Edição I
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Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [1]
REVISTA PONTO FIN@L D
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Apoio:
Seja bem-vindo ao nosso mundo, às nossas
ideias... à nossa revista que, na realidade, é e
será cada vez mais sua. E PONTO FIN@L.
Política EXPLICANDO A DIREITA, Aristóteles
Drummond | Página 06
Artigo ENFIM AMY ALCANÇA O PARAÍSO, Paulo
Antunes | Página 07
Arquitetura CASA COR por Chico Vartulli |
Página 12
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [2]
Editorial
Elder José Martinho Pereira – Cons. Lafaiete | MG Colunista social dos jornais O TEMPO, de BH;
Correio da Cidade, de Cons. Lafaiete e Ponto de Vista de Ouro Branco. Apresentador dos programas Etiquetando, Elder Martinho e ponto final na Rádio Carijós AM.
propósito e o objetivo principal desta Revista
Eletrônica não poderia ser outro neste mundo
globalizado, onde as mídias são cada vez mais
velozes e aprimoradas: levar informação de forma
democrática e de fácil acesso a todos sem resvalar na
vulgaridade tão comum em muitos meios de comunicação
que optaram pela mediocridade em detrimento dos
valores inerentes ao bom convívio social.
Surge, assim, este informativo como forma de
proporcionar um espaço a mais, uma opção diferente para
aqueles que já se cansaram da massificação opressora dos
grandes canais comunicativos, da manipulação das notícias
de forma acintosa e vulgar.
Não se pretende, nestas páginas
eletrônicas, dar conta de toda gama de
informação útil à comunidade pós-
moderna, mas pretende-se, dentro de
uma honestidade inquebrantável e
fidelidade à verdade e ao bem
comunicar, levar informações de alto caráter utilitário para
todos que aspiram a uma revista diferente, moderna,
comprometida com a informação equilibrada e de caráter
prático.
Esta revista é fruto de um longo processo de criação
coletiva que gastou horas e horas em reuniões com
pessoas dos mais variados setores da sociedade, grande
soma de tempo no pensar de grandes nomes,
personalidades regionais e nacionais que se inserem
nestas páginas, garantindo a qualidade e excelência dos
serviços que se pretende alcançar. E aqui restou o
resultado deste processo criativo que se esmerou na
qualidade, embora vise também a quantidade no tocante
aos acessos e vontade firme de levar informação de alto
nível a todos.
Como fruto de todo processo criativo que amadureceu
levando-se em consideração o tempo devido, a revista e
seus colaboradores estarão sempre abertos a críticas,
sugestões e tudo mais que possa colaborar para que os
trabalhos realmente atinjam a meta proposta. Sem a visão
do outro, torna-se mais difícil o aprimoramento. Portanto,
leitor, aqui fica registrado o convite para participar
conosco, enviando seus pareceres sobre o trabalho
empreendido.
Uma mentalidade aberta a tudo e a
todos é a meta final desta revista
virtual quinzenal que tentará se
alargar cada vez mais no explosivo
mundo da velocidade atual. E, para
tanto, sua colaboração é
fundamental, especialmente neste momento inicial de
gestação de uma ideia concretizada e já em prática.
O desafio foi lançado, as ideias postas em prática e espera-
se, agora, um feedback de todos que nestas páginas
mergulharem, pois sabemos que somente poderemos ser
o que almejamos com a colaboração de nossos leitores.
Boa leitura!
O
Sem a visão do outro,
torna-se mais difícil o
aprimoramento.
Fabiano Domingues
REVISTA PONTO FIN@L
OS ARTIGOS SÃO DA EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, INCLUSIVE CÓPIAS, NÃO
REPRESENTANDO NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DA DIREÇÃO E EDITORIA DESTA REVISTA
Diretor: Elder Martinho | Editor: Moisés Mota| Consultor Editorial e revisor: Paulo Antunes
Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil. Com
base na obra disponível em www.otempo.com.br/pontofinal. Podem estar disponíveis permissões
adicionais ao âmbito desta licença em www.otempo.com.br/pontofinal. Revista eletrônica, atualizada a
cada 15 dias. Jornalista responsável: Joelmir Tavares. Endereço para correspondências, Alameda Juca
Maia, nº 52, Centro, Conselheiro Lafaiete – MG, CEP: 36.400-000 E-mail: [email protected]
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [3]
Charge Por Jorge Inácio – Ipatinga | MG
AMY WINEHOUSE
Adeus Amy Jade Winehouse
(14 de setembro de 1983 - 23 de julho de 2011).
Lá se foi uma das maiores revelações do século 21, a
melhor cantora destes novos tempos, encontrar com
Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison e Kurt Cobain
que também foram embora com 27 anos. Adeus
Amy...
