (normali-zação) e mérito (conteúdo) para que as mesmas atinjam uma qualidade global.”

Nesse sentido, alguns indicadores de qualidade de-vem estar presentes em um periódico para que o este

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obtenha prestígio e reconhecimento entre a comunida-de científica nacional e internacional, como: 1) ISSN - Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas (International Standard Serial Number): é o identificador aceito internacionalmente para individuali-zar o título de uma publicação seriada, tornando-o único e definitivo; 2) Periodicidade: intervalo de tempo entre a publicação sucessiva dos fascículos (números) de um mesmo título de publicação (NBR 60212, 2003). A perio-dicidade deve ser obedecida e explicitada na publicação, podendo a mesma ser mensal, bimestral ou trimestral entre outras; 3) Órgão publicador: instituição responsá-vel pela publicação do periódico; 4) Coordenador Cien-tífico, Editor Científico ou Diretor Científico: pessoa responsável pela direção do processo de publicação e pela manutenção da qualidade científica, literária e técni-ca do periódico (Fávero13 2001); 5) Conselho Editorial: grupo de pessoas responsáveis pela elaboração das di-retrizes, estabelecendo a política editorial do periódico; 6) Comissão Editorial, Científica ou Técnica: pessoas encarregadas pela seleção dos textos a serem publica-dos, obedecendo à política editorial e aos pareceres emi-tidos pelos Relatores; 7) Relatores ou Refeers: pessoas que irão arbitrar quanto à qualidade do conteúdo dos artigos apresentados (verificação do mérito), determi-nando se deverão ser aceitos ou não para publicação; 8) Indexação: o Editor Científico deve procurar indexar o periódico nas principais Bases de Dados de sua área temática; 9) Normas de Publicação ou Instruções aos Autores: informações claras e abrangentes quanto à po-lítica editorial, formato de apresentação e normalização dos artigos, orientando os autores para a elaboração dos trabalhos condizentes com as normas de publicação.

Com o desenvolvimento da ciência e visando assegu-rar a qualidade das pesquisas realizadas nas áreas espe-cíficas do conhecimento, a Capes, responsável por cre-denciar e avaliar os cursos de pós-graduação Stricto Sensu (em nível de Mestrado e Doutorado), definiu critérios de avaliação de periódicos onde é divulgada a produção intelectual gerada pelos referidos Programas, denomina-dos Qualis. Assim, segundo a Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Superior8 (2004),

Qualis é o resultado do processo de classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós-gradu-ação para a divulgação da produção intelectual de seus docentes e alunos. Tal processo foi concebido pela CAPES para atender a necessidades específicas

do sistema de avaliação e baseia-se nas informações fornecidas pelos programas pelo Coleta de Dados [...] A classificação é feita ou coordenada pelo repre-sentante de cada área e passa por processo anual de atualização. Os veículos de divulgação citados pelos programas de pós-graduação são enquadrados em categorias indicativas da qualidade - A, B ou C e do seu âmbito de circulação - local, nacional ou inter-nacional.A base de dados Qualis encontra-se disponível no

endereço http://qualis.Capes.gov.br/Qualis/, clicar no ícone consulta e selecionar a forma desejada para a veri-ficação do periódico: por Título do Periódico, por Área de Avaliação (selecionar Odontologia, filtrando a classi-ficação e a circulação) ou por ISSN do Periódico. Essa importante fonte de informação proporciona a verifi-cação da classificação e conseqüentemente da qualida-de dos periódicos da área de Odontologia e das demais áreas do conhecimento.

A base de dados Journal Citation Report (JCR) apre-senta dados estatísticos que permitem determinar a im-portância dos periódicos internacionais em suas respec-tivas categorias temáticas. Segundo Pinto e Andrade23

(1999, p. 450), o JCR reúne os dados do Science Cita-tion Index, Social Science Citation Index e do Arts and Humanities Citation Index, organizando as informações no sentido de possibilitar a indicação do número de ci-tações dos artigos publicados nele próprio e nos demais periódicos indexados. Assim, a determinação do índice do fator de impacto de um periódico permite aos auto-res/pesquisadores da área de Odontologia e das diver-sas áreas do conhecimento identificar os periódicos nos quais desejam publicar e quais os periódicos relevantes dentro de sua área de pesquisa.

Nesse contexto, um artigo científico de qualidade será publicado em um periódico como tal e este, por sua vez, será indexado nas melhores bases de dados de sua respectiva área, atendendo assim às necessidades in-formacionais dos pesquisadores, que num primeiro mo-mento, também estiveram na qualidade de autor.

ARTIGO cIeNTÍFIcODe acordo com a norma técnica NBR 60223 (2003,

p. 2), artigo de científico é a “parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento.”

Essa comunicação dos resultados originais de uma

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pesquisa deve ser escrita de maneira clara e concisa para que outros autores/pesquisadores possam repetir o ex-perimento.

Sendo assim, os artigos científicos quanto à originali-dade do conteúdo podem ser apresentados como: artigo original ou artigo de revisão.

O artigo original caracteriza-se por relatar trabalhos originais completos, que envolvem abordagens teórico-práticas referentes a pesquisas, indicando resultados conclusivos e significativos. Esse tipo de artigo apresen-ta temas ou abordagens próprias, que contribuem para o conhecimento e subseqüente desenvolvimento de uma área de pesquisa científica. Geralmente apresenta resultados de pesquisa, relatos de experiência, estudos de caso, entre outros, como descritos: Relato de Caso Clínico, que divulga o conhecimento referente aos as-pectos clínico-patológicos de um tema específico, bem como novas técnicas, terapias, diagnósticos, patologias. O relato de caso clínico contribui para o desenvolvimen-to do plano de tratamento de um paciente, bem como auxilia profissionais da área de Ciências da Saúde, como a Odontologia, na tomada de decisões e resolução de problemas; Artigo de Atualização: aborda informações publicadas sobre tema de interesse para determinada es-pecialidade; Nota Prévia: informações sobre pesquisas novas, sem contudo oferecer detalhes que permitam a sua verificação, sendo sua redação informal e de manei-ra concisa; Comunicação: relata resultados conclusivos de forma concisa ou resultados parciais de um trabalho mais amplo. A estrutura será diferente em relação ao ar-tigo científico, pois não terá introdução, material e mé-todos, resultados e discussão. A finalidade é possibilitar investigações futuras.

Quanto ao Artigo de Revisão, esse tem como caracte-rística relatar o conhecimento explícito disponível sobre um determinado tema, mediante análise e interpretação da produção científica existente e de informações já pu-blicadas. O artigo de revisão começou a ser produzido na última década do século XIX, apresentando o resul-tado de pesquisa de revisão de literatura.

eSTRUTURA dO ARTIGO cIeNTÍFIcOConforme Day9 (2001, p. 11), “um artigo científico

é organizado para preencher as necessidades de uma publicação válida. Ele é, ou deveria ser, altamente esti-lizado, com partes componentes distintas e claramente evidentes”.

Dessa maneira, a ABNT estabelece um padrão para a elaboração de artigo científico por meio da norma téc-nica NBR 6022/maio 2003.

Segundo essa norma, o artigo científico é dividido em elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais, sendo: 1) Elementos pré-textuais: título e subtítulo, autor(es), resu-mo na língua do texto, palavras-chave na língua do texto; 2) Elementos textuais: introdução, desenvolvimento e conclusão; 3) Elementos pós-textuais: título e subtítulo em língua estrangeira, resumo em língua estrangeira, pa-lavras-chave em língua estrangeira, nota(s) explicativa(s), referências, glossário, apêndice(s), anexo(s).

Cabe ressaltar que os elementos pré-textual (Resu-mo) e o pós-textual (Referências) devem seguir um pa-drão já estabelecido por uma norma técnica, como foi abordado anteriormente no item Pesquisa bibliográfica: fase de realização.

RedAÇãO dO ARTIGO cIeNTÍFIcOSecaf26 (2004) coloca que a redação do artigo cientí-

fico deve ser clara, onde o autor deve expressar os seus conhecimentos sobre o tema abordado. A utilização da linguagem vernácula deve ser feita de maneira precisa para a explicitação simples e objetiva de suas idéias.

A coerência dentro do texto deve estar presente, prin-cipalmente na utilização de nomes, símbolos e números, obedecendo à uniformidade na sua apresentação.

Outro aspecto importante na redação científica é a fidelidade, pela qual “o texto de outro autor pode e deve ser interpretado, mas não distorcido e nunca omitida a fonte primária na citação do texto e nas Referências Bi-bliográficas” (Secaf26, 2004, p. 49).

A norma NBR 10520/agosto 2002 da ABNT orienta quanto aos procedimentos de citações em documentos, sejam essas citações diretas - transcrição textual de parte da obra do autor consultado, conservando-se a grafia, pontuação, uso de maiúsculas e idioma – ou citações in-diretas – redigida pelo autor do trabalho, baseando-se nas idéias constantes na obra do autor consultado.

Matos19 (1985) estabelece 8 princípios do CITAR: 1) cite com um propósito bem claro, definido, relevante; 2) seja parcimonioso (como cientista) e breve como cita-dor; 3) atribua às suas citações um valor razoável; 4) faça citações integradas; 5) cite diretamente da fonte, quan-do tal procedimento der mais força à sua argumentação do que a estratégia da paráfrase (dizer em suas próprias palavras); 6) cite com exatidão; 7) traduza as citações

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em língua estrangeira, para facilitar o “processamen-to” de seus leitores; 8) identifique sempre o(s) autor(es) citado(s) ou mencionado(s).

A redação científica prima por sua clareza, concisão e estruturação das partes do trabalho. A simplicidade em sua apresentação e o estilo do(s) autor(s) devem pro-porcionar uma leitura agradável ao público acadêmico/científico.

dIvUlGAÇãO dO TRABAlHO cIeNTÍFIcOApós as fases de preparação, realização e comunica-

ção da pesquisa bibliográfica, o trabalho deve ser divul-gado para a comunidade científica e para a sociedade, além de contribuir para a avaliação da produção científi-ca dos pesquisadores e das próprias Instituições.

Essa divulgação dar-se-á por meio da indexação dos trabalhos em Bases de Dados internacionais e nacionais nas áreas de Ciências da Saúde e Odontologia, como também nas Bibliotecas especializadas da área de Odon-tologia e afins, por meio de seus catálogos manuais e/ou eletrônicos.

cONSIdeRAÇÕeS FINAISSegundo Salomon25 (2004, p. 152), a pesquisa cien-

tífica é um “trabalho empreendido metodologicamente, quando surge um problema, para o qual se procura a so-lução adequada de natureza científica.” Para tanto, faz-se necessário, dentro do contexto da metodologia, um bom planejamento e organização para um desempenho eficaz da pesquisa bibliográfica que atenda às necessida-des do pesquisador. Realizada essa tarefa, a escolha de um excelente canal de comunicação para a apresentação dos resultados do trabalho científico à sociedade e à co-munidade científica demanda também conhecimento e pesquisa prévia.

Estrela12 (2001, p. 104) coloca que, Todo trabalho científico é composto por etapas siste-

máticas e orientadas para alcançar os objetivos propos-tos. A avaliação de um trabalho científico compreende

o conteúdo e a forma de apresentação. Assim, para que se possa apresentar e desenvolver uma pesquisa, em que se objetiva obter importantes resultados e conclusões, a estruturação metodológica e descritiva também deve ser valorizada.

“A informação registrada é submetida a um conjun-to de operações antes de chegar ao usuário. Estas compreendem: geração, normalização, disseminação, armazenagem, manipulação e recuperação.” (Mar-cantonio, Santos e Lehfeld18, 1996, p. 17).

Uma investigação científica de qualidade requer uma literatura científica com potencial teórico composto de obras de referência, trabalhos atuais e retrospectivos (se necessário) sobre o assunto. Uma infra-estrutura mo-derna para a realização do levantamento bibliográfico, tanto no sentido tecnológico quanto informacional, é muito importante.

A pesquisa bibliográfica, dentro de sua estrutura e finalidade, permite ao pesquisador a realização de um trabalho científico que atenda aos objetivos propostos, com critérios e metodologia, em consonância com suas necessidades de pesquisador e contribuinte da comuni-dade científica odontolólogica.

Assim,

A metodologia da pesquisa caracteriza-se pela pro-posta de discutir e avaliar as características essenciais da ciência e de outras formas de conhecimento; as abordagens metodológicas, enfocando o planeja-mento, a apresentação de projetos e a execução dos mesmos, bem como a elaboração de relatórios, defe-sas e divulgação dos trabalhos de pesquisa embasa-dos na ética profissional. (Passerino22, 2004).

O compromisso do pesquisador com a sua “arte de investigar” estimula a realização de pesquisas de alto nível, obedecendo aos preceitos exigidos pela ciência, pela ética e pelo seu próprio meio científico, acadêmico e social.

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OclUSãO deNTÁRIA: deNTIÇãO decÍdUA

TÍTUlO e SUBTÍTUlO

Referência

* Ferreira RI, Barreira AK, Soares CD, Alves AC. Prevalência de características da oclusão normal na dentição decídua. Pesqui Odontol Bras jan-/mar. 2001; 15(1):23-8. Disponível em: <http://www.scielo.br> 24 jul. 2004.

ReSUMO

Verificaram-se os padrões oclusais normais da dentição decídua em crianças pré-escolares brasileiras. A amostra foi constituída por 356 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária de 3-5 ½ anos e residen-tes na cidade de Salvador. O exame de oclusão foi realizado na sala de aula, por duas examinadoras, utilizando-se uma espátula de madeira. Os dados foram analisados pelo EPI-INFO 6.02, aplicando-se o teste c2. A freqüência do arco tipo I foi de 43,3% para a arcada superior e 46,3% para a inferior. O arco tipo II esteve presente em 56,7% das arcadas superiores e em 53,7% das inferiores, entretanto, sem diferença entre os sexos. A distribuição dos espaços primatas foi de 89,9% para o arco superior e 67,1% no arco inferior, diminuindo significativamente tal prevalência com o aumento das idades (p < 0,01). A relação canina normal foi encontrada em quase 60% das crianças, para ambos os lados. Dos 712 planos terminais distais avaliados, 55,9% apresentaram plano terminal mesial para os segundos molares decíduos; 37,9% plano terminal reto e 6,2% degrau distal. Os resultados permitem concluir que a presença dos espaços interincisais generalizados, comumente relatados por outros autores, não foi o mais freqüente para ambos os arcos nesta amostra, contudo, os espaços primatas foram os mais prevalentes. Os freqüentes padrões normais de oclusão para as relações canino e molar foram os de Classe I.

24. Ruiz JA. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 4a ed São Paulo: Atlas; 1996.

25. Salomon DV. Como fazer uma monografia. 11a ed. São Paulo: Martins Fontes; 2004.

26. Secaf V. Artigo científico: do desafio à conquista. 3a ed São Paulo: Green Forest do Brasil; 2004.

27. Severino AJ. Metodologia do trabalho científico. 22ª ed rev ampl São Paulo: Cortez; 2002.

28. Vopato, G. L, Freitas EG. Desafios na publicação científica. Pesqui Odontol Bras v. 17, p. 49-56, 2003. Suplemento 1.

Recebido em 4/10/2005 Aceito em 21/08/2006

APÊNdIce - Ficha de documentação: modelo2

2 Dados extraídos e adptados de: Ferreira RI, Barreira AK, Soares CD, Alves AC. Prevalência de caracte-rísticas da oclusão normal na dentição decídua. Pesqui Odontol Bras jan-/mar. 2001; 15(1):23-8. Disponível em: <http://www.scielo.br> 24 jul. 2004.

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ReSUMOA iniciação profissional representa uma etapa difícil para todo recém-formado na área de Odontologia, porque muitas decisões tomadas nesse momento refletirão na satisfação profissional do novo cirurgião-dentista. Por esse motivo, torna-se fundamental efetuar a escolha mais correta do caminho a seguir, seja na área privada ou pública, sabendo-se as vantagens e dificuldades de cada área.

deScRITOReS: Odontologia - Educação em Odontologia – Mercado de trabalho - Prática profissio-nal.

ABSTRAcT

The start of one’s professional practice is a difficult phase for all newly-graduated dental professionals. Since many decisions made at this point may reflect in the professional satisfaction of the new dental sur-geon. Due to such, it is fundamental to make the most correct choice with regard to the path to be follo-wed, whether in private or public practice, aware of the advantages and difficulties that each present.

deScRIPTORS: Dentistry – Education, dental – Job market – Professional practice

INIcIAÇãO PROFISSIONAl eM OdONTOlOGIA

PROFESSIONAL INICIATION IN DENTISTRY

Carina Sinclér delfino *Juliana Abdallah Atoui *Juliano Fernandes Sassi *Marcelo Filadelfo Silva *

Márcio de Menezes *Paulo César Saquy **

* Mestrandos de Dentística do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP** Professor Livre-Docente do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP

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INTROdUÇãOA iniciação profissional começa na escolha da profis-

são. É fundamental ter conhecimento sobre suas compe-tências e potencialidades. Para isso, geralmente, o acompa-nhamento profissional é imprescindível. Através de uma análise, o psicólogo tem condições de avaliar os aspectos de personalidade mais favoráveis para determinadas ativi-dades e traçar um plano de desenvolvimento adequado. Muitas frustrações na escolha da carreira ocorrem porque o jovem nem sempre escolhe uma profissão compatível com a sua vocação e habilidade.

Assim, o jovem deve ser capaz de fazer ajustes na escolha profissional e diminuir significativamente a pos-sibilidade de decepção com a profissão eleita.

A proposta deste trabalho é realizar uma revisão de literatura que oriente o recém-formado em relação à sua inserção no mercado de trabalho.

MeRcAdO de TRABAlHOSegundo Nicoletti9, (2003), o mercado de trabalho

para o profissional recém-formado em Odontologia é muito concorrido. No Estado de São Paulo, há 1 dentis-ta para cada grupo de 665 habitantes (mais que o dobro recomendado pela Organização Mundial de Saúde) e 46 Faculdades de Odontologia, que formaram, apenas no ano passado, 2.638 profissionais.

