Edição especial de natal (25/12/15)

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Chega mais uma Soleni- dade do Natal e é com pra- zer enorme que, uma vez mais, o DIÁRIO DE SO- ROCABA entrega a seus leitores este habitual Suple- mento Especial que há 57 anos acompanha sua edição que circula com a data de 24/25 de dezembro. Quere- mos com ele ser um contri- buto a mais na preservação de nossas profundas tradi- ções cristãs, enaltecendo o real significado deste que, ao lado das Páscoa da Res- surreição, constituem os dois momentos culminantes da História da Humanidade em todos os tempos. A recorda- ção do Natal histórico, acon- tecido há 20 séculos nessa noite santa, assim como a ce- lebração do Natal Eucarísti- co renovado na consagração de toda Missa e do Natal Es- piritual de Cristo, renascido no coração de todos que o amam, devem nortear nos- so ir à Manjedoura, contem- plar o Menino Deus. Natal é dom de Deus para a Humanidade! Procla- ma, a cada ano, a geração eterna do Filho de Deus e o seu nascimento no tempo. O evento da noite da Nativida- de do Menino, Criança que Deus nos deu, Deus admirá- vel e Príncipe da Paz, será sempre o acontecimento mais importante da História da Salvação e da Humanida- de. Durante séculos, foi a Humanidade profetizando e aguardando o `sim' de Ma- ria. Belém da Judéia, uma gruta, um presépio, alguns animais, pastores com suas ovelhas, sábios vindos de ter- ras distantes e anjos anunci- ando "uma grande alegria, a glória de Deus e a paz para todos os homens" constituem uma cena que continua en- cantando a todos, pequeni- nos e grandes. Chegou o Natal. Mas... quem é mesmo que nasceu? Por que essa euforia? Qual a razão dessa agitação sem fim? Por que essas compras feitas com tanta pressa e sofreguidão? Mal come- çou o mês de dezembro e todos os meios de co- municação entraram em ação para estimular as compras de Natal que, por sinal, não existem sem as correspondentes vendas. É incontida a sa- tisfação dos que vendem. Neste ano, as vendas não foram tão abundantes. A economia do País vai mal. Ainda assim manteve-se a tradição dos presentes e dos cartões. Muitos abraços e ex- clamações de `Feliz Na- tal'! Que felicidade é essa que parece se derramar por todos os cantos do Planeta? Será mesmo? E as refeições, as ceias de Natal! Como são fartas e refinadas! Foi numa noite Sorocaba (SP), Sexta-feira, 25 de dezembro de 2015 Natal é dom de Deus para a Humanidade Natal é dom de Deus para a Humanidade! Daí a motivação de todos nós nos aconchegarmos nesta noite santa ao redor do Presépio, ao redor do Altar Eucarísti- co como comunidade cris- tã orante em nossas igrejas e ao redor da mesa como fa- mília para as tradicionais ceias de Natal. É Natal! É a festa da Luz, a Luz que é o Menino Jesus que renasce no coração de cada um de nós. Realidade que precisa a cada ano ser re- afirmada alto e bom som e en- carnada na vida de todos que somos convidados a celebrar a festividade do Natal a cada 24/25 de dezembro, resgatan- do seu profundo significado, que o mundo ocidental hedo- nista e consumista insiste, de décadas para cá, em banir de nossa sociedade cristã, inclu- sive substituindo o Aniversa- riante, o Menino Jesus, o Deus encarnado, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, pela exdrúxula e folclórica figura de papai noel, quando não por duendes, fadas e outras figu- ras esquisitas a nortear ditas `decorações natalinas' dos shoppings e outros centros de compras inspirados na cultu- ra capitalista. Até presépios substituindo as figuras sagra- das por esses duendes já es- tão inventando! Assim, alicerçado em princípios cristãos, é que com esta edição quer a Família do DIÁRIO DE SOROCABA apresentar a todos os seus lei- tores, assinantes, amigos, co- laboradores e à comunidade local e regional os melhores votos de um Feliz e Santo Na- tal, com as bênçãos abundan- tes do Menino Deus que re- nasce na Manjedoura da Hu- manidade nesta noite sagra- da. Deus sempre nos aben- çoe a todos! É Natal! Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues também agitada, com as ruas apertadas da peque- na Belém lotadas de gen- te vinda de todas as par- tes, que Ele nasceu. Nas- ceu numa gruta, nas en- costas da pequena vila. Não havia lugar para o casal - José e Maria - nas hospedarias da região. São Lucas registra as- sim o acontecimento: "Ela deu à luz seu filho primo- gênito, envolveu-o em fai- xas e deitou-o numa man- jedoura, porque não havia lugar para eles na hospe- daria" (2,7). A gruta era pequena, mas suficiente para abrigar, em noites fri- as e chuvosas, os pastores - os mais pobres dentre os pobres daquele tempo - que por ali pastoreavam seus rebanhos. É ainda São Lucas que nos conta: "Havia naque- la região uns pastores que passavam a noite nos cam- pos, tomando conta de seu rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu e a glória do Senhor os envol- veu de luz. Os pastores fi- caram com muito medo. O Anjo, então, lhes disse: `Não tenhais medo! Eu vos trago a boa nova de uma alegria, que será tam- bém a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salva- dor, que é o Cristo Se- nhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um re- cém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura'. De repente, juntou-se ao Anjo uma multidão do exército ce- leste cantando a Deus: `Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na Ter- ra aos homens por Ele amados'" (2,8-14). Os pastores foram até a gruta. Foram correndo e "encontraram Maria e José e o recém-nascido deitado numa manjedou- ra. Quando O viram, con- taram as palavras que lhes tinham sido ditas a respei- to do Menino. Todos os que ouviram os pastores ficaram admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, medi- tando-as em seus cora- ção" (2,16-19). Prezado(a) leitor(a), relendo o texto acima, chamou-me a atenção o fato dos pastores terem ficado com muito medo quando a luz do céu os envolveu. Sempre que o mistério nos envolve sen- timos medo. Assim foi com Zacarias quando o anjo lhe anunciou a vin- da de João Batista. "Não tenhais medo" é a pala- vra do Céu que os tran- qüiliza. De Deus e de suas coisas não há neces- sidade de se ter medo. A novidade que Ele nos traz é sempre Boa Nova, razão de verdadeira ale- gria. O ser humano se as- susta diante do mistério, da novidade absoluta que irrompe em sua exis- tência. Ao susto inicial, segue-se o fascínio, o encantamento, a alegria inexplicável, o transbor- damento. A primeira tes- temunha das maravilhas de Deus foi Maria: "Mi- nha alma engrandece o Se- nhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador". Mas os pastores também desfrutaram dessa maravi- lhosa experiência que os anjos, cantando, assim ex- pressaram: "Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na Terra aos homens por ele amados". Ah! Os anjos tiveram a sensação de que Deus nos amava mais do que a eles. Não é que o Verbo, no qual eles também foram criados, havia se tornado um de nós. E criança! Houve quem afirmasse que o mis- tério da encarnação provo- cou uma grande divisão entre os anjos. Aqueles que não foram capazes de com- preender que Deus nos amasse tanto assim, até se misturar conosco, se rebe- laram e se tornaram inimi- gos de Deus e da Humani- dade. Os outros, imitando Maria, glorificaram a Deus, que se mostrou capaz de amor assim tão imenso, in- finito amor, a ponto de to- mar para si nossa pobre hu- manidade. Fez-se pobre para nos enriquecer com sua pobreza, como nos recorda São Paulo. Os pastores nunca mais se sentiram tristes, pois aquela alegria veio para nunca mais os deixar. E você, meu irmão, minha irmã, você também pode experimentar a mesma alegria dos anjos e dos pastores. Deixe-se, sem medo, envolver pela luz do Natal. - Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues é arcebispo metropolita- no de Sorocaba

