Edição 1020 06 a 12/01/2012 Apurar a privataria …Apurar a privataria tucana D as 343 páginas...

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Edição 1020 06 a 12/01/2012 Apesar do silêncio monumen- tal da velha mídia e das mil e uma armações para esconder ou minimizar os efeitos bombás- ticos do livro “A Privataria Tuca- na”, os deputados federais vol- tarão do recesso parlamentar com o dever moral de instalarem uma CPI para investigar as de- núncias e toda a extensa docu- mentação apresentada pelo jor- nalista Amaury Ribeiro Jr. Lan- çado no dia 9 de dezembro, o li- vro esgotou a primeira edição de 15 mil exemplares em dois dias e teve mais de 120 mil exempla- res vendidos em três semanas. Apurar a privataria tucana D as 343 páginas que desven dam o mega esquema de cor- rupção durante as privatizações das estatais feitas pelo governo FHC, mais de 140 são de documentos ofi- ciais levantados em juntas comerci- ais, cartórios, Ministério Público e na Justiça, comprovando a lavagem de dinheiro em paraísos fiscais e pa- gamentos de propinas. O esquema era comandado pelo então minis- tro do Planejamento, José Serra, sua filha Verônica Serra, o banquei- ro Daniel Dantas, o ex-diretor do Banco do Brasil e tesoureiro das campanhas de FHC, Ricardo Sér- gio, entre outros tucanos. O livro é rico em detalhes e con- sumiu 12 anos de investigações fei- tas pelo jornalista e que levaram o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), a solicitar a instalação de uma CPI para inves- tigar a fundo a privataria tucana. Um requerimento com 206 assina- turas de deputados de diversos partidos cobrando a abertura da Comissão Parlamentar de Inqué- rito foi protocolado no dia 21 de dezembro pelo presidente da Câ- mara, deputado Marco Maia (PT/ RS ). A Casa deverá se pronunci- ar somente em fevereiro, após o recesso parlamentar. A privataria imposta pelos tuca- nos desregulamentou setores es- tratégicos do país, entre eles a in- dústria de petróleo, enfraquecen- do o Estado e aprofundando a con- centração de renda e a exclusão social. A Petrobrás só não foi com- pletamente privatizada em função da resistência dos trabalhadores e dos movimentos sociais. É che- gada a hora da sociedade brasi- leira exigir uma investigação pro- funda das escandalosas opera- ções de venda de estatais a pre- ço de banana ocorrida nos anos 90, a maioria delas financiada com empréstimos e títulos públicos, em troca de propinas.

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Edição 1020 06 a 12/01/2012

Apesar do silêncio monumen-tal da velha mídia e das mil euma armações para esconderou minimizar os efeitos bombás-ticos do livro “A Privataria Tuca-na”, os deputados federais vol-tarão do recesso parlamentarcom o dever moral de instalaremuma CPI para investigar as de-núncias e toda a extensa docu-mentação apresentada pelo jor-nalista Amaury Ribeiro Jr. Lan-çado no dia 9 de dezembro, o li-vro esgotou a primeira edição de15 mil exemplares em dois diase teve mais de 120 mil exempla-res vendidos em três semanas.

Apurar a privataria tucana

Das 343 páginas que desvendam o mega esquema de cor-

rupção durante as privatizações dasestatais feitas pelo governo FHC,mais de 140 são de documentos ofi-ciais levantados em juntas comerci-ais, cartórios, Ministério Público e naJustiça, comprovando a lavagem dedinheiro em paraísos fiscais e pa-gamentos de propinas. O esquemaera comandado pelo então minis-tro do Planejamento, José Serra,sua filha Verônica Serra, o banquei-ro Daniel Dantas, o ex-diretor do

Banco do Brasil e tesoureiro dascampanhas de FHC, Ricardo Sér-gio, entre outros tucanos.