Além disso, o recém-formado em Odontologia vai se deparar com algumas variáveis que, segundo Gdikian7, (2001), poderão, sem dúvida, alterar a verdadeira função social da Odontologia. Dentre elas: excesso de faculda-des, carência cultural e financeira da sociedade, ausência da macro-políticas de prevenção e promoção da saúde oral, despolitização da classe odontológica e planos de assistência odontológica. Estes últimos podem colabo-rar para o aumento do acesso da população ao tratamen-to odontológico, porém estão longe de atuar dentro da necessidade dos profissionais e da sociedade.

Marucci8 (2003) relata que para ser um bom dentista é preciso gostar de atuar na área da saúde, ter concentra-ção, paciência, habilidade com as mãos, gostar de ajudar o próximo e de lidar com o público em geral.

O profissional de Odontologia pode exercer a pro-fissão como clínico geral ou especialista, nas diferentes áreas odontológicas.Neste caso, o título de especialista é obtido após a conclusão da graduação, por meio de cursos oferecidos para cada área, como Cirurgia e Trau-matologia Bucomaxilofacial, Cirurgia Oral, Dentística,

Periodontia, Endodontia, Oclusão, Implantodontia, Odontologia em Saúde Coletiva, Odontologia Legal, Odontopediatria, Ortodontia, Ortopedia Facial, Prótese e Radiologia. O dentista pode ainda se dedicar à carreira de professor e pesquisador.

As áreas de atuação podem ser clínicas particulares, escolas, instituições previdenciárias, sindicatos, empre-sas, hospitais, pronto-socorros, exército, policlínicas, serviços privados ou públicos.

Com a relação aos serviços públicos, vem se desta-cando o PSF (Programa de Saúde da Família).

- Programa de Saúde da FamíliaO principal propósito do PSF é a inversão do mode-

lo assistencial vigente, sabidamente centrado na doen-ça. O PSF tem um imenso potencial na medida em que elege, como estratégia, o aprofundamento dos laços de compromissos e responsabilidades entre as autoridades sanitárias, as instituições, os profissionais de saúde e a população. Não é um programa na tradição corrente do Ministério da Saúde, ou seja, não é uma estratégia para-lela na organização de serviços. Trata-se, na realidade, de uma proposta substitutiva de reestruturação do modelo assistencial (Brasil-Ministério da Saúde2, 2000).

Outro ponto importante é o trabalho inter e multi-disciplinar que não se restringe a médico da família, mas à equipe de saúde da família. Não se trata de compre-ender a equipe como elemento modificador do sistema, agregada a uma unidade preparada histórica, teórica e administrativamente para exercer outro tipo de cuidado à saúde. A importância estratégica do PSF é conseguir substituir a porta de entrada do Sistema por outra inter-face, que não seja isolada do restante do SUS, como uma proposta substitutiva que contempla dimensões técni-ca, política e administrativa (Brasil-Ministério da Saúde1 2000).

É de fundamental importância a articulação das ações produzidas pelo PSF com outras especialidades do setor de saúde e de outros setores, buscando o atendimen-to integral das necessidades da população. Isso signifi-ca responsabilizar-se com todos os críticos do Sistema, partes integrantes de sua organização.

O que deve ser destacado, com a idéia da “Saúde da Família” na esfera odontológica, é que a assistência com base no domicílio introduziu uma nova lógica assisten-cial que rompe, com a prática histórica da Odontologia, essencialmente centrada no alívio da dor e no trabalho dentro das quatro paredes do consultório.

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Com a expansão do PSF – meta de 20 mil equipes para 2.003 – a estimativa é de que as ações de saúde bucal dêem cobertura para mais de 96 milhões de bra-sileiros, 56,57% da população do país (Brasil-Ministério da Saúde1 2000).

Nos municípios com até 5 mil habitantes, a previsão é de uma equipe de saúde bucal para cada equipe de Saúde da Família. Nos municípios com mais de 5 mil ha-bitantes, o plano prevê uma equipe de saúde bucal para cada duas equipes de Saúde da Família (Brasil-Ministério da Saúde1 2000).

Além do interesse da categoria profissional e do Mi-nistério da Saúde na inclusão do cirurgião-dentista no PSF, também há interesse por parte dos gestores mu-nicipais.

lOcAlIZAÇãO A escolha do local onde o cirurgião-dentista irá ins-

talar seu consultório e a compra dos equipamentos, é o primeiro problema a ser enfrentado. Em muitos casos, o dentista opta por instalar o consultório na cidade de seus familiares, havendo vantagens e desvantagens (Saquy e Pécora10, 1996).

O profissional deve fazer um estudo minucioso de todas as possibilidades, antes de tomar qualquer decisão, verificando se a opção desejada é mais conveniente, o que nem sempre é a mais fácil (Saquy e Pécora10 1996).

Alguns princípios básicos devem estar presentes na mente do cirurgião-dentista, que busca iniciar-se pro-fissionalmente. Primeiro: instalar-se em locais onde a população necessita de atendimento odontológico. Se-gundo: cidades onde a proporção seja de 01 cirurgião-dentista para 1.000 habitantes; e por último prestar ser-viço à comunidade, onde se pode exercer a Odontologia com satisfação (Saquy e Pécora10 1996).

Não menos importante que a decisão da escolha da localidade é o cirurgião-dentista conhecer sua capacida-de profissional. Quanto menor a localidade, menor será a troca de informações do ponto de vista profissional em função do menor número de profissionais.

Tão difícil quanto escolher a cidade, para aqueles que decidem instalar seu consultório em um grande centro, é eleger o bairro. Circunstâncias parecidas com aquelas determinadas pela escolha da cidade indicarão o bairro de eleição para o dentista. O profissional deve ter em mente que nem sempre o sucesso financeiro está ligado ao fato de montar o consultório em um bairro de classe

alta. O dentista pode obter êxito financeiro, instalando seu consultório em bairro de classe baixa.

Em qualquer localidade, o importante é iniciar o mais breve possível. É muito difícil estabelecer as vantagens e as desvantagens para a escolha da localidade onde o consultório vai ser montado.

Tudo depende das aspirações do recém-formado. Se as aspirações são obter um grande êxito, não só do ponto de vista econômico, mas principalmente social, o consultório poderá ser instalado em uma pequena locali-dade. Se o dentista almeja uma vida tranqüila, não pode-rá eleger o centro de uma grande cidade para instalação do seu consultório.

O profissional deve fazer um estudo minucioso de todas as possibilidades, antes de tomar qualquer decisão, verificando se a opção é a mais conveniente, o que nem sempre é a mais fácil. Não devendo deixar-se levar pelos impulsos da primeira oferta de trabalho, muito menos pelo fato de estar necessitando iniciar-se profissional-mente (Saquy e Pécora10 1996).

- Localização em grandes cidadesQuando opta por uma grande cidade, o profissional

deve, em primeiro lugar, refletir profundamente acerca das dificuldades e facilidades que os grandes centros oferecem. Deve analisar as possibilidades da adaptação ou readaptação individual e familiar.

Entre as facilidades surgem maior número de opor-tunidades profissionais, visto que haverá maior número de indústrias e empresas, aumentando a possibilidade de convênios. Outra facilidade seria maior chance de conti-nuar estudando, pois nos grandes centros sempre haverá facilidades de classes atuantes, ampliando o universo dos cursos de pós-graduação. As diversões e laser também devem ser listados como facilidades nos grandes centros (Saquy e Pécora10 1996).

Existem várias dificuldades que precisam ser anali-sadas: os preços dos aluguéis são altos, aumentando as despesas do consultório; a formação da clientela é mais lenta. Outra dificuldade a ser lembrada é o problema do relacionamento entre colegas, cada vez mais difícil em função dos raros momentos de encontro.

Sempre existe uma grande dificuldade para o cirur-gião-dentista decidir-se pelo centro, por um bairro ou pelo subúrbio. E quando se decide, ainda encontra a op-ção de se fixar em um bairro ou subúrbio residencial, comercial ou industrial.

Caso o profissional necessite de equilíbrio econô-

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mico imediato, não deverá instalar-se no centro das grandes cidades e com um consultório luxuoso. Mesmo tendo aí diversas vantagens, como estreita relação com outros profissionais, facilidade de relações com labora-tórios e maior facilidade para especialistas. A verdade é que a formação da clientela é muito mais lenta, levando-se em média de dois a cinco anos, as dificuldades de locomoção no trânsito e subúrbios, onde a clientela se forma mais rapidamente, começando com um consul-tório próprio, modesto ou menos arrendado, para após equilibrar-se, e depois partir para algo melhor e maior.

- Localização em cidades médias e pequenasA instalação do consultório odontológico em cidades

de porte médio ou pequeno também tem suas facilida-des e dificuldades. As facilidades a serem analisadas são: a propaganda é mais eficiente, uma vez que a divulgação do cirurgião-dentista como profissional é mais rápida, as despesas são menores em função do menor número de opções para o consumidor, o relacionamento é mais rápido, facilitando o contato com as pessoas. Como di-ficuldades temos: as dentais e laboratórios de próteses são menores, as oportunidades para reciclagem profis-sional através de cursos são reduzidas, fazendo com que o dentista se torne um profissional rotineiro, as falhas são divulgadas rapidamente, as oportunidades de laser são menores.

- Sistema de dois consultóriosDentre os vários problemas enfrentados pelo cirur-

gião-dentista quando se inicia profissionalmente é for-mar uma clientela ampla que lhe permita viver da profis-são e desenvolvê-la normalmente. E a mesma situação enfrentada por um dentista experiente que, por outra ra-zão, muda seu consultório para outro local. Nesse caso, uma parte de seus clientes seguramente o seguirá ao novo domicílio, mas uma grande parte o abandonará.

O que fazer em tais situações?Como o dentista incrementará rapidamente sua

clientela?O que o dentista deverá fazer para obter a mesma

renda e posteriormente aumentá-la?O Sistema de dois consultórios é a solução; aprovei-

tando o existente e montando outro. Mercado mais am-plo e aumento da clientela são as oportunidades desse método. No entanto, para que esse método seja vantajo-so, algumas considerações devem constar. Em princípio, a proximidade de ambos os consultórios, que deverão estar localizados em pontos muito próximos entre si,

não superior a 15 minutos de automóvel; devem se loca-lizar no centro de áreas densamente povoadas; um dos consultórios no centro de um bairro proletário (pois os preços são mais baixos e a clientela é abundante) e outro em casa (economizando o aluguel). A seguir, ambos os consultórios devem possuir telefone e o contato de um com o outro deve ser direto, cumprindo todos os com-promissos, e para que isto seja possível, há necessidade de o dentista ter automóvel. A organização dos horários com antecipação suficiente, possibilitando a liberdade para o atendimento de emergências e contato perma-nente entre os dois consultórios (de auxiliar para auxi-liar) favorecerá, no decorrer do tempo, um aumento de 50% na renda mensal e aí, então, o profissional mudará (Saquy e Pécora10 1996).

Quanto ao investimento para a aquisição de um se-gundo consultório, o aumento da renda possibilitará um investimento que, por outro lado, não necessita ser alto.

Como conseguir uma perfeita organização dos horários?

Não ocupar um tempo maior do que necessário para cada paciente, empregando uma secretária bem treinada na execução das tarefas menores; arquivo bem ordena-do onde seja fácil localizar fichas clínicas, cálculos das despesas; o instrumental e os medicamentos deverão es-tar bem ordenados e ao alcance da mão, para se poupar tempo e esforço; um sistema eficaz de consultas, estabe-lecendo as entrevistas.

Qual dos consultórios permanecerá, e qual será desativado?

Para uma decisão com absoluta certeza, deve-se res-ponder antes às seguintes questões: Qual dos dois está situado em zona que, por si mesma, oferece suficiente e contínua provisão de pacientes? Qual dos dois consultó-rios se encontra numa região que, pelo seu nível social, permita, em certo momento, aumento de horário? Qual oferece maior intimidade, ou em qual a concorrência é menor? Qual não está situado em zona comercial ou na proximidade? Os pacientes revelam certa resistência em comparecer a consultórios em tais perímetros.

A transferência da clientela não pode ser brusca, e sim gradual e seletiva. Não esquecer que um dos consul-tórios se encontra num bairro proletário e outro numa direção distinta; portanto, as disposições terão que ser feitas levando-se em conta uma minuciosa observação das possibilidades de cada um deles.

Uma vez transferido de um a outro consultório o

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número suficiente para que o total da renda seja satisfa-tório, haverá condições de fechar um deles. Não se deve fazê-lo antes, de modo algum.

O local definitivo de trabalho terá que estar ativa-mente decorado. Se houver certa resistência por parte de alguns pacientes, isto ajudará a diminuir o efeito pro-duzido pela mudança.

O mais provável é que nem todos os pacientes do consultório fechado se transfiram para o novo. Mas isso deve ser visto como algo positivo, já que num trabalho profissional estável o acúmulo de pacientes pode ser profundamente negativo. Na realidade, o que se deseja-va era aumentar a clientela a níveis razoáveis e não acu-mular trabalho a ponto de prejudicar um atendimento eficaz. Com o sistema de duplo consultório, o primeiro propósito é viável e mais que suficiente.

MARKeTING- Marketing no consultórioCaproni3 (2002) considera que, quando um cliente

não volta ao consultório, existe algo errado que o cirur-gião-dentista não está percebendo, devido às limitações de sua visão clínica. Segundo ele, esse problema deve ser resolvido através do marketing. As coisas devem ser vistas do ponto de vista do cliente e não do cirurgião-dentista, pois marketing quer dizer atender às necessida-des, desejos e expectativas dos clientes de forma lucrati-va para o cirurgião-dentista.

Para Castro4 (2002) as estratégias e táticas de marke-ting não faltam para o sucesso do consultório. A procura pelo marketing vem crescendo dia-a-dia, indicando a for-mação de um novo profissional para os novos tempos. Ele relata, ainda, que elaborar um sistema organizado de educação de pacientes e trabalhar a correta comunicação é a ferramenta essencial no consultório.

Clementoni5 (2002) acredita que só se pode deci-dir o caminho a seguir e os meios a serem utilizados se sabendo-se exatamente aonde chegar.

Delfino et al.6 (2002) relata que a comunicação é a alma do marketing, e uma ferramenta essencial no con-sultório. Pesquisar as necessidades e desejos dos pa-cientes a fim de atendê-los resume o que é o marketing odontológico. Entretanto, precisa ter noção exata da re-lação custo-benefício, atuando de acordo com todos os aspectos mercadológicos.

- Marketing de serviçosValorizar os serviços prestados, mostrando a relação

custo/benefício. Ressaltar as vantagens dos equipamen-tos, bem como a qualidade dos materiais empregados. A utilização de avanços tecnológicos no consultório, sem dúvida, auxilia na obtenção de um marketing positivo. Novos materiais surgem a cada dia, cabendo ao cirur-gião-dentista determinar quais serão realmente úteis às suas necessidades, já que são geralmente investimentos altos (Caproni3 2002). Por exemplo, um sistema de rede de computadores, realizado de maneira adequada e or-ganizada, permite o controle dos pacientes, dos trata-mentos e o controle financeiro do consultório, além de tornar possível demonstrações simuladas com cd-rom explicativo para os pacientes. Porém, é importante sa-lientar que o cirurgião-dentista não deve concentrar-se mais na tecnologia, esquecendo-se das necessidades de seus pacientes.

cONclUSãOPara ingressar em uma profissão, apenas o conheci-

mento do mercado de trabalho, a escolha de uma loca-lização conveniente para o consultório ou a utilização adequada de estratégias de marketing não são suficien-tes, é necessária a soma desses três fatores.

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ReFeRÊNcIAS

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2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. Programa Saúde da Famí-lia. Disponível em <http://www.saude.gov.br/no-ticias/agencia/outubro.htm> Acesso em: 10 out. 2000.

3. Caproni R. Socorro! Os clientes sumiram... Os clien-tes fazem orçamento e não voltam. Não sei mais o que fazer. Disponível em <http:// odontosites.com.br/marketig.htm> Acesso em: 27 fev 2002.

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9. Nicoletti, A. Opção por carreira faz parte do amadurecimento do adolescente. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educação/ult305u7360.shtml> Acesso em: 04 set 2003.

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Recebido em 21/11/2004 Aceito em 01/01/2005

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Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo2006 set-dez; 18(3)281-6

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ReSUMOEssa revisão da literatura teve por finalidade avaliar os principais trabalhos sobre a atuação dos lasers terapêuticos tanto na reparação tecidual como na redução bacteriana em Periodontia. Apesar de ainda não existirem parâmetros totalmente definidos para a utilização desses lasers, os estudos sugerem que os mesmos parecem atuar como facilitadores da reparação tecidual e como coadjuvantes no processo de redução bacteriana quando associados a corantes fotossensíveis.deScRITOReS: Terapia a Laser de baixa intensidade – Periodontia

ABSTRAcTThis literature review had the purpose of report the activity of therapeutic lasers on gingival tissue resti-tution and on the bacterial reduces in Periodontics. Despite of doesn’t exist yet parameters totally defined to use this, the studies suggest that the therapeutic lasers seem to improve tissue restitution and facilitate the bacterial reduces when associated to photosensitizer.deScRIPTORS: Laser therapy, low-level - Periodontics

ATUAÇãO dOS lASeRS TeRAPÊUTIcOS eM PeRIOdONTIA. RevISãO de lITeRATURA.

THE USE OF THERAPEUTIC LASERS IN PERIODONTICS. LITERATURE REVIEW.

Caroline Prestes Lenharo *Paola Racy de Micheli **

Giorgio de Micheli ***ilíria Salomão Feist ****

* Especialista em Periodontia pela Fundação para o Desenvolvimento Científico e Técnico da Odontologia (FUNDECTO) da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo

** Mestre Profissional em Lasers em Odontologia pelo Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (IPEN) e FOUSP *** Professor doutor da disciplina de Periodontia do departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo .**** Mestre e Doutora em Periodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

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Lenharo CP, De Micheli PR, De Micheli G, Feist IS. Atuação dos lasers terapêuticos em periodontia. Revisão de literatura.Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)281-6

INTROdUÇãOAtualmente pode-se notar na literatura odontológica

uma intensificação de pesquisas sobre a utilização da luz laser.