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Chega mais uma Soleni-dade do Natal e é com pra-zer enorme que, uma vezmais, o DIÁRIO DE SO-ROCABA entrega a seusleitores este habitual Suple-mento Especial que há 57anos acompanha sua ediçãoque circula com a data de24/25 de dezembro. Quere-mos com ele ser um contri-buto a mais na preservaçãode nossas profundas tradi-ções cristãs, enaltecendo oreal significado deste que,ao lado das Páscoa da Res-surreição, constituem os doismomentos culminantes daHistória da Humanidade emtodos os tempos. A recorda-ção do Natal histórico, acon-tecido há 20 séculos nessanoite santa, assim como a ce-lebração do Natal Eucarísti-co renovado na consagraçãode toda Missa e do Natal Es-piritual de Cristo, renascidono coração de todos que oamam, devem nortear nos-so ir à Manjedoura, contem-plar o Menino Deus.

Natal é dom de Deuspara a Humanidade! Procla-ma, a cada ano, a geraçãoeterna do Filho de Deus e oseu nascimento no tempo. Oevento da noite da Nativida-de do Menino, Criança queDeus nos deu, Deus admirá-vel e Príncipe da Paz, serásempre o acontecimentomais importante da Históriada Salvação e da Humanida-de. Durante séculos, foi aHumanidade profetizando eaguardando o `sim' de Ma-ria. Belém da Judéia, umagruta, um presépio, algunsanimais, pastores com suasovelhas, sábios vindos de ter-ras distantes e anjos anunci-ando "uma grande alegria, aglória de Deus e a paz paratodos os homens" constituemuma cena que continua en-cantando a todos, pequeni-nos e grandes.

Chegou o Nata l .Mas . . . quem é mesmoque nasceu? Por que essaeufor ia? Qual a razãodessa agitação sem fim?Por que essas comprasfeitas com tanta pressa esofreguidão? Mal come-çou o mês de dezembroe todos os meios de co-municação entraram emação para es t imular ascompras de Nata l que ,por s ina l , não ex is temsem as correspondentesvendas. É incontida a sa-tisfação dos que vendem.Neste ano, as vendas nãoforam tão abundantes. Aeconomia do País vai mal.Ainda assim manteve-sea tradição dos presentese dos cartões.

Muitos abraços e ex-clamações de `Feliz Na-tal'! Que felicidade é essaque parece se derramarpor todos os cantos doPlaneta? Será mesmo? Eas refeições, as ceias deNatal! Como são fartas erefinadas! Foi numa noite

Sorocaba (SP), Sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Natal é dom de Deuspara a Humanidade

Natal é dom de Deuspara a Humanidade! Daí amotivação de todos nós nosaconchegarmos nesta noitesanta ao redor do Presépio,ao redor do Altar Eucarísti-co como comunidade cris-tã orante em nossas igrejase ao redor da mesa como fa-mília para as tradicionaisceias de Natal.

É Natal! É a festa da Luz,a Luz que é o Menino Jesusque renasce no coração decada um de nós. Realidadeque precisa a cada ano ser re-afirmada alto e bom som e en-carnada na vida de todos quesomos convidados a celebrara festividade do Natal a cada24/25 de dezembro, resgatan-do seu profundo significado,que o mundo ocidental hedo-nista e consumista insiste, dedécadas para cá, em banir denossa sociedade cristã, inclu-sive substituindo o Aniversa-riante, o Menino Jesus, o Deusencarnado, a Segunda Pessoada Santíssima Trindade, pelaexdrúxula e folclórica figurade papai noel, quando não porduendes, fadas e outras figu-ras esquisitas a nortear ditas`decorações natalinas' dosshoppings e outros centros decompras inspirados na cultu-ra capitalista. Até presépiossubstituindo as figuras sagra-das por esses duendes já es-tão inventando!

Assim, alicerçado emprincípios cristãos, é que comesta edição quer a Família doDIÁRIO DE SOROCABAapresentar a todos os seus lei-tores, assinantes, amigos, co-laboradores e à comunidadelocal e regional os melhoresvotos de um Feliz e Santo Na-tal, com as bênçãos abundan-tes do Menino Deus que re-nasce na Manjedoura da Hu-manidade nesta noite sagra-da. Deus sempre nos aben-çoe a todos!

É Natal!Dom Eduardo Benesde Sales Rodrigues

também agitada, com asruas apertadas da peque-na Belém lotadas de gen-te vinda de todas as par-tes, que Ele nasceu. Nas-ceu numa gruta, nas en-costas da pequena vila.Não havia lugar para ocasal - José e Maria - nashospedarias da região.

São Lucas registra as-sim o acontecimento: "Eladeu à luz seu filho primo-gênito, envolveu-o em fai-xas e deitou-o numa man-jedoura, porque não havialugar para eles na hospe-daria" (2,7). A gruta erapequena, mas suficientepara abrigar, em noites fri-as e chuvosas, os pastores- os mais pobres dentre ospobres daquele tempo -que por ali pastoreavamseus rebanhos.

É ainda São Lucas quenos conta: "Havia naque-la região uns pastores quepassavam a noite nos cam-pos, tomando conta deseu rebanho. Um anjo doSenhor lhes apareceu e aglória do Senhor os envol-veu de luz. Os pastores fi-

caram com muito medo. OAnjo, então, lhes disse:`Não tenhais medo! Euvos trago a boa nova deuma alegria, que será tam-bém a de todo o povo:hoje, na cidade de Davi,nasceu para vós o Salva-dor, que é o Cristo Se-nhor! E isto vos servirá desinal: encontrareis um re-cém-nascido, envolto emfaixas e deitado numamanjedoura'. De repente,juntou-se ao Anjo umamultidão do exército ce-leste cantando a Deus:`Glória a Deus no maisalto dos céus e paz na Ter-ra aos homens por Eleamados'" (2,8-14).

