Edição 72

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Abril | 2011 |S16 |D17 |S18 |T19 |Q20 |Q21 |S22 Ano II R$ 2,50 72 Alvaro Koslowski , a coragem de remar sempre “Rodovia da Serra”, uma nova alternativa à BR-116 Marlonei: “Hipócrates nunca atendeu pelo SUS” A Caxias do Hip Hop Novo recomeço no Ju e conversas de bastidores no Caxias Dupla CA-JU André T. Susin/O Caxiense Sem saber como se defender, professores se dizem cada vez mais sujeitos à violência física e verbal dos alunos. Os casos de agressão, ainda sem o devido registro, vêm aumentando, e os relatos de educadores revelam que lecionar pode estar se tornando uma profissão de risco A EDUCAÇÃO AMEAÇADA Sem a proteção necessária, até quando irá o otimismo da indústria? Roberto HUNOFF

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Sem saber como se defender, professores se dizem cada vez mais sujeitos à violência física e verbal dos alunos. Os casos de agressão, ainda sem o devido registro, vêm aumentando, e os relatos de educadores revelam que lecionar pode estar se tornando uma profissão de risco

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Abril | 2011|S16 |D17 |S18 |T19 |Q20 |Q21 |S22

Ano ii

R$ 2,50

72

AlvaroKoslowski,

a coragem de remar sempre

“Rodovia da Serra”,

uma nova alternativa à

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Marlonei:“Hipócrates

nunca atendeu pelo SUS”

A Caxias do Hip Hop

Novo recomeço no Ju e conversas

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Sem saber como se defender, professores se dizem cada vez mais sujeitos à violência física e verbal dos alunos. Os casos de

agressão, ainda sem o devido registro, vêm aumentando, e os relatos de educadores revelam que lecionar pode

estar se tornando uma profissão de risco

A EDUCAÇÃOAMEAÇADA

Sem a proteção necessária, até

quando irá o otimismo

da indústria?

Roberto HUnOff

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2 16 a 22 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4O otimismo da indústria precisa de algum protecionismo

O Caxiense entrevista | 5Marlonei, o líder da greve, diz que o juramento dos médicos não é de “pobreza”

Rádio pirata | 7O abre e fecha das emissoras ilegais em Caxias continua

Hip Hop | 9Os traços e passos do movimento em Caxias

Educação | 11Quando a lição não vem de casa, a violência sobra para os professores

Perfil | 14Alvaro Koslowski até tentou se desviar, mas acabou seguindo o curso de sua paixão, a canoagem

Boa Gente | 16Coreografi a em seis passos, talentoem três áreas e 37 anos de levantamentode peso

Artes | 17Boemia e rock & roll

Guia de Cultura | 18Sábado de destaques para deixar em dúvida quem gosta de teatro e música

Dupla CA-JU | 21A chance do Ju e os bastidores grenás

Guia de Esportes | 22Rugby, futebol e pedaladas

Renato Henrichs | 23A “Rodovia da Serra”, que começaria em Portão, para facilitar a ida a Porto Alegre

www.OCAXIEnSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Carol De Barba, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita LossCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

@mh_sartori Excelente a edição 71 sobre um momento histórico da nossa Caxias do Sul - 1ª transmissão TV a cores no Brasil. Parabéns a todos. #edição71

@Dj_Danuza Linda por demais a capa do @ocaxiense comemorando a primeira trans-missão a cores do país #edição71

@dandi_augusto Parabéns ao @ocaxiense pela capa dessa semana. Caxias do Sul, a primeira transmissão a cores na TV. #edição71

@leonardobenini A capa da edição 71 do jor-nal @ocaxiense está magnífi ca! Muito bem ela-borada! Parabéns. #edição71

@leooportella Qualquer apaixonado por co-municação deve ler a edição 71 do @ocaxiense. #edição71

@diogoboff Gostei muito da #edição71 do jor-nal @ocaxiense, especialmente a reportagem de capa que trata da 1ª transmissão de TV a co-res no Brasil.

@fernanferreira Parabéns ao @ocaxiense pela capa da edição 71. #conceito #edição71

Primeira reação da minha tia de Rio Grande ao ver a capa de O Caxiense: “Que lindo!”.

Já ganhou o exemplar para levar ao sul do Estado.

Jean Berlanda

Abril | 2011|S9 |D10 |S11 |T12 |Q13 |Q14 |S15

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Os bastidores do dia em que a cidade entrou para a história ao realizar a primeira transmissão a cores do país, feito a ser comemorado na Festa da Uva 40 anos depois

Noerci, o delegado

cantor

Alceu: “tudo que é

feito no Daer não funciona”

Profissão:concurseiro

Ju tenta o título do interior e

Caxias sonha com a classificação

DuplaCA-JU

Ranking gaúcho não reflete

a força local dos supermercados

Roberto HUNOFF

RenatoHeNRiCHS

A política que vai aos bairros fora da época

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Zarabatana | Mal-entendido, não! Foi a pressão popular que fez com que a

administração municipal voltasse atrás na decisão anterior. Tem que comemorar sim, sempre lembrando que o ato de fechamen-to foi antidemocrático e abusivo! Que o próximo prefeito tenha outra cabeça sobre cultura, espaços públicos etc.

Luis Fernando Possamai

Greve dos médicos |Esse é o problema dos médicos que só querem ser médicos

por status e dinheiro. É uma prova de que não estão nem aí com a sua profi ssão e para ajudar os pacientes. infelizmente há muito disso: profi ssionais que só querem dinheiro.

Cristine Brambatti

Assista ao vídeo do fotográfo André T. Susin com música, dança e grafi te do movimento Hip Hop em Caxias.

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NO SITE

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www.ocaxiense.com.br 316 a 22 de abril de 2011 O Caxiense

A maior e mais cara obra de Ca-xias do Sul já está na metade. Essa foi a notícia que trouxeram à CiC, em reunião-almoço, o prefeito José ivo Sartori (PMDB) e o di-retor-presidente do Samae, Mar-cus Caberlon. A previsão deles é que o Sistema de Abastecimento Marrecas comece a operar no se-gundo semestre de 2012. Sartori e Caberlon detalharam a obra de R$ 200 milhões – na maior parte, com empréstimos federais –, ex-plicando por que seu custo será tão alto. Por exemplo: uma das mudanças no projeto, que aumen-tou os valores, será compensada depois com economia de energia – ao ritmo de R$ 4 milhões por ano –, já que permitirá ao sistema aproveitar a força da gravidade para distribuir a água.

A presença de autoridades mu-nicipais em eventos públicos para informar sobre o andamento da obra deve se tornar mais frequen-te por dois motivos simples: o entusiasmo natural com sua con-clusão e o inevitável peso que re-presentará no ano eleitoral que se aproxima.

O primeiro diagnóstico da gre-ve dos médicos, retomada um pouco lentamente na véspera, foi preocupante. Ao menos 60% das 42 Unidades Básicas de Saúde haviam sido afetadas, parcial ou totalmente, pela paralisação, con-forme a Secretaria da Saúde. No mesmo dia, o presidente do Sin-dicato dos Médicos contou ao jor-nal O Caxiense que, no ano pas-sado, 42 profissionais teriam se demitido da rede municipal por causa do salário (R$ 2,2 mil por 20 horas semanais), e projetou que mais 60 se demitiriam caso a prefeitura não aceitasse a contra-proposta de abonar a remunera-ção em 60% e discutir um plano de carreira. O Município, após ter criado uma comissão para cuidar do caso, resiste. Entrou na Justiça para tentar proibir novamente o direito de greve da categoria.

Diante do acirramento entre

Tramita na Câmara proposta in-teressante do vereador Renato Oli-veira (PC do B). Ele quer submeter CCs da prefeitura – e, louvável, da própria Câmara – a uma Lei da Fi-cha Limpa Municipal, que barraria condenados pela Justiça comum (conforme o tipo de crime) e pela Justiça Eleitoral na hora de nome-ar Cargos em Comissão. O projeto ainda precisa passar pela Comis-são de Constituição e Justiça, que avaliará possíveis impedimentos a iniciativa desse tipo por parte do Legislativo. De qualquer modo, a sugestão ao Executivo já está dada.

Sistema Marrecasestá 50% concluído

Greve dos médicosafeta 60% das UBSs

Conselho de Saúde tenta mediar negociação

Zarabatana retoma agenda de shows

Vereador propõe Lei da ficha Limpa para CCs

SEGUnDA | 11.abr TERÇA | 12.abr

QUInTA | 14.abr

SEXTA | 15.abr

QUARTA | 13.abr

A Semanaeditada por felipe Boff | [email protected]

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Prefeito Sartori foi à CIC detalhar a obra mais portentosa de sua gestão, o Sistema Marrecas

A polêmica desnecessária da se-mana foi o cancelamento de shows no Zarabatana Café, no Centro de Cultura Ordovás. A ordem foi atri-buída à diretora Maria inez Périco, que teria reclamado de transtor-nos em um show recente que reu-niu centenas de pessoas. Os donos do bar correram para desmarcar

eventos programados. Se tivessem chamado antes o secretário mu-nicipal de Cultura, Antonio Feld-mann, para tomar um café, tudo poderia ter sido evitado. Na quin-ta, Feldmann reafirmou aos donos do Zarabatana – como, aliás, já dissera à imprensa – que ele não havia emitido proibição alguma, e a agenda foi retomada. A confusão gerou até protesto de músicos – depois transformado em celebra-ção pela volta dos shows.

prefeitura e Sindicato dos Mé-dicos, o Conselho Municipal de Saúde se ofereceu como interlo-cutor para a questão da greve. Seu presidente, Paulo Cardoso Alves, anunciou que o órgão encami-nharia uma proposta ao Execu-tivo – que consiste, basicamente, em assegurar a elaboração de um plano de carreira, com prazo de-terminado para ser concluído. A entrada do Conselho na discussão é bem-vinda, mas carrega consi-go uma reflexão: não poderia ter ocorrido antes? O problema é que os médicos não aceitam ser re-presentados por outras entidades, nem mesmo o Sindicato dos Ser-vidores Municipais – que, aliás, tem representação no Conselho.

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4 16 a 22 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Roberto [email protected]

Empresário algum tem reclama-do do momento atual da economia brasileira. Os indicadores são de crescimento em todos os segmen-tos produtivos com desempenhos, em vários casos, excepcionais. Por exemplo: as vendas internas de ca-minhões cresceram 26% no primei-ro trimestre do ano, em compara-ção com o mesmo período de 2010, que já havia sido muito positivo. O desempenho reflete de forma dire-ta na economia caxiense, que tem vocação para abastecer o transpor-te pesado de cargas e passageiros. Portanto, horizonte mais do que azul! Será?

A grande dúvida é esta: até quando vai esta bonança? Até quan-do a indústria brasileira suportará a concorrência ferrenha dos asiáticos, chineses em especial? Quem ganha com a ameaça de desindustriali-zação do País? São questões que preocupam o diretor de relações com investidores da Randon, Astor Schmitt. Ele defende a adoção, pelo governo, de medidas de controle de entrada de produtos, seguindo po-

lítica comum na maioria dos países, que protegem sua economia. “Não dá para simplesmente abrir a can-cela. Porque isto não é competição, é invasão. A indústria brasileira, geradora de renda e emprego, está sendo ameaçada. E isto está visível em vários setores.” E lembra que, adotando medidas de controle, o Brasil não estará cometendo ne-nhum absurdo, pois esta estratégia é natural na maioria dos países, ci-tando China e Argentina.

O executivo faz esta defesa como política emergencial, pois as ações que precisam mexer na es-trutura do País demandarão muito tempo. Ou alguém acredita em mu-danças na educação num prazo in-ferior a 25 anos? Ou que a reforma tributária será adotada de imedia-to? Ou que a estrutura de logística, um dos principais custos da econo-mia brasileira, terá padrão de país desenvolvido até a Copa de 2014? Certamente a resposta para todas as indagações será “Não”. Por isso, a proteção é mais do que necessá-ria, é indispensável.

Mais de 1,2 marcas brasileiras e do Exterior participaram, nesta semana, em São Paulo, da Automec 2011, feira de autopeças com foco na indústria de automóveis de passeio. Do total de expositores, mais de 600 empresas eram estrangeiras, com destaque para asiáticos, chineses em especial. De Caxias do Sul apenas as empresas de autopeças da Randon, Keko Acessórios, AutoTravi e Mazi. Presença insignificante que preci-sa ser avaliada pelos dirigentes do setor. Não basta mais apenas visitar feiras, é preciso participar e mostrar seus produtos, como fazem os chi-neses. Sem pompa ou grande estru-tura, estão ali dispostos a negociar, num exemplo admirável. O recado é válido também para as feiras no Exterior, para onde os empresários caxienses, do setor metalmecânico em especial, seguem na condição de visitantes, dificilmente como expositores. Mostrar os produtos é estratégia fundamental para vender.

O Sincontec Caxias do Sul recebe até o dia 20, quarta-feira, inscrições para o curso de extensão em tributos federais. O objetivo é preparar os profissionais para aplicar as exigências da legisla-ção tributária na rotina diária. Mais informações pelos telefo-nes 3222-1763 ou 3228-2425.

A núcleo Comunicação e Marketing fechou contrato com mais dois clientes. Presta-rá seus serviços de assessoria de imprensa para o Grupo Sopra-no e Maria Santa Acessórios.

O secretário da Ciência, inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul, Cleber Cristiano Prodanov, será o palestrante da reunião-almoço da Câmara de indústria, Comércio e Serviços (CiC) de segunda-feira (18). Ele falará sobre o tema Ciência, inovação e desenvolvimento tecno-lógico: as novas oportunidades. O encontro também servirá para o lançamento da 4ª edição do Tro-féu Ítalo Victor Bersani, que será entregue em julho e do selo come-morativo aos 110 anos da entidade.

A executiva neusa Maria Maz-zuchini passa a responder pela gerência regional de desen-volvimento da Sicredi Pioneira RS. Terá sob sua responsalidade as 11 unidades de atendimento da cooperativa em Caxias do Sul, onde trabalham 136 pessoas.

