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EM ANÁLISE 4 Pedra & Cal n.º 33 Janeiro . Fevereiro . Março 2007 Tema de Capa Estes edifícios, que aparecem junta- mente com os teatros, na maior parte das cidades romanas, quer na Itália, quer por todo o mundo romano, dis- tinguem-se pela sua peculiar arqui- tectura. Etimologicamente, a palavra latina amphitheatrum não será mais do que um teatrum duplo, em que ban- cadas dos espectadores estão, portan- to, colocadas vis a vis 1 . Esta definição está conforme a descrição que Plínio o Antigo faz, na Historia Naturalis, do teatro/anfiteatro de madeira de C. Scribonivs Cvrio (fig. 1), o qual é consi- derado, pelo autor clássico, como o nascimento arquitectónico deste tipo de monumento. Os anfiteatros destinavam-se a ofe- recer às multidões espectáculos que envolviam luta de gladiadores (mu- nera), batalhas navais (naumachia), círculo, como acontece com as are- nas das actuais praças de touros, mas sim de uma elipse (fig. 2). Nos anfiteatros mais imponentes, toda a zona da arena cobria um sistema alta- mente sofisticado de infra-estruturas, onde se encontrava tudo o que era necessário ao desenvolvimento do espectáculo. Aí se tinha construído todo um sistema de maquinaria, do tipo elevadores (pegmata), que trazia até à superfície os cenários e as próprias feras (fig. 3). Era nesta área do anfiteatro que se alojavam os gladiadores, assim como os venatores. Por baixo do podium, existiam os car- ceres, de onde as feras saíam directa- mente para a arena, com destino aos vários combates e caçadas, ou para a prossecução das sentenças do tipo ad bestias. Muitos destes edifícios possuíam, nesta mesma zona, um conjunto de salas que se destinavam aos mais di- ferentes usos. Destacaremos as ca- pelas (sacella), as casas mortuárias (spoliaria) e, possivelmente, um "hos- pital de primeiros socorros". Tal co- mo acontecia no teatro, está prova- da, arqueologicamente, a existência de um sistema de cobertura do tipo velum, com o fim de proteger os espectadores das várias intempéries que podiam prejudicar a multidão enquanto assistiam ao desenrolar dos espectáculos, os quais poderiam durar vastos períodos de tempo. O papel do anfiteatro, na vida ro- mana, passou, na realidade, por ser o instrumento de um sistema social, que, cada vez mais, se apoiava no otium. Não é, pois, de estranhar que passasse a ser um dos locais escolhi- caça e luta com animais (venationes), exibição de atletas, lutas de boxe e execução de condenados à morte, os noxii, (ad bestias os que eram lança- dos às feras, os supliciados na fo- gueira pyrricharii, ou os crucificados cruciarii). Eram constituídos, essencialmente, por bancadas em anel, comportando a ima, a media e a summa cavea, as quais se apoiavam num podium, no qual se sentavam, num plano supe- rior, em lugares do tipo amovível, as pessoas da mais alta condição so- cial, como seja o caso do próprio tri- bunal imperial, de onde o príncipe, mais o seu séquito, assistiam ao de- senrolar dos jogos 2 . Esta tribuna fi- cava, normalmente, nas extremida- des do eixo da arena. A arena não tinha a forma de um Edifícios romanos dedicados ao Otium Os anfiteatros 2a 2b 1 Fig. 1 - Duas hipotéti- cas reconstruções do anfiteatro de Scribo- nivs Cvrio (fonte Bom- gardner, 2002) Fig. 2 - Hipotético plano geométrico da arena e ca- vea do Coliseu de Roma 2a - A partir do Teore- ma de Pitágoras (fonte Bomgardner, 2002) 2b - A partir de um tri- ângulo equilátero (fon- te Bomgardner, 2002) OS ANF˝TEATROS.QXD 31-05-2007 17:35 Page 1

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Tema de Capa

Estes edifícios, que aparecem junta-mente com os teatros, na maior partedas cidades romanas, quer na Itália,quer por todo o mundo romano, dis-tinguem-se pela sua peculiar arqui-tectura. Etimologicamente, a palavralatina amphitheatrum não será mais doque um teatrum duplo, em que ban-cadas dos espectadores estão, portan-to, colocadas vis a vis1. Esta definiçãoestá conforme a descrição que Plínioo Antigo faz, na Historia Naturalis, doteatro/anfiteatro de madeira de C.Scribonivs Cvrio (fig. 1), o qual é consi-derado, pelo autor clássico, como onascimento arquitectónico deste tipode monumento.Os anfiteatros destinavam-se a ofe-recer às multidões espectáculos queenvolviam luta de gladiadores (mu-nera), batalhas navais (naumachia),