Os pastores foram atéa gruta. Foram correndo e"encontraram Maria eJosé e o recém-nascidodeitado numa manjedou-ra. Quando O viram, con-taram as palavras que lhestinham sido ditas a respei-to do Menino. Todos osque ouviram os pastoresficaram admirados comaquilo que contavam.Maria, porém, guardavatodas estas coisas, medi-

tando-as em seus cora-ção" (2,16-19).

Prezado(a) leitor(a),relendo o texto acima,chamou-me a atenção ofato dos pastores teremficado com muito medoquando a luz do céu osenvolveu. Sempre que omistério nos envolve sen-timos medo. Assim foicom Zacarias quando oanjo lhe anunciou a vin-da de João Batista. "Nãotenhais medo" é a pala-vra do Céu que os tran-qüil iza. De Deus e desuas coisas não há neces-sidade de se ter medo. Anovidade que Ele nostraz é sempre Boa Nova,razão de verdadeira ale-gria.

O ser humano se as-susta diante do mistério,da novidade absolutaque irrompe em sua exis-tência. Ao susto inicial,segue-se o fascínio, oencantamento, a alegriainexplicável, o transbor-damento. A primeira tes-temunha das maravilhasde Deus foi Maria: "Mi-

nha alma engrandece o Se-nhor e exulta meu espíritoem Deus, meu Salvador".Mas os pastores tambémdesfrutaram dessa maravi-lhosa experiência que osanjos, cantando, assim ex-pressaram: "Glória a Deusno mais alto dos céus e pazna Terra aos homens porele amados".

Ah! Os anjos tiveram asensação de que Deus nosamava mais do que a eles.Não é que o Verbo, no qualeles também foram criados,havia se tornado um denós. E criança! Houvequem afirmasse que o mis-tério da encarnação provo-cou uma grande divisãoentre os anjos. Aqueles quenão foram capazes de com-preender que Deus nosamasse tanto assim, até semisturar conosco, se rebe-laram e se tornaram inimi-gos de Deus e da Humani-dade. Os outros, imitandoMaria, glorificaram a Deus,que se mostrou capaz deamor assim tão imenso, in-finito amor, a ponto de to-mar para si nossa pobre hu-manidade. Fez-se pobre

para nos enriquecer comsua pobreza, como nosrecorda São Paulo.

Os pastores nuncamais se sentiram tristes,pois aquela alegria veiopara nunca mais os deixar.E você, meu irmão, minhairmã, você também podeexperimentar a mesmaalegria dos anjos e dospastores. Deixe-se, semmedo, envolver pela luzdo Natal. - Dom EduardoBenes de Sales Rodriguesé arcebispo metropolita-no de Sorocaba

Page 2: Edição especial de natal (25/12/15)

2 - Caderno Especial de Natal 2015

A liturgia da noite edia de Natal é o climax dotempo do Advento. Qua-tro semanas que têm nosProfetas e na Virgem deNazaré as suas grandesreferências preparam, naesperança, a recordaçãodo Natal histórico aconte-cido há 20 séculos, assimcomo a celebração doNatal Eucarístico renova-do na consagração detoda Missa e do Natal Es-piritual de Cristo, renasci-do no coração de todosque o amam.

A festividade do Natalproclama, a cada ano quepassa, a geração eterna doFilho de Deus e o seu nas-cimento no tempo. Oevento da noite da Nati-vidade do Menino, Crian-ça que Deus nos deu,Deus admirável e Prínci-pe da Paz, será sempre oacontecimento mais im-portante da História daSalvação e da Humanida-de. Durante séculos, foi aHumanidade profetizandoe aguardando o `sim' deMaria. Belém da Judéia,uma gruta, um presépio,alguns animais, pastorescom suas ovelhas, sábiosvindos de terras distantese anjos anunciando "umagrande alegria, a glória deDeus e a paz para todosos homens" consti tuemuma cena que continuaencantando a todos, pe-queninos e grandes.

O Natal, além de ser afesta do nascimento de Je-sus Cristo, tornou-se tam-bém a festa da Família.Reunida em torno do Al-tar das igrejas, confrater-nizando ao redor da Mesado Lar, os cristãos consci-entes agradecem o grandepresente de Deus à Huma-nidade: o seu próprio fi-lho! O tempo litúrgico doNatal não se exauri nestanoite ou no dia 25 de de-zembro, mas prolonga-seaté 6 de janeiro do novoano, quando a Igreja recor-da a homenagem dos Ma-gos e o significado místi-co dos dons que colocamaos pés do Menino: o ouro,o incenso e a mirra. Antesda Epifania, a manifesta-ção de Deus ao mundotodo na visita dos ReisMagos ao Menino que nas-ceu em Belém da Judéia,em 2016 celebrada noBrasil por razões de natu-reza pastoral no domingo3, são celebradas duas ou-tras belas festas: a da Sa-grada Família, este ano nodomingo 27, e a de MariaSantíssima, Mãe de Deus,a 1º de janeiro.

É impossível recordaro evento de Belém semlembrar-se também, con-comitantemente, de umamulher jovem-adolescen-te: Maria de Nazaré. QuisDeus que seu Filho tives-se uma Mãe e Mãe Vir-gem. Lembra São Bernar-do que o mundo todo

Esta crônica saiu pu-blicada neste jornal em 12de novembro de 2000,portanto há 15 anos. Na-quela época, ouvi duaspalestras primorosas, pro-feridas por dois grande ho-mens, que já não estãomais entre nós. A primeirafeita pelo professor RuyAfonso da Costa Nunes,que escolheu como tema a"Santíssima Trindade".Seus conhecimentos pro-fundos, sua disponibilida-de tão grande e sua fé ina-balável tornaram aquelesmomentos muito especiaisem minha vida. A segun-da palestra também foiigualmente primorosa.Quem a proferiu? O JoséLuís de Carvalho, um ami-go cursilhista, que esco-lheu o tema `a dedo'. Foipena que não as tenhamosgravado. Foi pena quenem todos pudessem tertido a oportunidade deouvi-los!

Foi maravilhoso ter tidoo privilégio de estar presen-te nesses dois momentos deFormação. Este tempo na-talino nos convida mesmoà reflexão, à mudança deatitudes, a sacrifícios, a es-tudo, à caridade. E aquelesforam momentos de muitareflexão, de estudo apura-do e, quem sabe, de mudan-ça de atitudes.