A palavra laser é a abreviatura de “light amplification by stimulated emission of radiation” ou luz amplificada por emissão estimulada de radiação.

Os lasers podem ser divididos basicamente em 2 grupos: os de baixa e os de alta potência.

Em Odontologia, o emprego terapêutico dos lasers de baixa potência é conhecido pela sigla LILT (“Low Intensity Laser Therapy” ou Terapia a Laser em baixa Intensidade). Dentre esses, os mais conhecidos e estu-dados no momento são os de diodo (GaAlAs ou GaAs), com comprimento de onda variando de 660 a 909nm e os de Hélio-Neônio (HeNe), com comprimento de onda de 632nm. Esses lasers podem atuar tanto na faixa do vermelho como do infravermelho próximo do es-pectro eletromagnético.

Os lasers de baixa potência, quando utilizados nos parâmetros adequados para cada caso, podem induzir efeitos analgésicos, antiinflamatório e biomodulador, atuando sobre a microcirculação e atividade celular (Amorim2, 2001). Alguns efeitos clínicos dessa irradia-ção (redução de inflamações crônicas e aceleração da cicatrização) podem ser explicados pelo fato desses la-sers induzirem respostas fotobiológicas nas células irra-diadas, graças a mudanças fotofísicas e/ou fotoquímicas em moléculas fotoreceptoras (Karu7, 1987).

Devido a essas características, existe na Periodontia grande interesse pelo estudo do emprego da LILT na reparação tecidual e redução bacteriana (De Micheli5 et al. 2005), assunto desta revisão da literatura.

RevISTA dA lITeRATURAA revista da literatura foi dividida em dois tópicos,

reparação tecidual e redução bacteriana através da tera-pia fotodinâmica.

1) Reparação tecidual em PeriodontiaSilveira e Silveira15 (1992) avaliaram as medidas volu-

métricas do fluído do sulco gengival de 30 pacientes com gengiva clinicamente sadia antes e após a aplicação de la-ser de diodo GaAs (904nm)*, por 2min e com potência de 6mW. Verificaram um aumento significativo do fluído

gengival imediatamente após a aplicação do laser. Esse fato levou-os a concluir que esse laser possuía grande efi-cácia como ativador da microcirculação local, promoven-do maior transudação e drenagem linfática. Os autores acreditavam que esse laser, nesses parâmetros, poderia au-xiliar na resolução de lesões inflamatórias e induzir uma maior velocidade no processo de reparação gengival.

Rydén et al.12 (1994) fizeram uma pesquisa para ve-rificar a eficácia do laser de diodo GaAs (904nm)** na redução da inflamação gengival. Para isso, induziram gengivite em 10 pacientes do sexo feminino, que ficaram sem utilização das medidas de higiene bucal durante 28 dias. Utilizaram o seguinte protocolo de irradiação do laser: potência de 1mW, densidade de energia de 0.5J/cm2, 2 aplicações de 4min, com intervalo de 3 dias entre elas. Quanto à formação de placa e sangramento gengi-val, não notaram diferenças estatisticamente significan-tes entre o lado irradiado e o lado que não recebeu irra-diação. Através desses resultados, os autores concluíram que a aplicação desse laser não alterou o processo de formação de placa e nem a inflamação gengival.

Loevschall e Arenholt-Bindslev10 (1994) executaram um estudo, in vitro, com o objetivo de desenvolver um método padronizado e reproduzível da terapia com laser de diodo GaAlAs (812nm)*** que influenciasse a ve-locidade de proliferação de culturas de fibroblastos da gengiva humana. Através dos resultados, notaram que, com uma potência de 84mW e densidade de energia de 0.45J/cm2, esse laser foi capaz de estimular a síntese de DNA, o que poderia ser interessante para aumentar a proliferação das células em questão.

Neiburger11 (1997) fez um estudo objetivando estabe-lecer se o laser de diodo (670nm)**** seria capaz de acele-rar a reparação gengival de alvéolos humanos. Para isso, as feridas cirúrgicas de 52 pacientes submetidos a extrações dentais, foram irradiadas com esse laser com os seguintes parâmetros: densidade de energia de 1.2J/cm2, potência de 5mW e tempo de irradiação de 30seg. A observação da cura foi feita clinicamente e através de fotografias. Notou que 79% das lesões irradiadas cicatrizaram mais rápido que as do grupo-controle, as quais não foram submetidas à irradiação. Esse estudo sugeriu que esse laser, sob esse protocolo, pareceu aumentar a velocidade da reparação tecidual gengival e dos alvéolos, sem efeitos negativos.

* Medicina Laser - Continental Laser Corporation, USA.** IR CEB-UP MID Laser - SpaceLaser, Italy.*** SLD - 301V, Sony, Japan.**** MP - 1.600, Apollo, Ronkonoma, NY

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Lenharo CP, De Micheli PR, De Micheli G, Feist IS. Atuação dos lasers terapêuticos em periodontia. Revisão de literatura.Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)281-6

Sakurai et al.13 (2000) fizeram um estudo com a fina-lidade de determinar a ação do laser de diodo GaAlAs (830nm)* na produção de prostaglandina E2 (PGE2) por fibroblastos da gengiva de humanos, em resposta à invasão de lipolissacarídeos (LPS) de patógenos perio-dontais gram-negativos. O diâmetro do feixe da luz laser utilizado foi de 130mm. Variaram a densidade de energia (0.95 a 6.32J/cm2), durante diferentes tempos de expo-sição (3 a 20min). Concluíram que o efeito desse laser, com 700mW de potência, durante tempos superiores a 10min, inibiu significantemente a produção de PGE2. Esse fato levou-os a inferir que esse laser poderá ter be-nefícios terapêuticos contra o agravamento de infecções bacterianas como gengivites e periodontites, pois PGE2 é um estimulador de inflamação e reabsorção óssea.

Schlager et al.14 (2000) realizaram um estudo com a fi-nalidade de verificar se o laser de diodo (635 e 690nm)** poderia acelerar o processo de cicatrização de feridas gengivais. Utilizaram para isso 30 ratos, os quais foram divididos em 3 grupos: Grupo A - controle (sem trata-mento); Grupo B - aplicação do laser, com potência de 30mW e densidade de energia de 1.5J/cm2; e Grupo C - laser com potência de 12mW e mesma densidade de energia do Grupo B. Os autores verificaram que esse laser, em ambos os comprimentos de onda, não acele-rou o processo de cicatrização, promovendo resultados cicatriciais semelhantes ao grupo-controle.

Amorim2 (2001) avaliou clínica e biometricamente, em humanos, o processo de reparação tecidual utilizan-do o laser de diodo GaAlAs (685nm)***. A irradiação foi realizada com potência de 50mW, durante 80seg e densidade de energia de 4J/cm2, após o procedimento de gengivectomia em 7 pacientes portadores de doença periodontal. Verificou que do ponto de vista clínico, as feridas tratadas com laser exibiram reparação mais favo-rável que as do grupo-controle, em todos os parâmetros analisados. Concluiu que esse laser, dentro do protocolo de utilização, poderá ser indicado como elemento coad-juvante no processo de reparação da gengivectomia.

Almeida-Lopes et al.1 (2001) realizaram um estudo, in vitro, sobre a influência da terapia com laser de diodo na proliferação de fibroblastos gengivais humanos. Utiliza-ram diferentes comprimentos de onda, com densidade de energia de 2J/cm², em 4 aplicações, com intervalo de

12h entre elas. Concluíram que a LILT agiu aumentan-do a proliferação de fibroblastos in vitro. Porém, quando usados na mesma densidade de energia, os lasers in-fravermelhos (780 e 786nm de comprimento de onda) induziram uma maior proliferação celular que os lasers visíveis (670 e 692nm de comprimento de onda).

Kreisler et al.9 (2002) investigaram a atuação, in vitro, do laser de diodo GaAlAs (809nm)**** na velocidade de proliferação de fibroblastos da gengiva humana. Empre-garam esse laser com potência de 10mW, no modo con-tínuo, com diferentes densidades de energia (1.96, 3.92 e 7.84 J/cm²), em distintos tempos de exposição (75, 150 e 300seg respectivamente), a uma distância de 9mm das amostras. Observaram que as células irradiadas apresen-taram maior atividade de proliferação nas primeiras 24h. Porém, esse resultado era reduzido após 72h. de acompa-nhamento. Os autores inferiram que o laser pareceu ter efeito sobre as células, mas com duração limitada. Entre-tanto, deduziram que isso pode ser clinicamente relevante, indicando que repetidos tratamentos são necessários para alcançar um efeito clínico positivo com esse laser.

Damante4 (2003), realizou um estudo histológico em 16 pacientes observando a cicatrização gengival após gengivoplastia convencional com ou sem a aplicação do laser de diodo (GaAlAs-670 nm). A aplicação do laser foi realizada de forma pontual, cobrindo toda a ferida, com densidade de energia de 4J/cm2 por ponto. A análise clínica e morfométrica não mostrou diferenças entre os grupos concluindo-se que a terapia a laser, nessas condi-ções, não influenciou a cicatrização da mucosa oral.

Em relação à regeneração óssea, Khadra et al.8 (2004), avaliaram a reparação de defeitos criados em calvária de ratos após a irradiação com laser. Na análise histoquími-ca, houve maior produção de cálcio, fósforo e proteínas enquanto que na histológica houve pronunciada angio-gênese, produção de tecido conjuntivo e ósseo nos sítios irradiados.

2) Terapia FotodinâmicaWilson et al.16 (1993) realizaram um estudo, in vitro, em

culturas bacterianas, com a finalidade de avaliar, quanti-tativamente, a redução de alguns microrganismos (Por-phyromonas gingivalis – Pg, Fusobacterium nucleatum – Fn e Actinobacillus actinomycetemcomitans – Aa),

* MP - 1600, Apollo, Ronkonoma, NY.** Minilaser 2030F, Helbo Medizintechnik, Aústria*** Laser Bean, Rio de Janeiro , Brasil.**** Oralaser Voxx - Oralia GmbH, 78467 Konstanz, Germany.

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Lenharo CP, De Micheli PR, De Micheli G, Feist IS. Atuação dos lasers terapêuticos em periodontia. Revisão de literatura.Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)281-6

através da LILT em combinação com o uso de fotosen-sibilizadores. Utilizaram um laser de HeNe (632.8nm)*, com potência de 7.3mW, durante 80seg e os seguintes fo-tossensibilizadores: azul de toluidina O (TBO), azul de metileno, alumínio dissulfonado phthalocyanine e éster diaematoporfirina. Concluíram que a irradiação com laser, sem uso prévio de fotossensibilizadores, não teve eficácia na redução bacteriana. TBO e azul de metileno, ativados pelo laser de HeNe, foram os fotossensibilizadores mais efetivos, pois possibilitaram a redução dos 3 microrganis-mos estudados. Esse fato pode ser explicado devido à boa capacidade desses corantes em absorver o comprimento de onda utilizado. Os autores concluíram que esse laser, mesmo quando usado em baixas dosagens (22J/cm2), juntamente com o uso de fotossensibilizadores, se mos-trou efetivo para reduzir essas bactérias, in vitro.

Bhatti et al.3 (1997) estudaram, in vitro, os efeitos obti-dos com a associação do laser de HeNe (632,8nm)* e do corante TBO, na fotossensibilização letal de Porfiromo-nas gengivalis (Pg). Para isso, esse laser foi utilizado com potência de 7.3mW, diâmetro do feixe de 1.3mm, den-sidade de energia de 0.4J/cm2, durante 1, 5 e 15min. O corante TBO foi empregado em diversas concentrações (12.5 à 50mg/ml), com pH variando entre 6.5, 7.3 e 8.0. Os resultados mostraram que quanto maior a concen-tração do TBO havia diminuição da morte das bactérias. Verificaram também a influência do pH nos resultados, visto que com pH de 7.3 houve maior número de mor-te das bactérias. Os autores concluíram que a Pg pode ser efetivamente destruída pela irradiação com laser de HeNe após prévio uso de TBO sob diversas condições in vitro. Sugeriram também, que se essa condição tiver a mesma efetividade in vivo, essa terapia poderá oferecer uma alternativa ao uso de antibióticos no tratamento das doenças periodontais agressivas.

Dörtbudak et al.6 (2001) realizaram um estudo, in vivo, a fim de examinar a ação da terapia fotodinâmica na redução das seguintes bactérias: Actinobacillus acti-nomycetemcomitans – Aa, Porphyromonas gingivalis – Pg, e Prevotella intermédia – Pi, no tratamento da doen-ça periodontal (DP). Para isso, utilizaram o corante TBO e o laser de diodo (690nm)**, com uma potência de 75mW, durante 1min. Observaram que esse tratamento, apesar de não ter eliminado completamente as bactérias, reduziu consideravelmente os seus níveis, principalmen-

te Pg e Pi. Mesmo assim, os autores acreditam que essa terapêutica poderá ser um método adicional válido para o tratamento de pacientes com DP.

Yilmaz et al.17 (2002) avaliaram, em humanos com DP, em curto prazo, a redução de bactérias estritamen-te anaeróbicas e melhoras dos parâmetros clínicos atra-vés de diferentes tipos de tratamentos. Selecionaram 10 pacientes, nos quais cada quadrante da cavidade bucal recebeu um tipo de tratamento: 1 – Raspagem e Alisa-mento Corono Radicular (RACR); 2 – irradiação com laser após a aplicação do corante azul de metileno; 3 – RACR seguida do emprego do corante azul de metileno e irradiação com laser; 4 –instruções de higiene bucal. O laser utilizado foi o de diodo GaAs (685nm)***, no se-guinte protoloco de irradiação: freqüência de 5.0Hz, po-tência de 30mW e densidade de energia de 1.6J/cm2. Os resultados indicaram que tanto no grupo que recebeu apenas RACR como no grupo que recebeu RACR com laser e azul de metileno, houve redução das bactérias e melhoras clínicas. Já os outros grupos tiveram efeitos mais limitados. Os autores concluíram que a LILT não forneceu benefícios adicionais sobre a RACR.

dIScUSSãOO uso dos aparelhos de laser tem crescido ampla-

mente na Odontologia. A utilização principalmente dos lasers de baixa potência, devido ao seu custo inferior quando comparado aos lasers cirúrgicos e de alta po-tência, intensificou-se tanto na clínica diária, como em trabalhos de pesquisa.

LILT é o emprego terapêutico de lasers de baixa potência, que atuam na faixa do vermelho ou infraver-melho próxima do espectro eletromagnético. Os efeitos analgésico, antiinflamatório, e biomodulador desses la-sers têm sido descritos e comprovados pela literatura, e não produzem resultados térmicos (Amorim2, 2001).

Segundo De Micheli et al.5 (2005), em Periodontia o uso da LILT tem sido vastamente estudado com as seguintes fi-nalidades: acelerar a reparação tecidual e promover redução e/ou morte bacteriana, quando associada ao emprego de corantes fotosensibilizadores (terapia fotodinâmica).

Com relação a essas aplicabilidades, pode-se verificar uma concordância entre os autores tanto na utilização desses lasers na reparação tecidual (Silveira e Silveira15, 1992; Loevschall e Arenholt-Bindslev10, 1994; Neibur-

* Nec corporation, Japan** Helbo Medizintechinik, Grieskirchen, Áustria.*** BTL - 2000 Prague, Check Rep., BTL Co., Check Rep.

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Lenharo CP, De Micheli PR, De Micheli G, Feist IS. Atuação dos lasers terapêuticos em periodontia. Revisão de literatura.Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)281-6

ger11, 1997; Sakurai et al.13, 2000; Amorim2, 2001; Almeida-Lopes et al.1, 2001), quanto na redução bacteriana quando combinados aos corantes fotosensibilizadores (Wilson et al.16, 1993; Bhatti et al.3, 1997; Dörtbudak et al.6, 2001). Porém algumas pesquisas acham que o uso da LILT é desnecessário, pelo fato de não adicionar nenhum efeito benéfico às terapias periodontais convencionais (Rydén et al.12, 1994; Schlager et al.14, 2000; Yilmaz et al.17, 2002). No entanto, nenhum dos trabalhos analisados divulgou que a LILT se mostrou capaz de promover resultados negati-vos, o que já é bastante encorajador.

Pela análise dos trabalhos estudados, verificou-se que os lasers de baixa potência mais utilizados para a acelera-ção da cicatrização e redução bacteriana são os de HeNe (623.8nm) e os de diodo GaAlAs ou GaAs (635 à 904nm).

Quando a luz encontra as células, se administrada na dose, intensidade e comprimentos de onda corretos, certas funções celulares podem ser estimuladas.

Atualmente, temos na literatura diversos relatos da utilização da LILT na reparação tecidual, tanto in vivo (Silveira e Silveira15, 1992; Rydén et al.12, 1994; Neibur-ger11, 1997; Schlager et al.14, 2000; Amorim2, 2001), como in vitro (Loevschall e Arenholt-Bindslev10, 1994; Sakurai et al.13, 2000; Almeida-Lopes et al.1, 2001; Kreisler et al.9, 2002).

Nos trabalhos in vivo analisados, diferentes autores (Sil-veira e Silveira15, 1992; Neiburger11, 1997; Amorim2, 2001) demonstraram uma superioridade no uso da LILT, mesmo sob diferentes protocolos de irradiação, para a aceleração da velocidade do processo de reparação tecidual gengival.

Silveira e Silveira15 (1992) notaram que a LILT mos-trou-se capaz de aumentar a circulação do fluído gengival, ativando a microcirculação local e a drenagem linfática, induzindo uma cicatrização mais rápida. Esse fato con-diz com os estudos de Amorim2 (2001), o qual evidencia que a LILT pode ser indicada como coadjuvante no trata-mento periodontal na cicatrização de gengivectomia, por ter sido capaz de produzir uma reparação mais favorável. Essas observações levam a cogitar o fato de que a LILT futuramente possa ajudar na resolução de lesões inflama-tórias, induzindo uma maior velocidade de reparação.

Entretanto, ainda em trabalhos in vivo, alguns autores (Rydén et al.12, 1994; Schlager et al.14, 2000), relataram que a LILT não alterou o processo de inflamação e cica-trização gengival, não demonstrando vantagens sobre a prática comumente utilizada.

