Edifícios para habitação; Recorte: Habitação de Interesse Social
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Edi$ícios para Habitação
Candidato: Arq. Francisco B. C. Rasia
Prova Didática | 17 de Março de 2011 | 9h00
Recorte: Habitação de Interesse Social
Objetivo desta aula
Discutir os condicionantes e as respostas contemporâneas para o problema da Habitação de Interesse Social (HIS), com ênfase nas tipologias coletivas de habitação.
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1. Antecedentes históricos
2. A questão da HIS no Brasil: história recente
3. Condicionantes contemporâneas
4. Estudos de caso
5. Revisão
6. Referências
7. Tema proposto
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Sumário
1. Antecedentes Históricos
A questão da habitação nas cidades não é nova. Toda economia urbana é obrigada a, de uma maneira ou de outra, enfrentar a questão da moradia para seus trabalhadores.
Estudiosos de Economia Política, como Mumford, diriam que a habitação popular, operária, social é um dos problemas decorrentes da multiplicação do valor da terra.
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1. Antecedentes Históricos
Roma Antiga: insulae eram edi$ícios de muitos pavimentos, com lojas (tabenae) no andar térreo e cômodos (cenacula) nos andares superiores.
Os cenacula eram destinados às classes médias e inferiores; eram cômodos sem água corrente, privadas, aquecimento, chaminés, vidraças. Segundo Benevolo (2009, p. 164):
Apesar dessas limitações, os alojamentos na capital [Roma] são alugados a preços muito altos [...]. As casas são construídas por empresários privados, que fazem especulação, de todas as maneiras, com os terrenos e as construções: todos se lamentam por isso, desde os tempos republicanos.
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1. Antecedentes Históricos
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Insulae romana Fonte: BENEVOLO, 2009, p. 180
1. Antecedentes Históricos
A degradação do ambiente da cidade e das condições de habitação urbanas se acelera com a Revolução Industrial -‐ a habitação passa a disputar o solo urbano com as fábricas, com os estaleiros, com os pátios ferroviários.
Nas cidades industriais que cresceram com base em fundações antigas, os trabalhadores foram inicialmente acomodados pela transformação das velhas casas familiares em alojamentos de aluguel. [...] Tanto nos velhos como nos novos bairros, chegou-se a um máximo de imundície e sujeira que nem a mais degradada cabana de um servo teria alcançado na Europa Medieval (MUMFORD, 2008, p. 549).
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1. Antecedentes Históricos
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Cortiços ingleses nas gravuras do $inal do século XIX.
1. Antecedentes históricos
O Movimento Moderno surge como uma das respostas ao extremo de degradação urbana na virada dos séculos XIX e XX.
Os modernistas imaginam um novo homem tipo, “idêntico em todas as latitudes e no seio de todas as culturas” (CHOAY, 1979, p.21)
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O Homem Natural de LeCorbusier
1. Antecedentes históricos
Em 1933, os C.I.A.M propõem uma formulação doutrinária na Carta de Atenas; as necessidades humanas são divididas em quatro grandes funções.
Para os modernistas, o morar tornou-‐se uma atividade mensurável e otimizável -‐ como o operar uma máquina. A problemática da habitação é apresentada como uma busca pelo Lebensminimum.
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1. Antecedentes históricos
Fonte: http://bit.ly/iasYMK
Unité d’ Habitation | LeCorbusier, Marselha, 1952
2. HIS no Brasil: história recente
•Anos 1970: programas do governo, como o BNH, que não tiveram continuidade;
• Anos 1980 aos 2000: paralisia no sistema de habitação;
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2. HIS no Brasil: história recente
Após 2005: governo federal recoloca a questão da HIS em pauta com a publicação dos Cadernos do Ministério das Cidades.