círculo, como acontece com as are-nas das actuais praças de touros,mas sim de uma elipse (fig. 2). Nosanfiteatros mais imponentes, toda azona da arena cobria um sistema alta-mente sofisticado de infra-estruturas,onde se encontrava tudo o que eranecessário ao desenvolvimento doespectáculo. Aí se tinha construídotodo um sistema de maquinaria, dotipo elevadores (pegmata), que traziaaté à superfície os cenários e aspróprias feras (fig. 3). Era nesta áreado anfiteatro que se alojavam osgladiadores, assim como os venatores.Por baixo do podium, existiam os car-ceres, de onde as feras saíam directa-mente para a arena, com destino aosvários combates e caçadas, ou para aprossecução das sentenças do tipo adbestias.Muitos destes edifícios possuíam,nesta mesma zona, um conjunto desalas que se destinavam aos mais di-ferentes usos. Destacaremos as ca-pelas (sacella), as casas mortuárias(spoliaria) e, possivelmente, um "hos-pital de primeiros socorros". Tal co-mo acontecia no teatro, está prova-da, arqueologicamente, a existênciade um sistema de cobertura do tipovelum, com o fim de proteger osespectadores das várias intempériesque podiam prejudicar a multidãoenquanto assistiam ao desenrolardos espectáculos, os quais poderiamdurar vastos períodos de tempo.O papel do anfiteatro, na vida ro-mana, passou, na realidade, por sero instrumento de um sistema social,que, cada vez mais, se apoiava nootium. Não é, pois, de estranhar quepassasse a ser um dos locais escolhi-

caça e luta com animais (venationes),exibição de atletas, lutas de boxe eexecução de condenados à morte, osnoxii, (ad bestias os que eram lança-dos às feras, os supliciados na fo-gueira pyrricharii, ou os crucificadoscruciarii).Eram constituídos, essencialmente,por bancadas em anel, comportandoa ima, a media e a summa cavea, asquais se apoiavam num podium, noqual se sentavam, num plano supe-rior, em lugares do tipo amovível,as pessoas da mais alta condição so-cial, como seja o caso do próprio tri-bunal imperial, de onde o príncipe,mais o seu séquito, assistiam ao de-senrolar dos jogos2. Esta tribuna fi-cava, normalmente, nas extremida-des do eixo da arena.A arena não tinha a forma de um

Edifícios romanos dedicados ao Otium

Os anfiteatros

2a 2b1

Fig. 1 - Duas hipotéti-cas reconstruções doanfiteatro de Scribo-

nivs Cvrio (fonte Bom-gardner, 2002)

Fig. 2 - Hipotético planogeométrico da arena e ca-

vea do Coliseu de Roma2a - A partir do Teore-ma de Pitágoras (fonteBomgardner, 2002)2b - A partir de um tri-ângulo equilátero (fon-te Bomgardner, 2002)

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dos para o encontro de grandesmultidões, o que tornava propício oacontecer de rixas e de confrontosfísicos entre facções. Um dos casosque consideramos paradigmáticofoi o que teve lugar no anfiteatro dePompeios, em 59 d. C., onde se deuuma verdadeira luta de "hooligans"entre habitantes desta cidade e os deNucera, a qual custou a vida a vá-rios cidadãos romanos3.

PRINCIPAIS ANFITEATROS

EM ROMA

Até finais da República, todos osmunera e venationes foram efectua-dos no forum romano, entre as duasbasílicas: a Aemillia e a Sempronia.Para que tal fosse possível, insta-lavam-se bancadas de madeira à

Roma conheceu a construção maisimponente dessa época e que aindahoje funciona como o seu verda-deiro ex-líbris: O Anfiteatro Flávio"O Coliseu" (figs. 3 e 4). Este edifíciocolossal, em pedra, começou a serconstruído por Vespasiano em 71 ou72 d. C. e os trabalhos terminaramsó em 80, durante o principado doseu filho Tito. Possuía dimensões pouco vistas atéentão: uma altura da fachada depróximo de 50m, apoiada num ali-cerce de 9m de profundidade; umaarena de 79,35 por 47,20m, de formaelíptica, que era impermeabilizada afim de se poderem realizar batalhasnavais; quatro andares; 80 arcadas(fig. 5) que facilitavam o acesso aosespectadores, que podem ser calcu-

volta de uma arena, que teria, pos-sivelmente, de eixo máximo, cercade 75m.Foi em época augusta, mais precisa-mente no ano de 29 a. C., que se cons-truiu em Roma o primeiro anfiteatrofixo, embora de pequenas dimen-sões. Localizado a sul do Campo deMarte, a expensas de um dos ho-mens poderosos e grande amigo doPrinceps, Statilius Taurus, o qual vema arder no grande incêndio da Urbsem 64 d. C..Na política de Nero de reconstruçãoda cidade, o anfiteatro de StatiliusTaurus foi substituído por um "�anfiteatro de madera construido �y levantado en menos de un año enel mismo Campo de Marte �"4.Com o início da dinastia flávia,

