Editorial 2012-04-29

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Boletim dominical

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Boletim 320 – 29/04/2012 NA MEDIDA CERTA

“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens.” (Mateus 5:13)

Olhando para a história do cristianismo, vejo que a Igreja enfrentou momentos muito difíceis.

Foram guerras, perseguições e privação de liberdade de cristãos dentre muitas outras dificuldades. Contudo, ante tantas situações difíceis, vejo que a Igreja alemã enfrentou muitos desafios entre 1933 e 1945, período conhecido como Terceiro Reich ou a Alemanha Nazista de Hitler.

A proposta do partido nazista era controlar todas as áreas de influência da população, ainda mais se essas áreas alcançassem grandes massas. Por isso, artistas, músicos, filósofos, professores e pastores, dentre tantos profissionais, foram alvo de perseguição nazista.

Controlar as áreas de influência da população significava ter todos os profissionais dessas áreas sob o controle do partido nazista. Entretanto, não aderir a esta proposta significava praticamente a morte, pois todos os que assim se opuseram foram levados para os temidos campos de concentração, e lá ficaram até o fim de suas vidas.

Dietrich Bonhoeffer, pastor da igreja alemã, foi professor de teologia da Universidade de Berlim. Homem crente, piedoso, e, sobretudo, influente, foi perseguido pelos nazistas e preso sob a acusação de fazer parte de um complô para o assassinato de Hitler. Passou três anos em campos de concentração, até que foi enforcado.

Bonhoeffer defendeu um posicionamento da Igreja diante da sociedade. Ele entendia ser impossível, como cristão, pactuar com as políticas praticadas por Hitler. Não se assuste, mas nem todos os pastores da época pensaram assim. Para ele, ser Igreja estava conectado ao entendimento da expressão “Venha o teu reino” dita na oração de Jesus (Mateus 6.9ss).

Se a Igreja não entendesse tal significado, ela poderia cometer duas grandes falhas que mudariam a forma de atuação dela no mundo. As duas falhas apontadas por Bonhoeffer são: 1) Evadir-se do mundo; 2) Secularizar-se.

A Igreja se evade do mundo quando a mensagem pregada não está conectada às necessidades da própria sociedade. Ignorar as dificuldades, os problemas e os desafios da sociedade na qual a Igreja está inserida é uma forma de evasão.

A segunda falha da Igreja está ligada a uma atitude completamente oposta à evasão, mas torna-se uma falha porque, ao invés de ser Igreja atuante no mundo, lutando contra as desigualdades, passa a ter cara de mundo, deixando-se influenciar por modismos, posicionamentos que ferem os preceitos bíblicos e longe de ser uma voz ativa no mundo.

Encontrar a medida certa é ser, verdadeiramente, sal no mundo, pois ser sal no mundo não significa fazer com que a sociedade sinta apenas gosto de sal, mas fazer com que o gosto dos alimentos temperados com sal tenha um sabor diferenciado. Afinal, tudo o que Deus criou, neste mundo, é bom. É preciso, tão somente, encontrar a medida certa. Indubitavelmente, este é um bom e grandioso motivo de oração.

Pastor Fábio Quintanilha