A Azul Linhas Aéreas Brasilei-ras anunciou nesta semana já ter transportado 8 milhões de clientes desde a sua fundação. A empresa opera voos regulares a partir de Campinas, em São Paulo, para várias cidades brasileiras. Seu presidente chegou a sinalizar a inclusão de Caxias do Sul, mas nos últimos meses só anunciou voos para dezenas de cidades de outros estados. Para cá colocou um ônibus à disposição para transportar os passageiros a Porto Alegre, como faz a Gol quando não pode pousar na cidade. Tudo indica que tudo não passou de encenação, como fez a Trip, que chegou a definir data de operação, mas simplesmente esqueceu a cidade tempos depois.

O que estará entravando defi-nições favoráveis para Caxias do Sul? Descaso, desinteresse, falta de estrutura do aeroporto, respaldo político e econômico? Ou boicote?

O governo tem adotado medidas restritivas de crédito para inibir o consumo e, com isso, segurar a inflação. Pelos dados do instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da UCS as ações não estão dan-do certo. O Índice de Preços ao Consumidor de março aumentou 0,84%, mantendo-se em linha com o resultado de fevereiro: 0,86%. No trimestre a alta já é de 3,54% e, nos últimos 12 meses, de 7,96%. Na comparação com os demais in-dicadores nacionais só é inferior ao iGP-Di, medido pela Fundação

Getúlio Vargas, que em 12 meses acumulada elevação de 11,09%. É preciso lembrar que o governo trabalha com meta de inflação de 4,5%. Assim, o índice Caxias está próximo de superar esta meta em 100%. Em março o maior impacto veio do vestuário, em alta de 2,04%. O grupo também tem a alta mais expressiva em 12 meses: 14%. No ano a inflação é puxada por educa-ção, leitura e recreação, com 6,28%. Alimentação, com maior peso na formação do índice, já superou os 5% no ano.

O empresário Valter Gomes Pinto, diretor corporativo da Marcopo-lo, ficará mais dois anos à frente do Conselho Superior da CiC de Caxias do Sul. Ele foi reeleito para o período 2011-2013 duran-te reunião realizada na quinta-feira (14). Na vice-presidência foi mantido João Francescutti, fundador da Susin Francescutti.

A CDL de Caxias do Sul desen-volveu novo produto para comba-ter a inadimplência. O funciona-mento do Balcão de Negociação será apresentado à comunidade e lojistas no dia 3 de maio. O úl-timo dado da entidade, base em fevereiro, revela a existência de 68.484 CPF’s cadastrados como inadimplentes. Deste total 47% têm um registro, 38% tem duas ocorrências e 15% mais de cinco apontamentos no SPC.

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Inflação ascendente

Recondução

Negociação

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Curtas

Inclusões no SPC

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por ROBIn [email protected]

té a pé nós iremos. Para o que der e vier. Mas o certo é que nós estare-mos... A música é ouvida com mais frequência desde segunda-feira (11) pelo presidente do Sindicato dos Médicos. O hino do Grêmio é o toque do celular de Marlonei Silveira dos Santos, que tem sido muito procurado pela imprensa desde o reinício da greve. A para-lisação voltou depois que o Tribu-nal de Justiça do Estado reverteu decisão da 2° Vara de Caxias do Sul, no último dia 28. O sindica-to atualizou a reivindicação de aumento pelo iNPC, conforme orientação da Federação Nacio-nal dos Médicos (Fenam), mas fez também uma proposta inter-mediária e provisória: participa do grupo sugerido pela prefeitura para discutir o plano de carrei-ra da categoria (desde que tenha data determinada para a conclu-são desse trabalho) se receber um abono de 60%. A proposta, que faria o salário-base dos médicos passar de R$ 2.237 para R$ 3.611, não inclui o cumprimento da car-ga horária. Para bater ponto, os médicos querem uma garantia de que ganharão algo próximo dos R$ 9.188 reivindicados.

Depois da proposta do sindicato

para acabar com a greve, houve algum encontro com a prefeitu-ra?

Teve uma reunião informal quando eu me encontrei com o Néspolo (Edson Néspolo, chefe de gabinete) no supermercado sába-do (9) de tarde. Ele me disse que o problema não era financeiro, que eles reconheciam que o salário era baixo, tinham consciência de que os médicos estavam se demitindo e tinham dificuldades de repor o quadro – começamos a greve há um ano com 360 médicos, hoje são 318, e a tendência é diminuir. Mas disse que não podiam dar o abono nem mexer em salários porque se eles derem para nós, tinham que dar para os outros 6 mil funcionários do município. Eu disse para ele que isso não era verdade, que abono e aumento de salário podem ser dados para qualquer funcionário. E ficou nesse impasse de que não pode dar para nós porque tem que dar para todos. Depois, eles entraram na Justiça. Na minha opinião, o juiz não vai decidir nada (agora), vai deixar para o julgamento, o que deve levar dois ou três meses.

Além do abono de 60%, existe alguma outra possibilidade de o Sindicato acabar com a greve imediatamente?

Tem: menos do que 60%. Por

que eles não propõe 30%? Aí, irí-amos perguntar para o pessoal se está bom. Eles podiam propor 1%, mas não dizem nada. Os R$ 9.188 são referência. Já oferece-ram R$ 1.038 (em uma minuta), mas ofereceram em um dia e re-tiraram no outro. Agora estamos pedindo R$ 1.350 (os 60% de abo-no), dá para fazer um meio termo. Também havíamos feito um acor-do para formar uma subcomissão vincu-lada àquela do Sin-diserv (a Comissão Paritária de Reclas-sificação de Cargos e Salários, composta por cinco represen-tantes do Sindiserv e cinco da prefeitura, que não se reúne des-de dezembro), mas aí o prefeito voltou e não quis (a proposta foi feita quando Alceu Barbosa Ve-lho (PDT) era prefeito interino, em novembro passado).

Desde que a Justiça decidiu que os médicos poderiam retomar a paralisação, o sindicato se en-controu quantas vezes?

Fizemos uma assembleia geral no dia 4. Até estávamos em dú-vida se mantínhamos o valor do ano passado, R$ 8.500, ou adotá-vamos o corrigido pelo iNPC, R$

9.188,22, mas a assembleia achou por bem apresentar o novo valor.

Todo os sindicalizados concor-dam com a greve?

Estão todos fechados com a proposta, sob o comando do Dr. Marlonei Silveira dos Santos (ri-sos). Mais desgastante que a greve é ganhar R$ 2.237. Mas hoje nin-guém se reúne mais. Quanto tem

assembleia, vêm uns 60. É um número muito bom porque, com a internet, o pessoal não par-ticipa mesmo das reuniões. Tudo que é discutido nelas é repassado por e-mail e os médicos respondem.

Como o valor do aumento é baseado

em uma reivindicação nacional, o pedido não deveria ser através do projeto de lei que corre em Brasília?

Todas as categorias têm um piso definido por sua entidade nacio-nal. Necessariamente não é o que a lei manda, é um piso de reivin-dicação. O nosso piso definido por lei, que nem é mais reconhe-cido, é de três salários mínimos, e a norma é de 1961 (a lei é a 3.999). Os R$ 9.188 estão tramitando no

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“Sabe quem era o Hipócrates do juramento? Ele era médico do rei, morava em um palácio. Nunca atendeu pelo SUS na vida”

O polêmico Marlonei: “O MP nunca nos chamou para falar da carga horária, e está certo. Tem é que chamar o patrão, que não cuida”

A

“NÃO FAZEMOSJURAMENTO DE POBREZA”

O presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos Santos, diz que está disposto a levar a greve até o Supremo Tribunal Federal se for preciso

www.ocaxiense.com.br 516 a 22 de abril de 2011 O Caxiense

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Congresso, mas ainda não foram aprovados. Também tem outros sindicatos fazendo greve com o mesmo piso, como em João Pes-soa. Logicamente que, na nego-ciação, esse valor diminui.

Alguma prefeitura no país paga R$ 9.188 para os médicos do SUS?

Em Panambi, fecharam um acordo por R$ 7 mil. Em Garru-chos, tem dois médicos do SUS, e cada um ganha R$ 10 mil. Ainda não é o que queremos, porque lá é tempo integral. Mas, também para trabalhar em Garruchos, só ganhando R$ 10 mil (risos).

Tanto tempo de greve fortalece ou desmobiliza a categoria?

Não acontece nada. Dá um ma-rasmo total. Essa questão de ade-são se explica da seguinte forma: tinha 360, hoje tem 318 médicos. Está uma droga. Se 20% aderir, é um drama. A prefeitura mandou uma proposta aceitando a for-mação da comissão e não botou prazo. E quer discutir dentro do grupo de trabalho os R$ 9.188 e a carga horária. Nós aceitamos, mas queremos 60% de abono para ficar como está hoje, sem pa-ralisação. Para haver cumprimen-to de carga horária tem que haver um cronograma para chegar aos R$ 9.188, por exemplo, em qua-tro anos. Aí aceitaríamos, porque isso estaria escrito, com projeto de lei na Câmara, e seria juntado ao processo como um compro-misso judicial da prefeitura.

Mas, quando os médicos são

contratados, não estão cientes que devem cumprir uma deter-minada carga horária?

Certamente. No início do ano, um médico assumiu. Ele me ligou e disse que ia assinar e na hora que fosse assinar diria que não cumpriria a carga horária. Se não quisessem, que não o aceitassem. Então, eles já “marcham” saben-do. Ninguém está enrolando nin-guém. É uma orientação explícita, assinada e amplamente divulgada pelo sindicato: fazer os 16 aten-dimentos, mas bem feitos. Tem muita gente que só precisa de uma receita para fazer um raio-X ou medicação, e isso é rápido. O Ministério Público também nun-ca nos chamou para falar da carga horária, e está certo. Tem é que chamar o patrão, que não cuida.

Quando o médico recebe o di-ploma, ele faz o juramento de Hipócrates...

Mas não fazemos juramento de pobreza.

Esse prolongamento da greve não entra em atrito com o com-promisso do juramento?

Não. Sabe quem era o Hipócra-tes do juramento? Ele era o médi-co do rei, morava em um palácio e só atendia o rei e a corte. Nunca atendeu pelo SUS na vida (risos). Nessa situação de médico do rei, morando em um palácio, é muito fácil fazer juramento. Agora, o ju-ramento fala em moral e ética, em nenhum momento fala em voto de pobreza.

O sindicato apoiou uma parali-

sação dos médicos conveniados aos planos de saúde.

Não foi greve porque ninguém é empregado, eles são creden-ciados. O problema é que temos uma tabela nacional, reconhecida pela Agência Nacional de Saúde, que diz que a consulta é R$ 60. E nem a Unimed, que é nossa (dos cooperativados), paga. imagina os outros planos. O problema maior é São Paulo, que tem gente que paga R$ 10. Mas não tem como saber quantos participaram, são mais de 800 consul-tórios.

nacionalmente, a categoria também se mobiliza para a aprovação da Lei do Ato Médico.

Essa está na boca do forno, acho que será votada até ju-nho. E, nessa, bri-gamos com todo mundo. São 14 cate-gorias. É uma questão de briga de mercado. Só que eles é que que-rem invadir. Médico existe desde o Hipócrates. Fisioterapeuta faz 10 anos. Lá no Hipócrates, ele que tinha que fazer a massagem no rei. Agora, não precisa fazer mais a massagem, melhor. Mas quem diz que massagem tem que ser feita sou eu, porque, se morrer, eles não vão processar o fisiotera-peuta, não vão processar a enfer-meira, vão processar o médico e o dentista. Hoje em dia, trabalha-se em equipe, mas, na hora de res-ponsabilizar o profissional, estou-ra no médico.

Se as discussões sobre a greve continuarem pela via judicial, até onde o sindicato está dispos-to a ir?

Até o Supremo Tribunal Fede-ral. O assunto é constitucional. Mas quem tem que ir são eles. Se quiserem fazer uso político da greve, a gente ajuda. Já está todo mundo falando de eleições, não vamos botar o assunto debaixo da mesa. Se o prefeito quer nos dar um aumento para apoiar o candi-dato dele, é só dar o aumento.

Existe alguma pos-sibilidade de a pre-feitura atender a reivindicação do sindicato?

O município é rico, o orçamento da prefeitura é mui-to alto. Recebem dinheiro da União, do Estado e, dizem eles, botam mais um pouco na gestão do

Sistema Único de Saúde. A cons-trução das unidades básicas está feita. A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) vai ser construí-da toda com dinheiro federal. O Néspolo disse que existe dinhei-ro. Então, é problema de gestão. Enquanto isso, a população so-fre. Mas nós, médicos, não fomos eleitos para resolver problemas da população. O eleito foi o pre-feito. Nós somos prestadores de serviço. Nós temos que respeitar o nosso Código de Ética. Assinou para trabalhar quatro e trabalha duas, tudo bem. Mas tem que fa-zer as duas bem feitas.

“Nós, médicos, não fomos eleitos para resolver problemas da população. O eleito foi o prefeito. Somos prestadores de serviço”

6 16 a 22 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

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por CAMILA CARDOSO [email protected]

e informaram que duas rádios fo-ram fechadas ontem em Caxias do Sul. Se estiverem irregulares, tomaremos as providências le-gais”, disse a autoridade máxima do setor, o ministro das Comu-nicações, Paulo Bernardo, na úl-tima quarta-feira (13), em Porto Alegre. O relato é do presidente da Associação Gaúcha de Emisso-ras de Rádio e Televisão (Agert), Alexandre Gadret, então reunido com o ministro, que não sabia, entretanto, que as rádios piratas Amiga FM (96.5) e União FM (87.9) já estavam funcionando novamente.

Nem o respaldo do ministro foi suficiente para manter as emisso-ras fora do ar. Com o fácil acesso a equipamentos – na internet é possível comprar antenas trans-missoras de FM que custam de R$ 80 a R$ 2 mil – somado à fiscali-zação ineficiente, não levou mais de um dia para que as duas rádios clandestinas voltassem a funcio-nar ilegalmente. A operação foi realizada na última terça (12) – oito meses após as denúncias de O Caxiense – pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que cumpria ordem ju-dicial, com apoio da Polícia Fede-ral.