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [4]
Índice
Edição 01 | Ano 0 | Editor: Moisés Mota | Consultor editorial e revisor: Paulo Antunes
CAPA Elder José Martinho Pereira, Lafaietense, colunista, idealizador da revista Ponto Fin@l
Política EXPLICANDO A DIREITA, Aristóteles Drummond | Página 06
Artigo ENFIM AMY ALCANÇA O PARAÍSO, Paulo Antunes | Página 07
Direito O JOVEM ADVOGADO, Virgínia Paiva | Página 08
Veículo LA VEM O HABIB, Raimundo Couto | Página 09
Charge AMY WINEHOUSE por Jorge Inácio | Página 03
Sociedades em Rede AS MAIS ELEGANTES DO ALTO PARAOPEBA, Fabiano Domingos | Página 10
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [5]
Índice
Edição 01 | Ano 0 | Editor: Moisés Mota | Consultor editorial e revisor: Paulo Antunes
Crônica NÃO É OBRIGATÓRIO REGISTRO NA OMB,
Douglas Henriques | Página 11
Vinhos CURIOSIDADES SOBRE AS UVAS,
por Claudia Castellões | Página 12
Manipulação NUTRICOSMÉTICOS E BENEFÍCIOS PARA O
CABELO por Fabia Vartulli | Página 13
Arquitetura CASA COR por Chico Vartulli |
Página 14
Ponto Literário ÀS FUTURAS E DELICADAS CINZAS DO QUE
JÁ VIVEU por Paulo Antunes | Página 15
Cinema CREPÚSCULO DOS DEUSES por
Júlio Lellis | Página 16
Imagem MAGAZINE por Moisés Mota |
Página 17
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [6]
Política
Por Aristóteles Drummond - Rio de Janeiro | RJ Jornalista, apresentador da Rede Vida, escritor.
EXPLICANDO A DIREITA
olta e meia atribui-se “a forças da direita” isso ou
aquilo. Como se fosse uma maneira de queimar
movimentos e reações da sociedade e impor
propostas que fogem ao bom senso. A esquerda decidiu, sem
ouvir ninguém, que a “direita aspira e conspira contra o
interesse popular”. Assim, vira-e-mexe, faz-se necessário
definir o que é, como pensa e o que motiva a corrente de
pensamento nacional – e internacional – que a mídia procura
demonizar, chamando-a de “terrível direita”.
No Brasil em que vivemos, por exemplo, ser de direita é
defender a ordem pública e a lei, especialmente contra as
frequentes violações por parte de movimentos de inspiração
revolucionária e ação violenta. E, nesse caso, o exemplo mais
flagrante é o MST, em cujos acampamentos não foram
poucos os flagrantes de armas e atos de vandalismo. Também
a “direita” não se conforma com a impunidade dos
depredadores de bens públicos ou privados. Movimentos
ligados ao MST ou aos “índios” podem interromper estradas,
ocupar prédios, destruir instalações industriais e ninguém
tem nada com isso.
Outra postura tida como e
“direita” é o respeito à
bandeira nacional e admirar os
brasileiros que fazem a opção
pela carreira militar. É
preservar os valores
tradicionais da família e da
moral. Censura de espetáculos e programação de televisão,
por exemplo, é instrumento de defesa da formação do
brasileiro de amanhã; não uma atitude política como
procuram fazer crer. A “direita” é pela liberdade total de se
escrever e publicar matérias de sentido político ou ideológico,
mas não impor opiniões sectárias nos livros didáticos ou
mesmo apresentar padrões morais que contrariam a
formação nacional, em horário acessível a menores de 18
anos. Quem prestar atenção nas musicas tocadas nas rádios
vai verificar a que ponto chegamos no mau gosto.
Também é comum se rotular de “direita” os que se
levantam contra o excessivo controle do Estado na atividade
econômica e na privacidade dos cidadãos. Impostos na casa
dos 40% do PIB para a direita é uma extorsão, quando o mais
razoável seria o combate a sonegação, a fraude, a corrupção
e a chamada “economia informal”. A direita, como corrente
de pensamento, é liberal, respeita o cidadão e fica indignada
com a exploração ideológica de ações policiais, expondo
pessoas sem culpa formada, a vexames e constrangimentos.
Nos casos de “colarinho branco”, basta apreender
documentos, incluindo passaportes e não essa ação
espalhafatosa que, desrespeitando lares, fere e choca
familiares dos acusados e geralmente não dura mais do que
poucos dias. Se culpados, estarão protegidos pela lentidão da
Justiça até a prescrição.
Ser de direita é defender o produtor rural, trabalhador,
sofrido que, além de pouca atenção do Estado, não tem
proteção – caso das ameaças esdrúxulas como “quilombolas”,
“sem-terra”, “área de preservação ambiental” e “áreas
indígenas”. É defender o direito do comerciante de abrir e
fechar sua loja nos dias e nos horários que bem entender,
ouvindo, claro, seus empregados. É proteger o industrial da
concorrência desleal de outros países, sem direitos
trabalhistas, sem obrigações sociais e sem controle de
qualidade do que entra pelos nossos portos. Enfim,
pensamento direitista, hoje, é se
preocupar com gastos públicos,
com convênios pouco claros com
Ongs duvidosas, condenar
aberrações como a adesão à
Resolução 158 – já reprovada
amplamente em comissão do
Congresso Nacional –, condenar o reconhecimento da China
como economia de mercado e não se reconhecer as FARC
como entidade terrorista, como se sequestrar fosse legítimo.
Se observarmos bem, veremos que o presidente Lula
honra contratos e não se deixa levar pelos arroubos de
colegas latino-americanos mais exóticos. Rejeita, por razões
éticas, a disputa de um terceiro mandato, reconhece os
serviços prestados pelos militares, ontem como hoje. Ou seja,
está muito mais próximo da direita do que de uma ala
equivocada de seu partido e de seu governo.