Fig. 3 - Anfiteatro flaviano, Roma. Infraestruturas localizadas sob a arena

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lados, hoje em dia, entre os 50.000 eos 73.0005.Toda a monumentalidade deste edi-fício foi aproveitada para propagan-da da política imperial, desde tem-pos flávios até cerca dos meados doséc. III, por meio da cunhagem dediversos tipos de moeda.Assim, e com o fim de comemorar ainauguração deste monumento, foicunhado, durante o principado deTito, mais precisamente durante oseu oitavo consulado, ano de 80 d.C., um sestércio que apresenta, noseu reverso, uma imagem do anfi-teatro desenhado como um edifíciocom quatro "andares", três dos quaiscom arcarias, sendo esta vista obtidapelo exterior, enquanto que numaperspectiva focada para o interiorse definem filas de bancadas, semque, no entanto, se possa observara arena6.Só mais tarde, já no segundo quarteldo séc. III, no ano de 223, é que apropaganda imperial se aproveita,mais uma vez, deste monumento,para, num áureo de Severos Ale-xandre7, publicitar as obras de res-tauro e a reabertura do mesmo. Sa-

só terminaram muito mais tarde, notempo de Gordiano III, possivel-mente entre 241 e 244, ocasião quefoi logo aproveitada por este impe-rador para mandar cunhar meda-lhões a celebrar o evento.Não podemos terminar esta nossacurta exposição sobre estes monu-mentos sem referir o AmphitheatrumCastrense, que foi construído no pri-meiro quartel do séc. III d. C., du-rante os tempos de Heliogábalo.Não passando de uma dependênciado palácio imperial, tinha uma fa-chada construída em tijolo que, nasua simplicidade, demonstra o ca-minho para uma evolução arquitec-tónica a qual faz com que PierreGros afirme ter-se tornado, este mo-numento "o lugar privilegiado ondese manifesta simbolicamente a coe-rência da Orbis Romanus�".

PRINCIPAIS ANFITEATROS

NA HISPANIA

Na Hispania, o gosto pelos espectá-culos de anfiteatro está bem presen-te através de um conjunto de monu-mentos que passaremos a indicar,

be-se que o Anfiteatro Flávio sofreu,em 217, aquando de uma tempes-tade acompanhada de uma terríveltrovoada, pesados estragos, sendo,portanto, necessário encerrá-lo porlongo período de tempo. Embora asobras de recuperação tivessem co-meçado de imediato, ou seja, du-rante o principado de Heliogábalo,

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Zonas de lugaresno anfiteatro

Capacidadede lugares

(estimativa)

Obtençãode lugares

por classes sociais

Número de lugarespara a Irmandade

Arval3

PODIVMOrchestra/Tribvnalis

2190 Senadores e convi-dados especiais

__

CAVEA

Ima

Media

Summa

Summvm maenivm in

legnis

11680

20430

10100

10300

Ordem equestre

Cidadãos romanos1

Resto da população2

Mulheres de altasociedade e filhas

32

16

-

44

Total 54700 - 92

Fig. 4 - Plano do Coliseu de Roma (fonteBomgardner, 2002)

Fig. 5 - Cortes do Coliseu de Roma (fonteBomgardner, 2002)

Quadro 1 - O Coliseu de Roma (dados obtidos a partir das estimativas apresentadas em Bomgardner, The Story of the Roman Amphitheater, 2002)1- Incluía, entre outros, homens casados, soldados, menores com os seus tutores (com zonas reservadas)2- Pobres, libertos não abastados, escravos3- Estimativas a partir de Bomgardner

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por divisões administrativas roma-nas, para os inícios do Império.Com cronologias que oscilam entremeados do séc. I d. C., e os inícios doII, encontramos, na província da Tar-raconense, embora em ruína, os an-fiteatros de Ampurias, Cartago No-va, Segóbriga, e Tarraco. A estes é deacrescentar o situado na capital doconventus bracaraugustanus (Braga),que embora não tenha sido escavado,é já referenciado em escritos do séc.XVII e localizado no sítio da antigaigreja de S. Pedro de Maximinos8.A província da Bética encontrava--se, possivelmente, equipada comcinco anfiteatros. Assim, Córdova,que era a capital, tinha um anfi-teatro que, contrariamente aos dasrestantes cidades béticas, tinha sidoconstruído intramuros. Essas outrascidades, Astigi, Carmo, Gades e Itá-

NOTAEste artigo faz parte integrante, embora com alte-rações, de uma comunicação apresentada em TorresVedras, em 2005, com o título "Os Ludi Romani(Teatros, Anfiteatros e Circos)".