Em comum, as duas rádios têm programação nada comu-nitária, que por princípio não podem lucrar, voltada a músicas populares, cujos artistas não rece-bem direitos autorais, e veicula-ção de anúncios publicitários, de pequenos supermercados de bair-ros até estabelecimentos respeita-dos na cidade, que aparentemente não se importam de incentivar um crime federal. Não há espaço para artistas locais alternativos, como se espera de uma rádio que

se diz comunitária nem espaço para comunidade. Nas duas rá-dios, há um esquema de rodízio de locutores, que normalmente comercializam seu programa e alugam o horário pagando para o diretor da rádio.

A rádio Amiga fM, que opera no bairro Cinquentenário em uma ampla residência e pos-sui automóvel para “reportagem”, teve dois transmissores apreendi-dos. Um dos aparelhos tem 300 wats e outro 100 wats de potência. “Ou seja, não tinha nada nem de parecido com rádios comunitá-rias, que operam em até 25 wats”, comparou o gerente regional da Anatel no Estado, João Jacob Bet-toni. Também foram levados pela PF outros equipamentos, como computadores e mesa de áudio. O responsável pela Associação Cul-tural Radiocom, que administra a rádio, João Batista Dreher, foi preso em flagrante, pagou fiança e foi liberado. Ele foi procurado pela reportagem, mas não aten-deu as ligações no seu celular. No telefone da rádio, o locutor Fran-cis atendeu a ligação na quarta-feira, dia em que a rádio já ope-rava normalmente e afirmou que a rádio nunca havia sido fechada, que “estava tudo resolvido”. Pediu um minutinho para entrar no ar com seu programa e depois vol-tou a falar que “estava tudo certo” com a rádio.

Conforme a delegada da PF Cla-rissa Trallero, a prisão de Dreher resultou na instauração de um novo inquérito contra a rádio. O diretor prestou depoimento com a responsabilidade que exercia sobre a emissora. Uma testemu-nha que estava no local também depôs, assim como os fiscais da Anatel e policiais envolvidos na ação. Os transmissores apreendi-dos, que atestam a materialidade da transmissão, foram encami-

nhados para perícia no Setor Téc-nico Científico da PF, em Porto Alegre. “infelizmente, não há uma previsão para o resultado da perícia porque só esse setor é res-ponsável por todos os pareceres do Estado”, aponta a delegada. Só então o inquérito será concluído, encaminhado ao Ministério Pú-blico Federal resultando, ou não, em um novo processo judicial.

A rádio União fM, no bairro Fátima, teve um transmissor de 25 wats de potência apreendido. Estranhamente, já que possui di-versos locutores que se revezam durante todo o dia, a rádio opera-va de forma automática, progra-mada por computador, a portas fechadas. Foi necessário chamar um chaveiro para acessar a sede da emissora. Por não haver um responsável que pudesse ser preso em flagrante, a ação da última ter-ça-feira não resultou em um novo inquérito que pudesse indiciar a emissora. Nenhuma das ligações feitas para o telefone da rádio fo-ram atendidas. Na quarta, se ou-viu música, comerciais e nenhu-ma locução. O diretor da União FM, Antonio Hoffmann, já foi indiciado diversas vezes pelo ar-tigo 183 da Lei 9.472 de 1997, que prevê pena de detenção de dois a quatro anos e multa de até R$ 10 mil. Ele responde o inquérito em liberdade.

O gerente regional da Anatel, João Jacob Bettoni, ficou sabendo que as rádios já estavam funcionando pela reportagem do jornal e quis compartilhar a res-ponsabilidade: “Quando acontece isso tu tens que noticiar”, afirmou. “Nós vamos continuar fiscalizan-do. Temos dezenas de estações nos 498 municípios do Estado para fiscalizar todos os dias. Eles continuam cometendo uma in-fração”, completou.

São apenas 30 profissionais res-ponsáveis por fiscalizar todos os serviços de telecomunicação no RS, segundo o gerente operacio-nal de fiscalização da Anatel no Estado, Thiago da Gama. Para ele, o trabalho deveria contemplar, além de denúncias, fiscalizações de rotina. Porém, devido à rela-ção desequilibrada entre fiscais e serviços a serem verificados, os agentes da Anatel fiscalizam uma denúncia e, imediatamente, se-guem para outras cidades. A ope-ração em Caxias contou com dois agentes da Anatel, além do apoio da Polícia Federal.

Conforme a delegada Clarissa, a PF prefere realizar ações contra as rádios clandestinas em parce-ria com a Anatel, pois isso dá se-gurança para efetuar o flagrante. “Os fiscais têm condições técni-cas para apontar de onde vem a transmissão”, explica.

Alexandre Gadret, da Agert, afirma que a associação busca outra alternativa, dentro da solução judicial, que seja mais perene do que a apreensão dos transmissores. “O objetivo da Agert não é tirar as rádios do ar, mas fazer com que cumpram a legalidade. É injusto que empre-sas formalmente estabelecidas passem por processos licitatórios que levam cinco, dez anos para receberem as outorgas, enquanto essas atuam clandestinamente, de forma irregular e ilegal”, defende Gadret.

A Anatel insiste que a respon-sabilidade pela fiscalização é do cidadão, que deve formalizar denúncia pelo telefone 1331. Só após a denúncia, a Anatel pode-ria agir. A ligação leva cerca de 10 minutos e é preciso informar dial, nome da emissora, nome dos responsável, número de telefone e até endereço da rádio. As denún-cias podem ser anônimas.

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Na sede da Amiga FM, foi apreendido transmissor de 300 wats: “Ou seja, não tinha nada de comunitária”, diz gerente da Anatel

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RáDiOS ilEgAiS,FiScAliZAçÃO iNEFiciENTE

Fechadas pela Anatel e Polícia Federal, rádios piratas Amiga e União FM funcionavam normalmente no dia seguinte

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por CAROL DE [email protected]

ovimentos contra o racismo li-derados por Malcom X e Martin Luther King e a revolta contra a Guerra do Vietnã povoavam o dia a dia dos norte-americanos do final dos anos 60 e 70, quan-do surge o movimento Hip Hop. No Brasil, a influência chega nos anos 80, nas favelas. Em Caxias do Sul, no início dos 90. “Gente pobre, com empregos mal remu-nerados, baixa escolaridade, pele escura. Jovens pelas ruas, desocu-pados, abandonaram a escola por não verem o porquê de aprender sobre democracia e liberdade se vivem apanhando da polícia e sendo discriminados no mercado de trabalho...”. A descrição é do contexto americano de quarenta anos atrás, pesquisada pelo jor-nalista Spency Pimentel, no Livro Vermelho do Hip Hop, mas ser-ve para o Brasil, Caxias e qualquer lugar onde o movimento Hip Hop tenha força ainda em 2011. “Peri-feria é periferia em qualquer lu-gar”, completa Pimentel. Na últi-ma terça-feira (12), participantes do movimento e ativistas sociais estiveram na Câmara de Vereado-res para apoiar a votação do pro-jeto da vereadora Denise Pessôa (PT), que foi aprovado e instituiu a Semana Municipal do Hip Hop, sempre em agosto. Eles acreditam

que esses sete dias irão referen-dar um trabalho que, na verdade, é feito durante os outros 358 do ano.

Quando o Hip Hop surgiu nos Estados Unidos, o soul e o funk faziam a trilha sonora dos núcleos pobres e incitavam a consciência negra, que foi buscar no passado dos escravos a tradi-ção africana de contar histórias através de gírias e rimas. A forma de dançar esses ritmos também buscou inspiração na mãe África, mas não deixou de prestar aten-ção nos movimentos dos corpos debilitados dos soldados do Viet-nã e nas quebras da melodia. Para chamar atenção à sua realidade, jovens começaram a desenhar e escrever em muros, paredes, ou qualquer lugar vazio da cidade, assinando seus nomes ou de suas gangues. As batalhas de dança (break) e de rimas (rap) entre es-sas gangues eram uma forma de evitar as brigas violentas na rua.

Tudo isso resultou e continua sendo o Hip Hop. Não existe um conceito pronto, definitivo, mas dá para dizer que é a união dos quatro elementos artísticos bási-cos – o DJ, que faz a melodia, o MC, mestre de cerimônias, que faz a rima, a dança do b-boy, e a arte do grafite – com um único objetivo: dar voz às comunidades pobres. Recentemente, acabou

ganhando um quinto elemento, o conhecimento, selando o elo en-tre o cultural e o social.

Em pouco tempo, o Hip Hop chegava ao Brasil, país marcado, assim como os EUA, pela escra-vidão. Em 1971, Jorge Ben Jor – na época, apenas Ben – já cantava Ne-gro é Lindo, como referência ao lema do Black Power (Black is beautiful). A popularização, entretanto, veio na década de 1980, es-pecialmente através da música, do rap de artistas como Mano Brown e grupos como os Racionais MCs. Em Caxias, o Hip Hop de-morou um pouco mais para che-gar.

O MC Chiquinho, do grupo Poetas Divilas, ou melhor, o re-lações públicas Jankiel Francisco Claudio, funcionário da Marco-polo, é um dos integrantes mais antigos do movimento em Caxias ainda em atividade. MC Chiqui-nho define o Hip Hop como “a voz de quem não tem voz”. Ele co-nheceu o Hip Hop através do rap, em 1995. “O Paulista (Marcelinho Silva), que fundou o grupo comi-go, veio morar em Caxias nessa época e trouxe com ele os primei-

ros discos brasileiros, do Racio-nais, Thaíde e DJ Hum. Ele mos-trou para nós sobre o que falavam as músicas e a gente se identifi-cou”, conta. Chiquinho descobria, aos 17 anos, uma de nova manei-ra de ser juventude da periferia,

morador da Rua Thomás Beltrão de Queiroz, no bairro Marechal Floriano. “A gente vivia com as drogas e a crimi-nalidade muito pró-ximas, via parceiros e irmãos entrarem nessa. Ouvir aque-las músicas injetou uma autoestima”, diz. Logo funda-ram o Poetas Divi-

las, em 97. “isso nos obrigou a procurar conhecimento, porque poesia e música tu não fazes sem ter conhecimento. Começamos a melhorar as rimas, o pessoal foi gostando do nosso trabalho e pediram que participássemos das atividades sociais dentro das comunidades pobres”, relembra. Desde então, Chiquinho, Paulista e o DJ César (atual formação do Poetas Divilas) começaram a tra-balhar com oficinas de Hip Hop em escolas e até universidades, em parceria também com outros artistas. “Queremos ajudar as crianças a buscarem cidadania. Não queremos que sejam DJs,

Ritmo, rima, grafite e dança

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“Ouvir aquelas músicas injetou uma autoestima”, diz MC Chiquinho. Ele descobriu o HipHop enquanto viaamigos entrarem para o crime

Trabalhos de Guilherme Nerd são conhecidos em Caxias e no Chile: ele quer quebrar o estereótipo de que Hip Hop “é coisa de marginal”

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ExPRESSÃODA PERiFERiA

Com duas décadas em Caxias, cerca de 15 grupos de rap e inúmeros DJs e MCsindependentes, o Hip Hop se consolida com uma Semana dedicada ao movimento

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MCs, b-boys ou grafiteiros, mas mostrar alternativas, caminhos positivos. O Hip Hop é uma fer-ramenta pedagógica”, explica. Em 2009, através do Fundoprocultu-ra, o grupo gravou um CD duplo, com faixas multimídia incluindo um videoclipe e um documentá-rio. A agenda de shows não é das mais lotadas. Eles se apresentam, em média, duas vezes por mês, por toda a Serra. Mas o motivo é nobre. “O contato mais forte e principal é através das oficinas e palestras. Todo começo de ano palestramos no colégio Beltrão de Queiroz. Na Marcopolo, onde trabalho, estou sempre envolvido com o grupo de voluntários. Na Randon, estivemos na colônia de férias, com diversas oficinas para mais de 100 crianças, todo mês de janeiro. Na Tecnitubo, anima-mos a festa de final de ano. Entre outras”, resume Chiquinho, sem estender muito a conta. Além do Poetas Divilas, Chiquinho calcu-la que existam em torno de 10 a 15 grupos de rap em Caxias, fora as chamadas crews de dança e de grafite, e os DJs e MCs indepen-dentes. “Não é fácil fazer a junção (dos grupos) porque os ativistas do Hip Hop estão inseridos nas reivindicações das comunidades que fazem parte”, opina. Pelo seu caráter de protesto, o Hip Hop também sempre foi muito ligado ao espírito ousado da juventude e, consequentemente, associado a uma fase passageira na vida. “Muitas pessoas que começaram já não estão mais na atividade, acabam largando em função de trabalho, família. O movimento não tem uma entidade forte em Caxias, que passe para as novas crews as dificuldades do passado e estimule a dar continuidade, mas ele já tem esse respeito não só da juventude. A mãe do filho que participou de uma oficina co-nhece, se aproxima, faz questão de comparecer quando o Poetas

Divilas se apresenta. Por isso a Se-mana do Hip Hop é importante”, conclui, manifestando seu apoio ao projeto.