Talvez aí resida a explicação política de sua popularidade.
V
Ser de direita é defender o
produtor rural, trabalhador,
sofrido que, além de pouca atenção
do Estado, não tem proteção
Divulgação
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [7]
Artigo Por Paulo Roberto Antunes – Cons. Lafaiete | MG
[email protected] Mestre em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso), apresentador do programa da Rádio Carijós AM
"Linguagem, Cultura e Comunicação", professor titular da FaSaR (Faculdade Santa Rita), escritor, advogado, ator e diretor teatral.
ENFIM AMY ALCANÇA O PARAÍSO
o sábado, 23/07/2011, conseguiu seu paraíso a
cantora britânica Amy Winehouse, um gênio do
gênero musical soul music. Aos 27 anos, foi
encontrada morta em sua casa em Londres e, até o
momento, a causa provável da morte é indeterminada.
Mas não quero pensar a causa da morte da jovem que
revolucionou e resgatou o gênero soul music para o bem
sonoro deste mundo onde tanto lixo musical é disseminado
na atualidade. Desejo pensar Amy como um ser humano
incompreendido porque demasiado genial para a nossa
medíocre caretice burra. É fato que a cantora consumia
drogas lícitas e ilícitas e muitas vezes deixou seus fãs na mão
porque estava sem
condições de cantar para
eles. Porém é também fato
que seu estilo é
inconfundível, sua força
produtiva singular e sua
dificuldade de adaptação à
mediocridade social era gritante.
Não sou fã ardoroso de Winehouse, mas como alguém que se
considera de audição apurada, reconheço a grandeza do
trabalho da inglesa que assustava o mundo com suas
provocações que nada mais eram do que uma forma
agressiva de combater a agressividade que impunham a ela e
à sua forma de encarar (no sentido literal) este mundo
preconceituoso, selvagemente capitalista e hipócrita.
Amy Winehouse não morreu, foi gradativamente assassinada
por uma sociedade machista, pseudo-moralista e ávida por
sensacionalismo barato. Os imbecis tabloides britânicos
comprovam isso. O muito de positivo que a cantora tinha era
pouco ou nada divulgado; já seus “escândalos” provocativos,
estampados em manchetes que renderam muito dinheiro ao
mundo da mídia sensacionalista.
Poucos sabem que Amy, em 2003, com apenas 20 anos,
lançou seu primeiro CD, intitulado “Frank”, com influências
do melhor do jazz e, à época, foi comparada a cantoras do
quilate de Sarah Vaughan e Mary Gray, deusas da música
jazística. Em 2008, Winehouse surpreendeu o mundo musical
quando ganhou 5 dos 6 prêmios do Grammy aos quais fora
indicada. Um feito somente possível às grandes cabeças da
música e aos gênios da sonoridade de bom-gosto e requinte.
E não por acaso, já que a Amy fora dado talento de sobra
para compor, fazer arranjos, tocar guitarra e cantar como
ninguém mesmo tendo nascido em época tão recente: 14 de
setembro de 1983.
Em março de 2008, a cantora posou nua para uma campanha
contra o câncer de mama, demonstrando um pouco da
grande humanidade que tinha no coração atropelado pelos
moralistas de plantão, pelos caretas que fedem a naftalina e
pela moral estúpida de mauricinhos e patricinhas de todas as
idades. Também, no mesmo ano, em junho, Amy saiu de sua
internação em uma clínica, onde tentava a luta contra as
drogas, para cantar num show em homenagem aos 90 anos
do político sul-africano
Nelson Mandela que livrou a
África do Sul do regime
racista imposto pelos
ingleses. Era a inglesa se
desculpando pelo que a
Inglaterra de olhos azuis
havia feito com os negros de olhos pretos de um país
escravizado pela maldosa inteligência dos brancos.
Muitos gênios morrem cedo e, às vezes, coincidentemente
com a mesma idade: estão aí para comprovar Jimmy Hendrix,
Jim Morrison e Janis Joplin que se mandaram do planeta
também aos 27 anos.
Reforço minha opinião: Amy não se suicidou, foi assassinada
paulatinamente por todos nós que a víamos como um bicho
raro, drogado, alvo de olhares de lado e cochichos maldosos.
A garota foi covardemente linchada porque não sabia lidar
com o grande talento e inteligência musicais que possuía e
por isso incompreendida, assustada, acossada, vendo nas
drogas o meio único de se manter equilibrado nesse torpe
circo humano da pós-modernidade. Mas deixou um legado: a
cantora inglesa, de 15 anos, Dionne Bromfield, sua afilhada
artística que estreou no youtube acompanhada de Amy
tocando guitarra como ninguém.
Amy não morreu, Amy enfim alcançou o paraíso que lhe era
devido. E que a deixemos, agora, descansar em paz. Ela
merece.
N
Foto: Cleonice Libânio
Amy não se suicidou, foi assassinada
paulatinamente por todos nós que a víamos
como um bicho raro, drogado, alvo de olhares
de lado e cochichos maldosos.
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [8]
Direito Por Virgínia Bernardo Faria Paiva – Cons. Lafaiete | MG
[email protected] Advogada em Cons. Lafaiete, conselheira jovem da OAB do estado de Minas Gerais.