Num certo momento,o Zé Luís lançou umapergunta a todos que oouviam. Foi aí que leveium susto. Porque nuncahavia pensado e creio quepoucos o fizeram. Inter-rogou-se ele: "Será quecada um de nós está sen-do Natal, Páscoa, Ressur-

Penso que o Natal nãoenvelhece nunca, porque éum mistério profundamentehumano, além de divino.

Contemplação do MeninoJesus diante do Presépio

Natal é dom de Deuspara a Humanidade

aguardava ansioso o `sim'de Maria, com o qual oVerbo de Deus irromperiana Humanidade e, logomais, seria o Redentor, oMestre, o Pastor de quecarecíamos. Emocionacontemplar a jovem Mãeembevecida diante de seuMenino. "Ela adorouAquele que gerou - Quemgenuit adoravit!". Era oseu filho, mas, antes, erao próprio Filho de Deus!

Ao lado de Nossa Se-nhora, está no Presépio deBelém São José, tambémele descendente do reiDavi, da casa de Davi. Éuma presença mais quediscreta. Afinal, ele ape-nas se encontrava ao ladode Maria, sua casta espo-sa, como o protetor de suapureza e da vida do Me-nino. Impress ionam ahumildade, a devoção ea obediência de José àvontade de Deus. Pou-cos homens em toda ahistória humana tiverammissão tão impor tan tequanto a dele. Foi a pre-sença de Deus Pa i emBelém, no Egi to e emNazaré. Faz parte do quealguém chamou de Trin-dade terrestre...

O Ano Novo inicia-secom a celebração da festalitúrgica de Maria, Mãe deDeus. A maternidade é, porsi mesma, um mistério. Nocaso de Maria de Nazaré,o mistério é insondável.Afinal, Ela gestou em seuventre imaculado o próprioFilho de Deus. Dante Ali-ghieri, na "Divina Comé-dia", obra-prima da litera-tura universal, lembra queela, Maria, "foi a mãe deseu filho e filha de seu pró-prio filho! Quem ela gerouno tempo em certo sentido,a havia gerado desde aEternidade...".

Há muito a contemplarem todo Natal. O nascimen-to de Cristo, a Sagrada Fa-mília, os Pastores e os Ma-gos continuam nos interpe-lando. É impossível alguémficar alheio ao que aconte-ceu há 2.015 anos. Foi a re-alização de um belo e amo-roso plano de Deus. Ele"amou tanto o mundo quelhe enviou o seu próprio fi-lho!", lê-se nas EscriturasSagradas. Ele merece o nos-so amor "porque nos amouprimeiro", escreveu o Após-tolo e Evangelista São João.

Que este novo Natal deCristo nos reconcilie comDeus! Nos leve a amar atodos como irmãos. Ecfom amor misericordioso,como insiste o papa Fran-cisco neste Ano Santo Ex-traordinário da Misericór-dia, inclusive incentivan-do-nos a um empenhomaior na construção de ummundo mais fraterno e so-lidário. De um mundo euma sociedade mais justa,em que haja mais paz emisericórdia!

Natal, Páscoa, PentecostesSônia Cano reição e Pentecostes para

o irmão?".

Com essa interrogação,deixou-nos com `a pulgaatrás da orelha'.

Não é fácil olharmos paradentro de nós mesmos. Hátanta hipocrisia com relaçãoà fé, tanto egoísmo sem sen-tido, tanta infidelidade aDeus, que nos envilece...!Que estou fazendo para queo outro tenha vida? E vida,acima de tudo, digna?

Tenho sido uma pessoaotimista, que apenas dese-ja e espera as coisas boas?Ou professo uma Fé for-talecida e uma Esperança-certeza e faço, de verda-de, acontecerem coisasboas ao meu redor?

Já tentei fazer com queJesus Menino continue nas-cendo nos corações endu-recidos das pessoas? Procu-rei alguma vez ameigar al-gum coração de pedra? Oufui gelo, morte, solidão...?

Ah! Senhor! Aquele queTe procura com avidez, con-seguirá se encontrar, encon-trando-Te pelo caminho?Nesse momento, como po-deremos pagar-Te, Senhor,o presente de nós mesmos?

Estamos numa épocaespecial. Advento. A vindado Messias, do Salvador.Cada um de nós está sendoNatal para o irmão? Trazen-do alegria e paz para os quevivem ao nosso redor? Seráque estou sendo Vida paraos que se aproximam demim ou continuo sendomorte, desânimo, indiferen-ça, insensatez? Faço algu-ma coisa para que o mundoseja melhor? Ou vivo so-

mente a criticar os outros?

Mostro meu melhor sor-riso ou mostro a máscarado rancor e da indiferença?Da crítica e do julgamentohumanos?

Sou alguém que parounas trevas do Calvário ouestou sendo a noite dos pas-tores, iluminada pela estre-la-guia?

Preocupo-me apenas commeus presentes de Natal, mi-nha simpática oferta a todos,ou sou cristã adulta, consci-ente e corajosa, disposta atudo, sem cansaço, sem con-dicionamentos, sem medo?

Qual a imagem que pas-so aos que vivem ao meuredor? Sou como Paulo, ogrande apóstolo dos genti-os? Tenho a coragem e o ar-dor de Pedro que, emboratenha negado o Amigo portrês vezes, assumiu a suacruz e O seguiu até o fim?

Qual teria sido minha ati-tude, se vivesse naquela épo-ca? Seria como os pastoresque O adoraram? Seria comoos Magos do Oriente que,depois de encontrar o Meni-no, mudaram o caminho?

Seria como Tomé, sóacreditando se visse? Ouseria uma Madalena reen-contrada? Um Lázaro re-nascido?

Cristo torna possível to-dos esses milagres. Seria eu,porém, um traidor como Ju-das, inconseqüente e patéti-co? Estaria presente, junto aMaria, aos pés do Crucifica-do, naquele entardecer detrevas, sofrendo com Elaessa dor maior? Caminhariacom os discípulos de Emaús

e sentiria como eles um ar-dor inexplicável no cora-ção? Teria coragem deanunciar esse Reino queJesus trouxe para todos?(Não para os que nasceramda carne, mas para os quenasceram da Palavra?)

Estaria junto à multi-dão, quando Ele anunciouSeu projeto de Vida, mos-trando as Bem-Aventu-ranças, no Sermão daMontanha?

Não sei! Quisera sercomo todos eles, Senhor!Ajuda-me a ser como eles,neste século XXI.