“A rua é noiz.” A frase es-tampa a camiseta do garoto ma-grinho, não muito alto, vestindo bermudas largas e tênis enormes, boné virado na cabeça. Rodeado por latas de spray, ele grafita con-centrado. Guilherme Nerd nem parece ter mais de 16 anos – ele tem 21 – mas é um dos maiores grafiteiros de Caxias. Seus traba-lhos já estiveram reunidos na ex-posição individual Sentimentos, que teve apoio do Financiarte, em 2010, e em diversas exposições coletivas, fora da cidade e até no Chile. No ano passado, foi convi-dado para participar de um even-to no Canadá, mas faltou verba. “Essa arte é muito valorizada fora do país. Meu trabalho se diferen-cia dentro do Estado, mas têm gente na América do Norte e na Europa que segue a mesma linha”, comenta. A maioria dos grafitei-ros começa na pichação. Com Nerd foi diferente. “Eu já dese-nhava e pintava, mas nada sério. Quando fui estudar no Cristóvão, na 7ª série, tinha lugares grafita-dos dentro da escola. Foi aí que me interessei”, conta. No seu cur-rículo, pintura em tela, customi-zações de camisetas, bonés, tênis, etc. e trabalhos em estabeleci-mentos comerciais demonstram que a arte vem sendo mais valori-zada, mas ainda está segmentada. “Nesses seis anos, das pessoas que eu conheci e realmente começa-ram o Hip Hop, tem poucas que até hoje são ativas. Sempre vi que eram muito divididas, também. Em eventos do pessoal da Zona Norte, só iam pessoas da Zona Norte, não se misturavam”, conta. Mas ele vê mudanças nos últimos três anos. “As pessoas estão se unindo, perceberam que são obri-gadas a se juntar e se conhecer se

querem mostrar a cara que o Hip Hop tem”, avalia. De acordo com ele, é preciso quebrar o estereóti-po de que o movimento “é coisa de favela, de marginal. De guriza-da que se veste de uma tal forma, ouvem esse determinado tipo de música. Tem festivais internacio-nais hiper luxuosos e ricos que dão mais prêmio que o Big Bro-ther. Lá fora, o Hip Hop move muita grana e é muito di-fundido, não só en-tre os jovens”, afirma o grafiteiro. E com-pleta: “Tem outra coisa. Com certeza é um estilo de vida, mas não dá para ge-neralizar. Nem todo mundo é obrigado a gostar de todos os elementos, mas também não deixam de admirar e respeitar o trabalho dos outros”, diz.

fernando Bittencourt já não é mais b-boy. “Exercito o quinto elemento”, defini-se o dan-çarino, professor e metalúrgico, que trabalha no turno da noite da Marcopolo, é educador social à tarde nos projetos Vó Juvelina e Mais Educação, e membro fun-dador da Essência Crew, de dança de rua, nas horas vagas. De acor-do com ele, o movimento surgiu em Caxias com os elementos se-parados. “Já se falava sobre break, MC, DJ e grafite nos bairros desde 1991, 1993. Mas o pessoal repro-duzia o que via e ouvia na TV, no rádio, não ia estudar e fazer cursos fora como hoje”, conta. Naquela época, ninguém sabia ainda que existiam diversos tipos de dança de rua (popping, locking, waving, robot, top rock, power movie, en-tre outros) e arriscavam alguns passinhos só para se divertir. “O primeiro professor e coreógrafo de street dance (dança de rua), já

usando o termo Hip Hop, foi Ju-lio Mello. Ele começou a dar aulas acho que em 98, e eu comecei a dançar com ele”, lembra Bitten-court. No começo dos anos 2000, surgiram uma série de grupos (Serpentes, Twister Boys, Rebel-des da Noite, Alarme Falso, Caça Fantasma, Dance of the Night) e outros dançarinos solos que co-

meçaram a popula-rizar a dança de rua em Caxias. A nova modalidade logo saiu da periferia e chegou às escolas de dança, e membros de grupos que eram referência nacional, como Batida de Rua (Porto Alegre) e He-art Beat (Curitiba), vieram para a cida-de trabalhar como

professores e, claro, tentar montar novas companhias. Atualmente, existem diversos grupos de es-colas, mas apenas duas crews in-dependentes, a Essência, da qual Bittencourt faz parte, e a R.Oeste. Ele acredita que, principalmente na área da dança, existe um ape-lo comercial muito forte. “Dan-ça de videoclipe, tipo Beyoncé, e movimento Hip Hop são coisas diferentes”, alerta. “Por isso eu exercito tanto o conhecimento, para passar a informação para a gurizada. Acho que a juventude, às vezes, não sabe o que fazer com aquilo que tem e acaba seguindo caminhos errados.” Com diver-sas histórias de preconceito para contar, ele concorda com Nerd e Chiquinho que é preciso união para mostrar a cara do Hip Hop caxiense e fazê-lo ser respeitado. “No meu trabalho as pessoas di-zem ‘mas que roupa é essa?’. Nas escolas onde dancei perguntavam ‘mas tu já estás de figurino?’. Não. Hip Hop é um estilo de vida. É o que nós somos, não é nenhum personagem”.

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“Tem festivais internacionais hiper luxuosos e ricos que dão mais prêmio que o Big Brother”, diz Guilherme Nerd sobre grafite

Fernando Bittencourt exerce o “quinto elemento do Hip Hop”, o conhecimento, para levar cidadania para crianças

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por VALQUÍRIA [email protected]

ma vez um aluno me mandou to-mar no... porque eu tinha pedido para ele se sentar no lugar dele. Fi-zemos uma ocorrência na direção e chamamos os pais. Ele foi para casa, no outro dia se arrependeu e me pediu desculpas, chorando. Eu entendo que esse xingamento não foi para mim. Eles estão com raiva das coisas deles, dos pro-blemas deles. Na minha escola já teve casos de alunos que puxaram os cabelos do professor ou que empurraram cadeiras contra eles”, conta uma professora do Municí-pio, que prefere não ser identifi-cada. Casos como esses não são incomuns nas redes de ensino de Caxias. As agressões, físicas ou verbais, ocorrem tanto nas esco-las estaduais quanto nas munici-pais e particulares, e partem de adolescentes e crianças. “Fui cha-mada por dois alunos para aten-dê-los. Quando estava ajudando o primeiro deles, o segundo falou alto: ‘Não me ouviu, véia cadu-ca?’”, relata uma professora do 5º ano do ensino fundamental. “Um aluno do 3° ano negou-se a fazer as atividades e, diante da minha insistência, gritou ‘não’, jogou a classe contra a parede e quase me acertou”, diz outra professora.

“Fui substituir uma colega e um aluno falou: ‘Não quero aula com essa prostituta’”, conta uma quarta professora.

As histórias de desrespeito se acumulam e, em alguns casos, começam bem cedo. “Depois de chamar um aluno quatro vezes para que ele entrasse na fila, eu perguntei: ‘Você não ouviu o seu nome?’. Ele respondeu: ‘Não. Sou surdo’”, lembra uma professora de educação infantil.

Muitas professoras dizem que o difícil, hoje em dia, não é dar aula, mas fazer com que os alunos cumpram normas. Elas narram agressões que acontecem a todo momento, principalmen-te no recreio, quando precisam separar brigas: “Sobram nomes feios e chutes para a professora”. As brigas entre os estudantes não são eventuais, já que até mesmo nas brincadeiras há socos e tapas. Para piorar, é comum, segundo elas, ao conversar com os pais, ou-vir a seguinte frase: “O problema é teu. Te vira com ele”. Os relatos de quem ensina dão a dimensão da falta de limites que crianças e adolescentes levam para a sala de aula, fato que está intimamente atrelado à desestruturação das fa-mílias e fica ainda mais evidente em uma resposta frequente dos

alunos: “Faço o que quero, nin-guém manda em mim, nem meu pai nem minha mãe”.

Caxias do Sul tem 4,2 mil profes-sores municipais, 1,7 mil estadu-ais e cerca de 2,3 mil particulares. Embora os profissionais digam que as agressões estão ocorrendo cada vez mais, não há registros de todos os casos. Apenas a Comis-são interna de Pre-venção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave) possui al-gum controle dos episódios de vio-lência nas escolas municipais. Dados de 2009 mostraram que 52% dos regis-tros tratavam-se de brigas entre alunos, 22% de bullying e o mesmo percentu-al de agressões verbais de alunos contra professores. “Essa cultu-ra do registro está iniciando, e é importante ter esses dados para saber em que regiões da cidade focar os trabalhos de prevenção. Os próximos dados serão mais significativos, porque agora as es-colas começaram a registrar isso”, explica Raquel Mafessoni, coor-denadora da Cipave.

“Cala a boca, Ofélia”, foi

o que escutou uma professora ao tentar intervir em um conflito en-tre dois alunos. O jargão, tirado do programa de TV Zorra Total, comprova o que diz a diretora de formação do Sindicato dos Ser-vidores Municipais (Sindiserv), Paula Margarete Ody: “Os pais não selecionam o que os filhos veem na TV, e tem programas

péssimos”. Segundo ela, a chamada fa-mília nuclear (pai, mãe, filhos) já não existe há alguns anos. As crianças, sem referencial em casa, chegam na escola e agem des-sa forma. “Que seja um tio, uma avó que cuide, mas a criança precisa de alguém que cobre e que a

acompanhe. Os alunos vêm com cinco anos de idade para a sala de aula, completamente sem regras”, afirma Paula, que é professora. “Falta limite das famílias, que estão desestruturadas. A mesma relação que eles têm com os pais, têm com os professores”, observa o vice-presidente do Sindiserv, Luciano Roque Piccoli, diretor de escola. Ele diz que a sobrecarga está cada vez maior. “O professor está ficando muito estressado se-

Lição temerária

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“Um aluno negou-se a fazer as atividades, jogou a classe contra a parede e quase me acertou”, relata uma professora

A autoridade do educador, necessária para manter a paz na sala de aula, é uma das condições que vêm se degradando, conforme os relatos

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O ENSiNO SOB TENSÃO

Casos de agressões aos professores agravam o estresse da categoria, que pede auxílio para se defender

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guidamente. Temos que lidar com coisas como separação de pais, briga entre vizinhos. Problemas de fora que repercutem na escola”, diz Piccoli. “Nós temos que ensi-nar diversas coisas que seriam da família, temos que nos preocupar com o que não seria nosso dever. Já tive, por exemplo, que mandar um aluno para casa porque ele es-tava extremamente sujo. São coi-sas básicas que faltam. A escola não está mais com função de edu-car somente. Existe uma confusão na sociedade sobre o que é dever da casa”, avalia a professora muni-cipal Daniele Schiavo. Ao mesmo tempo, a pressão dos pais é inten-sa. “Faltam educação e limites, mas os professores não podem fa-zer nada porque muitos pais pro-curam a Justiça, se exaltam quan-do um professor manda seu filho ficar quieto.” Ela cita uma charge que resume a questão em duas si-tuações: uma, em 1969, onde os pais, após receberem o boletim da professora, questionam o filho: “Que notas são essas?”; ao lado, em 2009, os pais fazem a mesma pergunta, só que para o professor.

Piccoli conta que em sua escola nunca presenciou casos de agressão física a professores, mas que as verbais são corriqueiras: “Palavrões ou ‘tu não me manda’, ‘fica na tua’. Aquela ideia que se tinha de que o professor falava e os alunos ouviam e respeitavam hoje é muito difícil de acontecer”, diz ele. Mas há fatos mais graves. Paula cita o ocorrido com uma professora, hoje já aposentada, que teve o braço quebrado depois que a mãe de um estudante arre-messou uma cadeira contra ela. “E teve uma professora que foi agredida por um aluno que tinha necessidades especiais. Às vezes essas crianças entram em surtos psicóticos, algumas não têm con-dições de estar na escola. E como a professora contém isso? Tem que ter muito cuidado”, acrescen-ta. Situações como essa, ressalta a diretora de formação do sindica-to, agravam a tensão do professor. “Em uma sala de 30 alunos ou mais, tem a inclusão, a agressivi-

dade de alguns, os que têm pro-blemas de aprendizagem. É difícil dar conta de tudo isso. E o Con-selho Tutelar defende que todo aluno hoje tem que estar na es-cola.” “Tenho um aluno que toma remédio para hiperatividade, mas tem dias que ele diz: ‘Não tomei meu remédio, então hoje não vou fazer nada’. Daí ele perturba a aula toda”, relata uma professora.

Em oposição aos direitos dos estudantes, analisa Paula, os edu-cadores estão praticamente sem assistência: “O aluno tem mais direito que o professor, mas os deveres estão sendo esquecidos”.

Para Lucas Caregnato, co-ordenador adjunto da 4ª Coorde-nadoria Regional da Educação, a violência é um tema que perpassa o espaço dos colégios estaduais. “Ela está em toda a sociedade e a escola recebe isso. Em uma escola que fica em um bairro de vul-nerabilidade social o pai do aluno está preso, tem drogas, não tem posto de saúde. Daí faltam duas partes do tripé, a da família e a da sociedade. O traba-lho tem que ser em conjunto. É aí que esbarramos”, avalia, salientando que isso não exime professores e diretores de sua missão. O se-cretário municipal da Educação, Edson da Rosa, também fala da necessidade de cooperação: “A família não pode repassar res-ponsabilidades que são dela para a escola. O aluno vai para a aula e tem que ir para casa um pouco melhor. Lá, tem que ter acompa-nhamento da família e vir melhor no outro dia. É um processo de participação”.

Ações para minimizar a violên-cia nas salas de aula são discuti-das com a Patrulha Escolar, con-forme Caregnato, e já estão sendo realizados os chamados Círculos Restaurativos. “É uma interven-ção pedagógica para lidar com as agressões entre os alunos. Uma

equipe da CRE vai para a escola e toma conhecimento do proble-ma. Ouve todos os lados, depois junta as partes, aí geralmente há o entendimento”, explica a coorde-nadora pedagógica Raquel Cris-tina Andolhe Götz. “É hipocrisia dizer que não existem problemas com professores. Desentendi-mentos fazem parte do processo escolar. E sim, temos professo-res com problemas de estresse e depressão”, comenta Caregnato, apontando que as causas para isso não podem ser apenas os baixos salários, já que os professores de escolas particulares, melhor re-munerados, apresentam as mes-mas doenças.

O maior motivo da exaustão dos professores, segundo ele, é que muitos dão aula no turno da manhã, da tarde e da noite. “Ób-

vio que se com to-dos os afazeres eles não tiverem orga-nização e boa saúde vão ter problemas.”