O JOVEM ADVOGADO
Como é cediço, o advogado deve cursar cinco anos de
graduação em Direito. Durante esse período, quando o
aluno afirma almejar exercer a advocacia, já se torna alvo
de críticas facilmente compreendidas, uma vez que esse
profissional deve trabalhar arduamente e, por um longo
período, não irá provar o doce sabor do reconhecimento.
Após tornar-se bacharel, o aluno vê-se submetido à
avaliação, que se tornou necessária em razão do “mercado
do ensino”, promovida pelo Conselho de Classe – Ordem
dos Advogados do Brasil - para, então, habilitar-se ao
exercício da profissão.
No início da carreira, o advogado vê-se compelido a
escolher entre exercer, na
acepção literal do termo,
autonomamente a
profissão ou tornar-se
empregado ou sócio de
um escritório pré-
existente. Nesse
momento terá, de lidar
com a concorrência e o
aviltamento na cobrança dos honorários, bem como
esforçar-se na difícil tarefa de captar clientes e,
principalmente, na manutenção dos mesmos conciliando
seus interesses com as formalidades inerentes ao
quotidiano forense.
Nesse diapasão, é fácil falar acerca da morosidade do
judiciário, no entanto, não se pode olvidar que se trata do
poder, principal garantidor do respeito integral aos direitos
humanos e, como órgão do Estado Democrático de Direito
independente e soberano. Além disso, não é crível exigir
agilidade no julgamento de processos num país em que os
cidadãos estão cada vez mais conscientes de seus direitos
e, por consequência, mais litigantes, até porque cada
processo deve ter o tempo necessário ao seu
amadurecimento, portanto a busca incansável por uma
celeridade pode, inclusive, prejudicar os jurisdicionados.
Certo é que os “pré conceitos” a respeito do advogado
destoam da realidade fática desse profissional, cujo papel
não é acobertar o crime ou burlar o judiciário na defesa de
seu cliente, ao contrário, é o advogado quem irá garantir,
com amparo legal, a promoção da defesa dos direitos
fundamentais dos cidadãos na busca de um julgamento
justo. Como esculpido no art. 133, da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, a Advocacia é
essencial à administração da Justiça, sendo indubitável a
sua função social.
Em que pesem os obstáculos, diga-se en passant,
enfrentados por qualquer profissional, o advogado deve
ter consciência da sua importância no contexto jurídico-
social e honrar a sua profissão, tendo no Estatuto da
Ordem dos Advogados do Brasil e no Código de Ética e
Disciplina a Bíblia que os
rege.
O jovem advogado deve
buscar fazer o melhor para
si, para seu cliente e para a
Justiça, e isso só se torna
possível quando se
comprometer com todos os
membros dessa tríplice. Compromete-se consigo o
advogado leal aos valores morais e àqueles positivados,
isto é, as leis; compromete-se com seu cliente na medida
em que lhe informa com veracidade e imediatidade acerca
de seus direitos e deveres; compromete-se com o poder
judiciário, o advogado que respeita todos os servidores e
objetiva ser mais um colaborador dos serviços por eles
prestados.
Dessa maneira, o advogado em início de carreira poderá
exigir respeito às suas prerrogativas profissionais, bem
como galgar o seu espaço na advocacia, no labor diário nos
fóruns e tribunais, nas escrivanias e nas salas de
audiências, devendo sempre ter em mente os
ensinamentos de Rui Barbosa, “o que importa é termos a
consciência de que o relevante não é o quanto conhecemos
do Direito, mas o quanto o pesquisamos, o quanto o
estudamos”, tudo o mais virá com o tempo.
O jovem advogado deve buscar fazer o melhor
para si, para seu cliente e para a Justiça, isso
só se torna possível quando se comprometer
com todos os membros dessa tríplice.
Arquivo pessoal
Fabiano Domingos
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [9]
Veículos Por Raimundo Couto – Belo Horizonte | MG
LA VEM O HABIB
lguns dirigentes de montadora conseguem personificar a marca. Sérgio Habib, ex-presidente e introdutor da Citroën no Brasil, é, sem dúvida, um
deles. Apesar de ter deixado o comando da operação brasileira há algum tempo, segue sendo o empresário que reúne, embaixo de seu guarda-chuva, o maior número de revendas da marca no país. À época de sua substituição, foi divulgado que Habib com mais tempo livre em sua agenda, poderia dedicar-se a seus negócios pessoais com maior afinco. Não satisfeito com a ligação "perpétua" de seu nome à história da marca francesa no Brasil, o exímio decodificador de números e percentuais, gráficos e planilhas, Sérgio Habib, voltou a ocupar os holofotes. Dessa vez o empresário impacta o mercado trazendo uma marca totalmente desconhecida, a JAC MOTORS, fabricante de caminhões de origem chinesa e que começou a fabricar veículos há apenas três anos. Mas, mesmo assim, convencido do potencial do mercado e das qualidades que reúnem os carros da JAC, Habib está mostrando ao consumidor o quanto será vantajoso "fazer um negócio da China". Imbatível na apresentação de seus produtos, comparando-os aos concorrentes, ele protagoniza um verdadeiro show na exposição de suas ideias e dos números do mercado. Didaticamente, com uma impressionante habilidade, o executivo consegue posicionar o produto que representa em um universo extremamente favorável. Em outras palavras, popularmente, ele sabe, como poucos, como dourar a pílula e vender o seu peixe. Certa feita, em época distante de nossa atualidade, quando os modelos com possibilidade de serem abastecidos com gasolina, álcool, os flex estavam na "crista da onda", ganhando cada vez mais espaços na mídia, Sérgio Habib protagonizou um evento que entrou para os