Por isso é válido relembrar que essa terapia poderá

ser útil como coadjuvante às terapias convencionais, e não como substituta.

Diversos autores (Loevschall e Arenholt-Bindslev10, 1994; Almeida-Lopes et al.1, 2001; Kreisler et al.9, 2002) analisaram o efeito da LILT sobre culturas de fibroblas-tos da gengiva humana. Todos, mesmo utilizando di-ferentes protocolos de irradiação, foram unânimes em afirmar que os lasers de diodo estimularam a síntese de DNA, aumentando a atividade de proliferação celular. Almeida-Lopes et al.1 (2001), além disso, afirmaram que os lasers infravermelhos induziram uma maior prolife-ração dessas células que os lasers visíveis (na faixa do vermelho do espectro eletromagnético).

Ainda analisando os efeitos da LILT sobre os fibro-blastos da gengiva humana, Sakurai et al.13 (2000) nota-ram que essa terapia inibiu a produção de PGE2 pelos fibroblastos humanos. Essa observação é importante, pois essa prostaglandina é estimuladora da inflamação e reabsorção óssea. Logo, o fato de ser inibida pela LILT, parece ser benéfico contra a exacerbação de processos inflamatórios. Porém, há a ressalva de que a potência e o tempo de utilização do laser nesse trabalho eram bem al-tos (700mW durante 10min). E um tempo de exposição muito elevado não parece ser vantajoso clinicamente.

LILT parece ter também uma válida aplicabilidade na redução bacteriana, quando associada ao uso de co-rantes fotosensibilizadores (terapia fotodinâmica), tanto em estudos in vivo (Dörtbudak et al.6, 2001), como in vitro (Wilson et al.16, 1993; Bhatti et al.3, 1997). Porém Yilmaz et al.17 (2002), pela análise dos resultados de seu estudo feito in vivo, acreditam que essa terapêutica não acarretou benefícios adicionais à RACR.

Wilson et al.16 (1993) relataram que a LILT associada ao uso de corantes fotossensibilizadores, como o TBO e azul de metileno, foi útil no intuito de reduzir bac-térias periodontopatogênicas em sítios com doença pe-riodontal. Essa afirmação condiz com as observações de alguns autores (Bhatti et al.3, 1997; Dörtbudak et al.6, 2001), que ressaltaram o fato de que a LILT juntamente com TBO, foi capaz de reduzir os níveis bacterianos, parecendo um método adicional válido e que deve con-tinuar sendo pesquisado, para o tratamento de pacientes com doença periodontal.

A grande variação nos parâmetros de tratamento e protocolos utilizados dificulta uma comparação e uma análise mais crítica e precisa dos resultados obtidos nos trabalhos analisados.

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Lenharo CP, De Micheli PR, De Micheli G, Feist IS. Atuação dos lasers terapêuticos em periodontia. Revisão de literatura.Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)281-6

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Recebido em 23/05/2005 Aceito em 24/11/2005

cONclUSÕeSOs estudos analisados até o momento demonstram a

possibilidade da utilização dos lasers de baixa intensida-de HeNe (632.8nm) e Diodo (635-904nm):

- Como aceleradores da reparação tecidual;- Para redução bacteriana, quando associados a co-

rantes fotossensíveis.

Ainda não existem parâmetros totalmente definidos para a aplicação desses lasers com as finalidades acima citadas. Isso reforça ainda mais a necessidade de futu-ras pesquisas sobre as diferentes energias e protocolos de uso desses lasers para uma aplicação clínica efetiva e segura.

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Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo2006 set-dez; 18(3)287-95

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* Aluna do curso de Mestrado em Clínica integrada – Universidade Estadual de Ponta Grossa/ UEPG ** Prof. Dr. do Departamento de Química da Universidade Estadual de Ponta Grossa/ UEPG*** Prof. Dr. do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa/ UEPG

ReSUMOProcedimentos de enxerto ósseo são utilizados com freqüência em cirurgias bucais e maxilofaciais. Em decorrência desse fato, a busca de um material ideal como substituto ósseo vem sendo objeto de pesquisa por anos. Como uma alternativa para o enxerto ósseo autógeno e alógeno vem se tentando empregar uma quantidade significativa de materiais, incluindo metais, cerâmicas e polímeros. A aplicabilidade desses materiais em organismos humanos depende de suas propriedades biológicas, químicas, físicas e mecâni-cas. Dentre os materiais cerâmicos utilizados como substitutos ósseos, os vidros bioativos representam materiais promissores por apresentarem boa biocompatibilidade, promoverem união química ao osso natural e apresentarem propriedades osteocondutivas. O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão de literatura sobre a biocompatibilidade e propriedades físico-químicas de biovidros empregados como subs-titutos ósseos.deScRITOReS: Materiais biocompatíveis - Vidro - Substitutos ósseos.

ABSTRAcTBone graft procedures have been used commonly in buco-maxillo-facial surgery. For this reason, many research have been conduced to find the appropriate bone substitute. As an alternative for the autogenous and alogenous bone graft, we have trying to use significant kinds of materials, including metals, ceramic and polymeric. The applicability of these materials in human organisms depends on their biological pro-perties, chemistries, physics and mechanics. Among the ceramic materials used as bone substitutes, the bioactive glasses have222 showed good properties with the biocompatibility, able to promote chemical union to the natural bone and have osteoconductive properties. The objective of this work is to do a literature review on the biocompatibility and physiochemical properties of bioactive glasses used as bone substitutes.deScRIPTORS: Biocompatible materials - Glass - Bone substitutes

UTIlIZAÇãO de vIdROS BIOATIvOS cOMO SUBSTITUTOS ÓSSeOS:RevISãO de lITeRATURA

USE OF BIOACTIVE GLASSES AS BONE GRAFT SUBSTITUTES – A REVIEW OF LITERATURE

Ariadne Cristiane Cabral da Cruz *José Caetano Zurita da Silva **

Gibson Luiz Pilatti ***Fábio André Santos ***

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INTROdUÇãOProcedimentos de enxerto ósseo são requeridos com

freqüência em cirurgias bucais e maxilofaciais. Em de-corrência desse fato, a busca de um material ideal como substituto ósseo vem sendo objeto de pesquisa por anos.

Os tratamentos tradicionais para aumento de tecido ósseo incluem materiais autógenos e homógenos (Sch-mit et al.28, 1997; AL Ruhaimi1, 2001). O osso autógeno apresenta-se como uma excelente alternativa biológica pelas suas propriedades osteocondutora e osteoinduto-ra. Entretanto, a necessidade de uma área doadora, li-mitada quantidade de tecido ósseo, custo elevado e um procedimento cirúrgico adicional representam fatores que podem limitar sua utilização (Schepers et al.26, 1991; Granjeiro et al.16, 1992; Nary Filho e Okamoto,23 1996; Wheeler et al.35, 1997; Furusawa et al.14, 1998; Wheeler et al.36, 1998; Kaufmann et al.21, 2000; AL Ruhaimi1, 2001; Chan et al.7, 2002).

Por outro lado, os aloenxertos, apesar de terem sido há muito tempo utilizados, apresentam limitações como a necessidade de um banco de ossos, reabsorção pre-matura (especialmente cortical), alta variabilidade das propriedades de osteoindução (variam de acordo com a idade do doador) e o potencial de transmissão de prions (proteínas antigênicas) e doenças infectocontagiosas (Hall et al.17, 1999).

Como uma alternativa para o enxerto ósseo autó-geno e alógeno vem-se pesquisando uma quantidade significativa de materiais, incluindo metais, cerâmicas e polímeros. A aplicabilidade desses materiais em organis-mos humanos depende de suas propriedades biológicas - especialmente biocompatibilidade, estabilidade enzi-mática e hidrolítica - e propriedades químicas, físicas e mecânicas (Strnad,30 1992; Gough et al.15 2004 e Liu et al.22 2004).

Dentre os materiais aloplásticos, os cerâmicos vem sendo mais largamente estudados. Quanto à sua origem, podem ser naturais ou sintéticos. Dentre os naturais es-tão as hidroxiapatitas (HA) – Ca10(PO4)6(OH)2 obti-das a partir de coral ou de tecido ósseo. De origem sin-tética há: hidroxiapatita, beta fosfato tricálcio (ß-TCP) - Ca3(PO4)2, fosfato de cálcio bifásico (HA+ß-TCP) e os vidros bioativos. Dentre os materiais cerâmicos uti-lizados como substitutos ósseos, os vidros bioativos re-presentam materiais promissores (Strnad,30 1992) por se apresentarem biocompatíveis (Fetner et al.11, 1994; Fu-

rusawa e Mizuma,13 1997; Johnson et al.19, 1997; Whee-ler et al.35, 1997; Furusawa et al.14, 1998; Cancian6, 1998; Wheeler et al.36, 1998; Karatzas,20 et al., 1999; Kaufmann et al.21, 2000; Al Ruhaimi1, 2001; Silver et al.29, 2001; Vo-gel et al.33, 2001) e terem propriedades osteocondutivas (Furusawa e Mizunuma13, 1997).

Outra categoria de materiais que vem sendo testada para reparo de defeitos ósseos são os fatores de cresci-mento (proteínas extracelulares) que atuam como sinais moleculares estimulando ou inibindo a divisão, dife-renciação celular e expressão gênica. Dentre os fatores de crescimento há as proteínas ósseas morfogenéticas (BMPs) (Zou et al.37, 2004; Hattar et al.18, 2005 e Sun et al.31, 2005). Trabalhos como os de Cheng8 et al. 2002 e Whang34 et al. (2000) têm confirmado a capacidade osteoindutora das BMPs. A aplicação tópica de BMPs em defeitos ósseos deve ser realizada através dos car-readores, uma vez que a solução aquosa é rapidamente degradada e dissolvida por via proteolítica. Desse modo, tem-se tentado empregar como carreadores o colágeno, fosfato de cálcio, osso bovino desproteinizado, osso desmineralizado, coágulo sangüíneo autógeno e políme-ros biodegradáveis. Há poucos estudos com resultados negativo ou duvidoso com o uso de BMPs, e estão mais relacionados aos carreadores, por possuírem estabilida-de mecânica insuficiente, liberação inadequada dos fato-res de crescimento ou pela reação inflamatória causada. As proteínas ósseas são as substâncias mais promissoras atualmente em relação a osteoindução e têm demonstra-do seu potencial no reparo de defeitos ósseos em inú-meros experimentos. (Pereira Filho et al.24 2004).

Tendo em vista a importância que os biovidros vêm assumindo como substitutos ósseos, este trabalho pro-põe-se a fazer uma revisão de literatura sobre a biocom-patibilidade dos biovidros empregados como substitu-tos ósseos e suas propriedades físico-químicas.

RevISãO de lITeRATURAAtravés de defeitos ósseos criados em rebordo de

cães, Schepers et al.26 (1991) avaliaram o Calcite® (hi-droxiapatita-HA), Interpore 200® (hidroxiapatita-HA) e o Biogran® (biovidro-BV). Através da análise micro-química das partículas de Biogran®, verificou-se a for-mação de uma camada externa rica em cálcio e fósforo, enquanto o centro apresentava-se rico em sílica. Obser-vou-se, com 2 meses, tecido ósseo formado nas fissuras do biovidro sem conexão com o tecido ósseo externo.

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Todos os materiais apresentaram melhores resultados quando comparados ao grupo-controle (coágulo sanguí-neo). O Biogran® apresentou os melhores resultados.

Por meio de defeitos periodontais criados em pri-matas, Fetner et al.11 (1994) comparam biovidro (Pe-rioGlas®), hidroxiapatitas, fosfato tricálcio e controle (coágulo sanguíneo). Empregaram-se duas formulações diferentes de PerioGlas®: 45S5 e 45S5-F (alto conteúdo de flúor). Selecionaram-se materiais com duas variações de tamanho de partículas: 90-310µm (Syntograft®-TCP, PerioGlas®-BV e Periograf®-HA), e de 500-710µm: (PerioGlas®, Alveolograf®-HA e Augmen®-TCP). Em relação ao tamanho das partículas, não houve diferença no processo de reparo entre os materiais. As avaliações histométricas dos sítios com PerioGlas®, em 4 e 6 me-ses, apresentaram 68% de nova inserção no defeito. O TCP apresentou 55%, HA 38% e controle 34%. O repa-ro ósseo do Perioglas® foi de 47% da altura do defeito, TCP 31%, HA 18% e controle 21%. Todos os mate-riais foram bem tolerados histologicamente. O biovidro mostrou os melhores resultados de formação óssea e de nova inserção.

Johnson et al.19 (1997) determinaram a interface entre PerioGlas®, implantes de titânio e tecido ósseo de coe-lho. Cada animal recebeu quatro implantes de 3,3x8mm de titânio: um sem a criação de defeito ósseo e três com defeitos ósseos periféricos. Preencheram-se dois defei-tos com Perioglas® e um não foi preenchido (controle). Os resultados em 1, 2, 3 e 6 semanas mostraram que os defeitos preenchidos com BV apresentaram maior formação óssea. Na 12ª e 24ª semana, observou-se osso maduro formado preenchendo tanto os defeitos do grupo-controle quanto no teste. Entretanto, o osso formado nos defeitos com biomaterial apresentavam-se mais densos e com melhor adaptação à superfície do implante. Os resultados foram melhores para o grupo do biovidro.

Schmitt et al.28 (1997) compararam a capacidade de regeneração óssea do Bio-Oss® (osso poroso mineral) e PerioGlas® em defeitos críticos, que não cicatrizam espontaneamente (20mm), criados em osso rádio de coelhos. Realizou-se análise radiográfica e histomor-fométrica. Os 24 animais foram divididos em tempos de cicatrização de 4 e 8 semanas. Imediatamente ao pós-operatório e 2 semanas após, ambos os materiais mostraram similar radiopacidade. Entretanto, em 4, 6 e 8 semanas o Bio-Oss® foi significativamente mais ra-

diopaco. O PerioGlas® apresentou maior atividade fi-broblástica. Houve mais formação óssea nos defeitos tratados com Bio-Oss®.

Turunen et al.32 (1997) compararam a resposta bio-lógica de biovidro com carbonato de cálcio (Biocoral®) em defeitos ósseos criados em tíbias de coelho, ao redor de implantes de titânio e de biovidro. Avaliaram os tem-pos de 3, 6 e 12 semanas de pós-operatório. Todas as partículas de Biocoral® desapareceram após 12 sema-nas. Não houve reabsorção das partículas de biovidro. A área de tecido ósseo formada ao redor do grupo de implantes de titânio foi maior com o biovidro.

Furusawa e Mizunuma13 (1997) avaliaram a bioati-vidade e asteocondutividade do Biogran® em procedi-mentos de elevação da mucosa do seio maxilar de 25 pacientes. Avaliou-se a formação óssea através de radio-grafias, tomografias computadorizadas, análise histoló-gica, distribuição dos elementos, análise bioquímica e de microdureza. Os resultados foram obtidos após 7 me-ses de cicatrização. Segundo a análise histológica houve crescimento ósseo e os grânulos apresentaram dissolu-ção na parte central e desenvolvimento de fissuras. Os resultados sugeriram propriedades osteocondutivas do biovidro.

Wheeler et al.35 (1997) compararam o reparo ósseo do Bioglass® (biovidro) e controle (coágulo sanguíneo) em defeitos de 20mm criados no osso rádio de coelhos. Uti-lizaram 48 animais divididos em tempos de 4 e 8 sema-nas de cicatrização. A formação óssea foi determinada por meio de medidas histomorfométricas e mecânicas. Através da microscopia de fluorescência verificou-se que a quantidade de osso formado dos defeitos tratados com biovidro foi maior em 4 semanas. Não houve dife-rença em 8 semanas. A análise biomecânica não mostrou diferença significativa entre o grupo tratado e controle.

Utilizando cavidades ósseas cirurgicamente criadas em mandíbula de macacos, Cancian6 (1998) avaliou his-tologicamente a efetividade do Calcite® (Hidroxiapatita densa) e do Biogran® (Biovidro) no reparo ósseo. Após 180 dias os resultados mostraram que não ocorreu for-mação óssea no grupo-controle (não recebeu preenchi-mento). O Biogran® propiciou neoformação óssea com reparação total do defeito. A maioria das partículas foi reabsorvida e substituída por tecido ósseo. O Calcite® não permitiu formação óssea, e suas partículas apresen-taram-se envoltas por tecido fibroso.

Mediante defeitos ósseos criados em mandíbula de

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ratos e tratados com Biogran® Furusawa, et al.14 (1998) observaram, em uma semana de reparo, células osteoge-nitoras nas fissuras dos grânulos do biomaterial. Na ter-ceira semana observaram fissuras atingindo o centro dos grânulos, preenchidas por células osteogênicas. Após 4 se-manas houve reabsorção do centro do grânulo, fagocitose e formação de matriz osteóide. Em 16 semanas muitos grânulos apresentavam-se envolvidos por tecido ósseo.

Utilizando cães como modelo experimental, Sche-pers et al.27 (1998) trataram defeitos ósseos, previamente à colocação de implantes de titânio, com Biogran®. Os animais tiveram todos os pré-molares e o primeiro mo-lar extraído de ambos os lados da mandíbula. Imediata-mente após, um lado recebeu enxertos de Biogran® e o outro serviu como controle (coágulo sanguíneo). Após 4 meses, foram colocados 3 implantes em cada lado da mandíbula. No grupo-controle, o crescimento ósseo deu-se das margens do alvéolo em direção ao implante, enquanto que com Biogran® este crescimento ocorreu ao redor das partículas em direção ao implante. Ob-servou-se maior crescimento ósseo para o grupo-teste. Próximo à superfície do implante praticamente todos os grânulos sofreram reabsorção e aumento do diâmetro interno. Este estudo demonstrou alta atividade de remo-delação em decorrência do uso do Biogran®.