Outra questão é a mudança nas for-mas de cobrar os alunos. “Não sei se a autoridade que os professores ti-nham uma vez era construtiva ou se os alunos só tinham medo. Mas hoje, de-

pendendo da cobrança ou como o professor a fizer, pode ser crime. Não que eu seja a favor disso, mas é a realidade”, conclui Caregnato.

foi por meio de uma pesqui-sa que o Sindicato dos Professores de Ensino Privado (Sinpro) do Estado constatou o que já se sus-peitava: que os professores estão ficando mais doentes por causa do trabalho. Em 2009, ao questionar 1.680 professores de escolas par-ticulares da Capital e do interior, o Sinpro descobriu que a maioria dos profissionais (49%) estava com problemas de voz. Se, há al-guns anos, os professores precisa-vam falar alto para se impor, hoje essa é, em muitos casos, a única maneira de serem ouvidos. Além disso, a quantidade de alunos por

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“Muitos pais procuram a Justiça, se exaltam quando um professor manda seu filho ficar quieto”, conta Daniele

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turma, uma das principais recla-mações, exige que o professor eleve o tom de voz. A limitação do número de estudantes foi uma das reivindicações encaminhadas ao sindicato patronal depois da pesquisa. “Notamos uma série de problemas de excesso de traba-lho e pressão que fazem com que eles tenham adoecimento maior”, resume Cássio Bessa, diretor do sindicato. Depois de rouquidão e perda de voz, aparecem os proble-mas alérgicos e nas articulações. “E o professor tem tido muito es-tresse ao longo da vida docente. Os particulares, além da pressão dos pais, recebem pressão do em-pregador.”

Bessa acredita que o grande problema nas escolas particulares é que os alunos são tratados como clientes, e não como educandos. Por causa disso, os professores são muito exigidos para que o es-tudante passe de ano, já que a es-cola não quer perdê-lo. “Porque, quando roda, ele geralmente sai da escola. Querem que o profes-sor tenha um índice de aprovação que muitas vezes é forçado. É pre-ciso engolir um monte de sapos. É o critério de tratar a educação como mercadoria, porque é uma disputa de mercado. E isso deixa o professor sem suporte para to-mar atitudes disciplinares.”

Outro motivo do estresse são

as agressões, que não necessaria-mente precisam ser presenciais. Na internet, muitos professores sofrem com comunidades no Orkut do tipo “Eu odeio a pro-fessora tal”. “Os alunos aderem, e no meio virtual vão falando o que querem do professor”, diz Bessa

Com a pesquisa do Sinpro tam-bém se descobriu que o professor tem se medicado muito mais: “Com estimu-lantes, antidepressi-vos, calmantes. São índices muito al-tos”, diz Bessa. “Em Caxias, sabemos de vários casos de professores que pre-cisam tomar remé-dios para dormir”, completa Piccoli, do Sindiserv.

Quando as agressões vêm de crianças menores de 12 anos, elas são encaminhadas ao Con-selho Tutelar. De 12 a 18 anos, vão para a Delegacia de Prote-ção à Criança e ao Adolescente (DPCA). A quantidade de casos preocupa a delegada Suely Rech. “Percebemos que a autoridade do professor não está sendo respei-tada”, observa, embora na DPCA também não exista um levanta-mento específico. “Mas esta se-

mana, por exemplo, já teve um caso. Uma professora foi intervir em uma briga de alunos e acabou sendo lesionada”, cita. Nessas si-tuações, os adolescentes são ou-vidos pela DPCA e encaminha-dos ao Ministério Público. “Não é por grau de gravidade. Quando recebemos comunicados de ame-

aças, empurrões ou xingamentos, todos eles são encami-nhados ao Ministé-rio Público, que vai aplicar alguma me-dida”, afirma Suely.

Em uma escola estadual da Zona Norte de Caxias, há poucos dias, foi pre-ciso solicitar uma intervenção poli-cial. Um aluno de

17 anos, que costumava anunciar que riscaria o carro das professo-ras, ameaçou uma delas de morte. Levado para a direção, estendeu a ameaça à diretora. A Brigada Mi-litar foi chamada e fez um boletim de ocorrência. “Estamos prepara-das pra trabalhar com indiscipli-na, não com violência”, desabafa a diretora.

Depois de 15 dias, o adoles-cente voltou ao colégio. Em aula com uma outra professora, não aceitou participar de um trabalho em grupo. “Ele disse: ‘eu não vou

participar e a senhora não vai me obrigar. E te cuida porque eu te mato’. Daí a professora disse que se ele a matasse teria consequên-cias, e ele respondeu que não, ‘já que ela estaria morta mesmo’”, relata a diretora, dizendo que a nova vítima de ameaça ficou ex-tremamente abalada. “Chamei a mãe desse aluno, acho que pela 10ª vez, mas ela é mais compli-cada do que o filho. Contou que ele ameaçou os irmãos com faca. Temos desconfiança de que ele é comprometido com drogas.”

Faz duas semanas que o estu-dante está afastado da escola, mas a diretora e as professoras temem o seu retorno. “Daí estamos nes-ta situação. A professora vai ter que sair se ele voltar. Desde que ele saiu, tudo melhorou na escola, até a turma. Quando mandarem a ordem para ele voltar, eu não vou querer, tem que ter um local es-pecial para ele”, pede a diretora. Ao analisar a situação, ela faz um alerta: “Alguma coisa tem que ser feita. O Conselho Tutelar manda de volta para a escola, que tem que engolir, porque é um menor e precisa estar estudando. A gente fica de mãos atadas. Casos como esse existem em várias escolas, e não se faz muita coisa. É esse o tipo de jovem que, daqui a um tempo, pode matar todo mundo, como vimos acontecer no Rio.”

“Aquela ideia de que o professor falava e os alunos ouviam e respeitavam hoje é muito difícil de acontecer”, diz Piccoli

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por JOSé EDUARDO [email protected]

retorno do Rio de Janeiro para Caxias do Sul, na última segun-da-feira (11), trouxe consigo um sabor amargo de quem esteve próximo da vitória e foi derrota-do pelo principal rival. A seleção brasileira masculina de canoagem de velocidade ficou com a segun-da colocação no Sul-americano. A campeã foi a Argentina, que venceu os donos da casa na La-goa Rodrigo de Freitas. A longa viagem de volta, de ônibus, serviu para o técnico Alvaro Acco Kos-lowski, 39 anos, assimilar e ava-liar o resultado. “Temos de levan-tar a cabeça e bola para frente. O ruim é perder para a Argentina”, lamenta o treinador, que agora volta sua atenção para a Copa do Mundo de Canoagem, na Alema-nha e na República Tcheca, na úl-tima quinzena de maio.

Pensar nos próximos desafios é a fórmula do treinador para dri-blar os percalços da vida. “Não aceito fácil a derrota. Mas a vitó-ria nos ensina menos que a der-rota. Ou se anda para trás, ou se

segue em frente. Eu sigo em fren-te como treinador. A gente nun-ca sabe o dia de amanhã. Não se pode baixar a guarda”, prega Alva-ro, medalha de ouro como atleta na Copa do Mundo de 1998 nas modalidades K-4 1000 e K-4 500.

Na manhã seguinte à chegada em Caxias, Alvaro já está sorrin-do. Abraça o enteado de cinco anos, que em seguida corre pelo ajardinado do conjunto habita-cional onde o técnico mora, no bairro Madureira. Mas não des-liga do trabalho. De bermuda je-ans branca, chinelo e camisa polo, acerta por telefone alguns deta-lhes para o treinamento da equipe no turno da tarde.

Casado há um ano com a es-tudante de arquitetura Mohini Gonçalves Cerqueira, Alvaro na-vegou por águas bem distintas até encontrar o esporte que o consa-graria. Passou seis meses em um seminário, administrou uma far-mácia e graduou-se nos cursos de Enologia e Educação Física, no qual está concluindo o mestrado.

O esportista, que depois conhe-ceria o mundo, vive em Caxias desde 2000, mas sua história co-

meça no pequeno município de Santa Tereza, com pouco mais de 1,7 mil habitantes e banhado pelo Rio Taquari. Filho caçula de José Koslowski, 79 anos, e Julna Acco Koslowski, 74 anos, Alvaro era o centro das atenções das irmãs mais ve-lhas, Susana, hoje com 49 anos, e Sil-vana, 51 anos. Teve uma infância tran-quila junto da famí-lia. Julna lembra que ele era bom aluno e sempre ajudava nos afazeres da casa. Nos momentos de lazer, jogava futebol. isso até ser apresen-tado à canoagem, quando tinha 14 anos.

Com a realização de uma prova nas águas do Taquari, Al-varo viu pela primeira vez um caiaque rudimentar, apresentado por um parente de seu cunhado que participaria da competição. “Foi amor à primeira vista. isso ocorreu em novembro de 1984. Em dezembro eu remei pela pri-

meira vez e em 85 comecei a com-petir”, recorda. Julna conta que o filho ficou impressionado ao ver a embarcação. “O caiaque ficou guardado na nossa casa. O Alva-ro passou a noite inteira olhando

para ele.” A partir de então, nunca mais largou os remos. Treinava sozinho, sem a presença de instrutores, num barco da associação criada para incen-tivar a prática do esporte na cidade. Apesar de saber que a canoagem já havia se tornado a paixão do filho, dona Julna

ficava apreensiva quando ele en-trava na água. “Sempre tive muito medo. Ele ia treinar todos os dias, mesmo com o rio alto.”

Foi numa dessas situações que Alvaro sofreu o maior aciden-te da sua vida. Graças à sorte e à medalhinha da Nossa Senhora que carregava no peito, acredita a mãe, teve a vida poupada. “Eu era um adolescente meio irres-ponsável. Tive o acidente porque

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“O caiaque ficou guardado na nossa casa. O Alvaro passou a noite inteira olhando para ele”, conta a mãe, Julna

“Foi amor à primeira vista”, conta Alvaro, que passou a remar um mês após conhecer um caiaque. No ano seguinte, já estava competindo

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A PERSiSTÊNciAcOMO ESPORTE

Alvaro Koslowski passou por um seminário, administrou uma farmácia e concluiu o curso de Enologia. Mas nada reduziu a paixão pela canoagem

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era orgulhoso”, reflete Alvaro. Aos 19 anos, ele resolvera descer as corredeiras do Rio Barra Mansa, entre os municípios de Garibaldi e Santa Tereza. O dia estava chu-voso e as condições para a prática esportiva não eram adequadas. “Nessas circunstâncias, a água sobe e desce rapidamente, geran-do um refluxo”, ex-plica. O pai o levou de carro até a beira do rio. Ao chegar, Alvaro percebeu que corria muita água, numa veloci-dade que dificultava o controle do caia-que. “Vi que estava meio perigoso. Mas daí veio a questão do orgulho. Não disse para o meu pai que estava com medo. Desci, e na primeira corre-deira perdi tudo, caiaque, remo e capacete. Fiquei só de colete sal-va-vidas. Por sorte, consegui che-gar à margem, e voltei a pé para casa”, recorda.

Antes, aos 16 anos, Alvaro passou por um desvio de per-curso. Numa época tumultuada de sua juventude e seguindo os conselhos do tio, padre Ludovi-co Pedro Koslowski, decidiu mu-dar radicalmente o estilo de vida: largar o esporte e ingressar na igreja. Meio brigado com os pais, mudou-se para o Seminário Fa-miliar, localizado em Marcorama, distrito de Garibaldi, sob a tutela do tio, que era então o reitor da instituição. A experiência no in-ternato não foi longe. Após seis meses, Alvaro voltou para casa. “Meu tio queria que eu seguisse carreira. Mas não era como padre que eu queria levar a minha vida. Pedi desculpas ao meu tio e dis-se que queria continuar reman-do.” No semestre em que passou no seminário, Alvaro fez amiza-de com alguns dos meninos que buscavam seguir a vida religiosa.

Um deles foi o padre Tadeu Antô-nio Libardi, 42 anos. “Ele era uma pessoa muito equilibrada. Falava sobre todos os assuntos e, prin-cipalmente, respeitava a opinião dos outros”, descreve Libardi, que, depois de trabalhar em diversas paróquias e aprimorar os estudos na itália, assumiu a igreja de San-

ta Tereza.Outra tentativa de

largar o esporte veio dois anos depois. Em 1988, iniciou o curso técnico em Enologia na Escola Agrotécnica Federal Presidente Juscelino Kubitschek. “Entrei para acompanhar os meus amigos. O curso tinha um bom nível de qualidade e até era preciso fazer

vestibular para ingressar”, conta Alvaro. Em 1991, depois de con-cluir o estágio profissionalizante na fábrica da Fruki, em Lajeado, ele decidiu que não seguiria a profissão. Focou-se, então, inte-gralmente na canoagem. Juntou o pouco dinheiro recebido no estágio e foi sozinho para São Paulo. “Ele dizia que tinha esse plano. Nunca proibi ele de ir. Só que quase fiquei louca”, lembra Julna. “O Alvaro passou muita necessidade. Pegava carona com caminhoneiros até São Paulo para não pagar passagem. Quando conseguiu manter alguns patrocí-nios, ia e voltava de ônibus. Nos domingos, na hora do almoço, ele sempre me ligava. Só fiquei mais tranquila quando foi morar junto com um colega”, acrescenta a mãe.

Foi pensando nos próximos de-safios, com confiança, que Alva-ro trocou o interior gaúcho pela capital paulista. “Eu estava me formando e decidi apostar tudo”, relata, dizendo que em nenhum momento teve medo de perseguir o sonho da carreira profissio-nal na canoagem aos 20 anos na maior cidade brasileira. “Minha

família sempre me ensinou o que era certo e errado. Eles me passa-ram a capacidade de escolher os melhores caminhos.” No mesmo ano, alugou um apartamento com o canoísta Sebastian Cuattrin, que seria medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos em 2007.

Após a criação da Confe-deração Brasileira de Canoagem, que mantinha uma estrutura de treinamento estabelecida na Uni-versidade de São Paulo (USP), Alvaro e Cuattrin foram morar nos alojamentos cedidos pela ins-tituição. “Tínhamos um quarto grande, com várias camas, que ficava embaixo da arquibanca-da. O treinador tinha um só para ele”, recorda. “Essa foi uma época muito dura”, avalia Cuattrin, atu-al supervisor da Seleção Brasilei-ra masculina de canoagem. Ele destaca que sempre existiu muita competição entre eles, mas havia uma relação de amizade. Ao todo foram dois anos convivendo jun-tos. “Eu era da categoria Júnior, e para aumentar a qualidade da equipe decidiram me colocar na Sênior. Fui para Barcelona com 17 anos e ganhava dos mais velhos. Eu era um dos princi-pais atletas e dava bastante trabalho aos outros da equi-pe”, diz Cuattrin.