anais da indústria. Ciente de que esses propulsores eram mesmo irreversíveis e que os franceses ainda demorariam algum tempo para desenvolverem a tecnologia e aplicá-la em seus produtos, Habib destilou veneno: "Carro flex é como o pato que anda, voa e nada, mas não faz nenhuma delas bem feito”. Estava criada a polêmica. Agora, de volta ao mercado como importador, esse engenheiro paulista que começou sozinho e de baixo, não vai deixar por menos. Investiu R$ 380 milhões para preparar a chegada da JAC. Esse valor, segundo ele, foi necessário para inaugurar 46 concessionárias de uma vez, sendo 35 delas de seu grupo, trazer seis contêineres de peças e comprar 14.500 veículos da fábrica. Outro diferencial é a garantia. A JAC chega ao Brasil como a maior do mercado. São seis anos sem limite de quilometragem, um a mais que os coreanos que, até então, oferecem o maior tempo. E não para por aí. Uma campanha publicitária apresentada por Fausto
Silva em seu programa de grande audiência vai difundir ainda mais rápido o conceito que Habib quer transmitir sobre os carros da JAC. A pretensão não poderia deixar
de ser ousada como a proposta. Quer abocanhar 1% de participação no mercado nacional ainda este ano. Preço baixo e equipamentos de fábrica são os dois pilares de sustentação. Automóveis com ar, direção, trio, air-bag, abs e muito mais a partir de R$ 37.900. O perigo, nesta história toda, e que certamente o empresário deve ter calculado, é o risco de trazer, para memória do futuro comprador, com todo este barulho com marketing, a imagem de outras marcas que também estão vindo da China. Nesse caso, o mais importante para Sérgio Habib é mostrar ao seu consumidor que não existe um chinês igual ao outro. Será que ele consegue? É bom não duvidar...
A
"Carro flex é como o pato que
anda, voa e nada, mas não faz
nenhuma delas bem feito”.
Arquivo pessoal
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [10]
SOCIEDADE EM REDE
1. Srª Marina Rinoldi; 2. Srª
Isolete Gomes Fernandes; 3. Drª
Consolação de Souza; 4. Valeria
Aparecida Neiva; 5 Drª Virgínia
Bernardo Faria Paiva; 6. Srª
Clarisse Gomes; 7. Srª Ieda
Gomes; 8. Srª Maria Helena
Bueno Ferraz; 9.Wanessa Paula
Manso Vicentini; 10. Rozânia de
Melo Fontich; 11. Sinara Lúcia de
lima e Silva; 12. Drª Marize
Maria Faria Demonte Ponte; 13.
Katiane Rocha; 14. Paula Bastos
Guimarães; 16. Ana Cássia
Barbosa Faria Paiva; 17.Maria
Emília Marcenes Castelhões de
Menezes;
Fotos de Fabiano Domingos
As mais elegantes do Alto Paraopeba
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [11]
Crônica Por Douglas de Carvalho Henriques – Cons. Lafaiete | MG
[email protected] Advogado,
presidente da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafaiete,
presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico.
NÃO É OBRIGATÓRIO O REGISTRO NA OMB
s lembranças levam-me ao dia em que
presenciei a interrupção de um belo show
em um clube social no interior de Minas
Gerais por causa de um detalhe: o artista no palco,
cantor, não era inscrito na OMB – Ordem dos Músicos
do Brasil. Faltam-me detalhes, mas houve uma multa
e o impedimento para que o artista prosseguisse com
a expressão de sua arte. E lá se vão bem uns 20 anos.
Naquele tempo, as pessoas à minha volta, assim como
eu, achamos um absurdo o que estava acontecendo,
mas não havia nada a ser feito.
Na segunda-feira, primeiro de agosto, o STF pleno,
unanimemente,
deliberou que não é
necessária, para o
exercício da profissão
de músico, a inscrição
na OMB. O acórdão
não tem efeito “erga
omnes”, mas dá o tom das sentenças subsequentes
porque, ao final do julgamento, houve autorização
para que os ministros decidissem, monocraticamente,
matérias idênticas, com base no precedente.
A relatora foi a Ministra Ellen Gracie que frisou que “A
liberdade de exercício profissional – inciso XIII, do
artigo 5º, da CF – é quase absoluta”, e a restrição a
essa liberdade só se justifica em raras exceções,
havendo risco de dano social. Concordo plenamente;
porém, chama-me a atenção uma assertiva da douta
relatora: “...não há qualquer risco de dano social na
música...”
Não é interessante como as ditaduras censuram os
músicos em regimes de exceção? Não é curioso como
as religiões usam a música para espalhar seus
dogmas? A música tem influência sobre as massas,
pode ter carga ideológica e tem, também, capacidade
de emburrecer. O dano social, então, pode ser
irreparável. Vejamos: créu, créu, créu... vai lacraia, vai
lacraia... dói, um tapinha não dói, um tapinha...
Se não é possível impedir – porque somos
democráticos e contrários à censura – a ideologia da
estupidez, ou outras mais nefastas, que podem estar
insculpidas na obra musical, por que razão exigir
registro na OMB para o
exercício da profissão
de músico?