O Caderno no. 4 é dedicado à Política Nacional de Habitação (disponível em: http://bit.ly/gZddbQ)
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2. HIS no Brasil: história recente
Em 2009: publicado o Plano Nacional de Habitação (PlanHab) 2009-‐2023. (Disponível em: http://bit.ly/hdqI6y)
A demanda habitacional projetada para o período 2007-‐2023 é:
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26.988.353 unidades
8.492.639 unidadesna faixa de renda até R$ 700,00:
2. HIS no Brasil: história recente
As famílias mais pobres, aquelas que o mercado imobiliário não atende, “espirram” para a informalidade: invasões, favelas...
Para atender essa demanda e evitar o agravamento do dé$icit habitacional, o Governo Federal inicia em 2009 o programa Minha Casa Minha Vida.
Com o programa forma-‐se uma parceria entre o poder público e o mercado. O principal foco do MCMV é as famílias com renda entre 0 e 5 s.m.
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2. HIS no Brasil: história recente
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Edi$ício
Municipal
Federal
Mercado
Políticas urbanas e de habitação
Não é possível compreender esse tipo de objeto arquitetônico sem ter em vista essa relação com as políticas públicas.
Os processos de formação de assentamentos precários são mais complexos do que podem parecer à primeira vista; há muitos motivos que levaram as famílias a ocupar aquele espaço.
Os projetistas e planejadores são obrigados a lidar com as expectativas e os sonhos dos moradores.
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3. Condicionantes contemporâneas
3. Condicionantes contemporâneas
• Participação popular em todas as etapas do processo -‐ desde a concepção inicial até a ocupação;
• A escala e o $im da intervenção mudaram: o “tirar todo mundo” foi substituído pela consolidação e integração de comunidades, com remoções restritas às áreas ambientalmente críticas;
• Manutenção dos laços de vizinhança;
• Adaptabilidade da edi$icação, inclusive a adaptação estética;
• Respeito à paisagem local; alguns dos projetos mais bem sucedidos buscam inspiração nas tipologias existentes.
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3. Condicionantes contemporâneas
• Diversidade de usos: não apenas habitação, mas espaços para atividade econômica: lojinha, boteco, costureira...
• Padronização (projetos-‐tipo);
• Orçamentos enxutos;
• Con$lito constante: desejo de diversidade, necessária equidade.
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• Tecnologias adequadas & apropriadas: equacionar a segurança da edi$icação, a necessidade de produção em escala, a transferência de tecnologia e a capacidade do morador intervir, modi$icar e adaptar a construção;
• Acessibilidade: considerar as necessidades de pessoas com variadas de$iciências. O Estatuto do Idoso, por exemplo, $ixa exigência de 3% das unidades de um empreendimento adaptadas.
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3. Condicionantes contemporâneas
3.1. Condicionantes emergentes
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• Comunidades de renda mista (mixed income): empreendimentos que procuram resgatar a diversidade integrando famílias de rendas variadas.
Seattle High Point HOPE IVFonte: http://bit.ly/esLMRQ
3.1. Condicionantes emergentes
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• Sustentabilidade e e$iciência energética: é sempre di$ícil incorporar novas tecnologias -‐ questões de custo, transferência tecnológica...
• Talvez a solução passe pela revaloração de práticas construtivas tradicionais e pela adoção de técnicas passivas de aproveitamento de ventos, sol e luz.
3.1. Condicionantes emergentes
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Solar Decathlon, 2008(?)
• Planejamento ambiental contra o delito (CPTED): incorporar no desenho urbano e das edi$icações soluções que melhorem o controle dos acessos, a vigilância natural, o reforço territorial.
• Autoconstrução e autogestão de obras, com a assistência técnica de ONGs.