Em 1995, a dupla atingiu bons resul-tados no Campe-onato Mundial no México, chegando até a semifinal. Já o ano seguinte foi um período para ser es-quecido. Um dos principais fra-cassos foi a desclassificação para os Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996. “Uma decepção”, resume Alvaro. Somente os dois primei-ros colocados do Mundial segui-riam para a Olimpíada. “Os ame-ricanos, vice-campeões mundiais, estavam do nosso lado, e tinha os

barcos do Canadá e o da Argen-tina que eram fortes. Tínhamos receio de perder”, recorda Alva-ro. A dupla brasileira remou forte sempre conferindo os dois adver-sários que disputavam a segunda vaga. Quando cruzou a linha de chegada, comemorou. “Festejei a classificação. Só que na raia 1 estava o México, de quem nun-ca tínhamos perdido, que tirou a nossa vaga”, conta Alvaro.

No ano de 1998, depois de se desentender com o técnico polo-nês Zdzizlaw Szubski, ele resolveu encerrar a carreira de atleta para começar a de treinador, convida-do pela seleção gaúcha de canoa-gem. Hoje, Alvaro já soma 12 anos de experiência na função tem no currículo passagens pelo coman-do da seleção brasileira feminina, da gaúcha masculina e, atualmen-te, a seleção brasileira masculina de velocidade. O atleta Givago Bi-tencourt Ribeiro, 23 anos, consi-dera Alvaro um segundo pai. “Ele nos cobra disciplina, respeito, educação e postura. É um mestre que ensina para o dia a dia, se pre-ocupa integralmente com todos os atletas”, descreve. O ex-atleta

e auxiliar técnico da seleção, Jonatan Maia de Oliveira, 25 anos, confirma: “Ele me ajudou muito na minha educação. Foi exigente no es-tudo e na discipli-na. O Alvaro se im-porta com o atleta como pessoa. Esse é o diferencial dele”.

Sob o comando de Alvaro, os 12 cano-ístas brasileiros que

treinam diariamente na Represa da Maestra ouvem a voz mansa do treinador analisando a derro-ta para a Argentina. Mas, como de costume, o foco da conversa logo passa a ser outro: a prepara-ção para um resultado melhor na Copa do Mundo no próximo mês. Que venha o novo desafio.

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“Na primeira corredeira, perdi tudo, caiaque, remo e capacete. Por sorte consegui chegar à margem”, conta Alvaro

“O Alvaro se importa com o atleta como pessoa. Esse é o diferencial dele”, diz o auxiliar técnico da seleção, Jonatan

Alvaro, nos tempos de canoísta: auge foi na Copa do Mundo de 1998, quando conquistou medalha de ouro em duas categorias

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por PAULA SPERB e MARCELO ARAMISColaborarou José Eduardo Coutelle

Cenas picantes de Jolie e Pitt caem na in-ternet. A mensagem que Gislaine postou no seu perfil do Twitter (@laine_cb), com link para um vídeo no Youtube, era falsa. Mas deu certo. Em vez da intimidade do casal perfeito, quem clicou fez disparar as visu-alizações de um tutorial para o flash mob Beat It. Com a trilha de Michael Jackson, o vídeo ensina a coreografia que deve atrair curiosos em um local público de Caxias e divulgar com criatividade a programação do Dia internacional da Dança, organizada pela Unidade de Dança da Secretaria Mu-nicipal da Cultura. Cerca de 140 pessoas já estão ensaiando os seis passos da coreogra-fia. A ideia partiu de Gislaine, que estuda Design na Faculdade América Latina e faz estágio em comunicação na SMC. Agora, com a segurança de que o flash mob tem tudo para dar certo, Gislaine já pode assinar a grande ideia como iniciativa da prefeitura. Quer participar? Assista o vídeo no site do O Caxiense, e envie um e-mail para Gislai-ne ([email protected]).

Vilmar Oliveira, 49 anos, começou a praticar musculação aos 13. Aos 20 já competia em provas de fisiculturismo. Por mais de uma década disputou corridas de diversas distâncias. Atualmente dá aula de boxe, taekwondo, full contact e defesa pessoal na academia que leva o seu nome. No Brasil, é um dos atletas mais importantes do levantamento de peso, somando 25 medalhas de ouro. O currículo inclui também o cargo de vice-presidente da Associação Mundial de Levantamento de Peso (WABDL), que tpromove eventos e capacita atletas na América do Sul. Além disso, Vilmar é o técnico das seleções brasileiras de Power Lifting (levantamento de peso básico) e Strong Man (modalidade em que os atletas empurram coisas como troncos, pedras, carros, aviões...). Como reconhecimento aos 37 anos dedicados ao esporte, Vilmar, natural de Cambará do Sul, re-cebeu o título de Cidadão Caxiense na última quinta-feira (14).

Camila é humilde. Publicitária, dona da própria agência, dou-toranda em Comunicação e informação na UFRGS, compõe, toca, canta, é professora de Design na Faculdade América La-tina e é sócia da editora Modelo de Nuvem, que fundou junto com o marido Marco de Menezes. Humilde porque se desdobra em três turnos para dar conta dos múltiplos interesses e talentos e sempre acha que poderia estar melhor. Sobre a música, pen-sa que não faz direito. "Sempre fui levando em paralelo, nunca estudei". Mas basta entrar em www.myspace.com/camilacornutti para discordar. Há talentos que simplesmente existem, não pre-cisam ser desenvolvidos. Para estudar, Camila escolheu a inter-net, o interesse das pessoas pela vida alheia e a leitura de blogs. Na Modelo de Nuvem, cuida da diagramação e design dos li-vros, mas também ajuda na seleção do que será publicado, sem-pre primando pela qualidade, como em todas as outras coisas. Gislaine

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[email protected]

[email protected]

Participe | Envie para [email protected] o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TiF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

Em janeiro de 2009, mesmo ano em que foi para a Argentina assistir ao show da banda australiana AC/DC, Adan desenhou o principal guitarrista do grupo, Angus Young, “da maneira mais simples possível”, como ele de-fine. Foi com uma caneta BiC preta, “que tem o traço macio e acompanha bem o movimento da mão”, que traçou as linhas que identificam o músico. Adan se inspira na cultura pop, em constante mudança, para desenhar. Suas principais influências são música, quadrinhos, cinema e games.

Adan Lucius Marini| Angus Young |

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BRINOX Utilidades Domésticas Ltda.CNPJ/MF nº 06.912.274/0001-33 - NIRE 43205351706

Alteração e Consolidação de Contrato Social(Extrato para fins do disposto no artigo 1082 e seguintes da Lei 10.406/2002)

Valdomiro Valente Remussi, Valmor Francisco Miola e Aguinaldo Fantinelli, únicos sócios da sociedade limitada Brinox Utilidades Domésticas Ltda. (CNPJ/MF nº 06.912.274/0001-33 - NIRE 43205351706) alteraram e consolidaram o Contrato Social da Sociedade em 23/07/2008, cujo instrumento foi devidamente registrado na JUCERGS em 18/08/2008 sob nº 3017825, e pelo qual deliberaram e aprovaram, por unanimidade de votos: (i) aumentar o capital social de R$ 75.000,00 para R$ 122.565,71, mediante a incorporação de saldo da conta de Reserva de Lucros, cujo aumento foi distribuído aos sócios na exata proporção da participação de cada um no capital social; (ii) reduzir o capital social em R$ 120.565,71, reembolsando aos sócios, também na proporção da participação de cada um no capital social, as importâncias de: para Aguinaldo Fantinelli, R$ 2.411,31; para Valmor Francisco Miola, R$ 38.990,95; e, para Valdomiro Valente Remussi, R$ 79.163,45; (iii) a retirada da sociedade do sócio Valmor Francisco Miola, pela cessão e transferência de suas quotas no valor de R$ 647,00 para o sócio Valdomiro Valente Remussi; (iv) em face das alterações supra o capital social no valor de R$ 2.000,00 passou a ser dividido entre os sócios como segue: Aguinaldo Fantinelli, R$ 40,00; Valdomiro Valente Remussi, R$ 1.960,00; (v) altera-ram a cláusula da administração da sociedade, que passou a ser exercida unicamente pelo sócio Valdomiro Valente Remussi; e, por último, (vi) consolidaram o contrato social.

Valdomiro Valente RemussiSócio – Administrador - CPF/MF nº 277.232.400-15

ViNhODE BOA cEPA

por lUiZ cARlOS PONZi

- Teu homem é bêbado!- Sim, mas o beijo dele tem gosto de ‘pinot noir’.

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Recomenda

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l Eu sou o número quatro | Aventura. 14h15, 16h45, 19h10 e 21h30 (leg.) | Iguatemi

Um “galã alienígena”. Ponto. O roteiro é baseado no best-seller homônimo de James Frey e Jo-bie Hughes (que assinam com o pseudônimo de Pittacus Lore). Dirigido por D.J. Caruso. Com Alex Pettyfer, Timothy Olyphant e Teresa Palmer. 12 anos. 112min..

l Pânico 4 | Terror. 13h50, 16h15, 19h e 21h20 (leg.) | Iguatemi

Dez anos depois, Sidney Pres-cott é autora de um livro de autoa-juda e recebe, novamente, a visita do assassino de Woodsboro. Diri-gido por Wes Craven. Com uma lista gigante de protagonistas. 14 anos. 110 min..

l Rio | Animação. 13h40, 15h50, 18h, 20h10, 22h10 (dub.), 13h30,

15h40, 17h50, 20h (dub. 3D) e 22h (leg. 3D) | Iguatemi

A animação que homenageia o Rio de Janeiro está conquistando jovens e adultos. Estreou com 1,1 milhão de espectadores, arreca-dando mais de R$ 13 milhões. No enredo, a arara-azul Blu vem para o Brasil em busca da última fêmea da espécie. Livre. 96 min..

l Sem limites | Suspense. 14h30 (leg.) | Iguatemi

Apesar das grandes expectativas, o filme acabou abafado pela ava-lanche de Rio. Na trama, um escri-tor em busca do sucesso toma uma pílula para aumentar sua atividade cerebral. Com Bradley Cooper, Robert De Niro, Abbie Cornish e Anna Friel. Dirigido por Neil Bur-ger. 14 anos. 105 min..

l O Mágico | Animação. De quinta (14) a domingo (24), 20h | Ordovás

O filme, de um humor melan-cólico, é baseado em texto origi-nal do gênio do humor francês Jacques Tati (As férias do Sr.

Hulot). Na vida real, ele teve uma filha com uma dançarina que nunca reconheceu e deixou para ela, antes de morrer, os originais deste roteiro. Passa-se nos anos 60 e conta a história de um velho mágico que vê seus dias de glória ficarem para trás. Dirigido por Sylvain Chomet (As Bicicletas de Belleville). Livre.

l Let it be | Documentário. Ter-ça (19), 21h (leg.) | Vagão Classic

No projeto Rock e Cultura, o Vagão exibe o documentário que, dizem, é o retrato mais sincero da história dos fab four, princi-palmente das últimas semanas de vida da banda. No final, a tão famosa apresentação do grupo no topo do prédio dos estúdios Ab-bey Road, que ficou popularmen-te conhecida como The Rooftop Concert. Depois do filme, tributo a Beatles com Rafael Poletto.

l O Discurso do Rei | Drama. 18h (leg.) | UCS

Boa oportunidade para quem

não conseguiu assistir ou quer rever o grande vencedor do Os-car 2011, que conta a história de como o rei George iV se livrou da gagueira para assumir o trono da inglaterra.

AInDA EM CARTAZ: As mães de Chico Xavier. Drama. 16h30 e 18h50. iguatemi | Bruna Surfisti-nha. Drama. 14h e 21h10. igua-temi | Esposa de Mentirinha. Comédia romântica. 19h20 (leg.). iguatemi. 20h15, sem sessão na terça (19). UCS. | fúria Sobre Rodas. Ação. 17h e 21h45 (leg.) | Rango. Animação. 16h (dub.). UCS |

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[email protected] Carol De Barba |

Guia de Cultura

Além do roteiro de Jacques Tati, O Mágico chama atenção pela belíssima estética do diretor Sylvain Chomet

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InGRESSOS: Iguatemi: Segunda, quarta e quinta (exceto feriados): R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia en-trada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 16 (inteira), R$ 13 (Movie Club Preferencial) e R$ 8 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estu-dantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocor-rem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito indus-trial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para

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l BR Paixão | Sábado(16), 20h |O espetáculo do Coro Muni-

cipal traz ao palco a música bra-sileira, mais especificamente o samba-canção. No repertório su-cessos de Lupicínio Rodrigues, Noel Rosa, entre outros. O roteiro é de Nivaldo Pereira, coreografia de Giovani Monteiro e direção cênica de Raulino Prezzi.Teatro São CarlosR$ 10 (antecipados), R$ 15 (na hora) | Feijó Júnior, 778 | 3221-6387

l Show com violonista Ulis-ses Rocha | Sábado (16), 20h|

Violonista, compositor e ar-ranjador, Ulisses Rocha é um dos violonistas mais influentes de sua geração, com um estilo que tran-sita entre os mundos da música brasileira, erudita e do jazz.Teatro do OrdovásEntrada Franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

lRosa Tattooada | Sábado (16), 23h|

A comemoração dos 20 anos de uma das bandas mais importantes do rock gaúcho passa, também, pela Serra. influenciada pelo rock dos anos 1970 e 1980, de grupos

como Kiss, Led Zeppelin, Bla-ck Sabbath, Mötley Crüe, Ratt e Twisted Sister, a banda vai mos-trar nova formação e novos sin-gles no show.Vagão BarR$ 20 (nome na lista, até a meia-noite) e R$ 25,00 (sem nome na lis-ta ou após a meia-noite) | Estação Férrea | 3223-0007

l Salsa ao Mambo | Domingo (17), 20h |

A Big Band abre a temporada 2011 da Orquestra Municipal de Sopros com este concerto dedica-do aos ritmos latinos. A regência é do maestro Gilberto Salvagni. Participam como solistas Cibele Tedesco e Jean Brandão. ingres-sos antecipados no shopping San Pelegrino e Racon Consórcios.Teatro São CarlosEntrada franca | Feijó Júnior, 778 | 3221-6387

l Hamburgueria Jaime Ro-cha 10 anos + Rosa Tattoo-ada Acústico | Terça(19), 22h |

O DJ Jaime Rocha comemora 10 anos da sua porção mestre cuca (ele é responsável pela receita de um dos melhores xis da cidade) ao som da Rosa Tattooada, que estende um pouco a passagem pela cidade.MississippiR$ 15 (feminino) e R$ 20 (mascu-lino) | Estação Férrea | 3028-6149TAMBéM TOCAnDO: Sába-do(16): Aniversário flávio Ste-ffli. Eletrônica. 23h. Pepsi Club. 3419-0990 | Black and White.