Quisera ser como ospastores que, espantados,viram a estrela brilhar noscéus, a indicar o caminhoda gruta de Belém. Quise-ra ser como Madalena namanhã do terceiro dia. Nasurpresa de ver o túmulovazio. Quisera correr comoela, os olhos cheios de sol,porque tinha o sol dentrode si. Quisera gritar a ple-nos pulmões a este mundoatônito, tão pequeno emseus anseios e em seusegoísmos, tão materializa-do, tão modernizado, tãoindustrializado, tão apega-do ao ter, tão despersona-lizado, tão coisificado, tãoenfraquecido, tão destruí-do e tão violento:

- Ele chegou, minha gen-te!!! O Messias está entrenós! Corram! Venham ver!

Cantemos com os an-jos do céu nesta noite san-ta de Natal: - "Glória aDeus nas alturas e Pazaos homens de boa von-tade...!". - A professoraSônia Cano é integranteda Academia Sorocaba-na de Letras

Por que o Natal não envelheceChiara Lubich Fazendo-se homem,

Deus elevou a Humanida-de à vertiginosa altura di-vina, mas, ao mesmo tem-po, revelou-a, mostrandodela o mistério aos ho-

mens extasiados.

O Nata l s igni f ica ocalor da família, o prodi-gioso fenômeno da ma-ternidade, a continuida-

de da vida através da pa-ternidade.

Para o cristão e para ohomem, o Natal significa,além do alvorecer da Re-

denção, o dia em que cadaum se reencontra consigomesmo, reencontra seu ver-dadeiro eu, porque inseridoem Deus. - Chiara Lubich(1920-2008) foi portadora

da Espiritualidade da Uni-dade para a Igreja e a Hu-manidade do tempo pre-sente e fundadora daObra de Maria, o Movi-mento dos Focolares

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Caderno Especial de Natal 2015 - 3

Com este título e apro-veitando um artigo escri-to há vários anos por umamigo aqui de Sorocaba,Antônio Carlos Salomão,o `Tony', por vários anoscoordenador nacional doMovimento de Cursilhode Cristandade, foi feitauma reflexão durante aúltima reunião deste 2015do grupo "Orando pornossos filhos", no Santu-ár io Arquidiocesano deSão Judas Tadeu, no bair-ro do Central Parque.

A mesma indagaçãofeita por Jesus a seus dis-cípulos, é feita hoje a to-dos nós: "Quem dizem aspessoas que Eu sou?... Evós, quem dizeis que Eusou?" (Mc 8,28-29).

A Família é a primeiraescola de catequese. Mas,infelizmente, muitas famí-lias não se importam maiscom a iniciação religiosa.Briga-se a todo o tempocontra o ensino religiosonas escolas e o que se ve-rifica é que não há maisformação e tampouco ins-trução religiosa, trazendocomo resultado a perda dereferência do transcen-dental e dos valores quese referem ao espírito.

Novas denominaçõesreligiosas cristãs (e nasceuma a cada dia) apresen-tam Cristo de forma, nomínimo, equivocada: "Je-sus é quem vai fazê-lo

Natal sem o CristoAffonso José

de Carvalho Neto

Vamos, agora, fazer o propósito de observar o seguinte Estatuto de Natal:

Art. 1º - Que a estrela que guiou os Reis Magos no caminho para Belém guie-nos também nos caminhosdifíceis da vida.

Art. 2º - Que o Natal não seja para nós somente um dia, mas 365 dias no ano...

Art. 3º - Que o Natal seja um nascer de esperança, de fé e de caridade. § Único - Fica estabelecido que o Natal nãoé comercial - e sim espiritual.

Art. 4º - Que os homens, ao falarem em crise, lembrem-se de uma manjedoura e uma estrela que, como bússola,apontam para o Norte da Salvação.

Art. 5º - Que no Natal, todos, como as crianças, dêem-se as mãos e tentem promover a paz.

Art. 6º - Que haja menos desânimos, desconfianças, desamores, tristezas. E mais confiança no Menino Jesus, Deusque Se fez homem. § Único: Que todos saibam: o Menino Jesus nasceu para todos, sem distinção de raça, cor,religião.

Art. 7º - Que os homens não sigam a corrida consumista em busca do `ter', mas voltem-se para o `ser', louvando aDeus-Criador.

Art. 8º - Que os canhões silenciem, que as bombas fiquem guardadas nos arsenais, para que se ouça os Anjoscantarem "Glória a Deus no mais alto dos céuws". § Único: Fica declarado que o Menino Jesus, nascido em Belém,deve ser reconhecido por todos os homens como o Filho de Deus!

Art. 9º - Que o Natal não seja somente um momento de festas e de presentes, mas um momento forte que nos leveà mudança de vida, fazendo-nos amar cada vez mais a Deus e aos irmãos.

Art. 10 - Que o Natal dê a todos um coração puro, livre, alegre, cheio de fé e de amor.

Art. 11 - Que o Natal seja um corte no egoísmo. Que os homens de boa vontade comecem a compartilhar, cada umem seu lugar, com suas qualidades e aptidões, os bens e conquistas da civilização e cultura da humildade.

Art. 12 - Que a manjedoura seja a convergência de todas as idéias, das invenções, das ações e esperanças doshomens para a concretização da paz universal e nos leve a um grande louvor a Deus. § Único - Fica estabelecidoque todos, ao se darem as mãos, digam: "Desejo-lhe um Santo Natal!".

rico. Ele vai curar suas de-silusões amorosas. Vai fa-zer florescer seus negóci-os. Vai desfazer uma mal-dição. Vai suprir suas ine-ficiências; sua preguiça eseus desejos".

Nós podemos e deve-mos pedir a Deus aquilode que necessitamos: "Opão nosso de cada dia nosdai hoje" (Mt 6,11); "Nãonos deixeis cair em tenta-ção, mas l ivrai-nos doMal" (Mt 6,13). Podemospedir a Deus que alivienossas dores, dificuldadese aflições, pois Jesus mes-mo disse: "Vinde a Mimvós todos que estais afli-tos sob o fardo e Eu vosaliviarei" (Mt 11,28).

Esses pedidos pode-mos e devemos fazer tam-bém a favor de nosso pró-ximo. É a oração de inter-cessão, que significa pe-dir em favor do outro (cfr.Catecismo da Igreja Cató-lica/CIC nºs. 2634/2636).

Mas ao fazermos taispedidos, não podemos fi-car parados, esperandoque Deus faça por nósaquilo que nós devemosfazer: se quero um empre-go, preciso, ao menos,procurar quem esteja pre-cisando de um emprega-do; se quero passar de anona escola, é preciso queeu estude; se quero obterperdão pelos meus erros,devo perdoar quem erroucontra mim: "Se perdoar-des aos homens as suasofensas, vosso Pai celeste

também vos perdoará.Mas, se não perdoardesaos homens, tampoucovosso Pai vos perdoará"(Mt 6,14-15).