De que adianta o
conhecimento da
formação das
armaduras de clave,
das nuanças das escalas mais diversas, contraponto,
solfejo, ouvido absoluto, se o espírito do compositor
estiver voltado para o indesejável?
A música vai surgir sempre, mesmo que da frincha
das pedras, e terá tanta qualidade quanto à dos
consumidores que a encomendam segundo os seus
valores. E agora, depois da luz que brilhou no STF,
sem as ameaças da autarquia federal ao artista.
Hoje, o meu show de há vinte anos teria continuado.
A Divulgação
Arquivo pessoal
A música vai surgir sempre, mesmo que da
frincha das pedras, e terá tanta qualidade
quanto a dos consumidores que a
encomendam segundo os seus valores.
Arq
uiv
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esso
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Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [12]
Vinhos Por Claudia Castellões – C. Lafaiete | MG
[email protected] Formada em turismo, enófila e gerente da adega IEL´s.
CURIOSIDADES SOBRE AS UVAS
ara falarmos de vinhos, começarei a falar sobre
a uva que é a matéria prima do vinho. E ela
provém da videira, que é também chamada de
vinha ou parreira. A videira tem galhos alongados que
buscam apoio em outras plantas. Seus cachos de uvas,
denominados bagos, são sustentados por cabinhos
chamados de engaços. Após o plantio, a videira leva de
três a cinco anos para produzir uvas de qualidade e a sua
vida útil é geralmente de 20 a 30 anos, embora algumas
ultrapassem esse tempo.
Cada espécie de parreira possui muitas variedades
também chamadas de castas, cepas ou bacelos. Elas são
encontradas nas mais diversas regiões do mundo, climas
e solos diferentes, que são fatores importantíssimos na
qualidade do vinho. Esses fatores climáticos influem
diretamente no vinho, pois são eles que irão determinar
o tipo de vinho que será produzido naquele
determinado ano, tudo dependerá de como foi o clima,
se quente, frio, período muito chuvoso ou seco, tipo de
solo, por isso é muito comum encontrarmos o mesmo
vinho de safras diferentes com sabores e corpo
diferenciados.
Existem as espécies americanas e asiáticas que dão uvas
denominadas “comuns” e não muito conhecidas. E as
uvas da espécie européia, denominadas “VITIS
VINIFERA” que fornecem vinhos de excelente qualidade
e são as mais conhecidas. Esta espécie possui inúmeras
variedades e são tantas que darei apenas alguns
exemplos: as brancas destacam: Chardonnay,
Gewurztraminer, Pinot Blanc, Riesling, Sauvignon Blanc,
Semillon, Moscato, Verdejo, etc. As tintas: Cabernet
Sauvignon,Cabernet Franc, Gamay, Grenache, Malbec,
Pinot Noir, Merlot, Syrah, Lambrusco, Nebbiolo,
Sangiovese, Tinta Roriz, Tempranillo, etc.
Existem também as variedades chamadas de híbridas,
estas são resultantes de cruzamentos intervarietais, ou
seja, entre dois tipos de uvas como, por exemplo, a uva
sul-africana PINOTAGE (que é a uva Pinot Noir com a uva
Hermitage).
Nos países do Novo Mundo (Brasil, Chile, Argentina,
EUA, Austrália, etc) a maioria dos vinhos é do tipo
VARIETAL, isto é, elaborado com apenas uma variedade
de uva. No entanto muitos vinhos são feitos com duas
ou mais variedades de uvas, sendo denominados de
VINHOS DE CORTE ou assemblage ou blend, que quer
dizer mistura.
Muitas pessoas preferem as varietais e não mudam de opinião, mas é muito válido está aberto a conhecer as variedades que o vinho nos proporciona, assim você poderá e irá se surpreender a cada nova descoberta.
P
Arquivo pessoal
Divulgação
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [13]
Manipulação Por Fabia Vartuli – Cons. Lafaiete | MG
NUTRICOSMÉTICOS E BENEFÍCIOS PARA O CABELO
uem já não ouviu falar que o cabelo é uma
estrutura morta? Meia verdade, o fio de
cabelo precisa de diversas substâncias para
se tornar bonito, forte e saudável. Quando um
doseamento no fio é realizado, substâncias que
ingerimos no nosso dia-a-dia podem ser encontradas.
Então nada mais ideal que pensarmos para as
desordens capilares numa suplementação nutricional
rica em substâncias para o fortalecimento e
crescimento dos fios, os NUTRICOSMÉTICOS.
Os NUTRICOSMÉTICOS também são conhecidos como
Pílulas da Beleza, Cosméticos Orais, Nutracêuticos
Cosméticos. Eles apresentam um conceito de beleza
de dentro para fora. Os primeiros produtos
NUTRICOSMÉTICOS foram desenvolvidos a fim de
reduzir a aparência da celulite. Hoje, encontramos
vários tipos elaborados para diferentes necessidades
da pele e anexos, como cabelos e unhas. Os
NUTRICOSMÉTICOS capilares têm sido desenvolvidos
e comercializados fortemente no Brasil, EUA e
Europa; essas inovações são com base no
conhecimento dos nutrientes que podem promover
impacto benéfico à saúde dos fios, como, por
exemplo, zinco, cobre, biotina, ácidos graxos
essenciais, vitamina A, selênio, vitamina C, silício, L-
carnitina, entre outros.