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Em (E)terno, Tefa Polidoro divide com o público as angústias da solidão

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MÚSICA

estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programa-ção ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Or-dovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antu-nes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

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Recomenda

Recomenda

20 16 a 22 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Um dos destaques de BR Paixão é a i interpretação de Estrela D’alva, de Oslando Silva, que ficou famosa na voz de Clara Nunes

TEATRO

EXPOSIÇÕES

DEBATE

Eletrônica, pagode e sertanejo universitário. Quem vestir uma peça de roupa preta ou branca ganha um drink cortesia. 23h. Move. 3214-1805 | Colours. Eletrônica. 23h. Havana. 3224-6619 | Dan ferretti e Banda. Samba rock. 00h. Boteco 13. 3221-4513 | DJs Audiotronic. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Estação Moby Dick + Vice Verso. Pop rock. 23h30 Bukus Anexo. 3285-3987 | Pagode com Rodriguinho + Sem Razão + Sai Dessa + DJ Anderson. 23h30. All Need Master Hall. 3028-2200 | franciele Duarte e Banda. Rock clássico. 22h. Mississippi. 3028-6149 | House Connection. Eletrônica. 22h. The King Pub. 3021-7973 | Moog + DJ Eddy. Rock. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Ópera Liz. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quarteto Paiol. Tradicionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | The Blues Beers. Blues. 23h. Leeds. 3238-6068 | Zava + Stellar + Curinga. Rock. 23h. Vagão Classic. 3223-0616 | Domingo(17): Pagode Júnior + DJ Eddy. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Terça(19): Adria-no Trindade e Juliano Morei-ra. Som Brasil e samba rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | DJ Gui Oliveira. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Quar-ta(20): DJ André Sarate. Ele-trônica. 23h. Pepsi Club. 3419-0990 | Blackbirds. Rock. Vagão Classic. 3223-0616 | DJ Gui Oliveira. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Dinamite Joe + DJ Eddy. Rock. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Electric Blues Explosion. Rock clássico. 22h. Mississippi. 3028-6149 | fa-brício Beck e Banda Disco. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Maurício e Daniel. Tradiciona-lista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Ra-fael Poletto. 21h. Vagão Classic. 3223-0616 | Quinta(21): Gui Oliveira DJ. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Grupo Macu-co. Tradicionalista. 22h. Paiol.

3213-1774 | Quinta-feira do Beijo. Vagão Classic. 3223-0616 | Victor Hugo e Samuel + DJ Eddy. Sertanejo universitário. 21h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sexta(22): Aquece. Vagão Classic. 3223-0616 | Blackbirds. Tributo a Pink Floyd. 22h. Mis-sissippi. 3028-6149 | Elixir + DJ Eddy. Pop rock. 21h. Portal Bo-wling. 3220-5758 | DJ Gui Oli-veira. Eletrônica. 18h. The King. 3021-7973 | Pancadão da Move. Eletrônica, pagode e sertanejo universitário. 23h. Move. 3214-1805 | Pátria e Querência. Tradi-cionalista. 22h. Paiol. 3213-1774 | Toolbox + DJ Jorgeeeeenho. Rock. Vagão Bar. 23h. 3223-0007

l (E)terno | Sábado(16) e do-mingo(17), 20h |

O espetáculo da Cia 2 preten-de colocar, através do teatro e da dança, imagens e sensações re-lacionadas à espera e à solidão. O objetivo é instigar o público, dividir as angústias, decepções e incertezas da protagonista (Tefa Polidoro) uma mulher que aguar-da notícias do marido que viajou. Direção de Márcio Ramos.Teatro do SescR$20 e R$10 (estudantes, comer-ciários e sênior)| Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l Le Donne Curiose | Sába-do(16), 20h |

No passado, sem data e local definidos, mulheres estão de-sesperadas de curiosidade. Seus maridos se reúnem em uma casa onde elas são proibidas de entrar. As diversas hipóteses e várias tentativas de descobrir o que eles estão fazendo lá prometem fazer o público morrer de rir. A peça do Miseri Colonoi é em dialeto talian. ingressos na bilheteria do teatro e na Livraria do Maneco.

Casa da CulturaR$ 15 e R$7,50 (estudantes e ido-sos) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l Prisão para a Liberdade | Quinta(21), 19h |

O ator Carlos Simioni, do Tea-tro Lume, fará esta demonstração técnica (treinamento físico co-tidiano, expansão e dilatação do corpo, trabalho vocal) e abordará também sua trajetória e as pes-quisas do Lume. Teatro do OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l Hiper: o dia de 25 horas | Sábado(16), 16h|

O painel retoma as atividades do projeto Ciranda do Pensamen-to. Os psiquiatras Caetano Fenner Oliveira, Adriano Agostini e Jack-son Peres abordam a hiperativi-dade dos tempos modernos.Centro de Cultura OrdovásEntrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l Páscoa - Celebração à Vida | De terça a sábado, das 9h às 17h |

A ideia é unir o lúdico e o reli-gioso por meio dos símbolos pas-cais. Entre os objetos, destaque para os ovos de madeira colori-dos, conhecidos por pisanki, per-tencentes a Braspol Caxias do Sul (Brasileiros de Origem Polonesa), à obra do artista Fabiano Braga Selau A noite dos Tempos e à Santa Ceia em tapeçaria, da igreja Matriz de Santa Lúcia do Piaí.Museu MunicipalEntrada franca | Visconde de Pelo-tas, 586 | 3221-2324

l Cultura tibetana nas peregri-nações budistas | Abertura quar-

ta (20), 19h30. De segunda a sex-ta, das 8h às 22h30 |

A exposição é resultado do re-gistro da peregrinação da arquite-ta e fotógrafa ilka Filippini, entre 2006 e 2010, pela Ásia. Ela visitou os oito principais núcleos budis-tas e outras regiões da Índia e do Nepal, onde vivem populações refugiadas do Tibete depois da invasão chinesa, na década de 50.Galeria de Arte do Campus 8Entrada franca | RS 122, Km 69 | 3289-9000

l Manifestações | De segun-da a sábado, das 10h às 19h30, do-mingos das 16h às 19h |

Artur Canali Volpato define seu trabalho como revelação. Com referências impressionistas e sur-realistas, ele utiliza somente espá-tulas para pintar.Catna CaféEntrada franca | Av. Júlio de Casti-lhos, 2.854 | 3212-7348

AInDA EM EXPOSIÇÃO: À procura da arte. Guilherme No-gueira de Castro. Segunda a sex-ta, das 8h30 às 18h30, sábados e domingos, das 8h30 às 12h30. Espaço Cultural da Farmácia do ipam. 3222-9270 | Da Pureza. Douglas Trancoso e Giovana Ma-zzochi. Diariamente, das 8h às 20h. Jardim de inverno do Sesc. 3221 5233 | O Caxiense 1 ano. Melhores capas do jornal. De se-gunda à sexta, das 8h às 22h. Hall inferior do Campus 8. 3289-9000 | frames da Dança. Diversos fo-tógrafos. A partir de terça (19). De terças a sextas das 9h às 19h, sábados e domingos das 15h às 19h. Saguão de Exposições do Ordovás. 3901-1316 | Transfor-mação/Transformazione. Lucí Barbijan. De terça a sexta, das 9h às 19h, sábados e domingos, das 15h às 19h. Galeria do Ordovás. 3901-1316 | notações Pictóricas. Fernanda Gassen e Mariana Silva. | De terça a sexta, das 8h30 às 18h e no sábado, das 10h às 16h. Gale-ria Municipal. 3212-3697

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A papada sofreu demais nos últi-mos quatro anos. Três rebaixamen-tos seguidos colocaram a moral dos juventudistas em um patamar difí-cil de explicar. A tentativa de uma mobilização com Osmar Loss, em sua primeira oportunidade no fute-bol profissional, marcou o início de 2010. Após quase cair à segundona gaúcha, o time recebeu alguns re-forços e foi para a Série C. Na meta-de do caminho, adiando o pior que estava por vir, a direção trocou o treinador por um com mais experi-ência. Beto Almeida chegou e quase conseguiu reverter o quadro. Mas a Série D já era uma realidade.

Veio o Gauchão de 2011 e, após a primeira rodada, as pri-meiras contestações ao técnico. A falta de sintonia com o presidente Milton Scola e a derrota por 2 a 1 para o Canoas culminou com a de-missão de Beto. O auxiliar técnico Picoli teve a missão de assumir in-terinamente o grupo na terceira ro-dada. A vitória por 2 x 1 sobre o São José, em Porto Alegre, e os 2 x 1 no rival Caxias bastaram para a dire-ção alviverde efetivar o ex-zagueiro formado nas categorias de base do

Juventude como treinador de fato. A sua primeira chance na função.

No total, são 14 jogos à frente do Juventude, sendo sete vitórias, três derrotas e quatro empates. Entre todas as partidas, chama a atenção que os três primeiros e os quatro últimos foram consecutivos e po-sitivos. Contra o Veranópolis, na última rodada da Taça Farroupilha, o Ju fez o que tinha de fazer: con-firmar a classificação e garantir a conquista de campeão do interior – além da possibilidade de disputar a Copa do Brasil em 2012, o título prevê R$ 100 mil aos cofres papos.

Agora, o desafio é contra o Lajeadense, neste domingo, no Ja-coni. Se vencer no tempo normal, o verdão garante a disputa de uma se-mifinal do turno em casa, indepen-dentemente do adversário – inter ou Santa Cruz, que se enfrentam às 18h30 de sábado. Para o confron-to, Picoli terá à disposição todo o grupo de jogadores. Fred cumpriu suspensão e retorna à zaga e Júlio Madureira recuperou-se de uma le-são muscular. Tomara que a papada faça a sua parte e apoie o time neste início de um longo recomeço.

Picoli só não poderá contar com os zagueiros Bruno Salvador (recupera-se de um edema ósseo), Bressan (na Seleção Sub-18) e o volante Gustavo, que passou por uma artroscopia e deve retornar para a disputa da Série D. Contra o Lajeadense, a equipe que deve iniciar terá Jonatas; Anderson Pico, Rafael Pereira, Fred e Alex Telles; Umberto, Jardel, Cristiano e Ramiro; Julio Madureira e Zulu.

Confira os jogos das quartas de final da Taça Farroupilha, neste fim de semana:

Sábado:Cruzeiro x São Luiz (15h30)Inter x Santa Cruz (18h30)

Domingo:Ypiranga x Grêmio (16h)Juventude x Lajeadense (18h30)

O vice-presidente do Caxias, Zoilo Simionato, ao final da par-tida em Curitiba, fez um desa-bafo durante entrevista à Rádio Caxias. A queda de desempenho de alguns atletas foi o ponto principal citado pelo dirigente. Para ele, será preciso repensar muitas coisas, em todos os senti-dos. “Tomamos muitos gols nas últimas partidas. Após jogo de volta da Copa do Brasil precisa-mos pensar o segundo semestre. Como está não pode ficar. E não vai ficar”, sentenciou Simionato.

O dirigente salientou que, em princípio, fica mantido o plano de apresentar o novo treinador no início de maio. Ou seja, des-sa forma, Ricardo Cobalchini fica como interino até a partida contra o Coritiba, no dia 28 de abril. “A torcida está certa em fazer cobranças. Temos de ter a cabeça fria para decidir. Estou inconformado, pois toda a situa-ção de trabalho está sendo ofe-recida”, disse o vice-presidente.

Antes mesmo do retorno do gru-po para Caxias do Sul, o comen-tário de bastidor era que alguns atletas poderiam ser dispensados. Entre eles, o meia Zé Carlos, que chegou com pompa, mas não apresentou nos jogos o mesmo que nos treinamentos. Após a saída do técnico Luiz Carlos Ferreira os dirigentes conversaram um bom tempo com os jogadores no vestiário. Terça, dia 12, dois dias após a eliminação do Gauchão, Simionato esteve novamente no vestiário para uma conversa de uma hora com o elenco grená.

Números oficiais dos borde-rôs da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) mostram que o Juventude só fica atrás da dupla Gre-Nal no quesito público do Gauchão 2011. Em nove jogos realizados no Estádio Alfredo Jaconi, 39.443 torcedores esti-veram presentes, com média de 4.382 papos por jogo. No total de 15 jogos com ingressos vendidos na competição (no jogo com o Canoas não foram comercializa-dos bilhetes), o Ju levou 57.537 pessoas aos estádios, com média de 3.836 por jogo. Atualmente, o clube conta com 10.461 sócios.

Em Curitiba, onde aguardava o confronto do dia 14 contra o Coritiba pela Copa do Brasil, a direção grená foi informada pela Confederação Brasileira de Fu-tebol (CBF) sobre a definição da tabela da Série C do Brasileiro de 2011. A estreia do time grená será em casa, no Centenário, no dia 16 de julho, contra a Chapecoense-SC. O Caxias integra o grupo D, ao lado de Brasil de Pelotas, Cha-pecoense, Joinville-SC e Santo André-SP. A fórmula de disputa da Série C teve mudança em rela-ção aos anos anteriores.