O `espírito natalino'está no ar. As grandes re-des expõem os panetones,as frutas secas, os acessó-rios do Papai Noel, tudooferecido com o paga-mento facilitado. Vitrinis-tas, estilistas, desenhistase decoradores estão todoscom seu tempo tomado,produzindo um natal fal-sificado (natal com letrasminúsculas) , para quenada falte ao gosto popu-lar. Tem neve artificial,luzes, bolas, estrelas. . .tudo para acolher o PapaiNoel, que passou a ser opersonagem central dafesta. Os Presépios sãomontados com super-he-róis dos desenhos anima-dos ou com artistas. Há atépresépios em que as figu-ras de Jesus, Maria e José,dos pastores e dos reis ma-

gos são substituídas porbichinhos...

Na televisão, os anún-cios trazem sugestões depresentes, de como prepa-rar a ceia, de receitas anti-ressaca e de apetrechospara churrasco, dando umrecado claro: Comprem!Comprem! Comprem! Se oNatal de Jesus fosse isso,poderíamos perguntar:qual o sentido de Jesus ha-ver nascido numa estreba-ria, viver uma vida modes-tíssima, de padecer torturasfísicas e morais sem haverfeito nenhum mal, de ha-ver morrido na Cruz, paraRessuscitar glorioso?...

Mas, na verdade, Je-sus fez tudo isso por mim,por você, por todos (cfr.Fl 2,6-7). Então, devemosperguntar também: o queé que Lhe damos em tro-ca? Qual o reconhecimen-to que Lhe demonstramospor Seu Sacrifício de va-lor infinito?

Imaginemos como éque nós reagiríamos se,convidando todos paracelebrar a festa de aniver-sário de um nosso filho,na hora dos parabéns osconvidados cantassem emhomenagem ao Saci Pere-rê ou a um outro ser ima-ginário, esquecendo-se dapessoa real que deveriaser homenageada?!!!

Na Celebração do SantoNatal, a situação é muitopior! Todos estão reunidospara celebrar o Nascimentodo Filho de Deus Encarna-do e infelizmente, em certosambientes, não se faz home-nagem a Ele, mas a PapaiNoel, um ser imaginário!

Não é isso o queacontece num Natal semCristo? Num `natal pa-gão '? O mito rouba acena, o acidental torna-seessencial, o importante éignorado e cada vez maisse dilui, principalmentepara as novas gerações, o

mistério da Encarnação,Vida, Paixão, Morte eRessurreição do Senhordo Tempo e da História,por Quem todas as coisasforam feitas.

Mas não nos desanime-mos com esses fatos. Va-mos aproveitar esta épocanatalina para fortalecernossa vontade de sermosmelhores, para rever nos-sa caminhada e prepararnosso coração para receberJesus. Este é um tempo pri-vilegiado de alegre expec-tativa. Celebremos o ver-dadeiro Natal do SenhorJesus e que em nossas fa-mílias não seja festejadoum natal sem Cristo! - Odr. Affonso José de Car-valho Neto é jurista e co-ordenador do Micail (Mi-litância Leiga Católica) edo grupo "Orando pornossos filhos", do Santu-ário Arquidiocesano deSão Judas Tadeu, do bair-ro do Central Parque, emSorocaba

Os propósitos de Natal

Um cansado casal chega a Belém,Fiel à realização da profecia.Lugar para ficar, ele não tem,O seu nome é José, ela Maria.

E na procura aflita do vai e vem,Aparece uma tosca estrebaria;Ainda há lugar para eles também,Entre animais e feno, que alegria!

Sobre palhas, Maria estende o manto,Ao seu Filho divino dá à luz;Anjos, o lugar ornam com seu canto.

O céu chama pastores, os conduzPara adorar o Filho do Deus Santo.Natal. Aniversário de Jesus.

NatalPadre Francisco Lyrio de Almeida

Page 4: Edição especial de natal (25/12/15)

4 - Caderno Especial de Natal 2015

O papa Francisco rezou,como todo domingo, dedi-cou a oração mariana do An-gelus da janela do PalácioApostólico, com os fiéis reu-nidos na praça de São Pedro,em Roma, junto ao Estadodo Vaticano, neste últimodomingo do Advento, 20dezembro, a exortar a todosa preparar-se também inte-riormente para vivenciar esteNatal'2015, ao abençoar an-tes imagens do Menino Je-sus, que seriam colocadasnos presépios de famílias,escolas e paróquias italianas.

Antes de rezar o Ange-lus, disse o Papa:

"O Evangelho deste 4ªDomingo do Advento colo-ca em evidência a figura deMaria. A vemos quando,logo após a concepção nafé do Filho de Deus, enfren-ta a longa jornada de Naza-ré da Galiléia para as mon-tanhas da Judéia para visi-tar e ajudar Isabel. O anjoGabriel lhe havia dito quesua parente idosa, que nãotinha filhos, estava no sex-to mês de gestação (cf. Lc1,26.36). Por isso, NossaSenhora que carrega umdom e um mistério aindamaior, vai visitar Isabel epermanece com ela por trêsmeses. No encontro entre asduas mulheres - imaginemuma anciã e a outra jovem;é a jovem, Maria, que pri-meiro cumprimenta. OEvangelho diz: `Entrou nacasa de Zacarias e cumpri-mentou Isabel' (Lc 1,40).Após a saudação, Isabelsentiu-se envolvida por umagrande surpresa - não seesqueçam desta palavra:surpresa. Isabel se sente en-volvida por uma grandesurpresa que ressoa em suaspalavras: `A que devo ahonra que a mãe do meuSenhor venha me visitar?'

Estamos chegando aofim do ano e o nosso cora-ção se voltapara um dosseus momentosmais fascinan-tes, especial-mente para afamília, o Natal.Um momentoque deve todo oseu encanto aoMenino-Deusque nasceu emmeio à Huma-nidade, numestábulo, justamente para nosmostrar que todos, sem dis-tinção, temos direito à felici-dade, à paz, ao amor.

Mas essa felicidade,muitas vezes, parece dis-tante de nós - exatamenteporque a procuramosonde não está. Acredita-mos que essa felicidadepode ser encontrada emmomentos inesquecíveisou adquirindo coisas ma-ravilhosas ou estando compessoas especiais. Mas, aocontrário, a felicidade estáentre nós, assim comoaquele Menino-Deus.

A verdadeira felicida-de é encontrada quandonos amamos de verdade,ou seja, quando partilha-mos momentos e benscom as pessoas de nossoconvívio. O lugar privile-giado para esse convívioé a família - que tem comomodelo a de Nazaré, ex-pressão humana da San-tíssima Trindade. De fato,fomos feitos à imagem esemelhança de um Deusque é Amor, porque é fa-mília. Fomos feitos paraamar, para ser felizes!