EURICO SEPÚLVEDA,Arqueólogo

Fig. 7 - Planta do Anfiteatro da Bobadela,segundo Helena Frade e Clara Portas

Fig. 6 - Vista aérea do Teatro e Anfiteatro de Augusta Emerita

lica, não nos fornecem dados segu-ros, arqueologicamente falando,acerca da cronologia das suas fun-dações, excepção feita ao anfiteatrode Itálica, que foi construído emépoca de Adriano.Finalmente para a Lusitânia, é o an-fiteatro da capital, Augusta Emerita,o mais bem conservado, motivo quepermite determinar a sua capacida-de em cerca de 20.225 espectadores(fig. 6), e Capara que, entre os seusmonumentos dedicados ao ócio,tinha um anfiteatro. Ficava localiza-do extramuros e parece ter sido defundação flávia ou, quiçá, dos iní-cios do séc. II.No actual território português inse-rido na Lusitânia romana conhece-mos, até ao momento, poucos mo-numentos deste tipo. No entanto fo-ram escavados os seguintes: na Bo-badela, concelho de Oliveira doHospital, foi descoberto um pequenoanfiteatro, nos finais da década de 80do passado século, por uma equipade arqueólogos coordenada por He-lena Frade e José Carlos Caetano9 (fig.7); Conimbriga, Condeixa-a-Velha, apouca distância da cidade de Coim-bra, cidade que conheceu um fortedesenvolvimento urbanístico emépoca romana, estava equipada comum anfiteatro, o qual foi construídointramuros. Quanto às cronologias

da sua fundação e destruição, recor-remos ao estudo que conclui, em1992: "� parece correcta a datação ju-lio-cláudia já apontada por Golvin,sendo talvez de a precisar no períodoCláudio-Nero �"10, quanto à pri-meira e "� podendo ser atribuídados últimos anos do séc. III ao segun-do quartel do séc. IV �" quanto àsegunda. Certamente que a cidade deOlisipo, também deveria possuir oseu anfiteatro mas, até ao momento,ainda não foi descoberta a sua locali-zação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS(1) Tradução livre da definição de Pierre GROS emL�Architecture Romaine, 1. Les monuments publics. Paris:Picard, 1996.(2) Para a distribuição dos cidadãos ver quadro 1.(3) O resultado final deste incidente sanguinolento foia interdição por 10 anos de combates de gladiadoresem Pompeios. Esta interdição do Senado parece tersido levantada, um pouco mais cedo, no ano de 65,pelo próprio Imperador Nero.(4) RAMALLO ASENCIO, Sebastián - Teatros, Anfi-teatros, Circos y otros espacios para el espectáculo enRoma. In Roma Monumental. Complejos arquitectónicosde la capital del Imperio. II Ciclo Internacional deConferencias. Mérida: Museo Nacional de ArteRomano, 2005 (policopiado).(5) Quadro 1. Para um estudo mais pormenorizado,ver Gros, obra citada, p. 328-333.(6) RIC, p. 129, n.º 110; Plate IV, n.º 60.(7) SEAR, David - ROMAN COINS and their values.Londres: Spink, Volume II, 2002, p. 640, 641 n.º 7825.(8) MORAIS, Rui - Breve ensaio sobre o anfiteatro deBracara Augusta. Forum. 2001. Braga. 30, p. 55-76.(9) FRADE, Helena; CAETANO, José C.; PORTAS,Clara; MADEIRA, José - Notas para o estudo do ur-banismo da cidade romana de Bobadela. Actas do 1ºCongresso de Arqueologia Peninsular. Trabalhos deAntropologia e Etnologia. Vol. XXXV - Fasc. 4. Porto:Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia,1995.(10) CORREIA, Virgílio, in ÁLVAREZ MARTÍNEZ, J.;ENRÍQUEZ NAVASCUÉS; et alii - Bimilenario delAnfiteatro Romano de Mérida. Coloquio Internacional.El Anfiteatro en la Hispania Romana. Mérida, 26-28 deNoviembre 1992. Badajoz: Junta de Extremadura.Consejeria de Cultura y Patrimonio, 1994, p. 337.

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