Na primeira fase foram manti-dos os quatro grupos formados

por cinco equipes se enfrentando nas chaves em turno e returno. Avançam para a segunda etapa os dois primeiros de cada grupo. A novidade é que as oito equipes classificadas serão divididas em duas chaves, também em turno e returno, e não mais no sistema eliminatório (mata-mata). Os dois primeiros se enfrentarão na deci-são do campeonato, em jogo de ida e volta. Os dois melhores se-gundos colocados também esta-rão garantidos na Série B de 2012. O último colocado de cada grupo, na primeira fase, será rebaixado. Sobre a Série D, nenhuma infor-mação – ainda.

Os 4 x 0 aplicados pelo Coritiba no jogo de ida pelas oitavas de final da Copa do Brasil caíram como uma ducha de água fria na proposta do interino Ricardo Cobalchini de remotivar o grupo após a eliminação do Gauchão. O futebol e a pegada até então apresentadas pelo Caxias até os 3 x 3 com o inter, na estreia do segundo turno, foram embora com o técnico Lisca, que pediu demissão três dias antes desse jogo, um dia após o empate em 2 x 2 com o Grêmio no Olímpico e a derrota nos pênaltis, que deu o título da Taça Piratini ao tricolor.

De fonte segura: em 8 de março, um dia antes da final do primei-ro turno, Lisca teve uma reunião a portas fechadas com o presi-dente do Caxias, Osvaldo Voges, na sua empresa. Uma discussão acalorada aconteceu no encontro. No dia 10 Lisca pediu demissão por telefone. O então treinador soube que alguns atletas tiveram os contratos renovados, mas não gostou de saber que a direção não pretendia renovar o seu contrato – válido até o término do Gauchão.

Voltando à Copa do Brasil, os 4 x 0 foram a terceira goleada sofrida pelo Caxias nas últimas quatro partidas – 5 x 2 para o São José, 4 x 2 para o Ypiranga e 3 x 0 para o São Luiz. A única vitória foi o 3 x 1 sobre o Botafogo-PB. Não podemos tirar o mérito do Coritiba, que está há 24 jogos sem perder e conquistou diante dos grenás sua 19ª vitória consecutiva. No jogo de volta, dia 28 de abril, no Centenário, se o Caxias quiser tentar a classificação precisará vencer o Coritiba por 5 a 0 no tempo normal. Ou fazer 4 x 0 para decidir nos pênaltis quem avança às quartas de final. Não é impossível, mas muito difícil.

Time definido

Conversa demais

Melhor público

Série C

Desmotivado

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www.ocaxiense.com.br 2116 a 22 de abril de 2011 O Caxiense

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Recomenda

Recomenda

l Serra x farrapos | Sábado, 15h |

Os rapazes do Serra Rugby têm uma nova missão digna de John McClane, personagem vivido por Bruce Willis em Duro de Matar: derrotar o Farrapos, equipe de Bento Gonçalves que mantém o título do Campeonato Estadual. Paulo Moraes, jogador e treina-dor da equipe caxiense, revela que o time treinou jogadas ensaiadas e movimentação com a posse de bola. Mas adianta as dificuldades: “Eles têm um plantel muito bom e experiente. Estão acima de nós”. Escola da naturezaEntrada gratuita | Quinto Slomp, s/n°, Forqueta

l Copa Sul de futebol | Sá-bado e domingo, a partir das 9h |

A competição contará com seis equipes dos três Estados da re-gião Sul do Brasil. Ela será divi-dida em duas fases. Na primeira, realizada na sábado, os times es-tarão divididos em duas chaves.

No domingo, as quatro melhores campanhas disputam as finais. A decisão está marcada para as 15h no campo do Municipal 1.Campo Municipal 1 e 2Entrada gratuita | Av. Circular Pe-dro Mocelin, Cinquentenário

l Juventude x Atlético Osoriense | Sábado, 16h |

Os meninos da equipe alviver-de lutam para alcançar a primeira vitória no Campeonato Estadual de Juniores. Nas primeiras três partidas disputadas, o Juventude obteve três empates seguidos. A chance de reverter este histórico será diante do Atlético Osoriense, que, com três derrotas, amarga a lanterna da tabela.Centro de formação de Atletas e Cidadãos (CfAC)Entrada gratuita | Atílio Andrez-za, Parque Oasis

l Juventude x Lajeadense | Domingo, 18h30 |

A única partida disputada na competição entre as duas equipes foi válida pela última rodada da fase de grupos da Taça Piratini. O resultado foi um empate sem gols no Estádio Florestal. Agora

as duas equipes voltam a se en-contrar na disputa das quartas de final da Taça Farroupilha. O Ju-ventude tem o mando de campo. Com o retorno do suspenso Fred e do lesionado Julio Madureira, o treinador Picoli deve entrar em campo com: Jonatas; Anderson Pico, Rafael Pereira, Fred e Alex Telles; Umberto, Jardel, Cristiano e Ramiro; Julio Madureira e Zulu.Alfredo JaconiIngresso: R$ 20. Idosos e estudan-tes portando documentação, R$ 10 | Hércules Galló, 1.547, Centro

l Jogos Escolares | Sábado, 8h |

Cerca de uma centena de escolas municipais, estaduais e particula-res, apresentarão seus melhores atletas para disputar a competi-ção, que inicia neste sábado. Ginásio 1 da UCSEntrada gratuita | Francisco Getú-lio Vargas, n° 1.130

l Campeonato Citadino | Domingo, a partir das 8h |

Neste domingo seis equipes es-treiam no campeonato municipal.

Os meninos do MGA enfrentam o América Rio Branco, no ginásio Panazzolo, a partir das 8h. O se-gundo confronto do dia será pro-tagonizado pelas equipes da UCS e do Vasco da Gama, às 13h30, no Ginásio Poliesportivo da Univer-sidade. Por fim, Top Sport e Re-creio da Juventude jogam às 15h no Ginásio Salgado Filho. Ginásios da UCS, Panazzolo e Salgado filhos Entrada gratuita | UCS: Francisco Getúlio Vargas, n° 1.130. Salgado Filho: São Francisco de Paula, 44, Kayser. Panazzolo: Pedro Pezzi, 410, Panazzolo

l Pedalando no Parque | Domingo, das 10 às 12h |

Não ter bicicleta não será des-culpa para ficar em casa na ma-nhã deste domingo. O projeto promovido pela Secretaria de Esporte e Lazer no Parque dos Macaquinhos colocará bicicletas, triciclos e patinetes à disposição para empréstimo. Parque dos MacaquinhosEntrada gratuita | Dom José Ba-rea, s/n°, Exposição

22 16 a 22 de abril de 2011 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Guia de Esportespor José Eduardo Coutelle | [email protected]

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Juventude, depois de passar pelo Porto Alegre (foto) e pelo Veranópolis, enfrenta o Lajeadense nas quartas de final da Taça Farroupilha

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Renato [email protected]

O Walmart não deve mais ins-talar um hipermercado no terreno do antigo clube Palermo. As ne-gociações não avançaram, o que não significa que o grupo norte-americano que opera Big, Nacional e Maxxi Atacado por aqui tenha desistido de aumentar sua presen-ça em Caxias do Sul. Segundo o secretário municipal de Desenvol-vimento Econômico, Guilherme Sebben, o Walmart segue pro-curando um lugar para instalar um hipermercado e, quem sabe, supermercados menores de outras bandeiras suas – como a Bompreço.

Sob a coordenação do presi-dente Marcos Daneluz (PT), a 1ª edição do Câmara Vai aos Bairros deste ano – no dia 11, no Santa Fé – teve a objetividade necessária para esse tipo de reunião. Mora-dores e vereadores respeitaram o tempo proposto e mantive-ram o bom nível de discussão.

Demandas diárias que isolada-mente podem parecer questões particulares de um morador ou outro tomaram corpo de proble-mas urbanos, como realmente são. Alguns deles com responsabilidade dos próprios vereadores, como as alterações na pavimentação comu-nitária, lei de autoria do Executivo aprovada por unanimidade na Câmara em 2009, que hoje onera moradores com asfaltamento de novas ruas. Outra demanda, recor-rente nos últimos tempos na cidade, foi por escolas infantis. Segurança e melhorias no acesso ao Santa Fé pela Rota do Sol completam a lista de principais solicitações.

No Câmara vai aos Bairros, Daneluz ressaltou, do começo ao fim, que a reunião não significaria a resolução dos problemas ex-postos. As demandas estão sendo organizadas conforme a área e devem ser encaminhadas à BM (falta de policiamento), à Secre-taria Estadual de infraestrutura e Logística (ao acesso ao Santa Fé e trevo para Flores da Cunha) e a quatro pastas do Executivo.

Talvez a presença de secretários municipais – como chegou a sugerir o então vereador Assis Melo (PC do B) em 2010 – pudesse agilizar alguns processos. De qualquer forma, boa parte dos moradores de uma das regiões necessitadas cidade saiu satisfeita da reunião.

Pepe Vargas (PT) é um dos 11 deputados federais que assinam o PLP 591, que altera a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Entre as mudanças, a correção de receita para enquadramento de microem-presa e empresa de pequeno porte e a facilitação no registro de em-preendedor individual. O projeto, que deve ser votado até o final do próximo mês, é uma pauta que une parlamentares. Prova disso é que, na última terça (12), ACM Neto (DEM) pediu sua inclusão na ordem do dia.

Na semana que passou, o secre-tário se reuniu com instituições financeiras em Porto Alegre para buscar formas de atrair mais em-presas a Caxias e, principalmente, facilitar a expansão das atuais. O foco de Sebben, que aguarda retor-no dos bancos em 30 dias sobre a possibilidade de oferecer melhores condições de crédito para esses fins, concentra-se nas pequenas e médias empresas. “Com a revisão de 2007 do Plano Diretor, transfor-mamos diversas áreas comerciais e rurais em industriais. Mas, com o aquecimento do mercado, alguns pontos se tornaram inviáveis para empresas menores”, justifica.

O deputado federal Assis Melo (PC do B) quer acabar com o des-conto em folha de vale-transporte – cujo máximo, hoje, é fixado em 6%. O comunista também quer criar o Programa Nacional de Assistência Social e Psicológica, que tornaria obrigatória a inclusão de psicólo-gos e assistentes sociais no quadro de escolas primárias. O projeto é semelhante a outro já apresentado por Assis na Câmara de Vereadores.

O Sindicato dos Médicos não re-presenta os profissionais que aten-dem o instituto de Previdência do Estado (iPE) em Caxias. A causa é uma briga de décadas atrás. Em 1987, o então secretário de Admi-nistração do governo Simon, San-chotene Felice, apresentou queixa na polícia contra Marlonei dos San-

tos, que já era presidente do sindi-cato, por incentivar uma greve dos médicos e, na visão do acusador, a omissão de socorro.

A queixa não deu em nada, mas provocou a ira de Marlonei – e o sindicato caxiense deixou de res-ponsabilizar por médicos quanto ao seu credenciamento no iPE.

Longe do Palermo

Paixão antiga

Voz aos bairros

Encaminhadas

Sem desconto

Com desconto

Mais crédito

Está cada vez mais difícil entrar em Porto Alegre pela BR-116. A Rodovia do Parque (BR 448), obra prevista para ficar pronta no fim de 2012, deverá ajudar, mas entidades da Serra argumentam que desviar do engarrafamento da BR-116 em Sapucaia do Sul não será suficien-te. A proposta, então, é transformar uma estrada de chão que serve o interior de Portão em alternativa – que já foi até batizada Rodovia da Serra (?!?). A nova estrada, que liga-ria a RS-240, logo após o viaduto de Portão, à BR-448, poderia ser quase completamente construída sobre o percurso existente, que tem 12 dos 17 quilômetros necessários.

A ideia foi do proprietário do Fa-rina Park Hotel, de Farroupilha (na divisa com Bento Gonçalves), Jaime José Farina. Ocorreu-lhe nas férias deste ano, em fevereiro, na praia. Depois de saber que quase perdera um voo no Aeroporto Salgado Fi-lho por causa dos congestionamen-tos, Farina resolveu procurar uma alternativa de trajeto na internet, usando o Google Maps, com a aju-da de um amigo. Aí achou a estrada vicinal de Portão.

“Do modo que a BR-116 está, é um grande desrespeito a todos nós. Os benefícios tornariam o cus-to da construção irrisórios”, susten-

ta Farina. O projeto já ganhou até site próprio, recheado de logotipos de empresas e entidades apoiado-ras. Uma delas é a Associação das Entidades Representativas da Clas-se Empresarial da Serra Gaúcha (CiCS Serra). O presidente da CiCS Serra, Ademar Petry, revela que o grupo sobrevoou o local e até já expôs a ideia ao governador Tarso Genro (PT), em audiência recente. “O projeto é fundamental para es-coar a produção e economizar tem-po”, diz Petry.

Políticos da região e de fora, da Assembleia ao Congresso, foram procurados para dar o apoio ao projeto. “Do jeito que está, é insu-portável. Todas as alternativas viá-veis financeira e socialmente têm que ser estudadas”, defende a depu-tada estadual Marisa Formolo (PT).

O próximo passo será elabo-rar um esboço de projeto para a “Rodovia da Serra”, que incluirá a construção de uma ponte. O Sin-dipetro faz uma levantamento da quantidade de combustível consu-mida pela região, o que servirá de argumento. Para Farina, uma das opções de financiamento seria in-cluir a estrada no Programa de Ace-leração do Crescimento (PAC), que já financia a construção da Rodovia do Parque.

nOVA ALTERnATIVA PARA A BR-116

www.ocaxiense.com.br 2316 a 22 de abril de 2011 O Caxiense

Letí

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Ross

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O C

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Esse tipo de crítica é vontade de criticar, não passa disso

É um projeto virtual. Faltou modéstia à vereadora de tentar

negociar com a Secretaria da Cultura

Denise, rebatendo Frizzo

Edio Elói frizzo (PSB), sobre a Semana Municipal do Hip Hop, projeto de Denise Pessôa (PT) que, na opinião dele,

deveria partir do Executivo

por ROBIn SITEnESKI e CAMILA CARDOSO BOff (interinos)

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