Também por isso oNatal exerce um efeitoinexprimível em cada um

Preparemo-nos para o Natal semseparar o que é divino do que é humanoO Tempo do Advento vi-

vido pela Igreja e oferecido aomundo como apelo à conver-são é cheio de ensinamentos,correspondentes às realidadesde nossa fé. Séculos se passa-ram, gerações e gerações dehomens e mulheres plantarame alimentaram a esperança,aguardando o cumprimentodas promessas de Deus. Os pro-fetas foram arautos da benevo-lência de Deus, cujo carinho ecuidado se refletia na atençãocom aquele povo limitado e,ao mesmo tempo, teimoso naexpectativa da realização dosplanos de Deus.

Os tempos amadurecerame Deus realizou suas promes-sas, de forma surpreendentepara todos os atores envolvi-dos na magnífica trama, cujascenas se repetem diante dosolhos do mundo, nos presépi-os, pinturas, filmes e encena-ções teatrais, todas tentativasjustificadas de uma aproxima-ção ao mistério, que superacontinuamente os nossos esfor-ços. Por mais que nos empe-nhemos em penetrar nas pági-nas dos Evangelhos, sempreestas nos superarão, pois se tra-ta de realidades pensadas des-de toda a eternidade. Possuí-las completamente seria preten-der-nos maiores do que o pró-prio Deus. Surpresas fazemparte da revelação, processoque se completou com o finalda era apostólica, mas se tornadom para cada pessoa de fé. Anós, na presente geração, cabea abertura ao Mistério, deixarque o coração se abra à perenenovidade de Deus. Ninguémpretenda que a Bíblia estejafechada, mas acolha continua-mente a beleza do que Deuspode e quer oferecer-nos. Bastacomeçar a aventura que come-ça com a profissão de fé noamor eterno de Deus.

Dom Alberto Taveira Corrêa A plenitude dos temposaconteceu com a vinda do Sal-vador do mundo, nascido deuma mulher, como ensina oApóstolo São Paulo: "Quandose completou o tempo previs-to, Deus enviou seu Filho, nas-cido de mulher, nascido sujei-to à Lei, para resgatar os queeram sujeitos à Lei, e todosrecebermos a dignidade de fi-lhos" (Gl 4,4-5). Não é que ostempos amadureceram por si,mas o amor de Deus os fezcompletos, quando enviou oseu Filho ao mundo. A mulherque participou de perto, emnosso nome, da realização domistério, é a Virgem Maria.Sua aventura pessoal foi deextrema simplicidade e, porisso mesmo, decisiva profun-didade! Recebeu um anúncio,cujos detalhes certamente su-peram a aproximação da nar-rativa evangélica, especialmen-te nos descritos de São Lucas.Acredita-se que este evangelis-ta tenha estado bem perto deMaria, com a qual teria dialo-gado, para descobrir coisas quesó podiam vir das fímbrias docoração da Mãe.

Algumas atitudes de Marianos fazem entrever a grandezado mistério. Sua humanidadetinha sido muito preservada,certamente pela formação rece-bida de seus pais, Joaquim eAna. Seu modo de agir e o cantodo Magnificat revelam umaalma aberta para Deus, prontapara dar a grande resposta, emnome de todos os homens emulheres, carentes da salvaçãoque vem do alto. A viagem àsmontanhas de Judá foi feitacom a presteza de quem se dis-põe a servir e fazer o bem. Ostrês meses passados com Isabel,na preparação próxima do nas-cimento de João Batista, foramvividos na dedicação, orvalha-dos de oração e diálogo, parti-lha sincera a respeito da obrarealizada por Deus na alma

daquelas duas mulheres, gera-ções diversas que se faziamuma coisa só, ligadas pelos la-ços do mistério.

Isabel, por sua vez, tinhaamadurecido junto com seuesposo Zacarias, com a fé ex-pectante e corajosa, capaz deenfrentar os sofrimentos, dosquais o maior terá sido a este-rilidade, no meio de um povodesejoso de ver nascer em al-gum dos lares o Messias pro-metido. Uma de suas caracte-rísticas, revelada esta pelas pa-lavras pronunciadas à chegadade Maria, era a visão de fé,capaz de superar as aparênci-as. De sua boca veio a primei-ra bem-aventurança: "Bem-aventurada aquela que acredi-tou, porque será cumprido oque o Senhor lhe prometeu"(Cf. Lc 1,39-45). Seu marido,sacerdote judaico, participouintensamente da manifestaçãoda obra de Deus. E Maria, re-tornando a Nazaré, foi plena-mente acolhida por José, seuesposo, a quarta figura nestequadro maravilhoso.

Mais do que as palhas damanjedoura, o mistério repou-sou sobre a aventura de fé vi-vida por tais personagens, àsquais outras tantas se ajunta-ram, passando por magos, pas-tores, anjos e animais do pre-sépio! A maravilha que desco-briram e da qual participaramfoi o fato de Deus se tornarhomem. Descobriram que osprimeiros vagidos daquela Cri-ança inocente, nascida na po-breza, eram melodia para osouvidos e o coração da Huma-nidade. A carta aos Hebreus,no trecho proclamado no 4ºDomingo do Advento, 20 dedezembro neste 2015, afirmade forma consoladora e exi-gente: "Por essa razão, ao en-trar no mundo, Cristo declara:`Não quiseste vítima nem ofe-renda, mas formaste um corpo

para mim. Não foram do teuagrado holocaustos nem sacri-fícios pelo pecado. Então, eudisse: Eis que eu vim, ó Deus,para fazer a tua vontade, comono livro está escrito a meu res-peito'" (Hb 10,5-7).

Aquele que está acima doscéus, Deus infinito, que sabe-mos ser desde toda a eternida-de Filho do Pai Eterno, assu-me uma carne, começa de pe-queno, na escola da vontade doPai. Sendo Filho, aprendeu aobedecer! (Cf. Hb 5,8). "Ele,existindo em forma divina, não

se apegou ao ser igual a Deus,mas despojou-se, assumindo aforma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano.E encontrado em aspecto hu-mano, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte - emorte de cruz! Por isso, Deuso exaltou acima de tudo e lhedeu o Nome que está acima detodo nome, para que, no Nomede Jesus, todo joelho se dobreno céu, na terra e abaixo daterra, e toda língua confesse:`Jesus Cristo é o Senhor', paraa glória de Deus Pai" (Fl 2,6-11). Ele não se envergonha de

nada do que é humano! SóDeus pode ser assim, no meiode um mundo que rejeita pes-soas e situações marcadas pelafragilidade e pela pobreza.