Wheeler et al.36 (1998) analisaram as características biomecânicas e histológicas dos biovidros: PerioGlas® e Biogran® implantados em defeitos ósseos de fêmur de coelhos, verificando se o tamanho da partícula influen-ciava o reparo. Verificou-se que a porcentagem de novo osso dentro do defeito foi maior com a utilização do Pe-rioGlas® em 4 e 12 semanas. Não se observou diferença na deposição mineral entre os dois materiais. No grupo do Biogran® a média do tamanho das partículas variou de 626mm, 333mm e 299mm, para os tempos zero, 4 e 12 semanas, respectivamente. No grupo do Perioglas® diminuiu de 416mm para 168mm e 137mm. Histolo-gicamente os grânulos de biovidros mostraram-se não cristalinos, alguns com fissuras, especialmente após 12 semanas. Observou-se infiltrado de células ectomesen-quimais dentro dessas fissuras em 4,5% das partículas de Perioglas® no tempo de 4 semanas e 32,5% em 12 semanas. Para o Biogran®, observou-se 6% e 16%, res-pectivamente em 4 e 12 semanas.

Em um estudo experimental em macacos, Karatzas et al.20 (1999) avaliaram as partículas de PerioGlas® na cicatrização de defeitos periodontais, criados pela re-

moção do osso palatino e interproximal na região dos pré-molares e molares superiores. Após 8 semanas de cronicidade, preencheu-se metade dos defeitos com PerioGlas® e metade não recebeu material (controle). Foram sacrificados os animais após 8 semanas. Os re-sultados mostraram ausência de reabsorção radicular e anquilose nos grupos teste e controle. Havia partículas remanescentes de PerioGlas® em todos os espécimes. Estas pareciam envoltas por uma camada de tecido con-juntivo, sem sinais de inflamação ou de reação de corpo estranho. A quantidade de osso e cemento formada, bem como inibição da migração apical do epitélio juncional foram estatisticamente maiores no grupo do biovidro do que no controle.

Santos25 (2000) se propôs a avaliar o comportamen-to biológico de quatro biomateriais, sendo duas hidro-xiapatitas sintéticas (Osteogen® e Bioapatita®), uma hidroxiapatita natural (Bio-Oss®) e um biovidro (Bio-gran®), implantados em alvéolos de cães. Avaliou-se a cicatrização em 30, 60 e 200 dias. Verificou-se que a res-posta histológica foi semelhante para todos os materiais. O Bio-Oss® apresentou maior número de partículas envolvidas por tecido ósseo, seguido pelo Osteogen® e Biogran®. Todos os materiais retardaram o processo de reparo.

Al Ruhaimi1 (2001), com objetivo de investigar o potencial de reparo de seis materiais osteocondutivos: HTR (polimetil metacrilato /polihidróxido metil meta-crilato/ hidróxido de cálcio/sulfato de bário-sintético), BOP (copolímero de metilmetacrilato-sintético), Bio-gran® (biovidro–sintético), Laddec® (hidroxiapatita-natural), Dembone® (hidroxiapatita-humana) e Oste-ograf® (hidroxiapatita-sintética), criou defeitos ósseos em tíbia de coelhos. Após 8 semanas de cicatrização ve-rificou que o Laddec® possuiu o melhor potencial para osteocondução, seguido do Biogran® e do Osteograf®. Os piores potenciais foram demonstrados pelo HTR e BOP, sendo que o Dembone® não apresentou atividade de reparo ósseo.

Hall et al.17 (2001) avaliaram a cicatrização de defeitos ósseos em cães, criados ao redor de implantes de titâ-nio, tratados com dois biovidros de diferentes tamanhos (NRG 300-355µm e BRG 90-710µm). O desempenho dos biovidros foi comparado com osso desmineralizado seco e congelado de cão (DFDBAc) e com grupocon-trole (sem implantação do material). A porcentagem de osso em contato com o implante e a porcentagem de

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preenchimento ósseo no defeito ao redor do implante foram estatisticamente melhores com o uso do DFD-BAc comparado com os biovidros.

Vogel et al.33 (2001) investigaram partículas de Bio-glass® de três diferentes composições - 45S5, 52S, 55S - para avaliar o efeito da variação de solubilidade na re-paração óssea em defeitos criados (8x4mm) em tíbia de coelhos. Sacrificaram os animais com 7, 28 e 84 dias de pós-operatório. Fizeram as análises através de microsco-pia óptica, hibridização in situ e microscopia eletrônica de varredura. Os resultados mostraram que todos os materiais foram reabsorvidos e incorporados ao tecido ósseo. Regeneração óssea ocorreu da periferia para o centro do defeito. O material 45S5 mostrou os melho-res resultados de incorporação com o tecido ósseo e de reabsorção.

Através de defeitos ósseos criados em fêmur de co-elhos, Chan7 et al. (2002) avaliaram o efeito da adição de dextrano ao Bioglass® 45S5. O objetivo dessa adição foi melhorar as características de manipulação do biovidro, tornando-o mais consistente. Comparou-se osso autó-geno, Bioglass® 45S5, Bioglass® 45S5 associado com dextrano, Bioglass® 45S5 em associação com osso autó-geno, Bioglass® 45S5 em conjunto com osso autógeno e dextrano. Os períodos de reparo foram de 2 dias, 1, 2 , 3, 6 e 12 semanas. Os resultados não mostraram evidên-cia de toxicidade do material contendo dextrano. Todos os defeitos, independente do material, mostraram total preenchimento ósseo após 6 semanas.

Por meio dos trabalhos presentes na literatura, percebe-se que especial atenção tem sido dada às pro-priedades físico-químicas dos biomateriais (tamanho de partícula, composição, porosidade e grau de dissolução), com intuito de compreender as respostas biológicas que

as elas ocasionam. Testando o Bioglass® 45S5 (forma fundida), 58S e

77S (ambos na forma de gel) em cultura de osteoblasto, Silver et al.29 (2001) avaliaram as alterações metabólicas, viabilidade de células, mudanças nas concentrações in-tracelulares de íons, proliferação e diferenciação celular. Soda-sílica-cal e vidro de boro silicato foram utilizados como controle. O Bioglass® 45S5 não afetou a viabi-lidade, proliferação e diferenciação osteoblástica. Os biovidros 77S e 58S não alteraram os níveis de íons e a atividade metabólica.

Bosetti e Cannas4 (2005) analisaram a capacidade de três biovidros (45S, 58S e 77S) de induzir diferenciação osteogênica e mineralização em células da medula óssea. O 45S e o 77S promoveram diferenciação precoce das células estromais da medula em células similares a oste-oblastos. O Bioglas® 45S mostrou elevado efeito na mi-neralização celular, similar ao controle positivo tratado com dexametasona.

Strnad30 em 1992 realizou testes in vitro (solução de fluido corporal simulado-SBF: 0,2g cloreto de potássio, 8g cloreto de sódio, 0,2g cloreto de cálcio, 2g óxido de hidrogênio, 0,05g dihidrogeno fosfato de sódio, 1g bi-carbonato de sódio, 0,1g cloreto de magnésio hidratado e 1g glicose para 1000ml de água) e in vivo (fêmur e tíbia de cães) com intuito de verificar a influência do parâme-tro estrutural Y no comportamento de vidros-cerâmi-cas. Esse parâmetro pode ser definido como o número médio de pontes de oxigênio por poliedro na cadeia do vidro. Utilizaram-se 4 diferentes composições de bio-vidro. Os resultados mostraram que uma composição apropriada da fase vítrea residual dos vidros-cerâmicas bioativos pode ser controlada com base no cálculo do parâmetro estrutural Y. Quando Y é maior que 3 os vi-

ORIGEM MATERIAL NOME COMERCIAL

NaturalHidroxiapatita Calcite®, Interpore 200®, Bio-Oss®, Lad-

dec®, Pro Osteon-500® e Biobone®DFDBA osso desmineralizado seco e

congelado DFDBA - Pacific Coast. Tissue Bank®;

Sintética

Hidroxiapatita Periograf®, Bioapatita® Alveolograf®, Osteogen®, e Osteograf®

Beta fosfato tricálcio Syntograft® e Augment®Carbonato de cálcio Biocoral®

Vidros bioativos Biogran®, Perioglas® e Bioglass®

Tabela 1: Relação de alguns biomateriais disponíveis no comércio.

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dros perdem sua bioatividade. O valor de Y ideal é igual a 2. Conclui-se que o parâmetro estrutural de Y pode ser usado como uma ferramenta para teorizar bioatividade.

Com propósito de determinar o efeito das partí-culas de Bioglass® na viabilidade de bactérias supra e subgengivais, Allan2 et al. (2001) analisaram as seguintes bactérias: Streptococcus mutans, Streptococcus sanguis, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Actinomyces viscosus, Porphyromonas gingivalis, Fusobacterium. nu-cleatun e Prevotella intermedia. Os microrganismos fo-ram suspensos em caldo nutriente, saliva artificial e meio de cultura enriquecido Dulbeco, com e sem as partículas do biovidro. Os resultados mostraram efeito antibac-teriano contra todos os espécimes, em todos os meios contendo biovidro, após uma hora. O efeito aumentou após 3 horas. As medições de pH mostraram que houve aumento do mesmo em todos os meios de cultura em-pregados. Os autores sugeriram que o efeito antibacte-riano poderia ocorrer em decorrência dos níveis de pH.

Amaral et al.3 em 2002 realizaram a descrição de con-fecção e caracterização mecânica de um biovidro de alta densidade contendo Si3N4. Os resultados mostraram que a densificação obtida em vinte amostras foi de 97,0 ± 0,9%. O processo utilizado na preparação do mate-rial resultou em um produto altamente poroso. Através da análise de difratometria de Raio X verificou-se que não houve formação de fase cristalina adicional. Os re-sultados da caracterização mecânica foram: resistência a fratura KIC= 4,4MPa; dureza Vickers HV=10,3GPa; módulo de Young E=197GPa; resistência a torção R=383MPa.Segundo os resultados, o biovidro apresenta propriedades biológicas satisfatórias e considerável re-sistência mecânica.

Branda et al.5 (2002) relataram o efeito da substituição do CaO por M2O3 (M = La, Y, In, Ga, Al) na bioativi-dade do vidro 2,5CaO.2SiO2. Avaliou-se a bioatividade através de testes in vitro com solução de fluido corporal simulado. Analisou-se a capacidade de formar a camada de apatita por meio de MEV/EDX e espectroscopia de infravermelho. Verificou-se que a substituição do CaO por M2O3 reduziu progressivamente a capacidade de formação da camada de cálcio-fosfato na superfície ex-posta a SBF.

Costa et al.9 (2003) prepararam um vidro bioativo na forma de espuma através da seguinte composição: 12% óxido de sódio (Na2O), 28% óxido de cálcio (CaO), 10% óxido de fósforo (P2O5 ) e 50% óxido de sílica

(SiO2), cobinado com carbeto de boro (B4C). A carac-terização química por fluorescência de raio X indicou que o material estava na faixa de bioatividade. Os en-saios in vitro (SBF: 0,2g cloreto de potássio, 8g cloreto de sódio, 0,2g cloreto de cálcio, 2g óxido de hidrogênio, 0,05g dihidrogeno fosfato de sódio, 1g bicarbonato de sódio, 0,1g cloreto de magnésio hidratado e 1g glicose para 1000ml de água) resultaram na formação de uma película à base de fosfato de cálcio na superfície, indi-cando bioatividade do material.

dIScUSSãOOs procedimentos para aumento e/ou manutenção

de tecido ósseo podem ser requeridos no tratamento de perdas ósseas em traumas bucomaxilofaciais, lesões periodontais, lesões císticas, deficiências congênitas, aumento de rebordo alveolar, lesões apicais e prepara-ção de leito para a colocação de implantes (Chan7 et al., 2002). Tendo em vista a necessidade da obtenção do substituto ósseo ideal, pesquisas vêm aprimorando o desenvolvimento de materiais aloplásticos, dentre eles os biovidros (Tabela 1).

Alguns trabalhos têm mostrado superioridade de cicatrização em defeitos ósseos empregando-se biovi-dros, comparados com outros materiais. Schepers et al.26, (1991) encontraram melhor resposta com o emprego do Biogran® (biovidro) comparado com Calcite® (hidro-xiapatita), Interpore 200® (hidroxiapatita) e controle (coágulo sanguíneo), concordando com os achados de Cancian6 (1998) ao comparar Calcite® (hidroxiapatita densa) com Biogran® (biovidro). Fetner et al.11 (1994), utilizando modelos de defeitos periodontais, também obtiveram resultados superiores com o PerioGlas® (biovidro) em relação à hidroxiapatitas e fosfato tricál-cio, tanto na formação óssea quanto em nova inserção. Concordando com os trabalhos acima citados, Karatzas et al.20 (1999) verificaram que a quantidade de osso e ce-mento formada, bem como inibição da migração apical do epitélio juncional foi estatisticamente maior no gru-po do Perioglas® (biovidro) do que controle (coágulo sanguíneo).

Também se pode observar superioridade de biovi-dros em formação óssea nos defeitos criados ao redor de implantes. Johnson et al.19 (1997) obtiveram melhores resultados com a utilização do PerioGlas® comparado com controle (coágulo sanguíneo) concordando com Schepers et al.27 (1998) que encon,traram melhores re-

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sultados com Biogran® do que com controle. Turunen et al.32 (1997) também obtiveram os melhores resultados com biovidro, comparado com carbonato de cálcio - Biocoral®. Schepers et al.27 (1998) ao estudarem defeitos ósseos tratados previamente à colocação de implantes de titânio verificaram que no grupo Biogran® o cresci-mento ósseo ocorreu ao redor das partículas em direção ao implante, enquanto que no grupo-controle (vazio) o crescimento deu-se das margens do alvéolo em direção ao implante.

Outros trabalhos encontraram resultados similares para os biovidros e demais substitutos ósseos, como Chan et al.7 (2002) que obtiveram resultados similares para osso autógeno, controle (coágulo sanguíneo) e Bio-glass®. Tendo em vista que, de acordo com as proprie-dades biológicas, o osso autógeno é o substituto ósseo ideal, no entanto, o fato de o biovidro ter resposta bio-lógica equivalente torna-o um material bem interessante. Ainda mais, se lembrarmos que o emprego dos biomate-riais dispensa uma cirurgia adicional (leito doador), não apresenta a limitação da quantidade de material enxerta-do e representa menor custo.

Certos pesquisadores, em contrapartida, obtiveram resultados melhores com outros substitutos ósseos do que com vidros bioativos, como Schmitt et al.28 (1997) que obtiveram melhores resultados com o uso do Bio-Oss® (osso poroso mineral) do que com PerioGlas® (biovidro). Al Ruhaimi1 (2001) ao comparar HTR (sin-tético), BOP (sintético), Biogran® (biovidro–sintético), Laddec® (hidroxiapatita-natural), Dembone® (hidro-xiapatita-humana) e Osteograf® (hidroxiapatita-sintéti-ca) verificou que o Laddec® possuiu o melhor potencial para osteocondução, seguido do Biogran® e do Oste-ograf®. Santos25 (2000) corroborou os resultados de

Schmitt et al.28 (1997) e Al Ruhaimi1 (2001) ao avaliar o comportamento biológico de hidroxiapatitas sintéticas (Osteogen® e Bioapatita®), hidroxiapatita natural (Bio-Oss®) e biovidro (Biogran®), implantados em alvéolos de cães. O Bio-Oss® apresentou maior número de par-tículas envolvidas por tecido ósseo, seguido pelo Osteo-gen® e Biogran®. Da mesma forma, Hall et al.17 (2001) ao estudarem a formação óssea ao redor de implantes, verificaram que a porcentagem de osso em contato com o implante e a porcentagem de preenchimento ósseo no defeito ao redor do implante foram estatisticamente melhores com o uso do DFDBAc comparado com o biovidro e grupo-controle (coágulo sanguíneo).

A divergência de resultados encontrados na literatu-ra em relação ao reparo ósseo empregando-se biomate-riais pode ser justificada pelas diferenças na técnica de síntese empregada para obtenção dos materiais. Uma vez que estas diferenças podem determinar o grau de pureza, forma do grânulo e o nível de entrelaçamento dos cristais, afetando de forma significativa a capacidade de dissolução dos grânulos e a resposta tecidual (Dacul-si et al.10, 1998; Fulmer et al.12, 2002; Costa et al.9, 2003). Além disso, fatores como o tipo, localização e tamanho do defeito ósseo criado também podem influenciar na obtenção de diferentes respostas biológicas.

cONclUSãOAtravés deste trabalho pode-se concluir que:• O reparo ósseo obtido com o emprego dos biovi-

dros justifica seu uso clínico;• Especial atenção deve ser dada às características fí-

sico-químicas desses materiais, uma vez que elas afetam grandemente a resposta e o comportamento biológico deles.

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ReFeRÊNcIAS

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Recebido em 18/07/2005 Aceito em 29/07/2006

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Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo2006 set-dez; 18(3)297-302

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ReSUMOA síndrome de Moebius é uma desordem neurológica complexa, cuja principal característica é a paralisia congênita do nervo facial, que pode também ser acompanhada da paralisia de outros nervos cranianos, de malformações límbicas e de estruturas orofaciais. A principal característica clínica da síndrome é a “fácie de máscara”, ou seja, a ausência de expressão facial em situações de tristeza ou alegria. As malformações límbicas mais freqüentes são as hipoplasias dos dedos em graus variáveis, chegando às vezes à adactilia e o pé torto equinovaro. Os portadores da síndrome de Moebius podem ainda apresentar alterações na língua, microstomia, micrognatia e estrabismo convergente. Neste trabalho, os autores relatam o caso de um paciente portador da síndrome de Moebius, evidenciando seus aspectos clínicos gerais e bucais, bem como o tratamento odontológico efetuado.deScRITOReS: Síndrome de Moebius - Paralisia Facial -Tratamento Odontológico

ABSTRAcT

Moebius syndrome is a complex neurological disorder, characterized by congenital facial paralysis that can be accompanied by paralysis of other cranial nerves, limbic and orofacial structure malformations. The most relevant clinical characteristic of this syndrome is the “facial mask”, the absence of facial expression during moments of sadness or joy. The most common limbic malformation is limb hypoplasia. Patients with Moebius syndrome can present tongue alterations, micrognatia and convergent strabismus. In this paper, the authors report a case of a patient with Moebius syndrome, focusing on the general and oral clinical aspects and the dental treatment performed.deScRIPTORS: Moebius syndrome - Facial Paralysis - Dental Treatment

SÍNdROMe de MOeBIUS: RelATO de cASO clÍNIcO

MOEBIUS SYNDROME: A CASE REPORT

Aldevina Campos de Freitas *Paulo nelson-Filho **

Alexandra Mussolino de Queiroz ***Sada Assed ****

Francisco Wanderley Garcia de Paula e Silva *****

* Professora Doutora do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP ** Professor Associado do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP *** Professora Assistente do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP **** Professora Titular do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP***** Aluno do Curso de Pós-Graduação (Mestrado) em Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP

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Freitas AC, Nelson-Filho P, Queiroz AM, Assed S, Silva FWGP. Síndrome de Moebius: Relato de caso clínico. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo. 2006 set-dez; 18(3)297-302

INTRODUÇÃO A primeira descrição da Diplegia Facial Congêni-

ta foi feita por Von Graafe, em 1880 e, desde então, vários outros relatos de casos surgiram na literatura. (Badger1,1993; Kumar13, 1990). Em 1892, Moebius chamou a atenção para a associação de Diplegia Facial Congênita com outras malformações límbicas e orofa-ciais, caracterizando um quadro de síndrome, o qual foi posteriormente denominado de síndrome de Moebius. (Kumar13 1990, Lin e Wang14 1997). Dentre os termos alternativos utilizados para denominar essa síndrome encontram-se Diplegia Facial Congênita, Agenesia Nu-clear, Hipoplasia Nuclear Congênita e Paralisia Óculo-Facial Congênita. (Harrison e Parker8 1960, Kumar13 1990).