A escolha certa do nutricosmético ideal para cada
paciente, para cada tipo de cabelo, para cada
desordem capilar requer auxílio profissional
qualificado. Os benefícios vão além do tratamento,
pois podem ser notados na aparência e no aumento
da auto-estima dos pacientes.
Q
Divulgação
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [14]
Arquitetura Por Chico Vartulli – Rio de Janeiro | RJ
[email protected] Arquiteto
CASA COR
Sou Chico Vartulli, nascido em Congonhas, já
residindo no Rio há muitos anos. Mas minha alma
continua mineira, sou arquiteto de interiores,
formado na universidade de Londres, com pós-
graduação em interiores feita em Berlim. Dedico o
meu trabalho no belo da casa, colocando obras de
artes, fazendo um design diferente, onde o cliente
sinta-se bem com seus mobiliários e modificações
possíveis. Hoje, sinto-me honrado em fazer parte
desta revista virtual e
começarei a falar de eventos,
importantes nos quais o
profissional poderá mostrar
seu talento ao público, como é o caso estampado na
foto, trabalho que fiz no Casa Cor, o melhor evento de
decoração do Brasil, no qual participo há alguns anos,
podendo mostrar as combinações de tecido,
mobiliários, vitrôs, pisos e outros tipos de
acabamentos. Começando pelo Casa Cor, vou dar
uma pincelada no projeto. Qual seria a medida entre
tecnologia e natureza? No Café Nextel, ambas
aparecem proporcionalmente. Com 47m², as cores
predominantes sintetizam a mistura: a prata e o
petróleo contrastam com o mobiliário cinza, verde,
marrom e preto. Os móveis são feitos em tecidos de
materiais novos como fibra de bambu mesclada com
vidro e madeira de reflorestamento e superfícies
laqueadas. O papel de parede é aplicado nas paredes
e no teto, separados pelo trabalho de gesso e pelos
pilares e vigas. O teto tem rasgos pergolados
invertidos e caixas de som nas paredes verticais
também de gesso. A iluminação de baixo consumo
usa mangueiras de led e
xenon, além de luminárias
com lâmpadas eletrônicas
convencionais. Esse projeto
aconteceu no Jóquei clube do Rio de Janeiro. Para
poder dar essa harmonia, há de se fazer muitas
pesquisas, interagir no mercado para mostrar o que
se usa, pensando na sustentabilidade, ou seja, na
preservação da natureza na arquitetura. Na próxima
edição, irei falar sobre como funciona um camarote
na Sapucaí, de três andares, toda a sua montagem e
decoração.
Até lá.
Arquivo pessoal
Bru
no
Ryfer
Foto: Marco Rodrigues
Qual seria a medida entre tecnologia
e natureza?
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [15]
Ponto Literário Por Paulo Roberto Antunes – Cons. Lafaiete | MG
[email protected] Mestre em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso), apresentador do programa da Rádio Carijós AM
"Linguagem, Cultura e Comunicação", professor titular da FaSaR (Faculdade Santa Rita), escritor, advogado, ator e diretor teatral.
ÀS FUTURAS E DELICADAS CINZAS DO QUE JÁ VIVEU Desde quando me entendo por gente, esbarro com frequência na morte. Ainda infante, conheci pela vez primeira a face dessa dona do desespero humano: foi aos cinco que enterrei minha avó, mulher de cabelos tão brancos que se mostravam ao mundo num tom azul celeste sagrado. Não chorei naqueles verdes tempos. Quando a tristeza é demasiado funda, ríspida, repentina... lágrimas faltam ao organismo para o desabafo. E aos pés carecem a força necessária para o caminhar. Portanto carregado fui durante o cortejo que tinha como protagonista o corpo ressequido de minha mãe mais velha dentro de uma forma retangular de madeira.
Hoje penso aquele momento de terra e pó, e sussurros, e padre, e gente muita como um tempo inexistente para o menino que fui e o homem que sou. Para que lembrar passagem tão singularmente enlutada? Às lembranças tristes, prefiro as recordações cheias do verde do pomar de minha casa, onde, no colo da figura humanamente feminina, eu descansava a cabeça ouvindo histórias com cheiro de terra molhada e gosto de manhãs em eterno despertar divino. Assim vejo a vida com mais musicalidade e cor. Sem ressentimentos.
Enquanto tomo meu café e como do pão iluminado que, milagrosamente, recebo da vida todos os dias, meus olhos invadem a figura diminuta de uma formiga, caminhando em linha reta no chão artificial da cozinha. A grandeza desse ser vivo em meu espaço doméstico joga questionamentos na corrente sanguínea minha. Desaparecem de mim o gosto do líquido e do sólido que a boca experimenta. E sou só e único, indagando se à formiga também um dia machucou a ausência de uma avó tão mãe e femininamente feminina. Qual é o peso de uma indagação tão abstrata e irrespondível ainda pela ciência? Nenhum ou toneladas de toneladas.