Em tempo de Jubileu daMisericórdia, preparemo-nospara o Natal sem separar o queé divino do que é humano. E aHumanidade fica muito me-lhor, infinitamente restaurada,por saber que nele e só nele seencontra a esperança! - DomAlberto Taveira Corrêa é teó-logo e arcebispo metropolita-no de Belém do Pará

O melhor PresenteJosé e Margarete Daldegan de nós. Ele nos leva a ser

novamente crianças, a fa-zer o bem aos outros, aconfraternizar, a ser ir-

mãos. Entre-tanto, nemtodos pro-vam dessav e r d a d e i r aalegria. Tal-vez por nãoexperimenta-rem o Amorque Deus doaa todos e queprecisa serexpresso pormeio do nos-

so amor. Ou porque per-mitiram que ao, lado des-se Amor divino ou mes-mo em seu lugar, outros`amores' criassem raízes(bens materiais, posiçãosocial, poder...) e que, nofundo, refletem apenasuma visão de comodismoou cultivo ao amor egoís-ta a si próprio.

Aí entra a função edu-cadora dos pais. É preci-so ensinar os nossos fi-lhos, com o nosso exem-plo, que é preciso compar-tilhar - começando pelosmais excluídos - o Amorque experimentamos e, aomesmo tempo, renunciaràs coisas que excedem asnossas reais necessidades.

Esta época maravilho-sa em que comemoramoso nascimento de Jesus épropícia para cultivar aalegria de sermos um dompara as pessoas ao nossoredor, mesmo se por meiode presentes, mas cheiosde nosso carinho e aten-ção. E não pensar tantoem receber, pois a verda-deira alegria está em dar.É isso que as crianças pre-cisam compreender desdecedo, como ocorreu comChiara Luce Badano (jo-vem italiana que morreu

aos 19 anos de idade em1990, vít ima de câncerque a acometeu aos 16/17e foi beatificada em 2010pelo papa Bento XVI - éa patrona da Capela doHospital do Câncer Infan-til/GPACI, de Sorocaba,n.d,r.), que aos 9 anos deidade já doara seus melho-res brinquedos, inclusivenovos, às crianças pobres.

Em nossa família,apostamos em viver o anointeiro o espírito de amorque o Natal nos inspira:procuramos ser famíliapara os filhos das duasmoças que trabalham paranós. Uma delas traz diari-amente para nossa casa ostrês filhos, ainda crianças.Assim podem estudar nasboas escolas públicas dobairro e usufruir da pre-sença da mãe, além deconviver com os nossosfilhos. Para a outra - quetem duas filhas pré-ado-lescentes -, organizamosum horário que permitaacompanhá-las um poucoem seus estudos. É impor-tante fazer a própria partepara que aqueles que es-tão perto de nós experi-mentem a alegria de estarcom sua família - issotambém é responsabilida-de social.

Parece-nos que, agin-do assim, podemos vivero autêntico espírito de Na-tal e presentear o legítimoAniversariante, acolhen-do-O em nossa casa, emnossa família, em nossacomunidade, em nossocoração. Acreditamos es-tar doando às nossas cri-anças a sensibilidade deexperimentar tudo isso ea habilidade para, um dia,suscitarem a mesma rea-lidade. - José e Margare-te Daldegan são consul-tores familiares

Esta épocamaravilhosa em que

comemoramos onascimento de Jesus

é propícia paracultivar a alegria de

sermos um dompara as pessoas ao

nosso redor!

Papa Francisco convida a ver o Natalnos outros, na história e na Igreja

(v. 43). E elas se abraçam,se beijam, alegres estão es-tas duas mulheres: a anciãe a jovem, ambas grávidas.

"Para celebrar o Natalde uma forma profícua, so-mos convidados a deter-nossobre os `lugares' da surpre-sa. E quais são esses luga-res de surpresa na vida co-tidiana? São três. O primei-ro lugar é o outro, no qualreconhecer o irmão, por-que, desde que aconteceu oNatal de Jesus, cada rostoassemelha-se ao Filho deDeus. Sobretudo quando éo rosto do pobre, porqueDeus entrou no mundo po-bre e para os pobres, antesdeixou-se aproximar.

"Outro lugar de surpre-sa que, se olharmos com féo encontraremos, o segun-do, é a história. Tantas ve-zes nós pensamos que esta-mos olhando de modo cor-reto, mas, em vez disso,corremos o risco de ver àsavessas. Isso acontece, porexemplo, quando nos pare-ce determinada pela econo-mia de mercado, reguladapelas finanças e pelos negó-cios, dominada pelos pode-rosos. O Deus do Natal ésim um Deus que `baralhaas cartas': Ele gosta! Comocanta Maria no Magnificat,é o Senhor que depõe os po-derosos de seus tronos eeleva os humildes, enche debens os famintos com man-da embora os ricos de mãosvazias (Lc 1,52-53). Esta éa segunda surpresa, a sur-presa da História.

"O terceiro lugar de sur-presa é a Igreja: enxergá-lacom a surpresa da fé signi-fica não limitar-se a consi-derá-la apenas como umainstituição religiosa, massenti-la como mãe que, em-bora com manchas e rugas

- temos tantas! -, deixatransparecer os traços daesposa amada e purificadapor Cristo Senhor. UmaIgreja capaz de reconheceros vários sinais do amor fielque Deus continuamentelhe envia. Uma Igreja paraa qual o Senhor Jesus nun-ca será uma posse a defen-der com ciúme: aqueles quefazem isso, erram. MasAquele que vai ao encon-tro e sabe esperar com con-fiança e alegria, dando vozà esperança do mundo. AIgreja que chama o Senhor:"Vem Senhor Jesus!". AIgreja mãe que sempre temas portas abertas e os bra-ços abertos para acolher atodos. A Igreja mãe que temsempre as portas abertas eos braçps abertos para aco-lher a todos. A Igreja mãeque sai das próprias portaspara procurar com sorrisode mãe todos os longín-quos e levá-los à misericór-dia de Deus. É esta a sur-presa do Natal!

"No Natal, Deus nos dátudo de si, dando-nos seu oseu Filho, o Único, que étoda a sua alegria. E somen-te com o coração de Maria,a humilde e pobre filha deSião, que se tornou a Mãedo Filho do Altíssimo, épossível exultar e alegrar-sepelo grande dom de Deus epela sua surpresa imprevi-sível. Que Ela nos ajude ater a percepção da surpresa- estes três lugares de sur-presa: o outro, a História ea Igreja - para o nascimen-to de Jesus, o dom dosdons, o dom imerecido quenos traz a salvação. O en-contro com Jesus tambémnos fará sentir esta grandesurpresa. Mas não podemoster esta surpresa, não pode-mos encontrar Jesus se nãoO encontramos nos outros,na História e na Igreja".