O diagnóstico da síndrome de Moebius é dificultado, uma vez que sua definição não é muito clara. O critério essencial para o diagnóstico é a paralisia parcial ou com-pleta do nervo facial, que produz uma aparência facial pouco expressiva (fácie de máscara), sendo as malforma-ções límbicas e orofaciais outros sinais freqüentemente presentes. A síndrome pode vir ainda acompanhada de paralisia uni ou bilateral de outros nervos cranianos, principalmente do abducente e, mais raramente, do ocu-lomotor, troclear, glossofaríngeo, vago e do hipoglosso, determinando distúrbios de sensibilidade nas regiões inervadas pelo trigêmeo, disfagia, disfonia e paralisia do músculo reto lateral, verificados em diferentes combi-nações. (Fujita et al.7 1991, Kumar13 1990, Slee et al.23

1991) Dentre as malformações límbicas estão a sindactilia, a

oligodactilia, adactilia, ectrodactilia e o pé-torto-eqüino-varo. (Rizos et al.20 1998) As malformações crânio-oro-faciais podem abranger assimetria facial, ptose palpebral, estrabismo convergente, hipertelorismo, nariz de base larga, falhas da pálpebra inferior, pregas epicântricas, deformidades do ouvido externo, surdez, microstomia, micrognatia, alterações de língua (hipoglossia, aglossia ou anquiloglossia), fenda palatina, úvula bífida, palato alto e oligodontia. (Badger1 1993, De Serpa et al.3 2002, Henderson9 1939, Jones11 1998, Kumar13 1990, Lin e Wang14, 1997, McDermont et al.15 1991, Rizos et al.20 1998) A micrognatia é uma ocorrência comum e pode ser interpretada como secundária ao déficit neuromuscu-lar nos movimentos da mandíbula. (Jones11 1998, Sen-sat22 2003).

Podem ocorrer, também, anomalias do sistema mús-

culo-esquelético, tais como anormalidade de Klippel-Feil, deslocamento congênito do quadril, ausência ou deformidade do músculo peitoral (síndrome de Polland) e defeitos nos músculos braquiais. (Jorgenson12 1971, Kumar13 1990, Lin e Wang14 1997, Marti-Herrero16 1998, Parker19 1999, Rojas-Martinez21 1991)

A síndrome se manifesta logo após o nascimento e pode ser diagnosticada pela incapacidade do fechamento completo das pálpebras durante o sono, em decorrência da paralisia do nervo abducente, além da dificuldade de sucção. Freqüentemente, observa-se o acúmulo de saliva na região das comissuras labiais e, mais tarde, pode-se notar que a criança não apresenta modificação da expres-são facial, mesmo quando chora ou sorri, sinal este deno-minado de “fácie de máscara” ou de face inexpressiva. De Serpa et al..3, Kumar13 1990, Lin e Wang14 1997, Walsh24 1969). Os recém-nascidos podem apresentar ausência do reflexo de abertura de boca. (Jennings et al.10 2003)

As dificuldades durante a amamentação, assim como os problemas decorrentes da aspiração de alimentos, são responsáveis pelo aumento insatisfatório do peso duran-te o primeiro ano de vida. A mastigação e a fala podem estar comprometidas, devido ao envolvimento da língua, dos lábios, do palato e, ocasionalmente, da laringe. (Jo-nes11, 1998). Alguns sons são difíceis de serem repro-duzidos, como “m”, “b”, “f ” ou “p”, e a comunicação interpessoal muitas vezes é difícil, pois torna-se neces-sário que o indivíduo leia os lábios devido à presença comum de déficit auditivo. Os indivíduos normalmente apresentam dificuldades de realizar movimentos de late-ralidade e protrusão, uma vez que o côndilo mandibular, geralmente hipoplásico, realiza apenas o movimento de rotação. (Parker et al.19 1999)

Segundo Lin e Wang14 1997, as crianças portadoras de síndrome de Moebius fazem uso freqüente de ma-madeira noturna, tornando comum a observação, nesses pacientes, de um quadro severo de cárie de mamadeira.

O retardo mental pode estar presente em 10 a 15% dos casos, (Jones11 1998, Kumar13 1990, Lin e Wang14 1997) podendo variar de leve a severo. (Badger1, 1993, Jorgenson12 1971). No entanto, a supervalorização de características clínicas, tais como a “fácie de máscara”, acúmulo de saliva nas comissuras labiais, estrabismo e dificuldade na fala, pode levar a um falso diagnóstico de retardo mental. (Kumar13 1990). A etiologia da síndro-me de Moebius, ainda não bem definida, é discutida de acordo com duas hipóteses. Alguns autores acreditam ser

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esta de origem basicamente genética, (Slee et al.231991) enquanto outros levam em consideração modificações ambientais intra-uterinas. Alguns fatores têm sido im-plicados na gênese dessa síndrome, como hipertermia, diabetes gestacional, exposição da gestante a agentes infecciosos (rubéola) e a utilização de drogas durante a gestação, como a talidomida, o misoprostol, o álcool e os benzodiazepínicos. Traumas ocorridos durante o parto, que podem levar à isquemia fetal transitória, também têm sido relatados como possíveis fatores etiológicos. (Elsahy5 1973, Rizos et al.20 1998).

Por ser de ocorrência rara, a incidência da síndrome de Moebius na população não pode ser estabelecida. (Dotti et al. 19894, Rizos et al. 20 1998) No entanto, acredita-se que a popularização do misoprostol como abortivo possa ser responsável pelo aumento do número de casos nos anos recentes. Estudos realizados no Bra-sil têm deixado evidente essa relação. (Fontenelle et al.6 2001, Nunes et al.18 1999).

RELATO DE CASOO paciente brasileiro, com 4 anos de idade, do gêne-

ro masculino, natural e procedente de Ribeirão Preto-SP, foi encaminhado ao Centro de Formação de Recursos Humanos Especializados no Atendimento Odontológi-co a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FORP-USP), por ser portador da síndrome de Moebius e apre-sentar um quadro de cárie de mamadeira em estágio avançado.

O diagnóstico da síndrome foi estabelecido aos 15 meses de idade, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP (FMRP-USP), sen-do o estrabismo a queixa principal da mãe na época.

O exame geral do paciente evidenciou face inexpressi-va (“fácie de máscara”), estrabismo convergente, microg-natia, paralisia completa da musculatura facial do lado esquerdo e dos terços médio e superior do lado direito (Figura 1), palato alto, dificuldade de fala, segundo qui-rodáctilo direito encurtado (Figura 2), pé direito aduto calcâneo-varo (Figura 3), assimetria da região peitoral em detrimento da direita (Síndrome de Polland) (Figura 4) e nariz de base larga.

O exame intra-bucal revelou um quadro severo de cárie rampante, com vários dentes apresentando extensas lesões de cárie, comprometimento endodôntico e perda da dimensão vertical (Figura 5).

Inicialmente procedeu-se à adequação do meio bu-

cal, por meio da remoção do tecido cariado e selamento das cavidades com cimento à base de óxido de zinco e eugenol, sobre uma base de hidróxido de cálcio p.a. asso-ciado à água destilada, aplicações tópicas de antimicro-biano (digluconato de clorexidina a 0,12% ) e aplicação tópica de flúor (flúorfosfato acidulado a 1,23%), duran-te quatro semanas consecutivas, avulsões de raízes resi-duais, orientação dietética e instrução de higiene bucal. A seguir, foram realizados os tratamentos endodônticos dos dentes 55, 63, 65, 73, 74 e 75 com posterior res-tauração dos molares decíduos com amálgama de prata e dos dentes anteriores com resina composta (Figura 6). Para concluir o tratamento restaurador/reabilitador foi confeccionado um aparelho mantenedor de espaço fun-cional removível, com o objetivo de melhorar a função e a estética (Figura 7).

Atualmente, o paciente encontra-se com 13 anos e 10 meses de idade, sendo submetido a controles periódicos na FORP-USP (Figura 8) a cada 3 meses, sendo também acompanhado na Genética, Neurologia e Oftalmologia do Hospital das Clínicas da FMRP-USP.

DISCUSSÃODe acordo com o caso descrito é importante enfatizar

que, para o atendimento odontológico a pacientes espe-ciais, faz-se necessária a compreensão da patologia presen-te, para que se possa conhecer os limites e as necessidades básicas do paciente. O tratamento odontológico de pa-cientes com síndrome de Moebius, muitas vezes, é dificul-tado devido às pequenas dimensões e pouca mobilidade muscular da cavidade bucal, além da mucosa labial ser ressecada. (De Serpa et al.3, 2002) Assim, sugere-se que, quando do atendimento desses indivíduos seja utilizada vaselina sólida para prevenir o ressecamento labial, que pode causar uma sensação desagradável para o paciente no trans e pós-operatório, dificultando a cooperação.

Os pacientes portadores dessa síndrome apresentam dificuldade na realização da higiene bucal pois a língua e os músculos periorais são pouco desenvolvidos (De Serpa et al..3, Lin e Wang14 1997, Rizos et al. 20 1998) sendo, então, necessária a adoção de medidas preventivas criteriosas no consultório odontológico e no domicílio. No consultório devem ser instituídos controles perió-dicos freqüentes, de 3 em 3 meses, e o uso de agentes como a clorexidina e o fluoreto tópico. No domicílio, a higienização bucal da criança deve ser realizada com auxílio do responsável. Segundo Lin e Wang14 1997, as crianças portadoras dessa síndrome fazem uso freqüente

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Figura 1

Aspecto geral do paciente evidencian-

do a face inexpressiva (“Fácie de Máscara”).

Figura 2 – Aspecto das mãos do paciente evidenciando o encurtamento do segundo quirodáctilo direito.

Figura 3 – Pé direito aduto calcâneo-varo.

Figura 4 – Assimetria da região peitoral esquerda em detri-mento da direita (síndrome de Polland).

Figura 5 – Aspecto clínico inicial da cavidade bucal, eviden-ciando extensas lesões de cárie.

Figura 6 – Radiografia panorâmica após a conclusão do tratamento. Observe-se nos dentes 65 e 75 pul-potomia hidróxido de cálcio e nos dentes 55, 63 e 73 a obturação dos canais radiculares com pasta reabsorvível à base de hidróxido de cálcio.

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nalmente, da laringe. (De Serpa-Pinto3, Jones11,1998) No caso em questão, o paciente apresenta defeito fa-

cial devido à paralisia do VII par de nervos cranianos. Dessa maneira, a estética é um fator que deve ser con-siderado. Foi então indicado um mantenedor de espaço funcional removível, com o objetivo não só de manter o espaço para a erupção dos dentes sucessores permanen-tes, mas de melhorar a estética e fonética, pois em geral essas crianças apresentam dificuldades de reproduzir al-guns sons. (Jones111998, Parker et al. 19 1981).

Existe ainda hoje uma pequena porcentagem de ci-rurgiões-dentistas que se dedicam ao atendimento de pa-cientes especiais. Neste caso em particular, o paciente já havia sido acompanhado em outros serviços odontológi-cos não especializados, sem sucesso, tendo sido inclusive sugerido o uso de anestesia geral. No Centro de Forma-ção de Recursos Humanos Especializados no Atendi-mento Odontológico a Pacientes Especiais da FORP-USP, foi possível a realização do tratamento integral, utilizando-se de técnicas de manejo de comportamento e, em algumas ocasiões, contenção física, realizada pela mãe, sem a necessidade de sedação. Esse tipo de atendi-mento, a nosso ver, favorece a sociabilização do paciente, a conscientização dos pais com relação aos cuidados com a saúde bucal e até mesmo o vínculo afetivo.

CONCLUSÃOOs pacientes com a síndrome de Moebius apresen-

tam dificuldade de higienização bucal devido às carac-terísticas inerentes a essa síndrome, como a musculatura perioral pouco desenvolvida. Assim, é importante pres-tar atendimento precoce a essas crianças com dificuldade de higienização e elevado risco de cárie. O tratamento integral, realizado por uma equipe multidisciplinar, é de fundamental importância, pois esses indivíduos apresen-tam problemas complexos que envolvem a região buco-maxilo-facial, necessitando muitas vezes da interação cirurgião-dentista, fonoaudiólogo, médico e fisiotera-peuta.

Figura 8 – Aspecto clínico do paciente aos 13 anos e 10 meses de idade; observa-se a ma-nutenção da caracterís-tica de inexpressividade facial.

Figura 7 - Aspecto clínico da cavidade bucal após a conclu-são do tratamento e instalação do mantenedor de espaço funcional removível

de mamadeira, porque apresentam dificuldade de sucção e o selamento perioral não pode ser mantido, tornando comum a observação de um quadro severo de cárie de mamadeira, como no caso descrito em que a mãe relatou o uso de mamadeira noturna por 3 anos. A mastigação e a fala também podem estar comprometidas devido ao envolvimento da língua, dos lábios, do palato e, ocasio-

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Recebido em 22/04/2005 Aceito em 02/08/2005

ReFeRÊNcIAS

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303303

ÍNdIce de AUTOReS/AuThOR INdExAdriana Maria Calvo .............................................................................................................................................................................................................................................. 29Adriana Pinheiro Alves .......................................................................................................................................................................................................................................257Aldevina Campos de Freitas ..............................................................................................................................................................................................................................297Alessanda Pereira de Andrade ............................................................................................................................................................................................................................117Alessandra Sverberi Carvalho ...........................................................................................................................................................................................................................219Alexandra Mussolino de Queiroz .....................................................................................................................................................................................................................297Alexandre Luiz Souto Borges ............................................................................................................................................................................................................................161Américo Mendes Carneiro Júnior ....................................................................................................................................................................................................................257Ana Carla Raphaelli Nahás .................................................................................................................................................................................................................................109Ana Carolina do Valle de Moura Leite ............................................................................................................................................................................................................... 23Ana Lia Anbinder ......................................................................................................................................................................................................................................................7Ana Paula de Vasconcellos Abdon ...................................................................................................................................................................................................................... 67Ana Paula Gumiero Jaime ........................................................................................................................................................................................................................................7Ana Paula Lima..........................................................................................................................................................................................................................................................7André Luis Baracchini Centola ..........................................................................................................................................................................................................................175Andréa Kanako Yamazaki ..................................................................................................................................................................................................................................123Angela Mayumi Shimaoka ..................................................................................................................................................................................................................................117Ângelo Márcio de Santiago................................................................................................................................................................................................................................. 233Antonio Guilherme Maneschy Faria ................................................................................................................................................................................................................211Antonio Olavo Cardoso Jorge ...........................................................................................................................................................................................................................135Ariadne Cristiane Cabral da Cruz .....................................................................................................................................................................................................................287Artemio Luiz Zanetti .............................................................................................................................................................................................................................................87Bella Luna Colombini ............................................................................................................................................................................................................................................ 29Cacio De Moura Netto .......................................................................................................................................................................................................................................123 Carina Sinclér Delfino .........................................................................................................................................................................................................................................275Carlos Eduardo Dias Colombo .........................................................................................................................................................................................................................135Carlos Ferreira Santos ........................................................................................................................................................................................................................................... 29Carlos Henrique Ribeiro Camargo ...................................................................................................................................................................................................................219Caroline Prestes Lenharo ....................................................................................................................................................................................................................................281Celso Ubirajara Carlos Filho ..............................................................................................................................................................................................................................123Cristiane de Cássia Bergamaschi ........................................................................................................................................................................................................................181Cristiane Yunes Lapa ............................................................................................................................................................................................................................................. 83Dalva Cruz Laganá...............................................................................................................................................................................................................................................129Daniela Aparecida Biasotto-Gonzalez ..............................................................................................................................................................................................................155Danielle Albuquerque Pires Rocha ...................................................................................................................................................................................................................... 53Douglas Moretti ..................................................................................................................................................................................................................................................... 75Eduardo Dias de Andrade ..................................................................................................................................................................................................................................181Eduardo Francisco Alvarenga da Silva (In memoriam) ................................................................................................................................................................................... 61Eduardo Shigueyuki Uemura .............................................................................................................................................................................................................................181Eliane Rye Otani ..................................................................................................................................................................................................................................................161Eliza Maria Agueda Russo ............................................................................................................................................................................................................................37, 117Eloi Dezan Júnior ...............................................................................................................................................................................................................................................251Emiko Saito Arita .................................................................................................................................................................................................................................................143Fábio André Santos ............................................................................................................................................................................................................................................287Fabíola Monteiro de Castro .................................................................................................................................................................................................................................. 67Fabrício Dantas da Silva Espínola ....................................................................................................................................................................................................................... 43Fernanda Barros de Arruda Telles ....................................................................................................................................................................................................................257Fernanda de Almeida Prado ...........................................................................................................................................................................................................................7, 257Fernando Mandarino ...........................................................................................................................................................................................................................................175Flávio Eduardo G. Perez ...................................................................................................................................................................................................................................211Francisco Wanderley Garcia de Paula e Silva .................................................................................................................................................................................................. 297Gibson Luiz Pilatti ..............................................................................................................................................................................................................................................287Gilson Cesar Nobre Franco ................................................................................................................................................................................................................................. 75Giorgio De Micheli ..............................................................................................................................................................................................................................................281Giulio Gavini .......................................................................................................................................................................................................................................................... 23Guilherme Manna Cesar .....................................................................................................................................................................................................................................155Guilherme Martinelli Garone............................................................................................................................................................................................................................... 37Hideki Yoshida .....................................................................................................................................................................................................................................................239Igor Prokopowitsch .............................................................................................................................................................................................................................................123Ilíria Salomão Feist ..............................................................................................................................................................................................................................................181Iris do Céu Clara Costa ......................................................................................................................................................................................................................................... 43Isabel Mello ...........................................................................................................................................................................................................................................................245Ivan Balducci .............................................................................................................................................................................................................................................................7Ivo Contin .............................................................................................................................................................................................................................................................239João Eduardo Gomes-Filho ..............................................................................................................................................................................................................................251José Arlindo Otoboni Filho ................................................................................................................................................................................................................................251José Caetano Zurita da Silva ...............................................................................................................................................................................................................................287José Eduardo Chorres Rodríguez .....................................................................................................................................................................................................................239José Raul Girondi ................................................................................................................................................................................................................................................... 15José Roberto Pereira Lauris .................................................................................................................................................................................................................................. 29Joyce da Silva Martins ..........................................................................................................................................................................................................................................135Júlia Rosas Salomão ............................................................................................................................................................................................................................................... 67Juliana Abdallah Atoui .........................................................................................................................................................................................................................................275Juliana Campos Junqueira ...........................................................................................................................................................................................................................135, 275Juliana de Paiva Tosato ........................................................................................................................................................................................................................................155Juliano Fernandes Sassi .......................................................................................................................................................................................................................................175