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3.1. Condicionantes emergentes
4. Estudos de caso
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Vertrag + N8Studio: Morar Carioca, bloco de apartamentos, 2010
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Vertrag + N8Studio: Morar Carioca, unidades de uso misto, 2010
4. Estudos de caso
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Vertrag + N8Studio: Morar Carioca, edi$ício multifuncional (favela em morro), 2010
4. Estudos de caso
4. Estudos de caso
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Tryptique: Concurso Habitação para todos, 2010
4. Estudos de caso
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Tryptique: Concurso Habitação para todos, 2010
4. Estudos de caso
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Jorge Mario Jáuregui: Núcleo de habitação e serviços do Complexo do Alemão, RJ
4. Estudos de caso
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Jorge Mario Jáuregui: Unidades de habitação do Complexo do Alemão, RJ
4. Estudos de caso
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Jorge Mario Jáuregui: Unidades de habitação do Complexo do Alemão, RJ
Pav. Superior
Térreo
4. Estudos de caso
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Jorge Mario Jáuregui: Unidades de habitação do Complexo do Alemão, RJ
4. Estudos de caso
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Jorge Mario Jáuregui: Prédios de Apartamentos da Favela da Rocinha, RJ, 2010
4. Estudos de caso
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Jorge Mario Jáuregui: Prédios de Apartamentos da Favela da Rocinha, RJ, 2010
4. Estudos de caso
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Jorge Mario Jáuregui: Prédios de Apartamentos da Favela da Rocinha, RJ, 2010
4. Estudos de caso
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Jorge Mario Jáuregui: Prédios de Apartamentos da Favela da Rocinha, RJ, 2010
4. Estudos de caso
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Elemental: Conjunto Iquique, Chile, 2003
4. Estudos de caso
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Elemental + Moradores: Conjunto Iquique, Chile
4. Estudos de caso
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Elemental: Conjunto Iquique, Chile, 2003
4. Estudos de caso
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Elemental: Conjunto Iquique, Chile, 2003
5. Revisão
• O problema da habitação nas cidades não é novo; vem sendo discutido de uma maneira ou de outra há séculos;
• No Brasil, após um hiato, a HIS retornou à pauta dos gestores urbanos na segunda metade da década de 2000;
• Para compreender esse tipo de objeto arquitetônico é necessário considerar o corpo de políticas públicas em que ele está inserido;
• Entre as condicionantes contemporâneas, destacam-‐se: participação popular, integração dos assentamentos, manutenção dos laços de vizinhança, adaptabilidade e acessibilidade, respeito à paisagem local.
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6. Referências
Leitura recomendada:
BENEVOLO, L. História da Cidade. 2a. reimpressão da 4a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2009.
MUMFORD, Lewis. A Cidade na História: suas origens, transformações e perspectivas. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
BROWN, G. Z. “Charlie”. DEKAY, Mark. Sol, vento & luz: estratégias para o projeto de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre : Bookman 2004.
LE CORBUSIER. Por uma arquitetura. 2a. reimpressão da 6a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004.
_________________. Urbanismo.. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
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6. Referências
Sites:
http://www.jauregui.arq.br
http://www.cidades.gov.br (Políticas nacionais, cadernos do MCidades)
http://concursomorarcarioca.com.br
http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programas_habitacao/pmcmv/documentos_download.asp (Manuais do MCMV)
7. Tema proposto
Projeto de um edi$ício ou conjunto residencial ocupando um vazio urbano.
O projeto deverá atender as especi$icações do MCMV quanto a:
-‐ áreas e dimensões mínimas dos ambientes;
-‐ programa e mobiliário mínimo dos ambientes;
Área mínima da unidade de habitação: 36 m2.
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7. Tema proposto
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7. Tema propostoCritérios de avaliação:
-‐ atendimento dos parâmetros do programa (áreas mínimas, programa, leiaute, área da unidade privativa);
-‐ inserção urbana e relação com o entorno;
-‐ resposta às condicionantes discutidas nesta aula (inclusive a ponderação das condicionantes contraditórias);
-‐ atenção às condicionantes ambientais (NBR 15220) e à norma de acessibilidade (NBR 9050) e Decreto 212 da PMC;
-‐ solução técnica e plástica
-‐ linguagem: para apresentação às famílias.
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Obrigado.slideshare.net/chicorasia