Indiferente, a formiga segue seu rumo em direção à fresta da porta, buscando o exterior. Que necessidade a leva até aonde os raios do sol já semearam calor? Estarão lá fora
seres do reino vegetal chamando pelo inseto para celebrarem um dia a mais? Prossigo pensando interrogações que, certamente, serão companheiras minhas na jornada deste dia novo renascendo em e para mim. Um paradoxo me assombra: meus pensamentos são açúcar e sal gerando o combustível para a incessante busca minha no encalço da verdade, da resposta inabalável que não existe e nunca será na terra nem no céu.
Observo: quanta força naquela formiga que saiu de meu campo visual e ganhou a liberdade do corredor de ardósia perigosamente escorregadia. Lá fora, talvez, encontre o animal um pouco da comida que busca, da água que sonha. E sinto inveja da criatura que, para viver, basta se deixar estar no mundo do chão da cozinha, do frio da ardósia ardilosa, do pouco de terra que eu e meus familiares temos na geometria do que denominamos lar. E, então, assim, embriagado de felicidade por me reconhecer eu em mim
próprio, um humano a mais gostando da vida, do café e do pão, desperto para a beleza e a fealdade de tudo que se move no mundo. Por isso, na brancura láctea deste
papel-seio bom, invento uma prece mansa e ecumênica, esboço de um agradecimento ao que chamamos de Deus e nos põe em ordem e desordem tão-somente para que experimentemos com mais profundidade essa efêmera e curta vida. E para que nos deixemos vivê-la sem muito pensar, complicar... Viver a vida como a formiga que hoje cruzou minha manhã e me fez sentir o coração bater sem medo nenhum por dentro... Bater por mim, por você que me lê e pelo nada que um dia seremos em forma de futuras e delicadas cinzas do que viveu e, em momentos mágicos, acreditou na vida.
Este o meu sensato agradecimento a você, leitor, que me lê e inconscientemente acaricia o papel onde me gravei e, também, de forma inconsciente, afaga meu rosto e se esculpe em meu espírito como se, ao me ler, eu fosse. Eu não sou eu, EU SOMOS NÓS.
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Foto: Cleonice Libânio
Para que lembrar passagem
tão singularmente enlutada?
Revista Ponto Fin@l | Ano 0 | Edição 01 | Página [16]
Cinema Por Julio Lellis – Rio de Janeiro| RJ
[email protected] Cineasta
CREPÚSCULO DOS DEUSES
Permitam apresentar-me com angústias e medos.
Quando me convidaram para assinar esta coluna,
senti desejos e vontades de não aceitar. Não sei
escrever... Mas - acho - que sei fazer cinema.
Recentemente filmei um belíssimo roteiro, “Mea
Culpa”, de André Damin, uma história cheia de
ganchos e reviravoltas na medida certa, baseada em
fatos reais... E aí penso como é difícil escrever uma
boa história.
Sempre quando penso em roteiros, o primeiro que me
vem à mente é a perfeição alcançada num dos mais
aclamados filmes de todos os tempos... Um dos mais
conhecidos representantes do estilo noir (filmes em
preto e branco da década de 1940/1950), o filme “O
Crepúsculo dos Deuses”, do diretor Billy Wilder, é um
drama que constrói um retrato
pessimista e crítico sobre os
bastidores de Hollywood. O filme
conta a história da atriz Norma
Desmond (Glória Swanson), uma
antiga estrela do cinema mudo já esquecida pelo
público, e do aspirante a roteirista Joe Gillis (Willian
Holden), contratado por ela para ajudar a escrever o
roteiro de um filme, o qual, ela imagina, irá levá-la
novamente ao cinema. Desempregado, Joe aceita a
proposta de Norma. A partir daí, os dois desenvolvem
uma relação de dependência mútua que culminará na
morte de Joe.
Não se assustem leitores, sei que parece, mas não
escrevi o final do filme.
“Assim como em “Memórias Póstumas de Brás
Cubas”, o romance tem uma perspectiva deslocada: é
narrado por um defunto, que reconta a própria vida,
do fim para o começo, num relato marcado pela
franqueza Falo sem temer mais nada”.
“Crepúsculo dos Deuses” constrói uma narrativa de
suspense e embora não esconda que terminará em
um assassinato, desperta a curiosidade do espectador
para os acontecimentos que culminaram naquele
crime.
Assim como Machado de Assis se arma de todos os
artifícios para que consigamos acompanhar a história
até o fim sem nos desligarmos, o roteirista e o diretor
o fazem também.
Outra dica para assistir, em DVD, é “O Signo da
Cidade”, do diretor Carlos Alberto Ricelli, com roteiro
da atriz Bruna Lombardi, sua esposa. O filme é muito
bem montado, com cenas belíssimas, e um roteiro
bem amarrado. Para quem
conhece a literatura e poesia de
Bruna, vai perceber alguns
exageros no roteiro, mas nada que
o faça ficar menor. Excelentes interpretações,
sobretudo dos jovens, sem com isso desmerecer a
atuação do excelente Juca de Oliveira, no papel do pai
da protagonista.
Espero e desejo ficar com vocês neste jornal. Eu, Julio
Lellis, Breno Pessurno e André damin, aleatoriamente,
deixaremos nossa impressões nesta coluna. Muito
honrados estamos com o convite de participarmos
deste empreendimento e de podermos falar do que
gostamos. E que o cinema, este mundo de ilusões, nos
traga a realidade de esperanças e a alegria para
brindarmos o que anuncia.
Bons sonhos.
Divulgação
E aí penso como é difícil
escrever uma boa história.