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Jurandyr Panella ..............................................................................................................................................................................................................................................15, 143Karen Cherubini ..................................................................................................................................................................................................................................................167Karin Cristina Silva Modena ................................................................................................................................................................................................................................ 29Karina Cogo ..........................................................................................................................................................................................................................................................181Karyna Martins do Valle-Corotti .......................................................................................................................................................................................................................109Lélia Batista de Souza ............................................................................................................................................................................................................................................ 53Lilian Eiko Maekawa............................................................................................................................................................................................................................................161Lívia Marinho de Miranda Oliveira ..................................................................................................................................................................................................................... 53Lívia Saladini Vieira ............................................................................................................................................................................................................................................ 225Lúcia de Carvalho Freire Mariano .....................................................................................................................................................................................................................149Luciana Tiemi Inoue .............................................................................................................................................................................................................................................. 87Luciane Cruz Lopes ............................................................................................................................................................................................................................................... 75Luciano Natividade Cardoso ..............................................................................................................................................................................................................................123Luís Alexandre Maffei Sartini Paulillo .............................................................................................................................................................................................................. 233Magally Oliveira de Macedo ...............................................................................................................................................................................................................................257Marcelo Contador Gallina .................................................................................................................................................................................................................................... 29Marcelo de Faria Souza Ávila .............................................................................................................................................................................................................................129Marcelo Filadelfo Silva ................................................................................................................................................................................................................................175, 275Marcelo Luiz de Carvalho ...................................................................................................................................................................................................................................189Márcia Carneiro Valera .......................................................................................................................................................................................................................................219Márcia Martins Marques ....................................................................................................................................................................................................................................245Marcio de Menezes ......................................................................................................................................................................................................................................175, 275Marcos José das Neves ........................................................................................................................................................................................................................................109Marcos Yasunori Maekawa .................................................................................................................................................................................................................................161Maria Cristina Volpato ........................................................................................................................................................................................................................................181Maria da Luz Rosário de Sousa ............................................................................................................................................................................................................................ 61Maria Raquel Prado Homa ................................................................................................................................................................................................................................. 233Marlene Fenyo-Pereira ........................................................................................................................................................................................................................................... 15Marta Riesco Gonzalez .......................................................................................................................................................................................................................................189Matsuyoshi Mori ...................................................................................................................................................................................................................................................239Mauro Juvenal Nery .............................................................................................................................................................................................................................................251Narciso Garone Netto........................................................................................................................................................................................................................................... 37Nelson Júnior Inoue ............................................................................................................................................................................................................................................129Newton Sesma ......................................................................................................................................................................................................................................................257Paola Racy De Micheli .........................................................................................................................................................................................................................................281Patrícia Monteiro Ribeiro ....................................................................................................................................................................................................................................135Patrícia Regina de Oliveira .................................................................................................................................................................................................................................219Paula Pinheiro de Abreu .....................................................................................................................................................................................................................................143Paulo César Saquy ...............................................................................................................................................................................................................................................275Paulo Fernando Cruz Cavalcante ........................................................................................................................................................................................................................ 75Paulo Nelson-Filho ..............................................................................................................................................................................................................................................297Paulo Sérgio Flores Campos................................................................................................................................................................................................................................. 15Pedro Felício Estrada Bernabé ...........................................................................................................................................................................................................................251Pedro Paulo Feltrin ..............................................................................................................................................................................................................................................129Priscila Moreira dos Santos ................................................................................................................................................................................................................................257Regiane Yatsuda ....................................................................................................................................................................................................................................................181Regina Coeli Vieira Gomes................................................................................................................................................................................................................................... 67Renata Meira Primolan .......................................................................................................................................................................................................................................... 83Ricardo Antonio Del Valle .................................................................................................................................................................................................................................189Ricardo de Souza Antunes ................................................................................................................................................................................................................................. 225Rívea Inês Ferreira ...............................................................................................................................................................................................................................................109Roberto Holland ..................................................................................................................................................................................................................................................251Robiany Geraldini .................................................................................................................................................................................................................................................. 83Rodney Garcia Rocha .........................................................................................................................................................................................................................................211Ronaldo Célio Mariano .......................................................................................................................................................................................................................................149Rosilene Fernades da Rocha ....................................................................................................................................................................................................................................7Rossana Pereira de Almeida Antunes .............................................................................................................................................................................................................. 225Rubens Côrte Real de Carvalho .........................................................................................................................................................................................................................117Sada Assed .............................................................................................................................................................................................................................................................297Sandra Aparecida Marinho .................................................................................................................................................................................................................................167Sandra Kalil Bussadori ........................................................................................................................................................................................................................................245Sidnei Marcacci .....................................................................................................................................................................................................................................................161Simone da Silva Santos Costa.............................................................................................................................................................................................................................257Sueli Patricia Harumi Miyagi ..............................................................................................................................................................................................................................245Susana Morimoto ................................................................................................................................................................................................................................................257Tabajara de Oliveira Gonzalez ...........................................................................................................................................................................................................................155Tânia e Silva Pulicano Lacerda ............................................................................................................................................................................................................................. 87Thiago José Dionisio ............................................................................................................................................................................................................................................. 29Tomie Nakakuki de Campos .............................................................................................................................................................................................................................. 239Tomio Nonaka ......................................................................................................................................................................................................................................................175Valdir de Souza .....................................................................................................................................................................................................................................................251Vera Maria S. Pricoli ............................................................................................................................................................................................................................................. 87Vera Regina Casari Boccato ............................................................................................................................................................................................................................... 265Vicente de Paulo Aragão Saboia ....................................................................................................................................................................................................................... 233Vivien Thiemy Sakai .............................................................................................................................................................................................................................................. 29Walter Paulesini Junior .......................................................................................................................................................................................................................................... 83Wanderson Marcio Itaborahy .............................................................................................................................................................................................................................109Wânea Maria Volpato ......................................................................................................................................................................................................................................... 123Willian Morais de Melo ......................................................................................................................................................................................................................................149

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ÍNdIce de ASSUNTOS

Cavidade da polpa dentária ..................................................................................................................................................................................................211Ácido fluorídrico .....................................................................................................................................................................................................................37Adesivos dentários ........................................................................................................................................................................................................117, 233Agentes comunitários de saúde............................................................................................................................................................................................. 43Anormalidades maxilofaciais .........................................................................................................................................................................................15, 297Anormalidades maxilomandibulares ..................................................................................................................................................................................143Ansiedade ao tratamento odontológico .............................................................................................................................................................................181Antiinflamatórios não esteróides .......................................................................................................................................................................................... 29Armazenamento de materiais e provisões .........................................................................................................................................................................175Articulação temporomandibular/Radiografia ..................................................................................................................................................................109Artigo de periódico ...............................................................................................................................................................................................................265Assistência à saúde ..................................................................................................................................................................................................................43Auto-imagem ...........................................................................................................................................................................................................................61Banco de ossos ......................................................................................................................................................................................................................189Bruxismo ................................................................................................................................................................................................................................155Candida albicans ....................................................................................................................................................................................................................135Candidíase ..............................................................................................................................................................................................................................135Cárie dentária .........................................................................................................................................................................................................................257Cavidade de polpa dentária ..........................................................................................................................................................................................123, 211Cerâmica .................................................................................................................................................................................................................................225Cianoacrilatos.........................................................................................................................................................................................................................219Cicloxigenase ...........................................................................................................................................................................................................................75Cimento de resina .................................................................................................................................................................................................................161Cimentos de ionômero de vidro .........................................................................................................................................................................................219Cistos maxilomandibulares ..................................................................................................................................................................................................143Dente não-erupcionado .......................................................................................................................................................................................................149Desinfecção/Métodos ..........................................................................................................................................................................................................175Diagnóstico .............................................................................................................................................................................................................................. 83Doenças gengivais, prevenção e controle .........................................................................................................................................................................257Dor ...........................................................................................................................................................................................................................................29Educação em Odontologia ..................................................................................................................................................................................................275Endodontia ............................................................................................................................................................................................................................251Endodontia, instrumentação ................................................................................................................................................................................................. 23Epidemiologia .......................................................................................................................................................................................................................... 53Estimulação elétrica transcutânea do nervo ........................................................................................................................................................................ 67Fibroblastos............................................................................................................................................................................................................................245Glândula sublingual ................................................................................................................................................................................................................ 83Histologia ................................................................................................................................................................................................................................... 7Idoso .........................................................................................................................................................................................................................................87Inibidores ................................................................................................................................................................................................................................75Instrumentos odontológicos ................................................................................................................................................................................................. 23Materiais biocompatíveis ......................................................................................................................................................................................................287Materiais para moldagem odontológica .............................................................................................................................................................................239Mercado de trabalho .............................................................................................................................................................................................................275Neoplasias benignas ................................................................................................................................................................................................................ 53Nevo flâmeo ..........................................................................................................................................................................................................................167Oclusão dentária ....................................................................................................................................................................................................................155Odontologia ............................................................................................................................................................................................................75, 265, 275Odontologia geriátrica ............................................................................................................................................................................................................87Ortodontia ............................................................................................................................................................................................................................. 109Papaína, toxicidade ................................................................................................................................................................................................................245Paralisia facial .........................................................................................................................................................................................................................297Periódico científico ...............................................................................................................................................................................................................265Periodontia .............................................................................................................................................................................................................................281Pesquisa bibliográfica ...........................................................................................................................................................................................................265Pesquisa científica ..................................................................................................................................................................................................................265Porcelana dentária ...................................................................................................................................................................................................................37Postura ....................................................................................................................................................................................................................................155Prática profissional ................................................................................................................................................................................................................275

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Preparo de canal radicular....................................................................................................................................................................................................251Prostaglandinas ........................................................................................................................................................................................................................75Prótese dentária .......................................................................................................................................................................................................................61Prótese parcial removível .....................................................................................................................................................................................................129Prótese total .......................................................................................................................................................................................................................61, 87Psicologia ..................................................................................................................................................................................................................................87Radiografia panorâmica ..................................................................................................................................................................................................15, 143Rânula ....................................................................................................................................................................................................................................... 83Regeneração óssea ..................................................................................................................................................................................................................... 7Resinas compostas ........................................................................................................................................................................................................219, 225Resistência à tração .........................................................................................................................................................................................................37, 225Resistência ao cisalhamento.................................................................................................................................................................................................233Saliva artificial ........................................................................................................................................................................................................................161Satisfação do paciente.............................................................................................................................................................................................................61Saúde bucal .............................................................................................................................................................................................................................61Saúde pública ..........................................................................................................................................................................................................................43Sedação consciente ...............................................................................................................................................................................................................181Seio maxilar ............................................................................................................................................................................................................................149Síndrome de Moebius ...........................................................................................................................................................................................................297Síndrome de Sturge-Weber ..................................................................................................................................................................................................167Substitutos ósseos .................................................................................................................................................................................................................287Técnica para retentor intra-radicular ..................................................................................................................................................................................117Técnicas de cultura de células .............................................................................................................................................................................................245Terapia a laser de baixa intensidade....................................................................................................................................................................................281Terceiro molar ..................................................................................................................................................................................................................29,149Transplante ósseo ..................................................................................................................................................................................................................189Transtornos da articulação temporomandibular ........................................................................................................................................................67, 109Tratamento do canal radicular .............................................................................................................................................................................................251Tratamento odontológico ....................................................................................................................................................................................................297Trismo .......................................................................................................................................................................................................................................29Ultra-som .................................................................................................................................................................................................................................. 23Vidro .......................................................................................................................................................................................................................................287

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SUBjecT HeAdINGS

Anti-inflammatory agents, no-steroidal ........................................................................................................................................................................... 29Benign neoplasias .................................................................................................................................................................................................................... 53Bibliographic research ..........................................................................................................................................................................................................265Biocompatible materials .......................................................................................................................................................................................................287Bonding agents ......................................................................................................................................................................................................................117Bone banks .............................................................................................................................................................................................................................189Bone regeneration .................................................................................................................................................................................................................... 7Bone substitutes ....................................................................................................................................................................................................................287Bone transplantation.............................................................................................................................................................................................................189Bruxism ..................................................................................................................................................................................................................................155Candida albicans ....................................................................................................................................................................................................................135Candidiasis ..............................................................................................................................................................................................................................135Cell culture techniques .........................................................................................................................................................................................................245Ceramics .................................................................................................................................................................................................................................225Community health agents ...................................................................................................................................................................................................... 43Composite resins ...........................................................................................................................................................................................................219, 225Counscious sedation .............................................................................................................................................................................................................181Cyanoacrylates .......................................................................................................................................................................................................................219Cyclooxigenase ........................................................................................................................................................................................................................75Delivery of health care .......................................................................................................................................................................................................... 43Dental anxiety ........................................................................................................................................................................................................................181Dental caries...........................................................................................................................................................................................................................257Dental impression materials ................................................................................................................................................................................................239Dental instruments ................................................................................................................................................................................................................. 23Dental occlusion ....................................................................................................................................................................................................................155Dental porcelain .....................................................................................................................................................................................................................37Dental prosthesis ...................................................................................................................................................................................................................161Dental pulp cavity .........................................................................................................................................................................................................123, 211Dental treatment ...................................................................................................................................................................................................................297Dentin-bonding agents .........................................................................................................................................................................................................233Denture, partial, removable .................................................................................................................................................................................................129Dentistry .........................................................................................................................................................................................................................265, 275Denture, complete ...........................................................................................................................................................................................................61, 87 Desinfection, methods .........................................................................................................................................................................................................175Diagnosis ................................................................................................................................................................................................................................. 83Education, dental ..................................................................................................................................................................................................................275Elderly ......................................................................................................................................................................................................................................87Endodontics ...........................................................................................................................................................................................................................251Endodontics, instrumentation ............................................................................................................................................................................................. 23Epidemiology ......................................................................................................................................................................................................................... 53Facial paralysis .......................................................................................................................................................................................................................297Fibroblasts ..............................................................................................................................................................................................................................245Geriatric dentistry ...................................................................................................................................................................................................................87Gingival diseases, prevention and control .........................................................................................................................................................................257Glass ........................................................................................................................................................................................................................................287Glass ionomer cements ........................................................................................................................................................................................................219Hidrofluoridric acid ................................................................................................................................................................................................................37Histology .................................................................................................................................................................................................................................... 7Inhibitors .................................................................................................................................................................................................................................75Instrumentation ...................................................................................................................................................................................................................... 23Jaw abnormalities ..................................................................................................................................................................................................................143Jaws cystis ...............................................................................................................................................................................................................................143Job market ..............................................................................................................................................................................................................................275Journal article, dentistry .......................................................................................................................................................................................................265Laser therapy, low-level ........................................................................................................................................................................................................281Materials and supplies stockpiling ......................................................................................................................................................................................175Maxillary sinus .......................................................................................................................................................................................................................149Maxilofacial abnormalities .................................................................................................................................................................................................... 15Moebius syndrome ................................................................................................................................................................................................................297Molar, third ......................................................................................................................................................................................................................29, 149

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Nevus flammeus ....................................................................................................................................................................................................................167Oral health ..............................................................................................................................................................................................................................61Orthodontics .........................................................................................................................................................................................................................109Pain ...........................................................................................................................................................................................................................................29Papain, toxicity .......................................................................................................................................................................................................................245Patient satisfaction .................................................................................................................................................................................................................61Periodontics ...........................................................................................................................................................................................................................281Post and core technique dentin ...........................................................................................................................................................................................117Posture ....................................................................................................................................................................................................................................155Professional practice .............................................................................................................................................................................................................275Prostaglandins .........................................................................................................................................................................................................................75Psycology .................................................................................................................................................................................................................................87Public health ...........................................................................................................................................................................................................................43Radiography, panoramic .................................................................................................................................................................................................15, 143Ranula ....................................................................................................................................................................................................................................... 83Resin cements ........................................................................................................................................................................................................................161Root canal preparation .........................................................................................................................................................................................................251Root canal therapy ................................................................................................................................................................................................................251Saliva, artificial .......................................................................................................................................................................................................................161Scientific journal ....................................................................................................................................................................................................................265Scientific research ..................................................................................................................................................................................................................265Self-concept ............................................................................................................................................................................................................................61Shear strength ........................................................................................................................................................................................................................233Sturge-Weber Syndrome ......................................................................................................................................................................................................167Sublingual gland ..................................................................................................................................................................................................................... 83Temporomandibular joint disorder ..............................................................................................................................................................................67, 109Temporomandibular joint/radiography ............................................................................................................................................................................109Tensile strength ...............................................................................................................................................................................................................37, 225Tooth, unerupted ..................................................................................................................................................................................................................149Transcutaneous electric nerve stimulation ......................................................................................................................................................................... 67Trismus ....................................................................................................................................................................................................................................29Ultrasonics ................................................................................................................................................................................................................................ 23

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A Revista de Odontologia da UNICID é uma publicação da Universidade Cidade de São Paulo dirigida à classe odontológica e aberta à comunidade científica em nível nacional e internacional. São publicados artigos originais, artigos de revisão, artigos de atualização, artigos de divulgação e relatos de casos ou técnicas. Essas instruções baseiam-se nos “Requisitos Uniformes para Manuscritos Apresentados a Periódicos Biomédicos*.” (estilo Vancouver) elaborados pelo International Committee of Medical Journal Editors - Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biological Journals**...