O livro é rico em detalhes e con-sumiu 12 anos de investigações fei-tas pelo jornalista e que levaramo deputado federal ProtógenesQueiroz (PCdoB-SP), a solicitar ainstalação de uma CPI para inves-tigar a fundo a privataria tucana.Um requerimento com 206 assina-turas de deputados de diversospartidos cobrando a abertura daComissão Parlamentar de Inqué-rito foi protocolado no dia 21 dedezembro pelo presidente da Câ-mara, deputado Marco Maia (PT/RS ). A Casa deverá se pronunci-ar somente em fevereiro, após o

recesso parlamentar.A privataria imposta pelos tuca-

nos desregulamentou setores es-tratégicos do país, entre eles a in-dústria de petróleo, enfraquecen-do o Estado e aprofundando a con-centração de renda e a exclusãosocial. A Petrobrás só não foi com-pletamente privatizada em funçãoda resistência dos trabalhadorese dos movimentos sociais. É che-gada a hora da sociedade brasi-leira exigir uma investigação pro-funda das escandalosas opera-ções de venda de estatais a pre-ço de banana ocorrida nos anos90, a maioria delas financiada comempréstimos e títulos públicos, emtroca de propinas.

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Edição 1020 – Boletim da FEDERAÇÃO ÚNICA DOS PETROLEIROS Filiada à CUT www.fup.org.brAv.Rio Branco, 133/21º andar, Centro, Rio de Janeiro - (21) 3852-5002 [email protected] Edição: Alessandra Murteira - MTb 16763

Projeto gráfico e diagramação: Claudio Camillo MTB 20478 Diretoria responsável por esta edição: Anselmo, Caetano, Chicão, Daniel,Dary, Divanilton, Enéias, Leopoldino, Marlúzio, Moraes, Paulo César, Silva, Simão, Ubiraney, Zé Maria

Ano novo, insegurança sem tréguaO ano de 2012 começa com uma série de desa-

fios para os petroleiros, principalmente no que dizrespeito à garantia de condições seguras e saudá-veis de trabalho. Na última semana de dezembro,mais um petroleiro perdeu a vida em acidente naPetrobrás. O técnico de segurança Aldo Dias deLima, 49 anos, estava planejando passar o anonovo com a esposa, os três filhos e o netinho queajudava a criar, mas um acidente absurdo e incon-cebível interrompeu precocemente a sua vida edestruiu sua família. Junto com outros dois traba-lhadores, ele caiu de uma altura de mais de seismetros, durante o transbordo para a plataformaPUB-3, em Guamaré, no Rio Grande do Norte. Oacidente foi na noite de 26 de dezembro e, segundoinformações obtidas pelo Sindipetro-RN, o guin-daste de transbordo teria se chocado com os aloja-

Ganho real do salário mínimo é conquista dos trabalhadoresOs trabalhadores brasileiros iniciam 2012 com

um novo valor do salário mínimo: R$ 622. O reajustede 14,13% representa um aumento real de 9,02%,beneficiando diretamente cerca de 48 milhões debrasileiros. Nos últimos dez anos, o salário mínimoteve um ganho real de 66%, O reajuste, que era feitoem 1º de maio, agora passar a vigorar já no primeirodia do ano. Essa é uma conquista da organizaçãodos trabalhadores, fruto de um acordo da CUT e deoutras centrais sindicais com o governo, estabele-

Fórum Social de volta a Porto AlegreJá estão abertas as inscrições para o

Fórum Social Mundial, que esse ano serádescentralizado e baseado em grupos te-máticos. No Brasil, o Fórum Social Temáti-co será realizado no Rio Grande do Sul,entre os dias 24 e 29 de janeiro, nas cida-des de Porto Alegre, Gravataí, Canoas, SãoLeopoldo e Novo Hamburgo. Os organiza-dores já contam com mais de 400 ativida-des inscritas e a presença confirmada decerca de 300 convidados nacionais e in-ternacionais, entre intelectuais, líderes demovimentos sociais, ativistas das causasambientais, trabalhistas, indígenas e de di-

mentos, provocando a queda dos trabalhadores queestavam no cesto.

O técnico de operação Pedro Leopoldo da Silvei-ra Neto e o mecânico Francisco Wilson Vieira tam-bém se feriram durante a queda e, felizmente, nãoperderam a vida. É um absurdo que uma empresa doporte da Petrobrás ainda utilize cestas no transbordode trabalhadores para as plataformas marítimas eexponha seus funcionários a riscos que podem serevitados. No mesmo dia do acidente que matou Aldo,os trabalhadores da Reduc conseguiram debelar umincêndio em uma das unidades de destilação da refi-naria, que, por sorte, não feriu ninguém. Segundo oSindipetro Caxias, o incêndio foi fruto da falta demanutenção preventiva e ocorreu uma semana apósos trabalhadores da Reduc terem sido contaminadospor consumo de água ácida.

Também em dezembro, um petroleiro da Rlam,na Bahia, foi diagnosticado com leucemia, em fun-ção da exposição ao benzeno. Recentemente, outropetroleiro baiano, que atuava na Estação de Com-pressores de Miranga, foi induzido ao coma, apósapresentar quadro de leucemia aguda.

Histórias como estas trazem à tona os riscos aque estão expostos diariamente os petroleiros, emfunção da insegurança crônica que transformou-seem rotina nas unidades da Petrobrás. Somente em2011, foram 17 mortes por acidentes na empresa,dos quais 14 com trabalhadores terceirizados. Nodia 06 de fevereiro, a FUP participa da segundareunião do grupo de trabalho paritário constituídopara apresentar propostas para uma nova política desaúde e segurança, que de fato defenda a vida. Aprimeira reunião do GT foi no dia 06 de dezembro.

cendo uma política permanente de valorização dosalário mínimo.

Histórico - A CUT e outras centrais sindicaislançaram em 2004 a campanha para valorizaçãodo salário mínimo e atualização da tabela do im-posto de renda. Foram realizadas três marchasconjuntas em Brasília com essasreivindicações e, como resultado, em maio de2005 o salário mínimo passou de R$ 260 para R$300. No ano seguinte, foi elevado para R$ 350, e,

em abril de 2007, para R$ 380. Neste mesmoano, a CUT e outras centrais garantiram umapolítica permanente de valorização do saláriomínimo, que prevê até 2015 o reajuste com baseno INPC dos últimos 12 meses mais a variaçãodo PIB dos dois anos anteriores. Em função dis-so, em março de 2008, o valor do salário mínimofoi alterado para R$ 415; em fevereiro de 2009,para R$ 465; em janeiro de 2010, para R$ 510 eem março de 2011, para R$ 545.

reitos humanos. Estarão presentes Boaven-tura de Sousa Santos, Ignacio Ramonet,José Graziano, Gilberto Gil, Manu Chao eJoão Pedro Stédile, entre outros. No dia 25

de janeiro, o FST 2012 deverá abrigar umamesa de cúpula reunindo os presidentesdo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

O tema central de debates do FST 2012 será acrise capitalista e os caminhos para a justiça so-cial e ambiental. Além disso, o Fórum pretendeser um espaço para a formulação de propostaspara a Cúpula dos Povos, que ocorrerá em junhode 2012 no Rio de Janeiro, paralelamente à reu-nião de cúpula das Nações Unidas para o Desen-volvimento Sustentável, a Rio+20. Maiores infor-mações sobre como participar, credenciamentos(e sobre a programação podem ser acessadas napágina do Fórum (www.fstematico2012.org.br).

MOVA Brasil já alfabetizou 170 mil brasileirosO MOVA Brasil completou em 2011 a 10ª etapa

do projeto de alfabetização que já levou cidadania amais de 170 mil jovens e adultos nos últimos noveanos. Desenvolvido pela FUP, em parceria com oInstituto Paulo Freire e a Petrobrás, o projeto iniciaráem fevereiro mais uma etapa, com a meta de alfabe-tizar 30 mil jovens e adultos em todo o país. Tam-bém será iniciada esse ano a construção de umaproposta de qualificação profissional para ser incluí-da na formação das turmas a partir de 2013, quandoo MOVA Brasil completará dez anos de vida.

Desde a sua criação, em 2003, o projeto vembuscando contribuir para a garantia do direito huma-no à educação. Sem ele muitos brasileiros não teri-am tido a oportunidade de, no processo de aprendi-

zado da leitura e da escrita, compartilhar suas leitu-ras do mundo, aprofundar a compreensão da realida-de em que estão inseridos, ler e escrever a partir deseus contextos e de suas narrativas de vida, visan-do à escrita de uma nova história, à transformaçãosocial, ao exercício ativo da cidadania.

Em cada estado onde há ações do MOVA Brasil,constituem-se as equipes de trabalho - que contamcom monitores (alfabetizadores), coordenadores lo-cais e de polo - em estreita relação de organicidadecom os espaços de vida dos alfabetizandos. Umadas principais conquistas do projeto é justamentesua capacidade para formar articuladores locais,pessoas da comunidade que serão responsáveis di-retas pelo acompanhamento dos alfabetizandos.