Normas gerais

• Os trabalhos serão submetidos à apreciação do Corpo Editorial e serão devolvidos aos autores quando se fizerem necessárias correções ou modificações de ordem temática. A Revista se reserva o direito de proceder a alterações no texto de caráter formal, ortográfico ou gramatical antes de encaminhá-lo para publicação.

• É permitida a reprodução no todo ou em parte de artigos publicados na Revista de Odontologia da UNICID, desde que sejam mencionados o nome do autor e a origem, em conformidade com a legislação sobre Direitos Autorais.

• Os trabalhos poderão ser redigidos em português, inglês ou espanhol.

• Os conceitos emitidos no texto são de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do Corpo Editorial.

• Todo trabalho deve ser assinado pelo(s) autor(es) e conter o endereço, telefone e e-mail do(s) mesmo(s). Recomenda-se aos autores que mantenham uma cópia do texto original, bem como das ilustrações.

• Artigos de pesquisa que envolvam seres humanos devem ser submetidos junto com uma cópia de autorização pelo Comitê de Ética da instituição na qual o trabalho foi realizado.

• Serão fornecidas aos autores dez separatas por trabalho. Separatas adicionais poderão ser adquiridas ao preço estipulado por ocasião da entrega dos originais.

• As datas de recebimento e aceitação do original constarão no final do mesmo, quando de sua publicação.

Forma dos manuscritos

Texto Os trabalhos devem ser digitados utilizando-se a fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço duplo e margens de 3 cm em cada um dos lados do texto. Devem ter, no máximo, 20 laudas. Provas impressas, em duas vias, devem vir acompanhadas de um CD Rom contendo o arquivo gerado em processador de texto Word for Windows (Microsoft). Para a redação, deve-se dar preferência ao uso da 3” pessoa do singular com a partícula “se”.

Ilustrações As ilustrações (gráficos, quadros, desenhos e fotografias) devem ser apresentadas em folhas separadas e numeradas, consecutivamente, em algarismos arábicos, com suas legendas em folhas separadas e numeração correspondente. No texto, devem ser indicados os locais para a inserção das ilustrações. Quando gerados em computador, os gráficos e desenhos devem ser impressos juntamente com o texto e estar gravados no mesmo disquete. As fotografias devem ser em preto-e-branco, dando-se preferência para o envio das ampliações em papel acompanhadas dos respectivos negativos. O limite de ilustrações não deve exceder o total de oito por artigo. No caso de absoluta necessidade de as fotos serem coloridas, a despesa ficará por conta do(s) autor(es), dando-se preferência para o envio dos negativos ou cromos. Gráficos, desenhos, mapas etc. deverão ser designados no texto como Figuras.

Tabelas O número de tabelas deve limitar-se ao estritamente necessário para permitir a compreensão do texto. Devem ser numeradas, consecutivamente, em algarismos arábicos e encabeçadas pelo respectivo título, que deve indicar claramente o seu conteúdo. No texto, a referência a elas deverá ser feita por algarismos arábicos. Os dados apresentados em tabela não devem ser repetidos em gráficos, a não ser em casos especiais. Não traçar linhas internas horizontais ou verticais. Colocar em notas de rodapé de cada tabela as abreviaturas não padronizadas. Na montagem das tabelas seguir as “Normas de apresentação tabular e gráfica”, estabelecidas pelo Departamento Estadual de Estatística da Secretaria de Planejamento do Estado, Paraná, 1983.

Abreviaturas Para unidades de medida devem ser usadas somente as unidades legais do Sistema Internacional de Unidades (SI). Quanto a abreviaturas e símbolos, utilizar somente abreviaturas padrão, evitando incluí-Ias no título e no resumo. O termo completo deve preceder a abreviatura quando ela for empregada pela primeira vez, salvo no caso de unidades comuns de medida.

Notas de rodapé As notas de rodapé serão indicadas por asterisco e restritas ao mínimo necessário.

INSTRUÇÕeS AOS AUTOReS

* International Committee of Medical Journal Editors. Requisitos Uniformes para Manuscritos Apresentados a Periódicos Biomédicos. Rev Saúde Pública [periódico on-line] 1999; 33(1):6-15. Disponível em: http://www.fsp.usp.br/rsp.

** International Committee of Medical Journal Editors. Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals. New Engl J Med [serial online] 1997; 336:309-15. Available from: http://www.acponline.org.

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• Imagens fotográficas devem ser submetidas na forma de slides (cromos) ou negativos, estes últimos sempre acompanhados de fotografias em papel.

• Câmaras digitais caseiras ou semiprofissionais (“Mavica” etc.) não são recomendáveis para produzir imagens visando à reprodução em gráfica, devendo-se dar preferência a máquinas fotográficas convencionais (que utilizam filme: cromo ou negativo).

• Não serão aceitas imagens inseridas em aplicativos de texto (Word for Windows etc.) ou de apresentação (Power Point etc.). Imagens em Power Point podem ser enviadas apenas para servir de indicação para o posicionamento de sobreposições (setas, asteriscos, letras, etc.), desde que sempre acompanhadas das imagens originais inalteradas, em slide ou negativo/foto em papel.

• Na impossibilidade de apresentar imagens na forma de slides ou negativos, somente serão aceitas imagens em arquivo digital se estiverem em formato TIFF e tiverem a dimensão mínima de 10 x 15 cm e resolução de 300 dpi.

• Não serão aceitas imagens fora de foco.• Montagens e aplicação de setas, asteriscos e letras, cortes, etc. não

devem ser realizadas pelos próprios autores. Devem ser solicitadas por meio de esquema indicativo para que a produção da Revista possa executá-las usando as imagens originais inalteradas.

• Todos os tipos de imagens devem estar devidamente identificados e numerados, seguindo-se sua ordem de citação no texto.

Atenção, autores: vejam como submeter imagens!Do encaminhamento dos originais

Deverão ser encaminhadas duas cópias em papel e uma versão em CD Rom à Revista de Odontologia da UNICID Comissão de PublicaçãoAt. Mary Arlete Payão Pela - Biblioteca, Rua Cesário Galeno, 432/448Tel. (0**11) 2178-1219CEP 03071-000 - São Paulo - Brasil E-mail: [email protected]

a) Título em português e inglês.b) Autor(es): nome e sobrenome. Recomenda-se ao(s) autor(es) escrever seu(s) nome(s) em formato constante, para fins de indexação.c) Rodapé: nome da instituição em que foi feito o estudo, título universitário, cargo do(s) autor(es) e e-mail do(s) autores.

Página deidentificação

Preparo dos manuscritos

Resumo Artigos originais: com até 250 palavras contendo informação estruturada, constituída de Introdução (propósitos do estudo ou investigação), Métodos (material e métodos empregados), Resultados (principais resultados com dados específicos) e Conclusões (as mais importantes).Para outras categorias de artigos o formato dos resumos deve ser o narrativo com até 250 palavras. Dar preferência ao uso da terceira pessoa do singular e do verbo na voz ativa.

Descritores São palavras-chave que identificam o conteúdo do trabalho. Para a escolha dos descritores, consultar, em português, os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/BIREME, disponível em www.bireme.br/decs) e, em inglês, Medical Subject Head-ings (MeSH/IM). Caso não forem encontrados descritores disponíveis para cobrir a temática do manuscrito, poderão ser indicados termos ou expressões de uso conhecido.

Estrutura dos artigos

Os artigos científicos devem ser constituídos de INTRODUçÃO, MÉTODOS, RESULTADOS, DISCUSSÃO, CON-CLUSõES e AGRADECIMENTOS (quando houver). Os casos clínicos devem apresentar introdução breve, descrição e discussão do caso clínico ou técnica e conclusões.

Referências As referências bibliográficas devem ser ordenadas alfabeticamente, numeradas em ordem seqüencial crescente e normaliza-das no estilo Vancouver. Os títulos de periódicos devem ser grifados e abreviados de acordo com o Index Medicus (List of Journals Indexed in Index Medicus, disponível em http://www.nlm.nih.gov). Listar todos os autores quando até seis; quando forem sete ou mais, listar os seis primeiros, seguidos de et al.. As referências são de responsabilidade dos autores e devem estar de acordo com os originais.

Exemplos de referências

Vellini-Ferreira F. Ortodontia - diagnóstico e planejamento clínico. 3ª ed. São Paulo: Artes Médicas; 1999. Kane AB, Kumar V. Patologia ambiental e nutricional. In: Cotran RS. Robbins - patologia estrutural e funcional. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000.

Ong JL, Hoppe CA, Cardenas HL, Cavin R, Carnes DL, Sogal A, et al. Osteoblast precursor cell activity on HA surfaces of different treatments. J Biomed Mater Res 1998 Feb; 39(2):176-83.

World Health Organization. Oral health survey: basic methods. 4th ed. Geneve: ORH EPID: 1997.

Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer.. Imunoterapia. Disponível em: http://inca.gov.br/tratamento/imunoterapia.htm (11 mar. 2002).

Mutarelli OS. Estudo in vitro da deformação e fadiga de grampos circunferenciais de prótese parcial removível, fundidos em liga de cobalto-cromo e em titânio comercialmente puro. [tese de doutorado] São Paulo: Faculdade de Odontologia da Universi-dade de São Paulo; 2000.Ribeiro A, Thylstrup A, Souza IP, Vianna R. Biofilme e atividade de cárie: sua correlação em crianças HIV+. In: 16ª Re-união Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica; 1999; set 8; Águas de São Pedro. São Paulo: SBPqO; 1999.

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INSTRUCTIONS TO AUTHORS

The Revista de Odontologia da UNIClD is published by the Universidade Cidade de São Paulo. It is aimed at the dental profession and open to the national and international scientific community. It contains original articles, reviewed articles, updated articles, preprint articles and technical or clinical case reports. The present instructions are based on the “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals” (Vancouver Style) established by the International Committee of Medical Journal Editors*.

General instructions

• The manuscripts shall be evaluated by the Editorial Committee and will be returned to the author when thematic corrections or other changes are required. The Revista is entitled to make formatting, spelling and grammar changes in the text, before sending it for publication.

• Reproduction of any part of the articles published in the Revista de Odontologia da UNICID is authorized, provided that the origin of the article and the name(s) of the author(s) are mentioned, pursuant to Copyright legislation.

• Articles may be written in Portuguese, English or Spanish.

• Concepts included in the texts are authors’ of full responsibility and do not necessarily reflect the Editorial Committee’s opinion..

• Articles must be signed by the author(s) and must include their address, telephone number and e-mail. It is recommended that the author(s) keep a copy of the originals, including illustrations.

• Research articles involving humans must be accompanied by a copy of the authorization from the Ethics Committee of the institution where the study was carried out.

• Authors will receive ten reprints. Additional reprints may be obtained at a price agreed upon when the original is handed in.

• Submittance and acceptance dates of the original will be included at the end of the text, upon publication.

Manuscript format

Text Manuscripts should be typed using Times New Roman font, size 12, should be double-spaced and with a 3 cm margin on each side of the text. They must be 20 pages long at the most. The printed pages must be in two copies and accompanied by a CD Rom containing a Word for Windows (Microsoft) file. When writing, use the passive voice, do not use the first person (I, we, us, our etc.). “We conducted the study” can be changed easily to “The study was conducted”.

Illustrations Illustrations (graphs, tables, drawings and photos) must be set in separate sheets, and sequentially numbered using Arabic numerals. Captions should appear in separate sheets, with their corresponding numbers. The insertion points of the illustrations should be indicated in the text. When computer generated, graphs and drawings should be printed along with the original text and saved in the same floppy disk. Photos should be black-and-white. Paper copies should preferably be accompanied by their respective negatives. Each article should have no more than eight illustrations. Whenever color reproduction of photos is deemed strictly necessary by the author(s), he/she/they will be charged for the expenses, and negatives or chromes will be required. Graphs, drawings, maps etc. are to be named as “Figures” in the text.

Tables The quantity of tables should be limited to the strictly necessary for text comprehension. Tables should be numbered sequentially in Arabic numerals, and their headings must clearly indicate their content. Reference to tables should be made in the text using Arabic numerals. Information given in tables should not be repeated in graph, except in special cases. Do not draw horizontal or vertical lines within the tables. Non standardized abbreviations should be positioned in footnotes of each table. Refer to a copy of the last edition of the Revista for information on table arrangement and display.

Abbreviations Only legal units of measurement of the International System of Units (SI) are to be used. For abbreviations and symbols, use only standard abbreviations. Abbreviations should be avoided in headings and in the abstract. The full term must precede the abbreviation when it appears for the first time, except if they are common units of measurement.

Footnotes Footnotes, limited to the strictly necessary, should be indicated by asterisks.

* International Committee of Medical Journal Editors. Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals. New Engl J Med [serial online] 1997; 336:309-15. Available from: http://www.acponline.org.

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Preparation of manuscripts

a) Title in Portuguese and English.b) Name and surname of author(s). The author(s) is/are urged to spell his/her/their names in a constant formatting, for the sake of indexing.c) Footnotes should indicate the institution where the study was carried out as well as the academic title, office held and e-mail of the author(s).

Title page

Abstract The abstract should be presented in English and Portuguese. If the article is written in Spanish, it should be presented both in Spanish and English. For original articles, up to 250 words and containing structured information consisting of Introduction (purpose of the study or research), Methods (material and employed methods), Results (main results with specific data), and Conclusions (the most important ones).For articles of other types, the abstract should have be in narrative form, with up to 250 words. Prefer verbs in the third person singular, and in the active voice.

Descriptors Key-words that identify the content of the study. When selecting descriptors, refer to the Descritores em Ciências da Saúde (DeCS BIREME, available at www.bireme.br/decs), for Portuguese, or to the Medical Subject Headings (MeSH/IM), for English. If established descriptors that reflect the content of the manuscript are not available, common terms or expressions may be used instead.

Structure of the articles

Scientific articles must contain INTRODUCTION, METHODS, RESULTS, DISCUSSION, CONCLUSIONS and ACKNOWLEDGMENTS (when applicable). Clinical case reports must include a brief introduction, a description and discussion of the case or technique, and conclusions.

References The bibliographic references should be presented in alphabetical order, numbered sequentially, and presented according to the Vancouver style. Titles of periodicals should be italicized and abbreviated in accordance with the Index Medicus (List of Journals Indexed in Index Medicus, available at http://www.nlm.nih.gov). All authors up to six should be listed; if more than six, the first six should be listed and followed by the expression et al. References are of the authors’ responsibility and must be in accordance with the original.

Reference examples

Mailing of manuscripts

The author can send two copies on paper and one in CD Rom to: Revista de Odontologia da UNICID Comissão de PublicaçãoA/c Mary Arlete Payão Pela - Biblioteca. Rua Cesário Galeno, 432/448Tel. (0**11) 2178-1219CEP 03071-000São Paulo - Brasil E-mail: [email protected]

Vellini-Ferreira F. Ortodontia - diagnóstico e planejamento clínico. 3ª ed. São Paulo: Artes Médicas; 1998. Kane AB, Kumar V. Patologia ambiental e nutricional. In: Cotran RS. Robbins - patologia estrutural e funcional. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000.

Ong JL, Hoppe CA, Cardenas HL, Cavin R, Carnes DL Sogal A et al. Osteoblast precursor cell activity on HA surfaces of different treatrnents. J Biomed Mater Res 1998; 39(2): 176-83.

World Health Organization. Oral health survey: basic methods. 4th ed. Geneve: ORH EPID: 1997.

Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. lmunoterapia. Disponível em: http://inca.gov.br/tratamento/imunoterapia.htm (lI mar. 2002).

Mutarelli OS. Estudo in vitro da deformação e fadiga de grampos circunferenciais de prótese parcial removível, fundidos em liga de cobalto-cromo e em titânio comercialmente puro. [tese de doutorado] São Paulo: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; 2000.

Ribeiro A, Thylstrup A, Souza IP, Vianna R. Biofilme e atividade de cárie, sua correlação em crianças HIV+. ln: 16ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica; 1999; set 8; Águas de São Pedro. São Paulo: SBPqO; 1999.

A Note to Authors on how to submit images

• Photographic illustrations must be submitted as slides or negatives, the latter accompanied by photo prints.

• Amateur or semi-professional digital cameras (“Movie” etc.) are not recommended to produce images for reproduction by the printing press. Conventional cameras (that use film) are preferred.

• Illustrations inserted in text or presentation applications (Word for Windows, Power Point etc.) will not be accepted. Images in Power Point may be submitted only as a guide for the application of overplayed (arrows, asterisks, letters etc.), provided that unaltered original Images(slides or negatives/photo prints) are also submitted.

• Whenever slides or negatives can not be submitted, image digital files will only be accepted, provided they are in TIFF format in 1 Ox 15 cm minimum size and 300 dpi minimum resolution.

• Out of focus images will not be accepted.• Photo montages or the application of arrows, asterisks, letters etc. must never

be performed by the authors themselves. They should be ordered through the submission of an indicative draft, so that the journal’s art production may execute them inn the unaltered originals.

• All illustrations must be duly identified and numbered consecutively loll owing their sequential citation in the text.

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